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EMENTA
ACÓRDÃO
EMENTA
RELATÓRIO
Pedido liminar indeferido, às fls. 149-153, pela Presidência desta eg. Corte.
É o relatório.
VOTO
Pois bem.
Nesse sentido:
"(...) Na espécie, de acordo com a prova oral acusatória, não infirmada pela
defesa, as drogas arrecadadas foram localizadas no interior de uma sacola plástica,
arremessada pelos denunciados para fora de uma residência, por uma das janelas do
imóvel, ação esta, no entanto, que restou percebida pelos policiais.
Nessas circunstâncias, portanto, em que a apreensão das drogas se deu do
lado de fora da residência, totalmente infundada a arguição de prova ilegal obtida por
meio de violação de domicílio" (grifei).
"(...) Com efeito, depreende-se dos autos que policiais militares receberam
informe de que havia dois indivíduos, em atitude suspeita, rondando uma igreja
evangélica localizada no bairro Jardim Acácias, área dominada pelo “Terceiro
Comando”, de modo que os agentes para lá se encaminharam e, ao se aproximarem do
local indicado, avistaram o apelante e o corréu nessas condições, os quais, por sua vez,
tão logo perceberam a aproximação da guarnição, empreenderam fuga para o interior
de uma residência, sendo certo que os policiais visualizaram quando eles arremessaram
por uma das janelas do imóvel uma sacola plástica contendo 14 (quatorze) invólucros
de Cannabis sativa L (...)" (grifei).
Vejamos:
Nestes termos:
Tudo o que foi confirmado pelo eg. Tribunal de origem, mediante exaustiva
análise do acervo fático-probatório.
Vejamos:
Assente nesta eg. Corte Superior que "O habeas corpus não é a via adequada
para sindicar sobre a ausência de provas de autoria, dada a necessidade de ampla
dilação probatória, providência incompatível com o rito célere do mandamus, que exige
prova pré-constituída do direito alegado" (RHC n. 75.832/BA, Quinta Turma, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 24/2/2017).
IV - Dosimetria
É o voto.
HABEAS CORPUS Nº 719748 - RJ (2022/0020336-6)
VOTO-VISTA
aponta como autoridade coatora o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (Apelação Criminal n.
0016803-88.2019.8.19.0066).
fechado e de 1.200 dias-multa, pela prática dos delitos descritos nos arts. 33, caput, e 35, caput, da Lei n.
Apresentado o recurso em mesa, em 22/3/2022, pedi vista dos autos para melhor exame da
matéria.
teratologia que justifique a concessão da ordem de ofício, nos termos do voto do relator Ministro Jesuíno
Rissato.
Nas razões do presente writ, a defesa alega que o paciente é vítima de constrangimento
ilegal, tendo em vista a existência de prova ilícita, obtida por meio de invasão de domicílio pelos
policiais, gerando a nulidade do feito. Também afirma que não foram preenchidos os requisitos da
O Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento do habeas corpus (fls. 169-
190).
Inicialmente, não há falar em ilicitude da prova colhida com base em ingresso forçado de
Isso porque, segundo o acórdão, houve justa causa e controle judicial posterior do ato, pois
as provas colhidas na fase preliminar de inquérito foram repetidas e validadas em juízo com base no
Na espécie, de acordo com a prova oral acusatória, não infirmada pela defesa, as drogas
arrecadadas foram localizadas no interior de uma sacola plástica, arremessada pelos
denunciados para fora de uma residência, por uma das janelas do imóvel, ação esta, no entanto,
que restou percebida pelos policiais. Nessas circunstâncias, portanto, em que a apreensão das drogas
se deu do lado de fora da residência, totalmente infundada a arguição de prova ilegal obtida por meio
de violação de domicílio.
