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AO JUÍZO DA VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E DE DEFESA DO

CONSUMIDOR DO FORO DE ITAQUERA - SP

BRUNO PRADO DE SOUZA, brasileiro, portador do RG nº 44697584, inscrito no CPF/MF sob o


nº 389.962.548-00, residente e domiciliado na Rua Tome Alves de Castro, nº 98, Vila Carmosina,
São Paulo – SP, CEP 08290-270, vem, por sua advogada infrafirmada, através do instrumento
procuratório em anexo, com endereço profissional no rodapé da presente lauda, onde serão
doravante encaminhadas as intimações do feito, com fulcro no art. 6º e art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

- observando-se o procedimento especial da lei nº. 9.099/95, em face de FACULDADES


METROPOLITANAS UNIDAS - FMU, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF
63.063.689/0001-13, com sede à Rua Maranhão, nº 65, andar 6, sala 04, Centro, Londrina -
PR, CEP 86010-410.
I - DA COMPETÊNCIA

Preliminarmente cumpre desde logo demonstrar a competência desta Unidade do


Juizado Especial de Defesa do Consumidor para conhecer e julgar a presente causa, uma vez
que, primeiro, residindo a parte Autora em área sob jurisdição desta Unidade e, segundo,
tratando-se de demanda indenizatória, assim dispõe o art. 4º, III, da Lei nº 9.099/95 para tais
circunstâncias.

II – DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente a parte autora requer a V. Exa. a concessão de gratuidade de justiça, nos


termos do art. 4º, caput e § 1º da Lei 1060/1950, com a redação dada pela Lei 7.510/86, por ser
hipossuficiente econômico não podendo arcar com as custas e honorários advocatícios sem
prejuízo de seu sustento e da família.

III – DOS FATOS

Narra a Autora que em 25 de novembro de 2020 celebrou contrato de prestação de


serviços junto à Acionada para cursar o Curso Livre completo de Profissional de Beleza e Bem-
Estar na cidade de Lajes – SC.

Ocorre que antes de celebrar o Contrato a Requerida garantiu à Requerente que, apesar
de realizar a matrícula na unidade de Lajes, poderia realizar transferência para o mesmo curso
na unidade de Blumenau.

Acreditando no que lhe fora garantido, a Acionante celebrou o contrato pagando R$


299,00 (duzentos e noventa e nove reais) referente ao material didático e R$ 1.890,00 (mil
oitocentos e noventa reais) parcelados em 12 vezes no cartão de crédito referente à 12 meses
de mensalidade.

Após comparecer à aula de apresentação na unidade onde realizara a matrícula, a parte


Autora solicitou a transferência para a unidade de Blumenau mas foi surpreendida por
informação divergente daqui haviam lhe passado no ato da celebração do Contrato. A unidade
de Blumenau não oferta o curso de Profissional de Beleza e Bem-Estar.

Frustrada com a notícia de que não seria possível dar prosseguimento ao curso em que
se matriculara na unidade desejada, a Acionante foi comunicada que teria que escolher outro
curso disponível na unidade ou pagar multa referente à quebra de contrato. Todavia, nenhum
dos cursos ofertados pela unidade de Blumenau são de interesse da parte Autora.

Dessa forma, percebe-se a má-fé da Requerida em dar informações inverídicas afim de


garantir a celebração de um contrato e posteriormente obrigar a Requerente a escolher entre
frequentar um curso que ela não tem o mínimo interesse ou pagar uma multa contratual.
Por este motivo, e com a certeza de que foi lesada em seus direitos personalíssimos
pela empresa-Demandada, vem, a demandante, bater as portas do Poder Judiciário para ser
realizado o cancelamento do contrário sem qualquer tipo de ônus à Acionante, a devolução dos
valores pagos e ser indenizada como de justiça.

A pretensão da Requerente tem guarida em lei e jurisprudência, conforme se


demonstrará a seguir.

IV – DO DIREITO

IV.I – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A proteção do consumidor é direito fundamental e princípio da ordem econômica (CF/88


arts. 5º XXXII, e art. 170, V), sendo o Código de Proteção e Defesa do Consumidor – CDC
norma de ordem pública (CDC, art. 1º), de forma que, havendo violação de direitos do
consumidor, deve o CDC ser aplicado de ofício pelo magistrado.

No caso em exame, a relação jurídica que norteia a causa é oriunda de prestação de


serviços realizado entre a empresa-Demandada e a Demandante.

Logo, o direito a ser aplicado na espécie é o presente no CDC, não havendo dúvidas a
este respeito.

