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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

Identificação
PROCESSO nº 0020442-44.2021.5.04.0121 (RORSum)
RECORRENTE: PAOLA BORGES RAMOS, EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS
HOSPITALARES - EBSERH
RECORRIDO: PAOLA BORGES RAMOS, EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS
HOSPITALARES - EBSERH
RELATOR: CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA

EMENTA

Dispensada a elaboração de ementa conforme art. 895, § 1º, inciso IV da CLT.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª


Região: preliminarmente, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso da ré no ponto relativo à
pretensão de reconhecimento das prerrogativas da Fazenda Pública, por falta de interesse recursal. No
mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso da ré, mantendo a sentença por seus
próprios fundamentos, nos termos do artigo 895, § 1º, IV, da CLT. Ainda, por unanimidade de votos, dar
provimento parcial ao recurso adesivo da reclamante para majorar o percentual de honorários devidos
pela reclamada para 15% do valor bruto da condenação, nos termos da Súmula nº 37 deste Regional.
Valor da condenação inalterado.

Intime-se.

Porto Alegre, 14 de fevereiro de 2023 (terça-feira).

RELATÓRIO

Dispensada a elaboração de relatório conforme art. 895, § 1º, inciso IV da CLT.

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FUNDAMENTAÇÃO

I - ESCLARECIMENTOS INICIAIS

Trata-se de demanda trabalhista ajuizada em 19 de outubro de 2022, na qual a reclamante postula haveres
que alega sonegados. O contrato de trabalho que a vincula à reclamada vige desde 03 de julho de 2019.
Foi contratada para exercer a função de Técnica em Enfermagem, conforme estabelecido na cláusula
primeira do contrato de trabalho (ID. 406a3db) e registrado na CTPS (ID. a65ed9c - Pág. 3).

II - PRELIMINARMENTE

Não conheço do recurso da ré ao pretender o reconhecimento das prerrogativas da Fazenda Pública, vez
que a sentença já contempla tal pretensão.

Há, portanto, falta de interesse recursal, na espécie.

III - MÉRITO

RECURSO

1 EQUIPARAÇÃO À FAZENDA PÚBLICA

Insurge-se a reclamante contra a sentença que entendeu ser devido o tratamento análogo ao de Fazenda
Pública à reclamada. Alega que a tal prerrogativa não é extensível a entes administrativos de direitos
privados porquanto imperiosa a existência de prévia disciplina legal nesse sentido. Assevera que o
Estatuto Social da empresa reclamada, prevê em seus arts. 1º e 5º que a empresa ré possui personalidade
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, bem como responderá ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações trabalhistas e tributárias. Colaciona
jurisprudência. Requer a reforma.

A magistrada de origem reconheceu que a reclamada faz jus aos privilégios da Fazenda Pública, na forma
do art. 790-A da CLT e art. 1º, IV, do Decreto-Lei 779/69.

Inicialmente, no que concerne à equiparação à Fazenda Pública para fins de isenção do recolhimento do
preparo recursal, entendo que a reclamada carece de interesse recursal.

Superada essa questão, saliento já ter revisto posicionamento anteriormente adotado (processo 0020773-
91.2018.5.04.0101, relatado em 25/6/2020) quanto a não extensão das prerrogativas da Fazenda Pública à
reclamada. Especificamente à questão, passo a adotar por analogia os preceitos da Súmula nº 87 deste
Regional, seguindo precedentes desta Turma, conforme julgados inclusive dos quais recentemente

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participei, a exemplo dos proferidos nos autos do processo nº 0021041-25.2017.5.04.0702 e nº 0020843-


42.2017.5.04.0102.

Conforme decreto nº 7.661/11, que aprovou o estatuto social da demandada, esta é empresa pública
federal, vinculada ao Ministério da Educação, que tem por finalidade a prestação de serviços gratuitos de
assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim
como a prestação às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de
apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da
saúde pública. Ainda de acordo com o estatuto, as atividades de prestação de serviços de assistência à
saúde da reclamada estão inseridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde -
SUS (art. 3º, §1º), sendo todo o capital social da reclamada de propriedade integral da União.

