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SUA PETIÇÃO
DIREITO
PENAL
Seção 6
DIREITO PENAL
Sua causa!
Conforme narrado, o membro do Ministério Público processou o acusado pelo crime de estupro do
vulnerável, na forma seguinte:
Assim, o réu fora denunciado na forma transcrita anteriormente, tendo a defesa requerido a rejeição
da peça acusatória, uma vez que não fora atestada a materialidade do crime narrado por ausência
de laudo pericial. Além disso, foi requerido pelo regular enquadramento dos fatos num único crime
de estupro do vulnerável, forte na ideia de ser um tipo misto alternativo.
Todavia, o magistrado decidiu pelo prosseguimento do feito, concordando integralmente com a peça
acusatória do Ministério Público, destacando que os fatos seriam melhor apurados por ocasião da
instrução processual em audiência específica.
Na audiência de instrução e julgamento, nessa ordem, interrogou-se o acusado, não foi ouvido perito
e nem juntado exame de corpo de delito. Ouviram-se as testemunhas de acusação e as de defesa.
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As testemunhas, de modo geral, disseram que não viram nenhum ato sexual, mas ouviram dizer que
o acusado e a vítima mantinham relações sexuais há bastante tempo. A vítima, ouvida ao final, disse
que praticou os atos sexuais narrados na denúncia, mas fez de forma livre e espontânea, tendo
acrescentado que sempre mentira sobre a sua idade real de 13 anos e dizia para o seu namorado,
ora acusado, que tinha 17 anos de idade.
Ao final da audiência, foi aberta vista para a acusação e defesa apresentarem as suas considerações
finais, no prazo de cinco dias. O Ministério Público ofertou suas considerações, requerendo a
condenação na forma proposta pela denúncia criminal. A defesa, por sua vez, requereu a nulidade
absoluta do feito, em razão da inversão do rito processual, com prejuízo presumido para o acusado,
anulando-se o feito desde a audiência de instrução e julgamento, bem como pela ausência de laudo
pericial nos casos em que ele se faz necessário, na forma do artigo 564, III, b, CPP. Não
reconhecendo a nulidade absoluta, requereu a absolvição do acusado, com base na teoria do erro
de tipo invencível, bem como na ausência de provas testemunhais e periciais hábeis a formar autoria
e materialidade do feito, aplicando-se o artigo 386, VI e VII, CPP;
Todavia, por ocasião da sentença, o magistrado condenou o acusado nos exatos termos da denúncia
ministerial, entendendo o seguinte: 1) A inversão do rito processual é mera irregularidade, não sendo
cabível a anulação do feito, não havendo prejuízo para o acusado; 2) A ausência de laudo pericial
não impede a condenação, uma vez que o juiz não está adstrito à prova pericial, podendo
fundamentar a sua decisão com base exclusivamente na palavra da vítima; 3) Os depoimentos por
“ouvir dizer” são plenamente válidos e merecem guarida, podendo ser considerados testemunhos
dignos de condenação; 4) Quanto ao erro de tipo invencível, entende-se que o autor tem a obrigação
de saber a idade da vítima e foi imprudente ao praticar o aludido ato sexual; 5) Assim, condeno o
acusado a uma pena de oito anos de reclusão a ser cumprida no regime inicialmente fechado; 6)
Recolha-se o acusado para o cumprimento da pena, tão somente pelo efeito automático da
condenação. Publique-se e intime-se.
Foi interposto recurso de apelação para o Tribunal de Justiça, requerendo-se o reconhecimento das
nulidades acima citadas, bem como o reconhecimento das teses defensivas aludidas. Todavia, o
acórdão proferido pela instância recursal foi no seguinte teor:
Após, os autos vieram com vista para que você, advogado (a), pudesse manejar a peça processual
cabível para insurgir-se contra o acórdão do Tribunal de Justiça anteriormente transcrito, lembrando
que a intimação dessa decisão ocorrerá em 18/9/23, devendo a interposição da peça ser feita no
último dia do prazo legal.
