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14/12/2022 16:05 · Justiça Federal da 1ª Região

JUSTIÇA FEDERAL  
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1030621-86.2019.4.01.3700  PROCESSO REFERÊNCIA: 1030621-86.2019.4.01.3700


CLASSE: APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) 
POLO ATIVO: EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH e outros
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: VITOR HUMBERTO SAMPAIO NETTO - DF39973-A, RICARDO RIBAS
DA COSTA BERLOFFA - SP185064-A, BRUNA LETICIA TEIXEIRA IBIAPINA - PI7964-A, ALESSANDRO
MARIUS OLIVEIRA MARTINS - DF12854-A e DIEGO RAMON DOS SANTOS SOUZA - SP441137-A
POLO PASSIVO:LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO
REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO - MA9657-A
RELATOR(A):ANTONIO DE SOUZA PRUDENTE

 
APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) 1030621-86.2019.4.01.3700
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE
APELANTE: EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH, IBFC
- INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMACAO E CAPACITACAO
Advogados do(a) APELANTE: DIEGO RAMON DOS SANTOS SOUZA - SP441137-A,
RICARDO RIBAS DA COSTA BERLOFFA - SP185064-A
Advogados do(a) APELANTE: ALESSANDRO MARIUS OLIVEIRA MARTINS - DF12854-
A, BRUNA LETICIA TEIXEIRA IBIAPINA - PI7964-A, VITOR HUMBERTO SAMPAIO
NETTO - DF39973-A
APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO
Advogado do(a) APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO - MA9657-A
 
 
 

RELATÓRIO

O EXM. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE


(RELATOR):

Cuida-se de remessa necessária e de recurso de apelação interposto contra sentença


proferida pelo Juízo da 13ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Maranhão nos autos do mandado de
segurança impetrado por LEONARDO TADEU ARAGÃO PINHEIRO contra ato atribuído ao PRESIDENTE DA
EMPRESA BRASILEIRA DE  SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH e ao  PRESIDENTE DO INSTITUTO
BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO - IBFC, pretendendo provimento jurisdicional que determine
aos Impetrados a concessão de isenção do pagamento de taxa de inscrição no Concurso Público objeto dos
autos (Edital n. 01/2019 EBSERH/NACIONAL).

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A tutela jurisdicional postulada nestes autos tem por suporte fático e jurídico a alegação de
que o impetrante, apesar de ser doador de medula óssea, conforme demonstra a carteira de Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea – REDOME acostada junto à inicial, teve indeferido seu pedido de
isenção do pagamento da taxa de inscrição do concurso público promovido pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares – EBSERH, para o cargo de advogado, ao argumento de que o impetrante não teria
comprovado que efetivamente doou medula óssea, ato que entende ser ilegal, por criar óbice não previsto no
art. 1º, II, da Lei nº 13.656/18.

O magistrado sentenciante, confirmando a decisão liminar, concedeu a segurança buscada


para “condenar os Impetrados, de forma definitiva, concedam ao Impetrante a isenção do pagamento de taxa
de inscrição para o concurso público previsto no Edital n. 01/2019 EBSERH/NACIONAL”.

Em suas razões recursais, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH requer,


inicialmente, a isenção do pagamento de custas e despesas processuais, haja vista se tratar de empresa
pública cuja finalidade é a prestação de serviços públicos gratuitos de assistência médico-hospitalar. No
mérito, a recorrente defende a legalidade da previsão contida no item 5.3.4, alínea “c”, do edital, que exigia
do candidato a comprovação da efetiva doação de medula óssea, para fins de obtenção da isenção do
pagamento da inscrição no certame. Aduz que a Lei nº 13.656/2018 estabelece que o cumprimento dos
requisitos para a concessão da isenção deverá ser comprovado pelo candidato no momento da inscrição, nos
termos do edital do concurso, de maneira que a concessão da tutela jurisdicional postulada nestes autos viola
os princípios da vinculação ao edital e da legalidade. Argumenta que o mero cadastro no Registro Nacional
de Doadores Voluntários de Medula Óssea – REDOME não torna uma pessoa doadora de medula, fato que,
para efetiva consumação, dependerá do surgimento de um paciente compatível e da decisão do potencial
doador, que poderá aceitar ou não realizar a doação.

Por sua vez, o Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação – IFBC sustenta, em suas
razões recursais, que o impetrante não faz jus à isenção pretendida, visto que não comprovou ter
efetivamente doado medula óssea, na forma determinada pelo edital que regulamentou o certame. Aponta
violação aos princípios da vinculação ao edital, da legalidade, da isonomia e da moralidade.

Com as contrarrazões, subiram os autos a este egrégio Tribunal, manifestando-se a douta


Procuradoria Regional da República pela manutenção da sentença recorrida.

Este é o relatório.

 
 

VOTO - VENCEDOR
APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) 1030621-86.2019.4.01.3700
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE
APELANTE: EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH, IBFC
- INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMACAO E CAPACITACAO
Advogados do(a) APELANTE: DIEGO RAMON DOS SANTOS SOUZA - SP441137-A,
RICARDO RIBAS DA COSTA BERLOFFA - SP185064-A
Advogados do(a) APELANTE: ALESSANDRO MARIUS OLIVEIRA MARTINS - DF12854-
A, BRUNA LETICIA TEIXEIRA IBIAPINA - PI7964-A, VITOR HUMBERTO SAMPAIO
NETTO - DF39973-A
APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO
Advogado do(a) APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO - MA9657-A
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VOTO

O EXM. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE


(RELATOR): 

Como visto, a controvérsia instaurada nestes autos diz respeito à legalidade do ato
administrativo que indeferiu o pedido de isenção do pagamento da taxa de inscrição em concurso público
para o cargo de advogado, promovido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, ao
argumento de que o candidato, devidamente cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
– REDOME, não ter comprovado a efetiva doação de medula óssea.

O magistrado sentenciante concedeu a segurança buscada, mediante sentença assim


fundamentada:

Quanto ao mérito, o mandado de segurança é garantia constitucional colocada à disposição


do cidadão ou pessoa jurídica, com vista à proteção de direito líquido e certo lesado ou
ameaçado, não amparado por  habeas corpus  ou  habeas data, em decorrência de ato de
autoridade no exercício de função pública.

Trata-se de ação sumária, expedita, destinada a proteger direito demonstrável de plano,


calcada em prova documental pré-constituída, cuja comprovação se exaure com a inicial e as
informações da autoridade coatora, prescindindo de dilação probatória.

Analisando o pedido formulado em sede liminar, abordei a matéria nos seguintes termos:

A concessão de qualquer medida de urgência requer a demonstração da plausibilidade do


direito e do risco de dano irreparável caso se tenha de aguardar o trâmite regular do
processo.

No que diz respeito à questão discutida nos autos, dispõe a Lei n. 13.656/2018, in verbis:

Art. 1º São isentos do pagamento de taxa de inscrição em concursos públicos para


provimento de cargo efetivo ou emprego permanente em órgãos ou entidades da
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União:

(...)

II – os candidatos doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo


Ministério da Saúde.

Vê-se do aludido dispositivo que, ao estabelecer a hipótese de isenção do pagamento de


taxa de inscrição em concurso público, o legislador quis nele incluir qualquer pessoa que
figurasse na condição de doador,  independentemente de já se ter efetivado a aludida
doação.

Nesse contexto, tenho por ilegítimo exigir do candidato comprovante de efetiva doação de
medula, bem como da data de realização do procedimento (conforme previsto no subitem
5.3.4, “c”, do Edital n. 01/2019 - EBSERH/NACIONAL), requisitos que constituem
impedimento ao exercício do referido direito sem previsão na Lei 13.656/2018.

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Havendo nos autos prova (id 130200862) sugerindo o cumprimento do requisito previsto pelo
art. 1º, II, da Lei 13.656/2018, bem como a entrega do referido documento à instituição
realizadora do certame (id 130200863, fl. 1), entendo que se afigura ilegal o indeferimento do
pedido de isenção formulado pelo Impetrante.

Presente, pois, a plausibilidade do direito.

Já a urgência reside no risco de perecimento do aludido direito, à vista da proximidade da


data de encerramento do prazo de inscrição do concurso público.

Dispositivo.

Ante o exposto,  DEFIRO  o pedido de tutela liminar, para determinar aos Impetrados que
concedam ao Impetrante a isenção do pagamento de taxa de inscrição para o concurso
público previsto no Edital n. 01/2019 EBSERH/NACIONAL.

Permanecem hígidos os argumentos lançados ao tempo do exame do pedido urgente, os


quais incorporo à presente sentença como razões de decidir.

Não fosse o bastante, haveria que se considerar que o deferimento do pedido de tutela
provisória de urgência permitiu que o Impetrante participasse do certame em 2019, tendo
sido satisfeita a pretensão objeto dos autos.

Assim, a desconstituição dessa situação fática já consolidada pelo transcurso do tempo


poderia lhe acarretar graves consequências, além de não gerar qualquer proveito para os
Impetrados. Incidência, no ponto, da teoria do fato consumado. 

Nesse sentido, o julgado abaixo colacionado: 

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. ISENÇÃO DE TAXA DE INSCRIÇÃO.


LIMINAR SATISFATIVA CONFIRMADA NA SENTENÇA. PRETENSÃO SATISFEITA.
TEORIA DO FATO CONSUMADO.  IRREVESIBILIDADE. 1. No caso em apreço, em se
tratando de liminar satisfativa concedida em sede de ação ordinária, confirmada pela
sentença, para autorizar a participação de candidato em concurso público sem o prévio
recolhimento de taxa de inscrição, é de se considerar o exaurimento da matéria em sede de
exame jurisdicional. 2. Verificado que a prova de seleção ao cargo a qual o autor pretendia
concorrer fora aplicada no dia 16 de março de 2008, ou seja, há mais de 01 (um) ano, não
existindo, pois, qualquer pendência decorrente do direito almejado na presente demanda, o
que corrobora o entendimento de que tal situação merece ser resguardada pela  aplicação
da Teoria do Fato Consumado. 3. Reconhecível, portanto, a irreversibilidade da tutela
jurisdicional já concedida e devidamente cumprida e exaurida. O objeto da demanda foi
alcançado com os meios e instrumentos processuais próprios para tutelar direitos com a
urgência que a natureza do caso requer. 4. Essa posição tem em vista o novo perfil que o
processo vem adquirido, como sendo instrumento útil a uma prestação jurisdicional, o qual só
deve caminhar ou seguir os seus passos até o momento em que alcança sua finalidade,
sendo exatamente este o caso dos autos. 5. Remessa oficial prejudicada.
(REO - Remessa Ex Offício - 463604 2008.81.00.001452-2, Desembargador Federal
Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJ - Data::20/05/2009 - Página::224 -
Nº::94.) (Grifei)

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Desse modo, com fulcro na teoria do fato consumado, hei por bem julgar procedente o
pedido.

Na espécie, em que pesem os argumentos deduzidos pelas apelantes, a pretensão recursal


por elas deduzida não merece ser acolhida, porquanto não conseguem infirmar os sólidos fundamentos em
que se amparou a sentença recorrida.

Com efeito, embora o edital regente do certame exija a prova da efetiva doação de medula
óssea, tem-se que a exigência não se mostra razoável diante da literalidade da Lei nº 13.656/2018, que tão
somente prevê a isenção  do pagamento de taxa de inscrição em concursos públicos para provimento de
cargo efetivo ou emprego permanente em órgãos ou entidades da administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União para os candidatos doadores de medula óssea em entidades reconhecidas
pelo Ministério da Saúde. A condição de doador, por sua vez, é adquirida com o cadastro no REDOME, sendo
o objetivo da lei incentivar a formação de uma rede de potenciais doadores de medula óssea.

Em sendo assim, conclui-se que a exigência editalícia oferece interpretação indevidamente


restritiva e fora dos fins almejados pelo mencionado diploma legal, o que não se admite, na espécie.

Desse modo, estando comprovado que o impetrante é devidamente cadastrado no REDOME


(Id 98088644), o que lhe confere a condição de doador de medula óssea, encontram-se satisfeitos os
requisitos previstos na Lei nº 13.656/2018 para a concessão da isenção pretendida.  

Registre-se, ainda, que, na espécie dos autos, por força de decisão liminar proferida em
02/12/2019, foi assegurada ao impetrante a isenção da taxa de inscrição no certame em questão, impondo-se
a aplicação da teoria do fato consumado, haja vista que o decurso do tempo consolidou uma situação fática
amparada por decisão judicial, sendo desaconselhável a sua desconstituição.

***
 

Por derradeiro, a isenção de custas concedida à União e suas autarquias, mediante


interpretação literal do art. 4º, I, da Lei 9.289/96, não abrange as empresas públicas federais, não havendo
como, portanto, dispensar a EBSERH do seu pagamento.

Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. EMPRESA


BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH). CARGO DE NUTRICIONISTA.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL. PONTUAÇÃO. RECURSO DE APELAÇÃO. FALTA DE
PREPARO. DESERÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. LEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA
BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH). PEDIDO JULGADO
PROCEDENTE. REMESSA OFICIAL DESPROVIDA.

1. A Ebserh também foi responsável pela realização e organização do certame, razão por que
está legitimada para figurar no polo passivo da lide, como já foi pontificado por este Tribunal
em diversas oportunidades.

2. Não se conhece do recurso de apelação carente de preparo, diante do fenômeno


processual da deserção, nos termos do art. 1.007 do Código de Processo Civil de 2015.

