Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMENTA
RELATÓRIO
Interposto recurso especial (fls. 573-583), com fulcro no artigo 105, inciso
III, alínea a, da Constituição Federal, o insurgente sustenta a violação dos artigos 2º,
parágrafo único, 100, § 1º, e 171, § 5º, todos do CP, além do 24 e 564, inciso III, a,
ambos do CPP, sob argumento de que o processo que resultou na condenação do
agravante é nulo, "ante a ausência de representação específica da vítima para legitimar a
atuação ministerial, pois, com o advento da Lei nº 13.964/19, a ação penal referente ao
crime de estelionato passou a ser de iniciativa pública condicionada à representação"
(fl. 578).
Nesta Corte Superior, o agravo em recurso especial foi desprovido (fls. 634-
636).
Aduz que, "em que pese a decisão repelida assentar que as Instâncias
Ordinárias, soberanas na análise dos fatos e provas dos autos, sedimentaram que
“houve inequívoca manifestação da vítima, por meio de advogado, que foi à delegacia
registrar ocorrência do crime”, força é convir que o ato em si de registrar uma
ocorrência policial por intermédio de terceiros não supre e nem se confunde com a
representação específica exigida pelo art. 171, § 5º, do Código Penal" (fl. 643).
Colaciona acórdãos prolatados pelo col. STF e por este STJ que militam, em
tese, em prol do pleito defensivo.
É o relatório.
VOTO
Ainda que assim não fosse, conforme registrado pelo v. acórdão objurgado,
constatado que a vítima, inequivocamente, levou ao conhecimento da autoridade policial
o fato criminoso, manifestando evidente interesse na persecução penal, resta plenamente
satisfeito o requisito relativo à condição de procedibilidade da ação penal, porquanto a
representação do ofendido, nas ações penais públicas condicionadas à representação,
prescinde de formalidade, de modo que entendo cumpridas as exigências legais.
Dessa forma, não há necessidade de que exista nos autos peça processual com
esse título, sendo suficiente que a vítima ou seu representante legal leve ao
conhecimentos das autoridades o ocorrido (HC n. 578.130/DF, Sexta Turma, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, DJe de 28/05/2020).
No mesmo sentido:
Ocorre, entretanto, que a sobredita tese jurídica não foi aventada nas
razões do recurso especial, configurando-se, portanto, hipótese de inovação recursal.
Assim, não comporta análise a referida tese, porquanto se mostra
inadmissível a apreciação, em sede de agravo regimental, de matéria não aventada nas
razões do recurso especial.
Nesse sentido: