Você está na página 1de 599

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO

GABINETE DO DESEMBARGADOR SEBASTIÃO BONFIM

PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


JULGADOS DE MAIO A DEZEMBRO DE 2022

ORGANIZAÇÃO:
Assessoria de Gabinete do Desembargador Sebastião Bonfim

SUPERVISÃO GERAL:
Sebastião Joaquim Lima Bonfim
DESEMBARGADOR

Ângelo Pinto Oliveira


CHEFE DE GABINETE

Raquel Sousa Medeiros Costa Leite


ASSESSORA CHEFE

COMPOSIÇÃO DA CÂMARA:

DES. GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

DES. SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

DESA. SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO


SUMÁRIO
1. ROUBO - pág. 6
2. FURTO - pág. 107

3. ESTELIONATO - pág. 133


4. LESÃO CORPORAL / AMEAÇA - pág. 134
5. TRÁFICO / CONSUMO PESSOAL DE - pág.
137
d,ENTORPECENTES
6. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - pág. 236
7. HOMICÍDIO - pág. 276
8. RECEPTAÇÃO - pág. 308
9. CRIMES DO CTB - pág. 312
10. AGRAVO EM EXECUÇÃO - pág. 316
11. CRIMES CONTRA A ADM. PÚBLICA - pág. 354
12. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - pág. 356
13. ESTATUDO DO DESARMAMENTO - pág. 393
14. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER / - pág. 411
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
15. CONFLITO DE JURISDIÇÃO - pág. 435
16. HABEAS CORPUS - DIVERSOS - pág. 455
17. OUTROS - pág. 519
1. ROUBO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000626-94.2020.8.10.0056


APELANTE: NIELSON VIANA SOUSA, RONALDO BARBOSA RAMOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO
CONCURSO DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. VALIDADE DO
RECONHECIMENTO POR FOTOS, DESDE QUE CORROBORADO PELAS DEMAIS
PROVAS PRODUZIDAS EM JUÍZO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS.
ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
TRAUMA DA VÍTIMA MENOR DE 10 ANOS. CORRETA VALORAÇÃO. CAUSAS DE
AUMENTO DE PENA. CUMULAÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
I – Não há nulidade no reconhecimento indireto dos acusados realizado em delegacia, sendo
vedada apenas a utilização, pelo juízo, como única prova para sustentar sua condenação.
II - Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
III – É possível valorar negativamente as consequências do crime, na primeira fase da
dosimetria, em razão do trauma sofrido por criança que foi ameaçada com arma de fogo e
trancada pelos agentes dentro da sua própria casa.
IV – É vedado ao juiz aplicar, na terceira fase da dosimetria, mais de uma causa de aumento
de pena sem a devida fundamentação, a teor do art. 68, parágrafo único do Código de
Processo Penal.
V – Apelação conhecida e parcialmente provida apenas para afastar uma das causas de
aumento de pena e redimensionar o cálculo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002065-53.2009.8.10.0048


APELANTE: CARLOS SILVA DE ANDRADE, DANIEL MENDES PEREIRA, JOSENILSON
DE JESUS COSTA CARVALHO, RICARDO RODRIGUES DE GÓES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. DOSIMETRIA. INCREMENTO DA PENA-BASE
POR CONDENAÇÕES DEFINITIVAS. CONFISSÃO E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. INCREMENTO
ÚNICO DE 2/5. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
6 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
I. Inexiste violação à Súmula 444 do STJ quando a exasperação da basilar, a título de
antecedentes, possui respaldo em condenação judicial transitada em julgado, restando
evidente que os agentes faziam do crime o seu modus vivendi.
II. Correto o incremento da pena pautado em fundamentos específicos acerca da avaliação
demeritória da personalidade de um dos agentes, sendo possível, outrossim, a exasperação
pelas consequências negativas do crime quando a vítima experimenta prejuízo material
de grande monta e vê-se compelida a encerrar sua atividade comercial diante do trauma
sofrido com a empreitada criminosa.
III. A compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão é possível, por
serem igualmente preponderantes, de acordo com o art. 67 do Código Penal. Precedentes
do STJ.
IV. Realizada a opção pela incidência cumulativa de causas de aumento da parte especial,
a escolha deverá ser devidamente fundamentada, lastreada em elementos concretos dos
autos, a evidenciar o maior grau de reprovação da conduta e, portanto, a necessidade de
sanção mais rigorosa, (Precedente: HC n. 501.063/RJ, relatora Ministra LAURITA VAZ,
SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2020, DJe 4/9/2020).
V. Diante do concurso de duas causas de aumento de pena, é possível a aplicação do
incremento único de 2/5 – com base na legislação anterior aplicável ao caso -, se houver
fundamentação idônea, lastreada na concretude do caso e na comparsaria entre quatro
agentes que efetivamente atuaram na empreitada criminosa.
VI. 1ª apelação criminal conhecida e parcialmente provida. 2ª apelação conhecida e
improvida.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811120-85.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA DE PAÇO DO LUMIAR
SUSCITADO: JUÍZO DA DIREITO DA 1a VARA DE PAÇO DO LUMIAR
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ROUBO. CRIANÇA
E ADOLESCENTE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO BASEADA NA IDADE. CONFLITO
ACOLHIDO.
I -É insuficiente que o crime seja praticado contra criança ou adolescente para atrair a
competência de vara especializada, exigindo-se que a vulnerabilidade em razão da
menoridade seja um fator decisivo para a prática do crime.
II – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004730-03.2020.8.10.0001


APELANTE: EDSON BASTOS CABRAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO- PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 7


EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. ATENUANTES.
PENA-BASE MÍNIMA. SÚMULA 231/STJ. REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA.
ADEQUAÇÃO AO REGIME PRISIONAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A condenação fundada em elementos colhidos na fase investigativa, desde que
corroborados na instrução judicial, harmoniza-se com o disposto no art. 155 do CPP.
II - Embora reconhecida a atenuante de confissão e da menoridade, a sanção deve ser
mantida inalterada na segunda fase dosimétrica, quando a pena-base se encontrar fixada
no mínimo legalmente previsto, nos termos da súmula n. 231 do STJ.
III - A presença de circunstâncias pessoais favoráveis, tais como primariedade, ocupação
lícita e residência fixa, não tem o condão de garantir a revogação da prisão se há nos autos
elementos hábeis a justificar a imposição da segregação cautelar. Entendimento do STJ.
IV - Embora permaneçam presentes os requisitos da prisão preventiva, o ergástulo deve
ser adequado ao regime prisional fixado ao condenado em sentença.
V - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0837877-50.2021.8.10.0001


APELANTE: KLEILTON RODRIGUES PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. REDUÇÃO DA
PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. ALTERAÇÃO
DO REGIME INICIAL. INVIABILIDADE. FUNDAMENTOS IDÔNEOS. AUSÊNCIA
DE ILEGALIDADE. JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIMENTO. APELO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
2. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
3. A fixação do regime inicial de cumprimento da pena não está atrelada, de modo absoluto,
ao quantum da sanção corporal aplicada. Desde que o faça em decisão motivada, o
magistrado sentenciante está autorizado a impor ao condenado regime mais gravoso do
que o recomendado nas alíneas do § 2º do art. 33 do Código Penal (STF - HC: 199517
SP 0050401-79.2021.1.00.0000, Relator: ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento:
27/04/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 05/05/2021).
3. Concedida a justiça gratuita, uma vez que inexiste nos autos informação que milite
contrariamente ao alegado pelo apelante.
4. Determinação para que o juízo de execução expeça a guia de execução provisória.
5. Apelo conhecido e provido parcialmente.

8 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013431-21.2018.8.10.0001
APELANTE: FRANCISCO CARLOS VALE GASPAR, ADAILTON CARDOSO ABYTIBAL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA.
MEDIANTE CONCURSO DE PESSOAS E COM RESTRIÇÃO DA LIBERDADE. PRIMEIRO
APELO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. PARCIAL PROVIMENTO. EXCLUSÃO DA
AGRAVANTE. EXCLUSÃO DAS MAJORANTES. DE PROVIMENTO. SUFICIENTEMENTE
DEMONSTRADAS AS CAUSAS DE AUMENTO. SEGUNDO APELO. ABSOLVIÇÃO. POR
COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. PROVA DOS AUTOS CONTRÁRIA.
NÃO COMPROVAÇÃO PELA DEFESA. DEPOIMENTO DE POLICIAIS. PARTICIPAÇÃO
DE MENOR IMPORTÂNCIA NÃO DEMONSTRADA. DIVISÃO DE TAREFAS PARA A
REALIZAÇÃO DO CRIME. EXCLUSÃO DA AGRAVANTE. EXCLUSÃO DAS MAJORANTES.
DE PROVIMENTO. SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADAS AS CAUSAS DE AUMENTO.
1º APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE ROVIDA. 2ª APELAÇÃO DESPROVIDA.
1. Com efeito, o juiz de origem, ao realizar o processo de dosimetria da pena, reconheceu
como agravante a reincidência, contudo, em análise mais detida dos autos, verifica-se o
que o processo mencionado de nº 2784-05.2009.8.10.0058, não se trata de uma sentença
condenatória transitada em julgado e, sim, absolutória.
2. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, a coação moral, para ser aceita como
excludente de culpabilidade, há de ser irresistível, inevitável e insuperável, devendo ficar
substancialmente comprovada por elementos concretos existentes dentro do processo. A
defesa não se desincumbiu de seu ônus de demonstrar a coação moral irresistível, nos
termos do art. 156, CPP.
3. Não há substrato legal para o afastamento ou aplicação unitária das majorantes, eis que
acertada a sua aplicação conforme entendimento da doutrina e jurisprudência pátria.
4. Quanto à alegação de ilegalidade na aplicação cumulativa das causas de aumento
previstas no art. 157, § 2º e § 2º-A, do Código Penal, de acordo com o que vem entendendo
a doutrina e a jurisprudência, a imposição das frações cumulativas, no caso, de 3/8 (três
oitavos) para o concurso de pessoas e restrição da liberdade das vítimas e de 2/3 (dois terços)
para o emprego de arma de fogo, atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade,
podendo ser aplicadas cumulativamente quando devidamente fundamentadas, com menção
às particularidades do caso concreto, a fim de demonstrar a especial gravidade do delito.
(STF - RHC: 198195 SC 0118928-52.2020.3.00.0000, Relator: GILMAR MENDES, Data de
Julgamento: 12/08/2021, Data de Publicação: 16/08/2021).
5. Conhecidas as apelações, parcialmente provida a primeira e desprovido a segunda.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000197-35.2018.8.10.0077


APELANTE: MARCUS VINÍCIUS SOARES DE OLIVEIRA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 9


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS RELATIVAS À
CONDUTA SOCIAL E PERSONALIDADE DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
POSSIBILIDADE. PENA REDIMENSIONADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A fixação da pena-base deve contar com fundamentação concreta, idônea e individualizada,
nos termos do artigo 59 do Código Penal e da norma constitucional expressa no artigo 93,
inciso IX da Constituição Federal, não bastando, para tanto, meras referências a termos
genéricos.
2. Não subsistindo fundamentos idôneos capazes de embasar a negativação das
circunstâncias judiciais relativas à conduta social e personalidade do agente, necessária
suas neutralizações e o consequente redimensionamento da pena.
3. Recurso provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000165-22.2019.8.10.0036


APELANTE: JACKSON RODRIGUES DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO TENTADO.
ABSOLVIÇÃO GENÉRICA. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
DELITIVA COMPROVADAS. AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. SEM
PREJUÍZO. VALORAÇÃO DA PALAVRA DA VÍTIMA. CONFIGURAÇÃO DA VIOLÊNCIA.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE FURTO. NÃO CABÍVEL. APELO CONHECIDO
E DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal, em
especial o depoimento da vítima, convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada
no art. 157, caput, c/c art.14, II, ambos do Código Penal.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. O crime de roubo, em sua forma tentada, está devidamente caracterizado, pois a ação
delitiva se deu com notório emprego de violência, o que pode ser constatado pelos relatos
da vítima e das testemunhas, pelo que descabida a desclassificação para o delito de furto.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012470-80.2018.8.10.0001


APELANTE: WARLESSON DOS SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

10 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. PENA FIXADA NO MÍNIMO LEGAL.
NÃO REINCIDENTE. REGIME INICIAL DA PENA. REGIME ABERTO. RECURSO
PROVIDO.
I - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea. Súmula 719 do STF.
II - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito. Inteligência da Súmula 440 do STJ.
III - Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000623-30.2020.8.10.0060


APELANTE: ÍTALO SALATIEL LIMA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO.
DOSIMETRIA. APLICAÇÃO CUMULATIVA DE CAUSAS DE AUMENTO DE PENA.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. RECONHECIMENTO. PARCIAL PROCEDÊNCIA.
I. Comprovada a autoria delitiva pelo robusto acervo probatório produzido nos autos, em
especial os depoimentos prestados pelas vítimas e testemunhas, que foi corroborado pelo
reconhecimento pessoal realizado na fase inquisitorial e em juízo, não há como acolher o
pleito absolutório.
II. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra
da vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a
cena criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual a improcedência do pleito
absolutório é manifesta.
III. A aplicação cumulativa das causas especiais de aumento, nos termos do art. 68,
do CP, demanda a fundamentação concreta do juízo sentenciante, sob pena de incidir
exclusivamente a causa que mais aumenta a pena, nos termos do que dispõe o parágrafo
único do mesmo dispositivo legal em referência. Incidência, na hipótese, da majorante pelo
emprego de arma de fogo.
VI. Apelação criminal parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002618-66.2015.8.10.0056


APELANTE: HUGO HENRIQUE MARTINS DO LAGO, FRANCISCLEY SILVA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 11


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO EM CONCURSO
DE PESSOAS. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. EXAME DA PROVA IMPOSSIBILITADO.
AUSÊNCIA DO DVD CONTENDO A GRAVAÇÃO DOS DEPOIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE
DE RECUPERAÇÃO. ANULAÇÃO, DE OFÍCIO, DO JULGAMENTO. PREJUDICIALIDADE
DO APELO DEFENSIVO.
1. Diante da impossibilidade da análise das provas produzidas na Audiência de Instrução
e Julgamento realizada no dia 09/10/2018, resta claro o prejuízo aos Recorrentes,
notadamente por estes pugnarem por suas absolvições.
2. Nos termos do art. 566, do Código de Processo Penal, é possível declarar-se a nulidade
de ato processual que houver influído negativamente na busca da verdade real ou na
decisão da causa.
3. Assim, por ofensa à garantia do contraditório e da ampla defesa, asseguradas pela
Constituição Federal, outra medida não resta senão a nulidade do processo a partir da
Audiência de Instrução e Julgamento realizada no dia 09/10/2018.
4. Nulidade declarada, de ofício, com a consequente prejudicialidade do apelo defensivo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009414-68.2020.8.10.0001


APELANTE: LEOMAR RODRIGUES SILVA FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. CONCURSO DE PESSOAS. EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. FALHA NA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. DECISÃO
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA E AMPARADA NAS PROVAS COLIGIDAS NOS
AUTOS. ERRO NA DOSIMETRIA. INOCORRÊNCIA. DOSAGEM FEITA DE ACORDO COM
O SISTEMA TRIFÁSICO E EM CONSONÂNCIA COM OS CRITÉRIOS AMPLAMENTE
RECONHECIDOS PELA JURISPRUDÊNCIA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE
FURTO OU ROUBO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE. COAUTORIA DELINEADA. TEORIA
MONISTA. RECURSO DESPROVIDO.
1. A sentença apresenta fundamentos sólidos, tendo analisado de forma efetiva a autoria e
materialidade delitivas através dos fatos e provas coligidas nos autos, sobretudo na prova
testemunhal e depoimento da vítima, os quais são consonantes entre si e, portanto, hábeis
a fundamentar a condenação.
2. O processo dosimétrico não merece qualquer ressalva, pois obedeceu a todos os critérios
do sistema trifásico, utilizando os parâmetros amplamente reconhecidos pela doutrina e
jurisprudência.
3. O apelante confessa que agiu em comunhão de desígnios com seu comparsa, tendo,
inclusive, relatado que tinha sua participação no delito predelineada. Com efeito, tem-se
que o apelante não foi mero partícipe no crime, mas verdadeiro coautor, de modo que,
ainda que tenha sido o comparsa a efetivamente exercer a grave ameaça em relação à

12 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


vítima, tal circunstância se comunica ao apelante, nos termos da teoria monista, adotada
pelo nosso ordenamento jurídico.
4. Tratando-se de crime patrimonial, a palavra da vítima tem maior relevância, de modo
que deve-se considerar com especial importância o relato da vítima perante a autoridade
judicial, o qual, após submetido ao crivo do contraditório, manteve-se incólume em relação
ao que foi declarado perante a autoridade policial, mantendo-se também consonante com
as demais provas coligidas nos autos.
5. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005674-57.2016.8.10.0029


APELANTE: ELIVELTON HENRIQUE FERREIRA SILVA, MARLISON FURTADO COSTA
CARDOSO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENA PARA
PATAMAR INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231 DO STJ E TEMA 158 DO STF.
CUSTAS PROCESSUAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL.
I. A aplicação da Súmula 231 do STJ, a qual é corroborada pelo Tema 158 do STF, não
viola o princípio da individualização da pena, porquanto hipotética redução para patamar
inferior ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação
mínima estabelecida no tipo penal.
II. O pedido de suspensão da exigibilidade das custas processuais em que restou condenado
o apelante deve ser apreciado pelo juízo da execução penal, ocasião em que será aferida
a capacidade financeira do apenado para arcar com o seu pagamento, face à alegação de
hipossuficiência financeira.
III. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002206-71.2014.8.10.0024


APELANTE: JEFFERSON ALVES SAMPAIO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO HARMÔNICO E COERENTE
ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME. RECONHECIMENTO DA
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DE OFÍCIO. MENORIDADE RELATIVA. APELO
CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO DA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 13


PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
2. Nos delitos patrimoniais o depoimento da vítima possui especial relevância, máxime
quando o relato é firme, coerente e corroborado por outras provas, como na espécie.
3. Vale ressaltar que o depoimento dos policiais responsáveis pela prisão em flagrante é
meio idôneo e suficiente para a formação do édito condenatório, quando em harmonia com
as demais provas dos autos e colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,
cabendo à defesa demonstrar sua imprestabilidade.
4. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva, na modalidade retroativa,
do apelante, por tratar-se de matéria de ordem pública, considerando que o apelante contava
com menos de 21(vinte e um) anos na data do fato criminoso, são reduzidos de metade
os prazos prescricionais, em conformidade com o art. 115, do CP, logo prescreve em 6
(seis) anos, tempo este já transcorrido entre o recebimento da denúncia e a publicação da
sentença.
5. Recurso conhecido e parcialmente provido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0805295-14.2021.8.10.0060


APELANTE: LUCAS BARRETO FREITAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO
MAJORADO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO
CRIME. PRIMEIRA FASE. CRIME PRATICADO À LUZ DO DIA. VALORAÇÃO NEGATIVA
CORRETA. DESPROVIMENTO. SEGUNDA FASE. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE
DE CONFISSÃO COM A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. ACOLHIMENTO. APELAÇÃO
CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. O fato do crime ter sido praticado à luz do dia, por volta das 11h, com grave ameaça
mediante emprego de arma de fogo, em plena via pública, demonstra maior frieza e ousadia
do apelante, bem como coloca em risco toda uma coletividade. Idônea a valoração negativa
da circunstância judicial, referente às circunstâncias do crime.
2. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
3. Tratando-se de compensação entre a atenuante da confissão espontânea e a agravante
da recompensa, verifica-se que ambas são preponderantes, por estarem em grau idêntico
hierárquico, vez que a primeira se refere à personalidade e a segunda é prevista como
motivo determinante do delito.

14 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


4.Em atenção ao disposto no art. 33, §2º, “b”, do CP, fixo o regime semiaberto para inaugurar
o cumprimento da pena.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000124-37.2020.8.10.0063


APELANTE: IVALDO CARDOSO SERRA (GORDO)
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. DOSIMETRIA. AVALIAÇÃO NEGATIVA DA
CULPABILIDADE, CONDUTA SOCIAL E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. INCREMENTO
DA BASILAR DE FORMA DESPROPORCIONAL. READEQUAÇÃO. REGIME INICIAL
DE CUMPRIMENTO DE PENA. MANUTENÇÃO DO SEMIABERTO. COTEJO ENTRE O
QUANTITATIVO DE PENA E A CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NEGATIVA.
I. O desabono da culpabilidade cinge-se à reprovação que o crime e o autor do fato merecem,
impondo-se o afastamento do demérito motivado somente no contexto temporal (turno
matutino) da prática delituosa, sem constatação de violência exacerbada ou premeditação
no caso concreto que extrapole as características próprias do tipo penal.
II. A conduta social desvalorada apenas com base no jargão de que o acusado faria “do crime
um meio de vida” por possuir outros registros de roubo não merece subsistir, porquanto “é
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base” (Súmula 444, do STJ).
III. Correta a avaliação desfavorável das circunstâncias do crime no juízo singular com
lastro em fundamentação idônea e concreta, pautada na considerável reprovabilidade da
conduta empreendida com subjugação de uma mãe na presença de filho menor de três
anos de idade. Precedentes.
IV. Diante do silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios
de incremento da pena-base, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada e
outro de 1/8 (um oitavo) a incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito
secundário do tipo penal incriminador, cuja escolha do critério se encontra no espectro de
discricionariedade do magistrado. Precedentes.
V. A exasperação da basilar de forma desproporcional por circunstância judicial valorada
de forma demeritória ao agente, ainda que acompanhada da devida motivação, implica
na necessidade de adoção de um dos parâmetros veiculados pelo STJ, do que resulta a
diminuição da reprimenda.
VI. A redução da pena na fração de 1/6 pela confissão espontânea do acusado, embora
amplamente aceita, resta inviável quando resultar em quantitativo de pena abaixo do piso
legal na segunda etapa da dosimetria. Inteligência da Súmula 231 do STJ, e Tema 158 do
STF.
VI. O quantitativo da pena, mesmo redimensionada, não é o único fator a refletir na escolha

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 15


do regime de cumprimento, merecendo atenção a existência de circunstância judicial
negativa na primeira fase da dosimetria, razão pela qual o semiaberto apresenta-se mais
adequado ao caso.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000193-27.2021.8.10.0001


1o APELANTE: FELIPE DOS SANTOS MORAES
2o APELANTE: MICHAEL DE OLIVEIRA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO. EMPREGO DE ARMA BRANCA.
DISSONÂNCIA ENTRE OS ELEMENTOS DOS AUTOS E O RECONHECIMENTO
DA MAJORANTE. DIFERENCIAÇÃO DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. LEGALIDADE ESTRITA. PRECISÃO DA NORMA PENAL. READEQUAÇÃO DA
DOSIMETRIA. CONCURSO DE PESSOAS E CONTINUIDADE DELITIVA. MÍNIMO LEGAL.
AUTORIA DO SEGUNDO APELANTE DEVIDAMENTE COMPROVADA.
I – Após as alterações legislativas promovidas no crime de roubo, há previsão tanto de
majorante relativa a emprego de arma de fogo, quanto de majorante relativa a emprego de
arma branca, figuras que não se confundem, por força da legalidade estrita e da precisão
redacional que informam as normas penais. Inexistem elementos nos autos que evidenciem
a utilização de arma branca pelos apelantes, ao que se impõe o decote dessa causa de
aumento de pena.
II – Subsistente apenas a causa de aumento específica relativa ao concurso de pessoas, a
dosimetria deve ser readequada com a utilização da fração mínima de 1/3 (um terço).
III – Na continuidade delitiva específica, a fração de aumento da pena é balizada pelo
número de infrações cometidas e pelo resultado da valoração das circunstâncias judiciais
do artigo 59 do
Código Penal. Em se tratando de dois crimes e inexistindo circunstâncias negativas, de
rigor, adota-se a fração mínima de 1/6 (um sexto).
IV – Em havendo, nos autos, elementos conclusivos da participação do segundo apelante
nos delitos, descabe sua absolvição por negativa de autoria.
V – Apelações conhecidas. Primeira apelação provida e segunda apelação parcialmente
provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002332-83.2020.8.10.0001


APELANTE: JAMYZON ANDRADE SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS.

16 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


COMPROVADAS AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME. PREPONDERÂNCIA DA
PALAVRA DAS VÍTIMAS. OBJETOS ROUBADOS APREENDIDOS EM POSSE DOS
SUSPEITOS E RESTITUÍDOS ÀS VÍTIMAS. ROBUSTO CONJUNTO PROBATÓRIO.
DOSIMETRIA CORRETA. PRESENTE A CIRCUNSTÂNCIA DE CONCURSO DE PESSOAS
A AUMENTAR A PENA. NÃO CABE DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO EM RAZÃO DE
USO DE VIOLÊNCIA MEDIANTE GRAVE AMEAÇA. APELAÇÃO DESPROVIDA.
I – As provas são suficientes a comprovar a autoria e a materialidade do crime, posto que
analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais, a palavra da vítima encerra especial preponderância. No
caso, o crime foi cometido contra três vítimas e, tanto na Delegacia quanto em Juízo, seus
depoimentos guardam coerência e harmonia entre si, além de terem reconhecido o réu
como o autor do crime, sem qualquer indício de dúvida.
III – Somado aos depoimentos das vítimas, pesa robusto conjunto probatório, como a
confissão do apelante em Juízo e a apreensão dos bens subtraídos com os suspeitos,
quando do flagrante policial. A prisão acabou por impedir o linchamento dos réus, o que só
reforça a tese de autoria e materialidade do crime.
IV - Dosimetria correta com pena exasperada em razão da causa de aumento de pena de
concurso de pessoas e na fração de 1/6 por ser crime continuado.
V - Não cabe desclassificação para crime de furto qualificado, pois provado o uso de
violência mediante grave ameaça.
VI – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0805355-84.2021.8.10.0060


APELANTE: GLECIANO ALVES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO
QUALIFICADO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DOS MOTIVOS DO CRIME.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. TESE ACOLHIDA. COMPENSAÇÃO REINCIDÊNCIA E
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO DA DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA.
1. O fato do crime ter sido pratico enquanto o réu estava ´drogado´ não configura, por si só,
motivo suficiente para valorar negativamente as circunstâncias do crime.
2. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
3. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0007145-90.2019.8.10.0001

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 17


APELANTE: JOÃO GUIMARÃES PEREIRA FILHO, SAMUEL PEREIRA CALDAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA.
REDIMENSIONAMENTO. DESLOCAMENTO DA MAJORANTE DO CONCURSO DE
AGENTES PARA A PRIMEIRA FASE. EXCLUSÃO. CONFISSÃO E MULTIRREINCIDÊNCIA.
COMPENSAÇÃO PROPORCIONAL. APLICAÇÃO DE SOMENTE UMA DAS CAUSAS DE
AUMENTO DE PENA NA TERCEIRA FASE DOSIMÉTRICA. POSSIBILIDADE.
I. O deslocamento de uma causa de aumento de pena para a primeira fase da dosimetria,
embora amplamente aceito pela jurisprudência em certas situações, não se apresenta
como medida obrigatória se as peculiaridades do caso assim não recomendam, impondo-
se a exclusão do incremento a título de concurso de pessoas nas circunstâncias do crime.
Precedentes do STJ.
II. A compensação integral entre a multirreincidência com a confissão espontânea é inviável
diante da preponderância oriunda da multiplicidade de processos em desfavor do acusado;
é possível, contudo, a elevação proporcional da reprimenda no patamar de 1/12 pela
compensação parcial entre ambas, conforme orientação jurisprudencial do STJ pautada na
individualização da pena e na proporcionalidade.
III. Diante do concurso de duas majorantes, pode o magistrado aplicar somente aquela que
mais aumente a pena, máxime se extirpada a concausa outrora deslocada para a primeira
fase da dosimetria pelo juízo singular, o que implica no redimensionamento da terceira
etapa do cálculo. Inteligência do art. 68, parágrafo único, do Código Penal.
VI. Apelações criminais conhecidas e parcialmente providas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015965-98.2019.8.10.0001


APELANTE: CARLOS VITOR MAFRA FERREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO (ART. 157, §2°, II E §2°-A, I, DO
CÓDIGO PENAL). ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL VALOR PROBATÓRIO. CONCURSO
DE AGENTES. NÃO IDENTIFICAÇÃO DO COMPARSA. IRRELEVÂNCIA. EMPREGO
DE ARMA DE FOGO. POTENCIALIDADE LESIVA. AUSÊNCIA DE APREENSÃO E DE
EXAME PERICIAL. DESNECESSIDADE. EXISTÊNCIA DE OUTROS MEIOS DE PROVA A
ATESTAR O EFETIVO EMPREGO DO ARTEFATO.
I - Devidamente comprovadas a autoria e a materialidade do delito, deve ser mantida a
condenação, sobretudo, diante da palavra da vítima - de especial valor probatório - ter sido

18 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


corroborada por outros elementos de prova constantes nos autos.
II - Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, para o reconhecimento da causa
de aumento de pena prevista no inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal, mostram-se
dispensáveis a apreensão da arma e o exame pericial que comprove sua potencialidade
lesiva, quando outros elementos probatórios atestem seu efetivo emprego na prática delitiva.
III - Para a configuração da majorante do concurso de pessoas, a identificação do agente
não é imprescindível, bastando haver comprovação mediante prova idônea, in casu, a
palavra da vítima.
IV - Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001385-14.2017.8.10.0040


APELANTE: EMILDE DOS SANTOS NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO.
NULIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 226 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. PRESENÇA DE
OUTROS ELEMENTOS PARA EMBASAR A CONDENAÇÃO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de roubo, a improcedência do pleito
absolutório é manifesta, não pairando dúvida sobre a atuação do recorrente na dinâmica
dos fatos.
II. Inexiste violação ao procedimento previsto no art. 226 do CPP quando o reconhecimento
realizado por meio de fotografia, durante a fase inquisitiva, é corroborado por outros
elementos probatórios colhidos em juízo, como os depoimentos prestados pela vítima e
pelos policiais que realizaram a prisão em flagrante, dando conta do reconhecimento das
características físicas e da vestimenta do acusado, além deste se encontrar na posse da
res furtiva.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000768-40.2018.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
APELADO: VANDERSON SOUSA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO USO DE ARMA DE FOGO.
APELAÇÃO INTERPOSTA PESSOALMENTE PELO RÉU. POSTERIOR DESISTÊNCIA
DO RECURSO. PODERES PARA DESISTIR CONSTANTE NA PROCURAÇÃO.
POSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DA CONFISSÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 19


ESPONTÂNEA. PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO
DA SÚMULA Nº 231/STJ. APELO PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
I. Pode o advogado desistir do recurso interposto pelo réu, desde que possua procuração
com poderes especiais para formular pedido de desistência.
II. Embora reconhecida atenuante de confissão, a sanção deve ser mantida inalterada na
segunda fase dosimétrica, quando a pena-base se encontrar fixada no mínimo legalmente
previsto, nos termos da Súmula n. 231 do STJ.
III. Apelação criminal conhecida e provida para reformar parcialmente a sentença
condenatória.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004977-52.2018.8.10.0001


APELANTE: DAVID RICHARDSON DE JESUS DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE
AGENTES E EM CONCURSO FORMAL. ATENUANTES DA CONFISSÃO ESPONT NEA
E MENORIDADE RELATIVA. REDUÇÃO DA PENA-BASE AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL.
SUPERAÇÃO DA SUMULA 231 DO STJ. IMPOSSIBILIDADE.
I. Não fere o princípio da individualização da pena a aplicação da Súmula 231 do STJ, uma
vez que a vedação à redução da pena-base aquém do mínimo legal representa ofensa à
segurança jurídica e aos artigos 59 e 68, ambos do Código Penal.
II. O Supremo Tribunal Federal firmou a tese no Tema de Repercussão Geral nº 158, no
sentido de que a “circunstância atenuante genérica não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal”. Portanto, não há como superar o enunciado da Súmula 231, do
STJ, para o fim de proceder a redução da pena, em razão da aplicação das atenuantes da
menoridade relativa e confissão espontânea, a patamar abaixo do mínimo legal.
III. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002960-52.2020.8.10.0040


APELANTE: LUCAS SANTOS DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. RECUPERAÇÃO DA RES FURTIVA. RECEPTAÇÃO. ABSOLVIÇÃO.
AUSÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO
CONHECIDA E DESPROVIDA.

20 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


1. A materialidade delitiva, quanto ao crime em comento, está satisfatoriamente comprovada
por meio do Boletim de Ocorrência ( ID. 17821224); Auto de Apresentação e Apreensão (ID.
17821224, pg. 5) e Termo de Restituição.
2. Quanto à autoria, entende-se que há provas fartas nos autos que comprova o ilícito
penal tipificado no art. 157, §2º, I, do CP c/c art. 180, caput, do CP, conforme depoimento
consistente dos guardas municipais que realizaram a revista e estavam presentes no
momento do acidente envolvendo o acusado.
3. No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do agente, caberia
à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem, nos termos do disposto no art.
156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova.
O conjunto probatório revela a autoria e materialidade do delito de receptação, sendo
imperativo a manutenção da condenação;
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000154-93.2020.8.10.0056


APELANTE: PEDRO JACKSON DA SILVA PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO MAJORADO.
REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. INCIDÊNCIA CONCRETA DE
ATENUANTES. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. APELO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.
1. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
2. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
3. A adstrição do magistrado aos limites, mínimo e máximo, das penas abstratas previstas
na legislação penal, durante o cálculo na primeira e segunda fases da dosimetria, é medida
que se impõe.
4. Apelo conhecido e não provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012970-49.2018.8.10.0001


APELANTE: CARLOS RODRIGO COSTA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. OBSCURIDADE QUANTO AO PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES. INOCORRÊNCIA. RESTOU
INCONTROVERSO. DECISÃO FUNDAMENTADA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 21


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
ao convencimento deste magistrado no que diz respeito à autoria delitiva e materialidade
do crime de violência sexual praticado contra a menor, baseando-se, a contrário do que
alega o embargante, em depoimentos que explanam a ocorrência dos fatos de forma linear
e pormenorizada desde a fase do inquérito até o depoimento tomado quando da audiência
de instrução (ata de audiência – ID. 17522365 e segs; ID. 17522357 e segs.), gravadas em
mídia audiovisual.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. . Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811003-94.2022.8.10.0000


PACIENTE: FELIPE LEBRE DE OLIVEIRA HELAL, DANILO DOS SANTOS SILVA, MARIA
VITORIA DA SILVA FEITOSA, MILTON DO NASCIMENTO FERREIRA, PAULO CÉSAR
NERES DE MOURA
IMPETRADO: 1 VARA CRIMINAL DE CAXIAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CONFIGURADO QUANTO A UM DOS
PACIENTES. CONCESSÃO PARCIAL.
I - A prisão cautelar deve estar embasada em decisão judicial que demonstre prova de
materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, além da ocorrência de um ou mais
pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
II - A prisão preventiva de um dos pacientes resta o bastante justificada pela necessidade
de garantia à ordem pública, dada a gravidade concreta do crime a ele imputado, inclusive,
pela sua posição de comando, patente no modus operandi, agravado pela prática de
diversos dos atos executórios do ilícito.
III - O decreto preventivo salientou, ainda, que a prisão preventiva também acolhe
fundamento no efetivo risco de reiteração delitiva, dado que o paciente PAULO CÉSAR

22 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


NERES DE MOURA ostenta registros criminais anteriores.
IV - Situação distinta quanto ao paciente MILTON DO NASCIMENTO FERREIRA, vez que a
ele não se dirigem nem registros criminais anteriores, nem de excepcionalidade a justificar
a medida extrema para esse paciente.
V - Ordem parcialmente concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810548-32.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ FELIPE DE PAIVA MORAIS
IMPETRADO: 1 VARA CRIMINAL DE CAXIAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. CONCESSÃO.
I - A prisão cautelar deve estar embasada em decisão judicial que demonstre prova de
materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, além da ocorrência de um ou mais
pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
II – Decreto preventivo fundamentado no risco de reiteração delitiva, entretanto não se
dirigem ao paciente registros criminais ou policiais anteriores ou posteriores, nem há
excepcionalidade a justificar a medida extrema.
III - Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0806617-69.2021.8.10.0060


APELANTE: EDILSON DA SILVA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. DOSIMETRIA. APLICAÇÃO DE SOMENTE
UMA DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA NA SENTENÇA PARA A EXASPERAÇÃO CUMULADA. DELITO SEM ESPECIAL
REPROVABILIDADE.
I. Realizada a opção pela incidência cumulativa de causas de aumento da parte especial,
a escolha deverá ser devidamente fundamentada, lastreada em elementos concretos dos
autos, a evidenciar o maior grau de reprovação da conduta e, portanto, a necessidade de
sanção mais rigorosa, (Precedente: HC n. 501.063/RJ, relatora Ministra LAURITA VAZ,
SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2020, DJe 4/9/2020)
II. Constatado que a atuação do outro agente na empreitada criminosa se limitou a conduzir
o apelante até o local do fato, esse aspecto se apresenta pouco relevante para que a vítima

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 23


cedesse ao roubo, sendo o uso do revólver muito mais decisivo para a subtração do veículo.
III. Diante do concurso de duas majorantes, pode o magistrado aplicar somente aquela que
mais aumente a pena se as circunstâncias do fato assim recomendarem, o que implica no
redimensionamento da terceira etapa da dosimetria. Inteligência do art. 68, parágrafo único,
do CP.
IV. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801274-73.2021.8.10.0034


APELANTE: ANTÔNIO DAS VIRGENS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TENTATIVA DE ROUBO QUALIFICADO. POSSE DE
ARMA BRANCA. INTER CRIMES REDUZIDO. PERCENTUAL REDUTOR. AUSÊNCIA
DE JUSTIFICATIVA. READEQUAÇÃO DA PENA E DO REGIME INICIAL. RECURSO
PROVIDO
I. A ausência de posse da res furtiva ante a imediata e eficaz resistência da vítima e dos
demais presentes à tentativa de roubo, ainda que qualificado pela posse de arma branca,
pressupõe que o iter criminis foi interrompido no início do seu ciclo.
II. A fixação do quantum de redução pela tentativa é objetivo, devendo levar em consideração
a maior ou menor proximidade da conduta ao resultado pretendido pelo agente. A ausência
de indicação de elementos concretos que não justifiquem a redução no percentual mínimo
(1/3) impõe a diminuição no patamar máximo de 2/3 (dois terços) . Precedentes do STJ e
TJMA.
III. Em sendo favoráveis as circunstâncias judiciais, é admissível a adoção do regime
prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos.
Inteligência da Súmula 269 - STJ.
IV. Apelação conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008838-22.2013.8.10.0001


APELANTE: FRANCISCO FLÁVIO RIBEIRO DE MOURA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RELEV
NCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA. APLICAÇÃO DE SOMENTE UMA DAS
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA NA

24 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


SENTENÇA PARA A EXASPERAÇÃO CUMULADA.
I. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra
da vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a
cena criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual a improcedência do pleito
absolutório é manifesta.
II. Realizada a opção pela incidência cumulativa de causas de aumento da parte especial,
a escolha deverá ser devidamente fundamentada, lastreada em elementos concretos dos
autos, a evidenciar o maior grau de reprovação da conduta e, portanto, a necessidade de
sanção mais rigorosa, (Precedente: HC n. 501.063/RJ, relatora Ministra LAURITA VAZ,
SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2020, DJe 4/9/2020).
III. Diante do concurso de duas causas de aumento de pena, impõe-se a aplicação de
somente uma delas se as circunstâncias do fato assim recomendarem, mormente se não
houver fundamentação idônea, o que implica no redimensionamento da terceira etapa da
dosimetria. Inteligência do art. 68, parágrafo único, do CP.
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003757-53.2014.8.10.0035


APELANTE: JOÃO VICTOR DOS SANTOS CANTANHEDE
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO.
RECONHECIMENTO DO RÉU. CONFORME ART. 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
DOSIMETRIA. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DA CONDUTA
SOCIAL E PERSONALIDADE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. VÍTIMAS ADOLESCENTE.
CIRCUNSTÂNCIA DO CRIME DESFAVORÁVEL. REDIMENSIONAMENTO DA PENA.
EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO OCORRÊNCIA.
REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA FECHADO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O reconhecimento fotográfico do réu no inquérito policial foi realizado de acordo com
as disposições previstas no art. 226 do Código de Processo Penal, além da condenação
ser fundamentada em outros elementos de prova produzidos em juízo que comprovam a
autoria delitiva.
2. A falta de informações concretas acerca do convívio do apelante com a comunidade em
que está inserido, com sua família ou qualquer informação sobre alguma atividade laboral
ou o fato do acusado ser dependente químico, por si só, não autorizam o agravamento da
pena-base sob o pretexto de conduta social ou personalidade desabonadora.
3. In casu, as vítimas eram adolescentes, do sexo feminino, além do apelante ter simulado
estar armado, o que dificulta qualquer resistência, razão pela qual a circunstância do crime

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 25


deve ser valorada negativamente.
4. A impossibilidade de reforma para pior garante ao apelante o direito de não ver sua
situação agravada, porém, mesmo sendo o recurso exclusivo da defesa, o efeito devolutivo
da apelação, autoriza nova ponderação na análise e valoração das circunstâncias judiciais.
5. Apelação Criminal parcialmente provida, com redimensionamento da pena imposta ao
apelante para 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente
em regime fechado, além de 83 (oitenta e três) dias-multa.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002005-33.2016.8.10.0049


APELANTE: OLAVO BEZERRA PEREIRA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E
MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APELAÇÃO DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas; fundado no in dubio pro réo.
2. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese;
3. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813229-72.2022.8.10.0000


PACIENTE: THIAGO GABRIEL SOUSA VELOSO
IMPETRADO: ATO JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE PARNARAMA/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. CORRUPÇÃO DE
MENORES. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DE ACORDO COM AS
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS.
IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação idônea
e inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra lastreado
em particularidades do caso concreto e assentado no art. 312 do CPP.

26 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


II. O relato de predicados favoráveis, tais como primariedade e residência fixa, por si só, não
tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, tampouco autorizar a aplicação de
medidas cautelares diversas, na hipótese em que presentes os pressupostos autorizadores
do encarceramento. Precedentes.
III. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009529-89.2020.8.10.0001


APELANTE: WENDERSON DIEGO MENDES RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO TENTADO
COM AUMENTO DE PENA EM RAZÃO DO CONCURSO DE PESSOAS E EMPREGO
DE ARMA DE FOGO. ABSOLVIÇÃO GENÉRICA. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS
VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELA VÍTIMA. AFASTAMENTO DA
MAJORANTE DO USO DE ARMA DE FOGO. INVIABILIDADE. SUFICIÊNCIA DA PROVA
ORAL. DEPOIMENTO DA VÍTIMA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal, em
especial o depoimento da vítima, convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada
no art. 157, §2°,II, e 2°-A, I, c/c art.14, II, ambos do Código Penal.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3.Não apreendida a arma de fogo e não periciado o seu potencial vulnerante, é possível
a comprovação dessa majorante mediante prova oral, inclusive o depoimento da vítima
(STJ - AgRg no HC: 719988 SP 2022/0021532-2, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, Data de Julgamento: 22/03/2022, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
28/03/2022)
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008222-71.2018.8.10.0001


APELANTE: CARLOS ADAILTON TELES CARDOSO, VALDENICE COSTA LIMA,
JEFFERSON HENRIQUE LEITÃO ATAÍDE
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 27


DOSIMETRIA. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIA DA CULPABILIDADE. INIDONEIDADE.
MANUTENÇÃO QUANTO AOS DEMAIS VETORES. CONTINUIDADE DELITIVA.
RECONHECIMENTO. CONCURSO MATERIAL AFASTADO. PARCIAL PROCEDÊNCIA.
I. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra
da vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a
cena criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual a improcedência do pleito
absolutório é manifesta.
II. Incabível o emprego de termos genéricos para fundamentar a circunstância da
culpabilidade, tais como a plena consciência da ilicitude da conduta ou o direcionamento
da prática delitiva para a obtenção do resultado. Igualmente, não se revela suficiente a
motivação da culpabilidade em razão da prática do delito em via pública ou à luz do dia.
III. Correto o incremento da pena-base quanto aos vetores dos antecedentes e das
circunstâncias do crime, uma vez que embasados, respectivamente, na existência de
crimes com trânsito em julgado e na prática do crime em concurso de agentes, mediante o
deslocamento desta majorante para a primeira fase.
III. Satisfeitos os requisitos objetivos atinentes à semelhança de condições de tempo, lugar
e modo de execução, além de evidenciado o liame subjetivo (unidade de desígnios), aplica-
se à hipótese a
continuidade delitiva em face de 7 (sete) vítimas, cometidos em sequência, afastando-como
consequência, o somatório das penas realizado em razão do concurso material de crimes.
VI. Apelação criminal parcialmente provida somente em favor de um dos recorrentes.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000666-06.2019.8.10.0026


APELANTE: JOÃO PAULO PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
CONCURSO DE PESSOAS. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. FACILITAÇÃO DE
CORRUPÇÃO DE MENOR. RECONHECIDAS DUAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
CULPABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
MAJORANTE SOBRESSALENTE UTILIZADA PARA PRIMEIRA FASE. POSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE BIS DE IDEM. CRIMES AUTÔNOMOS. ERROR IN JUDICANDO. SOMA
DAS PENAS DOS CRIMES NA PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA. PLEITO ACOLHIDO.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. REGIME INICIAL FECHADO. APELAÇÃO
CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. No caso em tela, a forma como o delito se deu é apta a valorar negativamente a
circunstância judicial da culpabilidade do crime de roubo a premeditação, por não ser
inerente ao tipo penal e mostrar maior intensidade do dolo do apelante, denotando-se maior
periculosidade e reprovabilidade da conduta

28 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2. Acerca do concurso de duas majorantes é uníssono na jurisprudência a possibilidade de o
juiz utilizar uma como causa de aumento e a outra como circunstância judicial desfavorável
para exasperar a pena-base, sem que isto venha a ensejar bis in idem.
3. Os delitos tipificados no art. 157 , § 2.º , inciso II , do Código Penal , e no art. 244-B do
Estatuto da Criança e do Adolescente, possuem vítimas e objetividades jurídicas distintas,
visto que o primeiro objetiva a proteção do patrimônio alheio, e o segundo, o correto e
saudável desenvolvimento social e moral.
4. De fato, o juízo a quo equivocou-se, pois efetuou sua soma, ainda na primeira fase,
quando o correto seria realizar a dosimetria de cada crime e, ao final, somar as penas e,
em seguida fixar o regime inicial de cumprimento desta.
5. Redimensionamento da pena. Manutenção do regime inicial fechado.
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004293-24.2016.8.10.0058


APELANTE: LUCAS ALVES PACHECO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO.
AGENTE MENOR DE 21 (VINTE E UM) ANOS DE IDADE. NON REFORMATIO IN PEJUS.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO
MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. Em que pese o juízo a quo tenha fixado a pena provisória em patamar abaixo do mínimo
legal, contrapondo-se a entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, deixo de
realizar qualquer modificação no decisum, em observância ao princípio da non reformatio
in pejus.
2. O reconhecimento da atenuante de confissão espontânea implicaria em nova redução
da pena abaixo do mínimo legal, de modo que acertada a sua não aplicação na origem,
malgrado tenha o apelante confessado formalmente o crime em juízo.
3. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000787-51.2013.8.10.0056


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: WELINGTON DE SOUSA PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 29


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO TENTATO.
PEDIDO DE CONDENAÇÃO NA MODALIDADE CONSUMADA. IMPOSSIBILIDADE.
INOBSERVÂNCIA DO PROCEDIMENTO DO ART. 384 DO CPP - MUTATIO LIBELLI.
PROIBIÇÃO DA MUTATIO LIBELLI EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULA
453 DO STF. RETIFICAÇÃO DO NOME DO APELADO. NOME FALSO APRESENTADO
À AUTORIDADE POLICIAL. POSSIBILIDADE. DILIGÊNCIAS QUE CONSTATARAM O
NOME CORRETO DO APELADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Encerrada a instrução processual, para incidência de capitulação penal diversa da
constante na denúncia em decorrência de novos fatos obtidas através das provas
testemunhas colhidas, necessário que siga-se a regra processual do art. 384 do CPP
(mutatio libelle).
2. Não respeitadas as regras processuais previstas para a mutatio libelle, o juízo
sentenciante, ao prolatar a decisão, fica adstrito aos fatos e tipificação penal imputados
ao apelado na denúncia, já que, a contrario sensu, afrontaria o princípio da congruência,
prolatando decisum passível de nulidade.
3. Existindo nos autos provas suficientes de que o apelado apresentou nome falso ao ser
indiciado, possível e necessário que se proceda a retificação de seu nome na sentença a
quo bem como na autuação do processo.
4. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010457-40.2020.8.10.0001


APELANTE: JONILSON COSTA CRUZ, LUÍS ANDRÉ RODRIGUES RAMOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PARTICIPAÇÃO NO DELITO. CONDUTA PRATICADA SEM VIOLÊNCIA
OU GRAVE AMEAÇA. INOCORRÊNCIA. PROVAS INCONTESTES DA COAUTORIA.
INCIDÊNCIA DA CAUSA GENÉRICA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 16 DO CP.
REDUÇÃO DA PENA PARA O MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DA RES
FURTIVA POR ATUAÇÃO DA POLÍCIA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ATENUANTE
DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ATENUANTE JÁ DEVIDAMENTE RECONHECIDA
E VALORADA PELO JUÍZO A QUO. PEDIDO PREJUDICADO. APELO DESPROVIDO
EM RELAÇÃO AO 1º APELANTE. 2º APELANTE – PRELIMINAR DE CORREÇÃO DE
NOME ESCRITO ERRADO NOS AUTOS. DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS NOS
AUTOS. POSSIBILIDADE. DECOTE DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL RELATIVA ÀS
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. REDUÇÃO DA PENA
AO PATAMAR MÍNIMO LEGAL. POSSIBILIDADE. PENA REDIMENSIONADA. APELO
PROVIDO EM RELAÇÃO AO 2º APELANTE. EXTENSÃO DOS EFEITOS AO 1º APELANTE.
MESMA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL VALORADA EQUIVOCADAMENTE.
1. Conforme evidenciado pelo conjunto probatório dos autos, o 1º apelante teve relevante
participação para a consumação do crime, tendo ele assumido a direção da motocicleta,

30 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


conduzido o coautor na garupa, participado da cena do crime, e, após a subtração do
aparelho celular da vítima, ainda empreendeu fuga juntamente com seu comparsa.
2. Não obstante o 1º apelante afirme ter devolvido espontaneamente a res furtiva, o que se
colhe dos autos é que o celular da vítima só lhe foi devolvido por conta da ação policial que
capturou os autores do roubo.
3. Não há o que se falar participação de menor importância no delito e/ou incidência da
causa genérica de diminuição de pena do art. 16 do CP, já que as provas constantes nos
autos dão conta de mostrar a coautoria do 1º apelante e a ausência do arrependimento
posterior.
4. Quanto ao pleito preliminar do 2º apelante para correção do nome lançado no registro
dos autos, vejo como possível e necessária já que em consulta aos documentos juntados
aos autos, bem como em consulta ao SIISP, verifiquei que o nome correto do 2º apelante é
“Jonisson” e não “Jonilson” como consta atualmente.
5. A fixação da pena-base deve contar com fundamentação concreta, idônea e individualizada,
nos termos do artigo 59 do Código Penal e da norma constitucional expressa no artigo 93,
inciso IX da Constituição Federal, não bastando, para tanto, meras referências a termos
genéricos.
6. Não subsistindo fundamentos idôneos capazes de embasar a negativação da circunstância
judicial relativa às consequências do crime, necessário o seu decote o consequente
redimensionamento da pena.
7. Estende-se o redimensionamento da pena ao 1º apelante ante ao fato de ter tido a pena-
base exasperada com fundamento também na negativação indevida das consequências
do crime.
8. Recurso do 1º apelante conhecido e desprovido.
9. Recurso do 2º apelante conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000866-13.2019.8.10.0026


APELANTE: PAULO VITOR FRANCO NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO IMPRÓPRIO, DANO QUALIFICADO
E RESISTÊNCIA. DOSIMETRIA. INCREMENTO DA BASILAR DE FORMA
DESPROPORCIONAL. READEQUAÇÃO. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE
PENA. FIXAÇÃO DO SEMIABERTO. COTEJO ENTRE O QUANTITATIVO DE PENA E A
CIRCUNSTÂNCIA DESABONADORA.
I. Correta a conclusão pela consumação do roubo impróprio quando o agente foi
surpreendido pela vítima quando já estava em cima da moto, tentando nela sair, sendo a
violência empregada no intuito de garantir a posse do bem.
II. Diante do silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 31


de incremento da pena-base, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada
e outro de 1/8 (um oitavo) a incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito
secundário do tipo penal incriminador, cuja escolha do critério se encontra no espectro de
discricionariedade do magistrado. Precedentes.
III. A exasperação da basilar de forma desproporcional por uma única circunstância judicial
valorada de forma demeritória ao agente, ainda que acompanhada da devida motivação,
implica na necessidade de adoção de um dos parâmetros veiculados pelo STJ, do que
resulta a diminuição da reprimenda.
IV. O quantitativo da pena, mesmo redimensionada, não é o único fator a refletir na escolha
do regime de cumprimento, merecendo atenção a culpabilidade desabonadora do agente e
a violência empregada na conduta típica, razão pela qual o semiaberto apresenta-se mais
adequado às peculiaridades do caso.
V. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000829-82.2017.8.10.0049


1o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELANTE: FERNANDO JORGE FREIRE CORREA
3o APELANTE: LUÍS CLÁUDIO DOS MONTES RIBEIRO
1o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELADO: LUÍS CLÁUDIO DOS MONTES RIBEIRO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ART. 157, § 2º, I, II E V, DO CÓDIGO PENAL. REDAÇÃO
ANTERIOR À LEI 13.654/2018. DOIS ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS PELO EMPREGO
DE ARMA DE FOGO, CONCURSO DE PESSOAL E RESTRIÇÃO À LIBERDADE DAS
VÍTIMAS. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO. REJEIÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS EM
RELAÇÃO A UM DOS DELITOS. DECLARAÇÕES DA VÍTIMA ALIADAS AOS DEMAIS
ELEMENTOS PROBATÓRIOS. PRECEDENTE DO STJ. FRAGILIDADE PROBATÓRIA. IN
DUBIO PRO REO. PREVALÊNCIA.
ABSOLVIÇÃO MANTIDA NO TOCANTE À SEGUNDA INFRAÇÃO PENAL. DOSIMETRIA.
PENA-BASE. ERRONIA. CONDUTA SOCIAL. AÇÕES PENAIS EM CURSO. VALORAÇÃO
NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 444 DO STJ. APLICAÇÃO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DOS MAUS ANTECEDENTES. PRESCINDIBILIDADE DE CERTIDÃO.
ENTENDIMENTO DO STJ. CONTINUIDADE DELITIVA. INAPLICABILIDADE.
INOBSERVÂNCIA DO REQUISITO TEMPORAL. RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA.
I. Insubsistente a preliminar de nulidade, por ausência de fundamentação do decisum
objetado, arguida pelo terceiro recorrente, vez que, da análise do pronunciamento judicial
impugnado é possível extrair as razões de fato e direito que conduziram à convicção
alcançada pelo juízo de primeiro grau.
II. O julgador não está obrigado a se manifestar sobre todas as teses suscitadas pela defesa,

32 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


estando autorizado a consignar os elementos que entender suficientes para a resolução da
questão posta a julgamento. (EDcl no AgInt na SLS n. 2.828/MG, relator Ministro Humberto
Martins, Corte Especial, julgado em 10/5/2022, DJe de 12/5/2022.)
III. Demonstradas a materialidade e autoria de um dos crimes de roubo circunstanciado
pelo concurso de pessoas, emprego de arma e restrição à liberdade das vítimas (art. 157, §
2º, I, II, V do CP), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da sentença condenatória nesse ponto é medida que se impõe.
IV. Nos crimes patrimoniais a palavra da vítima é de extrema relevância, sobretudo quando
reforçada pelas demais provas dos autos (AgRg no AREsp n. 1.250.627/SC, Relator Ministro
Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 3/5/2018, DJe de 11/5/2018).
V. A ausência de ratificação, em juízo, do reconhecimento realizado pela vítima no curso da
investigação preliminar, está a fragilizar o suporte probatório no tocante à autoria de um dos
crimes imputados ao acusado, impondo-se, desse modo, a manutenção da sua absolvição,
em observância ao princípio do in dubio pro reo.
VI. Hipótese dos autos em que o juízo a quo valorou negativamente, na primeira fase da
dosimetria, a conduta social do agente, sob a justificativa de estar o réu a responder a
outras ações penais contraria o entendimento consubstanciado na Súmula nº 444 do STJ.
VII. É prescindível, para fins de comprovação dos maus antecedentes ou reincidência, a
certidão cartorária atestando o eventual trânsito em julgado das condenações infligidas
ao acusado, admitindo-se, inclusive, informações extraídas dos sítios eletrônicos dos
Tribunais como evidência dessas circunstâncias. (AgRg no AgRg no AREsp n. 1.869.652/
SC, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 10/8/2021,
DJe de 16/8/2021.)
VIII. Embora o legislador não tenha fixado, expressamente, lapso temporal necessário
ao reconhecimento da continuidade delitiva, o Superior Tribunal de Justiça entende pela
inaplicabilidade da referida regra quando entre as práticas delitivas transcorrer período
superior a 30 (trinta) dias. (AgRg no HC n. 728.914/RS, relator Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 29/3/2022, DJe de 31/3/2022.)
IX. Primeira apelação criminal conhecida e improvida. Segundo e Terceiro recurso
conhecidos e parcialmente providos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001863-59.2017.8.10.0060


APELANTE: HENRIQUE GOMES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS. AFRONTA AO PROCEDIMENTO DO ART. 226, CPP. NÃO ACOLHIMENTO.
I. Quando o reconhecimento por foto é corroborado por outros elementos de prova, no

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 33


caso, os depoimentos da vítima prestados em sede policial e judicial, não há que se falar
em afronta ao art. 226, do CPP, nem tampouco em ausência de prova da autoria delitiva.
Precedentes.
II. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra da
vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a cena
criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual é manifesta a improcedência do
pleito absolutório.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0854382-19.2021.8.10.0001


APELANTE: THOMAS FELIPE SILVA SANTOS, PAULO VINÍCIUS COSTA GOMES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS. AFRONTA AO PROCEDIMENTO DO ART. 226, CPP. NÃO ACOLHIMENTO.
I. Quando o reconhecimento por foto é corroborado por outros elementos de prova, no caso,
os depoimentos das vítimas prestados em sede policial e judicial, aliado ao reconhecimento
realizado em juízo, não há que se falar em afronta ao art. 226, do CPP, nem tampouco em
ausência de prova da autoria delitiva. Precedentes.
II. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra da
vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a cena
criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual é manifesta a improcedência do
pleito absolutório.
III. No caso dos autos, o reconhecimento dos agentes foi realizado pelas vítimas, quer no
solo policial, quer em Juízo, quando descreveram com precisão as características físicas e
a conduta de cada um deles na prática do delito, testemunhos que foram corroborados com
a apreensão da res furtiva em poder de um dos apelados e de imagens trazidas ao feito.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000515-52.2018.8.10.0001


APELANTE: ADEILSON ARAÚJO MARTINS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO.
ABSOLVIÇÃO GENÉRICA. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
RECONHECIMENTO DO RÉU PELA VÍTIMA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO

34 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE FURTO. DESCABIMENTO. VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 157, caput, do CP, em
especial pelo depoimento da vítima e da autoridade policial.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Incabível a desclassificação da conduta de roubo para furto, uma vez que restou provado
nos autos o efetivo emprego de violência e de grave ameaça na subtração dos bens da
vítima, em especial pelo fato de o réu ter simulado portar arma de fogo.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002206-71.2014.8.10.0024


APELANTE: JEFFERSON ALVES SAMPAIO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO HARMÔNICO E COERENTE
ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME. RECONHECIMENTO DA
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DE OFÍCIO. MENORIDADE RELATIVA. APELO
CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
2. Nos delitos patrimoniais o depoimento da vítima possui especial relevância, máxime
quando o relato é firme, coerente e corroborado por outras provas, como na espécie.
3. Vale ressaltar que o depoimento dos policiais responsáveis pela prisão em flagrante é
meio idôneo e suficiente para a formação do édito condenatório, quando em harmonia com
as demais provas dos autos e colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,
cabendo à defesa demonstrar sua imprestabilidade.
4. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva, na modalidade retroativa,
do apelante, por tratar-se de matéria de ordem pública, considerando que o apelante contava
com menos de 21(vinte e um) anos na data do fato criminoso, são reduzidos de metade
os prazos prescricionais, em conformidade com o art. 115, do CP, logo prescreve em 6
(seis) anos, tempo este já transcorrido entre o recebimento da denúncia e a publicação da
sentença.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 35


5. Recurso conhecido e parcialmente provido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800211-10.2022.8.10.0056


APELANTE: THIAGO SOUSA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO POR USO DE ARMA BRANCA.
TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA. AUMENTO DA PENA NA FRAÇÃO DE 1/2.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. REDIMENSIONAMENTO. SÚMULA 443 STJ. REDUÇÃO
AO PATAMAR MÍNIMO. APELO PROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça, através da súmula 443, consagrou o entendimento de que
o recrudescimento da pena na terceira fase da dosimetria do crime de roubo majorado, em
patamar superior a 1/3 (um terço), exige motivação baseada em elementos concretos da
conduta do agente, não se caracterizando idônea a simples menção genérica à gravidade
do crime praticado pelo acusado. Precedentes.
II. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0805295-14.2021.8.10.0060


APELANTE: LUCAS BARRETO FREITAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO
MAJORADO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO
CRIME. PRIMEIRA FASE. CRIME PRATICADO À LUZ DO DIA. VALORAÇÃO NEGATIVA
CORRETA. DESPROVIMENTO. SEGUNDA FASE. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE
DE CONFISSÃO COM A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. ACOLHIMENTO. APELAÇÃO
CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. O fato do crime ter sido praticado à luz do dia, por volta das 11h, com grave ameaça
mediante emprego de arma de fogo, em plena via pública, demonstra maior frieza e ousadia
do apelante, bem como coloca em risco toda uma coletividade. Idônea a valoração negativa
da circunstância judicial, referente às circunstâncias do crime.
2. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
3. Tratando-se de compensação entre a atenuante da confissão espontânea e a agravante
da recompensa, verifica-se que ambas são preponderantes, por estarem em grau idêntico
hierárquico, vez que a primeira se refere à personalidade e a segunda é prevista como
motivo determinante do delito.

36 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


4.Em atenção ao disposto no art. 33, §2º, “b”, do CP, fixo o regime semiaberto para inaugurar
o cumprimento da pena.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000124-37.2020.8.10.0063


APELANTE: IVALDO CARDOSO SERRA (GORDO)
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. DOSIMETRIA. AVALIAÇÃO NEGATIVA DA
CULPABILIDADE, CONDUTA SOCIAL E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. INCREMENTO
DA BASILAR DE FORMA DESPROPORCIONAL. READEQUAÇÃO. REGIME INICIAL
DE CUMPRIMENTO DE PENA. MANUTENÇÃO DO SEMIABERTO. COTEJO ENTRE O
QUANTITATIVO DE PENA E A CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NEGATIVA.
I. O desabono da culpabilidade cinge-se à reprovação que o crime e o autor do fato merecem,
impondo-se o afastamento do demérito motivado somente no contexto temporal (turno
matutino) da prática delituosa, sem constatação de violência exacerbada ou premeditação
no caso concreto que extrapole as características próprias do tipo penal.
II. A conduta social desvalorada apenas com base no jargão de que o acusado faria “do crime
um meio de vida” por possuir outros registros de roubo não merece subsistir, porquanto “é
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base” (Súmula 444, do STJ).
III. Correta a avaliação desfavorável das circunstâncias do crime no juízo singular com
lastro em fundamentação idônea e concreta, pautada na considerável reprovabilidade da
conduta empreendida com subjugação de uma mãe na presença de filho menor de três
anos de idade. Precedentes.
IV. Diante do silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios
de incremento da pena-base, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada e
outro de 1/8 (um oitavo) a incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito
secundário do tipo penal incriminador, cuja escolha do critério se encontra no espectro de
discricionariedade do magistrado. Precedentes.
V. A exasperação da basilar de forma desproporcional por circunstância judicial valorada
de forma demeritória ao agente, ainda que acompanhada da devida motivação, implica
na necessidade de adoção de um dos parâmetros veiculados pelo STJ, do que resulta a
diminuição da reprimenda.
VI. A redução da pena na fração de 1/6 pela confissão espontânea do acusado, embora
amplamente aceita, resta inviável quando resultar em quantitativo de pena abaixo do piso
legal na segunda etapa da dosimetria. Inteligência da Súmula 231 do STJ, e Tema 158 do
STF.
VI. O quantitativo da pena, mesmo redimensionada, não é o único fator a refletir na escolha

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 37


do regime de cumprimento, merecendo atenção a existência de circunstância judicial
negativa na primeira fase da dosimetria, razão pela qual o semiaberto apresenta-se mais
adequado ao caso.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000193-27.2021.8.10.0001


1o APELANTE: FELIPE DOS SANTOS MORAES
2o APELANTE: MICHAEL DE OLIVEIRA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO. EMPREGO DE ARMA BRANCA.
DISSONÂNCIA ENTRE OS ELEMENTOS DOS AUTOS E O RECONHECIMENTO
DA MAJORANTE. DIFERENCIAÇÃO DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. LEGALIDADE ESTRITA. PRECISÃO DA NORMA PENAL. READEQUAÇÃO DA
DOSIMETRIA. CONCURSO DE PESSOAS E CONTINUIDADE DELITIVA. MÍNIMO LEGAL.
AUTORIA DO SEGUNDO APELANTE DEVIDAMENTE COMPROVADA.
I – Após as alterações legislativas promovidas no crime de roubo, há previsão tanto de
majorante relativa a emprego de arma de fogo, quanto de majorante relativa a emprego de
arma branca, figuras que não se confundem, por força da legalidade estrita e da precisão
redacional que informam as normas penais. Inexistem elementos nos autos que evidenciem
a utilização de arma branca pelos apelantes, ao que se impõe o decote dessa causa de
aumento de pena.
II – Subsistente apenas a causa de aumento específica relativa ao concurso de pessoas, a
dosimetria deve ser readequada com a utilização da fração mínima de 1/3 (um terço).
III – Na continuidade delitiva específica, a fração de aumento da pena é balizada pelo
número de infrações cometidas e pelo resultado da valoração das circunstâncias judiciais
do artigo 59 do Código Penal. Em se tratando de dois crimes e inexistindo circunstâncias
negativas, de rigor, adota-se a fração mínima de 1/6 (um sexto).
IV – Em havendo, nos autos, elementos conclusivos da participação do segundo apelante
nos delitos, descabe sua absolvição por negativa de autoria.
V – Apelações conhecidas. Primeira apelação provida e segunda apelação parcialmente
provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002332-83.2020.8.10.0001


APELANTE: JAMYZON ANDRADE SOUZA
ADVOGADO: ERIVALDO COSTA DA SILVA (OAB MA 4592-A)
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS.

38 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


COMPROVADAS AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME. PREPONDERÂNCIA DA
PALAVRA DAS VÍTIMAS. OBJETOS ROUBADOS APREENDIDOS EM POSSE DOS
SUSPEITOS E RESTITUÍDOS ÀS VÍTIMAS. ROBUSTO CONJUNTO PROBATÓRIO.
DOSIMETRIA CORRETA. PRESENTE A CIRCUNSTÂNCIA DE CONCURSO DE PESSOAS
A AUMENTAR A PENA. NÃO CABE DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO EM RAZÃO DE
USO DE VIOLÊNCIA MEDIANTE GRAVE AMEAÇA. APELAÇÃO DESPROVIDA.
I – As provas são suficientes a comprovar a autoria e a materialidade do crime, posto que
analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais, a palavra da vítima encerra especial preponderância. No
caso, o crime foi cometido contra três vítimas e, tanto na Delegacia quanto em Juízo, seus
depoimentos guardam coerência e harmonia entre si, além de terem reconhecido o réu
como o autor do crime, sem qualquer indício de dúvida.
III – Somado aos depoimentos das vítimas, pesa robusto conjunto probatório, como a
confissão do apelante em Juízo e a apreensão dos bens subtraídos com os suspeitos,
quando do flagrante policial. A prisão acabou por impedir o linchamento dos réus, o que só
reforça a tese de autoria e materialidade do crime.
IV - Dosimetria correta com pena exasperada em razão da causa de aumento de pena de
concurso de pessoas e na fração de 1/6 por ser crime continuado.
V - Não cabe desclassificação para crime de furto qualificado, pois provado o uso de
violência mediante grave ameaça.
VI – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000842-05.2016.8.10.0118


APELANTE: ADAYLTON MELO ARAÚJO E JECINALDO SOUSA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ROUBO TENTADO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS
AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. ACUSADO MENOR DE 21
ANOS. INCIDÊNCIA DE ATENUANTE PARA REDUZIR A PENA ABAIXO DO MÍNIMO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA Nº 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. APELO DESPROVIDO.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
Juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – É pacífico na jurisprudência pátria o entendimento de que não é possível que o
reconhecimento da atenuante que conduza a pena a patamar abaixo do mínimo legal, na
forma prevista na Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça e no Tema 158 do Supremo
Tribunal Federal.
III – Apelação conhecida e desprovida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 39


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0805355-84.2021.8.10.0060
APELANTE: GLECIANO ALVES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO
QUALIFICADO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DOS MOTIVOS DO CRIME.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. TESE ACOLHIDA. COMPENSAÇÃO REINCIDÊNCIA E
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO DA DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA.
1. O fato do crime ter sido pratico enquanto o réu estava ´drogado´ não configura, por si só,
motivo suficiente para valorar negativamente as circunstâncias do crime.
2. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
3. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009722-75.2018.8.10.0001


APELANTE: FERNANDO MARTINS SIQUEIRA OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO. AUTORIA.
CORRUPÇÃO DE MENORES. IGNORÂNCIA SOBRE A IDADE DO MENOR. AUSÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO. DOSIMETRIA DA PENA. ATENUANTE. PENA-BASE MÍNIMA.
SÚMULA 231/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
I- Demonstradas a materialidade e a autoria do crime, corroborada por elementos como
depoimentos da vítima e das testemunhas, bem como a posse da res furtiva pelos
participantes do roubo, a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
II - O agente que conduz o veículo que transporta o comparsa a fim de possibilitar a fuga
com êxito do local em que foi realizado o roubo, exerce papel essencial na consecução do
delito, figurando como coautor do delito.
III - A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe de prova da efetiva corrupção
do menor, por se tratar de delito formal (Súmula 500/STJ). Outrossim, a alegação de
desconhecimento da menoridade do comparsa sem a devida comprovação não tem o
condão de afastar a condenação pelo referido crime.
IV - A aplicação da Súmula 231 do STJ, corroborada pelo Tema 158 do STF, não viola o
princípio da individualização da pena, porquanto hipotética alteração para patamar inferior
ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação mínima

40 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


estabelecida no tipo penal.
V - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000050-07.2019.8.10.0034


APELANTE: ANTÔNIO FRANCISCO CIPRIANO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO IMPRÓPRIO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA


FURTO POR ARREBATAMENTO DA COISA. IMPOSSIBILIDADE. EMPREGO DE
VIOLÊNCIA, AINDA QUE NÃO EXACERBADA. DOSIMETRIA PERFEITA. PENA FIXADA
NO MÍNIMO LEGAL. MANUTENÇÃO DO REGIME ABERTO.
I. Correta a conclusão pela consumação do roubo impróprio quando o agente puxa de
inopino o celular das mãos da vítima, sendo a violência empregada no intuito de garantir a
posse do bem.
II. Impossível sufragar a tese de desclassificação do delito para furto por arrebatamento da
coisa se resta comprovado, pela dinâmica dos fatos, que o agente esboçou violência para
assenhorear-se do objeto, ainda que a agressão física não tenha sido exacerbada.
III. Ausente qualquer base jurídica para exasperação da pena, a reprimenda deve permanecer
em seu mínimo legal até a última etapa do cálculo, nos termos da dosimetria corretamente
elaborada no juízo singular, devendo ser mantida a aplicação do regime aberto. Inteligência
do art. 33, §2º, “c”, do Código Penal.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0012970-49.2018.8.10.0001
EMBARGANTE: CARLOS RODRIGO COSTA
EMBARGADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. OBSCURIDADE QUANTO AO PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES. INOCORRÊNCIA. RESTOU
INCONTROVERSO. DECISÃO FUNDAMENTADA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
ao convencimento deste magistrado no que diz respeito à autoria delitiva e materialidade

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 41


do crime de violência sexual praticado contra a menor, baseando-se, a contrário do que
alega o embargante, em depoimentos que explanam a ocorrência dos fatos de forma linear
e pormenorizada desde a fase do inquérito até o depoimento tomado quando da audiência
de instrução (ata de audiência – ID. 17522365 e segs; ID. 17522357 e segs.), gravadas em
mídia audiovisual.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. . Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0805166-26.2021.8.10.0022


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: EDUARDO KENNEDY ALENCAR DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. MEROS INDÍCIOS DO CRIME.
AUSÊNCIA DE PROVAS PARA SUSTENTAR A CONDENAÇÃO. ÔNUS DA ACUSAÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE CERTEZA QUANTO AO EMPREGO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA. DÚVIDA QUANTO À REALIDADE DOS FATOS QUE DEVE SER INTERPRETADA
EM FAVOR DO RÉU.
I – No processo penal, recai sobre a acusação o ônus de provar a imputação feita ao réu.
II - Em atenção aos princípios favor rei e in dubio pro reo, existindo dúvidas acerca da
ocorrência e das circunstâncias do delito, impõe-se a absolvição do acusado.
III – Na espécie, a acusação não foi capaz de demonstrar com certeza o emprego de
violência ou grave ameaça, elementares do crime de
IV – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008609-23.2017.8.10.0001


APELANTE: ENILSON CHAGAS PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA. JUÍZO
DEMERITÓRIO DA CULPABILIDADE. EXCLUSÃO. ATENUANTE DE CONFISSÃO.
APLICAÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/6. REDUÇÃO PARA PATAMAR INFERIOR AO MÍNIMO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ARMA DE FOGO. CAUSA DE AUMENTO APLICADA NO

42 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PATAMAR DE 1/3, MESMO APÓS A LEI 13.654/2018. MANUTENÇÃO. VEDAÇÃO À
REFORMATIO IN PEJUS.
I. A simples referência ao uso de violência e ameaça, por serem inerentes à figura do roubo,
não se mostra suficiente à valoração negativa da culpabilidade, máxime porque sequer
demonstrado que o agente se valeu de excesso em seu modus operandi, o que impõe o
decote do incremento a esse título.
II. A redução da pena na fração de 1/6 pela confissão espontânea do acusado, embora
amplamente aceita, resta inviável quando resultar em quantitativo de pena abaixo do piso
legal na segunda etapa da dosimetria. Inteligência da Súmula 231 do STJ, e Tema 158 do
STF.
IV. Mantém-se o incremento de 1/3 pelo emprego de arma de fogo adotado pelo magistrado
singular, mesmo quando já em vigor a Lei nº 13.654/2018 - que estabeleceu o aumento de
2/3 pela referida causa de aumento -, diante da vedação à reformatio in pejus.
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0005965-10.2017.8.10.0001
EMBARGANTE: ANTÔNIO CARLOS ALBUQUERQUE JÚNIOR
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. OMISSÃO POR NÃO ENFRENTAMENTO DA TESE
DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME. IMPROCEDÊNCIA. TESE DEVIDAMENTE
ENFRENTADA. MATERIALIDADE E AUTORIA CARACTERIZADORAS DO
CRIME DE ROUBO MAJORADO SOBEJAMENTE COMPROVADAS. INVIÁVEL
A DESCLASSIFICAÇÃO. CONTRADIÇÃO POR RECONHECIMENTO MAS NÃO
INCIDÊNCIA DE ATENUANTES EM ATENÇÃO À SÚMULA 231 DO STJ. ALEGAÇÃO
DE SUPERAÇÃO DO JURISPRUDÊNCIA FORMALIZADA. IMPROCEDÊNCIA. SÚMULA
QUE ENCONTRA-SE EM PLENA VIGÊNCIA INCLUSIVE NOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
PRECEDENTES DO STF. APLICAÇÃO DE EFEITOS INFRINGENTES AOS EMBARGOS.
IMPOSSIBILIDADE. INEXISTENTE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação
tanto quanto a tese de desclassificação do delito quanto em relação à plena vigência e
aplicabilidade da Súmula 231 do STJ, não havendo o que falar em omissão ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 43


se, é incabível.
4. Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800177-13.2022.8.10.0128


APELANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS DOS SANTOS DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVA. IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA COMPROVADAS.
AFRONTA AO PROCEDIMENTO DO ART. 226, CPP. NÃO ACOLHIMENTO. EXCLUSÃO
DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. NÃO CABIMENTO. DOSIMETRIA
DA PENA. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL INIDÔNEA. AFASTAMENTO. PARCIAL
PROVIMENTO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de roubo, a improcedência do pleito
absolutório é manifesta, não pairando dúvida sobre a atuação do recorrente na dinâmica
dos fatos.
II. Quando o reconhecimento por foto é corroborado por outros elementos de prova, no
caso, o depoimento da vítima prestado em sede policial e judicial, aliado ao reconhecimento
realizado em juízo, não há que se falar em afronta ao art. 226 do CPP, nem tampouco em
ausência de prova da autoria delitiva. Precedentes.
III. Incabível o pleito de exclusão da majorante do emprego de arma de fogo, tendo em vista
que a jurisprudência da Corte Superior de Justiça é pacífica no sentido de ser dispensável a
apreensão e perícia da arma utilizada no delito de roubo, “quando evidenciada sua utilização
por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou o depoimento de testemunhas”.
(AgRg no AREsp 1.577.607/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 9/3/2020).
IV – Inidônea a valoração de circunstância judicial fundada em elementos próprios do tipo
penal, como, in casu, a assertiva de que o acusado agiu com culpabilidade grave eis que
era o agente que portava a arma e a apontou em direção à vítima, posto a referida motivação
estar inserida na causa de aumento prevista no § 2º-A, I, do art. 157, CP (emprego de arma
de fogo), impondo-se o afastamento da circunstância indevidamente fundamentada.
V - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0850849-52.2021.8.10.0001


VÍTIMA: THAYANE MARTINS VIEIRA

44 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE ROUBO
MAJORADO. PENA BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. ATENUANTE DE MENORIDADE
RELATIVA NÃO PODE REDUZIR A PENA BASE AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL.
APLICABILIDADE DA SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. APELO
DESPROVIDO.
I. A atenuante genérica de menoridade relativa, prevista no artigo 65, I, do Código Penal,
não pode ser utilizada para diminuir a pena fixada no mínimo legal.
II. Apesar de certa liberdade para fixar a pena, o magistrado deve observar os limites
mínimos e máximos previstos em lei para calcular a dosimetria, até a segunda fase de
fixação da pena.
III. Entendimento pacífico na jurisprudência e aplicabilidade da Súmula 231 do Superior
Tribunal de Justiça.
IV. Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818560-35.2022.8.10.0000


PACIENTE: KLEBER SANTOS BARBOSA
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO E
CORRUPÇÃO DE MENOR. SENTENÇA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
REQUISITOS PREENCHIDOS. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. REGIME SEMIABERTO. ESTABELECIMENTO PRISIONAL
COMPATÍVEL. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
I - Não há que se falar em violação ao dever de fundamentação das decisões judiciais,
insculpido no Art. 93, IX, da CF, já que a motivação sucinta não se confunde com falta
de fundamentação, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça.
Precedentes
II - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco de reiteração delitiva e visando
a garantia da ordem pública e aplicação da lei penal.
III – É possível a manutenção do ergástulo cautelar mesmo com sentença condenatória que
tenha fixado o regime prisional semiaberto para o início do cumprimento da pena, devendo
a prisão ser adequada ao regime imposto.
IV - Ordem parcialmente concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816505-14.2022.8.10.0000


PACIENTE: CLEYDSON SÉRGIO DOS SANTOS RABELO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 6a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 45


EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO MAJORADO PELO
CONCURSO DE PESSOAS. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES.
ORDEM DENEGADA.
1. Paciente que, em concurso de pessoas, praticou, em tese, o crime de roubo e que, ao ser
preso em flagrante, respondia em liberdade a processo penal por crime contra o patrimônio.
2. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, tendo
em vista a gravidade em concreto dos fatos.
3. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, isoladamente, não obstam a segregação
cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva
(STJ – AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 –
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
5. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817474-29.2022.8.10.0000


PACIENTE: HÉLIO WESLEY NUNES NEIVA HOLANDA, MARCUS VINÍCIUS QUEIROZ
NEIVA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SÃO JOÃO DOS PATOS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO MAJORADO PELO
CONCURSO DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO EM CONCURSO COM DISPARO
DE ARMA DE FOGO. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES.
ORDEM DENEGADA.
1. Paciente que, em concurso de pessoas e com uso de arma de fogo, praticou, em tese,
o crime de roubo e de disparo de arma de fogo, tendo atirado contra o carro da vítima
por três vezes e depois empreendido fuga, apresentando-se perante a autoridade policial
aproximadamente um mês depois. Réu com extenso histórico criminal em quatro estados
diferentes.
2. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, tendo
em vista a gravidade em concreto dos fatos.
3. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, isoladamente, não obstam a segregação

46 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva
(STJ – AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 –
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
5. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817094-06.2022.8.10.0000


PACIENTE: ILTON SANTOS DUARTE
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS –
MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS, EMPREGO DE ARMA DE FOGO E RESTRIÇÃO À LIBERDADE DAS
VÍTIMAS. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. OBSERVÂNCIA DO ART.
312 DO CPP. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA NÃO CONFIGURADO.
CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. APLICAÇÃO DE
MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
I. A prisão preventiva foi imposta em decorrência da existência de prova da materialidade e
indícios de autoria do crime, destacando-se na origem o risco de reiteração delitiva, eis que
o paciente possui outras passagens pela polícia, já tendo sido, inclusive, beneficiado com
livramento condicional em outro processo e voltado a delinquir.
II. Inviável a revogação do ergástulo quando o decreto segregatório se encontra lastreado
em particularidades do caso concreto e devidamente assentado no art. 312 do Código de
Processo Penal, evidenciando que providências menos gravosas seriam insuficientes para
salvaguardar a ordem pública.
III. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, eventual constrangimento ilegal
por excesso de prazo não resulta de um critério aritmético, mas de uma aferição realizada
pelo julgador, à luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, levando em
conta as peculiaridades do caso concreto, de modo a evitar retardo abusivo e injustificado
na prestação jurisdicional. Precedentes.
IV. Coação ilegal não configurada na espécie, uma vez que o feito tramita de forma regular
diante das particularidades do caso concreto, merecendo registro que a denúncia foi
formalizada em 18/01/2022 e recebida em 27/01/2022, sendo que a última citação ocorreu
em 17/07/2022, com apresentação, em 03/08/2022, da respectiva resposta à acusação, já
havendo designação da audiência de instrução e julgamento para o dia 30/09/2022. Assinale-
se, outrossim, a pluralidade de réus e vítimas, bem como a existência de formulação de 04
(quatro) pedidos de liberdade provisória, os quais foram todos indeferidos pela autoridade
indigitada coatora.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 47


V. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa e profissão
definida, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, na hipótese
em que presentes os pressupostos autorizadores do encarceramento. Precedentes.
VI. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810548-32.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ FELIPE DE PAIVA MORAIS
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE CAXIAS
RELATOR: SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. CONCESSÃO.
I - A prisão cautelar deve estar embasada em decisão judicial que demonstre prova de
materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, além da ocorrência de um ou mais
pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
II – Decreto preventivo fundamentado no risco de reiteração delitiva, entretanto não se
dirigem ao paciente registros criminais ou policiais anteriores ou posteriores, nem há
excepcionalidade a justificar a medida extrema.
III - Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810548-32.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ FELIPE DE PAIVA MORAIS
IMPETRADO: 1 VARA CRIMINAL DE CAXIAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. CONCESSÃO.
I - A prisão cautelar deve estar embasada em decisão judicial que demonstre prova de
materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, além da ocorrência de um ou mais
pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
II – Decreto preventivo fundamentado no risco de reiteração delitiva, entretanto não se
dirigem ao paciente registros criminais ou policiais anteriores ou posteriores, nem há
excepcionalidade a justificar a medida extrema.
III - Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813360-47.2022.8.10.0000


PACIENTE: VITOR MANOEL FERREIRA MARTINS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

48 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE ARARI-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. RESISTÊNCIA E CORRUPÇÃO
DE MENORES. SUPERADA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE.
DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA. DECISÃO FUNDAMENTADA. PRESENÇA DOS
REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR. ORDEM
DENEGADA.
1. Decretada a prisão preventiva do paciente, restam superadas as alegações que apontam
irregularidades na prisão em flagrante (HC 593.942/MS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA
TURMA, julgado em 7/12/2020, DJe 18/12/2020).
2. O decreto preventivo encontra-se suficientemente fundamentado nos arts. 312 e 313,
do CPP, diante dos indícios de autoria e materialidade dos delitos de roubo majorado pelo
concurso de agentes e emprego de arma de fogo, c/c resistência e corrupção de menor
[art.157, §§2º, II, e 2-A, I, e art. 329, CP c/c art. 244-B, do ECA, cujas penas somadas
ultrapassam 04 (quatro) anos e também da necessidade de garantia da ordem pública
face à gravidade dos delitos, a periculosidade do paciente e a possibilidade de reiteração
delitiva.
3. Estando evidenciados o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, não há que
falar em aplicação de medida cautelar diversa da prisão, sendo insuficiente para tanto
ser o paciente detentor de condições pessoais favoráveis (STJ – AgRg no RHC: 165333
SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 17/06/2022).
4. Denegada a ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0006383-45.2017.8.10.0001


1o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELANTE: LUZIANE SILVA ALVES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
1o APELADO: LUZIANE SILVA ALVES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
2o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
CONCURSO DE PESSOAS. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE. EMPREGO DE ARMA DE FOGO.
PRELIMINAR DE OFÍCIO. NULIDADE ABSOLUTA DA SENTENÇA. OMISSÃO QUANTO
À FORMALIDADE QUE CONSTITUI ELEMENTO ESSENCIAL DO ATO. AUSÊNCIA DE
MANIFESTAÇÃO SOBRE A PENA DO CRIME DE FACILITAÇÃO DE CORRUPÇÃO DE
MENOR (ART. 224-B, LEI 8069/90). PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 49


CONTRADITÓRIO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECURSOS PREJUDICADOS.
1. Deve ser declarada nula a sentença condenatória que, embora tenha condenado a ré
pela prática de crime de roubo majorado em concurso formal com a facilitação da corrupção
de menor, deixa de fixar a pena referente a este último crime (art. 224-B, da Lei 8069/90).
2. A prolação de sentença omissa quando a elementos essenciais configura ofensa aos
princípios da individualização da pena e do contraditório, maculando de vício insanável o
édito condenatório.
3.Caracterizada a supressão de instância. Prejuízo cristalino a ré, por ofensa às garantias
constitucionalmente asseguradas da individualização das penas, do contraditório e duplo
grau de jurisdição.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000166-41.2019.8.10.0057


APELANTE: EDSON CARLOS SOARES FERNANDES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA ROUBO SIMPLES.
IMPOSSIBILIDADE. ATENUANTES. RECONHECIMENTO SEM REFLEXO NA PENA
FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. DOSIMETRIA. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE
SOMENTE UMA DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de roubo circunstanciado, a
improcedência do pleito absolutório é manifesta, assim como a pretensão de desclassificação
para roubo simples.
II. A palavra da vítima, a apreensão de revólver e o próprio interrogatório do réu são
suficientes para corroborar as causas de aumento de pena consistentes no concurso de
pessoas e uso de arma de fogo.
III. Embora reconhecidas as atenuantes de confissão e menoridade relativa, não há como
diminuir a reprimenda já fixada em seu mínimo legal na primeira etapa da dosimetria.
Súmula 231 do STJ.
IV. Verificada a ocorrência de erro material no cálculo da dosimetria penal, possível se
afigura a correção, ex officio, do édito condenatório. Precedentes
V. Diante do concurso de duas majorantes, pode o magistrado aplicar somente aquela que
mais aumente a pena se as circunstâncias do fato assim recomendarem, o que implica
no redimensionamento, de ofício, da terceira etapa dosimetrica. Inteligência do art. 68,
parágrafo único, do CP.
VI. Apelação criminal conhecida e desprovida, mas, de ofício, reduzida a pena.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0003830-88.2015.8.10.0035

50 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: ANTÔNIO GERSON PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARILÉA CAMPOS DOS SANTOS COSTA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA BRANCA. DESCLASSIFICAÇÃO. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO
DAS PRÓPRIAS RAZÕES. IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORT
NCIA. NÃO RECONHECIMENTO. AFASTAMENTO DE CAUSA DE AUMENTO. ARMA
BRANCA. INAPLICABILIDADE. MANUTENÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA
REFERENTE AO CONCURSO DE PESSOAS. SENTENÇA MANTIDA.
I. Descabida a pretendida desclassificação do crime de roubo majorado para exercício das
próprias razões quando o acervo probatório coligido aos autos leva à conclusão quanto à
prática do crime contra o patrimônio.
II. O instituto da participação de menor importância somente se aplica ao partícipe que não
tenha prestado auxílio essencial para consumação do crime, situação que não se enquadra
na vertente hipótese.
III. Incabível aplicação da novatio legis in mellius, prevista na Lei 13.654/2018, para o fim
de afastar o acréscimo da pena, quando, no caso, embora reconhecida a revogação do
dispositivo legal que autorizava o aumento pelo emprego de arma branca, remanesce a
majorante do concurso de pessoas, impondo-se a manutenção da reprimenda no patamar
mínimo legal (1/3).
IV. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0002167-02.2021.8.10.0001


APELANTE: LUÍS FILIPE FREITAS BEZERRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. REGINA LÚCIA DE ALMEIDA ROCHA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PROCESSO PENAL. CRIME DE ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. NULIDADE DE SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. TRAMITE REGULAR.
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. CONCURSO DE PESSOAS. CIRCUNSTÂNCIA DO CRIME
DESFAVORÁVEL. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. INOCORRÊNCIA. INTEGRALIDADE
DOS ATOS EXECUTÓRIOS. PENA ESTABELECIDA INFERIOR A 8 (OITO) ANOS.
PRIMARIEDADE. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO REGIME INICIAL FECHADO
PARA O SEMIABERTO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Não há nulidade em Sentença que o feito tramitou regularmente e que não houve prejuízo
ao acusado.
2. A existência de circunstância judicial desfavorável, em razão da prática do delito em

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 51


concurso de pessoas, intitulada “circunstâncias do crime”, inviabiliza a fixação da pen ano
patamar mínimo legal.
3. Não é cabível a desistência voluntária diante da integralidade dos atos executórios.
4. A menoridade relativa só é configurada quando o acusado possui 21 anos no momento
do fato delitivo.
5. Em casos de crimes hediondos ou equiparados não há obrigatoriedade na imposição
do regime inicial fechado, conforme posição do Supremo Tribunal Federal, ao declarar a
inconstitucionalidade do Art. 2º, §1 da Lei de n° 8.072/90. Aplicação do regime Semiaberto
nos casos em que o réu não é reincidente e possui pena superior a 4 (quatro) anos e inferior
a 8 (oito) anos, a teor do Art. 33, § 2, “b” do CP.
6. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, em desacordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em dar provimento parcial ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.
Funcionou pela Procuradoria Geral de Justiça a Dra. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES
TRAVASSOS CORDEIRO

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810828-03.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUCAS DOS SANTOS LAGO
IMPETRANTE: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/
MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS
E USO DE ARMA DE FOGO. PRISÃO RELAXADA PELA AUTORIDADE IMPETRADA.
PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. WRIT PREJUDICADO.
I. Cessado o alegado constrangimento ilegal devido ao relaxamento da prisão preventiva
pela autoridade impetrada, resta prejudicada a análise do presente remédio constitucional,
nos termos do art. 659 do Código de Processo Penal, em razão da perda superveniente do
objeto;
II. Habeas Corpus prejudicado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810242-63.2022.8.10.0000


PACIENTES: MAIKON ANTÔNIO DA SILVA e RONIELLE LIMA DA SILVA MESQUITA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO

52 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PELO CONCURSO DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PRISÃO PREVENTIVA.
AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. NULIDADE NÃO CONFIGURADA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DO DECRETO SEGREGATÓRIO. SUBSTITUIÇÃO POR
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM CONHECIDA E
DENEGADA.
I. A não realização de audiência de custódia, por si só, não induz à ilegalidade do decreto
preventivo, cujos fundamentos e requisitos de validade não incluem a prévia realização
daquele ato, vinculados ao que dispõem os arts. 312 e 313 do CPP. Precedentes.
II. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação e
inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra devidamente
motivado, lastreado em dados concretos, como forma de garantia da ordem pública.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do encarceramento, incabível a sua substituição
por medidas cautelares menos gravosas, por serem insuficientes.
III. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000247-95.2018.8.10.0001


APELANTE: ALEX SANDRO TAVARES RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: CLÁUDIO JOSÉ SODRÉ
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO SIMPLES. DOSIMETRIA. PENA-BASE.
AUMENTO EM RAZÃO DE USO DE SIMULACRO DE ARMA DE FOGO. IMPOSSIBILIDADE.
CANCELAMENTO DA SÚMULA Nº 174/STJ . CIRCUNST NCIA ATENUANTE DA
CONFISSÃO ESPONT NEA. PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
ENUNCIADO DA SÚMULA Nº 231/STJ. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. O Colendo Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento, desde o cancelamento da
sua súmula nº 174, que o fato de o agente portar simulacro de arma de fogo não constitui
elemento apto a justificar a imposição da sanção inicial acima da pena-base, por ser inerente
ao próprio tipo penal. Precedentes.
II. A dosimetria da pena deve ser revista para afastar o reconhecimento de circunstância
judicial desfavorável, de modo a fixar a reprimenda base no mínimo legal.
III. Embora reconhecida atenuante de confissão, a pena deve ser mantida inalterada,
quando a pena-base se encontrar fixada no mínimo legalmente previsto, nos termos da
Súmula n. 231 do STJ.
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida para fixar pena definitiva no mínimo
legal.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000189-24.2020.8.10.0001

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 53


APELANTE: MAXWELL DOS SANTOS VIEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: MARCO AURÉLIO CORDEIRO RODRIGUES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA ROUBO SIMPLES. NÃO LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
DO CORRÉU. INVIABILIDADE. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. APELO
DESPROVIDO.
I. A caracterização do concurso de agentes não exige a identificação do comparsa, sendo
suficiente a concorrência de duas ou mais pessoas na execução do crime. Precedentes.
II. A palavra da vítima, em sede de crimes patrimoniais, tem especial valor probante e
pode ser utilizada para amparar um decreto de preceito condenatório, mormente quando
harmônica e coesa nas duas fases da persecução criminal e em consonância com as
demais provas colhidas.
III. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0860841-37.2021.8.10.0001


APELANTE: MATEUS TEIXEIRA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: MARCO AURÉLIO CORDEIRO RODRIGUES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA BRANCA. ATENUANTE DE MENORIDADE RELATIVA.
IMPOSSIBILIDADE DE REFLEXO NA PENA FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231
DO STJ E TEMA 158 DO STF.
I. Ainda que reconhecida a atenuante de menoridade relativa na sentença, não há como
diminuir a reprimenda já fixada em seu mínimo legal na primeira etapa da dosimetria.
Súmula 231 do STJ e Tema 158 do STF.
II. A aplicação da Súmula 231 do STJ não viola o princípio da individualização da pena,
porquanto hipotética alteração para patamar inferior ao piso legal causaria manifesta
insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação mínima estabelecida no tipo penal.
III. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000713-35.2019.8.10.0040


1o APELANTE: EDUARDO SILVA DOS SANTOS
2o APELANTE: IVONALDO RIBEIRO DE SA MOURA
54 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
3o APELANTE: LUIZ AUGUSTO GONÇALVES FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTORA: SAMIRA MERCÊS DOS SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. TENTATIVA DE ROUBO
MAJORADO CONFIGURADA. COAUTORIA FUNCIONAL. PLEITO ABSOLUTÓRIO.
NÃO ACOLHIMENTO. MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA COMPROVADAS.
MAJORANTE DE EMPREGO DE ARMA DE FOGO RECONHECIDA. IMPOSSIBILIDADE
DE COMPENSAÇÃO ENTRE CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA. OFENSA
AO CRITÉRIO DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. REDIMENSIONAMENTO. EXTENSÃO
DOS EFEITOS. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Não há como acolher a tese de desistência voluntária, na medida que os depoimentos
prestados em juízo demonstram, de forma clara e inequívoca, que os agentes somente
não consumaram o delito em razão da interferência de terceiro que correu em auxílio à
vítima. Não concluído o intento da subtração por motivos alheios à vontade dos recorrentes
configura-se o crime de roubo, na forma tentada.
II. Agente que participou da empreitada criminosa ao transportar os demais acusados até
o local do fato, aguardando nas proximidades a fim de dar fuga aos seus comparsas e, em
consequência, auxiliá-los na consumação do delito. Coautoria funcional evidenciada.
III. Tese de desconhecimento do delito refutada pela prova coligida no curso da instrução
processual, considerando que todos os agentes foram abordados no mesmo veículo, após
a prática do roubo, no interior do qual se encontrava a arma calibre 22, municiada, utilizada
para a prática criminosa.
IV - Majorante do emprego da arma de fogo configurada, considerando que o laudo pericial
da arma apreendida demonstrou sua eficiência para efetuar disparos.
V. O critério de individualização da pena previsto no art. 68, do CP, não comporta a
compensação entre causas de aumento e diminuição, devendo-se observar, quanto à
aplicação das referidas causas, o critério cumulativo e sucessivo para o estabelecimento
da pena na terceira fase dosimétrica.
VI. Reconhecida a erronia na dosimetria da pena, com a consequente redução da
reprimenda, impõe-se a extensão do decisum ao apelante que não recorreu quanto ao
ponto acolhido, por se encontrar em situação idêntica aos demais apelantes que foram
beneficiados. Inteligência do art. 580 do CPP.
VII. Apelação criminal parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000337-30.2020.8.10.0035


APELANTE: CARLOS ANDRÉ COELHO DA SILVA, SUELSON SOUSA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 55


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA.
REDIMENSIONAMENTO. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA
PARA AVALIAÇÃO NEGATIVA NA PRIMEIRA FASE. SÚMULA 444/STJ. INOBSERV
NCIA. AGRAVANTE DE CALAMIDADE PÚBLICA. NEXO CAUSAL. CONFISSÃO E
REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. APLICAÇÃO DE SOMENTE UMA DAS CAUSAS DE
AUMENTO DE PENA NA TERCEIRA FASE DOSIMÉTRICA. POSSIBILIDADE.
I. É pacífica a jurisprudência dos Tribunais Superiores no sentido de que inquéritos e
processos penais em andamento, ou mesmo condenações sem trânsito em julgado, não
podem ser negativamente valorados para fins de elevação da pena-base, sob pena de
malferimento ao princípio constitucional da presunção de não culpabilidade. Inteligência da
Súmula 444 do STJ.
II. A valoração demeritória da personalidade do agente deverá ser pautada em elementos
concretos que demonstrem a sua índole negativa, relacionados ao seu comportamento e
modo de vida, a demonstrar real perversidade, sendo inidônea fundamentação genérica
para exasperar a pena.
III. Afigura-se necessária a existência de nexo causal entre o cometimento do delito e
a situação de calamidade pública ou desgraça particular da vítima para o acréscimo da
agravante a esse título.
IV. A compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão é possível, por
serem igualmente preponderantes, de acordo com o art. 67 do Código Penal. Precedentes
do STJ.
V. Diante do concurso de duas majorantes, pode o magistrado aplicar somente aquela que
mais aumente a pena se as circunstâncias do fato assim recomendarem. Inteligência do art.
68, parágrafo único, do Código Penal.
VI. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000224-06.2020.8.10.0026


APELANTE: WALYSSON TEIXEIRA DE MEDEIROS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA PORTE ILEGAL
DE ARMA. IMPOSSIBILIDADE. ANTECEDENTES E PERSONALIDADE DO AGENTE.
AFASTAMENTO DA VALORAÇÃO DEMERITÓRIA. ATENUANTE DE CONFISSÃO.
INVIABILIDADE DE REFLEXO NA PENA JÁ FIXADA NO PISO LEGAL. DOSIMETRIA.

56 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


REDIMENSIONAMENTO.
I. Não há como sufragar a tese de desclassificação do delito para porte ilegal de arma
de fogo e de ausência de liame subjetivo para rechaçar o concurso de agentes se resta
comprovado pela dinâmica dos fatos que o agente contribuiu decisivamente para a
empreitada criminosa, em mútuo acordo e divisão de tarefas.
II. É pacífica a jurisprudência dos Tribunais Superiores no sentido de que atos infracionais
e ações penais em andamento, ou mesmo condenações sem trânsito em julgado, não
podem ser negativamente valorados para fins de elevação da pena-base, sob pena de
malferimento ao princípio constitucional da presunção de não culpabilidade. Inteligência da
Súmula 444 do STJ.
III. A valoração desabonadora da personalidade do agente deverá ser pautada em elementos
concretos que demonstrem a sua índole negativa, relacionados ao seu comportamento e
modo de vida, a demonstrar real perversidade, sendo inidônea fundamentação genérica
para exasperar a pena.
IV. O reconhecimento da atenuante de confissão espontânea não dá azo à diminuição da
pena base já fixada em seu mínimo legal. Inteligência da Súmula 231 do STJ.
V. Afigura-se insubsistente a alegação de participação de menor importância no crime de
roubo, máxime quando rechaçada uma pretensa colaboração mínima.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001245-04.2017.8.10.0032


APELANTE: FRANCISCO ANDRADE BLAMIRES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
PLEITO ABSOLUTÓRIO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE COMPROVADAS. VALIDADE DO DEPOIMENTO POLICIAL EM
CONSONÂNCIA COM AS DEMAIS PROVAS DOS AUTOS. REFORMA NA DOSIMETRIA.
IMPOSSIBILIDADE. REPRIMENDA JUSTA E PROPORCIONAL AO CASO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em absolvição do réu quando os depoimentos colhidos sob o crivo
do contraditório e as circunstâncias do caso evidenciam a materialidade e autoria do crime
de roubo.
2. O depoimento da testemunha policial, corroborado pelas demais provas colhidas, possui
especial relevância para fundamentar a sentença.
3. Não cabe reforma na dosimetria da pena quando a reprimenda definitiva revela-se justa
e proporcional às peculiaridades do caso.
4. Apelação conhecida e desprovida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 57


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000313-15.2020.8.10.0063
APELANTE: EDILSON VASCONCELOS COSTA, ANIVALDO ALVES PINTO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO. PARTICIPAÇÃO
DE MENOR IMPORT NCIA NÃO CONFIGURADA. RELEV NCIA DA ATUAÇÃO.
RECURSO DESPROVIDO. DISSIMULAÇÃO. PREPONDER NCIA DAS ATENUANTES
DE MENORIDADE E CONFISSÃO ESPONT NEA. SÚMULA 231/STJ. CONCURSO DE
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. EXTENSÃO DA APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME
CONTINUADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - Agente que conduz o veículo que transporta o comparsa a fim de possibilitar a fuga com
êxito do local em que foi realizado o roubo, exerce papel essencial na consecução do delito,
de maneira que não tem incidência a causa geral de diminuição de pena firmada no § 1º do
art. 29 do Código Penal.
II - Configura dissimulação a abordagem desinteressada do agente com o intuito de aproximar-
se da vítima para praticar o roubo de forma inesperada, justificando a exasperação da pena
pela agravante prevista no art. 61, II, c, do CP.
III - As atenuantes da menoridade e da confissão espontânea preponderam sobre a
agravante decorrente da dissimulação, vedada, porém, a redução da pena para abaixo do
mínimo legal, a teor da Súmula 231/STJ.
IV - No concurso de causas de aumento ou de diminuição de pena previstas na Parte
Especial do Código Penal, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Inteligência do art. 68,
parágrafo único da Lei Substantiva Penal.
V - Optando o magistrado sentenciante pela incidência cumulativa de causas de aumento da
parte especial, a escolha deverá ser devidamente fundamentada, lastreada em elementos
concretos dos autos, a evidenciar o maior grau de reprovação da conduta. Precedentes do
STJ.
VI – Há continuidade delitiva e não concurso material, quando dois ou mais delitos da
mesma espécie são praticados em condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, aplicando-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Inteligência
do art. 71, caput, do CP.
VII - A ampla devolutividade da apelação criminal permite ao juízo ad quem acrescentar
outros fundamentos não ventilados nas razões recursais, desde que se limitem à extensão
do apelo e não resultem na elevação da pena.
VIII – Ambos apelos conhecidos, o primeiro desprovido e o segundo parcialmente provido,
com extensão dos seus efeitos ao primeiro recorrente como autoriza o art. 580 do CPP.

58 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802506-38.2021.8.10.0029
APELANTE: FERDINAN DO ROSÁRIO SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JUNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
JUSTIFICADA. CONFISSÃO PARCIAL. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE.
POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO INTEGRAL COMAAGRAVANTE DAREINCIDÊNCIA.
EXCLUSÃO DA MAJORANTE DE USO DE ARMA BRANCA. IMPOSSIBILIDADE ANTE
À UTILIZAÇÃO DE ARTEFATO. REPARAÇÃO DE DANOS COLETIVOS. AUSÊNCIA DE
INSTRUÇÃO ESPECÍFICA. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça entende que a não realização da audiência de custódia
não implica em nulidade da prisão, quando há motivação idônea para dispensá-la, como é
exemplo a necessidade de reduzir os riscos epidemiológicos decorrentes da pandemia de
Covid-19. Recomendação n. 62 do CNJ.
II. É cabível o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea quando o réu
houver admitido a autoria do crime na fase pré-processual, ainda que de modo parcial,
independentemente de ser utilizada como um dos fundamentos do édito condenatório.
Precedente do STJ.
III. Reconhecidas as circunstâncias atenuante da confissão espontânea e agravante da
reincidência, deve ser efetivada a compensação, nos termos da tese firmada pelo STJ
através do Tema 585.
IV. A ausência de apreensão de arma branca não obsta o reconhecimento dessa causa de
aumento de pena, quando comprovada pelas provas coligidas aos autos, a sua utilização
para a prática do delito.
V. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que mesmo com o
pedido expresso na denúncia, a condenação por danos coletivos pressupõe a realização
de instrução específica para apuração do valor indenizatório.
III. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000370-42.2020.8.10.0060


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: DANIEL SOARES E SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES.
FIXAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO. EXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO PARA REGIME MAIS GRAVOSO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 59


PROVIMENTO DO APELO MINISTERIAL.
I. Tendo o magistrado singular atribuído, na sentença, três circunstâncias judiciais
desfavoráveis ao agente na fase dosimétrica da reprimenda, tais elementos não podem ser
ignorados para fins de escolha do regime de cumprimento da pena. Inteligência do art. 59
c/c art. 33, §3º, ambos do Código Penal.
II. Ainda que a penalidade final imposta ao réu tenha sido inferior a oito anos de reclusão,
as circunstâncias judiciais respaldam a aplicação do regime inicial fechado para o início do
seu cumprimento, vez que a fixação em análise não está atrelada, de modo absoluto, ao
quantum da sanção corporal contemplada no édito condenatório.
III. Não há que se falar em bis in idem na ponderação das circunstâncias judiciais
desfavoráveis tanto para elevar a pena, na primeira etapa dosimétrica, quanto para agravar
o regime prisional inicial imposto, pois a própria lei dispõe que a determinação do regime
far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 do CP. Precedentes.
IV. Reforma da sentença para aplicação do regime inicial fechado. Apelação criminal provida.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0012479-27.2015.8.10.0040


APELANTE: IDEMYS SOUSA PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS
E CORRUPÇÃO DE MENORES. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
INVIABILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVA COMPROVADAS. BIS IN IDEM.
NÃO OCORRÊNCIA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
I. A materialidade e autoria dos delitos tipificados no art. 157, §2º, II, do Código Penal
c/c art. 244-B, da Lei nº 8.069/1990 encontram-se comprovadas nos autos, máxime pelos
depoimentos da vítima e dos policiais, não merecendo prosperar a tese da absolvição por
insuficiência de provas.
II. Não configura bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao concurso de
agentes no delito de roubo, seguida da condenação pelo crime de corrupção de menores, já
que são duas condutas autônomas e independentes, que ofendem bens jurídicos distintos.
Precedentes.
III. Fixada no comando sentencial a fração mínima de aumento da pena pelo concurso de
pessoas, inviável qualquer outra redução a esse título.
IV. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0002732-34.2019.8.10.0001


APELANTE: WELLFSON SANTOS DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

60 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADOR: DR. TEODORO PERES NETO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE ROUBO COM
CONCURSO DE PESSOAS. PENA BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA
ATENUANTE DE CONFISSÃO NÃO PODE REDUZIR A PENA BASE AQUÉM DO MÍNIMO
LEGAL. APLICABILIDADE DA SÚMULA 231, STJ.
(…)
“I -A atenuante genérica da confissão, prevista no Art. 65, III, d, do CP, não pode ser utilizada
para diminuir a pena já fixada no mínimo legal.
II. O magistrado possui certa liberdade na fixação da pena, contudo deve observar os limites
mínimos e máximos previstos na lei ao realizar a dosimetria da pena, até a sua segunda
fase.
III. Entendimento pacífico na jurisprudência, da aplicabilidade da Súmula 231/STJ
IV. Apelação desprovida”.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0006594-13.2019.8.10.0001


APELANTE: MARKUS VINICIUS SOARES DO NASCIMENTO E VICTOR MANUEL DE
OLIVEIRA PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.
SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. CONDUTA SOCIAL. VALORAÇÃO
EQUIVOCADA. CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. CORRETA
VALORAÇÃO PELO JUÍZO DE BASE.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – A circunstância judicial relativa à conduta social do agente diz respeito ao comportamento
do indivíduo com as pessoas ao seu redor, seu convívio com amigos, família e colegas
de trabalho. Equivocada, portanto, sua valoração negativa com base em antecedentes
criminais.
III – As circunstâncias do crime podem ser valoradas negativamente quando o modus
operandi do delito extrapola aquilo que é razoável quanto ao tipo penal.
IV – As consequências do crime de roubo podem ser valoradas negativamente quando o
prejuízo patrimonial se revela demasiadamente extensivo.
V – Apelação conhecida e parcialmente provida apenas para excluir a valoração negativa

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 61


da conduta social e redimensionar a pena definitiva.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0009561-65.2018.8.10.0001


APELANTE: PAULO WILKER GARCIA ALMEIDA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO MAJORADO.
CORRUPÇÃO DE MENORES. CONCURSO FORMAL. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM
DO MÍNIMO LEGAL. INCIDÊNCIA CONCRETA DE ATENUANTES. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231/STJ. APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
1. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
2. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
3. A adstrição do magistrado aos limites, mínimo e máximo, das penas abstratas previstas
na legislação penal, durante o cálculo na primeira e segunda fases da dosimetria, é medida
que se impõe.
4. Apelo conhecido e não provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013260-30.2019.8.10.0001


APELANTE: JOÃO PEDRO SILVA LOBATO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO, RESTRIÇÃO DE LIBERDADE
E CONCURSO DE PESSOAS. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ALEGAÇÃO DE USO DE
SIMULACRO. AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE OFENSIVA. AFASTAMENTO DA CAUSA
DE AUMENTO DE PENA DO ART. 157, § 2º-A, I, DO CP. IMPOSSIBILIDADE. PALAVRA
DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA. ÔNUS DA PROVA DO RÉU. APELO CONHECIDO
E NÃO PROVIDO.
I - Nos delitos patrimoniais, a palavra da vítima tem especial relevância, podendo
fundamentar a condenação e, por consequência óbvia, o reconhecimento de causa de
aumento/diminuição de pena, sobretudo quando coaduna com as demais provas constantes
dos autos.
II - As provas coligidas nos autos, sobretudo os depoimentos da vítima e testemunhas,
colhidos na fase inquisitorial e confirmados na fase judicial, dão conta de confirmar que o

62 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


instrumento utilizado como meio de coação pelo apelante tratava-se de arma de fogo, que
foi utilizada efetivamente para intimidar e impossibilitar a reação da vítima.
III - Nos termos do art. 156 do CPP, o ônus de provar a alegação cabe à parte que a
fizer, cabendo, no presente caso, exclusivamente ao apelante, o encargo de provar que no
momento do crime portava simulacro sem qualquer potencial ofensivo.
IV - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801996-04.2021.8.10.0036


APELANTE: ALEXANDRE NAZARÉ MENDES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CORRUPÇÃO DE
MENORES. CONCURSO FORMAL. MENORIDADE RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE
REDUÇÃO DA PENA PARA PATAMAR INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231 DO
STJ E TEMA 158 DO STF. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO CABIMENTO.
ISENÇÃO DA PENA DE MULTA. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL.
I. A aplicação da Súmula 231 do STJ, a qual é corroborada pelo Tema 158 do STF, não
viola o princípio da individualização da pena, porquanto hipotética alteração para patamar
inferior ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação
mínima estabelecida no tipo penal.
II. Tendo o recorrente permanecido preso durante toda a instrução criminal, e inalterados os
motivos que ensejaram a prisão preventiva, não há razão para deferir o direito de recorrer
em liberdade, sendo cabível apenas a compatibilização da custódia com as regras próprias
do regime semiaberto contemplado na sentença.
III. Inexiste amparo legal para o pedido de isenção da pena de multa fixada no édito
condenatório, mesmo em face da condição econômica do condenado.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005029-77.2020.8.10.0001


APELANTE: ANTÔNIO MARCOS DINIZ BARBOSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. ROUBO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS.
ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. VALIDADE DO RECONHECIMENTO
FOTOGRÁFICO. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E TENTATIVA. NÃO CARACTERIZADAS.
CRIME DE ROUBO CONSUMADO NO MOMENTO DA SUBTRAÇÃO DA RES FURTIVA.
DETRAÇÃO. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. PENA INFERIOR A 08 ANOS.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 63


autos e do inquérito policial complementam os depoimentos da vítima e testemunha ouvidas
em juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Tanto a tentativa quanto a desistência voluntária somente se caracterizam quando o
crime não chega a ser consumado. Não é o caso dos autos, em que o crime de roubo se
consuma com a inversão da posse da res furtiva, não importando se o veículo foi recuperado
no dia seguinte.
III – O reconhecimento fotográfico em delegacia é válido como elemento de prova quando
confirmado pela vítima em juízo, que reconheceu novamente e pessoalmente o acusado
como agente do crime.
IV – Com a detração relativa ao tempo da prisão preventiva, o tempo de pena a ser
cumprida fica inferior ao patamar de 08 anos, o que impõe o cumprimento da pena em
regime semiaberto.
V – Apelação conhecida e parcialmente provida apenas para alterar o regime de cumprimento
de pena para o semiaberto.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000450-61.2018.8.10.0032


APELANTE: GARDIEL SILVA ROCHA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. CONCURSO
FORMAL. REDUÇÃO AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. INCIDÊNCIA CONCRETA DA
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ.
ALTERAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. IMPOSSIBILIDADE.
DECRETO CONDENATÓRIO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. ALTERAÇÃO DO
LOCAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. AUSÊNCIA DE PROVAS PARA AMPARAR O
PLEITO. APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
I. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
II. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
III. A adstrição do magistrado aos limites, mínimo e máximo, das penas abstratas previstas
na legislação penal, durante o cálculo na primeira e segunda fases da dosimetria, é medida
que se impõe
IV. O regime semiaberto para inaugurar o cumprimento da pena encontra-se devidamente
fundamentado e amparado no art. 33 do Código Penal, não merecendo reforma o decreto
prisional quanto a este aspecto.
V. Não constam nos autos provas capazes de amparar o pleito de alteração do local de
cumprimento da pena, pelo que torna-se inviável seu provimento.
VI. Apelo conhecido e não provido.

64 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000157-63.2017.8.10.0085
1o APELANTE: RAFAEL SOUSA CARNEIRO
2o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
1o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELADO: RAFAEL SOUSA CARNEIRO, ALISSON SOUSA CARNEIRO, MARCELO
DE SOUSA OLIVEIRA, ANTÔNIO FERNANDO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO EFETUADO POR MAIS DE UMA VÍTIMA. PARTICIPAÇÃO DE
MENOR IMPORT NCIA E DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
DESCABIMENTO. DOSIMETRIA. REDIMENSIONAMENTO TÃO SOMENTE DA PENA
DE MULTA. INVIABILIDADE DA PRETENSÃO MINISTERIAL DE CONDENAÇÃO DOS
DEMAIS ACUSADOS E EXASPERAÇÃO DA PENA DO RÉU CONDENADO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de roubo, a improcedência do pleito
absolutório é manifesta, não pairando dúvida sobre a atuação do primeiro recorrente na
dinâmica dos fatos.
II. Afigura-se insubsistente a alegação de participação de menor importância no crime
de roubo, máxime quando rechaçada uma pretensa colaboração mínima. Descabido,
outrossim, o pleito desclassificatório para o tipo penal do art. 146, Código Penal, dada a
robusta configuração de figura típica mais grave.
III. A regra do art. 72 do Código Penal é aplicada às hipóteses de concurso formal ou
material, não incidindo o referido dispositivo em caso de continuidade delitiva, o que dá azo
ao redimensionamento da pena pecuniária. Precedente do STJ.
IV. Pairando dúvida sobre a autoria e materialidade do delito em relação aos demais corréus,
merece ser confirmada a absolvição efetuada pelo juiz singular em atenção ao princípio do
in dubio pro reo.
V. Embora o deslocamento de causa de aumento de pena para a primeira fase da dosimetria
seja amplamente aceito pela jurisprudência, não se apresenta como medida obrigatória se
as peculiaridades do caso assim não recomendam.
VI. Primeiro apelo conhecido e parcialmente provido. Segundo apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002081-16.2018.8.10.0040


APELANTE: JOSÉ IVAN GOMES MENDES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL ROUBO MAJORADO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 65


PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO IMPOSSIBILIDADE AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS RÉU CONFESSO RECUPERAÇÃO DA RES FURTIVA BIS IN IDEM. NÃO
CONFIGURADO. APLICADA A CAUSA DE AUMENTO DE CONCURSO DE AGENTES.
SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, incabível a absolvição. Réu confesso e reconhecido pela vítima. Prova oral
e material inquestionáveis. Crime de roubo majorado devidamente caracterizado.
2. Materialidade delitiva sobejamente comprovada, máxime pelo auto de Exibição e
Apreensão e Auto de Constatação Provisória, Auto de Entrega da res furtiva, BOPM e o BO.
3. Quanto à autoria, verifica-se que há nos autos prova inconteste, sobretudo pela
confissão do apelante em seu interrogatório, obedecidos os princípios da ampla defesa e
do contraditório, corroborado pelos depoimentos das vítimas e dos policiais.
4.No que diz respeito a alegada violação do princípio do bis in idem, do mesmo modo não
merece prosperar, tendo em vista que o juízo a quo valorou de forma desfavorável, apenas
o concurso de agentes, na terceira fase, aplicando o aumento de pena no seu mínimo legal,
qual seja a fração 1/3 (um terço) da pena base
5. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810632-33.2022.8.10.0000


PACIENTE: ÂNGELA MARIA ALVES DOS SANTOS
IMPETRADO: JUÍZO DA 2a VARA CRIMINAL DE ARAIOSES – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO MAJORADO POR
EMPREGO DE ARMA DE FOGO (ART. 157, § 2°-A, I DO CÓDIGO PENAL). PRISÃO EM
FLAGRANTE. SUPRESSÃO DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. ILEGALIDADE DA PRISÃO.
INOCORRÊNCIA. CONVERSÃO DAPRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA.AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL CAUTELAR. INOCORRÊNCIA.
PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA COM FUNDAMENTO NA GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA E GRAVIDADE CONCRETA DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR POR MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS.
IMPOSSIBILIDADE ANTE O CASO CONCRETO. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.
INSUFICIÊNCIA PARA AFASTAR A PRISÃO. ORDEM DENEGADA.
I – Segundo o entendimento jurisprudencial já consolidado, a supressão da audiência de
custódia, por si só, não acarreta a nulidade da prisão, sobretudo quando há a conversão da
prisão em flagrante em preventiva.
II - A decisão do juízo de origem encontra-se devidamente fundamentada e ancorada na
necessidade de garantia da ordem pública ante a gravidade concreta da conduta delitiva,
materializada no crime de roubo com emprego de arma de fogo.
III - A substituição da prisão cautelar por medidas cautelares diversas, para o caso, demonstra-
se inadequada, ante a concreta possibilidade de reiteração delitiva e consequentemente
desacautelamento da ordem pública.

66 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IV - A existência de condições pessoais favoráveis à concessão da ordem, por si sós, não
são suficientes para afastar a prisão preventiva.
V - Ordem denegada para manter a decisão que decretou a prisão preventiva da paciente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015420-96.2017.8.10.0001


APELANTE: MAYRON COSTA MENDONÇA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. ROUBO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. PREPONDERÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA.
PERTENCES DAS VÍTIMAS APREENDIDOS JUNTO AOS SUSPEITOS.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais a palavra da vítima possui especial preponderância. No caso
dos autos, o crime foi cometido em face de três vítimas, e, tanto na delegacia quanto em
juízo, todas forneceram depoimentos coerentes e harmônicos entre si, reconhecendo os
réus sem qualquer indício de dúvida.
III - A apreensão dos bens subtraídos próximo ao local de abordagem dos suspeitos, no
momento da fuga, reforça a tese de autoria do crime.
III – Apelação conhecida e desprovida.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001015-83.2014.8.10.0058


APELANTE: JOSIVALDO LEITAO DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO EFETUADO PELA VÍTIMA NO MOMENTO DO FLAGRANTE.
INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DECORRENTES DO ART. 226 DO CPP. ATENUANTE DE
MENORIDADE RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE REFLEXO NA PENA JÁ FIXADA
NO PISO LEGAL. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. SUPRESSÃO. DOSIMETRIA.
REDIMENSIONAMENTO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 67


I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de roubo, a improcedência do pleito
absolutório é manifesta, não pairando dúvida sobre a atuação do recorrente na dinâmica
dos fatos.
II. Inexiste violação ao procedimento previsto no art. 226 do CPP quando a autoria delitiva é
embasada na prisão em flagrante e nas demais provas testemunhais produzidas em juízo,
sendo válido o reconhecimento feito pela vítima por ocasião da flagrância. Precedentes.
III. Embora reconhecida a atenuante de menoridade relativa, não há como diminuir a pena
base já fixada em seu mínimo legal. Inteligência da Súmula 231 do STJ.
IV. Tendo o agente sido encontrado somente com uma faca logo após o crime, e inexistindo
indício mínimo de enlace subjetivo com outrem para o resultado comum, devem ser
suprimidas as causas de aumento de pena consistentes no concurso de pessoas e uso de
arma de fogo.
V. Inexiste amparo legal para o pedido de isenção da pena de multa fixada no édito
condenatório, mesmo em face da condição econômica do condenado, à míngua de amparo
legal.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003203-25.2009.8.10.0058


APELANTE: ELINALDO DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE
ARMA DE FOGO NA FORMA TENTADA. DOSIMETRIA DA PENA. ATENUANTE DA
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA FRAÇÃO INFERIOR A 1/6. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. APELO PROVIDO.
I. Embora ausente previsão legal acerca dos percentuais mínimo e máximo de elevação ou
redução da pena em razão da incidência das agravantes ou atenuantes, o incremento ou a
diminuição da pena em fração diferente de 1/6 (um sexto) exige fundamentação concreta,
o que não se deu na espécie
II. Apelação criminal provida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810953-68.2022.8.10.0000


PACIENTE: DENILSON SANTOS SAMPAIO, TARLISSON EDUARDO VIEIRA FRANCA,
JORGE NOGUEIRA TAJRA
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA DA COMARCA DE ITAPECURU-MIRIM/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO

68 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PELO CONCURSO DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. SENTENÇA
CONDENATÓRIA. NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. ALEGADA
INCOMPATIBILIDADE COM O REGIME PRISIONAL SEMIABERTO. NÃO OCORRÊNCIA.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA MANUTENÇÃO DO ERGÁSTULO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. NECESSÁRIA ADEQUAÇÃO AO MODO DE EXECUÇÃO
ESTABELECIDO. ORDEM DENEGADA.
I. A manutenção da prisão cautelar na sentença condenatória é compatível com a fixação
do regime prisional semiaberto, desde que a custódia não seja dissonante das regras do
regime imposto. Precedentes.
II. A prisão preventiva é cabível mediante decisão fundamentada em dados concretos,
quando evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a necessidade da
medida extrema, nos termos dos arts. 312, 313 e 315, do Código de Processo Penal.
III. Ordem conhecida e denegada, com determinação de que a custódia preventiva dos
pacientes observe as normas próprias do regime semiaberto.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811300-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUCAS BARROS DE SOUSA
IMPETRADO: JUIZ DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE IMPERATRIZ
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES NA
FORMA TENTADA E CORRUPÇÃO DE MENOR. PRISÃO REVOGADA PELAAUTORIDADE
IMPETRADA. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. WRIT PREJUDICADO.
I. Cessado o alegado constrangimento ilegal devido à revogação da prisão preventiva pela
autoridade impetrada, resta prejudicada a análise do presente remédio constitucional, nos
termos do art. 659 do Código de Processo Penal e 428 do RITJMA, em razão da perda
superveniente do objeto.
II. Habeas Corpus prejudicado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801714-40.2022.8.10.0000


PACIENTE: RAIMUNDO NONATO DE BARROS DE OLIVEIRA
IMPETRANTE: CARLOS COSTA BARBOSA JÚNIOR
IMPETRADO: JUIZ DA 6a VARA CRIMINAL SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. DECISÃO CONDENATÓRIA. TRÂNSITO EM JULGADO. PRISÃO DEFINITIVA.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO. ILEGALIDADE INEXISTENTE. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. NÃO CONHECIMENTO.
1. Extrai-se dos autos que o acórdão transitou em julgado no ano 2013, mantendo a
condenação do paciente, inexistindo ilegalidade na determinação de expedição de mandado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 69


de prisão para o início do cumprimento da pena, posto que se trata de consequência da
condenação definitiva.
2. O habeas corpus não é via adequada para postergar o início de execução de uma pena
baseada em decisão transitada em julgado.
3. Habeas corpus não conhecido.

HABEAS CORPUS No 0804468-52.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUIZ PEDRO SOUSA BALDEZ
IMPETRANTE: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO
LUÍS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
EMENTA: Penal. Processual. Habeas Corpus. Roubo circunstanciado. Alegação de excesso
de prazo. Prisão revogada pelo juízo de base. Paciente em liberdade pelo aludido feito.
Constatação. Prejudicialidade. Imposição.
I – Ao constato de que já em liberdade o paciente, em razão de revogado seu ergástulo pelo
juízo de base, perecido, pois, o objeto perseguido na impetração. Inteligência do art. 659,
do Código de Processo Penal.
Ordem prejudicada. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus, sob o nº 0804468-
52.2022.8.10.0000, em que figuram como impetrante e paciente os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer ministerial, em
julgar prejudicada a ordem, nos termos do voto do relator.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000918-95.2018.8.10.0138


APELANTE: ALEX FERRAZ COSTA, HILTON CARLOS RODRIGUES DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO E DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS. PROVAS IDÔNEAS.
DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA. FRAÇÃO DE EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. REDIMENSIONAMENTO.
REINCIDÊNCIA AFASTADA. ATENUANTE DA MENORIDADE RECONHECIDA. REGIME
INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Comprovada a autoria delitiva pelo robusto acervo probatório produzido nos autos, em
especial os depoimentos prestados pelas testemunhas, corroborado pelo reconhecimento
realizado na fase inquisitorial e em juízo, não há como acolher o pleito absolutório.
II. As valorações negativas das circunstâncias judiciais quando apresentam elementos

70 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ou causas concretas que justificam o acréscimo constituem fundamentação idônea
para amparar a exasperação da pena na primeira fase dosimétrica, não importando, em
consequência, em bis in idem com as qualificadoras do próprio tipo penal.
III. Não havendo fundamentação concreta e idônea para a escolha de percentual de
acréscimo superior ao mínimo jurisprudencialmente estabelecido para algum vetor negativo,
é cabível a reforma da dosimetria para aplicar a fração de 1/8 (um oitavo) sobre o resultado
do intervalo de pena em abstrato.
IV. Inexistindo a condenação anterior apta a embasar o reconhecimento da reincidência, o
afastamento desta agravante é medida que se impõe.
V. Em se constatando a menoridade relativa do apelante, é cabível a reforma da dosimetria
para aplicação dessa atenuante, reduzindo a reprimenda-base no patamar de 1/6 (um
sexto).
VI. Ainda que a penalidade final imposta ao réu tenha sido inferior a oito anos de reclusão,
as circunstâncias judiciais respaldam a aplicação do regime inicial fechado para o início do
seu cumprimento, vez que a fixação em análise não está atrelada, de modo absoluto, ao
quantum da sanção corporal contemplada no édito condenatório.
VII. Não há que se falar em bis in idem na ponderação das circunstâncias judiciais
desfavoráveis tanto para elevar a pena, na primeira etapa dosimetrica, quanto para agravar
o regime prisional inicial imposto, considerando que tal critério decorre da observância do
disposto no art. 59 do Código Penal. Precedentes do STJ.
VIII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003458-26.2016.8.10.0029


APELANTE: ANTÔNIO MÁRCIO DE OLIVEIRA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVA COMPROVADAS.
RÉU CONFESSO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS NEGATIVADAS.
CONDUTA SOCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. COMETIDO À LUZ DO DIA. CRIME
PRATICADO EM LOCAL PÚBLICO. MAIOR OUSADIA DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. SUM. 231 STJ.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. READEQUAÇÃO DA PENA DE MULTA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Comprovadas a autoria e a materialidade do roubo, é impossível absolver o acusado.
2. Em análise da decisão vergastada verifico que a circunstância judicial relativa à conduta
social teve sua valoração negativa levando em consideração o fato do apelante possuir
responder a outras ações penais não transitadas em julgado. Entretanto, acerca desta

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 71


impossibilidade já decidiu o STJ, conforme enunciado de Sum. 444: “É vedada a utilização
de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.”
3. No que diz respeito à negativação das circunstâncias do crime, esta sim encontra-se
idoneamente valorada na decisão, uma vez que o crime de roubo cometido em plena luz do
dia, em via pública, evidencia maior ousadia do apelante.
4. Com relação ao reconhecimento da atenuante da confissão, vejo tratar-se de pleito a ser
atendido, nos termos da Súmula 545 do STJ, fazendo jus, portanto ao reconhecimento da
atenuante pretendida.
5. Por fim, quanto a alegada possibilidade de fixação da pena aquém do mínimo legal,
entendo pela sua impossibilidade em alusão Sum. 231 do STJ, que assim averba: A
incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.
6. Recurso conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015585-12.2018.8.10.0001
APELANTE: EDUARDO TEIXEIRA COSTA, RAFAEL DOS SANTOS OLIVEIRA, RAIMUNDO
NONATO PEREIRA DE SOUSA JÚNIOR
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL – ROUBO MAJORADO. CONCURSO DE PESSOAS.
EMPREGO DE ARMA DE FOGO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. EXCLUSÃO
DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. ACOLHIMENTO EM PARTE.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. APLICAÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/6 NA SEGUNDA FASE.
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA E MENORIDADE RELATIVA. SUM 231
STJ. CONCURSO FORMAL. PARCIAL PROVIMENTO DOS RECURSOS.
1. Na hipótese dos autos, em síntese, insurgem-se os apelantes contra o capítulo da
sentença dedicado à dosimetria da pena, ao sustento de haver equívocos por parte do juiz
sentenciante, em específico ao valorar negativamente as seguintes circunstâncias judiciais
referentes à culpabilidade, circunstância do crime e consequências do crime.
2. No que pertine à circunstância “culpabilidade”, não merece prosperar o pleito, uma vez
que restou demonstrada a alta reprovabilidade do apelante, pelo fato de o agente ter roubado
aparelhos eletrônicos numa das Lojas Americanas, local de grande movimentação, o que
demonstra grande ousadia.
3. O fato de o agente ter roubado aparelhos eletrônicos numa das Lojas Americanas, local
de grande movimentação, demonstra grande ousadia, tendo, inclusive, ordenando que
todos os clientes e funcionários fossem para o fundo da loja, o que configura conduta mais
reprovável do que a prevista no tipo penal.
4. A restrição à liberdade da vítima, por constituir qualificadora do roubo, não pode ser
avaliada como circunstância judicial, motivo pelo qual deve a mesma ser neutralizada.
5. A não recuperação dos pertences da vítima não configura, por si só, motivo suficiente
para valorar negativamente as consequências do crime, em especial quando se trata de

72 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


crimes contra o patrimônio.
6. Segundo entendimento pacificado dos Tribunais, o acréscimo decorrente do concurso
formal deve levar em consideração o número de delitos cometidos. Sendo duas as infrações
praticadas em concurso (contra duas vítimas distintas), a fração de aumento deve ser
estabelecida em 1/6 (um sexto).
7. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001043-33.2015.8.10.0085


APELANTE: LUÍS FELIPE PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS NEGATIVADAS.
CULPABILIDADE. CRIME COMETIDO À LUZ DO DIA. MOTIVAÇÃO INSUFICIENTE PARA
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. CRIME PRATICADO
EM LOCAL PÚBLICO. MAIOR OUSADIA DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. ELEVADO PREJUÍZO PATRIMONIAL SOFRIDO.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA MENORIDADE
RELATIVA. DOCUMENTOS NOS AUTOS QUE COMPROVAM A MENORIDADE RELATIVA
DO APELANTE À ÉPOCA DO CRIME. POSSIBILIDADE. READEQUAÇÃO DA FRAÇÃO
DE EXASPERAÇÃO DA PENA NA TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O fato do crime ter sido praticado à luz do dia não é suficiente para valoração negativa
da culpabilidade na primeira fase da dosimetria da pena.
2. O fato do crime ter sido praticado durante o dia, somado à possibilidade de atingir um
elevado número de pessoas, já que foi praticado em estabelecimento comercial, com grande
circulação de pessoas, evidencia maior ousadia do agente e possibilita a negativação das
circunstâncias do crime.
3. O elevado prejuízo material sofrido pela vítima constitui-se motivação idônea para
negativação da circunstância relativa às consequências do crime.
4. Tendo em vista que os documentos coligidos nos autos demonstram que o apelante
possuía vinte anos de idade quando da prática delituosa, necessário o reconhecimento e
incidência da atenuante da menoridade relativa.
5. Tendo o juízo a quo adotado a fração de um meio para exasperar a pena na terceira fase
da dosimetria sem fazer a devida fundamentação, necessária a readequação para a fração
mínima de aumento.
6. Recurso parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001922-93.2015.8.10.0035

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 73


APELANTE: ANTÔNIO CARLOS DE ARAÚJO ALMEIDA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO USO DE ARMA BRANCA.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA.
SUPRESSÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. LEI NOVA MAIS BENÉFICA.
RETROATIVIDADE IMPERIOSA.
I. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra
da vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a
cena criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual a improcedência do pleito
absolutório é manifesta.
II. O advento da Lei nº 13.654/18 suprimiu o uso de arma branca como causa de aumento
de pena passível de reconhecimento na terceira fase da dosimetria, dando azo à novatio
legis in mellius que deve retroagir para beneficiar o réu, o que impõe o decote da citada
majorante na reprimenda imposta em Primeiro Grau.
III. A inconstitucionalidade formal da alteração legislativa atinente à supressão do uso de
arma branca como causa de aumento de pena no crime de roubo já foi refutada pelo STF
em sede de repercussão geral, pois “quando não caracterizado o desrespeito às normas
constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer
o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance de normas
meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria interna corporis”.
Inteligência do Tema 1.120.
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003435-26.2015.8.10.0026
APELANTE: ROMERO PEREIRA DE CASTRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE ROUBO E DE CORRUPÇÃO DE MENORES
EM CONCURSO DE PESSOAS. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 157, §2º, INCISO II, DO CÓDIGO
PENAL, E DO ARTIGO 244-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE
MENORES. ALEGAÇÃO DE REFORMA NA DOSIMETRIA DA PENA PARA EXCLUIR A
CIRCUNSTÂNCIA DE CULPABILIDADE. POSSIBILIDADE. CRIME NÃO PREMEDITADO.
NECESSIDADE DE A DOSIMETRIA SER INDIVIDUALIZADA POR CADA CRIME
COMETIDO. APLICABILIDADE DO ART. 5º, INCISO XLVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
E DO ARTIGO 69 DO CÓDIGO PENAL. MUDANÇA DO CUMPRIMENTO DE PENA PARA
O REGIME SEMIABERTO CONFORME ARTIGO 33, §2º, ALÍNEA B, DO CÓDIGO PENAL.
APELAÇÃO PROVIDA.

74 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I- Havendo trânsito em julgado para a acusação, a prescrição deve ser regulada pela
pena em concreto, na forma do artigo 110, §1°, do Código Penal. Dessa forma, o crime de
corrupção de menores está prescrito, pois transcorreram mais de 04 (quatro) anos entre
o recebimento da denúncia - primeiro marco interruptivo - e a publicação da sentença -
segundo marco interruptivo. Portanto, extinta a punibilidade do apelante, segundo o artigo
107, IV, do Código Penal.
II- Excluída a hipótese da valoração negativa da circunstância de culpabilidade com base
na premeditação, pois não houve comprovação de planejamento do crime que extrapolasse
o tipo penal. Da mesma forma inexiste fundamentação fática da referida desvaloração, tal
como se extrai dos fatos, da própria sentença e dos depoimentos das vítimas.
III- Não foi observado o princípio da individualização das penas, já que o Juiz de base
somou as penas dos dois crimes (roubo e corrupção de menores), na primeira fase da
dosimetria, e, não bastante isso, na terceira fase, aplicou a causa de aumento de pena ao
total das reprimendas, quando deveria ter aplicado, estritamente, ao crime de roubo.
IV- Cumprimento da pena no regime semiaberto, conforme previsão do art. 33, §2º, alínea b,
do Código Penal, pois uma vez ausentes as circunstâncias judiciais desfavoráveis, a pena
foi redimensionada em patamar inferior a 08 (oito) anos e não há reincidência do apelante.
V- Apelação conhecida e, no mérito, provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005965-10.2017.8.10.0001


APELANTE: GUSTAVO ELPÍDIO DA SILVA LOBÃO, ANTÔNIO CARLOS ALBUQUERQUE
JÚNIOR
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. OMISSÃO POR NÃO ENFRENTAMENTO DA TESE
DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME. IMPROCEDÊNCIA. TESE DEVIDAMENTE
ENFRENTADA. MATERIALIDADE E AUTORIA CARACTERIZADORAS DO
CRIME DE ROUBO MAJORADO SOBEJAMENTE COMPROVADAS. INVIÁVEL
A DESCLASSIFICAÇÃO. CONTRADIÇÃO POR RECONHECIMENTO MAS NÃO
INCIDÊNCIA DE ATENUANTES EM ATENÇÃO À SÚMULA 231 DO STJ. ALEGAÇÃO
DE SUPERAÇÃO DO JURISPRUDÊNCIA FORMALIZADA. IMPROCEDÊNCIA. SÚMULA
QUE ENCONTRA-SE EM PLENA VIGÊNCIA INCLUSIVE NOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
PRECEDENTES DO STF. APLICAÇÃO DE EFEITOS INFRINGENTES AOS EMBARGOS.
IMPOSSIBILIDADE. INEXISTENTE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 75


tanto quanto a tese de desclassificação do delito quanto em relação à plena vigência e
aplicabilidade da Súmula 231 do STJ, não havendo o que falar em omissão ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001869-78.2016.8.10.0035


APELANTE: ANTÔNIO CARLOS DA SILVA FILHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO. ABSOLVIÇÃO.
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ARCABOUÇO PROBATÓRIO QUE
DEIXAM CLARAS A AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVA. NEUTRALIZAÇÃO DAS
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. EXASPERAÇÃO BASEADA NO USO DE ARMA BRANCA.
IMPOSSIBILIDADE. O EMPREGO DE ARMA BRANCA NO DELITO DE ROUBO PODE
SER USADO PARA VALORAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. ADEQUAÇÃO
DA FRAÇÃO DE EXASPERAÇÃO NA PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA. UTILIZAÇÃO
DE FRAÇÃO DESPROPORCIONAL E DIFERENTE DA AMPLAMENTE RECONHECIDA
PELA JURISPRUDÊNCIA. POSSIBILIDADE. A APLICAÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/8 PARA
CÁLCULO DA PENA-BASE, MOSTRA-SE MAIS ADEQUADA E PROPORCIONAL.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. As provas colhidas durante a instrução processual, são claras e suficientes à comprovação
da autoria e materialidade delitivas, tornando impossível a absolvição do apelante.
2. Em que pese o emprego de arma branca na prática delituosa, por advento da Lei
13.654/2018, não enquadre-se mais como causa de aumento de pena na terceira fase da
dosimetria, é perfeitamente possível que seja utilizado para valoração das circunstâncias
do crime da primeira fase.
3. O uso da fração de 1/8 (um oitavo) sobre o intervalo das penas em abstrato, para
exasperação da pena-base, mostra-se o critério mais adequado e proporcional nos termos
da jurisprudência pátria já consolidada.
4. Recurso parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0011658-04.2019.8.10.0001


1o APELANTE: ROBERTE DINIZ XAVIER

76 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2o APELANTE: GIOVANNY DE ARAUJO AMORIM
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO.
CONCURSO DE PESSOAS. PRIMEIRO APELO. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELA
VÍTIMA READEQUAÇÃO DA PENA PARA O MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
PRESENÇA DE DUAS MAJORANTES. EMPREGO DE ARMA BRANCA E CONCURSO
DE PESSOAS. UTILIZAÇÃO DE UMA COMO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NA
PRIMEIRA FASE. REINCIDÊNCIA. CONCURSO FORMAL. DUAS VÍTIMAS. SENTENÇA
MANTIDA INCÓLUME. SEGUNDO APELO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. PRESENTES OS
ELEMENTOS ESSENCIAIS. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADA. AUSÊNCIA
DE RELEVÂNCIA CAUSAL. NÃO CONFIGURADA. SENTENÇA MANTIDA IN TOTUM. .
APELOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. A materialidade delitiva, quanto ao crime em comento, está satisfatoriamente comprovada
por meio do Termo de Restituição (ID. 15246815, p. 13/15), Auto de Apresentação e
Apreensão (ID. 15246816, p. 3) e Boletim de Ocorrência (ID. 15246816, p. 20/22).
2. No que tange à autoria delitiva, ao contrário do pleito recursal – fundado na alegada
insuficiência de provas para a condenação –, entende-se que há elementos nos autos que
comprova o ilícito penal tipificado no art. 157, §2º, II, do CP, como o depoimento consistente
da vítima e das testemunhas, aliado ao fato do apelante ter sido interceptado na posse da
res furtiva.
3. Na hipótese dos autos, restou claro que o crime de roubo foi praticado mediante concurso
de pessoas e com emprego de arma branca. Acerca do concurso de duas majorantes é
uníssono na jurisprudência a possibilidade de o juiz utilizar uma como causa de aumento e
a outra como circunstância judicial desfavorável para exasperar a pena-base, sem que isto
venha a ensejar bis in idem.

4. Quanto ao concurso formal, considerando que o apelante, mediante uma conduta única
praticou dois delitos, correta a aplicação de uma só pena, aumentada de 1/6, uma vez que
o crime se deu contra duas vítimas, nos termos do art. 70, do CP.
5 Do contexto fático probatório extrai-se que o segundo apelante atuou decisivamente
para a consecução do ilícito, em divisão de tarefas e unidade de desígnios com os demais
coautores.
6. Destaca-se que, muito embora a abordagem das vítimas tenha sido realizada por outro
indivíduo (ROBERTE), o apelante encontrava-se no interior do veículo no momento do crime
e onde foi encontrada a res furtiva, portando uma faca e, diga-se de passagem, mesmo tipo
de arma utilizada no assalto, na companhia do motorista responsável ativamente pela fuga.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 77


7. O que se infere dos autos é que, como acontece na maioria dos casos de roubos,
demonstrada a clara intenção do apelante de participar do delito em questão, tinha por
finalidade dar cobertura aos demais, não havendo que se falar em participação de menor
importância ou ausência de relevância causal, como pretende, visto que autuou como
coautor da infração penal.
8. Apelos conhecidos e desprovidos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0834200-12.2021.8.10.0001


1o APELANTE: LUCIANO VINÍCIUS DA SILVA SANTANA
2o APELANTE JEFFERSON COSTA DOS SANTOS
3o APELANTE: WESLLEY MENDES COSTA
ADVOGADO DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
EM CONCURSO FORMAL. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELA
VÍTIMA. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. VIABILIDADE. CONSEQUÊNCIAS
INERENTES AO TIPO PENAL. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada nos arts. 157, §2°, II , e §2°-A, I
c/c art. 14, II, todos do Código Penal, em especial pelos depoimentos das vítimas e corréu.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Redimensionamento da dosimetria. Impossibilidade de ser valorado nas consequências
do roubo a não recuperação da res furtiva, por ser tal fato inerente aos delitos patrimoniais,
não constituindo fundamento idôneo para exasperação da pena-base.
4. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800055-94.2021.8.10.0108
APELANTE: LUCAS CARDOSO DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.
DOSIMETRIA. REDIMENSIONAMENTO. CAUSA DE AUMENTO DE PENA.
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA PARA APLICAÇÃO DA FRAÇÃO SUPERIOR À
MÍNIMA. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA SANÇÃO CORPÓREA. FIXAÇÃO DO
SEMIABERTO.