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3. Constatado que o impetrante demonstrou satisfatoriamente o exercício das funções de


Nutricionista, mediante a apresentação de declaração emitida pela Secretaria Municipal de
Saúde de Picos (PI), na qual constam todas a atividades desenvolvidas pelo requerente, não
merece reparos a sentença ao concluir que, "se a exigência para constar a matrícula do
candidato no órgão é somente para comprovar a qualidade de servidor público, observa-se
que consta expressamente na declaração apresentada pelo impetrante, que este assumiu o
cargo de Nutricionista Clínico efetivo estatutário". 4. Ademais, fere o princípio da
razoabilidade a exigência de matrícula do impetrante no referido documento fornecido por
órgão público municipal, cujas informações gozam da presunção iuris tantum de veracidade,
quando este apresentou à banca examinadora outros documentos nos quais há a descrição
de sua matrícula no referido ente público. 5. Apelação não conhecida. 6. Remessa oficial
desprovida.

(AC 0003935-20.2014.4.01.4001, DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO,


TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 10/10/2019 PAG.)

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGOS DE


PROFISSIONAIS DE SAÚDE COM PROFISSÕES REGULAMENTADAS. LIMITAÇÃO DE
JORNADA. ART. 37, INCISO XVI, DA CRFB/88. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS.
POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA.

1.  Preliminarmente, ressalte-se que a isenção de custas concedida à União e suas


autarquias não abrange as empresas públicas federais, não havendo como dispensar a
EBSERH do ressarcimento das custas recolhidas pela autora, caso eventualmente saia
vencida na demanda  (AMS 0074092-75.2014.4.01.3400/DF, Rel. Desembargador Federal
Jirair Aram Meguerian, TRF1 - Sexta Turma, e-DJF1 de 12/12/2017).

2. Discute-se nos autos a questão acerca da possibilidade de cumulação de dois cargos ou


empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

3. No caso concreto, a apelada, que exerce o cargo de Técnico em Enfermagem na Polícia


Militar de Minas Gerais/MG - "Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais - Unidade de
Internação", com carga horária de 36 (trinta e seis) horas semanais, pretende tomar posse
em outro cargo de Técnico em Enfermagem na EBSERH/HC-UFMG em regime de 36 (trinta
e seis) horas semanais (fl. 18).

4. Nos termos do inciso XVI do art. 37 da Constituição de 1988, é possível a cumulação


remunerada de dois cargos ou empregos públicos de professor, professor com outro técnico
ou científico e privativos de profissionais de saúde (alíneas "a", "b" e "c"), desde que haja
compatibilidade de horários.

5. As regras constitucionais e legais concernentes à cumulação de cargos não se referem à


carga horária, mas tão somente à compatibilidade de horários. Não tendo a Constituição
Federal fixado limite de jornada semanal, é incabível fazê-lo por meio de ato administrativo.
Precedentes do STF e deste TRF1.

6. Honorários advocatícios mantidos nos termos da sentença.

7. Apelação desprovida.
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(AC 0040550-93.2015.4.01.3800, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão -


Quinta Turma, e-DJF1 de 21.05.2019)

CONCURSO PÚBLICO. EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES


(EBSERH). TÉCNICO EM ENFERMAGEM. EDITAL 03/2016. AVALIAÇÃO DE TÍTULOS E
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL. DECLARAÇÃO. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE
TÉCNICO EM ENFERMAGEM. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.
EXCESSO DE FORMALISMO. PONTUAÇÃO DEVIDA.

1. Afastamento da preliminar de alegação de ilegitimidade passiva, visto ser o Presidente da


EBSERH o responsável pela homologação do resultado final do concurso, possuindo, assim,
legitimidade para figurar no polo passivo da ação mandamental.

2.  No que diz respeito à alegada possibilidade de extensão das prerrogativas da


Fazenda Pública para empresas públicas que prestam serviços públicos, o
entendimento desta egrégia Turma é no sentido de que a isenção de custas concedida
à União e suas autarquias não abrange as empresas públicas federais, não havendo
como, portanto, dispensar a EBSERH do ressarcimento das custas recolhidas pela
impetrante caso eventualmente saia vencida na demanda.  (AMS 0074092-
75.2014.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, TRF1 -
SEXTA TURMA, e-DJF1 DATA:12/12/2017.) (TRF1, AMS 1000197-14.2017.4.01.3900,
Desembargador Federal Daniele Maranhao Costa, 6T, e-DJF1 17/05/2019).

2. A experiência profissional da impetrante foi invalidada, não pontuando na avaliação de


títulos e experiência profissional, porquanto a declaração apresentada não continha a
descrição das principais atividades desenvolvidas na função exercida. A candidata
demonstrou ter experiência profissional no cargo de Técnico em Enfermagem, conforme
declaração emitida pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém.

