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I - O arguido foi condenado pela 1.ª instância, em cúmulo jurídico, na pena conjunta de 15 anos de
prisão, respeitante à prática, em autoria material e em concurso real, de 46 crimes de abuso sexual
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26/05/23, 10:24 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
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50. O arguido levou o DD a sua casa e repetiu tais actos por mais duas
ocasiões, em datas não concretamente apuradas do ano de 2012.
51. O arguido conversava com DD através do “facebook” a fim de o
convidar a ir a sua casa para fazer massagens, assim veja-se fls. 76 e
seguintes dos autos:
... (nome do facebook usado pelo arguido) – o treino eu e tu na minha
casa; volto a repetir DD, confira em mim na parte das massagens, só
isso; e vais fazer a tua camisola; se calhar fazes a camisa enquanto te
faço massagens se não apanhas seca; pro ano que número queres ser
(…) a outra coisa que te quero avisar, nas massagens atenção que n vais
tar de calças, aviso te já…só se preferires as massagens do sr ... (…)
então terás de fazer sem calças comigo…confia em mim”
Factos relativos ao menor EE
52. EE nasceu em 30 de Novembro de 2000 e conhece o arguido desde
cerca dos seus 8 anos de idade (2008), uma vez que o arguido treinava
no ..., no ... e no “...”, onde EE treinou, sendo que apenas neste último é
que o arguido foi seu treinador.
53. EE encontra-se a treinar futsal no “...” há cerca de dois anos.
54. Em Agosto de 2012, em data não concretamente apurada EE foi
com o arguido a casa deste último para jogarem playstation.
55. Lá chegados dirigiram-se ao quarto, o arguido despiu totalmente o
EE, mas mantendo-se ele vestido.
56. Nessa ocasião o arguido disse ao ofendido para se deitar de barriga
para baixo na cama o que este fez.
57. Então, o arguido massajou as costas e o rabo de EE, tendo
introduzido o dedo no ânus do menor fazendo movimentos para dentro
e para fora.
58. Posteriormente, em data não concretamente apurada, o arguido
levou novamente EE para sua casa a fim de lhe fazer uma massagem e
jogar playstation.
59. Lá chegados o arguido despiu o ofendido e disse-lhe para se deitar
na cama de barriga para baixo, momento em que o arguido lhe
massajou as costas, o rabo e o pénis com movimentos para a frente a
para trás, tendo de seguida introduzido o dedo no ânus do menor.
60. Numa terceira ocasião, em finais de Setembro de 2012 em data não
concretamente apurada o arguido levou novamente o EE a sua casa,
mais precisamente para o quarto local onde despiu o ofendido, disse-lhe
para se deitar de barriga para baixo, massajou-lhe as costas, o rabo e o
pénis com movimentos para a frente e para trás, tendo o arguido
igualmente se despido.
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61. Numa quarta ocasião o arguido levou o EE para a sua tenda sita no
parque de campismo CCCA da Costa de Caparica, tendo-o despido,
mandando deitar-se de barriga para baixo e tendo massajado as costas,
o rabo e o pénis do EE com movimentos para a frente e para trás.
62. Nessa ocasião o arguido despiu-se e introduziu o seu pénis no ânus
do menor ofendido, mas por pouco tempo porquanto o mesmo disse-lhe
que lhe doía muito.
63. Nessa ocasião o arguido masturbou-se ejaculando para a cama.
64. Nesse dia o arguido disse ao EE que iriam repetir a introdução do
seu pénis do ânus do ofendido, tendo este remetido uma mensagem
escrita do seu telemóvel para o telemóvel do arguido dizendo-lhe que
“caso o fizessem teria de ser muito devagar pois doí-lha o rabo”.
65. Em data não concretamente apurada o arguido levou o EE para a
sua tenda no Parque de Campismo do CCCA na Costa de Caparica
onde manteve a mesma conduta, despindo o EE, massajando-lhe o rabo
e o pénis do ofendido com movimentos para a cima e para baixo.
66. Nessa altura o arguido igualmente se despiu e se masturbou.
67. Após perpetrar os factos, o arguido jogava playstation com o
ofendido.
68. Tais actos ocorreram sem que o arguido usasse preservativo.
69. Em algumas ocasiões o arguido levou o EE a almoçar no
“Macdonald’s”, pagando-lhe o almoço.
70. O arguido pediu ao EE para apagar todas as mensagens escritas que
tivesse enviado e recebido do arguido e que se alguma vez a policia o
questionasse do motivo dos contactos com o mesmo dissesse que
contactava com o arguido para desabafar com o mesmo sobre o facto de
gostar de uma rapariga.
