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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0100513-25.2019.5.01.0432
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Relator: EDITH MARIA CORREA TOURINHO

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 26/02/2021


Valor da causa: R$ 39.117,60

Partes:
RECORRENTE: JOYCELAINE FRANCA FERREIRA
ADVOGADO: MARCELO FERREIRA ALVES JUNIOR
ADVOGADO: VITOR HUGO NOGUEIRA PEREIRA
RECORRIDO: AVON COSMETICOS LTDA.
ADVOGADO: FELIPE BARRIONUEVO MIYASHITA
ADVOGADO: LEANDRO AUGUSTO DOS REIS SOARES
ADVOGADO: EDSON ALVES DA SILVA
ADVOGADO: RAFAEL ALFREDI DE MATOS
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Fls.: 2

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO nº 0100513-25.2019.5.01.0432 (ROT)

RECORRENTE: JOYCELAINE FRANCA FERREIRA, AVON


COSMÉTICOS LTDA.

RECORRIDO: AVON COSMÉTICOS LTDA., JOYCELAINE


FRANCA FERREIRA

RELATOR: ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA

EMENTA
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. Conclui-se
que a reclamada se utilizava do trabalho, sob a denominação de "autô
nomo", para realizar os seus objetivos sociais de vendas, impondo às
executivas de vendas ritmo estrutural, por meio da estipulação de
metas, cuja não observância são penalizadas com a desvinculação,
realidade fática que se amolda à tutela da CLT. Trata-se de labor não
eventual, destinado ao atendimento da finalidade social da reclamada,
sob a dependência desta e subordinação.

RESCISÃO INDIRETA. Na rescisão indireta faz-se imperiosa a


imediatidade entre a conduta faltosa e a pretendida ruptura
contratual. Diante disso, não há como reconhecer o
encerramento contratual na forma postulada pela autora , concluind
o-se que a relação laboral foi encerrada por iniciativa da própria
reclamante.

RELATÓRIO

Tratam-se de recursos ordinários interpostos por AVON COSMÉTICOS


LTDA. e JOYCELAINE FRANCA FERREIRA, contra sentença, complementada por embargos de
declaração, pelo Juiz do Trabalho, RAFAEL PAZOS DIAS, da 2ª Vara do Trabalho de Cabo Frio, que
julgou procedentes em parte os pedidos da inicial.

Assinado eletronicamente por: ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA - 08/05/2020 12:10:38 - dc71c98
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021915385475800000042875912
Número do processo: 0100513-25.2019.5.01.0432 ID. dc71c98 - Pág. 1
Número do documento: 20021915385475800000042875912
Fls.: 3

Em suas razões recursais, a reclamada requer a reforma da sentença para


afastar o vínculo empregatício reconhecido com a reclamante no período de 01/03/2013 a 01/10/2017, na
função de executiva de vendas, e os acessórios daí decorrentes.

A reclamante, no recurso adesivo, pretende a procedência do pedido de


dano moral, pois assegura "que não apenas foi violada quando houve omissão no pagamento de suas
férias, dos seus DSR's, do seu FGTS, do "salário mínimo" em muitas oportunidades, e dos seus
recolhimentos previdenciários, DE FATO FOI LESADA QUANDO TEVE DE LABORAR POR ANOS
SEM GOZAR FÉRIAS E DSR'S, QUANDO SE SUBORDINOU DESPROVIDA DA PROTEÇÃO E DO
RECEBIMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO QUE UM BRASILEIRO PODE RECEBER SEM ATENTADO
À SUA DIGNIDADE, FOI AINDA ESPECIALMENTE LESADA QUANTO LHE FOI OMITIDO O
BENEFÍCIO DO SALÁRIO FAMÍLIA, APESAR DE SER MÃE DE UMA CRIANÇA EM TENRA IDADE
E, FINALMENTE, QUANDO PERMANECEU SOB RISCOS COMUNS DE DOENÇAS E ACIDENTES
(INCLUSIVE DE NATUREZA TRABALHISTA) SEM O AMPARO DA PREVIDENCIA OFICIAL.".

Contrarrazões apresentadas por ambas as partes, sendo que a reclamada


suscitou o não conhecimento do recurso da reclamante, por ausência de dialeticidade.

Os autos não foram remetidos à D. Procuradoria do Trabalho, por não ser


hipótese de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT
/1ª Região nº 88.2017, de 24/03/2017.

É o relatório.

ADMISSIBILIDADE

DA AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE DA RECLAMANTE QUANT


O À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A reclamada alega que o recurso da reclamante não merece ser conhecido


quanto ao tópico referente à indenização por danos morais, porque apenas sustenta que esta não deve ser
mantida, sem indicar as razões para tanto, afirmando que "limita-se a transcrever trechos da inicial e
algumas ementas de acórdãos que, em tese, amparariam sua pretensão de reforma.".

Em sentença, o juízo julgou improcedente o pedido de indenização por


danos morais, baseando-se na Tese Prevalecente nº 01, deste E.TRT.

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Número do processo: 0100513-25.2019.5.01.0432 ID. dc71c98 - Pág. 2
Número do documento: 20021915385475800000042875912
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Observa-se que o tópico recursal referente ao referido pedido se encontra


atrelado a lesão extrapatrimonial perpetrada contra a recorrente, ocasionando-lhe sérios danos, afirmando
que "...não apenas foi violada quando houve omissão no pagamento de suas férias, dos seus DSR's, do
seu FGTS, do "salário mínimo" em muitas oportunidades, e dos seus recolhimentos previdenciários, DE
FATO FOI LESADA QUANDO TEVE DE LABORAR POR ANOS SEM GOZAR FÉRIAS E DSR'S,
QUANDO SE SUBORDINOU DESPROVIDA DA PROTEÇÃO E DO RECEBIMENTO DO SALÁRIO
MÍNIMO QUE UM BRASILEIRO PODE RECEBER SEM ATENTADO À SUA DIGNIDADE, FOI
AINDA ESPECIALMENTE LESADA QUANTO LHE FOI OMITIDO O BENEFÍCIO DO SALÁRIO
FAMÍLIA, APESAR DE SER MÃE DE UMA CRIANÇA EM TENRA IDADE E, FINALMENTE,
QUANDO PERMANECEU SOB RISCOS COMUNS DE DOENÇAS E ACIDENTES (INCLUSIVE DE
NATUREZA TRABALHISTA) SEM O AMPARO DA PREVIDENCIA OFICIAL.".

Percebe-se, portanto, que a recorrente ataca a decisão, que indeferiu o seu


pedido de danos morais, o que é suficiente para conferir dialeticidade ao recurso da reclamante quanto à
matéria.