78 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I. Inexiste bis in idem na coexistência entre o crime de associação criminosa e o roubo
majorado pelo uso de arma e concurso de agentes, porquanto os bens jurídicos tutelados
são distintos e os crimes, autônomos. Precedentes do STJ.
II. Diante da atecnia cometida pelo juiz sentenciante na segunda etapa dosimétrica de aduzir
a impossibilidade de aplicação das atenuantes e, ao mesmo tempo, promover o retorno
da pena do crime de associação criminosa para o piso legal, deve subsistir a redução da
reprimenda, por ser mais favorável ao acusado.
III. O apenamento mais rigoroso na terceira fase da dosimetria do delito de roubo mediante
concurso de agentes exige fundamentação concreta e idônea, sendo que, na ausência de
indicação das especificidades da conduta, a aplicação da fração mínima é medida que se
impõe.
IV. O alcance de dois resultados típicos mediante uma única ação dá ensejo à regra do
concurso formal, devendo ser afastado o acúmulo material das penas contemplado na
sentença singular se essa medida reverbera de forma prejudicial ao réu. Inteligência do
caput do art. 70, do Código Penal.
V. Cabível o regime semiaberto quando o quantitativo da pena assim recomenda e não há
notícia de violência exacerbada na empreitada criminosa, tendo a basilar sido mantida no
mínimo legal, mesmo em face da valoração negativa da conduta social do agente.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002182-19.2019.8.10.0040


APELANTE: MAURÍCIO DE SOUSA RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO EM
CONTINUIDADE DELITIVA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELAS
VÍTIMAS. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. VIABILIDADE. CONSEQUÊNCIAS
INERENTES AO TIPO PENAL. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no ART. 157, § 2°, II e §2°-A, I,
CP c/c Art. 71, CP (3x), em especial pelos depoimentos das vítimas e confissão do corréu.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. A consequência do crime no que concerne aos bens não terem sido restituídos às vítimas
é inerente ao próprio tipo do roubo, de modo que se afigura genérica e não possui aptidão

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 79


para acréscimo da pena-base.
4. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000765-31.2019.8.10.0040


APELANTE: ROBERT MATOS DOS MONTES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE AGENTES. CONCURSO FORMAL. ART. 157, §2°, INC. II C/C
ART. 70 DO CÓDIGO PENAL. INTERROGATÓRIO CONFUSO E CONTRADITÓRIO.
DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS COESO E HARMÔNICO. RES ENCONTRADA NA POSSE
DO APELANTE. DOSIMETRIA DA PENA. MENORIDADE RELATIVA. ATENUANTE DO
ART. 65, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL. FIXAÇÃO DA PENA EM PATAMAR ABAIXO
DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
I - Embora o reconhecimento fotográfico do réu não tenha observado as disposições
previstas no art. 226 do Código de Processo Penal, deve ser mantida a condenação
quando fundamentada em outros elementos de prova produzidos em juízo que comprovam
a autoria delitiva;
II - Impossível a absolvição do acusado quando os elementos contidos nos autos,
corroborados pelas declarações firmes e coerentes das vítimas, pelo reconhecimento
fotográfico e demais provas, formam um conjunto sólido, dando segurança ao juízo para a
condenação pelos crimes descritos na peça exordial acusatória;
III - Encontrada a res na posse do apelante, sendo seu interrogatório confuso e contraditório,
em contrapartida às declarações das vítimas, que se apresentaram coesos e harmônicos,
demonstrados autoria, materialidade e o dolo na conduta daquele, impossível a absolvição;
IV – Nos termos do Enunciado n° 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, é inviável
a aplicação da atenuante da menoridade relativa, prevista no art. 65, inciso I, do Código
Penal, para fins de redução da pena a patamar aquém do mínimo legal.
V – Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003562-63.2020.8.10.0001


APELANTE: KELWES LIMA NOGUEIRA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
RECONHECIMENTO PESSOAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 226 DO CPP. CONDENAÇÃO
FUNDAMENTADA EM OUTROS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO SOBRE A AUTORIA.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA NÃO CONFIGURADA. RELEVÂNCIA DA

80 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ATUAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.
I - De acordo com a atual interpretação do STJ, a inobservância do procedimento descrito
no art. 226 do CPP torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não poderá
servir de lastro à eventual condenação, mesmo se confirmado o reconhecimento em
juízo. Contudo, é hígida a condenação pelo crime de roubo se a autoria delitiva não foi
estabelecida exclusivamente no reconhecimento do réu pelas vítimas, mas também em
outros elementos probatórios contidos no processo, como os depoimentos harmoniosos
dos policiais que realizaram a prisão em flagrante e apreenderam os pertences subtraídos.
II - Demonstradas a materialidade e a autoria dos crimes, corroborada por outros elementos,
em especial a posse da res furtiva na posse dos participantes do roubo, a improcedência do
pleito absolutório é manifesta.
III - O agente que conduz o veículo que transporta o comparsa a fim de possibilitar a fuga
com êxito do local em que foi realizado o roubo, exerce papel essencial na consecução do
delito, de maneira que não tem incidência a causa geral de diminuição de pena firmada no
§ 1º do art. 29 do Código Penal.
IV - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000747-68.2010.8.10.0058


APELANTE: JOSENILTON PASTOR DE ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS E USO DE ARMA DE BRANCA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIA
DA CULPABILIDADE. INIDONEIDADE. SUPRESSÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA.
LEI NOVA MAIS BENÉFICA. EXTENSÃO DOS EFEITOS AO CORRÉU NÃO APELANTE.
PARCIAL PROCEDÊNCIA.
I. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra
da vítima tem especial preponderância, especialmente quando descreve, com firmeza, a
cena criminosa e o reconhecimento do acusado, razão pela qual a improcedência do pleito
absolutório é manifesta.
II. O emprego de termos genéricos para fundamentar o desvalor da culpabilidade, tal como
a plena consciência da ilicitude da conduta, permite afastar a exasperação da pena por
essa circunstância judicial.
III. O advento da Lei nº 13.654/18 suprimiu o uso de arma branca como causa de aumento
de pena passível de reconhecimento na terceira fase da dosimetria, dando azo à novatio
legis in mellius que deve retroagir para beneficiar o réu, o que impõe o decote da citada
majorante na reprimenda imposta em Primeiro Grau.
IV. Reformada a sentença condenatória para redimensionar a pena do apelante, é imperioso

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 81


estender os efeitos do julgado que se funda em motivos objetivos ao corréu não apelante que
esteja em situação fático-jurídica idêntica, nos termos do art. 580 do Código de Processo
Penal.
IV. Quando da aplicação do patamar de 1/3 (um terço) na terceira fase dosimétrica obtém-
se uma reprimenda maior do que aquela que restou estabelecida na sentença, devido a
erro material no cálculo da pena perpetrado pelo magistrado singular, deve ser mantida a
pena fixada no juízo a quo, em observância à vedação do reformatio in pejus.
V. Apelo conhecido e parcialmente provido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816781-45.2022.8.10.0000


PACIENTE: WILLIAN CARVALHO DUTRA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CHAPADINHA MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO. NULIDADE
DA PRISÃO EM FLAGRANTE. SUPERADA. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. PRESENTES. RISCO DE REITERAÇÃO
DELITIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES
SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
1. A alegada nulidade da prisão em flagrante do paciente, realizada por um guarda municipal
fica superada com a conversão da prisão em preventiva, tendo em vista a constrição de novo
título a justificar a privação da liberdade” (STJ - HC: 735459 RJ 2022/0106472-7, Relator:
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Publicação: DJ 20/04/2022).
2. Presentes indícios de autoria delitiva e materialidade.
3. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade
em concreto dos fatos, uma vez que o delito foi praticado mediante o emprego de violência
e há elevado risco de reiteração delitiva do paciente, que responde diversos processos
criminais naquela comarca.
4. É idônea a decisão da prisão preventiva fundada no risco de reiteração criminosa extraído
da reincidência, dos maus antecedentes, de inquéritos policiais ou processos penais
em curso. (AgRg no HC 688.069/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/12/2021, DJe 17/12/2021).
5. As condições subjetivas favoráveis, tais como primariedade, ocupação lícita e residência
fixa, ressalto que estas, por si sós, não são suficientes para afastar a prisão preventiva,
conforme entendimento já consolidado em âmbito jurisprudencial (STJ – AgRg no RHC:
165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 – QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 17/06/2022).
6. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas

82 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


cautelares alternativas elencadas no art. 319 do CPP.
7. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0835161-50.2021.8.10.0001


APELANTE: DANIEL PEREIRA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO EM
CONCURSO DE PESSOAS E COM EMPREGO DE ARMA, EM CONTINUIDADE DELITIVA.
PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. RÉU
PRESO EM PODER DOS BENS SUBTRAÍDOS, HORAS DEPOIS DOS CRIMES. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O fato de as vítimas não reconhecerem o réu em juízo não é suficiente para a absolvição
se, apesar disso, o arcabouço probatório demonstra que o apelante é o responsável pelos
crimes em questão, mormente por ter sido surpreendido e preso em poder dos bens
subtraídos.
2. Versão exculpatória isolada. Condenação de rigor.
3. Apelo conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0821823-09.2021.8.10.0001
APELANTE: CARLOS GABRIEL ROCHA SANTOS, MÁRCIO DE JESUS COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO EM
CONCURSO DE PESSOAS. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. RÉU PRESO EM PODER DO BEM SUBTRAÍDO. DEPOIMENTO DA
AUTORIDADE POLICIAL. PELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O fato de a vítima não ter reconhecido o réu em juízo não é suficiente para a absolvição
se, apesar disso, o arcabouço probatório demonstra que o apelante é o responsável pelos
crimes em questão, mormente por ter sido surpreendido e preso em poder do bem subtraído.
2. Versão exculpatória isolada. Condenação de rigor.
3. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002839-10.2021.8.10.0001


APELANTE: MOISÉS MARTINS BASTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 83


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
DIVISÃO DE TAREFAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O FIM COMUM. INCREMENTO NA
FRAÇÃO MÍNIMA.
I. Comprovado pela dinâmica dos fatos que o agente contribuiu decisivamente para
a empreitada criminosa, em mútuo acordo e divisão de tarefas, caracterizado está o
concurso de agentes, afigurando-se insubsistente a tese recursal de participação de menor
importância.
II. A atuação do apelante no sentido de dar cobertura aos comparsas contribuiu para o êxito
do delito, tendo em vista a sua função de coibir eventual interferência externa e propiciar a
fuga dos demais agentes, o que afasta a causa especial de diminuição de pena do §1º do
art. 29, do Código Penal. Precedentes.
III. Correto o incremento da pena na fração mínima (1/3) na terceira fase da dosimetria pela
atuação enlaçada por acordo de vontades no roubo perpetrado, uma vez que esse cálculo
se apresenta coerente com os cânones da individualização da pena e da proporcionalidade.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004804-62.2017.8.10.0001


APELANTE: LUCAS DE ALMEIDA MORAES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ROUBO MAJORADO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS
AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. PREPONDERÂNCIA DA
PALAVRA DA VÍTIMA EM CRIMES PATRIMONIAIS. RES FURTIVA APREENDIDA JUNTO
AO APELANTE E CORREU. USO DE ARMA DE FOGO. PRESCINDIBILIDADE DA
APREENSÃO. RECURSO DESPROVIDO.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais a palavra da vítima possui especial preponderância. No caso
dos autos, o crime foi cometido em face de duas vítimas, e, tanto na delegacia quanto em
juízo, todas forneceram depoimentos coerentes e harmônicos entre si.
III – Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, são prescindíveis a apreensão e a
perícia de arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena prevista no
art. 157, § 2°-A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu emprego por outros meios
de prova.
IV – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802950-37.2022.8.10.0029
APELANTE: MIKAEL DOS SANTOS

84 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONTINUIDADE
DELITIVA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. PALAVRA
DA VÍTIMA. RECUPERAÇÃO DA RES FURTIVA. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. NÃO
CONFIGURADA. DESCLASSIFICAÇÃO CRIME DE ROUBO CONSUMADO PARA A
MODALIDADE TENTADA. INOCORRÊNCIA. DOSIMETRIA DA PENA. REDUÇÃO PARA
MÍNIMO LEGAL. PRIMEIRA FASE. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNST NCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. ATENUANTE DA CONFISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. MENORIDADE
RELATIVA. OCORRÊNCIA. REDUÇÃO DE UM SEXTO DA PENA. APELO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Materialidade e a autoria delitiva configuradas, como se vê do auto de prisão em flagrante,
contendo o depoimento dos policiais condutores - SD PM Dayvid Anderson Vilanova dos
Santos e SD PM Daniel Jorge de Carvalho (ID 20002223, p. 4 - 9)-, do auto de apresentação
e apreensão (ID 20002223, p. 10), do termo de restituição do bens às vítimas e demais
provas juntadas ao processo, notadamente os depoimentos das vítimas, das testemunhas
e trechos do próprio depoimento do apelante.
2. É ônus da defesa comprovar, ou pelo menos de gerar dúvida razoável, a ocorrência da
suposta ameaça apta a caracterizar a coação moral irresistível (art. 156 do CPP). A palavra
do acusado por si só não pode ser admitida como prova suficiente para atestar a suposta
ameaça, devendo existir outros elementos de convicção aptos a embasar a tese defensiva.
3. Para a consumação do crime de furto ou roubo, não há necessidade de que haja posse
mansa e pacífica do bem subtraído, tampouco há necessidade de que o bem saia da esfera
de vigilância da vítima, bastando, para tanto, que haja inversão da posse, ainda que em
curto espaço do tempo. É o que preconiza a teoria da apprehensio ou amotio, amplamente
adotada pela jurisprudência pátria. ” Acórdão 1413372, 07011765720218070004, Relator:
JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS, Segunda Turma Criminal, data de julgamento:
31/3/2022, publicado no PJe: 10/4/2022
4. Assim como bem observado pelo Órgão Ministerial, deve ser corrigida a r. sentença, pois
inobservou o fato de que o apelante tinha 19 (dezenove) anos à época do fato, circunstância
atenuante prevista no art. 65, inc. I, de aplicação obrigatória.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003493-02.2018.8.10.0001
APELANTE: JOSUELITON BRITO PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ROUBO. CONCURSO DE PESSOAS. SUFICIÊNCIA DE PROVAS
TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 85


PREPONDERÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA EM CRIMES PATRIMONIAIS. RES FURTIVA
APREENDIDAS JUNTO AO APELANTE. CONCURSO FORMAL. APLICABILIDADE.
RECURSO DESPROVIDO.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais a palavra da vítima possui especial preponderância. No caso
dos autos, o crime foi cometido em face de duas vítimas, e, tanto na delegacia quanto em
juízo, todas forneceram depoimentos coerentes e harmônicos entre si, reconhecendo o réu
sem qualquer indício de dúvida.
III – In casu, os crimes de roubo foram praticados mediante uma única ação, no mesmo
contexto fático, contra o patrimônio de duas vítimas distintas, devendo ser reconhecido,
portanto, o concurso formal.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801744-53.2021.8.10.0051


APELANTE: ANTÔNIO ADAILTON LOURINDO DA SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO (ARTIGO 157, §2°, II E VII,
DO CÓDIGO PENAL). ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. PEDIDO
SUBSIDIÁRIO DE MODIFICAÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA.
IMPOSSIBILIDADE. PENA SUPERIOR A 04 (QUATRO) ANOS. CRIME COMETIDO SOB
GRAVE AMEAÇA.
I- Devidamente comprovadas a autoria e a materialidade do delito, deve ser mantida a
condenação, sobretudo, diante das palavras das vítimas - de especial valor probatório -
terem sido corroboradas por outros elementos de prova constantes nos autos.
II- A negativa do acusado, porque dissociada de qualquer elemento probatório, não deve
ser acatada para fins de absolvição.
III - A fixação do regime se deu de forma proporcional e em conformidade com a disciplina
do artigo 33, §2º, alínea b do Código Penal.
IV - Apelação criminal desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801104-85.2022.8.10.0028
APELANTE: PABLO ARTHUR RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO QUALIFICADO PELA LESÃO
CORPORAL GRAVE. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. VALORAÇÃO
NEGATIVA DA CULPABILIDADE E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. REGIME

86 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE CUMPRIMENTO DE PENA INICIALMENTE FECHADO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. POSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.
I – Para a consumação do crime de roubo basta, tão somente, que o bem seja retirado da
posse da vítima mediante o uso de violência ou grave ameaça, sendo prescindível a posse
tranquila e desvigiada. Precedentes.
II – Comprovada a lesão grave sofrida pela vítima, a qualificadora prevista no art. 157, § 3º,
inciso I, do Código Penal deve ser reconhecida.
III – A culpabilidade pode ser valorada negativamente, quando revela maior reprovabilidade
da conduta do agente e, do mesmo modo, as circunstâncias do crime, quando o modus
operandi do delito extrapola o razoável quanto ao tipo penal. Hipótese dos autos.
IV – Não merece guarida o pedido de recorrer em liberdade, pois foram valoradas duas
circunstâncias judiciais desfavoráveis, devendo ser mantido o regime inicial fechado, nos
termos do art. 33, §3º, do Código Penal. Do mesmo modo, como destacado no decisum
impugnado, os motivos para a decretação da prisão preventiva permanecem preenchidos,
posto que o apelante permaneceu encarcerados durante todo o trâmite processual, razão
pela qual deve ser mantida a custódia cautelar, já que não foi alterada a situação fática
(cláusula rebuc sic stantibus).
V - Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001888-21.2016.8.10.0056


APELANTE: CÉSAR AUGUSTO DE MATOS FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
EMPREGO DE ARMA. TENTATIVA. CONTINUIDADE DELITIVA. DUAS VÍTIMAS. ERROR
IN JUDICANDO. ENTENDIMENTO DESTOA DO STJ. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS
PARA A EXASPERAÇÃO NO SEU MÁXIMO LEGAL. PRECEDENTES.READEQUAÇÃO
DA PENA. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA.
1. O crime continuado, ou delictum continuatum, dá-se quando o agente pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie, mediante duas ou mais condutas, os quais, pelas condições de
tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser tidos uns como continuação dos
outros”. ESTEFAM, André. Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120). 8ª. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019. p. 462)
2. Do cotejo fático-probatório restou demonstrado que o apelante praticou dois roubos em
continuidade delitiva, na sua forma tentada, resultando em penas diversas, logo serão
aumentadas uma única vez de 1/6 até 2/3, tendo como base a pena mais gravosa.
3. A respeito do tema, a Sexta Turma do STJ firmou a compreensão de que a fração de
aumento no crime continuado é determinada em função da quantidade de delitos cometidos,
aplicando-se a fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações;

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 87


1/4, para 4 infrações; 1/3, para 5 infrações; 1/2, para 6 infrações; e 2/3, para 7 ou mais
infrações (HC 342.475/RN, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta
Turma, DJe 23/2/2016).” AgRg no AREsp 724584 / DF.
4. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000082-29.2019.8.10.0093


APELANTE: WILIAN DO NASCIMENTO SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO (ART. 157, § 2º, II, § 2º-
A, I, DO CP). ABSOLVIÇÃO. INOBSERVÂNCIA DO ART. 226 DO CPP. IMPOSSIBILIDADE.
EXCLUSÃO DA MAJORANTE. PRESCINDIBILIDADE DA APREENSÃO DE ARMA
DE FOGO PARA INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
I. A materialidade e a autoria delitiva restaram sobejamente comprovadas com as
declarações das vítimas e testemunhas inquiridas ao longo da persecução penal, mas
principalmente pela confissão do apelante, auto de apresentação e apreensão, termo de
entrega e confissão do acusado.
II. Nos crimes patrimoniais, a palavra da vítima tem especial valor probante e serve para
amparar um decreto condenatório quando corroborada por outras provas.
II. Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, é prescindível a apreensão e a perícia
de arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena prevista no art. 157,
§ 2º-A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu emprego por outros meios de prova;
III. Apelo conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000193-27.2021.8.10.0001
1o APELANTE: FELIPE DOS SANTOS MORAES
2o APELANTE: MICHAEL DE OLIVEIRA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. ROUBO. EMPREGO DE ARMA BRANCA.
DISSONÂNCIA ENTRE OS ELEMENTOS DOS AUTOS E O RECONHECIMENTO
DA MAJORANTE. DIFERENCIAÇÃO DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. LEGALIDADE ESTRITA. PRECISÃO DA NORMA PENAL. READEQUAÇÃO DA
DOSIMETRIA. CONCURSO DE PESSOAS E CONTINUIDADE DELITIVA. MÍNIMO LEGAL.
AUTORIA DO SEGUNDO APELANTE DEVIDAMENTE COMPROVADA.
I – Após as alterações legislativas promovidas no crime de roubo, há previsão tanto de
majorante relativa a emprego de arma de fogo, quanto de majorante relativa a emprego de
arma branca, figuras que não se confundem, por força da legalidade estrita e da precisão
redacional que informam as normas penais. Inexistem elementos nos autos que evidenciem

88 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


a utilização de arma branca pelos apelantes, ao que se impõe o decote dessa causa de
aumento de pena.
II – Subsistente apenas a causa de aumento específica relativa ao concurso de pessoas, a
dosimetria deve ser readequada com a utilização da fração mínima de 1/3 (um terço).
III – Na continuidade delitiva específica, a fração de aumento da pena é balizada pelo
número de infrações cometidas e pelo resultado da valoração das circunstâncias judiciais
do artigo 59 do Código Penal. Em se tratando de dois crimes e inexistindo circunstâncias
negativas, de rigor, adota-se a fração mínima de 1/6 (um sexto).
IV – Em havendo, nos autos, elementos conclusivos da participação do segundo apelante
nos delitos, descabe sua absolvição por negativa de autoria.
V – Apelações conhecidas. Primeira apelação provida e segunda apelação parcialmente
provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002332-83.2020.8.10.0001
APELANTE: JAMYZON ANDRADE SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS.
COMPROVADAS AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME. PREPONDERÂNCIA DA
PALAVRA DAS VÍTIMAS. OBJETOS ROUBADOS APREENDIDOS EM POSSE DOS
SUSPEITOS E RESTITUÍDOS ÀS VÍTIMAS. ROBUSTO CONJUNTO PROBATÓRIO.
DOSIMETRIA CORRETA. PRESENTE A CIRCUNSTÂNCIA DE CONCURSO DE PESSOAS
A AUMENTAR A PENA. NÃO CABE DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO EM RAZÃO DE
USO DE VIOLÊNCIA MEDIANTE GRAVE AMEAÇA. APELAÇÃO DESPROVIDA.
I – As provas são suficientes a comprovar a autoria e a materialidade do crime, posto que
analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais, a palavra da vítima encerra especial preponderância. No
caso, o crime foi cometido contra três vítimas e, tanto na Delegacia quanto em Juízo, seus
depoimentos guardam coerência e harmonia entre si, além de terem reconhecido o réu
como o autor do crime, sem qualquer indício de dúvida.
III – Somado aos depoimentos das vítimas, pesa robusto conjunto probatório, como a
confissão do apelante em Juízo e a apreensão dos bens subtraídos com os suspeitos,
quando do flagrante policial. A prisão acabou por impedir o linchamento dos réus, o que só
reforça a tese de autoria e materialidade do crime.
IV - Dosimetria correta com pena exasperada em razão da causa de aumento de pena de
concurso de pessoas e na fração de 1/6 por ser crime continuado.
V - Não cabe desclassificação para crime de furto qualificado, pois provado o uso de
violência mediante grave ameaça.
VI – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000842-05.2016.8.10.0118
APELANTE: ADAYLTON MELO ARAÚJO, JECINALDO SOUSA DA SILVA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 89


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ROUBO TENTADO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS
AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. ACUSADO MENOR DE 21
ANOS. INCIDÊNCIA DE ATENUANTE PARA REDUZIR A PENA ABAIXO DO MÍNIMO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA Nº 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. APELO DESPROVIDO.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
Juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – É pacífico na jurisprudência pátria o entendimento de que não é possível que o
reconhecimento da atenuante que conduza a pena a patamar abaixo do mínimo legal, na
forma prevista na Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça e no Tema 158 do Supremo
Tribunal Federal.
III – Apelação conhecida e desprovida.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0834200-12.2021.8.10.0001
EMBARGANTES: JEFFERSON COSTA DOS SANTOS, LUCIANO VINÍCIUS DA SILVA
SANTANA, WESLLEY MENDES COSTA
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NAAPELAÇÃO.
ROUBO MAJORADO. SUPOSTA OMISSÃO À EXCLUSÃO DO CONCURSO FORMAL.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PEDIDO ESPECÍFICO. DECISÃO FUNDAMENTADA.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
à constatação do concurso formal contra duas vítimas, mantendo nesse ponto, a sentença
vergastada.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.

90 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


5. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0804384-48.2022.8.10.0001
APELANTE: JOANDERSON DOS SANTOS FERREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO USO DE ARMA.
CRIME DE PORTE DE ARMA. ABSOLVIÇÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
I. Condenação do apelante, em concurso material, pelos crimes de roubo circunstanciado
pelo emprego de arma de fogo e por portar o referido artefato.
II. Conduta do recorrente de portar arma de fogo tinha como finalidade a prática do crime
de roubo, induvidoso o nexo de dependência entre os fatos, impondo-se a sua condenação
apenas a um dos delitos (roubo majorado pelo emprego de arma de fogo), vez que
evidenciado que as condutas foram praticadas em um mesmo contexto fático e possuem
relação de subordinação.
III. Absolvição do recorrente do delito constante do art. 14 da Lei nº 10.823/03
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000017-28.2021.8.10.0040


APELANTE: MARCOS RODRIGO ALVES DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONCURSO
FORMAL COM A CORRUPÇÃO DE MENOR. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CONSEQUÊNCIAS
DO CRIME. NÃO RECUPERAÇÃO DA RES FURTIVA. INIDÔNEA. INERENTE AO TIPO
PENAL. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
2. Nos delitos patrimoniais o depoimento da vítima possui especial relevância, máxime
quando o relato é firme, coerente e corroborado por outras provas, como na espécie.
3. Vale ressaltar que o depoimento dos policiais responsáveis pela prisão em flagrante é
meio idôneo e suficiente para a formação do édito condenatório, quando em harmonia com
as demais provas dos autos e colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,
cabendo à defesa demonstrar sua imprestabilidade.
4. Das circunstâncias judiciais valoradas negativamente na primeira fase, não merece

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 91


ser mantida a das consequências do crime, visto que a não recuperação da res furtiva é
inerente aos delitos patrimoniais, não constituindo fundamento idôneo para exasperação
da pena-base
5. Apelação conhecida e parcialmente provida para afastar o vetor das consequências do
crime, readequando-se a dosimetria da pena.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801878-52.2021.8.10.0028
APELANTE: MIQUEIAS PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO DO DELITO DO ART. 288 DO CP.
PROVIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA DA ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA. PLEITO
DE PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. INVIABILIDADE. PRETENSÃO DE
RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO FORMAL
DE CRIMES. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. PARCIAL PROCEDÊNCIA.
SÚMULA 444 DO STJ. APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. Ausência de provas da materialidade do crime de associação criminosa, uma vez não
demonstrado a existência de suposto liame subjetivo para o cometimento de mais crimes
além daqueles narrados na exordial, tampouco da estabilidade e permanência exigidas
para a consumação.
2. Não reconhecimento da participação de menor importância (art. 29, § 1º do Código Penal),
pois o apelante tinha ciência do roubo que ia ser praticado, o qual aderiu com consciência
e vontade, sendo de fundamental importância para ajudar os demais a empreender fuga e
assegurar o sucesso da empreitada criminosa.
3. O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso
formal e não crime único, ante a pluralidade de bens jurídicos ofendidos. Precedentes.
4. Das circunstâncias judiciais valoradas negativamente na primeira fase, não merece ser
mantida a da conduta social, diante do exposto no Súmula n. 444 do STJ.
5. Apelação conhecida e parcialmente provida para absolver o apelante do delito de
associação criminosa e redimensionar a pena quanto aos crimes de roubo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801801-59.2021.8.10.0055


APELANTE: VIVALDO PEDRO MENEZES FILHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.
NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSOAL. INOBSERVÂNCIA DO PROCEDIMENTO
PREVISTO NO ART. 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INOCORRÊNCIA.

92 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. NÃO RECUPERAÇÃO DA
RES FURTIVA. EQUÍVOCO NO SOPESAMENTO REALIZADO. RECURSO CONHECIDO
E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O reconhecimento de pessoas é ato procedimental que apenas deve ser manejado
quando houver dúvidas sobre a identificação do suposto autor do crime. Precedentes do
STJ.
2. Hipótese em que a própria vítima, atuando por meios de investigação próprios, levou à
autoridade policial a fotografia do apelante, identificando-o posteriormente. Além disso, a
confissão do apelante, as imagens dele praticando o crime e as palavras da vítima e da
testemunha de acusação compuseram o plexo de elementos probatórios aptos a subsidiar
a condenação exarada pelo juízo sentenciante.
3. A não recuperação da res furtiva constitui fator comum e inerente aos delitos patrimoniais,
não se mostrando válido à exasperação da pena-base a título de consequências do delito.
4. Apelo conhecido e parcialmente provido, mas tendo sido a pena mantida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802284-52.2021.8.10.0035


APELANTE: FERNANDO DE ABREU OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS.
COMPROVADA MATERIALIDADE DO CRIME. PREPONDERÂNCIA DA PALAVRA
DA VÍTIMA. ROBUSTO CONJUNTO PROBATÓRIO. DOSIMETRIA. EXCLUSÃO DA
VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. MANTIDA VALORAÇÃO
NEGATIVA DA VERTENTE CONSEQUÊNCIAS. REDIMENSIONAMENTO DA PENA.
MANTIDA A PRISÃO PELA AUSÊNCIA DE NOVOS ELEMENTOS OFERTADOS PELA
DEFESA. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE.
I – As provas são suficientes a comprovar a autoria e a materialidade do crime, posto que
analisadas em conjunto, e não, isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais, a palavra da vítima exorta especial preponderância. É o que
vejo no caso: a vítima reconhecera o apelante, categoricamente, no momento do crime e
seus depoimentos, em inquérito policial e em Juízo, são fartos em detalhes e revestidos de
coerência e harmonia entre si.
III – Na existência de duas majorantes, pode o Juiz de base usar uma delas para exasperar
a pena-base, desde que a outra possa ser utilizada em fase dosimétrica distinta de modo
a evitar o bis idem, como assenta o Superior Tribunal de Justiça. Dosimetria correta nesse
ponto a considerar como valoração negativa da circunstância do crime a presença de
concurso de pessoas, posto que não utilizada como aumento de pena na terceira fase.
IV – Necessidade de reforma da sentença para que se exclua a valoração negativa das
consequências do crime, posto que a não devolução do objeto do crime à vítima, considerada

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 93


de forma isolada, não extrapola o tipo penal por constituir fator comum ao crime de furto
(delito patrimonial).
V- Não cabe detração penal, posto que o período apurado é insuficiente para mitigar o
regime inicial de cumprimento de pena estabelecido, pois que é medida que compete ao
Juízo das Execuções Penais.
VI- Não me parece razoável a liberdade do apelante sem novos elementos de defesa a
comprovar mudança fática, quando o apelante permanecera preso durante todo a instrução
processual, conforme fundamentou o Juízo de base. Nessa mesma linha, o Superior
Tribunal de Justiça tem negado ao condenado o direito de recorrer em liberdade quando
estivera preso durante a persecução criminal, se persistem os motivos para a segregação
preventiva. Ainda mais no caso concreto, em que o apelante responde por vários processos
criminais, para o que serve a garantir a ordem pública, dada a eventual reiteração delitiva.
VII- Apelação conhecida e parcialmente provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001043-23.2018.8.10.0022
APELANTE: LUANA RODRIGUES ALVES, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
MARANHÃO
APELADO: LUCIANO SILVA DE OLIVEIRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO. ROUBO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS. COMPROVADA
MATERIALIDADE DO CRIME. PREPONDERÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA.
DEPOIMENTOS DO RÉU COM VERSÕES DIFERENTES. ÁLIBI INVEROSSÍMIL.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
I – As provas são suficientes a comprovar a autoria e a materialidade do crime, posto que
analisadas em conjunto, e não, isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais, a palavra da vítima exorta especial preponderância. Na
espécie, a vítima reconhecera o apelante sem qualquer hesitação em ambos depoimentos,
em inquérito policial e em Juízo, com riqueza de detalhes.
III – No cotejamento do depoimento da vítima com as demais provas, em especial as
testemunhas de defesa com o interrogatório judicial e policial do réu, houve mudança de
versão pelo apelante, a tornar inverossímil o álibi apresentado.
IV – Reconheço, de ofício, a atenuante de menoridade do apelante, na segunda fase
dosimétrica, com base no artigo 65, inciso I do Código Penal, posto que possuía a época
do crime menos de 21 (vinte e um) anos de idade, contudo, deixo de aplicá-la ao caso em
concreto, ante o impeditivo da Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça, posto que a
pena base fora fixada no mínimo legal, qual seja, 04 (quatro) anos.
V- Apelo conhecido e, no mérito, desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004976-85.2015.8.10.0029


APELANTE: MARITON DOS ANJOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO MARANHÃO

94 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ROUBO MAJORADO E CORRUPÇÃO DE MENOR. SUFICIÊNCIA DE
PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
PREPONDERÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA EM CRIMES PATRIMONIAIS. CORRUPÇÃO
DE MENORES. CRIME FORMAL QUE EXIGE APENAS A PARTICIPAÇÃO DE MENOR DE
18 ANOS. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. NÃO CONFIGURADA. RECURSO
DESPROVIDO.
I – Não há que falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos da vítima e testemunhas ouvidas
em juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Em crimes patrimoniais a palavra da vítima possui especial preponderância. No caso
dos autos, tanto na delegacia quanto em juízo, todos os depoimentos foram coerentes e
harmônicos entre si.
III – Para a configuração do crime de corrupção de menores, exige-se tão somente a prática
de delito na companhia de menor de 18 anos, não importando as demais circunstâncias do
crime. A legislação brasileira adotou o critério biológico de idade, não se perquirindo acerca
do psicológico do menor, havendo presunção absoluta para todos os fins.
IV - Comprovação que o apelante agiu em evidente concurso com o menor, agindo
essencialmente para a consecução do crime, portanto configurada a coautoria, não fazendo
jus ao reconhecimento de participação de menor importância.
V – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000941-18.2017.8.10.0060


APELANTE: JUDÁSIO MARCOS DE OLIVEIRA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231/STJ. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA E COOPERAÇÃO
DOLOSAMENTE DISTINTA (ART. 29, §§ 1º E 2ºDO CP). INOCORRÊNCIA. APELO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
2. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
3. O conjunto probatório acostado aos autos demonstra que a decisão de abordagem às
vítimas foi do apelante, na medida em que ele era o condutor da motocicleta, demonstrando
que tinha sim o domínio do fato e teve atuação relevante para a concretização da empreitada
criminosa, não havendo que se falar em participação de menor importância.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 95


4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0804290-66.2021.8.10.0056


APELANTE: CLENILSON VIEIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. IMPOSSIBILIDADE DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO
DE FAVORECIMENTO REAL. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA NÃO
CONFIGURADA. EXISTÊNCIA DE DIVISÃO DE TAREFAS E CONTRIBUIÇÃO PARA
O FIM COMUM. DOSIMETRIA. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL.
VEDAÇÃO. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO CONSTANTE DO ART. 157, §
2º-A DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE PERÍCIA E APREENSÃO DA ARMA DE
FOGO. PRESCINDIBILIDADE. MAJORANTE DEVIDAMENTE APLICADA. RECURSO
DESPROVIDO.
I. Demonstrada a materialidade e a autoria do crime de roubo circunstanciado pelo
concurso de pessoas e emprego de arma fogo, mediante provas submetidas ao crivo do
contraditório e da ampla defesa, a manutenção da decisão condenatória é medida que
se impõe, afastando-se, consequentemente, o pleito de desclassificação para o delito de
favorecimento real.
II. Comprovado pela dinâmica dos fatos que o agente contribuiu decisivamente para a
empreitada criminosa, em mútuo acordo e divisão de tarefas, caracterizado está o concurso
de agentes, afigurando-se insubsistente a tese de participação de menor importância.
III. A aplicação da Súmula nº 231 do STJ, a qual é corroborada pelo Tema 158 do STF, não
viola o princípio da individualização da pena, porquanto hipotética redução para patamar
inferior ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação
mínima estabelecida no tipo penal.
IV, Consoante jurisprudência do STJ, é dispensável a apreensão e perícia da arma utilizada
no delito de roubo, desde que evidenciada sua utilização por outros meios de prova, tais
como a palavra da vítima ou o depoimento de testemunhas (AgRg no AREsp 1.577.607/DF,
Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 9/3/2020).
V. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002695-75.2017.8.10.0001


APELANTE: JUANICIO ROCHA COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

96 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES.
PLEITO ABSOLUTÓRIO. INVIABILIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA ENDOSSADA PELAS
DEMAIS PROVAS. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. DESPROPORCIONALIDADE.
REDUÇÃO DE OFÍCIO.
I. Correta a condenação do apelante pelo cometimento do crime de roubo majorado
pelo concurso de pessoas, diante da configuração da materialidade e autoria delitivas,
endossadas pela palavra da vítima - que possui especial relevo -, pela apreensão do facão
utilizado no crime e pela detenção do agente por populares que estavam no local.
II. Afastada a aplicação da majorante do uso de arma branca na terceira fase de dosimetria,
em razão da novatio legis, é possível a valoração dessa circunstância na primeira etapa
para a exasperação da pena-base. Precedentes.
III. A quantidade de dias-multa deve guardar correspondência com a sanção corporal
aplicada, razão pela qual a sua desproporcionalidade reclama, de ofício, o necessário
redimensionamento.
IV. Apelação criminal desprovida, mas, de ofício, reduzida a pena de multa.APELAÇÃO
CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000097-68.2020.8.10.0026
APELANTE: FÉLIX DA ROCHA NETO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO POR EMPREGO DE ARMA
BRANCA. AUMENTO NA PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE
CRITÉRIO RÍGIDO. ATENDIMENTO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
DA RAZOABILIDADE. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA.
COMPENSAÇÃO. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. FRAÇÃO ESCOLHIDA. AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO. REGIME PRISIONAL FECHADO. ADEQUAÇÃO AO CASO
CONCRETO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - Na ausência de parâmetros legislativos, inexistem critérios rígidos a delimitar a fração a
ser utilizada para cada circunstância judicial valorada negativamente, desde que respeitados
os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
II - Tese firmada no Tema Repetitivo 585 do Superior Tribunal de Justiça assenta que (…) “é
possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação integral da atenuante da
confissão espontânea com a agravante da reincidência, seja ela específica, ou não”.
III - Quando a legislação prevê intervalo de valores predeterminados para a modulação da
causa de aumento de pena, o julgador deve escolher a fração de forma fundamentada. In
casu, na ausência de elementos ou de informações concretas para exasperar a pena em
2/5 (dois quintos) pelo emprego de arma branca, a fração deve ser alterada para 1/3 (um
terço), conforme o patamar mínimo do § 2º do artigo 157 do Código Penal.
IV - Adequado o regime prisional fixado na sentença, se, para impor regime mais gravoso,
o Juízo de origem, a despeito da pena fixada, também considerar os critérios do artigo 59

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 97


do Código Penal e a existência de reincidência.
V - Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000352-72.2018.8.10.0001


APELANTE: JADNEY MENDES FERREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONCURSO
FORMAL COM A CORRUPÇÃO DE MENOR. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
NÃO SE APLICA. SÚMULA 231 DO STJ. TERCEIRA FASE. CAUSAS DE AUMENTO
DO CRIME DE ROUBO. FRAÇÃO DE 3/8. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E CONCRETA.
PENA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE
MENORES. INVIABILIDADE. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A incidência de circunstâncias atenuantes não pode conduzir à redução da pena para
abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ).
2. Não há ilegalidade na cumulação de causas de aumento de pena da parte especial do
Código Penal se devidamente motivadas com base nas peculiaridades do caso concreto.
3. In casu, a pena foi aumentada em 3/8 pelo magistrado sentenciante, com fundamentação
concreta, reveladora da acentuada gravidade do delito de roubo cometido por quatro
indivíduos que restringiram a liberdade da vítima, deixando-a amarrada em um matagal por
longas horas até o anoitecer.
4. O crime de corrupção de menores tem natureza formal, sendo prescindível a prova
da efetiva corrupção do adolescente, um vez que o objeto jurídico tutelado é a própria
moralidade do adolescente, objetivando coibir a prática de crimes na qual ele se veja
explorado. Precedentes do STF e do STJ.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0819504-68.2021.8.10.0001


APELANTE: MATHEUS GOIS VALENTIM, CARLOS EDUARDO ALMEIDA, MAURÍCIO
ABREU SILVA FRÓES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO
CONCURSO DE AGENTES E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA. ANÁLISE DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. RÉUS PRESOS EM FLAGRANTE NA POSSE
CONJUNTA DO VEÍCULO ROUBADO, MOMENTOS APÓS O CRIME. CORRUPÇÃO
DE MENORES. CRIME FORMAL QUE DISPENSA PROVA DA EFETIVA CORRUPÇÃO.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS RÉUS DESCONHECIAM A IDADE DO

98 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADOLESCENTE.
I - Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam o depoimento da vítima em juízo, mormente por
serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II - Na espécie, os réus foram apreendidos na posse conjunta do veículo roubado, logo após
a subtração do bem, enquanto a vítima era mantida em cativeiro por outros comparsas não
identificados. Ademais, a vítima reconheceu em juízo um dos réus.
III - A materialidade do crime de corrupção de menores somente pode ser afastada se
demonstrado que os réus não tinham ciência da idade do adolescente e nem poderiam
presumir.
IV – Apelação conhecida e desprovida

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010258-18.2020.8.10.0001


APELANTE: JACENILSON LIMA RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO.
EMPREGO DE ARMA BRANCA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. DEPOIMENTO DA VÍTIMA E
TESTEMUNHA OCULAR. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. EXCLUSÃO DA
CAUSA DE AUMENTO. INVIABILIDADE. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no ART. 157, § 2°, VII, CP, em
especial pelo depoimento da vítimas e testemunha ocular.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Restando claro que o crime se deu com emprego de arma branca (faca), impõe-se a
aplicação da causa de aumento prevista no art. 157, inciso VII, §2º, art. 157 CP.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003258-64.2020.8.10.0001


APELANTE: MARCOS RAFAEL DA SILVA TEIXEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO EM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 99


CONCURSO DE PESSOAS E COM EMPREGO DE ARMA BRANCA. ABSOLVIÇÃO
GENÉRICA. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO
DO RÉU PELA VÍTIMA. APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
VIABILIDADE. DIMINUIÇÃO AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE. SÚMULA 231
DO STJ. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 157, § 2°, II e VII, do CP,
em especial pelos depoimentos das vítimas e reconhecimento pessoal do réu.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Necessário o reconhecimento da atenuante do art. 65, II, d, do CP, uma vez que o réu faz
jus “independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória” (REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022).
4. Apesar da presença de uma atenuante legal, é incabível a redução da pena intermediária
abaixo do mínimo legal quando de seu cálculo na segunda fase da dosimetria, por inteligência
da Súmula 231 do STJ.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004141-45.2019.8.10.0001
APELANTE: EGON RODRIGO FERREIRA DE JESUS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO.
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA. INCONTROVERSA. DOSIMETRIA DA PENA.
CULPABILIDADE. PREMEDITAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. MOTIVOS DO CRIME.
INERENTES AO TIPO. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. ARMA BRANCA. APLICÁVEL.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO
MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. CONCURSO FORMAL. APELO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. No caso presente, restou incontroversa a prática do crime mencionado, conforme bem
delineado na sentença impugnada, não havendo irresignação do apelante quanto à autoria
delitiva.
2. Em relação à culpabilidade, verifica-se que o juízo a quo utilizou uma circunstância comum
à espécie, pois não se constata nos autos a existência de premeditação ou qualquer outra
situação apta ensejar a exasperação da pena-base.
3. Para valorar negativamente os motivos do crime na primeira fase da dosimetria da pena,

100 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


é necessário considerar motivos que extrapolem o tipo penal, sob pena de incorrer em bis
in idem, o que não restou demonstrado no caso concreto.
4. Tendo em vista que o uso de arma branca não foi utilizado como causa de aumento da
pena (previsão do art. 157, §2º, VII, do CP), correta a sua utilização como fundamento para
a majoração da pena basilar.
5. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
6. Presente o concurso formal, previsto no art. 70 do Código Penal, em razão do cometimento
de dois delitos de roubo. Adequado o parâmetro adotado pelo juiz singular, pelo que o
mantenho, aumentando a pena final em 1/6 (um sexto).
7. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0007689-15.2018.8.10.0001


APELANTE: THIAGO CARVALHO MENDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ARTIGOS 157, § 2º, II, E § 2º-A, I, DO CP E ART. 244-
B DA LEI Nº 8.069/90 C/C O ART. 70 DO CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA. PENA-BASE.
ERRONIA. CULPABILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. CONCURSO FORMAL.
READEQUAÇÃO DA FRAÇÃO. PRECEDENTE DO STJ. APLICAÇÃO. PENA DEFINITIVA
RETIFICADA. RECURSO PROVIDO.
I. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa a
culpabilidade, utiliza fundamentação inidônea.
II. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não serve para o agravamento
da reprimenda base a utilização de expressões genéricas e inerentes ao próprio tipo penal –
tais como “dolo intenso” (HC n. 616.133/RS, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma,
julgado em 28/9/2021, DJe de 4/10/2021) ou justificativas genéricas que não diferenciam o
delito das situações comumente reprováveis.
III. A incidência do percentual de aumento decorrente da aplicação da regra do concurso
formal deve ser especificado de modo equivalente ao número de delitos perpetrados,
pelo que havendo o acusado cometido 03 (três) infrações penais, aplica-se a fração de
exasperação em 1/5 (um quinto). Precedente do STJ.
IV. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000269-14.2019.8.10.0036


APELANTE: HENRIQUE FIALHO ARAÚJO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 101


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO
DE PESSOAS E USO DE ARMA DE FOGO, SEGUIDO DE ROUBO TENTADO
MEDIANTE USO DO ARTEFATO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA.
REDIMENSIONAMENTO. SUPRESSÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME COMO
CIRCUNSTÂNCIA DEMERITÓRIA. INCIDÊNCIA DE SOMENTE UMA DAS CAUSAS
DE AUMENTO DE PENA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
MODIFICAÇÃO DO CONCURSO MATERIAL PARA CONTINUIDADE DELITIVA.
I. Em crimes contra o patrimônio cometidos na clandestinidade, como o roubo, a palavra da
vítima tem especial preponderância, especialmente diante da confissão do fato típico pelo
próprio acusado, razão pela qual a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
II. Merece reparo o juízo desabonador das consequências do crime, na primeira fase
dosimétrica, pautado unicamente na perda do bem subtraído (colar de ouro) pela vítima,
porquanto o prejuízo patrimonial já se encontra englobado no preceito incriminador,
inexistindo outro mal de magnitude expressiva que transcenda ao resultado típico.
III. Realizada a opção pela incidência cumulativa de causas de aumento da parte especial,
a escolha deverá ser devidamente fundamentada, lastreada em elementos concretos dos
autos, a evidenciar o maior grau de reprovação da conduta e, portanto, a necessidade de
sanção mais rigorosa, (Precedente: HC n. 501.063/RJ, relatora Ministra LAURITA VAZ,
SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2020, DJe 4/9/2020).
IV. Diante do concurso de duas causas de aumento de pena, impõe-se a aplicação de
somente uma delas se as circunstâncias do fato assim recomendarem, mormente se não
houver fundamentação idônea, o que implica no redimensionamento da terceira etapa da
dosimetria. Inteligência do art. 68, parágrafo único, do CP.
V. Afastada a absorção do roubo tentado pelo roubo anteriormente consumado, ante a
diversidade de desígnios, as condutas do agente configuram a continuidade delitiva (art.
71, CP), cedendo lugar ao concurso material aplicado na instância singular.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012736-33.2019.8.10.0001
APELANTE: RAIMUNDO LUCAS DO NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O
PATRIMÔNIO. ARTIGO 157, §2°, II e §2º-A, I, C/C ARTIGO 70 DO CÓDIGO PENAL.
ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. VIOLAÇÃO AO
ARTIGO 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO PELA
ALEGADA INEXISTÊNCIA DE PROVAS. ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES
PARA EMBASAR A CONDENAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E AFASTADA A NULIDADE.
DESPROVIDO.
I - Embora o reconhecimento fotográfico do réu em inquérito policial não tenha observado

102 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


as disposições previstas no artigo 226 do Código de Processo Penal, deve ser mantida a
condenação, se fundamentada em outros elementos de prova produzidos em Juízo que
comprovem a autoria delitiva.
II -Impossível a absolvição do acusado quando os elementos dos autos formam conjunto
sólido e corroborado pelas declarações firmes e coerentes das vítimas; pelo reconhecimento
fotográfico; e pelas demais provas a prescrever segurança ao Juízo para a condenação
pelos crimes descritos na peça inicial acusatória.
III - No caso concreto, uma das vítimas afirmou em depoimentos policial e judicial ter
reconhecido o apelante, posto que haviam trabalhado no mesmo local e, assim, ratificou o
reconhecimento fotográfico feito no inquérito policial.
IV – Portanto, afastada a alegação de nulidade diante da comprovação da autoria e da
materialidade produzida sob o crivo do contraditório.
IV – Apelação conhecida e, no mérito, desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000407-98.2020.8.10.0115


APELANTE: JOÃO MARCOS ALVES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ROUBO. USO DE ARMA DE FOGO. LAUDO
QUE ATESTA O POTENCIAL LESIVO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. CORRETA VALORAÇÃO
PELO JUÍZO DE BASE. PENA DE MULTA PROPORCIONAL À REPRIMENDA CORPORAL.
NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. INCOMPATIBILIDADE COM O
REGIME PRISIONAL SEMIABERTO. NÃO OCORRÊNCIA.
I – Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, são prescindíveis a apreensão e a
perícia de arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena prevista no
art. 157, § 2°-A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu emprego por outros meios
de prova.
II – In casu, o revólver usado na prática do crime foi apreendido com o apelante e o laudo
foi conclusivo quanto ao seu potencial lesivo.
III – As circunstâncias do crime podem ser valoradas negativamente quando o modus
operandi do delito extrapola aquilo que é razoável quanto ao tipo penal.
IV – A pena de multa deve atender aos mesmos parâmetros da pena privativa de liberdade,
nos termos do art. 59 do Código Penal, guardando a devida proporcionalidade.
V – É possível a manutenção do ergástulo cautelar mesmo com sentença condenatória que
tenha fixado o regime prisional semiaberto para o início do cumprimento da pena, devendo
a prisão ser adequada ao regime imposto.
VI - Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002121-86.2014.8.10.0056

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 103


APELANTE: MIKEANDERSON GARROS FERNANDES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO EM
CONCURSO DE PESSOAS. PRELIMINAR. NULIDADE DO RECONHECIMENTO
PESSOAL. IMPOSSIBILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO VÁLIDO. ABSOLVIÇÃO
POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIA
VALORADA DE MODO EQUIVOCADO. NÃO COMPROVAÇÃO DO USO DE ARMA
DE FOGO. DIMINUIÇÃO DA FRAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DO CONCURSO DE
PESSOAS. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Embora o reconhecimento pessoal seja realizado em descompasso com o procedimento
previsto no art. 226 do Código de Processo Penal, quando aliado às demais provas
constantes dos autos é plenamente válido para comprovar a autoria delitiva. Precedentes.
2. No mérito, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal convergem
para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 157, § 2°, II, do CP, em especial pelos
depoimentos da vítima e da testemunha policial.
3. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
4. Decote da circunstância do uso de arma de fogo, uma vez que não restou demonstrada,
consoante pleiteado pelo próprio órgão acusatório.
5. A respeito do concurso de pessoas, apesar de válida a utilização como causa de aumento
de pena, necessária a readequação do cálculo, porquanto o juízo a quo não justificou a
aplicação da fração superior a mínima legal, em desobediência ao teor da Súmula 443 do
STJ.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000005-86.2017.8.10.0029
APELANTE: FRANCISCO ALISSON DA LUZ SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO.
DOSIMETRIA DA PENA. READEQUAÇÃO. APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. VIABILIDADE. REGIME INICIAL. SEMIABERTO. NÃO REINCIDENTE.
PENA IGUAL A 4 ANOS. APELO CONHECIDO E PROVIDO.
1. Necessário o reconhecimento da atenuante do art. 65, II, d, do CP, uma vez que o réu faz
jus “independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória” (REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por

104 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022).
2. Ante os ajustes feitos e ao que dispõe o art. 33 § 2º, “b”, do CP, o regime inaugural do
cumprimento da pena deverá ser o semiaberto, uma vez que como mencionado alhures, o
apelante não é reincidente.
3. Apelo conhecido e provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010310-14.2020.8.10.0001
APELANTE: CLEIDSON SANTOS FERREIRA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231/STJ. EXCLUSÃO DA PENA DE MULTA. IMPOSSIBILIDADE. APELO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
2. Vigência do enunciado. Entendimento consolidado nos tribunais superiores.
3. Quanto ao pedido subsidiário de exclusão da pena de multa, inexiste qualquer
desproporção em sua aplicação tendo em vista que fixada a pena privativa de liberdade no
mínimo legal, qual seja, 04 (quatro) anos de reclusão, a pena de multa também deve ser
fixada no seu patamar mínimo de 10 (dez) dias-multa.
4. Apelo conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003956-41.2018.8.10.0001
APELANTE: MARCOS WANDERSON SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONCURSO
FORMAL COM A CORRUPÇÃO DE MENOR. PEDIDO DE APLICAÇÃO DE APENAS UMA
CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA PARA A TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA.
IMPROCEDÊNCIA. REGRA DO PARAGRAFO ÚNICO DO ART. 68 DO CP. AUMENTO
JUSTIFICADO. PENA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. Não há ilegalidade na cumulação de causas de aumento de pena da parte especial do
Código Penal se devidamente motivadas com base nas peculiaridades do caso concreto.
2. Pena razoável e proporcional com os crimes cometidos.
3. Apelo conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005725-72.2016.8.10.0060
APELANTE: PAULO HENRIQUE RODRIGUES DE BRITO, LUCAS REIS DA SILVA COSTA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 105


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. OBSCURIDADE QUANTO AO PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES. INOCORRÊNCIA. RESTOU
INCONTROVERSO. DECISÃO FUNDAMENTADA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
à constatação da participação de um adolescente na prática do crime de roubo, em questão.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. . Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005640-64.2019.8.10.0001


APELANTE: OTON QUIXABA VIEIRA FILHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO. MAJORADO.
DOSIMETRIA DA PENA. READEQUAÇÃO. APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. VIABILIDADE. REGIME INICIAL. SEMIABERTO. CRIME COM PENA EM
CONCRETO INFERIOR A OITO ANOS. NÃO REINCIDENTE. APELO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. Necessário o reconhecimento da atenuante do art. 65, II, d, do CP, uma vez que o réu faz
jus “independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória” (REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022).
2. Apelo conhecido e provido

106 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2. FURTO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002056-06.2017.8.10.0115


APELANTE: MARCOS CORREA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 155, § 1º, do CP. FURTO QUALIFICADO PELO
REPOUSO NOTURNO. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. DECLARAÇÕES DA VÍTIMA ALIADAS AOS DEMAIS ELEMENTOS
PROBATÓRIOS. PRECEDENTE DO STJ. PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO.
IMPROCEDENTE. ART. 156 DO CPP. APLICAÇÃO. CONDENAÇÃO MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e autoria de crime de furto qualificado pelo repouso noturno
(art. 155, § 1º, do CP), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla
defesa, a manutenção da sentença condenatória é medida que se impõe.
II. Nos crimes patrimoniais a palavra da vítima é de extrema relevância, sobretudo quando
reforçada pelas demais provas dos autos (AgRg no AREsp n. 1.250.627/SC, Relator Ministro
JORGE MUSSI, Quinta Turma, julgado em 3/5/2018, DJe de 11/5/2018).
III. Nos termos do que preceitua o art. 156 do CPP, o ônus da prova cabe a quem alega, de
sorte que ausente comprovação de que o objeto do crime foi adquirido de terceira pessoa,
não há falar em desclassificação para o crime de receptação.
V. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002332-93.2015.8.10.0022


APELANTE: FRANCISCA FERREIRA MORAES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO.
ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E
MATERIALIDADE DEMONSTRADAS. DESQUALIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES.
INAFASTÁVEL APLICAÇÃO DA QUALIFICADORA. CONCURSO DE PESSOAS.
QUALIFICADORA REFERENTE A DESTRUIÇÃO DE OBSTACULO. PREJUDICADO.
REGIME INICIAL ABERTO FIXADO NA DECISÃO RECORRIDA. REDIMENSIONAMENTO
DA PENA. PARCIAL PROCEDÊNCIA. APLICAÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/8. SUBSTITUIÇÃO
EX OFFICIO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM RESTRITIVA DE DIREITOS.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A materialidade e autoria delitiva encontram-se sobejamente comprovadas no caso. As

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 107


declarações colhidas das testemunhas e da vítima durante a instrução criminal, confirmadas
na fase judicial sob o crivo do contraditório, são lineares no sentido de confirmar que
a apelante, na condição de diarista da vítima e, portanto, detentora de informações
privilegiadas, facilitou a prática do crime dando ciência aos outros dois criminosos quanto a
existência do dinheiro furtado e do melhor horário para a prática do crime.
2. É inviável à desclassificação do delito para furto simples ante a inafastabilidade da
incidência da qualificadora do inciso § 4º, IV do art. 155 do CP, uma vez que o crime foi
cometido em concurso de pessoas.
3. O pleito de não incidência da qualificadora referente a destruição de obstáculo, bem
como o pedido de estabelecimento do regime aberto como inaugural do cumprimento da
pena, encontram-se prejudicados, uma vez que o juízo a quo ao prolatar a sentença, não
levou em consideração a referida qualificadora e que estabeleceu o regime aberto como
inicial para cumprimento da reprimenda.
3. Verificando que o juízo sentenciante exasperou a pena base utilizando critério diverso
daqueles amplamente reconhecidos pela jurisprudência, sem, contudo, fazer a devida
fundamentação, necessário que se proceda a devida adequação. Precedentes. (STJ -
AgRg no AREsp n. 1.942.233/DF)
4. Ante o efeito devolutivo amplo característico do recurso de apelação, possível que, de
ofício, se proceda a conversão da penha privativa de liberdade em restritivas de direito,
estando atendidos os requisitos do art. 44 do CP.
5. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801236-38.2021.8.10.0074


APELANTE: MAGNO VIANA DOS SANTOS, JOSIMAR CLEUTON OLIVEIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. DOSIMETRIA.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. APLICAÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/8 (UM
OITAVO) SOBRE O INTERVALO DA PENA EM ABSTRATO PARA CADA CIRCUNSTÂNCIA
JUDICIAL RECONHECIDA NEGATIVAMENTE. RECURSO DESPROVIDO.
I - O Código Penal não estabelece fração mínima ou máxima de aumento de pena a ser
aplicada, cabendo ao magistrado estabelecer o quantum de exasperação, com observância
de parâmetros razoáveis e proporcionais.
II – A sentença adota critério referendado pelo STJ para individualização da reprimenda
base, aplicando aumento na fração de 1/8 (um oitavo) por cada circunstância judicial
negativamente valorada, a incidir sobre o intervalo de pena abstratamente estabelecido no
preceito secundário do tipo penal incriminador. Precedentes do STJ.
III - Apelo conhecido e desprovido.

108 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008717-47.2020.8.10.0001
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: ORLANDO ARAÚJO SÁ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO
COM DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA
E PELO CONCURSO DE PESSOAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
TESTEMUNHAS DE OUVIR DIZER. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA E IN
DUBIO PRO REO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O conjunto probatório se mostra frágil quanto à autoria delitiva, sendo insuficiente para
acolher o pedido condenatório.
2. Em que pese ter-se ciência do entendimento dos Tribunais Superiores de que o depoimento
da vítima possui valoroso peso probatório, deve ser ponderado que, para resultar na reforma
da sentença e na condenação visada no apelo ministerial, aquele deve se harmonizar com
o restante do conjunto fático-probatório visualizado nos autos, formando robusto elemento
indicativo de autoria delitiva.
3. Sendo ônus da acusação provar os fatos narrados na denúncia e reforçados no apelo,
inexistindo provas nos autos que apontem, com inegável segurança, a autoria delitiva,
impõe-se manter a decisão absolutória firmada.
4. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas. Absolvição com apoio no art. 386, VII,
do CPP.
5. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001060-38.2018.8.10.0029


APELANTE: MARDSON MELO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. PENALE PROCESSUALPENAL. FURTO EM CONCURSO
FORMAL. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELA VÍTIMA. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 157, caput, na forma do
art. 70, ambos do Código Penal, em especial pelos depoimentos das vítimas.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 109


relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004715-68.2019.8.10.0001


APELANTE: JOSÉ WILSON SILVEIRA ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
TESTEMUNHAS DE OUVIR DIZER. PROVAS PRODUZIDAS EM INQUÉRITO POLICIAL
NÃO CONFIRMADAS EM JUÍZO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA E IN
DUBIO PRO REO. REFORMA DA SENTENÇA. APELO CONHECIDO E PROVIDO.
1. O conjunto probatório se mostra frágil quanto à autoria delitiva, sendo insuficiente para
acolher o pedido condenatório.
2. O depoimento da vítima, prestado apenas em sede policial, para resultar na condenação
visada pela denúncia ministerial, deve se harmonizar com o restante do conjunto fático-
probatório produzido em juízo, o que não ocorreu no caso concreto, mormente pelos
depoimentos de testemunhas de ouvir dizer. Art. 155 do CPP.
3. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas. Absolvição com apoio no art. 386, VII,
do CPP.
4. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002722-87.2017.8.10.0056


APELANTE: RAIMUNDO NONATO PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES
E ESCALADA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RELEV NCIA DA PALAVRA DA
VÍTIMA E DO TESTEMUNHO DOS POLICIAIS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFIC NCIA. NÃO
INCIDÊNCIA. VALORAÇÃO DE UMA DAS QUALIFICADORAS COMO CIRCUNST NCIA
JUDICIAL. POSSIBILIDADE. REDIMENSIONAMENTO DA PENA-BASE. MANUTENÇÃO
DA SUBSTITUIÇÃO POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS.

110 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I. O depoimento da vítima, corroborado com o testemunho dos policiais e outros meios de
prova, deve ser considerado elemento hábil para fundamentar a condenação de delitos
cometidos na clandestinidade, a exemplo do furto, assumindo especial relevância para
comprovar a ação criminosa, mormente se a narrativa é coerente e plausível.
II. O furto duplamente qualificado, praticado mediante conduta ofensiva do agente que atua
em continuidade delitiva, é incompatível com a aplicação do princípio da insignificância.
III. Reconhecida a incidência de duas qualificadoras, uma delas poderá ser utilizada
para tipificar a conduta como furto qualificado, promovendo a alteração do quantum de
pena abstratamente previsto, sendo a outra valorada na primeira fase do critério trifásico.
Precedentes.
IV. Correto o reconhecimento do concurso de pessoas quando robustecido pelo relato dos
policiais e da própria vítima, aliado à própria subtração operada com transposição de muro
de aproximadamente cinco metros, cujos objetos somente poderiam ser transportados por
ação de mais de uma pessoa.
V. Excepcionalmente, quando presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada
de forma inconteste, é possível reconhecer o suprimento da prova pericial. Precedente do
STJ.
VI. Excessivo o incremento da pena-base em nove meses por uma única circunstância
desabonadora, é cabível a sua redução para 1/6, com a reformulação da sanção na primeira
etapa dosimetrica, mantida a substituição por duas restritivas de direitos ao final do cálculo.
VII. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001038-79.2015.8.10.0127


APELANTE: FRANCISCO NETO ALVES FEITOSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. FURTO QUALIFICADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS. CONHECIMENTO PARCIAL DAAPELAÇÃO. AUSÊNCIA
DE INTERESSE. DECOTE DE QUALIFICADORA QUE NÃO CONSTA NA SENTENÇA
CONDENATÓRIA. RECONHECIMENTO DAS ATENUANTES. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231 DO STJ. CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM
RESTRITIVA DE DIREITO. INVIABILIDADE. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
DO ART. 44, I, DO CP. VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA CONFIGURADAS. APELAÇÃO
PARCIALMENTE CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Preliminarmente, conhecimento parcial da apelação no que diz respeito ao pleito de
decote da qualificadora de arma branca, por ausência de interesse recursal, uma vez que
a sentença condenatória não aplicou referida qualificadora, inviabilizando seu afastamento.
2. No mérito, demonstradas a materialidade e a autoria delitiva e, por conseguinte, a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 111


elementar do crime de violência e grave ameaça.
3. Impossibilidade de diminuição da pena aquém do mínimo, em obediência ao que dispõe a
Súmula 231 do STJ:“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução
da pena abaixo do mínimo legal”.
4. Acertada a aplicação da pena privativa de liberdade, porquanto o quantum da pena é
superior a 04 (quatro) anos e presentes violência e grave ameaça, elementos que impedem
a conversão para restritiva de direito, à luz do previsto no art. 44, I, do CP.
5. Apelação parcialmente conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813434-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: CARLOS VINÍCIUS CASSIANO RODRIGUES
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DE ACORDO COM AS
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS.
IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta inexistência dos requisitos legais,
quando o decreto segregatório se encontra devidamente lastreado em particularidades do
caso concreto.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes e primariedade, por
si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, tampouco autorizar a
aplicação de medidas cautelares diversas, quando presentes os requisitos autorizadores
do encarceramento. Precedentes.
III. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000578-27.2017.8.10.0029


APELANTE: LEONARDO DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO DURANTE REPOUSO NOTURNO (ART.
155, §1 DO CÓDIGO PENAL). DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
MAUS ANTECEDENTES. FEITOS EM CURSO. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA N.º 444/STJ. APELAÇÃO CRIMINAL PROVIDA.
I - Se não há condenação com trânsito em julgado por fato anterior ao crime imputado,
impõe-se o afastamento de valoração negativa referente aos antecedentes, conforme o
Enunciado da Súmula 444 do STJ.
II - Na hipótese, a sentença do crime apurado foi prolatada antes da data do trânsito em

112 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


julgado da condenação definitiva por delito anterior, sopesada pelo juízo a quo a título de
maus antecedentes;
III – Apelação Criminal provida para, excluída a vetorial dos maus antecedentes da pena-
base, fixar a pena definitiva em 1 (um) ano, 4 (quatro) meses, 19 (dezenove) dias de reclusão
e 14 (quatorze) dias-multa.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013890-23.2018.8.10.0001


APELANTE: JEYBSON DE ABREU OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO.
ATIPICIDADE PELA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. REINCIDENTE.
REJEIÇÃO. FURTO FAMÉLICO. ESTADO DE NECESSIDADE NÃO DEMONSTRADO.
REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA SEMIABERTO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. RECURSO
DESPROVIDO.
I – O princípio da insignificância ou bagatela é afastado quando o réu é reincidente, conforme
orientação dos Tribunais Superiores. In casu, a habitualidade do apelante na prática de
crimes, que demonstra maior reprovabilidade da sua conduta, é apta a afastar a aplicação
do referido princípio e demonstrar a necessidade da sanção penal.
II – A excludente de ilicitude em razão do estado de necessidade só pode ser reconhecida
quando o delito é praticado com o intuito de abrandar sua fome, ou de sua família. Não é
essa a hipótese dos autos.
III – Nos termos do art. 33, §2° do Código Penal a reincidência, além de agravante, é requisito
para fixação do regime inicial de cumprimento de pena, portanto, correto o estabelecimento
do regime semiaberto para o início de cumprimento da pena estabelecida em patamar
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão.
IV – Apelação Criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002056-86.2019.8.10.0001


APELANTE: MARCUS VINÍCIUS ARAÚJO MACHADO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. FURTO QUALIFICADO.AUTORIAE MATERIALIDADE DEMONSTRADAS.
SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. CORRUPÇÃO DE MENORES. CRIME FORMAL QUE EXIGE APENAS
A PARTICIPAÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS. CRITÉRIO BIOLÓGICO OBJETIVO E
ABSOLUTO. FALSA IDENTIDADE. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE DE CONFISSÃO PARA
REDUZIR A PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 113


Nº 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PLEITO DE ISENÇÃO DAS CUSTAS
PROCESSUAIS. DECORRÊNCIA DE LEI. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARA DE
EXECUÇÕES PENAIS.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam as provas produzidas sob o crivo do contraditório,
mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II - Para a configuração do crime de corrupção de menores, exige-se tão somente a prática
de delito na companhia de menor de 18 anos, não importando as demais circunstâncias do
crime. A legislação brasileira adotou o critério biológico de idade, não se perquirindo acerca
do psicológico do menor, havendo presunção absoluta para todos os fins.
III – É pacífico na jurisprudência pátria o entendimento de que não é possível que o
reconhecimento da atenuante conduza a pena a patamar abaixo do mínimo legal, na forma
prevista na Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça e no Tema 158 do Supremo Tribunal
Federal.
IV - A condenação ao pagamento das custas processuais é uma consequência lógica do
édito condenatório, conforme previsto art. 804 do Código de Processo Penal e, eventual
pedido de isenção deve ser analisado pelo Juízo da Execução Penal.
V – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001440-27.2019.8.10.0029
APELANTE: ANTÔNIO CAMPOS DE SOUSA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. FURTO. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. PERTENCES DA VÍTIMA APREENDIDOS JUNTO
AO ACUSADO. DEPOIMENTO DOS POLICIAIS. PROVA IDÔNEA. APELO DESPROVIDO.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
Juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II - A apreensão dos bens subtraídos com o apelante, reforça a tese de autoria do crime.
III - O depoimento dos policiais, colhido a observância do contraditório e da ampla defesa,
consubstancia-se prova idônea, apta a embasar a condenação do réu, especialmente
quando inexiste dúvida acerca da imparcialidade dos agentes. É a hipótese dos autos.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814398-94.2022.8.10.0000


PACIENTE: SUELITON RODRIGUES SILVA, DEFENSORIA PUBLICA- MA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DA 1o VARA DA COMARCA DE SANTA HELENA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

114 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO.
SENTENÇA CONDENATÓRIA. NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE.
ALEGADA INCOMPATIBILIDADE COM O REGIME PRISIONAL SEMIABERTO. NÃO
OCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA MANUTENÇÃO DO ERGÁSTULO.
ORDEM CONHECIDA E DENEGADA. PRESO RECLUSO EM ESTABELECIMENTO
PRISIONAL EXCLUSIVO PARA CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME FECHADO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. POSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO, DE
OFÍCIO, DE PRISÃO DOMICILIAR COM MONITORAÇÃO ELETRÔNICA.
I. A prisão preventiva é cabível mediante decisão fundamentada em dados concretos,
quando evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a necessidade da
medida extrema, nos termos dos arts. 312, 313 e 315, do Código de Processo Penal, como
ocorre no caso em apreço.
II. Admite-se a manutenção do ergástulo cautelar na sentença condenatória que tenha
fixado o regime prisional semiaberto para o início do cumprimento da pena, devendo a
prisão ser compatibilizada ao regime imposto, sob pena de tornar mais gravosa a situação
daquele que opta por recorrer do decisum. Precedentes.
III. Constatado que o paciente encontra-se recolhido em unidade prisional que comporta
apenas o regime fechado, torna-se evidente o constrangimento ilegal de que padece.
IV. Em circunstâncias tais, permite-se a concessão de prisão domiciliar com monitoração
eletrônica ao sentenciado, sendo esta a hipótese que melhor se adequa ao caso concreto,
dentre as opções dispostas no julgamento do REsp. 641.320/RS, que deu origem à Súmula
Vinculante nº 56 do STF.
V. Habeas Corpus conhecido e denegado, porém, concedida a ordem de ofício, de modo
a substituir a prisão preventiva do paciente por prisão domiciliar, com monitoramento
eletrônico, caso a unidade prisional onde o apenado se encontra não seja adequada para
o regime semi-aberto.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004231-53.2019.8.10.0001


VÍTIMA: DINALVA DE NAZARÉ SILVA PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO
QUALIFICADO EM CONTINUIDADE DELITIVA. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO
CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. TESE ACOLHIDA. APELAÇÃO CONHECIDA E
PROVIDA.
1. O fato do crime ter sido praticado à luz do dia e em região de grande movimento de comércio
não configura, por si só, motivo suficiente para valorar negativamente as circunstâncias do
crime.
2. Apelo conhecido e provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 115


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815013-84.2022.8.10.0000
PACIENTE: MARINALDO DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 1o VARA DA COMARCA DE SANTA HELENA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS.
SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA PENAL. EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA.
PERDA DO OBJETO. WRIT PREJUDICADO.
I. Cessado o alegado constrangimento ilegal devido à prolação de sentença que declarou
extinta a punibilidade do paciente em relação aos delitos inseridos no art. 288 do CP e 244-
B do ECA, com fundamento no art. 107, IV e 109 do CP, bem como julgou improcedente a
denúncia para absolvê-lo do crime tipificado no art. 155, §4º do CP, ordenando a expedição
de alvará de soltura, resta prejudicada a análise do presente remédio constitucional, nos
termos do art. 659 do Código de Processo Penal e 428 do RITJMA, em razão da perda
superveniente do objeto.
II. Habeas Corpus prejudicado.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000687-52.2019.8.10.0035


APELANTE: DAVID DA COSTA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. FURTO QUALIFICADO.
ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. CONCURSO DE AGENTES. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS VALORADAS EQUIVOCADAMENTE. EXASPERAÇÃO DA PENA BASE.
CONDUTA SOCIAL. USUÁRIO DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
ANTECEDENTES CRIMINAIS. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÕES CRIMINAIS COM
TRÂNSITO EM JULGADO. SÚMULA 444 DO STJ. REDUÇÃO DA PENA BASE.
VIABILIDADE. REGIME INICIAL ABERTO E SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. POSSIBILIDADE. DISPOSIÇÃO DOS
ARTS. 33, § 2º, ALÍNEA “C” E 44 DO CP. REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA. DIREITO DE
RECORRER EM LIBERDADE. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DE BASE PARA APRECIAR O PEDIDO. APELANTE POSTO EM LIBERDADE DURANTE
A TRAMITAÇÃO DO RECURSO. PEDIDO PREJUDICADO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
I. A simples constatação durante a instrução criminal, da condição de usuário de drogas/
dependente químico do réu, não pode, por si só, ser usada para valorar negativamente sua
conduta social durante a dosimetria da pena, por não constituir fundamentação idônea.
II. É incabível a consideração de ações penais em andamento para valoração negativa

116 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da circunstância judicial dos antecedentes na primeira fase da dosimetria, segundo
entendimento consolidado através da Súmula 444 do STJ.
III. A decisão do juízo de base possui fundamentação tecnicamente correta, porém leva em
consideração as mesmas circunstâncias valoradas negativamente pala exasperação da
pena base. Afastadas as circunstâncias judiciais negativadas, tem-se que o regime aberto
é o mais adequado para o caso em questão, nos termos do art. 33, § 2º, alínea c do Código
Penal.
IV. Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal, o apelante faz jus à substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
V. O recurso de apelação não é a via adequada para pleitear o direito de recorrer em
liberdade, o qual deve ser encaminhado e apreciado pelo juízo de base.
VI. Tendo o apelante sido posto em liberdade durante a tramitação do recurso, encontra-se
prejudicado o pedido de revogação da prisão preventiva.
VII. Recurso conhecido e parcialmente provido para afastar as circunstâncias judiciais
valoradas em desfavor do apelante, com a consequente diminuição da pena base para
o mínimo legal; fixar o regime aberto para início de cumprimento da pena e determinar a
substituição da pena privativa de liberdade por duas sanções restritivas de direitos, a serem
estabelecidas pelo juiz da execução.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000607-87.2015.8.10.0113


APELANTE: EDIVALDO SILVA ROCHA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO
SIMPLES (ART. 155, §1º, CP). PRESCRIÇÃO RETROATIVA. OCORRÊNCIA. PRAZO
PRESCRICIONAL OCORRIDO ENTRE A DATA DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
E A DATA DA PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE. FURTO QUALIFICADO (ART. 155, §4º, I E II, CP). PRIVILÉGIO
RECONHECIDO. ALTERAÇÃO DA PENA E READEQUAÇÃO DO REGIMENTO INICIAL
DE CUMPRIMENTO DA PENA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DA APELAÇÃO.
1. Transcorrido o prazo prescricional dentro do curso processual, especificamente entre a
data do recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença penal condenatória,
forçoso é reconhecer a ocorrência da prescrição em sua modalidade retroativa, que enseja
a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, inciso IV, do Código Penal.
2. Nos termos do Enunciado 511 da Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da
tese fixada em julgamento de recurso repetitivo [Tema 561] pelo Tribunal da Cidadania,
a conciliação do privilégio com a modalidade qualificada do furto depende de 3 (três)
requisitos: a) primariedade do agente; b) pequeno valor da coisa; c) qualificadora de ordem

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 117


objetiva.
3. As qualificadoras versadas nos incisos I (destruição ou rompimento de obstáculo) e II
(escalda) do § 4º do art. 155 são de natureza objetiva, pois relacionadas com o meio e o
modo de execução do crime.
4. Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores considera-se de pequeno valor o
bem avaliado em valor inferior ao do salário-mínimo vigente ao tempo do fato.
4. Primário é todo aquele que não é reincidente, portanto, o fato de o réu ostentar
antecedentes não interfere no reconhecimento do benefício legal.
4. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000959-39.2017.8.10.0060


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: GEOVANE DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO TENTADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA.
INAPLICABILIDADE. MAUS ANTECEDENTES. REINCIDENTE. PRECEDENTES
STF E STJ. APELO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. RECONHECIMENTO DA
PRESCRIÇÃO EM FACE DA PENA APLICADA.
I. Não se admite a incidência do princípio da insignificância em caso de reincidência e maus
antecedentes. Precedentes.
II. A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada insignificante
quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à época
dos fatos.
III. Comprovada a materialidade e a autoria do delito de furto, na forma tentada, impõe-se
a condenação, devendo a dosimetria da pena atender aos critérios legais firmados pelo art.
68 do Código Penal. Fixada a sanção há que se observar se entre os marcos temporais
legais transcorreu tempo suficiente para reconhecimento da prescrição.
IV. Apelo conhecido e provido para o fim de condenar o recorrido pelo delito previsto no
art. 155, caput c/c art. 14, inciso II, todos do Código Penal, reconhecendo, desde logo, a
extinção da punibilidade pela prescrição.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800658-56.2021.8.10.0048


APELANTE: RAIMUNDO NONATO CORREA DE ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO.
118 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
DOSIMETRIA. MAUS ANTECEDENTES. PLURALIDADE DE CONDENAÇÕES A SEREM
SOPESADAS NA FIXAÇÃO DA PENA-BASE. MULTIRREINCIDÊNCIA. VALORAÇÃO NA
SEGUNDA FASE. AGRAVANTE. POSSIBILIDADE DE AUMENTO MAIS EXPRESSIVO.
ATENUANTE RECONHECIDA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO ATENUANTE E
AGRAVANTE. PREPONDERÂNCIA DA REINCIDÊNCIA. OFENSA À SUM. 241 STJ. NÃO
CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.
1.Com efeito, restou demonstrado que o apelante possui mais de uma condenação transitada
em julgado, logo a sentença guerreada não incorreu em bis in idem ao decidir pela valoração
negativa da circunstância judicial referente aos maus antecedentes na primeira fase da
dosimetria da pena, aplicando também a agravante de reincidência na segunda fase.
2. Verifica-se o que a magistrada de base, ao reconhecer a existência de condenações
transitadas em julgado, valorou uma como circunstância judicial negativa, na espécie maus
antecedentes e a outra como agravante na segunda fase. E, diante da multirreincidência do
apelante deixou de compensar a atenuante de confissão espontânea com a reincidência,
pela preponderância desta última.
3.A multirreincidência revela maior necessidade de repressão e rigor penal, a prevalecer
sobre a atenuante da confissão, sendo vedada a compensação integral.
4. Recurso conhecido e não provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801348-12.2021.8.10.0040


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: WEDEN PEREIRA LIMA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. FURTO. CORRUPÇÃO
DE MENORES. PROVAS SUFIENCENTES DE MATERIALIDADE E AUTORIA.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS DO DOLO ESPECÍFICO. PRINCÍPIO DO IN
DUBIO PRO REO. APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Não há nos autos prova cabal de que o apelado tivesse a intenção de concorrer para
a subtração da motocicleta da vítima, pois não restou comprovada a efetiva existência do
dolo específico exigido pelo tipo penal, qual seja, o animus furandi.
2. Sendo ônus da acusação provar os fatos narrados na denúncia, inexistindo provas nos
autos que apontem, com inegável segurança, a autoria delitiva, impõe-se manter a decisão
absolutória firmada com fundamento no princípio do in dubio pro reo.
3. Recurso conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812744-72.2022.8.10.0000


PACIENTE: ADALBERTO SILVA ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 119


IMPETRADO: JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SÃO JOÃO BATISTA DO
ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO.
REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO COMPROVADOS.
RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA NÃO VERIFICADO. CRIME PRATICADO
SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. PACIENTE PRIMÁRIO E SEM AÇÕES PENAIS
EM CURSO. PACIENTE RENDIDO PELA PRÓPRIA VÍTIMA APÓS O CRIME. AUSÊNCIA
DE PERICULOSIDADE DO AGENTE. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente cometeu crime sem violência ou grave ameaça, não
possui condenações ou ações penais em curso contra si e foi capturado pela própria vítima
do crime de furto, o que demonstra a ausência de periculosidade do agente.
III – Ausente o periculum libertatis, resta prejudicado um dos requisitos para a decretação
da prisão preventiva.
IV - Habeas Corpus conhecido para conceder a ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001240-87.2020.8.10.0060


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: RONALDO OLIVEIRA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR. DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 155, §4º,
I e II, DO CP. FURTO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO DO RECORRIDO. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. MODIFICAÇÃO DA PENA. CONDENAÇÃO DO APELADO.
VIABILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DA
APELAÇÃO.
1. O princípio da insignificância tem como escopo afastar a repressão e o jus puniendi,
advenientes da aplicação da norma penal, no que tange às condutas, cujo dano e a
lesividade concretas sejam ínfimas. Nesse contexto, gize-se que o princípio sob exame
afasta a tipicidade material, expungindo qualquer atuação do aparelho criminal do Estado;
2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal definiu, como requisitos básicos para
a aplicabilidade concreta do princípio da insignificância: I) a mínima ofensividade; II) a
inexistência
de periculosidade social; III) o ínfimo grau de reprovabilidade da conduta; IV) inexpressividade
da lesão jurídica provocada;

120 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


3. A mera reiteração delitiva já impede o reconhecimento dos requisitos da mínima
ofensividade da conduta e da inexistência de periculosidade social da ação, devendo o ato
ser reprimido pelo Estado, a fim de que o agente não se estimule a cometer novos ilícitos e
que não utilize desvios de conduta como meio de vida;
4. Ademais, não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância quando o valor
da res furtiva ultrapassar o montante de 10% (dez por cento) do salário-mínimo vigente à
época do fato, sobretudo quando evidenciada reiteração delitiva.
5. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000703-52.2017.8.10.0107


APELANTE: WOLIVER RIBEIRO DE SOUZA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE FURTO. PENA
BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DE CONFISSÃO
NÃO PODE REDUZIR A PENA BASE AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. APLICABILIDADE DA
SÚMULA 231, STJ.
I. A atenuante genérica da confissão, prevista no Art. 65, III, d, do CP, não pode ser utilizada
para diminuir a pena já fixada no mínimo legal.
II. O magistrado possui certa liberdade na fixação da pena, contudo deve observar os limites
mínimos e máximos previstos na lei ao realizar a dosimetria da pena, até a sua segunda
fase.
III. Entendimento pacífico na jurisprudência, da aplicabilidade da Súmula 231/STJ
IV. Apelação desprovida”.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013072-08.2017.8.10.0001


APELANTE: FLÁVIO ROGÉRIO CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO SIMPLES. MATERIALIDADE
E AUTORIA. RECURSO REFERENTE À DOSIMETRIA DA PENA E REGIME DE
CUMPRIMENTO. PENA MÍNIMA APLICADA. REINCIDÊNCIA GENÉRICA. REGIME
INICIAL SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. SUBSTITUIÇÃO POR PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS. RÉU REINCIDENTE EM CRIME DOLOSO. HIPÓTESE QUE INVIABILIZA A
SUBSTITUIÇÃO DA PENA.
1. Sendo o réu reincidente, mesmo que a condenação seja inferior a 4 (quatro) anos de
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 121
reclusão, admite-se a fixação do regime intermediário, conforme Súmula 269 do STJ.
2. O entendimento firmado pela Terceira Seção do STJ no AgRg no AREsp 1716664/SP
vedou a substituição da pena privativa de liberdade em caso de reincidência do réu na
prática de crimes idênticos, e, ainda, quando a medida não for socialmente recomendável.
(artigo 44, parágrafo 3º, do Código Penal).
3. Impossibilidade de substituição da pena nos casos de reincidência genérica em crimes
dolosos (artigo 44, II do Código Penal), hipótese dos autos.
4. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008339-62.2018.8.10.0001


1o APELANTE: RAFAEL CARVALHO BOAES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
2o APELANTE: THYERRYSON MAGNO LOPES SODRE
3o APELANTE: DENER BRIAN MONTEIRO SANTOS
4o APELANTE THIAGO NOGUEIRA SOUSA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. FURTO MAJORADO
EM CONCURSO FORMAL. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECONHECIMENTO DO RÉU PELA
VÍTIMA. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. VIABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE
DE UTILIZAÇÃO DE AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO PARA AGRAVAR A PENA-
BASE. CONSEQUÊNCIAS INERENTES AO TIPO PENAL. APELO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada nos arts. 157, §2°, II e V, e §2°-A,
I e art. 157, §2°, II e V, e §2°-A, I c/c art. 14, II, todos do Código Penal, em especial pelos
depoimentos das vítimas e corréu.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Redimensionamento da dosimetria, uma vez que a Súmula 444 do STJ dispõe que: “É
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base”.
4. Impossibilidade de ser valorado nas consequências do roubo a não recuperação da
res furtiva, por ser tal fato inerente aos delitos patrimoniais, não constituindo fundamento
idôneo para exasperação da pena-base.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

122 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002676-97.2008.8.10.0029
APELANTE: RAFAEL NUNES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE PROVAS
SUFICIENTES DO CRIME DE FURTO. ELEMENTOS DE PROVA SUFICIENTES
PARA A COMPROVAÇÃO DA AUTORIA DELITIVA. RECONHECIMENTO DO FURTO
PRIVILEGIADO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE AVALIAÇÃO DO VALOR DOS
BENS SUBTRAÍDOS. APARENTE VALOR SIGNIFICATIVO. REDIMENSIONAMENTO DA
PENA. CULPABILIDADE VALORADA NEGATIVAMENTE DE FORMA CORRETA. GRAU
DE REPROVABILIDADE EXACERBADO CONCRETAMENTE DEMONSTRADO NOS
AUTOS. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA. NECESSIDADE.
CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL, AINDA QUE POSTERIORMENTE RETRATADA,
UTILIZADA PARA FUNDAMENTAR A CONDENAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA ESTATAL NA MODALIDADE RETROATIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.
I – A autoria do crime restou devidamente comprovada, tanto pelo depoimento da vítima
em Juízo, que confirmou o reconhecimento extrajudicial do réu como um dos autores da
infração penal, como pela confissão do réu na Delegacia de Polícia. Portanto, considerando
que a autoria delitiva não fora embasada, unicamente, no reconhecimento feito no inquérito
policial, verifica-se a existência de provas suficientes para a condenação do apelante,
conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
II – No caso em tela, não fora produzido laudo de avaliação dos bens efetivamente subtraídos
pelo apelante, quais sejam, 01 (um) aparelho celular e 01 (uma) máquina fotográfica.
Tal fato, por si só, constitui óbice ao reconhecimento do tipo de furto privilegiado, pois o
preenchimento do segundo requisito mencionado - pequeno valor dos bens subtraídos -
não pode ser presumido. É o que prescreve entendimento do Superior Tribunal de Justiça,
pelo qual é imprescindível a avaliação dos bens para a aferição da incidência, ou não, do
privilégio no caso concreto. Precedentes.
III – Além disso, nota-se que os itens mencionados, aparentemente, têm valor relevante,
o que indica que o parâmetro de 01 (um) salário mínimo utilizado pela jurisprudência para
considerar o bem como de pequeno valor teria sido ultrapassado.
IV – No que tange à primeira fase da dosimetria, o apelante se insurge contra a valoração
negativa da circunstância judicial da culpabilidade. No entanto, restou comprovado que
o réu, além de ter arrombado o veículo e o imóvel da vítima, subtraiu vários objetos
eletrônicos enquanto transitava pelos cômodos da casa, inclusive, o quarto da filha da
vítima. Ato contínuo, consumiu alimentos na cozinha antes de invadir o quarto da vítima e,
ao assustá-la, fugiu do local. Vejo que, pela acintosa ousadia da sua conduta, o acusado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 123


merece elevada censura e é essa a razão pela qual considero devidamente justificada a
valoração negativa da circunstância judicial pelo Juízo sentenciante.
V – Quanto à atenuante da confissão espontânea, constata-se que o Juízo sentenciante
absteve-se de aplicá-la sob o argumento de que o ato de confessar deveria ter ocorrido
na seara judicial. Contudo, consta nos autos que o apelante confessara a prática delituosa
no interrogatório feito na Delegacia e que tal confissão servira de fundamento para a
sentença condenatória. Dessa forma, deve incidir, na hipótese, a atenuante da confissão
espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal, pois tal aplicação
independe do fato de a confissão ter sido integral, parcial, qualificada, meramente voluntária,
condicionada, extrajudicial ou posteriormente retratada, especialmente, quando utilizada
para fundamentar condenação, como no presente caso. Precedentes.
VI – Aplicada a mencionada atenuante no patamar de 1/6 (um sexto) sobre a pena-base,
segundo entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Justiça, a pena definitiva passa de 4 (quatro) anos e 4 (quatro) meses de reclusão para 3
(três) anos, 7 (sete) meses e 10 (dez) dias de reclusão. Ressalte-se ainda que a prescrição,
depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, regula-se pela
pena aplicada, conforme insculpido no artigo 110, §1º, do Código Penal.
VII – Visto que entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória
transcorreu prazo superior a 8 (oito) anos, previsto no artigo 109, inciso IV, do Código
Penal, impõe-se o reconhecimento, de ofício, da prescrição da pretensão punitiva estatal,
na modalidade retroativa, e, consequentemente, a extinção da punibilidade do apelante,
segundo o artigo 107, IV, do Código de Processo Penal.
VIII – Provimento parcial.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0803153-54.2021.8.10.0022


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: EDVALDO MARTINS SAMPAIO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. FURTO. SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. PLEITO DE REFORMA PARA
CONDENAR. VIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO APTO A COMPROVAR A
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA. APELO PROVIDO.
1. Havendo provas suficientes da autoria e materialidade delitiva do crime imputado ao
apelado, sua condenação é medida que se impõe.
2. As contradições identificadas nos depoimentos prestados nas fases inquisitorial e judicial,
de uma única testemunha, não afastam a autoria e materialidade delitiva, sobretudo quando
tem-se relevante suspeita de que a mudança da versão dos fatos tenha se dado por ameaça
do apelado em desfavor da testemunha.
3. Os depoimentos prestados pelos policiais perante a autoridade judicial, harmônicos com

124 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


aqueles prestados na fase inquisitorial, somados às demais provas coligidas nos autos, são
suficientes à comprovação da autoria delitiva e, portanto, aptos a embasar a condenação
do apelado
4. Recurso conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008693-24.2017.8.10.0001


APELANTE: LUCIANA GASPAR FERREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO
EM CONTINUIDADE DELITIVA E EM CONCURSO MATERIAL COM CRIME DE
FALSA IDENTIDADE. REDIMENSIONAMENTO DA PENA-BASE. AFASTAMENTO
DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE FURTO. NÃO RECUPERAÇÃO DA RES
FURTIVA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. VALORAÇÃO NEUTRA
DA CULPABILIDADE E CONSEQUÊNCIAS NO CRIME DE FALSA IDENTIDADE.
NECESSIDADE. INERENTE AO TIPO PENAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS.
DECOTE DE INDENIZAÇÃO FIXADA A TÍTULO DE REPARAÇÃO PELOS DANOS
MORAIS CAUSADOS ÀS VÍTIMAS. VIABILIDADE. CONHECIMENTO E PROVIMENTO
DA APELAÇÃO.
1. A não recuperação dos bens subtraídos constitui fator comum aos delitos patrimoniais,
não se mostrando válido à exasperação da pena-base a título de consequências do delito.
2. Culpabilidade do crime de falsa identidade, consubstanciada em ter ludibriado a justiça
com nome falso, também é fator que é próprio do tipo penal, não podendo ser valorada
negativamente.
3. Consequências patrimoniais do delito de falsa identidade que não restaram demonstradas
e nem fundamentadas, merecendo que seja aplicada pena-base no mínimo legal.
4. Deve ser decotada a indenização fixada na origem se não foram produzidas provas
acerca dos danos morais sofridos pela vítima.
5. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001648-54.2015.8.10.0060


APELANTE: ELSON DE ARAÚJO SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TENTATIVA DE
FURTO QUALIFICADO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA.
RECONHECIMENTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO APELANTE. APELO
CONHECIDO E PROVIDO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 125


1. Apelante condenado à pena definitiva de 08 (oito) meses e 04 (quatro) dias de reclusão,
já tendo decorrido mais de três anos entre o recebimento da denúncia (30/07/2015) e a
publicação da sentença (29/07/2020).
2. Decorrido o lapso temporal para que o Estado exerça o jus puniendi, forçosa é a declaração
da extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva, consoante
previsão legal do art. 109, VI, do CP.
3. Para fim de identificação da contagem entre os marcos interruptivos, não havendo nos
autos qualquer menção à data da publicação da sentença, deve esta ser reputada publicada
na data do primeiro ato subsequente que revele sua publicidade (STJ - RHC 28.822/AL).
4. Recurso conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0846599-73.2021.8.10.0001


APELANTE: EDVALDO PEREIRA SOARES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRAO PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
DEMONSTRADAS. DEPOIMENTO DA VÍTIMA. DEPOIMENTO DE POLICIAL MILITAR.
EFICÁCIA PROBATÓRIA. REPRIMENDA. FRAÇÃO DE AUMENTO DA AGRAVANTE
DA REINCIDÊNCIA. MANUTENÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/3. DUAS REINCIDÊNCIAS
ESPECÍFICAS. REGIME INICIAL FECHADO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO
E DESPROVIDO.
1. Havendo prova da autoria e materialidade do crime de roubo imputado ao réu, deve ser
mantida a sua condenação como incurso nas sanções do artigo 155, §, II e IV, do Código
Penal, sendo inviável o pretendido pleito absolutório.
2. O art. 61 do Código Penal não estipula limite mínimo ou máximo para o aumento das
agravantes, na segunda etapa da dosimetria, razão pela qual o Magistrado deve, em
cada caso, fixar discricionariamente o aumento -Consoante jurisprudência do C. Superior
Tribunal de Justiça, a reincidência específica/multirreincidência do agente pode ensejar
aumento, no segundo estágio da dosimetria, na fração de 1/3 (um terço). (TJ-MG - APR:
10106170046424001 Cambuí, Relator: Wanderley Paiva, Data de Julgamento: 20/10/2020,
Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 28/10/2020) (grifos
nossos).
3. Réu reincidente deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, em conformidade
com a remansosa jurisprudência pátria, com fim de conter a reiteração delitiva.
4.Apelo parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0008339-62.2018.8.10.0001

126 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMBARGANTES: THYERRYSON MAGNO LOPES SODRÉ, DENER BRIAN MONTEIRO
SANTOS, THIAGO NOGUEIRA SOUSA, RAFAEL CARVALHO BOAES
EMBARGADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NAAPELAÇÃO.
FURTO MAJORADO EM CONCURSO FORMAL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
à constatação da materialidade delitiva através das provas carreadas nos autos, não
havendo o que falar em omissão ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. No sistema jurídico-penal brasileiro vigora o princípio do ´livre convencimento motivado´
do julgador, podendo este subsidiar decisão condenatória apenas nos depoimentos das
vítimas e testemunhas (STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 127.089/MG, Rel. Ministro
Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020).
5. Embargos de declaração rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013433-54.2019.8.10.0001


APELANTE: ROBERT LUCAS COQUEIRO SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA,
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE FURTO
QUALIFICADO COM EMPREGO DE CHAVE FALSA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
VALIDADE DO DEPOIMENTO DA AUTORIDADE POLICIAL. AFASTAMENTO DA
QUALIFICADORA DE CHAVE FALSA. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE
DO EXAME PERICIAL. ALTERAÇÃO DA FRAÇÃO APLICADA NA TENTATIVA. NÃO
CABIMENTO. ITER CRIMINS COMPLETAMENTE PERCORRIDO. APELO CONHECIDO
E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova, mormente pela prova oral colhida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 127


2. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
3. Necessidade de afastamento da qualificadora do emprego de chave falsa, uma vez que
é imprescindível a realização da perícia quando o objeto é apreendido. Precedentes.
4. No que concerne à quantidade de redução em face da tentativa, é sabido que a fração
aplicada deverá levar em conta o iter criminis percorrido. No caso, tendo o réu chegado
perto de consumar o delito, correta a diminuição da pena no mínimo legal.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0021265-46.2016.8.10.0001


APELANTE: ADENILSON SANTOS COELHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, ALDO DOS
SANTOS MARTINS CHAVES
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. QUALIFICADORAS
UTILIZADAS, SIMULTANEAMENTE, COMO CAUSAS DE AUMENTO. BIS IN IDEM.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. APELO PROVIDO.
I - Vedada, sob pena de bis in idem, a utilização das mesmas circunstâncias, simultaneamente,
como qualificadores do crime e causas de aumento de pena.
II - É possível que, reconhecida mais de uma qualificadora, uma delas sirva para qualificar
o crime e a outra como circunstância negativa em categoria jurídico-penal distinta
(circunstância judicial, agravante ou causa de aumento). In casu, todavia, o Juízo de origem
se valeu tanto da destruição de obstáculo quanto do concurso de pessoas para qualificar
o furto, não promovendo qualquer deslocamento de uma dessas circunstâncias para outra
fase da dosimetria, o que impõe o redimensionamento da pena.
III - Apelação conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000733-81.2017.8.10.0109


1o APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL,
2o APELANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS BRASIL
1o APELADO: ANTÔNIO HENRIQUE MARQUES DE SOUSA, FRANCISCO DE JESUS
SILVA, FILIPE SANTOS E SILVA, FRANCISCO DAS CHAGAS BRASIL
2o APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE
PESSOAS, REPOUSO NOTURNO E DELITO DE EXPLOSÃO. RECURSO MINISTERIAL.

128 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A PESSOA.
AFFECTIO SOCIETATIS CRIMINIS, ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS EM RELAÇÃO A SOMENTE DOIS ACUSADOS.
FRAGILIDADE PROBATÓRIA RELACIONADAS AOS DEMAIS RÉUS. IN DUBIO PRO
REO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS DESPROVIDOS.
I. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, para a configuração do delito
de roubo, é necessário que a violência empregada seja direcionada à vítima, sendo certo
que a configuração do referido delito – na hipótese de violência dirigida ao objeto – ocorre
apenas se a violência repercutir na pessoa, impedindo-a de oferecer resistência.
II. Ausente qualquer elemento que possibilite a conclusão de que houve violência ou grave
ameaça, ainda que indireta, à pessoa, não resta tipificado o delito de roubo.
III. Demonstradas a materialidade e autoria dos delitos constantes do art. 155, § 1º e § 4º, I e
IV e 251, § 2º, na forma do art. 70, todos do Código Penal, mediante provas submetidas ao
crivo do contraditório e da ampla defesa, escorreita a desclassificação da conduta imputada
ao acusado para o delito de furto qualificado, pelo concurso de pessoas e repouso noturno
IV. Inexistindo arcabouço probatório com vistas à comprovação do affectio societatis
criminis, da estabilidade e permanência – elementos normativos do tipo penal constante
do art. 2º, § 2º, da Lei nº 12.850/2013 – não há que se falar em caracterização do delito de
organização criminosa.
V. A condenação exige prova beyond a reasonable doubt, de sorte que, inexistente
firme substrato condenatório, impõe-se a observância do princípio in dubio pro reo, com
a consequente manutenção da parte da decisão que absolveu dois dos apelados das
imputações constantes da peça acusatória.
VI. A mera alegação de que o depoimento do réu foi obtido mediante tortura, sem a ratificação
dessa circunstância por qualquer prova concreta, não constitui motivação juridicamente
válida para infirmar o decreto condenatório questionado.
VII. Apelações criminais conhecidas e improvidas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000268-18.2019.8.10.0072


APELANTE: JOSÉ ADRIANO RODRIGUES DE ARAÚJO, JOCIEL DA SILVA NASCIMENTO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. FURTO DE
SEMOVENTE DURANTE O REPOUSO NOTURNO E EM CONCURSO DE PESSOAS.
ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS
VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. VIABILIDADE PARCIAL.
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS PARA CONFIGURAR AS CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS E AGRAVANTES. CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO FURTO NOTURNO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 129


CONFIGURADA. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 155, §1º, §4º, IV, e §6º, do
Código Penal, em especial pelos depoimentos da vítima e das autoridades policiais.
2. “Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema
relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos” (AgRg no AREsp
1078628/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/4/2018, DJe
20/4/2018).
3. Inviável a valoração da culpabilidade da premeditação, por ausência de em elementos
certos e concretos na presente situação; bem como a da circunstância por ter delito sido
praticado por três indivíduos, a fim de não incorrer em bis in idem.
4. Inadequada a aplicação das agravantes do art. 61, II, c, e 61, I, ambas do Código Penal,
porquanto não demonstradas cabalmente a ocorrência.
5. Manutenção da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, uma vez
que para a configuração de que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso
noturno, é irrelevante que tenha ocorrido em estabelecimento comercial ou em via pública,
dado que a lei não faz referência ao local do crime. Precedentes STJ. Causa de aumento
que é compatível com o furto qualificado. Precedentes STF.
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002965-79.2017.8.10.0040


APELANTE: FRANCIMAR SAMPAIO ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE FURTO SIMPLES. INCIDÊNCIA DO
ARTIGO 155 DO CÓDIGO PENAL. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO NA SENTENÇA QUANTO
AO RECONHECIMENTO DE FURTO PRIVILEGIADO. PEDIDO DE TRATAMENTO
AMBULATORIAL. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA CORRETA. DISCRICIONARIEDADE
DO JULGADOR NA APLICAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA. LAUDO PSIQUIÁTRICO
A INDICAR INTERNAÇÃO E RISCO DE AUMENTO DA PERICULOSIDADE SE POSTO EM
LIBERDADE. ALEGAÇÃO DE QUE A INTERNAÇÃO NÃO DEVERIA SER APLICADA DADAA
LEI ANTIMANICOMIAL (ART. 4°, §3°, DA LEI DE N° 10.216/2001). IMPOSSIBILIDADE. A LEI
NÃO PROÍBE INTERNAÇÃO QUANDO HÁ LOCAL APROPRIADO PARA CUMPRIMENTO
DA MEDIDA. AUSÊNCIA DE PROVA A DESQUALIFICAR O LOCAL PARA INTERNAÇÃO.
APELO CONHECIDO E DESPROVIDO NO MÉRITO.
I- Não houve omissão do Juízo de base na análise do crime de furto privilegiado, posto
que as próprias alegações finais da defesa afirmam que se trata de pedido eventual a
ser apreciado, apenas, em caso de condenação, o que não ocorreu neste caso, dada a

130 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


sentença absolutória imprópria.
II- O fato de o crime ser furto simples ou privilegiado não condiciona o julgador a aplicar
a medida de segurança correta, visto que não caberia assistência ambulatorial de forma
automática e que ao julgador cabe definir para o inimputável o melhor tratamento a prevenir
novo cometimento de crime, independente do tipo de pena.
III- A doutrina e a jurisprudência entendem que as peculiaridades do caso concreto é que
determinarão a medida de segurança mais adequada ao agente inimputável, independente
da gravidade do delito. Para tanto, há que considerar a periculosidade do agente, o que não,
necessariamente, guarda relação com a espécie de pena privativa de liberdade (reclusão
ou detenção), e sim, com a análise das condições pessoais, através do laudo pericial.
IV- No caso concreto, o laudo psiquiátrico recomenda a internação e indica aumento da
periculosidade do agente, se não tratado adequadamente, pelo que fica rechaçado o
tratamento ambulatorial.
V- A vedação da Lei Antimanicomial de n° 10.216/2001 se aplica a estabelecimentos sem
assistência integral ao inimputável, o que não ocorre no caso em concreto, pois a internação
foi recomendação médica e a defesa não atestou aos autos qualquer prova a desqualificar
o local da internação.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813639-33.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ MATIAS LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: 2 VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
REITERAÇÃO DELITIVA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA HOMOGENEIDADE. NÃO
CONFIGURADO. MANUTENÇÃO DA PRISÃO EM SENTENÇA CONDENATÓRIA. ORDEM
DENEGADA.
1. A prisão preventiva está fundada em requisito elencado no art. 312 do Código de Processo
Penal, um vez que se encontram presentes elementos concretos que evidenciam risco de
reiteração delitiva, mormente quando se constata que o acusado, responde a outra ação
penal de mesma natureza, justificando, pois, a custódia preventiva.
2. A propósito o Superior Tribunal de Justiça entende que “idônea a decisão da prisão
preventiva fundada no risco de reiteração criminosa extraído da reincidência, dos maus
antecedentes, de inquéritos policiais ou processos penais em curso” (AgRg no HC 688.069/
SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 14/12/2021,
DJe 17/12/2021).
3. Com efeito, não obstante o crime imputado ao paciente seja daqueles cometidos sem
violência ou grave ameaça à pessoa, a sua reiteração em delitos de mesma natureza indica
que sua liberdade oferece risco à ordem pública, uma vez que respondendo a outra ação
penal, na qual respondia em liberdade voltou a praticar o crime de furto.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 131


4. No que tange à alegada ofensa ao princípio da homogeneidade, ao argumento de que
a segregação cautelar é mais grave que futura pena, assento que, tais considerações são
prematuras , visto que somente após o encerramento da instrução processual será possível
ao julgador estabelecer a tipificação e pena adequada ao caso concreto, bem com o seu
regime de cumprimento.
5. Ordem denegada, mantendo a decisão que converteu a prisão em flagrante do paciente
e prisão preventiva.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0014721-56.2015.8.10.0040


APELANTE: ADRIANO SILVA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. CRIME DE FURTO QUALIFICADO. PROVA DA AUTORIA DO CRIME.
QUALIFICADORA DA ESCALADA. AUSÊNCIA DE PROVA PERICIAL. COMPROVAÇÃO
POR OUTROS MEIOS DE PROVA. POSSIBILIDADE.
I. Deve ser mantida a condenação pelo crime de furto quando as provas testemunhais
produzidas em juízo, sob o crivo do contraditório, estão em conformidade com os elementos
colhidos em sede de inquérito policial.
II. Inobstante a não realização de prova pericial, deve ser mantida a qualificadora da escalada
no crime de furto quando existentes, nos autos, elementos de prova que demonstrem que o
réu pulou muro de propriedade privada com o objetivo de furtar fios elétricos e o crime não
deixou vestígios, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
II. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0031256-22.2011.8.10.0001


APELANTE: DEUSIELSON LEITE PEREIRA, TOMAZ MACIEL DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. FURTO QUALIFICADO.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDIMENSIONAMENTO DA
DOSIMETRIA. VIABILIDADE. UTILIZAÇÃO DE CONDENAÇÕES TRANSITADAS
EM JULGADO REFERENTES A FATOS POSTERIORES AOS NARRADOS NA
DENÚNCIA PARA VALORAR NEGATIVAMENTE OS ANTECEDENTES CRIMINAIS
DO RÉU. IMPOSSIBILIDADE. CONSEQUÊNCIAS INERENTES AO TIPO PENAL.
PERSONALIDADE. VALORAÇÃO NEGATIVA. SEM ELEMENTOS CONCRETOS.
INVIABILIDADE. RECUPERAÇÃO DA RES FURTIVA. INERENTE AOS DELITOS
PATRIMONIAIS. MANUTENÇÃO DA MULTA. NON REFORMATIO IN PEJUS. APELO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

132 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


1. Nos termos da jurisprudência pátria, não é possível considerar condenações transitadas em
julgado referentes a fatos posteriores aos narrados na denúncia para valorar negativamente
os antecedentes criminais e a conduta social do réu.
2. Na sentença, foi considerado que o réu teria uma personalidade voltada para a
prática criminosa. No entanto, dada a ausência de elementos concretos para mensurar a
personalidade do apelante, inadequada a ponderação feita pelo juízo de origem, razão pela
qual entendo por inaplicável a circunstância ao caso concreto.
3. A não recuperação da res furtiva é inerente aos delitos patrimoniais, não constituindo
fundamento idôneo para exasperação da pena-base. (STJ - REsp: 1852848 PA
2019/0369034-8, Relator: Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE), Data de Publicação: DJ 05/02/2020).
4. Multa não redimensionada em razão do princípio do non reformatio in pejus.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

3. ESTELIONATO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0829130-77.2022.8.10.0001


APELANTE: DINALVA DE NAZARÉ SILVA PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FALSA IDENTIDADE. CRIME FORMAL.
PRESCINDIBILIDADE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM PRETENDIDA. AUTODEFESA.
NÃO CONFIGURADA. CRIME CONSUMADO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
I - Para a configuração do crime de falsa identidade, exige-se que esteja presente o dolo de
atribuir falsa identidade, com o intuito de obter vantagem ou causar dano a outrem. O crime
do art. 307 do Código Penal é delito formal, não exigindo para sua consumação a efetiva
obtenção da vantagem pretendida.
II - Nos termos da Súmula 522 do Superior Tribunal de Justiça é típica a conduta de
atribuir-se falsa identidade perante a autoridade policial, ainda que em situação de alegada
autodefesa.
III - Recurso conhecido e não provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 133


4. LESÃO CORPORAL / AMEAÇA

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000620-36.2018.8.10.0031


APELANTE: LEONARDO IAGO CELESTINO DE LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA E PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE.
ART. 147 do CP e 65 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS - REDAÇÃO ANTERIOR
À LEI 14.132/21. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. REGULAÇÃO PELA PENA EM
CONCRETO. SÚMULA Nº 146 DO STF. APLICAÇÃO. PERDA DA PRETENSÃO PUNITIVA
ESTATAL. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DA PRESCRIÇÃO.
I. A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação. (Súmula nº 146 do STF).
II. Aplicada ao réu sanção privativa de liberdade de 03 (três) meses de detenção, ante
a imputação da prática das infrações constantes do art. 147 do CP e art. 65 da Lei de
Contravenções Penais (redação anterior à Lei 14.132/21), tem-se a incidência do art. 109,
VI do CP que fixa o prazo de três anos para fins de contagem da prescrição.
III. Transcorrido o lapso temporal de 03 (três) anos entre a publicação da sentença em
secretaria e o acórdão recorrível, impõe-se o reconhecimento da prescrição.
IV. Prescrição reconhecida de ofício.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000049-48.2018.8.10.0069


APELANTE: IVANA MARIA COELHO LOPES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. ART. 129, CAPUT, DO
CP. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PLEITO ABSOLUTÓRIO.
IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Inviável a absolvição da recorrente diante do conjunto probatório constante dos autos,
mormente a palavra da vítima e o laudo de exame de corpo de delito, que demonstram de
forma inequívoca, a prática do crime tipificado no art. 129, caput, do CP.
II. Apelo conhecido e improvido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001519-82.2014.8.10.0028


APELANTE: IRANILDO ITAMAR DOS SANTOS “PAJURACA”
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

134 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNALDO JÚRI. DESCLASSIFICAÇÃO PARALESÃO
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. DOSIMETRIA. CULPABILIDADE, ANTECEDENTES
CRIMINAIS, MOTIVOS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. INIDONEIDADE DA
FUNDAMENTAÇÃO. PENA DEFINITIVA REDIMENSIONADA. RECURSO PROVIDO.
I. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa
a culpabilidade, antecedentes criminais, motivos e consequências do crime, utiliza
fundamentação inidônea.
II. O emprego de termos genéricos para fundamentar o desvalor da culpabilidade, tal como
a plena consciência da ilicitude da conduta, permite afastar a exasperação da pena por
essa circunstância judicial.
III. Conforme jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, é vedado o acolhimento
como antecedentes criminais de fatos posteriores ao delito que se está punindo, ainda que
com condenação transitada em julgado.
IV. A menção de que os motivos do delito não justificam a conduta do acusado, não
caracteriza fundamentação idônea para a exasperação da pena-base ante a valoração
negativa dessa circunstância judicial, que demanda a indicação concreta de uma razão que
ultrapasse à motivação integrante do próprio tipo.
V. Há que se afastar o incremento decorrente das consequências do crime, quando não
justificado concretamente os fatos ensejadores da exasperação da pena-base por tal
circunstância judicial.
VI. Apelação criminal conhecida e provida.

HABEAS CORPUS No 0807833-17.2022.8.10.0000


PACIENTE: ROBISMAR MOREIRA DA SILVA
IMPETRANTES: LUIS BARBOSA ALVES FILHO e ALESSANDRA S VASCONCELOS
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 1a VARA DA COMARCA DE SANTA LUZIA/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: Penal. Processual. Habeas Corpus. Lesão corporal. Prisão preventiva.
Desnecessidade. Verificação. Ilegal constrangimento. Configuração.
I – Se inevidenciados os requisitos da prisão cautelar, a ponto de impedir o réu de recorrer
em liberdade, como que, risco à ordem pública, à instrução criminal e à aplicação da lei
penal, esbarrativo, pois, o manutenir do ergástulo.
Ordem a que se concede, com vistas a que confirmada em definitivo a liminar nesses autos
concedida. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus sob o nº 0807833-
17.2022.8.10.0000, em que figuram como paciente e impetrante os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer ministerial, em
conceder a ordem, nos termos do voto do relator.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 135


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001850-31.2015.8.10.0060
APELANTE: DJENANES DA SILVA SALES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. POSTULADO JURÍDICO DO IN DUBIO PRO REO.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. DOSIMETRIA
DA PENA. FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS VALORADAS CORRETAMENTE. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou a autoria e materialidade do delito, não
merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência de prova, quanto ao delito de
disparo de arma de fogo.
2. A prova oral em harmonia com os demais elementos presentes nos autos, deixam claro que
de fato houve o disparo de arma. Ademais o próprio o laudo de exame químico residuográfico
deixa claro que “ O resultado “NÃO DETECTADO” não significa que o examinado não tenha
efetuado disparo de arma de fogo com produção de tiro. A não detecção de partículas de
chumbo pode ser decorrente da efetiva inexistência das mesmas na amostra analisada ou
ser imposta pelo limite de sensibilidade do teste.”
3. Inviabilidade de fixação da pena no mínimo legal, porquanto presentes circunstâncias
judiciais desfavoráveis. Dosimetria auferida corretamente.
4. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000279-32.2018.8.10.0056


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: CARLOS DE AQUINO MORAES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. AMEAÇA.
PRESCRIÇÃO RETROATIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIDA. ESTUPRO.
ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. TESTEMUNHAS DE OUVIR DIZER.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E IN DUBIO PRO REO. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Considerando que entre a data do recebimento da denúncia (28/11/2018) e publicação
da sentença (02/05/2022), transcorreram mais de 03 (três) anos, razão pela qual imperiosa
a extinção da punibilidade do apelado em relação ao crime de ameaça, pela prescrição da
pretensão punitiva retroativa, nos termos do art. 109, VI, do Código Penal.
2. O conjunto probatório se mostra frágil quanto à materialidade e autoria delitiva, sendo
insuficiente para acolher o pedido condenatório.

136 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


3. Em que pese ter-se ciência do entendimento dos Tribunais Superiores de que o depoimento
da vítima possui valoroso peso probatório, deve ser ponderado que, para resultar na reforma
da sentença e na condenação visada no apelo ministerial, aquele deve se harmonizar com
o restante do conjunto fático-probatório visualizado nos autos, formando robusto elemento
indicativo de autoria delitiva.
4. Sendo ônus da acusação provar os fatos narrados na denúncia e reforçados no apelo,
inexistindo provas nos autos que apontem, com inegável segurança, a autoria delitiva,
impõe-se manter a decisão absolutória firmada.
5. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas.
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

5. TRÁFICO / CONSUMO PESSOAL DE ENTORPECENTES

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800073-90.2021.8.10.0084


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MARCELO DOS SANTOS FONSECA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS.
VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO. PRINCÍPIO PAS DE NULLITÉ SANS
GRIEF. DEPOIMENTO DOS POLICIAIS MILITARES. ADMISSÃO. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. ABSOLVIÇÃO. NÃO CABIMENTO. VALORAÇÃO NEGATIVA
DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. OCORRÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE.
I - O “pas de nullité sans grief”, adotado pela lei processual penal brasileira, é o princípio
segundo o qual não se declara a nulidade de um ato sem que seja provado o prejuízo
causado por ele, o que não aconteceu na hipótese.
II - Não há que se falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos
dos autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas
em juízo, sobretudo por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
III - Os depoimentos das testemunhas, o laudo da droga apreendida e as circunstâncias em
que ocorreu o delito, constituem elementos aptos a demonstrar, de forma inequívoca, que
a conduta do réu se enquadra perfeitamente àquela do crime de tráfico ilícito de drogas,
previsto no art. 33 da Lei n° 11.343/2006.
IV - Na valoração das circunstâncias judiciais, a natureza e a quantidade das drogas
preponderam sobre as demais, devendo ser levadas em conta pelo juízo na exasperação
da pena-base. Na espécie, a ousadia do réu - preso em flagrante quando estava em uma

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 137


festa com tornozeleira eletrônica, a natureza da droga apreendida (crack) justificam maior
reprimenda da conduta.
V - Havendo várias condenações do réu transitadas em julgado, não existe óbice que uma
delas seja avaliada como maus antecedentes penais e outra para fins de reincidência.
VI - Recurso conhecido, provimento parcial.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008742-60.2020.8.10.0001


APELANTE: FERNANDO SILVA SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, IV, DA LEI 11.343/2006. NULIDADE.
FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INOCORRÊNCIA.
FUNDAMENTAÇÃO CONCISA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS.
PROVAS COLHIDAS NO INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO
PROBATÓRIO PRODUZIDO EM JUÍZO. PENA NO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE.
NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA. RÉU REINCIDENTE. APELAÇÃO CONHECIDA
E DESPROVIDA.
1. Sentença condenatória bem fundamentada e em harmonia com o conjunto probatório
produzido no curso da instrução processual.
2. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
3. Os depoimentos dos policiais são considerados absolutamente legítimos quando claros
e coerentes com os fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo
probatório apurado, tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação,
como na presente hipótese.
4. Dosimetria acertada, com a ponderação da quantidade e natureza dos entorpecentes
na primeira fase, à luz do art. 42 da Lei 11.343/2006, porquanto fora apreendido quantia
significativa de 940g de cocaína. Na segunda fase se agravou corretamente a reincidência
do réu, sendo irrelevante que o crime anterior tenha sido de trânsito. Na terceira fase foi
razoavelmente reconhecida a causa de aumento prevista no art. 40, IV, do mesmo diploma
legal, na fração mínima de 1/6.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000020-90.2009.8.10.0108


APELANTE: DALSILENE SALES DOS SANTOS
ADVOGADO: FRANCISCO MUNIZ ALVES - OAB: MA3025-A

138 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. MULTA DO ART. 265, DO CPP, POR ABANDONO DA
CAUSA PELO PATRONO. NÃO APLICAÇÃO. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. ABSOLVIÇÃO RELATIVA À ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. DOSIMETRIA. REDUÇÃO DA PENA BASE. ATENUANTE DE
CONFISSÃO. RECONHECIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DO REDUTOR PREVISTO PARA
A FORMA PRIVILEGIADA.
I. A aplicação sumária da multa prevista no art. 265 do CPP afigura-se prematura diante
da ausência do contraditório e ampla defesa e em face do recente contexto pandêmico
atravessado, razão pela qual o pleito de instauração de processo administrativo voltado
à apuração de eventual infração disciplinar junto à OAB é medida dotada de maior
razoabilidade.
II. Demonstradas a materialidade e autoria do crime de tráfico, merece ser mantida a
respectiva condenação, em especial quando há petrechos indicativos da mercancia e
expressiva quantidade da droga prensada e embalada.
III. A conduta descrita no art. 35 da Lei nº 11.343/06 exige uma associação perene,
organizada e estável para fomentar o tráfico de drogas, e não um simples concurso de
pessoas ou associação passageira e eventual, de modo que a absolvição da recorrente a
esse título é medida de rigor.
IV. Correta a exasperação da pena base acima do mínimo se a quantidade da droga
apreendida recomenda o acréscimo, ex-vi do art. 42 da Lei nº 11.343/2006. Todavia, restando
evidente o excesso no incremento da basilar, mister que se faça a sua readequação.
V. Considerada a confissão da venda ilegal de entorpecentes na fundamentação do édito
condenatório, impõe-se a aplicação da atenuante indicada no art. 65, III, “d”, do Código
Penal. Inteligência das Súmulas 545 e 630, do STJ.
VI. Não se configura o tráfico privilegiado quando a quantidade da droga apreendida (cerca
de oito quilos) e a sua apresentação (prensada em tijolos embalados) revela que a agente
exercia a atividade criminosa com certo animus lucrandi.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0006141-86.2017.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: PATRICK SANTOS BARROS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 139


CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA RELEVANTE NO DEPOIMENTO
PRESTADO PELAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA SUFICIENTE
DA AUTORIA DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS. APLICABILIDADE DO “IN DUBIO
PRO REO”. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – Diante das divergências sobre fatos relevantes entre os depoimentos das testemunhas
de acusação, inexiste prova suficiente para a condenação, especialmente levando em conta
que a informante e o apelado sustentam que as drogas não foram localizadas no interior
da casa.
II – Ressalte-se que compete à acusação provar a ocorrência do fato típico descrito
na denúncia, de modo a comprovar a materialidade e a autoria do delito com base nos
elementos de prova acostados aos autos, tal como prevê o art. 156, “caput”, do Código de
Processo Penal.
III – Nesse aspecto, em razão da ausência de provas judiciais aptas a corroborar a versão
dos fatos contida na inicial acusatória, a confissão extrajudicial do apelado não pode,
isoladamente, embasar eventual condenação, na forma do art. 155, “caput”, do Código de
Processo Penal.
IV – Assim, dada a não comprovação de que os fatos da denúncia tenham, realmente,
ocorrido da forma como foram narrados, resta inviabilizada a condenação do apelado pela
prática do crime a ele imputado, vez que inexiste prova suficiente da autoria do delito,
devendo incidir, na hipótese, o in dubio pro reo.
V – Apelação desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005024-31.2016.8.10.0022


APELANTE: GUILHERME FERNANDES DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. FLAGRANTE PREPARADO. NÃO
OCORRÊNCIA. AÇÃO DELITIVA INICIADA ESPONTANEAMENTE PELOS RÉUS. TRÁFICO
PRIVILEGIADO. NÃO CONFIGURAÇÃO. COMPROVADA DEDICAÇÃO À ATIVIDADE
CRIMINOSA. REDUÇÃO DA PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231 DO STJ. FIXAÇÃO DE REGIME FECHADO EM PENAS ATÉ 08 ANOS.
NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO. POSSIBILIDADE DA INSTÂNCIA REVISORA
REAVALIAR AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME, EM RECURSO DA DEFESA, PARA
MANUTENÇÃO DO REGIME FECHADO, DESDE QUE NÃO IMPLIQUE EM REFORMATIO
IN PEJUS. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. SUBSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
PENA SUPERIOR A 04 ANOS.
I - Não há falar em flagrante preparado quando as provas dos autos demonstram que a
iniciativa da venda de drogas aos policiais à paisana partiu dos próprios réus.
II - Comprovado nos autos que os réus dedicavam-se à atividade criminosa, afasta-se a

140 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


possibilidade de diminuição de pena pelo tráfico privilegiado.
III - Nos termos da Súmula 231 do STJ, o reconhecimento de circunstância atenuante não
pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
IV - A fixação de regime de cumprimento de pena mais gravoso que o previsto na lei exige
fundamentação legal, com base na valoração negativa das circunstâncias judiciais do crime,
o que não foi atendido no caso em espécie.
V - Entretanto, por força do efeito devolutivo da apelação, mesmo em recurso exclusivo da
defesa, pode a instância revisora fazer nova análise das circunstâncias do crime, de modo
a verificar a necessidade de manutenção do regime mais gravoso, desde que isso não
resulte no agravamento da situação do réu ao final.
VI - Apelações conhecidas e desprovidas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000696-96.2019.8.10.0040


APELANTE: AJAKSSON MOREIRA NUNES DE LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA ADEQUADA. PENA BASE NO
MÍNIMO LEGAL. REINCIDÊNCIA. ÓBICE AO REDUTOR PREVISTO PARA A FORMA
PRIVILEGIADA. REGIME INICIAL FECHADO.
I. Demonstradas a materialidade e autoria do crime de tráfico, merece ser mantida a
respectiva condenação, em especial diante da forma de acondicionamento, quantidade
e variedade das substâncias (maconha e “crack”) e a apreensão de dinheiro trocado,
elementos que endossam a prática do comércio ilegal pelo acusado.
II. Correto o incremento de 1/6 na segunda fase da dosimetria da pena na ausência de
confissão do apelante quanto à mercancia dos entorpecentes, impossibilitando hipotética
compensação entre agravante e atenuante. Inteligência da Súmula 630 do STJ.
III. A reincidência do acusado, aliada à quantidade e variedade da droga apreendida, não
se coadunam com a aplicação do redutor previsto no §4º do art. 33 da Lei de Drogas,
nem com a fixação de regime inicial menos gravoso de cumprimento da sanção corpórea.
Precedentes.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000505-90.2020.8.10.0048


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: CLEONILTON TEIXEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 141


REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. PROVA TESTEMUNHAL. DEPOIMENTO DE POLICIAL.
RATIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES PRESTADAS NO INQUÉRITO. POSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.
I - É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos
em ação investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia
com as demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa. Precedentes do STJ.
II - A leitura e a ratificação judicial de depoimentos testemunhais realizados na fase
inquisitorial, desde que possibilitada a realização de perguntas, não ofende os princípios do
contraditório e da ampla defesa.
III - A condenação fundada em elementos colhidos na fase investigativa, desde que
corroborados na instrução judicial, harmoniza-se com o disposto no art. 155 do CPP.
IV - Comprovadas a materialidade e autoria delitivas, imperiosa a condenação pelo crime
de tráfico ilícito de entorpecentes em razão da conduta de trazer consigo drogas que o
conjunto probatório aponta que eram destinadas à mercância.
V - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000451-03.2020.8.10.0056


APELANTE: JAIACIARLANE DA SILVA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES E CORRUPÇÃO ATIVA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
NÃO ACOLHIMENTO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS.
PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO
PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO
DA PENA. ALTERADO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. DETRAÇÃO.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE EXECUÇÃO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade dos delitos, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas; fundado no in dubio pro reo.
2. O depoimento dos policiais responsáveis pela prisão constitui meio idôneo e suficiente
para a formação do édito condenatório, cabendo a defesa demonstrar sua imprestabilidade.
Resta portanto comprovada a autoria do delito de corrupção ativa que tem natureza formal,
eis que independe de um resultado naturalístico. A simples oferta da vantagem indevida é

142 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


suficiente para consumar o tipo penal;
3. Não havendo comprovação de que o apelante, réu primário e de bons antecedentes, se
dedicava a atividades criminosas ou que integrasse organização criminosa, o reconhecimento
da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico privilegiado) se
impõe.
4. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, bem como
por não se tratar de réu reincidente e sendo as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código
Penal e art. 42, da Lei n. 11.343 /2006, favoráveis, é o caso de fixar o regime aberto para
cumprimento da pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal
5. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
6. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005402-11.2020.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: AURISFRAN ALMEIDA SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO PRIVILEGIADO. CAUSA ESPECIAL DE
REDUÇÃO DE PENA. AÇÕES PENAIS EM CURSO, QUANTIDADE E NATUREZA DA
DROGA. AFASTAMENTO DA MINORANTE CONSTANTE NO ART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06. PRECEDENTE DO STJ. RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA. DETRAÇÃO.
MODIFICAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS. MAUS ANTECEDENTES.
CONFIGURAÇÃO. TEMA 150 DO STF. ART. 44, III, DO CÓDIGO PENAL. INOBSERVÂNCIA
DO REQUISITO. RECURSO PROVIDO.
I. A natureza e a quantidade das drogas apreendidas podem ser utilizadas, supletivamente,
na terceira fase da dosimetria da pena, para afastamento da diminuição de pena do §
4º do art. 33 da Lei n 11.343/2016, apenas quando esse vetor for conjugado com outras
circunstâncias do caso concreto que, unidas, caracterizem a dedicação do agente à atividade
criminosa ou a integração a organização criminosa (AgRg no HC n. 720.589/SP, relator
Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 24/6/2022.).
II. A natureza e quantidade da droga apreendida, aliada à circunstância do acusado ter
contra si condenação com trânsito em julgado é justificativa idônea ao afastamento da
causa de diminuição referente ao tráfico privilegiado.
III. O art. 387, § 2º, do CPP determina que o cômputo da detração deve ser realizado
na sentença condenatória, mormente quando esse cálculo modifica o regimento inicial de
cumprimento de pena.
IV. Ultrapassado período superior a 05 (cinco), as condenações em desfavor do réu podem
ser utilizadas para fins de caracterização de maus antecedentes (Tema 150 do STF).
V. Conquanto aplicada sanção privativa de liberdade em quantitativo inferior a quatro anos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 143


de reclusão, não se há falar em substituição da reprimenda privativa de liberdade por
restritiva de direitos a réu que possui maus antecedentes.
VI. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000930-23.2019.8.10.0026


APELANTE: WILLIAN QUIXABA DOS SANTOS, RAINILSON CARVALHO DE SOUZA,
ISAEL DOS SANTOS SOARES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO E RESTRITO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO ABSOLUTÓRIO.
ART. 14, CAPUT, E 16, §1º, IV, DA LEI 10.826/2003. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
USO PRÓPRIO. VIABILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO INSUFICIENTE PARA
RESPALDAR A MERCANCIA. DOSIMETRIA. ERRONIA. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. ATENUANTES DA CONFISSÃO E MENORIDADE
RELATIVA. SÚMULA 231 DO STJ. APLICAÇÃO. PENA DEFINITIVA REDIMENSIONADA.
SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE
DIREITOS. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Ratificadas, mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a materialidade e a autoria do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e
restrito, impõe a manutenção da sentença condenatória.
II. Não tendo a instrução do feito logrado êxito em amealhar provas aptas a respaldar a
comercialização ilícita de maconha pelos apelantes, mas tão somente o seu uso, não há
como sustentar condenação voltada ao crime de tráfico.
III. A ausência de apetrechos indicativos de comercialização de substância entorpecente,
aliada à discreta quantidade de droga apreendida, corrobora a tese desclassificatória da
defesa. Precedente.
IV. Inexistindo suporte probatório suficiente a corroborar a ocorrência do crime de tráfico de
drogas, aplica-se à hipótese o princípio do in dubio pro reo.
V. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa as
consequências do crime, utiliza fundamentação inidônea.
VI. A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal. Inteligência da Súmula 231 do STJ.
VII. Observados os requisitos constantes do art. 44 do CP, substitui-se a sanção privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
VIII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0814176-06.2022.8.10.0040


REQUERENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

144 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RECORRIDO: ROBSON JÚNIOR DE SOUSA MATOS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
INSURGÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES.
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. PLEITO PELA DECRETAÇÃO DA
PREVENTIVA. INVIABILIDADE. INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP
– AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A Lei nº 13.964, de 24.12.2019, denominada “Pacote Anticrime”, alterou o art. 312 do
CPP, reforçando a necessidade de que existam fatos novos ou contemporâneos para a
decretação da segregação cautelar.
2. Na espécie, o acusado teve sua prisão em flagrante relaxada há cerca de um ano e cinco
meses, não havendo notícia nos autos de fato delitivo novo.
3. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001791-35.2017.8.10.0040


APELANTE: GENIVAL SANTOS DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. VALIDADE DOS
DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS EM JUÍZO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 33, §2º,
LEI N. 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. TRÁFICO PRIVILEGIADO. CAUSA ESPECIAL
DE REDUÇÃO DE PENA. AÇÕES PENAIS EM CURSO. IRRELEVÂNCIA. APLICAÇÃO DA
MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06. PRECEDENTE DO STJ.
RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos
em ação investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia
com as demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa. Precedentes do STJ.
IV. Se as provas dos autos apontam para o delito de tráfico, a manutenção da condenação é
medida que se impõe, não sendo cabível a desclassificação do crime para o delito previsto
no art. 33, § 2º, da Lei 11.343/06.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 145


V. O STJ fixou tese em recursos repetitivos para vedar a utilização de inquéritos e/ou ações
penais em curso para afastar o reconhecimento do tráfico privilegiado (ProAfR no REsp n.
1.977.027/PR, relatora Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, julgado em 5/4/2022, DJe de
8/4/2022).
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000464-36.2006.8.10.0074


APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: UBIRATAN ELIAS MATOS MARINHO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. TRÁFICO
PRIVILEGIADO. CAUSA ESPECIAL DE REDUÇÃO DE PENA. INCIDÊNCIA DA
MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06. AÇÕES PENAIS EM
CURSO. APLICAÇÃO DO MENOR PERCENTUAL. RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. A circunstância do réu responder a outras ações penais, inclusive pelo crime de tráfico,
embora não obste a aplicação da causa especial de diminuição da pena constante do art.
33, § 4º, da Lei 11.343/06, é justificativa suficiente para a incidência da redução em seu
menor percentual.
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010683-45.2020.8.10.0001


APELANTE: ADRIANO MORAES OLIVEIRA, MICHELE DA CONCEIÇÃO OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. QUANTIDADE DA
DROGA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ATENUANTE DA CONFISSÃO. NÃO INCIDÊNCIA.
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 545 DO STJ. TRÁFICO PRIVILEGIADO. INOCORRÊNCIA.
DEDICAÇÃO A ATIVIDADES CRIMINOSAS. RECURSO DESPROVIDO.

146 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas e associação
para o tráfico (art. 33, caput, e 35 da Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao
crivo do contraditório e da ampla defesa, a manutenção da decisão condenatória é medida
que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. O crime de associação para o tráfico, tipificado no art. 35 da Lei 11.343/2006, caracteriza-
se pela estabilidade e permanência, de sorte que, para a configuração desse delito é
suficiente que duas ou mais pessoas se associem com a finalidade de praticar, uma ou
diversas vezes, o crime do art. 33, caput da Lei 11.343/2006.
IV. Escorreita a utilização da quantidade da droga apreendida para valorar negativamente
as circunstâncias do crime, pelo que não se há falar em modificação da reprimenda base.
V. Inaplicável a atenuante constante do art. 65, III, “d”, do CP, quando o juízo a quo não
utiliza a confissão para a formação do seu convencimento (Inteligência da Súmula 545 do
STJ).
VI. Afasta-se a incidência da minorante referente ao tráfico privilegiado a réus condenados
pelo crime de associação para o tráfico, porquanto evidenciada a dedicação a atividades
criminosas.
VII. Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814322-70.2022.8.10.0000


PACIENTE: VÂNIA MARIA MENDES CASTRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA CENTRAL DE INQUÉRITO E CUSTODIA DA
COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. ILICITUDE DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
A REVISTA PESSOAL EM MULHER NÃO É FEITA EXCLUSIVAMENTE POR POLICIAL
MULHER. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 249 DO CPP. O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
JUNTADO AOS AUTOS COMPROVA QUE A REVISTA FOI FEITA POR POLICIAL
FEMININA. APARENTE CONTRADIÇÃO DA TESE DEFENSIVA COM A PROVA JUNTADA
AOS AUTOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I - O trancamento do inquérito policial por habeas corpus é excepcional, somente acontecendo
quando estiver comprovado, de plano, inépcia da peça acusatória, a atipicidade da conduta
ou a superveniência de causa extintiva da punibilidade, segundo entendimento pacificado
da jurisprudência pátria. Precedentes.
II - No caso, não está presente a patente ilegalidade a causar constrangimento ilegal à

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 147


paciente, pois não há obrigatoriedade da revista pessoal em mulher ser feita por policial do
sexo feminino, conforme se depreende do artigo 249 do Código de Processo Penal.
III – No auto de prisão em flagrante consta informação de que a revista foi feita por policial
feminina, o que aparentemente contradiz a alegação defensiva.
IV - Conheço e denego a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812494-39.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDUARDO SOARES BUTKOWSKY, RAFAELA RAYZA LARA
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO
INTERESTADUAL. PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS. PRESENTES.
NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PREPONDERÂNCIA DO BEM-
ESTAR SOCIAL SOBRE O INDIVIDUAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE.
PACIENTE MÃE DE MENOR DE 12 ANOS. PEDIDO DE CONVERSÃO DA PREVENTIVA
EM PRISÃO DOMICILIAR. NEGATIVA DO MAGISTRADO COM FUNDAMENTO NAS
CIRCUNSTÂN- CIAS DO CRIME E IMPRESCINDIBILIDADE DA PRESENÇA DA MÃE NO
LAR. CONHECIDA E DENEGADA A ORDEM.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e de
indícios de autoria de tráfico interestadual de entorpecentes, decreta a prisão preventiva do
paciente, para garantia da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto
e da necessidade de se interromper ou diminuir a atuação de integrantes de organização
criminosa.
2. A recente jurisprudência do STF quanto à possibilidade de substituição da prisão preventiva
por domiciliar, no caso de mulheres gestantes que se encontram presas (HC 143.641), não
é absoluta, podendo ser excepcionada de forma fundamentada pela autoridade coatora.
3. Na espécie é indiscutível que se está diante de uma situação excepcionalíssima, posto
que não se trata de um mero tráfico de drogas, e sim da distribuição interestadual de
elevadíssima quantidade de entorpecentes, ou seja, 5,760 kg de cocaína transportada
pela paciente, provavelmente a serviço de uma organização criminosa com integrantes em
Várzea Grande/MT, Miranorte/TO e Teresina/PI.
4. Portanto, embora a paciente comprove ter uma filha menor, não comprovou a
imprescindibilidade de sua presença no lar que fica em outro Estado da Federação,
tampouco a inexistência de outros familiares que possam cuidar da infante.
5. Conhecida e denegada a ordem.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos do Habeas Corpus nº 0812494-
39.2022.8.10.0000, em que figuram como partes os retromencionados, acordam os
senhores desembargadores da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado
do Maranhão, por unanimidade e de acordo com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça,
em denegar a ordem impetrada, nos termos do voto do Desembargador Relator Sebastião

148 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


Joaquim Lima Bonfim acompanhado pelo Des. Gervásio Protásio dos Santos Júnior e pela
Desa. Sônia Maria Amaral Fernandes Ribeiro.
Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. Regina Maria da Costa Leite.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000522-91.2017.8.10.0029


APELANTE: YURE DE SOUSA SILVA, LUIS ORLANDO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA
USO DE ENTORPECENTES. INVIÁVEL. MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE
TRÁFICO DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DA
PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS
PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. ALTERAÇÃO DO REGIME INICIAL
DE CUMPRIMENTO DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR RESTRITIVA DE DIREITO. CABIMENTO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas; fundado no in dubio pro reo.
2. A diversidade das substâncias apreendidas (maconha e crack), a forma como estavam
acondicionadas, a quantia de R$ 366,75 (trezentos e sessenta e seis reais e setenta e
cinco centavos) trocado, o local do flagrante – ponto de venda de droga, somados às
provas testemunhais, levam à conclusão de que as condutas dos apelantes se encontram
perfeitamente tipificada no artigo 33 da Lei 11.343/06, não havendo, pois, que se falar em
desclassificação para o delito previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
3. Não havendo comprovação de que os apelantes, réus primários e de bons antecedentes,
se dedicavam a atividades criminosas ou que integrassem organização criminosa, o
reconhecimento da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico
privilegiado) se impõe.
5. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, bem como
por não serem os recorrentes reincidentes e sendo as circunstâncias judiciais do art. 59 do
Código Penal e art. 42 da Lei n. 11.343 /2006 favoráveis, é o caso de fixar o regime aberto
para cumprimento da pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal
6. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
7. Apelações conhecidas e parcialmente providas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000139-24.2012.8.10.0083

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 149


APELANTE: JOSÉ DE RIBAMAR RABELO DA LUZ, NIVALDINO LOPES CARTAGENES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E
MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO INQUÉRITO
POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO EM JUÍZO.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO
PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO DA
PENA. ALTERADO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. CABIMENTO. APELO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas
para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. Não havendo comprovação de que o apelante Nivaldino Lopes Cartágenes, réu
primário e de bons antecedentes, se dedicasse a atividades criminosas ou que integrasse
organização criminosa, o reconhecimento da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º,
da Lei 11.343/06 (tráfico privilegiado) se impõe.
5. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, da primariedade
do agente, ainda que negativada circunstância judicial, o regime aberto é o suficiente e
adequado para a reprovação do delito (STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), julgado em 03/05/2022)
6. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
7. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800909-19.2021.8.10.0131


APELANTE: LUIZ CARLOS RAMOS ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

150 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DA BUSCA DOMICILIAR. INVIABILIDADE. CRIME DE NATUREZA
PERMANENTE QUE PRESCINDE MANDADO JUDICIAL. ABSOLVIÇÃO POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO.
REGIME MENOS GRAVOSO. INVIABILIDADE. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. O crime de tráfico de entorpecentes é um delito permanente, cuja consumação se estende
no tempo, sendo legítima, portanto, a entrada de policiais para fazer cessar a prática do
delito, independentemente de mandado judicial, desde que existam elementos suficientes
de probabilidade delitiva (STJ. RHC 141.544 / PR. Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca. Julgado dia 15/06/2021).
2. A dinâmica do ingresso dos policiais na residência do ora apelante permite concluir que,
de fato, havia fundadas razões para que fosse tomada a medida extrema, não se podendo
falar em nulidade das provas obtidas, em especial no que tange à apreensão das drogas e
demais apetrechos encontrado no interior da sua residência.
3. Na espécie, a confissão do apelante, em harmonia com os depoimentos testemunhais,
atestou, estreme de dúvidas, a autoria e materialidade do delito, não merecendo prosperar
as teses da absolvição por insuficiência probatória.
4. No mais, no que diz respeito a alteração de regime inicial para um mais brando, o apelante
não faz jus, tendo em vista que a pena aplicada é superior a quatro anos, e é reincidente,
conforme disposto no art. 33, § 2º, alínea “a” e § 3º, do CP.
5. Apelo conhecido e desprovido

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0822109-84.2021.8.10.0001


APELANTE: JONATHAN GONÇALVES SERRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. APELAÇÃO CRIMINAL.
PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS SUFICIENTES DA
TRAFICÂNCIA. ANÁLISE QUE NÃO SE LIMITA À QUANTIDADE OU À NATUREZA DA
DROGA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O conjunto probatório evidencia cenário de traficância, assim, inviável a desclassificação
do crime de tráfico de drogas para o de uso de drogas. Nos termos do artigo 28, § 2º, da Lei de
n° 11.343/2006, não são apenas a quantidade de droga ou sua natureza a constituir fatores
determinantes para a conclusão de que a substância se destinava a consumo pessoal,
mas, também o local e as condições em que se desenvolveu a ação; as circunstâncias
sociais e pessoais; a conduta e os antecedentes do agente.
II – No caso em concreto, as circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o
local, o acondicionamento e o fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 151


sido perpetrado tráfico de drogas, pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
III –Apelação conhecida e desprovida
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000231-44.2018.8.10.0001
APELANTE: MATHEUS DE MELO BOAZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS COM ENVOLVIMENTO DE
ADOLESCENTE. ARTIGO 33, § 4º, DA LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO DE INQUÉRITOS
E/OU AÇÕES PENAIS EM CURSO NA MODULAÇÃO DA MINORANTE. EXIGÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA APLICAÇÃO DO BENEFÍCIO EM FRAÇÃO DIVERSA
DA MÁXIMA. MAJORANTE DO ARTIGO 40, VI, DA LEI DE DROGAS. SUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA
DE DIREITOS. PROVIDÊNCIA APLICADA NA ORIGEM.
I – Na modulação da causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei de nº 11.343/2006, é
inviável considerar inquéritos e/ou ações penais em curso, conforme tese firmada no Tema
Repetitivo 1139 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, de rigor a incidência da fração
máxima de 2/3, já que inexiste fundamentação idônea a amparar escolha de redutor diverso.
II – Em havendo, nos autos, elementos evidenciadores do envolvimento de adolescente
na prática delituosa – como depoimentos prestados em sede policial e judicial, auto de
apreensão de menor e cédula de identidade –, descabe o afastamento da majorante do
artigo 40, VI, da Lei de Drogas.
III – Atendidos os requisitos legais, a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos já foi determinada pelo Juízo de origem, pelo que é desnecessária a
análise do pleito recursal no mesmo sentido.
IV – Apelação conhecida e parcialmente provida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818435-67.2022.8.10.0000


REQUERENTE: VINÍCIUS JERÔNIMO LOPES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CANTANHEDE
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA PARA CONCLUSÃO DEFINITIVA
DO INQUÉRITO POLICIAL. DEMORA INJUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. NECESSIDADE DE RELAXAMENTO DO ERGÁSTULO MEDIANTE
IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Os prazos processuais não tem as características de fatalidade e de improrrogabilidade,
fazendo-se necessário raciocinar com o juízo de razoabilidade a fim de caracterizar o

152 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


excesso, não se ponderando a mera soma aritmética de tempo para os atos de investigação.
Precedentes.
II. Embora o art. 51 da Lei nº 11.343/2006 estabeleça o prazo de 30 (trinta) dias para
conclusão do inquérito policial quando o réu estiver preso, que pode ser duplicado pelo juiz,
o paciente, à época da análise da liminar, encontrava-se detido há aproximadamente 04
(quatro) meses sem que houvesse sido encerrado o referido procedimento.
III. Inexistindo justificativa plausível para a delonga e, não se revestindo o feito de tamanha
complexidade, eis que já efetivada quase a totalidade das diligências essenciais, resta
configurado o constrangimento ilegal por excesso de prazo, a ensejar o relaxamento da
prisão preventiva, com fixação de cautelares diversas.
IV. Some-se a essa circunstância que as peculiaridades fáticas que permeiam o caso
concreto, sobretudo a reduzida quantidade de droga apreendida em poder do acusado, a
primariedade do investigado e o fato de o delito não ter sido cometido mediante emprego
de violência ou grave ameaça, afastam a imprescindibilidade da segregação.
V. Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002793-43.2017.8.10.0039


APELANTE: ELCIONE BEZERRA DE ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME EM RAZÃO DAS SUBSTÂNCIAS SEREM
COMERCIALIZADAS. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR DO TIPO.
VALORAÇÃO NEGATIVA DA NATUREZA DA DROGA. POSSIBILIDADE. SUBSTÂNCIA
(CRACK) QUE APRESENTA ALTA NOCIVIDADE. VALORAÇÃO NEGATIVA DA NATUREZA
DA DROGA NA PRIMEIRA E TERCEIRA FASES DA DOSIMETRIA. IMPOSSIBILIDADE.
CONFIGURAÇÃO DE BIS IN IDEM.
I – A ação de vender substâncias ilícitas já é elementar do tipo de tráfico de drogas, de
modo que não pode ser utilizada pelo juízo sentenciante para valorar negativamente as
circunstâncias do crime.
II – A substância conhecida como crack é uma das mais nocivas e que mais causa
dependência, sendo idônea a valoração negativa pela natureza da droga, que deve
preponderar sobre as demais circunstâncias judiciais.
III – É vedado ao julgador utilizar a circunstância judicial da natureza da droga em duas
fases da dosimetria, sob pena de violação do princípio bis in idem. Na espécie, o juízo
sentenciante reconheceu a incidência da causa de diminuição de pena pelo tráfico
privilegiado, mas afastou o patamar máximo de redução com base na natureza droga,
mesmo já tendo utilizado tal circunstância para exasperar a pena-base, configurando assim

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 153


bis in idem.
IV – Apelação conhecida e provida para afastar a valoração negativa das circunstâncias
do crime e aplicar a causa de diminuição de pena do art. 33, §4º da Lei de Drogas em seu
patamar máximo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0011784-88.2018.8.10.0001


APELANTE: LÚCIA ALANA OLIVEIRA DA CUNHA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
DROGAS NAS DEPENDÊNCIAS DE ESTABELECIMENTO PRISIONAL. SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE ENCONTRADA DURANTE REVISTA PESSOAL. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. ABSOLVIÇÃO. NÃO CABIMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO
PARA CRIME DE USO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O delito tipificado no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 constitui crime de natureza
plurinuclear, e, portanto, não se caracteriza apenas com a comprovação da prática de atos
de mercancia pelo agente, sendo indispensável que realize, conscientemente, qualquer
uma das condutas elencadas no dispositivo legal.
2. A condenação da apelante pelo crime de tráfico ilícito de drogas é medida que se impõe
quando restam comprovadas a materialidade e autoria do delito, em face dos elementos
probatórios colhidos na fase inquisitória e ratificados na instrução processual.
3. Os depoimentos das testemunhas, o laudo da droga apreendida e as circunstâncias em
que ocorreu o delito, constituem elementos aptos a demonstrar, de forma inequívoca, que
a conduta da ré se enquadra perfeitamente àquela do crime de tráfico ilícito de drogas,
previsto no art. 33 da Lei n° 11.343/2006, especificamente quanto ao núcleo ‘transportar”.
4. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001286-86.2014.8.10.0060


APELANTE: JOSÉ WILSON DE LIMA RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO
EM JUÍZO. PENA NO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE. NATUREZA E QUANTIDADE DA
DROGA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.

