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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


1001424-13.2023.5.02.0054

Tramitação Preferencial
- Pagamento de Salário
- Assédio Moral ou Sexual

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 13/09/2023


Valor da causa: R$ 62.740,13

Partes:
RECLAMANTE: MARIA JOSE BATISTA
ADVOGADO: MONICA MARTIN FERNANDES
RECLAMADO: SHAMOU - ESPORTES COMERCIO E SERVICOS LTDA - ME
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DO TRABALHO DA __ ª


VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE SÃO PAULO-SP.

MARIA JOSE BATISTA, brasileira, solteira, Salva-vidas, portadora do RG nº


57.372.534-2 SSP, inscrita no CPF sob o nº 033.289.354-52, residente e domiciliada
na Dr Edmur Withaker n° 291- São Matheus CEP: 03963-060 no Estado de São
Paulo, por meio da sua advogada que esta subscreve, nos termos da procuração
(anexa), vem, com fulcro no art. 840 da CLT, perante a Vossa Excelência, propor a
presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA- RITO ORDINÁRIO

Em face de SHAMOU- ESPORTES COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, inscrita sob


CNPJ de nº 10.229.266/0001-64, com endereço na Rua do Bosque, nº 1906, CEP:
01136-001, Bairro: Barra Funda, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer a autora, nos moldes do Art. 98 do CPC/15 e do art. 790, §º 4 da CLT, a


concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, em sua totalidade, por
tratar-se de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, cuja situação econômica
não permite arcar com as custas e despesas processuais, sem prejuízo alimentar
próprio ou de sua família.

II. DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamante foi admitida pela Reclamada no dia 22 de março de 2016, para


exercer o cargo de Salva Vidas, porém tem como anotação na CTPS como

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recreador, percebendo atualmente no valor R$ 1.809,20 (mil oitocentos e nove reais


e vinte centavos).

A Reclamante cumpre uma jornada de terça a sexta das 11:20 hs as 18:00 com
uma hora de almoço e aos sábados e domingos das 11:20 as 18:00.

A reclamante exercia a função de salva-vidas, porém teve sua CTPS com anotação
de recreador, no qual diverge com a atualidade, suas atividades era vigiar em volta
da piscina, observando os banhistas para prevenir afogamentos e realizar os
devidos primeiros socorros quando necessário.

Ocorre que a reclamante relata que exercia a função com exposição ao sol, bem
como surgiu nas costas da reclamante um caroço devido o mal jeito que ocorreu ao
socorrer uma banhista, e com a exposição ao sol surgiu severas queimaduras em
suas mãos, no qual realizou tratamentos, onde foi orientada a não trabalhar exposta
ao sol, tendo em vista que já sofria também com o problema ocular, motivo o qual
foi realizada cirurgia, conforme documentos anexos.

A reclamante relata que o supervisor Antônio, com má intenção espalhou boatos a


todos os funcionários e colegas de trabalho que ela estava com câncer, e também
caçoava da barriga da reclamante dizendo que era grande e que ela estava grávida
expondo-a calúnia e difamação.

A reclamante fazia acompanhamento médico devido ao caroço que surgiu nas


costas e as queimaduras nas mãos, assim diversas vezes que ela voltava entregava
o atestado médico na empresa, era castigada com várias advertências internas,
bem como a supervisória Valeria gritava com ela, na presença de funcionários, no
qual começou a perseguir a requerente e ainda ameaçava de demissão com justa
causa, a autora todas as vezes que subia para assinar o ponto sentia grandes dores
no peito e a pressão subia, devido a toda perseguição sofrida.

Quanto aos pedidos de EPI a reclamante solicitava, porém devido à demora na data
da entrega, ela trazia seus objetos pessoais como chinelos e outros.

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Ademais é sabido que todas as profissões em que há exposição ao sol tem direito
a insalubridade, porém a empresa realizava o pagamento da insalubridade
reconhecida em grau 20%, no qual ocorreu a cessação do pagamento sem nenhum
motivo, bem como não teve melhora alguma ao ambiente de trabalho ou mudança
em EPI.