Logo, rejeito a preliminar de ausência de dialeticidade arguida pela ré.

Conheço do recurso ordinário (id: c87e4bc) interposto pelo reclamado, em


19/11/2019, porque satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade, sendo tempestivo, uma vez que a
intimação ocorreu em 07/11/2019, subscrito por advogado regularmente habilitado nos autos, id's:
0d474f1/f5a7c40, com comprovação do recolhimento de custas, id's: 5a65021/101d0ad, em 19/11/2019,
e de depósito recursal, id's: 131d4cf/3d70fcc, em 19/11/2019.

Conheço do recurso adesivo (id: 72fb471) da reclamante, em 18/12/2019,


porque satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade, sendo tempestivo, pois a intimação foi em 09/12
/2019, subscrito por advogado regularmente habilitado nos autos, id: a90a300, não havendo incidência de
custas.

MÉRITO

Recurso da reclamada

VÍNCULO EMPREGATÍCIO

RESCISÃO INDIRETA

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Número do documento: 20021915385475800000042875912
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Em suas razões recursais, a reclamada requer a reforma da sentença para


afastar o vínculo empregatício reconhecido com a reclamante no período de 01/03/2013 a 01/10/2017, na
função de executiva de vendas, e os acessórios daí decorrentes.

A reclamada pretende a reforma do julgado no tocante ao pedido de


vínculo empregatício e consectários, afirmando que a prova oral lhe foi favorável, pois não foi
comprovado o preenchimento dos requisitos do art. 3º da CLT.

Argumenta que "Com efeito, ausente o requisito da pessoalidade, vez que


a recorrida poderia ser substituída por terceiros, assim como poderia desempenhar outras atividades ou
mesmo vender produtos de marcas concorrentes, o que ensejaria a justa causa se empregada fosse ("ad
argumentandum").

Aduz que "restou claro que o trabalho desempenhado pela autora era
dotado de liberdade." e "restou clara a ausência de qualquer ingerência da AVON na relação com as
revendedoras.", bem como "resta claro que a recorrida executava o seu trabalho da forma que melhor
lhe atendesse, na hora e com a ajuda de quem entendesse necessário, comprovando a inexistência de
qualquer ingerência da recorrente em suas atividades.".

Assegura, também, que "o ônus da prova quanto ao vinculo de emprego


é, indubitavelmente, da recorrida.", pois "Ao contrário do entendimento sentencial, "data venia", o ônus
da prova quanto ao suposto vínculo de emprego é da recorrida, pois as partes elegeram lícito tipo
contratual, inclusive com os recolhimentos previdenciários pertinentes (fato incontroverso). A suposta
fraude no uso desse modelo é o pretenso fato constitutivo do direito da recorrida, cabendo a ela o ônus
probatório. Havendo expressa escolha de determinado tipo contratual, não há falar em inversão do ônus
da prova, ainda que incontroversa a prestação de serviços." e "Na prática, a consequência mais
palpável da alteração normativa é a proibição de inversão do ônus da prova, rompendo com a arcaica e
absurda presunção de fraude até que se prove o contrário. Como o artigo 442-B da CLT se classifica
como norma interpretativa, na medida em que adota uma das já possíveis interpretações à luz do direito
anterior em vigor, sua aplicação é imediata e extensível inclusive a atos praticados no passado. Dito de
outro modo, ao escolher uma dentre diversas correntes interpretativas, o legislador reassume seu papel
e assegura a aplicação da chamada "interpretação autêntica", que retrata a vontade da lei.", além de "É
uma delimitação externa do direito do trabalho, com mecanismos para isolá-lo de outras formas
contratuais e assim preservar seu núcleo dogmático.".

O órgão julgador de primeiro grau adotou os fundamentos abaixo:

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Número do documento: 20021915385475800000042875912
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"Narra a Autora que foi admitida em 01.03.2013, exercendo, por último, a função de
executiva de vendas, e último dia trabalhado em 01.10.2017, sendo que durante todo o
período de prestação de serviços laborou sem as devidas anotações em sua CTPS.

Rechaça a Ré, sustentando que inexiste vínculo de emprego. Afirma que a Autora jamais
esteve submetida ao seu poder diretivo e que também vendia produtos da "Natura". Aduz
que os serviços foram prestados de forma autônoma, não havendo o requisito
pessoalidade. Pontua que exercia outras atividades remuneradas.

Nesta seara, necessário verificar, portanto, se estão presentes os requisitos ensejadores da


relação de emprego.

Ao Autor, é incumbido a prova da prestação de serviços, por ser ônus constitutivo de seu
direito (Art. 373, I do CPC c/c Art. 818 da CLT). Caso consiga êxito, deverá a Ré
comprovar a ausência dos requisitos previstos nos Arts. 2º e 3º da CLT, pois, conforme
entendimento pacificado pela Súmula 212 do C.TST, o princípio da continuidade da
relação de emprego gera a presunção relativa de que o pacto celebrado entre as partes
possui natureza empregatícia.

A prestação de serviços é incontroversa, visto que não foi negado pela Ré. Assim, o ônus
de comprovar a inexistência do vínculo de emprego recai sobre a reclamada.

Em audiência, afirmou a Autora " que trabalhava como executiva de vendas; que fazia
cadastro de revendedores e dava suporte à equipe; que recebia ordens da gerente do setor
(senhoras Cátia e Sirlene); que as senhoras Cátia e Sirlene eram funcionárias da Avon;
que não poderia colocar ninguém para trabalhar em seu lugar; que não tinha liberdade
para trabalhar nos dias mais convenientes; que nenhum parente a auxiliava; que havia
descadastramento caso não batesse as metas; que recebia apenas mediante comissões,
sendo certo que o valor era variável; que recebia ordens das senhoras Cátia e Sirlene para
que estivesse presente em reuniões, nas ruas e para cobrança de meta; que a prestação de
contas era feita mediante o sistema interno da ré no qual constavam as vendas feitas pela
equipe".

Já a preposta da ré declarou "que a reclamante trabalhava como executiva de vendas; que


a executiva faz cadastro de vendedores, prospecção, liga para as revendedoras e tomam
conta de uma equipe de revendedores; que as gerentes passam informações para as
executivas; que a reclamante possui uma senha para acessar um site no qual constam as
metas batidas por ela; que as gerentes possuem vínculo de emprego com a ré; que, caso
haja algum extravio de produtos, a executiva é instada a prestar auxílio, no entanto quem
resolve é a gerente; que, caso a executiva não consiga bater as metas, há o
descredenciamento unilateral feito pela ré".