154 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas
para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. A quantidade e a natureza dos entorpecentes são circunstâncias aptas a serem
ponderadas na primeira fase da dosimetria, à luz do art. 42 da Lei 11.343/2006. No caso
em concreto, a quantidade de 597,5 g de cocaína e de maconha justificam o aumento da
dosimetria na sentença guerreada.
5. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813700-88.2022.8.10.0000


PACIENTE: FAGNER MORAIS NOGUEIRA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE PIO XII
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO ART. 312 DO CPP. CIRCUNST NCIAS
PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEV NCIA. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO.
ORDEM DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta inexistência dos requisitos legais,
quando o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades do caso concreto
e devidamente assentado no art. 312 do Código de Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa, profissão
lícita e família constituída, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada,
quando presentes os pressupostos autorizadores do encarceramento. Precedentes.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do ergástulo, incabível a sua substituição por
providências menos gravosas, por serem insuficientes para salvaguardar a ordem pública.
IV. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813086-83.2022.8.10.0000


PACIENTE: FERNANDO DA SILVA FERREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 155


IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E INCOMPATIBILIDADE COM O REGIME PRISIONAL
SEMIABERTO. INOCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DO ERGÁSTULO
CAUTELAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM CONHECIDA
E DENEGADA.
I. Subsistindo as razões que ensejaram a decretação da segregação cautelar, não há
incompatibilidade entre a negativa do direito de recorrer em liberdade e o regime semiaberto
fixado na sentença, impondo-se somente a adequação da prisão provisória com o regime
intermediário, providência já determinada na hipótese dos autos. Precedentes.
II. A análise quanto à existência de vagas e apropriado estabelecimento prisional na comarca
de origem deve ser realizada pelo juízo competente, após expedição da guia de execução
provisória e levando-se em consideração os parâmetros definidos na Súmula Vinculante
56.
III. Ordem conhecida e denegada, com determinação de adequação da custódia ao modo
de execução estabelecido, conforme estipulado no édito condenatório.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813218-43.2022.8.10.0000
PACIENTE: DOMINGOS PAULO FEITOSA MOTA
ATO DO JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CODO-MA, JUIZ DE DIREITO DA 2
VARA DE CAXIAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO ART. 312 DO CPP. CIRCUNST NCIAS PESSOAIS
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO.
ORDEM DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação idônea
e inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra lastreado
em particularidades do caso concreto e devidamente assentado no art. 312 do Código de
Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa e
profissão lícita, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, quando
presentes os pressupostos autorizadores do encarceramento. Precedentes.
III. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002176-75.2020.8.10.0040


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: ELIAS FERREIRA DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

156 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS
(ART. 33 DA LEI Nº 11.343/06). ABSOLVIÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO. INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS. RECURSO DESPROVIDO.
I. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e materialidade
do delito, pelo que não merece prosperar a tese da absolvição por inexistência de provas
fundadas no in dubio pro reo.
II. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que
são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes para com os fatos
narrados na denúncia, e guardarem harmonia com o acervo probatório apurado. Por tudo
quanto, assumem relevante força probante e servem para arrimar a condenação, como na
presente hipótese.
III. Inviabilidade de acolhimento do pedido subsidiário de desclassificação do tipo penal
porque as circunstâncias fáticas demonstram que a conduta do apelante extrapolou os
limites do crime previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
IV. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801809-46.2021.8.10.0084


APELANTE: RONILSON DA SILVA PIRES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO. VIABILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO
INSUFICIENTE PARA RESPALDAR A MERCANCIA. APELO PROVIDO.
I. Se a instrução do feito não logrou amealhar provas aptas a respaldar a comercialização
ilícita de maconha pelo apelante, mas tão somente o seu uso, não há como sustentar o
édito condenatório voltado ao crime de tráfico.
II. A ausência de apetrechos indicativos de comercialização de substância entorpecente,
aliada à discreta quantidade de droga apreendida, corrobora a tese desclassificatória da
defesa. Precedente.
III. Inexistindo suporte probatório suficiente a corroborar a ocorrência do crime de tráfico de
drogas, aplica-se à hipótese o princípio do in dubio pro reo.
IV. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004302-83.2016.8.10.0058


APELANTE: RENATO DOS SANTOS FERREIRA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 157


ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. TRÁFICO
PRIVILEGIADO. CAUSA ESPECIAL DE REDUÇÃO DE PENA. AÇÕES PENAIS EM CURSO.
IRRELEVÂNCIA. APLICAÇÃO DA MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06. PRECEDENTE DO STJ. RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA. SUBSTITUIÇÃO
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITO. ART. 44, I, DO CP.
INOBSERVÂNCIA DO REQUISITO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. O afastamento da causa especial de diminuição de pena constante do art. 33, § 4º, da
Lei 11.343/06, sob a justificativa de que o acusado responde a outras ações penais, vulnera
o art. 5º,
LIV, da Constituição Federal. (AgRg no HC n. 745.903/MG, relator Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 27/6/2022.)
IV. Aplicada sanção privativa de liberdade superior a quatro anos de reclusão, incabível sua
substituição por pena restritiva de direitos (art. 44, I do CP).
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002122-83.2017.8.10.0115


APELANTE: MAIARA RODRIGUES RABELO, THAYNARA DE OLIVEIRA VIANA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. INGRESSO EM DOMICÍLIO JUSTIFICADO E
DEVIDAMENTE AUTORIZADO PELA MORADORA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO DE
DROGAS. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA.
ELEMENTOS DE PROVA QUE APONTAM PARA A PRÁTICA DO DELITO DE PORTE DE
DROGA PARA CONSUMO PRÓPRIO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL
NA MODALIDADE RETROATIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO
DE OFÍCIO. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.
I – Verifica-se a existência de justa causa para a entrada no domicílio, eis que fora
devidamente justificada pelo contexto fático anterior ao ingresso (recebimento de denúncias
anônimas), e regularmente autorizada pela moradora da residência, razão pela qual rejeito
a alegação de nulidade das provas.
II – No que diz respeito à autoria, observa-se que, ainda que estivesse fracionada em

158 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


diversas embalagens, a quantidade da substância apreendida totaliza pouco mais de 3g
(três gramas) e, portanto não é incompatível com o quantitativo peculiar a simples consumo
pessoal.
III – Além da droga propriamente dita, constata-se que não foram apreendidos outros objetos
a indicar prática de traficância, tais como balança de precisão, material para embalagem ou
dinheiro em espécie em notas de pequeno valor, entre outros.
IV – Assim, entende-se que as provas constantes nos autos não são o bastante seguras
para embasar a condenação pela prática do crime de tráfico de drogas, previsto no art. 33
da Lei de nº 11.343/06.
V – A natureza e a quantidade das substâncias apreendidas, o local e as condições em que
ocorreram a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, a conduta e os antecedentes da
apelante autorizam assentar, com maior segurança, que a droga apreendida se destinava
a consumo próprio da apelante,
pelo que se impõe a desclassificação do crime para o uso de drogas, conforme o art. 33 da
Lei de nº 11.343/06.
VI – Considerando que entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença
condenatória transcorreu prazo superior a 2 (dois) anos, conforme o art. 30 da Lei de n°
11.343/2006, como demonstrado, impende o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva estatal, na modalidade retroativa, e, consequentemente, da extinção da punibilidade
da apelante, segundo o inscrito no art. 107, IV, do Código de Processo Penal.
VII – Provimento parcial da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004179-91.2015.8.10.0035


APELANTE: THALLYSON HENRIQUE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. CRIMES TIPIFICADOS
NOS ARTS. 33 E 35 DA LEI DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO DE DROGAS.
ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. ABSOLVIÇÃO.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
I - Caso dos autos em que o conjunto probatório não demonstra que o réu detinha
entorpecentes com o objetivo da narcotraficância, e sim para consumo próprio, restando
comprovado que é apenas usuário de entorpecentes, sendo a desclassificação medida
imperativa nesses casos;
II - Como é cediço, o Superior Tribunal de Justiça entende que, para a configuração do tipo
previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006, é imprescindível a demonstração dos requisitos
da estabilidade e permanência da associação criminosa, não sendo suficiente a reunião
ocasional dos agentes. Na falta da comprovação de dois requisitos legais para a configuração
do delito de associação para o tráfico de entorpecentes, pluralidade de agentes e vínculo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 159


subjetivo no cometimento dos delitos , a absolvição do paciente é medida que se impõe.
III - Considerando que para o delito previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/06 a prescrição é de
02 (dois) anos (art. 30 da Lei nº 11.343/06), o lapso prescricional de já transcorreu entre a
data do recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença, devendo ser extinta
a punibilidade do réu, de ofício, diante da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva.
IV - Apelo provido em parte. Extinção da punibilidade declarada de ofício.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000339-10.2017.8.10.0001


APELANTE: CLERISMAR SILVA DE ASSUNÇÃO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS PRIVILEGIADO. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 28 DA
LEI N. 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS. NATUREZA, QUANTIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DA APREENSÃO.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA-BASE. IMPOSSIBILIDADE. DELITO PRATICADO EM
RESIDÊNCIA FAMILIAR. MAIOR REPROVABILIDADE. UTILIZAÇÃO DA FRAÇÃO NO
PATAMAR MÁXIMO PARA DIMINUIÇÃO DA PENA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
PARÂMETROS IDÔNEOS PARA JUSTIFICAR TAL RIGOR PUNITIVO. APELAÇÃO
CONHECIDA E PROVIDA PARCIALMENTE.
1. A quantidade e a natureza dos entorpecentes, bem como as condições e local da
apreensão comprovam a ocorrência do tráfico de drogas, sendo incabível a desclassificação
para o artigo 28 da Lei de Drogas.
2. Quanto aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de
que os mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com
os fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
3. A circunstância judicial do crime ter ocorrido dentro da residência da apelante, dentro do
seio familiar, é apta a ser ponderada na primeira fase da dosimetria, uma vez que possui
maior reprovabilidade.
4. Não havendo fundamentação idônea que justifique a aplicação da causa de diminuição
do art. 33, § 4°, da Lei de Drogas em patamar inferior à fração máxima, a redução da pena
deverá ser arbitrada na razão de 2/3, em especial por ser a apelante primária.
5. Apelo conhecido e provido parcialmente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000500-20.2017.8.10.0001


APELANTE: ANE CAROLINE RAMOS SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

160 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. TENTATIVA DE INGRESSO DE DROGA NO INTERIOR DO PRESÍDIO.
ABSOLVIÇÃO POR ERRO DE TIPO. INVIÁVEL. NÃO COMPROVAÇÃO. CIÊNCIA DO
TRANSPORTE DE MATERIAL ILÍCITO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSÍVEL.
CRIME DE PERIGO ABSTRATO. PRECEDENTES. DESCLASSIFICAÇÃO DO TRÁFICO
PARA O CRIME DE AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGA (ART. 33, §2º, DA LEI
11.343/2006). TIPO INAPLICÁVEL À HIPÓTESE. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA.
NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 77 DO CP. APELAÇÃO CONHECIDA
E DESPROVIDA.
1. O erro sobre elemento do tipo apenas ocorre em circunstâncias extraordinárias, quando
há prova irrefutável da ausência de consciência da ilicitude da conduta. Caso em que as
alegações do apelante, no sentido de que desconhecia a existência da droga, não tem
suporte nas demais provas dos autos.
2. Prevalece nos Tribunais Superior o entendimento de que não se aplica o princípio da
insignificância ao delito de tráfico de droga, por se tratar de crime de perigo abstrato ou
presumido, sendo irrelevante para esse fim a quantidade de droga apreendida (STJ - AgRg
no RHC: 164509 SP 2022/0132347-5, Data de Julgamento: 17/05/2022, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 20/05/2022).
3. O auxílio ao uso indevido de drogas não pode abranger o fornecimento em si da droga,
pois, nesse caso, o agente deverá responder pelo crime do §3º ou caput do art. 33 da Lei
11.343/2006.
4. À luz do art. 77, III, do CP, não é possível a concessão da suspensão condicional da pena
quando for cabível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002142-03.2020.8.10.0040


APELANTE: FABRÍCIO DOS REIS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO
EM JUÍZO. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 161


para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001902-88.2014.8.10.0051


APELANTE: MARIA VALENTIM DA SILVA ARAÚJO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. VALIDADE DOS
DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS EM JUÍZO. ABSOLVIÇÃO RELATIVA À ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. CABÍVEL. EXTENSÃO DOS EFEITOS AO CORRÉU NÃO APELANTE.
DOSIMETRIA. TRÁFICO PRIVILEGIADO. FRAÇÃO MÍNIMA. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos
em ação investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia
com as
demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
Precedentes do STJ.
IV. A conduta descrita no art. 35 da Lei nº 11.343/06 exige uma associação perene,
organizada e estável para fomentar o tráfico de drogas, e não um simples concurso de
pessoas ou associação passageira e eventual, de modo que a absolvição da recorrente a
esse título é medida de rigor.
V. Reformada a sentença condenatória para absolver um dos sentenciados pelo crime
de associação para o tráfico, é imperioso estender tal benefício ao corréu não apelante,
redimensionando-se a sua pena definitiva, nos termos do art. 580 do Código de Processo
Penal.

162 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


VI. Uma vez existente fundamentação concreta e idônea apta a justificar a aplicação da
fração mínima redutora do art. 33, §4º, da Lei Antidrogas, é incabível a reforma da dosimetria
da pena.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000066-69.2015.8.10.0108


APELANTE: CLAUDINEI DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. MATERIALIDADE E AUTORIA PROVADAS. DESCLASSIFICAÇÃO
DO CRIME DE TRÁFICO. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA. QUANTIDADE E
NATUREZA DA DROGA APREENDIDA. VALORAÇÃO NA PRIMEIRA E TERCEIRA FASES.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - Para caracterização do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, é prescindível que o
réu seja flagrado praticando atos de comércio, sendo relevantes as circunstâncias de
apreensão do narcótico, notadamente, a quantidade e natureza da droga e sua forma
de acondicionamento, bem como a existência de outros petrechos, tais como balança de
precisão, sacolas plásticas, linha e quantia em dinheiro.
II - Comprovadas a materialidade e autoria delitivas, a improcedência do pleito absolutório é
manifesta, sendo imperiosa a condenação pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes em
razão da conduta de guardar drogas, que o conjunto probatório aponta serem destinadas
à mercância.
III - A condenação fundada em elementos colhidos na fase investigativa, desde que
corroborados na instrução judicial, harmoniza-se com o disposto no art. 155 do CPP.
IV - Na condenação por tráfico de drogas, as circunstâncias da natureza e da quantidade
da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas em uma das fases do
cálculo da pena. STF - Tema 712 firmado em repercussão geral.
IV - Não há a obrigação de aplicação da redução no percentual máximo previsto no art. 33,
§ 4º, da Lei de Drogas, quando presentes os requisitos para a concessão desse benefício,
desde que fundamentada a modulação da fração na terceira fase. Assim, considerando a
natureza e a quantidade dos entorpecentes não valorados na primeira fase, pode ser fixado
o redutor em patamar intermediário.
V - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000649-06.2020.8.10.0035


APELANTE: VITOR DANIEL LIMA CARDOSO, CARLOS HENRIQUE CARDOSO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 163


ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA DA PENA.
VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS DOS ANTECEDENTES, DA CONDUTA
SOCIAL E DA PERSONALIDADE. FUNDAMENTAÇÕES INIDÔNEAS. AGRAVANTE DE
CALAMIDADE PÚBLICA. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. QUANTIDADE E NATUREZA
DA DROGA APREENDIDA. VALORADAS EM ETAPAS DISTINTAS. SUBSTITUIÇÃO
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITO. INOBSERVÂNCIA
DO REQUISITO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Comprovadas a materialidade e autoria delitivas, a improcedência do pleito absolutório é
manifesta, sendo imperiosa a condenação pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes em
razão da conduta de transportar drogas, que o conjunto probatório aponta serem destinadas
à mercância.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. É pacífica a jurisprudência dos Tribunais Superiores no sentido de que processos de
atos infracionais, não podem ser negativamente valorados como antecedentes para fins de
elevação da pena-base.
IV. O STJ possui entendimento de que o fato do sentenciado ser usuário de drogas, por si
só, não é fundamentação idônea para a exasperação da pena a título de conduta social
desabonadora. Precedentes.
V. A valoração negativa da personalidade do agente com fundamento no fato dele ter
mentido em juízo, constitui fundamentação inidônea para amparar a exasperação da pena.
VI. Afigura-se necessária a existência de nexo causal entre o cometimento do delito e a
situação de calamidade pública para o acréscimo da agravante a esse título.
VII. Não há a obrigação de aplicação da redução no percentual máximo previsto no art. 33,
§4º, da Lei de Drogas, quando presentes os requisitos para a concessão desse benefício,
desde que fundamentada a modulação da fração na terceira fase. Assim, considerando a
quantidade dos entorpecentes não valorada na primeira fase, pode ser fixado o redutor em
patamar intermediário.
VIII. Aplicada sanção privativa de liberdade superior a quatro anos de reclusão, incabível
sua substituição por pena restritiva de direitos (art. 44, I do CP).
IX. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801676-04.2021.8.10.0084


APELANTE: OSÉAS DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO

164 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. REDUÇÃO DA PENA
INTERMEDIÁRIA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. AFASTAMENTO DA SÚMULA 231 DO STJ.
IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM RESTRITIVA DE DIREITO.
POSSIBILIDADE. REQUISITOS DO ART. 44 DO CP ATENDIDOS. APELAÇÃO PROVIDA
EM PARTE.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar a tese da absolvição por inexistência de
provas, fundada no in dubio pro reo.
2. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese;
3. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal, ainda que seja
reconhecida a incidência de uma ou mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do
STJ, que encontra-se plenamente vigente e reflete o entendimento já consolidado dos
Tribunais Superiores.
4. Já não vigora a vedação anteriormente constante no art. 33, § 4º da Lei 11.343/2006
que não permitia a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no
crime de tráfico de drogas, sendo perfeitamente possível, quando presentes os requisitos
estabelecidos no art. 44 do CP (STJ - AgRg no HC 643.390/SC).
5. Apelo conhecido e provido em parte, apenas para substituir a pena privativa de liberdade
por restritivas de direito.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812040-59.2022.8.10.0000


PACIENTE: THIAGO OLIVEIRA DE LIMA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS PREENCHIDOS. MANUTENÇÃO
DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II - Apenas as condições subjetivas favoráveis do paciente, não tem o condão de tornar
ilegal a manutenção da prisão cautelar, caso estejam presentes elementos suficientes para
a decretação da prisão preventiva, tampouco, substituir por medidas menos gravosas.
III - Ordem denegada.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 165


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813218-43.2022.8.10.0000
PACIENTE: DOMINGOS PAULO FEITOSA MOTA
IMPETRADO: JUÍZA DE DIREITO DA 1a VARA DA COMARCA DE CODÓ
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO ART. 312 DO CPP. CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO.
ORDEM DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação idônea
e inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra lastreado
em particularidades do caso concreto e devidamente assentado no art. 312 do Código de
Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa e
profissão lícita, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, quando
presentes os pressupostos autorizadores do encarceramento. Precedentes.
III. Ordem conhecida e denegada.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0803331-49.2022.8.10.0060


RECORRENTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RECORRIDO: ADRIANO LIMA DOS SANTOS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM
FLAGRANTE. RELAXAMENTO. CUMPRIMENTO DE MANDADOS DE PRISÃO E DE
BUSCA E APREENSÃO. INVASÃO DOMICILIAR. INOCORRÊNCIA. ART. 293 DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL. RECURSO MINISTERIAL. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. PROVIMENTO DO RECURSO PARA DECRETAR A PRISÃO
PREVENTIVA DO RECORRIDO.
I - No caso dos autos, houve relaxamento da prisão em flagrante e as provas colhidas no
flagrante foram consideradas ilícitas porque o Juízo plantonista, em audiência de custódia,
entendeu ter havido invasão domiciliar, em razão do endereço constante no mandado de
busca e apreensão ser distinto do endereço onde cumprida a prisão.
II – O artigo 293 do Código de Processo Penal autoriza o cumprimento de mandado de
prisão em domicílio e prevê a hipótese da entrada com consentimento e até da entrada à
força, guardadas as cautelas legais.

III- O recorrido foi preso em razão de mandado expedido em ação penal que apura o crime
de homicídio e, quando do cumprimento da prisão, os policiais constataram o flagrante de
tráfico de entorpecentes.
IV – Caso em que se está diante de envolvimento com tráfico de drogas, havendo sérios

166 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


indícios de que o recorrido estava de posse de relevantes quantidade e diversidade de
drogas acondicionadas para distribuição. Logo, a decretação da prisão preventiva se faz
necessária para a garantia da ordem pública, conforme prevê o art. 312 do Código de
Processo Penal.
V - A liberdade do acusado pode promover a reiteração da prática criminosa como se
depreende dos elementos acostados aos autos.
VI – Recurso provido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815631-29.2022.8.10.0000


PACIENTE: NEEMIAS AMORIM ALMEIDA
IMPETRADO: ATO DO EXCELENTÍSSIMO JUIZ DA CENTRAL DE INQUÉRITO DE SÃO
LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO.
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. PRESENTES. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES.
ORDEM DENEGADA.
1. Indícios de autoria e materialidade colhidos após ação procedimento investigatório, que
encontrou na casa do paciente significativa quantidade e variedade de drogas, dentre as
quais 153,99 gramas de maconha e 76,43 gramas de cocaína, além de três balanças de
precisão, diversos invólucros plásticos, papel filme e caderno com anotações referentes às
drogas.
2. As substâncias toxicológicas e os demais objetos encontrados na casa do paciente
denotam a comercialização e evidenciam a periculosidade do paciente.
3. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade
em concreto dos fatos.
4. As condições subjetivas favoráveis, tais como primariedade, ocupação lícita e residência
fixa, ressalto que estas, por si sós, não são suficientes para afastar a prisão preventiva,
conforme entendimento já consolidado em âmbito jurisprudencial (STJ – AgRg no RHC:
165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 – QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 17/06/2022)..
5. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816500-89.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSIEL SILVA SOUSA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO MM. RAPHAEL DE JESUS SERRA RIBEIRO AMORIM
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 167


EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, III, DA LEI 11.434/06.PRISÃO
PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS
FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. ORDEM DENEGADA.
1. Quanto à tese de negativa de autoria, tenho que inviável a discussão sobre o assunto
porquanto incompatível com a via do habeas corpus.
2. Recentemente, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento
da Corte, consignando que “a tese sobre insuficiência de indícios de autoria e prova da
materialidade em relação aos delitos imputados consiste em alegação de inocência, a qual
não encontra espaço de análise na estreita via do habeas corpus ou do recurso ordinário,
por demandar exame do contexto fático-probatório” (AgRg no RHC n. 166.269/MA, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 23/8/2022, DJe de
26/8/2022).
3. Na espécie, o paciente foi preso em flagrante por, em tese, comercializar substância
análoga a cocaína (13 pinos), dentro do Arraial organizado pela Prefeitura de São Mateus/
MA, tendo sua prisão sido convertida em prisão preventiva.
4. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade
em concreto dos fatos.
5. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, isoladamente, não obstam a segregação
cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva
(STJ – AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 –
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
6. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
7. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000522-91.2017.8.10.0029


APELANTE: YURE DE SOUSA SILVA, LUIS ORLANDO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA
USO DE ENTORPECENTES. INVIÁVEL. MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE
TRÁFICO DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DA
PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS
PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. ALTERAÇÃO DO REGIME INICIAL

168 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE CUMPRIMENTO DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR RESTRITIVA DE DIREITO. CABIMENTO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas; fundado no in dubio pro reo.
2. A diversidade das substâncias apreendidas (maconha e crack), a forma como estavam
acondicionadas, a quantia de R$ 366,75 (trezentos e sessenta e seis reais e setenta e
cinco centavos) trocado, o local do flagrante – ponto de venda de droga, somados às
provas testemunhais, levam à conclusão de que as condutas dos apelantes se encontram
perfeitamente tipificada no artigo 33 da
Lei 11.343/06, não havendo, pois, que se falar em desclassificação para o delito previsto no
art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
3. Não havendo comprovação de que os apelantes, réus primários e de bons antecedentes,
se dedicavam a atividades criminosas ou que integrassem organização criminosa, o
reconhecimento da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico
privilegiado) se impõe.
5. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, bem como
por não serem os recorrentes reincidentes e sendo as circunstâncias judiciais do art. 59 do
Código Penal e art. 42 da Lei n. 11.343 /2006 favoráveis, é o caso de fixar o regime aberto
para cumprimento da pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal
6. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
7. Apelações conhecidas e parcialmente providas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000139-24.2012.8.10.0083


APELANTE: JOSÉ DE RIBAMAR RABELO DA LUZ, NIVALDINO LOPES CARTAGENES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E
MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO INQUÉRITO
POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO EM JUÍZO.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO
PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO DA
PENA. ALTERADO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. CABIMENTO. APELO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 169


materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas
para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. Não havendo comprovação de que o apelante Nivaldino Lopes Cartágenes, réu primário e
de bons antecedentes, se dedicasse a atividades criminosas ou que integrasse organização
criminosa, o
reconhecimento da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico
privilegiado) se impõe.
5. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, da primariedade
do agente, ainda que negativada circunstância judicial, o regime aberto é o suficiente e
adequado para a reprovação do delito (STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), julgado em 03/05/2022)
6. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
7. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800909-19.2021.8.10.0131


APELANTE: LUIZ CARLOS RAMOS ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DA BUSCA DOMICILIAR. INVIABILIDADE. CRIME DE NATUREZA
PERMANENTE QUE PRESCINDE MANDADO JUDICIAL. ABSOLVIÇÃO POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO.
REGIME MENOS GRAVOSO. INVIABILIDADE. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. O crime de tráfico de entorpecentes é um delito permanente, cuja consumação se estende
no tempo, sendo legítima, portanto, a entrada de policiais para fazer cessar a prática do
delito, independentemente de mandado judicial, desde que existam elementos suficientes
de probabilidade delitiva (STJ. RHC 141.544 / PR. Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca. Julgado dia 15/06/2021).
2. A dinâmica do ingresso dos policiais na residência do ora apelante permite concluir que,

170 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


de fato, havia fundadas razões para que fosse tomada a medida extrema, não se podendo
falar em nulidade das provas obtidas, em especial no que tange à apreensão das drogas e
demais apetrechos encontrado no interior da sua residência.
3. Na espécie, a confissão do apelante, em harmonia com os depoimentos testemunhais,
atestou, estreme de dúvidas, a autoria e materialidade do delito, não merecendo prosperar
as teses da absolvição por insuficiência probatória.
4. No mais, no que diz respeito a alteração de regime inicial para um mais brando, o apelante
não faz jus, tendo em vista que a pena aplicada é superior a quatro anos, e é reincidente,
conforme disposto no art. 33, § 2º, alínea “a” e § 3º, do CP.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0822109-84.2021.8.10.0001


APELANTE: JONATHAN GONCALVES SERRA
ADVOGADO: FREDSON DAMASCENO DA CUNHA COSTA (OAB MA19360-A)
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. APELAÇÃO CRIMINAL.
PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS SUFICIENTES DA
TRAFICÂNCIA. ANÁLISE QUE NÃO SE LIMITA À QUANTIDADE OU À NATUREZA DA
DROGA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O conjunto probatório evidencia cenário de traficância, assim, inviável a desclassificação
do crime de tráfico de drogas para o de uso de drogas. Nos termos do artigo 28, § 2º, da Lei de
n° 11.343/2006, não são apenas a quantidade de droga ou sua natureza a constituir fatores
determinantes para a conclusão de que a substância se destinava a consumo pessoal,
mas, também o local e as condições em que se desenvolveu a ação; as circunstâncias
sociais e pessoais; a conduta e os antecedentes do agente.
II – No caso em concreto, as circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o
local, o acondicionamento e o fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter
sido perpetrado tráfico de drogas, pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
III –Apelação conhecida e desprovida

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000231-44.2018.8.10.0001


APELANTE: MATHEUS DE MELO BOAZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS COM ENVOLVIMENTO DE
ADOLESCENTE. ARTIGO 33, § 4º, DA LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO DE INQUÉRITOS
E/OU AÇÕES PENAIS EM CURSO NA MODULAÇÃO DA MINORANTE. EXIGÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA APLICAÇÃO DO BENEFÍCIO EM FRAÇÃO DIVERSA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 171


DA MÁXIMA. MAJORANTE DO ARTIGO 40, VI, DA LEI DE DROGAS. SUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA
DE DIREITOS. PROVIDÊNCIA APLICADA NA ORIGEM.
I – Na modulação da causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei de nº 11.343/2006, é
inviável considerar inquéritos e/ou ações penais em curso, conforme tese firmada no Tema
Repetitivo 1139 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, de rigor a incidência da fração
máxima de 2/3, já que inexiste fundamentação idônea a amparar escolha de redutor diverso.
II – Em havendo, nos autos, elementos evidenciadores do envolvimento de adolescente
na prática delituosa – como depoimentos prestados em sede policial e judicial, auto de
apreensão de menor e cédula de identidade –, descabe o afastamento da majorante do
artigo 40, VI, da Lei de Drogas.
III – Atendidos os requisitos legais, a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos já foi determinada pelo Juízo de origem, pelo que é desnecessária a
análise do pleito recursal no mesmo sentido.
IV – Apelação conhecida e parcialmente provida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818435-67.2022.8.10.0000


REQUERENTE: VINÍCIUS JERÔNIMO LOPES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CANTANHEDE
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA PARA CONCLUSÃO DEFINITIVA
DO INQUÉRITO POLICIAL. DEMORA INJUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. NECESSIDADE DE RELAXAMENTO DO ERGÁSTULO MEDIANTE
IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Os prazos processuais não tem as características de fatalidade e de improrrogabilidade,
fazendo-se necessário raciocinar com o juízo de razoabilidade a fim de caracterizar o
excesso, não se ponderando a mera soma aritmética de tempo para os atos de investigação.
Precedentes.
II. Embora o art. 51 da Lei nº 11.343/2006 estabeleça o prazo de 30 (trinta) dias para
conclusão do inquérito policial quando o réu estiver preso, que pode ser duplicado pelo juiz,
o paciente, à época da análise da liminar, encontrava-se detido há aproximadamente 04
(quatro) meses sem que houvesse sido encerrado o referido procedimento.
III. Inexistindo justificativa plausível para a delonga e, não se revestindo o feito de tamanha
complexidade, eis que já efetivada quase a totalidade das diligências essenciais, resta
configurado o constrangimento ilegal por excesso de prazo, a ensejar o relaxamento da
prisão preventiva, com fixação de cautelares diversas.
IV. Some-se a essa circunstância que as peculiaridades fáticas que permeiam o caso
concreto, sobretudo a reduzida quantidade de droga apreendida em poder do acusado, a

172 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


primariedade do investigado e o fato de o delito não ter sido cometido mediante emprego
de violência ou grave ameaça, afastam a imprescindibilidade da segregação.
V. Ordem concedida.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0812544-65.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: JUIZ DA 2a VARA DE ENTORPECENTES DA CAPITAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
ELEMENTOS DOS AUTOS INDICAM A PRÁTICA DE USO DE DROGAS COMPARTILHADO.
AUSÊNCIA DE PROVAS DA MERCANCIA. PENA MÁXIMA EM ABSTRATO INFERIOR A
2 (DOIS) ANOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 61 DA LEI N° 9.099/95. COMPETÊNCIA DO
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. CONFLITO IMPROCEDENTE.
I – Os elementos dos autos apontam a configuração do delito de uso compartilhado de
drogas, previsto no artigo 33, §3º, da Lei nº 11.343/06. Isso porque: a) não há indícios nos
autos de que a aquisição de drogas pelo indiciado para consumo compartilhado ocorra com
frequência, ou seja, possui caráter eventual; b) o indiciado não visava obter lucro quando
comprou as drogas, já que, do dinheiro utilizado para a aquisição, metade fora entregue
pelo seu cunhado, e a outra metade era pertencente a ele próprio; c) o indiciado envolveu
pessoa do seu convívio pessoal, qual seja, seu cunhado; e d) ambos objetivavam consumir
a droga juntos.
II – Outrossim, o contexto da apreensão da droga não indica a mercancia, tendo em vista
que, mesmo após busca domiciliar, não foram encontrados apetrechos que permitam
levar a essa conclusão, como balanças de precisão, dinheiro em espécie, materiais para
acondicionamento, dentre outros.
III – Desta feita, considerando que o crime de uso compartilhado de drogas possui pena
máxima em abstrato de 1 (um) ano de detenção, nota-se que se enquadra no limite máximo
para processamento perante os Juizados Especiais Criminais, qual seja, pena máxima
superior a 2 (dois) anos (art. 61 da Lei n° 9.099/95).
IV – Conflito julgado improcedente para reconhecer e declarar a competência do 3º Juizado
Especial Criminal da Capital para processar e julgar o feito.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802913-92.2021.8.10.0110


APELANTE: JARDEILSON COSTA PEREIRA
ADVOGADO: AGRAVANTE:
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. BUSCA
PESSOAL. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. ATENDIMENTO AOS CRITÉRIOS DO ART.
244, DO CPP. DOSIMETRIA. TRÁFICO PRIVILEGIADO. APLICAÇÃO DA FRAÇÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 173


MÁXIMA DE REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. SUBSTITUIÇÃO DA REPRIMENDA POR
DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS.
I. Demonstradas a materialidade e autoria do crime de tráfico, merece ser mantida a
respectiva condenação, em especial quando há petrechos indicativos da mercancia
(papelotes de maconha, embalagens plásticas e tesoura).
II. A busca pessoal contemplada no art. 244 do CPP é legítima se amparada em fundada
suspeita e devidamente justificada pelas circunstâncias do caso concreto, notadamente a
demonstração de temor pelo acusado e sua tentativa de fuga. Precedentes do STJ.
III. Correta a aplicação da figura do tráfico privilegiado se a quantidade e natureza do
entorpecente assim recomendam, devendo, contudo, a pena sofrer redução na fração
máxima (2/3) prevista no §4º do art. 33 da Lei de Drogas, tendo em vista a ausência de
motivação concreta para a redução mínima.
IV. Não sendo o tráfico privilegiado crime hediondo, cabível a substituição da pena corporal
ora redimensionada por duas restritivas de direitos, tendo em vista o atendimento dos
requisitos do art. 44 do CP.
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800815-13.2021.8.10.0118


APELANTE: ANDERSON SERRA GONÇALVES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO
EM JUÍZO. PENA NO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE. NATUREZA E QUANTIDADE DA
DROGA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas
para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. A quantidade e a natureza dos entorpecentes são circunstâncias aptas a serem

174 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ponderadas na primeira fase da dosimetria, à luz do art. 42 da Lei 11.343/2006. No caso
em concreto, a natureza da droga, COCAÍNA, na forma de base (pasta base, merla, crack
e etc.), justificam o aumento da dosimetria na sentença guerreada.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802824-30.2021.8.10.0026


APELANTE: ANDREIA BARROS DA CONCEIÇÃO, LAIRTON SOUSA DE ARAÚJO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. ABSOLVIÇÃO PELO CRIME DE TRÁFICO
DE DROGAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS. ABSOLVIÇÃO PELO CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVAS CONCRETAS DO ANIMUS ASSOCIATIVO,
BEM COMO DA PERMANÊNCIA E ESTABILIDADE DO VÍNCULO ASSOCIATIVO.
AFASTAMENTO DA NEGATIVAÇÃO DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL RELATIVA ÀS
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA E
EMBASADA EM ASPECTOS INERENTES AO TIPO PENAL. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE
DA MENORIDADE RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE. APELANTE QUE POSSUA MAIS DE
21 ANOS DE IDADE À ÉPOCA DOS FATOS CRIMINOSOS. INCIDÊNCIA REDUTORA DO
ART. 33, § 4º DA LEI 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. COMPROVADO QUE AMBOS OS
APELANTES DEDICAVAM-SE A PRÁTICAS CRIMINOSAS. QUANTIDADE, VARIEDADE
E NOCIVIDADE DAS DROGAS APREENDIDAS PODEM EMBASAR A NÃO APLICAÇÃO
DA REDUTORA. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS.
1. A autoria e a materialidade delitiva encontram-se sobejamente comprovadas nos autos
em relação ao crime de tráfico de drogas, pois, além do 2º Apelante ter confessado que as
drogas encontradas eram destinadas a comercialização, estas não estavam escondidas,
mas em locais de acesso fácil e diário, a exemplo da geladeira da casa.
2. É cediço que, para efetiva caracterização do crime de associação para o tráfico, necessário
que estejam efetivamente demonstradas a estabilidade e permanência associativa, além
do animus associativo (dolo) entre os agentes para a prática da traficância, de modo que,
o simples fato dos apelantes conviverem maritalmente não é suficiente para caracterizar o
delito ora em análise.
3. A valoração das consequências do crime não está devidamente fundamentada, porquanto
os elementos apresentados são inerentes ao tipo penal de tráfico de drogas, não podendo
serem utilizados para exasperar a pena-base, merecendo, portanto, o decote pretendido
pelos apelantes.
5. Não há que se falar em incidência da atenuante da menoridade relativa em relação ao
2º Apelante, vez que este contava com mais de 21 (vinte e um) anos à época dos fatos
criminosos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 175


6. Tendo restado demonstrado nos autos que os apelantes se dedicavam a atividades
criminosas, sobretudo pelos cadernos apreendidos, que registravam uma extensa lista de
registro da mercancia ilícita realizada, impossível que se aplique a redutora do art. 33, § 4º
da lei 11.343/2006 (tráfico privilegiado);
7. Recursos conhecidos e parcialmente providos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0841394-63.2021.8.10.0001


APELANTE: FRANCISCO DE ASSIS GOMES VIEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DA BUSCA DOMICILIAR. INVIABILIDADE. CRIME DE NATUREZA
PERMANENTE QUE PRESCINDE MANDADO JUDICIAL. CONSENTIMENTO DO
MORADOR. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. RÉU CONFESSO. COMPENSAÇÃO ENTRE A
AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA E A ATENUANTE DA CONFISSÃO. TEMA 585/STJ.
APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. O crime de tráfico de entorpecentes é um delito permanente, cuja consumação se estende
no tempo, sendo legítima, portanto, a entrada de policiais para fazer cessar a prática do
delito, independentemente de mandado judicial, desde que existam elementos suficientes
de probabilidade delitiva (STJ. RHC 141.544 / PR. Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca. Julgado dia 15/06/2021).
2. A dinâmica do ingresso dos policiais na residência do ora apelante permite concluir que,
de fato, havia fundadas razões para que fosse tomada a medida extrema, não se podendo
falar em nulidade das provas obtidas, em especial no que tange à apreensão das drogas,
dinheiro e demais objetos, tudo encontrado no interior da sua residência.
3. Na espécie, a confissão do réu, em harmonia com os depoimentos testemunhais, atestou,
estreme de dúvidas, a autoria e materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses
da absolvição por insuficiência probatória.
4. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
5. Diante da igualdade de preponderância entre a atenuante de confissão e a agravante
de reincidência, bem como não se revelar o caso de multirreincidência, a compensação se
impõe, com o decote de 1/6 de pena, ficando a pena intermediária no mínimo legal.
6. Tendo em vista que o apelante permanece preso desde a data do fato (16/09/2021) até
o momento (10/10/2022), deve ser deduzido 1 (um) ano e 24 (vinte e quatro) dias sobre o
resto da pena a cumprir, a ser visto no Juízo da Execução.
7. Registre-se que como a pena continuará sendo superior a 04 (quatro) anos e não superior

176 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


a 08 (oito), mantém-se o regime inicial fechado.
8. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003766-71.2016.8.10.0026


APELANTE: SILVESTRE DA SILVA DOURADO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. DOSIMETRIA.
REDIMENSIONAMENTO. SUPRESSÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME COMO
CIRCUNSTÂNCIA DESABONADORA. APLICAÇÃO DO REDUTOR PREVISTO PARA A
FORMA PRIVILEGIADA. ADOÇÃO DA FRAÇÃO MÍNIMA. MODIFICAÇÃO DO REGIME DE
CUMPRIMENTO DA PENA. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA REPRIMENDA
POR RESTRITIVAS DE DIREITOS.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. O juízo demeritório das consequências do crime fundado em aspectos já englobados
no preceito incriminador não se coaduna com a regra do art. 59, do Código Penal, o que
conduz à supressão do desvalor e do incremento da pena na primeira fase da dosimetria.
III. Incide a aplicação da figura do tráfico privilegiado se a natureza menos deletéria do
entorpecente assim recomenda, devendo, contudo, a pena sofrer redução na fração
mínima (1/6) prevista no §4º do art. 33 da Lei de Drogas, diante da quantidade e forma de
apresentação do entorpecente (863 gramas em tablete prensado) e do contexto da atuação
do acusado, representado pela venda da droga a adolescentes.
IV. Não sendo o tráfico privilegiado crime hediondo, cabível a alteração do regime inicial de
cumprimento de pena para o semiaberto, tendo em vista o atendimento dos requisitos do
art. 33, §2º, “b”, do CP.
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000112-94.2019.8.10.0083


APELANTE: CLÁUDIO DE NAZARÉ GONÇALVES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT,
DA LEI DE Nº 11.343/06). INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E
MATERIALIDADE INCONTESTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO DE SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE. IMPOSSIBILIDADE. PROVAS ROBUSTAS A IMPUTAR A DIFUSÃO
ILÍCITA DA DROGA APREENDIDA. RECONHECIMENTO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 177


PRESENÇA DE CONDENAÇÃO CRIMINAL ANTERIOR. DESPROVIMENTO.
I. As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão insofismável de ter sido perpetrada a
conduta de tráfico de drogas. Tese desclassificatória insubsistente.
II. Autoria e materialidade comprovadas. Depoimento firme e coeso dos policiais responsáveis
pela autuação em flagrante.
III. Pleito de reconhecimento do tráfico privilegiado em seu patamar máximo afastados em
razão da inexistência de bons antecedentes, bem como pela fundamentação acertada da
sentença recorrida.
IV. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008428-85.2018.8.10.0001


APELANTE: CHARLLES RIBEIRO FRANCA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA
LEI DE Nº 11.343/06). ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. INOCORRÊNCIA.
AUTORIA E MATERIALIDADE INCONTESTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO
DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. IMPOSSIBILIDADE. PROVAS ROBUSTAS A
IMPUTAR A DIFUSÃO ILÍCITA DA DROGA APREENDIDA. RECONHECIMENTO DO
TRÁFICO PRIVILEGIADO. SUBSTITUIÇÃO POR PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
PREJUDICADOS. PLEITOS CONCEDIDOS NA BASE. DESPROVIMENTO.
I. As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão insofismável de ter sido perpetrada a
conduta de tráfico de drogas. Tese desclassificatória insubsistente.
II. Autoria e materialidade, comprovadas. Depoimento firme e coeso dos policiais responsáveis
pela autuação em flagrante, cabendo à defesa comprovar sua imprestabilidade, o que não
se deu nos autos. Precedentes.
III. Pleito de reconhecimento do tráfico privilegiado em seu patamar máximo e consequente
substituição por pena restritiva de direitos prejudicados em razão de terem sido concedidos
pelo juízo de base.
IV. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000481-84.2019.8.10.0052


APELANTE: MÁXIMO COSTA PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. INGRESSO DE DROGA NO INTERIOR DO PRESÍDIO. ABSOLVIÇÃO.
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE

178 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO INQUÉRITO POLICIAL EM
CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO EM JUÍZO. APELAÇÃO
CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. Por se tratar de crime de natureza múltipla, a prática de qualquer das condutas descritas
no artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06, autoriza a condenação por tráfico ilícito de
entorpecentes.
3. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818400-10.2022.8.10.0000


PACIENTE: MOISÉS SOUZA RAMOS VAZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CANTANHEDE
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA.
INSTRUÇÃO NÃO INICIADA. DEMORA INJUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. NECESSIDADE DE RELAXAMENTO DO ERGÁSTULO MEDIANTE
IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Sendo a prisão cautelar uma medida extrema, que priva o réu da sua liberdade antes do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, exige-se que, tanto o procedimento
inquisitivo, quanto a instrução criminal, tramitem com celeridade.
II. Considerando que o paciente encontra-se recluso há mais de 01 (um) ano sem que tenha
sequer se iniciado a instrução e evidenciada morosidade excessiva não atribuída à defesa,
nem tampouco se tratando de crime complexo, resta configurado o constrangimento ilegal
por excesso de prazo na formação da culpa, a ensejar o relaxamento da prisão preventiva,
com fixação de cautelares diversas.
III. Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815264-05.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOÃO PEDRO RANGEL GASPAR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA CENTRAL DE INQUÉRITO E CUSTÓDIA DA
COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. ILICITUDE DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 179


NÃO FICOU DEMONSTRADA DE PLANO A ILEGALIDADE DA PROVA APTA A
CAUSAR CONSTRANGIMENTO ILEGAL AO PACIENTE. AUSÊNCIA DE ATIPICIDADE
FORMAL OU MATERIAL, E DE CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRESENÇA DE INDÍCIOS, AINDA QUE MÍNIMOS, DE
AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME A LEGITIMAR A INVESTIGAÇÃO POLICIAL.
DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I - O trancamento do inquérito policial por habeas corpus é excepcional, somente acontecendo
quando estiver comprovado, de plano, inépcia da peça acusatória, a atipicidade da conduta
ou a superveniência de causa extintiva da punibilidade, segundo entendimento pacificado
da jurisprudência pátria. precedentes.
II - No caso, somente a análise dos autos de prisão em flagrante, não demonstrou de
plano a ilegalidade da prova apta a causar constrangimento ilegal ao paciente e, tampouco
atipicidade formal ou material da conduta delituosa.
III- A presença de indícios, ainda que mínimos, de autoria e materialidade do crime, legitimam
a investigação policial.
IV - Conheço e denego a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811798-03.2022.8.10.0000


PACIENTE: VALDEILSON DA SILVA E SILVA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CANTANHEDE – MARANHÃO
RELATOR: GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO DE QUEBRA
DA CADEIA DE CUSTÓDIA. INEXISTÊNCIA DE PATENTE IRREGULARIDADE.
FATOS CORROBORADOS POR OUTROS ELEMENTOS DE PROVA COLHIDOS
NO FLAGRANTE. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE PROPORCIONALIDADE.
REDUZIDA QUANTIDADE DE ENTORPECENTES APREENDIDA. DESNECESSIDADE DA
CUSTÓDIA ANTECIPADA NO CASO CONCRETO. POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO
POR MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Inviável desconstituir o flagrante e o ergástulo preventivo dele decorrente sob o argumento
de quebra da cadeia de custódia, quando há nos autos outros elementos probatórios
suficientes e capazes para aferir a autoria e materialidade delitivas.
II. A prisão preventiva é medida excepcional, última ratio, razão pela qual o decreto
segregatório deve estar suficientemente fundamentado, amparado em elementos concretos
que justifiquem a sua imprescindibilidade.
III. As circunstâncias fáticas que permeiam o caso concreto, em especial a quantidade
de droga apreendida, não evidenciam a indispensabilidade do encarceramento, sendo
suficiente, em um juízo de proporcionalidade, a imposição de medidas cautelares diversas.
IV. Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814405-86.2022.8.10.0000

180 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PACIENTE: JERFFSON CLEITON NOGUEIRA FONSECA
IMPETRADO: ATO DO JUIZ DA 1 VARA DE ENTORPECENTES DA CAPITAL
RELATOR: GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DE ACORDO COM AS
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNST NCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS.
ORDEM CONHECIDA E DENEGADA. PACIENTE PORTADOR DE HEPATITE B.
VIABILIDADE DA CONCESSÃO DA PRISÃO DOMICILIAR DE OFÍCIO “IN CASU”.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta inexistência dos requisitos legais,
quando o decreto segregatório se encontra devidamente lastreado em particularidades do
caso concreto, e com fundamento na garantia da ordem pública, com fulcro no art. 312 do
CPP.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como primariedade e residência fixa, por si só,
não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, tampouco autorizar a aplicação
de medidas cautelares diversas, na hipótese em que presentes os requisitos autorizadores
do encarceramento.
III. A concessão da prisão domiciliar, para tratamento de doença é medida que visa resguardar
a saúde do paciente e de outras pessoas que porventura mantenham contato com ele, em
virtude do risco de propagação da enfermidade, sobretudo em estabelecimento prisional.
IV. Estando comprovada a patologia que acomete o acusado, torna-se imperiosa a
substituição, de ofício, da prisão preventiva pelo ergástulo domiciliar, nos termos do art.
318, II do CPP.
V. Habeas Corpus conhecido e denegado, porém, concedida a ordem de ofício, de modo a
substituir a prisão preventiva do paciente por domiciliar.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814126-03.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCISCO IDELTON DOS SANTOS SILVA, JEFFERSON MORAES
FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA CENTRAL DE INQUÉRITO DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS INTERESTADUAL E ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. APLICAÇÃO
DE CAUTELARES ALTERNATIVAS. INVIABILIDADE. ALEGADO EXCESSO DE PRAZO
PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E APRESENTAÇÃO DE DENÚNCIA.
INOCORRÊNCIA. PROCESSO EM TR MITE REGULAR DIANTE DAS PARTICULARIDADES
DO CASO CONCRETO. DELONGA JUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência dos requisitos legais,
quando o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades do caso concreto

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 181


e devidamente assentado no art. 312 do Código de Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa,
profissão definida e família constituída, por si só, não tem o condão de desconstituir a
custódia antecipada, na hipótese em que presentes os pressupostos autorizadores do
encarceramento.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do ergástulo, incabível a sua substituição por
providências menos gravosas, por serem insuficientes para salvaguardar a ordem pública.
IV. O prazo para a conclusão do inquérito policial ou da instrução criminal não tem as
características de fatalidade e de improrrogabilidade, fazendo-se necessário raciocinar com
o juízo de razoabilidade a fim de caracterizar o excesso, não se ponderando a mera soma
aritmética de tempo para os atos de investigação ou processuais. Precedentes do STJ e
do STF.
V. Constrangimento ilegal não configurado na espécie, uma vez que já encaminhado pela
autoridade policial o relatório conclusivo, com a respectiva apresentação denúncia pela
Ministério Público.
VI. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813412-43.2022.8.10.0000


PACIENTE: THAILMA FERREIRA E FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DA COMARCA DA ILHA
DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO ART. 312 DO CPP.
CIRCUNST NCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEV NCIA. APLICAÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência dos requisitos legais e de
fundamentação, quando o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades
do caso concreto e devidamente assentado no art. 312 do Código de Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como bons antecedentes, residência fixa e profissão
definida, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, na hipótese
em que presentes os pressupostos autorizadores do encarceramento. Precedentes.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do ergástulo, incabível a sua substituição por
providências menos gravosas, por serem insuficientes para salvaguardar a ordem pública
e assegurar a aplicação da lei penal.
IV. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0010195-95.2017.8.10.0001


APELANTE: ALBERTO CARLOS SERRA MOUTA JÚNIOR

182 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. REGINA MARIA DA COSTA LEITE
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS.
FLUÊNCIA DO PRAZO RECURSAL A PARTIR DA ÚLTIMA INTIMAÇÃO. APELAÇÃO
TEMPESTIVA. AUTORIA NÃO COMPROVADA. SENTENÇA FUNDADA EM DENÚNCIA
ANÔNIMA E DEPOIMENTO PRESTADO EM FASE INQUISITORIAL E NÃO CONFIRMANDO
EM JUÍZO. ABSOLVIÇÃO. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO. APELAÇÃO CONHECIDA
E PROVIDA.
1. Em se tratando de sentença condenatória, imperiosa a intimação tanto do réu como do
seu defensor, começando a fluência do prazo a partir da última intimação. Precedente do
Superior Tribunal de Justiça (STJ,REsp 1329484/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta
Turma, DJe 25/04/2013).
2. A sentença vergastada fundamenta a condenação do apelante a partir de uma denúncia
anônima e um depoimento prestado pelo corréu na fase inquisitorial e não ratificado em
juízo.
3. A condenação fundada exclusivamente em provas produzidas na fase de investigação,
sem a devida confirmação em juízo, ou seja, sem sua submissão ao contraditório é uma
inversão a ordem de relevância das fases da persecução penal, conferindo maior juridicidade
a um procedimento administrativo em detrimento do processo penal. Precedente do STJ
(HC 560.552/RS. Quinta Turma. Relator: Ministro Ribeiro Dantas. DJE: 26/02/2021).
4. Havendo dúvida razoável, diante da fragilidade do conjunto probatório produzido, de rigor
a absolvição do agente, nos termos do art. 386, VII do CPP e em homenagem ao princípio
in dubio pro reo.
5. Apelação conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008702-83.2017.8.10.0001


APELANTE: GLACILENE DOS SANTOS SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTORA: ILANA LAENDER
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO
EM JUÍZO. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 183


materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. As provas colhidas no inquérito policial e não repetidas em juízo podem ser utilizadas
para corroborar o convencimento baseado em outras provas disponibilizadas durante a
instrução processual (AgRg no AREsp n. 609.760⁄MG, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe de 29⁄3⁄2017, sem grifos no original).
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que são
considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os fatos narrados na
denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado, tendo relevante força
probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente hipótese.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0029081-16.2015.8.10.0001


APELANTE: LEOMAR SANDRO MELO RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: MÁRCIO JOSÉ BEZERRA CRUZ
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE
ÍNFIMA DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA.EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE EM FACE DO CUMPRIMENTO DE CUSTÓDIA CAUTELAR APELO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. No caso, embora a materialidade esteja comprovada, há dúvidas acerca da prática
de mercancia por parte do apelante. Diante disso, a dúvida prepondera em favor do réu,
conforme o princípio do in dubio pro reo;
2. Os elementos probatórios são insuficientes para embasar o juízo condenatório pelo crime
de tráfico, isso porque, conforme se observa, não foi presenciado pelos agentes públicos
qualquer ato de mercancia bem como não foram encontrados petrechos comuns à prática
a evidenciar que o acusado praticava a traficância de uma pequena quantidade de droga
apreendida (2,97g - dois gramas de noventa e sete miligramas de cocaína).
3. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 para o previsto no art. 28, do mesmo diploma legal.
4. Extinta a punibilidade em decorrência do cumprimento de medida mais severa do que a
pena aplicável ao caso (art. 28, § 3º)
5. Recurso conhecido e provido, declarando, ao final, extinta a punibilidade do apelante.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801471-44.2021.8.10.0061


APELANTE: FRANCISCO VIANA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

184 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PROMOTORA: LAYS GABRIELLA PEDROSA SOUZA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO. VIABILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO
INSUFICIENTE PARA RESPALDAR A MERCANCIA. APELO PROVIDO.
I. Se a instrução do feito não logrou amealhar provas aptas a respaldar a comercialização
ilícita de maconha pelo apelante, mas tão somente o seu uso, não há como sustentar o
édito condenatório voltado ao crime de tráfico.
II. A ausência de apetrechos indicativos de comercialização de substância entorpecente,
aliada à discreta quantidade de droga apreendida, ao fato de estar o agente desacompanhado
e desprovido de dinheiro em cédulas menores, corrobora a tese desclassificatória da defesa.
Precedentes.
III. Diante de mínima dúvida sobre a ocorrência do crime de tráfico de drogas, a interpretação
que deve imperar é aquela mais favorável ao réu, por força do princípio do in dubio pro reo.
IV. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000452-90.2020.8.10.0022


APELANTES: VALDO DE SOUSA LIMA, JANEIDE PEREIRA DO NASCIMENTO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
PRECLUSÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA PROVADAS. REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DA PENA. REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
I - A inépcia da inicial acusatória deve ser arguida até o momento de prolação da sentença,
sob pena de preclusão, salvo em situações excepcionais capazes de macular o próprio
conteúdo da decisão. Precedentes do STF e do STJ
II - Denúncia que indica, nos termos do art. 41 do CPP, os elementos fáticos suficientes
para a configuração do fato delituoso, ainda que de forma sintética, está apta a produzir os
seus efeitos legais.
III - Para caracterização do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, é prescindível que
o réu seja flagrado praticando atos de comércio, sendo relevantes as circunstâncias de
apreensão do narcótico, notadamente, a quantidade e natureza da droga e sua forma
de acondicionamento, bem como a existência de outros apetrechos, tais como balança
de precisão e relevante quantidade de dinheiro em notas pequenas. Comprovadas a
materialidade e autoria delitivas, imperiosa a condenação.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 185


IV - O crime de associação para o tráfico, tipificado no art. 35 da Lei 11.343/2006, caracteriza-
se pela estabilidade e permanência. Para configuração, basta que duas ou mais pessoas
se associem com a finalidade de praticar, uma ou diversas vezes, o crime do art. 33, caput
da Lei 11.343/2006, havendo incompatibilidade com a causa de redução prevista no § 4º
do referido dispositivo.
V - A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera
admissão da posse ou propriedade para uso próprio. Súmula 630 - STJ.
VI - É inconstitucional a fixação ex lege do regime inicial fechado, com base exclusivamente
no art. 2º, §1º, da Lei 8.072/1990. Em consequência, cabe ao julgador, quando da
condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal. STF – Tema
972 firmado em repercussão geral.
VII - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0014620-68.2017.8.10.0001


APELANTE: ANTÔNIO FERNANDO RIBEIRO MONTEIRO, LUCIANO VITOR MONTEIRO,
TAMILIO RODRIGUES FERREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. APLICAÇÃO DA
ATENUANTE DE CONFISSÃO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO UTILIZAÇÃO PARA FORMAÇÃO
DO CONVENCIMENTO DO MAGISTRADO. UTILIZAÇÃO DA QUANTIDADE DE DROGA
DE FORMA CONCOMITANTE NA PRIMEIRA E NA TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA
DA PENA. VEDAÇÃO. BIS IN IDEM. INCIDÊNCIA DA MINORANTE DE TRÁFICO
PRIVILEGIADO. APLICAÇÃO DA ATENUANTE DE MENORIDADE. POSSIBILIDADE.
IMPOSIÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 265 DO CPP EM RAZÃO DO ABANDONO
INJUSTIFICADO DO PROCESSO PELO ADVOGADO. PREJUÍZO CONSTATADO.
PROVIMENTO PARCIAL DOS APELOS.
1 – Considerando que a confissão dos apelantes não foi utilizada pelo juízo a quo para
a formação do seu convencimento, tendo em vista a existência de outros elementos de
provas nos autos suficientes para embasar a condenação, não há que se falar na aplicação
da atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP, nos termos da jurisprudência do STJ e da
Súmula nº 545, também do STJ. Precedentes.
2 – De outro lado, tendo em vista que o julgador já havia utilizado a quantidade de
droga apreendida na primeira fase da dosimetria dos réus, para valorar negativamente
a circunstância judicial intitulada “circunstâncias do crime”, não poderia ter se valido
novamente da quantidade de entorpecentes, de forma exclusiva, para afastar a aplicação
da minorante de tráfico privilegiado, restando configurado, dessa forma, o bis in idem, dada
a utilização da quantidade de droga, de forma concomitante, na primeira e na terceira fase

186 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da dosimetria da pena, conforme entendimento consolidado do STF e do STJ. Precedentes.
3 – Noutro giro, considerando que o apelante possuía menos de 21 (vinte e um) anos na
data do fato, deve incidir a atenuante prevista no art. 65, I, do CP.
4 – Não há que se falar, no caso em análise, em necessidade de detração do tempo de
custódia por ocasião da prolação da sentença ou acórdão, nos termos do art. 387, §2º, do
CPP, pois mesmo que se leve em conta o tempo de prisão provisória do apelante, será
mantido o regime prisional inicial. Dessa forma, a detração deverá ser realizada pelo Juízo
da Execução Penal.
5 – Em razão do abandono do processo pelo defensor constituído pelo apelante, sem motivo
imperioso devidamente comunicado ao juízo, e uma vez constatada a patente violação
ao devido processo legal e à ampla defesa, dada a injusta paralisação da tramitação do
processo, ocasionando prejuízos ao réu, por obstar a reapreciação da sentença condenatória
proferida em seu desfavor, deve ser aplicada a multa prevista no art. 265 do CPP.
6 – Provimento parcial das apelações.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0837179-44.2021.8.10.0001


APELANTE: JEAN CARLOS COSTA FRAZÃO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. INVIABILIDADE. ABSOLVIÇÃO.
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 28
DA LEI 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS. NATUREZA, QUANTIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DA APREENSÃO.
APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Inviabilidade do apelante em recorrer em liberdade, porquanto permanecem os requisitos
ensejadores da prisão preventiva (HC n. 442.163/MA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta
Turma, julgado em 21/6/2018, DJe 28/6/2018).
2. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas, fundado no in dubio pro reo.
3. A quantidade e a natureza dos entorpecentes, bem como as condições e local da
apreensão comprovam a ocorrência do tráfico de drogas, sendo incabível a desclassificação
para o artigo 28 da Lei de Drogas.
4. O direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os depoimentos policiais são
considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os fatos narrados
na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado, tendo relevante
força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente hipótese.
5. Apelo conhecido e desprovido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 187


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802545-44.2021.8.10.0026
APELANTE: MAURÍCIO SILVA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. DOSIMETRIA.
ART. 42, DA LEI Nº 11.343/06. EXASPERAÇÃO DA PENA BASE. ATENUANTE DE
CONFISSÃO. RECONHECIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DO REDUTOR PREVISTO PARA
A FORMA PRIVILEGIADA. MAJORANTE DO ART. 40 DA LEI DE DROGAS. FRAÇÃO
ARBITRADA EM 1/3. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA.
I. Correta a exasperação da pena base em 1/8 acima do mínimo se a natureza especialmente
lesiva, a quantidade e a variedade das drogas recomendam o acréscimo, ex-vi do art.
42 da Lei nº nº 11.343/2006. Todavia, havendo erro material na aplicação do percentual
referenciado no cálculo da pena-base, mister que se faça a correção.
II. Considerada a confissão da mercancia de entorpecentes na fundamentação do édito
condenatório, impõe-se a aplicação da atenuante indicada no art. 65, III, “d”, do Código
Penal. Inteligência das Súmulas 545 e 630, do STJ.
III. Não configura tráfico privilegiado quando a quantidade e variedade de tipos da droga
apreendida (maconha e cocaína) revelam que o agente se dedicava à atividade criminosa,
valendo-se da difusão do vício com animus lucrandi.
IV. A incidência das causas de aumento previstas no art. 40 da Lei n. 11.343/2006 em
patamar superior ao mínimo legal exige motivação concreta, devendo a fração aplicada
ser reduzida ao piso quando não indicada as circunstâncias do delito que justificariam o
incremento em patamar mais elevado.
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000384-04.2020.8.10.0035


VÍTIMA: IVONETE DA CONCEIÇÃO DE PAIVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE DE DROGA.
ART. 28 DA LEI 11.343/2006. TEMPO DE PRISÃO PREVENTIVA SUPERIOR À PENA
DEFINITIVA IMPOSTA. DETRAÇÃO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
1. Observado que a ré permaneceu presa preventiva por tempo superior à pena definitiva
imposta na sentença, deve ser reconhecida a extinção da punibilidade por cumprimento
integral da pena fixada.
2. Declarada extinta a punibilidade pelo cumprimento da pena.
3. Recurso conhecido e provido.

188 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812040-59.2022.8.10.0000
PACIENTE: THIAGO OLIVEIRA DE LIMA
IMPETRADO: JUIZ SEGUNDA VARA CRIMINAL DE BACABAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS PREENCHIDOS. MANUTENÇÃO
DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II - Apenas as condições subjetivas favoráveis do paciente, não tem o condão de tornar
ilegal a manutenção da prisão cautelar, caso estejam presentes elementos suficientes para
a decretação da prisão preventiva, tampouco, substituir por medidas menos gravosas.
III - Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810888-73.2022.8.10.0000


PACIENTE: RUTH GALIZA RIMAR FURTADO
IMPETRADO: JUÍZO DA CENTRAL DE INQUÉRITO E CUSTÓDIA DA COMARCA DE
IMPERATRIZ/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. PREPONDERÂNCIA DO BEM-ESTAR SOCIAL SOBRE O INDIVIDUAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE. PROPENSÃO AO CRIME. SEGREGAÇÃO
CAUTELAR COM O OBJETIVO DE CONTER A REITERAÇÃO CRIMINOSA. MEDIDAS
CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. PRISÃO DOMICILIAR. INADEQUAÇÃO. SITUÇÃO
EXCEPCIONALÍSSIMA. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva do paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. Os inquéritos policiais ou ações penais em curso justificam a imposição de prisão
preventiva, pois evidenciam o maior envolvimento do agente com a prática delitiva, pelo que
podem ser utilizados para justificar a manutenção da segregação cautelar para garantia da
ordem pública, com o objetivo de conter a reiteração criminosa (AgRg no HC 659.931/SP,
Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe
28/06/2021).
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 189


cautelares constantes no art. 319 ou pela prisão domiciliar, prevista no art. 318, V, ambos
do Código de Processo Penal. Situação excepcionalíssima configurada.
4. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810888-73.2022.8.10.0000


PACIENTE: RUTH GALIZA RIMAR FURTADO
IMPETRADO: JUÍZO DA CENTRAL DE INQUÉRITO E CUSTÓDIA DA COMARCA DE
IMPERATRIZ/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. PREPONDERÂNCIA DO BEM-ESTAR SOCIAL SOBRE O INDIVIDUAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE. PROPENSÃO AO CRIME. SEGREGAÇÃO
CAUTELAR COM O OBJETIVO DE CONTER A REITERAÇÃO CRIMINOSA. MEDIDAS
CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. PRISÃO DOMICILIAR. INADEQUAÇÃO. SITUÇÃO
EXCEPCIONALÍSSIMA. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva do paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. Os inquéritos policiais ou ações penais em curso justificam a imposição de prisão
preventiva, pois evidenciam o maior envolvimento do agente com a prática delitiva, pelo que
podem ser utilizados para justificar a manutenção da segregação cautelar para garantia da
ordem pública, com o objetivo de conter a reiteração criminosa (AgRg no HC 659.931/SP,
Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe
28/06/2021).
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas
cautelares constantes no art. 319 ou pela prisão domiciliar, prevista no art. 318, V, ambos
do Código de Processo Penal. Situação excepcionalíssima configurada.
4. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS No 0810157-77.2022.8.10.0000 – SÃO LUÍS


PACIENTE: JAMILSON VIEIRA ARAÚJO
IMPETRANTE: REGINALDO SILVA SOARES- (OAB/MA no 14968-A)
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 1a VARA DE ENTORPECENTES DE SÃO LUÍS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO ILÍCITO

190 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE ENTORPECENTES. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGA. CRIMES
DOS ARTS. 33 E 35, DA LEI 11.343/2006. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENTES OS
PRESSUPOSTOS DA PRISÃO CAUTELAR. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA
DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva do paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. Jurisprudência do STJ no sentido de que “inquéritos policiais ou ações penais em curso
justificam a imposição de prisão preventiva como forma de evitar a reiteração delitiva e,
assim, garantir a ordem pública” (AgRg no HC n. 738.533/RJ, Relator Ministro João Otávio
de Noronha, Quinta Turma, julgado em 24/5/2022).
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
4. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS No 0810672-15.2022.8.10.0000


PACIENTE: ELLEM VITÓRIA ABREU FRAZÃO E EMILLY ABREU FRAZÃO
IMPETRANTE: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO PLANTONISTA DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE
PINDARÉ/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. REGINA LÚCIA DE ALMEIDA ROCHA
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS
INTERESTADUAL. PRISÃO EM FLAGRANTE. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA.
APREENSÃO DE QUANTIDADE EXPRESSIVA DE DROGAS. PROVAS DE
MATERIALIDADE E DE AUTORIA DO DELITO. MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA E
PERIGO CONCRETO CONFIGURADO. INVIABILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS
DIVERSAS DA PRISÃO, PREVISTAS NOS ART. 319 DO CPP.
I. Notórios todos os requisitos necessários para a segregação preventiva das pacientes,
inexistindo coação ilegal a ser cessada por habeas corpus, materialidade do crime de
tráfico de drogas, tal como comprova o laudo de constatação preliminar da droga, bem
como estão presentes os indícios de autoria das duas pacientes, conforme o auto de prisão
em flagrante.
II. Necessidade de garantir a ordem pública, uma vez que a eventual soltura das acusadas
acolheria risco agudo e concreto à sociedade, tendo elas participado de empreitada
criminosa no transporte de robusto volume de drogas do Estado do Mato Grosso até o
Estado do Maranhão, corroborando com o tráfico interestadual.
III. Assenta-se também presente o risco de as pacientes voltarem a delinquir, considerando-
se que um dos implicados no crime já praticara outro delito de mesma natureza, o que nos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 191


pode fazer crer do perigo, a priori, gerado pela liberdade das pacientes.
IV. Presentes estão os requisitos autorizadores da prisão preventiva, previstos no Art. 312
e 313 do CPP e, por tal, entendo como necessária a manutenção da prisão provisória para
garantia da ordem pública, bem como inviável sua substituição por outra medida cautelar.
Unanimidade.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000585-40.2016.8.10.0001


APELANTE: THAYSSON ANDRE MARQUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA LUIZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE
ÍNFIMA DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA. CABIMENTO.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. APELO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. Apelante que foi apreendido com 3,67 g (três gramas e sessenta e sete miligramas)
de cocaína, sem petrechos comuns à prática da traficância. Confissão apenas quanto ao
consumo.
2. No Processo Penal, compete exclusivamente à acusação demonstrar a certeza sobre a
imputação do fato delituoso, e não à defesa sustentar o estado de dúvida, que é presumido
em favor do acusado, até prova robusta em sentido contrário.
3. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 para o previsto no art. 28, do mesmo diploma legal.
4. Por conseguinte, forçoso reconhecer a extinção da punibilidade do réu, em razão da
prescrição da pretensão punitiva.
5. Recurso conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000050-66.2021.8.10.0024


APELANTE: JOSÉ MILTON DA CONCEIÇÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E
MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APELAÇÃO DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência

192 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


de provas, fundado no in dubio pro reo.
2. O direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os depoimentos policiais são
considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os fatos narrados
na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado, tendo relevante
força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente hipótese;
3. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000066-69.2015.8.10.0108


APELANTE: CLAUDINEI DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. MATERIALIDADE E AUTORIA PROVADAS. DESCLASSIFICAÇÃO
DO CRIME DE TRÁFICO. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA. QUANTIDADE E
NATUREZA DA DROGA APREENDIDA. VALORAÇÃO NA PRIMEIRA E TERCEIRA FASES.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - Para caracterização do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, é prescindível que o
réu seja flagrado praticando atos de comércio, sendo relevantes as circunstâncias de
apreensão do narcótico, notadamente, a quantidade e natureza da droga e sua forma
de acondicionamento, bem como a existência de outros petrechos, tais como balança de
precisão, sacolas plásticas, linha e quantia em dinheiro.
II - Comprovadas a materialidade e autoria delitivas, a improcedência do pleito absolutório é
manifesta, sendo imperiosa a condenação pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes em
razão da conduta de guardar drogas, que o conjunto probatório aponta serem destinadas
à mercância.
III - A condenação fundada em elementos colhidos na fase investigativa, desde que
corroborados na instrução judicial, harmoniza-se com o disposto no art. 155 do CPP.
IV - Na condenação por tráfico de drogas, as circunstâncias da natureza e da quantidade
da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas em uma das fases do
cálculo da pena. STF - Tema 712 firmado em repercussão geral.
IV - Não há a obrigação de aplicação da redução no percentual máximo previsto no art. 33,
§ 4º, da Lei de Drogas, quando presentes os requisitos para a concessão desse benefício,
desde que fundamentada a modulação da fração na terceira fase. Assim, considerando a
natureza e a quantidade dos entorpecentes não valorados na primeira fase, pode ser fixado
o redutor em patamar intermediário.
V - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004968-22.2020.8.10.0001


APELANTE: KLEYDSON ALVES RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 193


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO
PARA O ART. 28 DA LEI 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. NATUREZA, QUANTIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DA
APREENSÃO. PEDIDO DE FIXAÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO E DE CONVERSÃO
DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. INVIABILIDADE. SÚMULA 231 STJ. RÉU
REINCIDENTE. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas, fundado no in dubio pro reo.
2. A quantidade e a natureza dos entorpecentes - 109,298g (cento e nove gramas e
duzentos e noventa e oito miligramas) de maconha e 5,465g (cinco gramas e quatrocentos
e sessenta e cinco miligramas) de cocaína, bem como as condições e local da apreensão
comprovam a ocorrência do tráfico de drogas, sendo incabível a desclassificação para o
artigo 28 da Lei de Drogas.
3. O direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os depoimentos policiais são
considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os fatos narrados
na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado, tendo relevante
força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente hipótese.
4. Impossibilidade de fixação da pena aquém do mínimo à luz da observância da Súmula
nº 231 do STJ e da conversão da pena privativa de liberdade, tendo em vista o quantum da
pena superior a 04 (quatro) anos e ser o réu reincidente, em observância ao art. 44, I e II,
do CP.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000119-23.2020.8.10.0125


APELANTE: STEFESON ROCHA MOTA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO
E ILICITUDE DAS PROVAS. NÃO OCORRÊNCIA. CRIME DE TRÁFICO. NATUREZA
PERMANENTE QUE SUSTENTA A SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA. INGRESSO DOS
AGENTES POLICIAIS EM DOMICÍLIO JUSTIFICADO POR INDÍCIOS CONCRETOS
DA PRÁTICA DE CRIME. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE. PENA SUPERIOR A 04 ANOS.
I – Nos crimes permanentes, como o de tráfico de drogas, a situação de flagrância perdura

194 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


enquanto não cessar a permanência.
II – A inviolabilidade do domicílio pode ser mitigada diante da constatação de flagrante
delito, que por sua vez pode ser verificada por policiais quando houver suspeita do crime. É
o caso dos autos, em que o delegado recebeu denúncia qualificada da prática do crime de
tráfico de drogas e disparo de arma de fogo.
III – A substituição da pena privativa de liberdade só é possível quando não superar o limite
de 04 anos, o que não é o caso dos autos.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000578-61.2018.8.10.0071


APELANTE: IDOVAL VAZ PIRES, IVALDINO VAZ PIRES, IZAMAR VAZ PIRES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. TRÁFICO PRIVILEGIADO.
CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA RECONHECIDA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. ORDEM DE NOVA DOSIMETRIA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
I - Provido recurso especial para reconhecer a configuração do tráfico privilegiado em favor
do apelante.
II – Determinado pelo Superior Tribunal de Justiça a ordem de nova dosimetria, aplicando
a causa de diminuição de pena no patamar de 1/6.
III – Recurso parcialmente provido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811762-58.2022.8.10.0000


PACIENTE: CARLOS JEFERSON DE MORAIS LEAL
IMPETRADO: JUIZ DA PRIMEIRA VARA DE CODÓ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM FLAGRANTE.
CONVERSÃO EM PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. DEFICIENTE FÍSICO. PRISÃO DOMICILIAR
HUMANITÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA EXTREMA
DEBILIDADE. TRATAMENTO ADEQUADO NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA.
1. A custódia cautelar do paciente está baseada em elementos concretos, diante do risco à
ordem pública e de reiteração delitiva, razão pela qual inexiste constrangimento ilegal.
2. A prisão domiciliar humanitária é medida excepcional, na qual é indispensável que
esteja demonstrada a extrema debilidade do paciente diante da inexistência de tratamento
de saúde adequado no estabelecimento onde se encontra custodiado, o que não restou
demonstrado na hipótese dos autos.
3. Ordem denegada.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 195


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000308-53.2019.8.10.0022
APELANTE: RAYMISON BIZERRA LIMA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR. DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA USO DE
ENTORPECENTES. INVIÁVEL. MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE TRÁFICO
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DA PENA.
ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS
PREENCHIDOS. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. ALTERADO REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITO. CABIMENTO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas; fundado no in dubio pro reo.
2. A quantidade e a diversidade das substâncias apreendidas (04 trouxinhas de maconha
e 02 invólucros de cocaína), a forma como estavam acondicionadas, além dos petrechos
como uma balança de precisão, pinos com resquícios de cocaína, vários rolos de papel
filme, somados às provas testemunhais, levam à conclusão de que a conduta do apelante
se encontra perfeitamente tipificada no artigo 33 da Lei 11.343/06, não havendo, pois, que
se falar em desclassificação para o delito previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
3. A manutenção da condenação é medida que se impõe quando o acervo probatório
constante dos autos se mostra suficiente para a comprovação da autoria e da materialidade
do delito de tráfico ilícito de drogas, portanto, incabível o pleito de desclassificação para
consumo estampado no art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
4. Não havendo comprovação de que o apelante, réu primário e de bons antecedentes, se
dedicava a atividades criminosas ou que integrasse organização criminosa, o reconhecimento
da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico privilegiado) se
impõe.
5. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, bem como
por não se tratar de réu reincidente e sendo as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código
Penal e art. 42, da
Lei n. 11.343 /2006, favoráveis, é o caso de fixar o regime aberto para cumprimento da
pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal
6. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
7. Apelação conhecida e parcialmente provida.

196 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002958-90.2016.8.10.0115
APELANTE: PABLO HENRIQUE SOUSA MORAES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DESTINAÇÃO
MERCANTILDASUBST NCIAENTORPECENTE EVIDENCIADA. CONDENAÇÃO MANTIDA.
EFEITO DEVOLUTIVO AMPLO DA APELAÇÃO CRIMINAL. REDIMENSIONAMENTO DA
PENA. INVIABILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO.
I. Se o conjunto probatório dos autos revela o comércio clandestino de drogas praticado pelo
agente, torna-se inviável acolher as pretensões absolutória ou desclassificatória manejadas
pela defesa, mantendo-se a condenação imposta ao acusado, com base no art. 33, caput,
da Lei nº 11.343/06
II. O efeito devolutivo amplo da apelação criminal autoriza o Tribunal a examinar questões
pertinentes ao recurso exclusivo da defesa, embora não tenham sido alvo específico das
razões recursais, desde que não agrave a situação do recorrente;
III. A eventual existência de circunstâncias atenuantes não autoriza a minoração para
patamar inferior ao mínimo legal, Inteligência da Súmula 231 - STJ.
IV. O benefício legal previsto no §4º do artigo 33 da Lei 11.343/06 pressupõe o preenchimento
de todos os requisitos, entre os quais, a não dedicação à atividade criminosa. A existência de
inquéritos policiais e/ou ações penais em curso é suficiente para impedir a redução da pena
nos termos do dispositivo referenciado. Precedente do STJ em Embargos de Divergência
nº 1.431.091 - SP.
V. Apelação improvida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811272-36.2022.8.10.0000


PACIENTE: ELIELYSON DOS SANTOS FERNANDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUÍZO DA COMARCA DE GOVERNADOR NUNES FREIRE
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO. RECEPTAÇÃO. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO.
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. EXCEPCIONALIDADE. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DO
DECRETO SEGREGATÓRIO. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. INSUFICIÊNCIA.
CIRCUNST NCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEV NCIA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 197


I. O trancamento da ação penal por meio do habeas corpus somente é cabível quando
houver comprovação, de plano, da atipicidade da conduta supostamente praticada pelo
acusado, da ausência de indícios de autoria e materialidade delitivas ou, ainda, da incidência
de causa de extinção da punibilidade, hipótese não constatada nos autos.
II. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação,
quando o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades dos autos e
devidamente assentado no art. 312 do Código de Processo Penal.
III. O relato de predicados favoráveis, tais como residência fixa, profissão definida e
primariedade, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, quando
presentes os requisitos autorizadores da prisão. Precedentes.
IV. Exposta de forma idônea a necessidade do encarceramento, incabível a sua substituição
por providências menos gravosas, por serem insuficientes para acautelar a ordem pública.
V. Ordem conhecida e denegada.
HABEAS CORPUS No 0805247-07.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOYCE CLEIA DOS SANTOS SILVA
IMPETRANTE: ELIELMA DE JESUS NASCIMENTO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE IMPERATRIZ/
MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA.
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO
AO TRÁFICO. PERICULOSIDADE DA CONDUTA. REQUISITOS E FUNDAMENTOS DA
PREVENTIVA PRESENTES. PRISÃO DOMICILIAR. INVIABILIDADE.
1. Segundo a construção pretoriana a gravidade concreta do delito é motivo mais que
suficiente para manter a custódia do acriminado, porque indicadora da periculosidade do
réu. Precedentes.
2. Requisitos e fundamentos da preventiva presentes. Necessidade de preservação à
ordem pública. Decisão que foi reanalisada mais de uma vez, inclusive, quando da prolação
da sentença condenatória.
3. Prisão Domiciliar. (CPP; artigos 318, III, V, 318-A e 318-B). Necessidade de comprovação
de imprescindibilidade da presença da mãe e impossibilidade de proteção da criança por
outro parente.
4. HABEAS CORPUS conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS No 0807401-95.2022.8.10.0000


PACIENTE: GILMAR ABREU DE SOUZA
IMPETRANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS DE OLIVEIRA BISPO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SANTA
INÊS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO

198 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: Habeas Corpus. Tráfico de drogas. Pleito de trabalho externo. Alegação superada.
Pedido coerentemente indeferido pelo magistrado de base. Não preenchimento do requisito
objetivo. Verificação. Denegação. Imperatividade.
I – Se, não preenchido pelo paciente, o requisito objetivo para concessão do benefício de
trabalho externo, como que, o cumprimento do lapso temporal, imerecedora de prospero a
alegação de ilegal constrangimento.
Ordem denegada. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus, sob o nº 0807401-
95.2022.8.10.0000, em que figuram como impetrante e paciente, os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e contra o parecer ministerial, em denegar
a ordem, nos termos do voto do relator.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800887-88.2021.8.10.0024


APELANTE: JOSÉ MILTON NOGUEIRA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA.
ERRONIA. MOTIVOS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
ATENUANTE DA CONFISSÃO. SÚMULA 231 DO STJ. APLICAÇÃO. INCIDÊNCIA DA
MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06. APLICAÇÃO DO MENOR
PERCENTUAL. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SANÇÃO REDIMENSIONADA.
SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE
DIREITOS. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa os
motivos e consequências do crime, utiliza fundamentação inidônea.
IV. A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal (Súmula 231 do STJ)
V. A inexistência de justificativa no tocante à aplicação do menor percentual da causa de
diminuição constante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06 não impõe a inexorável fixação da

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 199


maior fração redutora, de sorte que em virtude da natureza, quantidade e diversidade da
droga apreendida é possível a aplicação do respectivo percentual em patamar intermediário.
VI. Observados os requisitos constantes do art. 44 do CP, substitui-se a sanção privativa de
liberdade por restritivas de direitos.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800412-53.2021.8.10.0115


APELANTE: WESLLEY COSTA DE GOUVEIA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRELIMINAR.
NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR. ILICITUDE DAS PROVAS.
INOCORRÊNCIA. REJEIÇÃO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME E MAUS
ANTECEDENTES. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. RETIFICAÇÃO. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. SÚMULA 241 DO STJ. APLICAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.

I. A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período


noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos
atos praticados. (Tema 280 – STF). Preliminar rejeitada.
II. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput,
da Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla
defesa, a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
III. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
IV. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa as
circunstâncias do crime, utiliza fundamentação inidônea.
V. A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial. (Inteligência da Súmula 241 do STJ).
VI. A reincidência específica é fundamento idôneo para, na segunda fase da dosimetria,
exasperar a reprimenda em percentual superior a 1/6 (um sexto). Precedente.
VII. Segundo o STJ não há ‘bis in idem’ “quando a reincidência é empregada como fundamento
para a dosimetria da pena, a fixação do regime prisional e a análise da substituição da pena
restritiva de liberdade por restritiva de direitos, porquanto tais institutos são regidos por

200 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


regramentos distintos” (AgRg no AREsp n. 2.026.815/SP), daí a razão para a manutenção
do regime fechado para o início do cumprimento da pena na situação retratada nos autos.
VIII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002724-08.2017.8.10.0040


APELANTE: SARA CAMILA SILVA OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
REINCIDÊNCIA. ÓBICE AO REDUTOR PREVISTO PARA A FORMA PRIVILEGIADA.
MENORIDADE RELATIVA E CONFISSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENA
PARA PATAMAR INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231 DO STJ E TEMA 158 DO
STF. DOSIMETRIA ADEQUADA.
I. Demonstradas a materialidade e autoria do crime de tráfico, merece ser mantida a
respectiva condenação, máxime considerando o contexto da abordagem e o objetivo
de ingresso em unidade prisional com a droga para entrega a detento, elementos que
endossam a prática ilegal pela acusada.
II. Correto o afastamento da figura do tráfico privilegiado em face da reincidência da apelante,
porquanto tal aspecto não se coaduna com a aplicação do redutor previsto no §4º do art. 33
da Lei de Drogas, por óbice contemplado no próprio texto legal. Precedentes.
III. A aplicação da Súmula 231 do STJ, a qual é corroborada pelo Tema 158 do STF, não
viola o princípio da individualização da pena, porquanto hipotética alteração para patamar
inferior ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação
mínima estabelecida no tipo penal.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004411-40.2017.8.10.0001


APELANTE: JOELMA SANTOS OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. QUANTIDADE,
DIVERSIDADE E FORMA DE ACONDICIONAMENTO DAS SUBSTÂNCIAS APREENDIDAS.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO OU USO COMPARTILHADO. INEXISTÊNCIA
DE EVENTUALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
1. A quantidade, a diversidade e a forma de acondicionamento das substâncias entorpecentes
apreendidas são elementos probatórios a demonstrar que a droga não foi adquirida para
mero consumo pessoal, e sim, para ser distribuída a terceiros.
2. Uma vez inexistente o requisito da eventualidade, resta incabível o enquadramento da

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 201


conduta no tipo previsto no art. 33, § 3º, da Lei de nº 11.343/2006 (uso compartilhado).
3. Apelação Criminal conhecida e desprovida.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814275-96.2022.8.10.0000
PACIENTE: CLEDSON JOSE DA SILVA PEREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE ARAIOSES – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO. REQUISITOS
PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO COMPROVADOS. RISCO
À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA NÃO VERIFICADO. CRIME PRATICADO SEM
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. PACIENTE PRIMÁRIO E SEM AÇÕES PENAIS EM
CURSO. PEQUENA QUANTIDADE DE DROGAS. AUSÊNCIA DE PERICULOSIDADE DO
AGENTE. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA NÃO DEMONSTRADO. POSSIBILIDADE
DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente foi abordado pela autoridade policial na posse de
1g de crack, não possui condenações ou ações penais em curso contra si, e não aparenta
dedicar-se à atividade criminosa, o que demonstra a ausência de periculosidade do agente.
III – Ausente o periculum libertatis, resta prejudicado um dos requisitos para a decretação
da prisão preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido. Ordem concedida, aplicando-se as medidas acautelatórias
do art. 319 do Código de Processo Penal.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814410-11.2022.8.10.0000


PACIENTE: CLEBENILSON SILVA SOUSA
IMPETRADO: JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE TURIAÇU/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS C/C CRIME CONTRA
A FAUNA, PREVISTOS NOS ARTIGOS 33, CAPUT DA LEI 11.343/03 e ARTIGO 29 §
1º INCISO III, DA LEI 9.605/98. HOMOLOGAÇÃO DE TRANSAÇÃO PENAL. PRISÃO
PREVENTIVA REVOGADA. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO DO WRIT. PEDIDO
PREJUDICADO. HABEAS CORPUS EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
I. A presença de sentença homologatória de transação penal, superveniente ao ajuizamento
do habeas corpus e, antes da sessão de julgamento, que revoga a prisão preventiva torna
prejudicado o julgamento do mérito do writ.
II. Habeas Corpus prejudicado. Extinto sem resolução do mérito.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815107-32.2022.8.10.0000


PACIENTE: DIEGO SILVA GOMES

202 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IMPETRADO: 2a VARA DE ENTORPECENTES DE SÃO LUÍS MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO
DE USO PERMITIDO. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO
ART. 312 DO CPP. SUBSTITUIÇÃO POR PRISÃO DOMICILIAR. IMPRESCINDIBILIDADE
AOS CUIDADOS DO FILHO MENOR NÃO DEMONSTRADA. APLICAÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
VERIFICADO. ORDEM DENEGADA.
I. In casu, a prisão preventiva foi imposta em decorrência da existência de prova da
materialidade, indícios de autoria dos delitos e perigo gerado pelo estado de liberdade do
acusado, destacando-se na origem a considerável quantidade de substâncias entorpecentes
apreendidas, a diversidade de suas formas (maconha e cocaína) e os variados registros
criminais por outros crimes.
II. A existência de inquéritos, ações penais em curso, anotações pela prática de atos
infracionais ou condenações definitivas denotam o risco de reiteração delitiva e, assim,
constituem fundamentação idônea a justificar a segregação cautelar. Precedentes.
III. Inviável a revogação do ergástulo, por suposta ausência dos requisitos legais, quando
o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades do caso concreto
e devidamente assentado no art. 312 do Código de Processo Penal, evidenciando que
providências menos gravosas seriam insuficientes para salvaguardar a ordem pública.
IV. A concessão de prisão domiciliar a genitor de filho menor é providência revestida de
excepcionalidade, não tendo a defesa logrado êxito em comprovar que o paciente é o único
responsável pelos cuidados do infante.
V. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801461-18.2021.8.10.0055


APELANTE: GILQUERLAN MENDES PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE TRÁFICO
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º,
DA LEI 11.343/06 (TRÁFICO PRIVILEGIADO). REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. ALTERADO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO
DE PENA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE EXECUÇÃO. CABIMENTO. APELO CONHECIDO
E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A manutenção da condenação é medida que se impõe quando o acervo probatório
constante dos autos se mostra suficiente para a comprovação da autoria e da materialidade

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 203


do delito de tráfico ilícito de drogas, portanto, incabível o pleito de desclassificação para
consumo estampado no art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
2. As circunstâncias de o crime ter sido cometido nas imediações de entidade esportiva, na
presença de adolescentes e com emprego de arma de fogo não podem ser utilizadas como
fator negativo para fundamentar aplicação de fração mais gravosa para fins de diminuição
da pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 e, ao mesmo tempo, serem
empregadas para aumentar a pena como majorante do inciso III do art. 40. Utilizar duas
vezes essa circunstância configura indevido bis in idem.
3. Desse modo, não havendo comprovação de que o apelante, réu primário, sem
antecedentes, se dedicava a atividades criminosas ou que integrasse organização criminosa,
o reconhecimento da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico
privilegiado) na fração de 2/3 é medida que se impõe.
4. Em razão do redimensionamento da pena para inferior a 04 (quatro) anos, da primariedade
do agente, ainda que negativada circunstância judicial, o regime aberto é o suficiente e
adequado para a reprovação do delito (STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), julgado em 03/05/2022)
5. Cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 02 (duas) penas restritivas de
direito, a serem impostas e fiscalizadas pelo juízo da execução penal.
6. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000525-23.2020.8.10.0035


APELANTE: LUZINALDO ALVES DE SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. DOSIMETRIA.
AGRAVANTE DE CALAMIDADE PÚBLICA. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. APLICAÇÃO
DA MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06. PATAMAR ACIMA DO
MÍNIMO. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. PRECEDENTE DO STJ.
ISENÇÃO DA PENA DE MULTA. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL. APELO PARCIALMENTE
PROVIDO.
I. Afigura-se necessária a existência de nexo causal entre o cometimento do delito e a
situação de calamidade pública para o acréscimo da agravante a esse título.
II. Uma vez reconhecido o tráfico privilegiado, a aplicação de fração de diminuição da pena
em patamar inferior ao máximo previsto no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, exige motivação
concreta. Precedentes.
III. A quantidade de droga apreendida, quando não utilizada para exasperação da reprimenda
na primeira fase da dosimetria, pode ser utilizada como fundamento para modulação da
fração de redução da pena com base no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.
IV. Inexiste amparo legal para o pedido de isenção da pena de multa fixada no édito
condenatório, mesmo em face da condição econômica do condenado.

204 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002160-02.2016.8.10.0028


APELANTE: DOMINGOS DA COSTA CONCEIÇÃO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DE PROVAS. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. INOCORRÊNCIA.
ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. PROVAS PRODUZIDAS EM INQUÉRITO
POLICIAL NÃO CONFIRMADAS EM JUÍZO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA
E IN DUBIO PRO REO. REFORMA DA SENTENÇA. APELO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que em se tratando de crimes de natureza permanente, como é o caso de
tráfico de drogas, mostra-se prescindível o mandado de busca e apreensão para que os
policiais adentrem o domicílio de quem esteja em situação de flagrante delito, não havendo
que se falar em eventuais ilegalidades relativas ao cumprimento da medida (STJ - AgRg
no REsp: 1578941 PR 2016/0023649-0, Relator: Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Data de
Julgamento: 05/02/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/02/2019)
2. As provas coligidas aos autos não são capazes de definir com exatidão a autoria delitiva
imputada ao apelante. Os elementos de provas colhidos na fase de inquérito não foram
confirmados sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, uma vez que a única testemunha
ouvida em juízo disse não se recordar dos fatos.
3. Para resultar na condenação visada pela denúncia ministerial, as provas colhidas em
sede policial devem se harmonizar com o restante do conjunto fático-probatório produzido
em juízo, o que não ocorreu no caso concreto. Art. 155 do CPP.
4. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas. Absolvição com apoio no art. 386, VII,
do CPP.
5. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000092-41.2019.8.10.0136


APELANTE: GEOVANE COSTA RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO.
MATERIALIDADE COMPROVADA. PROVAS INSUFICIENTES DA AUTORIA. NEGATIVA
DO RÉU. DÚVIDA INSUPERÁVEL. “IN DUBIO PRO REO”. ABSOLVIÇÃO. RECURSO
PROVIDO.
I - Os elementos presentes nos autos são muito frágeis para a caracterização do grave
crime de tráfico de drogas pelo apelante e o Direito Penal não admite suposições. In casu,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 205


impõe-se a aplicação do princípio “in dubio pro reo”.
II - Recurso conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0032868-87.2014.8.10.0001


APELANTE: KATIA CIRLENE COSTA SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. TESE NEGATIVA DE AUTORIA. NÃO ACOLHIMENTO. IMPROCEDÊNCIA.
I. Incabível a tese negativa de autoria delitiva fundada na afirmação de que a recorrente
foi vítima de “armação” perpetrada por desafeto que teria “plantado” os entorpecentes
apreendidos pelos policiais, uma vez que a referida alegação não encontra respaldo no
acervo probatório que instrui os autos.
II. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que “os depoimentos
prestados por policiais têm valor probante, na medida em que seus atos são revestidos
de fé pública, sobretudo quando se mostram coerentes [...] e ausentes quaisquer indícios
de motivos pessoais para a incriminação injustificada do investigado, como na espécie.
Precedentes.” (AgRg no AREsp n. 1.997.048/ES, Relator Ministro Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, DJe de 21/2/2022).
III. Devidamente demonstrada, pelo acervo probatório, a autoria delitiva em face da
apelante, pelo cometimento do crime de tráfico de entorpecentes, na modalidade trazer
consigo, a improcedência do pleito absolutório é medida que se impõe, com a consequente
manutenção do édito condenatório em todos seus termos.
IV. Apelação criminal conhecida e improvida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816500-89.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSIEL SILVA SOUSA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO MM. RAPHAEL DE JESUS SERRA RIBEIRO AMORIM
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, III, DA LEI 11.434/06.PRISÃO
PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS
FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. ORDEM DENEGADA.
1. Quanto à tese de negativa de autoria, tenho que inviável a discussão sobre o assunto
porquanto incompatível com a via do habeas corpus.
2. Recentemente, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento
da Corte, consignando que “a tese sobre insuficiência de indícios de autoria e prova da
materialidade em relação aos delitos imputados consiste em alegação de inocência, a qual
não encontra espaço de análise na estreita via do habeas corpus ou do recurso ordinário,

206 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


por demandar exame do contexto fático-probatório” (AgRg no RHC n. 166.269/MA, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 23/8/2022, DJe de
26/8/2022).
3. Na espécie, o paciente foi preso em flagrante por, em tese, comercializar substância
análoga a cocaína (13 pinos), dentro do Arraial organizado pela Prefeitura de São Mateus/
MA, tendo sua prisão sido convertida em prisão preventiva.
4. Não há constrangimento ilegal se a prisão preventiva se encontra devidamente
fundamentada na necessidade da garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade
em concreto dos fatos.
5. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, isoladamente, não obstam a segregação
cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva
(STJ – AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 –
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
6. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
7. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800100-89.2022.8.10.0035


APELANTE: IVALDO ROBERT FERREIRA FRAZÃO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO DA PENA ARBITRADA. MATÉRIA DE ORDEM
PÚBLICA. APLICAÇÃO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO A AGENTE QUE RESPONDEU
A AÇÕES PENAIS, MAS NÃO FOI CONDENADO POR SENTENÇA TRANSITADA EM
JULGADO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ NESSE SENTIDO.
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A dosimetria da pena concretizada de modo equivocado pelo juízo a quo pode ser
adequada de ofício em sede de apelação, por se tratar de matéria de ordem pública.
2. O agravamento da pena-base em função da interpretação desfavorável das circunstâncias
judiciais previstas no art. 59 do Código Penal demanda fundamentação idônea, não bastando
para esse fim a mera indicação de motivos estranhos à infração e de consequências que
integram a própria esfera lógica da conduta descrita no tipo incriminador.
3. O Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento REsp 1.977.027/PR, realizado
em agosto de 2022, fixou o Tema Repetitivo 1139, decidindo pela vedação da utilização de
inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do art. 33, § 4.º, da Lei n.
11.343/06.
4. Além disso, “o mais recente posicionamento de ambas as Turmas do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que, em regra, inquéritos policiais e ações penais em andamento

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 207


não constituem fundamentação idônea apta a respaldar a não aplicação do redutor especial
de redução de pena relativa ao reconhecimento da figura privilegiada do crime de tráfico de
drogas” (AgRg no REsp 1936058/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado
em 14/09/2021, DJe 24/09/2021).
5. O critério de fixação da pena concernente à natureza e à quantidade da substância ou do
produto entorpecente, previsto no art. 42 da Lei n. 11.343/06, deve ser utilizado na primeira
fase da dosimetria da pena, quando da análise das circunstâncias judiciais, não sendo
possível o uso desses parâmetros para a afastar o reconhecimento do privilégio legal. Por
outro lado, o binômio natureza-quantidade da droga apreendida deve ser utilizado para
definir o quantum de redução do privilégio (AgRg no HC 630.134/RS, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 23/03/2021, DJe 29/03/2021).
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800788-80.2021.8.10.0069


APELANTE: PEDRO JOSÉ DA COSTA NETO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS PRIVILEGIADO. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 28 DA
LEI N. 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS. NATUREZA, QUANTIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DA APREENSÃO.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA-BASE. IMPOSSIBILIDADE. UTILIZAÇÃO DA FRAÇÃO
NO PATAMAR MÁXIMO PARA DIMINUIÇÃO DA PENA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE PARÂMETROS IDÔNEOS PARA JUSTIFICAR TAL RIGOR PUNITIVO. APELAÇÃO
CONHECIDA E PROVIDA PARCIALMENTE.
1. A quantidade e a natureza dos entorpecentes, bem como as condições e local da
apreensão comprovam a ocorrência do tráfico de drogas, sendo incabível a desclassificação
para o artigo 28 da Lei de Drogas.
2. Quanto aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de
que os mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com
os fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
3.No caso em concreto, verifica-se que no imóvel onde foi encontrado o apelante fora
apreendidos 3 (três) “pés da planta supostamente conhecida por maconha, as quais
estavam plantados em uma mini horta, 11,534g (onze gramas e quinhentos e trinta e quatro
miligramas) de maconha e 4,186g (quatro gramas e cento e oitenta e seis miligramas) de
cocaína na forma base (contido nas formas de apresentação “pasta base”, merla e crack
e etc), assim a quantia de R$ 36,00 (trinta e seis reais) e papéis cortados em pequenos
pedaços, usados no preparo de porções de droga para a venda, em consonância com o

208 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


auto de apresentação e apreensão, bem como laudo definitivo de substância apreendida
(ID 18026664) e laudo definitivo da planta (ID 18026680). Embora tal quantidade não se
mostre exorbitante, está longe de ser módica o suficiente para configurar a destinação para
consumo próprio, em especial quando associada ao contexto do flagrante.
4. Não havendo fundamentação idônea que justifique a aplicação da causa de diminuição
do art. 33, § 4°, da Lei de Drogas em patamar inferior à fração máxima, a redução da pena
deverá ser arbitrada na razão de 2/3, em especial por ser a apelante primária.
5. Apelo conhecido e provido parcialmente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009027-53.2020.8.10.0001


APELANTE: BRUNO HENRIQUE SILVA MARANHÃO, ALINE REGINA DOURADO RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. INGRESSO EM DOMICÍLIO JUSTIFICADO E
DEVIDAMENTE AUTORIZADO PELA MORADORA, CONFIRMADO PELOS POLICIAIS
EM JUÍZO. PROVA VÁLIDA. CRIME PERMANENTE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
USO DE DROGAS. IMPOSSIBILIDADE. PROVAS SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA.
UTILIZAÇÃO DE AÇÕES PENAIS EM CURSO PARA MODULAR A MINORANTE DO
TRÁFICO PRIVILEGIADO. INVIABILIDADE. NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA.
APLICAÇÃO NA TERCEIRA FASE. POSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DA MODULAÇÃO
REALIZADA PELO JUÍZO A QUO. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – Verifica-se a existência de justa causa para a entrada no domicílio, diante da natureza
permanente do delito, assim como fora devidamente justificada pelo contexto fático anterior
ao ingresso (denúncias anônimas) e regularmente autorizada pela moradora da residência,
segundo afirmado pelos policiais em juízo.
II – As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter sido perpetrado tráfico de drogas,
pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
III – O Superior Tribunal de Justiça assentou, recentemente, o entendimento de que não
é possível a utilização de ações penais em curso, ou seja, sem condenação transitada
em julgado, para afastar ou até mesmo modular a fração de redução da pena do tráfico
privilegiado, sob pena de infringir o princípio constitucional da presunção de inocência.
Precedentes. Dessa forma, nota-se que o motivo utilizado pelo juiz sentenciante para reduzir
a pena do apelante apenas pela metade, de fato, não encontra guarida no entendimento
jurisprudencial pátrio, pelo que deve ser afastado.
IV – Contudo, diante da quantidade razoável e variada de substâncias entorpecentes e
da natureza extremamente nociva do crack, e por não terem essas circunstâncias sido
empregadas pelo juízo a quo na primeira fase da dosimetria da pena, compreende-se que
podem ser utilizadas para preservar a modulação do redutor realizada no 1º grau, mantendo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 209


a minoração no patamar de 1/2 (um meio).
V – Ressalte-se que, mesmo se tratando de recurso exclusivo da defesa, é possível que
este Tribunal apresente nova fundamentação ao julgar os pedidos defensivos, valendo-se
de elementos distintos dos que constam da sentença condenatória na etapa da dosimetria
da pena, desde que a pena do réu não seja agravada, em observância ao princípio do
non reformatio in pejus e atentando-se aos limites da pena e às circunstâncias fáticas
estabelecidas na sentença, como entende o Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
VI – Desprovimento da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000148-62.2017.8.10.0001


APELANTE: GILMAR DOS SANTOS SILVA BAIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA. MAUS
ANTECEDENTES. VALORAÇÃO ESCORREITA. EXASPERAÇÃO DA PENA BASE.
FRAÇÃO DE 1/6 (UM SEXTO) SOBRE O MÍNIMO LEGAL. ENTENDIMENTO DO STJ.
APLICAÇÃO. REPRIMENDA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. É legítima a utilização de condenação definitiva por fato anterior ao crime descrito na
denúncia, com trânsito em julgado posterior à data do ilícito em apreço, para caracterização
dos maus antecedentes e, consequentemente, ensejar o aumento da pena-base.
(Precedente do STJ).
II. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, inexiste critério puramente
aritmético para a dosimetria da pena, cabendo ao julgador, a quem a lei confere certo
grau de discricionariedade regrada, sopesar cada circunstância à luz da proporcionalidade,
consoante seu prudente arbítrio, tendo aquela Corte firmado orientação no sentido de que
a exasperação da pena-base, pela existência de circunstâncias judiciais negativas, deve
obedecer à fração de 1/6 (um sexto) sobre o mínimo legal, na falta de razão especial para
afastar esse parâmetro.
III. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000563-06.2021.8.10.0001


APELANTE: ACÁCIO PEREIRA PINTO NETO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME EM FUNÇÃO
DA QUANTIDADE DE DROGAS APREENDIDA. POSSIBILIDADE. UTILIZAÇÃO DA
REINCIDÊNCIA PARA AGRAVAR A PENA NA SEGUNDA FASE E IMPEDIR A INCIDÊNCIA
DO TRÁFICO PRIVILEGIADO. NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. PRECEDENTES DO

210 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. As circunstâncias do crime se referem ao modus operandi empregado na ação delitiva,
influenciando na sua gravidade, mas sem compor o seu núcleo típico, podendo citar como
exemplos o tempo de sua duração, o local em que executado e as condições e modo de
agir do agente infrator.
2. Disso decorre não se vislumbrar ilegalidade na valoração negativa das circunstâncias do
crime na primeira fase de dosimetria da pena quando encontrada com o apelante expressiva
quantidade de substância entorpecente – 2.170Kg (dois quilogramas e setenta gramas) da
droga popularmente conhecida como maconha.
3. “O reconhecimento da agravante da reincidência, na segunda etapa da dosimetria, não
é incompatível com a sua utilização, na terceira fase, para afastar a incidência da causa
especial de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, porquanto o referido
instituto jurídico é sopesado com finalidades distintas em cada fase de fixação da pena,
justamente para se alcançar a justa e correta reprimenda necessária para a reprovação
e prevenção do delito perpetrado. Não há falar, portanto, em bis in idem” (STJ - AgRg no
HC: 671329 SP 2021/0171516-1, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de
Julgamento: 15/06/2021, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/06/2021).
4. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800652-12.2021.8.10.0028


APELANTE: DJACKSON DANTAS PROCOPIO
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. NÃO ACOLHIMENTO.
DESCLASSIFICAÇÃO. ART. 28, DA LEI 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. TRÁFICO
PRIVILEGIADO. REDUÇÃO AO PATAMAR MÁXIMO. IMPOSIÇÃO. ISENÇÃO DA MULTA.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. Afasta-se o pleito de desclassificação para o delito de posse de entorpecente para uso
próprio (art. 28, da Lei de drogas), quando evidenciado que a quantidade de entorpecente
apreendida não é ínfima (310g gramas de maconha) e as circunstâncias de apreensão
denotam a prática do delito previsto no art. 33, da Lei nª 11.343/06.
III. A aplicação da redutora do tráfico privilegiado em patamar diverso do máximo demanda
o emprego de fundamentação idônea. In casu, a redução do tráfico privilegiado no patamar
de 1/3 (um terço) ocorreu de forma genérica, posto que embasada na prevenção e
repressão ao tráfico de drogas, impondo-se, dessa forma, a aplicação da fração máxima
de redução (2/3), ante a ausência de elementos concretos a subsidiar a manutenção do

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 211


patamar intermediário.
IV. A pena pecuniária deve ser estabelecida de forma proporcional à pena privativa de
liberdade, com observância ao sistema trifásico, o que ocorreu na espécie. Acrescente-
se que, por se encontrar disposta no preceito secundário da norma incriminadora na qual
incidiu o agente, não há margem ao acolhimento do pedido de isenção da multa embasado
na precariedade de sua situação econômica.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000734-70.2018.8.10.0064


APELANTE: MÁRCIO HENRIQUE BARBOSA LEMOS
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL EM CONSONÂNCIA COM O ACERVO PROBATÓRIO PRODUZIDO
EM JUÍZO. PENA NO MÍNIMO LEGAL. INVIABILIDADE. NATUREZA E QUANTIDADE DA
DROGA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Por se tratar de crime de natureza múltipla, a prática de qualquer das condutas descritas
no artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06, autoriza a condenação por tráfico ilícito de
entorpecentes.
2. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar a tese da absolvição por inexistência de
prova.
3. Aos depoimentos dos policiais, o direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os
mesmos são considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os
fatos narrados na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado,
tendo relevante força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente
hipótese.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000003-74.2018.8.10.0064


APELANTE: MARCOS VINÍCIUS COELHO MELO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO
DE DROGAS. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. CONDUTA SOCIAL. ALTERAÇÃO.
NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA. MANUTENÇÃO DA MEDIDA. TRÁFICO
PRIVILEGIADO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. INTERPRETAÇÃO OBJETIVA DA

212 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


LEI. PRECEDENTES DO STF E DO STJ NESSE SENTIDO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO. VIABILIDADE.
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A circunstância judicial da conduta social “diz respeito à interação do agente em seu
meio, portanto, o juiz sentenciante deverá valorar o relacionamento familiar do condenado,
sua integração comunitária e sua responsabilidade funcional” (SCHMITT, Ricardo Augusto.
Sentença Penal Condenatória: teoria e prática. 16 ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora
Juspodivm, 2022, p. 154).
2. Hipótese em que o juízo a quo valorou a conduta social do acusado como negativa
apenas baseado em depoimentos isolados de dois agentes policiais no sentido de aquele ser
“conhecido no meio policial pela prática de crimes”, sem, contudo, haver qualquer registro
persecutório ou condenatório em seu desfavor, deslegitimando, portanto, a manutenção do
agravamento da pena sob essa razão.
3. Apesar da pequena quantidade de droga comercializada, a existência de elementos
concretos que indiquem a nocividade da substância constitui motivo idôneo para a
manutenção da circunstância judicial desfavorável ao apenado.
4. Em relação à causa de diminuição de pena prevista no art. 32, §4º, da Lei n. 11.343/2006,
“o mais recente posicionamento de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de que, em regra, inquéritos policiais e ações penais em andamento não constituem
fundamentação idônea apta a respaldar a não aplicação do redutor especial de redução de
pena relativa ao reconhecimento da figura privilegiada do crime de tráfico de drogas” (AgRg
no REsp 1936058/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021,
DJe 24/09/2021).
5. É possível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos no
caso DE aplicação do instituto do tráfico privilegiado, desde que a sanção final imposta esteja
dentro dos padrões objetivos estipulados pelo Código Penal para viabilizar a conversão.
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000990-63.2015.8.10.0049


APELANTE: JERONILSON CANTANHEDE CORREIA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE PELA NÃO CONFIGURAÇÃO DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA O INGRESSO NA RESIDÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
CONSENTIMENTO DO MORADOR E EXISTÊNCIA DE VERIFICAÇÃO PRÉVIA DE
INFORMAÇÕES PARA LEGITIMAR A MEDIDA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA A FIGURA
DO PORTE DE DROGAS PARA USO PESSOAL. IMPOSSIBILIDADE. IDENTIFICAÇÃO
DE CARACTERÍSTICAS QUE, DENTRO DO CONTEXTO DELITUOSO, PERMITEM
CONSTATAR A NARCOTRAFICÂNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 213


1. Não há que se falar em inobservância à regra de inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, da
CF) por parte das autoridades policiais quando, além de autorizada a entrada na residência
por morador do imóvel, houver indícios robustos de ocorrência do delito de tráfico de drogas
no local, sobretudo quando existente notitia criminis formalizada por denúncias anônimas
seguida de atos de verificação prévia de informações, de modo a configurar amparados
motivos ao ingresso no recinto, sendo, portanto, legal a prisão em flagrante efetuada.
Precedentes do STF (RE 603.616 – Tema n. 280).
2. O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento de que a apreensão de instrumentos
geralmente utilizados nas atividades relacionadas ao tráfico de entorpecentes (balança de
precisão, embalagens, utilização de armamentos e munições), de expressiva quantidade
de dinheiro e de elevada quantidade de drogas evidencia o envolvimento habitual do agente
com a narcotraficância. Nesse sentido: STJ. AgRg no HC 658.148/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021.
3. Hipótese em que a polícia efetuou a apreensão da quantidade de 118,715g (cento e
dezoito gramas, setecentos e quinze miligramas) de alcaloide cocaína (contida nas formas
de apresentação “pasta-base”, “merla” e “crack”), acompanhada de 01 (uma) balança de
precisão e de cédulas trocadas, além da quantia de R$ 803,85 (oitocentos e três reais
e oitenta e cinco centavos) em moedas e de duas munições calibre .32 intactas, o que
denota, no conjunto, incompatibilidade entre a conduta do apelante e o porte de drogas
para o uso pessoal.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0007557-55.2018.8.10.0001


APELANTE: WENDERSON ANDRADE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. ILEGALIDADE DABUSCAPESSOAL. IMPOSSIBILIDADE. FUNDADAS
SUSPEITAS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE ÍNFIMA
DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA. CABIMENTO. PRESCRIÇÃO
DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. APELO CONHECIDO E
PROVIDO PARCIALMENTE.
1.Nos termos do art. 244 do CPP, cabe a busca pessoal, independente de autorização
judicial, quando houver fundada suspeita de ocultação pelo investigado de elementos de
convicção. Precedentes.
2. Apelante que foi apreendido com 4,415 g (quatro gramas e quatrocentos e quinze
miligramas) de cocaína, sem petrechos comuns à prática da traficância. Confissão apenas
quanto ao consumo.
3. No Processo Penal, compete exclusivamente à acusação demonstrar a certeza sobre a

214 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


imputação do fato delituoso, e não à defesa sustentar o estado de dúvida, que é presumido
em favor do acusado, até prova robusta em sentido contrário.
4. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 para o previsto no art. 28, do mesmo diploma legal.
5. Por conseguinte, forçoso reconhecer a extinção da punibilidade do réu, em razão da
prescrição da pretensão punitiva.
6. Recurso conhecido e provido parcialmente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015039-20.2019.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
APELADO: JEAN FRANK ALVES DE SOUZA, JOÃO DE DEUS MARQUES SOUSA FILHO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. REFORMA DA SENTENÇA. IRRESIGNAÇÃO DO MP.
PLEITO CONDENATÓRIO DE AMBOS OS RÉUS PELOS CRIMES DOS ARTS. 33, CAPUT,
C/C ART. 35 DA LEI 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA
QUANTO AO 2º APELADO. PROVAS PRODUZIDAS EM INQUÉRITO POLICIAL E NÃO
CONFIRMADAS EM JUÍZO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA E IN DUBIO
PRO REO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA PARA
CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE ASSOCIAÇÃO. APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. DE OFÍCIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1.O conjunto probatório se mostra frágil quanto à autoria delitiva do 2º apelado, sendo
insuficiente para acolher o pedido condenatório.
2. Os indícios de autoria colhidos em sede policial não foram corroborados com o restante
do conjunto fático-probatório produzido em juízo. Art. 155 do CPP.
3. Ausência de provas da materialidade do crime de associação para o tráfico, uma vez não
demonstrada a estabilidade e permanência exigidas para a consumação.
3. Correta aplicação da causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado, já que a
quantidade e o tipo de droga não são aptos a afastar o privilégio. Precedentes.
4. Como ponderado pela PGJ, necessária a aplicação da atenuante de confissão espontânea,
uma vez que não é o caso de aplicação da súmula n. 630 do STJ, porquanto o 1º apelado
reconheceu expressamente a traficância.
5. Apelo conhecido e desprovido com a aplicação da atenuante da confissão espontânea
de ofício.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0822109-84.2021.8.10.0001


APELANTE: JONATHAN GONÇALVES SERRA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, AUTORIDADE
POLICIAL CIVIL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 215


EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. APELAÇÃO CRIMINAL.
PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS SUFICIENTES DA
TRAFICÂNCIA. ANÁLISE QUE NÃO SE LIMITA À QUANTIDADE OU À NATUREZA DA
DROGA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O conjunto probatório evidencia cenário de traficância, assim, inviável a desclassificação
do crime de tráfico de drogas para o de uso de drogas. Nos termos do artigo 28, § 2º, da Lei de
n° 11.343/2006, não são apenas a quantidade de droga ou sua natureza a constituir fatores
determinantes para a conclusão de que a substância se destinava a consumo pessoal,
mas, também o local e as condições em que se desenvolveu a ação; as circunstâncias
sociais e pessoais; a conduta e os antecedentes do agente.
II – No caso em concreto, as circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o
local, o acondicionamento e o fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter
sido perpetrado tráfico de drogas, pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
III –Apelação conhecida e desprovida

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000231-44.2018.8.10.0001


APELANTE: MATHEUS DE MELO BOAZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS COM ENVOLVIMENTO DE
ADOLESCENTE. ARTIGO 33, § 4º, DA LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO DE INQUÉRITOS
E/OU AÇÕES PENAIS EM CURSO NA MODULAÇÃO DA MINORANTE. EXIGÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA APLICAÇÃO DO BENEFÍCIO EM FRAÇÃO DIVERSA
DA MÁXIMA. MAJORANTE DO ARTIGO 40, VI, DA LEI DE DROGAS. SUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA
DE DIREITOS. PROVIDÊNCIA APLICADA NA ORIGEM.
I – Na modulação da causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei de nº 11.343/2006, é
inviável considerar inquéritos e/ou ações penais em curso, conforme tese firmada no Tema
Repetitivo 1139 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, de rigor a incidência da fração
máxima de 2/3, já que inexiste fundamentação idônea a amparar escolha de redutor diverso.
II – Em havendo, nos autos, elementos evidenciadores do envolvimento de adolescente
na prática delituosa – como depoimentos prestados em sede policial e judicial, auto de
apreensão de menor e cédula de identidade –, descabe o afastamento da majorante do
artigo 40, VI, da Lei de Drogas.
III – Atendidos os requisitos legais, a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos já foi determinada pelo Juízo de origem, pelo que é desnecessária a
análise do pleito recursal no mesmo sentido.
IV – Apelação conhecida e parcialmente provida.

216 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0803129-20.2021.8.10.0024
APELANTE: ANAILTON BELFORTE AQUINO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. INVIÁVEL.
MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. REDUÇÃO DA PENA-
BASE E DA REPRIMENDA ESTABELECIDA NA TERCEIRA ETAPA DO MÉTODO
TRIFÁSICO, COM AAPLICAÇÃO DA MINORANTE RELATIVAAO TRÁFICO PRIVILEGIADO
EM FRAÇÃO MÁXIMA. REDIMENSIONAMENTO. REGIME. ABERTO. DIREITO DE
RECORRER EM LIBERDADE. DEVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e materialidade
do delito de tráfico de drogas, não merecendo prosperar a tese de desclassificação para
consumo pessoal.
2. O depoimento dos policiais responsáveis pela prisão constitui meio idôneo e suficiente
para a formação do édito condenatório, cabendo à defesa demonstrar sua imprestabilidade.
3. Incorre em desacerto o magistrado singular ao valorar negativamente os motivos e as
consequências do crime quando os fundamentos não transcendem o resultado típico, sendo
inerente ao próprio delito.
4. Decote de duas circunstâncias judiciais, pena-base aplicado no mínimo legal.
5. Embora a quantidade e natureza dos entorpecentes apreendidos possam embasar a
adoção do percentual mínimo da redutora previsto no art. 33, §4º, da Lei 11.343/2006,
no caso dos autos, a quantidade de droga apreendida – 10,762 g de crack não se mostra
expressiva a ponto de autorizar a modulação da fração da causa de diminuição da reprimenda
do tráfico privilegiado.
6. Em razão do redimensionamento da pena para abaixo de 04 (quatro) anos, bem como
por não se tratar de réu reincidente e sendo as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código
Penal e art. 42, da Lei n. 11.343 /2006, favoráveis, é o caso de fixar o regime aberto para
cumprimento da pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal
7. Restando estabelecido o regime prisional aberto, o direito de recorrer em liberdade se
impõe, ficando a cargo do Juízo de Execuções penais realizar essa compatibilização, bem
como a detração e possível substituição da pena.
8. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0803202-83.2021.8.10.0026


APELANTE: LUIZ JACYELL PEREIRA DE SOUSA
ADVOGADO: DIMAS BATISTA DE OLIVEIRA - OAB: PI6843-A
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 217


EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE
ÍNFIMA DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE EM FACE DO CUMPRIMENTO DE CUSTÓDIA CAUTELAR APELO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. No caso, embora a materialidade esteja comprovada, há dúvidas acerca da prática
de mercancia por parte do apelante. Diante disso, a dúvida prepondera em favor do réu,
conforme o princípio do in dubio pro reo;
2. Na situação sob análise, constato que a apreensão da droga em poder do apelante, por
si só, não indica a realização do tipo inserido no art. 33 da Lei de Drogas, notadamente se
considerada a ínfima quantidade encontrada – 3 g (três gramas) de crack (ID 20454350, p.
20), aliado as demais evidências dos autos: preso em flagrante após comprar as substâncias
na residência de uma traficante já conhecida na região, não possuir antecedentes e ter
passagens por clínicas de reabilitação para usuários (ID’s 20454376, 20454378 e 2045437).
3. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 para o previsto no art. 28, do mesmo diploma legal.
4. Extinta a punibilidade em decorrência do cumprimento de medida mais severa do que a
pena aplicável ao caso (art. 28, § 3º)
5. Recurso conhecido e provido, declarando, ao final, extinta a punibilidade do apelante.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800671-92.2021.8.10.0068


APELANTE: LINDOMAR EVANGELISTA DA SILVA SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ILEGALIDADE
DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA. DESNECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO
EXAUSTIVA. ALTERAÇÃO DA PENA NA PRIMEIRA E TERCEIRA FASES. APLICAÇÃO
DO TRÁFICO PRIVILEGIADO A AGENTE QUE RESPONDE A AÇÃO PENAL, MAS NÃO
FOI CONDENADO POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES DO STF E DO STJ NESSE SENTIDO. APELO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento firme no sentido de que a manutenção
da segregação cautelar, quando da prolação sentença condenatória, não requer
fundamentação exaustiva, sendo suficiente a afirmação de que permanecem presentes os
requisitos previstos no art. 312 do CPP, desde que aquela anterior decisão esteja, de fato,
fundamentada.
2. Inexiste um critério matemático correto para a escolha das frações de aumento dos
vetores contidos no art. 59 do CP (o que se aplica às circunstâncias do art. 42 da Lei n.
11.343/2006), de modo que se garante certa discricionariedade ao julgador para a fixação

218 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da pena-base, sendo possível a ele modulá-la dentro de seu livre convencimento motivado
e de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
3. Todavia, com base doutrina e jurisprudência construídas ao longo do tempo, entende-
se que dois critérios aritméticos despontam em relação aos demais, quais sejam: (a) o
da utilização da fração de 1/6 (um sexto) sobre a pena mínima e (b) o de incidência do
quantum de 1/8 (um oitavo) sobre o intervalo entre as penas mínima e máxima, exigindo-
se fundamentação concreta e objetiva para o uso de percentual de aumento diverso de
um desses (cf. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp n. 1.942.233/DF, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 24/5/2022).
4. Quando do julgamento REsp 1.977.027/PR, realizado em agosto de 2022, o Superior
Tribunal de Justiça fixou o Tema Repetitivo 1139, decidindo pela vedação da utilização de
inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do art. 33, § 4.º, da Lei n.
11.343/06.
5. Além disso, “o mais recente posicionamento de ambas as Turmas do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que, em regra, inquéritos policiais e ações penais em andamento
não constituem fundamentação idônea apta a respaldar a não aplicação do redutor especial
de redução de pena relativa ao reconhecimento da figura privilegiada do crime de tráfico de
drogas” (AgRg no REsp 1936058/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado
em 14/09/2021, DJe 24/09/2021).
6. O critério de fixação da pena concernente à natureza e à quantidade da substância ou do
produto entorpecente, previsto no art. 42 da Lei n. 11.343/06, deve ser utilizado na primeira
fase da dosimetria da pena, quando da análise das circunstâncias judiciais, não sendo
possível o uso desses parâmetros para a afastar o reconhecimento do privilégio legal. Por
outro lado, o binômio natureza-quantidade da droga apreendida deve ser utilizado para
definir o quantum de redução do privilégio (AgRg no HC 630.134/RS, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 23/03/2021, DJe 29/03/2021).
7. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000626-12.2016.8.10.0064


APELANTE: CLAUDENILSE SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS.APLICAÇÃO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO. IMPOSSIBILIDADE. CONDENAÇÃO
COM TRANSITO EM JULGADO. MAUS ANTECEDENTES. NEUTRALIZAÇÃO DA
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. CONDUTA SOCIAL. EQUIVOCADA A VALORAÇÃO. APELO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Para a aplicação do privilégio, o condenado deve somente preencher, cumulativamente,
os requisitos legais, quais sejam, ser primário, de bons antecedentes, não se dedicar a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 219


atividades criminosas nem integrar organização criminosa, podendo a pena ser reduzida de
1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços), a depender das circunstâncias do caso concreto
2. In casu, o requisito de bons antecedentes não restou preenchido, diante da existência de
várias ações penais em curso e de uma condenação transitada em julgado, o que demostra
a dedicação a atividades criminosas, fato este sequer questionado pela defesa e constatado
em pesquisa ao SIISP.
3. “A conduta social tem caráter comportamental, revelando-se pelo relacionamento do
acusado no meio em que vive, perante a comunidade, a família e os colegas de trabalho.
4. Na espécie o magistrado a quo, data venia, de forma equivocada, valorou negativamente
a conduta social, tendo por base o fato da apelante ter praticado outros crimes na cidade
de Alcântara, inteligência da Sumula 444 do STJ.
5. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800188-67.2022.8.10.0055


APELANTE: IRINEU DE MORAIS DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PRELIMINAR
DE INÉPCIA DA DENÚNCIA. DESACOLHIMENTO. NULIDADE PROCESSUAL POR
INVASÃO DE DOMICÍLIO E DENÚNCIA ANÔNIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO. ABSOLVIÇÃO
RELATIVA À ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. DOSIMETRIA. NÃO INCIDÊNCIA
DO REDUTOR PREVISTO PARA A FORMA PRIVILEGIADA. PENA DE MULTA.
APLICABILIDADE. PERDIMENTO DE BENS DECRETADO DE FORMA IDÔNEA.
I. Não se afigura inepta a denúncia que expõe claramente o fato criminoso, suas
circunstâncias, qualificam o acusado e classificam o crime, de modo a possibilitar o pleno
exercício do contraditório e da ampla defesa, nos termos do art. 41 do CPP. Precedentes.
II. Demonstradas a materialidade e autoria do crime de tráfico, merece ser mantida a
respectiva condenação, em especial quando há petrechos indicativos da mercancia e a
droga embalada possui natureza altamente deletéria à saúde humana.
III. O caráter permanente do tráfico de drogas, cuja consumação se prolonga no tempo,
justifica à saciedade a prisão em flagrante e o ingresso no domicílio do acusado sem mandado
judicial, máxime quando fundado em robustas e justificadas razões voltadas à ocorrência
da mercancia ilegal de entropecentes. Tema 280, do STF, em sede de repercussão geral.
IV. A atuação policial iniciada a partir de denúncia anônima é regular quando sequenciada
por diligências voltadas à constatação da ocorrência de conduta típica, sendo admissível
a delatio criminis inqualificada desde que confirmada a plausibilidade entre a denúncia e a
conduta do acusado, tal como restou verossímil nos autos.
V. O tipo descrito no art. 35 da Lei nº 11.343/06 exige uma associação perene, organizada
e estável para fomentar o tráfico de drogas, e não um simples concurso de pessoas ou
associação passageira e eventual, de modo que a absolvição do recorrente a esse título é
medida de rigor.

220 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


VI. Não se configura o tráfico privilegiado quando a quantidade e natureza da droga
apreendida (cocaína e crack) e a sua apresentação embalada revela que o agente exercia
a atividade criminosa com certo animus lucrandi.
VII. Inexiste amparo legal para o pedido de isenção da pena de multa fixada no édito
condenatório, mesmo em face da condição econômica do condenado, tratando-se de
questão que deverá ser examinada pelo Juízo da execução, no momento oportuno.
VIII. Correta a decretação do perdimento de bens do apelante, porquanto a medida decretada
na sentença encontra alicerce no art. 63, I, da Lei nº 11.343/06, tendo ainda robusto amparo
no Tema 647, apreciado pelo STF em sede de repercussão geral.
IX. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000356-49.2020.8.10.0063


APELANTE: GIVANILDO DA CONCEIÇÃO DE ANDRADE, JERDYS ALMEIDA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRELIMINAR.
NULIDADE. INVASÃO A DOMICÍLIO. ILICITUDE DAS PROVAS. INOCORRÊNCIA.
REJEIÇÃO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. NÃO
ACOLHIMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO. ART. 28, DA LEI 11.343/06. IMPOSSIBILIDADE.
I. A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito. (Tema 280 – STF).
Ausência de ilegalidade na situação retratada nos autos. Preliminar rejeitada.
II. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput,
da Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla
defesa, a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
III. Afasta-se o pleito de desclassificação para o delito de posse de entorpecente para uso
próprio (art. 28, da Lei de drogas), quando, embora constatada a quantidade ínfima de droga
apreendida, evidencia-se a prática da mercancia ilícita com base em outros elementos,
como a apreensão de apetrechos utilizados para o fracionamento e acondicionamento da
droga, aliada à prova testemunhal que subsidiou o enquadramento na conduta prevista no
art. 33, da Lei nª 11.343/06.
IV. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004780-81.2016.8.10.0029


APELANTE: GILBERTO DOS SANTOS SILVA
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 221


DROGAS. ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA USO DE
ENTORPECENTES. INVIÁVEL. MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE TRÁFICO
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APELAÇÃO DESPROVIDA.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de provas, fundado no in dubio pro reo.
2. A quantidade e a natureza dos entorpecentes, bem como as condições e local da
apreensão comprovam a ocorrência do tráfico de drogas, sendo incabível a desclassificação
para o artigo 28 da Lei de Drogas.
3. O direcionamento jurisprudencial é no sentido de que os depoimentos policiais são
considerados absolutamente legítimos quando claros e coerentes com os fatos narrados
na denúncia, bem assim em harmonia com o acervo probatório apurado, tendo relevante
força probante, servindo para arrimar a condenação, como na presente hipótese.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000328-76.2017.8.10.0034


APELANTE: FRANCISCO MARCONES DA SILVA JANSEN
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. DESCLASSIFICAÇÃO
PARA USO DE DROGAS. IMPOSSIBILIDADE. PROVAS SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA.
APLICAÇÃO DO PATAMAR MÁXIMO DA MINORANTE DO TRÁFICO PRIVILEGIADO.
INVIABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO. MODULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
DISCRICIONARIEDADE. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter sido perpetrado tráfico de drogas,
pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
II – A justificativa apresentada pelo juízo sentenciante mostra-se adequada, dadas as
circunstâncias em que fora praticado o delito, pelo que deve ser mantida a aplicação do
redutor limitada à fração de 1/6 (um sexto), visto que essa proporção se mostra mais
condizente com o caso concreto.
III – Segundo entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal, o magistrado não
está obrigado a “aplicar o máximo da redução prevista quando presentes os requisitos
para a concessão desse benefício, possuindo plena discricionariedade para aplicar, de
forma fundamentada, a redução no patamar que entenda necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime”, como se verificou no caso em análise. Precedentes.
IV – Desprovimento da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000131-21.2018.8.10.0056

222 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: ALANE DE ANDRADE MOURA, KEILA DA CONCEIÇÃO GALVÃO
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. PRESENTES MATERIALIDADE E AUTORIA. DEPOIMENTO
POLICIAL HARMÔNICO E COERENTE COM O CONJUNTO PROBATÓRIO. CORRETA
APLICAÇÃO DA MINORANTE DE TRÁFICO PRIVILEGIADO EM 1/6 (UM SEXTO).
DISCRICIONARIEDADE DO JULGADOR NA ESCOLHA DA FRAÇÃO IDEAL. MOTIVAÇÃO
VÁLIDA. APLICABILIDADE DA SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DOSIMETRIA CORRETA. PENA INALTERADA. MANUTENÇÃO DO REGIME PRISIONAL
MAIS SEVERO. DESPROVIMENTO.
I - O depoimento em Juízo do policial que fez o flagrante, posto que coerente e harmônico
com as demais provas, confirma o entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que
a palavra de policiais assume valor probante, à medida que seus atos são revestidos de
fé pública, sobretudo, quando coesos e associados a demais elementos a embasar a
condenação.
II - O magistrado tem discricionariedade para modular a minorante de tráfico privilegiado,
prevista no artigo 33, §4º, da Lei de Drogas, segundo a qual pode aplicar de 1/6 (um sexto)
a 2/3 (dois terços) de redução na terceira fase da dosimetria, como conferem o Superior
Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.
III- A quantidade e a qualidade da droga podem ser elementos utilizados para essa
modulação, desde que não adotadas em outra fase da dosimetria, pois configuraria o bis
idem.
IV - A detração do tempo de prisão preventiva cumprido pelo apelante não implica alteração
automática do regime prisional, já que o regime mais severo se justifica pela natureza e pela
quantidade da droga, circunstância preponderante, segundo o artigo 42 da Lei de Drogas.
V- A pena base não pode ser reduzida aquém do mínimo legal, tal como entende o Superior
Tribunal de Justiça na Súmula 231.
VI- Apelação conhecida e, no mérito desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000213-44.2020.8.10.0036


APELANTE: OTONIEL DA COSTA BARBOSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. PROVAS DOS
AUTOS QUE APONTAM A PRÁTICA DE UMA DAS CONDUTAS DO ART. 33 DA LEI DE
DROGAS. TRÁFICO PRIVILEGIADO. OCORRÊNCIA. AÇÕES PENAIS EM CURSO.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. RECURSO DESPROVIDO.
I - Para a aplicação da minorante prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006, o agente
deve ser primário, ter bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas e nem

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 223


integre organização criminosa. Tais requisitos devem ser preenchidos cumulativamente,
sob pena de não reconhecimento do privilégio.
II - Em observância ao princípio constitucional da presunção de inocência, a existência de
inquéritos e ações penais em curso não afastam o reconhecimento do tráfico privilegiado.
III – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0011150-43.2016.8.10.0040


APELANTE: JOÃO PAULO DOS SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL.
IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS.
NATUREZA, QUANTIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DA APREENSÃO. RECONHECIMENTO
DO TRÁFICO PRIVILEGIADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SÚMULA 444
DO STJ. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. APELO CONHECIDO E NEGADO
PROVIMENTO, COM O RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO
E DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
1. Na espécie, o acervo fático probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e materialidade
do delito de tráfico de drogas, não merecendo prosperar a tese de desclassificação para
consumo pessoal.
2. O depoimento dos policiais responsáveis pela prisão constitui meio idôneo e suficiente
para a formação do édito condenatório, cabendo à defesa demonstrar sua imprestabilidade.
3. Não havendo comprovação de que o apelante, réu primário e de bons antecedentes, se
dedicava a atividades criminosas ou que integrasse organização criminosa, o reconhecimento
da causa de redução prevista no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (tráfico privilegiado) se
impõe. Súmula 444 do STJ.
4. Por conseguinte, forçoso reconhecer a extinção da punibilidade do réu, em razão da
prescrição da pretensão punitiva.
5. Apelação conhecida e desprovida, com o reconhecimento, de ofício, do tráfico privilegiado
e, via de consequência, da extinção da punibilidade do apelante.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015317-55.2018.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: THALLYSON ROGÉRIO SILVA DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. AUTORIA NÃO DEMONSTRADA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.