No tocante, a atividade profissional da reclamante exige que fique em volta da


piscina para prever eventuais riscos dos banhistas, porém para não se expor ao sol
existe ali apenas um toldo, porém são vários salva vidas para utilizá-lo, de forma
que os outros ficavam expostos ao sol, não tendo onde se abrigar.

Ademais sempre apresenta insolação devido ao calor intenso, apenas o protetor


não é o suficiente, e nos tempos de frio também sofre com o ambiente gelado e
exposto as águas, cabendo ainda informar que nos dias de limpeza, acaba inalando
todo o pó químico utilizado para a limpeza.

A reclamante ainda relata, que há anos havia o desconto sindical, sendo que todo
ano pedia para eles retirarem, fazendo-se obrigada ao pagamento da contribuição,
dessa forma a reclamante requer a devolução dos pagamentos.

Ademais tendo em vista que a reclamada tem descumprido, de forma


reiterada, com seus deveres, vem a reclamante pugnar pela RESCISÃO
INDIRETA do contrato de trabalho.

III. DO DIREITO

DO SALDO DE SALÁRIO

A Reclamante trabalhou até 07/09/2023 por isso deve receber a título de saldo de
salário referente a sete dias o montante de R$ 422,14 (quatrocentos e vinte e dois
reais e quatorze centavos).

DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO

Tendo em vista a pretensão da rescisão indireta do contrato de trabalho, tem-se que


há inexistência por parte da reclamada de justa causa para a rescisão do seu

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contrato de trabalho, surgindo para a Reclamante o direito ao Aviso Prévio


indenizado, uma vez que o § 1ºdo art. 487 da CLT estabelece Çque a não
concessão de aviso prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos salários
do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para todos os fins
legais.

Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado proporcional do autor,


corresponde a 42 dias (07 anos de serviço).

A reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado no valor


de R$ 2.532,88 (dois mil quinhentos e trinta e dois reais e oitenta e oito centavos).

DAS FÉRIAS VENCIDAS E PROPROCIONAIS + 1/3

A reclamante tem direito a receber o período completo de férias, acrescido do terço


constitucional, em conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT e art. 7º,
XVII da CF/88.

O parágrafo único do art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado ao período de


férias de forma proporcional ao período trabalhado.

Sendo assim, tendo em vista que a reclamante gozou apenas de 05 (cinco), e que
já completou mais um ciclo de período aquisitivo, tem-se que há um valor integral à
título de férias, bem como a proporção de 9/12 de férias a ser custeada pela
reclamada, constituindo o montante de R$ 1.809,20 (mil oitocentos e nove reais e
vinte centavos), adicionado o terço constitucional no valor de R$ 603,06 (seiscentos
e três reais e seis centavos), com proporcional do abono de R$ 201,01 (duzentos e
um real e um centavo) se dar o valor de R$ 2.613,27 (dois mil seiscentos e treze
reais e vinte e sete centavos).

DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salário será pago até
o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou superior
a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para efeitos do cálculo do 13%
salário.

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A reclamante nada recebeu a título de 13º no presente ano, e projetando o aviso


prévio indenizado para o mês de setembro, tem-se que há uma proporção de 9/12
do 13º salário a ser custeada pela reclamada, que constituem o montante de R$
1.356,90 (mil trezentos e cinquenta e seis reais e noventa centavos).

DO FGTS + MULTA DE 40%

Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7 de
cada mês na conta vinculada da empregada a importância correspondente a 8% de
sua remuneração devida no mês anterior.

Além disso, por conta da rescisão indireta do contrato de trabalho, deverá ser paga
uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo
com § 1º do art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.

Resultando o valor restante de: R$ 5.311,47 (cinco mil trezentos e onze reais e
quarenta e sete centavos), aplicando a multa dos 40% no valor de R$ 2.124,58
(dois mil cento e vinte e quatro reais e cinquenta e oito centavos).

DO ADCIONAL DE INSALUBRIDADE
Durante todo o período contratual a Reclamante laborou em condições insalubres,
todavia lhe foi pago poucos meses, e ainda a deficiência na entrega dos EPI
(equipamentos de proteção) e depois sem motivo algum a reclamada não efetuou
pagamentos e não houve mudança alguma, não pagando a reclamante adicional no
grau médio (20%).