Recurso Extraordinário
Destaca-se que o Recurso Extraordinário é medida que deve ser aplicada quando ocorre a previsão
constitucional inserida no art. 102, III, “a”, CF, nestes termos:
Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única
ou última instância, quando a decisão recorrida:
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
Noutro giro, é curial que a questão a ser discutida no Supremo Tribunal Federal possui repercussão
geral, ou seja, que a matéria seja de interesse público e impõe a atuação final da Suprema Corte, na
forma do já citado art. 102, parágrafo 3º, CF, verbis:
A constatação da repercussão geral é medida que se impõe, sob pena de não ser feito o
reconhecimento recursal por parte do Supremo Tribunal Federal. Nesse ponto, preleciona a doutrina
a hipótese de repercussão geral, na visão do professor Christiano Gonzaga, assim transcrito:
Destarte, o simples fato de violar-se a Constituição Federal não possui o condão de permitir o
Recurso Extraordinário, devendo a matéria possuir repercussão geral para fins de processamento
na Corte Suprema.
Dentro da parte formal, o legislador infraconstitucional chamou a atenção para a inexistência do efeito
suspensivo nessa hipótese recursal, nos seguintes termos:
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados
pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a
execução da sentença.
Quanto aos prazos processuais penais, infere-se que o Código de Processo Penal possui orientação
no sentido de excluir-se o dia do início (intimação, por exemplo) e incluir o dia final, não se olvidando
que prazos processuais penais não se iniciam em dias não úteis e também não se encerram nesses
mesmos dias, na forma do disposto a seguir:
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém,
considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do
dia em que começou a correr.
Portanto, deve ser dada atenção à contagem dos prazos processuais, em que o início se dará em
dia útil e o dia final também.
Além disso, na hipótese específica do Recurso Extraordinário, destaca-se que o prazo para sua
interposição está regulamentado nos art. 1003, parágrafo 5º, e 1.030, caput, do Novo Código de
Processo Civil, aplicados por analogia ao Processo Penal, sendo ele de 15 dias, desta forma:
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os
autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça,
conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei
nº 13.256, de 2016) (Vigência)
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação (Incluída pela Lei nº 13.256,
de 2016) (Vigência)
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno,
nos termos do art. 1.021.
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Logo, percebe-se que o prazo para tal via recursal é mais longo que os tradicionais, tais como
apelação e recurso em sentido estrito.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
Qualquer violação constitucional merece reparo por meio do Recurso Extraordinário, notadamente
quando se inverte o rito processual, violando todos os princípios acima delineados. Observe o que
entende a Suprema Corte quando há violação ao rito processual previsto em lei, nestes termos:
Assim, o interrogatório é meio de defesa que deve ser feito ao final de toda audiência de instrução e
julgamento, de forma a resguardar os princípios constitucionais.
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No que diz respeito à produção probatória, é curial ressaltar que quando há pedido da defesa para
que se realize certa prova, a sua negativa deve ser feita de forma fundamentada, sob pena de
macular-se o princípio constitucional da ampla de defesa e do contraditório, nos termos do que vem
decidindo o Supremo Tribunal Federal:
Pelo que consta do acórdão mencionado, a alegação de nulidade deve ser feita a tempo e modo,
sob pena de indeferimento dessa medida, lembrando que os requerimentos de nulidades feitos antes
da decisão dos tribunais superiores resolvem essa questão preclusiva. Em outras palavras, uma vez
alegada a nulidade por impedimento de produção probatória no momento adequado, a declaração
de nulidade é medida que se impõe pelo Poder Judiciário, por violação ao princípio constitucional do
contraditório e da ampla defesa.
Em relação à produção probatória do depoimento testemunhal, destaca-se que o Código de
Processo Penal menciona a prova testemunhal nos artigos 202 e seguintes, devendo a testemunha
dizer aquilo que presenciou diretamente, não servindo o depoimento por “ouvir dizer’, uma vez que
esse conceito viola a definição de testemunha por excelência e, por consequência, o princípio
constitucional da ampla defesa e do contraditório, dado que resta impossível que a defesa produza
alguma prova em contraditório quando não se tem a certeza de quem foi que presenciou o fato.
Esse tipo de prova não pode ser aceita, conforme jurisprudência dos tribunais superiores:
EMENTA
4. O fato de o testemunho da vítima falecida não poder ser repetido em Juízo não
altera a conclusão de que depoimentos colhidos apenas na fase extrajudicial não
autorizam a pronúncia.