71. No dia 16 de Abril de 2013 o EE foi submetido a exame pericial de
natureza sexual onde a nível anal e peri-anal se apurou – área nacarada
a nível da área pectíneal (transição entre a região cutânea propriamente
dita e a mucosa anorectal) arciforme, ligeiramente deprimida localizada
entre as 1h e as 2h.
72. O menor ofendido foi igualmente submetido a exame pericial
psicológico no Instituto Nacional de Medicina Legal onde se conclui
para além do mais que “O examinando percepciona os factos por um
lado procurando negar e minimizar ao máximo o impacto negativo das
emoções que o reviver dos alegados abuso claramente lhe suscita. Por
outro lado esta atitude origina uma elevada desorganização e
conflitualidade psíquica a qual o examinando não dispõe de recursos
internos suficientes para gerir o que fomenta o desenvolvimento de
intensa descargas emocionais, sem a devida contenção e mediação
cognitiva.”
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“...- antes vamos ver um jogo que tu vais gostar, depois almoçamos,
queres chinês ou Mac? ou telepizza?
“II” – Mac
“...- ok .. lá vou eu comer o Big Mac depois á PES 2012”.
130. No dia 9 de Abril de 2013 o II foi submetido a exame pericial de
natureza sexual onde não se observaram lesões ou sequelas sugestivas
de traumatismo.
Factos relativos ao menor ofendido JJ .
131. O menor ofendido JJ nasceu em 06 de Maio de 2000 e conheceu o
arguido quando tinha cerca de nove ou dez anos e treinava futsal no
Clube ....
132. No verão de 2012 o JJ passou a treinar no Clube ... sendo o
arguido seu treinador.
133. Nessa altura, no ano de 2012 e logo após o início do ano escolar
em data não concretamente apurada o JJ durante um treino entre as
18h30 e as 20h30 que decorria no Pavilhão Manuel Cargaleiro
lesionou-se numa virilha
134. Motivo pelo qual o JJ foi para o balneário seguido pelo arguido
que lhe disse para se deitar de barriga para cima.
135. Nessa altura o arguido colocou-lhe um spray nas virilhas e após
massajou o pénis do ofendido com movimentos para a frente e para
trás, durante cerca de cinco minutos.
136. Após tal situação o arguido convidou o ofendido para ir ao parque
de campismo do CCCA da Costa da Caparica, mas o mesmo recusou,
tendo se deslocado numa ocasião a casa do arguido.
137. Em algumas ocasiões o arguido pagou almoços no “Mac
Donald’s” ao ofendido.
138. O arguido mantinha conversações com o ofendido através da conta
de “facebook” do Clube ... nas quais dizia ao ofendido que o colocaria
a jogar nos iniciados (escalão acima do seu) caso o mesmo aceitasse as
suas massagens, conforme fls. 73 a 157 dos autos que aqui se dão por
integralmente reproduzidas.
139. Assim a esse propósito, numa dessas conversas o arguido disse ao
ofendido o seguinte (fls. 197):
... – Olha quero te propor uma coisa…mas para isso terás que fazer
sacrifícios e pensares para ver se aceitas. Quero em apenas numa tarde,
ou em 2horas numa tarde terinar te, eu e tu apenas, para começares a vir
treinar com os iniciados, mas para se evitar lesões terá que se fazer uma
coisa que n gosta, por isso me referi aos sacrifícios, massagens mais ou
menos idênticas à da outra vez.
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para o ... e após para o Clube Águias de ..., conforme o arguido mudava
e sugeria ao ofendido igualmente para mudar.
166. Durante a altura em que o arguido foi treinador do ofendido no
Clube ..., ano de 2011/2012, em duas ocasiões, em datas não
concretamente apuradas o arguido convidou o MM para jogar
playstation em sua casa, o que o ofendido concordou indo com o
arguido no seu carro – Fiat Punto matrícula ...-CA-...
167. Lá chegados o arguido foi com o MM para o seu quarto e disse-lhe
que lhe iria fazer umas massagens para lhe descontrair os músculos.
168. Nessas duas ocasiões o arguido despiu o MM, deixando-o em
cuecas e disse-lhe para se deitar de barriga para baixo na cama,
começando a massajar-lhe todo o corpo e inclusivamente o pénis do
menor, tendo para o efeito colocado a sua mão no interior das cuecas do
mesmo e fazendo movimento para cima e para baixo.
169. O arguido prometeu ao MM jogar com o número 7 na sua
camisola e numa das ocasiões pagou-lhe o jantar num restaurante
chinês.
170. No dia 17 de Abril de 2013 o menor ofendido foi submetido a
exame pericial de natureza sexual apurando-se – não apresenta lesões
ou sequelas de traumatismos.