224 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. CABIMENTO. QUANTIDADE ÍNFIMA
DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DE TRAFICÂNCIA. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA
INOCÊNCIA E IN DUBIO PRO REO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELO CONHECIDO
E DESPROVIDO.
1. Encontrada na residência do apelante 11,64g (onze gramas e sessenta e quatro
miligramas) de maconha, sem petrechos comuns à prática da traficância, e com a confissão
do réu apenas ao consumo, de rigor a manutenção da sentença absolutória quanto ao
tráfico de drogas.
3. Sendo ônus da acusação provar os fatos narrados na denúncia e reforçados no apelo,
inexistindo provas nos autos que apontem, com inegável segurança, a autoria delitiva,
impõe-se manter a decisão que desclassificou a conduta delitiva do apelado para o art. 28,
da Lei n. 11.343/2006.
4. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800728-54.2021.8.10.0022


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO
APELADO: EDGAR MACIEL DE CASTRO MELO, KAUANNE MACEDO MENDES
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. REFORMA DA SENTENÇA.
IRRESIGNAÇÃO MP. PLEITO CONDENATÓRIO DE AMBOS OS RÉUS AOS CRIMES
DOS ARTS. 33, CAPUT, ART. 35, C/C ART. 40, VI, DA LEI 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE.
INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA DA AUTORIA DELITIVA DE KAUANNE MACEDO MENDES.
AUSÊNCIA DE PROVA DA ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA PARA CONFIGURAR A
ASSOCIAÇÃO. DOSIMETRIA.AUMENTO DAPENA-BASE. INVIABILIDADE. QUANTIDADE
E VARIEDADE DE ENTORPECENTES QUE NÃO JUSTIFICAM O AUMENTO DA PENA-
BASE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 231 DO STJ. PROVIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE
DIMINUIÇÃO DA PENA INTERMEDIÁRIA AQUÉM DO MÍNIMO. REDIMENSIONAMENTO.
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Ausente prova da autoria delitiva da apelada Kauanne Macedo Mendes em relação
ao delito de tráfico de entorpecentes, posto que esta negou a participação, e o apelado
Edgar Maciel de Castro Melo confessou a autoria isoladamente. No mesmo sentido foram
os depoimentos das autoridades policiais, que relataram ter recebido denúncia anônima
apenas quanto ao último, sendo de rigor a manutenção da absolvição.
2. Quanto ao crime de associação para o tráfico, ausente a comprovação da participação
de Kauanne e do infante Jefferson, impossível a sua caracterização, em especial por ser
necessário que esteja efetivamente demonstradas a estabilidade e permanência associativa,
de modo que o simples fato dos apelados conviverem maritalmente não é suficiente.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 225


3. No caso, a quantidade e a natureza da droga apreendida – 50g de maconha e 13g de
cocaína, não demonstram, por si só, maior reprovabilidade da conduta delituosa prevista no
tipo penal, a justificar a exasperação da pena-base.
4. Necessário a reforma da pena intermediária para ajustá-la ao mínimo legal, em observância
ao disposto na Súmula n. 231 do STJ.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido apenas para alterar a pena definitiva fixada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000295-89.2017.8.10.0033


APELANTE: ANTÔNIO LUÍS DA SILVA FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRELIMINAR.
NULIDADE DA REVISTA DOMICILIAR. ILICITUDE DAS PROVAS. INOCORRÊNCIA.
REJEIÇÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA. ERRONIA.
MOTIVOS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. INCIDÊNCIA
DA MINORANTE CONSTANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/06. APLICAÇÃO
DO MENOR PERCENTUAL. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SANÇÃO
REDIMENSIONADA. SUBSTITUIÇÃO DA REPRIMENDA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS. ISENÇÃO DA PENA
DE MULTA. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial é lícita, mesmo em período
noturno, desde que amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito. (Tema 280 – STF).
Preliminar rejeitada.
II. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput,
da Lei nº11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla
defesa, a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
III. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
IV. Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é válido e revestido de
eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos em ação investigativa ou
responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas
dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
V. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa os
motivos e consequências do crime, utiliza fundamentação inidônea que remete às condutas
que o próprio tipo penal visa reprimir.
VI. A inexistência de justificativa no tocante à aplicação do menor percentual da causa
de diminuição constante do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 não estabelece inexorável

226 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


fixação da maior fração redutora, haja vista que, em virtude da natureza, quantidade e
diversidade da droga apreendida, é possível a aplicação do respectivo percentual em
patamar intermediário.
VII. Observados os requisitos constantes do art. 44 do CP, substitui-se a sanção privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
VIII. Inexiste amparo legal para o pedido de isenção da pena de multa fixada no decreto
condenatório, mesmo em face da condição econômica do condenado, tratando-se de
questão que deverá ser examinada pelo Juízo da execução, no momento oportuno.
IX. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000554-70.2018.8.10.0091


APELANTE: FRANCINILDE DUTRA ALVES
ADVOGADO: GLAUDSON DE OLIVEIRA MORAES - OAB: MA10345-A
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. PROVAS SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA. DEPOIMENTO DOS
POLICIAIS. MEIO IDÔNEO. ÔNUS DA DEFESA DEMONSTRAR A IMPRESTABILIDADE
DA PROVA. NÃO OCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – A materialidade do crime restou devidamente demonstrada pelo laudo pericial constante
dos autos. Por sua vez, a autoria delitiva foi comprovada pelo depoimento extrajudicial
prestado por uma das testemunhas – que confirmou que foi até o local com o intuito de
comprar drogas que eram vendidas pela ré – e pelos depoimentos judiciais dos policiais
militares, que confirmaram a abordagem e a apreensão das drogas no imóvel da ré.
II – Ressalte-se que, segundo entende a jurisprudência pátria, o artigo 155 do Código de
Processo Penal não proíbe a utilização de elementos colhidos na fase investigatória para
embasar a sentença condenatória, mas apenas exige que também hajam elementos de
prova produzidos em contraditório judicial, aptos a fundamentar o decisum, como ocorre no
caso em tela.
III – Na espécie, restou comprovado, ainda, que a quantidade de droga, o seu fracionamento
e a forma de acondicioná-la (onze pedras de “crack” e uma “trouxa” de maconha), além dos
demais objetos apreendidos na residência da ré, corroboram as provas testemunhais e
demonstram a finalidade de venda para os entorpecentes apreendidos. Além disso, para
a caracterização do delito mencionado, não se impõe que o agente seja surpreendido no
exato momento em que, concretamente, forneça a droga a terceira pessoa. Eis que basta
a evidência de que o tóxico localizado se destina à mercancia.
IV – Frise-se ainda que, segundo entende o Superior Tribunal de Justiça, os depoimentos
dos policiais prestados durante a instrução em juízo é meio de prova idôneo, apto a embasar
a sentença condenatória, especialmente nos casos em que inexiste dúvida acerca da
imparcialidade dos agentes, competindo à defesa o ônus de demonstrar a imprestabilidade

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 227


da prova, o que não se deu na hipótese. Precedentes.
V – Desprovimento da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001628-92.2017.8.10.0060


APELANTE: FRANCISCO WASHINGTON RIBEIRO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO
INDEVIDA PARA O CRIME DE PORTE PARA CONSUMO. ANÁLISE QUE NÃO SE LIMITA
À QUANTIDADE OU À NATUREZA DA DROGA. APELO DESPROVIDO.
I – Existindo elementos concretos e coesos que denotem típico cenário de traficância,
inviável a desclassificação do crime de tráfico de drogas para o de porte de drogas para
consumo próprio. Nos termos do artigo 28, § 2º, da Lei de n° 11.343/2006, não são apenas
a quantidade de droga ou sua natureza a constituir fatores determinantes para a conclusão
de que a substância se destinava a consumo pessoal, mas, também o local e as condições
em que se desenvolveu a ação; as circunstâncias sociais e pessoais; e a conduta e os
antecedentes do agente, entre outros.
II – Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0820165-16.2022.8.10.0000


REQUERENTE: MARIVALDO AZEVEDO CARNEIRO
IMPETRADO: 3a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PINHEIRO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO
PREVENTIVA. REQUISITOS PREENCHIDOS. MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e, ainda, se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares. Hipótese dos autos.
II - Apenas as condições subjetivas favoráveis do paciente, não tem o condão de tornar
ilegal a manutenção da prisão cautelar, caso estejam presentes elementos suficientes para
a decretação da prisão preventiva, tampouco, substituir por medidas menos gravosas.
III - Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818773-41.2022.8.10.0000


REQUERENTE: MAYRON MARCELO COSTA MARTINS
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA DA COMARCA DE COROATÁ-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 33 DA LEI 11.343/06.
228 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
ILICITUDE DAS PROVAS. PESCARIA PROBATÓRIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
UNIRRECORRIBILIDADE. MATÉRIA NÃO APRECIADA NA DECISÃO IMPUGNADA. VIA
INADEQUADA. MATÉRIA PENDENTE DE JULGAMENTO NO RECURSO DE APELAÇÃO.
APRECIAÇÃO AMPLA DA CONTROVÉRSIA A SER REALIZADA NO JULGAMENTO DA
APELAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A alegada tese de “pescaria probatória” com o fim de ser reconhecida eventual ilicitude
das provas colhidas no processo é alvo de deliberação no recurso de apelação interposto em
favor do paciente, e eventual apreciação na via estreita do mandamus seria inapropriado,
configurando violação ao princípio da unirrecorribilidade.
2. Não se vislumbra qualquer irregularidade no não conhecimento do habeas corpus, uma
vez que foi impetrado concomitantemente com o recurso de apelação, somente sendo
admissível se for destinado à tutela direta e imediata da liberdade de locomoção, o que
não é o caso dos autos, uma vez que ausente qualquer pedido que trate diretamente desse
assunto.
3. Dessa forma, o recurso de apelação é mais adequado ao exame da controvérsia,
principalmente por possuir maior amplitude cognitiva, possibilitando uma análise mais
acurada acerca da matéria.
4. Agravo Regimental em Habeas Corpus desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801472-25.2021.8.10.0127


APELANTE: MANOEL MESSIAS DO NASCIMENTO SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO
ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA REVOGADA. CONDIÇÕES
SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. DELITOS PRATICADOS SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA. DESPROPORCIONALIDADE DA IMPOSIÇÃO DE MEDIDA EXTREMA.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE ÍNFIMA DE DROGA.
AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA. CABIMENTO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO.
ESPINGARDA DE PRESSÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO QUE SE FAZ
NECESSÁRIA APENAS A ARMA DE PRESSÃO. MANTIDA A CONDENAÇÃO PELA POSSE
DE ARMA DE FOGO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO ACUSADO. DETRAÇÃO PENAL.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Apelante que foi apreendido com 3,0 g (três gramas) de maconha, sem petrechos comuns
à prática da traficância. Confissão apenas quanto ao consumo.
2. No Processo Penal, compete exclusivamente à acusação demonstrar a certeza sobre a
imputação do fato delituoso, e não à defesa sustentar o estado de dúvida, que é presumido
em favor do acusado, até prova robusta em sentido contrário.
3. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.°11.343/2006 para o previsto no art. 28 do mesmo diploma legal.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 229


4. As armas de ar comprimido ou de pressão, como as espingardas de “chumbinho”,
não preenchem as características definidoras de arma de fogo, razão pela qual é de se
reconhecer como atípica a conduta de posse, pois falta elementar essencial do tipo penal
previsto no artigo 12, caput, da Lei nº 10.826/2003. In casu, deve o apelado ser a absolvido
do apelante quanto a posse de arma de pressão.
5. Entretanto, tendo sido apreendida também uma arma de fogo calibre 22 marca Rossi, com
n° de série D55035213 e 11 (onze) munições do mesmo calibre, impõe-se a manutenção
da sua condenação em 01 (um) ano de detenção, e multa de 10 (dez) dias-multa conforme
estabelecido na sentença.
6. No caso dos autos, o réu permaneceu preso provisoriamente por tempo superior à pena
fixada em sentença, o que justifica a detração penal e a extinção da punibilidade.
7. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800402-47.2021.8.10.0070


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: WANDERSON SILVA FERNANDES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ABSOLVIÇÃO. AUTORIA
NÃO DEMONSTRADA. REMANESCÊNCIA DE DÚVIDA RAZOÁVEL A OBSTAR A
CONDENAÇÃO.
I. Correta a absolvição promovida na instância singular quanto ao crime de tráfico de
drogas diante da precariedade da prova voltada à autoria delitiva, porquanto a condenação
perseguida pela acusação exige uma certeza visceral desse aspecto.
II. Na existência de dúvida razoável sobre a participação do recorrido no fato contemplado
na denúncia, vigora o brocardo in dubio pro reo, corolário do princípio da não culpabilidade.
III. Comprovada a posse da droga exclusivamente por adolescente que acompanhava o
apelado, o qual não tinha conhecimento do conteúdo transportado, resta inviável a sua
condenação no comércio ilegal de entorpecentes.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003145-47.2019.8.10.0001


APELANTE: LEONARDO ALBUQUERQUE ALMEIDA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO- PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. SUFICIÊNCIA DAS
PROVAS NOS AUTOS. TRÁFICO DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO INDEVIDA
PARA O CRIME DE PORTE PARA O DE CONSUMO. ANÁLISE QUE NÃO SE LIMITA
À QUANTIDADE OU À NATUREZA DA DROGA. MOTIVOS DO CRIME. UTILIZAÇÃO
DE CIRCUNSTÂNCIA DE OUTRO CRIME. INEXISTÊNCIA DE BIS IN IDEM. FUNÇÃO
DE COMANDO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. AGRAVANTE QUE INCIDE MESMO

230 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


NOS CASOS DE LIDERANÇA LOCALIZADA. MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. PRESCINDIBILIDADE DE APREENSÃO E PERÍCIA.
I – Havendo, nos autos, elementos conclusivos acerca da participação do apelante em
organização criminosa, descabe sua absolvição por falta de provas.
II – Existindo elementos concretos e coesos que denotem típico cenário de traficância,
inviável a desclassificação do crime de tráfico de drogas para o de porte de drogas para
consumo próprio. Nos termos do artigo 28, § 2º, da Lei de n° 11.343/2006, não são apenas
a quantidade de droga ou sua natureza a constituir fatores determinantes para a conclusão
de que a substância se destinava a consumo pessoal, mas, também o local e as condições
em que se desenvolveu a ação; as circunstâncias sociais e pessoais; e a conduta e os
antecedentes do agente.
III – A valoração negativa da circunstância “canalizar poder econômico para a organização
criminosa Bonde dos 40” nos motivos do crime de tráfico de drogas não implica bis in idem,
ainda que tal circunstância integre os elementos constitutivos do crime do artigo 2º da
Lei de n° 12.850/2013. Isso porque estão postos delitos autônomos e que ofendem bens
jurídicos distintos.
IV – É suficiente, para a incidência da agravante do artigo 2º, § 3º, da Lei de n° 12.850/2013,
o exercício de parcela do poder de comando, tal como ocorre nos casos em que o agente
atua com ascendência sobre os demais integrantes da organização criminosa, em área
geográfica restrita, equivalente a filial da organização.
V – Assim como no crime de roubo, a incidência da majorante consistente no emprego de
arma de fogo, no crime do artigo 2º da Lei nº 12.850/2013, prescinde de apreensão e de
perícia do artefato, desde que demonstrada a utilização por outros elementos de prova.
VI – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001094-92.2019.8.10.0056


APELANTE: VALDIR PEREIRA DOS SANTOS
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM. POSSIBILIDADE. TRÁFICO DE DROGAS
DE CARÁTER INTERESTADUAL. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DEPOIMENTOS DE
POLICIAIS. INEXISTÊNCIA DE EQUÍVOCO NA DOSIMETRIA E NO AFASTAMENTO DA
CAUSA DE DIMINUIÇÃO DO ARTIGO 33, § 4º, DA LEI DE DROGAS. ARGUMENTAÇÃO
DESTOANTE DO CONTEÚDO DA SENTENÇA. DETRAÇÃO. MANUTENÇÃO DO REGIME
PRISIONAL MAIS SEVERO. NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA. DESPROPORÇÃO
ENTRE A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE E A PENA DE MULTA. INEXISTÊNCIA.
I – É válida a sentença do Juízo de base que, ao proceder à remissão das decisões
anteriormente proferidas, considera que permanecem hígidos os fundamentos para a
decretação da prisão preventiva, posto que a fundamentação per relationem é amplamente

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 231


admitida pela jurisprudência dos Tribunais Superiores.
II – Em havendo elementos conclusivos da prática de crime de tráfico de drogas de caráter
interestadual, descabe a absolvição do apelante por falta de provas. Os depoimentos
prestados por policiais, inclusive, podem servir à formação do convencimento do Juízo, se
não constituem os únicos elementos a embasar a condenação.
III – Não há que se falar em valoração equivocada da culpabilidade na primeira fase
da dosimetria, nem em bis in idem na utilização da natureza e da quantidade de droga
para afastar a causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei de Drogas. Referidas teses
destoam do conteúdo da sentença, pois apenas as circunstâncias do crime foram valoradas
negativamente na primeira fase, ao passo que a causa de diminuição foi afastada por motivo
diverso.
IV – A detração do tempo de prisão preventiva cumprido pelo apelante não implica alteração
automática do regime prisional, já que o regime mais severo se justifica pela natureza e
pela quantidade da droga, circunstância preponderante, nos termos do artigo 42 da Lei de
Drogas.
V – Inexiste desproporção entre a pena privativa de liberdade e a pena de multa quando o
Juízo, ao partir dos marcos mínimos previstos na lei penal, aplica os mesmos critérios para
exasperar as penas, em todas as fases da dosimetria.
VI – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004691-74.2018.8.10.0001


APELANTE: RAIMUNDO NONATO LEONEL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA. PENA
INFERIOR A QUATRO ANOS. REINCIDÊNCIA NÃO COMPROVADA. FIXAÇÃO DO
REGIME INICIAL ABERTO. APLICAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da
Lei 11.343/2006), mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa,
a manutenção da decisão condenatória é medida que se impõe.
II. A mercancia ou a quantidade da droga apreendida não são os únicos elementos que
caracterizam o crime de tráfico, de sorte que para a configuração do referido delito, por se
tratar de figura típica de ação múltipla, é suficiente a realização de qualquer um dos núcleos
do tipo previsto no art. 33 da Lei Antidrogas.
III. Impossibilitada a verificação de que a condenação a que faz menção o juízo a quo é
suficiente para a configuração da reincidência, o afastamento dessa circunstância é medida

232 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


que se impõe, em observância ao princípio in dubio por reo.
IV. Arbitrada reprimenda privativa de liberdade em patamar inferior a 04 (quatro) anos,
é de rigor a fixação do regime aberto, para fins de cumprimento de pena, em razão da
determinação contida no art. 33, § 2º, “b”, do Código Penal.
V. Observados os requisitos constantes do art. 44 do CP, substitui-se a sanção privativa de
liberdade por restritivas de direitos.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002530-56.2014.8.10.0058


APELANTE: ALAN KARDEC BEZERRA NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA LEI
DE Nº 11.343/06). DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE.
IMPOSSIBILIDADE. PROVAS ROBUSTAS A IMPUTAR A DIFUSÃO ILÍCITA DA DROGA
APREENDIDA. DOSIMETRIA. DECOTE DAS VETORIAIS DA CULPABILIDADE, MOTIVOS,
CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
TESE ACOLHIDA. PROVIMENTO PARCIAL.
I. As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão insofismável de ter sido perpetrada a
conduta de tráfico de drogas. Tese desclassificatória insubsistente;
II. A potencial consciência da ilicitude ou a exigibilidade de conduta diversa são pressupostos
da culpabilidade em sentido estrito e não fazem parte do rol das circunstâncias judiciais do
art. 59 do Código Penal. Portanto, não constituem elemento idôneo a justificar a exacerbação
da pena-base. Afastamento de rigor;
III. Os motivos, as circunstâncias e as consequências foram valorados de forma reflexa, à
medida que a ponderação se concentrou na lesividade aos lares e aos jovens, elementos
esses inerentes ao tipo penal em debate, eis se tratar de crime contra a saúde pública.
Decote imperativo;
IV. Recurso conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000260-52.2020.8.10.0057


APELANTE: LUCIANO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. CORRUPÇÃO ATIVA. SUFICIÊNCIA DAS
PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
PROVAS DOS AUTOS QUE APONTAM A PRÁTICA DE UMA DAS CONDUTAS DO ART.
33 DA LEI DE DROGAS, BEM COMO O OFERECIMENTO DE VANTAGEM INDEVIDA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 233


A FUNCIONÁRIO PÚBLICO. VALIDADE DO DEPOIMENTO DOS POLICIAIS EM JUÍZO.
PEDIDO DE REVISÃO DA DOSIMETRIA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NO
RECURSO.
I – Não há falar em insuficiência de provas de materialidade e autoria do crime quando
os elementos dos autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das
testemunhas ouvidas em juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e
não isoladamente.
II – Conforme pacífica orientação jurisprudencial, o depoimento dos policiais prestado em
Juízo constitui meio de prova idôneo a resultar na condenação do réu, notadamente quando
ausente qualquer dúvida sobre a imparcialidade dos agentes.
III - Embora tenha protestado por revisão na dosimetria da pena, o apelante não indicou
qual seria o erro que merece correção, prejudicando assim a análise do pleito. Outrossim,
as penas já foram fixadas no mínimo legal, pelo que não se vislumbra qualquer motivo para
sua revisão em favor do réu.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000244-88.2017.8.10.0062


APELANTE: KHEWEM CRISTIAN EMIDIO GONÇALVES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSUMO PESSOAL. QUANTIDADE
ÍNFIMA DE DROGA. AUSÊNCIA DE PROVA DA TRAFICÂNCIA. CABIMENTO.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. APELO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. Apelante que foi apreendido com 3,67 g (três gramas e sessenta e sete miligramas)
de cocaína, sem petrechos comuns à prática da traficância. Confissão apenas quanto ao
consumo.
2. No Processo Penal, compete exclusivamente à acusação demonstrar a certeza sobre a
imputação do fato delituoso, e não à defesa sustentar o estado de dúvida, que é presumido
em favor do acusado, até prova robusta em sentido contrário.
3. Insuficiente a prova da traficância, é necessário a desclassificação do crime previsto no
art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 para o previsto no art. 28, do mesmo diploma legal.
4. Por conseguinte, forçoso reconhecer a extinção da punibilidade do réu, em razão da
prescrição da pretensão punitiva.
5. Recurso conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000377-83.2019.8.10.0055

234 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: DAVID WILSON ALMEIDA MARTINS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR. DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE OFERECIMENTO DE RESPOSTA À
ACUSAÇÃO. INVIABILIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO À DEFESA.
PRECLUSÃO TEMPORAL. MÉRITO. DECOTE DAS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. TESE ACOLHIDA. PEDIDO DE ALTERAÇÃO DO REGIME
FECHADO PARA O SEMIABERTO. IMPOSSIBILIDADE. RÉU REINCIDENTE. APELAÇÃO
CONHECIDA E PROVIDA PARCIALMENTE.
1. Pelo princípio do pas de nullité sans grief, apenas se efetivamente comprovado o prejuízo
é que se poderia invalidar o ato impugnado e decretar a nulidade apontada, o que não é o
caso dos autos. Preclusão temporal da nulidade.
2. A consequência do crime de disseminação das drogas é inerente ao tipo penal, presente
em qualquer tráfico de drogas, de modo que se afigura genérica e não possui aptidão para
acréscimo da pena-base.
3. O regime inicial de cumprimento de pena encontra-se compatível com o quantum da
pena e reincidência do apelante. Inteligência do art. 33, §2º, “b”, do CP.
4. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000659-19.2016.8.10.0026


APELANTE: ISAAC RODRIGUES DOS SANTOS NETO
ADVOGADO: DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO E ILICITUDE DAS
PROVAS. NÃO OCORRÊNCIA. CRIME DE TRÁFICO. NATUREZA PERMANENTE QUE
SUSTENTA A SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA. INGRESSO DOS AGENTES POLICIAIS
EM DOMICÍLIO JUSTIFICADO POR INDÍCIOS CONCRETOS DA PRÁTICA DE CRIME.
ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE.
PROVAS DOS AUTOS QUE APONTAM A PRÁTICA DE UMA DAS CONDUTAS DO ART.
33 DA LEI DE DROGAS. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME
PELA NATUREZA DA DROGA. POSSIBILIDADE. SUBSTÂNCIA DE ALTA NOCIVIDADE
QUE DEMANDA MAIOR REPRIMENDA. REVISÃO DOS CRITÉRIOS DA DOSIMETRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FIXAÇÃO DO QUANTUM AFETA À DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ,
QUE INDEPENDE DE CRITÉRIOS MATEMÁTICOS RÍGIDOS. TRÁFICO PRIVILEGIADO.
INOCORRÊNCIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME QUE APONTAM DEDICAÇÃO À
ATIVIDADE CRIMINOSA.
I – Nos crimes permanentes, como o de tráfico de drogas, a situação de flagrância perdura

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 235


enquanto não cessar a permanência.
II – A inviolabilidade do domicílio pode ser mitigada diante da constatação de flagrante
delito, que por sua vez pode ser verificada por policiais quando houver suspeita do crime. É
o caso dos autos, em que os policiais receberam denúncia da prática do crime de tráfico de
drogas e, chegando no local, identificaram circulação suspeita de pessoas.
III – O tipo penal do art. 33 da Lei de Drogas enumera diversas condutas que configuram
o tráfico, de modo que não há falar em absolvição pelo ou desclassificação para o ilícito
de uso próprio quando as provas dos autos demonstram a prática de pelo menos uma das
condutas ali elencadas.
IV - Na valoração das circunstâncias judiciais, a natureza e a quantidade das drogas
preponderam sobre as demais, devendo ser levadas em conta pelo juízo na exasperação da
pena-base. Na espécie, a natureza da droga (crack) justifica maior reprimenda da conduta.
V - A legislação penal não estabeleceu critérios matemáticos e rígidos para a primeira fase
da dosimetria da pena, cabendo ao juízo sentenciante, exercendo sua discricionariedade,
fixar o quantum que entender apropriado de acordo com a gravidade do delito.
V - À instância revisora é vedada a análise dos critérios utilizados pelo magistrado na
primeira fase da dosimetria, salvo em caso de manifesta desproporcionalidade, o que não
se verifica na espécie.
VI - As circunstâncias do crime, praticado em local conhecido por usuário de drogas e em
concurso de agentes, e a natureza e quantidade de drogas afastam a possibilidade de
reconhecimento da causa de diminuição de pena pelo tráfico privilegiado.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

6. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800823-30.2021.8.10.0137


APELANTE: JOSÉ DE JESUS DA SILVA VELOSO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA


DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 213 do Código Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com as imagens obtidas de um circuito de TV, com o
resultado do exame de corpo de delito e com as demais provas constantes nos autos.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
236 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória, considerando a gravidade do delito.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000127-45.2020.8.10.0110


APELANTE: JORGE WENYSON VIEIRA CORREA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. DOSIMETRIA. CULPABILIDADE.
CONDUTA SOCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO. EXASPERAÇÃO IDÔNEA.
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA.
AFASTADA. AGRAVANTES DO ART. 61, II, “C” E “L”, DO CÓDIGO PENAL. INCIDÊNCIA.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A ausência de vestígios de violência sexual recente na vítima não é suficiente para
afastar a configuração do delito previsto no art. 213 do Código Penal, quando existirem nos
autos outros elementos aptos a comprovar a materialidade e autoria do crime.
II - No crime de estupro, comumente praticado na clandestinidade, a palavra da vítima
possui relevância, notadamente quando se mostra clara e coerente com as demais provas
acostadas aos autos. Ademais, deve ser afastado o pedido de desclassificação para o
delito de importunação sexual, dado o caráter subsidiário firmado no art. 215-A do CP,
considerando que este somente resta tipificado se a conduta não caracteriza crime mais
grave.
III - A exasperação da pena-base foi motivada por elementos concretos capazes de justificar
a avaliação negativa da culpabilidade, conduta social e das circunstâncias do crime, tendo
em vista que o estupro foi perpetrado por agente que não usava preservativo, com um
histórico de condutas inadequadas e inoportunas com relação a mulheres da vizinhança e
consumado na presença dos filhos menores da vítima.
IV – Há que se afastar a exasperação decorrente das consequências do crime, quando
não justificado concretamente os fatos ensejadores do incremento da pena-base por tal
circunstância judicial.
V – Configuradas as agravantes do art. 61, II, “c” e “l”, quando seu reconhecimento foi feito
de forma absolutamente motivada e diante dos elementos colhidos nos autos, tendo em
vista que o modus operandi do agente impossibilitou a vítima de pedir ajuda ou até mesmo
fugir, além de ter ingerido álcool e drogas como estímulo à prática do delito.
VI – Apelo conhecido e parcialmente provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 237


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000532-32.2019.8.10.0073
APELANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS ROCHA DIAS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NAAPELAÇÃO.
ESTUPRO DE INCAPAZ. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO ANTE O NÃO RECONHECIMENTO
DE AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE. CONTEXTO FÁTICO DELINEADO PELO TRIBUNAL
DE ORIGEM. ALTERAÇÃO. INVIABILIDADE. APLICAÇÃO DE EFEITOS INFRINGENTES
AOS EMBARGOS. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTENTE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. REJEIÇÃO.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, pressupõe defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
à constatação da materialidade delitiva através das provas carreadas nos autos, não
havendo o que falar em omissão ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. Não merece prosperar o pedido do embargante no sentido de que os aclaratórios sejam
recebidos com efeitos infringentes, uma vez que inexiste no acórdão vergastado omissão,
contradição ou obscuridade que, caso fosse reconhecida, poderia dar sentido oposto à
decisão anteriormente proferida.
5. Embargos de declaração rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800523-19.2020.8.10.0100


APELANTE: JHONATAN FERREIRA MARTINS
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. SENTENÇA DE HOMOLOGAÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE
PROVAS. DEPOIMENTO SEM DANO. INVALIDADE DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
OBSERVÂNCIA DA NORMA LEGAL. LEI 13.431/2017. VÍTIMA DE CINCO ANOS. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A ação de produção antecipada de provas é adequada para que o Ministério Público
reúna elementos de autoria e materialidade que fundamentem ação penal, sem ofensa ao
contraditório e ampla defesa.
2. A criança ou adolescente tem direito à proteção da dignidade e intimidade, proteção
contra atos que provoquem sofrimento, além de atendimento adequado quando for vítima

238 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ou testemunha de violência, sendo lícita a realização de tomada de depoimento sem dano
(DSD) nos termos da Lei nº 13.431/2017.
3. Processo penal penal pautado pelo princípio do livre convencimento motivado, podendo
o magistrado apreciar livremente o conjunto probatório apresentado.
4. Ausência de irregularidade no procedimento adotado. Criança de 05 (cinco) anos vítima
de estupro.
5. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813409-88.2022.8.10.0000


PACIENTE: ELISVALDO BATISTA DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE BARREIRINHAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 217-A (ESTUPRO DE
VULNERÁVEL). ART. 218-A (SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA NA PRESENÇA DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE). CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS REVELADORAS DA NECESSIDADE
DA CUSTÓDIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CONDIÇÕES SUBJETIVAS
FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM CONHECIDA EM
PARTE E DENEGADA.
1. Inadmissível em sede de Habeas Corpus a análise da alegada tese de negativa de
autoria por demandar dilação probatória e aprofundado exame de elementos de convicção.
2. O decreto constritivo do paciente encontra-se suficientemente fundamentado e arrimado
nos art. 312 e 313, do CPP, diante dos indícios de autoria e materialidade dos delitos de
estupro de vulnerável e satisfação de lascívia na presença de criança ou adolescente.
3. A vítima G.A.D.S explana o ocorrido de forma linear e pormenorizada e o seu relato
converge com os demais depoimentos prestados em sede policial. Acompanham, ainda, o
inquérito policial, 14 (quatorze) áudios trocados em aplicativo de conversa instantânea, que
teriam sido enviados para a referida vítima, enrobustecendo a verossimilhança daquilo que
foi narrado.
4. A garantia da ordem pública e a necessidade de assegurar a aplicação da lei penal estão
demonstradas, sobretudo em razão das relatadas ameaças feitas à vítima G.A.D.S e à sua
família.
5. As condições pessoais favoráveis do paciente não impedem a decretação ou manutenção
da custódia cautelar se há nos autos elementos hábeis a justificar sua imposição, como no
caso presente. (STJ. T5. AgRg no RHC 145.936/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
j. 18/05/2021; STJ. T5. RHC 135.320/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 23/03/2021).
6. Ordem parcialmente conhecida e denegada, mantendo-se a decisão que decretou a
prisão preventiva.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000040-08.2020.8.10.0137


APELANTE: ROBERTO GOMES BARROS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 239


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA
DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA
E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA.
INVIABILIDADE. PENA FUNDAMENTADA E PROPORCIONAL. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 213, caput, do Código
Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória e da dosimetria fixada, uma vez que
as circunstâncias judiciais extrapolam o tipo penal.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802819-08.2021.8.10.0026


APELANTE: TIAGO EVANGELISTA DA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO NA FORMA TENTADA. MATERIALIDADE
E AUTORIA INCÓLUMES. DOSIMETRIA. DUAS CIRCUNSTÂNCIAS DESABONADORAS.
EXASPERAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM AS BALIZAS DA JURISPRUDÊNCIA
PÁTRIA. REINCIDÊNCIA. SUBSTITUIÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/3 PARA 1/6 A TÍTULO DE
INCREMENTO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. MANUTENÇÃO DO REGIME INICIAL
FECHADO.
I. Ausente a insurgência recursal quanto à materialidade e a autoria do crime de estupro na
forma tentada, impõe-se a manutenção da condenação, respaldada na palavra da vítima,
de especial relevo, e que se harmoniza com os demais elementos de prova.
II. Diante do silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios
de incremento da pena base, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada
e outro de 1/8 (um oitavo) a incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito
secundário do tipo penal incriminador.
III. Correta a exasperação baseada em 1/6 (um sexto) da pena mínima para duas circunstâncias

240 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


judiciais valoradas negativamente, vez que essa medida está em consonância com um dos
parâmetros veiculados pelo STJ e acompanhada da devida motivação. Precedentes.
IV. O aumento de 1/3 decorrente da agravante de reincidência por uma única condenação
apresenta-se exacerbado, razão pela qual, ausente fundamentação idônea para o
recrudescimento acima do mínimo, de rigor sua substituição para o percentual de 1/6 a
incidir sobre a pena base.
V. Ante o reconhecimento de duas circunstâncias judiciais desfavoráveis ao apelante, aliadas
à reincidência, a imposição do regime inicial fechado não merece reproche, malgrado a
redução do quantum da pena na segunda etapa. Inteligência do art. 33, §3º, do Código
Penal.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800129-89.2021.8.10.0063


APELANTE: ERI JOHNSON DA CONCEIÇÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO NA FORMA TENTADA. MATERIALIDADE E
AUTORIA INCÓLUMES. DOSIMETRIA. DUAS CIRCUNSTÂNCIAS DESABONADORAS.
EXASPERAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM AS BALIZAS DA JURISPRUDÊNCIA
PÁTRIA. REINCIDÊNCIA. SUBSTITUIÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/3 PARA 1/6 A TÍTULO DE
INCREMENTO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. MANUTENÇÃO DO REGIME INICIAL
FECHADO.
I. Ausente a insurgência recursal quanto à materialidade e a autoria do crime de estupro na
forma tentada, impõe-se a manutenção da condenação, respaldada na palavra da vítima,
de especial relevo, e que se harmoniza com os demais elementos de prova.
II. Diante do silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios
de incremento da pena base, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada
e outro de 1/8 (um oitavo) a incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito
secundário do tipo penal incriminador.
III. Correta a exasperação baseada em 1/6 (um sexto) da pena mínima para duas circunstâncias
judiciais valoradas negativamente, vez que essa medida está em consonância com um dos
parâmetros veiculados pelo STJ e acompanhada da devida motivação. Precedentes.
IV. O aumento de 1/3 decorrente da agravante de reincidência por uma única condenação
apresenta-se exacerbado, razão pela qual, ausente fundamentação idônea para o
recrudescimento acima do mínimo, de rigor sua substituição para o percentual de 1/6 a
incidir sobre a pena base.
V. Ante o reconhecimento de duas circunstâncias judiciais desfavoráveis ao apelante, aliadas
à reincidência, a imposição do regime inicial fechado não merece reproche, malgrado a
redução do quantum da pena na segunda etapa. Inteligência do art. 33, §3º, do Código

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 241


Penal.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000008-03.2021.8.10.0061


APELANTE: OSVALDO PINHEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
RELEVÂNCIA DAS PALAVRAS DAS TESTEMUNHAS. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
PERSONALIDADE. VALORAÇÃO. NÃO CABIMENTO. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. As provas produzidas no curso da ação penal convergem para a prática delituosa do
apelante, tipificada no art. 217-A do Código Penal, restando comprovadas a autoria e a
materialidade.
2. Os depoimentos das informantes possuem valor probatório, especialmente quando são
coerentes e harmônicos com os demais elementos de prova existentes nos autos. (TJ-
DF 07028253720198070001 DF 0702825-37.2019.8.07.0001, Relator: DIAULAS COSTA
RIBEIRO, Data de Julgamento: 13/05/2020, 8ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado
no DJE : 22/05/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada).

3. Dada a ausência de elementos concretos para mensurar a personalidade do apelante,


adequada a ponderação feita pelo juízo a quo, considerando a circunstância como neutra.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000187-47.2018.8.10.0123


APELANTE: RAIMUNDO FERREIRA COSTA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE
CREDIBILIDADE DAS PROVAS. NÃO VERIFICADA. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 217-A do Código Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas e com o resultado do

242 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


exame de corpo de delito.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória, considerando a gravidade do delito
e as características da abordagem.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802771-71.2021.8.10.0051


APELANTE: JOSÉ DE RIBAMAR PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO
DE VULNERÁVEL. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 217-A, §1º, na forma do
art. 71, ambos do Código Penal, em especial o exame do corpo de delito e os depoimentos
das testemunhas oculares.
2. Vítima idosa em estado vegetativo que se enquadra no conceito de pessoa vulnerável,
sem o discernimento para oferecer resistência.
3. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000603-16.2010.8.10.0084


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: WILBO JOSE TEIXEIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DÚVIDA RAZOÁVEL
SOBRE A AUTORIA. MODIFICAÇÃO DA VERSÃO DADA PELA VÍTIMA. PRINCÍPIO IN
DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO CONFIRMADA.
I. Pairando dúvida sobre a autoria do delito de estupro de vulnerável em relação ao réu,
merece ser confirmada a absolvição efetuada pelo juiz singular em atenção ao princípio in
dubio pro reo.
II. A instabilidade da palavra da vítima, isolada de todo o restante da prova oral, não se
apresenta suficiente para ensejar um decreto condenatório por prática de crime tão grave

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 243


como o de estupro, sendo que, na existência de dúvida razoável, tal cenário deve beneficiar
o réu.
III. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000686-10.2011.8.10.0080


APELANTE: FRANCISCO FERREIRA DE AGUIAR
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. FAVORECIMENTO
DE PROSTITUIÇÃO DE VULNERÁVEL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. SATISFAÇÃO DE
LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE ADOLESCENTE. ARMAZENAR FOTOGRAFIA E
VÍDEO QUE CONTENHA CENA DE SEXO EXPLÍCITO ENCOLVENDO ADOLESCENTE.
ABSOLVIÇÃO. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 218 - B, § 2º, I, c/c 71 (três
vezes); art. 217-A, c/c art. 71; art. 218 - A e art. 241-B, todos do Código Penal.
2. Restou demonstrada a materialidade delitiva e autoria do apelante, máxime pelos
depoimentos das vítimas, da confissão do acusado e laudo médico legal de corpo de delito
e outros.
3.O colendo STJ já fixou tese que afasta qualquer discussão acerca da vulnerabilidade
absoluta da menor de 14 (quatorze) anos, sendo, pois de caráter absoluto. Desse modo,
o consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de
relacionamento amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do crime.
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória, devendo ser afastada qualquer
presunção relativa de violência no sentido de descriminalizar a conduta do apelante.
4. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813409-88.2022.8.10.0000


PACIENTE: ELISVALDO BATISTA DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE BARREIRINHAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 217-A (ESTUPRO DE
VULNERÁVEL). ART. 218-A (SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA NA PRESENÇA DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE). CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS REVELADORAS DA NECESSIDADE
DA CUSTÓDIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CONDIÇÕES SUBJETIVAS
FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM CONHECIDA EM
PARTE E DENEGADA.
1. Inadmissível em sede de Habeas Corpus a análise da alegada tese de negativa de

244 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


autoria por demandar dilação probatória e aprofundado exame de elementos de convicção.
2. O decreto constritivo do paciente encontra-se suficientemente fundamentado e arrimado
nos art. 312 e 313, do CPP, diante dos indícios de autoria e materialidade dos delitos de
estupro de vulnerável e satisfação de lascívia na presença de criança ou adolescente.
3. A vítima G.A.D.S explana o ocorrido de forma linear e pormenorizada e o seu relato
converge com os demais depoimentos prestados em sede policial. Acompanham, ainda, o
inquérito policial, 14 (quatorze) áudios trocados em aplicativo de conversa instantânea, que
teriam sido enviados para a referida vítima, enrobustecendo a verossimilhança daquilo que
foi narrado.
4. A garantia da ordem pública e a necessidade de assegurar a aplicação da lei penal estão
demonstradas, sobretudo em razão das relatadas ameaças feitas à vítima G.A.D.S e à sua
família.
5. As condições pessoais favoráveis do paciente não impedem a decretação ou manutenção
da custódia cautelar se há nos autos elementos hábeis a justificar sua imposição, como no
caso presente. (STJ. T5. AgRg no RHC 145.936/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
j. 18/05/2021; STJ. T5. RHC 135.320/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 23/03/2021).
6. Ordem parcialmente conhecida e denegada, mantendo-se a decisão que decretou a
prisão preventiva.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816457-55.2022.8.10.0000


PACIENTE: MARCIONILDE ALMEIDA GOMES
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE BACURI/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
OMISSÃO. GENITORA DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE AUTORIA. NÃO CONHECIMENTO.
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
CRIME PRATICADO SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. PACIENTE LACTANTE.
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR PELA DOMICILIAR. POSSIBILIDADE. GARANTIA
DO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA. CONCEDIDA A ORDEM.
1. Inicialmente, quanto à tese de negativa de autoria, o impetrante não demonstra, de
plano, que a paciente não tenha efetivamente praticado o delito a ela imputado, razão
pela qual, não será conhecida. Além de demandar ampla dilação probatória, o que não
se coaduna com a finalidade e a extensão da presente ação mandamental, de rito célere
e cognição sumária, eventual manifestação sobre o assunto por este egrégio Tribunal de
Justiça representaria inequívoca supressão de instância.
2. Da análise dos autos, embora o decreto prisional mencione o resguardo à ordem pública,
dele não se extrai o receio de perigo gerado pelo estado de liberdade da paciente. Quanto à
existência de três ações criminais movidas em seu desfavor, cumpre destacar que no TCO
de nº 000288-12.2019.8.10.0071 foi declarada extinta a sua punibilidade; na Ação Penal
nº 0800155-63.2021.8.10.0071 fora absolvida, tramitando somente o processo de nº 185-

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 245


68.2020.8.10.0071 (tráfico de drogas) no qual responde em liberdade.
3. A paciente é tecnicamente primária, e com residência fixa. Além disso, é mãe de uma
criança com idade inferior a um ano, ou seja, ainda em fase de amamentação, o que
possibilita a concessão da prisão domiciliar, com amparo legal na proteção à maternidade
e à infância, bem como na dignidade da pessoa humana.
4. Considerando que o crime imputado à paciente (estupro de vulnerável por omissão) não é
praticado com violência ou grave ameaça, e que possui um filho em idade de amamentação,
a

substituição da prisão preventiva pela domiciliar revela-se adequada, sem prejuízo do


monitoramento eletrônico.
5. Habeas Corpus parcialmente conhecido, e na extensão conhecida, concedo a ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000040-08.2020.8.10.0137


APELANTE: ROBERTO GOMES BARROS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA
DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA
E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA.
INVIABILIDADE. PENA FUNDAMENTADA E PROPORCIONAL. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 213, caput, do Código
Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória e da dosimetria fixada, uma vez que
as circunstâncias judiciais extrapolam o tipo penal.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003782-81.2015.8.10.0051


APELANTE: EDROALDO SANTANA MAGALHÃES
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

246 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE. ART. 244-A DA LEI Nº 8.069/90. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL. PALAVRA DA
VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA. ENTENDIMENTO DO STJ. APLICAÇÃO. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Inviável a absolvição do recorrente diante do conjunto probatório constante dos autos,
mormente a palavra das vítimas e depoimentos das testemunhas, que demonstram, de
forma inequívoca, a prática do crime tipificado no art. 244-B do Estatuto da Criança ou
Adolescente.
II. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a palavra da vítima, em crimes
contra a liberdade sexual, possui alto valor probatório, vez que tais delitos, em regra, não
deixam vestígios e sequer contam com a presença de testemunhas. Precedente.
III. Apelo conhecido e improvido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800112-38.2021.8.10.0068


APELANTE: DILBERTO DA SILVA OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. EXCLUSÃO
DA CONDENAÇÃO NAS CUSTAS JUDICIAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA. NÃO CABIMENTO.
DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. CONCESSÃO PELO JUÍZO A QUO NA
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE INTERESSE. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDUÇÃO DO QUANTUM DA PENA.
NÃO ACOLHIMENTO. REPRIMENDA NO MÍNIMO LEGAL. MODIFICAÇÃO EX OFFICIO
DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA.
I- Incabível o pleito de exclusão da condenação ao pagamento das custas judiciais, em
razão da alegada hipossuficiência do apelante, na medida que os §§ 2º e 3º, do art. 98, do
CPC admitem apenas a suspensão de sua exigibilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, após
o trânsito em julgado da condenação. Ademais, a aferição da situação do condenado para
fins de suspensão da exigibilidade do pagamento das custas é competência do juízo das
execuções, segundo entendimento pacífico da Corte Superior de Justiça.
II – Não há como conhecer do pedido de concessão do direito do apelante recorrer em
liberdade, ante a ausência de interesse recursal, uma vez que o magistrado sentenciante já
havia concedido o mencionado benefício ao prolatar a sentença, consoante se lê do Termo
de Audiência, cujo cumprimento do alvará de soltura ocorreu antes da interposição das
razões recursais.
III - No crime de estupro de vulnerável, comumente praticado na clandestinidade, a palavra
da vítima possui relevância, sobretudo quando corroborada pelo laudo pericial (Exame de
DNA) que atestou a paternidade do apelante sobre o filho da vítima menor de 14 (quatorze)
anos e, ainda, pela confissão do réu.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 247


IV – Fixada a reprimenda no mínimo legal – 8 (oito) anos de reclusão – inviável o pleito para
redução do quantum da pena.
V – Evidenciada a fixação de regime de cumprimento mais gravoso, em desacordo com o
previsto nas hipóteses do art. 33, do CP, a modificação do regime inicial, de ofício, é medida
de rigor, razão pela qual fica estabelecido o semiaberto.
VI - Apelo conhecido e negado provimento. De ofício modificado o regime de cumprimento
de pena para o semiaberto.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001861-26.2011.8.10.0052


APELANTE: EURIDES FURTADO DE ARAÚJO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRELIMINAR.
NULIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. DEFESA TÉCNICA
DEFICIENTE. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 523,
STF. NÃO ACOLHIMENTO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA
E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDUÇÃO DO QUANTUM DA PENA.
POSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL INIDÔNEA. AFASTAMENTO. PARCIAL
PROVIMENTO.
I- O reconhecimento de nulidade por deficiência técnica da defesa no curso da ação penal
demanda a comprovação de prejuízo ao réu, a teor do que dispõe a Súmula 523, do STF.
Afastada a preliminar.
II – No crime de estupro de vulnerável, comumente praticado na clandestinidade, a palavra
da vítima possui especial relevância, sobretudo quando corroborada pelo laudo pericial
que atestou incapacidade da vítima autodeterminar-se, em razão de doença mental.
Portanto, não há como desconsiderar a presunção de violência contra a vítima vulnerável
por enfermidade mental quando a prática dos atos sexuais foi confirmada pelo próprio réu.
III – Inidônea a valoração de circunstância judicial fundada em elementos próprios do tipo
penal. Na hipótese, o vetor das circunstâncias do crime foi considerado como desfavorável
em razão de o réu valer-se das condições da vítima para impor a esta o seu desejo
irrefreável. entretanto, a condição de vulnerabilidade da vítima, por deficiência mental, já se
encontra inserida no tipo penal previsto no art. 217-A, § 1º, CP, impondo-se o afastamento
da circunstância judicial indevidamente valorada.
IV - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0007691-48.2019.8.10.0001


APELANTE: HONORATO PEDRO DOS SANTOS NETO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. IMPORTUNAÇÃO SEXUAL. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS

248 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. DEPOIMENTO DE
OUTRAS VÍTIMAS ANTERIORES RELATANDO O MESMO MODUS OPERANDI.
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME. IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA QUE SE AMOLDA
AO TIPO PENAL DO ART. 215-A DO CÓDIGO PENAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Nos crimes de violência sexual, a palavra da vítima adquire relevante preponderância,
mormente se harmônica com o conjunto probatório. Na espécie, a vítima relatou com
segurança e riqueza de detalhes o delito praticado pelo réu, que também foi identificado
por uma testemunha como agente do mesmo crime sofrido por ela em data anterior.
III – Não há falar em desclassificação do crime ou atipicidade da conduta, vez que a prática
de chamar uma pessoa e se masturbar dirigindo-se a ela se enquadra no tipo penal previsto
no art. 215-A do Código Penal.
IV - Não sendo justificada pelo sentenciado a impossibilidade de cumprir a pena restritiva
de direito, deve o pleito ser desconsiderado. Ademais, a fiscalização e acompanhamento
das penas substitutivas à prisão deve ser realizada pelo juízo da execução penal.
V– Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000254-35.2020.8.10.0028


APELANTE: JOSÉ DE OLIVEIRA NEVES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA
DE CREDIBILIDADE DAS PROVAS. NÃO VERIFICADA. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. DESQUALIFICAÇÃO PARA A CONTRAVENÇÃO
DO ART. 65 DA LEI 3.3688/41. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APLICAÇÃO DA
PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
NEGATIVAS. FIXAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO PARA INAUGURAR O CUMPRIMENTO
DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. PENA DE RECLUSÃO SUPERIOR A 8 (OITO) ANOS.
INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 2º, “A” DO CP. DETRAÇÃO PENAL. CABÍVEL AO JUÍZO
DA EXECUÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal convergem para a prática
delituosa do apelante, tipificada no art. 2177-A, pelo que a simples alegação de inexistência
de provas não mostra-se suficiente para afastar a condenação.
2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas e com o resultado do
exame de corpo de delito.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 249


3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. É incabível a fixação da pena-base no mínimo legal quando duas circunstâncias judiciais
foram valoradas negativamente e as demais consideradas neutras.
5. Ao valorar a circunstância judicial relativa às circunstâncias do crime, em que pese
o juízo a quo cite o fato do delito ter sido praticado na residência do apelante, leva em
consideração, sobretudo, que este ofereceu dinheiro à vítima com intuito de dissuadi-la a
não revelar a agressão que havia sofrido, fato que, por si só, é suficiente para a valoração
negativa, não ocorrendo, assim, bis in idem em relação à agravante do art. 61, “f” do CP,
incidente na segunda fase da dosimetria.
6. Nos termos do art. 33, § 2º, “a” do CP, inviável a fixação do regime semiaberto para
inaugurar o cumprimento da pena, tendo em vista que o apelante foi condenado a uma
pena de reclusão superior a 8 (oito) anos, pelo que se impõe o regime inicial fechado.
7. Considerando a inexistência de dados precisos acerca do cumprimento da pena pelos
apelantes, entende-se que cabe ao Juízo das Execuções Penais, mais próximo dos fatos,
a análise quanto a aplicação da detração penal ventilada no recurso. (TJ-MA - APR:
00028204320158100056 MA 0028812019, Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO,
Data de Julgamento: 20/05/2019, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL).
8. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816179-54.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO SEBASTIÃO MENDES
IMPETRADO: ATO DE JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE MONÇÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE ESTUPRO.
PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO
POLICIAL. DEMORA INJUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
NECESSIDADE DE RELAXAMENTO DO ERGÁSTULO MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE
MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Os prazos processuais não tem as características de fatalidade e de improrrogabilidade,
fazendo-se necessário raciocinar com o juízo de razoabilidade a fim de caracterizar o
excesso, não se ponderando a mera soma aritmética de tempo para os atos de investigação.
Precedentes.
II. Embora o art. 10 do Código de Processo Penal estabeleça o prazo de 10 (dez) dias para
conclusão do inquérito policial quando o réu estiver preso, o paciente, à época da análise
da liminar, encontrava-se detido há aproximadamente 02 (dois) meses sem que houvesse
sido encerrado o referido procedimento.
III. Inexistindo justificativa plausível para a delonga e, não se revestindo o feito de tamanha
complexidade, em especial por se tratar, em tese, de crime tentado sem efetiva conjunção

250 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


carnal ou vestígios de prática sexual, resta configurado o constrangimento ilegal por excesso
de prazo, a ensejar o relaxamento da prisão preventiva, com fixação de cautelares diversas.
IV. Ordem concedida.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO No 0810235-71.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 5a VARA DA COMARCA DE BALSAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VIOLÊNCIA
CONTRA CRIANÇA DO SEXO FEMININO EM CONTEXTO FAMILIAR. APLICAÇÃO
DA LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DA VARA ESPECIALIZADA EM FEITOS
ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
I – A proteção da Lei Maria da Penha também aplica-se a crianças e adolescentes do sexo
feminino, desde que a violência seja praticada dentro do âmbito familiar, doméstico ou de
relação afetiva, prevalecendo sobre a matéria afeta à Infância e Juventude.
II – Hipótese dos autos em que o agressor praticou o crime enquanto morava na mesma
residência da vítima, atraindo assim a incidência da Lei Maria da Penha e a competência
da justiça especializada nos feitos relativos a violência.
III – Conflito conhecido para declarar a competência da 5ª Vara da Comarca de Balsas.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810483-37.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCESCO CATALANI
IMPETRADO: JUIZ DA 9a VARA CRIMINAL DE SÃO LUIS – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE ESTUPRO DE
VULNERÁVEL (ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL). EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO
DE INQUÉRITO POLICIAL INICIADO EM 11/05/2018. INVESTIGAÇÃO QUE PERDURA
POR MAIS DE QUATRO ANOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. ILEGALIDADE CONFIGURADA. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO.
I – A demora excessiva na conclusão do inquérito constitui constrangimento ilegal imposto
ao indiciado, vez que este não pode ficar ad eternum sujeito às investigações de um órgão
policial;
II – O excesso de prazo na conclusão do inquérito policial poderá ser reconhecido caso reste
demonstrado que as investigações se prolongam de forma desarrazoada, sem justificativas
e sem que a complexidade dos fatos sob apuração justifiquem tal morosidade, conforme
o postulado da duração razoável do processo, previsto no inciso LXXVIII do art. 5º da
Constituição Federal, também com aplicação no âmbito dos inquéritos policiais;
III – Habeas corpus concedido para determinar o trancamento do Inquérito Policial n° 9659-
50.2018.8.10.0000 que tramita na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente –

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 251


DPCA.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810483-37.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCESCO CATALANI
IMPETRADO: 9 VARA CRIMINAL DE SÃO LUIS – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE ESTUPRO DE
VULNERÁVEL (ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL). EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO
DE INQUÉRITO POLICIAL INICIADO EM 11/05/2018. INVESTIGAÇÃO QUE PERDURA
POR MAIS DE QUATRO ANOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. ILEGALIDADE CONFIGURADA. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO.
I – A demora excessiva na conclusão do inquérito constitui constrangimento ilegal imposto
ao indiciado, vez que este não pode ficar ad eternum sujeito às investigações de um órgão
policial;
II – O excesso de prazo na conclusão do inquérito policial poderá ser reconhecido caso reste
demonstrado que as investigações se prolongam de forma desarrazoada, sem justificativas
e sem que a complexidade dos fatos sob apuração justifiquem tal morosidade, conforme
o postulado da duração razoável do processo, previsto no inciso LXXVIII do art. 5º da
Constituição Federal, também com aplicação no âmbito dos inquéritos policiais;
III – Habeas corpus concedido para determinar o trancamento do Inquérito Policial n° 9659-
50.2018.8.10.0000 que tramita na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente –
DPCA.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000786-15.2015.8.10.0115


APELANTE: JOÃO DE JESUS MOREIRA SOARES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. PRECLUSÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
DEPOIMENTO ESPECIAL. INTERESSE DA VÍTIMA. MATERIALIDADE E AUTORIA
PROVADAS. PALAVRA DA VÍTIMA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL (ART. 215-A do Código Penal). IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.
I - A inépcia da inicial acusatória deve ser arguida até o momento de prolação da sentença,
sob pena de preclusão, salvo em situações excepcionais capazes de macular o próprio
conteúdo da decisão. Precedentes do STF e do STJ.
II - Denúncia que indica, nos termos do art. 41 do CPP, os elementos fáticos suficientes
para a configuração do fato delituoso, ainda que de forma sintética, está apta a produzir os

252 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


seus efeitos legais.
III - O depoimento especial consiste em mecanismo instituído pela Lei 13.431/2017 para a
colheita de declarações de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência
perante autoridade policial e judiciária, visando resguardar sua integridade física, psíquica
ou emocional. Não é plausível que o acusado alegue em seu benefício suposta nulidade
processual em virtude da não realização do depoimento por esta forma.
IV - Demonstrada a materialidade e a autoria do crime, robustecidas por meio da palavra
da vítima, que conta com especial valor em delitos cometidos às ocultas, corroborada ainda
por outros elementos, a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
V - Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática
de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (art.
217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não
sendo possível a desclassificação para o delito de importunação sexual (art. 215-A do CP).
Precedente qualificado do STJ. Tese firmada em recurso repetitivo (Tema 1121).
VI - Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS No 0810333-56.2022.8.10.0000


PACIENTE: WERNER COSTA DIAS
IMPETRANTE: ENOQUE DA SILVA DINIZ - OAB/MA 4084-A
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
ALEGADO EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA. PROCESSO EM TRÂMITE
REGULAR DIANTE DAS PARTICULARIDADES DO CASO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO EVIDENCIADO. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA COM RECOMENDAÇÃO.
I. Alegação de constrangimento ilegal em razão da demora na designação de audiência de
instrução e julgamento.
II. A mera extrapolação da soma aritmética dos prazos abstratamente previstos na lei
processual não caracteriza automaticamente o excesso de prazo na formação da culpa,
devendo ser observadas as peculiaridades do caso concreto e ponderadas à luz do princípio
da razoabilidade. Precedentes.
III. Excesso não configurado, havendo trâmite processual em ritmo razoável, dado se tratar
de feito complexo que apura o cometimento de crime grave.
IV. Ordem denegada, com recomendação de celeridade na designação de audiência.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000272-82.2019.8.10.0063


APELANTE: WESLEN ALVES
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 253


REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO DO RÉU.
NÃO OBSERVÂNCIADOART. 226 DO CPP. CONDENAÇÃO FUNDAMENTADAEM OUTRAS
PROVAS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VIOLÊNCIA REAL. DESCONHECIMENTO DA
IDADE DA VÍTIMA. ERRO DE TIPO. IMPOSSIBILIDADE. EMPREGO DE VIOLÊNCIA E
GRAVE AMEAÇA. INÍCIO DA EXECUÇÃO DO CRIME.
1. Embora o reconhecimento fotográfico do réu realizado em inquérito policial não tenha
observado as disposições previstas no art. 226 do Código de Processo Penal, deve ser
mantida a condenação quando fundamentada em outros elementos de prova produzidos
em juízo que comprovam a autoria delitiva.
2. O desconhecimento da idade da vítima pode configurar erro de tipo quanto à condição de
vulnerável e excluir o dolo do tipo previsto no art. 217-A do Código Penal apenas naquelas
hipóteses em que o crime não tenha sido cometido mediante violência real ou grave ameaça.
3. O emprego de violência ou de grave ameaça já constitui início da execução do crime de
estupro, porque elementar do tipo penal, não se exigindo que tenha havido contato íntimo
entre o agente e a vítima para se caracterizar a tentativa.
4. Apelação Criminal conhecida e desprovida.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da Terceira
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime e,
em desacordo com o parecer da Procuradoria Geral de Justiça, em negar provimento ao
recurso nos termos do voto da Desembargadora Relatora.
Participaram do julgamento, além da Relatora, os senhores Desembargadores GERVÁSIO
PROTÁSIO DOS SANTOS e SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM. Atuou pela
Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. Regina Costa Leite.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000105-53.2016.8.10.0004


APELANTE: ANDREU CORREA MELO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. ERRO DE TIPO SOBRE A PESSOA. AFASTAMENTO DA CONTINUIDADE
DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE. ARCABOUÇO PROBATÓRIO ROBUSTO. APELAÇÃO
CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Há provas robustas a evidenciar que o apelante mantinha relacionamento com uma menor
de 14 (quatorze) anos e tinha pleno conhecimento da idade da vítima, sendo incabível o
acolhimento da tese defensiva de erro de tipo;
2. Depoimento da vítima que informa a ocorrência de três relações sexuais, o que comprova
a ocorrência da continuidade delitiva. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes

254 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


contra a dignidade e liberdade sexual, sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da
vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016);
3. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000229-93.2019.8.10.0048


APELANTE: ANTÔNIO JOSÉ ALVES VIANA JÚNIOR
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA
DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. PEDIDO DE ALTERAÇÃO DO
REGIME FECHADO PARA O SEMIABERTO. INVIABILIDADE. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 217-A, caput, do Código
Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória.
5. O regime inicial de cumprimento de pena encontra-se compatível com o quantum da
pena. Inteligência do art. 33, §2º, “a”, do CP.
6. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000035-04.2015.8.10.0026


APELANTE: AGUIMAR DA COSTA ROGÉRIO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA
DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 217-A, caput, do Código
Penal.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 255


2. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas.
3. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000473-98.2018.8.10.0034


APELANTE: JOSÉ BARBOSA DE MELO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA.
REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/
STJ. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
I. As provas produzidas no curso da ação penal convergem para a prática delituosa do
apelante, tipificada no art. 217-A do Código Penal, restando comprovadas a autoria e a
materialidade.
II. Confissão do apelante coaduna com o depoimento da vítima e das demais testemunhas,
enrobustecendo os válidos motivos para a manutenção da sentença atacada.
III. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
IV. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
V. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000774-81.2017.8.10.0001


APELANTE: IVANALDO FERREIRA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
256 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. CONSENTIMENTO DA VÍTIMA.
INDIFERENTE. ERRO DE TIPO. NÃO DEMONSTRADO. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. As provas produzidas no curso da ação penal convergem para a prática delituosa do
apelante, tipificada no art. 217-A do Código Penal, restando comprovadas a autoria e a
materialidade.
2. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
3. O Consentimento da vítima menor de 14 anos é irrelevante para que se caracterize a
prática do ato libidinoso, conforme entendimento da Súmula n. 593 do Superior Tribunal de
Justiça.
4. Erro de tipo, decorrente de uma falsa percepção da realidade por parte do acusado, não
comprovado.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000069-23.2020.8.10.0084


APELANTE: AGEMIRO PEREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. DEPOIMENTO ESPECIAL. CRIANÇA VÍTIMA
DE ABUSO SEXUAL. AUSÊNCIA DE ADVOGADO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA. AUTORIA COMPROVADA.
MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
1. A mera ausência do advogado da defesa em depoimento especial de vítima de violência
sexual não configura violação ao direito de ampla defesa do investigado.
2. A palavra da vítima, em crimes de natureza sexual, assume relevante valor probatório,
uma vez que esse tipo de delito nem sempre deixa vestígios e é praticado sem a presença
de testemunhas, o que exige que seja corroborado com outros elementos de prova colhidos
no inquérito policial e em Juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
3. Tendo sido devidamente valoradas pelo Magistrado a culpabilidade e as circunstâncias
do crime, não há retoques a serem feitos na pena fixada na sentença.
4. Devidamente fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos dos indícios de
autoria e do risco concreto de o paciente fugir, se posto em liberdade, é necessária a
manutenção da prisão preventiva, de modo a assegurar a aplicação da lei penal, e inviável
sua substituição por outra medida cautelar.
5. Apelação criminal conhecida e desprovida.
Participaram do julgamento, além da Relatora, os senhores Desembargadores GERVÁSIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 257


PROTÁSIO DOS SANTOS e SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM, e a Procuradora
REGINA MARIA DA COSTA LEITE.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0809536-80.2022.8.10.0000
PACIENTE: HUGO LEONARDO SOUSA RAMOS
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA DE PAÇO DO LUMIAR
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
ATO LIBIDINOSO. CRIME DO ART. 217-A DO CP. PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE
CONCRETA. NÃO CARACTERIZADO CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS AO AGENTE.
RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA PRESENTES.
ORDEM DENEGADA.
1. Suficientemente fundamentada a decisão do magistrado que decreta a prisão preventiva
como forma de garantir a ordem pública, justificando-a pela gravidade concreta da ação
delituosa e no risco de reiteração delitiva.
2. Estando evidenciados o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, não há falar
em aplicação de medida cautelar diversa da prisão, sendo insuficiente para tanto ser o
paciente detentor de condições pessoais favoráveis. 2.1 “A primariedade, a residência fixa
e os bons antecedentes não obstam a decretação da custódia cautelar quando presentes
os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal.” (STF. HC 160518, AgR, Relator(a):
Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 22.10.2018).
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
4. Denegada a ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000326-22.2018.8.10.0083


APELANTE: JOSE REINALDO DOS SANTOS MOREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. APLICAÇÃO
DA PENA. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. CRIME CONTINUADO. RECURSO
DESPROVIDO.
I- É idônea a exasperação da pena em razão da tenra idade da vítima à época da prática do
crime de estupro de vulnerável, em relação à culpabilidade. Precedentes do STJ.
II - Incide a causa de aumento do art. 226, II, do Código Penal quando o agente exerce
autoridade e pratica o crime sexual aproveitando-se da condição de companheiro da avó
da vítima.
III - Nos crimes sexuais envolvendo vulneráveis é cabível a elevação da pena pela

258 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


continuidade delitiva no patamar máximo quando restar demonstrado que o acusado
praticou o delito por diversas vezes durante determinado período de tempo, não se exigindo
a exata quantificação do número de eventos criminosos. Precedentes do STJ.
IV - Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811692-41.2022.8.10.0000


PACIENTE: ALEX SANDRO OLIVEIRA FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE BACURI
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
ACAUTELAMENTO PROVISÓRIO. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE.
INOCORRÊNCIA. REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. PREENCHIMENTO.
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. INSUFICIÊNCIA. ORDEM DENEGADA.
I. A contemporaneidade da cautelar deve ser analisada tomando por base não apenas a
data dos fatos investigados, mas, igualmente, levando-se em conta a permanência, ou não,
dos riscos aos bens a que se busca resguardar. Precedentes.
II. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação e
inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra motivado,
lastreado em dados concretos, como forma de garantia da ordem pública.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do encarceramento, incabível a sua substituição
por medidas cautelares menos gravosas, por serem insuficientes.
IV. Ordem conhecida e denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0021431-50.2008.8.10.0004


APELANTE: RAIMUNDO NONATO FERNANDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO.
PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO PARA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA.
RÉU QUE SE MUDOU SEM INFORMAR NOVO ENDEREÇO. INTELIGÊNCIA DO ART.
367 DO CPP. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE
CREDIBILIDADE DAS PROVAS. NÃO VERIFICADA. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA
MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa quando a ausência de
intimação para a audiência de instrução e julgamento se dá por culpa do próprio réu, que
se mudou sem, contudo, informar ao juízo o novo endereço onde poderia ser encontrado
para intimação dos atos processuais.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 259


2. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 213 do Código Penal
(redação da lei à época dos fatos - 2006).
3. Depoimento da vítima coaduna com as demais provas coligidas nos autos.
4. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
5. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória, considerando a gravidade do delito
e as características da abordagem.
6. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800036-55.2021.8.10.0119


APELANTE: CICERO CILAN FILGUEIRO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. NULIDADE
DA SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. ERRO DE TIPO. AFASTADO. DOSIMETRIA.
RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO. COMPENSAÇÃO COM
AGRAVANTE. CONTINUIDADE DELITIVA. PATAMAR MÍNIMO. POSSIBILIDADE.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I – O pleito de nulidade da sentença por ausência de análise de tese da defesa não merece
provimento quando comprovado que houve apreciação e indeferimento fundamentado
desse pedido.
II – A tipicidade formal e material do crime de estupro de vulnerável quando notadamente
demonstrada, afasta a tese de erro de tipo, uma vez comprovado que o apelante sabia que
a vítima era menor de 14 (quatorze) anos à época dos fatos.
III- É cabível o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea quando o réu houver
admitido a autoria do crime na fase pré-processual, ainda que tenha se retratado na fase
judicial, sobretudo quando utilizada como um dos fundamentos do édito condenatório.
Precedente do STJ.
V. Reconhecidas as circunstâncias atenuante da confissão e agravante da reincidência,
deve ser efetivada a compensação, nos termos da tese firmada pelo STJ através do Tema
585.
VI – É cabível a diminuição da fração empregada pela continuidade delitiva, para fim de
adequá-la às peculiaridades do caso concreto e aos princípios da proporcionalidade e
individualização da pena.
VII - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001176-48.2018.8.10.0060


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

260 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: WAGNER LIMA VERDE ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO.
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. RECONHECIMENTO E DEPOIMENTOS DAS
TESTEMUNHAS. IDÔNEOS. SENTENÇA REFORMADA.
I. No crime de estupro, comumente praticado na clandestinidade, a palavra da vítima
possui relevância, notadamente quando se mostra clara e coerente com as demais provas
acostadas aos autos.
II. Autoria delitiva pelo acervo probatório produzido nos autos, em especial o depoimento da
vítima, corroborado pelo reconhecimento realizado na fase inquisitorial, necessário se faz
a reforma da sentença.
III. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801322-64.2021.8.10.0088


APELANTE: ANTÔNIO DARIO DE SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO
PARA DELITO DE IMPORTUNAÇÃO SEXUAL. IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA QUE
SE ENQUADRA NO TIPO PENAL DO ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. DESNECESSIDADE DE CONJUNÇÃO CARNAL.
I – Nos termos da orientação pacífica do Superior Tribunal de Justiça, não é possível a
desclassificação do crime de estupro de vulnerável para importunação sexual, tendo em
vista que este é praticado sem violência ou grave ameaça, enquanto naquele a violência é
presumida.
II – O crime de importunação sexual é de natureza subsidiária, e somente subsiste se a
conduta não configurar delito mais grave. Na hipótese dos autos, as provas demonstraram
a prática de ato libidinoso contra menor de 14 anos, que constitui o crime mais gravoso de
estupro de vulnerável, sendo impossível a desclassificação.
III – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000035-04.2015.8.10.0026


APELANTE: AGUIMAR DA COSTA ROGÉRIO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO ANTE A
DIVERGÊNCIA DAS PROVAS. INOCORRÊNCIA. VASTO ARCABOUÇO PROBATÓRIO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 261


LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
à constatação da materialidade delitiva através das provas carreadas nos autos, não
havendo o que falar em omissão ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. No sistema jurídico-penal brasileiro vigora o princípio do ´livre convencimento motivado´
do julgador, podendo este subsidiar decisão condenatória apenas nos depoimentos das
vítimas e testemunhas (STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 127.089/MG, Rel. Ministro
Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020).
5. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000426-90.2019.8.10.0034


APELANTE: ANTÔNIO FRANCISCO SANTANA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. SUFICIÊNCIA DE PROVAS TRAZIDAS
AOS AUTOS. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. PREPONDERÂNCIA DA
PALAVRA DA VÍTIMA. CRIME CONTINUADO. CONFIGURAÇÃO. DESNECESSIDADE
DE INDICAÇÃO DA QUANTIDADE ESPECÍFICA DE CRIMES.
I – Não há falar em insuficiência de provas da autoria do crime quando os elementos dos
autos e do inquérito policial complementam os depoimentos das testemunhas ouvidas em
juízo, mormente por serem as provas analisadas em conjunto, e não isoladamente.
II – Nos crimes de violência sexual, a palavra da vítima adquire relevante preponderância,
mormente se harmônica com o conjunto probatório. Na espécie, a criança, ouvida em
depoimento especial sem dano, relatou com riqueza de detalhes as agressões sofridas. As
demais provas testemunhais corroboraram o relato da vítima.
III – Havendo provas de que o delito de estupro ocorreu mais de uma vez, em um mesmo
contexto de tempo, espaço e execução, faz-se necessário o reconhecimento do concurso
de crimes, na modalidade de crime continuado, com o respectivo aumento de pena.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002262-70.2015.8.10.0024


APELANTE: RAIMUNDO RODRIGUES COSTA

262 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO.
PRELIMINAR DE NULIDADE DO LAUDO PERICIAL ASSINADO POR UM ÚNICO
PERITO NÃO OFICIAL. IMPROCEDÊNCIA. NULIDADE RELATIVA. IRRAZOABILIDADE
DE DESCONSIDERAÇÃO DO LAUDO PRODUZIDO POR MÉDICO, PROFISSIONAL
COM CONHECIMENTO TÉCNICO. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE CREDIBILIDADE DAS PROVAS. NÃO VERIFICADA.
FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA.
REDUÇÃO DA PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. SUPERAÇÃO DA SÚMULA 231
DO STJ. IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DOS TRIBUNAIS
SUPERIORES. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Ainda que o laudo pericial seja subscrito por único perito não-oficial, mas, tratando-se
de profissional com conhecimentos técnicos bastantes ao mister e sua análise revelar
que a vítima apresentava, à ocasião, vestígios de desvirginamento recente, merece ser
considerado como meio de prova.
2. Constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal convergem para a prática
delituosa do apelante, tipificada no art. 213, § 1º, pelo que a simples negativa de autoria não
mostra-se suficiente para afastar a condenação.
3. Depoimento da vítima coaduna com o das demais testemunhas e com o resultado do
exame de corpo de delito.
4. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima (REsp 1.607.392/RO, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016).
5. É incabível a redução da pena abaixo do mínimo legal, ainda que seja reconhecida a
incidência de uma ou mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ, que encontra-
se plenamente vigente e reflete o entendimento já consolidado dos Tribunais Superiores.
6. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801040-38.2021.8.10.0084


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: DIELBER DINIZ DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A, § 1º DO
CP. ESTADO DE VULNERABILIDADE DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE DISCERNIMENTO OU
IMPOSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. PRINCÍPIO
IN DUBIO PRO REO. APLICAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. É imprescindível a comprovação da ausência de discernimento ou impossibilidade de

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 263


oferecer resistência da vítima, para a tipificação do delito constante do § 1º, do art. 217-A
do CP, cujo exame merece avaliação ponderada do magistrado.
II. Ausente elemento de convicção, produzido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,
de que o estado de embriaguez da vítima era suficiente a comprometer seu discernimento,
não há como se evidenciar a elementar do tipo penal constante do art. 217-A, § 1º, do CP.
III – A condenação exige prova beyond a reasonable doubt, de sorte que, inexistente
firme substrato condenatório, impõe-se a observância do princípio in dubio pro reo, com a
consequente manutenção da decisão absolutória questionada.
III. Recurso desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000213-39.2018.8.10.0028
APELANTE: PEDRO PIO DE SOUSA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DESCLASSIFICAÇÃO
PARA O DELITO DO ART. 215-A, DO CÓDIGO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. FIXAÇÃO DE
REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA MAIS GRAVOSO (FECHADO). ILEGALIDADE.
ACOLHIMENTO. PARCIAL PROCEDÊNCIA.
I. Impossível a pretendida desclassificação do crime de estupro de vulnerável para o delito
de importunação sexual, sob a alegação de que o ato libidinoso consistiu em mero toque nas
partes íntimas da vítima, uma vez que a Terceira Seção do STJ, no julgamento dos REsp
n. 1.959.697/SC, REsp n. 1.957.637/MG, REsp n. 1.958.862/MG e REsp n. 1.954.997/SC,
Relator Ministro RIBEIRO DANTAS, ocorrido em 8/6/2022, DJe de 1°/7/2022, sob a égide dos
recursos repetitivos, firmou posicionamento no sentido de que, presente o dolo específico
de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato libidinoso com menor de 14
anos configura o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da
ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação para o
delito de importunação sexual (art. 215-A do CP).
II. Constatado o equívoco na fixação do regime inicial mais gravoso pelo juízo a quo, na
medida que considerou como parâmetro apenas o quantum da pena aplicada, no caso, 8
(oito) anos de reclusão, a reforma da sentença é medida que se impõe, para a fixação do
regime inicial de cumprimento de pena semiaberto.
III. Incabível a concessão do regime semiaberto “humanizado ou harmonizado”, considerando
que a adoção da referida benesse pressupõe a inexistência de vagas, nos termos da Súmula
Vinculante 56 - STF, ou que o apenado esteja extremamente debilitado por motivo de saúde
e não oferecendo o estabelecimento prisional condições para o seu tratamento.
IV. Requisitos não demonstrados no presente apelo para a concessão da benesse do
regime semiaberto “humanizado ou harmonizado”, cabendo, porém, ao juízo da execução
reavaliar a condições pessoais do recorrente no curso do cumprimento da pena
V. Apelação criminal parcialmente provida.

264 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816476-61.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOSÉ DA COSTA DOS SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. MAUS-TRATOS MAJORADO.
PRISÃO PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. DOENÇA GRAVE. PRISÃO DOMICILIAR
HUMANITÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA EXTREMA
DEBILIDADE. TRATAMENTO ADEQUADO NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão domiciliar humanitária é medida excepcional, na qual é indispensável que
esteja demonstrada a extrema debilidade do paciente diante da inexistência de tratamento
de saúde adequado no estabelecimento onde se encontra custodiado, o que não restou
demonstrado na hipótese dos autos.
II - Ordem denegada.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816423-80.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOÃO SENA LIMA
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA DE ZÉ DOCA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE ESTUPRO
DE VULNERÁVEL COMETIDO CONTRA DUAS SOBRINHAS MENORES. PLEITO DE
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. ÁUDIO
DA MENOR SOMADO A VÁRIOS DEPOIMENTOS COLHIDOS. POSSIBILIDADE DE
REITERAÇÃO DELITIVA E RISCO PARA INSTRUÇÃO CRIMINAL. A SOLTURA DO
PACIENTE PODERÁ INFLUENCIAR NOS DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS E NO
DEPOIMENTO ESPECIAL DAS VÍTIMAS. PRESENTE O PERICULUM LIBERTATIS.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. A GRAVIDADE CONCRETA
DA INFRAÇÃO PENAL OBSTA O ESGOTAMENTO DO PERICULUM LIBERTATIS
SOMENTE PELO DECURSO DO TEMPO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I- A natureza do crime, cometido contra vítimas de alta vulnerabilidade, crianças com idades
de 05 (cinco) anos e 03 (três anos), demonstra a importância dos depoimentos testemunhais
colhidos em sede policial.
II- A palavra da vítima, em crimes de natureza sexual, assume relevante valor probatório,
uma vez que esse tipo de delito nem sempre deixa vestígios e é praticado sem a presença
de testemunhas, conforme entendimento dos tribunais superiores.
III- O inquérito policial é farto na quantidade de depoimentos, colhidos, de pessoas variadas,
em que fica comprovado a existência de indícios de materialidade do crime. Dentre eles,
tem grande relevância o depoimento da professora das crianças, da mãe da menor de 03
(três) anos, confrontados com o áudio da vítima de 05 (cinco) anos. Configurado o fumus
comissi delicti.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 265


IV- Presente também o periculum libertatis, posto que a relação de parentesco com as
vítimas, denotam uma possível reiteração delitiva e risco para instrução criminal, pela
possibilidade de influência nos depoimentos testemunhais, e num possível depoimento
especial das vítimas, podendo gerar risco à ordem pública. Nesse contexto, considero
imprópria a aplicação de medidas cautelares diferentes da prisão, pois ineficientes.
V- A complexidade na produção de provas do fato criminoso, com inúmeros depoimentos
colhidos e provas periciais evidenciam a necessidade de considerável tempo para conclusão
do inquérito. Desta forma, a gravidade concreta da infração penal, obsta o esgotamento do
periculum libertatis somente pelo decurso do tempo, segundo entende o Supremo Tribunal
Federal no AgR no HC nº190.028.
VI- Conhecimento e denegação da ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001843-12.2017.8.10.0111


APELANTE: SILAS CARNEIRO DE SOUSA, MARIA SANTANA RODRIGUES,
GEDEGILSON ALVES FERREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. NEGATIVA
DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. ERRO DE TIPO. INSUBSISTÊNCIA. RELATIVIZAÇÃO
DA PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA. CONSENTIMENTO DA VÍTIMA. INVIABILIDADE.
ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE TIPICIDADE. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS
VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. FIXAÇÃO DA PENA BASE NO
MÍNIMO LEGAL. POSSIBILIDADE. REDIMENSIONAMENTO DA DOSIMETRIA. PENA
FUNDAMENTADA E PROPORCIONAL. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Restando devidamente comprovadas a materialidade e a autoria do crime de estupro,
diante das firmes e coerentes declarações prestadas pela vítima, as quais foram corroboradas
pelas demais outras provas colhidas nos autos, imperiosa a manutenção da condenação
firmada em primeira instância, por seus próprios fundamentos.
2. No delito de estupro de vulnerável é irrelevante o consentimento das vítimas no tocante
à consumação da prática sexual ou análoga, porque absoluta a presunção de violência, na
esteira do entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça.
03. Verificando-se a existência de pequena impropriedade no exame das circunstâncias
judiciais previstas no art. 59 do Código Penal, torna-se imperiosa a respectiva correção,
com a subsequente redução da pena imposta ao apelante Gidegilson Alves Ferreira quanto
ao delitos previsto no art. 217-A, caput c/c art. 14, II e art. 226, II, do CP.
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória quanto a dosimetria dos demais
apelantes, vez que de acordo com os parâmetros legais e bem ajustada à situação fático-
jurídica.
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

266 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000493-50.2017.8.10.0026
APELANTE: GERSON BORGES COSTA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
VALOR PROBANTE DAS PALAVRAS DAS VÍTIMAS ALIADAS ÀS DEMAIS PROVAS
CONSTANTES NOS AUTOS. PENA-BASE. CULPABILIDADE. CONSEQUÊNCIA DO
CRIME. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. RESPEITO À DISCRICIONARIEDADE. PENA
MANTIDA.
I - Havendo provas suficientes nos autos para atestar a materialidade e autoria do delito de
estupro, a condenação do réu é medida que se impõe;
II - A palavra da vítima, em crimes de natureza sexual, assume relevante valor probatório,
uma vez que esse tipo de delito nem sempre deixa vestígios e é praticado sem a presença
de testemunhas, o que exige que seja corroborado com outros elementos de prova colhidos
no inquérito policial e em Juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa;
III – In casu, não há dúvidas que o delito foi praticado em circunstância que evidencia
premeditação, posto que o apelante abordou as vítimas no caminho da escola para casa,
em horário padrão e caminho percorrido diariamente pelas vítimas, tudo de conhecimento
do apelante, razão pela qual é cabível a desvaloração da culpabilidade;
IV - É legítima a exasperação da pena em relação às consequências do crime quando o juiz
a quo demonstra, com elementos colhidos durante a instrução, que concretamente o delito
acarretou sofrimento à vítima;
V – Reconhecida a continuidade delitiva entre os fatos, a pena restou recrudescida em 2/3
(dois) terços, nos termos do art. 71, parágrafo único do Código Penal.
VII – Apelação criminal conhecida e parcialmente provida, apenas para reconhecer a
continuidade entre os crimes praticados e aumentar em 2/3 (dois terços) a pena, fixando-a
em 16 (dezesseis) anos e 3 (três) meses de reclusão.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800791-95.2021.8.10.0146


1o APELANTE: ANTÔNIO DOS SANTOS ALUINO
2o APELANTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO,
1o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
2o APELADO: ANTÔNIO DOS SANTOS ALUINO, JOANA DE ARAÚJO ALVINO,
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRIMEIRA APELAÇÃO. FRAGILIDADE DO ARCABOUÇO
PROBATÓRIO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. ESPECIAL VALOR PROBANTE DA PALAVRA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 267


DA VÍTIMA EM CRIMES DESTA NATUREZA. PRECEDENTES DO STJ. PEDIDO
SUBSIDIÁRIO. DETRAÇÃO. QUESTÃO AFETA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO. SEGUNDA
APELAÇÃO. CONDENAÇÃO DA APELADA NO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL
NA MODALIDADE OMISSIVA. IMPROPRIEDADE. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DE
PROVA QUE ADMITAM A CONDENAÇÃO. EXEGESE DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
REO. MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO DECRETADA. APELOS CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que eventual
irregularidade ocorrida na fase do inquérito policial não contamina a ação penal dele
decorrente, momento em que as provas serão renovadas sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa (AgRg no RHC 130.654/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 16/03/2021, DJe 23/03/2021).
2. O argumento de que o agente criminoso não poderia praticar o crime de estupro de
vulnerável por sofrer de disfunção erétil não merece prosperar quando verificado, da análise
conjunta das provas coligidas nos autos, que a informação não procede, e existirem, de
modo simultâneo, outros elementos que apontem para a prática do crime.
3. Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui especial
relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas acostadas aos autos
(STJ. REsp 1699051/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado
em 24/10/2017, DJe de 6/11/2017).
4. Hipótese em que a vítima, mesmo criança de tenra idade, foi capaz de descrever com
detalhes e de modo específico os episódios de estupro praticados pelo seu avô, o que foi
corroborado pelos demais elementos de prova produzidos nos autos da ação.
5. Cabe ao juízo da execução penal aplicar os benefícios resultantes da detração.
6. Inexistindo provas, estreme de dúvidas, da culpabilidade da avó em relação à conduta
de estupro de vulnerável por omissão, a absolvição, como consequência do princípio do in
dubio pro reo, é medida que se impõe.
7. Apelos conhecidos e desprovidos.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001704-90.2010.8.10.0051
APELANTE: MÁRCIO ABREU DE BRITO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. PESSOA COM DEFICIÊNCIA MENTAL. NEGATIVA DE AUTORIA.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SUFICIÊNCIA DE PROVAS. FUNDAMENTOS
VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal

268 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 217-A, §1º, do Código
Penal.
2. Depoimento da vítima coaduna com as demais provas constantes nos autos, em especial
com os depoimentos prestados pela sua mãe, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial.
3. Nos crimes contra a dignidade sexual, geralmente praticados na clandestinidade, deve
ser dada especial atenção aos depoimentos testemunhais, em detrimento das declarações
evasivas e contraditórias do acusado (TJ-MG - APR: 10543200005733001 Resplendor,
Relator: Marcos Flávio Lucas Padula, Data de Julgamento: 22/02/2022, Câmaras Criminais
/ 5ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 07/03/2022).
4. Imperiosa a manutenção da sentença condenatória, considerando a gravidade do delito
e comprovada vulnerabilidade da vítima.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000064-40.2018.8.10.0029


APELANTE: EDMAR DE MELO PEREIRA FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO. ART. 213 DO CP. CONSTRANGIMENTO
MEDIANTE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA PARA PRÁTICA DE ATO LIBIDINOSO.
INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. DEFINIÇÃO JURÍDICA DIVERSA DA DENÚNCIA.
ART. 383 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. APLICAÇÃO. LESÃO CORPORAL.
AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. DESCLASSIFICAÇÃO
DE OFÍCIO. CRIME PRATICADO NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
MANUTENÇÃO DA REPARAÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL IN RE IPSA.
ENTENDIMENTO DO STJ. RECURSO DESPROVIDO.
I. É imprescindível a comprovação no sentido de que a vítima tenha sido constrangida,
mediante violência ou grave ameaça, a praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso
para caracterização do tipo penal constante do art. 213 do Código Penal, cujo exame
merece avaliação ponderada do julgador.
II. Ausente elemento de convicção, produzido sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa, de que a vítima foi constrangida, mediante violência ou grave ameaça, a praticar
ato libidinoso, não há como se evidenciar a elementar do tipo penal constante do crime de
estupro.
III. É legítima, nos termos do art. 383 do CPP, e desde que observados os limites do art. 617
do referido diploma legal, a atribuição de definição jurídica diversa da descrita na denúncia,
de sorte que, demonstradas a materialidade e a autoria do crime de lesão corporal, por
meio da confissão do acusado, desclassifica-se a imputação direcionada ao acusado do
crime de estupro para o mencionado tipo penal.
III. Consoante o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, tratando a hipótese de crime
praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher, é possível a fixação

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 269


de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da
acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente
de instrução probatória
IV. Aplicada a reprimenda privativa de liberdade em patamar inferior a 02 (dois) anos de
reclusão e praticada conduta com violência ou grave ameaça a pessoa, autoriza-se, nos
termos do art. 77 do CP, a suspensão condicional da pena, pelo período de 02 (dois) anos.
V. Recurso conhecido e desprovido. Desclassificação, de ofício, do crime de estupro para
lesão corporal.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000490-03.2017.8.10.0089


APELANTE: WERLAN MARCIO DA SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. IDADE DA VÍTIMA.
CONHECIMENTO DO APELANTE. COERÊNCIA DO ACERVO PROBATÓRIO. PALAVRA
DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA. CONSENTIMENTO DA VÍTIMA. IRRELEVÂNCIA.
SÚMULA 593/STJ. APELAÇÃO DESPROVIDA.
I - Não prospera a tese de desconhecimento da idade da vítima – menor de 14 (quatorze)
anos – quando as provas dos autos, consistentes e coerentes em seu conjunto, apontam
em sentido contrário.
II - Em crimes contra a liberdade sexual, geralmente cometidos na clandestinidade, a
palavra da vítima assume especial relevância, notadamente, quando corroborada por
outros elementos probatórios.
III - É irrelevante o consentimento da vítima para a configuração do crime do artigo 217-A
do Código Penal, pois a vulnerabilidade do menor de 14 (quatorze) anos é presumida, nos
termos da Súmula 593 do Superior Tribunal de Justiça.
IV - Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001031-64.2014.8.10.0049
APELANTE: LUÍS CARLOS FERREIRA DE CARVALHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA, ADOLESCENTE OU VULNERÁVEL.
INDUZIMENTO E ATRAÇÃO À EXPLORAÇÃO SEXUAL. DESNECESSIDADE DE
PREENCHIMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DA PROSTITUIÇÃO. VULNERABILIDADE.
ASSIMETRIA DE PODER. MANIPULAÇÃO EMOCIONAL. HEDIONDEZ DO CRIME.
IMPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DO REGIME FECHADO. INCONSTITUCIONALIDADE.
ALTERAÇÃO DE REGIME PRISIONAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA.

270 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I – O crime do artigo 218-B do Código Penal abarca não apenas o favorecimento da
prostituição, mas também o de qualquer outra forma de exploração sexual, assim como
neste caso. Logo, é desnecessário o preenchimento das características típicas de situação
de prostituição para que se configure o delito em tela.
II – A vulnerabilidade de adolescentes vítimas do crime do artigo 218-B do Código Penal
não decorre, apenas, de eventual hipossuficiência econômica. Contrário a isso, pode estar
inserida no contexto maior da assimetria de poder, também fomentada pela manipulação
emocional ou moral do ofendido.
III – Conforme Tema de Repercussão Geral 972, a prática de crime hediondo não induz a
automática imposição do regime fechado. Se preenchidos os requisitos legais, o condenado
faz jus a alteração de regime prisional e também à substituição da pena.
IV – Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000204-63.2019.8.10.0086


APELANTE: FLÁVIO LIMA DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. IMPORTUNAÇÃO
SEXUAL. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO.
AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. IRRELEVÂNCIA. PEDIDO SUBSIDIÁRIO
DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONDUTA DO ARTIGO 65 DO DECRETO-LEI N.
3.688/41. INVIABILIDADE. RÉU QUE VISAVA À SATISFAÇÃO DE SUA LASCÍVIA. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. No presente caso, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa do apelante, tipificada no art. 215-A do Código Penal.
2. Dada a natureza e as peculiaridades dos crimes contra a dignidade e liberdade sexual,
sobreleva-se a carga valorativa do depoimento da vítima. Precedentes.
3. O exame pericial não é o único meio de se comprovar a materialidade dos crimes sexuais,
visto que esses podem ser atestados por outros tipos de provas.
4. A conduta praticada pelo réu não guarda nenhuma proporcionalidade com o tipo penal do
artigo 65 do Decreto-Lei nº 3.688 /41, posto que agiu visando a satisfação de sua lascívia,
tendo tocado por duas vezes nas partes íntimas da vítima.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000032-02.2020.8.10.0082


APELANTE: MANOEL PEREIRA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. MATERIALIDADE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 271


E AUTORIA PROVADAS. PALAVRA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-
BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. PAI DA VÍTIMA. AUMENTO DE PENA. RECURSO
IMPROVIDO.
I. O delito de estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima, incluindo toda ação atentatória contra
o pudor praticada com o propósito lascivo, seja sucedâneo da conjunção carnal ou não,
evidenciando-se com o contato físico entre o agente e a vítima durante o apontado ato
voluptuoso.
II. Demonstrada a materialidade e a autoria do crime, robustecidas por meio da palavra da
vítima, que conta com especial valor em delitos cometidos às ocultas, corroborada ainda
por outros elementos, a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
III. Incide a causa de aumento do art. 226, II, do Código Penal quando o agente pratica o
crime sexual aproveitando-se da condição de ascendente da vítima.
IV. Apelo conhecido e improvido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000123-77.2020.8.10.0087
APELANTE: JOSELIO PEREIRA FREIRE
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. CRIME DE NATUREZA SEXUAL. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL
RELEVÂNCIA. CORROBORAÇÃO POR OUTROS ELEMENTOS DE PROVA. AUTORIA
COMPROVADA.
I. A palavra da vítima, em crimes de natureza sexual, assume relevante valor probatório,
uma vez que esse tipo de delito nem sempre deixa vestígios e é praticado sem a presença
de testemunhas, o que exige que seja corroborado com outros elementos de prova colhidos
no inquérito policial e em Juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
II. Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816457-55.2022.8.10.0000


PACIENTE: MARCIONILDE ALMEIDA GOMES
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE BACURI
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
OMISSÃO. GENITORA DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE AUTORIA. NÃO CONHECIMENTO.
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
CRIME PRATICADO SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. PACIENTE LACTANTE.
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR PELA DOMICILIAR. POSSIBILIDADE. GARANTIA
DO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA. CONCEDIDA A ORDEM.
1. Inicialmente, quanto à tese de negativa de autoria, o impetrante não demonstra, de
plano, que a paciente não tenha efetivamente praticado o delito a ela imputado, razão pela
qual, não será conhecida, pois, além de demandar ampla dilação probatória, o que não

272 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


se coaduna com a finalidade e a extensão da presente ação mandamental de rito célere
e cognição sumária, eventual manifestação sobre o assunto por este egrégio Tribunal de
Justiça representaria, inequívoca, supressão de instância.
2. Da análise dos autos, embora o decreto prisional mencione o resguardo à ordem pública,
dele não se extrai o receio de perigo gerado pelo estado de liberdade da paciente, sobretudo
se considerarmos que o crime não foi praticado com violência ou grave ameaça, bem como
porque não há notícia de que tenha resistido à prisão.
3. Quanto a existência de três ações criminais movidas em seu desfavor, cumpre destacar
que no TCO de nº 000288-12.2019.8.10.0071 foi declarada extinta a punibilidade; na Ação
Penal nº 0800155-63.2021.8.10.0071 fora absolvida, tramitando somente os autos de nº
185-68.2020.8.10.0071 (denunciada por tráfico de drogas) no qual responde em liberdade.
4. A paciente é tecnicamente primária, e com residência fixa. Além disso, é mãe de uma
criança de menos de um ano de idade, ou seja, ainda fase de amamentação, o que possibilita
a concessão da prisão domiciliar, com amparo legal na proteção à maternidade e à infância,
bem como na dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da CF/1988), porquanto
prioriza-se o bem-estar do menor lactente.
5. Desse modo, considerando que o crime imputado a paciente (estupro de vulnerável por
omissão) não é praticado com violência e grave ameaça, e que possui um filho em idade de
amamentação, a substituição da prisão preventiva pela domiciliar se impõe com medidas
alternativas, dentre elas o monitoramento eletrônico.
7. Ordem parcialmente conhecida e concedida nessa extensão.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813880-07.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ ANTÔNIO COSTA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE ARARI
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. IMPORTUNAÇÃO SEXUAL.
NEGATIVA DE AUTORIA. NÃO CONHECIDA. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENTES
OS REQUISITOS LEGAIS PARA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. MEDIDAS CAUTELARES
DIVERSAS. INVIABILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. Não se conhece da tese de negativa de autoria por parte do paciente, sob a alegação de
que não foi submetido a um reconhecimento pessoal, visto que requer análise pormenorizada
do conjunto probatório colhido nos autos, o que é incompatível com o rito do habeas corpus.
2. O decreto constritivo do paciente encontra-se suficientemente fundamentado e arrimado
nos art. 312 e 313, do CPP, diante dos indícios de autoria e materialidade do delito de
importunação sexual punido com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro)
anos, bem como do necessário resguardo da ordem pública consistente na possibilidade
reiteração delitiva (uma vez que o paciente responde a outras três ações penais), motivo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 273


pelo qual não se vislumbra qualquer ilegalidade que venha a inquinar o referido ato.
3. Estando evidenciados o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, não há que
falar em aplicação de medida cautelar diversa da prisão, sendo insuficiente para tanto
ser o paciente detentor de condições pessoais favoráveis (STJ – AgRg no RHC: 165333
SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 17/06/2022).
3. Denegada a ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000595-94.2017.8.10.0051


1o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELANTE: FRANCISCO JEFERSON MORAIS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
1o APELADO: FRANCISCO JEFERSON MORAIS, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
2o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. POSSE DE ARMA.
PROVAS INSUFICIENTES DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. IN DUBIO PRO REO. CRIME
CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. CONSENTIMENTO DA
VÍTIMA. RELACIONAMENTO AMOROSO. IRRELEVÂNCIA. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA
ABSOLUTA. ERRO DE PROIBIÇÃO NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA.
APELOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. A existência de indícios de autoria quanto ao crime de posse de arma deve ser
corroborada por outras provas concretas nos autos para que se revista de legitimidade o
édito condenatório, com a atribuição da carga probatória ao acusador;
2. Estando claro dos elementos constantes dos autos de que o apelante sabia que a vítima
se tratava de menor, à época dos fatos com 12 (doze) anos de idade, impossível acolher a
tese defensiva de erro sobre os elementos do tipo. Precedentes do STF, do STJ e do TJMA;
3. Não há como se cogitar a ocorrência de erro de proibição na hipótese, em sua modalidade
vencível, já que, ao menos potencialmente, é certo que o acusado tinha consciência da
contrariedade jurídica da conduta em questão, bem como tinha conhecimento da vítima.
4. Apelações conhecidas e desprovidas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001026-50.2014.8.10.0111


APELANTE: GEORDEAN DE MORAES LIMA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO ADVOGADO REGULARMENTE CONSTITUÍDO PARA

274 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. APRESENTAÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL
POR ADVOGADO DATIVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. CARACTERIZADO.
NULIDADE INSANÁVEL. DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA. NECESSIDADE
DE RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA REGULAR INTIMAÇÃO DA DEFESA PARA
APRESENTAÇÃO DAS ALEGAÇÕES FINAIS. APELO CONHECIDO E PROVIDO.
1. A ausência de intimação do advogado do apelante para apresentação das alegações finais,
embora este tenha estivesse regularmente habilitado nos autos, tendo atuado na audiência
de instrução e julgamento e constando, inclusive, na capa dos autos, constitui cerceamento
de defesa e, portanto, nulidade dos atos processuais posteriormente praticados.
2. O fato de defensor dativo ter apresentado a peça processual não afasta a nulidade
suscitada, visto que o apelante tem liberdade para escolher o causídico que entende melhor
atender seus interesses.
3. Configurado o cerceamento de defesa, imperioso que declare nula a sentença vergastada
e que determine-se o retorno dos autos à origem para regular intimação da defesa para
apresentação das alegações finais.
4. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012386-16.2017.8.10.0001


APELANTE: ARINALDO GOMES COSTA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. CRIME DE NATUREZA SEXUAL. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL
RELEVÂNCIA. CORROBORAÇÃO POR OUTROS ELEMENTOS DE PROVA. ELEMENTOS
SUFICIENTES PARA CONDENAÇÃO. AUTORIA COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE
DESCLASSIFICAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.
I - Havendo provas suficientes nos autos para atestar a materialidade e autoria do delito de
estupro, a condenação do réu é medida que se impõe;
II - A palavra da vítima, em crimes de natureza sexual, assume relevante valor probatório,
uma vez que esse tipo de delito nem sempre deixa vestígios e é praticado sem a presença
de testemunhas, o que exige que seja corroborado com outros elementos de prova colhidos
no inquérito policial e em Juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa;
III - Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática
de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (art.
217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não
sendo possível a desclassificação para o delito de importunação sexual (art. 215-A do CP),
conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
IV - Apelação criminal conhecida e desprovida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 275


7. HOMICÍDIO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000128-42.2013.8.10.0056


APELANTE: FRANCISCO DE SOUSA OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO
SIMPLES. DECOTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS RELATIVAS AOS MOTIVOS E
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME E COMPORTAMENTO DA VÍTIMA. FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. CONFIGURADA. AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DO ART. 61, II, “C”
DO CP QUE CONSTITUI QUALIFICADORA ESPECÍFICA NO CRIME DE HOMICÍDIO.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO COMO AGRAVANTE PARA EXASPERAÇÃO DA
PENA INTERMEDIÁRIA. PROVIMENTO. REDUÇÃO DA PENA BASE PARA O MÍNIMO
LEGAL. POSSIBILIDADE ANTE A READEQUAÇÃO DA PENA. DIREITO DE RECORRER
EM LIBERDADE. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA
JUSTIFICADA PELA CONCRETA POSSIBILIDADE DE EVASÃO DO APELANTE CASO
SEJA POSTO EM LIBERDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A fixação da pena-base deve contar com fundamentação concreta, idônea e individualizada,
nos termos do artigo 59 do Código Penal e da norma constitucional expressa no artigo 93,
inciso IX da Constituição Federal, não bastando, para tanto, meras referências a termos
genéricos.
2. A suposição de que o agente cometeu o delito imotivadamente não pode ser usada como
fundamento para negativar a circunstância relativa aos motivos do crime, já que o fato de
não se ter identificado a motivação que acarretou o cometimento do delito não implica,
necessariamente, na sua inexistência, ou mesmo na maior reprovabilidade do agente.
3. O sentimento de perda sofrido pelas pessoas que conviviam com a vítima e, sobretudo,
pelos familiares, não é motivação idônea para negativação da circunstância relativa às
consequências do crime, uma vez que tais consequências são inerentes e comuns ao crime
de homicídio.
4. De acordo com o entendimento jurisprudencial majoritário e consolidado, não é cabível a
valoração negativa da circunstância relativa ao comportamento da vítima.
5. A agravante do art. 61, II, c do CP (cometimento do crime mediante uso de recurso que
dificulte ou impossibilite a defesa do ofendido), se constitui como qualificadora específica
no crime de homicídio, não podendo, portanto, ser considerada como agravante genérica
para exasperar a pena intermediária, sobretudo quando não houve sequer menção a tal
aspecto na decisão que pronunciou o apelante.
6. Diferente do que busca sustentar o apelante, encontram-se presentes os requisitos
autorizativos da prisão cautelar, sobretudo pelo fato do mesmo já ter demonstrado sua

276 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


inclinação a se esquivar da aplicação da lei penal quando manteve-se foragido, deixando
de comparecer, inclusive, ao próprio julgamento perante o tribunal do júri.
7. Recurso parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003542-09.2019.8.10.0001


1o APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
2o APELANTE: LUÍS EDUARDO CORREA DURANS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
1o APELADO LUÍS EDUARDO CORREA DURANS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
1o APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO.
DOSIMETRIA. INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA PREVISTA NO INCISO IV, DO § 2º,
DO ART. 121, CP. REALOCAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE. POSSIBILIDADE.
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. AFASTAMENTO. NÃO CABIMENTO.
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 545, STJ. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. INIDONEIDADE.
RECONHECIMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. CONDENAÇÃO PELO
TRIBUNAL DO JÚRI. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA.
REVOGAÇÃO.
I. Reconhecida a incidência de duas qualificadoras, uma delas poderá ser utilizada para
tipificar a conduta como delito qualificado, enquanto a segunda poderá ser empregada na
segunda fase da dosimetria, como circunstância agravante, desde que prevista dentre as
hipóteses do art. 61, do Código Penal.
II. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a confissão
do acusado, quando utilizada para a formação do convencimento do julgador, deve ser
reconhecida na dosagem da pena como circunstância atenuante, nos termos do art.
65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal, mesmo quando eivada de teses defensivas,
descriminantes ou exculpantes. Inteligência da Súmula n.º 545/STJ.
III. Constitui bis in idem a fundamentação referente à dissimulação do réu utilizada para
valorar o vetor das circunstâncias do crime, na medida que esta circunstância foi empregada
para o recrudescimento da pena, como circunstância agravante do uso de recurso que
impossibilitou a defesa do ofendido (art. 61, II, “c”, CP), impondo-se o seu afastamento na
dosimetria da pena.
IV. Embora condenado à pena superior a 15 (quinze) anos de reclusão pelo Tribunal do
Júri, é incabível a determinação de execução provisória da pena, nos termos do art. 492, I,
“e”, do CPP, considerando que tal imposição afronta o princípio constitucional da presunção
da inocência. Ressalte-se que o réu permaneceu em liberdade no decorrer da instrução
criminal, bem como inexiste fatos novos ou contemporâneos para justificar a constrição
cautelar, constituindo constrangimento ilegal a sua manutenção em cárcere somente em

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 277


decorrência da condenação pelo Tribunal do Júri. Precedentes.
V. Desprovido o primeiro recurso, interposto pelo Ministério Público. Provido parcialmente o
segundo apelo, manejado pela defesa do réu.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813954-61.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANDRÉ RUSSEL SANTOS RIBEIRO
IMPETRADO: JUIZ DE 1a VARA CRIMINAL DE TIMON
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO
PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA. EXCESSO DE PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.
AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CONDIÇÕES SUBJETIVAS FAVORÁVEIS.
IRRELEVANTES. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA. MEDIDAS
CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. INADEQUAÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva do paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. Em crimes que afetam a coletividade, a análise da medida rogada precisa se dar com
base na preponderância do bem-estar social sobre o individual.
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas
cautelares alternativas elencadas no art. 319 do Código de Processo Penal.
4. Os prazos processuais previstos na legislação pátria devem ser computados de
maneira global e o reconhecimento do excesso deve-se pautar sempre pelos critérios da
razoabilidade e da proporcionalidade (art. 5º, LXXVIII, da CF), considerando cada caso e
suas particularidades” (HC 617.975/PB, Sexta Turma, Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz,
DJe 18/12/2020).
5. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, isoladamente, não obstam a segregação
cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva
(STJ – AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento: 14/06/2022, T5 –
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
6. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810826-33.2022.8.10.0000


PACIENTE: NICK WILLIAM DA SILVA COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SÃO JOÃO DOS PATOS MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO SIMPLES. PRISÃO PREVENTIVA. MEDIDA

278 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EXCEPCIONAL. AUSÊNCIA DE FATO NOVO E CONTEMPORÂNEO PARA MANUTENÇÃO
DA PRISÃO. EXCESSO DE PRAZO NÃO ATRIBUÍDO À DEFESA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. APLICAÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
DA PRISÃO. ORDEM CONHECIDA E CONCEDIDA.
I - Com o decurso de quase um ano e meio da decretação da prisão preventiva e ausentes
motivos novos para sua manutenção, não havendo registros de que o paciente se
envolveu em novos delitos, inviável a manutenção do decreto prisional, ante a ausência
de contemporaneidade entre as circunstâncias autorizadoras e os fins almejados com sua
imposição.
II - In casu, ficou comprovado que a demora para finalização da instrução tem se dado
ante a demora de resposta à diligência requerida pelo Ministério Público e não por atraso
atribuído à defesa.
III - Não havendo previsão do encerramento sequer da primeira fase do procedimento
atinente ao Tribunal do Júri (pronúncia), resta configurado, a toda evidência, manifesto
constrangimento ilegal decorrente do excesso de prazo da medida extrema, passível de
ser sanado pela via eleita, principalmente diante da suposta primariedade do paciente, do
preceito secundário dos delitos que lhe são imputados e, ainda, porque a defesa não deu
causa à delonga.
IV - Habeas corpus conhecido. Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000146-72.2017.8.10.0040


1o APELANTE: JADEON JEOVÁ CABRAL ABREU
2o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
1o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELADO: JADEON JEOVÁ CABRAL ABREU
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO
EM CONCURSO MATERIAL COM CORRUPÇÃO DE MENORES. FEMINICÍDIO.
INCIDÊNCIA DOS INCISOS I, IV E VI, §2º, DO ART. 121 DO CÓDIGO PENAL E DO ART.
244-B, §2°, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE. REFORMA NA DOSIMETRIA
DA PENA. POSSIBILIDADE DE PARCIAL REFORMA. MANTIDAS AS VERTENTES DE
CULPABILIDADE E DE CIRCUNSTÂNCIAS QUE DENOTAM O DESVALOR DA CONDUTA
DO AGENTE. INCLUÍDA A VALORIZAÇÃO NEGATIVA DE CONDUTA SOCIAL E DE
PERSONALIDADE. AUMENTO À RAZÃO DE 1/6 (UM SEXTO) DA PENA MÍNIMA PARA
CADA VETOR DESABONADO. RAZOABILIDADE. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE.
I - Correta a valoração negativa das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal -
culpabilidade e consequências do crime, de acordo com as provas nos autos, em especial,
os depoimentos colhidos a demonstrar o desvalor da conduta.
II - Reforma na dosimetria a incluir a valoração negativa das circunstâncias da personalidade

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 279


e da conduta social do réu, em razão da comprovação nos autos de que ele agira de forma
premeditada e com frieza. Isso, além de manifestar comportamento social reprovável,
dadas as ameaças perpetradas contra familiares.
III - A confissão, ainda que parcial, qualificada ou mesmo retratada, deve ser reconhecida e
considerada para fins de atenuar a pena (AgRg no REsp 1.511.435/SC).
IV - A utilização, pelo juízo sentenciante, de motivo torpe para aumento de pena, em que
se enquadra o crime previsto no art. 244- B, §2°, do Estatuto da Criança e do Adolescente
como hediondo, não pode ser utilizado novamente para agravar a pena- base, na segunda
fase de dosimetria, pois configuraria bis idem.
V. Apelação conhecida, e no mérito, provida em parte.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001188-72.2012.8.10.0060


1o APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO MARANHÃO
2o APELANTE: IVAN DE SOUSA LIMA
ADVOGADO DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
1o APELADO: IVAN DE SOUSA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
2o APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. APELAÇÃO CRIMINAL.
HOMICÍDIO QUALIFICADO. REVISÃO DA DOSIMETRIA. NÃO CABIMENTO. NULIDADE
DO JÚRI. PROVA NÃO REPETÍVEL. TESTEMUNHA NÃO LOCALIZADA. VALIDADE DA
LEITURA DO DEPOIMENTO PRESTADO NA FASE POLICIAL. NOVA VOTAÇÃO DE
QUESITOS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELOS
CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. Reconhecida a presença de uma circunstância judicial como qualificadora apta a ensejar
o aumento da pena, descabida uma segunda valoração dessa circunstância em outras
fases da dosimetria.
2. Diante da impossibilidade de coleta em juízo do depoimento prestado na fase inquisitorial,
se está diante de prova não repetível, sendo válida a sua leitura na sessão do júri, não
havendo se falar em mácula aos princípios da ampla defesa e do contraditório.
3. Não ficando demonstrado que a realização de nova votação de quesito sob dúvida tenha
resultado em efetivo prejuízo ao réu, não há razão para que o ato seja declarado nulo.
4. Apelos conhecidos e desprovidos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000022-06.2001.8.10.0055


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: WILSON DE NAZARÉ FERREIRA MACHADO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

280 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. ABSOLVIÇÃO POR
MEIO DO QUESITO GENÉRICO. JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS.
ANULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SOBERANIA DOS VEREDICTOS. SISTEMA DE ÍNTIMA
CONVICÇÃO DOS JURADOS.
I. A apresentação de razões recursais fora do prazo é mera irregularidade que não constitui
óbice ao conhecimento do recurso, máxime se o representante do Parquet manifestou
interesse expresso em recorrer na própria sessão do Tribunal do Júri.
II. Embora a sentença tenha aduzido a absolvição do acusado pelo acolhimento da tese de
legítima defesa, a leitura da quesitação dos jurados revela que ela foi pautada na resposta
afirmativa ao quesito genérico do art. 483, III, do Código de Processo Penal, o qual é
despendido de motivação técnica.
III. O quesito genérico do art. 483, III, § 2º, CPP, de formulação obrigatória - depois da
resposta afirmativa acerca da materialidade e da autoria -, permite ao jurado, na sua
livre apreciação dos fatos da vida, optar pela absolvição do acusado em atenção ao seu
sentimento pessoal de justiça e pela sua íntima convicção. É incongruente o controle judicial
em sede recursal destas decisões absolutórias, tanto mais que a lei não atrelou a resposta
afirmativa a nenhuma condicionante ligada às teses da defesa apresentadas ao Tribunal do
Júri. Precedentes do STF e STJ.
IV. Impõe-se a manutenção do veredicto absolutório lastreado em razões de índole
eminentemente subjetiva proferidas pelos jurados, tendo em vista a soberania do veredicto
resultante da votação afirmativa do quesito genérico de absolvição, que não é atrelado a
critérios técnicos.
V. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010715-06.2015.8.10.0040


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
APELADO: JOSÉ NILSON DE MORAIS SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. APELAÇÃO CRIMINAL.
HOMICÍDIO NA FORMA TENTADA. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. SOBERANIA
DOS VEREDITOS. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVA. QUESITO ABSOLUTÓRIO
GENÉRICO. ÍNTIMA CONVICÇÃO DOS JURADOS. DECISÃO MANIFESTAMENTE
CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. CONSTATAÇÃO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. APELO CONHECIDO E PROVIDO.
1. Os vereditos do Tribunal do Júri Popular são soberanos, de acordo com a previsão
constitucional contida no art. 5º, XXXVIII, c, de modo que a cassação dos seus julgamentos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 281


devem ser tratadas como excepcionalidade.
2. A cassação de julgamentos do Tribunal do Júri se justifica quando a decisão afronta de
maneira clara e manifesta a prova dos autos, ou seja, quando se apresenta em absoluto
descompasso com a realidade.
3. Embora previsão normativa constante no art. 483, III, do Código de Processo Penal
permita que os jurados decidam com base em íntima convicção, não se trata de liberdade
que autorize o julgamento à revelia das provas.
4. A decisão de absolvição do acusado dada pelo Conselho de Sentença está em desalinho
com o acervo probatório constante nos autos, o que torna forçosa a sua anulação.
5. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009976-48.2018.8.10.0001


1o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELANTE: EMERSON DE JESUS ARAUJO RIBEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
1o APELADO: EMERSON DE JESUS ARAUJO RIBEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
2o APELADO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS. PERSONALIDADE DO AGENTE. VALORAÇÃO NEGATIVA EM FUNÇÃO DE
VÁRIOS ATOS INFRACIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
CORRETA VALORAÇÃO EM RAZÃO DAS LESÕES SOFRIDAS. DESNECESSIDADE
DE LAUDO COMPLEMENTAR. REDUÇÃO DA PENA PELA TENTATIVA. AGENTE QUE
PERCORRE TODO O ITER CRIMINIS. CORRETA REDUÇÃO EM PATAMAR MÍNIMO.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE EM RAZÃO DA SUBSISTÊNCIA DOS
REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. CONCURSO ENTRE CIRCUNSTÂNCIAS
ATENUANTES E AGRAVANTES. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO.
I - A circunstância judicial atinente à personalidade do agente diz respeito ao conjunto de
características deste, e não pode ser valorada negativamente em função de processos
criminais pretéritos, menos ainda em decorrência da prática de atos infracionais.
II - As consequências da tentativa de homicídio podem ser valoradas negativamente
quando comprovado que a vítima precisou passar por diversas cirurgias e sofreu sequelas
da agressão. Para tal comprovação, não há necessidade de laudo médico complementar
atestando debilidade permanente.
III - Comprovado nos autos que o agente percorreu todo o iter criminis, após alvejar a vítima
com quatro tiros, configura-se a tentativa perfeita, que enseja a redução da pena em seu
patamar mínimo.
IV - Considerando que o réu encontrava-se preso preventivamente, e que ainda subsistem

282 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


os motivos que ensejaram a custódia preventiva, é cabível a execução provisória da pena,
mormente nas condenações do Tribunal do Júri, por expressa disposição legal.
V - O juízo a quo promoveu a correta utilização da qualificadora de uso de recurso que
dificultou a defesa da vítima como circunstância agravante, e efetuou a devida compensação
com as circunstâncias atenuantes, chegando a um patamar de redução de acordo com
sua discricionariedade. Não cabe ao juízo ad quem revisar o parâmetro utilizado pela
sentença de base na segunda fase da dosimetria da pena, salvo em caso de manifesta
desproporcionalidade.
IV – Apelação do réu conhecida e parcialmente provida. Apelação do Ministério Público
conhecida e negada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000613-66.2018.8.10.0056


APELANTE: ÍTALO CONCEIÇÃO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 121,
§ 2º, III e IV, DO CÓDIGO PENAL. CONDENAÇÃO. DOSIMETRIA. PENA-BASE. ERRONIA.
CONDUTA SOCIAL, COMPORTAMENTO DA VÍTIMA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
CONFISSÃO. ATENUANTE NÃO VERIFICADA. PENA DEFINITIVA REDIMENSIONADA.
I. Redimensiona-se a pena-base quando o juízo a quo, ao valorar de forma negativa a
conduta social e comportamento da vítima, utiliza fundamentação inidônea.
II. O vetor da conduta social objetiva aferir o comportamento do réu no seio social, família,
trabalho e em outros ambientes (HC 434.746/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma,
j. 17.04.2018, DJe 26.04.2018), de sorte que ausente nos autos suporte probatório que
permita a valoração negativa dessa circunstância, não se justifica a exasperação da
reprimenda base por esse viés.
III. O comportamento da vítima resulta, inexoravelmente, como circunstância neutra
ou favorável ao réu (AgRg no AREsp n. 1.899.855/CE, Rel. Min. Olindo Menezes –
Desembargador Convocado do TRF 1ª Região –, Sexta Turma, j. 28/6/2022, DJe de
1/7/2022).
IV. Imprescindível, na valoração negativa das consequências do crime, a ponderação a
respeito da extensão do dano produzido pela prática criminosa, sua repercussão para a
própria vítima ou para a comunidade. (AgRg no HC n. 710.410/SC, relator Ministro Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado em 29/3/2022, DJe de 4/4/2022.)
V. A premeditação do delito demonstra a maior reprovabilidade da conduta, permitindo a
valoração negativa da circunstância judicial da culpabilidade (AgRg no AREsp n. 1.891.254/
GO, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de
17/6/2022.)
VI. Inexiste confissão espontânea na hipótese em que o acusado, embora tenha afirmado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 283


que desferiu golpes de arma branca contra a vítima, assevera que ela, nesse momento,
encontrava-se morta, atribuindo a autoria do delito de homicídio ao corréu.
VII. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000291-46.2016.8.10.0111


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, FRANCISCO TELES
SILVA
APELADO: JESSÉ RODRIGUES DINIZ, JOSÉ FRANCISCO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. SENTENÇA DE
IMPRONÚNCIA. RECURSO MINISTERIAL. PRELIMINAR. INTEMPESTIVIDADE.
ACOLHIMENTO.
I. A interposição do recurso de apelação criminal pelo Ministério Público Estadual sujeita-
se ao prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 593, do CPP, iniciando-se a contagem do
lapso temporal com a remessa ou recebimento dos autos no referido órgão.
II. Não se confunde o prazo para apresentação do termo de apelação (art. 578, CPP) com o
de apresentação das razões recursais, previsto no art. 600, do CPP, razão pela qual a juntada
da petição de interposição da apelação criminal a destempo acarreta a intempestividade
recursal.
III. Preliminar de intempestividade acolhida. Apelação criminal não conhecida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814519-25.2022.8.10.0000


PACIENTE: DELMIRA SILVA COSTA
IMPETRADO: JUÍZA DA 1a VARA DO JURI DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. AÇÕES PENAIS EM
ANDAMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE. PRISÃO DOMICILIAR. NÃO
APLICÁVEL. MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. INADEQUAÇÃO. ORDEM
DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva da paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. A paciente responde pela prática do delito de homicídio qualificado e roubo, supostamente
praticados no contexto de vingança pela morte de integrante de facção criminosa, por ordem
de líder dessa organização. Tratam-se, portanto, de delitos de extrema gravidade, e que por
serem cometidos com violência à pessoa, não admitem a substituição da prisão preventiva
pela domiciliar, a bem do que dispõe o art. 318-A, do Código de Processo Penal.

284 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


3. Ações penais em curso justificam a imposição de prisão preventiva, pois evidenciam o
maior envolvimento do agente com a prática delitiva, pelo que podem ser utilizados para
justificar a manutenção da segregação cautelar para garantia da ordem pública, com o
objetivo de conter a reiteração criminosa (AgRg no HC 659.931/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021).
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas
cautelares alternativas elencadas no art. 319 do CPP.
5. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810845-39.2022.8.10.0000


PACIENTE: MARCIEEL RESENDE DE MENESES BEZERRA
IMPETRADO: JUIZ DA PRIMEIRA VARA DE PAÇO DO LUMIAR – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. COAUTORIA EM HOMICÍDIO
CULPOSO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO FÁTICO PROBATÓRIO. PRESENTES OS REQUISITOS DO ART. 41
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I- O trancamento da ação penal por habeas corpus é excepcional, somente acontecendo
quando estiver comprovado, de plano, inépcia da peça acusatória, a atipicidade da conduta
ou a superveniência de causa extintiva da punibilidade, segundo entendimento pacificado
da jurisprudência pátria. Precedentes.
II- No caso, estão presentes os requisitos do Art.41 do Código de Processo Penal e os
elementos probatórios mínimos da prática do crime, conforme descrito na denúncia.
III- As alegações da defesa necessitam de revolvimento da matéria fático-probatória, o que
resta impossibilitado pela via estreita do habeas corpus.
IV- Denegação da ordem. Unanimidade.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000187-26.2019.8.10.0054


APELANTE: LEONARDO MARQUES CAMPOS BELO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A VIDA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO PRATICADO MEDIANTE EMBOSCADA (ART. 121, § 2º, INCISO IV, C/C
ART. 14, II, PARÁGRAFO ÚNICO, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). TRIBUNAL DO JÚRI.
DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS COESOS E FIRMES EM COMPASSO COM AS
DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS. DOSIMETRIA. TENTATIVA CRUENTA. FRAÇÃO DE
REDUÇÃO FIXADA EM 1/3. ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. É pacífico na jurisprudência que decisão manifestamente contrária à prova dos autos
é aquela que não encontra amparo nas provas produzidas, destoando, desse modo,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 285


inquestionavelmente, do acervo probatório. Precedentes STJ.
2. O Conselho de Sentença é livre para optar por quaisquer das teses apresentadas em
julgamento, inclusive para analisar a prova da forma que melhor lhe aprouver, podendo, de
acordo com conjunto probatório apresentado, condenar ou absolver.
3. Quanto à autoria dos fatos não restaram adstritas à fase inquisitorial, uma vez que
confirmadas na fase instrutória, tanto pelas testemunhas como pelas vítimas, notadamente
pelo fato de terem sobrevivido, o que facilitou a identificação do autor do crime.
4. Correta a fração redutora adotada pelo juiz de origem, qual seja, de 1/3 (um terço), já que
que de acordo com a doutrina e jurisprudência pátrias para a fixação da pena do crime de
homicídio tentado, considera-se a maior ou menor aproximação do resultado, avaliando-se
o iter criminis percorrido pelo agente até a fase de consumação. A diminuição da pena será
tanto menor quanto mais próximo tiver chegado a tentativa do crime consumado
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0052669-57.2012.8.10.0001


APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: WANDERSON CAMPOS OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO SIMPLES E LESÃO CORPORAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. INCREMENTO PAUTADO NA FRAÇÃO DE 1/8.
CRITÉRIO ACEITO PELA JURISPRUDÊNCIA. CULPABILIDADE E CONDUTA SOCIAL.
IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO DESABONADORA. CONCURSO FORMAL.
ACIDENTE NA EXECUÇÃO DELITUOSA. AFASTAMENTO PONTUAL DA PRESCRIÇÃO
DE UM DOS CRIMES. SOMATÓRIO DAS PENAS MAIS BENÉFICO AO ACUSADO.
I. Correta a utilização da fração de 1/8 sobre o intervalo da pena para incremento das
circunstâncias judiciais na primeira fase da dosimetria, vez que esse patamar é amplamente
consagrado pela doutrina e a jurisprudência para o cálculo em questão, sendo ainda uma
valoração atrelada ao espectro de discricionariedade do magistrado. Precedentes.
II. Inviável o incremento decorrente de avaliação negativa da culpabilidade e conduta
social do agente na ausência de provas da premeditação do crime e à margem de incursão
concreta sobre o comportamento do sentenciado no seu ambiente familiar, de trabalho e na
convivência em sociedade.
III. O concurso formal de crimes afigura-se cabível quando constatada que a pretensão
punitiva relativa aos delitos perpetrados em conjunto não foi fulminada pela prescrição, cujos
marcos temporais são fixados pelo art. 117 do Código Penal, entre os quais a sentença de
pronúncia, tendo em vista o disposto na Súmula 191/ STJ.
IV. A prescrição decretada no juízo singular deve ser afastada de forma pontual e para o
único efeito de aplicação do concurso formal, nos moldes do art. 73 do Código Penal, base
legal do apelo ministerial, considerando que a discussão propriamente sobre a perda do jus

286 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


puniendi estatal não foi alvo direto de impugnação. Incidência da Súmula nº 713/STF.
V. Aplica-se o acúmulo material de penas se a incidência da regra do concurso formal
reverbera de forma prejudicial ao réu no quantitativo da reprimenda. Inteligência do parágrafo
único do art. 70, do Código Penal.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815224-23.2022.8.10.0000


PACIENTE: ELIEUDO VIANA SOUSA
IMPETRADO: JUIZ 2a VARA DE COROATÁ
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO. PRISÃO
PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRAZO PARA REAVALIAÇÃO DA MANUTENÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA A CADA 90 (NOVENTA) DIAS. NÃO PEREMPTÓRIO. EXCESSO
DE
PRAZO PARA A FORMAÇÃO DA CULPA. NÃO VERIFICADO. AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
1. O decreto constritivo do paciente encontra-se suficientemente fundamentado e arrimado
nos art. 312 e 313, do CPP, diante dos indícios de autoria e materialidade do delito de
homicídio (art. 121 do Código Penal), do necessário resguardo da ordem pública e garantia
da aplicação da lei.
2. A fuga do acusado do distrito da culpa, logo após a prática do delito, é motivo suficiente
para fundamentar o decreto de prisão preventiva, como garantia da instrução criminal
e aplicação da lei penal (HC 464.613/PB, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA,
julgado em 07/02/2019, DJe 28/02/2019).
3. Ainda que a prisão preventiva não tenha sido eventualmente revisada dentro do prazo
de 90 (noventa) dias, permanecendo presentes seus pressupostos autorizadores, a sua
manutenção é medida que se impõe. No caso presente, no entanto, o paciente encontra-se
preso há menos de 60 (sessenta) dias.
4. Sobre a tese de excesso de prazo na instrução criminal, não se vislumbra demonstração
clara de ilicitude, uma vez que, conforme entendimento consolidado das Cortes Superiores,
a mera extrapolação da soma aritmética dos prazos abstratamente previstos na lei
processual não o caracteriza automaticamente, devendo ser observadas as peculiaridades
do caso concreto, à luz do princípio da razoabilidade.
5. Considerando que o paciente esteve foragido por aproximadamente 05 (cinco) anos e
que, assim que a sua prisão foi efetuada, houve a imediata retomada da instrução criminal,
com vistas ao Ministério Público para que se manifestasse acerca do pedido de revogação
da prisão preventiva (ID 71761866, dos autos de origem), não se verifica a alegada
morosidade na instrução processual.
6. O fato do paciente possuir condições pessoais favoráveis, por si só, não afasta a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 287


legitimidade da segregação quando há outros elementos em que se ampare a prisão
decretada (AgRg no HC n. 648.314/TO, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma,
julgado em 5/4/2022, DJe de 7/4/2022).
7. Não havendo constrangimento ou coação ilegal a ser reconhecida, presentes os requisitos
e pressupostos que servem para autorizar a prisão, impositiva se faz a manutenção da
medida de exceção.
8. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817182-44.2022.8.10.0000


PACIENTE: RONET PINHEIRO FERREIRA
IMPETRADO: JUÍZA AUXILIAR DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DA
COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. PRISÃO
PREVENTIVA. DECISÃO FUNDAMENTADA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS.
INSUFICIÊNCIA NA ESPÉCIE. QUEBRA DE SIGILO TELEMÁTICO. LEI DE N°
12.965/2014 (LEI DO MARCO CIVIL DA INTERNET). POSSIBILIDADE DE ACESSO AOS
DADOS TELEMÁTICOS SEM A NECESSIDADE DE LIMITE TEMPORAL PARA FINS DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, pode
ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que presentes
provas do crime e indícios suficientes de autoria e de perigo gerado pelo imputado posto
em liberdade.
II - A custódia cautelar está adequadamente motivada na garantia da ordem pública, dados
os indícios contundentes de que o paciente efetuara contratação de homicídio mediante
diálogos e pagamentos documentados nos autos que motivaram a medida.
III - O fato de o paciente gozar de condições pessoais favoráveis, por si só, não impede a
decretação de sua prisão preventiva, de acordo com entendimento do Superior Tribunal de
Justiça.
IV – O acesso ao conteúdo de comunicações privadas armazenadas em aparelhos
eletrônicos mediante ordem judicial, devidamente fundamentada, atende os requisitos
legais e constitucionais.
V – O artigo 22, III, da Lei de n° 12.965/2014 (Lei do Marco Civil da Internet) determina que
a requisição judicial de registro deve especificar o período ao qual se refere, embora esse
quesito só se imponha necessário para o fluxo de comunicações e é inaplicável aos casos
de dados já armazenados a serem obtidos para fins de investigação criminal.
VI - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817182-44.2022.8.10.0000

288 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PACIENTE: RONET PINHEIRO FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ AUXILIAR DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DA COMARCA
DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. PRISÃO
PREVENTIVA. DECISÃO FUNDAMENTADA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS.
INSUFICIÊNCIA NA ESPÉCIE. QUEBRA DE SIGILO TELEMÁTICO. LEI DE N°
12.965/2014 (LEI DO MARCO CIVIL DA INTERNET). POSSIBILIDADE DE ACESSO AOS
DADOS TELEMÁTICOS SEM A NECESSIDADE DE LIMITE TEMPORAL PARA FINS DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, pode
ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que presentes
provas do crime e indícios suficientes de autoria e de perigo gerado pelo imputado posto
em liberdade.
II - A custódia cautelar está adequadamente motivada na garantia da ordem pública, dados
os indícios contundentes de que o paciente efetuara contratação de homicídio mediante
diálogos e pagamentos documentados nos autos que motivaram a medida.
III - O fato de o paciente gozar de condições pessoais favoráveis, por si só, não impede a
decretação de sua prisão preventiva, de acordo com entendimento do Superior Tribunal de
Justiça.
IV – O acesso ao conteúdo de comunicações privadas armazenadas em aparelhos
eletrônicos mediante ordem judicial, devidamente fundamentada, atende os requisitos
legais e constitucionais.
V – O artigo 22, III, da Lei de n° 12.965/2014 (Lei do Marco Civil da Internet) determina que
a requisição judicial de registro deve especificar o período ao qual se refere, embora esse
quesito só se imponha necessário para o fluxo de comunicações e é inaplicável aos casos
de dados já armazenados a serem obtidos para fins de investigação criminal.
VI - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012585-09.2015.8.10.0001


APELANTE: GILBERTO CORREA VIANA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO SIMPLES.
JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. LEGÍTIMA
DEFESA AFASTADA PELO CONSELHO DE SENTENÇA. SENTENÇA MANTIDA.
1. Não há que se falar em decisão manifestamente contrária à prova dos autos se os
jurados, diante de duas teses que sobressaem do conjunto probatório, optam por uma delas,
exercitando, assim, a sua soberania, nos termos do Art. 5º, XXXVIII, c, da Constituição da

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 289


República.
2. In casu, tendo o Conselho de Sentença acolhido a tese acusatória sustentada em plenário,
lastreada em palpáveis elementos de convicção probatória, afastando, por conseguinte, a
versão defensiva da legítima defesa, não se tem por manifestamente contrário à prova dos
autos o veredicto condenatório.
3. Da dinâmica dos fatos, fica claro que o apelante poderia ter empreendido conduta distinta
da que o levou ao homicídio, porquanto já havia segurado a mão da vítima antes de atirar
contra ela. Não se pode olvidar do fato de que a mão imobilizada era a mesma com a qual
a vítima simulava a arma que o apelante supunha ter apontada contra si.
4. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000187-26.2019.8.10.0054


APELANTE: LEONARDO MARQUES CAMPOS BELO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A VIDA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO PRATICADO MEDIANTE EMBOSCADA (ART. 121 , § 2º, INCISO IV ,
C/C ART. 14, II, PARÁGRAFO ÚNICO, AMBOS DO CÓDIGO PENAL ). TRIBUNAL DO
JÚRI. DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS COESOS E FIRMES EM COMPASSO COM AS
DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS. DOSIMETRIA. TENTATIVA CRUENTA. FRAÇÃO DE
REDUÇÃO FIXADA EM 1/3. ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. É pacífico na jurisprudência que decisão manifestamente contrária à prova dos autos
é aquela que não encontra amparo nas provas produzidas, destoando, desse modo,
inquestionavelmente, do acervo probatório. Precedentes STJ.
2. O Conselho de Sentença é livre para optar por quaisquer das teses apresentadas em
julgamento, inclusive para analisar a prova da forma que melhor lhe aprouver, podendo, de
acordo com conjunto probatório apresentado, condenar ou absolver.
3. Quanto à autoria dos fatos não restaram adstritas à fase inquisitorial, uma vez que
confirmadas na fase instrutória, tanto pelas testemunhas como pelas vítimas, notadamente
pelo fato de terem sobrevivido, o que facilitou a identificação do autor do crime.
4. Correta a fração redutora adotada pelo juiz de origem, qual seja, de 1/3 (um terço), já que
que de acordo com a doutrina e jurisprudência pátrias para a fixação da pena do crime de
homicídio tentado, considera-se a maior ou menor aproximação do resultado, avaliando-se
o iter criminis percorrido pelo agente até a fase de consumação. A diminuição da pena será
tanto menor quanto mais próximo tiver chegado a tentativa do crime consumado
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000613-63.2019.8.10.0078


APELANTE: ROMÁRIO SILVA BARBOSA

290 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. TEODORO PERES NETO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO.
SENTENÇA CONDENATÓRIA. DOSIMETRIA DA PENA. RECÁLCULO DA PENA-BASE.
IMPROVIMENTO DO RECURSO.
I - A existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis autoriza a fixação da pena base
acima do patamar mínimo, sendo o necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do delito.
II - Justifica-se o aumento da pena-base em relação às consequências do delito de homicídio
cuja vítima deixou órfãos dois filhos menores de idade à época dos fatos.
III - O aumento da pena-base encontra-se devidamente justificado na existência de
circunstância judicial desfavorável – consequência do delito-, valorada negativamente com
base em elementos concretos, o que denota maior reprovabilidade da conduta.
IV - Recurso de Apelação Improvido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810266-91.2022.8.10.0000


PACIENTE: WALAS ANTONIO DUTRA ALMEIDA
IMPETRANTE: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE ARARI
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO
(ART. 121, §2º, II, DO CÓDIGO PENAL). PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA COM
FUNDAMENTO NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E GRAVIDADE CONCRETA DO
CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR POR
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. IMPOSSIBILIDADE ANTE O CASO CONCRETO.
1. A prisão preventiva do paciente encontra-se idoneamente fundamentada, estando
presentes os requisitos autorizadores do ergástulo processual.
2. Demonstra-se necessária a manutenção da prisão preventiva para a garantia da ordem
pública, dada a periculosidade concreta extraída das circunstâncias do cometimento do
delito, que teria sido praticado em face de familiar e de forma premeditada.
3. A substituição da prisão cautelar por medidas cautelares diversas, para o caso, revela-se
inadequada, ante a probabilidade de reiteração delitiva, bem como de que volte o paciente
a evadir-se caso seja posto em liberdade, resistindo à aplicação da lei penal.
4. Ordem denegada para manter a decisão que decretou a prisão preventiva.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008761-08.2016.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 291


PROMOTOR: SAMARONI DE SOUSA MAIA
APELADO: ALESSANDRO DE OLIVEIRA SOUZA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. REGINA MARIA DA COSTA LEITE
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. APELAÇÃO CRIMINAL.
HOMICÍDIO NA FORMA TENTADA. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. SOBERANIA
DOS VEREDITOS. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.
CONSTATAÇÃO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO CONHECIDO E
PROVIDO.
I. Os vereditos do Tribunal do Júri Popular são soberanos, de acordo com a previsão
constitucional contida no art. 5º, XXXVIII, c, de modo que a cassação dos seus julgamentos
deve ser tratada como excepcionalidade.
II. A anulação de julgamentos do Tribunal do Júri se justifica quando a decisão afronta de
maneira clara e manifesta a prova dos autos, ou seja, quando se apresenta em absoluto
descompasso com a realidade processual, como na situação sob análise.
III. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0025618-38.2007.8.10.0004


APELANTE: DARTANIAN CARDOSO DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: RODOLFO SOARES DOS REIS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO SIMPLES
EM CONCURSO COM TENTATIVA DE HOMICÍDIO. PRELIMINAR. CONHECIMENTO
PARCIAL DA APELAÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA DO DELITO DO ART. 121, CAPUT, C/C ART. 14, DO CP JÁ RECONHECIDA.
PENA BASE NO MÍNIMO LEGAL. MÉRITO. DECISÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI
CONTRÁRIA ÀS PROVAS DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. SOBERANIA DOS VEREDICTOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE
CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Conhecimento parcial da apelação, por ausência de interesse recursal, porquanto a
prescrição da pretensão executória quanto ao crime de homicídio tentado já fora reconhecida
pelo juízo a quo, e a pena fixada encontra-se no mínimo legal, inviabilizando sua redução.
2. No mérito, pacífica é a jurisprudência no sentido de que a anulação de julgamento
do Tribunal do Júri é medida excepcional, que só se justifica quando a decisão afronta
claramente as provas produzidas, ou seja, quando se apresenta em absoluto descompasso
com a realidade, o que não ocorreu no feito. Precedentes do TJMA e do STJ.

292 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0035177-81.2014.8.10.0001


APELANTE: LEONARDO DE JESUS SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. DOSIMETRIA.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA. QUANTUM DE REDUÇÃO DE PENA.
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. APELO DESPROVIDO. SENTENÇA CONDENATÓRIA
MANTIDA.
I. Uma vez reconhecido o homicídio privilegiado pelo Tribunal do Júri, compete ao Juiz
Presidente, dentro do seu livre convencimento, aplicar, fundamentadamente, a redução que
pode variar conforme a relevância do motivo de valor moral ou social, ou a intensidade da
emoção do réu, bem como o grau de provocação da vítima.
II. Não é exigido que haja correlação entre a pena-base e a fração a ser aplicada como
causa de diminuição da pena, porque o quantum a ser abonado como minorante deve ser
avaliado em razão de suas próprias circunstâncias e não em face daquelas previstas no
art. 59 do CP
III. Manutenção da sentença condenatória. Apelação criminal desprovida.

HABEAS CORPUS N° 0804847-90.2022.8.10.0000


PROCESSO DE ORIGEM: 0802509-08.2021.8.10.0024
PACIENTE: LEANDRO DA SILVA FREIRE
IMPETRANTE: DIEGO ROBERTO DA LUZ CANTANHEDE (OAB/MA 13829)
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE BACABAL-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO
QUALIFICADO E TENTATIVA DE HOMICÍDIO. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. NÃO OCORRÊNCIA. PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS E
FUNDAMENTOS AUTORIZADORES DA MEDIDA CONSTRITIVA. RISCO À ORDEM
PÚBLICA. PROBABILIDADE DE REITERAÇÃO DELITIVA. EXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES
PESSOAIS FAVORÁVEIS À OBTENÇÃO DA ORDEM. IRRELEVÂNCIA. MANUTENÇÃO
DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
1. Na hipótese, o decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado na necessidade
de preservação da ordem pública, tendo o Juízo de primeiro grau destacado o risco de
reiteração delitiva, uma vez que o paciente tem contra si outra ação penal em curso, pela
suposta prática do delito de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (Lei n.
10.826/03, art. 12).
2. A existência de eventuais condições pessoais favoráveis ao paciente, por si só, não

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 293


impede a decretação ou a manutenção da custódia cautelar, quando presentes fundamentos
concretos que a recomendem.
3. Demonstrado o risco de reiteração delitiva, e havendo circunstâncias de gravidade
concreta que justifiquem a custódia cautelar, como observadas na espécie, não se revela
cabível a aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, porquanto insuficientes
para resguardar a ordem pública.
4. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810845-39.2022.8.10.0000


PACIENTE: MARCIEEL RESENDE DE MENESES BEZERRA
IMPETRADO: JUÍZO DA PRIMEIRA VARA DE PAÇO DO LUMIAR/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. COAUTORIA EM HOMICÍDIO
CULPOSO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO FÁTICO PROBATÓRIO. PRESENTES OS REQUISITOS DO ART. 41
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I- O trancamento da ação penal por habeas corpus é excepcional, somente acontecendo
quando estiver comprovado, de plano, inépcia da peça acusatória, a atipicidade da conduta
ou a superveniência de causa extintiva da punibilidade, segundo entendimento pacificado
da jurisprudência pátria. Precedentes.
II- No caso, estão presentes os requisitos do Art.41 do Código de Processo Penal e os
elementos probatórios mínimos da prática do crime, conforme descrito na denúncia.
III- As alegações da defesa necessitam de revolvimento da matéria fático-probatória, o que
resta impossibilitado pela via estreita do habeas corpus.
IV- Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814519-25.2022.8.10.0000


PACIENTE: DELMIRA SILVA COSTA
IMPETRADO: JUÍZO DA 1a VARA DO JURI DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. AÇÕES PENAIS EM
ANDAMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE. PRISÃO DOMICILIAR. NÃO
APLICÁVEL. MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. INADEQUAÇÃO. ORDEM
DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva da paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de

294 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


reiteração criminosa.
2. A paciente responde pela prática do delito de homicídio qualificado e roubo, supostamente
praticados no contexto de vingança pela morte de integrante de facção criminosa, por ordem
de líder dessa organização. Tratam-se, portanto, de delitos de extrema gravidade, e que por
serem cometidos com violência à pessoa, não admitem a substituição da prisão preventiva
pela domiciliar, a bem do que dispõe o art. 318-A, do Código de Processo Penal.
3. Ações penais em curso justificam a imposição de prisão preventiva, pois evidenciam o
maior envolvimento do agente com a prática delitiva, pelo que podem ser utilizados para
justificar a manutenção da segregação cautelar para garantia da ordem pública, com o
objetivo de conter a reiteração criminosa (AgRg no HC 659.931/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021).
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas
cautelares alternativas elencadas no art. 319 do CPP.
5. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814519-25.2022.8.10.0000


PACIENTE: DELMIRA SILVA COSTA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 1a VARA DO JURI DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. AÇÕES PENAIS EM
ANDAMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSENTE. PRISÃO DOMICILIAR. NÃO
APLICÁVEL. MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. INADEQUAÇÃO. ORDEM
DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva da paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração criminosa.
2. A paciente responde pela prática do delito de homicídio qualificado e roubo, supostamente
praticados no contexto de vingança pela morte de integrante de facção criminosa, por ordem
de líder dessa organização. Tratam-se, portanto, de delitos de extrema gravidade, e que por
serem cometidos com violência à pessoa, não admitem a substituição da prisão preventiva
pela domiciliar, a bem do que dispõe o art. 318-A, do Código de Processo Penal.
3. Ações penais em curso justificam a imposição de prisão preventiva, pois evidenciam o
maior envolvimento do agente com a prática delitiva, pelo que podem ser utilizados para
justificar a manutenção da segregação cautelar para garantia da ordem pública, com o
objetivo de conter a reiteração criminosa (AgRg no HC 659.931/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021).
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 295


cautelares alternativas elencadas no art. 319 do CPP.
5. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0014138-86.2018.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: JANILSON PEREIRA DE SOUZA, JOILSON FERREIRA SALES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI.
IMPRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INSUFICIÊNCIA DOS INDÍCIOS DE
AUTORIA. DECISÃO MANTIDA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I. Não havendo nos autos indícios suficientes de autoria do crime de homicídio em desfavor
dos acusados, deve ser mantida a decisão que os impronunciou.
II. O testemunho indireto (por ouvir dizer), de per si, e sem qualquer amparo em outros
elementos probatórios, mínimos que sejam, não é suficiente para submeter alguém a
julgamento pelo Tribunal do Júri Popular. Precedentes do STJ e do TJMA.
III. É questionável o reconhecimento fotográfico feito, na fase policial, sem a observância
dos procedimentos previstos no artigo 226 do CPP, sobretudo quando os agentes utilizavam
capacetes no momento do crime.
II. Apelo desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810826-33.2022.8.10.0000


PACIENTE: NICK WILLIAM DA SILVA COSTA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SÃO JOÃO DOS PATOS MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO SIMPLES. PRISÃO PREVENTIVA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. AUSÊNCIA DE FATO NOVO E CONTEMPORÂNEO PARA MANUTENÇÃO
DA PRISÃO. EXCESSO DE PRAZO NÃO ATRIBUÍDO À DEFESA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. APLICAÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
DA PRISÃO. ORDEM CONHECIDA E CONCEDIDA.
I - Com o decurso de quase um ano e meio da decretação da prisão preventiva e ausentes
motivos novos para sua manutenção, não havendo registros de que o paciente se
envolveu em novos delitos, inviável a manutenção do decreto prisional, ante a ausência
de contemporaneidade entre as circunstâncias autorizadoras e os fins almejados com sua
imposição.
II - In casu, ficou comprovado que a demora para finalização da instrução tem se dado
ante a demora de resposta à diligência requerida pelo Ministério Público e não por atraso
atribuído à defesa.
III - Não havendo previsão do encerramento sequer da primeira fase do procedimento
atinente ao Tribunal do Júri (pronúncia), resta configurado, a toda evidência, manifesto

296 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


constrangimento ilegal
decorrente do excesso de prazo da medida extrema, passível de ser sanado pela via eleita,
principalmente diante da suposta primariedade do paciente, do preceito secundário dos
delitos que lhe são imputados e, ainda, porque a defesa não deu causa à delonga.
IV - Habeas corpus conhecido. Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811161-52.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO CARLOS NEVES MACHADO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE ARARI/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE HOMICÍDIO.
PRISÃO TEMPORÁRIA. SOLTURA DO PACIENTE. PERDA SUPERVENIENTE DO
OBJETO. WRIT PREJUDICADO.
I. Cessado o alegado constrangimento ilegal devido à soltura do paciente, resta prejudicada
a análise do presente remédio constitucional, nos termos do art. 659 do Código de Processo
Penal e 428 do RITJMA, em razão da perda superveniente do objeto.
II. Habeas Corpus prejudicado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811237-76.2022.8.10.0000


PACIENTE: MÁRCIO NASCIMENTO MIRANDA
IMPETRADO: JUIZ DA 4a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. FUGA DO ACUSADO DO DISTRITO DA CULPA.
NECESSIDADE DA CUSTÓDIA SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADA. MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS. INSUFICIÊNCIA. CIRCUNST NCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS.
IRRELEV NCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA
E DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação,
quando o decreto segregatório se encontra lastreado em particularidades dos autos e
devidamente assentado no arts. 311, 312, 313, I e 366 do Código de Processo Penal.
II. Consoante entendimento das Cortes Superiores, a fuga do acusado do distrito da culpa
– comprovadamente demonstrada nos autos – constitui circunstância suficiente a embasar
a decretação do ergástulo provisório como forma de garantir a aplicação da lei penal.
III. O relato de predicados favoráveis, tais como residência fixa, profissão definida e
primariedade, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada,
tampouco autorizar a substituição por cautelares diversas, quando presentes os requisitos
autorizadores do cárcere. Precedentes.
IV. Ordem conhecida e denegada.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 297


HABEAS CORPUS No 0806010-08.2022.8.10.0000
PACIENTE: DARLINGTON SANTOS COELHO
IMPETRANTE: IRACILDA SYNTIA FERREIRA PEREIRA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ
DE RIBAMAR/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: Penal. Processual. Habeas Corpus. Homicídio tentado qualificado. Excesso de
prazo a conclusão do inquérito policial. Ilegalidade quanto a manutenção da preventiva
por falta de justa causa. Inocuidade. Denúncia já ofertada. Regular tramitação do feito.
Verificação. Necessidade de manutenção do ergástulo. Garantia da ordem Pública.
Constatação. Denegação da ordem. Imposição.
I – Inócuo o arguir de excesso de prazo para a conclusão do inquérito, quando já ofertada e
recebida a denúncia, além de se verificar a regular tramitação do feito, não havendo que se
cogitar a ilegalidade do ergástulo, sobretudo, quando denotada a suficiente fundamentação
em sua manutenção, com recente reavaliação ao fulcro da garantia da ordem pública.
Ordem denegada. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus sob o nº 0806010-
08.2022.8.10.0000, em que figuram como paciente e impetrante os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer ministerial, em
denegar a ordem, nos termos do voto do relator.

HABEAS CORPUS No 0819724-69.2021.8.10.0000


PACIENTE: JOHN CARLOS SANTOS PEREIRA
IMPETRANTES: ALBERT ROBSON MATOS NEVES, THIAGO BELO CORRÊA e ESDRAS
PEREIRA RODRIGUES
IMPETRADO: JUÍZO DA CENTRAL DE INQUÉRITOS DA COMARCA DE IMPERATRIZ/MA
PROCURADOR DE JUSTIÇA:
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. PRISÃO TEMPORÁRIA SUPERADA. SEGREGAÇÃO PREVENTIVA.
ORDEM PREJUDICADA.
1. A prisão temporária restou superada, na medida em que fora decretada a prisão preventiva
do paciente, de modo que a segregação cautelar deste decorre de novo título judicial,
conforme se extrai das informações prestadas pela autoridade impetrada.
2. Diante da alteração do cenário fático-processual, consubstanciada no advento de novo
título judicial a justificar a prisão do paciente, ficam superadas as alegações trazidas no
presente remédio heroico, tendo em vista que dizem respeito especificamente aos requisitos

298 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da prisão temporária, à sua necessidade - ante a alegada condição pessoal do paciente -,
bem como à fundamentação do respectivo decisum.
3. Torna-se absolutamente despiciendo tecer maiores considerações acerca do tema, face
ao superveniente pronunciamento que decretou a prisão preventiva do paciente, o qual
esvaziou os argumentos trazidos pelo impetrante, fulminando, por consequência, a sua
pretensão .
4. Ordem conhecida e prejudicada. Unanimidade.

HABEAS CORPUS Nº 0819367-89.2021.8.10.0000


PACIENTE: ORENILSON DO NASCIMENTO LOIOLA
IMPETRANTES: EDUARDO SOARES BUTKOWSKY, WENDEL ARAUJO DE OLIVEIRA,
JULIANE ARAUJO DE OLIVEIRA, LUCIANO RIPARDO DANTAS E WERBERTY ARAUJO
DE OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE GRAJAÚ/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ JOAQUIM FIGUEIREDO DOS ANJOS
PROCURADORA: SELENE COELHO DE LACERDA
JULGAMENTO ADIADO NA SESSÃO DO DIA 24.05.22 À PEDIDO DO DESEMBARGADOR
JOSÉ JOAQUIM FIGUEIREDO DOS ANJOS
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO. INQUÉRITO POLICIAL. EXCESSO
DE PRAZO. HABEAS CORPUS.
1. Inviável o exame, em HABEAS CORPUS, de questão que demanda aprofundado e
valorativo exame do conjunto fático-probatório da lide. Matéria estranha ao âmbito dessa
via constitucional, que não comporta debate desse jaez.
2. Concluído o inquérito policial, resta superada a alegação de excesso de prazo naquele
procedimento.
3. Decreto de prisão preventiva que se apresenta devidamente fundamentado, com
fundamento, ademais, na garantia da ordem pública.
4. Hipótese em que a necessidade da custódia exsurge da própria gravidade em concreto
do delito, conquanto expressão objetiva da periculosidade do acriminado.
5. HABEAS CORPUS parcialmente conhecido e, nessa parte, julgado prejudicado, quanto
ao alegado excesso de prazo e, no mais, denegado.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000650-92.2009.8.10.0029


APELANTE: JOSÉ NOIOLA CAMILA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO SIMPLES.
INSURGÊNCIA CONTRA A DOSIMETRIA DA PENA. INVIÁVEL. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. CULPABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. DIREITO DE RECORRER EM
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 299
LIBERDADE. NEGADO. PRESENTES OS MOTIVOS QUE JUSTIFICAM A PREVENTIVA.
MODUS OPERANDI. PREMEDITAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
1. A culpabilidade constante do art. 59 do CP está relacionada com o grau de reprovação
social que o crime e o seu autor merecem (sentido lato), não se confundindo com aquela
que compõe o conceito de delito (sentido estrito), devendo ser entendida como um “plus de
reprovação da conduta do agente, que deverá contar com fundamentação concreta, idônea
e individualizada” (SCHMITT, Rogério. Sentença Penal Condenatória: teoria e prática. 16
ed. São Paulo: Editora Juspodium, 2022, p. 131)
2. O fato do réu ter premeditado o crime, tanto que teve tempo inclusive de preparar
um colete para garantir a sua integridade física, demonstra claramente uma acentuada
reprovabilidade da conduta delituosa.
3. No que diz respeito as circunstâncias do crime, esta entendida como “os aspectos
objetivos e subjetivos de natureza incidental que envolvem o fato delituoso, o magistrado
sentenciante mais uma vez fundamentou suficientemente o aumento operado, levando-se
em conta que o crime se deu em um bar com a concreta possibilidade de atingir outras
pessoas que se encontravam em um momento de descontração, evidenciando, assim,
maior desprezo pela vida por parte apelante.
4. Quanto ao direito do apelante de recorrer em liberdade, assento que bem fundamentada
a sentença de origem ao justificar o recolhimento prisional do apelante, a saber zelando pela
garantia da ordem pública, notadamente pelo modus operandi como o crime foi cometido,
com premeditação.
5. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001177-82.2016.8.10.0034


APELANTE: EDIMILSON PEREIRA DA SILVA SANTOS
APELADO: FRANCISCO SOUSA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO ASSISTENTE DE
ACUSAÇÃO PARA OS ATOS PROCESSUAIS. NULIDADE DECLARADA.
1. Uma vez que o assistente da acusação encontra-se devidamente habilitado nos autos,
a ausência de sua intimação para os atos processuais importa em ofensa aos princípios
constitucionais do contraditório e devido processo legal, devendo ser declarada a nulidade
do procedimento.
2. Recurso conhecido e nulidade acolhida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003944-61.2017.8.10.0001


APELANTE: RAILAN MORAIS FERNANDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

300 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS RECONHECENDO A
QUALIFICADORA. INEXISTÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
I- Em face da soberania consagrada pela Constituição Federal, a decisão proferida pelo
Tribunal do Júri Popular somente será anulada quando manifestamente contrária à prova
dos autos, assim entendida, como aquela completamente divorciada da realidade apurada
na instrução criminal.
II - Não se enquadra entre aquelas que autorizam a anulação, a decisão proferida pelo Júri
Popular que acolheu a tese da acusação, de que houve recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido, a partir das provas testemunhais colhidas.
III - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000323-08.2012.8.10.0106


APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: FRANKLIN SANTOS COSTA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO
PELO RECURSO QUE DIFICULTA A DEFESA DA VÍTIMA (ART. 121, §2°, INC. IV DO CP).
AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS PELO CONSELHO DE SENTENÇA.
ABSOLVIÇÃO PELO QUESITO OBRIGATÓRIO. ALEGAÇÃO DE DECISÃO DOS
JURADOS CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. ÍNTIMA CONVICÇÃO
DOS JURADOS E SOBERANIA DOS VEREDICTOS. SENTENÇA MANTIDA.
I – Por manifestação contrária à prova dos autos entende-se aquela que se encontra
totalmente dissociada das provas existentes no processo. Apresentadas as teses da
Acusação e da Defesa, tendo o corpo de jurados, com pleno acesso ao conteúdo probatório
constante nos autos, acolhido uma das teses apresentadas em plenário pela defesa,
reconhecendo a materialidade a autoria, mas absolvendo o réu, a decisão proferida pelo
Conselho de Sentença é soberana e deve prevalecer. Por isso, descabe a submissão do
acusado a novo julgamento, sob pena de violação ao primado constitucional da soberania
dos veredictos.
II - Os jurados são livres para absolver o acusado ainda que reconhecida a autoria e
materialidade do crime;
II – Deve ser mantida a decisão adotada pelos jurados que, amparados em uma das versões
existentes nos autos, entenderam pelo acolhimento do pleito absolutório;
III – Apelação desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817182-44.2022.8.10.0000


PACIENTE: RONET PINHEIRO FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ AUXILIAR DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DA COMARCA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 301


DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. PRISÃO
PREVENTIVA. DECISÃO FUNDAMENTADA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS.
INSUFICIÊNCIA NA ESPÉCIE. QUEBRA DE SIGILO TELEMÁTICO. LEI DE N°
12.965/2014 (LEI DO MARCO CIVIL DA INTERNET). POSSIBILIDADE DE ACESSO AOS
DADOS TELEMÁTICOS SEM A NECESSIDADE DE LIMITE TEMPORAL PARA FINS DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA.
I - A prisão preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, pode
ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que presentes
provas do crime e indícios suficientes de autoria e de perigo gerado pelo imputado posto
em liberdade.
II - A custódia cautelar está adequadamente motivada na garantia da ordem pública, dados
os indícios contundentes de que o paciente efetuara contratação de homicídio mediante
diálogos e pagamentos documentados nos autos que motivaram a medida.
III - O fato de o paciente gozar de condições pessoais favoráveis, por si só, não impede a
decretação de sua prisão preventiva, de acordo com entendimento do Superior Tribunal de
Justiça.
IV – O acesso ao conteúdo de comunicações privadas armazenadas em aparelhos
eletrônicos mediante ordem judicial, devidamente fundamentada, atende os requisitos
legais e constitucionais.
V – O artigo 22, III, da Lei de n° 12.965/2014 (Lei do Marco Civil da Internet) determina que
a requisição judicial de registro deve especificar o período ao qual se refere, embora esse
quesito só se imponha necessário para o fluxo de comunicações e é inaplicável aos casos
de dados já armazenados a serem obtidos para fins de investigação criminal.
VI - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000476-81.2019.8.10.0078


APELANTE: JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO
TRIPLAMENTE QUALIFICADO. FEMINICÍDIO. PRELIMINAR DE NULIDADE.
DEFESA GENÉRICA. VIOLAÇÃO DA INCOMUNICABILIDADE DOS JURADOS. NÃO
ACOLHIMENTO. JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA.
DOSIMETRIA. CONCURSO DE AGRAVANTE MOTIVO FÚTIL E ATENUANTE CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. AMBAS PREPONDERANTES. COMPENSAÇÃO. PREPONDERÂNCIA
DA ATENUANTE DA SENILIDADE SOBRE A AGRAVANTE DO USO DE RECURSO QUE
DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. PENAATENUADA. PEDIDO DE REGIME DOMICILIAR.

302 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IMPROCEDÊNCIA. APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.
1. “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu” (Enunciado 523, das Súmulas do
Supremo Tribunal Federal).
2. Não se evidencia prejuízos a justificar a nulidade da sentença sob o argumento de defesa
genérica, uma vez que o apelante foi assistido durante todo o feito por profissional habilitado
que atuou diligentemente nas fases judiciais, apresentando defesa preliminar (ID 17496792,
p. 74/75) e alegações finais (ID 17496792, p.113/115), amparado em conhecimentos
técnicos e à luz da estratégia de defesa pertinente ao caso.
3. Em relação à quebra da incomunicabilidade dos jurados, suposta nulidade não foi
levantada na sessão plenária. Ademais, o Oficial de Justiça certificou que esta foi obedecida
(ID 17496870, p. 9), bem como não há comprovação de que efetivamente houve a quebra
dessa incomunicabilidade, de modo que inexiste qualquer irregularidade que enseje a
nulidade do julgamento.
4. A Constituição Federal vigente, em seu artigo 5º, XXXVIII, alínea “c”, confere ao Tribunal
do Júri Popular a soberania dos seus veredictos, sendo, portanto, a anulação dos seus
julgamentos medida excepcional.
5. Não há que se falar em decisão manifestamente contrária à prova dos autos se os
jurados, diante de duas teses que sobressaem do conjunto probatório, optam por uma delas,
exercitando, assim, a sua soberania, nos termos do Art. 5º, XXXVIII, c, da Constituição da
República.
6. No concurso entre a agravante por motivo fútil com a atenuante da confissão espontânea,
ambas preponderantes, correta a compensação.
7. A atenuante da senilidade (maior de 70 anos na data da sentença) prepondera sobre a
agravante do emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, a qual ostenta natureza
objetiva, ligada ao meio de execução do crime, aplicando-se a fração de 1/12 (um doze
avos).
8. Excepcionalmente, pode-se substituir o regime fechado de cumprimento de pena pelo
benefício da prisão domiciliar, quando demonstrado que o recluso tem idade superior a
oitenta anos, portador de doença grave e a impossibilidade de se prestar a devida assistência
médica no estabelecimento penal em que se encontra recolhido, o que não é o caso dos
autos. Precedentes.
9. Apelação conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000235-18.2018.8.10.0022


APELANTE: JACLEUSON FEITOSA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A VIDA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 303


QUALIFICADO (ART. 121 ,§ 2º, INCISO I e IV , C/C ART. 14, II, PARÁGRAFO ÚNICO,
AMBOS DO CÓDIGO PENAL). TRIBUNAL DO JÚRI. DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS
COESOS E FIRMES EM COMPASSO COM AS DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS.
AUSÊNCIA DE ERRO IN IUDICANDO. CONFISSÃO VISANDO A DESCLASSIFICAÇÃO
DO CRIME. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. É pacífico na jurisprudência que a decisão manifestamente contrária à prova dos autos
é aquela que não encontra amparo nas provas produzidas, destoando de modo claro e
inquestionável do acervo probatório. Precedentes do STJ.
2. O Conselho de Sentença é livre para optar por quaisquer das teses apresentadas em
julgamento, inclusive para analisar a prova da forma que melhor lhe aprouver, podendo,
de acordo com conjunto probatório apresentado, reconhecer ou deixar de reconhecer
determinada qualificadora.
3. In casu, o apelante, após ter se evadido do local do crime por duas vezes, retornou em
um terceiro momento para, de madrugada e portando arma de fogo, surpreender a vítima,
efetuando disparo em sua direção e atingindo-a no peito e no braço esquerdo, de modo a
atrair a incidência da qualificadora prevista no art. 121, §2º, IV, do CP.
4. Inexiste erro in iudicando no não reconhecimento da circunstância atenuante de confissão
espontânea quando as declarações do agente recaem sobre o intento de lesionar (animus
laedendi) e os jurados concluem pelo intento de matar (animus necandi).
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000481-16.2019.8.10.0107


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: FIDEL CLÁUDIO ALVES MORAIS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. APELAÇÃO CRIMINAL.
HOMICÍDIO NA FORMA TENTADA. NEGATIVA DE AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. SOBERANIA
DOS VEREDITOS. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.
CONSTATAÇÃO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO CONHECIDO E
PROVIDO.
I. Os vereditos do Tribunal do Júri Popular são soberanos, de acordo com a previsão
constitucional contida no art. 5º, XXXVIII, “c”, de modo que a cassação dos seus julgamentos
devem ser tratadas como excepcionalidade.
II. A cassação de julgamentos do Tribunal do Júri se justifica quando a decisão afronta
de maneira clara e manifesta a prova dos autos, ou seja, quando se apresenta em
absoluto descompasso com a realidade, destoando de todo o acervo probatório produzido.
Precedentes do STJ nesse sentido.
III. A decisão de absolvição do acusado dada pelo Conselho de Sentença está em desalinho
com o acervo probatório constante nos autos, o que torna forçosa a sua anulação.
IV. Apelo conhecido e provido.