No mérito quanto ao instituto do erro de tipo, destaca-se que ele é amplamente aceito no Código
Penal e não comporta resistências doutrinárias, em virtude do próprio legislador aceitar a sua
aplicação. A depender da espécie de erro, pode haver a exclusão total da figura típica ou a punição
apenas pelo crime culposo. Em outras palavras, se o erro for invencível, exclui o dolo e a culpa,
excluindo-se a tipicidade do crime. Se o erro for vencível, pune-se pelo crime culposo se houver
previsão legal da figura culposa. Essa é a disposição legal prevista no artigo 20, CP, nestes termos:
Essa ocorrência legal pode ser conferida na jurisprudência pátria, que aceita a tese do erro de tipo
quanto ao desconhecimento da idade da vítima, devendo ser excluída a figura típica, nestes moldes:
EMENTA
1. Embora o habeas corpus seja uma via que não admite dilação probatória, é
possível aferir a legitimidade da condenação imposta a partir do exame da
fundamentação contida no ato decisório.
3. Insta salientar, ainda, que a avaliação do acervo probatório deve ser balizada pelo
princípio do favor rei. Ou seja, remanescendo dúvida sobre a responsabilidade penal
do acusado, imperiosa será a sua absolvição, tendo em vista que sobre a acusação
recai o inafastável ônus de provar o que foi veiculado na denúncia.
Percebe-se que havia uma dúvida quanto à idade da vítima ser maior ou menor de 14 anos, o que
restou afastada a figura típica do crime previsto no artigo 217-A, CP.
Outra consideração final importante acerca do Recurso Extraordinário, assim como do Recurso
Especial (manejado para violações contra lei federal perante o Superior Tribunal de Justiça), é que
ambos não enfrentam matérias fáticas do caso concreto, mas apenas questões que abstratamente
violam a Constituição Federal e as leis federais. Tais considerações não passaram despercebidas
pelo crivo dos Ministro da Suprema Corte, nestes termos:
Ainda, nesse sentido, é o teor das súmulas 279 e 289 do mesmo Tribunal Supremo, verbis:
Súmula 279: Para simples reexame de prova, não cabe recurso extraordinário.
Súmula 280: Por ofensa a direito local, não cabe recurso extraordinário.
Trata-se, como se vislumbra, de questões tranquilas no Supremo Tribunal Federal e que merecem
destaque na análise da questão, não sendo necessário analisar pontos fáticos do caso concreto, mas
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isso não impede que se alegue violação a princípios constitucionais por ocorrência de nulidade
quando a defesa foi cerceada de produzir algum tipo de prova.
PONTO DE ATENÇÃO
O Recurso Extraordinário deve ser manejado quando se violam artigos
previstos na Constituição Federal, destacando-se a necessidade de
apontar a repercussão geral, o prequestionamento e os princípios
constitucionais violados.
Vamos peticionar!
1 – Havendo decisão que viole algum dispositivo constitucional, qual peça processual é cabível?
Recurso Extraordinário.
2 – Nessa peça processual, posso abordar pontos de defesa? Sim, devendo ser apontado onde está
o problema no acórdão, requerendo a elucidação da questão.
3- A contagem do prazo processual foi correta? Atentar-se para o que dispõe o Código de Processo
Penal nesse quesito.
4 – Não podemos deixar de utilizar uma jurisprudência atual acerca do assunto debatido. Deve-se
preferir jurisprudência de tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal.
Atenção: Jurisprudência são decisões reiteradas dos Tribunais. Decisões isoladas devem ser
evitadas.
A primeira coisa a se fazer em uma peça processual é o endereçamento, ou seja, precisamos saber
de quem é a competência para analisar aquele fato. Por esse motivo, antes de ajuizar uma ação ou
apresentar qualquer peça processual é necessário que o estudante conheça as regras de
competência. As questões da OAB sempre demonstram onde se deu o fato, o que fica claro de
atestar a competência.
Após o endereçamento, precisamos realizar um preâmbulo. Nele, colocaremos todos os dados das
partes. Nunca se deve inventar dados nas peças práticas da OAB, pois isso identifica a sua prova, o
que irá desclassificá-lo.
Após o preâmbulo, iniciaremos os fatos, que nada mais são que a história contada pelo examinador.
Após a narrativa dos fatos, iniciaremos os fundamentos jurídicos. É nesse ponto que você demonstra
seu conhecimento. Portanto, faça com muita atenção e demonstre para o seu examinador que você
conhece o assunto.
Após a fundamentação, é hora de fazer os pedidos. Cuidado! Você só pode pedir o que fundamentou.
Essas são as chamadas dicas de ouro e temos certeza de que com esse roteiro mental será fácil
compreender e colocar em prática todos os seus poderes para uma escorreita peça prático-
profissional. Vamos peticionar?
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