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DA JUSTIÇA GRATUITA
I - DOS FATOS
A reclamante trabalhava na sociedade empresária Vasconcelos
Ltda., desde 26/10/2020, e exercia a função de vendedora na unidade
localizada em Sobral - CE. A mesma recebia mensalmente, em média, quantia
equivalente a 1,5 salário-mínimo, a título de comissão. A jornada de trabalho da
reclamante era de segunda a sábado das 07:00 até as 18:00, dentro deste
período a mesma tinha apenas 15 minutos para fazer sua refeição.
Em janeiro de 2023, o dono do estabelecimento instalou duas
prateleiras na loja, a fim de expor mais produtos e, visando economizar
dinheiro, fez ele pessoalmente a instalação. As tais prateleiras foram fixadas
acima do balcão em que trabalhavam os vendedores, ocorre que o dono da
empresa Vasconcelos Ltda., não tinha nenhuma habilidade manual ou
experiencia para a instalação das prateleiras adequadamente.
No dia seguinte após a instalação malfeita, as prateleiras não
suportaram o peso dos produtos que nelas foram colocados e acabaram por
ceder e cair com todo o material, acertando violentamente a cabeça de Evila
Cristina, que se encontrava abaixo das mesmas realizando um atendimento. A
reclamante desmaiou imediatamente com o impacto, sendo socorrida e
conduzida ao hospital público, onde ela recebeu atendimento.
A reclamante sofreu lesões na cabeça, testa e face, resultando em
uma grande cicatriz que passou a despertar a atenção das pessoas, que
reagem negativamente ao vê-la. Após o dia do incidente o plano de saúde que
era ofertado pela empresa foi cancelado e a reclamante teve de arcar com
todas as despesas médicas, como medicamento para alivio das dores e
sessões de terapia, pois o incidente a gerou traumas psicológicos, as despesas
foram em torno de R$3.850,00, vale salientar que estas foram pagas com as
reservas financeiras pessoais da reclamante.
Evila Cristina, ficou incapacidade temporariamente por conta do
acidente por 03 meses, ao retornar a empresa sua capacidade laboral estava
completamente preservada, mas a mesma foi dispensada, sem justa causa, no
mesmo dia do seu retorno. Passaram-se mais de 30 dias e até o presente
momento a reclamante não recebeu as verbas rescisórias pela sua demissão,
somente teve sua carteira de trabalho baixada no e-social, a empresa também
não a entregou nenhum documento após a exoneração.
Saliente-se que quando a reclamante fora demitida sem justa causa,
ela não recebeu por parte da empresa suas verbas rescisórias devidas, quais
sejam: férias proporcionais, o 13º salário proporcional e aviso prévio
indenizado.
Como previamente mencionado, a reclamante está em busca de
seus direitos conforme descritos:
1. Férias vencidas referente ao ano de 2021: R$;
2. Férias vencidas referente ao ano de 2022: R$;
3. Décimo terceiro proporcional ao ano de 2020: R$;
4. Décimo terceiro proporcional ao ano de 2021: R$;
5. Décimo terceiro proporcional ao ano de 2022: R$;
6. Horas extras: R$;
7. Aviso prévio indenizado: R$;
8. Multa estipulada pelo art. 477, da CLT (verbas rescisórias não pagas
dentro do prazo de 10 dias): R$;
9. Multa de 40% pela demissão sem justa causa: R$;
10. Danos matérias: R$;
11. Danos morais: R$;
12. Danos estéticos: R$.
II - DO DIREITO
1- VINCULO EMPREGATÍCIO
Para que se caracterize a relação empregatícia, faz-se necessário o
preenchimento dos requisitos da pessoalidade, pessoa física, onerosidade,
subordinação e não eventualidade, devendo cada caso ser analisado sob a
ótica de tais pressupostos para a caracterização do vínculo de emprego.
No entanto, podemos confirmar o preenchimento de cada um dos requisitos
necessários pela Reclamante no caso em questão, portanto não há o que se
questionar ou que seja sequer alegada a inexistência da relação entre as
partes.
2 - DO DEVER DE INDENIZAR – DANOS MATERIAIS
A Lei nº 6.367/76 tratou de conceituar didaticamente o que se
enquadra como acidente de trabalho. Assim, considerando que o acidente
ocorreu no momento em que a reclamante estava laborando abaixo das
prateleiras mal instaladas conforme laudo que apresenta, o nexo causal fica
perfeitamente configurado. Tratavam-se de atividades habituais inerentes à
função exercida na empresa.
Por força do acidente, a reclamante teve que se submeter a
inúmeros procedimentos médicos e permanece recebendo tratamento
contínuo, gerando o dever de indenizar, vejamos:
Conforme relatado, a Reclamante teve sérias lesões físicas e
prejuízos materiais, uma vez que:
a) Foi hospitalizado por dias, sendo obrigado a providenciar mais de
R$ 1.350,00 em medicamentos e despesas hospitalares, conforme
comprovantes em anexo;
b) Teve despesas no montante de R$ 2.500,00 para tratamento
psicológico contínuo, o que poderá perdurar por toda vida, em razão do trauma
passado;
c) Ficou com cicatrizes, impactando no trabalho, no modo que as
pessoas a olham e em sua vida cotidiana;
d) Deixou de auferir renda durante 03 meses que esteve
incapacitada, totalizando R$ 4.500,00 em danos materiais;
Trata-se de dano inequívoco causado pelo Réu, gerando o dever de
indenizar, segundo entendimento do TRT: TRT-4- RO:
00200825220155040305; TRT-1 – RO: 00103231320155010058.
Afinal, todo transtorno e prejuízo causados originaram
exclusivamente por decorrência de um acidente de trabalho.
3 - DO DANO MORAL E ESTÉTICO
O dano moral em situações como estas é inequívoco. Afinal, o
Reclamante teve sérias sequelas físicas e estéticas, impactando em toda sua
rotina para o resto de sua vida.
Trata-se de um ato ilícito que dificultou a condução normal da vida
do Reclamante, ultrapassando os meros dissabores do dia a dia, gerando o
dever de indenizar.
A Reforma Trabalhista tratou de positivar o direito ao recebimento de
danos morais no seguinte sentido nos arts. 223-A, 223-B, 223-C.
Pelos laudos e fotos que junta em anexo, a autora teve graves
danos estéticos, além de ter um forte impacto em sua produtividade, afetando a
auto estima de qualquer ser humano, configurando dano moral devendo ser
indenizada.
E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar
para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o
ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos
causados.
Diante do acidente e da conduta da Reclamada resta inequívoco o
direito de ser indenizado, conforme jurisprudência: RT-4 – RO:
00205738420155040232; TRT-1 – RO: 00000413920105010009 RJ.
4. FGTS + 40%
Tendo em vista o reconhecimento contrato de trabalho, o Reclamado
deverá ser condenado a pagar o valor de 8% em cima de sua remuneração
que seria dos meses dos anos de 2020 a 2023(Contando com mês de projeção
do aviso prévio), totalizando R$.
Além disso, pelo fato de ter demitido a Reclamante sem justa causa,
deve ser o Reclamado condenado a pagar a multa de 40% em cima do valor
total que teria direito de receber pelo período trabalhado. Logo, deve-se levar
em consideração que os cálculos referentes ao reflexo das verbas rescisórias
anexos não se referem ao aviso prévio, bem como não inclui os reflexos da
multa de 40% do FGTS, que totaliza o valor de R$.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
ADVOGADA
OAB/CE