A testemunha THEREZINHA disse "que trabalha na ré há doze anos; que trabalha como
executiva de vendas; que a reclamante fazia as mesmas atividades da depoente; que
recebe metas da ré, fixadas pela gerente; que não possui liberdade para colocar alguém
para trabalhar em seu lugar; que faz seu trabalho sozinha; que presta auxilio às
revendedoras quando há extravio de produtos; que a executiva apenas ajuda a fazer a
reclamação; que a depoente já fez reuniões com a sua equipe para esclarecer o modo de
trabalhar; que a gerente também faz reuniões quinzenais; que as executivas orientam as
revendedoras como realizar as vendas; que, caso não atingisse as metas, poderia ser
descredenciada pela ré; que possuía em torno de duzentas revendedoras na sua equipe;
que tinha um número mínimo de revendedoras para manter na sua equipe".

Já a testemunha SIRLENE declarou "que a reclamante era executiva; que atualmente a


depoente trabalha como gerente; que sempre passava apoio às executivas, não dando
ordens; que a sua função era apenas prestar auxílio às executivas e às revendedoras; que
as executivas não tinham horário para cumprir; que não há controle feito pela ré em
relação aos dias trabalhados; que havia reuniões com a sua equipe em media de quinze
em quinze dias; que não havia obrigatoriedade de participação das executivas; que,
quando as executivas não cumprem os objetivos, há o descadastramento; que a Avon é a
responsável por fixar os objetivos; que as executivas recebem comissões pelas vendas
feitas pelas revendedoras; que todo dia estava em contato com as executivas para prestar
auxílio".

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Número do documento: 20021915385475800000042875912
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A questão que envolve o reconhecimento do vínculo de emprego de revendedoras e


executivas de vendas da "AVON" é bastante controvertida na jurisprudência.

"In casu", a prestação de serviços efetuada por pessoa física e a onerosidade são
incontroversos.

Quantos ao requisito não eventualidade, a doutrina mais abalizada conceitua como


eventual o empregado que não está inserido nos fins normais da empresa, sendo certo
que as tarefas desse empregado são, em regra, esporádicas e de curta duração. O contrato
social da ré dispõe expressamente que seus objetivos sociais são o comércio,
distribuição, importação e exportação de cosméticos (...), e bem assim, a comercialização
de folhetos demonstrativos de folhetos dos produtos de sua comercialização...". Assim,
sendo a Reclamante executiva de vendas, evidente que suas atividades estão inseridas
nos fins normais da empresa, não podendo ser enquadrado como eventual.

Em relação ao requisito pessoalidade, a testemunha THEREZINHA declarou que não


poderia colocar ninguém para trabalhar em seu lugar, restando presente o elemento
fático-jurídico.

Por fim, a reclamante recebia instruções das gerentes da AVON (essas reconhecidamente
como empregadas da ré), tinha metas para cumprir estabelecidas pela ré (e poderia ser
descredenciada caso não as atingisse), além de ser a responsável por instruir e dar
suporte às revendedoras, que eram as responsáveis pelas vendas dos produtos da ré.
Como se não bastasse, havia reuniões periódicas com as gerentes da ré; a reclamante
também recebia ligações diárias das gerentes para tratar de questões relacionadas ao
trabalho.

Todos esses fatos levam este Magistrado a concluir pela existência de vínculo de
emprego, na medida em que a reclamante estava inserida na dinâmica empresarial da ré.
O fato de não haver controle efetivo de horário não desnatura o elemento
"subordinação", na medida em que não se trata de requisito obrigatório.

Assim, considerando que a ré não comprovou que a natureza do pacto era distinta da
empregatícia, declaro o vínculo de emprego entre a Autora e a Ré no período de
01.03.2013 a 01.10.2017, na função de executiva de vendas.

Nos termos da inicial, a reclamante asseverou que "Laborou a reclamante


desde o primeiro trimestre do ano de 2013, pelo que recorda remotamente desde 01/03/2013, na
empresa ré, de segunda a sábado, via de regra das 09:00 às 18:00, gozando regular intervalo
intrajornada, porém em atividade externa e sem controle da ré quanto a jornada laboral propriamente
dita, exercendo inicialmente a função de vendedora, passando então, por interesse reciproco, para a
função de Executiva de Vendas na data de 02/02/2015.".

Em contestação, a ré alegou que "o modelo de revendas da AVON tem


como lastro o empreendedorismo, sendo absolutamente incompatível com os pressupostos do artigo 3º
da CLT e condizente com a redação do artigo 442-B da CLT .". Sustenta que "A revendedora, se quiser,
pode indicar novas revendedoras para atuação em parceria e com vantagens econômicas recíprocas,
sem qualquer interferência da AVON. Cada nova revendedora compõe um grupo sob orientação da
executiva de vendas que a constitui. A executiva, sem deixar de ser fundamentalmente revendedora, atua
também em rede de operações com as demais, mediante as vantagens financeiras decorrentes. Esse fato
atribui às revendedoras da Avon o típico e inequívoco caráter de pequenas empreendedoras, muitas
vezes, ou quase sempre, de caráter doméstico. Portanto, a reclamante nunca esteve subordinada à

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reclamada. Não há como se vislumbrar o menor indício de subordinação jurídica, atributo básico à
configuração do emprego, pois, como é público e notório, é da própria natureza da atividade da
revendedora a autonomia na execução das tarefas. A autora jamais esteve sujeita ao poder diretivo da
reclamada porque desenvolveu atividade com a mais absoluta autonomia e liberdade. Não havia sequer
o requisito da pessoalidade. É uma das mais exitosas formas de empreendedorismo, amplamente
difundida em todo o mundo.".

Assegura, também, que não havia onerosidade, tendo em vista que "a
reclamante recebia seus lucros diretamente das vendas efetuadas aos seus clientes, e não da reclamada.
A revendedora executiva de vendas é uma comerciante que assume integralmente os riscos do negócio.
Aliás, a reclamada sequer tinha conhecimento da data e hora em que a reclamante realizava suas
vendas, uma vez que a reclamante, seja como REVENDEDORA AVON, seja como EXECUTIVA DE
VENDAS, apenas adquiria os produtos e revendia para as suas clientes, sem qualquer interferência da
empresa. Em suma, a reclamante não estava, sob nenhum aspecto, vinculada ao quadro de empregados
da reclamada, tampouco tinha jornada de trabalho, como também jamais foi punida ou advertida, tendo
em vista sua condição de profissional autônoma.".