A atividade desenvolvida pela Reclamante voltou-se, exclusivamente, à salva vidas,


tendo que vigiar a piscina, observando os banhistas para prevenir afogamentos e
salvar vidas, percorrer a área sob sua responsabilidade e prestar primeiros
socorros, tendo em vista a exposição ao sol, pois ficava rodando a piscina e não
parado embaixo do toldo, para que não aconteça nenhum acidente, uma vez que
trabalha com público em idade avançada, então o cuidado e os reflexos eram
dobrados, ademais ficava exposto ao cloro da piscina nos dias da limpeza, bem
como outros produtos.

Sendo assim, para evidenciar os fatos aqui narrados, requer a produção de prova
pericial, de forma a permitir a demonstração do ambiente insalubre a que a
Reclamante era submetida, conforme dispõe o art. 369 do CPC.

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Pelo exposto, observa-se claramente que a Reclamante laborava em condições


insalubres, sendo devido o pagamento do adicional de insalubridade no percentual
que for apurado através da realização de perícia técnica por médico ou engenheiro
do trabalho (art. 195, CLT), mas estimado a priori em 40% sendo devida, ainda, a
integração na remuneração para todos os efeitos legais (Súmula 139 do TST),
totalizando preliminarmente o valor de R$ 15.302,26 (quinze mil trezentos e dois
reais e vinte e seis centavos).

DOS REFLEXOS E ADICIONAL DE INSALUBRIDADE NAS VERBAS


RESCISÓRIAS
Ainda, conforme entendimento da Súmula 139 do E. TST, o valor do adicional de
insalubridade integra o cálculo de todos haveres trabalhistas.

Desta forma, os reflexos sobre rescisão, férias e décimos terceiros totalizam


preliminarmente R$ 3.150,09 (três mil cento e cinquenta reais e nove centavos), e
com reflexos no DSRS R$ 2.436,35 (dois mil quatrocentos e trinta e seis reais e
trinta e cinco centavos), e valor sobre o qual ainda são devidos os depósitos de
FGTS e descontos de INSS.

DO DANO MORAL

Devido as perseguições que a reclamante sofria, por parte de seu supervisor que a
caluniava com falsas informações expondo sua vida, atentando a sua moral e honra,
trazendo um grande abalo emocional, de forma que seu supervisor inventava
doenças e chegou a mencionar que a reclamante estava grávida por ter a barriga
de um nível elevado, a reclamante passou a não ter mais condições psicológicas
para permanecer no emprego.

Por diversas vezes a reclamante procurou tratamento médico e ainda quando


entregava o atestado médico era punida com advertências.

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A prática do ato ilícito praticado pela Reclamada é ainda repudiada pelo


Constituição Federal, sendo garantido o direito de reparação do dano, ainda que
exclusivamente moral.

É o que versa a Lei de acordo ao artigo 5º da Constituição Federal, e seus incisos


III, V e X:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

III — ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;

V — é assegurado o direito de resposta, proporcional ao


agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à imagem;

X — são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra


e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

Por isso a necessidade de Vossa Excelência deferir o pedido do valor de


R$ 10.712,19 (dez mil setecentos e doze reais e dezenove centavos) referente a 5
(Cinco) vezes o valor do último salário recebido com os reflexos, por se tratar de
danos de natureza média, valor este que não é o suficiente para a Reclamante
enriquecer ilicitamente e não é irrisório para a prevenção da reincidência da conduta
da Reclamada, com reflexo DSRS R$ 2.238,17 (dois mil duzentos e trinta e oito
reais e dezessete centavos), e reflexos nas demais verbas R$ 2.216,73 (dois mil
duzentos e dezesseis e setenta e três centavos).

MULTA DO ART. 477 DA CLT

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Por conta da rescisão indireta do contrato de trabalho deve-se ser aplicado a multa
prevista no art. 477 da CLT, que impõe o pagamento de uma multa equivalente a
um mês de salário revertida em favor da Reclamante, conforme § 8º do mesmo
artigo.

Resultando o valor de R$ 1809,20 (mil oitocentos e nove reais e vinte centavos).

MULTA DO ART. 467 DA CLT

A reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas


incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme art. 467 da CLT,
transcrito a seguir:

“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre


o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
trabalhador, à data do comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa
dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.”

