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ACÓRDÃO
Documento: 2089816 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/02/2022 Página 2 de 8
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 633.441 - PE (2020/0334855-1)
IMPETRANTE : YURI AZEVEDO HERCULANO
ADVOGADO : YURI AZEVEDO HERCULANO - PE028018
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
PACIENTE : ADRIANO MANOEL DA SILVA (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
1. Não se admite a reiteração de pedido de habeas corpus relativamente às
mesmas partes, mesma causa de pedir e pedidos, salvo se houver alteração fática que
justifique uma nova apreciação.
2. Na hipótese, o impetrante trouxe decisão de pronúncia como prova de
suposta alteração fática que comprovaria a ilegalidade da diligência de busca e
apreensão impugnada.
3. Desde o primeiro HC já estava explícito que a busca e apreensão teria sido
realizada em casas geminadas, e a meu ver o teor da decisão de pronúncia só ratificou
que de fato as residências compartilhavam a mesma estrutura, alvenaria e telhado,
pertencendo a mesma família do denunciado Adriano, inclusive o aparelho apreendido
durante a diligência era de propriedade do próprio paciente.
4. Ordem denegada. "
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O Ministério Público Federal opinou pela não concessão da ordem (fls. 311-315).
É o relatório.
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HABEAS CORPUS Nº 633.441 - PE (2020/0334855-1)
VOTO
"Com base nos julgados acima citados, verifico que o primeiro habeas
corpus impetrado junto ao TJPE não vislumbrou a demonstração inequívoca de que a
diligência de busca e apreensão tenha extrapolado os limites nela delimitados por
adentrar em residências geminadas, expondo a impossibilidade, via HC, de acessar a
mídia do depoimento da autoridade policial para que se obtivessem informações mais
detalhadas sobre a questão, ressaltando que uma incursão mais detalhada no acervo
fático-probatório seria incompatível com o rito de natureza sumária do mandamus.
Nessa acepção, o impetrante renova o pleito de nulidade da diligência
através do presente remédio constitucional, justificando que à época do primeiro
habeas corpus a única prova que demonstrava a ilegalidade da busca e apreensão
seria o depoimento da autoridade policial constante de mídia digital. Contudo,
defende que na decisão de pronúncia restou consignado o que foi dito pelo delegado,
comprovando assim a existência da citada invalidade.
Para tanto trouxe transcrição da citada decisão nos seguintes termos:
Pois bem, conforme foi aventado pelo parecer da Procuradoria, é cediço que
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não se admite a reiteração de pedido de habeas corpus relativamente às mesmas
partes, mesma causa de pedir e pedidos, salvo alteração fática que justifique uma nova
apreciação.
[...]
Na hipótese, o impetrante trouxe à baila decisão de pronúncia como prova de
suposta alteração fática que comprovaria a ilegalidade da busca e apreensão.
Discordo.
Desde o primeiro HC já estava explícito que a busca e apreensão teria sido
realizada em casas geminadas, e a meu ver o teor da decisão de pronúncia só ratificou
que de fato as residências compartilhavam a mesma estrutura, alvenaria e telhado,
pertencendo a mesma família do denunciado Adriano, inclusive o aparelho apreendido
durante a diligência era de propriedade do próprio paciente.
Do contexto analisado, não se depreende, ao meu ver, que a decisão de
pronúncia trazida à baila comprova a existência de ilegalidade na citada busca e
apreensão.
Na verdade, não vislumbro irregularidade que dê ensejo a concessão da
ordem aqui pleiteada.
Assim sendo, em resumo, considero que as circunstâncias apresentadas não
evidenciam, no momento, irregularidade na busca e apreensão efetivada, a ensejar a
caracterização do constrangimento ilegal noticiado na inicial.