Com efeito, depreende-se dos autos que policiais militares receberam informe de que havia
dois indivíduos, em atitude suspeita, rondando uma igreja evangélica localizada no bairro Jardim
Acácias, área dominada pelo “Terceiro Comando”, de modo que os agentes para lá se
encaminharam e, ao se aproximarem do local indicado, avistaram o apelante e o corréu nessas
condições, os quais, por sua vez, tão logo perceberam a aproximação da guarnição,
empreenderam fuga para o interior de uma residência, sendo certo que os policiais
visualizaram quando eles arremessaram por uma das janelas do imóvel uma sacola plástica
contendo14 (quatorze) invólucros de Cannabis sativa L.
E obedecendo determinação da guarnição policial, o apelante e o corréu já falecido saíram do
imóvel, sendo presos em flagrante.
Os policiais ainda narraram que logo identificaram os denunciados como moradores do
bairro Freitas Soares, dominado pelo “Comando Vermelho”, e estranharam eles estarem
traficando em local de ingerência do “Terceiro Comando”. Indagados, os denunciados admitiram
aos agentes da lei que haviam migrado de facção criminosa, por estarem, ambos, jurados de
morte por alguns membros da anterior facção criminosa a que pertenciam.
Nesse sentido, alude-se aos depoimentos prestados pelos policiais militares Clelvis Andrade
Gomes de Oliveira e Leonardo Ferreira de Freitas, os quais, além e harmônicos entre si, ecoam a
mesma versão apresentada em sede policial(fls.05/08).
No ponto, convém consignar que nada há nos autos que possa fragilizar os aludidos
depoimentos, sendo, portanto, perfeitamente aptos a amparar o juízo de reprovação, ressaltando que
tal matéria já se encontra até mesmo sumulada por este Tribunal, nos termos do verbete n.º 70.
Ademais, os relatos dos policiais militares restaram reforçados pelo depoimento do
proprietário do imóvel, Alexsandro Augusto dos Santos ,que, inicialmente, em uma nítida tentativa
de inocentar Bruno–seu primo –,disse que nada sabia sobre o seu envolvimento com o tráfico de
drogas, mas, confrontado com o teor de sua declaração de fls. 15/16, confirmou a veracidade daquela
narrativa, e, assim, o envolvimento do apelante com o tráfico de drogas e ainda a sua migração de
facção criminosa. Confira-se o teor da declaração dada em sede policial:
[...]
Some-se a isso a confissão do corréu Natan em sede extrajudicial, no sentido de que ele e
Bruno migraram de facção criminosa, ainda que, ao final, tenha se contradito, ao afirmar que as
drogas apreendidas se destinavam ao seu próprio consumo, consoante fls. 17/18.
Como se não bastasse, o apelante Bruno, em sede policial, afirmou que Natan não
cumpriu o combinado de assumir a propriedade das drogas e que apenas prestaria mais
esclarecimentos em Juízo, conforme consta àsfls.19/20.
Já em seu interrogatório judicial, Bruno admitiu em parte os fatos imputados,
confirmando que Natan dispensou a sacola contendo a maconha tão logo notou a aproximação
dos policiais, mas atribuiu a propriedade dos entorpecentes exclusivamente ao corréu. Alegou
conhecer Natan há pouco tempo, admitindo que ambos haviam residido no bairro Freitas Soares.
Questionado sobre o motivo da mudança de domicílio, disse ter ouvido que estava jurado de
morte, sem especificar o motivo e nem quem havia feito a ameaça; porém, indagado sobre as
facções dominantes, respondeu, como relatado pelos policiais, que o “Comando Vermelho”
domina o bairro Freitas Soares e o “Terceiro Comando”, o bairro Jardim Acácias.