DO SEGURO DESEMPREGO

DA TUTELA DE URGÊNCIA EM CARATÉR ANTECIPADO – DA LIBERAÇÃO DO


FGTS E SEGURO DESEMPREGO.

Pois bem, como podemos observar no curso da exordial, diversos direitos


trabalhistas da requerente foram lesionados, suprimidos e agredidos, fato esse em
que, não restou opção a trabalhadora senão rescindir o vínculo empregatício de
maneira abrupta e indireta amparado pelo art.483, d e § 3° da CLT, resguardando-
lhe o direito a Rescisão indireta e consequente verbas rescisórias.

Entretanto, até o presente momento, a reclamada opta por não reconhecer suas
falhas e realizar o pagamento das verbas rescisórias a quem de direito, ocasionando
assim um sério dano ao obreiro e aos seus descendentes, pois todo o sustento seu
e de sua família restou comprometido.

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Nestes casos, o código de processo civil, aplicado subsidiariamente ao processo


trabalhista, pela inteligência do art. 769 da CLT, prevê que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

[...]

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação


prévia.

[...]

Isto posto, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta
irreversível, não conferindo nenhum dano a Reclamada, sendo devida a concessão
da tutela de urgência aqui pleiteada, visto que no transcurso da presente, nota-se
mais do que evidente o preenchimento dos dois requisitos necessários para a
concessão da tutela de urgência, o fumus boni iuris e o periculum in mora.

Tal alegação lastreasse nas seguintes afirmativas: o fumus boni iuris, ou a fumaça
do bom direito, é nítida, cristalina, ao momento que, pelas provas documentais e
extratos de FGTS do reclamante trazido à baila processual, fica nítida a ausência
de pagamento das obrigações contratuais da empresa perante obreiro,
ocasionando assim uma ruptura contratual indireta pelo empregador, como prevê o
art. 483 da CLT.

Já o periculum in mora é evidente, graças a negativa da empresa em efetuar os


devidos pagamentos das verbas rescisórias, e consequentemente a ausência de
disponibilidade financeira do proventos salariais mensais da reclamante,
ocasionando assim, um déficit na sua renda, e consequentemente a impossibilidade
de promoção do seu próprio sustento e de seus familiares, gerando-se assim uma
séria lesão, principalmente, a garantias constitucionais do princípio de preservação
da dignidade da pessoa humana.

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Pois bem, tendo em vista que os requisitos inerentes a concessão da tutela de


urgência em caráter antecipado estão todos atendidos, nada mais justo que, em
virtude da ruptura contratual ter ocorrido por culpa do empregador e pelos fatos e
direitos lesionados aqui já demonstrados, faz-se necessário que vossa excelência
digne-se a promover autorização para concessão da RESCISÃO INDIRETA, e
consequente levantamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
habilitação da reclamante ao programa do Seguro Desemprego, com o valor de R$
4.342,08 (quatro mil trezentos e quarenta e dois reais e oito centavos).

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Requer-se a título de honorários sucumbenciais o valor R$ 8.183,49 (oito mil cento


e oitenta e três reais e quarenta e nove centavos) correspondente a 15% do valor
da causa.

DO DESCONTO INDEVIDO SINDICAL

Caso haja o desconto da contribuição sindical em folha de pagamento por parte do


empregador sem autorização (escrita) do empregado, o procedimento correto é a
imediata devolução do valor ao empregado, acrescido de correção monetária e juros
de 1% ao mês.

SINTRACON. CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS. De fato e de direito, a liberdade


sindical, como prevista no art. 8º, da Constituição Federal, assegura que não se
pode impor ao trabalhador, de forma coativa, via negociação coletiva, a contribuição
assistencial ou confederativa. Esse entendimento está inserido no Precedente
Normativo 119, TST. As convenções e acordos coletivos não se sobrepõem ao
princípio da liberdade sindical individual, logo, não há ofensa ao disposto no art. 7º,
XXVI, da C. Federal. Não pode a entidade sindical, invocar o poder de
representação da categoria, impor contribuições a todo e qualquer integrante da
categoria. Se assim o fosse, a negociação coletiva e a autonomia privada coletiva