Para o reconhecimento do vínculo de emprego, é necessário o


preenchimento de todos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT, quais sejam, pessoalidade,
subordinação, habitualidade, onerosidade e prestação de serviço por pessoa física.

Tendo em vista que não foi negada a prestação de serviços, nos termos
dos artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC, caberia à reclamada comprovar a inexistência da relação
empregatícia no período apontado na inicial.

A reclamada admitiu a prestação dos serviços pela reclamante, na


condição de "executiva de vendas", mediante contrato de natureza comercial, atraindo, por consequência,
a obrigação de provar suas alegações.

O vínculo de emprego é um contrato realidade, isto é, se presentes os


requisitos legais, o contrato estará formado independentemente da vontade formal das partes.

O trabalhador autônomo, que é aquele que não é subordinado, desenvolve


suas atividades por sua conta e risco, não recebe ordens e atua conforme sua conveniência .

Ressalte-se que a inexistência de ordens não significa necessariamente a


inexistência de orientações acerca de melhores métodos na realização do trabalho ou sobre formas de
incrementar a produtividade e a renda.

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Cabe esclarecer que o Direito do Trabalho é norteado por princípios


próprios, dentre os quais há o da primazia da realidade, que determina a prevalência do fato real em prol
da forma, tornando imprescindível o exame dos depoimentos colhidos na instrução processual (id:
7b07cec).

A prova oral existente nos autos dispõe:

Depoimento pessoal do(a) autor(a): disse que trabalhou na ré de 2013 a 2017; que
trabalhava como executiva de vendas; que fazia cadastro de revendedores e dava suporte
à equipe; que recebia ordens da gerente do setor (senhoras Cátia e Sirlene); que as
senhoras Cátia e Sirlene eram funcionárias da Avon; que poderia começar a trabalhar em
horário mais conveniente, mas sofria reclamações da gerente do setor; que não dava
ordens para a equipe, sendo responsável apenas pelo suporte; que não poderia colocar
ninguém para trabalhar em seu lugar; que não tinha liberdade para trabalhar nos dias
mais convenientes; que nenhum parente a auxiliava; que no último ano de trabalho
passou a trabalhar também para o município de Cabo Frio; que nunca sofreu penalidade
na ré; que havia cerca de doze executivas no setor de Cabo Frio e Arraial; que havia
descadastramento caso não batesse as metas; que recebia apenas mediante comissões,
sendo certo que o valor era variável; que recebia ordens das senhoras Cátia e Sirlene para
que estivesse presente em reuniões, nas ruas e para cobrança de meta; que a prestação de
contas era feita mediante o sistema interno da ré no qual constavam as vendas feitas pela
equipe; que nunca lhe foi passado se poderia vender produtos de outras empresas; que
pelo que sabe nenhuma outra executiva vendia produtos de outras empresas.
ENCERRADO

Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) réu(ré): disse que conhece a reclamante;
que não sabe precisar o período que a reclamante trabalhou na Avon; que a reclamante
trabalhava como executiva de vendas; que a executiva faz cadastro de vendedores,
prospecção, liga para as revendedoras e tomam conta de uma equipe de revendedores;
que as gerentes passam informações para as executivas; que a reclamante tinha liberdade
para trabalhar no horário e nos dias que ela quisesse; que a reclamante não sofria
penalidade caso não trabalhasse algum dia; que a reclamante pode colocar alguém para
trabalhar em seu lugar; que a reclamante possui uma senha para acessar um site no qual
constam as metas batidas por ela; que as revendedoras não são funcionárias da Avon;
que as gerentes possuem vínculo de emprego com a ré; que as gerentes não possuem
controle de horário; que as gerentes passam objetivos aos executivos e, caso atingidos,
recebem uma bonificação; que, caso haja algum extravio de produtos, a executiva é
instada a prestar auxílio, no entanto quem resolve é a gerente; que não há necessidade de
a executiva fazer entrega de produtos à gerente; que a executiva não é obrigada a realizar
essa entrega; que não é função as executivas reunir e treinar as revendedoras; que as
gerentes fazem reuniões com as executivas e revendedoras, não havendo obrigatoriedade
de comparecimento; que, caso a executiva não consiga bater as metas, há o
descredenciamento unilateral feito pela ré; que não há vendedores em contato com os
clientes com carteira assinada; que as vendas dos produtos são feitas através das revistas;
que a revendedora é responsável por mostrar a revista e anotar o pedido. ENCERRADO.

Testemunha do(a) autor(a): THEREZINHA DE JESUS LIMA DE SOUZA


LEONE, profissão: executiva de vendas. Advertida e compromissada. Depoimento:
disse que trabalha na ré há doze anos; que trabalha como executiva de vendas; que
conhece a reclamante; que a reclamante fazia as mesmas atividades da depoente; que
recebe metas da ré, fixadas pela gerente; que não possui hora prefixada para começar a
trabalhar, mas que é exigido o trabalho o dia inteiro; que não possui liberdade para
colocar alguém para trabalhar em seu lugar; que faz seu trabalho sozinha; que, caso
atinja as metas, recebe a comissão; que presta auxilio às revendedoras quando há
extravio de produtos; que a executiva apenas ajuda a fazer a reclamação; que não sofreria
nenhuma penalidade caso não quisesse trabalhar em determinado dia; que não sofreria
nenhuma penalidade caso quisesse começar a trabalhar mais tarde; que a depoente já fez
reuniões com a sua equipe para esclarecer o modo de trabalhar; que a gerente também
faz reuniões quinzenais; que as executivas orientam as revendedoras como realizar as
vendas; que não haveria problemas caso não comparecesse às reuniões promovidas pela
gerente; que, caso não atingisse as metas, poderia ser descredenciada pela ré; que possuía
em torno de duzentas revendedoras na sua equipe; que tinha um número mínimo de

Assinado eletronicamente por: ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA - 08/05/2020 12:10:38 - dc71c98
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Número do processo: 0100513-25.2019.5.01.0432 ID. dc71c98 - Pág. 8
Número do documento: 20021915385475800000042875912
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revendedoras para manter na sua equipe; que o critério é o mesmo para todas as
executivas; que havia exigência de trabalho todos os dias; que as executivas não podem
se autodescredenciar; que, caso não queira mais trabalhar para a ré, basta comunicar ou
não atingir as metas. ENCERRADO.