304 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AGRAVO REGIMENTAL CRIMINAL NO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO
PROCESSO N° 0000089-39.2011.8.10.0113
RECORRENTE: FABIANO EVANGELISTA DE JESUS
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
LEGÍTIMA DEFESA NÃO EVIDENCIADA DE PLANO. DECOTE DA QUALIFICADORA DO
MOTIVO FÚTIL. EMISSÃO DE JUÍZO DE VALOR QUE COMPETE AO TRIBUNAL DO
JÚRI.
I – A absolvição sumária em razão da excludente de ilicitude da legítima defesa somente
é possível quando houver prova inequívoca da sua ocorrência, o que não se verifica nos
elementos destes autos.
II – Se admite a exclusão de qualificadoras, apenas, quando manifestamente elas
improcedentes ou descabidas. Assim, a ocorrência de discussão anterior entre o autor e a
vítima, em razão de insultos e ofensas, por si só, não é o suficiente para retirar do Tribunal
do Júri a competência decisória para valorar e qualificar o motivo do crime como fútil, ou
não.
III – Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002803-26.2013.8.10.0040


APELANTE: WELISON PEREIRA LIMA CAMPOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. PENA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DOSIMETRIA DA
PENA. PENA-BASE. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO. FILHOS ÓRFÃOS. MOTIVAÇÃO
CONCRETA. CONSIDERAÇÃO DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA NA 2ª FASE DA
DOSIMETRIA. TESE FIRMADA PELO STJ.
I - Considera-se motivação idônea para o desfavorecimento das consequências do delito de
homicídio, o fato de a vítima deixar dependentes desguarnecidos, desdobramento que não
é ínsito ao tipo penal (HC 375.050/RS, Rel. Min. Felix Fischer);
II - Em face da tese firmada recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça, entende-
se pela valoração da atenuante da confissão espontânea na segunda fase da dosimetria,
redimensionando, assim, a pena definitiva;
III – Apelação conhecida e provida em parte para, reconhecida e valorada a atenuante da
confissão na segunda fase da dosimetria, fixar a pena definitiva em 13 (treze) anos e 9
(nove) meses de reclusão.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000430-82.2018.8.10.0125

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 305


APELANTE: LAURO PEREIRA SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO E
TENTATIVA DE HOMICÍDIO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS
AUTOS. INEXISTÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
I- Em face da soberania consagrada pela Constituição Federal, a decisão proferida pelo
Tribunal do Júri Popular somente será anulada quando manifestamente contrária à prova
dos autos, assim entendida, como aquela completamente divorciada da realidade apurada
na instrução criminal.
II - Não se enquadra entre aquelas que autorizam a anulação, a decisão proferida pelo Júri
Popular que acolheu a tese da defesa de negativa de autoria em decorrência da ausência
de provas que apontassem, com precisão, o responsável pela prática do homicídio.
III - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000324-27.2004.8.10.0056


APELANTE: ADERSON MERENSE
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. HOMICÍDIO SIMPLES (ART. 121,
CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). IRRESIGNAÇÃO DA DEFESA QUANTO À DOSIMETRIA.
EMPREGO DE FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA PARA EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE.
MOTIVO. AUSÊNCIA DE MOTIVO. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. PERDA DE ENTE
FAMILIAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. FATO INERENTE AO TIPO
PENAL. RECURSO PROVIDO.
I – A simples ausência de motivos para o cometimento do delito não constitui fundamento
idôneo para o incremento da pena-base ante a consideração desfavorável da circunstância
judicial, que exige indicação concreta da motivação para a prática delituosa.
II – O fato da família da vítima ter perdido um ente não é consequência que justifica, por si
só, a exasperação da pena-base, uma vez que este fator encontra-se inerente ao próprio
tipo penal do crime de homicídio.
III – Apelação provida para, excluídas as circunstâncias judiciais valoradas negativamente
da pena-base, fixar a pena definitiva em 8 (oito) anos de reclusão.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800783-56.2022.8.10.0026


APELANTE: LUÍS PEREIRA DA SILVA NETO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

306 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. TESE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PRINCÍPIO IN DUBIO
PRO SOCIETATE. NÃO ACOLHIMENTO. IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. IMPERTINÊNCIA. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS.
IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. O princípio do in dubio pro societate, insculpido no art. 413 do Código de Processo Penal,
que norteia a decisão de pronúncia, não confronta o postulado da presunção de inocência,
tratando-se de um mecanismo que objetiva assegurar a competência constitucional do
Tribunal do Júri.
II. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
III. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTÔNIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da acusação. Recurso desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004827-18.2011.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: LAILSON CLAUDIVER SALES SARAIVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A VIDA. LATROCÍNIO. ABSOLVIÇÃO.
PROVA DA ACUSAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE NOS DEPOIMENTOS DE
TESTEMUNHA QUE SEQUER PRESENCIOU OS FATOS. APELO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. A responsabilidade, na seara penal, demanda juízo de certeza, não se contentando o
édito condenatório com mero juízo de probabilidade, de modo que, em havendo dúvida
sobre determinado fato, deve prevalecer o princípio universal do in dubio pro reo, pelo qual
a ausência da convicção deve sempre favorecer o acusado.
2. Caso em que o pleito recursal é fundamentado na premissa de que o apelado não fora
capaz de demonstrar a inocorrência dos fatos que alegara no momento da audiência de
instrução e julgamento, pretendendo-se, assim, a inversão do ônus probatório inerente à
lógica processual penal.
3. A existência de apenas um depoimento testemunhal isolado tendente à atribuição da
autoria do apelado não pode servir de supedâneo à condenação deste, mormente quando

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 307


a única testemunha a depor sequer presenciou os fatos, se limitando a reproduzir aquilo
que terceiros lhe contaram.
4. Apelo conhecido e desprovido.

8. RECEPTAÇÃO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001218-38.2015.8.10.0049


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: DENYO DE JESUS ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE RECEPTAÇÃO E ADULTERAÇÃO DE
SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ABSOLVIÇÃO QUANTO AO DELITO
TIPIFICADO NO ART. 311, DO CP. PLEITO CONDENATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO.
DÚVIDAS ACERCA DA AUTORIA DELITIVA. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA DA PENA
IMPOSTA PELO DELITO DO ART. 180, CP. INAPLICABILIDADE.
I. Correta a absolvição promovida no juízo singular quanto à prática do crime de adulteração
de sinal identificador de veículo automotor, eis que ausentes elementos de prova robustos
para atestar que o apelado foi o autor da troca de placas do automóvel encontrado em sua
posse.
II. O juízo condenatório, por repercutir na esfera de liberdade do indivíduo, somente tem
lugar com base em elementos concludentes e inequívocos, razão pela qual, à margem
desses requisitos, incide o princípio in dubio pro reo, perdurando a absolvição decretada na
instância singular.
III. A prescrição antecipada ou em perspectiva resulta inaplicável pela falta de previsão
legal, sendo inviabilizada, outrossim, pelo manejo de recurso pela acusação, o que impediu
que a sentença fosse acobertada pelo manto da coisa julgada e inviabilizou a regulagem do
prazo prescricional pela pena aplicada.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812774-10.2022.8.10.0000


PACIENTE: CLEBERSON RODRIGUES DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE PARNARAMA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO. PRISÃO
PREVENTIVA. REQUISITOS PREENCHIDOS. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA.
CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS QUE NÃO CONSTITUEM ÓBICE À
DECRETAÇÃO DA PRISÃO. SUBSTITUIÇÃO POR PRISÃO DOMICILIAR. INVIABILIDADE.
AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA.
DENEGAÇÃO DA ORDEM.
308 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
I - Não há que se falar em violação ao dever de fundamentação das decisões judiciais,
insculpido no Art. 93, IX, da CF, já que a motivação sucinta não se confunde com falta de
fundamentação, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça.
II - A simples existência de circunstâncias pessoais favoráveis do paciente, como
primariedade, emprego certo e residência fixa, por si só, não enseja a revogação da custódia
cautelar, especialmente quando os elementos de prova constantes dos autos indicam a
necessidade da prisão, como ocorre no caso em tela, conforme entendimento consolidado
do STJ.
III - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
IV - Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000611-02.2017.8.10.0034


APELANTE: DAVID SOUSA DE OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RECEPTAÇÃO. USO DE DOCUMENTO
FALSO. TESE DE ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE ELEMENTOS E INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PENA RESTRITIVA
DE DIREITOS. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. SUBSTITUIÇÃO POR PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS À COMUNIDADE. DESCABIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.
I- No crime de receptação, é ônus do imputado comprovar a origem lícita do produto ou
que sua conduta ocorreu de forma culposa, obrigação que não implica inversão do ônus da
prova, ofensa ao
princípio da presunção de inocência ou negativa do direito ao silêncio, mas decorre da
aplicação do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal. Precedentes do STJ.
II – Indicados os elementos de prova que consubstanciam a compreensão de que o acusado
tinha ciência da origem ilícita da coisa que adquiriu em proveito próprio ou alheio, está
caracterizado o crime de receptação própria, tipificado na primeira parte do caput do art.
180 do CP.
III – Sendo evidente a falsificação do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo,
com informações claramente divergentes às do veículo adquirido, não se vislumbra caso
de erro de tipo a sustentar a absolvição da acusação pela prática do crime previsto no art.
304 do Código Penal.
IV - Demonstrada a materialidade e a autoria do crime de uso de documento falso,
corroborada pela prova pericial e por depoimentos das testemunhas do uso do documento,
a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
V – Sendo compatível e razoável a conversão da pena privativa de liberdade em pena

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 309


restritiva de direitos, na modalidade de prestação pecuniária cominada no valor mínimo,
competirá ao Juízo da Execução Penal examinar a situação financeira do apenado e
estipular as condições e meios alternativos para a realização do pagamento. Inteligência
do art. 45, § 1º, do Código Penal.
VI - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0013163-30.2019.8.10.0001


APELANTE: THIAGO DA SILVA DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: FRANCISCO TEOMÁRIO SEREJO SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO
CRIMINAL. RECEPTAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
CONDENAÇÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. A receptação e o porte ilegal de arma de fogo são crimes de natureza autônoma, com
objetividade jurídica e momentos consumativos distintos.
2. No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do agente, caberia
à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem, nos termos do disposto no art.
156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova;
3.O conjunto probatório revela a autoria e materialidade do delito de receptação, sendo
imperativo a manutenção da condenação;
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015283-31.2016.8.10.0040


APELANTE: JAIME DOS SANTOS E SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RECEPTAÇÃO
QUALIFICADA. ALEGAÇÕES ACERCA DA PROVA DOS FATOS E DA PENA APLICADA.
INOCORRÊNCIA DE QUALQUER MÁCULA NA SENTENÇA VERGASTADA. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. “Da leitura do art. 180, § 1º, do CP, extrai-se que a elementar [do crime de receptação
qualificada] consiste na prática de uma das ações do núcleo do tipo (adquirir, receber,
transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor
à venda, ou de qualquer forma utilizar), em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. Para que se
configure a modalidade qualificada há a exigência legal de que a prática de um dos verbos
nucleares ocorra no exercício de atividade comercial ou industrial” (STJ. HC 441393/MG –

310 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


18/8/2020).
2. Hipótese em que os elementos da prova coligidos nos autos, inclusive as declarações do
apelante em sede policial e os depoimentos das testemunhas arroladas, permitem constatar
a prática de tais condutas, configurando-se a receptação qualificada dolosa, pelo que a
condenação formalizada por meio da sentença vergastada deve permanecer incólume.
3. A alegação de que o processo de dosimetria da pena foi realizado de forma incorreta
na primeira e segunda fases do processo dosimétrico, além de estar equivocada, não se
mostra como pretensão útil, uma vez que, em ambas as etapas, a sanção fora aplicada em
seu mínimo legal.
4. Apelo conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000750-06.2017.8.10.0049
APELANTE: IVALDO SOUZA LIMA NETO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RECEPTAÇÃO.
AUSÊNCIA DE PROVA A RESPEITO DA POSSE DA RES FURTIVA. INOCORRÊNCIA.
ARCABOUÇO PROBATÓRIO FIRME E COERENTE A APONTAR A AUTORIA DO DELITO
ATRIBUÍDO AO APELANTE. BEM APREENDIDO NA POSSE DO AGENTE. ÔNUS DA
DEFESA DE APRESENTAR PROVA DA ORIGEM LÍCITA DO BEM OU DA CONDUTA
CULPOSA DO AGENTE. ART. 156 DO CPP. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em fragilidade do arcabouço probatório quando os elementos de
prova produzidos nos autos (i.e.: confissão em sede judicial e depoimentos das autoridades
policiais) são firmes e coerentes a apontar a autoria, por parte do apelante, do crime de
receptação (art. 180, caput, do Código Penal).
2. O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento consolidado no sentido de que,
no crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado, caberá
à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos
termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em
inversão do ônus da prova (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 331.384/SC, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 22/08/2017).
3. Hipótese em que o apelante confessou ter sido confiado à sua guarda carro de
conhecida proveniência ilícita (decorrente de roubo recém-praticado), inclusive apontando
às autoridades policiais onde a chave do veículo se encontrava, de sorte a denotar a sua
posse sobre o veículo, demonstrando inequívoco e específico dolo de receptação, sendo
irrelevante o fato de a chave não se encontrar em sua residência ou de não saber dirigir o
carro.
4. Apelo conhecido e desprovido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 311


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0009878-34.2016.8.10.0001
APELANTE: DANIEL LOPES RABELO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. CARÁTER SUBSTITUTIVO DO ADITAMENTO
À DENÚNCIA. NECESSIDADE DE CORRELAÇÃO ENTRE A SENTENÇA E OS
FATOS OBJETO DA IMPUTAÇÃO NA PEÇA DE ADITAMENTO. INOBSERVÂNCIA
DO PROCEDIMENTO DA MUTATIO LIBELLI. APELAÇÃO EXCLUSIVA DA DEFESA.
NULIDADE DA SENTENÇA. PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS. ABSOLVIÇÃO
DO RÉU PELA RECEPTAÇÃO. APLICAÇÃO DE ATENUANTE NA SEGUNDA FASE DA
DOSIMETRIA. IMPOSSIBILIDADE DE CONDUZIR A PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL.
SÚMULA 231/STJ.
I – Aditada a denúncia por força do instituto da mutatio libelli, prevalecem os novos fatos
imputados ao réu em substituição aos anteriormente descritos. Doutrina.
II – Imputado crime de roubo ao réu, à luz dos fatos descritos no aditamento à denúncia, não
pode ele ser condenado pelo crime de receptação com base em fatos novos obtidos após
a instrução processual, sob pena de violação ao princípio da correlação e ao procedimento
da mutatio libelli.
III – No julgamento de apelação interposta pela defesa, constatada a ofensa ao princípio
da correlação, não cabe reconhecer a nulidade da sentença e devolver o processo ao
Primeiro Grau para que, então, se observe o art. 384 do Código de Processo Penal, vez que
implicaria prejuízo ao réu (princípio da non reformatio in pejus).
IV – A incidência de atenuante, na segunda fase da dosimetria, não pode conduzir a pena
para patamar abaixo do mínimo legal. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
V – Apelação conhecida e parcialmente provida para absolver o réu pelo crime de receptação.

9. CRIMES DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000675-98.2014.8.10.0104


APELANTE: EDIMAR DIAS DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE TRÂNSITO EM CONCURSO FORMAL.
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE, OMISSÃO DE SOCORRO E EVASÃO DO LOCAL DO
ACIDENTE. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO ROBUSTO.
SANÇÃO CORPÓREA SUBSTITUÍDA POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS.
ATENDIMENTO À PROPORCIONALIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO DA REPRIMENDA.
I. Evidenciada a materialidade e autoria do acusado nos crimes previstos nos arts. 304,
312 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
305 e 306 do CTB, enlaçados em concurso formal, a improcedência do pleito absolutório é
manifesta, sendo certo que elementos variados de prova podem ser utilizados para atestar
a embriaguez e a alteração da capacidade psicomotora do motorista. Precedentes do STJ.
II. Reconhecida, em sede de repercussão geral (Tema 907 do STF), que o delito do art. 305
da Lei nº 9.503/97 é constitucional por não infirmar o princípio da não incriminação, deve
ser mantida a condenação a esse título, porquanto comprovado à saciedade que o apelante
se afastou do local do acidente para fugir à responsabilidade penal cominada.
III. Correta a fixação da pena mantida em seus patamares mínimos nas três etapas do
cálculo (seis meses para cada delito), sendo coerente, outrossim, a aplicação de uma única
reprimenda com incremento de 1/6 a título de concurso formal (art. 70, CP) e a substituição
da sanção corpórea por duas restritivas de direitos.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000148-90.2008.8.10.0126


APELANTE: MANOEL MARQUES GOMES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TRÂNSITO. HOMICÍDIO CULPOSO
AO VOLANTE. SENTENÇA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. AUSÊNCIA DE
CERCEAMENTO DE DEFESA. SANÇÃO CORPÓREA SUBSTITUÍDA POR DUAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE
REDUÇÃO. INDENIZAÇÃO DO ART. 387, IV, DO CPP. AFASTAMENTO, À MÍNGUA DE
PEDIDO NA DENÚNCIA.
I. Inexiste nulidade por cerceamento de defesa quando as razões do apelante foram
enfrentadas e devidamente rechaçadas em seu conjunto, possuindo o comando sentencial
o devido lastro probatório concernente à materialidade e autoria delitivas.
II. Correta a suspensão da CNH do condutor de caminhão que trafegava de modo perigoso
na rodovia, viabilizando a ocorrência do acidente do qual resultou a morte da vítima colhida
no acostamento.
III. Substituída a sanção corpórea por duas restritivas de direitos, a prestação pecuniária
fixada em cinco salários mínimos se compatibiliza com a situação do apelante, que possui
profissão definida, é patrocinado por defensor constituído e possui filhas maiores de idade,
o que infirma a alegação de hipossuficiência.
IV. A indenização prevista no art. 387, IV do CPP, além de pedido expresso na denúncia,
pressupõe a indicação de valor e prova suficiente a sustentá-lo, possibilitando ao réu o
direito de defesa, sendo que, na ausência desses requisitos, o afastamento de sua aplicação
é medida imperativa.
V. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 313


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000565-74.2010.8.10.0093
APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: ALDO VIEIRA DOS SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TRÂNSITO.
HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. CONDENAÇÃO
FUNDAMENTADA EM LAUDO PERICIAL. SISTEMA DA LIVRE PERSUASÃO RACIONAL
DO JUIZ. DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA DA
PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. HONORÁRIOS DO DEFENSOR
DATIVO NOMEADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I- É livre o juiz para apreciar as provas válidas contidas nos autos, de modo a tornar-se
hígida a condenação embasada em prova pericial, sob o crivo do contraditório.
II – É de rigor o redimensionamento da pena-base quando o juízo a quo, ao valorar em
desfavor do réu as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP, utiliza fundamentação
inidônea ou ínsita ao próprio tipo penal.
III - Segundo os marcos interruptivos previstos no art. 117 do Código Penal, prescreve a
pretensão punitiva do Estado se entre a data do recebimento da denúncia e a da publicação
da sentença houver transcorrido período superior a 04 (quatro) anos e a pena privativa de
liberdade não exceder a 02 (dois) anos. Inteligência do art. 109, V, do Código Penal.
IV - A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação, a teor do art. 110 do Código Penal. Súmula 146 – STF.
V - A fixação dos honorários advocatícios do defensor dativo nomeado para interposição de
recurso deve guardar observância ao valor definido na Tabela de Honorários da Ordem dos
Advogados do Brasil.
VI - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002349-35.2017.8.10.0063


APELANTE: WIRASMAR ALVES DE MOURA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. PENALE PROCESSUALPENAL. CRIMES DE TRÂNSITO.
TIPOS PENAIS DOS ARTS. 303, § 1º E 306 DO CTB. ABSOLVIÇÃO EM RELAÇÃO
AO CRIME DO ART. 303 DO CTB. IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. AJUSTES NA DOSAGEM DA PENA. FIXAÇÃO DA
PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS VALORADAS NEGATIVAMENTE. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE RELATIVA À
CONFISSÃO ESPONTÂNEA. FIXAÇÃO DA PENA INTERMEDIÁRIA ABAIXO DO MÍNIMO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. PLENA APLICABILIDADE DA SÚMULA 231 DO STJ.

314 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


1. A autoria e materialidade do crime do art. 33, § 1º do CTB encontram-se sobejamente
comprovadas através dos depoimentos testemunhais e demais provas documentais
constantes nos autos, dando-se destaque ao exame de constatação de embriaguez do
apelante, sendo impossível, portanto, sua absolvição.
2. Não tendo sido valoradas negativamente durante o processo de dosagem da pena
nenhuma das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, justo que a pena-base seja fixada
no patamar mínimo legal.
3. Nos termos da jurisprudência já consolidada no âmbito dos tribunais superiores, inviável
a fixação da pena intermediária abaixo do mínimo legal, em decorrência do que dispõe a
Súmula 231 do STJ.
4. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000630-60.2019.8.10.0091
APELANTE: ALERRANDRO PEREIRA DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE
TRÂNSITO. TIPO PENAL DO ART. 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
ABSOLVIÇÃO POR FRAGILIDADE DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE
E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. DESNECESSIDADE DE UTILIZAÇÃO DO
BAFÔMETRO. ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA COMPROVADA PELOS
DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS E TERMO DE CONSTATAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PELA RESTRITIVA DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE.
APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A autoria e materialidade do crime do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro encontram-
se sobejamente comprovadas através dos depoimentos testemunhais e demais provas
documentais constantes nos autos, sendo impossível, portanto, sua absolvição.
2. Conquanto o apelante questione a acusação que recai sobre ele, por entender não
provada a ingestão de bebida alcoólica, o crime ocorreu em 13/07/2019, data posterior
a mudança na legislação ocorrida no ano de 2014 (art. 306, §2º do Código de Trânsito
Brasileiro, em redação dada pela Lei n. 12.971/2014), que permitiu que a embriaguez ao
volante fosse comprovada por meio diverso do teste do bafômetro.
3. O apelante não preenche os requisitos legais do art. 44, I, do Código Penal, em razão
da agressividade demonstrada durante a abordagem policial, pelo que nego a substituição
da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, em consonância ao que foi
decidido pelo juízo a quo.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0006071-59.2011.8.10.0040


APELANTE: WANDERSON PEREIRA DE SOUSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 315


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CONDUZIR VEÍCULO SOB EFEITO DE ÁLCOOL.
NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSOAL (ART. 226, CPP). IMPOSSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO EFETUADO PELAS TESTEMUNHAS NO MOMENTO DO
FLAGRANTE. MERA IRREGULARIDADE SUPRIDA POR OUTROS ELEMENTOS DE
PROVA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. NÃO OCORRÊNCIA.
I. Inexiste violação ao procedimento previsto no art. 226 do CPP quando a autoria delitiva
é embasada na prisão em flagrante e nas demais provas testemunhais produzidas em
juízo, sendo válido o reconhecimento feito pelas testemunhas por ocasião da flagrância.
Precedentes.
II. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime de conduzir veículo sob efeito de
álcool, a improcedência do pleito absolutório é manifesta, não pairando dúvida sobre a
atuação do recorrente na dinâmica dos fatos.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

10. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL (PROGRESSÃO DE REGIME, SAÍDA


TEMPORÁRIA, LIVRAMENTO CONDICIONAL...)

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815045-26.2021.8.10.0000


RECORRENTE: SIDNEY WARLLEY MELONIO RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. CÁLCULO DE
BENEFÍCIOS EXECUTÓRIOS. EFEITOS DA REINCIDÊNCIA. INCIDÊNCIA SOBRE A
TOTALIDADE DAS REPRIMENDAS. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À INDIVIDUALIZAÇÃO
DAS PENAS, AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA
MATERIAL. PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Reconhecida, em desfavor do réu, a condição de reincidente, tal circunstância se
estende à totalidade das penas unificadas, não se justificando a consideração isolada de
cada condenação e tampouco a aplicação de percentuais diferentes para cada uma das
reprimendas (AgRg no HC 506.275/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma,
julgado em 04.02.2020, DJe 12/02/2020).
II. A condição de reincidente do reeducando afeta a execução de modo global, sem qualquer
ofensa à individualização das penas, à legalidade ou à violação da coisa julgada material,
mormente em razão da atribuição do juízo da execução de considerar a situação pessoal
do réu, no momento da unificação da pena, e avaliar os reflexos nos benefícios executórios.
III. Agravo em execução penal conhecido e improvido.

316 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811312-18.2022.8.10.0000
RECORRENTE: MAURÍCIO DE SOUSA BELFORT
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. CRIME
EQUIPARADO A HEDIONDO. L. REVOGAÇÃO DO § 2º, ART. 2º, DA LEI 8.072/90.
ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI 11.964/19 (PACOTE ANTICRIME). MANUTENÇÃO
DA HEDIONDEZ DA NARCOTRAFICÂNCIA. PRECEDENTES DO STJ. RATIFICAÇÃO DO
DECISUM. RECURSO IMPROVIDO.
I. A equiparação do tráfico de drogas aos crimes hediondos decorre da previsão constitucional
contida no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal de 1988, que estabeleceu tratamento mais
gravoso aos delitos dessa natureza.
II. A revogação do § 2º do art. 2º da Lei 8.072/1990, pela Lei 13.964/2019, não descaracterizou
a natureza hedionda do crime de tráfico de drogas (Entendimento do STJ), de sorte que não
se há falar, sob essa justificativa, em modificação dos percentuais de progressão do regime
aos sentenciados pelo crime constante do art. 33, caput, e § 1º, da Lei 11.343/06.
III. Agravo em execução penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813750-17.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: ANTÔNIO FELIPE SANTOS GONÇALVES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE SAÍDA TEMPORÁRIA.
DISPENSA DA PENA DE MULTA. PLAUSIBILIDADE. DESCUMPRIMENTO DE FRAÇÃO
MÍNIMA DO LAPSO TEMPORAL. EXIGÊNCIA LEGAL. PROVIMENTO.
I - É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF.
II – A concessão da saída temporária exige o cumprimento cumulativo dos requisitos previstos
no art. 123, da LEP, dentre eles o lapso temporal mínimo – 1/6 (um sexto) do cumprimento
da pena. Descumprido este requisito, há de ser reformada a decisão concessiva da referida
benesse.
III – Agravo em execução provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811735-75.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: JOÃO FILHO SENA DE SOUZA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 317


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
OBSERVÂNCIA DA SÚMULA Nº 533 DO STJ. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO EM
EXECUÇÃO DESPROVIDO.
I. Inviável o acolhimento da tese de nulidade, por ausência de fundamentação, porquanto,
da decisão objetada, é possível extrair as razões para a manutenção da sanção disciplinar
aplicada ao recorrente.
II. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no curso da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo, assegurado o direito de
defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado (Súmula nº
533 do STJ).
III. Constatado que o reeducando do sistema prisional praticou as infrações constantes
do art. 29, I e VIII do Decreto 34.006/2018, escorreita a determinação de suspensão dos
benefícios de qualquer natureza ao apenado.
IV. Agravo em execução conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812027-60.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: JACLEUSON FEITOSA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. ART. 111 DA LEP. UNIFICAÇÃO DE PENAS. RECLUSÃO
E DETENÇÃO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO LEGAL. PRECEDENTES. MANUTENÇÃO.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. O art. 111 da Lei de Execuções Penais dispõe que, quando há mais de uma condenação,
a determinação do regime será feita pelo resultado da unificação das penas, ou seja, o
regime deve ser analisado conforme o somatório de todas as penas.
2. A unificação das penas privativas de liberdade, operada pelo Juízo da Execução, referente
a condenações por mais de um crime, mesmo que de modalidades diferentes (detenção
e reclusão), determina o regime de cumprimento da pena, não havendo óbice de que o
regime seja, inclusive, mais gravoso do que o fixado na condenação.
3. Recurso conhecido e não provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812459-79.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

318 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AGRAVADO: JORGE NUNES DO NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. EXECUÇÃO PENAL. REGIME INICIAL
SEMIABERTO. SAÍDA TEMPORÁRIA. ART. 123, II, DA LEP. CUMPRIMENTO DE FRAÇÃO
MÍNIMA. UM SEXTO DA PENA. EXIGÊNCIA LEGAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
1. O agravante insurge-se contra decisão proferida pelo Juízo da Vara de Execuções
Penais da Comarca de Imperatriz/MA que concedeu o benefício de saída temporária ao
reeducando.
2. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o
condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício
com os objetivos da pena.
3. O fato de o paciente ter iniciado o cumprimento da pena no regime semiaberto não
dispensa o atendimento do requisito legal, qual seja o cumprimento mínimo de 1/6 da pena.
4.Detrai-se ainda do referido documento que, o reeducando havia cumprido 8 (oito) meses
e 23(vinte e três) dias da pena, de modo que a fração mínima de um sexto de sua pena
total, corresponde a 11(onze) meses.
4. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812039-74.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: ROMÁRIO ELÓI DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE SAÍDA TEMPORÁRIA.
REQUERIMENTO FORMULADO POR DEFENSOR PÚBLICO NA EXISTÊNCIA DE
ADVOGADO CONSTITUÍDO. DEFERIMENTO DA BENESSE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO
AO APENADO. NULIDADE INEXISTENTE. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA.
I. O requerimento de saída temporária formulado pela Defensoria Pública, mesmo na
existência de patrono constituído, não configura nulidade por ilegitimidade se ausente
qualquer prejuízo ao reeducando (pas de nullité sans grief). Inteligência do art. 563 do CPP.
II. A decisão que aprecia o requerimento submetido ao juízo singular e concede a benesse
mediante os dados carcerários do apenado, possui, por óbvio, a devida fundamentação,
inexistindo mácula ao art. 93, IX, da CF/88, e ao art. 489, III e IV, do CPC, mesmo para fins
de prequestionamento.
III. A saída temporária é um instrumento de política penitenciária voltado a desenvolver o
senso de responsabilidade do condenado, razão pela qual a sua concessão não deve ser
mitigada por debates periféricos, máxime diante do alcance dos pressupostos à obtenção
do benefício pelo agravado.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 319


IV. Agravo em execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813735-48.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MICHAEL FRANKLIN VIEIRA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO REJEITADO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816532-94.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
AGRAVADO: JARDEILTON MACEDO FERREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA CUMULATIVA À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PARCELAMENTO DEFERIDO. FALTA DO PAGAMENTO DE QUANTIA MÍNIMA PARA
PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO. AFASTAMENTO PARA ADMITIR A
PROGRESSÃO. RECURSO DESPROVIDO.
I - Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é o inadimplemento deliberado
da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado que impede a progressão no
regime prisional.
II – Sendo preenchido o requisito subjetivo e cumprido ao menos um sexto da pena privativa
de liberdade, a falta do adimplemento de quantia mínima para atingir um sexto da pena de
multa cumulativa, com pagamento parcelado pelo Juízo das Execuções, não pode, por si
só, ser um obstáculo para a progressão de regime.
III. Agravo conhecido e desprovido, mantendo-se, em consequência, inalterada a decisão
agravada.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817674-36.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: FERNANDO SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
320 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO
PARA O REGIME ABERTO. REQUISITOS. ARTIGO 114, DA LEP. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE TRABALHO. FLEXIBILIZAÇÃO. CONSONÂNCIA COM A REALIDADE
SOCIAL. PRECEDENTES STJ. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO.
1. Para progressão ao regime ao aberto é necessária, ainda, a observância do disposto
no artigo 114 da LEP, ou seja, a demonstração de que o apenado esteja trabalhando ou
comprove a possibilidade de fazê-lo imediatamente
2. No entanto, diante da realidade brasileira em que faltam empregos, o STJ relativizou o
requisito do inciso I, do artigo 114 da Lei de Execução Penal, permitindo a progressão ao
regime aberto com a estipulação de prazo razoável para a comprovação de labor lícito. (TJ-
RS - EP: 70084324532 RS, Relator: Gisele Anne Vieira de Azambuja, Data de Julgamento:
31/07/2020, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: 06/08/2020)
3. a regra do artigo 114, inciso I, da Lei de Execução Penal (LEP) deve ser interpretada em
consonância com a realidade social, para não tornar inviável a finalidade de ressocialização
almejada na execução penal.
3. Na espécie dos autos, o agravante apresentou carta de emprego para trabalhar como
auxiliar de carpintaria, conforme ID. 19718470, p. 67, demonstrando estar inserido no
mercado de trabalho informal.
4. Agravo conhecido e provido.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816357-03.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: ISAAC VIEIRA MARTINS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
PROGRESSÃO DE REGIME. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. PAGAMENTO
DA PENA DE MULTA. NÃO EXIGÊNCIA. AGRAVANTE ASSISTIDO PELA DEFENSORIA
PUBLICA. PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que para a obtenção da progressão de regime o condenado precisar cumprir dois
requisitos: o objetivo, consistente no cumprimento de parte da pena imposta, e o subjetivo,
demonstrando ter comportamento carcerário satisfatório (artigo 112 da LEP).
2. O não pagamento da multa penal não obsta a progressão de regime, vez que resta
demonstrada, na espécie, a condição de hipossuficiência do agravante. Presume-se a
hipossuficiência da pessoa assistida pela Defensoria Pública.
3. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811076-66.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: ADILSON SOUSA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 321


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
UNIFICAÇÃO DE PENAS. DATA-BASE PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. TRÂNSITO
EM JULGADO DA ÚLTIMA CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DATA DA ÚLTIMA
PRISÃO. PRECEDENTE RECENTE DO STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Conforme recente entendimento da Terceira Sessão do STJ, a superveniência de nova
condenação definitiva no curso da execução criminal não altera a data-base para concessão
de benefício, mantido como termo inicial a data da última prisão.
2. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812349-80.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
AGRAVADO: MICHAEL ALVES DOS SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
PROGRESSÃO DE REGIME. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. PAGAMENTO
DA PENA DE MULTA. NÃO EXIGÊNCIA. AGRAVANTE ASSISTIDO PELA DEFENSORIA
PUBLICA. PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que para a obtenção da progressão de regime o condenado precisar cumprir dois
requisitos: o objetivo, consistente no cumprimento de parte da pena imposta, e o subjetivo,
demonstrando ter comportamento carcerário satisfatório (artigo 112 da LEP).
2. Afigura-se condição de excepcionalidade a comprovação de absoluta impossibilidade
financeira do apenado de arcar com o pagamento da pena de multa.
3. O não pagamento da multa penal não obsta a progressão de regime, vez que resta
demonstrada, na espécie, a condição de hipossuficiência do agravante.
4.Presume-se a hipossuficiência da pessoa assistida pela Defensoria Pública.
5. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810877-44.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: JÚLIO ERLAN OLIVEIRA SILVA
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE.
NÃO REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. ILEGALIDADE NA ALTERAÇÃO
DA DATA-BASE PARA FINS DE PROGRESSÃO DE REGIME. ANULAÇÃO DA DECISÃO
AGRAVADA NESSE PONTO. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS OBJETIVOS E
SUBJETIVOS PARA PROGRESSÃO. PROVIMENTO DO AGRAVO.
I – Não figura nos autos da execução o Procedimento Administrativo Disciplinar para
apuração da falta disciplinar presumidamente cometida pelo apenado, qual seja, sua fuga

322 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


do presídio.
II – Do mesmo modo, não consta no processo de execução a audiência de justificação
para oitiva do condenado acerca da falta disciplinar, na presença da defesa e do Ministério
Público, o que afastaria a necessidade de instauração prévia do P.A.D. para averiguar a
prática dessa falta, como entende o Supremo Tribunal Federal. Precedentes.
III – Dessa forma, não há justificativa para alterar a data-base de cálculo dos benefícios
do apenado. Isso, porque somente a homologação da falta disciplinar (fuga do presídio),
supostamente cometida por ele, depois de previamente instaurado o P.A.D., ou depois
de efetuada a audiência de justificação, permitiria a incidência dos seus efeitos e,
consequentemente, a retificação dessa data, nos termos da Súmula 533 do Superior
Tribunal de Justiça e do julgamento do RE 972598 pelo Supremo Tribunal Federal.
IV – Assim, nesse ponto, deve ser anulada a decisão proferida pelo Juiz sentenciante
determinando a retificação da data-base, para excluir o dia 22/10/2018 e adotar, no quesito
progressão de regime, a data da última prisão ou da última falta grave homologada. E para
os demais benefícios, deve ser adotado o dia de início de cumprimento da pena, tal como
entende o Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
V – Assim, constata-se que o apenado já atingira o quantum exigido pelo art. 112 da Lei de
Execuções Penais para a progressão de regime, atendendo, portanto, o requisito objetivo da
citada benesse e, da mesma forma, preencheu o requisito subjetivo para fins de progressão
de regime.
VI – Recurso provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812347-13.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: LUCAS DA SILVA CARVALHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. SANÇÃO DE MULTA. INEXIGIBILIDADE DE
ADIMPLEMENTO DA MULTA PARA SAÍDA TEMPORÁRIA. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. APENAS O INADIMPLEMENTO
DELIBERADO OBSTA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. COMPROVADA
HIPOSSUFICIÊNCIA NO CASO EM ESPÉCIE.
I – Nos termos da jurisprudência do STF e STJ, o inadimplemento deliberado da sanção
de multa, pelo apenado que detém possibilidade de pagá-la, obsta o reconhecimento da
extinção da punibilidade, da progressão de regime e concessão de outros benefícios.
II - Assim, para fazer jus ao direito de saída temporária sem adimplir a pena de multa, o
apenado deverá comprovar nos autos da execução penal a sua hipossuficiência econômica.
III – No caso dos autos, o apenado, por meio da Defensoria Pública, declarou sua
incapacidade de arcar com a multa em valor único, mas formulou proposta de parcelamento,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 323


demonstrando sua vontade de adimplir a pena imposta.
IV - Diante do manifesto interesse do apenado de adimplir a multa, mesmo aparentando
ser economicamente hipossuficiente, não há falar em inadimplemento deliberado a obstar
a concessão do benefício.
IV - Agravo conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811740-97.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: HUDSON SANTANA SERRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: GRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
DISCIPLINAR. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 74, I, DO DECRETO ESTADUAL 34.006/2018.
INAPLICABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 22, I, DA CF/88. MATÉRIA PENAL.
COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO. ART. 109, VI, DO CP. APLICAÇÃO ANALÓGICA.
PRECEDENTE DO STJ. AGRAVO EM EXECUÇÃO IMPROVIDO.
I. Por disciplinar matéria de competência privativa da União (art. 22, I, da CF/88), inaplicável
a legislação estadual no tocante à disciplina dos prazos prescricionais para a aplicação de
sanções referente a faltas graves no âmbito da execução penal.
II. As turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça entendem
que, em razão da ausência de legislação específica, aplica-se, para fins de contagem do
lapso prescricional de apuração da falta disciplinar, cometida no curso da execução penal,
o prazo de 03 (três) anos, por ser o menor período constante do art. 109 do Código Penal.
III. Insubsistente arguição de prescrição, porquanto não transcorrido o referido interregno
entre a data da recaptura do agravante (19/12/2019) e a decisão de imposição da sanção
(10/08/2021).
IV. Agravo em execução penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812371-41.2022.8.10.0000


REQUERENTE: MARCELO SILVA BARBOSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM
EXECUÇÃO. UNIFICAÇÃO DE PENAS. SUPERVENIÊNCIA DO TRÂNSITO EM JULGADO
DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. TERMO A QUO PARA CONCESSÃO DE NOVOS
BENEFÍCIOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA ALTERAÇÃO DA DATA-BASE.
MARCO INICIAL PARA OBTENÇÃO DE BENEFÍCIOS. DATA DA ÚLTIMA PRISÃO DO
AGRAVANTE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que para a obtenção da progressão de regime o condenado precisar cumprir dois

324 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


requisitos: o objetivo, consistente no cumprimento de parte da pena imposta, e o subjetivo,
demonstrando ter comportamento carcerário satisfatório (artigo 112 da LEP).
2. O colendo Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que, a alteração da
data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das
penas, não encontra respaldo legal.
3. A desconsideração do período de cumprimento de pena desde a última prisão, caracteriza
claro excesso de execução.
4. Apesar de não adimplida a pena de multa, presumida está a hipossuficiência do agravante.
Logo, possível é a progressão do regime e demais benefícios.
5. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812031-97.2022.8.10.0000


REQUERENTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: IAGO BELFORT DE JESUS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. SAÍDA
TEMPORÁRIA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO. DESNECESSIDADE DO
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA.
I – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência; ou possa esta ser presumida em face dos elementos
concretos existentes nos autos que atestem a sua fragilidade financeira, tais como o tempo
de ergástulo e representação pela Defensoria Pública. Precedentes.
II – A pena de multa por ter natureza de dívida de valor, deve ser cobrada nos moldes da
Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/80), não devendo ter reflexo no cumprimento da pena
privativa de liberdade. Inteligência do art. 51, do Código Penal.
III – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815214-13.2021.8.10.0000


REQUERENTE: NAURO SÉRGIO MUNIZ
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO. PENAL. PROCESSUAL PENAL. CONVERSÃO DE
PENA RESTRITIVA DE DIREITO EM PENA PECUNIÁRIA. PRELIMINAR DE NULIDADE
DA DECISÃO POR AUSÊNCIA DE PRÉVIA MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
NULIDADE CONFIGURADA. ACOLHIMENTO.
1. As decisões judiciais proferidas no curso da Execução Penal, sem a prévia manifestação
do parquet, são nulas, uma vez que a Lei de Execuções Penais, através de seus arts. 67
e 68, prevê expressamente que o Ministério Público deverá se manifestar no processo de

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 325


execução da pena e em todos os incidentes.
2. Não existe nos autos nada que denote a existência de alguma situação de caráter
excepcional e emergencial a justificar prolação da decisão sem a determinação de prévia
manifestação ministerial, de modo que resta patente a nulidade da decisão.
3. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811064-52.2022.8.10.0000


REQUERENTE: CELSON PROCOPIO DA SILVA
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO DE EXECUÇÃO. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL.
REQUISITO SUBJETIVO. FALTAS GRAVES COMETIDAS HÁ MAIS DE DOZE MESES.
INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. POSSIBILIDADE.
I. A prática de faltas graves cometidas pelo apenado há mais de doze meses constitui
fundamento suficiente para denegar a concessão do livramento condicional por ausência
do requisito subjetivo previsto no art. 83 do Código Penal, pois inexiste lapso temporal
para a aferição desse requisito, devendo o Juízo da Execução analisar todo o período de
cumprimento da pena.
II. Agravo de execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810315-35.2022.8.10.0000


REQUERENTE: KEDSON PASSOS DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. REGIME ABERTO.
CERTIDÃO DE BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO. POSSIBILIDADE DE
INDEFERIMENTO DO PEDIDO. SAÍDA TEMPORÁRIA. TRANSCURSO DO PERÍODO.
OBJETO PREJUDICADO.
I. Ainda que emitida certidão de bom comportamento carcerário pelo diretor do
estabelecimento prisional e não cometida falta grave nos últimos 12 meses, é possível ao
Juízo da Execução indeferir o pedido de progressão para o regime aberto, fundamentando-
se no comportamento do apenado durante o período integral de cumprimento de pena.
II. Transcorrido o período requerido para a concessão de saída temporária, o objeto do
recurso resta prejudicado.
III. Agravo de execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812424-22.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: WALEFE SILVA
326 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.
HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO. DESNECESSIDADE DO PAGAMENTO DA PENA
DE MULTA.
I – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF
II – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815374-04.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: JOSÉ NIVAL COELHO MILHOMEM
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. SAÍDA TEMPORÁRIA. HIPOSSUFICIÊNCIA
DO APENADO. DESNECESSIDADE DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA.
I – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF.
II – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813462-69.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: LUAN VIEIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO PARA O REGIME ABERTO. INEXISTÊNCIA
DE FALTA GRAVE. BOM COMPORTAMENTO DO CONDENADO. POSSIBILIDADE DE
DISPENSA DE COMPROVAÇÃO DE PROPOSTA IMEDIATA DE EMPREGO.
I. Quando o condenado tem a seu favor bom comportamento durante o período de
cumprimento da pena e fundados indícios de que se ajustará ao regime aberto, com
autodisciplina e senso de responsabilidade, é possível a dispensa da comprovação imediata
de proposta de emprego quando do pedido de progressão de regime, pois essa norma deve
sofrer temperamentos, ante a realidade brasileira, de acordo com o Superior Tribunal de
Justiça.
II. Agravo de execução conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815284-93.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: EVANDRO OLIVEIRA SOUSA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 327
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO DE REGIME. COMPROVAÇÃO
DE TRABALHO LÍCITO. EXEGESE DO ART. 114, I, DA LEP. MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
RAZOABILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO
I. Uma vez comprovada a empregabilidade do apenado, tem-se com preenchida a exigência
do art. 114, I, da Lei de Execução Penal, razão pela qual impõe-se o deferimento da
progressão para o regime mais brando, quando comprovados os demais requisitos.
II. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado no sentido de que a
regra do art. 114, I, da LEP, que exige do condenado a comprovação de trabalho ou a
possibilidade imediata de fazê-lo (apresentação de proposta de emprego) para ingressar no
regime aberto, deve sofrer temperamentos ante a realidade brasileira. Precedentes.
III. Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813735-48.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MICHAEL FRANKLIN VIEIRA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. ALEGAÇÃO DE NULIDADE
DA DECISÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA DE
PERÍCIA NO APARELHO CELULAR. PRESCINDIBILIDADE. AUTORIA DEVIDAMENTE
COMPROVADA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO EM EXECUÇÃO DESPROVIDO.
I. Inviável o acolhimento da tese de nulidade, por ausência de fundamentação, porquanto,
da decisão objetada, é possível extrair as razões para a manutenção da sanção disciplinar
aplicada ao recorrente.
II. A jurisprudência do STJ entende que o magistrado não é obrigado a refutar detalhadamente
todas as teses apresentadas pela defesa desde que, pela fundamentação apresentada, seja
possível compreender os motivos pelos quais rejeitou ou acolheu as pretensões deduzidas.
III. A Corte Superior firmou entendimento no sentido de que a posse de aparelho celular
constitui falta disciplinar de natureza grave, sendo prescindível a realização de perícia no
aparelho telefônico com a finalidade de se atestar sua funcionalidade.
IV. Resta comprovada a autoria na apuração de falta grave, quando os elementos de provas
constantes do procedimento disciplinar interno demonstram a prática de infração pelo
reeducando, sobretudo diante de depoimentos de agentes penitenciários, que gozam de fé
pública. Precedentes.
V. Agravo em execução conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816532-94.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
AGRAVADO: JARDEILTON MACEDO FERREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

328 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA CUMULATIVA À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PARCELAMENTO DEFERIDO. FALTA DO PAGAMENTO DE QUANTIA MÍNIMA PARA
PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO. AFASTAMENTO PARA ADMITIR A
PROGRESSÃO. RECURSO DESPROVIDO.
I - Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é o inadimplemento deliberado
da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado que impede a progressão no
regime prisional.
II – Sendo preenchido o requisito subjetivo e cumprido ao menos um sexto da pena privativa
de liberdade, a falta do adimplemento de quantia mínima para atingir um sexto da pena de
multa cumulativa, com pagamento parcelado pelo Juízo das Execuções, não pode, por si
só, ser um obstáculo para a progressão de regime.
III. Agravo conhecido e desprovido, mantendo-se, em consequência, inalterada a decisão
agravada.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817674-36.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: FERNANDO SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO
PARA O REGIME ABERTO. REQUISITOS. ARTIGO 114, DA LEP. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE TRABALHO. FLEXIBILIZAÇÃO. CONSONÂNCIA COM A REALIDADE
SOCIAL. PRECEDENTES STJ. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO.
1. Para progressão ao regime ao aberto é necessária, ainda, a observância do disposto
no artigo 114 da LEP, ou seja, a demonstração de que o apenado esteja trabalhando ou
comprove a possibilidade de fazê-lo imediatamente
2. No entanto, diante da realidade brasileira em que faltam empregos, o STJ relativizou o
requisito do inciso I, do artigo 114 da Lei de Execução Penal, permitindo a progressão ao
regime aberto com a estipulação de prazo razoável para a comprovação de labor lícito. (TJ-
RS - EP: 70084324532 RS, Relator: Gisele Anne Vieira de Azambuja, Data de Julgamento:
31/07/2020, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: 06/08/2020)
3. a regra do artigo 114, inciso I, da Lei de Execução Penal (LEP) deve ser interpretada em
consonância com a realidade social, para não tornar inviável a finalidade de ressocialização
almejada na execução penal.
3. Na espécie dos autos, o agravante apresentou carta de emprego para trabalhar como
auxiliar de carpintaria, conforme ID. 19718470, p. 67, demonstrando estar inserido no
mercado de trabalho informal.
4. Agravo conhecido e provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 329


AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816357-03.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: ISAAC VIEIRA MARTINS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
PROGRESSÃO DE REGIME. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. PAGAMENTO
DA PENA DE MULTA. NÃO EXIGÊNCIA. AGRAVANTE ASSISTIDO PELA DEFENSORIA
PUBLICA. PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que para a obtenção da progressão de regime o condenado precisar cumprir dois
requisitos: o objetivo, consistente no cumprimento de parte da pena imposta, e o subjetivo,
demonstrando ter comportamento carcerário satisfatório (artigo 112 da LEP).
2. O não pagamento da multa penal não obsta a progressão de regime, vez que resta
demonstrada, na espécie, a condição de hipossuficiência do agravante. Presume-se a
hipossuficiência da pessoa assistida pela Defensoria Pública.
3. Recurso conhecido e provido.
AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811076-66.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: ADILSON SOUSA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
UNIFICAÇÃO DE PENAS. DATA-BASE PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. TRÂNSITO
EM JULGADO DA ÚLTIMA CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DATA DA ÚLTIMA
PRISÃO. PRECEDENTE RECENTE DO STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Conforme recente entendimento da Terceira Sessão do STJ, a superveniência de nova
condenação definitiva no curso da execução criminal não altera a data-base para concessão
de benefício, mantido como termo inicial a data da última prisão.
2. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816562-32.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: RICHARDSON ROBERTH SERRAO DE SOUZA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE À MARGEM
DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA
DO APENADO. EXCEPCIONALIDADE FIRMADA EM SEDE DE TEMA REPETITIVO.
POSSIBILIDADE DE COBRANÇA NO JUÍZO DA FAZENDA PÚBLICA. AGRAVO
DESPROVIDO.
I. Não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade, na hipótese de condenação

330 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


concomitante à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
se comprovada, de plano, a hipossuficiência econômica do apenado. Tema repetitivo 931,
do STJ.
II. Não colide com o princípio da individualização da pena a dispensa da multa em caso de
manifesta hipossuficiência do reeducando, pois se trata de medida que tem o objetivo de
tornar a execução mais justa aos que não possuem condições econômicas, facilitando a
sua reinserção no seio social.
III. Remanesce a faculdade dada ao Ministério Público de promover a pretensão executória
da sanção pecuniária perante o juízo da Fazenda Pública, na linha do que assentou o STF
na ADI nº 3.150/DF.
IV. Agravo em execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817906-48.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: WEMERSON FERREIRA FEITOSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO. LIVRAMENTO CONDICIONAL. COMPROVAÇÃO
DE TRABALHO LÍCITO. EXEGESE DO ART. 83, III, “d” DO CÓDIGO PENAL. MOTIVAÇÃO
IDÔNEA. RAZOABILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO
I. Uma vez comprovada a empregabilidade do apenado, tem-se com preenchida a exigência
do art. 83, III, “d”, do Código Penal, razão pela qual impõe-se o deferimento do livramento
condicional, quando comprovados os demais requisitos.
II. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de que a regra do art. 83,
III, “d”, do Código Penal, que exige do condenado a comprovação de aptidão para prover a
própria subsistência mediante trabalho honesto, para o livramento condicional, deve sofrer
temperamentos ante a realidade brasileira. Precedentes.
III. Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817265-60.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: IBRAIM DIAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. NÃO CONHECIMENTO. ADOÇÃO DE
MEDIDAS VOLTADAS À EXECUÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRELIMINAR
REJEITADA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE À MARGEM DO PAGAMENTO DA
PENA DE MULTA. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA DO APENADO.
EXCEPCIONALIDADE FIRMADA EM SEDE DE TEMA REPETITIVO. POSSIBILIDADE DE
COBRANÇA NO JUÍZO DA FAZENDA PÚBLICA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 331


I. A formulação de requerimentos voltados à execução da pena de multa pelo Órgão
Ministerial revela uma conduta proativa, o que impõe a rejeição da preliminar de não
conhecimento do agravo, dada a inexistência da alegada inércia.
II. Não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade, na hipótese de condenação
concomitante à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
se comprovada, de plano, a hipossuficiência econômica do apenado. Tema repetitivo 931,
do STJ.
III. Não colide com o princípio da individualização da pena a dispensa da multa em caso de
manifesta hipossuficiência do reeducando, pois se trata de medida que tem o objetivo de
tornar a execução mais justa aos que não possuem condições econômicas, facilitando a
sua reinserção no seio social.
IV. Remanesce a faculdade dada ao Ministério Público de promover a pretensão executória
da sanção pecuniária perante o juízo da Fazenda Pública, na linha do que assentou o STF
na ADI nº 3.150/DF.
V. Agravo em execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817907-33.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: LUÍS CARLOS DA COSTA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVOS EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DO REGIME PRISIONAL
PARA O ABERTO. COMPROVAÇÃO DE PROPOSTA DE EMPREGO. EXEGESE DO ART.
114, I, DA LEP. RAZOABILIDADE. CONCESSÃO DE SAÍDA TEMPORÁRIA. DISPENSA
DA PENA DE MULTA. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO.
I. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado no sentido de que a regra do
art. 114, I, da LEP, que exige do condenado a comprovação de trabalho ou a possibilidade
imediata de fazê-lo (apresentação de proposta de emprego) para ingressar no regime
aberto, deve sofrer temperamentos ante a realidade brasileira, o que viabiliza a pretendida
progressão do regime prisional. Precedentes.
II. O cumprimento dos requisitos subjetivo (boa conduta carcerária) e objetivo (lapso
temporal) viabiliza o deferimento de benefícios ao reeducando, como a saída temporária.
III. Correta a concessão das benesses previstas na Lei de Execuções Penais à margem do
pagamento da pena de multa, notadamente quando já deferido o pedido de parcelamento
- por evidente hipossuficiência econômica do apenado – e sido deferido o pagamento
fracionado.
IV. 1º agravo em execução conhecido e provido. 2º agravo em execução conhecido e
desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813468-76.2022.8.10.0000

332 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AGRAVANTE: LUHAN SILVA GOMES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. EXAME
CRIMINOLÓGICO. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. FALTA GRAVE.
AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. SANÇÃO COLETIVA. ILEGALIDADE.
CIRCUNSTÂNCIAS SEM RELAÇÃO COM A EXECUÇÃO DA PENA. MOTIVOS
INIDÔNEOS.
I – A realização de exame criminológico, que não é mais obrigatória para a progressão
de regime, exige decisão motivada, nos termos da Súmula nº 439 do Superior Tribunal de
Justiça.
II – É ilegal a aplicação de sanção de caráter coletivo no âmbito da execução penal, pois,
nessa seara, o status libertatis do condenado é diretamente afetado, de modo que, na
apuração de faltas graves, é de rigor a observância dos princípios da culpabilidade e do
devido processo legal.
III – In casu, não houve, no procedimento disciplinar, individualização das condutas dos
detentos condenados pela morte do colega de cela, o que afasta a utilização da falta grave
para legitimar a necessidade de exame criminológico.
IV – A mera gravidade abstrata do delito, a quantidade de ilícitos penais ou a longevidade
da pena são inidôneos para justificar o exame criminológico, uma vez que são admissíveis
para esse fim, apenas, elementos concretos que reflitam o comportamento do condenado
no curso da execução da pena.
V – Agravo conhecido e parcialmente provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811738-30.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: JEFERSON ROCHA ALENCAR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM
EXECUÇÃO. FALTA GRAVE. PRÁTICA DE CRIME DOLOSO. NULIDADE DA DECISÃO
QUE HOMOLOGOU A FALTA GRAVE POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
INVIABILIDADE. ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE AUTORIA. IMPOSSIBILIDADE.
INDÍCIOS CONCRETOS DE MATERIALIDADE E AUTORIA. PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ASSEGURADOS.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tendo o juízo da execução apreciado, ainda que de forma sucinta, todas as questões
atinentes à falta grave imputada ao agravante, não há que se falar em nulidade da decisão
por ausência de fundamentação.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 333


2. Havendo veementes indícios de autoria e materialidade do fato definido como crime
doloso, em especial pela confissão do agravante, depoimento testemunhal e laudo
toxicológico, mantêm-se a decisão que homologou a prática de falta grave.
3. Não há que se falar em desclassificação para falta média, tendo em vista que a prática
de fato previsto como crime doloso constitui falta grave, nos termos do artigo 52, caput, da
Lei 7.210 /1984.
4. Recurso conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811040-24.2022.8.10.0000


PACIENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: RAIMUNDO DIVINO DA CRUZ LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. SAÍDA
TEMPORÁRIA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO. DESNECESSIDADE DO
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA.
I – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência; ou possa esta ser presumida em face dos elementos
concretos existentes nos autos que atestem a sua fragilidade financeira. Precedentes do
STJ e do STF
II – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812460-64.2022.8.10.0000


PACIENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: WERICSON ALVES BARBOSA DE FRANCA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE SAÍDA TEMPORÁRIA,
PROGRESSÃO DO REGIME E TRABALHO EXTERNO. DISPENSA DA PENA DE MULTA.
PLAUSIBILIDADE. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO.
I. O cumprimento dos requisitos subjetivo (boa conduta carcerária) e objetivo (lapso
temporal) viabiliza o deferimento de benefícios ao reeducando, tais como progressão do
regime prisional, saídas temporárias e trabalho externo.
II. Correta a concessão das benesses previstas na Lei de Execuções Penais à margem do
pagamento da pena de multa, sobremodo quando evidente a hipossuficiência econômica
do apenado.
III. Agravo em execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810318-87.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

334 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PROMOTOR: TIBÉRIO AUGUSTO LIMA DE MELO
AGRAVADO: ISAÍAS DA SILVA PEREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA:AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE PROGRESSÃO DE REGIME
E SAÍDAS TEMPORÁRIAS. INCONFORMISMO MINISTERIAL. DESNECESSIDADE DO
PAGAMENTO DA PENA PECUNIÁRIA COMO REQUISITO À PROGRESSÃO DE REGIME
E OUTROS BENEFÍCIOS EXECUTÓRIOS QUANDO MANIFESTA A HIPOSSUFICIÊNCIA
DO APENADO.
I - Considerando o cumprimento dos requisitos subjetivo (atestado de boa conduta carcerária)
e objetivo (lapso temporal) para concessão da progressão da pena e da saída temporária,
deve ser concedido ao reeducando tais benefícios, nos termos da Lei de Execuções Penais.
II - Ainda que o Supremo Tribunal Federal já tenha admitido, para determinados casos, como
é exemplo os “crimes do colarinho branco”, o adimplemento da pena de multa como requisito
para a concessão da progressão de regime e obtenção dos demais benefícios executórios,
tal exigência não deve ser estendida aos apenados comprovadamente hipossuficientes.
III – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812089-37.2021.8.10.0000


REQUERENTE: JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA FILHO
AGRAVADO: JUIZ DE DIREITO 1a VARA DE EXECUÇÕES PENAIS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE. TRANSFERÊNCIA DE EXECUÇÃO DA PENA. POLICIAL
MILITAR REFORMADO. CRIME COMUM. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO RECORRIDA
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. MANUTENÇÃO.
1. A prerrogativa levantada pelo agravante somente se aplica a militares reformados quando
estes praticam ou contra eles é praticado crime militar, consoante art. 13 do Código Penal
Militar.
2. Sendo o estabelecimento prisional em que cumpre pena compatível com o regime ao
qual está submetido e com as suas condições pessoais, não cabe ao agravante escolher
local diverso daquele já determinado.
3. Agravo desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811078-36.2022.8.10.0000


REQUERENTE: MIRO OSMAR OLIVEIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. PEDIDO DE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 335


TRABALHO EXTERNO. REQUISITO SUBJETIVO. NÃO PREENCHIMENTO. DECISÃO
MANTIDA. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.
I. No presente caso, em razão de não haver comprovação em concreta da possibilidade
de trabalho ao reeducando, não há como se auferir se o labor irá satisfazer os requisitos
legais, tampouco se irá atender as cautelas necessárias.
II. Não restando preenchido o requisito subjetivo de bom comportamento e ausente proposta
de emprego, o indeferimento do benefício pleiteado é medida que se impõe.
III. Agravo desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811290-57.2022.8.10.0000


REQUERENTE: EDMIR FRANCISCO DA SILVA
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE. REGIME SEMIABERTO. TRANSFERÊNCIA DE EXECUÇÃO
DA PENA. FACULDADE. AUSÊNCIA DE VAGAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 56 DO
STF. INAPLICABILIDADE. PRISÃO DOMICILIAR. NÃO CONFIGURAÇÃO. DECISÃO
RECORRIDA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. MANUTENÇÃO.
I. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o pedido de transferência do
apenado para cumprir pena em estabelecimento penal próximo ao seu meio social e familiar
não é direito absoluto do réu, sendo facultado ao juízo da execução decidir de acordo com a
realidade de cada localidade, podendo indeferir o pleito quando existirem razões para tanto.
II. Sem comprovação de que o estabelecimento penal é inadequado para o cumprimento da
pena, inaplicável a súmula vinculante n. 56 do STF.
III. A prisão domiciliar se trata de exceção, passível de aplicação nas estritas hipóteses
previstas no art. 117, da Lei de Execução Penal.
IV. Caráter excepcionalíssimo para concessão da prisão domiciliar não demonstrado no
caso concreto.
V. Agravo desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810315-35.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: KEDSON PASSOS DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. REGIME ABERTO.
CERTIDÃO DE BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO. POSSIBILIDADE DE
INDEFERIMENTO DO PEDIDO. SAÍDA TEMPORÁRIA. TRANSCURSO DO PERÍODO.
OBJETO PREJUDICADO.
I. Ainda que emitida certidão de bom comportamento carcerário pelo diretor do

336 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


estabelecimento prisional e não cometida falta grave nos últimos 12 meses, é possível ao
Juízo da Execução indeferir o pedido de progressão para o regime aberto, fundamentando-
se no comportamento do apenado durante o período integral de cumprimento de pena.
II. Transcorrido o período requerido para a concessão de saída temporária, o objeto do
recurso resta prejudicado.
III. Agravo de execução conhecido e desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811752-14.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: ANTÔNIO GONÇALVES OLIVEIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. MARCO
INICIAL. DATA EM QUE O REEDUCANDO PREENCHEU OS REQUISITOS OBJETIVO E
SUBJETIVO DO ART. 112 DA LEP. BOA CONDUTA CARCERÁRIA ATESTADA. DECISÃO
DECLARATÓRIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO
1. O agravante insurge-se contra decisão proferida pelo Juízo da Vara de Execuções Penais
da comarca de Imperatriz/MA que concedeu ao reeducando os seguintes benefícios: a) a
progressão do regime fechado para o semiaberto; b) permissão para trabalho externo e c)
saídas temporárias, nos autos do processo executivo nº 0012690-25.2017.8.10.0224.
2. Para fins de concessão da progressão de regime, deve ser levado em consideração, a
data em que o apenado preencheu os requisitos legais do art. 112 da LEP e não aquela em
que o Juízo das Execuções, em decisão declaratória, deferiu o benefício ou aquela em que
o reeducando, efetivamente, foi inserido no atual regime.
3. Nesse tom, verifica-se que o reeducando ao tempo do requerimento de progressão de
regime, preenchia todos os requisitos objetivos e subjetivos insertos no art. 112 da LEP,
conforme declarou o Juízo da Execução em ID. 17785265, “no presente caso, analisando
os cálculos de liquidação de pena, constata-se que o mesmo já alcançou o requisito
objetivo, consistente no tempo necessário para progressão. Por outro lado, sua conduta
carcerária demonstra que tem bom comportamento carcerário, autodisciplina e senso de
responsabilidade, restando evidenciado que o reeducando, também, preenche o requisito
subjetivo. A junção dos dois pressupostos dá ensejo à mudança do regime prisional para o
regime semiaberto”.
4. A decisão que defere a progressão de regime é declaratória, e não constitutiva. Por isso,
a teor dos atuais precedentes desta Corte, o marco inicial para subsequente promoção
não é a data em que o Juiz da VEC concedeu o benefício ao reeducando nem aquela
em que ocorreu sua transferência para outra unidade penal, mas sim o momento em que
efetivamente foram preenchidos os requisitos objetivo e subjetivo previstos no art. 112 da
LEP.
4. Recurso conhecido e não provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 337


AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810390-74.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: ROBERTO CARDOSO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
AUTORIZAÇÃO DE SAÍDAS TEMPORÁRIAS. LEGITIMIDADE CONCOMITANTE
DEFENSORIA PÚBLICA. AMPLA DEFESA TÉCNICA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZOS.
PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL. MANUTENÇÃO. RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.
1. O agravante insurge-se contra decisão que deferiu o pedido saída temporária pleiteada
ao agravado, no período de 14/04/2022 a 21/04/2022, nos autos do processo executivo nº
0045610-97.2018.8.10.1103.
2. As autorizações de saídas temporárias tem como objetivo reinserir o preso ao convívio
familiar e a sociedade em geral. Para a concessão da benesse é necessário que o ato
seja motivado pelo juiz da execução penal, ouvido o Ministério Público e a administração
penitenciária, desde que o preso tenha comportamento adequado, tenha cumprido o
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
3. Em que pese o agravado possuir advogado nos autos, entendo que a atuação
concomitante da DPE não gerou nenhum prejuízo as partes, bem como, não macula do
devido processo legal, ao contrário, possibilitou uma ampla defesa técnica e a garantia de
direitos fundamentais dos apenado, que, ao tempo já preenchia os requisitos legais para o
benefício, com arrimo na Carta Magna e legislação infraconstitucional..
4. Recurso conhecido e não provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0811088-80.2022.8.10.0000


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: JARDEILTON MACEDO FERREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. SUPERVENIÊNCIADE NOVACONDENAÇÃO.
UNIFICAÇÃO DAS PENAS. DATA-BASE PARA FUTUROS BENEFÍCIOS. DATA DA ÚLTIMA
PRISÃO. INCONFORMISMO MINISTERIAL. AGRAVO DESPROVIDO.
I. A superveniência de nova condenação definitiva, decorrente de fato anterior ou posterior
ao início da execução penal, acarreta a unificação das penas, fazendo-se novo cálculo com
base no seu somatório.
II. Tendo em vista que não há previsão legal expressa no sentido de que a unificação das
penas enseja a alteração da data-base para a concessão de novos benefícios na execução
penal, deve ser adotado como marco inicial para a sua aquisição a data da última prisão do
apenado. Precedentes do STJ e do TJMA.
III. Agravo conhecido e improvido, mantendo-se, em consequência, inalterada a decisão

338 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


agravada.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810360-39.2022.8.10.0000


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: HUGO SANTOS DE SOUSA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE SAÍDA TEMPORÁRIA.
DISPENSA DA PENA DE MULTA. ADIMPLEMENTO PARCIAL. PERDA SUPERVENIENTE
DO OBJETO. PREJUDICIALIDADE.
I- É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF.
II- O posterior recolhimento, pelo reeducando, de fração de pena de multa, no caso, metade
(50%), obsta a pretensão recursal ministerial que visava a reforma da decisão proferida pelo
juízo das execuções penais, no sentido de condicionar a concessão da saída temporária ao
adimplemento de fração mínima da sanção pecuniária.
III – Agravo em execução julgado prejudicado, ante a perda superveniente do seu objeto.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810399-36.2022.8.10.0000
RECORRENTE: SHARLYANO BARBOSA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. REGRESSÃO CAUTELAR DE REGIME.
FALTAS DISCIPLINARES E COMETIMENTO DE NOVOS DELITOS. SUPERVENIÊNCIA
DE DECISÃO DEFINITIVA. PERDA DO OBJETO.
I. A prática de falta grave, assim considerado o cometimento de novo delito, justifica a
regressão do apenado a regime mais gravoso, na forma do art. 118, I, da Lei de Execução
Penal.
II. Sobrevindo a prolação de decisão definitiva de regressão de regime após realizada
audiência de justificação, exsurge a prejudicialidade do vertente recurso pela perda
superveniente de seu objeto.
III. Agravo em execução prejudicado, em consonância com o parecer ministerial.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810412-35.2022.8.10.0000


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: BENÍCIO COSTA MENDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. SAÍDA
TEMPORÁRIA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO. DESNECESSIDADE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 339
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA.
I – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF
II – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0814972-54.2021.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: FRANCISCO MORENO SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL.
RESTABELECIMENTO. REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. PERÍODO DE PROVA.
1. A revogação da prisão preventiva decretada em razão do cometimento de novo delito
durante o período de prova não implica no restabelecimento automático do livramento
condicional quando as particularidades do caso concreto indicam que o apenado não faz
jus ao benefício.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815347-21.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: FRANCINALDO CARDOSO MUNIZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. REGRESSÃO PARA
O REGIME FECHADO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PERDA DOS DIAS REMIDOS DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça entende que o cometimento de falta grave pelo apenado
autoriza a regressão de regime e a revogação de até 1/3 (um terço) dos dias remidos.
II. Inexistente a nulidade da decisão que determinou a regressão de regime e a perda do
tempo remido no grau máximo, quando devidamente fundamentada, como determina o art.
127 c/c o art. 57 da LEP.
III. Agravo conhecido e negado provimento.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810225-27.2022.8.10.0000
1o AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
2o AGRAVANTE: JUVENAL MARTINS SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
1o AGRAVADO: JUVENAL MARTINS SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO

340 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2o AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. REGIME SEMIABERTO.
BOA CONDUTA CARCERÁRIA. SAÍDA TEMPORÁRIA. COMPROVAÇÃO DE
COMPORTAMENTO ADEQUADO NO REGIME SEMIABERTO.
I. Ainda que analisado pelo magistrado o pedido de progressão de regime após expirado
o prazo de validade do atestado de conduta carcerária, deve ser deferida a progressão se
existentes nos autos da execução elementos que comprovem a boa conduta carcerária do
condenado.
II. Para a concessão do benefício da saída temporária é necessário que o condenado
comprove comportamento adequado durante o período de cumprimento de pena no regime
semiaberto.
III. Agravos de execução conhecidos e desprovidos.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816576-16.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: VANDERLEY FEITOSA DOS SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. SAÍDA TEMPORÁRIA. BOA CONDUTA CARCERÁRIA.
COMPROVAÇÃO DE COMPORTAMENTO ADEQUADO NO REGIME SEMIABERTO.
I - Para o deferimento do benefício de saída temporária, o apenado deve preencher os
requisitos objetivos e subjetivos, consistentes no tempo de cumprimento de pena e bom
comportamento, respectivamente.
II - O apenado instruiu seu pedido de saída temporária com atestado de boa conduta
carcerária, então atualizado, devidamente expedido pelo Diretor da Unidade Prisional.
III - Ainda que analisado pelo magistrado o pedido de saída temporária após expirado o
prazo de validade do atestado de conduta carcerária, deve ser deferido o benefício se
ausentes elementos que desabonem a conduta do apenado.
IV - Agravo de execução conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813521-57.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: DENISE SANTOS CARNEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO PARA O REGIME ABERTO. INEXISTÊNCIA
DE FALTA GRAVE. BOM COMPORTAMENTO DO CONDENADO. POSSIBILIDADE DE
DISPENSA DE COMPROVAÇÃO DE PROPOSTA IMEDIATA DE EMPREGO.
I. Quando o condenado tem a seu favor bom comportamento durante o período de
cumprimento da pena e fundados indícios de que se ajustará ao regime aberto, com
autodisciplina e senso de responsabilidade, é possível a dispensa da comprovação imediata

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 341


de proposta de emprego quando do pedido de progressão de regime, pois essa norma deve
sofrer temperamentos, ante à realidade brasileira, de acordo com o Superior Tribunal de
Justiça.
II. Agravo de execução conhecido e provido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0813470-46.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: JOSÉ RODRIGUES DE ARAÚJO FILHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO DE EXECUÇÃO. LIVRAMENTO CONDICIONAL.
REQUISITO SUBJETIVO. AUSÊNCIA DE BOM COMPORTAMENTO DURANTE A
EXECUÇÃO DA PENA. INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. PROGRESSÃO PARA O
REGIME ABERTO. FUNDADOS INDÍCIOS DE AJUSTE DO CONDENADO AO NOVO
REGIME COM AUTODISCIPLINA E SENSO DE RESPONSABILIDADE. POSSIBILIDADE
DE DISPENSA DE COMPROVAÇÃO DE PROPOSTA IMEDIATA DE EMPREGO.
I. A ausência de bom comportamento durante o período de execução da pena constitui
fundamento suficiente para denegar a concessão do livramento condicional por ausência
do requisito subjetivo previsto no artigo 83 do Código Penal.
II. Se nos autos constam fundados indícios de que o apenado se ajustará ao regime aberto
com autodisciplina e responsabilidade, é possível a dispensa da comprovação imediata de
proposta de emprego quando do pedido de progressão de regime, pois essa norma deve
sofrer temperamentos, ante à realidade brasileira, de acordo com o Superior Tribunal de
Justiça.
III. Agravo de execução conhecido e parcialmente provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817677-88.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: MIZAEL DE SOUSA COSTA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. SANÇÃO DE MULTA. INEXIGIBILIDADE DE
ADIMPLEMENTO DA MULTA PARA PROGRESSÃO DE REGIME. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. APENAS O INADIMPLEMENTO
DELIBERADO OBSTA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. COMPROVADA
HIPOSSUFICIÊNCIA NO CASO EM ESPÉCIE.
I – Nos termos da jurisprudência do STF e STJ, o inadimplemento deliberado da sanção
de multa pelo apenado que detém possibilidade de pagá-la, obsta o reconhecimento da
extinção da punibilidade, da progressão de regime e concessão de outros benefícios.
II - Assim, para fazer jus ao direito de progressão de regime sem adimplir a pena de multa, o
apenado deverá comprovar nos autos da execução penal a sua hipossuficiência econômica.
III – No caso dos autos, o apenado formulou proposta de parcelamento, efetuando o

342 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


pagamento das primeiras parcelas, demonstrando sua vontade de adimplir a pena imposta.
IV - Diante do manifesto interesse do apenado de adimplir a multa, mesmo aparentando
ser economicamente hipossuficiente, não há falar em inadimplemento deliberado a obstar
a concessão do benefício.
V - Agravo conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816572-76.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: JOELSON DA SILVA SOUSA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. SANÇÃO DE MULTA. INEXIGIBILIDADE DE
ADIMPLEMENTO DA MULTA PARA PROGRESSÃO DE REGIME. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. APENAS O INADIMPLEMENTO
DELIBERADO OBSTA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. COMPROVADA
HIPOSSUFICIÊNCIA NO CASO EM ESPÉCIE.
I – Nos termos da jurisprudência do STF e STJ, o inadimplemento deliberado da sanção
de multa pelo apenado que detém possibilidade de pagá-la, obsta o reconhecimento da
extinção da punibilidade, da progressão de regime e concessão de outros benefícios.
II - Assim, para fazer jus ao direito de progressão de regime sem adimplir a pena de multa, o
apenado deverá comprovar nos autos da execução penal a sua hipossuficiência econômica.
III – No caso dos autos, o apenado formulou proposta de parcelamento, demonstrando sua
vontade de adimplir a pena imposta.
IV - Diante do manifesto interesse do apenado de adimplir a multa, mesmo aparentando
ser economicamente hipossuficiente, não há falar em inadimplemento deliberado a obstar
a concessão do benefício.
V - Agravo conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815591-47.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: JOAQUIM SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA DISCIPLINAR. FUGA. INFRAÇÃO
DISCIPLINAR PERMANENTE. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. LACUNA LEGISLATIVA
SUPRIDA PELO CÓDIGO PENAL. PRESCRIÇÃO. PRAZO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO
ART. 109, VI, DO CP.
I – A prescrição das faltas disciplinares, diante da lacuna legislativa, observa, por analogia, o
menor dos prazos previstos no artigo 109 do Código Penal, que é de 03 (três) anos. Decreto
Estadual do Poder Executivo não pode tratar sobre a matéria, conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.
II – Agravo conhecido e desprovido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 343


AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816999-73.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: JOERBERTH CARVALHO DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. NÃO PROVIMENTO. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE À MARGEM DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. MANIFESTA
HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA DO APENADO. EXCEPCIONALIDADE FIRMADA EM
SEDE DE TEMA REPETITIVO. POSSIBILIDADE DE COBRANÇA NO JUÍZO DA FAZENDA
PÚBLICA.
I. Não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade, na hipótese de condenação
concomitante à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
se comprovada, de plano, a hipossuficiência econômica do apenado. Tema repetitivo 931,
do STJ.
II. Não colide com o princípio da individualização da pena a dispensa da multa em caso de
manifesta hipossuficiência do reeducando, pois se trata de medida que tem o objetivo de
tornar a execução mais justa aos que não possuem condições econômicas, facilitando a
sua reinserção no seio social.
III. Remanesce a faculdade dada ao Ministério Público de promover a pretensão executória
da sanção pecuniária perante o juízo da Fazenda Pública, na linha do que assentou o STF
na ADI nº 3.150/DF.
IV. Agravo em execução conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0819396-08.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: IRAN DOS SANTOS MELO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. AUTORIZAÇÃO DE SAÍDAS TEMPORÁRIAS.
PEDIDO DE TRABALHO EXTERNO. PREENCHIDOS OS REQUISITOS SUBJETIVOS E
OBJETIVOS. PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. NÃO EXIGÊNCIA. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. As autorizações de saídas temporárias tem como objetivo reinserir o preso ao convívio
familiar e a sociedade em geral. Para a concessão dessa benesse é necessário que o ato
seja motivado pelo juiz da execução penal, ouvido o Ministério Público e a administração
penitenciária, desde que o preso apresente comportamento adequado, tenha cumprido o
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
2. A restrição à liberdade do indivíduo, derivada apenas do não pagamento da pena de
multa, deve ser tratada como exceção e não como regra, em obediência também ao
disposto no art. 5º, LXVII, da Constituição Federal (“não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e

344 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


a do depositário infiel), e do art. 7º, inciso II, do Pacto San José da Costa Rica (que também
veda a prisão por dívida, à exceção da dívida por alimentos).
3. O risco de reiteração delitiva em face da existência de outros processos criminais a que
responde o reeducando não pode justificar, por si, o indeferimento do pedido de trabalho
externo, se preenchidos os requisitos legais a que alude o art. 123, I e III da LEP.
4. Quando preenchidos os requisitos legais, de rigor a concessão do benefício do trabalho
externo, mormente em face da ausência de previsão legal de cerceamento do direito do
apenado em face de suposta periculosidade, a inviabilizar o intuito ressocializador do
Estado.
5. Agravo desprovido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0819283-54.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: FRANCISCO CARVALHO SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO DE EXECUÇÃO. PROGRESSÃO
DE REGIME. REGIME ABERTO. TORNOZELEIRA ELETRÔNICA. FISCALIZAÇÃO.
POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. O cumprimento da pena privativa de liberdade no regime aberto dá-se em casa de
albergado, nos termos do artigo 93 da LEP (art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao
cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de
fim de semana).
2. Ao contrário do que ocorre com os apenados que retornam ao final do dia, ou em finais
de semana, para a casa do albergado, não é possível fazer um controle diário do retorno
para os domicílios daqueles que cumprem o regime aberto em suas residências, razão pela
qual necessário o uso da tornozeleira.
3. Ao agravante resta ainda o prazo de 4 (quatro) anos para cumprimento integral da sua
reprimenda, imposta pela prática do crime de homicídio, como bem referiu o ministério
público em suas contrarrazões, cuja pena, como dito alhures, deveria ser cumprida em
regime aberto, com a necessidade de recolhimento à Casa de Albergue nos horários pré-
fixados e finais de semana, de modo que a prisão domiciliar, ainda que com monitoramento,
se revela mais favorável ao apenado.
4.Sendo forma de fiscalização, cabe ao juízo da execução decidir sobre a adequação da
imposição do uso da tornozeleira ao caso concreto, não estando na esfera de disponibilidade
do apenado a escolha acerca do método de controle para cumprimento das condições do
regime aplicado (TRF-4 - EP: 50017357020204047004 PR 5001735-70.2020.4.04.7004,
Relator: JOÃO PEDRO GEBRAN NETO, Data de Julgamento: 20/05/2020, OITAVA TURMA).
5. Agravo de execução penal conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817832-91.2022.8.10.0000

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 345


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: RONALD DE JESUS CASTRO MEDEIROS FREIRES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE À MARGEM
DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA
DO APENADO. EXCEPCIONALIDADE FIRMADA EM SEDE DE TEMA REPETITIVO.
POSSIBILIDADE DE COBRANÇA NO JUÍZO DA FAZENDA PÚBLICA.
I. Não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade, na hipótese de condenação
concomitante à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
se comprovada, de plano, a hipossuficiência econômica do apenado. Entendimento do STJ
e da 3ª Câmara Criminal.
II. Não colide com o princípio da individualização da pena a dispensa da multa em caso de
manifesta hipossuficiência do reeducando, pois se trata de medida que tem o objetivo de
tornar a execução mais justa aos que não possuem condições econômicas, facilitando a
sua reinserção no seio social.
III. Remanesce a faculdade dada ao Ministério Público de promover a pretensão executória
da sanção pecuniária perante o juízo da Fazenda Pública.
IV. Agravo em execução conhecido e desprovido
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0820386-96.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: ALEXSANDRO SODRÉ FERNANDES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE À MARGEM
DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA
DO APENADO. EXCEPCIONALIDADE FIRMADA EM SEDE DE TEMA REPETITIVO.
POSSIBILIDADE DE COBRANÇA NO JUÍZO DA FAZENDA PÚBLICA.
I. Não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade, na hipótese de condenação
concomitante à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
se comprovada, de plano, a hipossuficiência econômica do apenado. Entendimento do STJ
e da 3ª Câmara Criminal.
II. Não colide com o princípio da individualização da pena a dispensa da multa em caso de
manifesta hipossuficiência do reeducando, pois se trata de medida que tem o objetivo de
tornar a execução mais justa aos que não possuem condições econômicas, facilitando a
sua reinserção no seio social.
III. Remanesce a faculdade dada ao Ministério Público de promover a pretensão executória
da sanção pecuniária perante o juízo da Fazenda Pública.
IV. Agravo em execução conhecido e desprovido.

346 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0820472-67.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MANOEL DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.
REMIÇÃO DA PENA PELO TRABALHO. CÁLCULO DE REMIÇÃO QUE RESULTA EM
NÚMERO NÃO INTEIRO. PEDIDO DE ARREDONDAMENTO PARA O NÚMERO INTEIRO
IMEDIATAMENTE SUPERIOR. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL
CONSOLIDADO.
1. Ao realizar o cálculo de remição da pena seguindo os critérios estabelecidos pela LEP,
o resultado obtido é um número não inteiro cuja casa decimal logo após a vírgula é maior
que 5 (cinco). Desse modo, nos termos do entendimento já consolidado pela jurisprudência,
o correto é que se arredonde o resultado para o número inteiro imediatamente posterior.
Precedentes. (STJ - AgRg no REsp: 1926400 MT 2021/0069229-0, Relator: Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 11/05/2021, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 14/05/2021).
2. Agravo em execução conhecido e provido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0819372-77.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: IANDERSON DE OLIVEIRA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM
EXECUÇÃO. LIVRAMENTO CONDICIONAL. REQUISITOS DO ART. 83, III, DO
CÓDIGO PENAL. BOM COMPORTAMENTO. DESNECESSIDADE DE VINCULAÇÃO À
CERTIDÃO ADMINISTRATIVA. APTIDÃO PARA PROVER A PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA.
INTERPRETAÇÃO APENAS PARA A MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO, E NÃO PARA A SUA
CONCESSÃO. PENA DE MULTA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. AGRAVANTE
REPRESENTADO PELA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO.
1. Para a concessão do benefício do livramento condicional, o apenado deve preencher os
requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 83 do Código Penal.
2. O Superior Tribunal de Justiça entende que a noção de bom comportamento do
reeducando abrange a valoração de elementos que não se restringem ao atestado emitido
pela direção carcerária, sob pena de transformar o juiz em mero homologador de documentos
administrativos. E se assim o é, com maior razão pode o magistrado se valer de elementos
outros para atestar a boa conduta carcerária do apenado, não necessitando se restringir
à presença, ou não, do ato enunciativo de atestado de boa conduta, mormente quando
existentes outros elementos que se prestem à finalidade colimada por esse documento,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 347


como é o caso dos autos, em que se pode extrair a presença do referido requisito pelo
histórico prisional registrado no processo de execução da pena do agravante.
3. Os requisitos previstos no art. 83, III, “c” e “d”, do Código Penal, devem ser valorados
sob a perspectiva da manutenção do benefício de livramento condicional, e não como
pressupostos à sua concessão, uma vez que não se pode presumir que a pessoa inserida
no sistema penitenciário e estigmatizada pelo epíteto que segue a qualquer detento
seja favorecida por oferta de emprego ou ostente imediata aptidão para prover a própria
subsistência tão logo seja posto em liberdade.
4. O inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado
impede a concessão do livramento condicional. Tal regra somente é excepcionada pela
comprovação da absoluta impossibilidade econômica do apenado em pagar a multa (como
é o caso dos autos), ainda que parceladamente. Precedentes do STJ.
5. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, por ser o agravante pessoa egressa
do sistema prisional, além de ser representado pela Defensoria Pública do Estado do
Maranhão.
6. Recurso conhecido e provido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0820474-37.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: LEUDIVALDO DOS SANTOS MONTEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
FALTA GRAVE. POSSE DE SUBSTÂNCIA CONSIDERADA ANÁLOGA À MACONHA.
REGRESSÃO DE REGIME. AUSÊNCIA DE LAUDO TOXICOLÓGICO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E DA CONSEQUENTE DECISÃO
JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. A jurisprudência da 5ª e da 6ª Turmas do Superior Tribunal de Justiça se consolidou
no sentido de que é imprescindível a confecção do Laudo Toxicológico para comprovar a
materialidade da infração disciplinar e a natureza da substância encontrada com o apenado
no interior de estabelecimento prisional, não podendo supri-la nem mesmo a confissão do
réu.
2. Hipótese em que o agravante fora surpreendido portando substância considerada
análoga à maconha, em relação à qual jamais foi confeccionado Laudo Toxicológico, tendo
confessado a autoria dos fatos que lhe foram imputados, motivo pelo qual foi condenado
em Processo Administrativo Disciplinar – PAD e por meio de decisão judicial, regredindo
para o regime de cumprimento de pena fechado.
3. Disso decorre que devem ser anulados o PAD e a decisão judicial em referência, devendo
o agravante retornar ao regime anterior de cumprimento da sua pena privativa de liberdade,
salvo se por outro motivo tiver de ser realocado em regime mais gravoso.
4. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, por ser o agravante pessoa ergastulada

348 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


no sistema prisional, além de ser representado pela Defensoria Pública do Estado do
Maranhão, do que se presume a sua hipossuficiência econômico-financeira.
5. Recurso conhecido e provido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0806244-87.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: HENRIQUE FIALHO ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. RÉU CONDENADO COM TRÂNSITO EM
JULGADO. POSTERIOR PRISÃO CAUTELAR EM OUTRO PROCESSO. DETRAÇÃO
DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. NÃO VERIFICAÇÃO.
PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de que somente se admite a
detração do tempo de prisão processual ordenada em outro processo em que absolvido o
sentenciado ou declarada extinta sua punibilidade, quando a data do cometimento do crime
de que trata a execução seja anterior ao período pleiteado.
II. Apesar de a segregação cautelar imposta ao reeducando ter sido em relação a crime
cometido posteriormente à pena em cumprimento na atual Guia de Execução, é necessário
também que ele seja absolvido da imputação superveniente ou tenha sua punibilidade
extinta, situação que não compreende o caso dos autos.
III. Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0820388-66.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: CÁSSIO DANIEL PEREIRA ALCÂNTARA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM
EXECUÇÃO PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NÃO PAGAMENTO DA PENA
DE MULTA. CARÁTER DE DÍVIDA DE VALOR. HIPOSSUFICIÊNCIA PRESUMIDA DO
AGRAVADO. REPRESENTADO PELA DEFENSORIA PÚBLICA.
1. É cediço que a pena de multa, no atual panorama jurídico, embora mantenha sua natureza
condenatória, adquiriu caráter de dívida de valor, conforme dispõe o artigo 51 do Código
Penal.
2. Portanto, seria desarrazoada a necessidade do pagamento da pena de multa como
condição para reconhecer a extinção da punibilidade, haja vista a hipossuficiência do
agravado assistido pela Defensoria Pública Estadual.
3. Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o
inadimplemento da sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de
fazê-lo, não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade” (REsp n. 1.785.383/SP,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 349


Terceira Seção, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe de 30/11/2021; e REsp n. 1.785.861/
SP, Terceira Seção, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe de 30/11/2021).
4. Recurso conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817270-82.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: SILMAR JÚNIOR LUZ PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO DE REGIME.
BENEFÍCIO CONCEDIDO PELO JUÍZO. AGRAVO DE EXECUÇÃO PREJUDICADO.
PERDA DE OBJETO.
I – Concedido ao apenado nos autos da execução penal o benefício da progressão de
regime pleiteado no agravo, o recurso resta prejudicado pela perda de objeto.
II – Agravo de execução prejudicado.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0810271-16.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: CARLOS FRANÇA DE ALMEIDA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA DISCIPLINAR. PRESCRIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. LACUNA LEGISLATIVA SUPRIDA PELO CÓDIGO PENAL. EXCESSO
DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DE PROCEDIMENTO DISCIPLINAR INTERNO.
INEXISTÊNCIA. NATUREZA PERMANENTE DA FUGA. NULIDADE POR VIOLAÇÃO
AO DEVIDO PROCESSO LEGAL REJEITADA. PODER DISCIPLINAR. ATRIBUIÇÃO DO
DIRETOR DA UNIDADE PRISIONAL. AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO REALIZADA NA
PRESENÇA DO DEFENSOR E DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
I – A prescrição das faltas disciplinares, diante da lacuna legislativa, observa, por analogia,
o menor dos prazos previstos no artigo 109 do Código Penal, que é de 03 (três) anos.
Decreto Estadual do Poder Executivo não pode tratar sobre a matéria.
II – Dada a natureza permanente da infração disciplinar da fuga, não há excesso de prazo
para conclusão de procedimento disciplinar interno se, entre as datas da recaptura do
apenado e da decisão do Conselho Disciplinar, não houvera transcorrido o prazo de um
ano.
III – O poder disciplinar na execução das penas é exercido pela autoridade administrativa a
que estiver sujeito o condenado, cabendo ao Diretor da Unidade Prisional apurar a conduta
faltosa do detento e proceder à subsunção do fato à norma legal, nos termos dos artigos 47
e 48 da Lei de Execução Penal.
IV – Inexiste nulidade se o reconhecimento da falta disciplinar também for precedido, além
do competente procedimento administrativo, de audiência de justificação na presença do

350 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


defensor e do Ministério Público.
V - Agravo conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815590-62.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MIZAEL ROCHA ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
DISCIPLINAR. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 74, I, DO DECRETO ESTADUAL 34.006/2018.
INAPLICABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 22, I, DA CF/88. MATÉRIA PENAL.
COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO. ART. 109, VI, DO CP. APLICAÇÃO ANALÓGICA.
PRECEDENTE DO STJ. AUSÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA. INOCORRÊNCIA. AGRAVO
EM EXECUÇÃO IMPROVIDO.
I. Por disciplinar matéria de competência privativa da União (art. 22, I, da CF/88), inaplicável
a legislação estadual no tocante à disciplina dos prazos prescricionais para a aplicação de
sanções referente às faltas graves no âmbito da execução penal.
II. As turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça entendem
que, em razão da ausência de legislação específica, aplica-se, para fins de contagem do
lapso prescricional de apuração da falta disciplinar, cometida no curso da execução penal,
o prazo de 03 (três) anos, por ser o menor período constante do art. 109 do Código Penal.
III. Insubsistente arguição de prescrição, porquanto não transcorrido o referido interregno
entre a data da falta grave e a decisão de imposição da sanção.
IV. Demonstrada assistência por advogado em todos os atos do Procedimento Disciplinar
Interno (PDI), resta afastada a alegação de ausência de defesa técnica, uma vez preservado
o contraditório e a ampla defesa.
V. Agravo em execução penal conhecido e improvido.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0815354-13.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: DHONES DA SILVA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
AGRAVADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE.
REGRESSÃO DE REGIME. REVOGAÇÃO DE 1/3 DOS DIAS REMIDOS. NULIDADE DA
DECISÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO.
I. O cometimento de falta grave pelo apenado autoriza a regressão de regime e a revogação
de até 1/3 (um terço) dos dias remidos. Inteligência dos arts. 118, I, e 127 da Lei 7.210/1984
– Lei de Execuções Penais.
II. Inexiste nulidade na decisão que determinou a perda do tempo remido no patamar máximo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 351


permitido pelo art. 127 da LEP, quando devidamente fundamentada. Entendimento do STJ.
III. Agravo conhecido e desprovido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0816535-49.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: JUNILSON DIAS DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. MARCO INICIAL. DATA
EM QUE O REEDUCANDO PREENCHEU OS REQUISITOS OBJETIVO E SUBJETIVO
DO ART. 112 DA LEP. SAÍDA TEMPORÁRIA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO APENADO.
DESNECESSIDADE DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA.
I. Conforme entendimento do STF e do STJ, uma vez concedida a progressão de regime,
o marco inicial para a subsequente promoção será a data em que o apenado efetivamente
preencheu os requisitos objetivo e subjetivo previstos no art. 112 da LEP, e não a data em
que esse direito foi deferido ou quando, de fato, ocorreu a transferência para outra unidade
penal, pois a decisão que defere a progressão tem natureza declaratória, e não constitutiva.
II – É possível a concessão de benefícios ao reeducando, tais como progressão do regime
prisional e saídas temporárias, sem o pagamento da pena de multa quando há comprovação
da sua manifesta hipossuficiência. Precedentes do STJ e do STF
III – Agravo em Execução Penal conhecido e improvido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0817276-89.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
AGRAVADO: MESSIAS GONÇALVES DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
PROGRESSÃO DE REGIME. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. PAGAMENTO
DA PENA DE MULTA. NÃO EXIGÊNCIA. AGRAVANTE ASSISTIDO PELA DEFENSORIA
PUBLICA. PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. É cediço que para a obtenção da progressão de regime o condenado precisar cumprir dois
requisitos: o objetivo, consistente no cumprimento de parte da pena imposta, e o subjetivo,
demonstrando ter comportamento carcerário satisfatório (artigo 112 da LEP).
2. O não pagamento da multa penal não obsta a progressão de regime, vez que resta
demonstrada, na espécie, a condição de hipossuficiência do agravante. Presume-se a
hipossuficiência da pessoa assistida pela Defensoria Pública.
3. Recurso conhecido e provido.
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0807301-43.2022.8.10.0000
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: JOSIMAR OLIVEIRA BARBOSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

352 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. DATA-BASE
PARA CONCESSÃO DE FUTUROS BENEFÍCIOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
DATA DA ÚLTIMA PRISÃO COMO TERMO INICIAL. INCONFORMISMO MINISTERIAL.
AGRAVO DESPROVIDO.
I. Havendo nova condenação definitiva, decorrente de fato anterior ou posterior ao início
da execução penal, as penas devem ser unificadas, fazendo-se novo cálculo com base no
seu somatório.
II. Inexistindo previsão legal expressa no sentido de que a unificação das penas enseja
a alteração da data-base para a concessão de novos benefícios, deve ser adotado como
marco inicial para a sua aquisição a data da última prisão do apenado. Precedentes do STJ
e do TJMA.
III. Agravo conhecido e improvido, mantendo-se, em consequência, inalterada a decisão
agravada.

AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL NÚMERO PROCESSO N° 0812885-91.2022.8.10.0000


AGRAVANTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
AGRAVADO: CLEOMARQUIS DA SILVA BARRETO
ADVOGADO: JOÃO BATISTA BORGES LUZ SILVA (OAB/MA 10.275)
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. CONCESSÃO DE PROGRESSÃO DE
REGIME. SUJEIÇÃO AO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. DESNECESSIDADE.
PEDIDO DE PARCELAMENTO JÁ DEFERIDO. MANIFESTA HIPOSSUFICIÊNCIA DO
APENADO.
I. O cumprimento dos requisitos subjetivo (boa conduta carcerária) e objetivo (lapso
temporal) viabiliza o deferimento de benefícios ao reeducando, a exemplo da progressão
do regime prisional, não havendo no art. 112 da LEP a exigência de pagamento integral da
pena de multa.
II. Correta a concessão das benesses previstas na Lei de Execuções Penais à margem do
pagamento da pena de multa, notadamente quando já deferido o pedido de parcelamento
- por evidente hipossuficiência econômica do apenado – e sido iniciado o pagamento
fracionado.
III. Agravo em execução conhecido e desprovido.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL No 0816365-14.2021.8.10.0000


PACIENTE: PAULO RODRIGO ARAÚJO SANTOS
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. KRISHNAMURTI LOPES MENDES FRANÇA
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE POR PORTAR APARELHO CELULAR. ART.
50 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. DESNECESSIDADE DE PERÍCIA PARA ATESTAR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 353


O FUNCIONAMENTO DO CELULAR. CONFIGURAÇÃO DE FALTA GRAVE PELA MERA
POSSE DO APARELHO.
I – Não se faz necessária a prova de pleno funcionamento do aparelho celular para
configuração da falta grave prevista na Lei de Execução Penal.
II – Sendo desnecessária a prova do funcionamento, também não há falar em perícia
técnica, pois basta tão somente a posse do aparelho para o cometimento da falta grave.
III - Agravo em execução penal conhecido e não provido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

11. CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000667-75.2018.8.10.0074


APELANTE: JADSON LOBO RODRIGUES, ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA
GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO- PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA, JADSON
LOBO RODRIGUES
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO. EX-
PREFEITO. EXTRAVIO DE PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS DA SEDE DA PREFEITURA.
CONDENAÇÃO FUNDADA APENAS EM RAZÃO DO CARGO OCUPADO. IMPUTAÇÃO
DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA PELA CUSTÓDIA DOS DOCUMENTOS.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONDUTA COMISSIVA OU OMISSÃO PENALMENTE
RELEVANTE. INEXISTÊNCIA DE PROVAS CONCRETAS DE CONDUTA DO RÉU OU DO
ELEMENTO SUBJETIVO. CRIME DO ART. 10 DA LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NÃO
CONFIGURAÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS DOCUMENTOS
ERAM ESSENCIAIS À PROPOSITURA DA AÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS NESSE
SENTIDO.
I – O crime de subtração ou inutilização de livro ou documento pressupõe uma ação comissiva
ou, no mínimo, uma omissão penalmente relevante, sendo, em qualquer caso, indispensável
a configuração do dolo - da vontade livre e consciente de subtrair os documentos.
II – Na espécie, não havendo provas de que o réu efetivamente subtraiu os documentos,
a sentença o condenou com base unicamente na sua condição de prefeito à época dos
fatos, por considerar que era responsável pela custódia de todos os documentos relativos
ao poder executivo municipal.
III – Considerar o prefeito como responsável pela guarda de todos os documentos, contudo,
para os fins do crime em comento, configuraria verdadeira responsabilidade penal objetiva,

354 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


vedada em nosso ordenamento jurídico. Outrossim, para caracterização do crime na
modalidade omissiva, seria necessário que a responsabilidade pela guarda dos documentos
estivesse prevista em lei, o que não é o caso dos autos.
IV – Não havendo provas concretas de que o réu dolosamente subtraiu os procedimentos
licitatórios ou permitiu que fossem subtraídos, impõe-se a sua absolvição do crime.
V - Para a configuração do crime previsto no art. 10 da Lei 7.347/85, exige-se que o Ministério
Público aponte quais são os dados técnicos e por que são indispensáveis à propositura da
referida ação civil pública, o que não restou demonstrado nos autos.
V – Apelações conhecidas, com parcial provimento a apelação do réu para absolvê-lo pelo
crime do art. 337 do CP; e, desprovimento da apelação do Ministério Público para manter a
absolvição pelo crime do art. 10 da Lei 7.347/85.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000073-10.2019.8.10.0112


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, VINÍCIUS OLIVEIRA
MELO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, VINÍCIUS OLIVEIRA
MELO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. SUPRESSÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO E PREVARICAÇÃO. OMISSÃO
E CONTRADIÇÃO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO QUANTO ÀS TESES DEFENSIVAS.
INOCORRÊNCIA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
a todas as teses defensivas, de forma discriminada, não havendo o que falar em omissão
ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000362-07.2016.8.10.0060


APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: RAFAEL DE FREITAS COSTA, RITA DE CASSIA VIEIRA DA COSTA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. CRIME DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 355


PÚBLICO. NÃO CONFIGURADO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ALEGAÇÃO DE
INEXISTÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. INOCORRÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA
I. Inexistem elementos capazes de configurar o delito previsto no art. 297 do Código Penal,
quando não há a falsificação da própria forma do documento, construindo um novo ou
alterando o que era verdadeiro.
II. Aplica-se o princípio da consunção quando o crime-fim absorve o crime-meio, portanto, a
inserção das assinaturas na ata de votação da eleição para conselheiro tutelar da cidade de
Timon/MA foi o meio utilizado pelos agentes para obter um resultado distinto da realidade.
II. Resta configurada a prática do crime de falsidade ideológica, considerando que os
acusados inseriram informação falsa em lista de votação com o intuito de alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante, no caso concreto, o resultado da eleição para conselheiro
tutelar. Pois, o crime de falsidade ideológica tem natureza formal e se consuma tão somente
com a inserção do falso no documento, sem necessidade de prejuízo efetivo. Precedentes.
III. O crime de falsidade ideológica, previsto no art. 299, caput, do Código Penal, exige dolo
específico, com o intuito de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.
IV. Demonstrado, beyond a reasonable doubt, que o agente tinha conhecimento da ilicitude
do seu ato e das suas consequências ao falsear ideologicamente o documento público,
caracterizado se encontra o dolo específico.
V. Apelações desprovidas. Sentença mantida.

12. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0804588-51.2021.8.10.0026


RECORRENTE: LUIZ CARLOS CONCEIÇÃO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA. INVIABILIDADE. DECISÃO DE
PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).

356 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


III. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da inclusão da qualificadora. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0003104-16.2013.8.10.0058


RECORRENTE: CARLOS ALBERTO CANTANHEDE
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II – É válida a sentença de pronúncia que exponha a existência dos indícios mínimos da
autoria, inclusive aqueles colhidos em fase policial, desde que confirmados na instrução.
Entendimento atual do STJ.
III - Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0015673-16.2019.8.10.0001


RECORRENTE: DIELINGTON COSTA BORGES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO ABSOLVIÇÃO. DEMONSTRAÇÃO DE PLANO.
INEXISTENTE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO JÚRI. MATERIALIDADE E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA. EXCLUSÃO
DE QUALIFICADORA. INAPLICABILIDADE. MUTATIO LIBELLI. NÃO CONFIGURADO.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Não há nos autos prova cabal que permita realizar a exclusão da qualificadora prevista

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 357


no art. 121, §2º, IV, do Código Penal, concorrendo as provas no sentido de que a vítima foi
surpreendida pelo recorrente
3. Não obstante o Ministério Público não tenha apontado expressamente a circunstância
qualificadora quando da denúncia, mas tão somente nas alegações finais, não houve
qualquer alteração na descrição dos fatos aptas a ensejar um enquadramento naquilo que
dispõe o art. 384, do Código de Processo Penal.
4. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000508-50.2017.8.10.0048


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RECORRIDO: JOSIMAR DE JESUS DO NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PRESCRIÇÃO VIRTUAL. IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO
SUMULADO DO STJ E PACIFICADO NO STF.
I - A denominada “prescrição virtual”, na qual o juízo reconhece a prescrição com base
na pena máxima hipotética, não possui previsão legal e é expressamente rejeitada pelos
tribunais superiores.
II - Recurso em sentido estrito conhecido e provido para anular a sentença.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0011611-30.2019.8.10.0001


RECORRENTE: MATHEUS DOS SANTOS DA SILVA, RODRIGO SILVA DE ALENCAR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ROUBO CONEXO
COM HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II - É válida a sentença de pronúncia que exponha a existência dos indícios mínimos da
autoria, inclusive aqueles colhidos em fase policial, desde que confirmados na instrução.
Entendimento atual do STJ.

III - Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO

358 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000605-58.2018.8.10.0034


RECORRENTE: MATEUS DA SILVA CABRAL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PEDIDO DE NULIDADE. EXCESSO DE LINGUAGEM. INOCORRÊNCIA.
EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS. INVIABILIDADE. DECISÃO DE PRONÚNCIA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não incorre em excesso de
linguagem a pronúncia que não adentra em juízo de certeza, apenas fundamentando-se na
existência de prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria. Precedentes.
II. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
III. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da inclusão das qualificadoras. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0808209-13.2022.8.10.0029


REQUERENTE: ALEXANDRE DOS SANTOS CAMPOS
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. LEGÍTIMA DEFESA. AUSÊNCIA DE PROVA CATEGÓRICA. PRONÚNCIA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II - Cabe ao Tribunal do Júri apreciar a tese de legítima defesa quando não há a presença

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 359


manifesta de prova da excludente de ilicitude que autoriza o juiz a absolver sumariamente
o acusado, fundado no art. 415, IV, do CPP.
III - Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV - Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000170-69.2010.8.10.0065


RECORRENTE: GENIVALDO BARREIRA DA SILVA, GERVAL RODRIGUES DA SILVA
FILHO, JENIVON BARREIRA DA SILVA, ESPERIDIÃO BARREIRA DA SILVA
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. MORTE DO CORRÉU. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
RECONHECIMENTO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS
DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PARA LESÃO
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE E DE ABSOLVIÇÃO POR LEGÍTIMA DEFESA.
MATÉRIAS QUE DEVEM SER SUBMETIDAS À APRECIAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.
PRECEDENTES. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. INVIABILIDADE. PRONÚNCIA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Comprovada a morte do agente, consoante atestado por competente certidão de óbito
acostada aos autos, é devido o reconhecimento da extinção da punibilidade, nos termos do
art. 107, I, do Código Penal.
II. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP)
III. A desclassificação do crime de homicídio qualificado para lesão corporal seguida de
morte só cabe na fase de pronúncia se não houver nenhuma dúvida quanto à ausência do
animus necandi.
IV. O pedido subsidiário de absolvição por legítima defesa é matéria que, por demandar
análise pormenorizada dos elementos probatórios, deve ser avaliada pelo Conselho de
Sentença, órgão constitucionalmente incumbido de tal exame. Precedentes.
V. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro Antônio
Saldanha Palheiro).

360 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


VI. Decisão de pronúncia mantida. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000636-79.2013.8.10.0058


RECORRENTE: DAVI RODRIGUES MACHADO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVA DE MATERIALIDADE E
INDÍCIOS DA AUTORIA DO CRIME. TESE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PRINCÍPIO
IN DUBIO PRO SOCIETATE. NÃO ACOLHIMENTO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS.
INVIABILIDADE. DECISÃO DE PRONÚNCIA MANTIDA. MULTA DO ART. 265, DO CPP, POR
ABANDONO DA CAUSA PELO PATRONO. NÃO APLICADA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Como cediço, a decisão de pronúncia comporta mero juízo de admissibilidade da acusação
em crimes dolosos contra a vida, para posterior submissão ao Júri Popular. Nesta etapa, é
suficiente que o juiz se convença da existência do crime e de indícios mínimos da respectiva
autoria.
II. Estando devidamente fundamentada a decisão que pronunciou o acusado,
consubstanciada em provas que indicam a materialidade e os indícios de autoria que pesa
contra si, não há como acolher o pleito de impronúncia.
III. O princípio do in dubio pro societate, insculpido no art. 413 do Código de Processo Penal,
que norteia a decisão de pronúncia, não confronta o postulado da presunção de inocência,
tratando-se de um mecanismo que objetiva assegurar a competência constitucional do
Tribunal do Júri.
IV. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
V. A aplicação sumária da multa prevista no art. 265 do Código de Processo Penal, afigura-
se prematura diante da ausência do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual o
pleito de instauração de processo administrativo voltado à apuração de eventual infração
disciplinar junto à OAB é medida dotada de maior razoabilidade.
VI. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002508-76.2019.8.10.0040


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: AROLDO OLIVEIRA SILVA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 361


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ESTUPRO
DE VULNERÁVEL. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. REFORMA DO DECISUM. IMPOSSIBILIDADE.
I – A admissibilidade da acusação demanda, além dos requisitos previstos no art. 41, do
CPP, a indicação de elementos probatórios mínimos a sustentá-la, sob pena de rejeição.
Inteligência do art. 395, III, do CPP.
II- Evidenciado que a exordial acusatória carece de lastro probatório mínimo para subsidiar
a imputação da prática do crime de estupro de vulnerável, na modalidade tentada, em
razão de inexistir relato ou indício de prática de ato libidinoso a ensejar o recebimento da
incoativa, a manutenção da decisão que a rejeitou é medida que se impõe.
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO | NÚMERO PROCESSO N° 0000552-87.2019.8.10.0084


RECORRENTE: LENINALDO VAZ LOPES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO. EXCLUDENTE
DE ILICITUDE. LEGÍTIMA DEFESA. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE
PRONÚNCIA. DESPROVIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Na fase de pronúncia, se não houver prova cabal de que o réu agiu sob o amparo da
legítima defesa, é incabível absolvê-lo sumariamente;
3. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001804-97.2018.8.10.0040


RECORRENTE: FRANCISCO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. MATÉRIA
DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO
SIMPLES. PRELIMINAR DE EXCESSO DE LINGUAGEM. REJEIÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO
PARA LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. INAPLICABILIDADE. MATERIALIDADE

362 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA.
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA. DESCABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. Não constatada a presença do excesso de linguagem levantado pela parte requerente.
Ao contrário da alegação feita, verifico que o juízo a quo rebateu as teses constantes nas
alegações finais, reforçando que as provas convergiam para indícios de participação do
acusado no crime, evitando afirmações contundentes acerca da autoria delitiva.
2. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
3. A averiguação das circunstâncias que motivaram o crime e uma possível incidência
de minorante são análises que devem ser feitas no mérito, não cabendo tal valoração na
decisão de pronúncia.
4. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001142-90.2015.8.10.0056


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RECORRIDO: FRANCISCO MOURA OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CONCURSO DE
HOMICÍDIO SIMPLES E QUALIFICADO. INDÍCIOS DE AUTORIA COLHIDOS NA FASE
JUDICIAL. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I- A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II – É válida a sentença de pronúncia que exponha a existência dos indícios mínimos da
autoria, inclusive aqueles colhidos em fase policial, desde que confirmados na instrução.
Entendimento atual do STJ.
III - Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000115-67.2018.8.10.0056


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 363


RECORRIDO: ALDONIRO CARLOS ALENCAR MUNIZ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO QUE
FUNDAMENTADAMENTE AFASTOU A PRESCRIÇÃO VIRTUAL. REEXAME DA MATÉRIA.
IMPOSSIBILIDADE.
I – Os embargos de declaração destinam-se a desfazer ambiguidade, aclarar obscuridade,
eliminar contradição ou suprir omissões existentes no julgado (art. 619 do CPP).
II – Inexiste a omissão apontada no acórdão embargado, vez que fundamentadamente
explicitou as razões para afastar a incidência do instituto da prescrição virtual.
III - Os embargos de declaração não se prestam para provocar o reexame de matéria já
apreciada.
IV – Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0801651-86.2021.8.10.0117


RECORRENTE: WELLINGTON SANTOS SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA. PEDIDO DE NULIDADE. EXCESSO DE LINGUAGEM.
INOCORRÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não incorre em excesso de
linguagem a pronúncia que não adentra em juízo de certeza, apenas fundamentando-se na
existência de prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria. Precedentes.
II. Recurso em sentido estrito conhecido e improvido, mantendo-se a sentença de pronúncia.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001055-32.2018.8.10.0056


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RECORRIDO: JOSÉ DE RIBAMAR COSTA ALVES
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PRESCRIÇÃO VIRTUAL. IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO
SUMULADO DO STJ E PACIFICADO NO STF.
I - A denominada “prescrição virtual”, na qual o juízo reconhece a prescrição com base
na pena máxima hipotética, não possui previsão legal e é expressamente rejeitada pelos
tribunais superiores.
II - Recurso em sentido estrito conhecido e provido para anular a sentença.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001016-88.2019.8.10.0027

364 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


REQUERENTE: JOSÉ ADENILSON GOIS DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO. DEMONSTRAÇÃO DE
PLANO. INEXISTENTE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO JÚRI. MATERIALIDADE E
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA.
EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. INAPLICABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Não há nos autos prova cabal que permita realizar a exclusão das qualificadoras,
concorrendo as provas no sentido de que a vítima foi surpreendida pelo recorrente e que
este cometeu o crime mediante paga ou recompensa.
3. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000284-95.2020.8.10.0052


RECORRENTE: JOSÉ ALMIR SOARES JÚNIOR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA.
IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II – Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800707-73.2022.8.10.0077

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 365


REQUERENTE: DESMON DOS SANTOS LOBATO
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INDEFERIMENTO
DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. HIPÓTESE ALHEIA AO ROL
DO ART. 581, DO CPP. ÓBICE AO CONHECIMENTO DO RECURSO. IMPOSSIBILIDADE
DA CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO.
I. O recurso em sentido estrito não é a via recursal adequada para combater decisão do juiz
singular que indeferiu o pleito de revogação da prisão preventiva do acusado, vez que tal
situação é alheia ao rol do art. 581 do CPP.
II. A Terceira Seção do STJ, no julgamento dos EREsp nº 1.630.121/RN, sufragou a
possibilidade de interpretação extensiva do rol taxativo do art. 581 do CPP, sendo vedada,
porém, a interpretação analógica, o que obsta o manejo para situações totalmente diversas
daquelas vislumbradas pelo legislador. Precedentes.
III. Inviável a concessão da ordem de habeas corpus de ofício quando robusta a demonstração
de necessidade da custódia do recorrente em função da garantia a ordem pública e aplicação
da lei penal, porquanto a violenta morte da vítima foi oriunda de rivalidade entre membros
de facções criminosas.
IV. Recurso não conhecido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000170-69.2010.8.10.0065


RECORRENTE: GENIVALDO BARREIRA DA SILVA, GERVAL RODRIGUES DA SILVA
FILHO, JENIVON BARREIRA DA SILVA, ESPERIDIÃO BARREIRA DA SILVA
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. MORTE DO CORRÉU. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
RECONHECIMENTO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS
DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PARA LESÃO
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE E DE ABSOLVIÇÃO POR LEGÍTIMA DEFESA.
MATÉRIAS QUE DEVEM SER SUBMETIDAS À APRECIAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.
PRECEDENTES. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. INVIABILIDADE. PRONÚNCIA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Comprovada a morte do agente, consoante atestado por competente certidão de óbito
acostada aos autos, é devido o reconhecimento da extinção da punibilidade, nos termos do
art. 107, I, do Código Penal.
II. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP)

366 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


III. A desclassificação do crime de homicídio qualificado para lesão corporal seguida de
morte só cabe na fase de pronúncia se não houver nenhuma dúvida quanto à ausência do
animus necandi.
IV. O pedido subsidiário de absolvição por legítima defesa é matéria que, por demandar
análise pormenorizada dos elementos probatórios, deve ser avaliada pelo Conselho de
Sentença, órgão constitucionalmente incumbido de tal exame. Precedentes.
V. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro Antônio
Saldanha Palheiro).
VI. Decisão de pronúncia mantida. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000636-79.2013.8.10.0058


RECORRENTE: DAVI RODRIGUES MACHADO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVA DE MATERIALIDADE E
INDÍCIOS DA AUTORIA DO CRIME. TESE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PRINCÍPIO
IN DUBIO PRO SOCIETATE. NÃO ACOLHIMENTO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS.
INVIABILIDADE. DECISÃO DE PRONÚNCIA MANTIDA. MULTA DO ART. 265, DO CPP, POR
ABANDONO DA CAUSA PELO PATRONO. NÃO APLICADA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Como cediço, a decisão de pronúncia comporta mero juízo de admissibilidade da acusação
em crimes dolosos contra a vida, para posterior submissão ao Júri Popular. Nesta etapa, é
suficiente que o juiz se convença da existência do crime e de indícios mínimos da respectiva
autoria.
II. Estando devidamente fundamentada a decisão que pronunciou o acusado,
consubstanciada em provas que indicam a materialidade e os indícios de autoria que pesa
contra si, não há como acolher o pleito de impronúncia.
III. O princípio do in dubio pro societate, insculpido no art. 413 do Código de Processo Penal,
que norteia a decisão de pronúncia, não confronta o postulado da presunção de inocência,
tratando-se de um mecanismo que objetiva assegurar a competência constitucional do
Tribunal do Júri.
IV. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 367


V. A aplicação sumária da multa prevista no art. 265 do Código de Processo Penal, afigura-
se prematura diante da ausência do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual o
pleito de instauração de processo administrativo voltado à apuração de eventual infração
disciplinar junto à OAB é medida dotada de maior razoabilidade.
VI. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002508-76.2019.8.10.0040


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: AROLDO OLIVEIRA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ESTUPRO
DE VULNERÁVEL. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. REFORMA DO DECISUM. IMPOSSIBILIDADE.
I – A admissibilidade da acusação demanda, além dos requisitos previstos no art. 41, do
CPP, a indicação de elementos probatórios mínimos a sustentá-la, sob pena de rejeição.
Inteligência do art. 395, III, do CPP.
II- Evidenciado que a exordial acusatória carece de lastro probatório mínimo para subsidiar
a imputação da prática do crime de estupro de vulnerável, na modalidade tentada, em
razão de inexistir relato ou indício de prática de ato libidinoso a ensejar o recebimento da
incoativa, a manutenção da decisão que a rejeitou é medida que se impõe.
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000552-87.2019.8.10.0084


RECORRENTE: LENINALDO VAZ LOPES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO. EXCLUDENTE
DE ILICITUDE. LEGÍTIMA DEFESA. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE
PRONÚNCIA. DESPROVIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Na fase de pronúncia, se não houver prova cabal de que o réu agiu sob o amparo da
legítima defesa, é incabível absolvê-lo sumariamente;
3. Recurso conhecido e desprovido.

368 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0835910-33.2022.8.10.0001
RECORRENTE: JORGE LUÍS DO PRADO
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. COMPETÊNCIA RELATIVA EM RAZÃO DO
LUGAR. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 33/STJ. PRINCÍPIO
DA PERPETUATIO JURISDICIONIS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE FOI PROPOSTA
A AÇÃO.

I - O recebimento da denúncia fixa a competência do juízo relativamente incompetente, que


não pode, de ofício, decliná-la. Inteligência da Súmula nº 33 do STJ.
II - Quando se tratar de incompetência relativa, tem incidência o princípio da perpetuatio
jurisdictionis (art. 43 do CPC), aplicado em caráter subsidiário por força do disposto no art.
3º do CPP.
III - A regra prevista no art. 109 do Código de Processo Penal destina-se exclusivamente a
situações que versar sobre incompetência absoluta.
IV - Recurso provido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000037-53.2007.8.10.0058


RECORRENTE: LAURO LUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO.
PRONÚNCIA. PRESENÇA DE PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. LEGÍTIMA DEFESA NÃO EVIDENCIADA DE PLANO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA
DA AUSÊNCIA DO ANIMUS NECANDI. DECOTE DA QUALIFICADORA DO MOTIVO
FÚTIL. EMISSÃO DE JUÍZO DE VALOR QUE COMPETE AO TRIBUNAL DO JÚRI.
I – A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime
e os indícios de autoria, pois, nessa etapa, o magistrado exerce apenas juízo de viabilidade
da acusação. Esses vetores foram observados pela decisão recorrida.
II – A absolvição sumária em razão da excludente de ilicitude da legítima defesa somente
é possível quando houver prova inequívoca da sua ocorrência, o que não se verifica nos
elementos coligidos aos autos.
III – A desclassificação do crime de homicídio qualificado tentado para o de lesão corporal
seria admissível apenas se houvesse prova inequívoca da ausência do animus necandi. Em
havendo dúvida da intenção do autor, a desclassificação deve ser analisada pelo Tribunal
do Júri.
IV – Somente se admite a exclusão de qualificadoras quando manifestamente improcedentes

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 369


ou descabidas. Assim, a ocorrência de discussão anterior entre o autor e a vítima, em
razão de insultos e ofensas, por si só, não é suficiente para retirar do Tribunal do Júri a
competência decisória para valorar e qualificar o motivo do crime como fútil, ou não.
V – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800949-92.2022.8.10.0057


RECORRENTE: RONILDO PEREIRA DE SOUSA
ADVOGADO: AGRAVANTE:
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. AUSÊNCIA DE
ANIMUS NECANDI. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL COM RESULTADO
MORTE. INVIABILIDADE. PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade


delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2.Diante das circunstâncias do crime e das provas produzidas, não é possível concluir, de
forma categórica, pela ausência de animus necandi da conduta, de modo que, em casos
como o presente, compete ao Júri a pretendida desclassificação para lesão corporal com
resultado morte.
3. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0804251-62.2021.8.10.0026


RECORRENTE: BRUNO CASTRO BERNAL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
TRIBUNAL DO JÚRI. PRESENÇA DE PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE PARA SUBMETER
O ACUSADO AO JULGAMENTO POPULAR. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA
CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS.
MATÉRIA A SER APRECIADA PELO TRIBUNAL DO JÚRI.

I – A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime


e os indícios de autoria, não se exigindo juízo de certeza para que o réu seja submetido ao

370 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


julgamento pelo Tribunal do Júri, eis que cabe a este órgão a condenação ou absolvição
com base nas provas dos autos.

II - Na espécie, os indícios de autoria restaram demonstrados pelo depoimento das


testemunhas bem como pelo próprio contexto dos fatos.

III – A qualificadora imputada ao réu deve ser submetida ao Tribunal do Júri para apreciação,
somente cabendo sua exclusão quando manifestamente improcedentes ou inexistentes, o
que não é o caso dos autos.

IV – Recurso em sentido estrito conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000434-73.2013.8.10.0100


RECORRENTE: JOEDSON JOSÉ CAMARGO CORREIA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. LEGÍTIMA DEFESA. ABSOLVIÇÃO. INDÍCIOS DE
AUTORIA E MATERIALIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE HOMICÍDIO
SIMPLES NA FORMA TENTADA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI
NÃO COMPROVADA DE PLANO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.
1. Consistindo a decisão de pronúncia um juízo preambular de admissibilidade da denúncia,
basta nessa fase, a demonstração da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, restando ao Tribunal do Júri o juízo soberano
sobre mérito dos delitos dolosos contra a vida.
2. A tese de desclassificação do delito, na fase de pronúncia, só pode ser admitida se
houver certeza de que a conduta caracteriza outro delito.
3. Havendo dúvida, a existência ou não da vontade livre e consciente da prática do crime é
decisão afeta ao juízo constitucional do Tribunal do Júri.
4. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000284-95.2020.8.10.0052


PACIENTE: JOSÉ ALMIR SOARES JÚNIOR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA.
IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 371


I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II – Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO No 0007756-77.2018.8.10.0001


RECORRENTE: MOISÉS PINHEIRO PEREIRA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI. PRESENÇA
DE PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA.
MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE PARA SUBMETER O ACUSADO AO JULGAMENTO
POPULAR. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL
DO JÚRI. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. MATÉRIA A SER APRECIADA PELO
TRIBUNAL DO JÚRI. CRIME CONTINUADO. ANÁLISE POR OCASIÃO DA CONDENAÇÃO
E DOSIMETRIA DA PENA.
I – A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime
e os indícios de autoria, não se exigindo juízo de certeza para que o réu seja submetido ao
julgamento pelo Tribunal do Júri, eis que cabe a este órgão a condenação ou absolvição
com base nas provas dos autos.
II – As qualificadoras imputadas ao réu devem ser submetidas ao Tribunal do Júri para
apreciação, somente cabendo sua exclusão quando manifestamente improcedentes ou
inexistentes, o que não é o caso dos autos.
III – A análise a respeito do concurso de crimes ou configuração de crime continuado não
deve ser feita na decisão de pronúncia, mas tão somente na dosimetria da pena, por ocasião
da condenação do acusado.
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO No 0000094-94.2019.8.10.0076


RECORRENTE: JARDEL NASCIMENTO CAVALCANTE
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA

372 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
III. Cabe ao Tribunal do Júri apreciar a tese de legítima defesa quando não há juízo de
certeza que autorize a absolvição sumária do réu.
IV. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da acusação. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002323-91.2013.8.10.0058


RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: MÁRCIO JOSÉ BEZERRA CRUZ
RECORRIDO: MARTINHO MARTINS JÚNIOR PEREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REJEIÇÃO
DA DENÚNCIA. RECEBIMENTO. REGULAR PROCESSAMENTO DO FEITO. RECURSO
MINISTERIAL. ART. 395, CPP. ART. 41, CPP.
1. Pretendido recebimento da denúncia. Cabimento. Estelionato. Rejeição da denúncia.
Conduta típica.
2. De acordo com o artigo 395 do Código de Processo Penal, apenas se autoriza a rejeição
da denúncia, quando for manifestamente inepta, faltar pressuposto processual ou condição
para o exercício da ação penal, ou ainda por falta de justa causa.
2. Denúncia que preenche os requisitos do artigo 41 do CPP, deve ser recebida, com
consequente retomada do curso regular do processo.
3. Recurso conhecido e provido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001110-79.2014.8.10.0134


REQUERENTE: RAIMUNDO RODRIGUES MACÁRIO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO. ABSOLVIÇÃO. EXCLUDENTE DE ILICITUDE. LEGÍTIMA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 373


DEFESA. DEMONSTRAÇÃO DE PLANO. INEXISTENTE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA
DO JÚRI. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A
DECISÃO DE PRONÚNCIA. DESCLASSIFICAÇÃO. INAPLICABILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Não há prova cabal de que o réu agiu sob o amparo da legítima defesa, de modo que
incabível a desclassificação do crime de homicídio para lesão corporal.
3. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000904-66.2020.8.10.0001


RECORRENTE: BRUNA LÍCIA FONSECA PEREIRA, JOSÉ WILLIAN DOS SANTOS
SILVA, ESTADO DO MARANHÃO PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA, MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADUAL
RECORRIDO: CARLOS EDUARDO NUNES PEREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
III. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da acusação. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0040105-12.2013.8.10.0001


RECORRENTE: HUDSON MARTINS RANGEL
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI.
PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI.
EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. MATÉRIA A SER APRECIADA PELO CONSELHO

374 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DE SENTENÇA. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO.
I - O afastamento de qualificadora, em sede de sentença de pronúncia, apenas se revela
possível diante de manifesta improcedência ou não cabimento, o que não é o caso dos
autos.
II - No caso em tela, as circunstâncias e as provas dos autos permitem inferir a possibilidade
de o crime ter sido praticado por motivo fútil, razão pela qual a mera viabilidade de
incidência da qualificadora basta para que sua análise seja submetida ao Tribunal do Júri,
especialmente considerando que tal imputação não se encontra totalmente dissociada das
provas dos autos.
III - Entender de forma diversa caracterizaria verdadeira invasão à competência constitucional
do Tribunal do Júri, tendo em vista que exigiria, por parte deste Tribunal, emissão de juízo
de valor acerca da motivação do crime.
IV - Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0840035-78.2021.8.10.0001


RECORRENTE: LEANDRO HONORATO SEREJO LOPES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVA DE MATERIALIDADE E
INDÍCIOS DA AUTORIA DO CRIME. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS DE ABSOLVIÇÃO POR
LEGÍTIMA DEFESA E EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS. MATÉRIAS QUE DEVEM SER
SUBMETIDAS À APRECIAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI. PRECEDENTES. RECURSO
DESPROVIDO.
I. Como cediço, a decisão de pronúncia comporta mero juízo de admissibilidade da acusação
em crimes dolosos contra a vida, para posterior submissão ao Júri Popular. Nesta etapa, é
suficiente que o juiz se convença da existência do crime e de indícios mínimos da respectiva
autoria.
II. Estando devidamente fundamentada a decisão que pronunciou o acusado,
consubstanciada em provas que indicam a materialidade e autoria que pesa contra si, não
há como acolher o pleito de impronúncia.
III. Os pedidos subsidiários de absolvição por legítima defesa e exclusão das qualificadoras
do tipo penal, são matérias que, por demandarem análise pormenorizada dos elementos
probatórios, devem ser avaliadas pelo Conselho de Sentença, órgão constitucionalmente
incumbido de tal exame. Precedentes.
IV. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0806899-69.2022.8.10.0029


RECORRENTE: MARCOS CLEITON DOS SANTOS NASCIMENTO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 375


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO. ABSOLVIÇÃO. EXCLUDENTE DE ILICITUDE. LEGÍTIMA
DEFESA. DEMONSTRAÇÃO DE PLANO. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO JÚRI.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO DE
PRONÚNCIA. DESPROVIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Na fase de pronúncia, se não houver prova cabal de que o réu agiu sob o amparo da
legítima defesa, é incabível absolvê-lo sumariamente;
3. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0801233-06.2020.8.10.0111


RECORRENTE: HENRIQUE FEITOSA DA SILVA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. FEMINICÍDIO.
PRONÚNCIA. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O
CRIME DE LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE ANIMUS NECANDI NÃO DEMONSTRADA. APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DE
SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. O princípio in dubio pro societate não importa em mitigação da presunção de inocência,
tratando-se de mecanismo que busca preservar a competência constitucional do Tribunal
do Júri, não havendo falar, por essa razão, em sua inconstitucionalidade.
2. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, quando convencido da materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria, sendo inviável, ante os indícios de
que agiu com animus necandi, a desclassificação do delito de feminicídio o para o de lesão
corporal seguida de morte.
2. Existindo indícios de que o homicídio foi praticado contra mulher por questões de ciúmes,
raiva ou vingança a desclassificação pretendida, cabe aos Jurados examinar e decidir
sobre a autoria delitiva e as circunstâncias em que o crime foi praticado, em razão de sua
competência constitucional.
3. Mantida a decisão de pronúncia. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0802195-44.2021.8.10.0127


RECORRENTE: RENILDO LOPES PEREIRA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

376 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO. ABSOLVIÇÃO. EXCLUDENTE DE ILICITUDE.
LEGÍTIMA DEFESA. MOTIVO FÚTIL. DEMONSTRAÇÃO DE PLANO. INEXISTENTE.
ARREPENDIMENTO EFICAZ. INAPLICABILIDADE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO
JÚRI. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A EMBASAR A DECISÃO
DE PRONÚNCIA. DESPROVIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
2. Não há prova cabal de que o réu agiu sob o amparo da legítima defesa ou de que inexistiu
motivo torpe, de modo que incabível a sua absolvição sumária.
3. Arrependimento eficaz inaplicável ao caso, uma vez que mesmo reconhecida a ação do
agente, este não conseguiu evitar que o resultado fosse produzido.
4. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0004324-34.2016.8.10.0029


RECORRENTE: RAIMUNDO VICENTE PRADO FILHO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE DISPARO DE ARMA DE FOGO EM VIA
PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI NÃO COMPROVADA
DE PLANO. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Consistindo a decisão de pronúncia um juízo preambular de admissibilidade da denúncia,
basta nessa fase, a demonstração da materialidade delitiva e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, restando ao Tribunal do Júri o juízo soberano
sobre mérito dos delitos dolosos contra a vida.
2. A tese de desclassificação do delito, na fase de pronúncia, só pode ser admitida se
houver certeza de que a conduta caracteriza outro delito.
3. Havendo dúvida, a existência ou não da vontade livre e consciente da prática do crime é
decisão afeta ao juízo constitucional do Tribunal do Júri.
4. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000765-50.2016.8.10.0100


PACIENTE: MACLAUDIO RODRIGUES (PIPOCA)
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 377


QUALIFICADO MOTIVO FÚTIL. PLEITO DE DESPRONÚNCIA. MATERIALIDADE DO
FATO DELITUOSO E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
SOCIETATE. MATÉRIA A SER APRECIADA PELO TRIBUNAL DO JÚRI. PRESERVAÇÃO
DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL.. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso.
2. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N° 0000057-12.2004.8.10.0135


RECORRENTE: FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO ABRANTES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
PROMOTOR: WLADEMIR SOARES DE OLIVEIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA.
EMENTA: Penal. Processual. Recurso em Sentido Estrito. Tentativa de homicídio qualificado.
Exame de corpo de delito. Laudo Pericial assinado apenas por um profissional. Prejuízo.
Inocorrência. Nulidade. Inverificação. ***Ausência de alegações finais. Mera irregularidade.
Decisão de pronúncia. Juízo provisório quanto à autoria e a materialidade delitiva. Prejuízo.
Inocorrência.
I – Em se mostrando assinado por médico, o laudo pericial aos autos acostado, apto,
portanto, a atestar a veracidade dos fatos nele contidos, incoerente, pois, que se falar em
nulidade processual ante a ausência de prejuízo para a defesa.
II – A ausência de alegações finais na primeira fase do júri constitui mera irregularidade
inapta a causar prejuízo à defesa, na medida em que constituinte a decisão de pronúncia
mero juízo de admissibilidade da acusação.
Recurso improvido. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso em Sentido Estrito, sob o nº 0000057-
12.2004.8.10.0135, em que figuram como recorrente e recorrido, os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal
de Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer da douta
Procuradoria Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do
relator.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 0801135-34.2021.8.10.0063


RECORRENTES: ADVALDO COSTA DE SOUSA e ABDIAS DIAS DOS REIS
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
PROMOTOR: THIAGO AGUIAR
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ JOAQUIM FIGUEIREDO DOS ANJOS

378 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PROCURADORA: SELENE COELHO DE LACERDA
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO, PRONÚNCIA. RECURSOS EM
SENTIDO ESTRITO.
1. A pronúncia comporta mero juízo de admissibilidade da acusação dos crimes dolosos
contra a vida, para posterior submissão da hipótese ao Júri Popular. Para aquela decisão,
suficiente que o juiz se convença da existência do crime e de indícios de autoria, vez que
vigente, naquela fase, o princípio do IN DUBIO PRO SOCIETATE.
2. Havendo dúvida sobre a situação de fato, haverá a hipótese que ser submetida ao
Tribunal do Júri, juiz natural para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, a quem
caberá a verificação cabal da prova.
3. Não se conhece do Recurso, na parte afeta à pretendida revogação da custódia a que
submetidos os Recorrentes, porque mera reiteração de causa já decidida, por este mesmo
Tribunal, na estreita via do HABEAS CORPUS.
4. Recurso em Sentido Estrito parcialmente conhecidos e, nessa parte, não providos.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000097-65.2019.8.10.0103


RECORRENTE: FERNANDO HENRIQUE PEREIRA, LEONARDO DA CONCEIÇÃO BRITO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE OLHO D’ÁGUA DAS CUNHÃS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
PRONÚNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO.
ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE PROVA
INEQUÍVOCA. MATÉRIA A SER APRECIADA PELO CONSELHO DE SENTENÇA.
MATERIALIDADE COMPROVADA. INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA.
CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO.
I – O acolhimento de uma excludente de ilicitude, em sede de decisão de pronúncia, apenas
seria possível diante de sua presença inequívoca nos autos, o que não ocorreu no caso.
II - No caso em tela, não há provas da presença de legítima defesa a impelir injusta agressão,
pelo contrário, os fatos narrados pelo recorrente induzem a excesso e desproporcionalidade
da ação dos réus.
III- Exame mais aprofundado da tese de legítima defesa a excluir o crime deve ser feito pelo
Conselho de Sentença, vez que a decisão de pronúncia tem, apenas, caráter declaratório
e provisório e entendê-la de forma diversa caracterizaria verdadeira invasão à competência
constitucional do Tribunal do Júri.
IV- Condições pessoais, tais como bons antecedentes, primariedade e endereço fixo não
são causas para revogar prisão preventiva, conforme entendimento do Superior Tribunal de
Justiça. Dessa forma, a prisão deve ser mantida para resguardar a ordem pública e para a
conveniência da instrução criminal.
V - Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000436-03.2020.8.10.0034

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 379


RECORRENTE: ANTÔNIO MARCOS DE ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, FRANCIELMA
LEITE DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PARA
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. NECESSIDADE DE EXAME APROFUNDADO.
IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
II - A desclassificação do crime de homicídio qualificado para lesão corporal seguida de
morte só cabe na fase de pronúncia se não houver nenhuma dúvida quanto à ausência do
animus necandi.
III - Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001929-71.2007.8.10.0001
RECORRENTE: RAIMUNDO DARIO FURTADO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. PRISÃO
PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO DO MP. ILEGALIDADE. EXCLUSÃO
DA QUALIFICADORA. IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
I – Após a alteração promovida pelo pacote anticrime na redação do artigo 311, do CPP, é
ilegal a decretação da prisão preventiva, em qualquer momento processual, sem o prévio
requerimento do Ministério Público, querelante ou representação da autoridade policial,
inobstante a ausência de previsão no § 3º, do art. 413, do CPP, que trata da decretação da
prisão preventiva por ocasião da prolação da sentença de pronúncia.
II - A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato
e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre,
ainda, ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando

380 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
III – Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser
excluídas da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente
improcedentes ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação
da competência constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel.
Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO).
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002892-21.2010.8.10.0051


RECORRENTE: RICARDO FARIAS SILVA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL. VINGANÇA. MATÉRIA DE
COMPETÊNCIA DO JÚRI. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A
EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA. APTA PARA O INÍCIO DA SEGUNDA FASE DO
JÚRI. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria, de rigor a pronúncia do acusado, em
homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do Júri o juízo de
mérito aplicável ao caso;
2. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que, em sede de pronúncia, a exclusão
de qualificadoras só é admissível quando manifestamente improcedentes, situação diversa
da verificada nos autos, devendo ser preservada a competência constitucional do Tribunal
do Júri. Precedentes;
3. A decisão de pronúncia encontra-se fundamentada de maneira concisa e em harmonia
com o entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual “a decisão
interlocutória de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação, não sendo
exigido, nesse momento processual, prova incontroversa da autoria do delito – bastam
a existência de indícios suficientes de que o réu seja seu autor e a certeza quanto à
materialidade do crime” (AgRg no AREsp 1064639/PE, Rel. Ministro Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, julgado em 01.06.2017, DJe 09.06.2017).
4. A pronúncia não pressupõe um juízo de culpa e nem adianta eventual condenação,
mostrando-se, ao contrário, como instrumento essencial à salvaguarda e à promoção da
garantia de submissão dos crimes dolosos contra a vida ao escrutínio do Júri Popular.
5. Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0001466-51.2016.8.10.0022
RECORRENTE: JOSÉ DE RIBAMAR VIEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 381


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. AMEAÇA.
DECISÃO QUE INDEFERIU PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO.
VIABILIDADE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA. DECORRIDOS
MAIS DE TRÊS ANOS DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA ATÉ A PUBLICAÇÃO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO.
1. Considerando que entre a data do recebimento da denúncia (19/04/2016) e publicação
da sentença (14/06/2019), transcorreram mais de 03 (três) anos, imperiosa a extinção da
punibilidade do recorrente em relação ao crime de ameaça, pela prescrição da pretensão
punitiva retroativa, nos termos do art. 109, VI, do Código Penal.
2. Na ausência de publicação da sentença, deve ser considerada a data da prática do
ato subsequente, que, de maneira inequívoca, demonstre a publicidade do decreto
condenatório. STJ. 6ª Turma. HC 408736-ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 06/02/2018 (Info 619).
3. Recurso conhecido e provido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000089-02.2016.8.10.0004


RECORRENTE: EULÁLIA DOS SANTOS COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RESE. TENTATIVA DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO (ART. 121, § 2º, II, C/C 14, II, AMBOS DO CP). IMPRONÚNCIA. PROVA DE
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. IN DUBIO PRO SOCIETATE. AUSÊNCIA DE
ANIMUS NECANDI. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL. DESCABIMENTO.
AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. INVIABILIDADE.
1. Na sentença de pronúncia deve prevalecer o princípio in dubio pro societate, não existindo
nesse ato qualquer ofensa ao princípio da presunção de inocência, porquanto tem por
objetivo a garantia da competência constitucional do Tribunal do Júri. ARE 986566 AgR,
Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 21/08/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-193 DIVULG 29-08-2017 PUBLIC 30-08-2017
2. Para a pronúncia do réu basta a prova da materialidade e a presença de meros indícios
de autoria. Não se exige que a autoria seja incontroversa, porquanto nos processos da
competência do Tribunal do Júri eventual dúvida reverte-se em favor da sociedade. Não
pode o Juiz, por conseguinte, absolver o acusado sob o pálio do princípio in dubio pro reo,
a menos que as provas dos autos apontem de forma inequívoca que não foi ele quem
cometeu ou concorreu para a prática do crime. Com efeito, a materialidade dos crimes
está lastreada no exame de corpo de delito (ID. 19275336, p. 40/45), relatórios médicos e
depoimentos testemunhais.

382 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


3. Diante das circunstâncias do crime e das provas produzidas, não é possível concluir, de
forma categórica, pela ausência de animus necandi da conduta, de modo que, em casos
como o presente, compete ao Júri a pretendida desclassificação para lesão corporal;
4. Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000706-12.2001.8.10.0028
RECORRENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: PAULO GOMES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PRESCRIÇÃO VIRTUAL. IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO
SUMULADO DO STJ E PACIFICADO NO STF.
I - A denominada “prescrição virtual”, na qual o juízo reconhece a prescrição com base
na pena máxima hipotética, não possui previsão legal e é expressamente rejeitada pelos
tribunais superiores.
II - Recurso em Sentido Estrito conhecido e provido para anular a sentença.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002892-21.2010.8.10.0051


RECORRENTE: RICARDO FARIAS SILVA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO
DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL. VINGANÇA. MATÉRIA DE
COMPETÊNCIA DO JÚRI. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A
EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA. APTA PARA O INÍCIO DA SEGUNDA FASE DO
JÚRI. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria, de rigor a pronúncia do acusado, em
homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do Júri o juízo de
mérito aplicável ao caso;
2. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que, em sede de pronúncia, a exclusão
de qualificadoras só é admissível quando manifestamente improcedentes, situação diversa
da verificada nos autos, devendo ser preservada a competência constitucional do Tribunal
do Júri. Precedentes;
3. A decisão de pronúncia encontra-se fundamentada de maneira concisa e em harmonia
com o entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual “a decisão
interlocutória de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação, não sendo
exigido, nesse momento processual, prova incontroversa da autoria do delito – bastam
a existência de indícios suficientes de que o réu seja seu autor e a certeza quanto à
materialidade do crime” (AgRg no AREsp 1064639/PE, Rel. Ministro Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, julgado em 01.06.2017, DJe 09.06.2017).

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 383


4. A pronúncia não pressupõe um juízo de culpa e nem adianta eventual condenação,
mostrando-se, ao contrário, como instrumento essencial à salvaguarda e à promoção da
garantia de submissão dos crimes dolosos contra a vida ao escrutínio do Júri Popular.
5. Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0802252-68.2022.8.10.0049


RECORRENTE: SAULO PEREIRA NUNES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. MOTIVO TORPE. QUALIFICADORA NÃO CONTIDA NA DENÚNCIA.
EMENDATIO LIBELLI. POSSIBILIDADE. DECOTE DA QUALIFICADORA DO RECURSO
QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. IMPOSSIBILIDADE.
I – É possível ao magistrado pronunciar o réu por homicídio qualificado por motivo torpe,
ainda que na denúncia conste a qualificadora por motivo fútil, desde que a peça acusatória
apresente narrativa abrangente dos fatos que admita essa adequação típica e a nova
capitulação encontre apoio em circunstância elementar que esteja, de modo implícito ou
explícito, na denúncia, sem que isso configure violação ao contraditório e à ampla defesa
do acusado.
II – Somente se admite a exclusão de qualificadoras quando manifestamente improcedentes
ou descabidas. Basta a mera viabilidade de incidência da qualificadora para que seja
submetida ao Tribunal do Júri.
III – Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0801187-14.2021.8.10.0036
RECORRENTE: THAILSON CARDOSO LIMA, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. QUALIFICADORAS DESCRITAS
NA DENÚNCIA. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI. PEDIDO DE
IMPRONÚNCIA. INVIABILIDADE. INDÍCIOS MÍNIMOS DE AUTORIA DEVIDAMENTE
DEMONSTRADOS. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI. CONHECIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS. PROVIMENTO
PARCIAL DO PRIMEIRO RECURSO E DESPROVIMENTO DO SEGUNDO RECURSO.
I – Somente é possível a pronúncia do acusado por qualificadoras de crimes contra a vida
se devidamente descritas na denúncia, sob pena de violação aos princípios da correlação,
da ampla defesa e do contraditório. No caso em tela, observa-se que, na inicial acusatória,
não constam os fatores que teriam motivado os crimes praticados pelo acusado, nem o
meio cruel que teria sido empregado durante a execução desses delitos. Portanto, resta
impossibilitada a pronúncia do acusado pelas qualificadoras de motivo torpe e emprego de
meio cruel, como pretendido pela acusação, segundo entendimento jurisprudencial pátrio
consolidado. Precedentes.

384 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


II – Porém, constata-se que a qualificadora de utilização de recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa da vítima foi devidamente descrita na inicial acusatória. Como consta
da citada peça processual, as vítimas estavam em uma residência quando foram afrontadas
pelo acusado que, com outros comparsas, teria invadido o imóvel e efetuado diversos
disparos contra elas, sem possibilidade de defesa. Assim, o modus operandi narrado pela
acusação permite concluir que é possível, em tese, a incidência da referida qualificadora,
razão pela qual deve ser parcialmente provido o recurso ministerial. Ressalte-se que o
afastamento de qualificadora, em sede de sentença de pronúncia, só é possível diante de
manifesta improcedência ou do não cabimento, o que não é o caso dos autos.
III – A sentença de pronúncia exige apenas a demonstração de indícios mínimos de autoria
delitiva, não sendo necessária a comprovação dessa de forma cabal e irrefutável, segundo
entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. No presente caso,
como consta nos autos, o Juízo a quo fundamentou a pronúncia em diversos elementos de
prova produzidos judicialmente, tal como exige o artigo 155 do Código de Processo Penal.
IV – Dessa forma, estando perfeitamente demonstrada a existência de indícios mínimos
de autoria, aptos a subsidiar a sentença de pronúncia, nos termos do art. 413, caput, do
Código de Processo Penal, impõe-se o desprovimento do recurso defensivo, mantendo-se
a pronúncia do acusado.
V – Primeiro recurso parcialmente provido e segundo recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800903-42.2021.8.10.0121


RECORRENTE: FRANCISCO DAS CHAGAS SOARES DA COSTA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI. PEDIDO
DE IMPRONÚNCIA. INVIABILIDADE. INDÍCIOS MÍNIMOS DE AUTORIA DEVIDAMENTE
DEMONSTRADOS. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL.
AFERIÇÃO DO ANIMUS NECANDI. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO
RECURSO.
I – A sentença de pronúncia exige apenas a demonstração de indícios mínimos de autoria
delitiva, não sendo necessária a comprovação dessa de forma cabal e irrefutável, segundo
entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. No presente caso,
como consta nos autos, o Juízo a quo fundamentou a pronúncia em diversos elementos de
prova produzidos judicialmente, tal como exige o artigo 155 do Código de Processo Penal.
II - A sentença de pronúncia, com base nos elementos fático-probatórios dos autos, em
exame preliminar característico da fase em que o processo se encontra - reconheceu
acertadamente a presença do animus necandi.
III – Dessa forma, estando perfeitamente demonstrada a existência de indícios mínimos
de autoria, aptos a subsidiar a sentença de pronúncia, nos termos do art. 413, caput, do

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 385


Código de Processo Penal, impõe-se o desprovimento do recurso defensivo, mantendo-se
a pronúncia do acusado.
IV – Recurso desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0842058-60.2022.8.10.0001
RECORRENTE: EVANDRO COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TENTATIVA
DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. CIRCUNSTÂNCIA QUALIFICADORA DESCRITA
NA DENÚNCIA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
EMENDATIO LIBELLI. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA REFERENTE AO RECURSO
QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA. IMPOSSIBILIDADE.
I - Nos termos do art. 418 do Código de Processo Penal, no momento da pronúncia, o juiz,
sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir-lhe uma definição
jurídica diversa, mesmo que isso signifique sujeitar o acusado a pena mais grave (emendatio
libelli – art. 383 do Código de Processo Penal).
II - A ausência de citação expressa do dispositivo legal, no pedido final da inicial acusatória,
não obsta o reconhecimento da correta classificação jurídica das condutas descritas na
denúncia, porquanto o juiz não está vinculado à capitulação jurídica sugerida pelo órgão de
acusação, devendo, apenas, ater-se à narrativa fática por ele apresentada.
III – Quanto ao decote da qualificadora referente ao recurso que impossibilitou a defesa das
vítimas, tenho que tanto as circunstâncias quanto as provas dos autos permitem deduzir a
possibilidade de o crime ter sido executado de forma a dificultar a defesa da vítima, pois,
aparentemente, estas estavam a pé, quando foram atacadas por um carro, sem chance de
qualquer reação.
IV – Recurso em sentido estrito conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0804624-69.2021.8.10.0034
RECORRENTE: JOSÉ EULISMAR DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
IN DUBIO PRO SOCIETATE. MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA. AUSÊNCIA DE PROVAS E NEGATIVA DA AUTORIA. TESE NÃO EVIDENCIADA
DE PLANO. DECOTE DA QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE. JUÍZO DE VALOR QUE
COMPETE AO TRIBUNAL DO JÚRI. RECURSO DESPROVIDO.
I - A decisão de pronúncia, apesar de fazer menção ao postulado do in dubio pro societate,
ancora-se na prova da materialidade do crime e de indícios suficientes de autoria. Portanto,
ostenta plena legitimidade.