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não teriam limites. Anote-se, por oportuno, que a matéria em comento é objeto da
Súmula Vinculante 40 : "A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º , IV ,
da Constituição Federal , só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo". Esse é
o posicionamento atual dessa E. Corte, consubstanciado na Tese Jurídica
Prevalecente 10: "Sendo ilícito o desconto realizado em folha de pagamento a título
de contribuição assistencial em relação ao trabalhador não filiado ao sindicato, é
devida a devolução pelo empregador". Os documentos juntados aos autos
demonstram que a Reclamada efetuou os descontos a título de contribuição
assistencial de seus empregados. Contudo, não há comprovação de autorização de
desconto de contribuição assistencial dos empregados da Reclamada. O desconto
efetuado pela Reclamada não garante o repasse ao Sindicato, caso não haja a
autorização do trabalhador. Eventual restituição do desconto ilícito da contribuição
assistencial deve ser objeto de ação própria ajuizada pelos trabalhadores
prejudicados ou pelo Sindicato da categoria.

Tendo em vista o desconto indevido pela reclamada, conforme foi questionado


diversas vezes pelo empregador, requere a devolução R$ 1.152,50 (mil cento e
cinquenta e dois reais e cinquenta centavos).

DA RESCISÃO INDIRETA

A rescisão indireta do contrato de trabalho é regulada pelo art. 483 da CLT, senão
vejamos:

Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida


indenização quando:

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,


contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;

c) correr perigo manifesto de mal considerável;

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

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e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família,


ato lesivo da honra e boa fama;

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de


legítima defesa, própria ou de outrem;

g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a
afetar sensivelmente a importância dos salários.

§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o


contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.

§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é


facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.

§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de


seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações,
permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.

I. DOS PEDIDOS

Isso posto, requer:

a) O recebimento da presente reclamatório, determinando a notificação da


Reclamada para que querendo compareça na audiência de conciliação,
apresentando a defesa que tiver, bem como o depoimento pessoal do seu
representante legal, sob pena de revelia e confissão;

b) Que lhe sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita.

c) A declaração da rescisão indireta do contrato de trabalho, com fulcro na alínea D


do artigo 483 da CLT;

d) A condenação da reclamada no pagamento de todas as verbas, tais como saldo


de salário, 13º salário proporcional, aviso prévio de 42 dias, férias proporcionais +
abono de férias de 1/3 proporcional, ainda, pagamento de multa correspondente a

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40% de todo o valor que deveria ter sido depositado na conta vinculada do FGTS
da reclamante, como as multas dos arts. 477 e 467 da CLT, e de todas outras que
estão denominadas no tópico denominado “dos valores”;

e) A condenação da reclamada para pagamento dos FGTS (s) em atraso, bem como
a multa de 40% já descrimina nessa exordial, afim de que o empregador comprove
os depósitos, e que de forma alternativa requer-se o ofício a Caixa Econômica
Federal para que envie os depósitos de FGTS em nome da reclamante;

f) Seja a reclamada condenada ao pagamento de custas processuais e honorários


sucumbenciais, não sendo os mesmos inferiores a 15% do valor da condenação;

g) Que seja deferido o pedido de pagamento do dano moral no valor de R$


10.712,19 (dez mil setecentos e doze reais e dezenove centavos) referente a 5
(Cinco) vezes o valor do último salário recebido, com os devidos reflexos.

h) A total procedência da demanda, nos termos em que foi proposta, para a final
condenar a Reclamada ao pagamento de todo o postulado, acrescidos de juros e
correção monetária.

i) Sendo este o entendimento de Vossa Excelência, no caso de perícia para os


requisitos da insalubridade, vem requerer que seja liberada as devidas verbas
rescisórias antes da perícia, tendo em vista se tratando de verba salarial alimentar.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


sobretudo, oitiva de testemunhas e depoimento do preposto da Reclamada, ainda,
mediante produção de prova documental e pericial se necessária.

Dá-se à presente ação o valor de R$ 62.740,13 (sessenta e dois mil setecentos e


quarenta reais e treze centavos).

Nestes termos,

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Pede e aguarda deferimento.

São Paulo, 13 de setembro de 2023.

MÔNICA MARTIN FERNANDES

OAB/SP 404.831

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https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/23091313543168500000316864384?instancia=1
Número do documento: 23091313543168500000316864384

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