Testemunha do(a) réu(ré): SIRLENE BATISTA MENDES SOUTO, profissão:


gerente de setor. Advertida e compromissada. Depoimento: disse que trabalha na ré há
sete anos; que conhece a reclamante; que a reclamante era executiva; que atualmente a
depoente trabalha como gerente; que sempre passava apoio às executivas, não dando
ordens; que a sua função era apenas prestar auxílio às executivas e às revendedoras; que
as executivas não tinham horário para cumprir; que não há controle feito pela ré em
relação aos dias trabalhados; que havia reuniões com a sua equipe em media de quinze
em quinze dias; que não havia obrigatoriedade de participação das executivas; que,
quando as executivas não cumprem os objetos, há o descadastramento; que a Avon é a
responsável por fixar os objetivos; que as executivas recebem comissões pela vendas
feitas pelas revendedoras; que todo dia estava em contato com as executivas para prestar
auxílio; que o comparecimento ás reuniões é livre, sendo que as gerentes apenas entram
em contato com a executiva para perguntar de sua eventual ausência. ENCERRADO.

Nessas circunstâncias, a prova produzida não convence acerca da efetiva


prestação autônoma, ônus da reclamada.

A análise da prova testemunhal revela a realização de reuniões periódicas


para o alinhamento da sistemática de vendas, assim como a exigência em relação a reclamante quanto
a realização de cobranças e o cadastramento de novas revendedoras Avon.

Não há qualquer dúvida que a reclamante, na função de executiva de


vendas, atuava na atividade fim da empresa reclamada.

Ademais, os elementos coligidos aos autos demonstram a pessoalidade,


pois a reclamante não poderia se fazer substituir por outra pessoa.

No presente caso, não há maiores dúvidas a respeito da pessoalidade,


onerosidade e habitualidade no trabalho prestado pela reclamante como executiva de vendas da
reclamada. A controvérsia envolve a existência ou não de subordinação.

No que tange especificamente à subordinação jurídica, não bastasse a


prova oral, as imagens das conversas realizadas no aplicativo de comunicação WhatsApp que constam
nos id's: eedc6fd/105ed9b, do arquivo PDF, evidenciam a constante orientação pelos gerentes da ré sobre
a forma como o trabalho deveria ser realizado pelas "executivas de vendas".

Portanto, não há que se falar em autonomia, na medida em que à


trabalhadora inexistia a opção de deixar de trabalhar. Até porque na hipótese da autora não cumprir os
requisitos de cadastramento de novas revendedoras, bem como a manutenção de um pedido mínimo, não
poderia mais exercer sua atividade de executiva de vendas, pois era descredenciada, o que na prática
representava o encerramento contratual por iniciativa da ré .

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Registre-se que a exclusividade não constitui um requisito para o


reconhecimento do vínculo de emprego.

Assim, é possível concluir que a reclamada se utilizou do trabalho, sob a


denominação de "autônomo", para realizar os seus objetivos sociais de vendas, impondo às executivas de
vendas ritmo estrutural, por meio da estipulação de metas, cuja não observância são penalizadas com a
desvinculação, realidade fática que se amolda à tutela da CLT. Trata-se de labor não eventual, destinado
ao atendimento da finalidade social da reclamada, sob a dependência desta e subordinação. Logo,
evidente o vínculo jurídico de emprego.

Todavia, a reclamada nas razões deste recurso, no caso da manutenção do


vínculo empregatício, sustenta que "Houve negativa expressa da recorrente sobre prestação de serviços
do período de 01.03.2013 a 03.02.2015.", requerendo "seja limitado o período a 03.02.2015 a
01.10.2017, na qualidade de Executiva de Vendas.", afirmando que a reclamante foi "cadastrada Na
Campanha 04/2015, especificamente em 03/02/2015.". Considerando que a própria reclamante, em sua
inicial, afirmou que era revendedora dos produtos da reclamada e passou "...para a função de Executiva
de Vendas na data de 02/02/2015.", impõe-se a reforma da sentença para limitar o período quanto à data
de admissão e reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e a reclamada no período de 02/02
/2015 a 01/10/2017, na função de executiva de vendas.

Por sua vez, quanto à modalidade de dispensa, o juízo decidiu da seguinte


forma:

"Afirma a Autora que a Ré cometeu inúmeras ilegalidades durante o pacto laboral,


requerendo a rescisão indireta do contrato de trabalho.

Na análise do caso, percebe-se que o pacto laboral está rompido, conforme descrito na
Inicial. Cabe apenas a apreciação das faltas alegadas com a finalidade de determinar se a
reclamada cometeu ou não a justa causa motivadora da ruptura do pacto.

Como fundamentado, a Reclamada fraudou o contrato de trabalho do Reclamante, não


anotando corretamente o pacto em sua CTPS. Desta forma, não há dúvidas de que o fato
se enquadra na hipótese do Art. 483, "d" da CLT.

(...)

Dessa forma, como corolário, procede o pagamento de décimo terceiro integral de 2014,
2015 e 2016, proporcional de 2017 (9/12); férias em dobro (2013/2014, 2014/2015, 2015
/2016), simples (2016/2017) e proporcionais (7/12 acrescidas do terço constitucional);
FGTS por todo o pacto laboral, com acréscimo da indenização de 40%.

Devida a multa do Art. 477 da CLT, visto que a parcela só não é devida caso a mora
tenha ocorrido por culpa do trabalhador, o que não se verificou no caso.

Ante o reconhecimento do vínculo empregatício, deverá a Ré proceder às anotações na


CTPS da Autora, em data a ser designada pela Secretaria, com datas de admissão
01.03.2013 e demissão 01.10.2017, na função de executiva de vendas e salário de R$
998,00 (como informado na Inicial), cabendo multa no valor de R$ 1.000,00, sem
prejuízo de a Secretaria suprir eventual omissão patronal.

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Deverá a Ré, ainda, entregar os documentos hábeis ao seguro-desemprego, na mesma


data fixada para anotações na CTPS, sob pena de arcar com a indenização substitutiva,
na forma da Súmula 389 do C.TST.".

Inconformada, a ré afirma a inexistência ao pagamento de verbas


rescisórias, como férias, acrescidas de 1/3, 13º e FGTS de todo o período, inclusive, a indenização de
40%, multa do art.477, da CLT. Assegura que "Trata-se de relação jurídica controvertida, cujo direito
apenas terá sido reconhecido em Juízo, não incidindo o pagamento das verbas referidas.", bem como qua
nto à "indenização deferida a título de seguro-desemprego, assegurando que "Se mantido o
reconhecimento do vínculo, o que não se espera, a obrigação da empresa consistiria na entrega das
guias para habilitação do empregado para a fruição do seguro desemprego, não havendo que se falar
em pagamento de indenização.".