Considerando o teor do decreto mencionado e do estatuto social da empresa, tem-se que esta usufrui de
fato de determinadas prerrogativas da Fazenda Pública na fase de cognição, dentre elas a dispensa da
realização do preparo recursal, incidindo, como dito, por analogia, o entendimento consolidado na
Súmula nº 87 deste Regional:

FUNDAÇÕES DE SAÚDE COM PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO


PRIVADO MANTIDAS PELO PODER PÚBLICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS SEM
FINS LUCRATIVOS. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA. As
fundações de saúde que, embora com personalidade jurídica de direito privado, sejam
mantidas pelo Poder Público e prestem serviços sem fins lucrativos gozam das
prerrogativas processuais da Fazenda Pública.

Neste mesmo sentido colaciono precedentes deste Regional:

EQUIPARAÇÃO DA PARTE RÉ EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS


HOSPITALARES - EBSERH À FAZENDA PÚBLICA. Embora se trate de empresa
pública, com personalidade jurídica de direito privado, a parte ré presta serviço
essencial na área da saúde, sob a titularidade da União, razão pela qual goza dos
mesmos privilégios concedidos em lei à Fazenda Pública. Adota-se a disposição contida
na Súmula nº 87 deste TRT. (TRT da 4ª Região, 3ª Turma, 0021086-80.2017.5.04.0103
ROT, em 22/02/2019, Desembargador Clovis Fernando Schuch Santos)

EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES - EBSERH.


PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA. Em que pese a reclamada
possua personalidade jurídica de direito privado, trata-se de fundação mantida pelo
poder público, para a prestação de serviços sem fins lucrativos, gozando, portanto, das
prerrogativas processuais da Fazenda Pública. Aplicação da Súmula 87 deste Tribunal.
(TRT da 4ª Região, 11ª Turma, 0020523-92.2017.5.04.0101 ROT, em 29/03/2019,
Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa)

Assim, mantenho a decisão que reconheceu os privilégios da fazenda pública à reclamada.

Nego provimento.

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2. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

A reclamante postula a majoração do percentual dos honorários de sucumbência fixados em favor de seu
procurador.

A sentença reconhece o direito à gratuidade da justiça à reclamante, bem como, condena a ré ao


pagamento de honorários advocatícios de sucumbência ao procurador da parte autora, fixados em 10%
sobre o valor bruto que se apurar em liquidação de sentença, nos termos do § 2º do artigo 791-A da CLT.

Os honorários sucumbenciais são fixados conforme critérios definidos no § 2º do art. 791-A da CLT,
consistentes no grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância
da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

No caso dos autos, entendo que o percentual de 15% sobre o valor bruto da condenação melhor se
amolda aos parâmetros legais (§2º do artigo 791-A da CLT), nos termos da Súmula 37 deste Regional,
sendo compatível com a complexidade da causa, natureza, importância e com o grau de zelo do patrono.
Ademais, trata-se de percentual comumente arbitrado nesta Justiça Especializada.

Logo, dou provimento ao recurso da parte autora para majorar o percentual de honorários devidos pela
reclamada para 15% do valor bruto da condenação, nos termos da Súmula nº 37 deste Regional.

IV - PREQUESTIONAMENTO

Todos os dispositivos legais e entendimentos sumulados invocados pelas partes, ainda que não
expressamente mencionados, foram enfrentados mediante a adoção de tese explícita sobre as matérias,
restando, portanto, prequestionados, à luz e para os efeitos do disposto na Súmula nº 297 do TST e na OJ
nº 118 da SBDI-1 da mesma Corte.

CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA

Relator

VOTOS

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADOR CLÁUDIO ANTÔNIO CASSOU BARBOSA (RELATOR)

DESEMBARGADORA REJANE SOUZA PEDRA

DESEMBARGADORA ANGELA ROSI ALMEIDA CHAPPER

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