386 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


II - Não evidenciadas, de plano, as teses de insuficiência probatória ou de negativa com
relação à autoria delitiva. Provas dos autos, consideradas em conjunto pelo Juízo de origem,
fornecem elementos razoáveis e coerentes para se concluir pela existência de indícios
suficientes de autoria.
III - Somente se admite a exclusão de qualificadoras quando manifestamente improcedentes
ou descabidas. Assim, cabe ao Tribunal do Júri decidir se o ciúme que moveu a prática do
crime configura ou não a qualificadora de motivo torpe.
IV - Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800745-21.2020.8.10.0121
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RECORRIDO: GUILHERME LIMA PONTES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. FURTO
QUALIFICADO. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. INVIABILIDADE.
ADMISSÍVEL SOMENTE APÓS RESPOSTA À ACUSAÇÃO. PRECEDENTES. PEÇA
ACUSATÓRIA. REQUISITOS DO ARTIGO 41 DO CPP. MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE. MÍNIMA
OFENSIVIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Com o advento da Lei nº 11.719/2008, que promoveu alterações no Código de Processo
Penal, constata-se que a rejeição da denúncia, de ofício, pelo juiz deve ser operada antes
da resposta à acusação. Recebida a peça acusatória, sua rejeição, em sede de juízo de
reconsideração ou retratação, é admissível somente após a análise da resposta à acusação,
se a defesa houver apresentado tese nesse sentido, conforme a nova redação conferida ao
art. 396-A do CPP. Precedentes.
II. Não se considera inepta a denúncia que atende aos requisitos legais do art. 41 do Código
de Processo Penal de forma suficiente para a deflagração da ação penal, apresentando
indícios de autoria e materialidade da infração apurada, permitindo o exercício do
contraditório e da ampla defesa.
III. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é necessário que a denúncia
apresente detalhes minunciosos acerca da conduta supostamente perpetrada pelo agente,
uma vez que as particularidades do delito somente serão elucidadas no transcurso da
instrução criminal.
IV. Inviável o acolhimento do pleito de manutenção da prisão preventiva do acusado
quando inexistem fatos novos e contemporâneos capazes de justificar a necessidade da
medida extrema. Ademais, adotando-se um juízo de proporcionalidade, mostra-se inviável
decretar o ergástulo com base em condenações anteriores do réu, sobretudo diante da
inexpressividade da lesão jurídica provocada na infração objeto da investigação, praticada
sem violência ou grave ameaça à vítima.
V. Recurso conhecido e parcialmente provido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 387


RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0003737-61.2012.8.10.0058
RECORRENTE: HAILTON DOS SANTOS MARQUES
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TENTATIVA
DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. INVIABILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL. INEXISTÊNCIA DE ANIMUS NECANDI.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.
I. Constatado nos autos a presença de materialidade e indícios suficientes de autoria ou
participação do réu no evento criminoso, o juiz, fundamentadamente o pronunciará, nos
termos do disposto no art. 413 do Código de Processo Penal, razão pela qual descabe falar
em impronúncia.
II. Inviável acolher o pleito de desclassificação de homicídio qualificado (art. 121, § 2º)
para homicídio privilegiado (art. 121, § 1º) ante a ausência, primo ictu oculi, de respaldo
no cotejo probatório do caderno processual. Ademais, tal matéria, por se tratar de causa
de diminuição de pena, não comporta análise pelo magistrado singular na sentença de
pronúncia, ante a vedação imposta pelo art. 7º do Decreto-Lei nº 3931/41 (Lei de Introdução
do Código de Processo Penal), devendo ser submetida à apreciação pelo Conselho de
Sentença, na formação do veredicto.
III. O pedido de desclassificação do crime de homicídio qualificado para lesão corporal
somente comporta acolhimento na fase de pronúncia se não houver nenhuma dúvida
quanto à ausência do animus necandi. Não sendo este o caso, a aferição de tal matéria
conduz à sua análise pelo Tribunal do Júri, órgão constitucionalmente incumbido de avaliar
as circunstâncias que envolvem violação ao bem jurídico “vida”.
IV. Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0002200-65.2014.8.10.0056
RECORRENTE: JOÃO BATISTA DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. TENTATIVA DE
HOMICÍDIO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL GRAVE.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI NÃO COMPROVADA DE PLANO.
PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Consistindo a decisão de pronúncia um juízo preambular de admissibilidade da denúncia,
basta nessa fase, a demonstração da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, restando ao Tribunal do Júri o juízo soberano
sobre mérito dos delitos dolosos contra a vida.

388 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2. A tese de desclassificação do delito, na fase de pronúncia, só pode ser admitida se
houver certeza de que a conduta caracteriza outro delito.
3. Havendo dúvida, a existência ou não da vontade livre e consciente da prática do crime é
decisão afeta ao juízo constitucional do Tribunal do Júri.
4. Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0014105-96.2018.8.10.0001
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MARANHÃO
RECORRIDO: MARIA DE JESUS SILVA DA CRUZ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRISÃO PREVENTIVA CONVERTIDA EM
DOMICILIAR. RECORRIDA COM UM FILHO MENOR E UM FILHO COM DEFICIÊNCIA.
ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DOS ARTIGOS 318 E 318-A DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTOS PARA RESTAURAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO. SUFICIÊNCIA DA CAUTELA IMPOSTA
PELO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO DESPROVIDO.
I - À luz do exame dos autos, é acertada a decisão que, ao converter a prisão preventiva
em domiciliar, observa os requisitos dos artigos 318 e 318-A do Código de Processo Penal.
In casu, além de constatada a existência de filho menor de 12 (doze) anos, à época dos
fatos, os documentos evidenciam que a acusada é mãe de filho com deficiência mental e
dela dependente.
II - O excesso de prazo, consubstanciado pela demora na finalização da instrução criminal,
aliado à inexistência de perigo causado pelo estado de liberdade da recorrida, afastam a
necessidade de restauração da prisão preventiva.
III - Prisão domiciliar não se confunde a soltura da acusada por se tratar se espécie de
cautela imposta à luz do caso concreto, ainda mais quando cumulada com a utilização de
tornozeleira eletrônica.
IV - Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0003202-90.2011.8.10.0051


RECORRENTE: FRANCISCO EDMILDE NONATO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
PRESENÇA DE PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS SUFICIENTES
DE AUTORIA. LEGÍTIMA DEFESA NÃO EVIDENCIADA DE PLANO. DECOTE DA
QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. EMISSÃO DE JUÍZO DE VALOR QUE COMPETE
AO TRIBUNAL DO JÚRI. RECURSO DESPROVIDO.
I – A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime
e os indícios de autoria, pois, nessa etapa, o magistrado exerce apenas juízo de viabilidade

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 389


da acusação.
II – A absolvição sumária em razão da excludente de ilicitude da legítima defesa somente
é possível quando houver prova inequívoca da sua ocorrência, o que não se verifica nos
elementos coligidos aos autos.
III – Somente se admite a exclusão de qualificadoras quando manifestamente improcedentes
ou descabidas. Assim, a ocorrência de discussão anterior entre o autor e a vítima, por si
só, não é suficiente para retirar do Tribunal do Júri a competência decisória para valorar e
qualificar o motivo do crime como fútil, ou não.
IV – Recurso conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800150-89.2021.8.10.0055


RECORRENTE: JAILSON SILVA RIBEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. DECISÃO DE PRONÚNCIA.
HOMICÍDIO MAJORADO. PRELIMINAR DE EXCESSO DE LINGUAGEM.
REJEIÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE.
INAPLICABILIDADE. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA A
EMBASAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. MOTIVO
TORPE. MEIO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. INAPLICABILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Não constatada a presença do excesso de linguagem levantado pela parte requerente.
Ao contrário da alegação feita, verifico que o juízo a quo rebateu as teses constantes nas
alegações finais, reforçando que as provas convergiam para indícios de participação do
acusado no crime, evitando afirmações contundentes acerca da autoria delitiva.
2. Tratando-se de imputação da prática de crime doloso contra a vida, provada a materialidade
delitiva e presentes indícios suficientes de autoria ou de participação, de rigor a pronúncia
do acusado, em homenagem ao princípio do in dubio pro societate, cabendo ao Tribunal do
Júri o juízo de mérito aplicável ao caso;
3. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que, em sede de pronúncia, a exclusão
de qualificadoras só é admissível quando manifestamente improcedentes, situação diversa
da verificada nos autos, devendo ser preservada a competência constitucional do Tribunal
do Júri. Precedentes;
4. Recurso conhecido e desprovido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0003206-77.2017.8.10.0032
RECORRENTE: WILSON DE MORAIS OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA

390 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TENTATIVA
DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. ERRO NA EXECUÇÃO. DECISÃO DE PRONÚNCIA.
NULIDADE DA PERÍCIA. IMPROCEDÊNCIA MANIFESTA NÃO EVIDENCIADA.
MÉRITO. DESPRONÚNCIA PELA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE. IMPROCEDENTE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL. IMPOSSIBILIDADE.
COMPETÊNCIA DO JÚRI. MANUTENÇÃO DA PRONÚNCIA.
I – Na ausência de perito oficial, a perícia deverá ser realizada por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. No entanto, no
presente caso, a prova pericial somente foi efetuada por 1 (uma) pessoa, qual seja, o
médico obstetra, sendo patente o desrespeito ao art. 159, §1º, do CPP, motivo pelo qual
impende o reconhecimento da nulidade processual;
II - A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime
e os indícios de autoria, não se exigindo juízo de certeza para que o réu seja submetido ao
julgamento pelo Tribunal do Júri, eis que cabe a este órgão a condenação ou absolvição
com base nas provas dos autos;
III - Para que o juiz possa acolher a desclassificação do crime de tentativa de homicídio
para o de lesão corporal, mister se faz prova cabal e irretorquível de que o acusado agiu
sem a intenção de matar. Não havendo prova incontroversa da alegada ausência de animus
necandi, não se pode suprimir do Tribunal do Júri a competência para a apreciação dos
crimes dolosos contra a vida (art. 5º, XXXVIII, d, da CF).
IV – Recurso conhecido e parcialmente provido.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0800279-24.2021.8.10.0143
RECORRENTE: VINÍCIOS RODRIGUES DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. TESE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PRINCÍPIO IN DUBIO
PRO SOCIETATE. NÃO ACOLHIMENTO. IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. IMPERTINÊNCIA. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS.
IMPOSSIBILIDADE. PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. O princípio do in dubio pro societate, insculpido no art. 413 do Código de Processo Penal,
que norteia a decisão de pronúncia, não confronta o postulado da presunção de inocência,
tratando-se de um mecanismo que objetiva assegurar a competência constitucional do
Tribunal do Júri.
II. A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação no delito. Cumpre, ainda,
ao juiz declarar o dispositivo legal em que se encontra incurso o réu, especificando as

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 391


circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, § 1º, do CPP).
III. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça “somente devem ser excluídas
da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes
ou sem nenhum amparo nos elementos dos autos, sob pena de usurpação da competência
constitucional do Tribunal do Júri” (AgRg no REsp 1948352/MG, Rel. Ministro ANTÔNIO
SALDANHA PALHEIRO).
IV. Decisão de pronúncia proferida com amparo nas provas coligidas aos autos, suficientes
a demonstrar a plausibilidade da acusação. Recurso desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000133-59.2001.8.10.0032


RECORRENTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RECORRIDO: JOELSON BASTOS DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
TRIBUNAL DO JÚRI. PRESENÇA DE PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE PARA SUBMETER
O ACUSADO AO JULGAMENTO POPULAR. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA
CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS.
MATÉRIA A SER APRECIADA PELO TRIBUNAL DO JÚRI.
I – A decisão de pronúncia deve levar em conta somente a prova da materialidade do crime
e os indícios de autoria, não se exigindo juízo de certeza para que o réu seja submetido ao
julgamento pelo Tribunal do Júri, eis que cabe a este órgão a condenação ou absolvição
com base nas provas dos autos.
II - Na espécie, os indícios de autoria restaram demonstrados pelo depoimento das
testemunhas bem como pelo próprio contexto dos fatos.
II – As qualificadoras imputadas ao réu devem ser submetidas ao Tribunal do Júri para
apreciação, somente cabendo sua exclusão quando manifestamente improcedentes ou
inexistentes, o que não é o caso dos autos.
IV– Recurso em sentido estrito conhecido e desprovido.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÚMERO PROCESSO N° 0000115-67.2018.8.10.0056


RECORRENTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RECORRIDO: ALDONIRO CARLOS ALENCAR MUNIZ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO QUE
FUNDAMENTADAMENTE AFASTOU A PRESCRIÇÃO VIRTUAL. REEXAME DA MATÉRIA.
IMPOSSIBILIDADE.
I – Os embargos de declaração destinam-se a desfazer ambiguidade, aclarar obscuridade,

392 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


eliminar contradição ou suprir omissões existentes no julgado (art. 619 do CPP).
II – Inexiste a omissão apontada no acórdão embargado, vez que fundamentadamente
explicitou as razões para afastar a incidência do instituto da prescrição virtual.
III - Os embargos de declaração não se prestam para provocar o reexame de matéria já
apreciada.
IV – Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

13. ESTATUTO DO DESARMAMENTO

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802676-97.2021.8.10.0000


APELANTE: LEANDRO CÂMARA MARANHÃO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. POSSE IRREGULAR
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. NULIDADE DO PROCESSO. VIOLAÇÃO
DE DOMICÍLIO. NÃO CONFIGURADO. CRIME PERMANENTE. FLAGRANTE
DELITO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CORREÇÃO DA PENA DE MULTA.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. EFEITO DEVOLUTIVO AMPLO DO RECURSO DE
APELAÇÃO.
1. Nos casos de flagrante delito, é permitido que a autoridade policial adentre na residência
do indivíduo, sem necessidade de ordem judicial.
2. O crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido é crime de caráter permanente,
de modo que o estado de flagrância subsiste enquanto o indivíduo estiver irregularmente
em posse do armamento.
3. Ao verificar o quadro probatório amealhado nos autos, observa-se que o apelante foi
preso em estado flagrancial ao ser encontrando em sua residência em posse irregular de
duas armas de fogo, sendo irredarguível, portanto, o fato de que a prisão do apelante se
deu em contexto totalmente a coberto da lei.
4. Ante o efeito devolutivo amplo característico do recurso de apelação, possível que se
reveja, de ofício, a dosimetria da pena corporal, bem como do valor estabelecido à pena de
multa.
5. Recurso desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801792-87.2021.8.10.0026


APELANTE: IZAEL PEREIRA DOS REIS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 393


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE DE ARMA DE
FOGO. ERROR IN JUDICANDO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. CIRCUNSTÂNCIAS INDICAM QUE A
SUBSTITUIÇÃO NÃO É SUFICIENTE. INVIABILIDADE. APELAÇÃO CONHECIDA E
DESPROVIDA.
1.O art. 44 do Código Penal estabelece que “As penas restritivas de direitos são autônomas
e substituem as privativas de liberdade, quando: (...) a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente”. Assim, se os antecedentes do condenado
não são bons, não é recomendável a substituição.
2. In casu, não obstante tenha o apelado sido condenado à pena inferior a 4 anos, restou
demonstrado sua propensão ao crime, uma vez que responde a várias ações penais,
circunstância esta que indica que a substituição da pena restritiva de liberdade pela restritiva
de direitos não seja suficiente para conter a reiteração delitiva.
3. Apelo conhecido e não provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000144-18.2020.8.10.0034


APELANTE: ROBSON VIEIRA SOARES
ADVOGADO: DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 15 DA LEI
10.826/03. DOSIMETRIA. ATENUANTE DA CONFISSÃO. UTILIZAÇÃO NA FORMAÇÃO
DO CONVENCIMENTO DO JULGADOR. SÚMULA 545 DO STJ. APLICAÇÃO.
COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO E A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTE DO STJ. REGIME SEMIABERTO. RÉU REINCIDENTE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 269 DO STJ. RETIFICAÇÃO DA DOSIMETRIA. RECURSO
PROVIDO.
I. Utilizada a confissão para a formação do convencimento do julgador, é de rigor a incidência
da atenuante constante do art. 65, III, “d”, do Código Penal (Súmula nº 545 do STJ).
II. Por serem igualmente preponderantes, é possível, de acordo com o art. 67 do Código
Penal, a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão.
Precedentes.
III. Admite-se a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Inteligência da
Súmula 269 do STJ.
IV. Apelo conhecido e provido.

394 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801076-61.2021.8.10.0058
APELANTE: LUCAS EDUARDO RIBEIRO MONTEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. CORRUPÇÃO DE MENORES. ABSOLVIÇÃO.
NÃO CABIMENTO. DELITO FORMAL. SÚMULA 500/STJ. DOSIMETRIA. DECOTE
DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DA CULPABILIDADE. APLICÁVEL. COMPENSAÇÃO
ENTRE A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA E A ATENUANTE DA CONFISSÃO. TEMA 585/
STJ. MENORIDADE RECONHECIDA. NÃO APLICÁVEL. SÚMULA 231/STJ. CONCURSO
FORMAL PRÓPRIO DE CRIMES. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.
1. A configuração do crime previsto no art. 244-B, do ECA, independe de prova efetiva da
corrupção do menor, por se tratar de delito formal, a bem do que dispõe a Súmula 500, do
Superior Tribunal de Justiça.
2. No delito previsto no art. 14 da Lei n. 10.826103, o fato de a arma apreendida estar
municiada não evidencia maior grau de censura da ação, o que impede o aumento da
pena-base, por se tratar de circunstância comum à espécie. (STJ - AgRg no AgRg no REsp:
1918235 MG 2021/0021642-8, Relator: Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJDFT), Data de Julgamento: 24/08/2021, T5 - QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 31/08/2021).
3. A confissão espontânea, enquanto atributo da personalidade do agente, possui a
mesma preponderância da reincidência, devendo ambas, em caso de coexistência, serem
compensadas.
4. É incabível a redução da pena intermediária abaixo do mínimo legal quando de seu
cálculo na segunda fase da dosimetria, ainda que seja reconhecida a incidência de uma ou
mais atenuantes, por inteligência da Súmula 231 do STJ.
5. Em se tratando de corrupção de 02 (dois) adolescentes, oriunda de uma só conduta, é
de se adotar o regramento do concurso formal próprio de crimes.
6. Restando comprovada a ocorrência de dois delitos (porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido e corrupção de menores), praticados em concurso formal impróprio, impõe-se a
aplicação da previsão constante no art. 70, do Código Penal.
7. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001372-98.2018.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: LEANDRO ALMEIDA DOS SANTOS, DENIS DA SILVA MOREIRA, KILMER
DUTRA SERRA, LOURISNALDO CARVALHO BARROSO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 395


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA.
PLEITO CONDENATÓRIO. PORTE COMPARTILHADO DE ARMA DE FOGO. UNIDADE
DE DESÍGNIOS. NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE DISPONIBILIDADE PLENA DO
ARMAMENTO. MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.
I. Inexistindo comprovação da unidade de desígnios e da plena disponibilidade do
armamento aos agentes para a configuração do delito de porte ilegal de arma de fogo em
sua modalidade compartilhada, a manutenção da sentença que absolveu os recorridos é
medida que se impõe, face ao princípio constitucional do in dubio pro reo.
II. Apelação criminal improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000004-91.2020.8.10.0063


APELANTE: JHONATA PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. INGRESSO DE POLICIAL NA RESIDÊNCIA.
CONSENTIMENTO DO MORADOR NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
PARA INVASÃO DO DOMICÍLIO. ILICITUDE DA BUSCA E APREENSÃO DA ARMA.
NULIDADE DA PROVA. MATERIALIDADE CONTAMINADA. PLEITO ABSOLUTÓRIO
ACOLHIDO. RECURSO PROVIDO.
I - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial. Inteligência do art. 5º, XI, da CF.
II - Em caso de dúvida quanto ao consentimento do morador para o ingresso de policiais no
domicílio, incumbe ao Estado provar que houve a respectiva autorização.
III - A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. Tese
de repercussão geral. (Tema 280 - STF).
IV - O estampido semelhante ao disparo de uma arma de fogo durante o cumprimento de
mandado de prisão de suspeito por crime diverso não é justa causa para a violação do
domicílio de morador da mesma área geográfica, sem nenhuma relação com a diligência,
para o fim de promover a busca baseado na mera suspeita de que o ruído partiu do interior
da residência.
V - A busca e apreensão sem mandado judicial deve ser reconhecida como ilícita quando
ausentes a prova do consentimento do morador para o ingresso domiciliar dos agentes
policiais e/ou a justa causa para a invasão, assim como são nulas as provas dela decorrentes.

396 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


Incidência da teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree).
VI. Em se constatando a nulidade da prova que atestaria a materialidade do crime de posse
irregular de arma de fogo de uso permitido, e ante a inexistência outras provas lícitas e
independentes, a procedência do pleito absolutório é manifesta.
VII - Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000173-40.2016.8.10.0121


APELANTE: CARLOS ANDRÉ VERAS FONTELES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA. RETROATIVA. TRÂNSITO EM JULGADO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO.
RECONHECIMENTO. APELO CONHECIDO E PROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. Após o trânsito em julgado da sentença para a acusação, a prescrição da pretensão
punitiva estatal rege-se pela pena in concreto imposta ao acusado. No caso, o apelante foi
condenado a uma pena de 2(dois) anos, em regime inicial aberto.
2. Na análise do caso concreto, se opera a prescrição retroativa, modalidade de prescrição
calculada com base na pena aplicada na sentença penal condenatória recorrível, com
trânsito em julgado para o Ministério Público ou para o querelante, contada a partir do
recebimento da denúncia, até a data da publicação da sentença ou acórdão condenatórios
recorríveis. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: volume 1: parte geral: arts. 1º ao 120
do Código Penal. 24.ed. Barueri [SP]: Atlas, 2022, p. 764).
3. Em específico, entre a data do recebimento da denúncia e a efetiva publicação da
sentença decorreram mais de 4 (quatro) anos e, tendo como base a pena em concreto
aplicada (2 anos), prescreve em 4 (quatro) anos, razão pela qual imperiosa a extinção da
punibilidade do apelado pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, nos termos do art.
109, V, do CP.
4. Recurso conhecido e provido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000923-31.2019.8.10.0026


APELANTE: JOEDSON PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 397


PERMITIDO. CORRUPÇÃO DE MENOR. DOSIMETRIA DA PENA. COMPENSAÇÃO
INTEGRAL DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO TEMA REPETITIVO 585, DO STJ.
PROCEDÊNCIA.
I. Reconhecida a agravante da reincidência específica, bem como a atenuante da confissão
espontânea, a compensação integral de ambas as circunstâncias, na segunda fase
dosimétrica, é medida que se impõe consoante orientação emanada pelo Superior Tribunal
de Justiça no julgamento do tema repetitivo nº 585.
II. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002031-58.2016.8.10.0040


VÍTIMA: AGNALDO JOSÉ SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE
MUNIÇÃO. PENA IN CONCRETO. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA.
CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO APELO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
I - Quando a sentença penal condenatória transita em julgado para a acusação, a prescrição
da pretensão punitiva é regulada pela pena aplicada em concreto.
II - In casu, a pena aplicada foi 02 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias de multa, o prazo
prescricional retroativo é de 04 (quatro) anos.
III - Verifica-se que ocorreu o trânsito em julgado da sentença para acusação, por essa
razão, a prescrição deve ser observada pela pena em concreto, assim, tendo transcorrido
mais de 04 (quatro) anos entre a data em que a denúncia foi recebida e a data em que a
sentença foi proferida, é forçoso reconhecer a prescrição retroativa, nos termos do §1º do
art. 110 do Código Penal.
IV - Recurso conhecido e provido, declarando-se extinta a punibilidade.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000725-69.2016.8.10.0035


APELANTE: ANTÔNIO FRANCISCO ARAÚJO CONCEIÇÃO, FRANCISCO KAYK SILVA
TEIXEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. SUBSTITUIÇÃO DE
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. NÃO APLICÁVEL.
DOSIMETRIA. DECOTE DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. SÚMULA 444 DO STJ.
SÚMULA 231 DO STJ. DETRAÇÃO PENAL. CABÍVEL AO JUÍZO DA EXECUÇÃO.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.
1. Não cabível a utilização de ações penais em curso para a exasperação da pena na

398 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


primeira fase da dosimetria, conforme entendimento da Súmula n. 444/STJ.
2. Condenações transitadas em julgado por fatos posteriores não são aptas a ensejarem
aumento da pena base a título de maus antecedentes, conforme vasto entendimento
doutrinário e jurisprudencial. (STJ - HC: 427096 PE 2017/0311323-2, Relator: Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 15/03/2018, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 27/03/2018).
3. O reconhecimento de atenuantes não constitui critério autorizativo para cálculo da
reprimenda aquém do mínimo legal. (Súmula n. 231/STJ)
4. Considerando a inexistência de dados precisos acerca do cumprimento da pena pelos
apelantes, entende-se que cabe ao Juízo das Execuções Penais, mais próximo dos fatos,
a análise quanto a aplicação da detração penal ventilada no recurso. (TJ-MA - APR:
00028204320158100056 MA 0028812019, Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO,
Data de Julgamento: 20/05/2019, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL).
5. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000004-91.2020.8.10.0063


APELANTE: JHONATA PINHEIRO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. INGRESSO DE POLICIAL NA RESIDÊNCIA.
CONSENTIMENTO DO MORADOR NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
PARA INVASÃO DO DOMICÍLIO. ILICITUDE DA BUSCA E APREENSÃO DA ARMA.
NULIDADE DA PROVA. MATERIALIDADE CONTAMINADA. PLEITO ABSOLUTÓRIO
ACOLHIDO. RECURSO PROVIDO.
I - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial. Inteligência do art. 5º, XI, da CF.
II - Em caso de dúvida quanto ao consentimento do morador para o ingresso de policiais no
domicílio, incumbe ao Estado provar que houve a respectiva autorização.
III - A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. Tese
de repercussão geral. (Tema 280 - STF).
IV - O estampido semelhante ao disparo de uma arma de fogo durante o cumprimento de
mandado de prisão de suspeito por crime diverso não é justa causa para a violação do
domicílio de morador da mesma área geográfica, sem nenhuma relação com a diligência,
para o fim de promover a busca baseado na mera suspeita de que o ruído partiu do interior

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 399


da residência.
V - A busca e apreensão sem mandado judicial deve ser reconhecida como ilícita quando
ausentes a prova do consentimento do morador para o ingresso domiciliar dos agentes
policiais e/ou a justa causa para a invasão, assim como são nulas as provas dela decorrentes.
Incidência da teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree).
VI. Em se constatando a nulidade da prova que atestaria a materialidade do crime de posse
irregular de arma de fogo de uso permitido, e ante a inexistência outras provas lícitas e
independentes, a procedência do pleito absolutório é manifesta.
VII - Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000173-40.2016.8.10.0121


APELANTE: CARLOS ANDRÉ VERAS FONTELES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA. RETROATIVA. TRÂNSITO EM JULGADO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO.
RECONHECIMENTO. APELO CONHECIDO E PROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. Após o trânsito em julgado da sentença para a acusação, a prescrição da pretensão
punitiva estatal rege-se pela pena in concreto imposta ao acusado. No caso, o apelante foi
condenado a uma pena de 2(dois) anos, em regime inicial aberto.
2. Na análise do caso concreto, se opera a prescrição retroativa, modalidade de prescrição
calculada com base na pena aplicada na sentença penal condenatória recorrível, com
trânsito em julgado para o Ministério Público ou para o querelante, contada a partir do
recebimento da denúncia, até a data da publicação da sentença ou acórdão condenatórios
recorríveis. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: volume 1: parte geral: arts. 1º ao 120
do Código Penal. 24.ed. Barueri [SP]: Atlas, 2022, p. 764).
3. Em específico, entre a data do recebimento da denúncia e a efetiva publicação da
sentença decorreram mais de 4 (quatro) anos e, tendo como base a pena em concreto
aplicada (2 anos), prescreve em 4 (quatro) anos, razão pela qual imperiosa a extinção da
punibilidade do apelado pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, nos termos do art.
109, V, do CP.
4. Recurso conhecido e provido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000923-31.2019.8.10.0026


APELANTE: JOEDSON PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

400 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO. CORRUPÇÃO DE MENOR. DOSIMETRIA DA PENA. COMPENSAÇÃO
INTEGRAL DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO TEMA REPETITIVO 585, DO STJ.
PROCEDÊNCIA.
I. Reconhecida a agravante da reincidência específica, bem como a atenuante da confissão
espontânea, a compensação integral de ambas as circunstâncias, na segunda fase
dosimétrica, é medida que se impõe consoante orientação emanada pelo Superior Tribunal
de Justiça no julgamento do tema repetitivo nº 585.
II. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000566-09.2015.8.10.0053


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO
APELADO: RAIMUNDO NONATO OLIVEIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE OU PORTE ILEGAL
DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. CRIME ÚNICO. LITISPENDÊNCIA. MESMA
CONDUTA IMPUTADA EM PROCESSO ANTERIOR. OCORRÊNCIA. EXTINÇÃO DA
AÇÃO PENAL POSTERIOR. RECURSO MINISTERIAL IMPROVIDO.
I- Ocorre a litispendência quando ao mesmo acusado é imputada a prática de condutas
criminosas idênticas em dois ou mais processos penais, mesmo que a definição jurídica
dada ao fato em um e outro processo seja distinta.
II- No processo penal a análise da litispendência é distinta da verificada no âmbito do
processo civil, bastando que o acusado e a imputação sejam semelhantes nas duas ações,
porquanto o pedido condenatório na seara penal é sempre genérico, não servindo para
distinguir duas demandas.
III – O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito é delito permanente,
nas condutas de portar, transportar, manter sob guarda ou ocultar, e quando praticado em
um mesmo contexto fático a conduta do agente caracteriza crime único.
IV- Configura-se a litispendência entre as ações quando o agente, que já responde por
homicídios consumado e tentado e pelo porte da arma de fogo com numeração raspada
utilizada nos delitos, é novamente denunciado pelo porte da mesma arma de fogo, ocorrido
dentro do mesmo lapso temporal.
V - Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816540-71.2022.8.10.0000


PACIENTE: ORLEANS CARVALHO SOARES, DANIEL PASSEDONHO BEM
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E RECEPTAÇÃO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 401


ARBITRAMENTO DE FIANÇA PELA AUTORIDADE POLICIAL. QUESTÃO SUPERADA.
PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. DELITOS PRATICADOS
SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. AUSÊNCIA DE FATOS CONCRETOS QUE
DEMONSTREM A NECESSIDADE DO ERGÁSTULO. DESPROPORCIONALIDADE
DA IMPOSIÇÃO DE MEDIDA EXTREMA. MEDIDAS CAUTELARES. POSSIBILIDADE.
ORDEM CONCEDIDA.
1. Paciente foi preso em flagrante no dia 11/05/2022 pela prática em tese dos crimes de
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14, da Lei nº 10.826/03) e receptação
simples (art.180, caput, CP). A autoridade policial concedeu a liberdade provisória mediante
fiança que foi revogada pelo juiz singular ao converter o flagrante em prisão preventiva para
a garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal.
2. É cediço que a concessão de fiança pela autoridade policial não vincula o julgador,
que pode cassá-la quando, eventualmente, arbitrada em equívoco ou quando presentes os
requisitos da prisão preventiva, tudo em conformidade com o disposto no art. 324, inc. IV,
e art. 338, ambos do CPP.
3. Estando o decreto prisional em questão fundamentado pelo preenchimento dos requisitos
do art. 312, do CPP, resta superada a discussão a respeito da fiança arbitrada pela autoridade
policial, não mais havendo como analisar uma medida que, nesta fase processual, não tem
mais validade.
4. Conquanto as circunstâncias mencionadas pelo Juízo singular revelem a necessidade de
algum acautelamento da ordem pública, não se mostram tais razões bastantes, em juízo de
proporcionalidade, para manter a paciente sob o rigor da cautela pessoal mais extremada,
mormente em razão de a infração supostamente praticada.
5. Não se vislumbra in casu receio de perigo gerado pelo estado de liberdade do paciente
em relação à instrução criminal; e quanto a possibilidade de reiteração delitiva por haver
registro de outra ação pelo delito de porte ilegal de arma de fogo, não se infere daí
periculosidade hábil a justificar a imposição da medida cautelar mais gravosa, ainda mais
se considerarmos que são crimes praticados sem violência ou grave ameaça.
6. Afigura-se adequada e suficientemente satisfatória a aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão, consoante previsão do art. 319 do CPP
7. Ordem conhecida e concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815619-15.2022.8.10.0000


PACIENTE: RAIMUNDO NONATO MORAES SALAZAR
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE SÃO LUIZ GONZAGA DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. LIMINAR DE SUSPENSÃO DO PROCESSO EM
RAZÃO DA AUSÊNCIA DE DEFESA. DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
SEM OFERECIMENTO DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO. CONCESSÃO PARCIAL.

402 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


SUSPENSÃO DA AUDIÊNCIA. PEDIDO DE MÉRITO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL
POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INVIABILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. ORDEM
CONHECIDA PARCIALMENTE PARA CONFIRMAR A DECISÃO LIMINAR.
1. Paciente que responde solto a ação penal por ter praticado, em tese, o crime de posse
irregular de arma de fogo de uso permitido.
2. Confirmação da decisão liminar proferida de suspensão da audiência de instrução e
julgamento até a citação do réu e oferecimento de resposta à acusação.
3. Fundamental o oferecimento de resposta à acusação para assegurar a defesa do réu, em
observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
4. Não sendo o caso de demonstração inequívoca e patente da inocência do acusado;
atipicidade da conduta; ou extinção de punibilidade, deixo de conhecer o pedido de
trancamento da ação penal, por ser o habeas corpus ação de rito célere e que demanda
prova pré-constituída.
5. Habeas Corpus conhecido parcialmente, e nessa extensão concedida a ordem apenas
para confirmar a decisão liminar.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814251-68.2022.8.10.0000


PACIENTE: DIEGO SILVA ASSUNÇÃO
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE CAXIAS
RELATOR: SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. POSSE IRREGULAR
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E RECEPTAÇÃO. CRIMES PRATICADOS
SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. AUSÊNCIA DE FATOS CONCRETOS QUE
DEMONSTREM A NECESSIDADE DO ERGÁSTULO. DESPROPORCIONALIDADE
DA IMPOSIÇÃO DE MEDIDA EXTREMA. MEDIDAS CAUTELARES. POSSIBILIDADE.
ORDEM CONCEDIDA.
1. A prisão revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente comprovada a
existência do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao cárcere
caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da medida extrema, previstos
na legislação processual penal.
2. Conquanto as circunstâncias mencionadas pelo Juízo singular revelem a necessidade de
algum acautelamento da ordem pública, não se mostram tais razões bastantes, em juízo de
proporcionalidade, para manter a paciente sob o rigor da cautela pessoal mais extremada,
mormente em razão de a infração supostamente praticada
3. Ausentes os requisitos que autorizam o cárcere, afigura-se adequada e suficientemente
satisfatória a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, consoante previsão do
art. 319 do CPP;
4. Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003531-77.2019.8.10.0001

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 403


APELANTE: ANTÔNIO CATARINO FRAZÃO FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: ESDRAS LIBERALINO SOARES JÚNIOR
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. RITA DE CASSIA MALA BAPTISTA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CRIME ABSTRATO. SUBSTITUIÇÃO
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. APELO CONHECIDO
E DESPROVIDO.
I - O delito de porte ilegal de arma de fogo é de perigo abstrato e de mera conduta, bastando
que o agente incida no tipo penal para configurá-lo. O simples ato de “portar” a arma de
fogo e/ou munições faz com que haja incidência da conduta prevista no art. 14 da Lei n°
10.826/2003;
II - Não possuindo o apelante, ao tempo do cometimento da infração delitiva, autorização para
trazer consigo arma de fogo, nem tampouco prestar serviços para empresa de segurança
privada patrimonial, regularmente registrada, resta inviabilizado o pleito absolutório.
III – Incabível a substituição da pena restritiva de limitação de fim de semana quando não
comprovado pelo apenado que trabalha em horário incompatível com a restrição que lhe
foi imposta;
V - Conforme comando insculpido no art. 148 da Lei de Execuções Penais, em qualquer
fase da execução, o juiz poderá, motivadamente, alterar a forma de cumprimento das penas
de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às
condições pessoais do apelante e às características do estabelecimento, da entidade ou do
programa comunitário ou estatal;
VI - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000437-96.2015.8.10.0087


APELANTE: GERLON DA COSTA ROCHA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: GUILHERME GOUVÊA FAJARDO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. REGINA MARIA DA COSTA LEITE
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ALTERAÇÃO DA PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A substituição da pena só é cabível em casos em que reste comprovada a impossibilidade
do apenado em cumprir a pena que lhe foi imposta, o que não se verifica no caso em tela.
2. Não é permitido ao acusado optar pela forma como cumprirá a pena alternativa e eventual

404 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


impossibilidade deve ser dirigida ao Juízo da Execução.
3. A reprimenda deve exigir do réu esforço para o seu cumprimento, possibilitando, dessa
forma, o cumprimento das finalidades de reprovação e prevenção do delito.
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003299-68.2016.8.10.0034


APELANTE: JOSÉ RIBAMAR PLACIDO DA SILVA FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE IRREGULAR
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PRELIMINAR DE NULIDADE DA BUSCA E
APREENSÃO. INVIABILIDADE. CRIME DE NATUREZA PERMANENTE QUE PRESCINDE
MANDADO JUDICIAL. CONSENTIMENTO DA MORADORA. ABSOLVIÇÃO POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO.
RÉU CONFESSO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. É cediço que em se tratando de crimes de natureza permanente, como é o caso de posse
ilegal de arma de fogo, mostra-se prescindível o mandado de busca e apreensão para que os
policiais adentrem o domicílio de quem esteja em situação de flagrante delito, não havendo
que se falar em eventuais ilegalidades relativas ao cumprimento da medida (STJ - AgRg
no REsp: 1578941 PR 2016/0023649-0, Relator: Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Data de
Julgamento: 05/02/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/02/2019)
2. Na espécie, a confissão do réu, em harmonia com os depoimentos testemunhais, atestou,
estreme de dúvidas, a autoria e materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses
da absolvição por insuficiência probatória.
3. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000143-02.2016.8.10.0122


APELANTE: RAIMUNDO NONATO FERREIRA BARROS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: FELIPE BOGHOSSIAN SOARES DA ROCHA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. EXAME PERICIAL. DESNECESSIDADE.
ARMA DESMONTADA E DESMUNICIADA. ATIPICIDADE. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.
I- É irrelevante o fato de a arma estar desmontada ou desmuniciada, uma vez que o tipo
penal do art. 14, caput, da Lei 10.826/2003 é de perigo abstrato e o objeto jurídico tutelado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 405


é a segurança pública e a paz social. Precedentes do STJ.
II – Não há necessidade do exame pericial da potencialidade lesiva da arma para configurar
o crime do art. 14 da Lei 10.826/2003. Entendimento do STF e do STJ.
III - Inexiste previsão legal para isenção da pena de multa prevista no preceito secundário
do tipo penal em razão da hipossuficiência do apenado. Ademais, é no juízo das execuções
penais que se faz a pertinente alegação e o exame das condições financeiras do condenado
para decidir sobre o cumprimento da pena de multa.
IV – Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002031-58.2016.8.10.0040


APELANTE: AGNALDO JOSÉ SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE
MUNIÇÃO. PENA IN CONCRETO. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA.
CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO APELO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
I - Quando a sentença penal condenatória transita em julgado para a acusação, a prescrição
da pretensão punitiva é regulada pela pena aplicada em concreto.
II - In casu, a pena aplicada foi 02 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias de multa, o prazo
prescricional retroativo é de 04 (quatro) anos.
III - Verifica-se que ocorreu o trânsito em julgado da sentença para acusação, por essa
razão, a prescrição deve ser observada pela pena em concreto, assim, tendo transcorrido
mais de 04 (quatro) anos entre a data em que a denúncia foi recebida e a data em que a
sentença foi proferida, é forçoso reconhecer a prescrição retroativa, nos termos do §1º do
art. 110 do Código Penal.
IV - Recurso conhecido e provido, declarando-se extinta a punibilidade.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0008214-31.2017.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: ALEX MUNIZ ALVES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARILÉIA CAMPOS DOS SANTOS COSTA
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO.
ARTEFATO INEFICAZ PARA DEFLAGRAÇÃO. MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA.
ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE MATERIAL. PRECEDENTES STF E STJ. APELO
DESPROVIDO.
I. Embora os crimes dispostos na Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) sejam de
mera conduta e de perigo abstrato, há situações excepcionais em que as Cortes Superiores

406 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


preconizam a
ausência de perigo ou dano à incolumidade pública quando o artefato se mostra ineficaz
para efetuar disparos.
II. A imprestabilidade da arma portada pelo agente afasta o risco à segurança pública, bem
jurídico tutelado pelo tipo penal suscitado no recurso ministerial.
III. Admite-se a incidência do princípio da insignificância na hipótese de porte de pequena
quantidade de munição, desacompanhada de armamento hábil a deflagrá-la. Precedentes.
IV. Manutenção da sentença absolutória. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000396-45.2017.8.10.0060


APELANTE: FÁBIO DE OLIVEIRA SOARES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PENA DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA.
ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE FINANCEIRA. NÃO COMPROVAÇÃO. PENA DE
CARÁTER SANCIONADOR. VALOR RAZOÁVEL E ADEQUADO FIXADO NA SENTENÇA
CONDENATÓRIA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. Compete ao réu a demonstração concreta da sua hipossuficiência a fim de reduzir o
montante da prestação pecuniária, de modo que, inexistindo comprovada impossibilidade
de recolhimento da quantia determinada, inviável que o réu seja eximido do seu pagamento.
(STJ - AREsp: 2036575 PR 2021/0404168-0, Relator: Ministro JESUÍNO RISSATO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJDFT), Data de Publicação: DJ 11/03/2022).
2. A pena pecuniária se reveste de caráter sancionador, com vistas a coibir o cometimento
de novos delitos. Para que se atinja tal finalidade, o valor fixado não deve ser irrisório a
ponto de que a sua função precípua se esvaia.
3. Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816490-45.2022.8.10.0000


PACIENTE: NAELSON CRUZ MELLO
IMPETRADO: ATO DO JUIZ DO PLANTÃO JUDICIAL DE TIMON
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. LIBERDADE PROVISÓRIA CONDICIONADA AO
PAGAMENTO DE FIANÇA. DISPENSA. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. PRESUNÇÃO
ANTE O DECURSO DE LAPSO TEMPORAL RAZOÁVEL E PERMANÊNCIA NO CÁRCERE.
ORDEM CONCEDIDA.
I. In casu, o paciente permaneceu custodiado mesmo após a decisão concessiva da
liberdade, em virtude de não ter condições de adimplir com o valor arbitrado a título de
fiança, ante a sua hipossuficiência, o que se presume do tempo em que permaneceu no

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 407


cárcere, não obstante a soltura condicional que lhe foi deferida.
II. Reconhecida a carência de recursos financeiros do preso, de tal modo que impossibilite
o recolhimento da fiança, de rigor a dispensa do pagamento, na esteira do que preceituam
os arts. 325, §1º, II e II c/c 350, ambos do Código de Processo Penal.
III. Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000393-13.2020.8.10.0084


APELANTE: JUVENAL RIBEIRO FONSECA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INOBSERVÂNCIA DO ART. 315, § 2º, V, DO
CPP. NÃO OCORRÊNCIA. PRELIMINAR REJEITADA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA Nº 231 DO STJ E TEMA 158
DO STF. APLICAÇÃO. DOSIMETRIA ESCORREITA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Inexiste nulidade, por inobservância do art. 315, § 2º, V, do CPP, no decreto condenatório
que, ao mencionar a Súmula nº 231 do STJ e o Tema 158 do STF, faz a devida correlação
da realidade comprovada nos autos e o entendimento jurisprudencial aplicável à matéria.
II.Inaplicabilidade da redução decorrente da atenuante constante do art. 65, III, “d”, do CP,
na segunda fase da dosimetria, em virtude da fixação da pena no mínimo legal, na etapa
anterior. Preliminar rejeitada.
III. A aplicação da Súmula 231 do STJ, a qual é corroborada pelo Tema 158 do STF, não
viola o princípio da individualização da pena, porquanto hipotética redução para patamar
inferior ao piso legal causaria manifesta insegurança jurídica, indo de encontro à reprovação
mínima estabelecida no tipo penal.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0011591-44.2016.8.10.0001
APELANTE: MARCELO HENRIQUE NUNES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO. DOSIMETRIA DA PENA. COMPENSAÇÃO INTEGRAL DA AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DO TEMA REPETITIVO 585, DO STJ. PROCEDÊNCIA.
I. Reconhecida a agravante da reincidência específica, bem como a atenuante da confissão
espontânea, a compensação integral de ambas as circunstâncias, na segunda fase
dosimétrica, é medida que se impõe consoante orientação emanada pelo Superior Tribunal
de Justiça no julgamento do tema repetitivo nº 585.

408 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


II. Apelação criminal conhecida e provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000722-15.2019.8.10.0034


APELANTE: JOÃO CLÁUDIO BATISTA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. COMÉRCIO ILEGAL
DE ARMA DE FOGO. NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO. INVIABILIDADE. CRIME DE
NATUREZAPERMANENTE QUE PRESCINDE MANDADO JUDICIAL. DESCLASSIFICAÇÃO
PARA A CONDUTA DO ART. 12 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
FABRICAÇÃO E CONSERTO DE ARMAS EM RESIDÊNCIA. ROBUSTO ACERVO
PROBATÓRIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. É cediço que em se tratando de crimes de natureza permanente, como é o caso de
comércio ilegal de arma de fogo, mostra-se prescindível o mandado de busca e apreensão
para que os policiais adentrem o domicílio de quem esteja em situação de flagrante delito,
não havendo que se falar em eventuais ilegalidades relativas ao cumprimento da medida.
Precedentes.
2. Não há que se falar em desclassificação para o delito do art. 12 do Estatuto do
Desarmamento, diante das firmes e contundentes provas demonstrando o comércio
irregular de arma de fogo praticado na residência do próprio apelante, em especial pela
quantidade de armas apreendidas.
3. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000780-15.2016.8.10.0069


APELANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA DO NASCIMENTO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. PORTE DE ARMA EM VIA PÚBLICA EM DESACORDO
COM DETERMINAÇÃO REGULAMENTAR. CRIME DE MERA CONDUTA E DE PERIGO
ABSTRATO. CONDENAÇÃO MANTIDA. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
I – Devidamente demonstrada a materialidade e a autoria do crime de porte ilegal de arma
de fogo de uso permitido através do acervo probatório acostado aos autos.
II - O crime de porte ilegal de arma de fogo é definido como de mera conduta e de perigo
abstrato, portanto, para sua consumação, basta o mero porte em via pública.
III – Considerando que houve o trânsito em julgado da sentença para a acusação, a
prescrição deve ser regulada pela pena em concreto, na forma do art. 110, §1º, do Código
Penal. Portanto, no caso dos autos, a prescrição se verificaria no prazo de 04 (quatro) anos,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 409


como prevê o Art. 109, V, do Código Penal.
IV - Recurso conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000914-86.2019.8.10.0085
APELANTE: FRANCISCO DAS CHAGAS VITELO DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO.
IMPROCEDÊNCIA. REPRIMENDA CORPORAL SUBSTITUÍDA POR DUAS RESTRITIVAS
DE DIREITOS. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE ISENÇÃO. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. Inviável a absolvição do recorrente diante do conjunto probatório constante dos autos,
notadamente o depoimento das testemunhas, auto de apreensão e apresentação, laudo
de exame de eficiência de arma de fogo, bem como a sua confissão, que demonstram, de
forma inequívoca, a prática do crime tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/2003.
II. Descabe o pleito de isenção da prestação pecuniária por ausência de previsão legal.
Eventual impossibilidade de pagamento, em virtude de incapacidade financeira, deverá ser
analisada pelo Juízo da Execução Penal, competente para autorizar o parcelamento ou
mesmo substituí-la por outra pena restritiva de direitos.
III. Substituída a reprimenda corporal por restritivas de direitos, a prestação pecuniária
fixada em quatro salários mínimos se mostra razoável, no caso sob exame, máxime a
ausência de comprovação da alegada hipossuficiência financeira do apelante.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002033-87.2013.8.10.0022
APELANTE: ANTÔNIO DEMONTIER DO NASCIMENTO GOMES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. POSSE OU PORTE
ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. ARMA COM IDENTIFICAÇÃO RASPADA.
EXAME PERICIAL INCONCLUSIVO. IRRELEVÂNCIA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO.
AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS DEMONSTRADAS. PLEITO ABSOLUTÓRIO
IMPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA.
1. A materialidade e autoria delitivas estão fartamente demonstradas através do auto de
prisão em flagrante delito, do auto de apresentação e apreensão, do exame de constatação
de natureza e eficiência de arma de fogo e das declarações das testemunhas.
2. Não há que se falar em imprescindibilidade de exame pericial conclusivo para a
demonstração de materialidade do delito em comento, uma vez que o crime de porte
ilegal de arma de fogo é considerado de mera conduta e de perigo abstrato, ou seja, sua
consumação se dá apenas com a prática de um ou alguns dos verbos descritos no tipo, não

410 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


importando se a arma tenha gerado concretamente algum dano, bastando que ela seja apta
a produzir lesão à sociedade.
3. O fato de o exame de constatação e natureza e eficiência de arma de fogo ter sido
realizado por dois investigadores da Polícia Civil e que inexista nos autos documento
comprobatório do grau de escolaridade destes, não faz da conduta um indiferente penal,
mesmo porque existem outros elementos aptos a provar a apreensão da arma de fogo.
4. Apelação conhecida e desprovida.

14. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER / VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000114-64.2019.8.10.0083


APELANTE: JOSÉ WILK RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO- PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL DECORRENTE DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. NULIDADE DO EXAME DE CORPO
DE DELITO. INOCORRÊNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. APELO
IMPROVIDO. SENTENÇA CONDENATÓRIA MANTIDA.
I. Não é nulo o exame de corpo de delito quando o laudo obedece ao preceito do art. 159,
§1º e §2º do Código de Processo Penal.
II. Comprovadas a materialidade e a autoria do delito de lesão corporal diante do conjunto
fático-probatório constante dos autos, não deve prosperar a tese de absolvição. Precedentes.
III. Configura-se o crime tipificado no artigo 24-A da Lei 11.340/2006, quando demonstrada
a ciência e vigência de medidas protetivas de urgência em favor da vítima e evidenciado
seu descumprimento pelas provas colacionadas no processo.
IV. Apelação criminal conhecida e improvida. Sentença condenatória mantida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001444-98.2018.8.10.0029


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: GUSTAVO MELO FIGUEIREDO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA E LESÃO CORPORAL. CRIMES PRATICADOS
NO ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO MORAL. ART.
386, VI, DO CPP. PEDIDO FORMAL. INSTRUÇÃO PROCESSUAL ESPECÍFICA.
DESNECESSIDADE. TEMA 983 DO STJ. RECURSO IMPROVIDO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 411


I. Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja
pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia,
independentemente de instrução probatória. (Tema 983 do STJ)
II. Comprovada a materialidade a autoria de conduta criminosa praticada contra a mulher,
resta evidenciada a reparação dos danos morais como decorrência lógica desse delito, pelo
que prescindível instrução probatória específica nesse sentido.
III. Apelo conhecido e improvido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813514-65.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDSON DA SILVA VIANA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE TUTÓIA – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL
QUALIFICADA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TIPIFICADA NO ART.
129, §1º, II, DO CP C/C ART. 7º, I, DA LEI Nº 11.340/06. REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE DECRETOU A
PRISÃO FOI GENÉRICA. NÃO ESTÃO PRESENTES OS REQUISITOS DA DECRETAÇÃO
DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSENTE O PERIGO DECORRENTE DO ESTADO DE
LIBERDADE DO INDIVÍDUO. AS MEDIDAS PROTETIVAS DETERMINADAS PELO JUÍZO
A QUO BASTAM PARA NÃO REITERAÇÃO DA CONDUTA. CONCESSÃO DA ORDEM.
I – Não ficou demonstrada a periculosidade do agente a trazer risco a novo cometimento
do delito, restando ausente o perigo decorrente do estado de liberdade do indivíduo, o
periculum libertatis.
II- A decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva foi feita de forma genérica,
sem apresentar prova robusta que comprove a periculosidade do paciente a justificar a
manutenção da prisão sob o requisito de risco concreto à ordem pública.
III- As medidas protetivas de urgência determinadas pelo juízo a quo são suficientes para
não reiteração da conduta, tendo em vista que não há provas de outras agressões sofridas
pela criança e pela mãe.
IV – Conhecimento e concessão da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813199-37.2022.8.10.0000


REQUERENTE: JOSÉ DE RIBAMAR VELOSO SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER
RELATOR: SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA.
ART 24-A DA LEI 11.340/2006. PEDIDO DE DESISTÊNCIA ANTES DA SESSÃO DE
JULGAMENTO. POSSIBILIDADE. HOMOLOGAÇÃO QUE SE IMPÕE.

412 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


1. Pedido de desistência realizado antes da sessão de julgamento, nos termos do art. 674
e artigo 319 XXVIII do RITJMA.
2. Desistência homologada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813028-80.2022.8.10.0000


PACIENTE: RAIMUNDO NONATO DA SILVA SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DE ESPERANTINÓPOLIS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. AMEAÇA. VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. PERSEGUIÇÃO QUALIFICADA. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA
EM PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS CAUTELARES. CIRCUNSTÂNCIAS
CONCRETAS REVELADORAS DA NECESSIDADE DA CUSTÓDIA. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA.
1. Paciente preso em flagrante, no dia 27/6/2022, pela prática, em tese do crime de ameaça
no âmbito de violência doméstica (art. 147, do CP no contexto da Lei 11.340/2006) e
perseguição qualificada. (art. 147-A, §1º, II, CP)
2. Homologado o flagrante e convertido em prisão preventiva diante de prova da materialidade
delitiva e de indícios suficientes de autoria, para garantia da ordem pública, com base
na gravidade do delito, na periculosidade do paciente e em razão do descumprimento de
medidas cautelares diversas da prisão outrora concedidas na ação penal nº 0802669-
24.2021.8.10.0027 (disparo de arma de fogo em via pública).
3. Na hipótese de descumprimento das cautelares do art. 319 do CPP, a Lei Adjetiva e a
jurisprudência autorizam a decretação da preventiva.
4. Convém consignar que, embora a soma da pena máxima cominada aos crimes de
ameaça e injúria seja inferior a 4 anos, o art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal,
é expresso ao dispor que será admitida a prisão preventiva se o crime envolver violência
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. (AgRg no RHC
n. 139.040/SE, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
9/2/2021, DJe de 11/2/2021)
5. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
6. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000348-59.2019.8.10.0111


APELANTE: RONNE VON DA CONCEIÇÃO SAMPAIO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA E LESÃO CORPORAL CONTRA A MULHER,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 413


EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO. VIAS DE FATO. NÃO CABIMENTO. CRIME ÚNICO.
I. Demonstradas a materialidade e autoria dos delitos praticados pelo agente, merece ser
mantida a respectiva condenação, sobremaneira quando amparada na palavra da vítima,
que tem especial relevância em crimes cometidos no ambiente doméstico.
II. Incabível a desclassificação para contravenção de vias de fato quando se encontram
devidamente comprovadas a prática do crime de lesão corporal, em especial pelo laudo
pericial, corroborado pelos relatos da ofendida, atestando ofensa à sua integridade física.
III. Correta a condenação pelo crime de lesão corporal e ameaça, em concurso material,
sobretudo quando demonstrados nos autos que o agente dentro de uma mesma dinâmica
cometeu dois crimes distintos com desígnios autônomos.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001870-42.2017.8.10.0063


APELANTE: CLEIDE DA CONCEIÇÃO DIAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: CLEOMAR INÁCIO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
REDIMENSIONAMENTO. AGRAVANTE DO ART. 61, II, “F”. POSSIBILIDADE DE EMPREGO
DE PATAMAR SUPERIOR. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA.
REDUÇÃO PRAZO SURSIS. NÃO CABIMENTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacificado no sentido de que a pena-base
não pode ser fixada acima do mínimo legal com fundamento em elementos constitutivos
do crime ou com base em referências vagas, genéricas, desprovidas de fundamentação
objetiva para justificar a sua exasperação.
II. Ausente fundamentação concreta e idônea para eleição da fração de acréscimo superior
ao mínimo jurisprudencialmente estabelecido para reconhecimento de uma agravante, é
cabível a reforma da dosimetria, para aplicar a fração de 1/6 (um sexto) sobre o resultado
do intervalo de pena em abstrato, de modo a preservar a hierarquia entre as fases que
compõem o sistema trifásico.
III. O art. 77 do Código Penal determina que o prazo mínimo para se suspender a pena
do acusado é de 2 (dois) anos, não sendo possível a suspensão por período inferior em
decorrência da própria previsão legal do instituto.
IV. Apelação criminal parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001312-55.2014.8.10.0005


APELANTE: JAIRON FERREIRA LOPES

414 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL
NO CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA
A CONDENAÇÃO. POSTULADO JURÍDICO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. FIXAÇÃO RECONHECIMENTO
DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO. INVIABILIDADE. NÃO ALCANÇADO O
INTERVALO DE TEMPO PREVISTO EM LEI. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Inviável o reconhecimento da extinção punibilidade pela prescrição vez que a denúncia
foi oferecida em 25/10/2016 e a sentença publicada em 6/8/2019, ou seja, houve intervalo
inferior a 3 (três) anos entre os citados marcos, não alcançando, assim, o período previsto no
art. 109, VI do CP para ocorrência da prescrição, pelo que torna-se impraticável reconhecê-
la.
2. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
3. A palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos presentes nos autos, possui
relevante valor probatório, especialmente em crimes que envolvem violência doméstica e
familiar contra a mulher (HC 461.478/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe
12/12/2018).
4. Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813657-54.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUCAS GABRIEL JURICH DA SILVA
IMPETRADO: ATO DO JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE GRAJAÚ/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. MEDIDA
PROTETIVA DE URGÊNCIA REQUERIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL. PRISÃO
PREVENTIVA DECRETADA PELO MAGISTRADO. POSSIBILIDADE. NÃO ATUAÇÃO
DE OFÍCIO. DECISÃO FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO.
I. Não se pode considerar como atuação ex officio quando o magistrado decreta a prisão
preventiva após o requerimento da autoridade policial de medidas protetivas de urgência, pois
o que depende de prévia e indispensável provocação é a imposição de medidas cautelares,
facultando-se ao magistrado a escolha de qual melhor se ajusta ao caso concreto.
II. Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir ou atentar contra a integridade física da
vítima, se posto em liberdade, necessária a manutenção da prisão preventiva para garantia
da ordem pública, bem como inviável sua substituição por outra medida cautelar.
III. A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 415


manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
IV. Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811632-68.2022.8.10.0000


PACIENTE: CÉSAR MORAES DE SOUZA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: 1a VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AUSÊNCIA DE EXPEDIÇÃO DE GUIA DE RECOLHIMENTO
DEFINITIVA. CUMPRIMENTO DA PRISÃO EM REGIME MAIS GRAVOSO DO QUE
O FIXADO NA SENTENÇA. PERDA DE OBJETO QUANTO À EXPEDIÇÃO DA GUIA.
CONCESSÃO DA ORDEM PARA RECONHECER O DIREITO DE CUMPRIR A PENA NO
REGIME FIXADO NA SENTENÇA.
I - Manifesta a ausência de interesse de agir no que se refere à expedição de guia de
recolhimento definitiva, pois, conforme informação prestada pelo Juízo impetrado, essa
guia de execução definitiva foi, efetivamente, expedida.
II - Constitui constrangimento ilegal a manutenção do paciente em regime fechado, uma vez
que, no processo de origem, a condenação se deu em regime inicial semiaberto.
III - Ordem conhecida para declarar a perda de objeto quanto ao pedido de expedição da
guia de recolhimento definitiva.
IV - Concessão da ordem para determinar que seja aplicado ao paciente o regime de
cumprimento da pena imposto na sentença condenatória.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002236-03.2013.8.10.0005


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: HELTON LEMOS DE OLIVEIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA NO CONTEXTO DOMÉSTICO.
AUSÊNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO.
APELO DESPROVIDO. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA.
I. Para a caracterização do delito previsto no art. 147, do Código Penal é indispensável que
a vítima sinta medo ou pavor diante de palavras que prometem “mal injusto e grave”.
II. Correta a absolvição do agente, a quem se imputa a prática do crime de ameaça no
âmbito doméstico, quando os elementos de prova não demonstram a presença do requisito
subjetivo para seu reconhecimento, sobretudo quando as palavras empregadas não tenha
causado o temor necessário para caracterizar tal delito.
III. Manutenção da sentença absolutória. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002237-66.2017.8.10.0063

416 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: ORLEANS IDELMAR DE ANDRADE
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LESÃO CORPORAL.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. APLICAÇÃO CONJUNTA
DA AGRAVANTE DO ART. 61, II, “f” E DO ART. 129, § 9º, TODOS DO CÓDIGO PENAL. BIS
IN IDEM. NÃO CONFIGURADO. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO E DA
AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, II, ‘f’, DO CP. POSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO
EX OFFICIO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
I. Correta a exasperação da pena base por avaliação demeritória das circunstâncias do
crime quando pautado em fundamentação idônea.
II. Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o reconhecimento da agravante
inserta no art. 61, II, “f”, do Código Penal de modo conjunto com o art. 129, § 9º, do CP, não
acarreta bis in idem, uma vez que a Lei Maria da Penha objetivou recrudescer o tratamento
dado à violência doméstica e familiar contra a mulher.

III. É cabível a compensação, ex officio, da agravante mencionada no item anterior com a


atenuante da confissão, haja vista serem igualmente preponderantes, nos termos do art. 67
do Código Penal. Precedentes do STJ.
IV. Apelação criminal desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815048-44.2022.8.10.0000


PACIENTE: GELSON SANTANA SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PASSAGEM FRANCA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. LESÃO CORPORAL.
AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRISÃO PREVENTIVA. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
INADMISSÍVEL. SÚMULA 438 STJ E PRECEDENTES STF. DESPROPORCIONALIDADE
DA MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS.
CABIMENTO. ORDEM CONHECIDA E CONCEDIDA.
1. In casu, inadmissível o trancamento da ação penal no caso, pois o reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva em razão da possível pena que viria a ser aplicada in
concreto contraria o disposto na Súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça que assim
dispõe: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva
com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal.” A posição é reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal na Repercussão
Geral 602.527/RS: “É inadmissível a extinção da punibilidade em virtude de prescrição da
pretensão punitiva com base em previsão da pena que hipoteticamente seria aplicada,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 417


independentemente da existência ou sorte do processo criminal.”
2. No caso concreto, a prisão já se aproxima dos 161 dias (5 meses), sem previsão de
revogação. Ainda, o paciente é primário, conforme Certidão de Antecedentes Criminais
(autos de origem) e sem reiteração delitiva, mostrando-se suficiente e adequado o
estabelecimento de cautelares diversas da prisão.
3. A segregação durou tempo limite razoável diante das circunstâncias do caso concreto, na
iminência de se tornar medida excessiva e desproporcional, demonstrando, ainda, ser mais
gravosa do que a própria pena em caso de eventual procedência da ação penal.
4. Ordem conhecida e concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000348-59.2019.8.10.0111


APELANTE: RONNE VON DA CONCEIÇÃO SAMPAIO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA E LESÃO CORPORAL CONTRA A MULHER,
EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO. VIAS DE FATO. NÃO CABIMENTO. CRIME ÚNICO.
I. Demonstradas a materialidade e autoria dos delitos praticados pelo agente, merece ser
mantida a respectiva condenação, sobremaneira quando amparada na palavra da vítima,
que tem especial relevância em crimes cometidos no ambiente doméstico.
II. Incabível a desclassificação para contravenção de vias de fato quando se encontram
devidamente comprovadas a prática do crime de lesão corporal, em especial pelo laudo
pericial, corroborado pelos relatos da ofendida, atestando ofensa à sua integridade física.
III. Correta a condenação pelo crime de lesão corporal e ameaça, em concurso material,
sobretudo quando demonstrados nos autos que o agente dentro de uma mesma dinâmica
cometeu dois crimes distintos com desígnios autônomos.
III. Apelação criminal conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001870-42.2017.8.10.0063


APELANTE: CLEIDE DA CONCEIÇÃO DIAS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: CLEOMAR INÁCIO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
REDIMENSIONAMENTO. AGRAVANTE DO ART. 61, II, “F”. POSSIBILIDADE DE EMPREGO
DE PATAMAR SUPERIOR. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA.
REDUÇÃO PRAZO SURSIS. NÃO CABIMENTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
I. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacificado no sentido de que a pena-base
não pode ser fixada acima do mínimo legal com fundamento em elementos constitutivos

418 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


do crime ou com base em referências vagas, genéricas, desprovidas de fundamentação
objetiva para justificar a sua exasperação.
II. Ausente fundamentação concreta e idônea para eleição da fração de acréscimo superior
ao mínimo jurisprudencialmente estabelecido para reconhecimento de uma agravante, é
cabível a reforma da dosimetria, para aplicar a fração de 1/6 (um sexto) sobre o resultado
do intervalo de pena em abstrato, de modo a preservar a hierarquia entre as fases que
compõem o sistema trifásico.
III. O art. 77 do Código Penal determina que o prazo mínimo para se suspender a pena
do acusado é de 2 (dois) anos, não sendo possível a suspensão por período inferior em
decorrência da própria previsão legal do instituto.
IV. Apelação criminal parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001312-55.2014.8.10.0005


APELANTE: JAIRON FERREIRA LOPES
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL
NO CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA
A CONDENAÇÃO. POSTULADO JURÍDICO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. FIXAÇÃO RECONHECIMENTO
DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO. INVIABILIDADE. NÃO ALCANÇADO O
INTERVALO DE TEMPO PREVISTO EM LEI. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Inviável o reconhecimento da extinção punibilidade pela prescrição vez que a denúncia
foi oferecida em 25/10/2016 e a sentença publicada em 6/8/2019, ou seja, houve intervalo
inferior a 3 (três) anos entre os citados marcos, não alcançando, assim, o período previsto no
art. 109, VI do CP para ocorrência da prescrição, pelo que torna-se impraticável reconhecê-
la.
2. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
3. A palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos presentes nos autos, possui
relevante valor probatório, especialmente em crimes que envolvem violência doméstica e
familiar contra a mulher (HC 461.478/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe
12/12/2018).
4. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003711-69.2015.8.10.0022


APELANTE: GENILDO DE OLIVEIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 419


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 147, CAPUT
DO CP – AMEAÇA. CRIME COMETIDO CONTRA MULHER NO CONTEXTO DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. INSURGÊNCIA UNICAMENTE QUANTO À PENA APLICADA.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA.
IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 17 DA LEI 11.340/06. SUBSTITUIÇÃO POR
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO DA SÚMULA 588
DO STJ. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. INADEQUADA AO CASO. GRAVIDADE
DAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE PERMEIAM O CRIME. RECURSO DESPROVIDO.
1. Tratando-se de crime cometido no contexto de violência doméstica contra a mulher,
necessário que leve-se em consideração as disposições da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da
Penha);
2. Inviável no caso que a pena privativa de liberdade seja substituída exclusivamente por
pena de multa, nos termos do que aduz o art. 17 da Lei nº 11.340/06.
3. Inviável também a substituição da reprimenda privativa de liberdade por restritivas de
direitos, ante a vedação da Súmula 588 do STJ.
4. Embora possível para crimes praticados no contexto de violência doméstica, não mostra-
se adequada ao caso concreto a substituição condicional da pena, ante a gravidade dos atos
cometidos pelo apelante que, além de ameaçar a vítima, a perseguiu, lhe exigiu dinheiro,
desligou a energia de sua casa e continuou a ameaçá-la de morte mesmo após ter sido
preso.
5. Recurso conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002682-08.2019.8.10.0001


APELANTE: RICARDO FIGUEIREDO DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FEMINICÍDIO.
ALEGAÇÃO DE BIS IN IDEM NA DOSIMETRIA DA PENA. INOCORRÊNCIA. TENTATIVA.
FRAÇÃO REDUTORA. ITER CRIMINIS PERCORRIDO. ACERTO.
I – A valoração das circunstâncias judiciais do motivo, circunstâncias e consequências
do crime realizada de forma motivada e fundada no conteúdo probatório dos autos não
ensejam reforma.
II – Fixada a redução da pena em razão da tentativa com observância do iter criminis
percorrido apurado nos autos, não há alteração a ser aplicada na espécie.
III – Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816780-60.2022.8.10.0000

420 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


PACIENTE: LUIZ ANTÔNIO FURTADO DA COSTA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE ARAIOSES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL
CONTRA MULHER EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AMEAÇA.
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. AUSÊNCIA JUSTA CAUSA. RECEBIMENTO
DA DENÚNCIA. PLEITO PREJUDICADO. PERDA DO OBJETO. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA À LUZ DO ART. 312 DO CPP. APLICAÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.
I. Sobrevindo o recebimento de denúncia, com o consequente início do processo penal, resta
prejudicado o pleito de trancamento do Inquérito Policial, em razão da perda superveniente
do objeto.
II. Na hipótese, a prisão preventiva se encontra devidamente fundamentada em dados
concretos extraídos dos autos, que evidenciam a sua imprescindibilidade para garantia da
ordem pública, dado a violência empregada na prática delitiva e o grau de periculosidade
do paciente. Paciente que, além de ter desferido socos e chutes na região do peito da
vítima e a arrastado pelo chão puxando seus cabelos, armando-se com pedaço de madeira
para lesioná-la, no dia seguinte a essa agressão, empunhou uma arma branca (foice) e
ameaçou matá-la.
III. A alegação de que a vítima de violência doméstica mudou-se da comarca, destituída
de elementos probatórios que permitam a ratificação dessa circunstância, não constitui
motivação suficiente para infirmar o decreto condenatório ora impugnado.
IV. Exposta de forma idônea a necessidade do encarceramento, incabível a sua substituição
por providências menos gravosas, por serem insuficientes para salvaguardar a ordem
pública e resguardar a integridade física e psíquica da ofendida.
V. Ordem conhecida e denegada, com o reconhecimento da prejudicialidade do pedido de
trancamento do inquérito policial.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0018610-04.2016.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: CLÁUDIO JOSÉ SODRÉ
APELADO: MARCOS RONALDO DE ALENCAR SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. REGINA MARIA DA COSTA LEITE
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ABSOLVIÇÃO.
DIVERGÊNCIA ENTRE A NARRATIVA DO INQUÉRITO E O DEPOIMENTO DA VÍTIMA
EM JUÍZO. LEGÍTIMA DEFESA. PROVA PRECÁRIA A RESPALDAR UMA CONDENAÇÃO.
APELO DESPROVIDO. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA.
I. No processo penal, o acolhimento da pretensão punitiva estatal somente deve ocorrer

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 421


quando as provas colhidas levem à certeza da configuração do tipo penal.
II. Em homenagem aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, não se
mostra possível a prolação de condenação pautada exclusivamente em prova inquisitorial
não ratificada em juízo. Inteligência do art. 155 do CPP.
III. Se a dinâmica do fato comprova que o hematoma da vítima, que portava um facão,
decorreu de ação do acusado para repelir agressão iminente e tomar-lhe o objeto cortante,
configurada está a legítima defesa.
IV. Manutenção da sentença absolutória. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001531-54.2018.8.10.0029


APELANTE: DIEGO OLIVEIRA DOS REIS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: RODRIGO DE VASCONCELOS FERRO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LEI Nº 11.340/2006. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS
PROTETIVAS. LESÃO CORPORAL E AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. ABSOLVIÇÃO QUANTO AOS DELITOS DE DESCUMPRIMENTO
DE MEDIDAS PROTETIVAS E LESÃO CORPORAL. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONTRAVENÇÃO DE VIAS DE FATO. NÃO CABIMENTO.
PLEITO DE REDIMENSIONAMENTO DA PENA. AFASTAMENTO DE CIRCUNSTÂNCIAS
DESFAVORÁVEIS E AGRAVANTE DE MOTIVO TORPE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
MANUTENÇÃO. EXCLUSÃO DE REPARAÇÃO POR DANO MORAL. AUSÊNCIA DE
CONTRADITÓRIO. HIPOSSUFICIÊNCIA. NÃO COMPROVAÇÃO. APELO IMPROVIDO.
I. Não há como acolher o pleito de absolvição quanto ao crime de descumprimento de
medidas protetivas de urgência, por se tratar de crime formal em que a consumação do
delito ocorre com a mera desobediência às obrigações fixadas pelo juízo competente, das
quais o apelante foi regularmente cientificado.
II. A eventual reconciliação momentânea do casal não afasta o reconhecimento do crime
previsto no art. 24-A, da Lei nº 11.340/06, sobretudo quando a vítima, em sede de audiência
de retratação, manifestou interesse no prosseguimento do feito e na renovação das medidas
protetivas.
III. O laudo fundamentado de exame de corpo de delito indireto é apto a indicar a materialidade
do crime de lesões corporais, em especial quando o exame direto não foi realizado por
interferência do agressor e de seus familiares, mediante intimidação da vítima. Precedentes.
IV. Constatada a existência de equimoses e escoriações na região dos braços e peitoral
da vítima, a atestar a materialidade do crime de lesão corporal, improcede o pedido de
desclassificação para a contravenção de vias de fato.
V. Correta a valoração da circunstância judicial da culpabilidade quanto ao crime de ameaça,

422 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


considerando que o apelante retornou ao local dos fatos e proferiu novas ameaças contra
a vítima, não se contendo mesmo com a intervenção de populares e da polícia, revelando,
dessa forma, um grau de culpa acima do previsto no tipo legal (art. 147, CP).
VI. Quanto à negativação do vetor concernente às circunstâncias do crime para todos os
delitos imputados, correta a fundamentação do juízo a quo, posto que a exasperação foi
motivada pela exposição da vítima à humilhação em local público, situação suficiente para
autorizar acréscimo ao quantum da pena-base em caso de violência doméstica e familiar.
VII. Igualmente fundamentada a aplicação da agravante de motivo torpe para os delitos
imputados ao recorrente, visto que a prova testemunhal revela que ele e a vítima não
mantinham relacionamento à época dos fatos, restando pertinente a motivação da sentença
monocrática quanto à torpeza da conduta, ante a insatisfação do apelante com o término
do relacionamento.
VIII. Deve ser mantida a condenação de reparação por danos morais quando verificado que
foi oportunizado à defesa do recorrente o contraditório em relação ao pedido indenizatório,
que restou formulado desde a denúncia e foi reiterado nas alegações finais da acusação.
Outrossim, não há comprovação cabal da hipossuficiência do apelante, considerando ter
declarado em juízo que exerce atividade remunerada.
IX. Apelação criminal improvida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811056-75.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ JERLISON MOURA FERREIRA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE GRAJAÚ-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DO DECRETO SEGREGATÓRIO.
MEDIDAS PROTETIVAS E/OU CAUTELARES DIVERSAS. INSUFICIÊNCIA. CIRCUNST
NCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEV NCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
I. Inviável a revogação da prisão preventiva, por suposta ausência de fundamentação e
inexistência dos requisitos legais, quando o decreto segregatório se encontra lastreado em
particularidades dos
autos e devidamente assentado tanto no art. 20 da Lei nº 11.340/06 quanto nos arts. 312 e
313, inciso III, do Código de Processo Penal.
II. O relato de predicados favoráveis, tais como residência fixa, profissão definida e
primariedade, por si só, não tem o condão de desconstituir a custódia antecipada, quando
presentes os requisitos autorizadores da prisão. Precedentes.
III. Exposta de forma idônea a necessidade do encarceramento, incabível a sua substituição
por providências menos gravosas, por serem insuficientes ao caso concreto, máxime diante
do grau de violência empregado.
IV. Ordem conhecida e denegada.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 423


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003325-78.2017.8.10.0051
APELANTE: HENRIQUE DA SILVA CUSTODIO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
LEGÍTIMA DEFESA NÃO COMPROVADA. LESÃO PRIVILEGIADA. AUSÊNCIA DE
INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO
DA SÚMULA Nº 231/STJ. APELO DESPROVIDO.
I. A ausência de evidência da injusta agressão impede o reconhecimento da legítima
defesa, sendo tal prova ônus de quem alega, nos termos do caput do art. 156 do Código de
Processo Penal.
II. Se, pelas circunstâncias do crime, não for possível concluir que o réu agiu sob o domínio
de violenta emoção após injusta provocação da vítima, não é o caso de reconhecimento
da causa de diminuição da pena prevista no art. 129, §4º, do Código Penal (lesão corporal
privilegiada).
III. Embora reconhecida atenuante de confissão, a pena deve ser mantida inalterada,
quando a pena-base se encontrar fixada no mínimo legalmente previsto, nos termos da
Súmula n. 231 do STJ.
IV. Manutenção da sentença condenatória. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004393-66.2016.8.10.0029


VÍTIMA: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: CARLOS MOURA BARROS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002236-03.2013.8.10.0005


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: HELTON LEMOS DE OLIVEIRA

424 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA NO CONTEXTO DOMÉSTICO.
AUSÊNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO.
APELO DESPROVIDO. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA.
I. Para a caracterização do delito previsto no art. 147, do Código Penal é indispensável que
a vítima sinta medo ou pavor diante de palavras que prometem “mal injusto e grave”.
II. Correta a absolvição do agente, a quem se imputa a prática do crime de ameaça no
âmbito doméstico, quando os elementos de prova não demonstram a presença do requisito
subjetivo para seu reconhecimento, sobretudo quando as palavras empregadas não tenha
causado o temor necessário para caracterizar tal delito.
III. Manutenção da sentença absolutória. Apelação criminal desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000673-20.2019.8.10.0051


APELANTE: JOSÉ ELSON DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA NO
CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA A
CONDENAÇÃO. POSTULADO JURÍDICO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO
LEGAL. INVIABILIDADE. ATENUANTE DO ART. 61, II, “f”, do CP.
APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
2. A palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos presentes nos autos, possui
relevante valor probatório, especialmente em crimes que envolvem violência doméstica e
familiar contra a mulher (HC 461.478/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe
12/12/2018).
3. Para a caracterização dos delitos de ameaça, basta que o agente faça promessa de
mal injusto, grave, iminente e verossímil, por meio de dizeres, gestos ou símbolos, desde
que idôneos e suficientes para revelar a intenção de subjugar as vítimas, tolhendo a sua
resistência.
3. Inviabilidade de fixação da pena no mínimo legal, porquanto presente a atenuante de
ter o réu cometido o crime prevalecendo-se de relações domésticas, por ser padrasto da
vítima. Dosimetria auferida corretamente.
4. Apelação conhecida e desprovida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 425


APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000138-05.2013.8.10.0083
APELANTE: GEIZENILSON RAMOS BORGES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL NO
CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. NULIDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. POSTULADO JURÍDICO DO IN DUBIO PRO REO.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO. PRESCRIÇÃO
DA PRETENSÃO PUNITIVA. RECONHECIMENTO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Pelo princípio do pas de nullité sans grief, somente se efetivamente comprovado o
prejuízo é que se poderia invalidar o ato impugnado e decretar a nulidade apontada, o que
não é o caso dos autos.
2. A perícia não é indispensável para a comprovação do crime de lesão corporal, cuja
materialidade restou demonstrada por outros meios, inclusive pela prova testemunhal.
3. Na espécie, o acervo fático-probatório atestou, estreme de dúvidas, a autoria e
materialidade do delito, não merecendo prosperar as teses da absolvição por inexistência
de prova.
4. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva do réu, por tratar-se de
matéria de ordem pública.
5. Recurso conhecido e desprovido, com a extinção da punibilidade do réu.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811695-93.2022.8.10.0000


PACIENTE: AFRÂNIO JOSÉ GOMES COSTA
IMPETRADO: JUÍZA DE DIREITO DA CENTRAL DE INQUÉRITOS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. AMEAÇA E VIOLAÇÃO
DE DOMICÍLIO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LEI MARIA DA PENHA. APLICAÇÃO DE
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA. DESCUMPRIMENTO. RISCO CONCRETO DE
REITERAÇÃO DELITIVA E NECESSIDADE DE PROTEÇÃO DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA.
1. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e
de indícios suficientes de autoria, decreta a prisão preventiva do paciente, para garantia
da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto a indicar risco de
reiteração de descumprimento da medida protetiva aplicada.
2. Jurisprudência do STJ no sentido de que “as condições subjetivas favoráveis do recorrente,
tais como primariedade, bons antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, por si sós, não

426 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


obstam a segregação cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da
prisão preventiva” (STJ - AgRg no RHC: 165333 SP 2022/0156506-8, Data de Julgamento:
14/06/2022, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2022).
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
4. Ordem denegada.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos do Habeas Corpus nº 0811695-
93.2022.8.10.0000, em que figuram como partes os retromencionados, acordam os
senhores desembargadores da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado
do Maranhão, por unanimidade e de acordo com o parecer da Procuradoria-Geral de
Justiça, em denegar a ordem, nos termos do voto do Desembargador Relator Sebastião
Joaquim Lima Bonfim acompanhado pelo Des. Gervásio Protásio dos Santos Júnior e pela
Desa. Sônia Maria Amaral Fernandes Ribeiro.
Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. Regina Maria da Costa Leite.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810995-20.2022.8.10.0000


PACIENTE: IVANDERSON DE JESUS DOS SANTOS TORRES
IMPETRADO: JUÍZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE ARARI/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. LESÃO
CORPORAL CONTRA EX-COMPANHEIRA. NECESSIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA
PARA RESGUARDAR A INTEGRIDADE FÍSICA DA VÍTIMA. POSSIBILIDADE REAL DE
REITERAÇÃO DELITIVA EM RAZÃO DO COMPORTAMENTO DO PACIENTE.
I – A prisão preventiva, em situações de violência doméstica, se faz necessária para
resguardar a integridade física da vítima, mormente quando há um histórico de agressões
contra a mulher.
II – Previsão expressa de decretação de prisão preventiva na Lei Maria da Penha, que se
justifica pelas peculiaridades dos casos que envolvem violência doméstica e pelo risco
concreto à vida da mulher.
III – Habeas corpus conhecido para denegação da ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0014490-78.2017.8.10.0001


APELANTE: RAIMUNDO SALDANHA DA SILVA NETO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
AMEAÇA. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. CRIME FORMAL. TIPICIDADE DEMONSTRADA.
RECURSO DESPROVIDO.
I - Na hipótese dos autos, a autoria e a materialidade restaram devidamente comprovadas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 427


ao longo da persecução penal.
II – In casu, o réu agiu de forma livre e consciente (elemento subjetivo) ao proferir as ameaças
de causar mal injusto e grave à vítima (elemento objetivo), retirando dela a tranquilidade e
a segurança, desse modo, presentes os elementos do tipo penal.
III – Apelação desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000111-69.2019.8.10.0064


APELANTE: VALDECY RAMOS BORGES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
LESÃO CORPORAL LEVE E AMEAÇA. EXAME DE CORPO DE DELITO REALIZADO
POR PERITOS NÃO OFICIAIS. VALIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA. DOSIMETRIA DA
PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A habilitação técnica do perito não oficial relacionada com a natureza do exame de
corpo de delito não é requisito obrigatório, mas preferencial, de acordo com o § 1º do art.
159 do CPP, de modo que não se invalida o exame direto da lesão corporal leve feito por
profissionais da área da saúde com especializações distintas.
II - O exame de corpo de delito não é, por si só, imprescindível para a comprovação da
materialidade dos crimes praticados no âmbito doméstico, notadamente quando existentes
outros meios de provas capazes de suprir a sua falta. Entendimento do STJ.
III - Demonstradas a materialidade e a autoria do crime, robustecidas por meio da palavra
da vítima, que conta com especial valor em delitos cometidos às ocultas, corroborada ainda
por outros elementos, a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
IV - É de rigor o redimensionamento da pena-base quando o juízo a quo, ao valorar em
desfavor do réu as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP, utiliza fundamentação
inidônea ou ínsita ao próprio tipo penal.
V - Apelo conhecido e parcialmente provido.

REMESSANECESSÁRIACRIMINALNÚMERO PROCESSO N° 0819098-27.2021.8.10.0040


REMETENTE: JUIZ DE DIREITO DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DE
IMPERATRIZ
PACIENTE: REGINALDO BEZERRA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: DIRETOR DA UNIDADE PRISIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO DE
IMPERATRIZ, DELEGADO PLANTÃO CENTRAL DE IMPERATRIZ/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA EM HABEAS CORPUS. AMEAÇA NO ÂMBITO

428 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DOMÉSTICO E ROMPIMENTO DE TORNOZELEIRA ELETRÔNICA. PRISÃO
DESACOMPANHADA DE ORDEM JUDICIAL FUNDAMENTADA E À MARGEM DE
FLAGRÂNCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. ILEGALIDADE MANIFESTA. CONCESSÃO
DA ORDEM. SENTENÇA MANTIDA.
I. Constatado que o paciente não respondia a ação criminal e foi absolvido no processo
que tramitava junto à Vara de Violência Doméstica, inegável a ilegalidade da sua prisão,
notadamente porque não houve flagrante ou título prisional que pudesse justificar a
manutenção do conduzido no cárcere.
II. Ausente a comunicação ao Poder Judiciário, por parte da autoridade policial, acerca da
prisão do paciente, e notória a sua ilegalidade pela inexistência de justa causa, impõe-se a
manutenção da sentença que relaxou, em habeas corpus, o ergástulo.
III. Remessa conhecida, com a respectiva manutenção da decisão que concedeu a ordem
de habeas-corpus pelo Juízo de origem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000526-60.2019.8.10.0029


APELANTE: MANOEL NATALINO DA SILVA NETO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA
GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. VALORAÇÃO
NEGATIVA DA PERSONALIDADE DO AGENTE. POSSIBILIDADE. PROVAS DOS AUTOS
DEMONSTRAM CARÁTER OBSESSIVO E VIOLENTO DO AGENTE. INCIDÊNCIA
DE AGRAVANTE DE MOTIVO TORPE. POSSIBILIDADE. CRIME MOTIVADO PELA
IRRESIGNAÇÃO DO AGENTE COM A DECISÃO DE SUA EX-COMPANHEIRA.
I - A circunstância judicial atinente à personalidade do agente diz respeito ao conjunto de
características deste. Comprovado, mediante as provas dos autos, que o apelante ostenta
personalidade obsessiva e agressiva, tendo inclusive invadido a casa da vítima pelo telhado,
de rigor a valoração negativa dessa circunstância judicial.
II - A motivação torpe deve ser utilizada para agravar a pena na segunda fase da dosimetria.
Na espécie, o sentenciado agrediu e lesionou a ex-companheira porque se sentira afrontado
pela decisão dela em restringir sua visitação ao filho, evidenciando a motivação vingativa e
sórdida crime.
IV – Apelação conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814740-08.2022.8.10.0000


PACIENTE: ESTADO DO MARANHÃO
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL BARRA DO CORDA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 429


EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE AMEAÇA EM
CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TIPIFICADO NO ART. 147 DO CÓDIGO PENAL
C/C COM A LEI Nº 11.340/06. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. POSSIBILIDADE.
FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE DECRETOU A PRISÃO FOI GENÉRICA. NÃO
ESTÃO PRESENTES OS REQUISITOS DA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
AUSENTE O PERIGO DECORRENTE DO ESTADO DE LIBERDADE DO INDIVÍDUO. AS
MEDIDAS PROTETIVAS DETERMINADAS PELO JUÍZO A QUO BASTAM PARA NÃO
REITERAÇÃO DA CONDUTA. CONCESSÃO DA ORDEM.
I – Não ficou demonstrada a periculosidade do agente a trazer risco a novo cometimento
do delito, restando ausente o perigo decorrente do estado de liberdade do indivíduo, o
periculum libertatis.
II- A decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva foi feita de forma genérica,
sem apresentar prova robusta que comprove a periculosidade do paciente a justificar a
manutenção da prisão sob o requisito de risco concreto à ordem pública.
III- As medidas protetivas de urgência determinadas pelo juízo a quo são suficientes para
não reiteração da conduta, tendo em vista que não há provas de outras ameaças ou
agressões sofridas pela sua ex-companheira e filha.
IV – Ordem concedida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800881-63.2022.8.10.0051


APELANTE: LÉO BRUNO ALVES DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. CONTEXTO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. ABSOLVIÇÃO. LEGÍTIMA DEFESA.
IMPROCEDÊNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
I - Quando as provas colhidas nos autos são suficientes para demonstrar a materialidade
e a autoria do crime de lesão corporal, em contexto de violência doméstica, a condenação
deve ser mantida.
II - Não tendo o acusado se desincumbido do ônus de comprovar a existência de injusta
agressão da vítima anteriormente ao fato criminoso e tampouco o uso moderado dos meios
disponíveis, não merece guarida a tese de reconhecimento de legítima defesa.
III – A fixação do regime inicial de cumprimento de pena não está atrelada, de modo
absoluto, ao quantum da pena, devendo-se levar em conta as demais circunstâncias do
caso concreto. Na espécie, tem-se que o réu é reincidente, ostenta maus antecedentes e
cometeu o crime com violência no contexto de violência doméstica contra sua companheira,
motivo pelo qual foi acertada a fixação do regime inicialmente fechado.
IV – Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800941-55.2021.8.10.0056

430 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: MATEUS OLIVEIRA DA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. LESÃO CORPORAL
EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LEGÍTIMA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA VIAS DE FATO. INVIÁVEL. LAUDO DE EXAME DE CORPO
DE DELITO. APLICAÇÃO DO PRIVILÉGIO DO §4º, ART. 129 DO CP. NÃO CONFIGURADO.
APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Não há legítima defesa se não restou demonstrado que o apelante, usando moderadamente
dos meios necessários, repeliu injusta agressão, atual ou iminente.
2. Se a agressão resulta em lesões corporais na vítima, atestadas por laudo de exame de
corpo de delito, não cabe a desclassificação de lesão corporal para a contravenção de vias
de fato.
3. Não há que se falar em lesão corporal privilegiada se não há prova de que tenha havido
motivo de relevante valor social ou moral e tampouco injusta provocação da vítima (art. 129,
§º, CP).
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000585-50.2017.8.10.0051


APELANTE: ANTÔNIO DE SOUSA VALLE OLIVEIRA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. INVIABILIDADE DA
TESE ABSOLUTÓRIA. LEGÍTIMA DEFESA. CARÊNCIA DE RESPALDO NAS PROVAS
COLHIDAS. PALAVRA DA VÍTIMA ENDOSSADA POR EXAME DE CORPO DE DELITO.
DOSIMETRIA ADEQUADA. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. MANUTENÇÃO.
I. Correta a conclusão pela condenação do acusado no crime de violência doméstica,
insculpido no art. 129, §9º, do Código Penal, tendo em vista a configuração da autoria e
materialidade delitivas, endossadas pela palavra da vítima - que possui especial relevo -, e
pelo exame de corpo de delito.
II. O reconhecimento da legítima defesa demanda prova segura, sendo inviável o seu
acolhimento tão somente pela palavra isolada do réu, porquanto desatendido o ônus do art.
156 do Código de Processo Penal.
III. Incrementada a pena-base por uma circunstância motivadamente desabonadora,
resta inviável a substituição da reprimenda por restritivas de direitos, diante da vedação
contemplada na Súmula 588/STJ; contudo, deve perdurar a concessão do sursis, mediante
o cumprimento das condições estabelecidas na sentença.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 431


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0820089-89.2022.8.10.0000
REQUERENTE: GLEIDISON DOS SANTOS FERREIRA, ELVES FERREIRA DE FREITAS
IMPETRADO: VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E JUIZADO ESPECIAL DA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: EMENTA PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL.
AMEAÇA. PERSEGUIÇÃO. INJÚRIA REAL. NO ÂMBITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO
DE MEDIDAS CAUTELARES. CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS REVELADORAS
DA NECESSIDADE DA CUSTÓDIA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRINCÍPIO DA
HOMOGENEIDADE. NÃO ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. ORDEM DENEGADA.
1. Paciente preso em flagrante, em 19/7/2022, pela suposta prática dos delitos de lesão
corporal (Art.129, 9º, do CPB), ameaça (Art. 147 do CPB), perseguição (Art. 147-A do
CPB) e injúria real (Art. 140, §2º, do CPB), no contexto de violência doméstica, perpetrados
contra Maria Cleudimar Monteiro da Costa, sua ex-companheira.
2. Homologado o flagrante e convertido em prisão preventiva com base nos seguintes
elementos: prova da materialidade delitiva; indícios suficientes de autoria, gravidade do
delito, periculosidade do paciente e descumprimento reiterado de medidas protetivas,
caracterizando-se o risco à ordem pública.
3. Em consulta ao SIISP, verificou-se que o paciente encontra-se no seu segundo ciclo
prisional, por descumprir 02 (duas) Medidas Protetivas de Urgência (nº 0802895-
96.2022.8.10.0058 e 0807808-98.2022.8.10.0001), além de 01 ação penal (nº 0000750-
76.2017.8.10.0058), também em trâmite, pelo crime de ameaça contra sua genitora Leila
Soares Cruz dos Santos, o que demonstra a sua periculosidade e envolvimento recorrente
com práticas criminosas.
4. Segundo o STJ, “o princípio da homogeneidade, que inadmite a prisão preventiva em
caso que seja possível antever que eventual sentença condenatória não resultará em regime
fechado, é relativizado em infrações penais envolvendo violência doméstica, conforme
interpretação sistemática do artigo 282, inciso II, com redação dada pela Lei n. 12.403/2011,
e artigo 313, inciso III, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n.
11.340/2006” (STJ, RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 59.102 – MS (2015/0099919-7),
MINISTRO NEWTON TRISOTTO, 15/5/2015)
5. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
6. Habeas corpus conhecido. Ordem denegada, de acordo com parecer ministerial.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800731-54.2022.8.10.0028


APELANTE: ANTÔNIO DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

432 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL
QUALIFICADA PELA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. DOSIMETRIA DA PENA. INTENSIDADE
DA VIOLÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA.
ADEQUAÇÃO AO REGIME PRISIONAL. RECURSO DESPROVIDO.
I- Para se admitir a entrada no domicílio por agentes policiais, não é necessário certeza em
relação ao crime cometido, bastando que em conformidade com as provas produzidas seja
demonstrada a justa causa para a medida, ante a existência de elementos concretos que
apontem para o caso de flagrante delito. Entendimento do STF.
II – É idônea para a elevação da pena mínima do crime de lesão corporal a intensidade da
violência praticada, considerando a comprovação dos diversos hematomas sofridos pela
vítima.
III - A presença de circunstâncias pessoais favoráveis, tais como primariedade, ocupação
lícita e residência fixa, não tem o condão de garantir a revogação da prisão se há nos autos
elementos hábeis a justificar a imposição da segregação cautelar. Precedente do STJ.
IV - Embora permaneçam presentes os requisitos da prisão preventiva, o ergástulo deve
ser adequado ao regime prisional fixado ao condenado em sentença.
V - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000265-74.2017.8.10.0091


APELANTE: RILDEMAR SILVA MARQUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE AMEAÇA EM AMBIENTE DOMÉSTICO.
INCIDÊNCIA DO ARTIGO 147 do CÓDIGO PENAL E DO ARTIGO 7°, II da LEI DE
N°11.340/2006. REFORMA NA DOSIMETRIA DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. CORRETA
VALORAÇÃO NEGATIVA DE CULPABILIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS. ATENUANTE DE
CONFISSÃO. DISCRICIONARIEDADE DO MAGISTRADO NA ESCOLHA DA FRAÇÃO DE
REDUÇÃO DA PENA. PROIBIÇÃO DA PENA-BASE SER AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL.
SÚMULA 231/STJ.
I- A valoração negativa das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, culpabilidade
e circunstâncias do crime foi feita corretamente, de acordo com as provas dos autos, em
especial, a confissão gravada do réu e o depoimento da vítima e das testemunhas que
comprovam o desvalor da conduta do réu que agiu de forma exacerbada, além do tipo
penal.
II -Impossibilidade de aplicação da fração de 1/6 (um sexto) para atenuar a pena-base
em razão da confissão do apelante, pois a pena mínima ficaria aquém do mínimo legal,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 433


de acordo com a Súmula 231/STJ. Assim, o julgador agiu corretamente na escolha da
fração de 1/8 (um oitavo) da pena para reduzi-la, pois, além do óbice da referida Súmula,
a escolha do quantum da redução está abrigada sob a discricionariedade do Magistrado,
segundo entendimentos jurisprudencial e doutrinário.
III - Apelação conhecida, e no mérito, desprovida.
ACORDÃO: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes
da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação
unânime e de acordo com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em conhecer e
negar provimento ao recurso nos termos do voto da Relatora.
Participaram do julgamento, além da Relatora, os senhores Desembargadores GERVÁSIO
PROTÁSIO DOS SANTOS e SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM. Atuou pela
Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812568-93.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANANIAS CHAGAS PÉTALA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DE IMPERATRIZ – MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 24-A DA LEI 11.340/06
(DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA), ARTIGO 147-A, §1º, INCISO II
(PERSEGUIÇÃO CONTRA MULHER). PRISÃO PREVENTIVA. DESNECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO DO ERGÁSTULO. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. MEDIDAS
ALTERNATIVAS AO CÁRCERE. ORDEM CONCEDIDA.
I. Paciente preso em razão de ter descumprido medida protetiva deferida pelo Juízo da
Vara de Violência Doméstica, notadamente a que determinava que se abstivesse de manter
contato com a vítima.
II. Em atenção ao princípio da proporcionalidade, que exige relação entre a custódia
cautelar e eventual condenação que o acusado experimentará, constata-se que, in casu, a
prisão não se mostra mais primordial, pois, transcorrido 03 (três) meses desde a data dos
fatos, perde densidade a imposição da cautelar extrema, máxime quando a alteração do
cenário indica que outras medidas menos gravosas podem ser eficazes no resguardo da
integridade física da ofendida.
III. Substituição da prisão preventiva por medidas alternativas ao cárcere, a serem fixadas
pelo juízo de base, com destaque para o monitoramento eletrônico. Tal opção judicial
produzirá idêntico resultado cautelar, sem, todavia, suprimir de modo absoluto a liberdade
de locomoção do paciente
IV. Ordem conhecida e concedida.

434 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


15. CONFLITO DE JURISDIÇÃO

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0802481-73.2022.8.10.0034


SUSCITANTE: JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
CODÓ
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA DA COMARCA DE CODÓ
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
DA COMARCA DE CODÓ/MA. JUÍZO DE DIREITO DA 3ª VARA DA COMARCA DE CODÓ/
MA. AMEAÇA PRATICADA PELA ACUSADA CONTRA SUA GENITORA. VIOLÊNCIA
DE GÊNERO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ACUSADA USUÁRIA DE DROGAS E ÁLCOOL.
CONFLITO IMPROCEDENTE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE.
1. A fixação da competência, nos termos da Lei nº 11.340/06, se dá exclusivamente pelo
gênero da vítima, independentemente da idade ou do crime praticado, ressalvada apenas
a hipótese constitucional do Tribunal do Júri.
2. Na espécie, as ameaças decorreram de conflitos em razão do uso de drogas e álcool
pela acusada. Assim, como se pode perceber, a motivação da contenda não circunscreve
questão eminentemente de gênero, mas problema diverso, havendo indicativos de que, se
a vítima eventualmente fosse homem, a acusada agiria da mesma maneira.
3. Circunstâncias que não demonstram violência de gênero apta a justificar a incidência da
Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815287-48.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 2o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
SUSCITADO: 6a VARA CRIMINAL DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS. CRIMES DE AMEAÇA, DESOBEDIÊNCIA E DESACATO. CONCURSO
MATERIAL. PENAS MÁXIMAS QUE SOMADAS SUPERAM DOIS ANOS. INCOMPETÊNCIA
DO JUIZADO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO PARA O ARQUIVAMENTO PARCIAL DO INQUÉRITO EM RELAÇÃO A DUAS
IMPUTAÇÕES. CONFLITO ACOLHIDO.
I- Para fins de fixação de competência do Juizado Especial, deve ser considerada a
soma das penas máximas cominadas aos delitos, em concurso material, com as causas
de aumento que lhes sejam imputadas, igualmente em patamar máximo, de modo que
ultrapassado o montante de dois anos, fica afastada a competência do Juizado Especial
Criminal. Entendimento do STJ.
II – Cabe ao órgão jurisdicional criminal que figurar competente para processar e julgar
o concurso de infrações conceder vista ao Ministério Público, que poderá: (a) oferecer a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 435


denúncia pelos delitos imputados ao acusado; ou (b) requerer a devolução dos autos à
autoridade policial para novas diligências; ou, ainda, (c) pugnar pelo desmembramento ou
arquivamento do inquérito em relação a parte das imputações, se assim entender, mediante
requerimento expresso, a teor do disposto no art. 28 do CPP.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0809962-92.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
SUSCITADO: 3a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO REJEITADO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810226-12.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE SANTA INÊS/MA E 4ª VARA DA MESMA COMARCA.
LESÃO CORPOTAL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. ACUSADO É EX- COMPANHEIRO DA
VÍTIMA. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. CONFIGURAÇÃO. CONFLITO PROCEDENTE.
1. Agressão supostamente praticada contra a ex- companheira do réu Elissantos Marques
Nunes, quando ela foi até a casa dele para pegar seus filhos para passear, visto que com
ele residem. Circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar a incidência
da Lei Maria da Penha.
2. Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça “a idade da vítima é irrelevante
para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra
a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha”. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
3. Competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e
as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

436 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810214-95.2022.8.10.0000
SUSCITANTE: 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: 1a VARA ESPECIAL DE VIOLÊNCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA GENITORA E COMPANHEIRO INDISTINTAMENTE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO
BASEADA NO GÊNERO. CONFLITO REJEITADO.
I- Não basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito doméstico ou familiar,
exigindo-se que a motivação do acusado seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da
ofendida seja decorrente da sua condição de mulher. Entendimento do STJ.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado, com a fixação de competência do juízo
suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0028712-22.2015.8.10.0001


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA QUINTA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO
LUÍS
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA OITAVA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO
LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. USURA. CRIME CONTRA A
ECONOMIA POPULAR. DELITO ECONÔMICO. CONFLITO ACOLHIDO.
I- A Lei 1.521/51 integra o mecanismo de proteção da ordem econômica em sentido amplo
sobre um de seus aspectos (a economia popular), com caráter supraindividual, a justificar
o processamento e o julgamento das condutas que a ofendem, no âmbito da competência
de órgão jurisdicional especializado nos crimes contra a ordem econômica, onde houver.
II- É da competência da vara especializada nos crimes contra a ordem econômica processar
e julgar os crimes contra a economia popular, previstos na Lei 1.521/51. Inteligência o art.
9º, inciso XLVII, do Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado do Maranhão.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812328-


07.2022.8.10.0000
EXCIPIENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCEPTO: 5a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 437


I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810892-13.2022.8.10.0000


REQUERENTE: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: 2a Vara de Santa Inês
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO PROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e provido.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811843-07.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 3o VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUÍZO DE DIREITO DA 1ª E 3ª VARAS CRIMINAIS
DA COMARCA DE SÃO LUÍS/MA. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA SOB ALEGAÇÃO
DE PREVENÇÃO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS/MA, POR
DISTRIBUIÇÃO ANTERIOR DE CAUTELAR INOMINADA REFERENTE AOS MESMOS
FATOS DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. DISTRIBUIÇÃO EQUIVOCADA DO
PROCESSO POR PARTE DA AUTORIDADE POLICIAL. INEXISTÊNCIA DE PREVENÇÃO.
INEXISTENTES OS ERROS DE DISTRIBUIÇÃO COMETIDOS PELA AUTORIDADE
POLICIAL NÃO HAVERIA DISTRIBUIÇÃO À 2ª VARA CRIMINAL NO PRESENTE CASO.
COMPETÊNCIA FIXADA AO JUÍZO SUSCITADO.
1. A distribuição errônea de cautelar inominada pugnando pela quebra de sigilo telemático
referente a fatos constantes em inquérito policial não gera prevenção da vara para a qual
distribui-se o processo equivocadamente.
2. Caso não houvessem ocorrido sucessivos erros de distribuição por parte da autoridade
policial, o primeiro processo, que se originou do auto de prisão em flagrante, seria distribuído
ao juízo suscitado, de modo que os demais pedidos e processos seriam também distribuídos
ao mesmo juízo, por prevenção.
3. Conclui-se pela competência do juízo suscitado para processar e julgar o feito.
4. Conflito de Jurisdição conhecido e julgado procedente.

438 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810233-04.2022.8.10.0000
SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUIZ DA 2a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO PROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e provido.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811916-76.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE SANTA INÊS/MA E 4ª VARA DA MESMA COMARCA.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. ACUSADO É O GENITOR DA
VÍTIMA. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. CONFIGURAÇÃO. CONFLITO IMPROCEDENTE.
1. Estupro supostamente ocorrido pelo genitor em desfavor da filha de 12 (doze) anos.
Circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da Lei Maria
da Penha.
2. Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça “a idade da vítima é irrelevante
para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra
a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha”. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
3. Competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e
as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0813240-04.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DO 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA
DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA 6a VARA CRIMINAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
NOVA DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO PARA CONFIGURAR A PRÁTICA DOS CRIMES
PREVISTOS NO ART. 215 E 217-A DO CÓDIGO PENAL. PENAS MÁXIMAS EM ABSTRATO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 439


QUE SUPERAM 2 (DOIS) ANOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 61 DA LEI N° 9.099/95.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA CRIMINAL COMUM. CONFLITO PROCEDENTE.
I – Os autos revelam que o crime sob apuração não se configura de menor potencial ofensivo
(art. 61, da Lei nº 9.099/95), afastando-se, assim, a especialidade do caso e a competência
dos juizados especiais criminais;
II – Nova definição jurídica do fato proposta pelo Ministério Público e acolhida pelo juízo a
quo para enquadrar a conduta do suposto autor do fatos nos arts. 215 e 217-A do Código
Penal, cujas penas máximas em abstrato ultrapassam 2 (dois) anos;
III – Conflito procedente.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815287-48.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 2o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
SUSCITADO: 6a VARA CRIMINAL DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS. CRIMES DE AMEAÇA, DESOBEDIÊNCIA E DESACATO. CONCURSO
MATERIAL. PENAS MÁXIMAS QUE SOMADAS SUPERAM DOIS ANOS. INCOMPETÊNCIA
DO JUIZADO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO PARA O ARQUIVAMENTO PARCIAL DO INQUÉRITO EM RELAÇÃO A DUAS
IMPUTAÇÕES. CONFLITO ACOLHIDO.
I- Para fins de fixação de competência do Juizado Especial, deve ser considerada a
soma das penas máximas cominadas aos delitos, em concurso material, com as causas
de aumento que lhes sejam imputadas, igualmente em patamar máximo, de modo que
ultrapassado o montante de dois anos, fica afastada a competência do Juizado Especial
Criminal. Entendimento do STJ.
II – Cabe ao órgão jurisdicional criminal que figurar competente para processar e julgar
o concurso de infrações conceder vista ao Ministério Público, que poderá: (a) oferecer a
denúncia pelos delitos imputados ao acusado; ou (b) requerer a devolução dos autos à
autoridade policial para novas diligências; ou, ainda, (c) pugnar pelo desmembramento ou
arquivamento do inquérito em relação a
parte das imputações, se assim entender, mediante requerimento expresso, a teor do
disposto no art. 28 do CPP.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0809962-92.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
SUSCITADO: 3a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA

440 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO REJEITADO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810226-12.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE SANTA INÊS/MA E 4ª VARA DA MESMA COMARCA.
LESÃO CORPOTAL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. ACUSADO É EX- COMPANHEIRO DA
VÍTIMA. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. CONFIGURAÇÃO. CONFLITO PROCEDENTE.
1. Agressão supostamente praticada contra a ex- companheira do réu Elissantos Marques
Nunes, quando ela foi até a casa dele para pegar seus filhos para passear, visto que com
ele residem. Circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar a incidência
da Lei Maria da Penha.
2. Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça “a idade da vítima é irrelevante
para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra
a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha”. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
3. Competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e
as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0813530-19.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: JUIZ DA 3a VARA CRIMINAL DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS. CRIME DE INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO. CRIME DE
MENOR POTENCIAL OFENSIVO. NÃO CARACTERIZADO. CONFLITO ACOLHIDO.
I – Exclui-se da competência dos Juizados Especiais Criminais processar e julgar o crime
de injúria qualificada, tipificado no art. 140, § 3º, do Código Penal, porquanto não se tratar
de crime de menor potencial ofensivo.
II – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 441


CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0813965-90.2022.8.10.0000
SUSCITANTE: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR
SUSCITADO: JUIZ DA 5a VARA CRIMINAL DA CAPITAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA
DETERMINADA PELO LOCAL DE INFRAÇÃO.
I – Nos termos da legislação processual, a competência para processamento e julgamento
do feito é determinada pelo local da infração.
II - No caso dos autos, os juízos conflitantes divergem apenas quanto à territorialidade do
local de infração, se pertencente ao município de São Luís ou São José de Ribamar.
III – Os dados apontam que o local pertence ao município de São Luís, atraindo-se portanto
a competência para o juízo criminal deste termo.
IV – Conflito conhecido e julgado procedente para declarar a competência da 5ª Vara
Criminal do Termo Judiciário de São Luís/MA.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815944-87.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 2a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: 4 VARA DE SANTA INÊS-MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. COMPETÊNCIA DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS.
PREVISÃO DO CÓDIGO DE DIVISÃO E ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA.
I – Nos termos do Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Maranhão, as
varas competentes para o processamento de execuções penais também são competentes
para o acompanhamento de suspensão condicional do processo.
II - Ainda de acordo com a referida norma, a 2ª Vara de Santa Inês é competente para o
processamento de execuções penais, o que consequentemente atrai sua competência para
o cumprimento da presente carta precatória, ainda que não haja uma sentença criminal a
ser executada.
IV – Conflito conhecido e julgado improcedente para declarar a competência da 2ª Vara de
Santa Inês/MA.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0821930-56.2021.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL NO MBITO DOMÉSTICO. PRESENÇA DE ELEMENTOS INDICATIVOS DA
PRÁTICA DOS FATOS DENTRO DO CONTEXTO PREVISTO NA LEI MARIA DA PENHA.
CONFLITO IMPROCEDENTE.

442 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I. A proteção conferida pela Lei n° 11.340/2006 é também extensiva à criança e à adolescente,
sempre que verificada a violação ou ameaça de direitos em razão do gênero, no âmbito da
unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto, porquanto referida
legislação não faz restrição de idade da vítima.
II. É competente para processar e julgar ações que envolvam violência sexual de crianças/
adolescentes do sexo fememino verificada no âmbito familiar, a Vara que, entre as suas
atribuições, incluir o conhecimento das matéria relacionadas à Lei Maria da Penha, nos
termos do Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado.
III. Conflito de jurisdição conhecido para firmar a competência do Juízo da 3ª Vara da
Comarca de Pedreiras/MA para o julgamento da ação originários.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811555-59.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SÃO LUÍS GONZAGA DO
MARANHÃO
SUSCITADO: JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE BACABAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. CRIMES
CONTRA HONRA PRATICADOS PELA INTERNET. NATUREZA FORMAL. CONSUMAÇÃO
NO LOCAL DA PUBLICAÇÃO DO CONTEÚDO OFENSIVO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
SUSCITANTE PARA O CONHECIMENTO E JULGAMENTO DO FEITO.
I- Os crimes contra a honra praticados por meio da internet são de natureza formal,
consumando-se quando da disponibilização do conteúdo ofensivo no ambiente virtual, por
força da imediata potencialidade de visualização por terceiros.
II - Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado, com a fixação de competência do juízo
suscitante.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812301-


24.2022.8.10.0000
EXCIPIENTE: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
EXCEPTO: JUIZ DA 5a VARA DA COMARCA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 443


EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812244-
06.2022.8.10.0000
REQUERENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCEPTO: JUIZ DA 5a VARA DA COMARCA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812324-


67.2022.8.10.0000
REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCEPTO: 5a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812240-


66.2022.8.10.0000
REQUERENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCEPTO: 5a Vara de Balsas
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

444 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810229-64.2022.8.10.0000
REQUERENTE: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUIZ 2a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA DE SANTA INÊS/
MA E 2ª VARA DA MESMA COMARCA. LESÃO CORPORAL PRATICADA PELO ACUSADO
CONTRA EX - COMPANHEIRA. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
CONFLITO IMPROCEDENTE. DETERMINANDO-SE COMO COMPETENTE O JUÍZO
SUSCITANTE.
1. A fixação da competência, nos termos da Lei nº 11.340/06, se dá exclusivamente pelo
gênero da vítima, independentemente da idade ou do crime praticado, ressalvada apenas
a hipótese constitucional do Tribunal do Júri.
2.Depreende-se do caderno processual que, apesar de a agressão ter sido praticada contra
mulher, não se deu em razão do gênero, tampouco se verificou nexo causal entre a conduta
e uma situação de subjugação, de vulnerabilidade ou de hipossuficiência da vítima em
relação ao agressor.
3.Assim, como se pode perceber, a motivação da contenda não circunscreve questão
eminentemente de gênero, mas de uma desavença iniciada entre duas mulheres e, nada
nos levando a crer que ocorreu em virtude da vítima ser mulher, havendo indicativos de que,
se eventualmente fosse homem que tivesse chamado a sua companheira de “vagabunda”,
o acusado agiria da mesma maneira.
4. Circunstâncias que não demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da Lei
Maria da Penha.
5. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0814725-73.2021.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA ESPECIAL DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE SÃO LUÍS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ESPECIAL DO IDOSO E DE REGISTROS
PÚBLICOS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER IDOSA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA
PENHA. CONFLITO REJEITADO.
I- É da competência de Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher processar e julgar pedido de medidas protetivas de urgência de mulher vítima de
violência doméstica ou familiar, presumida a vulnerabilidade no ambiente doméstico, familiar
ou em qualquer relação íntima de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência
do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II - Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado, com a fixação de competência do juízo
suscitante.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 445


EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0811131-
17.2022.8.10.0000
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
EXCEPTO: JUÍZO DE DIREITO DA 5a VARA DE BALSAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VIOLÊNCIA
CONTRA CRIANÇA DO SEXO FEMININO EM CONTEXTO FAMILIAR. APLICAÇÃO
DA LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DA VARA ESPECIALIZADA EM FEITOS
ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
I – A proteção da Lei Maria da Penha também aplica-se a crianças e adolescentes do sexo
feminino, desde que a violência seja praticada dentro do âmbito familiar, doméstico ou de
relação afetiva, prevalecendo sobre a matéria afeta à Infância e Juventude.
II – Hipótese dos autos em que o agressor praticou o crime enquanto morava na mesma
residência da vítima, atraindo assim a incidência da Lei Maria da Penha e a competência
da justiça especializada nos feitos relativos a violência.
III – Conflito conhecido, julgado improcedente, para declarar a competência da 5ª Vara da
Comarca de Balsas para processar e julgar o feito.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810227-94.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA DE SANTA INÊS/
MA E 2ª VARA DA MESMA COMARCA. AMEAÇA PRATICADA PELO ACUSADO CONTRA
SUA GENITORA E AVÓ. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ACUSADO
USUÁRIO DE DROGAS. CONFLITO IMPROCEDENTE. DETERMINANDO-SE COMO
COMPETENTE O JUÍZO SUSCITANTE.
1. A fixação da competência, nos termos da Lei nº 11.340/06, se dá exclusivamente pelo
gênero da vítima, independentemente da idade ou do crime praticado, ressalvada apenas
a hipótese constitucional do Tribunal do Júri.
2. Na espécie, as ameaças decorreram de conflitos em razão do uso de drogas pelo
acusado. Assim, como se pode perceber, a motivação da contenda não circunscreve
questão eminentemente de gênero, mas problema diverso, havendo indicativos de que, se
a vítima eventualmente fosse homem, o acusado agiria da mesma maneira.
3. Circunstâncias que não demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da Lei
Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811130-32.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DA Central de Inquéritos e Custódia da Comarca da Ilha de São Luís

446 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


SUSCITADO: JUÍZO DA 1a Vara Especial de Violência Domestica e Familiar Contra a
Mulher
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. CENTRAL DE
INQUÉRITOS. ENCERRAMENTO DE COMPETÊNCIA COM A APRESENTAÇÃO DO
RELATÓRIO CONCLUSIVO PELA AUTORIDADE POLICIAL. REMESSA DOS AUTOS
AO JUÍZO COMPETENTE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 1ª VARA ESPECIAL DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR DA COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS/MA PARA
PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DO FEITO.
I – A competência da Central de Inquéritos, fixada no Código de Divisão e Organização
Judiciária do Maranhão, encerra-se com a apresentação do relatório conclusivo pela
autoridade policial.
II - Relatado o inquérito, cabe à Central de Inquéritos tão somente a distribuição do feito
à unidade judiciária competente, independentemente de estar o relatório suficientemente
instruído ou não.
III – Após vistas do relatório, se o órgão ministerial entender que são necessárias novas
diligências investigativas, poderá requisitá-las à autoridade policial, sem que isso implique
no retorno dos autos à Central de Inquéritos.
III – Conflito conhecido e julgado procedente para declarar a competência da 1ª Vara de
Especial de Violência Doméstica e Familiar da Comarca da Ilha de São Luís.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO No 0000981-41.2018.8.10.0035


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA SEGUNDA VARA DA COMARCA DE COROATÁ/
MA
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA DA COMARCA DE COROATÁ/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA.
EMENTA: Conflito Negativo de Competência. Lesão corporal. Crime supostamente praticado
pela ex-nora contra a ex-sogra. Vulnerabilidade da vítima caracterizada. Competência do
Juízo de Direito da Segunda Vara da Comarca de Coroatá. Verificação.
I – Se praticado o crime lesão corporal contra a ex-sogra, em nítida situação de vulnerabilidade
da vítima, no contexto de violência doméstica e familiar, competente o Juízo de Direito da
Segunda Vara da Comarca de Coroatá, para processar e julgar o feito.
Conflito a que se conhece para declarar competente o Juízo de Direito da Segunda Vara da
Comarca de Coroatá. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Conflito Negativo de Competência sob o nº
0000981-41.2018.8.10.0035, originários do Juízo de Direito da Segunda Vara da Comarca
de Coroatá, em que figuram como suscitante e suscitado os acima enunciados, ACORDAM
os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer da Procuradoria Geral

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 447


de Justiça, em declarar competente para processar e julgar o feito, o Juízo de Direito da
Segunda Vara da Comarca de Coroatá, nos termos do voto do relator.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO No 0800864-85.2021.8.10.0140


SUSCITANTE: JUÍZO DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS/MA
SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE VITÓRIA DO
MEARIM/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
EMENTA: Conflito Negativo de Competência. Crimes contra a administração pública, ordem
tributária e lavagem de dinheiro. Procedimento investigatório criminal com pedido de quebra
de sigilo bancário, telefônico e de dados. Crimes praticados no contexto de organização
criminosa. Investigação ainda em estágio inicial sem a demonstração clara de que os fatos
se enquadram na exata definição prevista no § 1.º do art. 1.º da Lei n.º 12.850/2013.
I – Se, ainda em estágio inicial as investigações, e, porquanto isso, não definido de forma
clara a prática dos crimes em contexto de organização criminosa, nos termos da descrição
do § 1.º do art. 1.º da Lei n.º 12.850/2013, inviável a remessa dos autos à vara especializada
para processamento e julgamento do feito.
Conflito a que se conhece para declarar competente o Juízo de Direito da Vara Única da
Comarca de Vitória do Mearim para apreciar o pedido de quebra de sigilo de dados, bancário e
telefônico nos autos do procedimento investigação criminal nº 0806642-45.2021.8.10.0040.
Unanimidade.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811913-24.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUÍZO DA 3a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS – MA
SUSCITADO: 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO REJEITADO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0819011-60.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 2a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. SUSPENSÃO

448 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONDICIONAL DO PROCESSO. COMPETÊNCIA DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS.
PREVISÃO DO CÓDIGO DE DIVISÃO E ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA.
I – Nos termos do Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Maranhão, as
varas competentes para o processamento de execuções penais também são competentes
para o acompanhamento de medidas cautelares diversas da prisão.
II - Ainda de acordo com a referida norma, a 2ª Vara de Santa Inês é competente para o
processamento de execuções penais, o que consequentemente atrai sua competência para
o cumprimento da presente carta precatória, ainda que não haja uma sentença criminal a
ser executada.
III – Conflito conhecido e julgado improcedente para declarar a competência da 2ª Vara de
Santa Inês/MA.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0811830-08.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 8a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS MA
SUSCITADO: 1a VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
PLEITO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA PROTETIVA DE INSTITUCIONALIZAÇÃO. AUTOS
DE ORIGEM NÃO TRATAM DAS AMEAÇAS ALEGADAMENTE SOFRIDAS. SITUAÇÕES
DE VULNERABILIDADE E RISCO CONSTATADAS. COMPETÊNCIA DA VARA DA
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. CONFLITO PROCEDENTE.
I – Pleiteia-se na demanda de origem a aplicação de medida protetiva de institucionalização
em favor de adolescente em situação de vulnerabilidade, com fulcro no artigo 101, inciso
VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
II – Observa-se ainda que a demanda trata apenas e tão somente de aplicação de medida
protetiva em favor de adolescente, consistente em acolhimento institucional. Isto é, os
autos de origem não versam, em nenhum momento, sobre os supostos delitos de ameaça,
invocados pelo juízo suscitado para declinar sua competência, não sendo, portanto, objeto
de apuração no presente feito.
III – Ressalte-se que as ameaças alegadamente sofridas pelo adolescente, embora
contribuam para a caracterização da vulnerabilidade, não são os únicos fatores levados
em conta para a constatação da situação de risco, dado o histórico do adolescente como
usuário de substâncias entorpecentes, como se observa dos autos de origem.
IV – No caso, deve ser levada em conta a doutrina da proteção integral, com vistas a
conferir prioridade absoluta na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Como
visto, a ausência de estrutura estatal, decorrente da omissão do Poder Público, gerou as
situações de vulnerabilidade e risco do adolescente, consistentes na ameaça e/ou violação
a diversos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, o que autoriza a
imposição judicial de medidas de proteção, como o acolhimento institucional, conforme
previsto no artigo 98, I c/c artigo 101, VII e §2º, ambos do referido Estatuto.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 449


V – A Justiça da Infância e da Juventude não pode se abster de decidir, inclusive remetendo
os feitos a outras varas, sob o argumento de ausência de estrutura estatal para fazer valer
as suas decisões. Ao contrário, deve utilizar o seu poder de coerção para fazer com que a
Administração Pública cumpra suas determinações, conferindo efetividade às disposições
protetivas contidas no microssistema do Direitos da Criança e do Adolescente, e garantindo,
com isso, o regular funcionamento da rede de proteção à criança e ao adolescente.
VI – Conflito conhecido e provido, declarando competente o juízo da 1ª Vara da infância e
da Juventude da Capital.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0818894-69.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 5a VARA DE BALSAS
SUSCITADO: JUIZ DA 4a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA DE BALSAS/MA E 4ª VARA DA MESMA COMARCA.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. ACUSADO É O GENITOR DA
VÍTIMA. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. CONFIGURAÇÃO. CONFLITO IMPROCEDENTE.
1. Estupro supostamente ocorrido pelo genitor em desfavor da filha de 10 (dez) anos.
Circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da Lei Maria
da Penha.
2. Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça “a idade da vítima é irrelevante
para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra
a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha”. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
3. Competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e
as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0816048-79.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 3a VARA DE PEDREIRAS
SUSCITADO: 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ROUBO. VIOLÊNCIA CONTRA IRMÃ EM
CONTEXTO FAMILIAR. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DA
VARA ESPECIALIZADA EM FEITOS ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER
I – A proteção da Lei Maria da Penha aplica-se a crimes patrimoniais, desde que a violência
seja praticada dentro do âmbito familiar, doméstico ou de relação afetiva.
II – Hipótese dos autos em que o agressor praticou o crime contra a irmã, prevalecendo-se
de prévia relação de confiança para obter autorização de entrada na residência da vítima,

450 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


atraindo assim a incidência da Lei Maria da Penha e a competência da justiça especializada.
III – Conflito conhecido e julgado improcedente para declarar a competência da 3ª Vara da
Comarca de Pedreiras.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0818877-33.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 5a VARA DE BALSAS
SUSCITADO: JUIZ DA 4a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA DE BALSAS/MA E 4ª VARA DA MESMA COMARCA.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. ACUSADO É O GENITOR DAS
VÍTIMAS. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. ABUSO DO PÁTRIO PODER. CONFIGURAÇÃO.
CONFLITO IMPROCEDENTE.
1. Estupro supostamente ocorrido pelo genitor em desfavor das filhas de 12 (doze) anos. As
condutas descritas na denúncia são tipicamente movidas pela relação patriarcal que o pai
estabeleceu com as filhas, circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar
a incidência da Lei Maria da Penha.
2. Consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça “a idade da vítima é irrelevante
para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra
a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha”. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
3. Competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e
as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0818734-44.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: 5a VARA DE BALSAS
SUSCITADO: JUIZ DA 4a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER IDOSA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA
PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.
CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815419-08.2022.8.10.0000
SUSCITANTE: 4 VARA DE SANTA INÊS - MA
SUSCITADO: 2a VARA DE SANTA INÊS - MA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 451


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER. VÍTIMA QUE É COMPANHEIRA DO INDICIADO. VÍNCULO
JURÍDICO DE NATUREZA FAMILIAR. AGRESSÃO NO ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA
E FAMILIAR. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA. CONFLITO PROVIDO.
I – É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e provido.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810230-49.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DE SANTA INÊS
SUSCITADO: JUIZ DA 2a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA DE SANTA INÊS/
MA E 2ª VARA DA MESMA COMARCA. AMEAÇA PRATICADA PELO ACUSADO CONTRA
SUA IRMÃ. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ACUSADO USUÁRIO DE
DROGAS. CONFLITO IMPROCEDENTE. DETERMINANDO-SE COMO COMPETENTE O
JUÍZO SUSCITANTE.
1. A fixação da competência, nos termos da Lei nº 11.340/06, se dá exclusivamente pelo
gênero da vítima, independentemente da idade ou do crime praticado, ressalvada apenas
a hipótese constitucional do Tribunal do Júri.
2. Na espécie, as ameaças decorreram de conflitos em razão do uso de drogas pelo
acusado. Assim, como se pode perceber, a motivação da contenda não circunscreve
questão eminentemente de gênero, mas em razão do acusado ser usuário de drogas e ter
agredido no dia anterior o seu sobrinho (filho da vítima).
3. Circunstâncias que não demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da Lei
Maria da Penha.
4. Conflito improcedente, para fixar a competência do Juízo suscitante.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815342-96.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 2a VARA DE ENTORPECENTES DA CAPITAL
SUSCITADO: JUIZ DA 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ENTORPECENTES.
CONSUMO. TRÁFICO. CONEXÃO. INOCORRÊNCIA. DELITOS AUTÔNOMOS.
CONFLITO ACOLHIDO.
I - O fato de a apuração dos delitos investigados ter tido início a partir da mesma diligência
policial não implica, necessariamente, a existência de conexão entre as ações penais e/ou

452 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


procedimentos policiais instaurados. Precedentes da Terceira Seção do STJ.
II - É da competência do Juizado Especial Criminal processar e julgar a infração penal prevista
no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006 autuada em termo circunstanciado de ocorrência não
conexa com o crime de tráfico, indicado no art. 33, caput da mesma Lei.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0815948-27.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: JUIZ DA 4a VARA DE SANTA INÊS -MA
SUSCITADO: JUIZ DA 2a VARA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO.
JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA DE SANTA INÊS/MA E 2ª VARA DA MESMA COMARCA.
LESÃO CORPORAL. RELAÇÕES DOMÉSTICAS. VÍTIMAS SÃO A GENITORA E O
PADRASTO DO ACUSADO. VIOLÊNCIA DE GÊNERO. CONFIGURAÇÃO. CRIME
CONEXO. COMPETÊNCIA DA VARA ESPECIALIZADA. ART. 78, IV, CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. CONFLITO PROCEDENTE.
1. Lesão corporal supostamente praticada pelo acusado em desfavor da genitora e do
padrasto. Circunstâncias que demonstram a violência de gênero a justificar a incidência da
Lei Maria da Penha.
2. As condutas descritas na denúncia são tipicamente movidas pela relação conturbada
estabelecida entre o acusado e os seus familiares. O acusado usa da força e da violência
para fazer valer as suas vontades, sobretudo em face da sua mãe, o que configura clara
dominação e colocação da mulher em posição de subserviência.
3. Em relação à violência sofrida por Lideltânio de Lima Abreu, embora, em tese, não seja
alcançada pela Lei Maria da Penha, deve ser investigada em conjunto na vara especializada,
por se tratar de crime conexo, conforme preconiza o art. 78, IV, do Código de Processo
Penal.
4. Conflito procedente, para fixar a competência do Juízo suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0812627-81.2022.8.10.0000


SUSCITANTE: VARA ESPECIAL COLEGIADA DOS CRIMES ORGANIZADOS
SUSCITADO: JUÍZO DA COMARCA DE SÃO MATEUS DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. LEI 13.850/2013. AUSÊNCIA DE REQUISITOS. CONFLITO ACOLHIDO.
I- A A Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados, sediada na Capital, possui
competência exclusiva sobre todo território do Estado do Maranhão para o processo e
julgamento dos crimes de pertinência à organização criminosa, conforme o conceito
estabelecido no art. 1º, §1º, da Lei Federal nº 12.850/2013, ressalvada a competência da

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 453


Justiça Federal. Inteligência do art. 9-A do CODJ - MA.
II – Nos delitos praticados no contexto de organização criminosa exige-se um conjunto de
pessoas estabelecido de maneira ordenada, significando alguma ordem de hierarquia, assim
como a repartição do trabalho, de modo que cada um possua uma atribuição particular,
respondendo pelo seu posto (NUCCI, 2014, p. 676). Não sendo suficientes as informações
colhidas pela autoridade para alcançar essa conclusão, a exemplo da estabilidade e da
permanência, não há como enquadrar, a priori, em situação que demande deslocamento
da competência, nos termos da legislação estadual.
III – Ausentes os requisitos que constituem a organização criminosa, falece competência
da vara especializada para apreciar os pedidos de prisão preventiva, incidindo, em
consequência, as regras processuais e de organização judiciária gerais de fixação de
competência.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0028712-22.2015.8.10.0001


SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA QUINTA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO
LUÍS
SUSCITADO: JUIZ DE DIREITO DA OITAVA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO
LUÍS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. USURA. CRIME CONTRA A
ECONOMIA POPULAR. DELITO ECONÔMICO. CONFLITO ACOLHIDO.
I- A Lei 1.521/51 integra o mecanismo de proteção da ordem econômica em sentido amplo
sobre um de seus aspectos (a economia popular), com caráter supraindividual, a justificar
o processamento e o julgamento das condutas que a ofendem, no âmbito da competência
de órgão jurisdicional especializado nos crimes contra a ordem econômica, onde houver.
II- É da competência da vara especializada nos crimes contra a ordem econômica processar
e julgar os crimes contra a economia popular, previstos na Lei 1.521/51. Inteligência o art.
9º, inciso XLVII, do Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado do Maranhão.
III – Conflito de jurisdição conhecido e acolhido, com a fixação de competência do juízo
suscitado.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÚMERO PROCESSO N° 0810214-95.2022.8.10.0000


RECORRENTE: JUIZ DA 3o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO LUÍS
SUSCITADO:
JUIZ DA 1a VARA ESPECIAL DE VIOLÊNCIA DOMESTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA

454 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CONTRA GENITORA E COMPANHEIRO INDISTINTAMENTE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO
BASEADA NO GÊNERO. CONFLITO REJEITADO.
I- Não basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito doméstico ou familiar,
exigindo-se que a motivação do acusado seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da
ofendida seja decorrente da sua condição de mulher. Entendimento do STJ.
II – Conflito de jurisdição conhecido e rejeitado, com a fixação de competência do juízo
suscitante.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO NÚMERO PROCESSO N° 0812323-


82.2022.8.10.0000
EXCIPIENTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCEPTO: JUÍZO DE DIREITO DA 5a VARA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. VIOLÊNCIA PRATICADA
CONTRA MULHER MENOR DE IDADE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA. CONFLITO DESPROVIDO.
I- É da competência da vara especializada de violência doméstica e familiar processar e
julgar os crimes praticados contra mulher, em contexto de violência doméstica, presumida
a vulnerabilidade no ambiente doméstico, no âmbito familiar ou em qualquer relação íntima
de afeto, independentemente do critério etário. Inteligência do art. 5º da Lei 11.340/2006.
II – Conflito de jurisdição conhecido e desprovido.

16. HABEAS CORPUS - DIVERSOS

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812019-83.2022.8.10.0000


PACIENTE: ERNANDES MOURA BARREIRA
IMPETRADO: JUIZ DE PLANTÃO DA COMARCA DE BALSAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RELAXAMENTO DA PRISÃO.
NULIDADE. MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO EM NOME DE PESSOA DIVERSA.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. MANDADO CUMPRIDO NO ENDEREÇO AUTORIZADO
PELO JUÍZO COMPETENTE. INGRESSO NO DOMICÍLIO EM CUMPRIMENTO A ORDEM
JUDICIAL. EXCEÇÃO CONSTITUCIONAL. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A
DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS
QUE NÃO CONSTITUEM ÓBICE À DECRETAÇÃO DA PRISÃO. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.
I – Não há ilegalidade a ser reparada no tocante ao cumprimento do mandado de busca
e apreensão. Isso porque, embora o referido mandado fosse dirigido a pessoa diversa,
observo que o alvo da busca é sobrinho do paciente, como consta do interrogatório do

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 455


próprio paciente na Delegacia de Polícia. Ademais, a ordem judicial fora cumprida no imóvel
corretamente indicado na representação da Autoridade Policial, conforme apurado até o
momento no bojo do processo de origem.
II – Estando assentada a legalidade do cumprimento do mandado de busca e apreensão,
não há que se falar em nenhuma nulidade, eis que o ingresso no domicílio do paciente fora
efetuado em execução a ordem judicial, conforme autorizado pelo artigo 5º, inciso XI, da
Constituição Federal.
III – Constata-se que os crimes pelos quais o paciente fora denunciado (tráfico de drogas
e posse irregular de arma de fogo de uso permitido, previstos nos artigos 33, caput, da Lei
nº 11.343/06 e 12 da Lei nº 10.826/03) possuem pena máxima superior a 4 (quatro) anos,
atendendo, assim, ao requisito insculpido no art. 313, inciso I, do Código de Processo
Penal.
IV – Lado outro, diante do risco concreto à ordem pública, dada a grande possibilidade de
reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva da paciente, na forma
do artigo 312 do Código de Processo Penal.
V – Com efeito, a simples presença de circunstâncias pessoais favoráveis, como emprego
certo, residência fixa e primariedade, por si só, não enseja a revogação da custódia cautelar,
desde que se encontrem preenchidos os requisitos legais exigidos para a decretação da
prisão, como ocorre no caso em tela.
VI – Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811963-50.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOÃO VICTOR CRUZ DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA PRIMEIRA VARA DE CODÓ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO
FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
I. Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir, se posto em liberdade, necessária a
manutenção da prisão preventiva para garantia da ordem pública, bem como inviável sua
substituição por outra medida cautelar.
II. A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
III. Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813712-05.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO FERREIRA DE SOUSA MARTINS

456 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CONHECIMENTO
IMPLÍCITO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA DEVIDAMENTE REALIZADA. REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA
A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA
DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – O simples deferimento de um mandado de busca e apreensão não caracteriza
“conhecimento implícito” acerca de prisão em flagrante, já que o mandado nem sempre
é cumprido de forma imediata pela Autoridade Policial. Ademais, embora existam indícios
de prática delitiva no local da busca, não se tem absoluta certeza de que será, de fato,
encontrado no imóvel algum objeto relacionado à prática de crimes, ou mesmo se o
proprietário da residência estará no local quando do cumprimento da ordem judicial. Em
outras palavras, não é porque houve o deferimento de um pedido de busca e apreensão
que será, automaticamente, efetuada uma prisão em flagrante, razão pela qual não há que
se falar em existência de “conhecimento implícito”.
II – De outro lado, verifica-se que, ao contrário do alegado, a audiência de custódia fora
devidamente realizada, inclusive no mesmo dia da realização da prisão em flagrante do
paciente, ocasião em que houve a homologação da referida prisão e determinação da sua
conversão em preventiva. Dessa forma, nota-se que foi devidamente o regramento previsto
no art. 310 do Código de Processo Penal. Assim, não há que se falar em ilegalidade da
prisão em flagrante, visto que essa fora convertida em preventiva durante a audiência de
custódia, devidamente realizada com observância aos procedimentos legais.
III – Observa-se que se encontram presentes os requisitos para manutenção da prisão
preventiva dispostos nos art. 311 e 313 do CPP, diante da prova da materialidade do crime
e dos indícios de autoria. A presença do periculum libertatis também resta evidenciado nos
autos.
IV – O contexto fático em que se deu a prisão em flagrante, ao menos em análise inicial, indica
a habitualidade da prática do crime de tráfico de drogas, diante da expressiva quantidade
de entorpecentes e dos objetos apreendidos em poder do paciente. Isso permite concluir
que a eventual soltura do paciente poderá ensejar reiteração delitiva, sendo adequada,
portanto, a manutenção da prisão preventiva, para fins de garantia da ordem pública.
V – Outrossim, a mera presença de circunstâncias pessoais favoráveis, como primariedade,
não constitui óbice à decretação/manutenção da prisão preventiva, desde que preenchidos
os requisitos exigidos por lei para imposição da custódia cautelar, como ocorre no caso em
tela.
VI – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813728-56.2022.8.10.0000

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 457


PACIENTE: DINEI FERREIRA DE SOUSA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CONHECIMENTO
IMPLÍCITO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA DEVIDAMENTE REALIZADA. REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA
A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA
DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – O simples deferimento de um mandado de busca e apreensão não caracteriza
“conhecimento implícito” acerca de prisão em flagrante, já que o mandado nem sempre
é cumprido de forma imediata pela Autoridade Policial. Ademais, embora existam indícios
de prática delitiva no local da busca, não se tem absoluta certeza de que será, de fato,
encontrado no imóvel algum objeto relacionado à prática de crimes, ou mesmo se o
proprietário da residência estará no local quando do cumprimento da ordem judicial. Em
outras palavras, não é porque houve o deferimento de um pedido de busca e apreensão
que será, automaticamente, efetuada uma prisão em flagrante, razão pela qual não há que
se falar em existência de “conhecimento implícito”.
II – De outro lado, verifica-se que, ao contrário do alegado, a audiência de custódia fora
devidamente realizada, inclusive no mesmo dia da realização da prisão em flagrante do
paciente, ocasião em que houve a homologação da referida prisão e determinação da sua
conversão em preventiva. Dessa forma, nota-se que foi devidamente o regramento previsto
no art. 310 do Código de Processo Penal. Assim, não há que se falar em ilegalidade da
prisão em flagrante, visto que essa fora convertida em preventiva durante a audiência de
custódia, devidamente realizada com observância aos procedimentos legais.
III – Observa-se que se encontram presentes os requisitos para manutenção da prisão
preventiva dispostos nos art. 311 e 313 do CPP, diante da prova da materialidade do crime
e dos indícios de autoria. A presença do periculum libertatis também resta evidenciado nos
autos.
IV – O contexto fático em que se deu a prisão em flagrante, ao menos em análise inicial, indica
a habitualidade da prática do crime de tráfico de drogas, diante da expressiva quantidade
de entorpecentes e dos objetos apreendidos em poder do paciente. Isso permite concluir
que a eventual soltura do paciente poderá ensejar reiteração delitiva, sendo adequada,
portanto, a manutenção da prisão preventiva, para fins de garantia da ordem pública.
V – Outrossim, a mera presença de circunstâncias pessoais favoráveis, como primariedade,
não constitui óbice à decretação/manutenção da prisão preventiva, desde que preenchidos
os requisitos exigidos por lei para imposição da custódia cautelar, como ocorre no caso em
tela.
VI – Denegação da ordem.

458 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814795-56.2022.8.10.0000
PACIENTE: LUIZ HENRIQUE LIMA FERNANDES FILHO E ALEXANDRE SANTOS SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ESPECIAL COLEGIADA DOS CRIMES ORGANIZADOS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. RITO COMPLEXO. RÉUS PRONUNCIADOS. TRÂMITE REGULAR DO
FEITO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. RISCO CONCRETO
DE REITERAÇÃO DELITIVA CONSTATADO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. ORDEM
DENEGADA.
I – In casu, os pacientes já foram pronunciados e logo após, o advogado dos ora pacientes
renunciou ao mandato, tendo a Defensoria Pública requerido habilitação apenas no dia
25.07.2022. Nessa senda, observo que, no presente caso, não houve desídia por parte do
órgão julgador ou da acusação, o trâmite procedimental tramita regularmente, sem maiores
atrasos, especialmente levando em conta que o rito especial do Tribunal do Júri, por ser
bifásico, é dotado de maior complexidade.
II - Ademais, os prazos indicados na legislação processual penal para a conclusão dos atos
processuais não são peremptórios, de maneira que eventual demora no trâmite processual
deve ser aferida dentro dos critérios da razoabilidade, levando-se em conta as peculiaridades
do caso concreto, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, não
caracterizando, portanto, o alegado constrangimento ilegal de forma automática.
III - O crime praticado é dotado de extrema gravidade, dado o modus operandi empregado
pelos pacientes e demais denunciados, que pretensamente executaram e esquartejaram a
vítima, após uma emboscada, não sendo localizado os restos mortais até a presente data.
Ademais, os pacientes respondem a outra ação penal que apura a participação deles na
organização criminosa Comando Vermelho, o que denota a existência concreta de risco de
reiteração delitiva, portanto, a manutenção da prisão preventiva dos pacientes, na forma do
art. 312 do CPP, é medida que se impõe.
IV - Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813841-10.2022.8.10.0000


PACIENTE: CARLOS DEYV RODRIGUES DE MATOS
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE ROSÁRIO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE REVOGAÇÃO
DA PRISÃO TEMPORÁRIA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. INDÍCIOS ROBUSTOS
DE AUTORIA. COMPROVAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DA MEDIDA. NECESSIDADE
DA DECRETAÇÃO PARA AUXILIAR NAS INVESTIGAÇÕES. EXISTÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. PACIENTE FORAGIDO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 459


I – Segundo o Supremo Tribunal Federal, somente se autoriza a decretação da prisão
temporária quando, de forma cumulativa, forem preenchidos os seguintes pressupostos: a)
imprescindibilidade para as investigações; b) existência de fundadas razões de autoria ou
participação do indiciado nos crimes previstos no art. 1º, III, lei 7.960/89; c) fundamentada
em fatos novos ou contemporâneos que embasem a medida; d) adequação à gravidade
concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado; e)
insuficiência da imposição de medidas cautelares diversas, previstas nos arts. 319 e 320
do Código de Processo Penal.
II – Na espécie, entendo estarem presentes todos os requisitos acima delineados, pois,
como bem assentado pelo juízo a quo, existem indícios robustos de autoria (por parte do
paciente) e materialidade dos delitos, alguns dos quais se encontram previstos no rol do art.
1º, III, lei 7.960/89, como homicídio e sequestro.
III – Ademais, restou demonstrada a adequação da medida, dada a extrema gravidade
dos crimes praticados, inclusive com indícios de crueldade, assim como a insuficiência da
imposição de medidas cautelares diversas da prisão e a contemporaneidade dos fatos, eis
que praticados apenas há alguns meses.
IV – Outrossim, evidenciou-se a necessidade de decretação da prisão temporária com
o fito de auxiliar nas investigações, diante da necessidade de colheita de outras provas
relacionadas aos delitos apurados e à atuação da facção criminosa.
V – Some-se a isso o fato de que o paciente encontra-se foragido, estando o mandado de
prisão em aberto até o presente momento, o que corrobora a necessidade de manutenção
da prisão temporária decretada em seu desfavor, em razão da necessidade de elucidação
da dinâmica completa dos fatos.
VI – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812344-58.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO JEFFERSON BEZERRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DE SANTA RITA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RELAXAMENTO DA PRISÃO.
EXCESSO DE PRAZO. NÃO OCORRÊNCIA. DIVERSOS CRIMES E NECESSIDADE
DE DESMEMBRAMENTO DO FEITO. MAIOR COMPLEXIDADE. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Para a soltura de paciente, sob a justificativa de excesso de prazo para formação da
culpa, exige-se uma análise mais aprofundada do caso, em que devem ser consideradas

460 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade do agente, o estado
de tramitação da ação criminal e a própria complexidade desta.
II – No presente caso, não houve desídia por parte do órgão julgador ou da acusação, bem
como que o trâmite procedimental tramita regularmente, sem maiores atrasos, especialmente
levando em conta a quantidade de crimes apurados, o que acarreta, naturalmente, uma
maior demora na tramitação do feito, dada a complexidade dos fatos e a necessidade do
desmembramento do inquérito, como bem apontado pelo Órgão Ministerial.
III – Observa-se que o crime alegadamente praticado é dotado de extrema gravidade,
dado o modus operandi que teria sido empregado pelo paciente, ao cobrar da vítima o
pagamento de quantia para devolução de sua própria motocicleta, que havia sido roubada
anteriormente. Além do mais, o paciente ainda exibiu arma de fogo para a nora da vítima
em seu local de trabalho e afirmado ser integrante de facção criminosa (Bonde dos 40),
com o claro intuito de intimidá-la.
IV – Assim, diante do risco concreto à ordem pública e como forma de resguardar a
integridade física das vítimas, impende a manutenção da prisão preventiva do agressor, na
forma do art. 312 do Código de Processo Penal.
V – Lado outro, a gravidade concreta da infração penal, acima demonstrada, obsta o
esgotamento do periculum libertatis somente pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato
de a custódia cautelar ter sido decretada há dois anos, por si só, não caracteriza ilegalidade
a ser sanada, tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a
garantia da ordem pública, bem como que a custódia cautelar foi renovada recentemente
pelo juízo a quo.
VI – Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813969-30.2022.8.10.0000


PACIENTE: MATEUS LEITE PINHEIRO, MARCOS FARIAS DOS SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS
ESSENCIAIS À IMPETRAÇÃO. IMPETRAÇÃO POR ADVOGADO CONSTITUÍDO. NÃO
CONHECIMENTO DO WRIT.
1. Na ação constitucional de habeas corpus, a cognição é sumária, ou seja, não há fase
instrutória, razão pela qual somente se admite o exame da prova pré-constituída que
acompanha a inicial.
2. Estando o mandamus, impetrado por advogado constituído, desacompanhado de
quaisquer documentos aptos à análise das ilegalidades apontadas, uma vez que sequer
a cópia do auto de prisão em flagrante do paciente foi acostado aos autos bem como a
decisão que decretou a prisão do paciente, resta inviável seu conhecimento.
3. Não conhecimento do Habeas Corpus.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 461


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812293-47.2022.8.10.0000
PACIENTE: NILSON PONTES PEREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA DO TERMO JUDICIÁRIO DE PAÇO DO LUMIAR DA
COMARCA DE SÃO LUÍS /MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE REVOGAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
LEGAIS. RISCO CONCRETO DE REITERAÇÃO DELITIVA DEMONSTRADO. GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE ENTRE
OS FATOS E A PRISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. GRAVIDADE CONCRETA IMPEDE O
ESGOTAMENTO DO PERICULUM LIBERTATIS APENAS PELO TRANSCURSO DO
TEMPO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Observa-se que restam preenchidos os pressupostos previstos no art. 312 do Código de
Processo Penal, tendo em vista que, conforme bem ressaltado pelo juízo a quo, além dos
indícios de autoria e prova da materialidade que constam dos autos, restou evidenciado
o periculum libertatis, consistente no risco concreto de reiteração delituosa por parte do
paciente.
II – Frise-se que o paciente, além do alegado crime de estupro de vulnerável, também
teria perpetrado o crime de estupro, consistente na prática de atos libidinosos contra a
irmã da vítima do primeiro delito, justamente em virtude do fato daquela ter comparecido
à Delegacia de Polícia para denunciar o crime de estupro de vulnerável praticado contra a
sua irmã. Além do mais, o paciente, por diversas vezes, ameaçou-a de morte caso fosse
novamente à polícia para noticiar seus crimes. Dessa forma, diante do risco concreto à
ordem pública e como forma de resguardar a integridade física da vítima e de sua família,
impende a manutenção da prisão preventiva do agressor, na forma do art. 312 do CPP.
III – A gravidade concreta da infração penal, acima demonstrada, obsta o esgotamento
do periculum libertatis somente pelo decurso do tempo. Em outras palavras, o simples
fato de a custódia cautelar ter sido decretada anos após a ocorrência dos fatos, por si só,
não caracteriza ilegalidade a ser sanada, tendo em conta que a imposição da prisão foi
devidamente justificada para a garantia da ordem pública, segundo entende o Supremo
Tribunal Federal. Precedentes.
IV – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811757-36.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO MARCOS RODRIGUES NEVES, CLÁUDIO ALEX DE OLIVEIRA
HONDA FILHO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE VITÓRIA DO MEARIM
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. RECEBIMENTO

462 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DA DENÚNCIA. ALEGAÇÃO SUPERADA. PEDIDO PREJUDICADO. RELAXAMENTO
DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS MÍNIMOS DE AUTORIA.
CONHECIMENTO PARCIAL DO MANDAMUS E, NA PARTE A SER CONHECIDA,
CONCESSÃO DA ORDEM.
I – Para a soltura de paciente sob a justificativa de excesso de prazo para apresentação
da denúncia ou na fase de instrução processual, exige-se análise mais acurada do caso,
sopesando-se circunstâncias como gravidade do crime, potencial periculosidade do agente,
tramitação da ação criminal e a própria complexidade a ela inerente.
II – Analisando os autos, constata-se que o inquérito policial já fora encerrado, tendo sido
ofertada e recebida a denúncia, estando o processo na fase de análise das defesas prévias
apresentadas pelos acusados. Portanto, resta superada a alegação de excesso de prazo,
conforme entendimento consolidado do STJ. Precedentes.
III – Em caso de existência de dúvida razoável quanto à presença de um dos requisitos
exigidos para a decretação da prisão preventiva, na hipótese, os indícios de autoria, impende
a revogação ou relaxamento da prisão preventiva, a depender do caso, não havendo óbice
para que a averiguação desses preceitos seja feita em sede de habeas corpus.
IV – Ressalte-se, contudo, que tal providência não pode exigir uma análise aprofundada ou
meritória das provas contidas nos autos da ação penal de origem, conforme entendimento
consolidado da jurisprudência pátria. Precedentes.
V – No caso, o relaxamento da prisão preventiva é medida que se impõe, ante a ausência,
ao menos nesse momento processual, de indícios suficientes de autoria quanto à prática
do crime de tráfico de drogas pelo paciente, aptos a ensejar a decretação da custódia
cautelar, tendo em vista que, conforme dito acima, apenas foi encontrada em sua posse
uma quantidade não especificada de drogas.
VI – Por fim, frise-se que tal determinação não impede que a eventual responsabilidade
criminal do paciente seja devidamente apurada durante a instrução processual.
VII – Conhecimento parcial do mandamus e, na parte a ser conhecida, concessão da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811852-66.2022.8.10.0000


PACIENTE: JURACI DA COSTA LIMA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA 5 VARA DA COMARCA DE BALSAS MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. RITO COMPLEXO. RÉU PRONUNCIADO. TRÂMITE REGULAR
DO FEITO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. RISCO
CONCRETO DE REITERAÇÃO DELITIVA CONSTATADO. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA HOMOGENEIDADE. INVIÁVEL
DEDUZIR O FUTURO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA POR MEIO DE HABEAS
CORPUS E ANTES MESMO DO JULGAMENTO DO FEITO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 463


1. No caso, transcorreu aproximadamente 1 (um) ano e 4 (quatro) meses desde a prisão
preventiva, tendo o paciente já sido pronunciado as partes intimadas para apresentarem o
rol de testemunhas para depor em plenário. Nessa senda, observo que, no presente caso,
não houve desídia por parte do órgão julgador ou da acusação, bem como que o trâmite
procedimental tramita regularmente, sem maiores atrasos, especialmente levando em conta
que o rito especial do Tribunal do Júri, por ser bifásico, é dotado de maior complexidade.
2. Ademais, os prazos indicados na legislação processual penal para a conclusão dos atos
processuais não são peremptórios, de maneira que eventual demora no trâmite processual
deve ser aferida dentro dos critérios da razoabilidade, levando-se em conta as peculiaridades
do caso concreto, conforme entendimento consolidado do STJ, não caracterizando, portanto,
o alegado constrangimento ilegal de forma automática. Precedentes.
3. O crime praticado é dotado de extrema gravidade, dado o modus operandi empregado
pelo paciente, que desferiu diversos golpes de punhal contra a vítima, atingindo-a no braço,
na cabeça e no rosto. Outrossim, o paciente responde a outra ação penal, pela prática do
crime de homicídio qualificado, o que denota a existência concreta de risco de reiteração
delitiva. Assim, diante do risco concreto à ordem pública e como forma de resguardar a
integridade física da vítima, impende a manutenção da prisão preventiva do agressor, na
forma do art. 312 do CPP.
4. O STJ possui entendimento consolidado de que não há que se falar em desproporcionalidade
da prisão preventiva em comparação à futura pena a ser aplicada, já que tal previsão somente
poderá ser confirmada em sede de eventual sentença condenatória. Portanto, é inviável
deduzir, na via estreita do habeas corpus e antes do julgamento pelo Tribunal do Júri, o
possível regime prisional a ser fixado, inexistindo violação ao princípio da homogeneidade.
5. Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812575-85.2022.8.10.0000


PACIENTE: DANIEL BRITO DINIZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA DE PINHEIRO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE INDÍCIOS DE AUTORIA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO
FÁTICO PROBATÓRIO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA
DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA. RISCO À GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA E APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
I – Na hipótese dos autos há necessidade de revolvimento fático probatório para apurar
presença de indícios de autoria, o que não se coaduna com a via estreita e de cognição
superficial do writ (RHC 145.227/PE/STJ).
II – A prisão preventiva deve ser mantida, ante a gravidade concreta do crime e a possibilidade
da soltura vir a atrapalhar a instrução criminal, pelo grau de parentesco entre os envolvidos,

464 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


assim sendo assegurado a aplicação da lei penal.
III - Habeas corpus não conhecido quanto ao pedido de ausência de autoria, e na parte que
conheço, denego a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813708-65.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDINALDO DA COSTA e MANOEL DA COSTA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CANTANHEDE – MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA EFETIVA
REITERAÇÃO DELITIVA DOS PACIENTES. PACIENTE PORTADOR DE NECESSIDADES
ESPECIAIS. DEFICIÊNCIA PERSONALÍSSIMA EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DAS DUAS
MÃOS. DEFICIÊNCIA QUE NÃO IMPEDE A PRÁTICA DE DELITOS. COMETIMENTO
DE NOVOS DELITOS MESMO EM GOZO DE PRISÃO DOMICILIAR. INUTILIDADE DE
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o primeiro paciente responde a uma ação penal por homicídio
e foi preso em flagrante por crime de porte ilegal de armas, evidenciando assim sua
periculosidade e o risco de reiteração delitiva.
III - Já o segundo paciente é acometido por deficiência consistente na ausência de ambas
as mãos. Pela sua condição peculiar, lhe foi deferido em outro habeas corpus o benefício
da prisão domiciliar em outra ação penal em que é réu. Contudo, voltou a ser preso em
flagrante, desta vez na companhia de seu filho adolescente, o que demonstra que sua
deficiência não impede a prática de delitos.
III – A deficiência do paciente, por mais debilitante que seja, não pode servir de salvo-
conduto indiscriminado para que possa cometer crimes, na expectativa de que sua situação
peculiar ensejará a concessão de liberdade provisória.
IV - Plenamente caracterizada a reiteração delitiva de ambos os pacientes - sendo que um
deles já se encontrava amparado por medidas cautelares diversas da prisão, evidencia-se
o risco à ordem pública, cuja garantia, no caso concreto, demanda a prisão preventiva dos
investigados, sendo insuficientes outras medidas cautelares.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811818-91.2022.8.10.0000


PACIENTE: NILTON CARLOS FERREIRA FRANÇA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 465


IMPETRADO: JUIZ DA 4a VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DE SÃO LUIS MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS. INOCORRÊNCIA. RÉU FORAGIDO HÁ MAIS
DE 10 ANOS. RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA. ALEGAÇÃO DE DESCONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DA
AÇÃO PENAL. INVEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. RÉU QUE SE EVADIU DO
DISTRITO DA CULPA LOGO APÓS A SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu é acusado da prática de crime de homicídio em 2007, teve
sua prisão decretada em 2008, e passou 11 anos em local incerto e não sabido. Estando o
réu foragido por todo esse tempo, evidencia-se o risco à aplicação da lei penal, notadamente
considerando que o réu foi preso pela prática de outro crime no estado do Rio de Janeiro.
III - Não merece prosperar a alegação de que o paciente não tinha conhecimento da ação
penal contra si, tendo em vista que se mudou do distrito da culpa, convenientemente, logo
após a prática do delito e, segundo consta dos autos, nem mesmo informou seu paradeiro
aos seus pais.
IV - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811634-38.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANANIAS CHAGAS PÉTALA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DE IMPERATRIZ – MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. CIRCUNSTÂNCIAS
PESSOAIS FAVORÁVEIS QUE NÃO CONSTITUEM ÓBICE À DECRETAÇÃO DA
PRISÃO. SUBSTITUIÇÃO POR PRISÃO DOMICILIAR. INVIABILIDADE. AUSÊNCIA DOS
PRESSUPOSTOS LEGAIS. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Embora o crime supostamente praticado pelo paciente possua pena máxima inferior
a 4 (quatro) anos, não atendendo, assim, ao requisito insculpido no art. 313, I, do Código
de Processo Penal, resta preenchido o pressuposto previsto no art. 313, III, do Código de
Processo Penal.
II – Isso porque o crime praticado pelo paciente envolve violência doméstica e familiar contra
a mulher, sendo que a sua prisão busca assegurar, além da integridade física e psicológica
da vítima, a execução das medidas protetivas de urgência decretadas em favor dessa.