Nos termos da inicial, a autora declarou que "A reclamante, por não mais
suportar as condições de emprego, inclusive com recebimentos salariais inferiores ao mínimo legal em
diversas oportunidades, não teve outra opção senão "desligar-se" de suas atividades com a ré em outubr
o de 2017, o que, dadas as peculiaridades do caso, caracterizam a hipótese de rescisão indireta do pacto
laboral, o que se impõe seja também declarado pelo Meritíssimo Juízo Especializado.".

A autora afirmou que desligou-se da ré em outubro de 2017, contudo, esta


reclamação somente foi ajuizada no dia 07/05/2019, ou seja, 19 (dezenove) meses após a alegada data de
desligamento. Percebe-se, portanto, que a reclamante apenas requereu a rescisão indireta do contrato
mais de 1 (ano) e 7 (sete) meses após a sua saída da ré. Na rescisão indireta faz-se imperiosa a
imediatividade entre a conduta faltosa e a pretendida ruptura contratual.

Diante disso, não há como reconhecer a rescisão indireta do contrato de


trabalho, concluindo-se que a relação laboral foi encerrada por iniciativa da própria reclamante. Sendo
assim, reforma-se a decisão singular no particular, excluindo da condenação as indenizações do seguro-
desemprego e de 40% sobre os depósitos fundiários.

Diante do reconhecimento de vínculo somente a partir de 02/02/2015 até


01/10/2017, conforme acima fundamentado, procede o pagamento pela reclamada de décimos terceiros,
sendo integrais de 2015 e 2016 e proporcional de 2017 (9/12); férias em dobro (2015/2016), simples
(2016/2017) e proporcionais 2017/2018 (7/12), todas acrescidas do terço constitucional; FGTS por todo o
pacto laboral, ora reconhecido..

Não procede o inconformismo da ré quanto à multa do artigo 477, da


CLT. É certo que o reconhecimento do vínculo empregatício em juízo não afasta a aplicação da referida

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multa. Nesse sentido, a súmula nº 30 do E. TRT da 1ª Região: "Sanção do artigo 477, § 8º, da CLT.
Reconhecido o vínculo de emprego ou desconstituída a justa causa, impõe-se a cominação.", devendo ser
mantida a decisão de origem.

Por derradeiro, argumenta a reclamada que "...a r. sentença deve ser


reformada quanto à imposição de multa por obrigação de fazer. A anotação da CTPS, quando não for
realizada pelo empregador, terá de ser feita pela Secretaria da Vara, não cabendo imposição de multa
quando o descumprimento da obrigação de fazer já possui sanção expressa em lei, consoante art. 39, §1º,
da CLT. A anotação de CTPS é obrigação de fazer que somente se mostra exigível após o trânsito em
julgado da decisão.".

A multa astreinte tem o objetivo de impelir a reclamada ao cumprimento


da obrigação, tendo sido fixada pelo juízo para garantir a efetividade da decisão proferida. Saliente-se
que ao juiz é lícito, inclusive, independentemente de pedido da parte, adotar medida que, à luz do caso
concreto, se mostre necessária, razoável e adequada para o cumprimento das determinações judiciais.
Nada a reformar.

Diante de todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso da ré


para reformar a sentença quanto à data de admissão, reconhecendo o vínculo de emprego entre a
reclamante e a reclamada no período de 02/02/2015 a 01/10/2017, na função de executiva de vendas,
concluindo-se que a relação laboral foi encerrada por iniciativa da própria reclamante, e condenar
a reclamada ao pagamento de décimos terceiros, integrais de 2015 e 2016 e proporcional de 2017 (9
/12); férias em dobro (2015/2016), simples (2016/2017) e proporcionais (7/12), todas acrescidas do
terço constitucional; FGTS por todo o pacto laboral, ora reconhecido, ficando excluídas da
condenação as indenizações de 40% sobre os depósitos fundiários e do seguro-desemprego.

REMUNERAÇÃO

De igual forma, a ré pretende a reforma da sentença no que se refere a


remuneração, pois afirma que "A recorrida percebia tão somente comissões pelas vendas efetuadas.
Ademais, ad argumentandum tantum, os extratos de ganhos anexados aos autos revelam valores muito
variáveis, conforme o resultado de cada campanha.", pretendendo "Desse modo, caso mantido o vínculo,
o que se admite por amor ao argumento, deverá prevalecer os valores constantes nos anexos extratos de
ganhos e não o valor de R$ 998,00.".

Foi assim decidido na sentença:

"Ante o reconhecimento do vínculo empregatício, deverá a Ré proceder às anotações na


CTPS da Autora, em data a ser designada pela Secretaria, com datas de admissão

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01.03.2013 e demissão 01.10.2017, na função de executiva de vendas e salário de R$


998,00 (como informado na Inicial), cabendo multa no valor de R$ 1.000,00, sem
prejuízo de a Secretaria suprir eventual omissão patronal.".

Incontroverso que a autora recebia comissões sobre as comissões das


revendedoras e não diretamente sobre as vendas, não tendo como estabelecer o valor de R$998,00
(Novecentos e noventa e oito Reais), como disposto na sentença recorrida. Sendo assim, reforma-se a
sentença para estabelecer que a remuneração da reclamante seja apurada com base na média das
comissões recebidas, de acordo com os extratos existentes nos autos, que deverão ser observados quando
da liquidação de sentença.

Dou provimento.

DOS DESCANSOS SEMANAIS REMUNERADOS

Sustenta a ré que "Ausente o vínculo empregatício, não há falar em DSR


sobre os ganhos da recorrida. A própria recorrida confirmou o recebimento de ganhos de acordo com as
vendas realizadas no mês. Assim, não há que se falar em pagamento de descanso semanal remunerado
sobre os ganhos e, por aplicação por analogia na OJ 394 da SBDI-I do C. TST, devem ser afastados os
reflexos desta parcela no aviso prévio, férias+1/3, 13º salário e FGTS+40%. Se mantida a condenação,
o que se admite, apenas, por argumento, a base de cálculo deverá ser sempre o valor líquido recebido e
não bruto.".

O julgador monocrático decidiu "Considerando que a Autora era


comissionista, incide o entendimento consolidado na Súmula 27 do C.TST, " in verbis": "É devida a
remuneração do repouso semanal e dos dias feriados ao empregado comissionista, ainda que pracista. ".
Assim, julgo procedente o pedido de pagamento dos repousos semanais não quitados, tendo como base o
valor de R$ 998,00 mensais.".