Diante do exposto, conheço do habeas corpus e voto pela denegação da
ordem. "
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cassando a decisão de pronúncia, declarar a nulidade da diligência de busca e apreensão no que diz
respeito, tão somente, ao celular do Paciente, bem como as provas dela derivadas, a serem aferidas pelo
Juiz singular, que também deverá analisar a viabilidade do prosseguimento da ação penal à luz de
outras provas eventualmente existentes.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSE ADONIS CALLOU DE ARAUJO SA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : YURI AZEVEDO HERCULANO
ADVOGADO : YURI AZEVEDO HERCULANO - PE028018
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
PACIENTE : ADRIANO MANOEL DA SILVA (PRESO)
CORRÉU : IVSON PEREIRA FERREIRA BARBOSA
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr(a). YURI AZEVEDO HERCULANO, pela parte PACIENTE: ADRIANO MANOEL DA
SILVA
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ADONIS CALLOU DE ARAÚJO SÁ, SUBPROCURADOR-GERAL DA
REPÚBLICA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto da Sra. Ministra Laurita Vaz concedendo parcialmente a ordem, pediu vista
antecipada o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz. Aguardam os Srs. Ministros Sebastião Reis
Júnior, Antonio Saldanha Palheiro e Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª
Região).
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HABEAS CORPUS Nº 633.441 - PE (2020/0334855-1)
VOTO-VISTA
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HABEAS CORPUS Nº 633.441 - PE (2020/0334855-1)
RETIFICAÇÃO DE VOTO
"O Dr. SOLON OTÁVIO DE FRANÇA, Juiz de Direito da Vara única da Comarca de Santa Maria do Cambucá/PE, em virtude de
lei, etc.
MANDA ao Senhor(a) Oficial (a) de Justiça encarregado da diligência, ou a autoridade policial competente, que em cumprimento
a Decisão deste juízo, e conforme solicitação, sob as penas da Lei, dirija-se ao local indicado ou onde lhe for apontado, jurisdição desta Comarca
ou contígua, e depois de preenchidas todas as formalidades legais, proceda ao abaixo descrito:
Na decisão de pronúncia (fls. 34-71), ao não reconhecer ilegalidade no cumprimento da medida de busca e apreensão, o Magistrado Singular
"[...] não obstante a alegação de que o mandado fora cumprido em residência diversa daquela constante do mandado de busca e
apreensão, entendo ter se tratado de mera irregularidade, porquanto, de acordo com o que fora dito pelo Delegado e confirmado no plano fático, a
casa em que foi encontrado o aparelho celular era geminada, ou seja, uma residência simétrica que compartilhava com sua vizinha a mesma
estrutura, alvenaria e telhado, as quais pertenciam à mesma família do denunciado Adriano, tanto que o telefone fora encontrado na casa vizinha,
de seu irmão. "
Constata-se que somente quando do cumprimento da diligência os Agentes Estatais observaram que o imóvel, embora partilhasse "a mesma
estrutura, alvenaria e telhado ", era repartido internamente para que pudessem residir, com certa separação, o irmão e a mãe do Investigado.
A despeito do voto que proferi na sessão de 24/08/2021, no qual concedi a ordem de habeas corpus para anular a diligência – quando concluí que
não se tratava de residência única –, nova reflexão sobre o contexto em que ocorreu o cumprimento do mandado motivou-me a alterar minha compreensão anterior.
Embora a Defesa alegue que a Polícia não se dirigiu à morada correta, de fato o endereçamento constante no mandado judicial indica imóvel
compartilhado com sua mãe e seu irmão , sob o detalhamento "Sitio Baixio de baixo, nas proximidades do Bar de Joana, uma casa de cor verde clara, com uma garagem " (fl.
12). O Impetrante, a propósito, não infirma essa circunstância. Ao contrário. Na própria petição inicial reproduz fragmento do testemunho da Autoridade Policial, do qual
concluo tratar-se do mesmo endereço . Confira-se (fls. 13-14; sem grifos no original):
"42’40’’:
Testemunha: Na mesma diligência foi pedida a prisão e foi pedida as buscas, agente monitorou ele alguns dias e conseguiu lograr
êxito tanto na prisão quanto nesse cumprimento de buscas, que foi onde foram apreendidos os celulares.
Advogado: Além dos celulares foi localizada alguma outra coisa, como entorpecente, arma?