466 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


III – Diante do risco concreto à ordem pública e como forma de resguardar a integridade
física da vítima, se faz necessária a manutenção da prisão preventiva do agressor, na forma
do art. 312 do Código de Processo Penal.
IV – Noutro giro, a simples existência de circunstâncias pessoais favoráveis do paciente,
como primariedade, emprego certo e residência fixa, por si só, não enseja a revogação
da custódia cautelar, especialmente quando os elementos de prova constantes dos autos
indicam a necessidade da prisão, como ocorre no caso em tela, conforme entendimento
consolidado do STJ. Precedentes.
V – Por fim, o filho do paciente possui hoje 13 (treze) anos de idade, fato esse que, por si só,
seria suficiente para motivar o indeferimento do pedido de conversão da prisão preventiva
em domiciliar, já que o art. 318, VI, do Código de Processo Penal somente possibilita tal
conversão quando o filho possuir até 12 (doze) anos de idade incompletos. No entanto, ainda
que o requisito etário fosse preenchido, o paciente não logrou êxito em comprovar que é o
único responsável pelos cuidados do seu filho, como exigido pelo texto legal supracitado,
pois se limitou a juntar aos autos apenas o documento de identidade do adolescente, que
se revela insuficiente para provar o alegado.
VI – Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812300-39.2022.8.10.0000


PACIENTE: HENRIQUE DE SOUSA VIANA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DE URBANO SANTOS
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
OCORRÊNCIA. LAPSO TEMPORAL EXCESSIVO PARA O RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE COMPLEXIDADE FÁTICA APTA A JUSTIFICAR A DEMORA
NA TRAMITAÇÃO DO FEITO. INEXISTÊNCIA DE CULPA DA DEFESA. CONCESSÃO DA
ORDEM.
I – Para a soltura de paciente sob a justificativa de excesso de prazo para apresentação
da denúncia ou na fase de instrução processual, exige-se análise mais acurada do caso,
sopesando-se circunstâncias como gravidade do crime, potencial periculosidade do agente,
tramitação da ação criminal e a própria complexidade a ela inerente.
II – Em análise dos autos, constato que transcorreram, aproximadamente, 7 (sete) meses
desde a prisão em flagrante do paciente, posteriormente convertida em preventiva. Ademais,
o inquérito policial foi encerrado em 24/12/2021, tendo a denúncia sido ofertada apenas
no dia 22/02/2022. Desde então, os autos estão conclusos para decisão, sem nenhuma
movimentação.
III – Observo ainda que o paciente é réu primário, bem como que a causa é relativamente
simples (acusação de furto), não se justificando, portanto, o extenso lapso temporal
transcorrido desde a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 467


efetivação da prisão até o presente momento – 218 (duzentos e dezoito) dias –, sem que
tenha sido sequer recebida a inicial acusatória.
IV – Concessão da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811845-74.2022.8.10.0000


PACIENTE: KEDSON PASSOS DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL – VEP
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EFEITO SUSPENSIVO. AGRAVO DE
EXECUÇÃO. ILEGALIDADE MANIFESTA.
I. A utilização do habeas corpus para a atribuição de efeito suspensivo a agravo de execução
penal é excepcional, somente sendo admissível quando estiver em risco a liberdade do
paciente e a ilegalidade possa ser aferida de plano.
II. Habeas corpus não conhecido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812312-53.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANA CÉLIA SOARES ARAÚJO
IMPETRADO: ATO DO JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SÃO VICENTE FERRER
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SUPOSTA VIOLAÇÃO AO
ART 24-A DA LEI Nº 11340/06 E ART. 329, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. LIBERDADE
PROVISÓRIA NEGADA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. ENCARCERAMANETO
NÃO SE MOSTRA INDISPENSÁVEL. DESISTÊNCIA DE MEDIDAS RESTRITIVAS.
ORDEM CONCEDIDA.
I. A Paciente se encontra presa preventivamente em razão da suposta violação ao art.
24-A da Lei nº 11.340/06 e artigo 329, caput, do Código Penal, praticado em face de sua
ascendente.
II . Em atenção ao princípio da proporcionalidade, observa-se que, in casu, o encarceramento
não se mostra mais indispensável, pois, transcorridos mais de 05 (cinco) meses desde a
data da prisão –
lapso temporal superior à soma das penas mínimas de detenção cominadas para os crimes
imputados – perde densidade a imposição do ergástulo.
III. Reforça a desnecessidade da segregação cautelar, a constatação de que a ofendida
requereu a desistência das medidas decretadas em face da paciente, pleito já homologado,
com a consequente extinção do feito sem apreciação do mérito, além da revogação expressa
das medidas cautelares.
IV. Inexistência de outro registro desabonador em nome da paciente, o que denota sua
primariedade e ausência de indicativos de periculosidade exacerbada, a ponto de oferecer
risco à ordem pública, não se vislumbrando, atualmente, a existência de perigo decorrente

468 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


do seu estado de liberdade, sobretudo porque a paciente se mostrou profundamente
arrependida e disposta a não mais adotar qualquer atitude agressiva em relação à mãe.
V. Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811837-97.2022.8.10.0000


PACIENTE: IGOR BORGES CANTANHEDE
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO COMARCA DE MIRINZAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SONIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO NO DECRETO PREVENTIVO. INOCORRÊNCIA. MATERIALIDADE
E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS AUTOS. RISCO À
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA EFETIVA REITERAÇÃO DELITIVA
DOS PACIENTES. INUTILIDADE DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO. NÃO CONFIGURADO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, não há que se falar em ausência de fundamentação do decreto
preventivo, eis que restou comprovada a ocorrência do delito e demonstrados os indícios de
autoria, tanto pelos depoimentos do condutor e da testemunha, bem como pelo conteúdo
do auto de exibição e apreensão e do termo de entrega do bem apreendido no flagrante
(motocicleta roubada) .
III - Resta caracterizada a reiteração delitiva do paciente que responde a outra ação penal
por homicídio, evidencia-se, assim, o risco à ordem pública, cuja garantia, no caso concreto,
demanda a prisão preventiva do investigado, sendo insuficientes outras medidas cautelares.
IV – Para justificar o excesso de prazo, exige-se uma análise mais aprofundada do caso,
na qual devem ser consideradas circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial
periculosidade do agente, o estado de tramitação da ação criminal e a própria complexidade
desta.
V - Na hipótese, considerando o tempo em que o paciente está preso, a condução do
feito pelo juízo a quo ocorre de forma diligente, inclusive diante da conclusão da instrução.
Constrangimento ilegal não configurado.
V - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814717-62.2022.8.10.0000


PACIENTE: HÉLIO RODRIGUES DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE ICATU MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. AMEAÇA. ART. 147 DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 469


CÓDIGO PENAL. LEI N. 11.340/2006. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUBSISTÊNCIA DOS FATOS ENSEJADORES
DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO.
ARBITRAMENTO DE FIANÇA. NÃO APLICÁVEL. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
DA PRISÃO. INADEQUAÇÃO. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.
1. A prisão preventiva do paciente se faz necessária diante da existência do crime e de
indícios suficientes de autoria, estando, ainda, amparada na gravidade concreta do fato,
como forma de garantir a segurança da vítima, bem como resguardar a sua integridade
física e psicológica.
2. A bem do que dispõe o art. 324, do CPP, uma vez presentes os motivos que autorizam a
decretação da prisão preventiva, inaplicável o arbitramento de fiança.
3. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão preventiva pelas medidas
cautelares alternativas elencadas no art. 319 do CPP.
4. Ordem conhecida e denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810373-38.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUÍS BEZERRA DOS SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DE BURITI BRAVO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
DECISÃO: Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado pelo advogado Renie
Pereira de Sousa, em favor do paciente Luís Bezerra dos Santos, alegando estar este sob
constrangimento ilegal por ato do juízo da vara única de Buriti Bravo/MA.
Em conformidade com os autos, o ora paciente foi preso em flagrante delito no dia
12/05/2022, pela prática, em tese, dos crimes tipificados nos arts. 14 da Lei 10.826/03 e art.
147 do CPB (porte ilegal de arma de fogo e ameaça).
A prisão em flagrante foi convertida em preventiva na audiência de custódia realizada no dia
12/05/2022, pelo juiz titular da comarca de Buriti Bravo/MA, com fundamento na garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal.
Sustenta o impetrante, a ausência de elementos objetivos que justifiquem a custódia cautelar
imposta ao paciente, vez que este não ofereceria risco à ordem pública e que o cômputo
da pena dos supostos crimes praticados por ele, não enquadram-se no art. 313, do CPP.
Com fulcro nos argumentos relatados pelo impetrante, requer, liminarmente e no mérito, a
concessão da ordem para revogação da prisão preventiva do paciente. Subsidiariamente
ao pedido liminar, requer a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, prestação
de informações pelo juízo de Buriti Bravo/MA, e o manifesto de realizar uma eventual
sustentação oral.
Instruiu a peça de início com documentos sob ID 17308717 e 17308718. Liminar não
concedida, conforme ID 17336270. Requisição de informações prestadas em ID 17426728.
Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça sob ID 18267098. Sendo o que havia a relatar,
passo a decidir.

470 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


Na situação sob análise, fundamenta-se o presente Habeas Corpus, alegando a) ausência
de elemento objetivo que justificasse a custódia cautelar do paciente, bem como b) que
ostenta condições pessoais favoráveis e que, c) os delitos imputados a ele, não estão
enquadradas entre aqueles a que se proíbe a concessão de fiança.
Ocorre que, foi informado pelo próprio impetrante sob os ID 18823768 ao 18823770, que
foi proferida sentença do paciente na Ação Penal n. 0800913-84.2022.8.10.0078, ao regime
aberto, sendo expedido o consequente alvará de soltura do paciente.
Conquanto, em consulta realizada no PJe - 1º Grau, verifica-se tal informação.
Com efeito, uma vez expedido alvará de soltura, houve a perda do objeto, não mais havendo
constrangimento ilegal a ser sanado, resta, assim, prejudicado o remédio constitucional,
circunstância esta, que autoriza o julgamento monocrático do pedido, como assim é regulada
a matéria no art. 659 do CPP c/c 428 do RI/TJMA:
“Art. 659. CPP - Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal,
julgará prejudicado o pedido.”
“Art. 428. RITJMA - Verificada a cessação da violência ou da coação ilegal, o pedido poderá
ser desde logo julgado prejudicado pelo relator.”
Ante o exposto, com fundamento no art. 659, do CPP e do art. 428, RI/TJMA, JULGO
PREJUDICADO o presente Habeas Corpus, em razão da perda superveniente de seu
objeto.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810223-57.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ DE RIBAMAR RODOLFO SANTOS DOS SANTOS
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE HUMBERTO DE CAMPOS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS
CORPUS. EFEITOS INFRINGENTES. PEDIDO DE SUSTENTAÇÃO ORAL INTEMPESTIVO.
JULGAMENTO EXTRAPAUTA. PREVISÃO REGIMENTAL. CERCEAMENTO DE DEFESA
NÃO CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO DO ACÓRDÃO. REDISCUSSÃO
DO MÉRITO. INVIABILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E
REJEITADOS.
I. Intimadas as partes da pauta de julgamento, o pedido de sustentação oral, poderá
ser formulado até o início da sessão; quando o relator apresentar o habeas corpus para
julgamento após a sessão sido iniciada, poderá ser formulado até o anúncio do julgamento
do processo (art. 388, §4º, do RITJMA).
II. In casu, o requerimento se deu após o encerramento da sessão razão pela qual não há
que se falar em omissão ou cerceamento de defesa.
III. A teor do disposto no art. 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração
destinam-se a suprir omissão, contradição, ambiguidade ou obscuridade existente no
julgado, não se prestando, portanto, para a rediscussão da matéria ínsita ao julgado, diante
do mero inconformismo da parte, ou mesmo com a pretensão de prequestionamento, se

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 471


ausentes os requisitos pertinentes ao dispositivo processual codificado. Precedentes do
STJ e do TJMA;
IV. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816388-23.2022.8.10.0000


PACIENTE: GENIVALDO NERES DOS SANTOS JÚNIOR
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA DA COMARCA DE COROATÁ
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO
FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
I. Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir, se posto em liberdade, necessária a
manutenção da prisão preventiva para garantia da ordem pública, bem como inviável sua
substituição por outra medida cautelar.
II. A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
III. Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817288-06.2022.8.10.0000


PACIENTE: ERASMO COSTA NETO
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE COELHO NETO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. RELAXAMENTO DA
PRISÃO COM CAUTELARES ALTERNATIVAS. POSSIBILIDADE. RESTABELECIDA A
PRISÃO PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS CAUTELARES. MANTIDA
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. PACIENTE PERMANECEU PRESO DURANTE A
INSTRUÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. Permitida a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão quando configurado o
excesso de prazo, desde que as circunstâncias do caso concreto as justifiquem.
2. Fundamentada a decisão que relaxou a prisão do paciente por excesso de prazo com o
cumprimento de cautelares alternativas dada a gravidade em concreto dos crimes praticados
(tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e
receptação) e a existências de outras ações penais em curso.
3. O descumprimento da medida cautelar imposta como condição para a liberdade
provisória, demonstra, in casu, a adequação da prisão preventiva para conveniência da
instrução criminal. Assim, tendo o impetrante reiteradamente descumprido as condições
impostas na decisão que relaxou sua custódia, correto o seu restabelecimento.
4. A manutenção da custódia cautelar no momento da sentença condenatória, na hipótese

472 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


em que o acusado já se encontrava preso, não requer fundamentação exaustiva, sendo
suficiente, para a satisfação do art. 387, § 1º, do Código de Processo Penal, o entendimento
de que permanecem inalterados os motivos que levaram à decretação da medida extrema
em um primeiro momento, e estejam, de fato, preenchidos os requisitos legais do art. 312
do mesmo diploma.
5. Da leitura da documentação acostada aos autos, em cotejo com a argumentação do
impetrante, observa-se que os fundamentos da sentença condenatória que manteve a
prisão preventiva do ora paciente revestiu-se das formalidades legais, não sendo suficiente
a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.
6. Habeas Corpus conhecido. Denegada a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815529-07.2022.8.10.0000


PACIENTE: ADONIAS FERREIRA DO NASCIMENTO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DE PARAIBANO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, restou comprovada a materialidade delitiva pelo exame cadavérico. Por
outro lado, verifica-se a presença de indícios de autoria, como bem apontado pelo juízo
a quo, já que o paciente trabalhava e morava com a vítima em sua residência, tendo, no
entanto, se evadido do município logo após o crime. Ainda foram registrados barulhos de
discussões e gemidos no local, pouco antes de a vítima ter sido encontrada morta.
II – Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal, reputados como presentes pela autoridade coatora
na decisão que decretou a prisão preventiva, em razão do modus operandi adotado pelos
autores do crime, e da incerteza de que o paciente não se furtará do distrito da culpa,
especialmente considerando que sua prisão somente foi efetuada no estado de Goiás.
III – Dessa forma, não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação
concreta da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no
caso concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da
ordem social, no caso em tela, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
IV – Também observa-se a contemporaneidade entre os fatos apurados e a imposição
do cárcere, considerando a proximidade entre a prática delituosa e decretação da prisão
temporária, posteriormente convertida em preventiva. Ainda que não fosse o caso, a
gravidade concreta da infração penal obsta o esgotamento do periculum libertatis somente
pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada algum
tempo após a ocorrência dos fatos, por si só, não caracteriza ilegalidade a ser sanada,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 473


tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a garantia da
ordem pública.
V – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815665-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: KERTON ROBERTO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DE AÇAILÂNDIA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS. INOCORRÊNCIA. RÉU FORAGIDO HÁ 02 ANOS.
RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu é acusado da prática de crime de homicídio em 2020,
tendo sua prisão preventiva decretada ainda nesse ano, logo após ter sido relaxada a
prisão temporária. Estando o réu foragido desde então, evidencia-se o risco à aplicação da
lei penal.
III - Não há falar em ausência de contemporaneidade da prisão preventiva quando a demora
para efetivação da prisão não é imputável ao juízo, mas sim ao comportamento de fuga do
próprio acusado.
IV - A materialidade do delito e os indícios de autoria restaram plenamente demonstrados
pelas provas dos autos, bem como o risco à ordem pública e à aplicação da lei penal,
sendo plenamente idônea a fundamentação da decisão do juízo a quo decretando a prisão
preventiva.
V - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815052-81.2022.8.10.0000


PACIENTE: LAUDIVINO BRITTO SILVA
IMPETRADO: JUÍZO DA 3a VARA DA COMARCA DE PINHEIRO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE E POR SER ALVO DE PRÉVIA INVESTIGAÇÃO. INVASÃO DE
DOMICÍLIO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,

474 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente já responde a outra ação penal e é alvo de investigação
da autoridade policial, em razão da possibilidade de seu envolvimento em outras atividades
criminosas. Assim, a custódia cautelar se justifica para resguardar a ordem pública e
assegurar a aplicação da lei penal.
III – Não há falar em invasão de domicílio quando a ação dos policiais encontra-se fundada
em motivação idônea, respaldada por prévia investigação e mandado de busca e apreensão.
Outrossim, o crime de tráfico, dada sua natureza permanente, permite a configuração de
flagrante a qualquer tempo.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817288-06.2022.8.10.0000


PACIENTE: ERASMO COSTA NETO
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE COELHO NETO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. RELAXAMENTO DA
PRISÃO COM CAUTELARES ALTERNATIVAS. POSSIBILIDADE. RESTABELECIDA A
PRISÃO PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS CAUTELARES. MANTIDA
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. PACIENTE PERMANECEU PRESO DURANTE A
INSTRUÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. Permitida a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão quando configurado o
excesso de prazo, desde que as circunstâncias do caso concreto as justifiquem.
2. Fundamentada a decisão que relaxou a prisão do paciente por excesso de prazo com o
cumprimento de cautelares alternativas dada a gravidade em concreto dos crimes praticados
(tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e
receptação) e a existências de outras ações penais em curso.
3. O descumprimento da medida cautelar imposta como condição para a liberdade
provisória, demonstra, in casu, a adequação da prisão preventiva para conveniência da
instrução criminal. Assim, tendo o impetrante reiteradamente descumprido as condições
impostas na decisão que relaxou sua custódia, correto o seu restabelecimento.
4. A manutenção da custódia cautelar no momento da sentença condenatória, na hipótese
em que o acusado já se encontrava preso, não requer fundamentação exaustiva, sendo
suficiente, para a satisfação do art. 387, § 1º, do Código de Processo Penal, o entendimento
de que permanecem inalterados os motivos que levaram à decretação da medida extrema
em um primeiro momento, e estejam, de fato, preenchidos os requisitos legais do art. 312
do mesmo diploma.
5. Da leitura da documentação acostada aos autos, em cotejo com a argumentação do
impetrante, observa-se que os fundamentos da sentença condenatória que manteve a
prisão preventiva do ora paciente revestiu-se das formalidades legais, não sendo suficiente

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 475


a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.
6. Habeas Corpus conhecido. Denegada a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815529-07.2022.8.10.0000


PACIENTE: ADONIAS FERREIRA DO NASCIMENTO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DE PARAIBANO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, restou comprovada a materialidade delitiva pelo exame cadavérico. Por
outro lado, verifica-se a presença de indícios de autoria, como bem apontado pelo juízo
a quo, já que o paciente trabalhava e morava com a vítima em sua residência, tendo, no
entanto, se evadido do município
logo após o crime. Ainda foram registrados barulhos de discussões e gemidos no local,
pouco antes de a vítima ter sido encontrada morta.
II – Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal, reputados como presentes pela autoridade coatora
na decisão que decretou a prisão preventiva, em razão do modus operandi adotado pelos
autores do crime, e da incerteza de que o paciente não se furtará do distrito da culpa,
especialmente considerando que sua prisão somente foi efetuada no estado de Goiás.
III – Dessa forma, não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação
concreta da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no
caso concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da
ordem social, no caso em tela, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
IV – Também observa-se a contemporaneidade entre os fatos apurados e a imposição
do cárcere, considerando a proximidade entre a prática delituosa e decretação da prisão
temporária, posteriormente convertida em preventiva. Ainda que não fosse o caso, a
gravidade concreta da infração penal obsta o esgotamento do periculum libertatis somente
pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada algum
tempo após a ocorrência dos fatos, por si só, não caracteriza ilegalidade a ser sanada,
tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a garantia da
ordem pública.
V – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815665-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: KERTON ROBERTO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DE AÇAILÂNDIA

476 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS. INOCORRÊNCIA. RÉU FORAGIDO HÁ 02 ANOS.
RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu é acusado da prática de crime de homicídio em 2020,
tendo sua prisão preventiva decretada ainda nesse ano, logo após ter sido relaxada a
prisão temporária. Estando o réu foragido desde então, evidencia-se o risco à aplicação da
lei penal.
III - Não há falar em ausência de contemporaneidade da prisão preventiva quando a demora
para efetivação da prisão não é imputável ao juízo, mas sim ao comportamento de fuga do
próprio acusado.
IV - A materialidade do delito e os indícios de autoria restaram plenamente demonstrados
pelas provas dos autos, bem como o risco à ordem pública e à aplicação da lei penal,
sendo plenamente idônea a fundamentação da decisão do juízo a quo decretando a prisão
preventiva.
V - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815052-81.2022.8.10.0000


PACIENTE: LAUDIVINO BRITTO SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA DA COMARCA DE PINHEIRO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE E POR SER ALVO DE PRÉVIA INVESTIGAÇÃO. INVASÃO DE
DOMICÍLIO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente já responde a outra ação penal e é alvo de investigação
da autoridade policial, em razão da possibilidade de seu envolvimento em outras atividades
criminosas. Assim, a custódia cautelar se justifica para resguardar a ordem pública e
assegurar a aplicação da lei penal.
III – Não há falar em invasão de domicílio quando a ação dos policiais encontra-se fundada

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 477


em motivação idônea, respaldada por prévia investigação e mandado de busca e apreensão.
Outrossim, o crime de tráfico, dada sua natureza permanente, permite a configuração de
flagrante a qualquer tempo.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817183-29.2022.8.10.0000


PACIENTE: NAGYLA KAYLANE ARAUJO LUZ
IMPETRADO: ATO DE JUIZ PLANTONISTA DA COMARCA DE TIMON - MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. USO DE DOCUMENTO
FALSO. PRISÃO PREVENTIVA. DÚVIDA SOBRE A IDENTIDADE CIVIL DA PACIENTE.
POSTERIOR IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS
AUTORIZADORES DA MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA.
I. A prisão preventiva, nos termos do art. 313, parágrafo único, do Código de Processo
Penal, será admitida quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
manutenção da medida.
II. Realizada a identificação criminal mediante apresentação da segunda via da certidão de
nascimento da paciente por sua genitora em sede policial e, constatando-se a ausência de
outros elementos aptos a justificar a constrição cautelar da acusada, fatos aliados à sua
primariedade e à imputação da prática de crime que não envolveu emprego de violência ou
grave ameaça, impõe-se a revogação do ergástulo.
III. Ordem concedida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816087-76.2022.8.10.0000


PACIENTE: HAROLDO VAGNER DE LIMA
IMPETRADO: 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TIMON MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. INEXISTENTE. RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA
DEMONSTRADO. ORDEM DENEGADA.
I – Não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação concreta
da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no caso
concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da ordem
social, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
II – O simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada há quase dois anos, por si só,

478 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


não caracteriza ilegalidade a ser sanada, tendo em conta que a imposição da prisão foi
devidamente justificada para a garantia da ordem pública.
III – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812400-91.2022.8.10.0000


PACIENTE: VALBER DINIZ DE SOUSA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA
IMPETRADO: JUIZ PLANTONISTA CRIMINAL DO POLO REGIONAL DE PINHEIRO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RELAXAMENTO DA PRISÃO
PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS
PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. RELAXAMENTO DO FLAGRANTE NÃO INVIABILIZA A
IMPOSIÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR, DESDE DE ESTEJAM PREENCHIDOS OS
REQUISITOS LEGAIS PARA A SUA DECRETAÇÃO E EXISTA PEDIDO EXPRESSO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO OU DA AUTORIDADE POLICIAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, as provas acostadas aos autos, até o presente momento, indicam a presença
do fumus comissi delicti, consubstanciado na materialidade e nos indícios de autoria
do delito, bem como do periculum libertatis, em virtude do risco concreto de reiteração
delitiva. Isso porque, como se constata dos autos de origem, as substâncias entorpecentes
apreendidas em poder do paciente (setenta e nove porções de substância análoga à crack),
além dos demais objetos (dinheiro trocado em espécie e balança de precisão), somados à
ausência de comprovação da existência de vínculo empregatício lícito, indicam a traficância
habitual por parte do paciente, que provavelmente será retomada caso seja acatado o seu
pedido de soltura.
II – Dessa forma, em virtude do mencionado perigo concreto de abalo à ordem social em
caso de soltura do paciente, dada a possibilidade de cometimento de novos crimes da
mesma natureza, como forma de garantir a ordem pública, é necessária a manutenção da
prisão preventiva do paciente, na forma do art. 312 do Código de Processo Penal.
III – O simples fato de a prisão em flagrante ter sido relaxada pela autoridade coatora, por
si só, não constitui óbice à decretação da prisão preventiva, desde que estejam presentes
os requisitos exigidos por lei para a determinação da custódia cautelar, bem como seja
identificada a existência de pedido expresso de decretação da prisão, seja do Ministério
Público ou da Autoridade Policial. Precedentes.
IV – Na hipótese, embora a prisão em flagrante tenha sido relaxada, observa-se que os
requisitos previstos nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal para a decretação
da prisão preventiva encontram-se devidamente preenchidos, como acima demonstrado.
Ademais, constata-se a existência de representação pela prisão preventiva do paciente,
formulada pela Autoridade Policial. Desta feita, pelos motivos acima expostos, não há que
se falar em ilegalidade da decisão que decretou a prisão preventiva do paciente.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 479


V – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816010-67.2022.8.10.0000


PACIENTE: ALBERT ROBSON MATOS NEVES, WESLLEY RODRIGO CANTANHEDE
PEREIRA
IMPETRADO: 4a VARA CRIMINAL DA CAPITAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO
FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
I. Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir, se posto em liberdade, necessária a
manutenção da prisão preventiva para garantia da ordem pública, bem como inviável sua
substituição por outra medida cautelar.
II. A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
III. Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818973-48.2022.8.10.0000


PACIENTE: ALCIONE DA SILVA PEREIRA
IMPETRADO: JUIZ DA 5a VARA DA COMARCA DE BALSAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS PREVENTIVO. TRANCAMENTO DE
AÇÃO PENAL. MEDIDA DE NATUREZA EXCEPCIONAL. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS
INDICIÁRIOS NOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
I - O trancamento da ação penal por meio de habeas corpus é medida de natureza
excepcional e só pode ser admitido quando evidente o constrangimento ilegal sofrido,
quando há manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa ou presença de
causa extintiva de punibilidade.
II – Não tendo ficado demonstrado de plano a ilegalidade apta a causar constrangimento
ilegal ao paciente pela existência de elementos indiciários nos autos que fundamentaram a
imputação, deve ser denegada a ordem de habeas corpus.
III – Habeas corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817288-06.2022.8.10.0000


PACIENTE: ERASMO COSTA NETO
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE COELHO NETO -MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. RELAXAMENTO DA
480 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
PRISÃO COM CAUTELARES ALTERNATIVAS. POSSIBILIDADE. RESTABELECIDA A
PRISÃO PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS CAUTELARES. MANTIDA
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. PACIENTE PERMANECEU PRESO DURANTE A
INSTRUÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. Permitida a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão quando configurado o
excesso de prazo, desde que as circunstâncias do caso concreto as justifiquem.
2. Fundamentada a decisão que relaxou a prisão do paciente por excesso de prazo com o
cumprimento de cautelares alternativas dada a gravidade em concreto dos crimes praticados
(tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e
receptação) e a existências de outras ações penais em curso.
3. O descumprimento da medida cautelar imposta como condição para a liberdade
provisória, demonstra, in casu, a adequação da prisão preventiva para conveniência da
instrução criminal. Assim, tendo o impetrante reiteradamente descumprido as condições
impostas na decisão que relaxou sua custódia, correto o seu restabelecimento.
4. A manutenção da custódia cautelar no momento da sentença condenatória, na hipótese
em que o acusado já se encontrava preso, não requer fundamentação exaustiva, sendo
suficiente, para a satisfação do art. 387, § 1º, do Código de Processo Penal, o entendimento
de que permanecem inalterados os motivos que levaram à decretação da medida extrema
em um primeiro momento, e estejam, de fato, preenchidos os requisitos legais do art. 312
do mesmo diploma.
5. Da leitura da documentação acostada aos autos, em cotejo com a argumentação do
impetrante, observa-se que os fundamentos da sentença condenatória que manteve a
prisão preventiva do ora paciente revestiu-se das formalidades legais, não sendo suficiente
a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.
6. Habeas Corpus conhecido. Denegada a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813314-58.2022.8.10.0000


PACIENTE: EXPEDITO SATURNINO ESTEVÃO
IMPETRADO: ATO DA JUÍZA DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE
PEDREIRAS/MA
RELATOR: GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO
NO MONITORAMENTO ELETRÔNICO. OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO À RAZOABILIDADE.
ORDEM CONCEDIDA.
I. A necessidade de manutenção do monitoramento eletrônico deve ser aferida
periodicamente, podendo ser revogada quando se tornar desnecessária ou inadequada.
II. In casu, evidencia-se a ocorrência de constrangimento ilegal, pois desarrazoada a
perpetuação da citada cautelar, imposta no decorrer da instrução, sobretudo ao se considerar
que o juízo de base, na sentença condenatória, nada dispôs acerca da sua conservação.
III. Ordem concedida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 481


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812702-23.2022.8.10.0000
PACIENTE: LIEDSON COSTA PACHECO SILVA
IMPETRADO: 4a VARA DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE SÃO LUIS – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. RETRATAÇÃO
DA ÚNICA TESTEMUNHA DO CRIME. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA.
RETRATAÇÃO INIDÔNEA. IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAR OS INDÍCIOS DE AUTORIA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente nega veementemente a autoria do crime, e informa que
a única testemunha que fez o reconhecimento fotográfico se retratou, razão pela qual não
mais subsistem os indícios de autoria, restando prejudicados os requisitos da preventiva.
III - A retratação da testemunha não foi feita em juízo e nem perante à autoridade policial,
devendo prevalecer, por ora, seu primeiro depoimento e reconhecimento fotográfico,
constantes do inquérito policial.
III – O risco à ordem pública restou comprovado, na medida em que o réu já responde a
outra ação penal e encontrava-se em cumprimento de medidas cautelares, que não se
revelaram suficientes para impedir a reiteração delitiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810565-68.2022.8.10.0000


PACIENTE: ADEVANES DE SOUSA DA LUZ PESSOA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PROVAPERICIAL PRODUZIDA
EM DESACORDO COM O ART. 159, §1º, DO CPP. NULIDADE. DESENTRANHAMENTO
DOS AUTOS DA AÇÃO PENAL DE ORIGEM. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. Inexiste óbice à realização da prova pericial pelo investigador de polícia, já que é
plenamente válida a perícia efetivada por policiais nomeados pelo Delegado de Polícia para
esse fim, desde que atendidos os requisitos previstos no Art. 159, §1º, do CPP, conforme
entende o STJ. Precedentes.
2. Na ausência de perito oficial, a perícia deverá ser realizada por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. No entanto, no
presente caso, a prova pericial somente foi efetuada por 1 (uma) pessoa, qual seja, o
investigador de polícia.

482 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


3. Dessa forma, ante o patente desrespeito ao Art. 159, §1º, do CPP, impende o
reconhecimento da nulidade processual, dada a ilegitimidade da prova em comento, por ter
infringido normas de direito processual.
4. Concessão da ordem de ofício. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810433-11.2022.8.10.0000


PACIENTE: VANDERLAN BANDEIRA DA SILVA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DE TIMON
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO
CASO EM CONCRETO E QUE DEPENDE DA ANÁLISE DA GRAVIDADE DO DELITO,
PERICULOSIDADE DO AGENTE E COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO
ERRO NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO. PREJUÍZO À TRAMITAÇÃO DO FEITO NÃO
CONSTATADO.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.
II – Na hipótese dos autos, a ação criminal apresenta notável complexidade e encontra-se
com o trâmite regular, sem demora imputável ao juízo.
III – O erro alegado pelo impetrante diz respeito a outro processo, que em nada influiu no
processo ensejou a decretação preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810397-66.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDEONILSON RODRIGUES DE OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA DE PINDARÉ MIRIM
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA OFERECIDA. ALEGAÇÃO SUPERADA. TRÂMITE
REGULAR DO FEITO. REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DENEGAÇÃO
DA ORDEM. 1. Extrai-se dos autos que transcorreram, aproximadamente, 30 (trinta) dias
desde a efetivação da prisão preventiva, tendo sido recebida a inicial acusatória, bem como

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 483


apresentada resposta à acusação. Dessa forma, além da ausência de demora exacerbada
no trâmite processual, que transcorre normalmente, uma vez ofertada a denúncia, resta
superada a alegação de excesso de prazo para encerramento do inquérito policial, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes. 2. De outro lado, os crimes pelos quais o
paciente fora denunciado, quando somados, alcançam pena máxima superior a 4 (quatro)
anos, atendendo, assim, ao requisito insculpido no Art. 313, I, do CPP. Além do que,
preenchido está o pressuposto previsto no Art. 313, III, do CPP, tendo em vista que o crime
praticado pelo paciente envolve violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo que
a prisão a ele imputada busca assegurar, além da integridade física e psicológica da vítima,
a execução das medidas protetivas de urgência decretadas em favor dela. 3. Uma vez
demonstrados o risco concreto à ordem pública e a necessidade de resguardar a integridade
física da vítima, faz-se imperativa a manutenção da prisão preventiva do agressor, na forma
do Art. 312 do CPP. 4. Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810881-81.2022.8.10.0000


PACIENTE: FERDINAN CONCEIÇÃO DE CARVALHO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DE BURITICUPU
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. INCOMPATIBILIDADE
DO REGIME SEMIABERTO COM A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
INEXISTÊNCIA. REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA
CAUTELAR. NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.
1. Inexiste constrangimento ilegal na sentença que determina o cumprimento da pena em
regime inicial semiaberto e, ao mesmo tempo, mantém a prisão preventiva, sobretudo,
por se tratar de hipótese envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, como
ocorre no caso presente, em que o paciente, mesmo ciente das medidas protetivas de
urgência que o proibira de manter contato com a vítima, descumprira tais determinações e
ainda a ameaçou verbalmente.
2. No entanto, há que se observar o princípio da proporcionalidade quando da decretação ou
da manutenção da prisão preventiva, apenas sendo imposta quando não forem suficientes,
no caso concreto, as medidas cautelares diversas do encarceramento. Por outro lado, o
cumprimento da custódia cautelar deve sempre ser adequado às condições do regime,
conforme jurisprudência do STJ e do STF. Precedentes.
3. Uma vez demonstrados o risco concreto à ordem pública e a necessidade de resguardar
a integridade física da vítima, faz-se imperativa a manutenção da prisão preventiva do
agressor, na forma do Art. 312 do CPP.
4. Denegação da ordem. Unanimidade.

484 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810956-23.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOSILAN OLIVEIRA DA SILVA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
DECISÃO FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO
POR OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
1- Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir ou atentar contra a integridade física da
vítima, se posto em liberdade, necessária a manutenção da prisão preventiva para garantia
da ordem pública, bem como inviável sua substituição por outra medida cautelar.
2- A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
3- Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810397-66.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDEONILSON RODRIGUES DE OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA DE PINDARÉ MIRIM
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADOR: DR. JOAQUIM HENRIQUE DE CARVALHO LOBATO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA OFERECIDA. ALEGAÇÃO SUPERADA. TRÂMITE
REGULAR DO FEITO. REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DENEGAÇÃO
DA ORDEM. 1. Extrai-se dos autos que transcorreram, aproximadamente, 30 (trinta) dias
desde a efetivação da prisão preventiva, tendo sido recebida a inicial acusatória, bem como
apresentada resposta à acusação. Dessa forma, além da ausência de demora exacerbada
no trâmite processual, que transcorre normalmente, uma vez ofertada a denúncia, resta
superada a alegação de excesso de prazo para encerramento do inquérito policial, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes. 2. De outro lado, os crimes pelos quais o
paciente fora denunciado, quando somados, alcançam pena máxima superior a 4 (quatro)
anos, atendendo, assim, ao requisito insculpido no Art. 313, I, do CPP. Além do que,
preenchido está o pressuposto previsto no Art. 313, III, do CPP, tendo em vista que o crime
praticado pelo paciente envolve violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo que
a prisão a ele imputada busca assegurar, além da integridade física e psicológica da vítima,
a execução das medidas protetivas de urgência decretadas em favor dela. 3. Uma vez
demonstrados o risco concreto à ordem pública e a necessidade de resguardar a integridade
física da vítima, faz-se imperativa a manutenção da prisão preventiva do agressor, na forma

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 485


do Art. 312 do CPP. 4. Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810881-81.2022.8.10.0000


PACIENTE: FERDINAN CONCEIÇÃO DE CARVALHO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DE BURITICUPU
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. INCOMPATIBILIDADE
DO REGIME SEMIABERTO COM A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
INEXISTÊNCIA. REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA
CAUTELAR. NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.
1. Inexiste constrangimento ilegal na sentença que determina o cumprimento da pena em
regime inicial semiaberto e, ao mesmo tempo, mantém a prisão preventiva, sobretudo,
por se tratar de hipótese envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, como
ocorre no caso presente, em que o paciente, mesmo ciente das medidas protetivas de
urgência que o proibira de manter contato com a vítima, descumprira tais determinações e
ainda a ameaçou verbalmente.
2. No entanto, há que se observar o princípio da proporcionalidade quando da decretação ou
da manutenção da prisão preventiva, apenas sendo imposta quando não forem suficientes,
no caso concreto, as medidas cautelares diversas do encarceramento. Por outro lado, o
cumprimento da custódia cautelar deve sempre ser adequado às condições do regime,
conforme jurisprudência do STJ e do STF. Precedentes.
3. Uma vez demonstrados o risco concreto à ordem pública e a necessidade de resguardar
a integridade física da vítima, faz-se imperativa a manutenção da prisão preventiva do
agressor, na forma do Art. 312 do CPP.
4. Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810956-23.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSILAN OLIVEIRA DA SILVA
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. MARIA LUÍZA RIBEIRO MARTINS
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
DECISÃO FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO
POR OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
1- Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir ou atentar contra a integridade física da
vítima, se posto em liberdade, necessária a manutenção da prisão preventiva para garantia

486 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da ordem pública, bem como inviável sua substituição por outra medida cautelar.
2- A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
3- Habeas Corpus conhecido e denegado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811845-74.2022.8.10.0000


PACIENTE: KEDSON PASSOS DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL – VEP
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EFEITO SUSPENSIVO. AGRAVO DE
EXECUÇÃO. ILEGALIDADE MANIFESTA.
I. A utilização do habeas corpus para a atribuição de efeito suspensivo a agravo de execução
penal é excepcional, somente sendo admissível quando estiver em risco a liberdade do
paciente e a ilegalidade possa ser aferida de plano.
II. Habeas corpus não conhecido.

HABEAS CORPUS No 0804357-68.2022.8.10.0000 - SEGREDO DE JUSTIÇA


PACIENTE: C. A. D.
INT.(S): S. D. L. B.
IMPETRADO(S): JUÍZO DA 2a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE
RISCO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E CONCUSSÃO. DENÚNCIA ANÔNIMA. TRANCAMENTO DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
REALIZADA. CORROBORAÇÃO POR OUTROS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO.
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA. REVOLVIMENTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO
DAS CONDUTAS CRIMINOSAS. INOCORRÊNCIA. DELIMITAÇÃO RAZOÁVEL DOS
FATOS APURADOS. ALEGAÇÃO DE PARCIALIDADE DAS AUTORIDADES POLICIAIS.
NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO SOFRIDO
PELO INVESTIGADO. ILEGALIDADE DA DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA EM SEDE
DE INQUÉRITO POLICIAL. IMPROCEDENTE. POSSIBILIDADE DE PRÉVIO JUÍZO
SOBRE O ENQUADRAMENTO JURÍDICO. ALEGAÇÃO DE DUPLA INVESTIGAÇÃO
SOBRE OS MESMOS FATOS. NÃO DEMONSTRADO. ARQUIVAMENTO POR FALTA DE
JUSTA CAUSA QUE NÃO INDUZ COISA JULGADA MATERIAL. ORDEM PARCIALMENTE
CONHECIDA E DENEGADA.
1. Não há como conhecer do pedido de suspensão do processo administrativo disciplinar, em

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 487


razão da inadequação da via eleita, posto que desse processo não há como resultar risco à
liberdade de locomoção do representado, surtindo efeito, apenas, na esfera administrativa
de direitos.
2. Segundo a jurisprudência do STJ, a denúncia anônima pode dar início à investigação
policial, desde que corroborada por elementos informativos prévios que denotem a
verossimilhança da notícia-crime.
3. No caso, diante da realização de diligências preliminares, materializadas em relatórios
de ordem de serviço, peças cartorárias e dados de georreferenciamento, anteriores à
portaria de instauração do inquérito policial, constata-se que o procedimento investigatório
foi embasado em outros elementos informativos, além da notícia anônima.
4. A comprovação de que policiais civis e militares atuantes no 13º DP estariam realizando,
reiteradamente, ações em casas de jogos de azar fora da circunscrição da sua unidade policial,
inclusive usando um veículo apreendido em outro procedimento investigatório (mencionado
na denúncia), com placa “fria” e sem autorização judicial; somada à comprovação de que,
durante a correição realizada naquela delegacia, não foram encontrados procedimentos
investigatórios, lavrados nesse período (2020 e 2021), versando sobre exploração de
jogos de azar, tampouco evidências de que tenha sido feita a apreensão de máquinas de
jogos, placas ou objetos relacionados às referidas ações, nem mesmo em outras unidades
policiais da mesma circunscrição, é suficiente para a instauração do inquérito policial para
a apuração dos crimes de associação criminosa e concussão, pois torna plausível que
os agentes policiais possam estar exigindo vantagem indevida para deixar de lavrar os
devidos procedimentos investigatórios e, até mesmo, desviando em proveito próprio ou de
terceiros o maquinário apreendido nessas ações.
5. Quanto ao ora paciente – que, no início, quando da instauração do inquérito policial,
ainda não constava formalmente como investigado –, o Juízo de origem asseverou a
existência de indícios de autoria delitiva, baseados em interrogatórios, que indicam que
ele, Supervisor da Seccional Norte – SAISP NORTE (que abrange o 13º DP), autorizava e
orientava as ações policiais nos moldes em que foram realizadas, bem como “[...] no fato
de ele ter sido apontado, por duas vezes, como um dos chefes no esquema sistemático de
corrupção existente: tanto em áudio – anexado pelo relatório de inteligência nº 007/2022 –
CIPC/DGPC/MA (ID 59539896 - Pág. 26 /27), quanto em transcrição de áudio oriundo de
interceptação telefônica. Dentro desse contexto, ainda, foi encontrado o contato dele na
agenda telefônica de um dos contraventores, [M. H. N. de A.], que possuía o intento de se
aproximar do delegado, conforme se extraí do relatório de ordem de serviço (ID 57911855
- págs. 1/5), elaborado considerando as investigações de um procedimento anterior -
inquérito policial nº 24/2020 - 1º DICRIF.”.
6. Diante disso, para desconstituir as conclusões da instância de origem e acolher a tese
defensiva de que não existiriam elementos informativos prévios à instauração do inquérito
policial e de ausência de indícios de autoria e materialidade delitiva, seria necessário o
amplo e aprofundado revolvimento de matéria fático-probatória, procedimento incompatível

488 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


com a via estreita do habeas corpus, sendo incabível, portanto, o trancamento prematuro
do inquérito policial por esse motivo.
7. Não ficou demonstrada a ausência de “descrição” ou de “individualização” das condutas
atribuídas ao paciente, tampouco a ausência de indicação das elementares necessárias à
caracterização dos crimes imputados, pois os fatos objetos da investigação são razoáveis,
não se vislumbrando manifesta teratologia na sua delimitação, consistindo, em apertada
síntese, na “suposta existência de uma associação criminosa, composta por policiais civis
e militares, que estaria se utilizando da função pública de seus integrantes para extorquir
contraventores que atuam na exploração de jogos de azar”, sendo, portanto, fatos previstos
na legislação penal como crimes. Especificamente quanto ao paciente, a conduta imputada
é a de que, na condição de superior hierárquico da Delegada S. D. L. B. e do Investigador
W. M. M. Q., teria concorrido para que as ações policiais ditas ilegais ocorressem da forma
como relatadas, ao autorizar e orientar a atuação desses agentes policiais, bem como ao
ceder ou intermediar a cessão de policiais para as ações (como o próprio W. M. M. Q. e o
policial militar M. J. P), o que teria tornado as circunstâncias dessas ações excessivamente
obscuras e podem ter contribuído, em tese, para a ocultação dos crimes.
8. Não há “inconstitucionalidade” ou ilegalidade a ser reconhecida na decisão que declina
a competência para processamento e julgamento de fatos apurados no inquérito policial,
pois, em que pese não seja o momento procedimental, em regra, adequado para que o
Magistrado exerça juízo sobre o enquadramento jurídico dos fatos narrados – ainda não
há sequer ação penal em curso –, a doutrina e a jurisprudência admitem que aquele o faça
em momento anterior, desde que para beneficiar o réu ou para permitir a correta fixação
da competência ou do procedimento a ser adotado, como ocorreu no presente caso, razão
pela qual não há que se falar em indevida “antecipação ou ratificação” do juízo de valor
sobre os fatos apurados.
9. Não há que falar em afronta ao princípio do juiz natural pelo simples fato de o Juízo da
Central de Inquéritos e Custódia de São Luís ter determinado a redistribuição do inquérito
policial, já concluído e relatado, uma vez que, como é pacífico na jurisprudência deste
Tribunal de Justiça, a competência da Central de Inquéritos e Custódia, por se tratar de
atuação provisória para a resolução de medidas prévias ao encerramento das investigações,
se exaure no momento em que remetido o inquérito policial com o relatório conclusivo,
sendo que, a partir daí, eventuais diligências complementares deverão ser apreciadas pela
unidade jurisdicional a quem posteriormente distribuído o feito, no caso, o Juízo da 2ª Vara
Criminal de São Luís.
10. Não ficou demonstrada a identidade de objetos entre os inquéritos policiais nº 24/2020
e 29/2021 (ora questionado), pois abarcam fatos ocorridos em datas distintas. Ademais,
ainda que coincidentes os fatos apurados nos dois procedimentos, não há ilegalidade na
instauração de novo inquérito policial, após o arquivamento do primeiro, uma vez que,
como se sabe, a decisão de arquivamento do inquérito policial em razão da ausência de
justa causa não faz coisa julgada material, sendo possível que a autoridade policial proceda

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 489


a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia, nos termos do art. 18 do CPP.
11. Ordem parcialmente conhecida e, nessa parte, denegada.

HABEAS CORPUS No 0810262-54.2022.8.10.0000 – PIO XII


PACIENTE: ANTÔNIO NONATO DE JESUS
IMPETRANTE: JOAO DOS REIS VIANA MOTA (OAB/MA no 19.003-A)
IMPETRADO: JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
PROCURADORA: DRA. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS. IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA CONDENATÓRIA.
IMPETRAÇÃO COMO SUCEDÂNEO DE AÇÃO REVISIONAL. PROPOSITURA DE
REVISÃO CRIMINAL COM SIMILITUDE DE FUNDAMENTOS. NÃO CONHECIMENTO.
I. Salvo em situações excepcionais, quando manifesta a ilegalidade ou teratológica a
decisão apontada como coatora, não deve ser conhecido o habeas corpus utilizado como
sucedâneo de revisão criminal. Precedentes.
II. Inadmissível a repetição de argumentos em sede de Revisão Criminal e de Habeas
Corpus em exíguo lapso temporal.
III. Comprovada a utilização do remédio constitucional para obtenção do mesmo fim
almejado/pretendido na via da revisional, o não conhecimento do presente writ é medida
que se impõe.
IV. Habeas corpus não conhecido.

HABEAS CORPUS No 0810462-61.2022.8.10.0000


PACIENTE: MANUEL NADSON ALMEIDA DE SOUSA
IMPETRANTE: HAMILTON MARQUES SILVA - OAB 23196-A
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CÂNDIDO
MENDES/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. REGINA LÚCIA DE ALMEIDA ROCHA
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO
CASO EM CONCRETO E QUE DEPENDE DA ANÁLISE DA GRAVIDADE DO DELITO,
PERICULOSIDADE DO AGENTE E COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO
ERRO NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO. PREJUÍZO À TRAMITAÇÃO DO FEITO NÃO
CONSTATADO.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.
II – Na hipótese dos autos, a ação criminal apresenta notável complexidade e encontra-se
com o trâmite regular, sem demora imputável ao juízo.
490 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL
III – O erro alegado pelo impetrante diz respeito a outro processo, que em nada influiu no
processo ensejou a decretação preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813366-54.2022.8.10.0000


PACIENTE: RAIMUNDO REIS DOS REIS
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: ENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE AVERIGUAÇÃO NA VIA ESTREITA DO MANDAMUS.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS DE ORIGEM.
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. PACIENTE FORAGIDO.
ASSEGURAMENTO DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – É inadequado o manejo do habeas corpus para fins de análise acerca da suposta
ocorrência de legítima defesa. Isso porque a persecução penal ainda se encontra em fase
inicial e, para tal avaliação, se faz necessário o revolvimento do acervo fático-probatório
contido nos autos de origem, o que é inviável na via estreita do mandamus, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes.
II – O crime praticado é dotado de gravidade concreta, especialmente levando em conta
o modus operandi empregado pelo paciente que, após uma discussão, desferiu golpes de
faca no rosto e no ombro da vítima – que era sua enteada –, levando-a a óbito.
III – Observa-se ainda que o paciente ameaçou matar a genitora da vítima, sua companheira,
o que indica que, caso seja revogada a prisão preventiva do paciente, poderá ocasionar
risco à integridade física da genitora da vítima, ou até mesmo à sua vida.
IV – Estando o paciente foragido até o presente momento, justifica-se a manutenção da prisão
preventiva do paciente com o fito de assegurar a futura aplicação da lei penal, conforme
entendimento consolidado do STJ. Outrossim, a simples existência de circunstâncias
pessoais favoráveis, por si só, não constitui óbice à manutenção da prisão, desde que se
verifique o preenchimento dos requisitos exigidos por lei para imposição da segregação
provisória, como ocorre no caso em tela.
V – Dessa forma, e diante do risco concreto à ordem pública, dada a possibilidade concreta
de reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva da paciente, na
forma do artigo 312 do Código de Processo Penal.
VI – Conhecimento parcial e, na parte a ser conhecida, denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811628-31.2022.8.10.0000


PACIENTE: LEANDRO DE NASCIMENTO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 491


IMPETRADO: JUÍZO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL INSTAURADO.
TRAMITE REGULAR DO FEITO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I - O pedido de instauração do incidente de insanidade mental feito pela defesa, ao suspender
a ação principal, naturalmente prolonga o trâmite processual, contudo não configura excesso
de prazo capaz de justificar a coação ilegal.
II - Não há que se falar em excesso de prazo quando o trâmite do processo penal de origem
está regular, sem morosidade imputável ao juízo de base.
III - Habeas Corpus conhecido. Ordem denegada

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811185-80.2022.8.10.0000


PACIENTE: WEURIMAR OLIVEIRA PONTES
IMPETRADO: JUÍZO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE IMPERATRIZ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. QUESTÕES RELACIONADAS
À EXECUÇÃO DA PENA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CONCESSÃO DA ORDEM DE
OFÍCIO EM CASO DE ILEGALIDADE MANIFESTA. NÃO DEMONSTRAÇÃO. DEMORA
JUDICIAL NÃO CARACTERIZADA. PEDIDOS DEVIDAMENTE APRECIADOS PELA
AUTORIDADE COATORA EM PRAZO RAZOÁVEL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. NÃO CONHECIMENTO DO HABEAS CORPUS.
I Em regra, a via estreita do habeas corpus não é adequada para análise de questões
relacionadas à execução da pena, que devem ser avaliadas pelo Juízo da Execução Penal
respectivo. Nessa senda, compete ao apenado utilizar-se dos recursos cabíveis em caso de
indeferimento dos pleitos formulados, ressalvada, contudo, a possibilidade de concessão
da ordem, de ofício, em caso de patente ilegalidade. Precedentes.
II No caso em tela, não se verifica a alegada demora judicial para apreciação dos pedidos
de concessão de benefícios em favor do paciente. Isso porque a suposta desídia não deve
ser aferida a partir de um simples cálculo aritmético, devendo ser levados em conta diversos
fatores, como existência de incidentes na execução, necessidade de novos cálculos, por
exemplo.
III Ademais, constatou-se que, após a consecução das diligências solicitadas pelo magistrado,
todos os pedidos formulados pela defesa do paciente foram devidamente apreciados pelo
juízo impetrado em tempo razoável.
VI Portanto, inexistindo constrangimento ilegal a ser sanado, não deve ser conhecido o
presente writ.
V Não conhecimento do habeas corpus.

492 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811186-65.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOSEMAR ANTÔNIO DA CONCEIÇÃO SILVA
IMPETRADO: CENTRAL DE CUSTÓDIA DE IMPERATRIZ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRESENÇA DE REQUISITOS
DA PRISÃO PREVENTIVA. ALEGAÇÃO DE INSANIDADE MENTAL E INIMPUTABILIDADE.
NÃO CARACTERIZADAS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE EVIDENCIEM A
INIMPUTABILIDADE ATUAL. NECESSIDADE DE AFERIÇÃO MEDIANTE INCIDENTE DE
INSANIDADE MENTAL, VEDADA EM SEDE DE HABEAS CORPUS.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente foi preso em razão da prática de crime de homicídio,
e há informações que apontam para um comportamento agressivo, denotando assim a
periculosidade do agente.
III – A alegação de insanidade mental não restou comprovada, tendo em vista a ausência
de documentos atuais comprobatórios nesse sentido, que permitam aferir a evolução e o
estado atual da doença que lhe acomete.
IV - Tendo sido instaurado incidente de insanidade mental na ação penal, deve-se aguardar
o seu processamento nas vias ordinárias, a fim de corretamente averiguar o estado de
saúde mental do acusado.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811169-29.2022.8.10.0000


PACIENTE: MATEUS VITOR ALVES COSTA
IMPETRADO: JUÍZO DA 1a VARA DA COMARCA DE COELHO NETO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA POSSIBILIDADE
DE REITERAÇÃO DELITIVA DO PACIENTE. INVIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. INVASÃO DE DOMICÍLIO E ILICITUDE
DAS PROVAS. NÃO CONFIGURAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, embora seja réu primário, as circunstâncias do flagrante,
notadamente a quantidade de drogas e a existência de um estabelecimento em que o

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 493


paciente pratica o tráfico, evidenciam a possibilidade real de reiteração delitiva e o
consequente risco à ordem pública.
III - Não há falar em invasão de domicílio quando, de acordo com depoimento dos policiais,
o próprio acusado levou os agentes policiais ao local onde era praticado o crime. Outrossim,
o crime de tráfico, dada sua natureza permanente, permite a configuração de flagrante a
qualquer tempo.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810842-84.2022.8.10.0000


PACIENTE: CID ROBERTO SILVA MOREIRA, WILLIAN THIAGO SILVA MOREIRA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE GUIMARAES – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. ART. 33 DA LEI 11.343/06. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
DO DECRETO PREVENTIVO. NÃO OCORRÊNCIA. NEGATIVA DE AUTORIA. VIA
INADEQUADA. PRESENTES OS PRESSUPOSTOS DA PRISÃO CAUTELAR. GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. EXCESSO DE
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. SUPERADO. ORDEM DENEGADA.
1. Em análise da decisão que decretou a prisão preventiva, verifico devidamente
fundamentada na garantia da ordem pública.
2. Consoante a jurisprudência pátria uníssona, não é possível o revolvimento do acervo
fático probatório pela via estreita do Habeas Corpus.
3. In casu, resta superada a alegação de excesso de prazo, tendo em vista que a denúncia
foi oferecida pelo Ministério Público Estadual em 07 de junho de 2022.
4. Assiste razão ao juízo a quo que decretou a prisão preventiva dos pacientes, vislumbrando
que a decretação da custódia preventiva é a única providência necessária e adequada para
garantir a ordem pública e a instrução criminal, em face dos elementos coligidos nos autos.
5. Prisão preventiva com o intuito de resguardar a ordem pública, nos moldes do art. 312,
do CPP.
6. Ordem Denegada.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810729-33.2022.8.10.0000


PACIENTE: KANIDIO CARDOSO MENEZES
IMPETRADO: JUÍZO DA CENTRAL DE INQUÉRITO E CUSTÓDIA DA COMARCA DE
IMPERATRIZ/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE. INVIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS

494 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente responde a outra ação penal pelo mesmo crime, na
qual lhe foi concedida liberdade provisória com deferimento de cautelares alternativas, no
entanto, tornou a ser preso em flagrante por delito de tráfico.
III – A comprovada reiteração delitiva denota o risco à ordem pública e autoriza a decretação
de prisão preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0808878-56.2022.8.10.0000


PACIENTE: DAVI DE ARAÚJO TELLES, LÍVIO ESTRELA SOARES, PEDRO IGOR
NASCIMENTO DA SILVA
IMPETRADO: JUÍZO DA OITAVA VARA CRIMINAL DA COMARCA DA ILHA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. POSSIBILIDADE. DENÚNCIA QUE NÃO DESCREVE SUFICIENTEMENTE O
CRIME E AS RESPECTIVAS CIRCUNSTÂNCIAS. AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA
CONDUTA DO PACIENTE. IMPUTAÇÃO GENÉRICA DE FATOS. NÃO DEMONSTRAÇÃO
DE VÍNCULO ENTRE O AGENTE E O DELITO ALEGADAMENTE PERPETRADO.
CONCESSÃO DA ORDEM.
I Somente é possível o trancamento da ação penal pela via estreita do writ quando se
constatar, de plano, a inexistência de justa causa para o prosseguimento da persecução
penal, segundo entendimento consolidado da jurisprudência pátria. Precedentes.
II A exposição do fato, com todas as suas circunstâncias, consiste em um dos requisitos
essenciais da denúncia, como previsto no art. 41 do CPP, sob pena de inépcia da peça
inicial acusatória.
III No caso em tela, observo que a denúncia deixou de individualizar a conduta praticada
pelo paciente, tendo imputado a ele a prática do crime previsto no art. 68 da Lei nº 9.605/98
pelo simples fato dele figurar como dirigente da empresa concessionária de serviço público.
IV Não se pode admitir, na inicial acusatória, a imputação genérica dos fatos ao paciente,
fundada apenas na sua posição de chefia da empresa, tendo em vista que somente se
admite a responsabilização penal quando apontado o liame subjetivo entre a conduta e o
agente.
V Embora se trate de crime de autoria coletiva, entendo que o Ministério Público deixou de

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 495


apontar como o paciente teria concorrido para a prática delitiva, o que inviabilizou o exercício
do contraditório e da ampla defesa, caracterizando, dessa forma, o constrangimento ilegal
alegado.
VI Concessão da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811199-64.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOÃO LUÍS CARVALHO DE SÁ, MAIKE SILVA SÁ
IMPETRADO: JUÍZO DA VARA ÚNICA DE BURITI BRAVO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA,
MAS CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE FIANÇA. RÉU ECONOMICAMENTE
HIPOSSUFICIENTE. POSSIBILIDADE DE DISPENSA DA FIANÇA. ORDEM CONCEDIDA
PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COM EXTENSÃO A TODO O TERRITÓRIO
NACIONAL, EM HABEAS CORPUS COLETIVO .
I - No caso dos autos, o juízo a quo concedeu a liberdade provisória ao paciente, aplicando-
lhe medidas cautelares diversas da prisão, mas condicionou a soltura ao pagamento de
fiança.
II – Em apreciação de habeas corpus coletivo, o Superior Tribunal de Justiça concedeu a
ordem, com extensão a todo o território nacional, em favor de todos os réus e investigados
que se encontrassem presos em razão unicamente do não pagamento de fiança.
III – Na hipótese dos autos, o paciente é economicamente hipossuficiente e se adequa ao
caso do STJ, razão pela qual impõe-se a dispensa de fiança para autorizar a sua soltura.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811588-49.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO IVAN DE ARAÚJO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUÍZO DA 2 VARA DA COMARCA DE BARRA DO CORDA/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA,
MAS CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE FIANÇA. RÉU ECONOMICAMENTE
HIPOSSUFICIENTE. POSSIBILIDADE DE DISPENSA DA FIANÇA. ORDEM CONCEDIDA
PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COM EXTENSÃO A TODO O TERRITÓRIO
NACIONAL, EM HABEAS CORPUS COLETIVO
I - No caso dos autos, o juízo a quo concedeu a liberdade provisória ao paciente, aplicando-
lhe medidas cautelares diversas da prisão, mas condicionou a soltura ao pagamento de
fiança.

496 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


II – Em apreciação de habeas corpus coletivo, o Superior Tribunal de Justiça concedeu a
ordem, com extensão a todo o território nacional, em favor de todos os réus e investigados
que se encontrassem presos em razão unicamente do não pagamento de fiança.
III – Na hipótese dos autos, o paciente é economicamente hipossuficiente e se adequa ao
caso do STJ, razão pela qual impõe-se a dispensa de fiança para autorizar a sua soltura.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.
Participaram do julgamento, além da Relatora, os Senhores Desembargadores GERVÁSIO
PROTÁSIO DOS SANTOS e SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811786-86.2022.8.10.0000


PACIENTE: RAFAEL PALHARINI, RAFAEL RODRIGUES MARIA e REVERSON OLIVEIRA
DOS SANTOS
IMPETRADO: JUÍZO DA 1a VARA DA COMARCA DE COROATÁ
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ILEGALIDADE DA PRISÃO
PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. POSSIBILIDADE.
REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I - Não há que se falar em violação ao dever de fundamentação das decisões judiciais,
insculpido no Art. 93, IX, da CF, já que a motivação sucinta não se confunde com falta
de fundamentação, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça.
Precedentes. II - De outro lado, os crimes pelos quais os pacientes foram denunciados,
quando somados, alcançam pena máxima superior a 4 (quatro) anos, atendendo, assim, ao
requisito insculpido no Art. 313, I, do Código de Processo Penal. Ademais, a grande quantidade
de drogas apreendida (138 quilos) e a caracterização de possível tráfico interestadual de
substâncias entorpecentes denotam risco concreto à ordem pública, em virtude do elevado
grau de periculosidade dos agentes e da grande probabilidade de reiteração delitiva, razão
pela qual impende a manutenção da prisão preventiva dos pacientes, na forma do Art. 312
do Código de Processo Penal. III - Denegação da ordem. Unanimidade.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811569-43.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCINALDO MOREIRA GUILHON
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
TRAMITAÇÃO DO FEITO. ALEGADO EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 497


OCORRÊNCIA. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. POSSIBILIDADE.
ORDEM CONCEDIDA EM PARTE.
I. Quanto ao alegado excesso de prazo para a formação da culpa, deve-se destacar que a
prisão cautelar é uma medida extrema que priva o réu da sua liberdade antes do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória, portanto, exige-se que, tanto o procedimento
inquisitivo, quanto a instrução criminal, tramitem com celeridade.
II. Considerando que o paciente encontra-se recluso há mais 05 (cinco) meses, com
designação de data para audiência de instrução sem atentar para o caráter prioritário do
feito, resta configurado o constrangimento ilegal.
III. Em circunstâncias em que configurado o constrangimento por excesso de prazo, é
possível a imposição das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, de sorte a preservar a integridade das provas e assegurar o cumprimento da lei
penal.
IV. Ordem conhecida e concedida parcialmente.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos de Habeas Corpus Criminal nº 0811569-
43.2022.8.10.0000, “unanimemente e contrariando o parecer da douta Procuradoria
Geral de Justiça, a Terceira Câmara Criminal concedeu a ordem, nos termos do voto do
Desembargador Relator”.
Votaram os Senhores Desembargadores Gervásio Protásio dos Santos Júnior (Relator),
Sônia Maria Amaral Fernandes Ribeiro (Revisora) e Sebastião Joaquim Lima Bonfim.
Funcionou pela Procuradoria Geral de Justiça o Dr. Joaquim Henrique de Carvalho Lobato.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812344-58.2022.8.10.0000


PACIENTE: ANTÔNIO JEFFERSON BEZERRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DE SANTA RITA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RELAXAMENTO DA PRISÃO.
EXCESSO DE PRAZO. NÃO OCORRÊNCIA. DIVERSOS CRIMES E NECESSIDADE
DE DESMEMBRAMENTO DO FEITO. MAIOR COMPLEXIDADE. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Para a soltura de paciente, sob a justificativa de excesso de prazo para formação da
culpa, exige-se uma análise mais aprofundada do caso, em que devem ser consideradas
circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade do agente, o estado
de tramitação da ação criminal e a própria complexidade desta.
II – No presente caso, não houve desídia por parte do órgão julgador ou da acusação, bem
como que o trâmite procedimental tramita regularmente, sem maiores atrasos, especialmente

498 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


levando em conta a quantidade de crimes apurados, o que acarreta, naturalmente, uma
maior demora na tramitação do feito, dada a complexidade dos fatos e a necessidade do
desmembramento do inquérito, como bem apontado pelo Órgão Ministerial.
III – Observa-se que o crime alegadamente praticado é dotado de extrema gravidade,
dado o modus operandi que teria sido empregado pelo paciente, ao cobrar da vítima o
pagamento de quantia para devolução de sua própria motocicleta, que havia sido roubada
anteriormente. Além do mais, o paciente ainda exibiu arma de fogo para a nora da vítima
em seu local de trabalho e afirmado ser integrante de facção criminosa (Bonde dos 40),
com o claro intuito de intimidá-la.
IV – Assim, diante do risco concreto à ordem pública e como forma de resguardar a
integridade física das vítimas, impende a manutenção da prisão preventiva do agressor, na
forma do art. 312 do Código de Processo Penal.
V – Lado outro, a gravidade concreta da infração penal, acima demonstrada, obsta o
esgotamento do periculum libertatis somente pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato
de a custódia cautelar ter sido decretada há dois anos, por si só, não caracteriza ilegalidade
a ser sanada, tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a
garantia da ordem pública, bem como que a custódia cautelar foi renovada recentemente
pelo juízo a quo.
VI – Denegação da ordem. Unanimidade.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812705-75.2022.8.10.0000
PACIENTE: FLÁVIO LIMA DE SOUSA
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE GOVERNADOR NUNES FREIRE
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE
REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE COMPROVADA. PRESENÇA DE INDÍCIOS DE AUTORIA QUE BASTAM
PARA RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL. AUSÊNCIA DE RESIDÊNCIA FIXA E EVASÃO DO
DISTRITO DA CULPA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu foi identificado como o suspeito que aparece em um vídeo
no qual uma criança é abusada sexualmente por um homem na beira de uma estrada no
interior do Maranhão.
III - Em que pese a negativa de autoria do crime, a semelhança inicial entre o paciente e o
sujeito que aparece na gravação é suficiente para caracterizar os indícios da autoria, que
poderão ser afastados pelo réu ao longo da instrução processual.
IV - A ausência de residência fixa, bem como o fato de o paciente morar em seu carro e
ter sido preso em outra cidade, meses após a decretação da prisão, evidenciam o risco à

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 499


aplicação da lei penal.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814307-04.2022.8.10.0000
PACIENTE: ALESSANDRO BENSON GODOIS RANGEL
IMPETRADO: JUIZ DO PLANTÃO CRIMINAL DA ILHA DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE. INVIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente já havia sido preso em flagrante pelo mesmo crime,
tendo sido lhe concedida liberdade provisória com deferimento de cautelares alternativas,
no entanto, tornou a ser preso em flagrante por delito de tráfico.
III – A comprovada reiteração delitiva denota o risco à ordem pública e autoriza a decretação
de prisão preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815119-46.2022.8.10.0000
PACIENTE: CLEITON MARINHO SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE PEDREIRAS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE. INVIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente cumpre pena por outro delito cometido e se encontrava
em gozo de saída temporária. No entanto, tornou a ser preso em flagrante pelo crime de
lesão corporal.
III – A comprovada reiteração delitiva denota o risco à ordem pública e autoriza a decretação
de prisão preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

500 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815225-08.2022.8.10.0000
PACIENTE: EDIVALDO VERAS DE LIMA
IMPETRADO: JUIZ DA 3a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TIMON-MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO.
INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO CASO EM CONCRETO E QUE DEPENDE
DA ANÁLISE DA GRAVIDADE DO DELITO, PERICULOSIDADE DO AGENTE E
COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. PROCESSO COM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
DESIGNADA PARA DATA PRÓXIMA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. LESÃO
CORPORAL CONTRA COMPANHEIRA. NECESSIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA
PARA RESGUARDAR A INTEGRIDADE FÍSICA DA VÍTIMA. REITERAÇÃO DELITIVA DO
PACIENTE QUE JÁ RESPONDIA A OUTRA AÇÃO PENAL POR AMEAÇA.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.
II – Na hipótese dos autos, a ação criminal encontra-se com audiência designada para data
próxima, ocasião em que será encerrada a instrução, não havendo de se falar em excesso
de prazo.
III - A prisão preventiva, em situações de violência doméstica, se faz necessária para
resguardar a integridade física da vítima, mormente quando há um histórico de agressões
contra a mulher. Previsão expressa de decretação de prisão preventiva na Lei Maria da
Penha, que se justifica pelas peculiaridades dos casos que envolvem violência doméstica
e pelo risco concreto à vida da mulher.
IV - Na espécie, o paciente já respondia a outra ação penal pelo crime de ameaça contra
a mesma companheira, e se encontrava em gozo de liberdade provisória quando cometeu
as novas agressões.
V – Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814950-59.2022.8.10.0000
PACIENTE: ÍTALO ANDRÉ DE OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE SANTA INÊS
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.
BENEFÍCIO CONCEDIDO NA ORIGEM. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. PEDIDO
PREJUDICADO. LIVRAMENTO CONDICIONAL. PLEITO PENDENTE DE APRECIAÇÃO
NA INSTÂNCIA DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
I. Cessado o alegado constrangimento ilegal com a concessão do benefício da progressão
de regime pela autoridade impetrada, nesse ponto, resta prejudicada a análise do presente
remédio constitucional, com fulcro no art. 659 do Código de Processo Penal e 428 do

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 501


RITJMA, em razão da perda superveniente do objeto.
II. Inexistindo enfrentamento do pleito referente à concessão do livramento condicional na
instância de origem, é vedado ao juízo ad quem apreciar a matéria, sob pena de indevida
supressão de instância.
III. Ordem prejudicada, quanto ao pleito de progressão de regime, e, não conhecida, no que
tange à concessão do benefício do livramento condicional.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812312-53.2022.8.10.0000
PACIENTE: ANA CÉLIA SOARES ARAÚJO
IMPETRADO: ATO DO JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SÃO VICENTE FERRER
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SUPOSTA VIOLAÇÃO AO
ART 24-A DA LEI Nº 11340/06 E ART. 329, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. LIBERDADE
PROVISÓRIA NEGADA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. ENCARCERMANETO
NÃO SE MOSTRA INDISPENSÁVEL. ORDEM CONCEDIDA.
I. Paciente se encontra presa preventivamente em razão da suposta violação ao art. 24-A da
Lei nº 11.340/06 e artigo 329, caput, do Código Penal, praticado em face de sua ascendente.
III. Reforça a desnecessidade da segregação cautelar, a constatação de que a ofendida
requereu a desistência das medidas decretadas em face da paciente, pleito já homologado,
com a consequente extinçãod o feito sem apreciação do mérito, além da revogação expressa
das medidas cautelares.
IV. Inexistência de outro registro desabonador em nome da paciente, o que denota sua
primariedade e ausência de indicativos de periculosidade exacerbada, a ponto de oferecer
risco à ordem pública, não se vislumbrando, atualmente, a existência de perigo decorrente
do seu estado de liberdade, sobretudo porque a paciente se mostrou profundamente
arrependida e disposta a não mais adotar qualquer atitude agressiva em relação à mãe.
III. Ordem concedida.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813366-54.2022.8.10.0000
PACIENTE: RAIMUNDO REIS DOS REIS
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE AVERIGUAÇÃO NA VIA ESTREITA DO MANDAMUS.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS DE ORIGEM.
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. PACIENTE FORAGIDO.
ASSEGURAMENTO DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – É inadequado o manejo do habeas corpus para fins de análise acerca da suposta
ocorrência de legítima defesa. Isso porque a persecução penal ainda se encontra em fase
inicial e, para tal avaliação, se faz necessário o revolvimento do acervo fático-probatório

502 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


contido nos autos de origem, o que é inviável na via estreita do mandamus, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes.
II – O crime praticado é dotado de gravidade concreta, especialmente levando em conta
o modus operandi empregado pelo paciente que, após uma discussão, desferiu golpes de
faca no rosto e no ombro da vítima – que era sua enteada –, levando-a a óbito.
III – Observa-se ainda que o paciente ameaçou matar a genitora da vítima, sua companheira,
o que indica que, caso seja revogada a prisão preventiva do paciente, poderá ocasionar
risco à integridade física da genitora da vítima, ou até mesmo à sua vida.
IV – Estando o paciente foragido até o presente momento, justifica-se a manutenção da prisão
preventiva do paciente com o fito de assegurar a futura aplicação da lei penal, conforme
entendimento consolidado do STJ. Outrossim, a simples existência de circunstâncias
pessoais favoráveis, por si só, não constitui óbice à manutenção da prisão, desde que se
verifique o preenchimento dos requisitos exigidos por lei para imposição da segregação
provisória, como ocorre no caso em tela.
V – Dessa forma, e diante do risco concreto à ordem pública, dada a possibilidade concreta
de reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva da paciente, na
forma do artigo 312 do Código de Processo Penal.
VI – Conhecimento parcial e, na parte a ser conhecida, denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814983-49.2022.8.10.0000


PACIENTE: RENATO BRUNO OLIVEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SÃO JOÃO DOS PATOS/MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. RELAXAMENTO DA
PRISÃO PREVENTIVA. REJEIÇÃO. EXCESSO DE PRAZO NÃO CARACTERIZADO.
ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. ALEGAÇÃO SUPERADA. RISCO
CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. DESRESPEITO AO PRAZO
NONAGESIMAL PARA REAVALIAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. IMPOSSIBILIDADE DE
REVOGAÇÃO AUTOMÁTICA DA PRISÃO. DETERMINAÇÃO AO JUÍZO COMPETENTE
QUE REAVALIE A NECESSIDADE DA CUSTÓDIA. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Em exame dos autos, constato que transcorreu, aproximadamente, 1 (um) ano e 8 (oito)
meses desde a prisão preventiva do paciente. Ainda: por meio de consulta ao sistema
PJE, vejo que foram realizadas duas audiências de instrução, com a inquirição de todas as
testemunhas arroladas pelas partes e o interrogatório do réu, não tendo as partes pugnado
pela realização de novas diligências. Portanto, tendo sido encerrada a instrução criminal
e estando em curso o prazo para apresentação de alegações finais pelas partes, resta
superado o argumento de excesso de prazo, conforme consta do enunciado da Súmula nº
52 do Superior Tribunal de Justiça.
II – Cumpre apontar, ainda, a gravidade concreta dos delitos praticados pelo paciente, eis

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 503


que, além das substâncias entorpecentes, o paciente ainda portava arma de fogo com
munições intactas, o que evidencia o risco de abalo à ordem pública. Outrossim, não
vislumbro nenhuma alteração fática apta a afastar a prova da materialidade delitiva, os
indícios de autoria ou o risco à ordem pública, razão pela qual deve ser denegada a ordem
vindicada.
III – Por fim, quanto à alegação de desrespeito ao prazo nonagesimal para reavaliação da
prisão preventiva, insculpido no art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal, o
Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça assentaram o entendimento de
que a inobservância do citado prazo não enseja automática revogação da custódia cautelar,
no entanto, deve o juiz responsável ser instado a reanalisar os fundamentos da prisão.
IV – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815665-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: KERTON ROBERTO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
IMPETRADO: 2a VARA CRIMINAL DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS. INOCORRÊNCIA. RÉU FORAGIDO HÁ 02 ANOS.
RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu é acusado da prática de crime de homicídio em 2020,
tendo sua prisão preventiva decretada ainda nesse ano, logo após ter sido relaxada a
prisão temporária. Estando o réu foragido desde então, evidencia-se o risco à aplicação da
lei penal.
III - Não há falar em ausência de contemporaneidade da prisão preventiva quando a demora
para efetivação da prisão não é imputável ao juízo, mas sim ao comportamento de fuga do
próprio acusado.
IV - A materialidade do delito e os indícios de autoria restaram plenamente demonstrados
pelas provas dos autos, bem como o risco à ordem pública e à aplicação da lei penal,
sendo plenamente idônea a fundamentação da decisão do juízo a quo decretando a prisão
preventiva.
V - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815529-07.2022.8.10.0000
PACIENTE: WELINTON RODRIGUES DA SILVA, ADONIAS FERREIRA DO NASCIMENTO
IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, JUIZ DA VARA
ÚNICA DE PARAIBANO

504 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, restou comprovada a materialidade delitiva pelo exame cadavérico. Por
outro lado, verifica-se a presença de indícios de autoria, como bem apontado pelo juízo
a quo, já que o paciente trabalhava e morava com a vítima em sua residência, tendo, no
entanto, se evadido do município logo após o crime. Ainda foram registrados barulhos de
discussões e gemidos no local, pouco antes de a vítima ter sido encontrada morta.
II – Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal, reputados como presentes pela autoridade coatora
na decisão que decretou a prisão preventiva, em razão do modus operandi adotado pelos
autores do crime, e da incerteza de que o paciente não se furtará do distrito da culpa,
especialmente considerando que sua prisão somente foi efetuada no estado de Goiás.
III – Dessa forma, não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação
concreta da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no
caso concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da
ordem social, no caso em tela, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
IV – Também observa-se a contemporaneidade entre os fatos apurados e a imposição
do cárcere, considerando a proximidade entre a prática delituosa e decretação da prisão
temporária, posteriormente convertida em preventiva. Ainda que não fosse o caso, a
gravidade concreta da infração penal obsta o esgotamento do periculum libertatis somente
pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada algum
tempo após a ocorrência dos fatos, por si só, não caracteriza ilegalidade a ser sanada,
tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a garantia da
ordem pública.
V – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815665-04.2022.8.10.0000


PACIENTE: KERTON ROBERTO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
IMPETRADO: 2a VARA CRIMINAL DE AÇAILÂNDIA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS. INOCORRÊNCIA. RÉU FORAGIDO HÁ 02 ANOS.
RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 505


penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o réu é acusado da prática de crime de homicídio em 2020,
tendo sua prisão preventiva decretada ainda nesse ano, logo após ter sido relaxada a
prisão temporária. Estando o réu foragido desde então, evidencia-se o risco à aplicação da
lei penal.
III - Não há falar em ausência de contemporaneidade da prisão preventiva quando a demora
para efetivação da prisão não é imputável ao juízo, mas sim ao comportamento de fuga do
próprio acusado.
IV - A materialidade do delito e os indícios de autoria restaram plenamente demonstrados
pelas provas dos autos, bem como o risco à ordem pública e à aplicação da lei penal,
sendo plenamente idônea a fundamentação da decisão do juízo a quo decretando a prisão
preventiva.
V - Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815529-07.2022.8.10.0000
PACIENTE: WELINTON RODRIGUES DA SILVA, ADONIAS FERREIRA DO NASCIMENTO
IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, JUIZ DA VARA
ÚNICA DE PARAIBANO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, restou comprovada a materialidade delitiva pelo exame cadavérico. Por
outro lado, verifica-se a presença de indícios de autoria, como bem apontado pelo juízo
a quo, já que o paciente trabalhava e morava com a vítima em sua residência, tendo, no
entanto, se evadido do município logo após o crime. Ainda foram registrados barulhos de
discussões e gemidos no local, pouco antes de a vítima ter sido encontrada morta.
II – Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal, reputados como presentes pela autoridade coatora
na decisão que decretou a prisão preventiva, em razão do modus operandi adotado pelos
autores do crime, e da incerteza de que o paciente não se furtará do distrito da culpa,
especialmente considerando que sua prisão somente foi efetuada no estado de Goiás.
III – Dessa forma, não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação
concreta da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no
caso concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da
ordem social, no caso em tela, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
IV – Também observa-se a contemporaneidade entre os fatos apurados e a imposição
do cárcere, considerando a proximidade entre a prática delituosa e decretação da prisão

506 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


temporária, posteriormente convertida em preventiva. Ainda que não fosse o caso, a
gravidade concreta da infração penal obsta o esgotamento do periculum libertatis somente
pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada algum
tempo após a ocorrência dos fatos, por si só, não caracteriza ilegalidade a ser sanada,
tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a garantia da
ordem pública.
V – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813861-98.2022.8.10.0000


PACIENTE: LUÍS FERNANDO BARBOSA LEAL
IMPETRADO: JUIZ DA 4 VARA BALSAS/MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIADAORDEM PÚBLICADECORRENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS
DA PRISÃO EM FLAGRANTE, ALÉM DA NATUREZA E DA QUANTIDADE DAS DROGAS.
INVASÃO DE DOMICÍLIO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública, se
presentes a prova da materialidade e indícios de autoria do delito e se inviável a aplicação
de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, o paciente foi preso em flagrante na posse de armas de fogo
e munição, de relevante quantidade de maconha e de cocaína e de itens como balanças
de precisão e utensílios para manuseio de entorpecentes. Assim, a custódia cautelar se
justifica para resguardar a ordem pública.
III – Não há falar em invasão de domicílio quando a ação policial se baseia em motivação
idônea. Além disso, o crime de tráfico, dada sua natureza permanente, permite a configuração
de flagrante a qualquer tempo.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817075-97.2022.8.10.0000
PACIENTE: JAIME SANDRO CORREA PIMENTA
IMPETRADO: 3a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PINHEIRO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. DECRETAÇÃO DE PRISÃO
PREVENTIVA EM SENTENÇA CONDENATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. RÉU QUE PERMANECEU SOLTO DURANTE TODA
A INSTRUÇÃO PROCESSUAL, SEM FATOS NOVOS QUE AUTORIZEM A CUSTÓDIA
CAUTELAR.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 507


aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, embora já tenha sido enfrentada a questão da materialidade e
autoria na sentença condenatória, não restou demonstrado o risco à ordem pública ou à
aplicação da lei penal, notadamente porque o réu permaneceu solto durante toda a instrução
processual, sem notícias de que tenha se envolvido em outra atividade delituosa ou de que
pretende se evadir de alguma forma.
III - Habeas corpus conhecido para conceder a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816770-16.2022.8.10.0000
PACIENTE: JANIELSON SOARES
IMPETRADO: MM. JUIZ DA 3a VARA CRIMINAL DE PINHEIRO/MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
DECISÃO: Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de JANIELSON SOARES, contra
ato do juízo da ATO DO JUÍZO DA 3ª VARA CRIMINAL DE PINHEIRO/MA, que manteve a
prisão preventiva em razão da acusação da prática de homicídio.
Narra a denúncia que no dia 24 de abril de 2022, por volta das 18 horas, no clube da AABB,
em Pinheiro, o paciente, em união de desígnios com outros dois corréus, agrediu com
socos e pontapés a vítima JOSÉ DOMINGOS CAMPOS ALMEIDA, em um linchamento
público que que resultou a morte comprovada.
Segundo consta, na ocasião, após uma discussão entre um homem de nome Wariston de
Jesus Silva e sua namorada, a vítima José Domingos foi até seu carro, pegou uma arma e
disparou contra Wariston, que caiu ao chão. Ato contínuo, os primos de Wariston, Francisco
Privado e JANIELSON SOARES, ora paciente, partiram para cima da vítima e iniciaram
uma sequência de agressões contra a vítima, que posteriormente veio a óbito em razão
de traumatismo craniano sofrido. Em sede policial, os acusados relataram ainda que um
terceiro, DANIEL DINIZ, havia participado das agressões. Os fatos foram registrados em
vídeo por populares no local.
Os réus foram presos em flagrante. Em audiência de custódia, as prisões em flagrante
foram convertidas em prisões preventivas. Foram formulados pedidos de relaxamento das
prisões no juízo de primeiro grau, sendo todos indeferidos.
A denúncia foi recebida no dia 12 de agosto de 2022.
Em 04/10/2022, a prisão preventiva foi revogada pelo juízo a quo, tendo em vista o excesso
de prazo.
2 Linhas argumentativas da decisão
Com a revogação da prisão preventiva do paciente, constata-se a perda superveniente do
objeto do presente remédio constitucional, o que, por conseguinte, prejudica a análise do
mérito da ação.
Impõe-se, destarte, a extinção do feito sem resolução de mérito.
3 Legislação aplicável
3.1 Código de Processo Penal
3.1 Art. 647: Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência

508 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar.
3.2 Art. 659: Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal,
julgará prejudicado o pedido.
4 Parte dispositiva
Pelo exposto, em acordo com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, julgo prejudicado
o presente habeas corpus, em razão da perda superveniente do seu objeto, e julgo extinto
o processo sem julgamento de seu mérito.
Publique-se. Intime-se. Dê-se ciência ao Ministério Público. Arquive-se, após certificado o
trânsito em julgado.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818996-91.2022.8.10.0000
PACIENTE: KATIANE SANTOS MORAES
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA DO JURI DA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE
REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO VERIFICAÇÃO.
GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. RISCO À ORDEM PÚBLICA. RÉ FORAGIDA HÁ
MAIS DE UM ANO. RISCO À APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PACIENTE COMO ÚNICA
RESPONSÁVEL PELO CUIDADO DE CRIANÇAS MENORES. NÃO COMPROVAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da aplicação da lei
penal, se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for
inviável a aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, a ré é acusada da prática de crime de homicídio cometido
em 2020, tendo sua prisão preventiva decretada quando do recebimento da denúncia, em
2021. Estando a ré foragida desde então, evidencia-se o risco à aplicação da lei penal.
III - A materialidade do delito e os indícios de autoria restaram plenamente demonstrados
pelas provas dos autos, bem como o risco à ordem pública e à aplicação da lei penal,
sendo plenamente idônea a fundamentação da decisão do juízo a quo decretando a prisão
preventiva.
IV - O entendimento do Supremo Tribunal Federal adotado no habeas corpus coletivo nº
143.641/SP, que concedeu a ordem para determinar a substituição da prisão preventiva
pela domiciliar de todas as mulheres presas, puérperas ou mães de crianças, enquanto
perdurar tal condição, admite como exceção os casos de crimes praticados por elas
mediante violência. Previsão contida também no art. 318-A do Código de Processo Penal.
V - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816767-61.2022.8.10.0000
PACIENTE: FRANCISCO PRIVADO
IMPETRADO: MM. JUIZ DA 3a VARA CRIMINAL DE PINHEIRO/MA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
DECISÃO: Trata-se de habeas corpus impetrado em favor do paciente FRANCISCO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 509


PRIVADO, contra a decisão do Juízo da 3ª Vara da Comarca de Pinheiro que negou pedido
de revogação da prisão preventiva, por entender que existem os requisitos da prisão
preventiva do art. 312, do Código de Processo Penal.
Consta nos autos que o paciente foi preso em flagrante no dia 24/04/2022 por volta das
18 horas pela suposta prática do crime de homicídio qualificado, pela impossibilidade de
defesa da vítima, em concurso de pessoas, conforme tipificado no art. 121, § 2º, IV, c/c art.
29, ambos do Código Penal Brasileiro.
Segundo consta, na ocasião, após uma discussão entre um homem de nome Wariston
de Jesus Silva e sua namorada, a vítima José Domingos foi até seu carro, pegou uma
arma e disparou contra Wariston, que caiu ao chão. Ato contínuo, os primos de Wariston,
FRANCISCO PRIVADO, ora paciente, e Janielson Soares, iniciaram uma sequência de
agressões contra a vítima, que posteriormente veio a óbito em razão de traumatismo
craniano sofrido. Em sede policial, os acusados relataram ainda que um terceiro indivíduo
havia participado das agressões. Os fatos foram registrados em vídeo por populares no
local e acostado aos autos.
Em decisão proferida no dia 12/08/2022, o magistrado de base recebeu a denúncia e
indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva do paciente e dos corréus.
Em 04/10/2022, a prisão preventiva foi revogada pelo juízo a quo, tendo em vista o excesso
de prazo.
2 Linhas argumentativas da decisão
Com a revogação da prisão preventiva do paciente, constata-se a perda superveniente do
objeto do presente remédio constitucional, o que, por conseguinte, prejudica a análise do
mérito da ação.
Impõe-se, destarte, a extinção do feito sem resolução de mérito.
3 Legislação aplicável
3.1 Código de Processo Penal
3.1 Art. 647: Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência
de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar.
3.2 Art. 659: Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal,
julgará prejudicado o pedido.
4 Parte dispositiva
Pelo exposto, em acordo com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, julgo prejudicado
o presente habeas corpus, em razão da perda superveniente do seu objeto, e julgo extinto
o processo sem julgamento de seu mérito.
Publique-se. Intime-se. Dê-se ciência ao Ministério Público. Arquive-se, após certificado o
trânsito em julgado.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0819702-74.2022.8.10.0000


REQUERENTE: LUCIANO SILVA DOS ANJOS

510 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AÇAILÂNDIA – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. REJEIÇÃO. REQUISITOS DEVIDAMENTE PREENCHIDOS.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA EVIDENCIADO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO
DA HOMOGENEIDADE. INEXISTÊNCIA. FUTURA PENA SOMENTE PODE SER
CONFIRMADA POR EVENTUAL SENTENÇA CONDENATÓRIA. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.
I – Encontram-se devidamente preenchidos os requisitos exigidos pelos arts. 312 e 313 do
Código de Processo Penal para a imposição da prisão, já que a pena máxima cominada
em abstrato ao crime imputado ao paciente ultrapassa 4 (quatro) anos, bem como constam
provas da existência do crime e da autoria do delito, como bem ressaltado na decisão
proferida nos autos de origem. Evidenciou-se ainda o risco à ordem pública, diante da
gravidade concreta do delito alegadamente perpetrado pelo paciente, como acima narrado,
além da possibilidade de reiteração delitiva.
II – O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado de que não há que
se falar em desproporcionalidade da prisão preventiva em comparação à futura pena a
ser aplicada, já que tal previsão somente poderá ser confirmada em sede de eventual
sentença condenatória. Assim, é inviável deduzir, na via estreita do habeas corpus e antes
do julgamento definitivo, o possível regime prisional a ser fixado, não restando configurada
a alegada violação ao princípio da homogeneidade. Precedentes.
III – Denegação da ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0820567-97.2022.8.10.0000
REQUERENTE: LUCAS CAUÃ JANSEN DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA 1a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ALEGAÇÃO
DE ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE. CONFISSÃO OBTIDA MEDIANTE
SUPOSTA AGRESSÃO DOS POLICIAIS. INVIABILIDADE DO MANEJO DE HABEAS
CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. INSTRUÇÃO
CRIMINAL JÁ ENCERRADA. DECISÃO FUNDAMENTADA. INDÍCIOS DE AUTORIA.
RISCO CONCRETO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR OUTRA MEDIDA CAUTELAR.
I. A análise da alegação da ocorrência de agressão por parte dos policiais no momento
da prisão em flagrante exige amplo revolvimento fático-probatório, inviável na via estreita
do habeas corpus, devendo tal argumento ser avaliado no processo de origem, após a
instrução probatória, com o regular exercício da ampla defesa e do contraditório.
II – Na hipótese dos autos, a instrução processual já foi encerrada, não havendo de se falar
em excesso de prazo.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 511


III. Fundamentada a decisão judicial em elementos objetivos acerca dos indícios de autoria
e no risco concreto de o paciente voltar a delinquir, se posto em liberdade, necessária a
manutenção da prisão preventiva para garantia da ordem pública, bem como inviável sua
substituição por outra medida cautelar.
IV. A mera existência de condições favoráveis do paciente, por si sós, não impedem a
manutenção da prisão cautelar quando devidamente fundamentada.
V. Habeas Corpus conhecido e denegado.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817247-39.2022.8.10.0000
REQUERENTE: ADEVANES DE SOUSA DA LUZ PESSOA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA DA COMARCA DE LAGO DA PEDRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA MEDIDA
CAUTELAR DE MONITORAMENTO ELETRÔNICO. DEFERIMENTO. FUNDAMENTAÇÃO
DA MEDIDA NÃO MAIS SE SUSTENTA. SUFICIÊNCIA DAS DEMAIS MEDIDAS
CAUTELARES IMPOSTAS NO PRIMEIRO GRAU. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Se depreende do art. 93, IX, da Constituição Federal, e do art. 282, I e II, §§3º e 6º, do
Código de Processo Penal, que a decretação/manutenção de medidas cautelares, assim
como ocorre nas prisões cautelares, exige fundamentação expressa por parte do juízo, com
a respectiva demonstração da necessidade e adequação no caso concreto, sob pena de
ilegalidade da medida restritiva da liberdade.
II – Na espécie, os motivos evocados pelo juízo a quo para indeferir o pedido de revogação
da medida cautelar de monitoração eletrônica não mais se sustentam, mormente tendo em
vista que o paciente permanece utilizando a tornozeleira eletrônica há cerca de 1 (um) ano
e 4 (quatro) meses, bem como que a instrução processual já se encerrou.
III – As demais medidas cautelares impostas na origem são suficientes para resguardar a
aplicação da lei penal e prevenir a prática de novos delitos.
IV – Concessão da ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0819387-46.2022.8.10.0000
REQUERENTE: EDNALDO DE JESUS MARTINS
IMPETRADO: MM. JUIZ DA 3a VARA CRIMINAL DE PINHEIRO/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. OCORRÊNCIA. QUATRO MESES DESDE A
PRISÃO. INQUÉRITO POLICIAL NÃO CONCLUÍDO.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.
II – Na hipótese dos autos, embora o juízo a quo tenha analisado corretamente os requisitos
da prisão preventiva, verifica-se que já transcorreram mais de 04 meses desde a prisão
preventiva sem a conclusão do inquérito, o que configura excesso de prazo.

512 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


III – Inexistindo, no caso concreto, complexidade nas investigações a justificar a demora
no encerramento do inquérito, deve-se considerar como excessivo o tempo de custódia
preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para conceder a ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815612-23.2022.8.10.0000


PACIENTE: MARCOS JUNIO DOS SANTOS SILVA
IMPETRADO: JUIZ DE PLANTÃO DA COMARCA DE TIMON
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS
DOS AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS DA PRISÃO EM FLAGRANTE E DA NATUREZA E QUANTIDADE
DAS DROGAS. INVASÃO DE DOMICÍLIO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, os pacientes foram presos em local que se destinava à prática
da traficância, na posse de maconha e cocaína, onde se refugiava também um terceiro
indivíduo alvo de mandado de prisão. Assim, a custódia cautelar se justifica para resguardar
a ordem pública.
III – Não há falar em invasão de domicílio quando a ação dos policiais encontra-se fundada
em motivação idônea. Outrossim, o crime de tráfico, dada sua natureza permanente, permite
a configuração de flagrante a qualquer tempo.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815456-35.2022.8.10.0000
PACIENTE: GEDEAN GONÇALVES DE ALMEIDA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE AMARANTE DO
MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO
CASO EM CONCRETO E QUE DEPENDE DA ANÁLISE DA GRAVIDADE DO DELITO,
PERICULOSIDADE DO AGENTE E COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO
DE DOENÇA GRAVE. DEPRESSÃO E SÍNDROME DO PÂNICO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE RISCO À SAÚDE DO PACIENTE.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 513


II – Na hipótese dos autos, a ação criminal apresenta notável complexidade e encontra-se
com o trâmite regular, sem demora imputável ao juízo.
III – Não há nos autos prova robusta das enfermidades do paciente, vez que juntado apenas
um laudo médico, produzido após a prisão do investigado. Outrossim, também não restou
demonstrado que as doenças - depressão e síndrome do pânico - são agravadas pela
situação do cárcere e nem que não podem ser tratadas enquanto o paciente está na prisão.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815966-48.2022.8.10.0000
PACIENTE: WELINTON RODRIGUES DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DE PARAIBANO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, restou comprovada a materialidade delitiva pelo exame cadavérico. Por
outro lado, verifica-se a presença de indícios de autoria, como bem apontado pelo juízo
a quo, já que o paciente trabalhava e morava com a vítima em sua residência, tendo, no
entanto, se evadido do município logo após o crime. Ainda foram registrados barulhos de
discussões e gemidos no local, pouco antes de a vítima ter sido encontrada morta.
II – Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública e aplicação da lei penal, reputados como presentes pela autoridade coatora
na decisão que decretou a prisão preventiva, em razão do modus operandi adotado pelos
autores do crime, e da incerteza de que o paciente não se furtará do distrito da culpa,
especialmente considerando que sua prisão somente foi efetuada no estado de Goiás.
III – Dessa forma, não há que se falar em ausência de proporcionalidade ou de fundamentação
concreta da decisão que decretou a prisão preventiva, diante da sua indispensabilidade no
caso concreto, não sendo suficientes para a repressão do delito e para manutenção da
ordem social, no caso em tela, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.
IV – Também observa-se a contemporaneidade entre os fatos apurados e a imposição
do cárcere, considerando a proximidade entre a prática delituosa e decretação da prisão
temporária, posteriormente convertida em preventiva. Ainda que não fosse o caso, a
gravidade concreta da infração penal obsta o esgotamento do periculum libertatis somente
pelo decurso do tempo. Isto é, o simples fato de a custódia cautelar ter sido decretada algum
tempo após a ocorrência dos fatos, por si só, não caracteriza ilegalidade a ser sanada,
tendo em conta que a imposição da prisão foi devidamente justificada para a garantia da
ordem pública.
V – Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.

514 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814351-23.2022.8.10.0000
PACIENTE: TATYANA SOUSA DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE TUTOIA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS
PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA DEMONSTRADO. PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
POR DOMICILIAR. INDEFERIMENTO. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. CARACTERIZAÇÃO.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DAS CRIANÇAS. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – Na espécie, como bem ressaltado pelo juízo a quo, a expressiva quantidade e a
diversidade de drogas apreendida, somadas à munição encontrada, indicam a gravidade
concreta dos delitos praticados. Ademais, a ausência de comprovação de emprego lícito e
os objetos apreendidos pela polícia denotam que a paciente faz da traficância o seu meio
de vida, o que demonstra o risco sólido de reiteração delitiva, sendo necessária, portanto,
a decretação da prisão preventiva para fins de garantia da ordem pública.
II – É bem verdade que o artigo 318-A do Código de Processo Penal prevê a substituição
pela custódia domiciliar quando a presa preventivamente for gestante, mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência, desde que não tenha cometido crime com violência
ou grave ameaça a pessoa e nem tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
III – Ocorre que a citada previsão legal não afasta o que foi decidido pelo Supremo Tribunal
Federal por ocasião do julgamento do Habeas Corpus nº 143641/SP, ou seja, não há óbice
para o magistrado negar o referido benefício, em casos excepcionalíssimos, desde que a
manutenção do cárcere não implique em violação a direitos da criança, segundo entende o
STJ. Precedentes.
IV – No caso em tela, observo que, além da grande quantidade e da natureza variada
de entorpecentes apreendidos em poder da paciente, também foram apreendidas quatro
munições intactas de arma de fogo calibre .38. Além do mais, a paciente é suspeita de
praticar os delitos de associação para o tráfico e associação criminosa, e seus filhos não se
encontram desamparados, pois estão sob os cuidados dos avós maternos, como afirmado
pelo próprio impetrante na petição inicial.
V – Desta feita, entendo que resta caracterizada a situação excepcionalíssima apta a afastar
a concessão da prisão domiciliar, especialmente levando em conta que as crianças não se
encontram em situação de risco.
VI – Denegação da ordem.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813327-57.2022.8.10.0000


PACIENTE: EDVALDO SILVA VIDIGA
ADVOGADO: DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE ANAJATUBA/MA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 515


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE
INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO NUMERUS CLAUSUS. INEXISTÊNCIA DE
PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA
DECISÃO QUE DECRETOU A CUSTÓDIA CAUTELAR. NÃO VERIFICAÇÃO. DECISUM
DEVIDAMENTE MOTIVADO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA
CAUTELAR. RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO
DA ORDEM.
I – Embora o impetrante afirme que a autoridade coatora, ao decretar a custódia cautelar,
não teria observado o princípio da capacidade prisional taxativa ou numerus clausus,
verifica-se que não fora acostada aos autos nenhuma prova do alegado. Dessa forma,
considerando que o mandamus exige prova pré-constituída das alegações, não admitindo
dilação probatória, deve ser rejeitada a referida alegação. Precedentes.
II – Noutro giro, em que pese a argumentação do impetrante, constata-se que o juízo a quo,
em sede de audiência de custódia, analisou a prisão de forma fundamentada, tendo ainda
homologado o flagrante, com fulcro no art. 302, II, do Código de Processo Penal.
III – Cabe ressaltar que, ainda que ficasse evidenciada a existência de nulidade na prisão
em flagrante, essa teria sido superada com a decretação da prisão preventiva. Precedentes.
Por outro lado, no que diz respeito ao argumento de ausência de provas suficientes da
materialidade delitiva, nota-se que essa foi devidamente comprovada nos autos do inquérito
pelos laudos periciais.
IV – Em perspectiva outra, observa-se que, como consta nos autos do processo de origem,
o crime praticado é dotado de gravidade concreta, especialmente levando em conta o
modus operandi empregado pelo paciente que, contra a vontade da vítima, segurou seus
braços, levantou sua saia, puxou sua calcinha para o lado, e consumou a conjunção carnal.
Ademais, o paciente ainda falou para a vítima, após o crime, que se eles estivessem em
um local mais afastado, “teria sido pior”. Isso indica que uma eventual revogação da prisão
preventiva do paciente poderá ocasionar sério risco à integridade física da vítima.
V – Outrossim, a simples existência de circunstâncias pessoais favoráveis, por si só, não
constitui óbice à manutenção da prisão, desde que se verifique o preenchimento dos
requisitos exigidos por lei para imposição da segregação provisória, como ocorre no caso
em tela.
VI – Dessa forma, e diante do risco concreto à ordem pública, dada a possibilidade concreta
de reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva do paciente, na
forma do artigo 312 do Código de Processo Penal.
VII – Denegação da ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813340-56.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOCÉLIO DA SILVA BRITO
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/MA

516 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
REQUISITOS PRESENTES. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. AUSÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. INSUFICIÊNCIA,
NA ESPÉCIE. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO CASO EM CONCRETO. PROCESSO COM
TRAMITAÇÃO REGULAR.
I – Decreto preventivo devidamente fundamentado, nos exatos termos do artigo 312 do
Código de Processo Penal, para a garantia da ordem pública. Na espécie, a materialidade e
os indícios de autoria restam demonstrados desde o flagrante e a periculosidade do agente,
consubstanciada no planejamento e no modo de execução do delito.
II – Apesar da alegação de condições pessoais favoráveis ao paciente, não constam nos
autos quaisquer elementos que a comprovem. Em verdade, contra ele foi constatada a
existência de outra ação penal, no Maranhão, além de 03 (três) processos criminais nas
Comarcas de Boa Viagem, Iracema e Santa Quitéria, no Ceará, e outras 02 (duas) ações
penais nas Comarcas de Barras e Castelo do Piauí, no Piauí.
III – A prisão preventiva do paciente apoiou-se em elementos objetivos dos indícios de
autoria. Foi sustentada, ainda, pelo risco concreto de o paciente voltar a delinquir, se posto
em liberdade. Assim, inviável sua substituição por outra medida cautelar.
IV – A análise do excesso de prazo com o fim de embasar a revogação de prisão preventiva
deve considerar circunstâncias como gravidade do crime; potencial periculosidade do
agente; estado de tramitação da ação criminal e sua própria complexidade.
V – Na hipótese dos autos, a ação criminal segue tramitação regular, sem qualquer atraso,
inclusive, já efetivada a audiência de instrução com deferimento das diligências requisitadas
pela defesa e pela acusação.
VI - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815496-17.2022.8.10.0000
PACIENTE: RONALDO SILVA VELOSO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS/MA - CENTRAL
DE INQUÉRITOS DE SÃO LUÍS/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA.
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA DEMONSTRADOS PELAS PROVAS DOS
AUTOS. RISCO À GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DECORRENTE DA EXPRESSIVA
QUANTIDADE DE DROGAS APREENDIDAS NA RESIDÊNCIA DO PACIENTE.
I - A prisão preventiva se revela necessária quando há risco à garantia da ordem pública,
se presentes a prova da materialidade do delito e de indícios de autoria, e se for inviável a
aplicação de outras medidas cautelares.
II – Na hipótese dos autos, foi encontrado quase 1kg de maconha na residência do paciente,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 517


o que denota a sua periculosidade e caracteriza o risco à ordem pública.
III – A análise aprofundada das teses de negativa de autoria, desclassificação para uso e
ilegalidade do flagrante dependem da apreciação das provas produzidas na ação penal.
Assim, a ação de habeas corpus, comporta apenas a análise dos requisitos da prisão
preventiva, que restaram demonstrados na espécie.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813953-76.2022.8.10.0000
PACIENTE: ALYSSON DOS SANTOS REGO
IMPETRADO: JUIZ DA 6a VARA CRIMINAL DE SÃO LUÍS/M
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA À AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA PLENAMENTE JUSTIFICADA.
PACIENTE HOSPITALIZADO NA OCASIÃO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À AMPLA
DEFESA E/OU CONTRADITÓRIO. NÃO APRECIAÇÃO DE QUESTÕES MERITÓRIAS.
NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. REVOGAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. GRAVIDADE CONCRETA
DO CRIME. RISCO SÓLIDO DE REITERAÇÃO DELITIVA DEMONSTRADO. DENEGAÇÃO
DA ORDEM.
I – O simples fato de o paciente não ter participado da audiência de custódia não enseja
a nulidade da decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva. Isso porque
a referida ausência se deu em razão deste encontrar-se hospitalizado na ocasião, como
consta da ata da mencionada audiência, sendo o não comparecimento, portanto, plenamente
justificado.
II – Outrossim, ao contrário do alegado pelo paciente, não há que se falar em violação
aos princípios da ampla defesa e do contraditório, já que a audiência de custódia serve
para averiguar apenas questões relativas à legalidade da prisão do acusado, não sendo
permitido apreciar alegações relacionadas ao mérito dos fatos criminosos apurados, como
se extrai do art. 8º da Resolução nº 213/2015 do Conselho Nacional de Justiça.
III – Na espécie, verifica-se a existência de prova da materialidade e dos indícios de autoria.
Desse modo, o cerne da questão volta-se somente à constatação do risco à garantia da
ordem pública, reputado como presente pelo juízo a quo na decisão que decretou a prisão
preventiva, em razão do modus operandi adotado pelo paciente, que, mesmo após a vítima
ter entregado a motocicleta, efetuou um disparo de arma de fogo contra essa, atingindo
a sua coxa direita. Outrossim, o paciente ainda ordenou que a vítima corresse, pois seria
morto. Assim, restam evidenciadas a gravidade concreta do delito perpetrado e o risco
sólido de reiteração delitiva.
IV – Ademais, a simples existência de circunstâncias pessoais favoráveis, como
primariedade, residência fixa e emprego certo, não ensejam a revogação da prisão
preventiva, especialmente quando preenchidos os requisitos exigidos para a decretação da

518 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


custódia cautelar, como ocorre no caso em tela.
V – Denegação da ordem. Unanimidade.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0818446-96.2022.8.10.0000
PACIENTE: REGINALDO DA CONCEIÇÃO
IMPETRADO: JUIZ DA 1 VARA DE ZÉ DOCA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE.
DEMORA NA COMUNICAÇÃO DA PRISÃO AO PODER JUDICIÁRIO. CONVERSÃO EM
PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
I. A demora na comunicação da prisão em flagrante ao Poder Judiciário, por si só, não torna
o auto de prisão nulo, tanto mais quando já houve a conversão da prisão em preventiva,
devidamente fundamentada para garantia da ordem pública.
II. Habeas Corpus conhecido e denegado.

17. OUTROS

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800711-63.2022.8.10.0028


APELANTE: FERDINAN CONCEIÇÃO DE CARVALHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. INCOMPATIBILIDADE
DO REGIME SEMIABERTO COM A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
INEXISTÊNCIA. REQUISITOS AUTORIZADORES PARA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA
CAUTELAR. NECESSIDADE DEMONSTRADA NO CASO CONCRETO. DESPROVIMENTO
DO APELO.
I – Inexiste ilegalidade na sentença que determina o cumprimento da pena em regime
inicial semiaberto e, ao mesmo tempo, mantém a prisão preventiva, sobretudo por se tratar
de hipótese envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, como ocorre no
caso presente, em que o apelante, mesmo ciente das medidas protetivas de urgência que
o proibiram de manter contato com a vítima, descumprira tais determinações e ainda a
ameaçou verbalmente.
II – No entanto, há que se observar o princípio da proporcionalidade quando da decretação ou
da manutenção da prisão preventiva, apenas sendo imposta quando não forem suficientes,
no caso concreto, as medidas cautelares diversas do encarceramento. Por outro lado, o
cumprimento da custódia cautelar deve sempre ser adequado às condições do regime,
conforme jurisprudência do STJ e do STF. Precedentes.

III – Uma vez demonstrados o risco concreto à ordem pública e a necessidade de resguardar

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 519


a integridade física da vítima, faz-se imperativa a manutenção da prisão preventiva do
agressor, na forma do Art. 312 do CPP.
IV – Desprovimento do apelo. Unanimidade.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000855-04.2018.8.10.0063


APELANTE: PAULO DA CONCEIÇÃO CASTRO, MANOEL DE JESUS MUNIZ COSTA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL- LATROCÍNIO- DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE. NEGADO. MOTIVOS PARA A PRISÃO PREVENTIVA. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS- CONDENAÇÃO MANTIDA-I NCIDÊNCIA DAS
MAJORANTES DO CONCURSO DE PESSOAS E DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO -
IMPOSSIBILIDADE - BIS IN IDEM.
1. Verifica-se que os apelantes respondem a várias outras ações penais, por crime de
mesma natureza e, no caso do segundo apelante, por crimes contra a pessoa e o patrimônio.
Assim, entendo por necessário o recolhimento prisional dos recorrentes, a fim de conter a
reiteração delituosa.
2. Comprovada a autoria e a materialidade do crime de latrocínio, a condenação é de rigor.
3. Sendo o latrocínio um crime complexo, composto de duas condutas delituosas e ofensas
a dois bens jurídicos diversos, a vida e o patrimônio, os quais são integrados a um único
tipo, previsto na parte final, do parágrafo 3º, do artigo 157, do CP, e definido como roubo
qualificado, com preceito secundário próprio, não se lhe aplicam as causas especiais de
aumento previstas no § 2º, do art. 157, do Código Penal, as quais somente incidirão nas
hipóteses da subtração prevista no caput do art. 157, sob pena de bis in idem. (TJ-MG -
APR: 10297170028106001 MG, Relator: Fortuna Grion, Data de Julgamento: 21/01/2020,
Data de Publicação: 31/01/2020)
3. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000739-45.2017.8.10.0091


APELANTE: JANILSON DA CONCEIÇÃO AMORIM, VALDEMIAS FURTADO SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.
I - A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada insignificante
quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário-mínimo vigente à época
dos fatos.
II- Segundo os marcos interruptivos previstos no art. 117 do Código Penal, prescreve a

520 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


pretensão punitiva do Estado se entre a data do recebimento da denúncia e a da publicação
da sentença houver transcorrido período superior 03 (três) anos, e a pena privativa de
liberdade não exceder a 01 (um) ano. Inteligência do art. 109, VI do Código Penal.
III -O prazo prescricional deve ser reduzido pela metade quando comprovado ser o agente
menor de 21 (vinte e um) anos ao tempo do crime. Inteligência do art. 115 do Código Penal.
IV -A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação, a teor do art. 110 do Código Penal. Súmula 146 - STF;
V - Prejudicadas as demais teses da defesa. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0007519-43.2018.8.10.0001


APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: MARCELO DE JESUS LIMA MENDES
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
CORRELAÇÃO. INOCORRÊNCIA. PRONÚNCIA QUE VERSA SOBRE PARTICIPAÇÃO E
NÃO COAUTORIA. ABSOLVIÇÃO POR MEIO DO QUESITO GENÉRICO. JULGAMENTO
CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. ANULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SOBERANIA
DOS VEREDICTOS. SISTEMA DE ÍNTIMA CONVICÇÃO DOS JURADOS.
I. A quesitação formulada de acordo com a decisão de pronúncia – que não foi alvo de
recurso e contemplou a moldura fática de participação do acusado – está em consonância
com o princípio da correlação, máxime quando os relatos da ata da sessão de julgamento
denota a ocorrência de debates sobre todas as teses apresentadas. Inteligência do art. 482,
do CPP.
II. O quesito genérico do art. 483, III, § 2º, CPP, de formulação obrigatória - depois da
resposta afirmativa acerca da materialidade e da autoria -, permite ao jurado, na sua
livre apreciação dos fatos da vida, optar pela absolvição do acusado em atenção ao seu
sentimento pessoal de justiça e pela sua íntima convicção. É incongruente o controle judicial
em sede recursal destas decisões absolutórias, tanto mais que a lei não atrelou a resposta
afirmativa a nenhuma condicionante ligada às teses da defesa apresentadas ao Tribunal do
Júri. Precedentes do STF e STJ.
III. Impõe-se a manutenção do veredicto absolutório lastreado em razões de índole
eminentemente subjetiva proferidas pelos jurados, tendo em vista a soberania do veredicto
resultante da votação afirmativa do quesito genérico de absolvição, que não é atrelado a
critérios técnicos.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813366-54.2022.8.10.0000

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 521


APELANTE: RAIMUNDO REIS DOS REIS
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII – MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE AVERIGUAÇÃO NA VIA ESTREITA DO MANDAMUS.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS DE ORIGEM.
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. PACIENTE FORAGIDO.
ASSEGURAMENTO DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – É inadequado o manejo do habeas corpus para fins de análise acerca da suposta
ocorrência de legítima defesa. Isso porque a persecução penal ainda se encontra em fase
inicial e, para tal avaliação, se faz necessário o revolvimento do acervo fático-probatório
contido nos autos de origem, o que é inviável na via estreita do mandamus, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes.
II – O crime praticado é dotado de gravidade concreta, especialmente levando em conta
o modus operandi empregado pelo paciente que, após uma discussão, desferiu golpes de
faca no rosto e no ombro da vítima – que era sua enteada –, levando-a a óbito.
III – Observa-se ainda que o paciente ameaçou matar a genitora da vítima, sua companheira,
o que indica que, caso seja revogada a prisão preventiva do paciente, poderá ocasionar
risco à integridade física da genitora da vítima, ou até mesmo à sua vida.
IV – Estando o paciente foragido até o presente momento, justifica-se a manutenção da prisão
preventiva do paciente com o fito de assegurar a futura aplicação da lei penal, conforme
entendimento consolidado do STJ. Outrossim, a simples existência de circunstâncias
pessoais favoráveis, por si só, não constitui óbice à manutenção da prisão, desde que se
verifique o preenchimento dos requisitos exigidos por lei para imposição da segregação
provisória, como ocorre no caso em tela.
V – Dessa forma, e diante do risco concreto à ordem pública, dada a possibilidade concreta
de reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva da paciente, na
forma do artigo 312 do Código de Processo Penal.
VI – Conhecimento parcial e, na parte a ser conhecida, denegação da ordem.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800989-66.2021.8.10.0071


APELANTE: ADONES LUÍS LIMA RIBEIRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PROCESSO PENAL. RESTITUIÇÃO DE VEÍCULO
APREENDIDO. INDEFERIMENTO. PROPRIEDADE NÃO COMPROVADA. INQUÉRITO
NÃO FINALIZADO. AUTOMÓVEL QUE AINDA INTERESSA AO PROCESSO. RECURSO

522 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DESPROVIDO.
I - No processo penal a restituição de bens poderá ocorrer apenas quando for incontroversa
a propriedade do bem apreendido e quando este não interessar mais ao processo, conforme
disposto nos artigos 118 e 120 do Código de Processo Penal.
II - Na hipótese dos autos, a instrução processual não foi finalizada e o bem apreendido
ainda interessa ao processo, e, ademais, diante da possibilidade de vinculação com o tráfico
de drogas, deve ser mantida a restrição.
III - Recurso desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0815242-44.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCISCO GERALDO FILHO
IMPETRADO: JUIZ DA COMARCA DE GOVERNADOR NUNES FREIRE
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO
CRIMINOSA ARMADA. TRANCAMENTO AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
NÃO CONHECIMENTO. NECESSÁRIO EXAME DE PROVAS. PRISÃO PREVENTIVA.
PRESSUPOSTOS. PRESENTES. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. CONDIÇÕES SUBJETIVAS
FAVORÁVEIS. IRRELEVANTES. CONCESSÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS.
INVIABILIDADE. HABEAS CORPUS CONHECIDO EM PARTE. ORDEM DENEGADA.
1. Inicialmente, em relação a inexistência de justa causa para o prosseguimento da Ação
Penal, pugnando-se pelo seu trancamento, não se conhece, uma vez que o trancamento
de ação penal através de habeas corpus é medida de exceção, a qual somente pode ser
provida quando restar demonstrada, de forma inequívoca, e sem exame aprofundado de
provas, ocorrência de circunstância extintiva da punibilidade, a ausência de indícios de
autoria ou de prova da materialidade do delito, e ainda, a atipicidade da conduta, o que não
se evidencia no caso.
2. Devidamente fundamentada a decisão que, diante de prova da materialidade delitiva e de
indícios de autoria do delito de associação criminosa armada, decreta a prisão preventiva do
paciente, para garantia da ordem pública, com fundamento em elementos do caso concreto
e para assegurar a conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal.
3. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, tais como primariedade, bons
antecedentes, residência fixa e trabalho lícito, por si sós, não obstam a segregação cautelar,
quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva.
4. Inadequada, no caso sob análise, a substituição da prisão por medidas cautelares
alternativas.
5. Conhecida e denegada a ordem.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 523


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°
0010079-84.2020.8.10.0001
EMBARGANTE: ARLINDO DA VEIGA LEAL FILHO, FRANCISCA ROBERTA COELHO DE
SOUSA MENDES
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE
SUSTENTAÇÃO ORAL TEMPESTIVO. RETIRADA DE PAUTA. AUSÊNCIA. JULGAMENTO
REALIZADO À MARGEM DO EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
NULIDADE DECRETADA. PREJUDICIALIDADE DAS DEMAIS OMISSÕES SUSCITADAS.
I. A solicitação de retirada de pauta para fins de sustentação oral realizada em até 24 horas
de antecedência da abertura da sessão virtual é prerrogativa garantida pelo Regimento
Interno desta Corte, sendo consectário lógico do exercício do contraditório e da ampla
defesa. Inteligência do art. 346, §1º, do RITJMA.
II. A ausência de manifestação quanto ao pedido tempestivo de retirada de pauta para
sustentação oral torna nulo o julgamento realizado, impondo-se a abertura de oportunidade
à parte para a efetivação da medida, mormente se alegado na primeira oportunidade.
III. Embargos conhecidos e acolhidos, prejudicados os demais pontos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010079-84.2020.8.10.0001


1o APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
2o APELANTE: FRANCISCA ROBERTA COELHO DE SOUSA MENDES
1o APELADO: ARLINDO DA VEIGA LEAL FILHO
2o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRAA ORDEM TRIBUTÁRIA. SONEGAÇÃO
DE ICMS. ABSOLVIÇÃO DO CORRÉU QUE NÃO GERENCIAVA A EMPRESA. AUSÊNCIA
DE NEXO COM A PRÁTICA DELITIVA. CONDENAÇÃO DA 2ª APELANTE. EVIDÊNCIA
DA CONDUTA OMISSIVA DE NÃO PRESTAR DECLARAÇÃO AO FISCO. PODERES
DE GESTÃO. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE
DEFESA. SENTENÇA MANTIDA.
I. Com base na teoria do domínio do fato, o crime de sonegação fiscal exige circunstância
do plano fático-probatório que vincule o agente à prática delitiva, sendo que a ausência
dessa relação conduz inelutavelmente à manutenção da absolvição do 1º apelado.
II. A conduta omissiva da 2ª recorrente de não prestar declaração ao Fisco com o fim de
obter a redução ou supressão de tributo, quando atinge o resultado almejado, consubstancia
o crime previsto no inciso I do art. 1º da Lei nº 8.137/1990, máxime porque o delito em
questão prescinde da comprovação de dolo específico. Precedente do STJ.
III. Correta a condenação lastreada nas provas colhidas ao longo da instrução, eis que a 2ª
apelante figurava como única responsável pela empresa e possuía poderes de gestão no

524 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


período dos fatos delituosos.
IV. O processo criminal não é a via adequada para a impugnação de eventuais nulidades
ocorridas no procedimento administrativo-fiscal, conforme firme orientação jurisprudencial.
V. O indeferimento motivado de pedido de produção de prova pericial não configura
cerceamento de defesa, pois o juízo de necessidade da prova deve ser orientado pelo
critério de discricionariedade do julgador.
VI. Apelações criminais conhecidas e desprovidas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003627-05.2014.8.10.0022


APELANTE: LUCIANO SILVA FERREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. USO DE ALGEMAS.
SÚMULA VINCULANTE Nº 11. EVENTUAL NULIDADE DO ATO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE. CONTAMINAÇÃO DA AÇÃO PENAL. INOCORRÊNCIA. ROUBO PRÓPRIO.
GRAVE AMEAÇA. SIMULAÇÃO DO PORTE DE ARMA. CRIME CONFIGURADO.
PLEITO ABSOLUTÓRIO OU DE DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA IMPROCEDENTE.
DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A eventual nulidade do ato de prisão em flagrante efetuado por policiais militares pelo
uso injustificado de algemas não contamina os atos processuais subsequentes ou a ação
penal, assim como torna-se superada com a decretação da prisão preventiva. Precedentes
do STF e do STJ.
II - A grave ameaça exercida mediante simulação de porte de arma é circunstância que
caracteriza a elementar do crime de roubo, consoante entendimento consagrado pelo STJ.
III - Inviável a absolvição da recorrente ou a desclassificação da conduta para o crime furto
diante do conjunto probatório constante dos autos, mormente a palavra da vítima e da
testemunha, que demonstram de maneira inequívoca a prática do crime tipificado no art.
157, caput, do CP.
IV - É de rigor o redimensionamento da pena-base quando o juízo a quo, ao valorar as
circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP, considera a idade da vítima do roubo para
exasperar a sanção, sem que, todavia, haja evidência de que o agente tinha conhecimento
de que se tratava de uma menor ou que esse fato tenha sido um facilitador da ação delituosa.
IV - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000022-84.2010.8.10.0024


APELANTE: LEVENILSON SILVA AGUIAR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 525


EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVADAPRETENSÃO PUNITIVA.
REDUÇÃO DO PRAZO PELA METADE EM FUNÇÃO DA MENORIDADE RELATIVA DO
AGENTE NA DATA DO FATO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DECRETAÇÃO. ALEGAÇÃO
SUSCITADA NO APELO E RECONHECIDA PELO PARQUET. PREJUDICIALIDADE DO
MÉRITO RECURSAL.
I. A prescrição em matéria criminal regula-se pela pena concretizada na sentença quando
não há recurso da acusação (Súmula 146/ STF), correndo o lapso prescricional pela metade
quando o agente é menor de 21 anos ao tempo do fato.
II. Fixada a pena do acusado em 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, e
transcorrido mais de sete anos entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença
em secretaria, verifica-se a consumação da prescrição da pretensão punitiva. Inteligência
do art. 109, III, c/c 115, ambos do CP.
III. A extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva merece
acolhimento quando suscitada no apelo interposto pela defesa e endossada pelo Ministério
Público, eis que se tratando de matéria de ordem pública, poderia ser reconhecida até
mesmo de ofício, nos termos do art. 61 do CPP.
IV. Prescrição decretada, prejudicado o conhecimento do mérito do apelo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003742-55.2016.8.10.0022


APELANTE: DIFUSORA INCORPORAÇÃO E CONSTRUÇÃO LTDA - EPP
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES AMBIENTAIS.
PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA. EXPOSIÇÃO GENÉRICA DAS CONDUTAS.
REJEIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO
PROBATÓRIO HARMÔNICO E COERENTE ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA
DOS CRIMES. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DE
OFÍCIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1.In casu, a sentença condenatória indicou de forma clara e suficiente as condutas atribuídas
ao apelante, bem como as sanções a serem aplicadas a cada delito.
2. Ademais, “nos crimes de autoria coletiva admite-se a descrição genérica dos fatos,
se não for possível, como na espécie, esmiuçar e especificar a conduta de cada um dos
denunciados” (RHC 83.937/CE, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe
20/09/2017).
3. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
4. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva da apelante, por tratar-se
de matéria de ordem pública.

526 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


5. Recurso conhecido e desprovido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0000767-51.2012.8.10.0038
EMBARGANTE: LEONIDE SANTOS SOUSA SARAIVA
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS
ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do recurso de apelação, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento de defesa, em
consonância com o disposto no art. 345, §1º, do RI/TJMA, e precedentes do STJ.
2. No caso dos autos, verifica-se que a defesa foi intimada da inclusão do processo em
pauta virtual no dia 10/08/2022 e, na mesma data, peticionou requerendo a retirada de
pauta da sessão virtual, para fins de sustentação oral.
3. Todavia, no dia 29/08/2022, foi julgado o recurso pela egrégia Terceira Câmara Criminal
deste Tribunal de Justiça, sem análise da petição do embargante. Desse modo, é mister o
reconhecimento da nulidade do julgamento por cerceamento de defesa.
4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801787-33.2021.8.10.0069


APELANTE: ANTÔNIO DOMINGOS DOS SANTOS SOUZA e FRANCISCO DOS
NAVEGANTES SOARES SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. REDIMENSIONAMENTO
DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. PENA APLICADA DE FORMA PROPORCIONAL, AINDA
QUE VALORADA NEGATIVAMENTE APENAS UMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
RECURSO EM LIBERDADE. INVIABILIDADE. REGIME INICIAL FECHADO E PRESENTES
OS REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. CLÁUSULA REBUC
SIC STANTIBUS. PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS
SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O fato de os apelantes, comprovadamente, integrarem organização criminosa, como
ressaltado na sentença condenatória, autoriza a desvaloração da circunstância judicial da
conduta social, dado o evidente prejuízo ao seu comportamento social, razão pela qual
deve ser mantida a desvaloração dessa circunstância.
II – Por outro lado, quanto à valoração negativa da personalidade do agente, a jurisprudência
ratifica que não é possível a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 527


agravar a pena-base. Assim, o Juízo a quo não poderia ter utilizado o fato de os apelantes
responderem a outros processos para apontar que suas personalidades tenderiam para a
prática de crimes, especialmente, diante da ausência de elementos concretos nos autos,
pelo que deve ser excluída a valoração negativa da mencionada circunstância judicial.
III – Contudo, mesmo com o afastamento da valoração negativa da personalidade, a pena
fixada pelo Juízo sentenciante não merece reparo, já que fora fixada de forma proporcional,
dado o incremento de apenas 1 (um) ano de reclusão em relação à pena-base de cada
delito. Tal acréscimo resta perfeitamente compatível com a valoração negativa da conduta
social dos apelantes. Assim, deve ser rejeitado o pedido da defesa de redimensionamento
da pena.
IV – Não merece guarida o pedido de recorrer em liberdade, pois, em razão do quantum da
pena e da circunstância judicial desfavorável, deve ser mantido o regime inicial fechado,
nos termos do art. 33, §§2º e 3º, do Código Penal. Do mesmo modo, como destacado
no decisum impugnado, os motivos para a decretação da prisão preventiva permanecem
preenchidos, posto que os apelantes permaneceram encarcerados durante todo o trâmite
processual, razão pela qual deve ser mantida a custódia cautelar, já que não foi alterada a
situação fática (cláusula rebuc sic stantibus). Precedentes.
V – As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter sido perpetrado tráfico de drogas,
pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
VI – Apelação desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004638-29.2012.8.10.0058


APELANTE: HUGO DELLEON ALENCAR RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. ARTIGO 184, PARÁGRAFO 2º, DO CÓDIGO PENAL.
CONTRAFAÇÃO. PROLAÇÃO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. INSURGÊNCIA DA
DEFESA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO
HARMÔNICO E COERENTE ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DOS CRIMES.
PEDIDO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 502/STJ. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
DE OFÍCIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
2. A conduta de expor à venda CD ‘s e DVD ‘s piratas configura o crime, tendo em vista que
reveste de tipicidade material por causar prejuízos às indústrias fonográfica e cinematográfica,

528 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


além de impedir que o erário recolha os tributos devidos com o seu comércio, não podendo,
por isso, ser considerada, como socialmente aceitável. Súmula n. 502/STJ.
3. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva da apelante, por tratar-se
de matéria de ordem pública.
4. Recurso conhecido e desprovido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0034138-15.2015.8.10.0001
EMBARGANTE: TATIANA DE FÁTIMA LIMA DOS SANTOS
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A
ORDEM ECONÔMICA. LEI N. 8176/1991. NULIDADE DA REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO
CONDICIONAL. NÃO CABIMENTO. PRECLUSÃO DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO
DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDUÇÃO DA
PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Cabível recurso em sentido estrito para impugnar a decisão que revoga a suspensão
condicional do processo, mediante interpretação extensiva do art. 581, inciso XI, do Código
de Processo Penal. (TJ-DF 00032804420138070004 DF 0003280-44.2013.8.07.0004,
Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, Data de Julgamento: 17/06/2021, 2ª
Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no PJe : 30/06/2021 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
2. A preclusão na alegação de qualquer nulidade encontra resguardo na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, pois, em respeito à segurança jurídica e à lealdade processual,
ela, bem como qualquer outra falha ocorrida na instrução processual, devem ser arguidas
em momento oportuno.
3. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa da apelante, tipificada no art. 1º, I, da Lei n. 8176/1991.
4. Correto o dimensionamento da pena pelo juízo de origem, não cabendo a valoração dos
itens ventilados pela defesa, em razão da pena definitiva já ter sido fixada no mínimo legal,
por inteligência da Súmula 231 do STJ.
5. Apelo conhecido e desprovido.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0004393-66.2016.8.10.0029
EMBARGANTE: CARLOS MOURA BARROS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 529


EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO
CRIMINAL. EFEITOS INFRINGENTES. AUSÊNCIA DE OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. INVIABILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CONHECIDOS E REJEITADOS.
I. A teor do disposto no art. 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração
destinam-se a suprir omissão, contradição, ambiguidade ou obscuridade existente no
julgado, não se prestando, portanto, para a rediscussão da matéria ínsita ao julgado, diante
do mero inconformismo da parte, ou mesmo com a pretensão de prequestionamento, se
ausentes os requisitos pertinentes ao dispositivo processual codificado. Precedentes do
STJ e do TJMA;
II. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

REMESSANECESSÁRIACRIMINALNÚMERO PROCESSO N° 0800336-75.2022.8.10.0056


IMPETRANTE: THALES EDUARDO NOBRE AIRES – OAB/MA19838-A
IMPETRADO: PREFEITO MUNICIPAL DE SANTA INÊS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. HABEAS CORPUS COLETIVO. CONHECIMENTO
FORA DAS HIPÓTESES DO ART. 574 DO CPP. HABEAS CORPUS QUE REVESTE DE
NATUREZA JURÍDICA DE AÇÃO COLETIVA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 19 DA LEI
4.717/1965. INDEFERIMENTO LIMINAR DA EXORDIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA
PARA CONTROLE ABSTRATO DE ATOS NORMATIVOS EM GERAL. PRECEDENTES
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. DESPROVIMENTO.
1. Tratando-se de Habeas Corpus Coletivo, que se reveste da natureza jurídica de ação
coletiva, necessário que se aplique, por analogia, o regramento processual das ações
coletivas e, mais especificamente, para o caso, da lei da ação popular, que prevê o reexame
necessário em casos que a sentença concluir pela carência ou indeferimento da ação.
2. A jurisprudência já consolidada no âmbito dos Tribunais Superiores é patente ao
estabelecer que o habeas corpus não se constitui via própria para o controle abstrato de
leis e atos normativos em geral.
3. Tratando-se de impetração contra decreto da Prefeitura Municipal de Santa Inês/MA, que
estabeleceu a adoção de medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação
contra a Covid-19 para acesso em locais públicos e privados, mostra-se incabível a via
eleita para atacar o referido ato normativo.
4. Remessa Necessária conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008939-20.2017.8.10.0001


1o APELANTE: JOEL SANTOS SILVA
2o APELANTE: WANDERSON FERREIRA CRUZ

530 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. LEI N. 12.850/2013. PRELIMINAR. ANULAÇÃO DE PROVA OBTIDA A
PARTIR DE ACESSO ÀS MENSAGENS DO APLICATIVO WHATSAPP. REJEITADA. ART.
155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DOSIMETRIA. DECOTE DE CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS. NÃO CABÍVEL. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO.
SÚMULA 545 DO STJ. APLICÁVEL. CAUSA DE AUMENTO DA PENA FUNDAMENTADA.
MANUTENÇÃO. DETRAÇÃO PENAL. COMPETE AO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.
1. O acesso a dados constantes nos aparelhos telefônicos dos apelantes foi realizado por
intermédio de procedimento devidamente autorizado, com a finalidade de instruir inquérito
policial que investigava a participação do apelante como suposto integrante de facção
criminosa. Desta forma, inexiste óbice à apreciação do conteúdo em sede judicial, à luz do
que prevê o art. 155, do Código de Processo Penal.
2. O peculiar modo de agir dos apelantes, cometendo crimes por intermédio de organização
criminosa conhecida pela sua atuação violenta e controladora, que impõe medo na
população e é notadamente responsável pelo alto índice de criminalidade em diversas
regiões da cidade, é motivo razoável e justificável para a exasperação da pena na primeira
fase da dosimetria. Assim, de rigor a manutenção das circunstâncias judiciais atinentes à
culpabilidade, conduta social e circunstâncias do crime.
3. Considerando que os depoimentos tomados na fase inquisitorial foram utilizados para
fundamentar a sentença, entende-se que os apelantes fazem jus à aplicação da atenuante
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (Súmula n. 545/STJ).
4. Acertada a aplicação da causa de aumento prevista no art. 2º, §2º, da Lei n. 12.850/2013,
uma vez que a organização criminosa sob a qual atuam os apelantes age fortemente
armada, razão pela qual mantenho a gradação determinada pelo magistrado de origem,
qual seja: 1/2 (metade).
5. Ante a falta de dados precisos acerca do cumprimento da pena pelos apelantes, entende-
se que cabe ao Juízo das Execuções Penais, mais próximo dos fatos, a análise quanto a
aplicação da detração penal ventilada no recurso. (TJ-MA - APR: 00028204320158100056
MA 0028812019, Relator: JOSÉ DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO, Data de Julgamento:
20/05/2019, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL).
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000278-79.2020.8.10.0055


APELANTE: CARLOS DOUGLAS SOUSA BRAGA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 531


RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE INJUSTA AGRESSÃO. DOSIMETRIA.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. IMPOSSIBILIDADE.
ELEMENTO DO TIPO. BIS IN IDEM. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA
CONDENATÓRIA PARCIALMENTE REFORMADA.
I. Se não há provas nos autos de qualquer agressão injusta da vítima, não há como
reconhecer a excludente de ilicitude de legítima defesa.
II. Não é possível a utilização de argumentos elementares ao próprio tipo penal para
exasperação da pena - base por valoração negativa das circunstâncias do crime, sob pena
de configurar bis in idem.
III. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003225-87.2006.8.10.0026


APELANTE: ROMILDA FERREIRA LIMA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. EXTORSÃO
MEDIANTE SEQUESTRO. EMENDATIO LIBELLI. DESCLASSIFICAÇÃO EX OFFICIO
PARA EXTORSÃO QUALIFICADA. MATERIALIDADE. AUTORIA. PALAVRA DA VÍTIMA.
APLICAÇÃO DA PENA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I – Quando a obtenção da vantagem indevida depende da colaboração da própria vítima, que
é constrangida por meio da restrição da sua liberdade, a fazer, deixar de fazer ou entregar
algo, trata-se do crime de extorsão qualificada, e não de extorsão mediante sequestro.
II - A extorsão é crime formal, que se consuma independentemente da obtenção da vantagem
indevida (Súmula 96/STJ), bastando a prova do especial fim de obtê-la.
III - Desclassificação, ex officio, da conduta típica descrita na denúncia. Admissibilidade da
aplicação da emendatio libelli, em segundo grau de jurisdição, desde que observados os
limites previstos no art. 617 do CPP, quando se tratar de recurso exclusivo da defesa.
IV - Demonstradas a materialidade e a autoria do crime, robustecidas por meio da palavra
da vítima, que conta com especial valor em delitos cometidos às ocultas, corroborada ainda
por outros elementos, a improcedência do pleito absolutório é manifesta.
V - A ampla devolutividade da apelação criminal permite ao juízo ad quem acrescentar
outros fundamentos nas razões recursais, desde que se limitem à extensão do apelo e não
resultem na elevação da pena.
VI - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800427-15.2021.8.10.0085

532 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELANTE: FRANCISCO ELENILTON DA CONCEIÇÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL.
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DEFINITIVA. RECURSO CABÍVEL. APELAÇÃO. PERÍCIA.
REGULARIDADE DEMONSTRADA. REFORMA DA SENTENÇA. INVIABILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. O incidente de insanidade mental é concluído mediante decisão interlocutória definitiva,
razão pela qual impugnável mediante recurso de apelação, nos termos do art. 593, II do
CPP.
2. Inexistindo falha técnica, contradição ou ausência de resposta a algum quesito, não
há que se falar em irregularidade na perícia forense, sendo o laudo produzido nos autos
suficiente para embasar as conclusões da magistrada a quo.
3. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000060-34.2017.8.10.0127


APELANTE: JOÃO BATISTA MARQUES DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL. PENA DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. ALEGAÇÃO DE
IMPOSSIBILIDADE FINANCEIRA. NÃO COMPROVAÇÃO. VALOR RAZOÁVEL FIXADO
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. DESPROVIMENTO DA APELAÇÃO.
I. Não havendo o réu se desincumbido do ônus de comprovar a impossibilidade financeira
para o pagamento da pena de prestação pecuniária, deve ser mantido o quantum fixado
pelo Magistrado na sentença condenatória, desde que observado o intervalo legal previsto
no art. 45 § 1º do Código Penal e o valor se revelar razoável para a finalidade pedagógica
da pena.
II. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010079-84.2020.8.10.0001


1o APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELANTE: ARLINDO DA VEIGA LEAL FILHO, FRANCISCA ROBERTA COELHO DE
SOUSA MENDES
1o APELADO: FRANCISCA ROBERTA COELHO DE SOUSA MENDES, ARLINDO DA
VEIGA LEAL FILHO, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
2o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 533
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE
SUSTENTAÇÃO ORAL TEMPESTIVO. RETIRADA DE PAUTA. AUSÊNCIA. JULGAMENTO
REALIZADO À MARGEM DO EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
NULIDADE DECRETADA. PREJUDICIALIDADE DAS DEMAIS OMISSÕES SUSCITADAS.
I. A solicitação de retirada de pauta para fins de sustentação oral realizada em até 24 horas
de antecedência da abertura da sessão virtual é prerrogativa garantida pelo Regimento
Interno desta Corte, sendo consectário lógico do exercício do contraditório e da ampla
defesa. Inteligência do art. 346, §1º, do RITJMA.
II. A ausência de manifestação quanto ao pedido tempestivo de retirada de pauta para
sustentação oral torna nulo o julgamento realizado, impondo-se a abertura de oportunidade
à parte para a efetivação da medida, mormente se alegado na primeira oportunidade.
III. Embargos conhecidos e acolhidos, prejudicados os demais pontos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0040088-73.2013.8.10.0001


APELANTE: MARCO ANTÔNIO DA SILVA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE INCÊNDIO. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. NÃO ACOLHIMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO. CRIME DE DANO
QUALIFICADO. LAUDO PERICIAL INCONCLUSIVO. PROCEDÊNCIA.
I. Havendo prova suficiente de autoria, através das provas colhidas nos autos, em especial
dos depoimentos colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, a manutenção da
condenação do apelante é medida que se impõe.
II. Imprescindível para a configuração do crime de incêndio a confecção de laudo pericial em
conformidade com o art. 173, do CPP, o qual determina a descrição detalhada da extensão
do dano e o perigo à vida ou ao patrimônio de outrem que resultar do incêndio, não podendo
o magistrado singular suprir a ausência desses requisitos somente por meio de fotos e de
depoimentos, a pretexto da adoção do princípio do livre convencimento motivado.
III. Concluindo o laudo pericial de vistoria em veículo, que o referido bem fora alvo de
danos materiais decorrentes de incêndio, produzidos por ação humana intencional e com
a utilização de substância acelerante (combustível), é de rigor a desclassificação para o
crime de dano qualificado pelo emprego de substância inflamável (art. 163. parágrafo único,
inciso II, do CP).
IV. Apelação criminal conhecida e provida para redimensionar a pena.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0018966-96.2016.8.10.0001


APELANTE: PEDRO WILSON PEREIRA MORAIS

534 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSO PENAL. INCÊNDIO (ART. 250,
CAPUT, CP). PRELIMINAR PARA ENVIO DOS AUTOS AO CENTRO DE APOIO
OPERACIONAL DO CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL – CAOP-
CEAP. ALEGAÇÃO DE VIOLÊNCIA FÍSICA POR PARTE DA AUTORIDADE POLICIAL.
IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. ART. 402 DO CPP. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO.
AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES DE MATEREIALIDADE E AUTORIA.
IMPROCEDÊNCIA. DOCUMENTOS E DEPOIMENTOS SUBMETIDOS AO CRIVO DO
CONTRADITÓRIO. RELATO TESTEMUNHAL SEGURO. VERSÃO DOS FATOS MUDADA
PELO ACUSADO APENAS NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. APELO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Mostra-se inviável o acolhimento do pleito liminar para envio dos autos ao CAOP-CEAP
pois, apesar de devidamente oportunizada às partes, nos termos do art. 402 do CPP, a
requisição de diligências após a realização da audiência de instrução e julgamento, nada
foi postulado pela defesa, tampouco pela acusação, precluindo-se, portanto, o direito de
requisitá-las.
2. As provas coligidas nos autos e submetidas ao crivo do contraditório e ampla defesa são
suficientes para comprovar a materialidade e autoria delitiva, não havendo que se falar em
ausência de provas capazes de embasar o decreto condenatório.
3. A versão dos fatos apresentada exclusivamente pelo apelante não se constitui elemento
capaz de afastar os fatos apurados em seu desfavor e que embasam sua condenação.
4. O apelado confessou o crime perante a autoridade policial e manteve a não se manifestou
de forma diversa durante a audiência de custódia, resposta à acusação e/ou pedidos de
revogação da prisão cautelar, pelo que se mostra frágil a linha argumentativa traçada em
cima de alteração da versão dos fatos apenas na audiência de instrução e julgamento.
5. Apelo conhecido e desprovido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0812091-70.2022.8.10.0000


PACIENTE: RONILSON DE SOUSA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL – VEP
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE AGRAVO.
POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL. PEDIDO DE INTERNAÇÃO DE PACIENTE.
COMPROVADA A NECESSIDADE DE TRATAMENTO EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO.
DETERMINAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL,
PENDENTE DE CUMPRIMENTO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 535


I -Admite-se, excepcionalmente, a impetração de habeas corpus substitutivo de agravo em
execução penal, quando evidenciada de plano a coação ilegal.
II - Restando devidamente comprovado nos autos, por meio de laudo técnico, que o apenado
precisa de tratamento psiquiátrico, impõe-se a sua transferência para unidade adequada.
III - No caso dos autos, a necessidade de transferência já havia sido reconhecida pelo juízo
da execução penal, restando pendente, de forma injustificada, apenas o cumprimento da
determinação.
IV - Após concessão de liminar, o juízo a quo prestou informações noticiando o seu
cumprimento e a internação do paciente.
V - Habeas corpus conhecido para conceder parcialmente a ordem, nos termos da liminar
deferida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000090-66.2017.8.10.0031


APELANTE: FRANCISCO VIANA DO NASCIMENTO, LUÍS FRANKIEL VIEIRA MATIAS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE ANULAÇÃO
DO JULGAMENTO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. MANIFESTA
CONTRARIEDADE À PROVA DOS AUTOS NÃO EVIDENCIADA. CONDENAÇÃO
EMBASADA NOS ELEMENTOS DE PROVAS PRODUZIDOS NOS AUTOS.
DESPROVIMENTO DO APELO.
I – Se alegada contrariedade ao conjunto probatório do processo, só cabe a anulação da
decisão do Tribunal do Júri quando ela estiver absolutamente afastada dos fatos e das
provas apurados, ou seja, quando não contiver nenhum embasamento nas evidências dos
autos.
II – É inviável a nulificação quando for conferida, pelos jurados, interpretação divergente
das provas, ou ainda, quando, entre duas opções, o Conselho de Sentença tenha optado
por uma, sob pena de violação do princípio da soberania dos veredictos.
III – Não se sustenta a alegação de insuficiência de provas baseada em pequenas
divergências entre os depoimentos de testemunhas e informantes, no decorrer dos anos,
relativas a detalhes dos fatos em apuração, seja na Delegacia de Polícia, durante a audiência
de instrução, seja no julgamento em Plenário, visto que podem ocorrer lapsos naturais em
razão do decurso do tempo.
IV – Incumbe ao Conselho de Sentença, enquanto órgão julgador nos processos sob o rito
do Tribunal do Júri, avaliar o teor dos depoimentos e a eles conferir o peso que entender
cabível, cotejando-os com outros elementos de provas colhidos na instrução.
V – Considerando que a condenação dos apelantes, dada pelo Conselho de Sentença,
encontra-se alicerçada nas provas colhidas na instrução e que elas demonstram, nitidamente,
o cometimento do delito descrito na inicial acusatória, entende-se que a decisão atacada
não foi manifestamente contrária à prova dos autos.