Analisando as razões recursais da reclamada, constata-se que o fato que a


parte apresenta para a condenação ao pagamento dos descansos semanais remunerados é a alegada
ausência de vínculo empregatício com a autora, matéria que já foi exaustivamente analisada no tópico
precedente, sendo desnecessário tecer novas considerações.

Diante deste contexto, em sendo mantida a decisão quanto ao vínculo de


emprego havido entre a autora e a ré, fica mantida a sentença que condenou a demandada ao pagamento
dos repousos semanais remunerados, com reflexos nas férias com 1/3 e gratificações natalinas, pelos seus
próprios fundamentos.

Nego provimento.

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HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS E GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A ré pretende, ainda, a reforma quanto: aos honorários de sucumbência,


elevando para o percentual de 15% sobre o valor da causa e "se mantida a decisão, seja afastada a
condição suspensiva de exigibilidade dos honorários advocatícios em favor do patrono da recorrente,
deduzindo-se tais valores de eventual crédito." e à gratuidade de justiça concedida à autora, uma vez que
"O benefício da gratuidade da justiça não é amplo e irrestrito. Por conseguinte, sua concessão é
condicionada à comprovação da real condição de hipossuficiência da parte postulante, que deve trazer
aos autos elementos que comprovem que é pobre ou necessitada - o que não ocorreu no caso em apreço.".

A sentença recorrida dispôs que:

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Defiro o pedido de gratuidade de justiça, com base na OJ 269 da SDI-I do C.TST, Art.
790, § 3º da CLT. Esclareço, ainda, que a Reclamante não mais percebe salários da ré.

Por fim, a Reclamante apresentou requerimento de gratuidade de justiça. Entendo que


deve ser feito uma interpretação teleológica e sistemática, sendo aplicável, portanto,o
disposto no Art. 99, §3º do CPC, presumindo-se verídica sua alegação de insuficiência de
recursos. Se o próprio CPC confere essa presunção a créditos, em regra, que não
possuem caráter alimentar, com muito mais razão a regra deverá ser aplicada na seara
trabalhista.

(...)

Verifico que o percentual contido na CLT incidirá sobre "o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa". Diversamente do que consta no Novo CPC (Art.
85, §6º do CPC), não consta na CLT hipótese de fixação de percentual no caso de
improcedência, havendo hipótese de omissão. Desta forma, os honorários deverão ser
arbitrados equitativamente, observados os requisitos do §2º do Art. 791-A da CLT.

Com base no exposto, fixo os honorários, em favor do patrono da ré, no valor de R$


500,00 (quinhentos reais).

Por outro lado, fixo os honorários em favor do patrono da Reclamante, no valor de R$


1.000,00 (mil reais).

Entendo que a fixação de honorários equitativos atende ao objetivo de valorização do


exercício da advocacia, bem como não inviabiliza o acesso à Justiça, já que a
possibilidade de pagamento de altas quantias, a título de honorários, faria com que o
trabalhador tivesse receio em ajuizar a ação.

(...)

Com base no exposto, condeno a Reclamante ao pagamento dos honorários advocatícios


já fixados, sendo que as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar
que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão
de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário,
independentemente de recebimento de parcelas trabalhistas oriundas dessa ação ou de
quaisquer outras.".

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À parte autora foi concedida a gratuidade de justiça. Ela se declara pobre


e não há nos autos elementos que indiquem em sentido contrário, pelo que mantém-se o benefício
concedido.

Referente à majoração dos honorários sucumbenciais requerida pela


reclamada, entendo razoável e justo fixar a mesma quantia que deverá ser paga ao patrono da reclamante,
R$1.000,00 (Um mil Reais). Portanto, mantenho a sentença nesse sentido.

Nego provimento.

CORREÇÃO MONETÁRIA

A ré aduz que "Não merece prevalecer a aplicação da correção


monetária definida pela sentença, qual seja, a utilização do IPCA-E para correção dos créditos
apurados após 25 de março de 2017. Este procedimento contraria diretamente o disposto no art. 39 da
Lei 8177/91, que foi ratificado pela Lei 13467/17, que incluiu o §7º ao artigo 879 da CLT. Tratando-se
de índice previsto em lei federal, somente é possível afastar a sua incidência pela estreita via do art. 97
da CF ou em sede de controle abstrato de constitucionalidade. Além disso, o E. STF na decisão de
Embargos Declaratórios em Recurso Extraordinário 870.947-Sergipe suspendeu a aplicação do IPCA-
E, motivo pelo qual deve ser considerada a variação da TR por todo o período de apuração. Não há
como se impor a utilização do IPCA-E porque inexiste previsão legal para utilização deste índice (art.
5º, II, da CF). Exige-se lei em sentido estrito, isto é, que tenha passado por todo processo legislativo
(artigos 59/69 da CF), dotada da presunção de legitimidade e veracidade. A norma a que as partes estão
vinculadas é aquela prevista no art. 39 da Lei 8177/91 c/c §7º do art. 878, da CLT, que estabelecem a
TR como índice oficial de correção dos débitos trabalhistas."

O juízo monocrático dispôs que:

(...)

Correção monetária a partir do vencimento da obrigação (Art. 459 da CLT e Súmula 381
da CLT), devendo ser observado o índice IPCA-E a partir de 25/03/2017, conforme
precedentes do C.STF e C.TST. Esclareço que o C.TST, em julgamento do ArgIn 479-
60.2011.5.04.0231 , entendeu pela inconstitucionalidade da TR, porquanto tal índice
viola o direito à propriedade, pois não recompõe devidamente o crédito. Assim, padece
de inconstitucionalidade a previsão contida no Art. 879, §7º CLT, introduzida pela Lei
13467/2017.

(...)

Em relação à aplicação do IPCA-E, em 04/08/2015, o Pleno do Tribunal


Superior do Trabalho decidiu, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 479-60.2011.5.04.0231:

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"definir a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de
atualização a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça do
Trabalho". Todavia, em sede de julgamento de embargos de declaração, o Pleno conferiu efeito
modificativo ao julgado para determinar a modulação de efeitos no sentido de que fosse observada, como
índice de correção monetária, a TR, até 24/03/2015, e o IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Ocorre que, embora tal decisão não tenha transitado em julgado, por
questão de política judiciária, ressalvo o meu entendimento de aguardar o mencionado trânsito em
julgado, para acompanhar o da Colenda 4ª Turma, no sentido de aplicar a decisão do TST.

Diante disso, considerando o reconhecimento do vínculo empregatício


com admissão em 02/02/2015 e demissão em 01/10/2017, correta a sentença que determinou a aplicação
do IPCA-E a partir de 25/03/2015.