3. De acordo com o entendimento deste Tribunal, é desarrazoada a exigência de descrição


pormenorizada das atividades desenvolvidas junto ao órgão ou à empresa em que
desempenha suas atividades: APELAÇÃO 00472072420144013400, DESEMBARGADOR
FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 DATA:12/09/2017. III
Sendo certo que as atividades desempenhadas pelo apelante estão descritas na
Classificação Brasileira de Ocupação do Ministério do Trabalho e Emprego e, portanto, não
há óbice ao provimento do recurso de apelação, mitigando em parte a exigência descrita nos
subitens 10.14, alínea a e 10.16 do Edital 04/2016, para se admitir a declaração apresentada
pelo apelante, sem que tenha havido a descrição pormenorizada das atividades
desenvolvidas

(TRF1, AC 1009274-92.2017.4.01.3400, Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, 6T,


PJe 20/02/2020). 4. Negado provimento à apelação e à remessa oficial.

(AMS 1001610-10.2017.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA


MOREIRA, TRF1 - SEXTA TURMA, PJe 07/07/2020 PAG.)

***

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Com estas considerações,  nego provimento às apelações e à remessa necessária, para


manter a sentença monocrática em todos os seus termos.

Este é meu voto.


 
 

DEMAIS VOTOS
 
 

 
APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) 1030621-86.2019.4.01.3700
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE
APELANTE: EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH, IBFC
- INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMACAO E CAPACITACAO
Advogados do(a) APELANTE: DIEGO RAMON DOS SANTOS SOUZA - SP441137-A,
RICARDO RIBAS DA COSTA BERLOFFA - SP185064-A
Advogados do(a) APELANTE: ALESSANDRO MARIUS OLIVEIRA MARTINS - DF12854-
A, BRUNA LETICIA TEIXEIRA IBIAPINA - PI7964-A, VITOR HUMBERTO SAMPAIO
NETTO - DF39973-A
APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO
Advogado do(a) APELADO: LEONARDO TADEU ARAGAO PINHEIRO - MA9657-A
 

EMENTA 

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. EMPRESA BRASILEIRA


DE  SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH. ISENÇÃO DO PAGAMENTO DA TAXA DE INSCRIÇÃO.
DOADOR DE MEDULA ÓSSEA. LEI Nº 13.656/2018. COMPROVAÇÃO DA EFETIVA DOAÇÃO.
DESNECESSIDADE. EXIGÊNCIA DESARRAZOADA. FATO CONSUMADO. ISENÇÃO DE CUSTAS
PROCESSUAIS. PRERROGATIVA INAPLICÁVEL ÀS EMPRESAS PÚBLICAS. NÃO CABIMENTO.
SEGURANÇA CONCEDIDA. SENTENÇA CONFIRMADA.

I – A Lei nº 13.656/2018, que objetiva incentivar a formação de uma rede de potenciais doadores de medula
óssea, prevê que são isentos do pagamento da taxa de inscrição em concursos públicos os candidatos
doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde, cuja condição se adquire
com o cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – REDOME.

II - Na espécie, a exigência do edital regulador do certame no sentido de que o candidato comprove a efetiva
doação de medula óssea, a fim de obter a isenção do pagamento da taxa de inscrição, oferece interpretação
indevidamente restritiva e fora dos fins almejados pela Lei nº 13.656/2018, o que não se admite.

III - Registre-se, ainda, que, na espécie dos autos, por força de decisão liminar proferida em 02/12/2019, foi
assegurada ao impetrante a isenção da taxa de inscrição no certame em questão, impondo-se a aplicação da
teoria do fato consumado, haja vista que o decurso do tempo consolidou uma situação fática amparada por
decisão judicial, sendo desaconselhável a sua desconstituição.

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IV - A isenção de custas concedida à União e suas autarquias, mediante interpretação literal do art. 4º, I, da
Lei 9.289/96, não abrange as empresas públicas federais, sendo incabível dispensar a EBSERH do seu
pagamento. Precedentes.

V - Apelações e remessa oficial desprovidas. Sentença confirmada.

ACÓRDÃO

Decide a Turma, à unanimidade, negar provimento às apelações e à remessa oficial, nos


termos do voto do relator.

Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região – Em 14 de julho de 2021.

 
Desembargador Federal SOUZA PRUDENTE
Relator
Assinado eletronicamente por: ANTONIO DE SOUZA PRUDENTE
16/07/2021 16:07:10
http://pje2g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 138360599

210716160710587000001
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