realizadas nas proximidades do bairro no qual se tinha notícia de que a facção criminosa Terceiro
confirmou que eles atuavam na narcotraficância – e arremessaram pela janela certa quantidade de
drogas. Além disso, o depoimento do paciente – que afirmou que se mudara para aquele bairro
porque havia sido ameaçado de morte onde antes residia – e os fatos de conhecimento da
autoridade policial de que o antigo bairro era dominado pelo Comando Vermelho e o atual pelo
Tais motivos configuram a exigência capitulada no art. 204, § 1º, do CPP, a saber, a
demonstração de fundadas razões para a busca domiciliar, não subsistindo os argumentos de ilegalidade
regular em domicílio alheio, na linha de inúmeros precedentes dos Tribunais Superiores, depende, para
sua validade e regularidade, da existência de fundadas razões (justa causa) que sinalizem para a
possibilidade de mitigação do direito fundamental em questão. É dizer, apenas quando o contexto fático
anterior à invasão permitir a conclusão acerca da ocorrência de crime no interior da residência – cuja
urgência em sua cessação demande ação imediata – é que se mostra possível sacrificar o direito à
inviolabilidade do domicílio" (HC n. 598.051/SP, Sexta Turma, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz,
DJe de 15/3/2021).
Essa orientação atende aos pressupostos estabelecidos no Tema n. 280, submetido pelo STF
ao regime de repercussão geral no RE n. 603.616/RO, em que ficou definido que "a entrada forçada em
domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas
razões, devidamente justificadas a posteriori" (RE n. 603.616/RO, relator Ministro Gilmar Mendes, DJe
de 8/10/2010).
Assim, realizado o controle judicial do ato, ainda que posteriormente, não há falar, de plano,
apelação – inviabiliza a análise da tese defensiva em toda a sua extensão, visto que há nítida necessidade
Dantas, Quinta Turma, DJe de 30/5/2018; AgRg no HC n. 681.870/SP, relator Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Quinta Turma, DJe de 20/9/2021; e AgRg no RHC n. 146.915/RJ, relator Ministro Olindo
quo entendeu estarem presentes a autoria e a materialidade do delito de associação para o tráfico de
drogas, consignando que não seria possível deixar de “reconhecer o vínculo estável e permanente
existente entre o apelante e o corréu e entre eles e os demais integrantes da organização criminosa
'Terceiro Comando', o que comprova a existência e a autoria do crime de associação para o tráfico de
provas colhidas nos autos, que o condenado estava associado com outros indivíduos de forma estável e
O acolhimento da tese de que não foi provado o vínculo estável e permanente do paciente
com outras pessoas no reiterado comércio ilícito de drogas, a ensejar a absolvição do delito descrito no
A propósito: AgRg no HC n. 590.375/MS, relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe
de 25/8/2020; HC n. 439.046/PB, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe de 1º/6/2020; HC
n. 492.911/MG, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 18/10/2019; e AgRg no HC n.
521.937/RS, relator Ministro Sebastião Reis Junior, Sexta Turma, DJe de 17/9/2019.
de prova constantes do inquérito e/ou da ação penal, não pode ser analisada na estreita via do habeas
corpus (AgRg no HC n. 587.282/SP, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe de
8/9/2020), sobretudo diante da condenação do paciente por associação para o tráfico, como, aliás, foi
Por fim, a condenação pelo crime descrito no art. 35, caput, da Lei n. 11.343/2006 é
incompatível com o reconhecimento do tráfico privilegiado, revelando-se suficiente para afastar o redutor
previsto no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006, pois indica que o agente se dedica a atividades criminosas
(AgRg no AREsp n. 1.732.339/TO, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe de
27/11/2020; e AgRg no HC 610.288/SP, relator Ministro Sebastião Reis Junior, Sexta Turna, DJe de
23/10/2020).
Ante o exposto, acompanho o voto do eminente relator para não conhecer do writ.
É o voto.
Superior Tribunal de Justiça S.T.J
Fl.__________
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJDFT)
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. LUCIANO MARIZ MAIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PACIENTE : BRUNO SALES COSTA (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico
Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins
SUSTENTAÇÃO ORAL
SUSTENTARAM ORALMENTE: DR. PEDRO CARRIELLO - DEFENSORIA PÚBLICA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (P/PACTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator não conhecendo do habeas corpus, pediu
vista o Sr. Ministro João Otávio de Noronha."
Aguardam os Srs. Ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel
Ilan Paciornik.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJDFT)
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PACIENTE : BRUNO SALES COSTA (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico
Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
" Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, não conheceu do
pedido."
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha (voto-vista), Reynaldo Soares da
Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.