Nego provimento.

RECURSO ADESIVO RECLAMANTE

Pretende a reclamante a procedência do pedido de dano moral, pois "Em


que pese o conhecimento jurídico da MM Juíza a quo, o decisum de ID 78067e5, especialmente no que
tange a pretensão indenizatória por dano moral da recorrente, não se consubstanciou no melhor Direito
e Justa medida judicial solucionadora da demanda, pelo que merece ser reformada por este Venerável
Tribunal, em consonância com a argumentação que segue.".

Acrescenta que "data maxima venia, a despeito do descortino do


Magistrado na análise das lesões materiais narradas e sofridas pela trabalhadora, no que concerne a
inegável lesão extrapatrimonial perpetrada contra a recorrente o Julgador não fez uma análise
distanciada da técnica e da "justiça".

Alega , ainda, que "Com todo o respeito ao Magistrado prolator da


sentença, quando uma mulher está submetida como empregada e, por conta das circunstancias do dia a
dia do seu emprego, fica mais alijada de uma maior contato com sua família (e filho de pouca idade),
fica também impossibilita de descansar semanalmente por ao menos um dia e anualmente por ao menos
30 dias, não sofre apenas contratual e financeiramente, mas sofre atentado à sua saúde física e mental, à
sua dignidade de Brasileira, por conta de inobservância à direitos estabelecidos da Carta Magna do
País! É devida a indenização por danos morais, até mesmo em patamar maior do que o "estimado" na

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exordial, mas que podem e devem ser deferidos por essa Egrégia Turma segundo o descortino e a
sensibilidade de cada um dos Desembargadores que bem conhecem a realidade da trabalhadora
brasileira desprovida da proteção legal.".

O juízo singular decidiu da seguinte forma:

O mero inadimplemento das verbas resilitórias ou de FGTS não tem o condão de, por si
só, gerar um abalo extrapatrimonial à partes. Nesse sentido, a recente Tese Prevalecente
nº 01 deste E.TRT, "in verbis":

DANO MORAL. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL OU ATRASO NO


PAGAMENTO DAS VERBAS RESILITÓRIAS. DANO IN RE IPSA E
NECESSIDADE DE PROVA DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE DO TRABALHADOR. Ainda que o dano moral seja in re ipsa, não
é toda a situação de ilegalidade que é capaz de, automaticamente, causar um abalo moral
indenizável. A situação de ilegalidade que constitui suporte para a indenização moral é
aquela que impõe ao homem médio um abalo moral significativo. O dano moral não
decorre, por si só, de mero inadimplemento contratual ou da falta de pagamento das
verbas resilitórias pelo empregador, a não ser que se alegue e comprove (CLT, art. 818 c
/c do CPC/15, art. 373, inciso I) de forma inequívoca, o nexo de causalidade entre tal
inadimplemento e a superveniência de transtornos de ordem pessoal dele advindos.

Julgo improcedente o pedido de indenização por danos morais.".

Verifica-se que o pleito de danos morais reside na ausência de anotações


na CTPS da reclamante e no não pagamento de direitos decorrentes de vínculo de emprego.

O dano moral supera o descumprimento de compromissos meramente


financeiros e adviria de ato do empregador que afetasse o lado social e humano do trabalhador,
impedindo-o do convívio normal e harmonioso em sociedade. Este, por certo, não é o caso da reclamante,
que não comprovou nenhum dano efetivo à sua integridade moral.

O entendimento deste Egrégio Tribunal Regional, na Tese Jurídica


Prevalecente 01, é de deferir a indenização somente em casos de efetiva comprovação do dano, o que não
ocorreu nos presentes autos, conforme já destacado pelo juízo de primeiro grau.

Registre-se que não há que se falar em presunção do dano moral, sendo


necessário à parte interessada a devida comprovação.

Nego provimento.

ISTO POSTO,

Conheço dos recursos interpostos por ambas as partes e, no mérito, nego


provimento ao da reclamante e dou parcial provimento ao da reclamada, para reformar a sentença quanto

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Número do processo: 0100513-25.2019.5.01.0432 ID. dc71c98 - Pág. 17
Número do documento: 20021915385475800000042875912
Fls.: 19

à data de admissão, reconhecendo o vínculo de emprego entre a reclamante e a reclamada no período de


02/02/2015 a 01/10/2017, na função de executiva de vendas, concluindo-se que a relação laboral foi
encerrada por iniciativa da própria reclamante, e condenar a reclamada ao pagamento de décimos
terceiros, integrais de 2015 e 2016 e proporcional de 2017 (9/12); férias em dobro (2015/2016), simples
(2016/2017) e proporcionais (7/12), todas acrescidas do terço constitucional; FGTS por todo o pacto
laboral, ora reconhecido, com exclusão das indenizações do seguro-desemprego 40% sobre os
depósitos fundiários; estabelecer que a remuneração da reclamante seja baseada na média das comissões
recebidas ,sendo que para as parcelas resilitórias serão considerados os últimos 12 meses, de acordo
com os extratos existentes nos autos, que deverão ser observados quando da liquidação de sentença, tudo
nos termos da fundamentação acima exposta.

ACÓRDÃO

A C O R D A M os Desembargadores da Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer dos recursos interpostos por
ambas as partes e, no mérito, negar provimento ao da reclamante e dar parcial provimento ao da
reclamada para reformar a sentença quanto à data de admissão, reconhecendo o vínculo de
emprego entre a reclamante e a reclamada no período de 02/02/2015 a 01/10/2017, na função de
executiva de vendas, concluindo-se que a relação laboral foi encerrada por iniciativa da própria
reclamante, e condenar a reclamada ao pagamento de décimos terceiros, integrais de 2015 e 2016 e
proporcional de 2017 (9/12); férias em dobro (2015/2016), simples (2016/2017) e proporcionais (7
/12), todas acrescidas do terço constitucional; FGTS por todo o pacto laboral, ora reconhecido, com
exclusão das indenizações do seguro-desemprego e 40% sobre os depósitos fundiários; estabelecer
que a remuneração da reclamante seja baseada na média das comissões recebidas, sendo que para
as parcelas resilitórias serão considerados os últimos 12 meses, de acordo com os extratos existentes
nos autos, que deverão ser observados quando da liquidação de sentença, tudo nos termos da
fundamentação do voto do Excelentíssimo Desembargador Relator. Mantido o valor arbitrado à
condenação.

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Número do documento: 20021915385475800000042875912
Fls.: 20

ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA


DESEMBARGADOR DO TRABALHO
Relator

Votos

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