Testemunha: Não, não. Foi apreendido os celulares e salvo engano eu acho que o carro dele. Só que, uma coisa que a gente não
sabia e só veio saber depois, que ele mantinha, não era conhecimento da gente até então, ele mantinha uma casa, uma espécie de um barraco na
frente dessa casa de onde a gente fez, que era casa, uma casa conjugada, é a casa da mãe dele, a casa aonde ele fica, a casa do irmão, é tudo
junto. Só que tinha uma casa na frente dessa casa, uma espécie de um barraco, que é na mesma região, na área onde ele morava, e a gente só veio
saber disso depois. E também nós não tínhamos respaldo legal, o mandado de busca eram específicos para aquelas residências. E era exatamente
lá que guardavam as armas, mas só soubemos disso depois e possivelmente depois da prisão dele deram cabo desses armamentos.
Advogado: As buscas foram autorizadas em mais de uma residência, o senhor se recorda em qual dessas residências foram
apreendidos os celulares dele?
Testemunha: É como eu digo, não sei precisar porque eram residências que eram geminadas, ele fala muito nas conversas, enfim,
que ficava muito com o pai e com a mãe, com a irmã, com os pais, mas como eram geminados...eu tenho convicção[?] que era a casa dele mesmo.
Porque eram coisa que era coladinho, é como se fosse uma grande casa repartida em duas, três divisões...
Advogado: Entradas independentes?
Testemunha: Entradas independentes, mas enfim, portas traseiras que se comunicavam é....e foi apreendido na casa dele, estava
ele, estava o irmão, os celulares...com ele.
Advogado: Foram apreendidos celulares dos parentes dele também?
Testemunha: também ."
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E, não obstante o esclarecimento de que no prédio há três portas frontais distintas (o que é corroborado pelas fotografias inseridas na petição
inicial – fl. 14), o Impetrante deixou de refutar na exordial (independentemente de quaisquer esclarecimentos fáticos que tenha sustentado oralmente quando do julgamento
da causa pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça) a informação dos Policiais – à qual se atribui a presunção de legitimidade – de que, no local, portas traseiras
comunicavam-se . Em outras palavras, se por um lado fotos externas do imóvel foram adicionadas na petição inicial, por outro a Defesa deixou de anexar na peça imagens
internas ou croquis da construção que permitissem concluir categoricamente que se tratam de endereços de fato distintos – ônus que lhe competia.
Assim, no caso pressupõe-se que no imóvel – independentemente de haver compartimentação que distinga os locais de residência do Paciente, seu
irmão e sua mãe –, há cômodos internos que se comunicam contiguamente. E, por isso, é razoável admitir que os Agentes , durante o cumprimento do mandado de busca e
apreensão, e buscando dar a devida efetividade à diligência, não poderiam presumir que se tratavam de moradias autônomas .
Dessa forma, a Defesa, ao não juntar aos autos imagens internas da construção – que demostrassem inequivocamente ser óbvia a constatação de
que no local havia três habitações de fato independentes –, não logrou êxito em comprovar sua alegação de que os Policiais realizaram diligência em endereço diverso do
Dessa forma, reajusto o dispositivo que proferi na assentada de 24/08/2021 para DENEGAR a ordem de habeas corpus .
É como voto.
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HABEAS CORPUS Nº 633.441 - PE (2020/0334855-1)
VOTO VENCIDO
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ELAERES MARQUES TEIXEIRA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : YURI AZEVEDO HERCULANO
ADVOGADO : YURI AZEVEDO HERCULANO - PE028018
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
PACIENTE : ADRIANO MANOEL DA SILVA (PRESO)
CORRÉU : IVSON PEREIRA FERREIRA BARBOSA
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo o julgamento após o voto vista do Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz
denegando a ordem, sendo acompanhado pelos Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro e Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), a retificação de voto da Sra. Ministra
Relatora no mesmo sentido e o voto do Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior concedendo a ordem, a
Sexta Turma, por maioria, denegou o habeas corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra
Relatora.
Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Antonio Saldanha Palheiro e Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região) votaram com a Sra. Ministra Relatora. Vencido o
Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior.
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