171. O menor ofendido foi submetido a exame pericial psicológico no
Instituto Nacional de Medicina Legal onde se concluiu para além do
mais que “Os factos são percepcionados pelo examinado com revolta e
tristeza por terem sido alegadamente praticados por uma pessoa na qual
depositava confiança (…)”
Factos relativos ao menor ofendido NN
172. O menor NN nasceu em 19 de Agosto de 2000 e treina futsal no
Clube ... desde Setembro de 2012 tendo o arguido como seu treinador.
173. No final do ano de 2012 o arguido convidou o NN a ir a sua casa
para lhe dar umas massagens que lhe iriam fazer bem e ter treinos
privados consigo.
174. O NN concordou e assim em data não concretamente apurada, o
arguido levou o NN a sua casa, no seu carro e lá chegados foram ambos
para o quarto daquele.
175. Nessa altura o arguido despiu totalmente o ofendido e disse-lhe
para se deitar na cama de barriga para baixo.
176. De seguida o arguido massajou o corpo do ofendido e após
massajou o pénis do ofendido com movimentos para trás e para a
frente, tendo em acto contínuo introduzido um dedo no ânus do
ofendido, fazendo igualmente movimentos para dentro e para fora,
causando-lhe dor.
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- ... – e nuns e são mexidos nos sexos deles…é verdade, para não terem
lesões…portanto se te fizer so tens de pensar que é uma mulher loll.
184. No dia 16 de Abril de 2013 o menor ofendido foi submetido a
exame pericial de natureza sexual onde se apurou a nível anal e peri-
anal – Cicatriz vestigial arciforme de convexidade para a esquerda que
interrompe normal estriação radiaria às 7h.
Factos relativos ao menor ofendido OO
185. O ofendido OO nasceu em 02 de Março de 1999 e conhece o
arguido desde há dois anos, ou seja desde que treina futsal no Clube ...
sendo o mesmo seu treinador.
186. No ano de 2012 em data não concretamente apurada o arguido
através de uma conversação com o ofendido no “facebook” propôs-lhe
ser submetido a umas massagens especiais que seriam dadas pelo
arguido na sua casa.
187. Assim conforme fls. 1324 dos autos de que se transcreve: ... –
amanha ainda não…mas daqui a 1 semana irei ter o PES 2013 e queria
que viesses ca a casa experimenta-o …e queria fazer um treino
individual contigo com obviamente massagens por causa das lesões…
queria que confiasses em mim sff.
188. O ofendido concordou e foi com o arguido a casa deste, em data
não concretamente apurada, mas situado no 2º período da época
escolar.
189. Ao chegar a casa o arguido e ofendido foram para o quarto onde
aquele lhe pediu para despir as calças e os boxers e deitar-se na cama.
190. Após o arguido começou a massajar o corpo do ofendido,
inicialmente nas virilhas e após massajou o pénis do ofendido para
cima e para e baixo, enquanto este escrevia o numero da camisola com
que queria jogar.
191. Depois o arguido e o ofendido foram jogar playstation e aquele
pagou o almoço no “MacDonald’s” a este.
192. No dia 19 de Abril de 2013 o menor ofendido foi submetido a
exame pericial de natureza sexual onde não se apuraram lesões ou
sequelas sugestivas de traumatismo.
Factos relativos ao menor ofendido SS
193. O ofendido SS nasceu em 30 de Outubro de 1999 e conheceu o
arguido como o seu treinador de futsal desde o Clube “... do Feijó”,
passando pelo ... e no Clube ..., onde joga desde há cerca de um ano, ou
seja desde o final do ano de 2012.
194. O ofendido mudou de clube por convite do próprio arguido.
195. Quando o ofendido já se encontrava no Clube “...”, em data não
concretamente apurada o mesmo magoou-se na zona femoral durante
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205. O terceiro filme consiste num ficheiro com extensão RIFF Avi no
qual consta um filme realizado dos balneários de um dos clubes
treinado pelo arguido em que aparecem vários menores nus e a tomar
banho.
206. O arguido detinha no seu computador dois softwares “CCleaner” e
“GlarY Utilites” cujo o objectivo é manter o disco rígido limpo
permitindo assim elimina cookies, histórico de internet, conversas de
MSN, analisar/corrigir ou eliminar chaves de registo e desinstalar
softwares.
207. Com a detenção de tais softwares visava assim o arguido ocultar
provas destruindo intencionalmente os ficheiros que fez download.
*
208. Os menores ofendidos apresentavam as características físicas
correspondentes às suas idades, as quais o arguido conhecia
considerando a relação de proximidade que mantinha com os mesmos
na qualidade de seu treinador e considerando as equipas em que os
mesmos se encontravam inseridos no âmbito dos treinos de futsal.