IV.II – DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

a Requerente realizou matrícula confiando na boa – fé da Requerida que se mostrou


desleal ao passar informações que divergem da realidade afim de garantir a celebração do
Contrato.

Em conformidade com os prejuízos acima causados, dispõe o art. 20, II que:

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade


que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

(...)

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,


sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
(...)

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os


fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não
atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

IV.III – DO DANO MORAL

Restou comprovado que a Autora, tentou de toda a forma resolver o problema no meio
administrativo com a Ré, não obtendo êxito.

Excelência! Entender ou considerar que a conduta perpetrada pela Ré faça parte da


normalidade do dia a dia afronta o bom senso e a própria ideia de Justiça! Ademais, se nenhuma
punição houver a Ré, a mesma continuará com a prática delitiva aqui delineada.

Sendo assim, é perceptível à frustração, a angústia, a falta de respeito suportada, além


da desconsideração que foi submetida a Autora.

Aliás, cabe salientar que, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu Art. 6º
protege a integridade moral da consumidora:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: (...)

“VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;”

Portanto, provado está, que a Demandante, pelo que sofreu e ainda sofre, faz jus a uma
indenização a título de dano moral do tipo satisfatória para apaziguar sua dor e sua estima
perdida, como também, uma indenização a título de dano moral do tipo punitivo e preventivo
para que a empresa Demandada, seja punida pela prática abusiva cometida.

Neste ínterim, há de se anotar ainda as disposições concernentes à mensuração da


indenização trazidas pelo Código Civil, em seu art. 944, que impõe que o demandante deve ser
indenizado em valor que apure a devida extensão do dano.

Em tal seara, cumpre ao Juiz a árdua e importante tarefa de estipular uma quantia para
compensar o abalo moral sofrido pelo ofendido.

No caso sob enfoque, atentando para a repercussão dos fatos, contumácia, natureza e
extensão do dano, bem como, para as condições do ofensor e do ofendido, mormente à situação
econômico financeira, a fim de que haja compensação pela dor sofrida, a indenização deve ser
arbitrada em valor a apurar ficando como sugestão o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
sendo o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelo dano moral do tipo
satisfatório e o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelo dano moral do
tipo punitivo, preventivo e pedagógico.
IV.IV DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Inegavelmente a relação havida entre os ora litigantes é de consumo, ensejando,


portanto, a aplicação das normas consumeristas ao caso em tela, como dispõe o artigo 2º da Lei
nº 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor. Sendo assim, a aplicação da inversão do ônus
da prova em caráter liminar, em favor da autora é de relevante importância, visto que a sua
inobservância pode vir a acarretar prejuízos aos que dela se sujeitam.

O Código de Defesa do Consumidor traz, no inciso VIII, artigo 6º, previsão normativa
visa facilitar a defesa do consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do
mesmo; vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova se faz necessária a verossimilhança
da alegação, conforme o entendimento do Juiz, e/ou a hipossuficiência da Autora.

Sendo assim, a Requerente requer a este MM Juízo seja concedida a inversão do ônus
da prova.

V – DOS PEDIDOS

PELO EXPOSTO, REQUER E PLEITEIA:

a) Concessão dos benefícios da gratuidade da justiça;

b) A citação da empresa-Demandada para comparecer à audiência de conciliação a ser


designada e contestar a presente até a audiência de instrução, sob pena de revelia e
confissão;

c) Quando do despacho da inicial, seja determinada a inversão do ônus da prova em favor


da Demandante, por ser esta hipossuficiente, sobre os fatos presentes na Inicial, como
lhe é assegurado pelo art. 6.º, inc. VIII, do CDC, devendo constar tal decisão no
mandado de citação;

d) A total procedência dos pedidos em todos os seus termos, condenar a parte Ré a:

i) Realizar o cancelamento do Contrato de Prestação de Serviços sem qualquer


prejuízo à parte Autora;
ii) A devolução dos valores pagos no ato da matrícula, que totalizam R$ 2.189,00
(dois mil cento e oitenta e nove reais);
iii) a pagar danos morais no valor global que sugere de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) ao Demandante pela dor sofrida com atualização monetária e juros a
partir da data do evento danoso.

e) A condenação ainda da empresa-Demandada no pagamento de honorários advocatícios


no importe de 20% (vinte por cento) do valor de condenação, custas processuais e
demais cominações legais, caso haja incidência da segunda parte do art. 55 da Lei nº.
9.099/95.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se a causa o valor de R$ 22.189,00 (vinte e dois mil cento e oitenta e nove reais);

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.
Blumenau - SC, 11 de março de 2021

Bela. JESSICA DA SILVA DE OLIVEIRA


OAB/BA 56.314
[assinado eletronicamente]

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