536 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


VI – Desprovimento da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005908-89.2017.8.10.0001


APELANTE: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: JOSÉ TORQUATO SERRA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE /
COMERCIALIZAÇÃO DE CRUSTÁCEOS EM PERÍODO DE DEFESO. ABSOLVIÇÃO.
ART. 386, VII, CPP. DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À MATERIALIDADE DELITIVA. PLEITO
CONDENATÓRIO. INVIABILIDADE.
I. Existindo dúvida razoável quanto ao período em que fora coletado os espécimes da
fauna aquática (caranguejos), para efeito de enquadramento no delito tipificado no art.
34, parágrafo único, inciso III, da Lei nº 9.605/98, é de rigor a manutenção da sentença
absolutória, em respeito ao princípio do in dubio pro reo.
II. O simples transporte, beneficiamento e industrialização dos crustáceos dentro do período
de proibição (defeso), sem a comprovação da origem irregular dos espécimes, ou seja,
provenientes de coleta em período vedado, não enseja o enquadramento ao tipo legal
imputado, em referência.
VI. Apelação criminal improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0034138-15.2015.8.10.0001


APELANTE: TATIANA DE FÁTIMA LIMA DOS SANTOS
ADVOGADO: JOINA MARIA FERREIRA CORREA DE SOUZA - OAB: MA16933-A
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A
ORDEM ECONÔMICA. LEI N. 8176/1991. NULIDADE DA REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO
CONDICIONAL. NÃO CABIMENTO. PRECLUSÃO DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO
DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDUÇÃO DA
PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Cabível recurso em sentido estrito para impugnar a decisão que revoga a suspensão
condicional do processo, mediante interpretação extensiva do art. 581, inciso XI, do Código
de Processo Penal. (TJ-DF 00032804420138070004 DF 0003280-44.2013.8.07.0004,
Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, Data de Julgamento: 17/06/2021, 2ª
Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no PJe : 30/06/2021 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
2. A preclusão na alegação de qualquer nulidade encontra resguardo na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, pois, em respeito à segurança jurídica e à lealdade processual,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 537


ela, bem como qualquer outra falha ocorrida na instrução processual, devem ser arguidas
em momento oportuno.
3. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa da apelante, tipificada no art. 1º, I, da Lei n. 8176/1991.
4. Correto o dimensionamento da pena pelo juízo de origem, não cabendo a valoração dos
itens ventilados pela defesa, em razão da pena definitiva já ter sido fixada no mínimo legal,
por inteligência da Súmula 231 do STJ.
5. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000424-79.2014.8.10.0072


APELANTE: DANIELLA PEREIRA DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO ROBUSTO. SANÇÃO CORPÓREA
SUBSTITUÍDA POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. ATENDIMENTO À
PROPORCIONALIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO DA REPRIMENDA.
I. Evidenciada a materialidade e autoria da recorrente no crime previsto no art. 339, do
Código Penal, correta a condenação imposta, sendo certo que a notitia criminis outrora
atribuída ao ofendido foi utilizada como meio de vingança pessoal devido ao término de
relacionamento amoroso.
II. A instauração do inquérito policial é bastante para a consumação do delito de denunciação
caluniosa, o qual não teve curso mais alongado diante da desistência, pela apelante, da
queixa prestada, o que endossa a falta de robustez da persecução penal levada a efeito em
face da vítima.
III. Correta a exasperação da pena uma única vez pelo motivo torpe do crime acompanhado
da devida fundamentação, sendo oportuna a substituição da sanção corpórea por duas
restritivas de direitos, como efetuado pelo juiz sentenciante.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000767-51.2012.8.10.0038


APELANTE: LEONIDE SANTOS SOUSA SARAIVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS
ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do recurso de apelação, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento de defesa, em

538 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


consonância com o disposto no art. 345, §1º, do RI/TJMA, e precedentes do STJ.
2. No caso dos autos, verifica-se que a defesa foi intimada da inclusão do processo em
pauta virtual no dia 10/08/2022 e, na mesma data, peticionou requerendo a retirada de
pauta da sessão virtual, para fins de sustentação oral.
3. Todavia, no dia 29/08/2022, foi julgado o recurso pela egrégia Terceira Câmara Criminal
deste Tribunal de Justiça, sem análise da petição do embargante. Desse modo, é mister o
reconhecimento da nulidade do julgamento por cerceamento de defesa.
4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0010079-84.2020.8.10.0001


1o APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
2o APELANTE: FRANCISCA ROBERTA COELHO DE SOUSA MENDES
1o APELADO: ARLINDO DA VEIGA LEAL FILHO
2o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRAA ORDEM TRIBUTÁRIA. SONEGAÇÃO
DE ICMS. ABSOLVIÇÃO DO CORRÉU QUE NÃO GERENCIAVA A EMPRESA. AUSÊNCIA
DE NEXO COM A PRÁTICA DELITIVA. CONDENAÇÃO DA 2ª APELANTE. EVIDÊNCIA
DA CONDUTA OMISSIVA DE NÃO PRESTAR DECLARAÇÃO AO FISCO. PODERES
DE GESTÃO. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE
DEFESA. SENTENÇA MANTIDA.
I. Com base na teoria do domínio do fato, o crime de sonegação fiscal exige circunstância
do plano fático-probatório que vincule o agente à prática delitiva, sendo que a ausência
dessa relação conduz inelutavelmente à manutenção da absolvição do 1º apelado.
II. A conduta omissiva da 2ª recorrente de não prestar declaração ao Fisco com o fim de
obter a redução ou supressão de tributo, quando atinge o resultado almejado, consubstancia
o crime previsto no inciso I do art. 1º da Lei nº 8.137/1990, máxime porque o delito em
questão prescinde da comprovação de dolo específico. Precedente do STJ.
III. Correta a condenação lastreada nas provas colhidas ao longo da instrução, eis que a 2ª
apelante figurava como única responsável pela empresa e possuía poderes de gestão no
período dos fatos delituosos.
IV. O processo criminal não é a via adequada para a impugnação de eventuais nulidades
ocorridas no procedimento administrativo-fiscal, conforme firme orientação jurisprudencial.
V. O indeferimento motivado de pedido de produção de prova pericial não configura
cerceamento de defesa, pois o juízo de necessidade da prova deve ser orientado pelo
critério de discricionariedade do julgador.
VI. Apelações criminais conhecidas e desprovidas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003627-05.2014.8.10.0022


APELANTE: LUCIANO SILVA FERREIRA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 539


APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. USO DE ALGEMAS.
SÚMULA VINCULANTE Nº 11. EVENTUAL NULIDADE DO ATO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE. CONTAMINAÇÃO DA AÇÃO PENAL. INOCORRÊNCIA. ROUBO PRÓPRIO.
GRAVE AMEAÇA. SIMULAÇÃO DO PORTE DE ARMA. CRIME CONFIGURADO.
PLEITO ABSOLUTÓRIO OU DE DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA IMPROCEDENTE.
DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A eventual nulidade do ato de prisão em flagrante efetuado por policiais militares pelo
uso injustificado de algemas não contamina os atos processuais subsequentes ou a ação
penal, assim como torna-se superada com a decretação da prisão preventiva. Precedentes
do STF e do STJ.
II - A grave ameaça exercida mediante simulação de porte de arma é circunstância que
caracteriza a elementar do crime de roubo, consoante entendimento consagrado pelo STJ.
III - Inviável a absolvição da recorrente ou a desclassificação da conduta para o crime furto
diante do conjunto probatório constante dos autos, mormente a palavra da vítima e da
testemunha, que demonstram de maneira inequívoca a prática do crime tipificado no art.
157, caput, do CP.
IV - É de rigor o redimensionamento da pena-base quando o juízo a quo, ao valorar as
circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP, considera a idade da vítima do roubo para
exasperar a sanção, sem que, todavia, haja evidência de que o agente tinha conhecimento
de que se tratava de uma menor ou que esse fato tenha sido um facilitador da ação delituosa.
IV - Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000022-84.2010.8.10.0024


APELANTE: LEVENILSON SILVA AGUIAR
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVADAPRETENSÃO PUNITIVA.
REDUÇÃO DO PRAZO PELA METADE EM FUNÇÃO DA MENORIDADE RELATIVA DO
AGENTE NA DATA DO FATO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DECRETAÇÃO. ALEGAÇÃO
SUSCITADA NO APELO E RECONHECIDA PELO PARQUET. PREJUDICIALIDADE DO
MÉRITO RECURSAL.
I. A prescrição em matéria criminal regula-se pela pena concretizada na sentença quando
não há recurso da acusação (Súmula 146/ STF), correndo o lapso prescricional pela metade
quando o agente é menor de 21 anos ao tempo do fato.
II. Fixada a pena do acusado em 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, e
transcorrido mais de sete anos entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença

540 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


em secretaria, verifica-se a consumação da prescrição da pretensão punitiva. Inteligência
do art. 109, III, c/c 115, ambos do CP.
III. A extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva merece
acolhimento quando suscitada no apelo interposto pela defesa e endossada pelo Ministério
Público, eis que se tratando de matéria de ordem pública, poderia ser reconhecida até
mesmo de ofício, nos termos do art. 61 do CPP.
IV. Prescrição decretada, prejudicado o conhecimento do mérito do apelo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003742-55.2016.8.10.0022


APELANTE: DIFUSORA INCORPORAÇÃO E CONSTRUÇÃO LTDA - EPP
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES AMBIENTAIS.
PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA. EXPOSIÇÃO GENÉRICA DAS CONDUTAS.
REJEIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO
PROBATÓRIO HARMÔNICO E COERENTE ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA
DOS CRIMES. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DE
OFÍCIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1.In casu, a sentença condenatória indicou de forma clara e suficiente as condutas atribuídas
ao apelante, bem como as sanções a serem aplicadas a cada delito.
2. Ademais, “nos crimes de autoria coletiva admite-se a descrição genérica dos fatos,
se não for possível, como na espécie, esmiuçar e especificar a conduta de cada um dos
denunciados” (RHC 83.937/CE, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe
20/09/2017).
3. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
4. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva da apelante, por tratar-se
de matéria de ordem pública.
5. Recurso conhecido e desprovido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0000767-51.2012.8.10.0038
EMBARGANTE: LEONIDE SANTOS SOUSA SARAIVA
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 541


ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do recurso de apelação, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento de defesa, em
consonância com o disposto no art. 345, §1º, do RI/TJMA, e precedentes do STJ.
2. No caso dos autos, verifica-se que a defesa foi intimada da inclusão do processo em
pauta virtual no dia 10/08/2022 e, na mesma data, peticionou requerendo a retirada de
pauta da sessão virtual, para fins de sustentação oral.
3. Todavia, no dia 29/08/2022, foi julgado o recurso pela egrégia Terceira Câmara Criminal
deste Tribunal de Justiça, sem análise da petição do embargante. Desse modo, é mister o
reconhecimento da nulidade do julgamento por cerceamento de defesa.
4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801787-33.2021.8.10.0069


APELANTE: ANTÔNIO DOMINGOS DOS SANTOS SOUZA e FRANCISCO DOS
NAVEGANTES SOARES SOUZA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. REDIMENSIONAMENTO
DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. PENA APLICADA DE FORMA PROPORCIONAL, AINDA
QUE VALORADA NEGATIVAMENTE APENAS UMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
RECURSO EM LIBERDADE. INVIABILIDADE. REGIME INICIAL FECHADO E PRESENTES
OS REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. (CLÁUSULA REBUC
SIC STANTIBUS). PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS
SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O fato de os apelantes, comprovadamente, integrarem organização criminosa, como
ressaltado na sentença condenatória, autoriza a desvaloração da circunstância judicial da
conduta social, dado o evidente prejuízo ao seu comportamento social, razão pela qual
deve ser mantida a desvaloração dessa circunstância.
II – Por outro lado, quanto à valoração negativa da personalidade do agente, a jurisprudência
ratifica que não é possível a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base. Assim, o Juízo a quo não poderia ter utilizado o fato de os apelantes
responderem a outros processos para apontar que suas personalidades tenderiam para a
prática de crimes, especialmente, diante da ausência de elementos concretos nos autos,
pelo que deve ser excluída a valoração negativa da mencionada circunstância judicial.
III – Contudo, mesmo com o afastamento da valoração negativa da personalidade, a pena
fixada pelo Juízo sentenciante não merece reparo, já que fora fixada de forma proporcional,
dado o incremento de apenas 1 (um) ano de reclusão em relação à pena-base de cada
delito. Tal acréscimo resta perfeitamente compatível com a valoração negativa da conduta
social dos apelantes. Assim, deve ser rejeitado o pedido da defesa de redimensionamento
da pena.

542 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IV – Não merece guarida o pedido de recorrer em liberdade, pois, em razão do quantum da
pena e da circunstância judicial desfavorável, deve ser mantido o regime inicial fechado,
nos termos do art. 33, §§2º e 3º, do Código Penal. Do mesmo modo, como destacado
no decisum impugnado, os motivos para a decretação da prisão preventiva permanecem
preenchidos, posto que os apelantes permaneceram encarcerados durante todo o trâmite
processual, razão pela qual deve ser mantida a custódia cautelar, já que não foi alterada a
situação fática (cláusula rebuc sic stantibus). Precedentes.
V – As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o
fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter sido perpetrado tráfico de drogas,
pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
VI – Apelação desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004638-29.2012.8.10.0058


APELANTE: HUGO DELLEON ALENCAR RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. ARTIGO 184, PARÁGRAFO 2º, DO CÓDIGO PENAL.
CONTRAFAÇÃO. PROLAÇÃO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. INSURGÊNCIA DA
DEFESA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO
HARMÔNICO E COERENTE ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DOS CRIMES.
PEDIDO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 502/STJ. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
DE OFÍCIO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO, COM A DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE DA APELANTE.
1. É inviável o pleito absolutório por insuficiência de provas se os elementos probatórios
colhidos nos autos comprovam a materialidade e autoria delitivas, de modo a embasar a
condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.
2. A conduta de expor à venda CD ‘s e DVD ‘s piratas configura o crime, tendo em vista que
reveste de tipicidade material por causar prejuízos às indústrias fonográfica e cinematográfica,
além de impedir que o erário recolha os tributos devidos com o seu comércio, não podendo,
por isso, ser considerada, como socialmente aceitável. Súmula n. 502/STJ.
3. Reconhecimento de ofício da prescrição da pretensão punitiva da apelante, por tratar-se
de matéria de ordem pública.
4. Recurso conhecido e desprovido, com a extinção da punibilidade do recorrente.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0034138-15.2015.8.10.0001
EMBARGANTE: TATIANA DE FÁTIMA LIMA DOS SANTOS
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 543


RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A
ORDEM ECONÔMICA. LEI N. 8176/1991. NULIDADE DA REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO
CONDICIONAL. NÃO CABIMENTO. PRECLUSÃO DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS VÁLIDOS PARA MANUTENÇÃO
DA CONDENAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. REDUÇÃO DA
PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231/STJ. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Cabível recurso em sentido estrito para impugnar a decisão que revoga a suspensão
condicional do processo, mediante interpretação extensiva do art. 581, inciso XI, do Código
de Processo Penal. (TJ-DF 00032804420138070004 DF 0003280-44.2013.8.07.0004,
Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, Data de Julgamento: 17/06/2021, 2ª
Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no PJe : 30/06/2021 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
2. A preclusão na alegação de qualquer nulidade encontra resguardo na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, pois, em respeito à segurança jurídica e à lealdade processual,
ela, bem como qualquer outra falha ocorrida na instrução processual, devem ser arguidas
em momento oportuno.
3. No caso presente, constata-se que as provas produzidas no curso da ação penal
convergem para a prática delituosa da apelante, tipificada no art. 1º, I, da Lei n. 8176/1991.
4. Correto o dimensionamento da pena pelo juízo de origem, não cabendo a valoração dos
itens ventilados pela defesa, em razão da pena definitiva já ter sido fixada no mínimo legal,
por inteligência da Súmula 231 do STJ.
5. Apelo conhecido e desprovido.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0004393-66.2016.8.10.0029
EMBARGANTE: CARLOS MOURA BARROS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO
CRIMINAL. EFEITOS INFRINGENTES. AUSÊNCIA DE OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. INVIABILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CONHECIDOS E REJEITADOS.
I. A teor do disposto no art. 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração
destinam-se a suprir omissão, contradição, ambiguidade ou obscuridade existente no
julgado, não se prestando, portanto, para a rediscussão da matéria ínsita ao julgado, diante
do mero inconformismo da parte, ou mesmo com a pretensão de prequestionamento, se
ausentes os requisitos pertinentes ao dispositivo processual codificado. Precedentes do

544 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


STJ e do TJMA;
II. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

REMESSANECESSÁRIACRIMINALNÚMERO PROCESSO N° 0800336-75.2022.8.10.0056


IMPETRANTE: THALES EDUARDO NOBRE AIRES – OAB/MA19838-A
IMPETRADO: PREFEITO MUNICIPAL DE SANTA INÊS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. HABEAS CORPUS COLETVO. CONHECIMENTO
FORA DAS HIPÓTESES DO ART. 574 DO CPP. HABEAS CORPUS QUE REVESTE DE
NATUREZA JURÍDICA DE AÇÃO COLETIVA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 19 DA LEI
4.717/1965. INDEFERIMENTO LIMINAR DA EXORDIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA
PARA CONTROLE ABSTRATO DE ATOS NORMATIVOS EM GERAL. PRECEDENTES
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. DESPROVIMENTO.
1. Tratando-se de Habeas Corpus Coletivo, que se reveste da natureza jurídica de ação
coletiva, necessário que se aplique, por analogia, o regramento processual das ações
coletivas e, mais especificamente, para o caso, da lei da ação popular, que prevê o reexame
necessário em casos que a sentença concluir pela carência ou indeferimento da ação.
2. A jurisprudência já consolidada no âmbito dos Tribunais Superiores é patente ao
estabelecer que o habeas corpus não se constitui via própria para o controle abstrato de
leis e atos normativos em geral.
3. Tratando-se de impetração contra decreto da Prefeitura Municipal de Santa Inês/MA, que
estabeleceu a adoção de medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação
contra a Covid-19 para acesso em locais públicos e privados, mostra-se incabível a via
eleita para atacar o referido ato normativo.
4. Remessa Necessária conhecida e improvida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008939-20.2017.8.10.0001


1o APELANTE: JOEL SANTOS SILVA
2o APELANTE: WANDERSON FERREIRA CRUZ
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. LEI N. 12.850/2013. PRELIMINAR. ANULAÇÃO DE PROVA OBTIDA A
PARTIR DE ACESSO ÀS MENSAGENS DO APLICATIVO WHATSAPP. REJEITADA. ART.
155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DOSIMETRIA. DECOTE DE CIRCUNST NCIAS
JUDICIAIS. NÃO CABÍVEL. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO.
SÚMULA 545 DO STJ. APLICÁVEL. CAUSA DE AUMENTO DA PENA FUNDAMENTADA.
MANUTENÇÃO. DETRAÇÃO PENAL. COMPETE AO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 545


1. O acesso a dados constantes nos aparelhos telefônicos dos apelantes foi realizado por
intermédio de procedimento devidamente autorizado, com a finalidade de instruir inquérito
policial que investigava a participação do apelante como suposto integrante de facção
criminosa. Desta forma, inexiste óbice à apreciação do conteúdo em sede judicial, à luz do
que prevê o art. 155, do Código de Processo Penal.
2. O peculiar modo de agir dos apelantes, cometendo crimes por intermédio de organização
criminosa conhecida pela sua atuação violenta e controladora, que impõe medo na
população e é notadamente responsável pelo alto índice de criminalidade em diversas
regiões da cidade, é motivo razoável e justificável para a exasperação da pena na primeira
fase da dosimetria. Assim, de rigor a manutenção das circunstâncias judiciais atinentes à
culpabilidade, conduta social e circunstâncias do crime.
3. Considerando que os depoimentos tomados na fase inquisitorial foram utilizados para
fundamentar a sentença, entende-se que os apelantes fazem jus à aplicação da atenuante
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (Súmula n. 545/STJ).
4. Acertada a aplicação da causa de aumento prevista no art. 2º, §2º, da Lei n. 12.850/2013,
uma vez que a organização criminosa sob a qual atuam os apelantes age fortemente
armada, razão pela qual mantenho a gradação determinada pelo magistrado de origem,
qual seja: 1/2 (metade).
5. Ante a falta de dados precisos acerca do cumprimento da pena pelos apelantes, entende-
se que cabe ao Juízo das Execuções Penais, mais próximo dos fatos, a análise quanto a
aplicação da
detração penal ventilada no recurso. (TJ-MA - APR: 00028204320158100056 MA
0028812019, Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO, Data de Julgamento:
20/05/2019, TERCEIRA C MARA CRIMINAL).
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000487-64.2013.8.10.0129


APELANTE: JOSÉ WALISON PEREIRA DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000487-64.2013.8.10.0129


APELANTE: JOSÉ WALISON PEREIRA DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000726-30.2017.8.10.0064


APELANTE: LUCILEIDE DE JESUS RIBEIRO

546 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVA DA PRETENSÃO
PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA EM CARTÓRIO. CONSIDERAÇÃO DO PRIMEIRO ATO SUBSEQUENTE
COMO DATA DA PUBLICAÇÃO. RECURSO PROVIDO.
I. Nos termos do art. 109, VI, do CP, prescreve a pretensão punitiva do Estado se entre
a data do recebimento da denúncia e a da publicação da sentença houver transcorrido
período superior a três anos, e a pena privativa de liberdade não exceder a um ano.
II. A prescrição penal regula-se pela pena concretizada na sentença quando não há recurso
da acusação (Súmula 146 do STF).
III. Conforme entendimento do STJ, na falta de comprovação de publicação da sentença
em cartório, devidamente certificada pelo secretário judicial, esta deve ser considerada
publicada na data da prática do ato subsequente, que, de maneira inequívoca, demonstre
a publicidade do decreto condenatório.
IV. Recurso provido, para declarar a prescrição da pretensão punitiva.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802642-83.2021.8.10.0110


APELANTE: HUTEMBERG GUSMÃO SAMPAIO, JOSÉ ANTÔNIO DE PINHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ILICITUDE DAS PROVAS.
PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. ALEGAÇÃO DE ILICITUDE NA VIOLAÇÃO DO DOMICÍLIO.
NÃO VERIFICAÇÃO. INGRESSO FORÇADO NO IMÓVEL DEVIDAMENTE JUSTIFICADO
PELAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS. FORTES INDÍCIOS PRÉVIOS DA PRÁTICA DE
DELITO PERMANENTE NO INTERIOR DA CASA. ACESSO AO DOMICÍLIO VÁLIDO,
ASSIM COMO AS PROVAS OBTIDAS. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O ingresso forçado em imóvel que sirva como domicílio, sem ordem judicial, somente
se justifica quando embasado em fundadas razões, plenamente justificadas pelas
circunstâncias do caso concreto. Precedentes.
II – Em se tratando de crimes de natureza permanente, cujo estado de flagrância se estende
no tempo, não se exige mandado judicial para a entrada no imóvel, desde que devidamente
fundamentada pelo contexto fático que antecedeu ao ingresso, levando-se em conta a
presença de indícios mínimos da situação flagrancial dentro da casa.
III – No caso em apreço, observa-se que a polícia recebeu informações acerca da presença
de dois indivíduos que estavam portando armamentos em via pública. No momento em
que os policiais chegaram ao local indicado, visualizaram os apelantes com as armas
de fogo na mão, ao passo que esses tentaram empreender fuga e adentraram dentro da

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 547


residência, com o nítido intuito de obstarem a ação da polícia. Em seguida, os apelantes
foram perseguidos e presos em flagrante pelos policiais, por manterem em sua posse armas
de fogo e munições em desacordo com determinação legal, delito esse que possui natureza
permanente.
IV – Ademais, os policiais militares realizavam, no momento da prisão, diligências prévias
visando esclarecer possível prática de delito de porte ilegal de arma de fogo, somente
tendo acessado a residência dos apelantes após avistarem esses com armas na mão e
empreendendo fuga. Portanto, não há que se falar em ilicitude, mas em mero exercício legal
de atividade investigativa policial, segundo o Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
V – Desprovimento da apelação.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800198-50.2021.8.10.0119


APELANTE: RAIMUNDO JOSÉ BARBOSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RESTITUIÇÃO
DE COISA APREENDIDA. INVIABILIDADE. ARTIGOS 118 A 120 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. INSTRUMENTO DO CRIME. INTERESSE DA INSTRUÇÃO
CRIMINAL. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO
DESPROVIDO.
1. No caso, o bem apreendido ainda interessa ao deslinde do aludido processo, podendo
constituir provas materiais da prática de crimes ainda em apuração;
2. Se ainda há interesse na manutenção da apreensão dos bens, devem eles permanecer
retidos, até elucidação quanto a licitude na aquisição;
3. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo;
4. Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0016264-75.2019.8.10.0001


APELANTE 1: E.
APELANTE 2: DENILSON MOREIRA COSTA E WELLINGTON DOS SANTOS SILVA
APELANTE 3: EDERSON FERREIRA LINO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA CIRCUNSTANCIADA
EM RAZÃO DA PROFISSÃO. CONTINUIDADE DELITIVA. INVIABILIDADE DO PLEITO
ABSOLUTÓRIO. CONFISSÃO DOS RÉUS. MATERIALIDADE E AUTORIA INDUVIDOSA.
DOSIMETRIA. ADEQUAÇÃO. AVALIAÇÃO NEGATIVA DAS CONSEQUÊNCIAS
DO CRIME. SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITO.
PROPORCIONALIDADE.

548 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I. Correta a condenação dos apelantes pelo cometimento do crime previsto no art. 168,
§1º, III, do CP, diante da configuração da materialidade e autoria delitivas, endossadas
pela confissão da prática criminosa consistente no desvio de carregamentos de fertilizantes
pelos acusados.
II. O juízo demeritório das consequências do crime na primeira fase da dosimetria se
coaduna com o expressivo montante do prejuízo apurado em face da empresa lesada,
que alcança cifras milionárias, contemplando repercussão ou alarme social superior àquela
contemplada naturalmente no tipo penal incriminador.
III. A adoção da fração máxima de 2/3 no cálculo da reprimenda de crime continuado é
compatível com o prolongamento temporal da atividade criminosa e com o número de delitos
cometidos nesse intervalo, mormente em face do significativo incremento patrimonial dos
acusados que culminou com padrão de vida desproporcional à renda salarial.
IV. Oportuna a substituição, no juízo singular, da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direito consistentes em prestação de serviços comunitários e limitação de fim
de semana, o que se afigura proporcional, adequado e suficiente à reprovação do delito em
apreço.
IV. Apelações criminais conhecidas e desprovidas.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0000073-10.2019.8.10.0112
EMBARGANTE: VINÍCIUS OLIVEIRA MELO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. SUPRESSÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO E PREVARICAÇÃO. OMISSÃO
E CONTRADIÇÃO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO QUANTO ÀS TESES DEFENSIVAS.
INOCORRÊNCIA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS.
1. Cumpre apontar que os embargos de declaração, nos termos do art. 619 do Código de
Processo Penal, supõem defeitos na mensagem do julgado, em termos de ambiguidade,
omissão, contradição ou obscuridade, isolada ou cumulativamente.
2. No presente caso a decisão embargada traz em seu bojo expressa manifestação quanto
a todas as teses defensivas, de forma discriminada, não havendo o que falar em omissão
ou contradição.
3. A oposição dos presentes embargos, em verdade, tem o objetivo único de rediscutir o
mérito que já fora decidido no julgamento do recurso de apelação, o que, conforme sabe-
se, é incabível.
4. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001062-17.2014.8.10.0039

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 549


APELANTE: MARIA IRACIELMA MEDEIROS DA SILVA, FRANCISCO SANTOS SOUSA,
DJAINNA DA SILVA REIS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE ANULAÇÃO
DO JULGAMENTO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. MANIFESTA
CONTRARIEDADE À PROVA DOS AUTOS NÃO EVIDENCIADA. CONDENAÇÃO
EMBASADA NOS ELEMENTOS DE PROVAS PRODUZIDOS NOS AUTOS. VALORAÇÃO
NEGATIVA DA CULPABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE.CULPABILIDADE COMO
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NÃO SE CONFUNDE A CULPABILIDADE EM SENTIDO
ESTRITO. NEUTRALIDADE. EXISTÊNCIA DE DUAS QUALIFICADORAS. UTILIZAÇÃO
CONCOMITANTE NA PRIMEIRA E NA SEGUNDA ETAPAS DOSIMÉTRICAS. BIS IN IDEM.
EXCLUSÃO DA VALORAÇÃO NA PRIMEIRA FASE E MANUTENÇÃO DO AGRAVAMENTO
DA PENA. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.
I – Se alegada contrariedade ao conjunto probatório do processo, só cabe a anulação da
decisão do Tribunal do Júri quando estiver absolutamente afastada dos fatos e das provas
apurados, ou seja, quando não contiver embasamento nas evidências dos autos.
II – É inviável a nulificação quando for conferida, pelos jurados, interpretação divergente
das provas, ou ainda, quando, entre duas opções, o Conselho de Sentença tenha optado
por uma, sob pena de violação do princípio da soberania dos vereditos.
III – Incumbe ao Conselho de Sentença, como órgão julgador nos processos sob o rito
do Tribunal do Júri, avaliar o teor dos depoimentos e a eles conferir o peso que entender
cabível ao cotejá-los com outros elementos de provas colhidos na instrução.
IV – Considerando que a condenação do apelante, pelo Conselho de Sentença, encontra-
se alicerçada nas provas colhidas na instrução e que elas demonstram, nitidamente, o
cometimento do delito descrito na inicial acusatória, entendo que a decisão atacada não
fora manifestamente contrária à prova dos autos.
V – O conhecimento da ilicitude por parte do réu não autoriza aumento da pena-base a
título de culpabilidade, na primeira fase da dosimetria, pois tal ciência, ainda que potencial,
consubstancia elemento inerente ao terceiro substrato do crime, sem o qual a conduta,
sequer, pode ser considerada delituosa. Em outras palavras, o fato de o apelante ter agido
livremente, sem qualquer vício de vontade e com pleno conhecimento de que sua conduta
contraria o ordenamento jurídico, é requisito para a própria consumação do crime por se
tratar de elemento inerente à culpabilidade em sentido estrito, que é a terceira estrutura do
delito, razão pela qual a sentença deve ser reformada nesse ponto. Assim, a circunstância
judicial da culpabilidade deve ser considerada neutra.
VI – Presentes duas qualificadoras, o Juiz sentenciante pode valer-se de uma delas para
qualificar o delito, e da outra, nas outras etapas da dosimetria da pena. No entanto, ao
assim proceder, ele deve utilizar a qualificadora deslocada na segunda fase da dosimetria
como agravante genérica, quando houver previsão legal expressa. Ou, subsidiariamente,

550 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


quando a qualificadora não caracterizar circunstância agravante por ausência de dispositivo
legal, deve valorá-la na primeira etapa dosimétrica, como circunstância judicial negativa,
incrementando a pena-base. Precedentes.
VII – Na hipótese, constata-se que a qualificadora relativa a traição fora utilizada pelo Juiz
sentenciante tanto na primeira fase, na condição de circunstâncias do crime, quanto na
segunda fase, como agravante, tal como prevê o artigo 61, II, “c”, do Código Penal.
VIII – Diante do evidente bis in idem, impõe-se a retificação da sentença também nesse
ponto, de modo a coibir a utilização concomitante da qualificadora da traição na primeira e na
terceira fases da dosimetria. Assim, deve ser excluída a valoração negativa da circunstância
judicial relativa às circunstâncias do crime, considerando-a neutra, mas, mantida a incidência
da mesma qualificadora na segunda etapa dosimétrica, como agravante da pena, pois
prevista no artigo 61, II, “c”, do Código Penal.
IX– Apelação parcialmente provida para considerar neutras as circunstâncias judiciais
relativas à culpabilidade e às circunstâncias do crime.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001527-70.2017.8.10.0055


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. ABSOLVIÇÃO POR MEIO DO
QUESITO GENÉRICO. JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. ANULAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SOBERANIA DOS VEREDICTOS. SISTEMA DE ÍNTIMA CONVICÇÃO
DOS JURADOS.
I. O quesito genérico do art. 483, III, § 2º, CPP, de formulação obrigatória - depois da
resposta afirmativa acerca da materialidade e da autoria -, permite ao jurado, na sua
livre apreciação dos fatos da vida, optar pela absolvição do acusado em atenção ao seu
sentimento pessoal de justiça e pela sua íntima convicção. É incongruente o controle judicial
em sede recursal destas decisões absolutórias, tanto mais que a lei não atrelou a resposta
afirmativa a nenhuma condicionante ligada às teses da defesa apresentadas ao Tribunal do
Júri. Precedentes do STF, STJ e desta Terceira Câmara Criminal.
II. Impõe-se a manutenção do veredicto absolutório lastreado em razões de índole
eminentemente subjetiva proferidas pelos jurados, tendo em vista a soberania do veredicto
resultante da votação afirmativa do quesito genérico de absolvição, que não é atrelado a
critérios técnicos.
III. Apelação criminal conhecida e desprovida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816612-58.2022.8.10.0000


PACIENTE: DIOGO DOS SANTOS DE MENEZES
IMPETRADO: 1a VARA CRIMINAL DA CAPITAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 551


RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE
SEQUESTRO. TIPIFICAÇÃO NO ART. 159 DO CÓDIGO PENAL. PLEITO DE REVOGAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA E APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA
PRISÃO. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA
A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. MODUS OPERANDI E GRAVIDADE
CONCRETA DO DELITO. PACIENTE RESPONDE A OUTRA PROCESSO CRIMINAL.
PERICULOSIDADE SOCIAL E PROPENSÃO À PRÁTICA CRIMINOSA. GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADA. INEFICIÊNCIA DE MEDIDAS CAUTELARES
DIVERSAS DA PRISÃO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I- O modus operandi e a gravidade concreta da conduta, mantendo a vítima em cativeiro
e negociando a sua vida em troca de alto valor em dinheiro, autorizam a manutenção da
prisão preventiva do paciente, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (RHC
79.498/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2017, DJe
27/03/2017).
II- A manutenção da custódia cautelar também é embasada pelo fato do paciente responder
a outro processo criminal, a revelar uma certa propensão à prática criminosa e uma alta
periculosidade social, o que vem a justificar a necessidade da manutenção da sua prisão
para garantir a ordem pública.
III- Não há que se cogitar de ausência de proporcionalidade da prisão preventiva então
decretada, diante da sua indispensabilidade no caso concreto, não sendo suficientes
medidas cautelares diversas da prisão, nem para a repressão do delito, nem para a
manutenção da ordem social.
IV- existência de circunstâncias pessoais favoráveis, por si só, não constitui óbice à
manutenção da prisão, desde que se verifique o preenchimento dos requisitos exigidos por
lei para imposição da segregação provisória, como ocorre no caso em tela
V- Habeas corpus conhecido e, no mérito denegado.

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°


0817076-82.2022.8.10.0000
RECORRENTE: LOURIVAL FERREIRA DE OLIVEIRA
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS CRIMINAL. TRANSFERÊNCIA
DE APENADO À UNIDADE PRISIONAL EM OUTRO ESTADO DA FEDERAÇÃO POR ATO
ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
INDEFERIMENTO LIMINAR DA INICIAL. ART. 415, PARÁGRAFO ÚNICO, DO REGIMENTO
INTERNO DO TJMA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO. AGRAVO DESPROVIDO.
I. Incabível o manejo do habeas corpus para impugnar a transferência de apenado, por ato
administrativo da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Maranhão, que

552 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


não observou determinação judicial em sentido contrário.
II. Ausente ato judicial determinando a transferência do apenado para cumprimento de
reprimenda penal em outro Estado da Federação, não se há falar em ilegalidade a merecer
reproche pela via estreita do writ.
III. Indefere-se a inicial do habeas corpus, nos termos do art. 415 do RITJMA, na hipótese
de pedido manifestamente incabível ou incompetência do Tribunal de Justiça do Estado do
Maranhão.
IV. Agravo regimental desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800284-95.2021.8.10.0062


VÍTIMA: SANDRO CÁSSIO DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
DECISÃO: Trata-se de pedido de restituição de coisa apreendida interposto por SANDRO
CASSIO DE OLIVEIRA, visando à devolução do veículo Fiat Strada, placa PIY 2384, que
fora apreendido e se encontra na Delegacia de Polícia do município de Vitorino Freire.
Segundo documentos juntados aos autos, o pedido de restituição do veículo fora indeferido,
inicialmente, pela autoridade policial. Após, o ora apelante ajuizou a presente ação na qual
também foi indeferido o pedido pelo Juízo a quo, já que o inquérito ainda não fora concluído
e restam dúvidas acerca da propriedade do veículo, sua origem e sua destinação.
O recurso foi redistribuído à minha relatoria e incluído na pauta de julgamento da Sessão
do dia 22/08/2022. Após a intimação da data da sessão, o apelante apresentou pedido
de desistência por meio da petição de ID 19446579, porém, o advogado do apelante não
tinha procuração com poderes especiais para pedir a desistência da apelação, como
disposto no art. 674 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Maranhão, por esse
motivo, o processo foi retirado de pauta e determinada a intimação para que fosse sanada
a irregularidade.
Por fim, em 11/09/2022 foi juntada aos autos procuração com poderes especiais (ID
20031293).
É o relatório.
2 Linha argumentativa
Verifico que a procuração juntada pelo apelante atende ao requisito do artigo 674 do
Regimento Interno desse Tribunal de Justiça, estando regular, portanto, não há nenhuma
razão para o indeferimento do pedido.
3 Legislação aplicável
3.1 Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão
3.1.1 Art. 674: O réu só pode desistir, validamente, da apelação, subscrevendo a petição de
desistência ou constituindo procurador com poderes especiais.
4 Parte dispositiva
Ante o exposto, HOMOLOGO o pedido de desistência do recurso, nos termos do artigo 319

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 553


do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Publique-se, registre-se, intimem-se e, uma vez certificado o trânsito em julgado, arquivem-
se os autos, com baixa na Distribuição.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813222-80.2022.8.10.0000


PACIENTE: PAULO ROBERTO CARVALHO VALE
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DE ARAIOSES -MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. ART. 250, §1º, II, “a”, DO CP (CRIME DE INCÊNDIO) e arts.
33 e 35, da LEI nº 11.343/06. PRESSUPOSTOS DA PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA. FATOS CONCRETOS QUE AMPARAM O INDEFERIMENTO DO PLEITO
DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR. DEMONSTRAÇÃO DA PERICULOSIDADE
DO AGENTE. ILEGALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO RECONHECIDA. ORDEM
DENEGADA.
1. A prisão cautelar está bem fundamentada na necessidade de garantia da ordem pública.
2. Não se pode olvidar que os crimes de incêndio e tráfico são crimes graves e tem como
objeto jurídico a incolumidade pública, que pode ser traduzida na segurança e tranquilidade
de toda uma coletividade.
3. O paciente, segundo se extrai dos autos, seria pessoa conhecida como líder do tráfico na
localidade em que ocorreu o crime, tendo sido, por ocasião da revista pessoal, encontrado
no seu bolso 2 (dois) volumes médios de substâncias semelhante a “crack”. A vítima,
lado outro, teria denunciado o tráfico na região, o que, inclusive, haveria provocado uma
operação ostensiva da Polícia Militar no dia anterior ao incêndio.
4. Acerca das condições pessoais favoráveis do paciente e ausência de sentença
condenatória com trânsito em julgado, já se manifestou a Quinta Turma do Superior Tribunal
de Justiça, reconhecendo que “As condições pessoais favoráveis do agente não impedem,
por si sós, a manutenção da segregação cautelar devidamente fundamentada.”
5. Restou demonstrada a inadequação e insuficiência das medidas cautelares diversas da
prisão.
6. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000089-06.2019.8.10.0001


APELANTE: GIVALDO LIMA DOS SANTOS, HÉLIO AUGUSTO DA SILVA LIMA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: OZIELTON REIS DA SILVA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM]
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO
DE PRAZO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. INOCORRÊNCIA. VERIFICAÇÃO FEITA NO

554 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


CASO EM CONCRETO E QUE DEPENDE DA ANÁLISE DA GRAVIDADE DO DELITO,
PERICULOSIDADE DO AGENTE E COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO
ERRO NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO. PREJUÍZO À TRAMITAÇÃO DO FEITO NÃO
CONSTATADO.
I - A análise do excesso de prazo, a fim de embasar a revogação de prisão preventiva, deve
levar em consideração circunstâncias como a gravidade do crime, a potencial periculosidade
do agente, o estado de tramitação da ação criminal, e a complexidade desta.
II – Na hipótese dos autos, a ação criminal apresenta notável complexidade e encontra-se
com o trâmite regular, sem demora imputável ao juízo.
III – O erro alegado pelo impetrante diz respeito a outro processo, que em nada influiu no
processo ensejou a decretação preventiva.
IV - Habeas corpus conhecido para denegar a ordem.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000308-46.2015.8.10.0102


APELANTE: ADONIAS ALMEIDA DOS SANTOS, ANTÔNIO FEITOSA DOS SANTOS
FILHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: JOSÉ ARTUR DEL TOSO JÚNIOR
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO
RETROATIVA DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.
I- Segundo os marcos interruptivos previstos no art. 117 do Código Penal, prescreve a
pretensão punitiva do Estado se entre a data do recebimento da denúncia e a da publicação
da sentença houver transcorrido período superior a 04 (quatro) anos, e a pena privativa de
liberdade não exceder a 02 (dois) anos.
II - A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação. Inteligência da Súmula 146 - STF.
III – Na espécie, a denúncia foi recebida em 19/08/2015 e a sentença condenatória, que
impôs pena de dois anos de reclusão, foi proferida em 11/03/2020. Prescrição reconhecida,
com a respectiva extinção da punibilidade.
IV - Prejudicadas as demais teses da defesa. Apelo conhecido e provido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800427-15.2021.8.10.0085

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 555


APELANTE: FRANCISCO ELENILTON DA CONCEIÇÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL.
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DEFINITIVA. RECURSO CABÍVEL. APELAÇÃO. PERÍCIA.
REGULARIDADE DEMONSTRADA. REFORMA DA SENTENÇA. INVIABILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. O incidente de insanidade mental é concluído mediante decisão interlocutória definitiva,
razão pela qual impugnável mediante recurso de apelação, nos termos do art. 593, II do
CPP.
2. Inexistindo falha técnica, contradição ou ausência de resposta a algum quesito, não
há que se falar em irregularidade na perícia forense, sendo o laudo produzido nos autos
suficiente para embasar as conclusões da magistrada a quo.
3. Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000091-62.2019.8.10.0037


APELANTE: AMAURY ARAÚJO DE ALMEIDA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CORRUPÇÃO PASSIVA. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO DO FUNDAMENTO PARA NEGATIVA DE
AUTORIA. IMPOSSIBILIDADE. REMANESCÊNCIA DE DÚVIDA RAZOÁVEL A OBSTAR O
PLEITO RECURSAL.
I. Havendo utilidade prática na pretendida alteração da fundamentação do édito absolutório,
diante da relevância jurídica aferida a partir de eventuais efeitos civis ou administrativos,
persiste o interesse recursal a autorizar a admissibilidade do apelo.
II. A fragilidade de elementos para fundamentar uma condenação não conduz a uma
automática conclusão no sentido da negativa de autoria (art. 386, IV, do CPP), sobremodo
quando persiste dúvida razoável sobre a participação do recorrente no fato contemplado
na denúncia.
III. É firme o entendimento jurisprudencial no sentido de que a absolvição na esfera penal
apenas repercute em âmbito diverso se estiver baseada na negativa da autoria ou na
inexistência do fato, hipóteses que não se verificam no caso, porquanto o apelante foi
absolvido por não existirem provas suficientes para a condenação. Precedentes do STJ.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000726-88.2018.8.10.0001


APELANTE: ADAILTON JOSE DO NASCIMENTO SOUSA, WANDERSON DA SILVA

556 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ARAÚJO, RENATO MENEZES DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. INCIDÊNCIA DOS
ARTIGOS 2°, § 2° e §4º, inciso II, DA LEI Nº 12.850/201. PRESENÇA DOS REQUISITOS
DE AUTORIA E MATERIALIDADE. BANDO CRIMINOSO RESPONSÁVEL POR VÁRIOS
ATAQUES A BANCO NO INTERIOR DO MARANHÃO. DOSIMETRIA CORRETA.
PRESENÇA DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA DEVIDA A PARTICIPAÇÃO DE
FUNCIONÁRIO PÚBLICO E USO DE ARMA DE FOGO. SENTENÇA MANTIDA. APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
I. A autoria delitiva e a materialidade encontram-se comprovadas pelo forte arcabouço
probatório colhido através da investigação feita pelo serviço de inteligência da polícia militar
do Maranhão. Foram colhidos depoimentos dos policiais militares, apreensão das armas
usadas em um dos ataques e o cruzamento da confissão de um dos réus com participantes
da mesma organização criminosa, denunciados em outra ação penal.
II. Para caracterização do crime não precisa que todos os réus sejam denunciados na
mesma ação penal, mas sim que conste comprovação de que no mínimo 04 pessoas
integram algum tipo de organização criminosa.
III. O mesmo raciocínio tem-se para a causa de aumento de pena quando um dos
participantes for funcionário público, desde que comprovado que a organização se valeu
dessa condição para praticar a infração penal. Portanto, presente a causa de aumento de
pena prevista no art. 2°, § 4°, inciso II da lei 12.850/2013.
IV. Presença da causa de aumento de pena por emprego de arma de fogo, prevista no art.
2°, § 2°, conforme termo de apreensão nos autos.
V. Apelação conhecida e, no mérito desprovida.

DESAFORAMENTO DE JULGAMENTO NÚMERO PROCESSO N° 0000480-


38.2020.8.10.0061
REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
REQUERIDO: WENDEL SOARES FARIAS, EDUARDO TECERCILIANO ROCHA ABREU
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: PROCESSO PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. PEDIDO DE DESAFORAMENTO.
INTERESSE DA ORDEM PÚBLICA. COMPROVAÇÃO DE DÚVIDA CONCRETA QUANTO
À IMPARCIALIDADE DOS JURADOS. DEFERIMENTO.
I. O desaforamento configura hipótese excepcional de deslocamento da competência
territorial de uma Comarca para outra da mesma região, devendo ser reservado às hipóteses
expressamente previstas no artigo 427 do Código de Processo Penal.
II. Havendo fundada dúvida sobre a imparcialidade do júri, consubstanciada no
reconhecimento da periculosidade do denunciado, integrante de facção criminosa atuante

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 557


na área, fato capaz de interferir na livre convicção dos jurados, tem-se motivação idônea
para autorizar o desaforamento pleiteado.
III. Pedido conhecido e deferido, para, diante das peculiaridades do caso concreto, deslocar
a competência do julgamento do feito para uma das Varas do Tribunal do Júri de São Luís.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001139-38.2017.8.10.0001


VÍTIMA: RAUNIERY ROSA DOS SANTOS
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTICA,
WANDERSON SILVA FERREIRA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. PECULATO.
CONTRADIÇÃO E OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL. REJEIÇÃO EM
FACE DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS PREVISTOS NO ART. 619 DO CPP.
I - Nos termos do artigo 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração
podem ser opostos quando existentes na decisão ambiguidade, obscuridade, contradição
ou omissão, não sendo a via adequada para se rediscutir o teor do julgamento.
II – In casu, não existe qualquer vício a ser sanado, posto que o acórdão objetado examinou
e fundamentou devidamente a matéria posta a julgamento. O magistrado não está obrigado
a rebater ponto a ponto as alegações apresentadas pelo recorrente, bastando que
fundamente as razões de seu convencimento.
III - A apresentação de tese jurídica em sede de embargos de declaração não veiculada no
recurso de apelação, constitui inovação recursal, inadmissível pela via eleita. Precedentes
do STJ e do TJMA.
IV - Embargos de declaração rejeitados.

HABEAS CORPUS No 0800981-74.2022.8.10.0000 – SEGREDO DE JUSTIÇA


PACIENTE(S): S. D. L. B. E W. M. M. Q.
IMPETRADO(S): JUIZ DE DIREITO DA CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DE
SÃO LUÍS – MA
RELATOR: DESEMBARGADOR FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E
CONCUSSÃO. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. DENÚNCIA ANÔNIMA.
TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR REALIZADA. CORROBORAÇÃO POR OUTROS
ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DA MATERIALIDADE E DE
INDÍCIOS DE AUTORIA. INOCORRÊNCIA. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. Segundo a jurisprudência do STJ, a denúncia anônima pode dar início à investigação,
desde que corroborada por elementos informativos prévios que denotem a verossimilhança
da comunicação.

558 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


2. No caso, diante da realização de diligências preliminares, materializadas em relatórios de
ordem de serviço, peças cartorárias e dados de georreferenciamento de viaturas, anteriores
à portaria de instauração do inquérito policial, constata-se que o procedimento investigatório
foi embasado em outros elementos informativos, além da notícia anônima.
3. A comprovação de que policiais civis do 13º DP (aí incluídos os ora pacientes) estariam
realizando, reiteradamente, ações em casas de jogos de azar fora da circunscrição da
sua unidade policial, inclusive usando um veículo apreendido em outro procedimento
investigativo (mencionado na denúncia), com placa “fria” e sem autorização judicial;
somada à comprovação de que, durante a correição realizada naquela delegacia, não
foram encontrados procedimentos investigatórios, lavrados nesse período, versando sobre
exploração de jogos de azar, tampouco evidências de que tenha sido feita a apreensão
de máquinas de jogos, placas ou objetos relacionados às referidas ações, nem mesmo
em outras unidades policiais da mesma circunscrição, é suficiente para a instauração do
inquérito policial para a apuração dos crimes de associação criminosa e concussão, pois
torna plausível que os agentes policiais possam estar exigindo vantagem indevida para
deixar de lavrar os devidos procedimentos investigatórios e, até mesmo, desviando em
proveito próprio ou de terceiros o maquinário apreendido nessas ações.
4. Diante disso, para desconstituir as conclusões da instância de origem e acolher a tese
defensiva de ausência de indícios de autoria e materialidade delitiva, seria necessário o
amplo e aprofundado revolvimento de matéria fático-probatória, procedimento incompatível
com a via estreita do habeas corpus, sendo incabível, portanto, o trancamento prematuro
do inquérito policial.
5. Ordem denegada.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0050354-22.2013.8.10.0001


1o APELANTE: JOSÉ CARLOS MARQUES DE OLIVEIRA
2o APELANTE: JOSÉ ANTÔNIO BRAGA CORREIA
3o APELANTE: FERNANDO MENDES CORREIA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
PROMOTOR: DR. FRANCISCO TEOMÁRIO SEREJO SILVA
EMENTA: PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL.
PREMISSA EQUIVOCADA. MERO INCONFORMISMO. EMBARGOS REJEITADOS.
I - Entende-se por premissa equivocada o erro material decorrente da falsa percepção de
elemento ou da realidade fática trazida à causa ou existente no processo e que serviu de
fundamento para a decisão, o que não se confunde com a interpretação jurídica dada ao
fato de forma clara e objetiva.
II - O mero inconformismo diante das conclusões contrárias às teses do embargante não
autoriza o reexame do julgado pela via dos embargos de declaração.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 559


III - Embargos de declaração conhecidos e rejeitados ante a inexistência dos vícios
apontados na decisão embargada.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0032034-26.2010.8.10.0001


APELANTE: DOMINGOS VIDAL DA CRUZ, IVALBERTO COSTA E MARCOLINO
CONCEIÇÃO RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. TORTURA.
TAXATIVIDADE DO ROL CONSTITUCIONAL DE CRIMES IMPRESCRITÍVEIS. PENA
IN CONCRETO. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA QUANTO A UM
DOS RÉUS. PROVAS DE MATERIALIDADE E AUTORIA DO DELITO. PALAVRA DA
VÍTIMA CORROBORADA PELOS DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA. MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO NO TOCANTE AOS DEMAIS RÉUS. CONHECIMENTO E PROVIMENTO
DE UM RECURSO E DESPROVIMENTO DE DOIS APELOS. 1. O crime de tortura não
figura do rol taxativo de crimes imprescritíveis previsto no Art. 5º, XLII e XLIV, da Constituição
Federal. A previsão no Estatuto de Roma da imprescritibilidade do crime de tortura, diante do
seu “status” supralegal no ordenamento jurídico pátrio, não pode ir de encontro à intenção
do constituinte, que optou pela prescritibilidade do referido crime. 2. Observa-se que entre
o recebimento tácito da denúncia e a publicação da sentença condenatória transcorreram
mais de 7 (sete) anos, bem como que houve o trânsito em julgado para a acusação, razão
pela qual a prescrição deve ser regulada pela pena em concreto, na forma do art. 110, §1º,
do CP, fixada em 2 (dois) anos e 4 (meses) de reclusão. 3. Ademais, na data da prolação
da sentença condenatória, o apelante já possuía 70 (setenta) anos de idade completos,
motivo pelo qual o prazo prescricional deve ser reduzido pela metade (de oito para quatro
anos), segundo dispõe o Art. 115 do CP. Assim, tendo transcorrido mais de 4 (quatro) anos
entre o recebimento tácito da denúncia e a publicação da sentença condenatória, impende
o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal, na modalidade retroativa, e,
consequentemente, da extinção da punibilidade de um dos apelantes, com fulcro no Art.
107, IV, do CPP. 4. No que se refere aos demais apelantes, a materialidade do referido crime
foi provada pelo exame de corpo de delito constante dos autos, ao passo que a autoria
restou devidamente comprovada pelo depoimento das testemunhas de acusação. 5. Cabe
ressaltar ainda que, no crime de tortura, por se tratar de delito praticado na clandestinidade,
a palavra da vítima e de outras eventuais testemunhas do fato adquirem grande importância,
especialmente quando corroboradas por outros elementos de prova produzidos durante a
instrução processual. 6. Provimento de um dos recursos, reconhecendo a prescrição da
pretensão punitiva estatal, na modalidade retroativa, e, consequentemente, a extinção da
punibilidade de um dos apelantes, e desprovimento dos outros dois apelos. Unanimidade.

560 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL No 0000527-98.2017.8.10.0034
APELANTE: ELINE MARIA LIMA DE CARVALHO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
PROCURADORA: DRA. DOMINGAS DE JESUS FRÓZ GOMES
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. JULGAMENTO SEM DEVOLUÇÃO DE CARTA
PRECATÓRIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM
SISTEMA DE INFORMAÇÕES. NECESSIDADE FINANCEIRA. AUSÊNCIA DE ESTADO
DE NECESSIDADE. COMPROVAÇÃO DE DOLO ESPECÍFICO DE OBTENÇÃO DE
VANTAGEM INDEVIDA.
1. Não configura nulidade o julgamento da ação pelo magistrado após o prazo fixado para
cumprimento de carta precatória expedida para oitiva de testemunha, ainda que a carta não
tenha sido devolvida, nos termos previstos no Art. 222 § 2º do CPP.
2. A mera necessidade financeira não configura perigo atual apto a comprovar a existência
da excludente de ilicitude do estado de necessidade, quando o funcionário público insere
dados falsos em sistema eletrônico para retirar suas faltas ao serviço.
3. Não incide em erro de tipo o funcionário público que, ciente de que não possui autorização
da chefia imediata para manipulação dos dados relativos à frequência, altera sistema
eletrônico para retirar suas faltas.
4. Tendo o funcionário público alterado os dados de frequência buscando prevenir futuro
prejuízo remuneratório, existente, na espécie, o dolo específico de obter vantagem indevida
para si, previsto no caput do Art. 313-A do CPP.
5. Apelação conhecida e desprovida.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os integrantes da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, em negar provimento ao recurso, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.
Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES
TRAVASSOS CORDEIRO.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004999-47.2017.8.10.0001


APELANTE: ABDON JOSE MURAD NETO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. PRELIMINAR. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO. CRIME PERMANENTE. TERMO INICIAL DA
PRESCRIÇÃO. CESSAÇÃO DA PERMANÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR
REJEITADA. DESCLASSIFICAÇÃO DO ART. 54, §2°, V, PARA O ART. 60 DA LEI DE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 561


CRIMES AMBIENTAIS. IMPOSSIBILIDADE. LAUDO PERICIAL CONFECCIONADO PELA
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA. OFENSA AO BEM JURÍDICO PRESUMIDA
PELO TIPO PENAL. PRETENDIDA SUBSTITUIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS
POR MULTA. DISCRICIONARIEDADE DO MAGISTRADO. SENTENÇA MANTIDA.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
I - Tratando-se de crime na sua modalidade permanente, a prescrição regula-se nos termos
do art. 111, III, do Código Penal, iniciando-se a contagem do prazo no dia em que cessou
a permanência;
II - Existindo conjunto probatório hábil a comprovar a prática do crime tipificado no art. 54,
§ 2º, inciso V, da Lei n. 9.605/98, consubstanciado no Laudo de Exame Criminal Ambiental,
confeccionado pela Seção de Engenharia Forense e Meio Ambiente da Secretaria de
Segurança Pública, inviável a desclassificação pretendida;
III – A escolha do modo de aplicação do benefício legal de substituição de pena privativa
de liberdade disposto no art. 44, §2° do Código Penal, insere-se dentro do juízo de
discricionariedade do julgado, atrelado às particularidades fáticas do caso concreto.
IV – Apelação desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004752-51.2014.8.10.0040


APELANTE: MÁRCIO PEREIRA FERREIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVA DA PRETENSÃO
PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO EX OFFICIO. MATÉRIA
DE ORDEM PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE DO MÉRITO RECURSAL.
I. Nos termos do art. 109, V, do CP, prescreve a pretensão punitiva do Estado se entre
a data do recebimento da denúncia e a da publicação da sentença houver transcorrido
período superior a quatro anos, e a pena privativa de liberdade não exceder a dois anos.
II. A prescrição penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso
da acusação (Súmula 146/ STF), sendo que, substituída a pena privativa de liberdade por
duas restritivas de direitos, elas prescrevem no mesmo prazo da sanção corpórea.
III. A extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva constitui
matéria de ordem pública, que pode ser conhecida de ofício, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, nos termos do art. 61 do CPP. Precedentes.
IV. Prescrição decretada de ofício, prejudicado o conhecimento do apelo.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000205-46.2019.8.10.0119


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: LEONARDO ROCHA DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR

562 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PROCESSO PENAL.APELAÇÃO CRIMINAL. SUBSTITUIÇÃO DE TESTEMUNHA
DA ACUSAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. ABSOLVIÇÃO PELO TRIBUNAL DO JÚRI.
DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. INEXISTÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO.
I- Não há cerceamento da acusação em razão do indeferimento de pedido para substituição
de testemunha não localizada, quando formulado de forma extemporânea. Decisão
fundamentada do Juízo a quo que não merece reparos.
II – Em face da soberania consagrada pela Constituição Federal, a decisão proferida pelo
Tribunal do Júri Popular somente será anulada quando manifestamente contrária à prova
dos autos, assim entendida, como aquela completamente divorciada da realidade apurada
na instrução criminal.
III – Não se enquadra entre aquelas que autorizam a anulação, a decisão proferida pelo Júri
Popular que acolheu a tese da defesa de negativa de autoria em decorrência da ausência
de provas que apontassem, com precisão, o responsável pela prática do homicídio.
IV - Apelo conhecido e desprovido.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800806-30.2021.8.10.0028


APELANTE: RAQUEL A DE OLIVEIRA – ME
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RESTITUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS. ALIENAÇÃO
ANTECIPADA. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO
DE MÉRITO.
I – Inviável a análise do mérito da ação de restituição de bens apreendidos, na medida em
que o veículo fora previamente alienado, sendo impossível sua restituição.
II - Correta a sentença que reconheceu a perda do objeto pela alienação antecipada do bem
apreendido.
III – Apelação conhecida e desprovida.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000890-79.2013.8.10.0049


APELANTE: GENILTON DE OLIVEIRA SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
REVISORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONTINUIDADE
DELITIVA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA. VALOR
DIFERENCIADO. DOSIMETRIA. REDUÇÃO DA FRAÇÃO MÁXIMA APLICADA À

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 563


REITERAÇÃO DE CONDUTAS. PATAMAR INTERMEDIÁRIO. CABIMENTO.
I. O delito de atentado violento ao pudor, previsto à época da conduta apurada pelos arts.
214 c/c 224, “a”, do Código Penal, sofreu mudança com a Lei nº 12.016/09; contudo, o
advento da novel legislação trouxe sanção mais gravosa, o que impõe a aplicação do
preceito anterior (tempus regit actum).
II. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime, robustecidas por meio da palavra da
vítima que conta com especial valor em delitos cometidos às ocultas, a improcedência do
pleito absolutório é manifesta.
III. Na continuidade delitiva, quando o crime foi perpetrado durante certo lapso temporal
sem que se possa precisar exatamente quantas vezes, soa exacerbada a aplicação do
respectivo aumento na fração máxima, muito embora seja recomendável a sua fixação em
patamar superior ao mínimo, sendo o percentual intermediário (um terço) a solução mais
adequada ao caso.
IV. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0811129-47.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOSÉ DA CONCEIÇÃO VIEIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
IMPETRADO: JUIZO DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BACABAL/MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA E CONDENAÇÃO A
CUMPRIR PENA EM REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
ADEQUAÇÃO DO REGIME DA PRISÃO PREVENTIVA AO MESMO REGIME FIXADO
POR OCASIÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIR A
CUSTÓDIA PREVENTIVA EM REGIME MAIS GRAVOSO.
I-Na esteira da jurisprudência mais atualizada dos tribunais superiores, é compatível a
prisão preventiva com a condenação em regime semiaberto, desde que haja a respectiva
transferência do réu para o regime correspondente.
II-Não pode o réu ser mantido em custódia preventiva mais gravosa que o regime fixado
na sentença, pois isso cercearia seu direito de defesa, já que, não recorrendo, seria desde
logo posto no regime semiaberto.
III- Necessária a devida adequação do regime da prisão preventiva ao regime fixado na
sentença condenatória e, somente na sua impossibilidade, impõe-se a soltura do paciente.
IV-Habeas corpus conhecido e parcialmente provido.

HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0810648-84.2022.8.10.0000


PACIENTE: JOÃO FARIAS DE CARVALHO, CARLOS JUNHO MENESES DE SOUSA,
FRANCISCO MARLEN ABREU DOS SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO

564 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


IMPETRADO: JUÍZO DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CHAPADINHA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS COLETIVO. PENAL. PROCESSO PENAL. IMPETRAÇÃO EM
FAVOR DE PACIENTES INIMPUTÁVEIS. SENTENÇAS ABSOLUTÓRIAS IMPRÓPRIAS
DETERMINANDO INTERNAÇÃO EM HOSPITAL DE CUSTÓDIA. MANUTENÇÃO
EM UNIDADE PRISIONAL COMUM. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
AUSÊNCIA DE VAGAS EM ESTABELECIMENTO ADEQUADO. IMPOSSIBILIDADE
DE COLOCAÇÃO IMEDIATA EM TRATAMENTO AMBULATORIAL. AUSÊNCIA DE
DOCUMENTOS QUE ATESTEM O ATUAL QUADRO PSIQUIÁTRICO DOS PACIENTES.
PERICULOSIDADE SOCIAL DIFERENCIADA DOS. GRAVIDADE CONCRETA DOS ATOS
PRATICADOS. FATOS EQUIPARADOS A CRIMES CONTRA A VIDA. CABE AO ESTADO
PROPORCIONAR VAGAS PARA O CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA.
ORDEM CONCEDIDA EM PARTE PARA DETERMINAR A INTERNAÇÃO IMEDIATA
DOS PACIENTES. DETERMINAÇÃO, DE OFÍCIO, PARA A REALIZAÇÃO DE NOVA
AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRIA AFIM DE VERIFICAR A POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO
AMBULATORIAL. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO SECRETÁRIO DE ESTADO DE
ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA.
1. Sabe-se que o STJ possui entendimento já firmado no sentido de que é inadequada a
manutenção de inimputável, ao qual tenha sido aplicada medida de segurança detentiva,
em estabelecimento prisional comum sob pretexto de inexistência de vaga em hospital
psiquiátrico, pois viola o princípio da dignidade da pessoa humana. Todavia, a ausência
de local adequado para cumprimento de medida de segurança detentiva não pode se
sobrepor a valores sociais, tal como a ordem pública, de modo que a situação deve ser
avaliada pontualmente e em todos os aspectos, devendo ser especialmente considerada a
periculosidade do agente e a possibilidade, maior ou menor, de sua reincidência.
2. A manutenção dos pacientes aos quais foram aplicadas medidas de segurança detentiva
em estabelecimento prisional comum constitui evidente constrangimento ilegal. Por
outro lado, a ausência de local adequado para cumprimento de medida de segurança
detentiva não pode se sobrepor a valores sociais, tal como a ordem pública, de modo
que cada situação deve ser avaliada pontualmente e em todos os aspectos, devendo ser
especialmente considerada a periculosidade do agente e a possibilidade, maior ou menor,
de sua reincidência.
3. Tento em vista a periculosidade social diferenciada dos pacientes, determinar que os
sejam
submetidos a imediato tratamento ambulatorial ante a ausência de vagas em hospital de
custódia, seria vitimar a sociedade em decorrência da ineficiência do Estado em cumprir
com seu papel de prover saúde e tratamento adequado a todos, uma vez que no tratamento
ambulatorial os pacientes ficariam sob exígua supervisão, livres para reincidir em práticas
caracterizadas delituosas, colocando, assim, em risco a sociedade.
4. A permanência dos pacientes em estabelecimento prisional comum não pode persistir

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 565


indefinidamente, ante o caráter terapêutico-preventivo da medida de segurança, que não se
confunde com a pena privativa de liberdade.
5. Necessário que o Estado cumpra o papel de assegurar a custódia dos pacientes em local
adequado e compatível com suas situações, tomando todas as providências necessárias
para viabilizar o cumprimento das medidas de segurança nos termos das sentenças
absolutórias impróprias exaradas pelo juízo a quo.
6. Ordem concedida em parte para determinar que os pacientes sejam imediatamente
transferidos para hospital de custódia ou outro local adequado ao cumprimento das medidas
de segurança detentivas e, caso seja constatada a inexistência de vagas, que o juízo da
execução promova tudo o que for necessário para a reavaliação psiquiátrica dos pacientes,
a fim de verificar a atual possibilidade de que sejam postos em tratamento ambulatorial.
7. Determinação de ofício à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, ante sua
condição de órgão gestor das unidades prisionais do Estado, responsável pelo cumprimento
das decisões judiciais para aplicação da LEP, para que adote, com urgência, as medidas
administrativas necessárias para possibilitar que os pacientes sejam transferidos para local
adequado ao cumprimento das medidas de segurança a eles impostas.

APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0015457-89.2018.8.10.0001


APELANTE: DANILSON COSTA DE ABREU
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
REVISOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. EFEITO DEVOLUTIVO. NÃO
IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
1. O efeito devolutivo do recurso de apelação criminal encontra limites nas razões expostas
pelo recorrente, em respeito ao princípio da dialeticidade que rege os recursos no âmbito
processual penal pátrio, por meio do qual se permite o exercício do contraditório pela
parte que defende os interesses adversos, garantindo-se, assim, o respeito à cláusula
constitucional do devido processo legal.
2. Apelação não conhecida.

HABEAS CORPUS No 0806130-51.2022.8.10.0000


PACIENTE: ALAN CARDOSO PEREIRA
IMPETRANTE: FÁBIO MARCELO MARITAN ABBONDANZA
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DESTA CAPITAL
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
PROCURADOR DE JUSTIÇA: FLÁVIA TEREZA DE VIVEIROS VIEIRA
EMENTA: Penal. Processual. Habeas Corpus. Alegação de não preenchimento dos

566 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


requisitos de admissibilidade recursal no tocante ao recebimento do recurso de apelação
interposto pelo ministério público. Requer a nulidade da decisão que recebeu o recurso
intempestivo interposto pelo Ministério Público Estadual de base, e a certificação pelo juízo
de base, acerca do trânsito em julgado para a acusação. Reconhecimento da alegação pela
autoridade coatora. Verificação. Certidão de trânsito em julgado para acusação já expedida
pelo magistrado de base. Constatação. Prejudicialidade. Imposição.
I – Ao constato de que, pelo juízo de base, já reconhecida a intempestividade da interposição
recursal pelo ministério público, inclusive determinando a expedição de certidão de trânsito
em julgado para acusação, não há que se falar em ilegal constrangimento, em face da
perda do objeto perseguido na impetração, nos termos do art. 659 do Código de Processo
Penal.
Ordem prejudicada. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus sob o nº 0806130-
51.2022.8.10.0000, em que figuram como paciente e impetrantes os acima enunciados,
ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade e de acordo com o parecer ministerial, em
julgar prejudicada a ordem, nos termos do voto do relator.

APELAÇÃO CRIMINAL No 0000897-26.2015.8.10.0106


1o APELANTE: ÂNGELO DIOGENES DE SOUSA
2o APELANTE: DENILSON DA SILVA COELHO
1o APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
PROMOTOR: RODOLFO SOARES DOS REIS
2o APELADO: NAHIM LEMOEL DA SILVA RIBEIRO
DEFENSOR PÚBLICO: THALES ALESSANDRO DIAS PEREIRA
PROCURADOR DE JUSTIÇA: DOMINGAS DE JESUS FROZ GOMES
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAÚJO
EMENTA: Embargos de Declaração. Recurso de apelação provido tão apenas para anular
os interrogatórios dos recorrentes. Anulação dos atos subsequentes. Decorrência lógica e
implícita da decisão. Omissão. Inexistência.
I – Se, provido o recurso para anular os interrogatórios dos recorrentes, óbvio ululante
que anulado também todos os atos posteriores e subsequentes a esse, como decorrência
lógica e implícita da decisão proferida, não havendo que falar-se, pois, em omissão do
julgado nesse espeque.
Embargos rejeitados. Unanimidade.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração sob o nº 0000897-
26.2015.8.10.0106, opostos por DENILSON DA SILVA COELHO contra o Acórdão proferido
nos autos da Apelação Criminal nº 001227/2019, ACORDAM os Senhores Desembargadores
da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, à unanimidade
e de acordo com o parecer da Procuradoria Geral de Justiça, em se lhes rejeitar, nos termos

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 567


do voto do relator.

HABEAS CORPUS No 0800920-19.2022.8.10.0000


PACIENTE: FRANCISCO LOPES JUSTINO
IMPETRANTES: ÂNGELO DIÓGENES DE SOUZA e CELSO ANTÔNIO MARQUES
JÚNIOR
IMPETRADO: JUIZ DE DIREITO DA 1a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS/MA
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA E EXTORSÃO QUALIFICADA. EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA.
INSTRUÇÃO ENCERRADA. SÚMULA 52 DO STJ. ORDEM DENEGADA.
1. O alegado constrangimento ilegal decorrente do excesso de prazo não encontra guarida,
uma vez que a instrução processual encontra-se encerrada, aguardando a apresentação
de alegações finais pelas partes, razão pela qual incide na presente hipótese o regramento
contido na Súmula 52 do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual, “encerrada a instrução
criminal, fica superada a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo”.
2. Os prazos processuais estabelecidos não devem ser considerados de forma inflexível,
servindo apenas como parâmetro geral, admitindo-se, por isso, eventual alargamento se
as peculiaridades do caso assim o exigirem, motivo pelo qual a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça vem afastando a simples verificação aritmética.

3. Verifica-se que o Juízo envidou esforços para a adequada tramitação do procedimento,


tendo atuado diligentemente nas determinações dos atos processuais, levando em
consideração a complexidade do feito, que por certo demandou maior elasticidade dos
prazos para a conclusão de sua instrução criminal.
4. Só a desídia, o descaso, a morosidade inexplicável é que caracteriza o constrangimento
ilegal, não o atraso decorrente de circunstâncias próprias da causa, que o legitimam
plenamente.
5. Ordem conhecida e denegada. Unanimidade.
CORREIÇÃO PARCIAL CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0814659-59.2022.8.10.0000
CORRIGENTE: ANTÔNIO JOSÉ LEITE SILVA AZEVEDO
CORRIGIDO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE PINHEIRO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. CORREIÇÃO PARCIAL. DISPENSA DA OITIVA
DE TESTEMUNHA. CERCEAMENTO DE DEFESA. AFRONTA AO CONTRADITÓRIO
E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. DISCRICIONARIEDADE DO MAGISTRADO.
TUMULTO PROCESSUAL NÃO CONFIGURADO. IMPROCEDENTE.
1. No caso em análise, a decisão impugnada, ao contrário do que defende o corrigente, não
traduz qualquer afronta às normas legais do Código de Processo Penal, tampouco representa
a inversão tumultuária da ordem legal, devendo ser mantido o decisum impugnado, objeto

568 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


da presente correição parcial;
2. É cediço nesta Corte que o magistrado pode indeferir, motivadamente, os pleitos de
oitiva de testemunhas que se mostrem desnecessários, impertinentes ou meramente
protelatórios, sem que isso configure cerceamento de defesa.
3. No caso, o pleito foi indeferido em razão “desta [testemunha] não mais pertencer ao
quadro da PMMA, sendo, em razão disso, de difícil localização”.
4. Testemunha que não se mostra essencial ao deslinde dos fatos, mormente por ter sido
arrolada a outra autoridade policial responsável pelo flagrante.
5. Correição julgada improcedente.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002018-74.2019.8.10.0001
APELANTE: JOALYSON DOS SANTOS PINHEIRO, THAYLAN CASTRO MOREIRA,
RAFAEL MELO RODRIGUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRADIÇÃO.
INEXISTÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. INCONFORMISMO COM O TEOR DO
JULGAMENTO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE PELA VIA DOS
ACLARATÓRIOS. REJEIÇÃO.
I. A contradição passível de impugnação pela via dos aclaratórios refere-se à existência
de digressões inconciliáveis no pronunciamento judicial, que impossibilita a efetiva
compreensão do conteúdo do respectivo julgado. Precedente do STJ.
II. Os aclaratórios, mesmo para fins de prequestionamento, devem obediência ao artigo
619, do Código de Processo Penal, sendo oponíveis somente para expurgar do julgamento
obscuridades, ambiguidades ou contradições, como também para suprir omissões.
III. O mero inconformismo diante das conclusões contrárias às teses do embargante não
autoriza o reexame do julgado por via de natureza integrativa.
IV. Embargos de Declaração conhecidos e rejeitados.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003878-13.2019.8.10.0001
APELANTE: ADELMAN NOGUEIRA NETO, JOSÉ BENEDITO ROSA MARAMALDO
JÚNIOR
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. DESCLASSIFICAÇÃO
DE LATROCÍNIO PARA HOMICÍDIO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE. ROBUSTO
CONJUNTO PROBATÓRIO QUE APONTAA PRÁTICA DE CRIME PATRIMONIAL. AUTORIA
E MATERIALIDADE BEM DEMONSTRADAS NO DECORRER DA INSTRUÇÃO PENAL.
INTENÇÃO DE SUBTRAIR BEM MÓVEL DEMONSTRADA. MORTE EM CONSEQUÊNCIA
DO ROUBO. DOSIMETRIA DA PENA. MENORIDADE RELATIVA. ATENUANTE DO ART.
65, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL. FIXAÇÃO DA PENA EM PATAMAR ABAIXO DO MÍNIMO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 569


I - Inadmissível a tese de absolvição, pois comprovadas a materialidade e a autoria dos
delitos, caso em que os depoimentos das testemunhas, sob o crivo do contraditório, não se
distorcem dos demais elementos de provas.
II - Resta devidamente caracterizado o crime de latrocínio de forma consumada, quando o
resultado morte se consubstancia, ainda que o agente não tenha obtido a posse mansa e
pacífica da res. Súmula n°610 do Supremo Tribunal Federal.
III – Comprovado que a intenção dos agentes era a subtração da res e que no momento
do roubo houve disparo de arma de fogo contra a vítima que veio a óbito, não há como
desclassificar o crime de latrocínio para homicídio simples.
IV – Nos termos do Enunciado n° 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, é inviável
a aplicação da atenuante da menoridade relativa, prevista no art. 65, inciso I, do Código
Penal, para fins de redução da pena a patamar aquém do mínimo legal.
V – Apelação criminal desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001156-69.2020.8.10.0001
APELANTE: SONIELSON PINHEIRO SANTOS
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. VALORAÇÃO
NEGATIVA DA CULPABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. CULPABILIDADE ENQUANTO
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NÃO SE CONFUNDE COM A CULPABILIDADE EM SENTIDO
ESTRITO. NEUTRALIDADE. BIS IN IDEM. AUSÊNCIA. UTILIZAÇÃO DE ASPECTOS
DISTINTOS RELACIONADOS AO DELITO PARA PONDERAR AS CIRCUNSTÂNCIAS E
CONSEQUÊNCIAS DO DELITO. CONFISSÃO PARCIAL. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE.
POSSIBILIDADE. PROXIMIDADE DA CONSUMAÇÃO DO DELITO. APLICAÇÃO DA
REDUTORA EM PATAMAR ADEQUADO AO CASO CONCRETO. PROVIMENTO PARCIAL
DO APELO.
I – O conhecimento da ilicitude por parte do réu não autoriza aumento da pena-base a
título de culpabilidade, na primeira fase da dosimetria, pois tal ciência, ainda que potencial,
consubstancia elemento inerente ao terceiro substrato do crime, sem o qual a conduta,
sequer, pode ser considerada delituosa. Em outras palavras, o fato de o apelante ter agido
livremente, sem qualquer vício de vontade e com pleno conhecimento de que sua conduta
contraria o ordenamento jurídico, é requisito para a própria consumação do crime por se
tratar de elemento inerente à culpabilidade em sentido estrito, que é a terceira estrutura do
delito, razão pela qual a sentença deve ser reformada nesse ponto. Assim, a circunstância
judicial da culpabilidade passa a ser considerada neutra.
II – Não verifica-se a ocorrência de bis in idem, visto que o Juízo a quo levou em consideração
dois aspectos distintos, ambos relacionados ao crime, para valorar negativamente as
circunstâncias e as consequências do crime, quais sejam, as agressões sofridas pela vítima
e as lesões suportadas por ela.

570 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


III – Observa-se que houve, de fato, a confissão parcial do apelante e que esse ato fora
utilizado pelo Juízo sentenciante para fundamentar a condenação, motivo pelo qual, não
tendo sido aplicado, na sentença condenatória, o abrandamento da pena em virtude da
confissão, impende a reforma do decisum, nesse ponto, para fazer incidir a atenuante
prevista no artigo 65, inciso III, “d”, do Código Penal.
IV – Por fim, nota-se que o apelante esteve bem próximo de consumar o delito de roubo
e, por isso, se mostra adequada e proporcional a aplicação, pelo julgador, da causa de
diminuição no patamar mínimo legal, qual seja, 1/3 (um terço).
V – Provimento parcial da apelação.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000123-47.2017.8.10.0034
APELANTE: JOSÉ LUCAS GUILHON DA SILVA
ADVOGADO: LARYSSA CHRISTINE ALVES DE ARRUDA - OAB: MA20379-A
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVA DA PRETENSÃO
PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO EX OFFICIO. MATÉRIA
DE ORDEM PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE DO MÉRITO RECURSAL.
I. Nos termos do art. 109, V, do CP, prescreve a pretensão punitiva do Estado se entre
a data do recebimento da denúncia e a da publicação da sentença houver transcorrido
período superior a quatro anos, e a pena privativa de liberdade não exceder a dois anos.
II. A prescrição penal regula-se pela pena concretizada na sentença quando não há recurso
da acusação (Súmula 146/ STF), sendo que, em face da menoridade relativa do agente ao
tempo do fato, o lapso prescricional corre pela metade, mais um motivo a endossar a sua
consumação.
III. A extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva constitui
matéria de ordem pública, que pode ser conhecida de ofício, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, nos termos do art. 61 do CPP. Precedentes.
IV. Prescrição decretada de ofício, prejudicado o conhecimento do apelo.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000347-50.2018.8.10.0001
APELANTE: ANTÔNIO BENTO GUSMÃO RODRIGUES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. INCIDÊNCIA DA
ATENUANTE DE CONFISSÃO PARA REDUZIR A PENA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL.
IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA Nº 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
APLICAÇÃO DE MULTA POR ABANDONO PROCESSUAL. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA
DE PREJUÍZO AO ANDAMENTO DO FEITO E AO RÉU. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – Caso o pleito defensivo de redução da pena abaixo do mínimo legal fosse acatado, a
própria lógica da dosimetria da pena seria subvertida, tendo em vista que a lei não previu

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 571


para as atenuantes, de forma expressa, a quantidade da pena que seria atenuada, como
ocorre nos casos de aumento e de redução da sanção.
II – Assim, caso fosse permitido ao magistrado aplicar a atenuante para reduzir a pena para
aquém do mínimo legal, o réu estaria sujeito a sofrer condenações arbitrárias, diante da
ausência de balizas legais para a atuação do julgador, especialmente considerando que
tal raciocínio também valeria para aplicação das circunstâncias agravantes, pelo que seria
igualmente possível o agravamento da pena, sem nenhuma limitação legal.
III – É pacífico na jurisprudência pátria o entendimento de que não é possível que o
reconhecimento da atenuante conduza a pena a patamar abaixo do mínimo legal, na forma
prevista na Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça e no Tema 158 do Supremo Tribunal
Federal.
IV – No caso em análise, nota-se que a inércia por parte do causídico, por se tratar de ato
isolado, não acarretou violação ao devido processo legal e nem à ampla defesa, muito
menos ocasionou paralisação injustificada da tramitação processual, razão pela qual o
pedido de aplicação da multa insculpida no art. 265 do Código de Processo Penal deve ser
indeferido, diante da ausência de prejuízo ao réu.
V – Desprovimento da apelação.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000060-47.2020.8.10.0024
APELANTE: LUÍS CARLOS PASSOS DA COSTA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. NULIDADE.
DECISÃO POSTERIOR À SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. CORREÇÃO DE ERROS
MATERIAIS. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. PROVAS SUFICIENTES DA
MATERIALIDADE E DA AUTORIA DO DELITO. RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA
SOMADA A PROVAS TESTEMUNHAIS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL. IMPOSSIBILIDADE. COMPROVADO CRIME ESPECÍFICO
DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ALEGAÇÃO DE CRIME TENTADO. DESCABIMENTO.
ATOS LIBIDINOSOS PERPETRADOS. CRIME CONSUMADO. REANÁLISE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS EM SEGUNDA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE REFORMATIO IN PEJUS. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – Deve ser rechaçada a alegação de nulidade da decisão proferida pelo Juízo a quo
em momento posterior à sentença, visto que o mencionado decisum serviu apenas para
retificar erros materiais contidos na sentença, como autorizado pelo art. 494, I, do Código
de Processo Civil, aplicável subsidiariamente aos processos penais em razão da permissão
contida no art. 3º do Código de Processo Penal.
II – Ao contrário do alegado pelo apelante, as provas coligidas aos autos são suficientes
para a condenação. Como bem ressaltado pelo Juiz de base, tanto a materialidade quanto
a autoria do delito restaram devidamente demonstradas após a instrução processual,

572 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


especialmente, se levados em conta os depoimentos da vítima e das testemunhas de
acusação.
III – Ademais, em seu depoimento, a vítima descreveu detalhadamente o modus operandi
empregado pelo apelante. Ressalte-se ainda que em delitos de natureza sexual, a palavra
da vítima assume especial relevância no conjunto probatório, já que se trata de crimes
praticados na clandestinidade, sem a presença de testemunhas e sem deixar vestígios, tal
como preconiza o Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
IV – Uma vez evidenciada a prática do delito específico de estupro de vulnerável perpetrado
contra vítima incapaz de opor resistência, inviável a desclassificação para o crime subsidiário
de importunação sexual (art. 215-A do Código Penal). Isso pois, para esse delito, demanda-
se a falta de consentimento da vítima, o que não ocorre no tocante ao estupro de vulnerável,
insculpido no artigo 217-A, §1º, do Código Penal, já que os vulneráveis, em sentido amplo,
não têm capacidade para consentir atos sexuais.
V – Observa-se que o apelante praticou, efetivamente, atos libidinosos contra a vítima,
a saber: i) colocação do seu órgão genital ereto na mão da vítima; ii) abaixamento da
bermuda da vítima até os joelhos; e, por fim, iii) tentativa de virar a vítima de posição na
maca com o nítido intuito de consumar conjunção carnal. Cabe ressaltar que o intento do
apelante só não foi concretizado porque a vítima conseguiu pular da maca e sair do local
onde ocorria o delito. Assim, não há que se falar na ocorrência de crime tentado dada a
patente consumação do delito pela prática de atos libidinosos.
VI – Embora o Juiz sentenciante não tenha andado bem na valoração das circunstâncias
judiciais do artigo 59 do Código Penal, observo que, por motivos distintos, a culpabilidade
foi, de fato, reprovável, visto que o acusado se aproveitara da fragilidade da vítima, que
estava ainda sob o impacto do trauma de acidente de trânsito, razão por que se dirigira até
o hospital para buscar atendimento médico.

VII – Também verifico que as circunstâncias do crime foram condenáveis. O acusado, na


condição de técnico de enfermagem e responsável pelos cuidados da vítima, valeu-se
dessa posição privilegiada para praticar a infração penal contra ela. Assim, consideradas
as duas circunstâncias judiciais desfavoráveis e tomado o critério aceito pela doutrina e
pela jurisprudência majoritárias, a pena-base do apelante deveria ser de 9 (nove) anos
e 9 (nove) meses de reclusão. Contudo, por se tratar de recurso exclusivo da defesa e
em observância ao princípio da non reformatio in pejus, limito a pena a 9 (nove) anos de
reclusão, assim como o estabelecido pelo Juiz sentenciante.
VIII – Desprovimento da apelação.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0004999-47.2017.8.10.0001
APELANTE: ABDON JOSÉ MURAD NETO
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO -PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. PRELIMINAR. EXTINÇÃO DA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 573


PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO. CRIME PERMANENTE. TERMO INICIAL DA
PRESCRIÇÃO. CESSAÇÃO DA PERMANÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR
REJEITADA. DESCLASSIFICAÇÃO DO ART. 54, §2°, V, PARA O ART. 60 DA LEI DE
CRIMES AMBIENTAIS. IMPOSSIBILIDADE. LAUDO PERICIAL CONFECCIONADO PELA
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA. OFENSA AO BEM JURÍDICO PRESUMIDA
PELO TIPO PENAL. PRETENDIDA SUBSTITUIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS
POR MULTA. DISCRICIONARIEDADE DO MAGISTRADO. SENTENÇA MANTIDA.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
I - Tratando-se de crime na sua modalidade permanente, a prescrição regula-se nos termos
do art. 111, III, do Código Penal, iniciando-se a contagem do prazo no dia em que cessou
a permanência;
II - Existindo conjunto probatório hábil a comprovar a prática do crime tipificado no art. 54,
§ 2º, inciso V, da Lei n. 9.605/98, consubstanciado no Laudo de Exame Criminal Ambiental,
confeccionado pela Seção de Engenharia Forense e Meio Ambiente da Secretaria de
Segurança Pública, inviável a desclassificação pretendida;
III – A escolha do modo de aplicação do benefício legal de substituição de pena privativa
de liberdade disposto no art. 44, §2° do Código Penal, insere-se dentro do juízo de
discricionariedade do julgado, atrelado às particularidades fáticas do caso concreto.
IV – Apelação desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0008939-20.2017.8.10.0001
APELANTE: JOEL SANTOS SILVA, WANDERSON FERREIRA CRUZ
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. LEI N. 12.850/2013. PRELIMINAR. ANULAÇÃO DE PROVA OBTIDA A
PARTIR DE ACESSO ÀS MENSAGENS DO APLICATIVO WHATSAPP. REJEITADA. ART.
155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DOSIMETRIA. DECOTE DE CIRCUNST NCIAS
JUDICIAIS. NÃO CABÍVEL. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO.
SÚMULA 545 DO STJ. APLICÁVEL. CAUSA DE AUMENTO DA PENA FUNDAMENTADA.
MANUTENÇÃO. DETRAÇÃO PENAL. COMPETE AO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.
1. O acesso a dados constantes nos aparelhos telefônicos dos apelantes foi realizado por
intermédio de procedimento devidamente autorizado, com a finalidade de instruir inquérito
policial que investigava a participação do apelante como suposto integrante de facção
criminosa. Desta forma, inexiste óbice à apreciação do conteúdo em sede judicial, à luz do
que prevê o art. 155, do Código de Processo Penal.
2. O peculiar modo de agir dos apelantes, cometendo crimes por intermédio de organização
criminosa conhecida pela sua atuação violenta e controladora, que impõe medo na
população e é notadamente responsável pelo alto índice de criminalidade em diversas
regiões da cidade, é motivo razoável e justificável para a exasperação da pena na primeira

574 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


fase da dosimetria. Assim, de rigor a manutenção das circunstâncias judiciais atinentes à
culpabilidade, conduta social e circunstâncias do crime.
3. Considerando que os depoimentos tomados na fase inquisitorial foram utilizados para
fundamentar a sentença, entende-se que os apelantes fazem jus à aplicação da atenuante
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (Súmula n. 545/STJ).
4. Acertada a aplicação da causa de aumento prevista no art. 2º, §2º, da Lei n. 12.850/2013,
uma vez que a organização criminosa sob a qual atuam os apelantes age fortemente
armada, razão pela qual mantenho a gradação determinada pelo magistrado de origem,
qual seja: 1/2 (metade).
5. Ante a falta de dados precisos acerca do cumprimento da pena pelos apelantes, entende-
se que cabe ao Juízo das Execuções Penais, mais próximo dos fatos, a análise quanto a
aplicação da detração penal ventilada no recurso. (TJ-MA - APR: 00028204320158100056
MA 0028812019, Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO, Data de Julgamento:
20/05/2019, TERCEIRA C MARA CRIMINAL).
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0018684-58.2016.8.10.0001
APELANTE: EDSON DA SILVA, ISAÍAS FERREIRA DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. INCÊNDIO TENTADO
CONTRA VEÍCULO DESTINADO A TRANSPORTE PÚBLICO. CORRUPÇÃO DE
MENORES. AUSÊNCIA DA MÍDIA COM O INTERROGATÓRIO DE UM DOS APELANTES.
PRESCINDIBILIDADE DO ACESSO INTEGRAL AO INTERROGATÓRIO PARA ANÁLISE
DO PLEITO RECURSAL. PROSSEGUIMENTO COM O JULGAMENTO. 1º APELANTE –
FIXAÇÃO DAPENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. PRIMARIEDADE E BONSANTECEDENTES.
IMPOSSIBILIDADE. CRITÉRIOS INSUFICIENTES PARA REDUÇÃO DA PENA-BASE
AO MÍNIMO LEGAL. DECOTE, DE OFÍCIO, DA NEGATIVAÇÃO DA CIRCUNSTÂNCIA
RELATIVA À CULPABILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. RECONHECIMENTO DA
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ATENUANTE JÁ RECONHECIDA PELO
JUÍZO A QUO. ADEQUAÇÃO, DE OFÍCIO, DA FRAÇÃO DE DIMINUIÇÃO PARA 1/6.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. PROVAS INCONTESTES
DA COAUTORIA. APELO DESPROVIDO EM RELAÇÃO AO 1º APELANTE. PENA
REDIMENSIONADA DE OFÍCIO ANTE A AMPLA DEVOLUTIVIDADE DO RECURSO
DE APELAÇÃO. 2º APELANTE – NEUTRALIZAÇÃO DA CIRCUNSTÂNCIA RELATIVA À
CULPABILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. POSSIBILIDADE. NEUTRALIZAÇÃO
DA CIRCUNSTÂNCIA RELATIVA À CONDUTA SOCIAL. POSSIBILIDADE. SÚMULA 444
DO STJ. ADEQUAÇÃO DA FRAÇÃO DE DIMINUIÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. FRAÇÃO DE 1/6 AMPLAMENTE ADOTADA PELA
JURISPRUDÊNCIA. ADEQUAÇÃO DA FRAÇÃO DE EXASPERAÇÃO RELATIVA AO
CONCURSO FORMAL DE CRIMES. POSSIBILIDADE. A FRAÇÃO DE EXASPERAÇÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 575


DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A QUANTIDADE DE RESULTADOS. 4 CRIMES
COMETIDOS. ADOÇÃO DA FRAÇÃO DE 1/4 DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE. APELO PROVIDO EM RELAÇÃO AO 2º APELANTE.
1. Em que pese reconheça a importância do interrogatório do réu na fase judicial, entendo
que, no presente caso, o acesso à sua integralidade não é imprescindível ao exame das
razões recursais, mostrando-se suficientes à análise as partes degravadas nos autos.
2. A primariedade e os bons antecedentes, por si sós, não podem levar a pena-base ao
mínimo legal se outras circunstâncias judiciais forem valoradas negativamente.
3. Conforme evidenciado pelo conjunto probatório dos autos, o 1º apelante orquestrou
e executou a ação criminosa, não havendo o que se falar em participação de menor
importância.
4. Ante a ampla devolutividade característica do recurso de apelação, possível o ajuste
da pena do 1º Apelante para decotar a circunstância judicial relativa à culpabilidade,
fundamentada de forma inidônea, bem como para adequar a fração de diminuição de
pena em relação a atenuante da confissão espontânea e a fração de aumento referente ao
concurso formal de crimes.
5. Tendo o magistrado sentenciante fundamentado a negativação da circunstância judicial
relativa à culpabilidade apenas com argumentos genéricos, necessária a sua neutralização
em relação a ambos os apelantes.
6. A existência de ações penais em curso não pode ser usada como critério de negativação
da conduta social na primeira fase da dosimetria, nos termos da Súmula 444 do STJ.
7. A jurisprudência e doutrina pátrias reconhecem amplamente a fração de 1/6 como ideal
para o cálculo de atenuantes e agravantes na segunda fase da dosimetria, motivo pelo qual
a aplicação de outra fração sem qualquer justificativa deve ser afastada.
8. Nos termos da jurisprudência já consolidada no âmbito dos tribunais superiores, a fração
de aumento relativa a concurso formal próprio de crimes deve levar em consideração a
quantidade de resultados obtidos através da ação criminosa, de modo que estando-se
diante de quatro crimes gerados por uma única ação, a fração ideal a ser adotada é a de
1/4.
9. Recurso do 1º apelante conhecido e desprovido.
10. Recurso do 2º apelante conhecido e provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003370-47.2019.8.10.0040
APELANTE: JÉSSICA PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ANULAÇÃO DAS PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. ACESSO AOS DADOS FRANQUEADO PELO PROPRIETÁRIO DO
APARELHO TELEFÔNICO. PROVAS DE AUTORIA AINDA PODERIAM SER OBTIDAS
DE FORMA INDEPENDENTE. NÃO INCIDÊNCIA DA TEORIA DOS FRUTOS DA

576 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ÁRVORE ENVENENADA. AUSÊNCIA DE DESPROPORCIONALIDADE NA FIXAÇÃO
DA PENA-BASE. CRITÉRIO CONSAGRADO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO À ADOÇÃO
DE FRAÇÃO ESPECÍFICA. MANUTENÇÃO DA MAJORANTE DE ENVOLVIMENTO
DE ADOLESCENTE. PARTICIPAÇÃO INCONTROVERSA. AFASTAMENTO DA
MAJORANTE DE INTERESTADUALIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA PRODUZIDA EM
JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE INCREMENTO DA PENA. INCIDÊNCIA DA MINORANTE
DE TRÁFICO PRIVILEGIADO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS CUMULATIVOS. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.
I – Não há que se falar em ilegalidade da prova obtida pelos policiais militares que efetuaram
a abordagem do adolescente de posse de substâncias entorpecentes. Isso, porque o próprio
adolescente franqueou aos agentes o acesso às mensagens do seu aparelho, o que, ao
contrário do alegado pela apelante, torna dispensável o mandado judicial para acessar os
dados contidos no referido celular.
II – Além disso, uma das testemunhas afirmara em Juízo que, a despeito de os policiais
terem acessado as mensagens do celular, eles teriam conseguido, de toda forma, chegar ao
local onde a apelante foi presa, vez que o adolescente poderia, perfeitamente, conduzi-los
até lá. Assim, ainda que as provas obtidas pelos policiais por meio do celular do adolescente
fossem consideradas ilícitas - o que não é o caso - os demais elementos de provas dos
autos não derivaram, diretamente, dessas mensagens, mas, diferente disso, podiam ser
obtidos de forma independente, nos termos do artigo 157, §1º, do Código de Processo
Penal. Portanto, não se sustenta a alegação de incidência da teoria dos frutos da árvore
envenenada.
III – Em exame dos autos, observo que a pena-base da apelante foi estabelecida em 06
(seis) anos e 3 (três) meses de reclusão. Assim, noto que o julgador valorou negativamente
a circunstância judicial da culpabilidade no patamar de 1/8 (um oitavo) sobre os intervalos
mínimo e máximo da pena cominada em abstrato. Ressalte-se que o critério utilizado pelo
julgador é amplamente aceito pela doutrina e pela jurisprudência pátria. Precedentes.
IV – Nesse sentido, cabe ressaltar que, ainda que o Magistrado de base tivesse se valido de
outro critério que não o apontado acima, é entendimento consolidado pelo Superior Tribunal
de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal que a dosimetria da pena não é mera operação
matemática, ou seja, inexiste direito subjetivo do réu à adoção de alguma fração específica
para cada circunstância judicial, desde que o decisum esteja devidamente fundamentado.
Precedentes.
V – Não deve prosperar o pedido de afastamento da majorante relativa ao envolvimento de
criança ou adolescente, tendo em vista que é incontroversa a participação do adolescente
na prática do delito, como se depreende de todo o conjunto probatório coligido aos autos,
pelo que deve ser mantida a incidência da referida causa de aumento, prevista no artigo
40, VI, da Lei nº 11.343/06.
VI – Por outro lado, no que tange à majorante da interestadualidade, delineada no artigo 40,
V, da Lei de nº 11.343/06, constata-se que deve ser afastada. Isso, porque o adolescente,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 577


que teria informado a destinação da droga com ele apreendida, foi ouvido apenas na
Delegacia de Polícia, não tendo sido inquirido em Juízo. Dessa forma, diante da ausência
de confirmação judicial do teor do depoimento extrajudicial prestado pelo adolescente e não
havendo outros elementos de prova aptos a corroborar o suposto destino das substâncias
entorpecentes, não poderia a pena ter sido majorada com base nesse fundamento. Isso
porque as decisões judiciais não podem, em regra, ser fundamentadas, exclusivamente,
em elementos informativos colhidos durante investigação, nos termos do artigo 155, caput,
do Código de Processo Penal.
VII – Por fim, os elementos de prova dos autos apontam a efetiva participação da apelante
em facção criminosa, pelo que não incide a causa de diminuição de pena relacionada ao
tráfico privilegiado, insculpida no art. 33, §4º, da Lei de nº 11.343/06.
VIII – Provimento parcial da apelação.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802591-06.2021.8.10.0035
APELANTE: ANTÔNIO MARCOS DA SILVA ARAÚJO
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O
PATRIMÔNIO. ART. 157, §2°, II e §2º-A, I DO CÓDIGO PENAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE
DO RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. VIOLAÇÃO AO ART. 226 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO PELA ALEGADA INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES PARA EMBASAR A
CONDENAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E, AFASTADA A NULIDADE, DESPROVIDO.
I - Embora o reconhecimento fotográfico do réu realizado em inquérito policial não tenha
observado as disposições previstas no art. 226 do Código de Processo Penal, deve ser
mantida a condenação quando fundamentada em outros elementos de prova produzidos
em juízo que comprovam a autoria delitiva.
II - Impossível a absolvição do acusado quando os elementos contidos nos autos,
corroborados pelas declarações firmes e coerentes da vítima, pelo reconhecimento
fotográfico e demais provas, formam um conjunto sólido, dando segurança ao juízo para a
condenação pelos crimes descritos na peça exordial acusatória;
III - No caso concreto, houve a ratificação do reconhecimento fotográfico realizado pela
vítima durante o inquérito policial, o que afasta a alegação de nulidade, tendo em vista a
existência de outras provas produzidas sob o contraditório, sobretudo o reconhecimento
formal em juízo;
IV – Apelação criminal desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000109-55.2021.8.10.0056
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MARIA VIANEY PINHEIRO BRINGEL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE RESPONSABILIDADE. ART 1º, XIII, DO

578 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


DECRETO-LEI Nº 201/67. AUTORIA E MATERIALIDADE. COMPROVAÇÃO. DOLO
ESPECÍFICO. DESNECESSIDADE. CRIME FORMAL. PRECEDENTES DO STJ.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. REQUISITOS NÃO VERIFICADOS. INOBSERVÂNCIA
DO ART. 37, IX, DA CF/88 E DA LEI MUNICIPAL Nº 429/2006. PROCEDÊNCIA DA
DENÚNCIA. RECURSO PROVIDO.
I. Demonstradas a materialidade e a autoria do crime constante do art. 1º, XIII, do Decreto-
Lei nº 201/67, mediante provas submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa, a
condenação da apelada nas sanções do referido dispositivo legal é medida que se impõe.
II. O art. 1º, XIII, do Decreto-Lei nº 201/67 estabelece hipótese de crime formal, bastando,
para configuração desse ilícito, a nomeação ou designação de pessoas para o exercício de
cargo ou função pública, em desacordo com a Constituição Federal e da Lei Municipal de
regência da matéria.
III. Efetuada, por gestora municipal, contratação temporária de servidores na pendência
de nomeação de candidatos aprovados em concurso público para o respectivo município,
resta evidenciado o dolo necessário à caracterização do delito tipificado no art. 1º, XII, da
Lei de Crimes de Responsabilidade, máxime em razão da existência de decisão judicial,
com trânsito em julgado, em que determinava a nomeação dos aprovados no respectivo
certamente e a exoneração de todos os servidores contratados, em desacordo com as
disposições contidas no art. 37 da CF/88.
IV. Apelo conhecido e provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0006470-49.2015.8.10.0040
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
APELADO: DIONES NUNES FERREIRA, SORAIA SILVA NUNES
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. FALSIDADE IDEOLÓGICA. DECLARAÇÃO DE RESIDÊNCIA. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. IDONEIDADE DAS DECLARAÇÕES
QUE DEVE SER PRESERVADA. LESÃO A BEM JURÍDICO VERIFICÁVEL DIANTE
DA POSSIBILIDADE DE EXPEDIÇÃO DE DOCUMENTOS COM A DECLARAÇÃO DE
RESIDÊNCIA. USO DE DOCUMENTO FALSO. NÃO COMPROVAÇÃO DE EFETIVA
UTILIZAÇÃO DO DOCUMENTO. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. NÃO CONFIGURADA.
AUSÊNCIA DE PROVAS DA PERMANÊNCIA E ESTABILIDADE DA ASSOCIAÇÃO.
I - Não há falar em ausência de relevância jurídica ou princípio da insignificância quanto
à falsificação de declaração de residência, tendo em vista que é possível utilizá-la
para expedição de documentos e diversos outros fins, mormente quando firmada com
autenticação de firma em cartório.
II - A idoneidade das declarações deve ser preservada mediante o combate a suas
falsificações, não sendo possível admitir que uma falsa declaração de residência seja
considerada juridicamente irrelevante. Configurado, portanto, o crime de falsidade ideológica.
III - Para a configuração do crime de uso de documento falso, é necessária a comprovação
de efetiva utilização do documento, o que não ocorreu no caso dos autos, não bastando

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 579


meras alegações de que, por possuir os documentos falsos em sua residência, os réus já
os teriam utilizado.
IV - O crime de associação criminosa somente se configura quando comprovadas a
permanência e estabilidade da associação. Inexistentes provas nesse sentido, deve ser
mantida a absolvição por tal crime.
V – Apelação conhecida e parcialmente provida para condenar a ré SORAIA SILVA NUNES
pelo crime de falsidade ideológica.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0046386-47.2014.8.10.0001
APELANTE: CARLOS CÉSAR SANTOS SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. FALSO TESTEMUNHO.
ABSOLVIÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. INOCORRÊNCIA. CRIME
DE NATUREZA FORMAL. DEPOIMENTOS DIAMETRALMENTE DIVERGENTES.
PROVAS QUE DEMONSTRAM SOBEJAMENTE A PRÁTICA DA CONDUTA DELITIVA.
IRRELEVÂNCIA DO TESTEMUNHO NO RESULTADO DO PROCESSO. RECURSO
DESPROVIDO.
1. O crime de falso testemunho é de natureza formal, se consumando com a simples
prestação de depoimento falso.
2. No caso em apreço os depoimentos prestados pelo apelante nas fases inquisitorial e
judicial são diametralmente divergentes, de modo que a prova testemunhal coligida nos
autos serve apenas para confirmar a efetivação da prática delitiva.
3. O desfecho do processo no qual a declaração falsa foi prestada é irrelevante para a
tipificação do crime de falso testemunho.
4. Recurso conhecido e desprovido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003258-11.2013.8.10.0001
APELANTE: DEMÓCRITO DA SILVA E SILVA, SORAIA PINHEIRO FIALHO E SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO-PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO
CRIMINAL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO
QUE FUNDAMENTADAMENTE ANALISOU TODOS OS PONTOS DA APELAÇÃO.
REEXAME DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE.
I – Os embargos de declaração destinam-se a desfazer ambiguidade, aclarar obscuridade,
eliminar contradição ou suprir omissão existentes no julgado (art. 619 do CPP).
II – Sob o pretexto de sanar contradições e omissões, a parte embargante pretende, em
verdade, o reexame da matéria e das provas, repetindo os mesmos argumentos lançados
na contestação e na apelação, e já exaustivamente refutados nas decisões das duas
instâncias.
III - Inexistindo, de fato, omissão e contradição no aresto embargado, é o caso de rejeição

580 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


dos embargos.
IV – Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001173-55.2019.8.10.0029
APELANTE: GENIVAL BARROS LIMA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL. PRÁTICADE CONTRAVENÇÃO (VIAS DE FATO) E DELITO
DE POSSE DE ARMA COM NUMERAÇÃO RASPADA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO OBSTADA PELA SUPRESSÃO DA IDENTIFICAÇÃO DA ARMA,
AINDA QUE DE USO PERMITIDO. DOSIMETRIA. REDIMENSIONAMENTO. REGIME
INICIAL ABERTO. INDENIZAÇÃO EM FAVOR DA VÍTIMA. PEDIDO FORMULADO NA
DENÚNCIA.
I. Demonstradas a materialidade e autoria da contravenção e do delito praticados pelo
agente, merece ser mantida a respectiva condenação, em especial diante da apreensão da
espingarda calibre 12 com numeração raspada e da comprovação de empurrões contra a
companheira do recorrente, testemunhada por vizinhos e policiais.
II. O simples fato de estar a arma do apelante com a numeração raspada é conduta que se
amolda ao art. 16, §1º, IV, da Lei nº 10.826/03, seja ela de uso permitido ou restrito, sendo
afastada, porém, a natureza hedionda do crime em questão. Precedente do STJ.
III. Impõe-se o redimensionamento da dosimetria quando a basilar a ser considerada é a de
3 anos prevista no caput do art. 16 da Lei nº 10.826/03, e não a de 4 anos prevista no §2º
do mesmo preceito, sendo que, aplicados os dois incrementos de 1/8 da primeira fase, o
patamar alcançado é inferior ao que consta na sentença, o que merece reparo.
IV. Cabível o regime aberto quando o quantitativo da pena assim recomenda e não há notícia
de violência exacerbada na conduta perpetrada, tendo a fundamentação do desabono da
primeira fase da dosimetria sido vinculado tão somente à contravenção.
V. Correta a fixação de indenização à vítima de agressão no contexto doméstico com base em
pedido formulado na denúncia, ainda que não especificada a quantia, e independentemente
de instrução probatória. Tema Repetitivo 983/STJ.
VI. Apelação criminal conhecida e parcialmente provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0012949-73.2018.8.10.0001
APELANTE: DANILO MARQUES
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ACERVO PROBATÓRIO ROBUSTO. SANÇÃO CORPÓREA
SUBSTITUÍDA POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. ATENDIMENTO À
PROPORCIONALIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO DA REPRIMENDA.
I. Evidenciada a materialidade e autoria da recorrente no crime previsto no art. 339, do
Código Penal, correta a condenação imposta, sendo certo que a ligação clandestina de

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 581


energia outrora atribuída à ofendida foi utilizada como meio de vingança pessoal decorrente
de desavenças anteriores.
II. A mácula à honra da vítima decorrente de investigação administrativa é bastante para a
consumação do delito de denunciação caluniosa, máxime porque o acusado, valendo-se da
condição de funcionário terceirizado da concessionária de energia elétrica, efetuou de per
si a ligação clandestina para acusar pessoa que sabia inocente.
III. Correta a substituição da sanção corpórea, fixada em seu mínimo legal, por duas
restritivas de direitos, como efetuado pela juíza sentenciante, tendo em vista os cânones da
proporcionalidade e individualização da pena.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800503-61.2021.8.10.0207
APELANTE: PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL.APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
DE COISA APREENDIDA. SEGURADORA. INDEFERIMENTO PELO JUÍZO DE ORIGEM.
AUSÊNCIA DE EFETIVA COMPROVAÇÃO ACERCA DA POSSE OU PROPRIEDADE
DO VEÍCULO. DOCUMENTOS PRODUZIDOS UNILATERALMENTE PELA APELANTE
QUE SÃO INSUFICIENTES PARA AMPARAR O DIREITO. REGRA DO ART. 120 DO CPP.
APELO DESPROVIDO.
1. Trata-se a apelante de empresa seguradora que teve indeferido na base o pedido de
restituição do veículo, que, segundo alega, foi apreendido pela Polícia Civil do Estado do
Maranhão após ter sido objeto do crime de roubo. Alega que após quitação da apólice
tornou-se possuidora de boa-fé e, com isso, requer a reforma da sentença para que lhe
seja deferida a restituição, ressaltando que os documentos por ela apresentados seriam
suficientes ao pleito.
2. Em análise dos autos, observa-se que os documentos carreados nos autos pela apelante
são de sua própria lavara, produzidos unilateralmente e nos quais não constam quaisquer
assinaturas. Com efeito, impossível retirar dos citados documentos a certeza necessária ao
deferimento do pleito recursal, ante a regra do art. 120 do CPP.
3. Inexistente a certeza quando ao direito do apelante, imperioso que se negue provimento
ao recurso.
4. Apelo desprovido.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0816464-47.2022.8.10.0000
PACIENTE: JOSÉ RIBAMAR LIMA DE MELO
IMPETRADO: JUIZ DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE DOM PEDRO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
DECISÃO: Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado pelo advogado
Joilson Alves Silva em favor de Jose Ribamar Lima de Melo, contra ato da Juíza de Direito
da Vara Única da Comarca de Dom Pedro - MA.

582 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


Depreende-se dos autos que o paciente teve a prisão temporária decretada após a
apreensão de 30 (trinta) trouxas de cocaína dentro de um aparelho de ar condicionado que
seria entregue pelo motorista de uma van, no “Bar do Zé”, localizado na BR-135, próximo
ao Posto Royal, na cidade de Dom Pedro - MA, que é de propriedade do paciente.
Em seguida, durante o cumprimento de mandados (busca e apreensão n. 0800258-
91.2022.8.10.0085), assim como da referida prisão temporária, em 30/3/2022, por volta das
11h30min, policiais civis se dirigiram ao sobredito estabelecimento, onde encontraram mais
6 (seis) trouxas de cocaína escondidos dentro de um aparelho de som, além da quantia
de R$ 32,00 (trinta e dois reais) em moedas e R$ 517,00 (quinhentos e dezessete reais)
em cédulas de valores diversos, 2 (dois) cadernos de anotação, papel seda e aparelhos
celulares, resultando na prisão em flagrante do paciente e de mais três investigados, pela
prática, em tese, dos crimes tipificados nos arts. 33 e 35 da Lei nº 11.343/06 (tráfico de drogas
e associação para o tráfico), vindo a ser convertida em preventiva, no dia subsequente.
Sustenta o impetrante, em síntese: a) a inidoneidade do decreto preventivo, o qual teria sido
baseado unicamente na quantidade de drogas apreendidas; b) a ausência dos requisitos
da prisão preventiva, uma vez fundamentada em argumentos genéricos; c) a extensão do
benefício de liberdade provisória concedido a outro investigado, sob pena de ofensa ao
princípio da isonomia; d) as circunstâncias pessoais abonadoras, tais como primariedade,
residência fixa e atividade informal.
Desse modo, requer, liminarmente e no mérito, a expedição de alvará de soltura em favor
do paciente, para aguardar julgamento em liberdade.
Instruiu a peça de início com documento que entendeu importantes ao presente caso.
Em decisão de ID 19455587 foi indeferida a liminar.
Informações prestadas pela autoridade coatora nos ID 19581851 ao 19581860.
Autos redistribuído por prevenção, conforme certidão de ID 20451704.
A Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer de ID 20615209, da lavra do eminente
procurador Danilo José de Castro Ferreira, opinou pelo conhecimento e denegação da
ordem.
Sendo o que havia a relatar, passo a decidir.
Dispõe o Código de Processo Penal, no seu art. 659, ao versar sobre o habeas corpus,
que: “se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará
prejudicado o pedido” - sendo esse o caso dos autos.
Em consulta ao sistema PJe-1º Grau, constata-se que houve reavaliação da prisão preventiva
do paciente e de outros acusados no processo de origem n. 0800771-59.2022.8.10.0085,
onde a juíza a quo veio a revogá-la, determinando seu alvará de soltura, o que prejudica a
análise do mandamus.
Assim, sem maior discussão, constata-se a alteração do cenário que deu origem a
impetração e a cessação da ilegalidade atacada, situação apta a apontar na direção da
prejudicialidade do writ.
“Art. 428. RITJMA - Verificada a cessação da violência ou da coação ilegal, o pedido poderá

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 583


ser desde logo julgado prejudicado pelo relator.”
Ante o exposto, com fundamento no art. 659, do CPP e do art. 428, RITJMA, JULGO
PREJUDICADO o presente Habeas Corpus, em razão da perda superveniente de seu
objeto.
Dê-se ciência ao Ministério Público.
Certificado o trânsito em julgado, arquivem-se os autos, dando-se baixa nos registros.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0819362-33.2022.8.10.0000
PACIENTE: VALGLEIDES FEITOSA DA SILVA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA DA COMARCA DE ARAIOSES-MA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA,
TRÁFICO DE DROGAS E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. DEFERIDA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS MÍNIMOS E SUFICIENTES DE
AUTORIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. PARTICULARIDADES
DO CASO QUE DEMONSTRAM A DESNECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA MEDIDA
EXTREMA. ORDEM CONHECIDA E CONCEDIDA.
1. Deixo de conhecer do habeas corpus, diante da firme jurisprudência que inadmite a
discussão de materialidade e autoria em sede de habeas corpus, no entanto, de ofício,
passo à análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimento ilegal que
justifique a concessão da ordem.
2. No presente caso, o decreto preventivo se fundamentou, unicamente, na delação do
indivíduo Luís Ângelo Costa Cabral, que associou o paciente à liderança de um crime de
roubo que não ocorreu, a tráfico de drogas e porte ilegal de arma, sem que, transcorridos
mais de três meses da representação policial, as informações tivessem sido confirmadas
ou corroboradas por outras provas.
3. Busca e apreensão domiciliar em relação aos demais investigados que não restou
frutífera, e sem juntada no Inquérito Policial de relatório referente à quebra do sigilo de
dados.
3. Assim, ausentes provas da existência do crime e indício suficiente de autoria, e não sendo
admitida a decretação da prisão preventiva como decorrência imediata de investigação
criminal, é de rigor a concessão da ordem, consoante disposto no art. 312 do Código de
Processo Penal.
4. Habeas corpus não conhecido, no entanto, concedida a ordem de ofício.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000767-51.2012.8.10.0038
APELANTE: LEONIDE SANTOS SOUSA SARAIVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS

584 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do recurso de apelação, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento de defesa, em
consonância com o disposto no art. 345, §1º, do RI/TJMA, e precedentes do STJ.
2. No caso dos autos, verifica-se que a defesa foi intimada da inclusão do processo em
pauta virtual no dia 10/08/2022 e, na mesma data, peticionou requerendo a retirada de
pauta da sessão virtual, para fins de sustentação oral.
3. Todavia, no dia 29/08/2022, foi julgado o recurso pela egrégia Terceira Câmara Criminal
deste Tribunal de Justiça, sem análise da petição do embargante. Desse modo, é mister o
reconhecimento da nulidade do julgamento por cerceamento de defesa.
4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000487-64.2013.8.10.0129
APELANTE: JOSÉ WALISON PEREIRA DA SILVA, CARLOS HENRIK GOMES DA SILVA,
JOSÉ ALVES CARDOSO BEZERRA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. APLICAÇÃO DA
ATENUANTE DA MENORIDADE RELATIVA. POSSIBILIDADE. IDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADA POR DOCUMENTO OFICIAL DOTADO DE FÉ PÚBLICA. INCIDÊNCIA DA
MINORANTE DE TRÁFICO PRIVILEGIADO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS CUMULATIVOS. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.
I – Inicialmente, verifica-se que o apelante contava com menos de 21 (vinte e um) anos
quando da ocorrência do fato. Ressalte-se que a comprovação da idade, para fins de
incidência da atenuante prevista no art. 65, I, do Código Penal, pode ser feita por meio de
qualquer documento oficial que ateste a data do nascimento do agente, segundo entende
a jurisprudência pátria. Precedentes.
II – Considerando a existência de registro dos dados do apelante no mencionado documento,
devidamente confeccionado na Delegacia e dotado de fé pública, impende a incidência da
atenuante supracitada, pelo que deve ser acolhido o pleito defensivo, nesse ponto.
III – Na hipótese, observa-se que os elementos de prova acostados aos autos apontam a
efetiva dedicação do apelante a atividades criminosas, especialmente quando considerada a
quantidade de droga apreendida e a sua forma de acondicionamento, como bem ressaltado
na sentença atacada.
IV – Assim, diante da não demonstração de preenchimento dos pressupostos legais pelo
apelante, já que esse comprovadamente se dedica a atividades criminosas, deve ser
rejeitado o pedido de aplicação da causa de diminuição de pena relacionada a tráfico
privilegiado.
V – Provimento parcial da apelação.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802056-61.2021.8.10.0105
APELANTE: EVALDO SE SOUSA SILVA, EVALDO DE SOUSA SILVA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 585


ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. NECESSIDADE DE CORRELAÇÃO ENTRE
A SENTENÇA E OS FATOS OBJETO DA IMPUTAÇÃO NA PEÇA DE ADITAMENTO.
ARGUMENTO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO.
APLICAÇÃO DO INSTITUTO DO EMENDATIO LIBELLI. CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
APLICAÇÃO DE ATENUANTE NA SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA. IMPOSSIBILIDADE
DE CONDUZIR A PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231/STJ.
I – Em observância ao princípio da correlação, presente no nosso ordenamento jurídico,
deve haver harmonia entre os fatos narrados na denúncia ou na queixa e o fato reconhecido
pelo juízo a quo ao fundamentar o édito condenatório.
II – In casu, o juízo sentenciante atribuiu nova qualificação jurídica aos fatos constantes
na denúncia, pelo que depreendeu hipótese de emendatio libelli, disposto no art. 383 do
Código de Processo Penal.
III – É pacífico na jurisprudência pátria o entendimento de que não é possível que o
reconhecimento da atenuante que conduza a pena a patamar abaixo do mínimo legal, na
forma prevista na Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça e no Tema 158 do Supremo
Tribunal Federal.
IV – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0839407-89.2021.8.10.0001
APELANTE: LENOILSON SOUSA OLIVEIRA, CARLOS EDUARDO COSTA DA SILVA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2a PROMOTORIA DE
JUSTIÇA DA COMARCA DE PAÇO DO LUMIAR
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA:– In casu, não deve ser reconhecida a atenuante inominada – entendida como
uma circunstância relevante, anterior ou posterior ao delito, não disposta em lei, mas que
influencia no juízo de reprovação do autor – pois as agressões sofridas pelos apelantes
após o delito pode ter causado sofrimentos, mas não guarda qualquer relação com o maior
ou menor grau de culpabilidade dos agentes.
II – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0005628-50.2019.8.10.0001
APELANTE: GIUVAM SA DE SANTANA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. TRIBUTÁRIO. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA.
SONEGAÇÃO FISCAL. ICMS. DELITOS PREVISTOS NO ART. 1º, INCISOS I E II DA LEI
8.137/90. ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
FISCAL. IRRELEVÂNCIA DA DISCUSSÃO. ESFERA PENAL INDEPENDENTE.

586 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


I – Eventual irregularidade no procedimento administrativo fiscal não elide e nem interfere
na persecução penal, que objetiva apurar tão somente a ocorrência de crime.
II - Restando demonstrado pelas provas dos autos que houve sonegação no recolhimento
do ICMS devido ao Fisco, evidencia-se a materialidade e autoria do crime, impondo-se a
condenação do réu.
III - A instauração de ação cível impugnando o lançamento tributário não tem o condão de
suspender o feito, tendo em vista a independência entre as esferas administrativa, cível e
penal.
IV – Apelação conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000083-35.2020.8.10.0107
APELANTE: ELIÁBIO OLIVEIRA DE CARVALHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 15 DA LEI Nº 10.826/03. AUSÊNCIA DE PERÍCIA.
IRRELEVÂNCIA. OUTROS MEIOS DE PROVA. MATERIALIDADE. COMPROVAÇÃO.
APLICAÇÃO. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. QUANTIDADE DE
DISPAROS EFETUADOS EM VIA PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
I. A comprovação da materialidade do crime constante do art. 15 da Lei nº 10.826/03
prescinde da realização de exame pericial, quando presentes nos autos suporte probatório
suficiente a permitir a conclusão de que o acusado efetivamente praticou o referido delito.
Precedente do STJ.
II. Escorreita a utilização da quantidade de disparos efetuados para valorar negativamente
as circunstâncias do crime constante do art. 15 do Estatuto do Desarmamento, mantendo-
se, desse modo, o quantum da reprimenda base arbitrada no decreto condenatório.
III. Apelo conhecido e improvido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0003258-11.2013.8.10.0001
APELANTE: DEMÓCRITO DA SILVA E SILVA, SORAIA PINHEIRO FIALHO E SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO
CRIMINAL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO
QUE FUNDAMENTADAMENTE ANALISOU TODOS OS PONTOS DA APELAÇÃO.
REEXAME DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE.
I – Os embargos de declaração destinam-se a desfazer ambiguidade, aclarar obscuridade,
eliminar contradição ou suprir omissão existentes no julgado (art. 619 do CPP).
II – Sob o pretexto de sanar contradições e omissões, a parte embargante pretende, em
verdade, o reexame da matéria e das provas, repetindo os mesmos argumentos lançados
na contestação e na apelação, e já exaustivamente refutados nas decisões das duas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 587


instâncias.
III - Inexistindo, de fato, omissão e contradição no aresto embargado, é o caso de rejeição
dos embargos.
IV – Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801787-33.2021.8.10.0069
APELANTE: ANTÔNIO DOMINGOS DOS SANTOS SOUZA, FRANCISCO DOS
NAVEGANTES SOARES SOUZA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. REDIMENSIONAMENTO
DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. PENA APLICADA DE FORMA PROPORCIONAL, AINDA
QUE VALORADA NEGATIVAMENTE APENAS UMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
RECURSO EM LIBERDADE. INVIABILIDADE. REGIME INICIAL FECHADO E PRESENTES
OS REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. CLÁUSULA REBUC
SIC STANTIBUS. PLEITO DESCLASSIFICATÓRIO. NÃO ACOLHIMENTO. PROVAS
SUFICIENTES DA TRAFICÂNCIA. DESPROVIMENTO DO APELO.
I – O fato de os apelantes, comprovadamente, integrarem organização criminosa, como
ressaltado na sentença condenatória, autoriza a desvaloração da circunstância judicial da
conduta social, dado o evidente prejuízo ao seu comportamento social, razão pela qual
deve ser mantida a desvaloração dessa circunstância.
II – Por outro lado, quanto à valoração negativa da personalidade do agente, a jurisprudência
ratifica que não é possível a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base. Assim, o Juízo a quo não poderia ter utilizado o fato de os apelantes
responderem a outros processos para apontar que suas personalidades tenderiam para a
prática de crimes, especialmente, diante da ausência de elementos concretos nos autos,
pelo que deve ser excluída a valoração negativa da mencionada circunstância judicial.
III – Contudo, mesmo com o afastamento da valoração negativa da personalidade, a pena
fixada pelo Juízo sentenciante não merece reparo, já que fora fixada de forma proporcional,
dado o incremento de apenas 1 (um) ano de reclusão em relação à pena-base de cada
delito. Tal acréscimo resta perfeitamente compatível com a valoração negativa da conduta
social dos apelantes. Assim, deve ser rejeitado o pedido da defesa de redimensionamento
da pena.
IV – Não merece guarida o pedido de recorrer em liberdade, pois, em razão do quantum da
pena e da circunstância judicial desfavorável, deve ser mantido o regime inicial fechado,
nos termos do art. 33, §§2º e 3º, do Código Penal. Do mesmo modo, como destacado
no decisum impugnado, os motivos para a decretação da prisão preventiva permanecem
preenchidos, posto que os apelantes permaneceram encarcerados durante todo o trâmite
processual, razão pela qual deve ser mantida a custódia cautelar, já que não foi alterada a
situação fática (cláusula rebuc sic stantibus). Precedentes.
V – As circunstâncias em que se deram a autuação em flagrante, o acondicionamento e o

588 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


fracionamento da droga apontam para a conclusão de ter sido perpetrado tráfico de drogas,
pelo que deve ser refutada a tese desclassificatória.
VI – Apelação desprovida.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO
N° 0817899-56.2022.8.10.0000
EMBARGANTE: EDER RAIAN PEREIRA DOS SANTOS LOPES
EMBARGADO: JUIZ DE DIREITO DA 4a VARA DA COMARCA DE BALSAS
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS
CORPUS. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS
ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do habeas corpus, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento, acarretando na
nulidade do julgamento.
2. No caso dos autos, verifica-se que, a despeito do expresso pedido feito na peça exordial
do mandamus, o causídico do ora embargante não foi intimado da data da sessão de
julgamento, sendo justa, portanto, sua anulação.
3. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0813366-54.2022.8.10.0000
EMBARGANTE: RAIMUNDO REIS DOS REIS
EMBARGADO: JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIO XII - MA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE AVERIGUAÇÃO NA VIA ESTREITA DO MANDAMUS.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS DE ORIGEM.
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. INVIABILIDADE. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
RISCO CONCRETO À ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADO. PACIENTE FORAGIDO.
ASSEGURAMENTO DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
I – É inadequado o manejo do habeas corpus para fins de análise acerca da suposta
ocorrência de legítima defesa. Isso porque a persecução penal ainda se encontra em fase
inicial e, para tal avaliação, se faz necessário o revolvimento do acervo fático-probatório
contido nos autos de origem, o que é inviável na via estreita do mandamus, conforme
entendimento consolidado do STJ. Precedentes.
II – O crime praticado é dotado de gravidade concreta, especialmente levando em conta
o modus operandi empregado pelo paciente que, após uma discussão, desferiu golpes de
faca no rosto e no ombro da vítima – que era sua enteada –, levando-a a óbito.
III – Observa-se ainda que o paciente ameaçou matar a genitora da vítima, sua companheira,
o que indica que, caso seja revogada a prisão preventiva do paciente, poderá ocasionar

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 589


risco à integridade física da genitora da vítima, ou até mesmo à sua vida.
IV – Estando o paciente foragido até o presente momento, justifica-se a manutenção da prisão
preventiva do paciente com o fito de assegurar a futura aplicação da lei penal, conforme
entendimento consolidado do STJ. Outrossim, a simples existência de circunstâncias
pessoais favoráveis, por si só, não constitui óbice à manutenção da prisão, desde que se
verifique o preenchimento dos requisitos exigidos por lei para imposição da segregação
provisória, como ocorre no caso em tela.
V – Dessa forma, e diante do risco concreto à ordem pública, dada a possibilidade concreta
de reiteração delitiva, é necessária a manutenção da prisão preventiva da paciente, na
forma do artigo 312 do Código de Processo Penal.
VI – Conhecimento parcial e, na parte a ser conhecida, denegação da ordem.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0801415-84.2021.8.10.0069
APELANTE: RAIMUNDO NONATO ALVES DA SILVA, MINISTÉRIO PUBLICO DO
ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PEDIDO DE
ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE. PROVAS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. POSSIBILIDADE. PROCESSOS EM CURSO NÃO
PODEM SERVIR PARADESVALORAÇÃO DAPERSONALIDADE DOAGENTE. INCIDÊNCIA
DA CAUSA DE AUMENTO DE EMPREGO DE ARMA DE FOGO. PROVAS SUFICIENTES.
PALAVRA DA VÍTIMA. DESLOCAMENTO DA MAJORANTE SOBRESSALENTE PARA A
PRIMEIRA ETAPA DOSIMÉTRICA. RECORRER EM LIBERDADE. INDEFERIMENTO.
REGIME INICIAL FECHADO E REQUISITOS DA CUSTÓDIA CAUTELAR PREENCHIDOS.
PROVIMENTO PARCIAL DO PRIMEIRO APELO E INTEGRAL DO SEGUNDO RECURSO.
I – A materialidade e a autoria delitivas restaram devidamente comprovadas pelas provas
produzidas extrajudicialmente e em juízo, pelo que deve ser rejeitado o pleito absolutório.
II – A circunstância judicial relativa à personalidade do agente deve ser considerada neutra
no caso em tela, tendo em vista que processos em curso, por si sós, não consubstanciam
fundamentos idôneos para fundamentar a personalidade do réu como voltada para a prática
delituosa, segundo
entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, pelo que deve ser retificada a
sentença nesse ponto.
III – Para a aplicação da causa de aumento do emprego de arma é desnecessária a apreensão
e perícia do referido instrumento, desde que a sua utilização seja comprovada por outros
elementos de prova, como a palavra da vítima ou o depoimento de testemunhas. No caso
em tela, a vítima confirmou em juízo, de forma assertiva, que os criminosos empregaram
uma arma de fogo durante o assalto, e ainda apontaram o citado instrumento contra ela
durante a execução do crime. Portanto, as provas coligidas aos autos são suficientes para
a incidência da mencionada majorante, razão pela qual a sentença merece reparo nessa

590 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


parte.
IV – Considerando a presença de duas causas de aumento, o Superior Tribunal de Justiça
admite que a majorante sobressalente, isto é, aquela não utilizada na terceira fase da pena,
seja deslocada ou para a primeira fase dosimétrica ou para a segunda fase, caso exista
previsão legal.
V – Diante da fixação do regime inicial fechado e da permanência dos requisitos exigidos
para a decretação da prisão preventiva, deve ser mantida a custódia cautelar diante da
não alteração da situação fática (cláusula rebus sic stantibus), conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
VI – Provimento parcial da primeira apelação e provimento integral do segundo recurso.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°
0000930-23.2019.8.10.0026
EMBARGANTES: WILLIAN QUIXABA DOS SANTOS, RAINILSON CARVALHO DE SOUZA,
ISAEL DOS SANTOS SOARES
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. OMISSÃO.
EXISTÊNCIA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. REGULAÇÃO PELA PENA EM
CONCRETO. SÚMULA Nº 146 DO STF. APLICAÇÃO. PERDA DA PRETENSÃO PUNITIVA
ESTATAL. RECONHECIMENTO. ACLARATÓRIOS ACOLHIDOS.
I. A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação. (Súmula nº 146 do STF).
II. Desclassificada a conduta atribuída aos réus do crime de tráfico de drogas para a conduta
tipificada no art. 28 da Lei nº 11.343/06, haverá a prescrição, nos termos do art. 30 do
referido diploma legal, acaso verificado período superior a 02 (dois) anos entre qualquer
das causas interruptivas a que faz alusão o art. 117 do Código Penal.
III. Transcorrido o referido lapso temporal entre o recebimento da denúncia (15/12/2019)
e a data em que proferida a sentença penal condenatória (15/04/2022), a qual, após a
implantação da Plataforma do Processo Judicial Eletrônico, fica disponível em secretaria
na data de assinatura do referido pronunciamento judicial, é de rigor o reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva estatal, extinguindo a punibilidade do crime imputado aos
embargantes.
IV. Embargos de Declaração acolhidos.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000222-35.2016.8.10.0104
APELANTE: LUCIMAR SÁ DA SILVA
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO. PRESCRIÇÃO RETROATIVA DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO EX OFFICIO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 591


PREJUDICIALIDADE DO MÉRITO RECURSAL.
I. Nos termos do art. 109, V, do CP, prescreve a pretensão punitiva do Estado se entre
a data do recebimento da denúncia e a da publicação da sentença houver transcorrido
período superior a quatro anos, e a pena privativa de liberdade não exceder a dois anos.
II. A prescrição penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso
da acusação (Súmula 146/ STF), sendo que, substituída a pena privativa de liberdade por
duas restritivas de direitos, elas prescrevem no mesmo prazo da sanção corpórea.
III. A extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva constitui
matéria de ordem pública, que pode ser conhecida de ofício, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, nos termos do art. 61 da Lei Adjetiva Penal. Precedentes.
IV. Prescrição decretada de ofício, prejudicado o conhecimento do apelo.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000370-22.2018.8.10.0057
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: MÁRCIO SILVA BARBOSA
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA.
ABSOLVIÇÃO. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO CONDENATÓRIO. INVIABILIDADE.
I. Existindo dúvida razoável quanto a prática do crime de disposição de coisa alheia como
própria (art. 171, § 2º, inciso I, CP), ante a carência de elementos acerca da venda e tradição
do bem, assim como do efetivo prejuízo suportado pela vítima, é de rigor a manutenção da
sentença absolutória, em respeito ao princípio do in dubio pro reo. .
II. O depoimento isolado e contraditório da vítima, sem respaldo nos demais elementos
probatórios constantes dos autos, impede o acolhimento do pleito condenatório formulado
nas razões recursais ministeriais.
III. Apelação criminal improvida.
AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001119-
48.2017.8.10.0130
AGRAVANTE: ROBSON AROUCHE SERRÃO, MARIA DE FÁTIMA NUNES MARTINS,
LUIZ EDMUNDO LISBOA GUIMARÃES
AGRAVADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL CRIMINAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. CORRUPÇÃO
PASSIVA. INTEMPESTIVIDADE. CONHECIMENTO. DESPROVIMENTO.
1. É intempestivo o recurso interposto pelo embargante fora do prazo estabelecido pelo art.
619 do CPP;
2. É pacífico o entendimento na doutrina e jurisprudência pátrias de que, nas ações que
tratam de matéria penal ou processual penal, não incidem as regras do art. 219 do novo
Código de Processo Civil, referente à contagem dos prazos em dias úteis, tendo em vista a
expressa previsão no art. 798

592 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


do CPP, “todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado”.
3. Em conformidade com a certidão lavrada servidor judicial e pela juntada do documento
de publicação do Acórdão no DJEN (IDs. 18862636 e 18863101), o prazo findou em
26/02/2021, sendo, pois intempestivos os Embargos Aclaratórios, vez que ultrapassado o
prazo legal de 02 (dois) dias, previsto no art. 619 do Código de Processo Penal
4. Agravo Regimental conhecido e desprovido, para manter in totum a decisão que não
conheceu dos Embargos Declaratórios, por serem eles intempestivos.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N°
0000500-20.2017.8.10.0001
EMBARGANTE: ANE CAROLINE RAMOS SOUZA
EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA
APELAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO EXPRESSO DE INTIMAÇÃO PARA
REALIZAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL. NULIDADE RECONHECIDA. EMBARGOS
ACOLHIDOS.
1. A falta de intimação do patrono da data de julgamento do recurso de apelação, quando
expressamente requerida a sustentação oral, caracteriza cerceamento de defesa, em
consonância com o disposto no art. 345, §1º, do RITJMA, e precedentes do STJ.
2. No caso dos autos, verifica-se que a defesa foi intimada da inclusão do processo em
pauta virtual no dia 12/08/2022 sendo que, em 05/08/2022 já havia peticionado requerendo
a retirada de pauta da sessão virtual, para fins de sustentação oral.
3. Todavia, no dia 29/08/2022, foi julgado o recurso pela egrégia Terceira Câmara Criminal
deste Tribunal de Justiça, sem análise da petição do embargante. Desse modo, é forçoso o
reconhecimento da nulidade do julgamento por cerceamento de defesa.
4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0800879-12.2021.8.10.0057
APELANTE: JÉSSICA CAROLINE MELO DA SILVA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. REVOGAÇÃO DA MULTA
APLICADA AO CAUSÍDICO. ACOLHIMENTO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO OU REDUÇÃO
DO QUANTUM DA PENA. RECONHECIMENTO DA INIMPUTABILIDADE DO RÉU.
IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA. NÃO CABIMENTO.
DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. INIDONEIDADE DA FUNDAMENTAÇÃO.
AFASTAMENTO DE OFÍCIO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA.
I. Acolhe-se o pleito de revogação da multa aplicada ao causídico, considerando que a
sanção não observou o contraditório e a ampla defesa. Acresça-se o fato de que o advogado
penalizado prossegue na causa, apresentando as razões recursais, o que descaracteriza o

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 593


abandono processual.
II. Não merece acolhimento o pleito absolutório e de redução da pena fundados na
inimputabilidade da recorrente (art. 26, do CP), considerando que, em sede de incidente
de insanidade, restou comprovada a sua capacidade em entender a ilicitude da conduta, à
época dos fatos.
III. Incabível a fixação das medidas de segurança previstas no art. 96, do Código Penal,
pois o referido pleito demanda o reconhecimento da inimputabilidade da recorrente, a qual
já restou afastada quando do indeferimento do incidente de insanidade mental. Outrossim,
compete ao juízo das execuções aferir a necessidade de eventual fixação de medida de
segurança após a condenação, nos termos do art. 66, V, “d” da Lei de Execução Penal
IV. Constatada a inidoneidade da fundamentação das circunstâncias judiciais da conduta
social e das circunstâncias do crime, valoradas, respectivamente, em afronta à Súmula 444
- STJ e em desacordo com o art. 59, do CP, é de rigor o afastamento desses vetores, ainda
que de ofício, dado o caráter amplo do efeito devolutivo do recurso da defesa
V. Apelação criminal conhecida e desprovida, porém, com o redimensionamento, de ofício,
da pena.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000279-32.2018.8.10.0056
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
APELADO: CARLOS DE AQUINO MORAES
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. AMEAÇA.
PRESCRIÇÃO RETROATIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIDA. ESTUPRO.
ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. TESTEMUNHAS DE OUVIR DIZER.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E IN DUBIO PRO REO. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Considerando que entre a data do recebimento da denúncia (28/11/2018) e publicação
da sentença (02/05/2022), transcorreram mais de 03 (três) anos, razão pela qual imperiosa
a extinção da punibilidade do apelado em relação ao crime de ameaça, pela prescrição da
pretensão punitiva retroativa, nos termos do art. 109, VI, do Código Penal.
2. O conjunto probatório se mostra frágil quanto à materialidade e autoria delitiva, sendo
insuficiente para acolher o pedido condenatório.
3. Em que pese ter-se ciência do entendimento dos Tribunais Superiores de que o depoimento
da vítima possui valoroso peso probatório, deve ser ponderado que, para resultar na reforma
da sentença e na condenação visada no apelo ministerial, aquele deve se harmonizar com
o restante do conjunto fático-probatório visualizado nos autos, formando robusto elemento
indicativo de autoria delitiva.
4. Sendo ônus da acusação provar os fatos narrados na denúncia e reforçados no apelo,
inexistindo provas nos autos que apontem, com inegável segurança, a autoria delitiva,
impõe-se manter a decisão absolutória firmada.

594 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


5. Aplicáveis, ao caso, os postulados constitucionais da presunção de inocência e do in
dubio pro reo, por força da insuficiência de provas.
6. Apelo conhecido e parcialmente provido.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001738-57.2018.8.10.0060
APELANTE: JORGE HERBESON RODRIGUES DA CONCEIÇÃO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. ART. 129, §9° DO
CÓDIGO PENAL. ART. 7°, INCS. I E II DA LEI N° 13.343/2006. PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. PENA IN CONCRETO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
DECRETAÇÃO.
I - Quando a sentença penal condenatória transita em julgado para a acusação, a prescrição
da pretensão punitiva é regulada pela pena aplicada em concreto.
II - In casu, a pena aplicada foi 07 (sete) meses, 03 (três) dias de detenção e 14 (catorze)
dias-multa, em regime aberto, sendo o prazo prescricional retroativo calculado nos termos
do art. 109, inc. VI, do Código Penal, ou seja, 03 (três) anos.
III - Verifica-se que ocorreu o trânsito em julgado da sentença para acusação, por essa
razão, a prescrição deve ser observada pela pena em concreto, assim, tendo transcorrido
mais de 03 (três) anos entre a data em que a denúncia foi recebida e a data em que a
sentença foi proferida, é forçoso reconhecer a prescrição retroativa, nos termos do §1º do
art. 110 do Código Penal.
IV - Recurso conhecido e provido, declarando-se extinta a punibilidade.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0001139-38.2017.8.10.0001
APELANTE: RAUNIERY ROSA DOS SANTOS
APELADO: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. PECULATO.
CONTRADIÇÃO E OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL. REJEIÇÃO EM
FACE DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS PREVISTOS NO ART. 619 DO CPP.
I - Nos termos do artigo 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração
podem ser opostos quando existentes na decisão ambiguidade, obscuridade, contradição
ou omissão, não sendo a via adequada para se rediscutir o teor do julgamento.
II – In casu, não existe qualquer vício a ser sanado, posto que o acórdão objetado examinou
e fundamentou devidamente a matéria posta a julgamento. O magistrado não está obrigado
a rebater ponto a ponto as alegações apresentadas pelo recorrente, bastando que
fundamente as razões de seu convencimento.
III - A apresentação de tese jurídica em sede de embargos de declaração não veiculada no
recurso de apelação, constitui inovação recursal, inadmissível pela via eleita. Precedentes
do STJ e do TJMA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 595


IV - Embargos de declaração rejeitados.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0000030-78.2018.8.10.0057
APELANTE: JOSÉ VALENTIM SILVA FILHO
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
CULPABILIDADE, MOTIVOS E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. INIDONEIDADE.
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. AFASTAMENTO. APLICAÇÃO DO REDUTOR DO § 4º,
DO ART. 33, DA LEI DE DROGAS. IMPOSIÇÃO. FIXAÇÃO DE PATAMAR INTERMEDIÁRIO.
PARCIAL PROVIMENTO.
I. Incabível o emprego de termos genéricos e próprios do tipo penal para fundamentar a
valoração negativa das circunstâncias judiciais da culpabilidade, motivos e circunstâncias
do crime, na primeira fase da dosimetria da pena.
II. Constitui inidônea a motivação para o afastamento da redutora do tráfico privilegiado que
não observa os parâmetros previstos no § 4º, do art. 33, da Lei 11.343/06, reportando-se
somente à possibilidade de que a pena seja reduzida a patamar ínfimo.
III. Aplica-se a causa de diminuição do tráfico privilegiado, em no patamar intermediário
(1/2), considerando a natureza e quantidade de entorpecente apreendida em poder do
apelante (84 pedras de crack).
IV. Apelação Criminal parcialmente provida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0802736-65.2021.8.10.0034
APELANTE: ÍTALO GUSTAVO DA SILVA PEREIRA
ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR: DESEMBARGADOR GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. EXPOR À VENDA SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE
PÚBLICA. INVIABILIDADE DO PLEITO ABSOLUTÓRIO. ADMISSÃO, DO INTUITO DE
VENDA DO MATERIAL POPULARMENTE CONHECIDO COMO “LOLÓ”. REPRIMENDAS
FIXADAS NO MÍNIMO LEGAL. ADEQUAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO POR UMA RESTRITIVA
DE DIREITO. PROPORCIONALIDADE.
I. Correta a conclusão pelo cometimento do crime previsto no art. 278 do CP diante da
configuração da materialidade e autoria delitivas, endossadas pela análise química do
material conhecido como “loló” e pela admissão do intuito de venda pelo acusado.
II. A tentativa do agente de alteração da versão dada em solo policial (acerca da admissão
da venda do material) sob o argumento de que estava “drogado” não se justifica se, na
mesma ocasião, ele ostentava agilidade para correr e tentar se desfazer dos frascos quando
avistou a viatura policial.
III. A fixação das penas no patamar mínimo legal se coaduna com a proporcionalidade
da conduta perpetrada e a pequena quantidade do material apreendido, sendo também

596 | PRECEDENTES DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


coerente a substituição da sanção corpórea por uma restritiva de direito.
IV. Apelação criminal conhecida e desprovida.
APELAÇÃO CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0002234-22.2017.8.10.0028
APELANTE: ESTADO DO MARANHÃO - PROCURADORIA GERAL DA JUSTIÇA
APELADO: ALDEMIR DOS SANTOS MATOS
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: PENAL. PENA DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. ALEGAÇÃO DE
IMPOSSIBILIDADE FINANCEIRA. NÃO COMPROVAÇÃO. VALOR RAZOÁVEL FIXADO
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. DESPROVIMENTO DA APELAÇÃO.
I. Não havendo o réu se desincumbido do ônus de comprovar a impossibilidade financeira
para o pagamento da pena de prestação pecuniária, deve ser mantido o quantum fixado
pelo Magistrado na sentença condenatória, desde que observado o intervalo legal previsto
no art. 45 § 1º do Código Penal e o valor se revelar razoável para a finalidade pedagógica
da pena.
II. Apelação conhecida e desprovida.
HABEAS CORPUS CRIMINAL NÚMERO PROCESSO N° 0817777-43.2022.8.10.0000
PACIENTE: CLEANE MOURA DA SILVA, TATIANE NUNES LIMA
IMPETRADO: JUIZ DA 2a VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AÇAILÂNDIA
RELATORA: DESEMBARGADORA SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO
EMENTA: HABEAS CORPUS PREVENTIVO. HOMICÍDIO. PRISÃO TEMPORÁRIA.
PACIENTE LACTANTE. POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR PRISÃO CAUTELAR
CUMULADA COM MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. ORDEM CONCEDIDA.
I. Em que pese as circunstâncias em que foi praticado o delito, necessário se faz a aferição
da condição atual de lactante apresentada pela paciente, aliado ao fato de que possui
residência fixa, é primária e não possui antecedentes criminais.
II. Inexistem maiores indicativos de periculosidade exacerbada da agente, a ponto de
oferecer risco à ordem pública, não se vislumbrando, atualmente, a existência de perigo
decorrente na substituição do ergástulo temporário pelo domiciliar, ainda mais pelo fato
da paciente ter se comprometido a comparecer a todos os atos processuais necessários à
instrução do feito.
III. No caso concreto, a colocação da paciente em prisão domiciliar, com monitoramento
eletrônico, é medida que se impõe, pois concebeu uma criança em 13/08/2022, restando
presumida a necessidade do lactente dos cuidados e amamentação materna, não havendo
justificativa nos autos aptas a afastar esse direito.
III. Ordem conhecida e concedida.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO | 597

Você também pode gostar