209. O arguido sabia que os factos descritos iriam perturbar, como
perturbaram, o desenvolvimento afectivo, físico e emocional dos
menores e que afectavam, de forma grave, a evolução e a construção
das suas personalidades, conhecendo e não podendo ignorar a sua tenra
idade.
210. De facto, as idades dos ofendidos, não lhes permitem aperceber-se
da gravidade das condutas perpetradas pelo arguido, que, para impedir
que estas viessem a narrar os factos de que foram vítimas, lhes pedia
para não dizerem nada aos pais e os aliciava designadamente com
refeições no “MacDonald”, subida de escalão de treino, assunção de
posição de titular numa equipa, escolha de numero da camisola com
que jogariam.
211. Ao proceder como procedeu o arguido sabia e queria satisfazer os
seus instintos sexuais e libidinosos, conhecendo a idade dos menores e
sabendo que as levava a sofrer actos que ofendiam a sua honra,
dignidade moral e sexual.
212. Sabia ainda o arguido que ao praticar os descritos actos o fazia
pondo em causa a sua autodeterminação sexual e desenvolvimento,
resultado que quis com vista a dar satisfação ao seu instinto lascivo.
213. O arguido agiu livre, deliberada e conscientemente, com a
intenção de constranger as menores a suportar os seus comportamentos
e de satisfazer os seus instintos sexuais e a sua lascívia, não obstante
saber as idades das mesmas, ciente da reprovabilidade das suas
condutas e do carácter sexual das mesmas, bem sabendo que ofendia a
liberdade de autodeterminação sexual do mesmo.
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Vejamos:
O apelo à «decisão condenatória do arguido» e às normas
convocadas, designadamente à alínea a) do nº 1 do artº 379º do CPP,
remete-nos inevitavelmente para arguição da nulidade do dispositivo do
acórdão por não conter «a decisão condenatória».
A crítica, no entanto, enquanto dirigida a esse segmento do
acórdão não é, salvo o devido respeito, procedente.
Como se vê do dispositivo, que transcrevemos em 1.2., não
podem suscitar-se dúvidas sobre o exacto alcance da decisão final, quer
quanto à alteração da decisão sobre a matéria de facto – que é, sem
dúvida, a operada nos termos do «ponto A) 3.1.4.1, deste acórdão»,
incidente sobre o nº 28 dos factos provados (cfr. fls. 5280vº) –, quer
quanto ao alcance da alteração da qualificação jurídica dos factos a que
procedeu – que é, sem dúvida, a operada no ponto C)5 do acórdão (fls.
5292vº), ou seja, em síntese, a convolação dos casos que a 1ª Instância
considerou constituírem um concurso efectivo de crimes para um crime
«em trato sucessivo», p. e p. pelo nº 1 e/ou nº 2 do artº 171º do CPenal,
como especifica em relação a cada um dos Ofendidos – quer quanto à
medida concreta de cada uma das penas parcelares aplicadas em função
da qualificação operada, como foi ponderado no ponto C)6 e
concretizado no subsequente ponto C)6.1. (fls. 5295vº).
Contendo o dispositivo do acórdão uma decisão, no caso uma
decisão inequivocamente condenatória, embora com remissão para
itens da fundamentação cujos exactos termos também não permitem
dúvidas, não vemos razão para decretar a sua nulidade.
Improcede, assim, a arguição da invocada nulidade.
2.3. O objecto do recurso
São as conclusões que definem, em princípio, o objecto do
recurso.
Mas se é esse o espaço da motivação em que o recorrente tem
de resumir as razões do pedido, como prescreve a parte final do nº 1 do
artº 412º e se, nele, pode restringir o objecto inicial do recurso, já não
pode aí ampliá-lo, como decorre dos nºs 2 e 4 do artº 635ºdo CPC.
Posto isto, vejamos quais as razões do recurso que nos revelam
as conclusões que deixámos transcritas.
O Recorrente impugna por excessiva «a medida da pena
aplicada» (conclusão 6); assinala a discrepância significativa «da
medida concreta das penas» aplicadas no acórdão recorrido e num
outro do Tribunal da Relação de Coimbra (conclusão 9); alega que a
alteração da qualificação jurídica operada no acórdão recorrido
impunha a «determinação da pena» em medida inferior (conclusão 10);
conclui que o acórdão recorrido, «ao determinar a medida concreta da
pena», violou as normas jurídicas que indica (conclusão 11).
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***
Lisboa,
Processado e revisto pelo Relator
-----------------
[1]
Cfr. “… As Consequências Jurídicas do Crime”, (1993), 291
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