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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE


INDAIATUBA/SP

RECLAMANTE, por meio de seu advogado e procurador que esta


subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art. 840 da CLT propor a
presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra RECLAMADA, pelos motivos de
fato e de direito que seguem.

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Importante ressaltar que o reclamante encontra-se desempregado atualmente


conforme faz prova pela sua CTPS em anexo e que sua dispensa se deu em 19/02/2018,
o que demonstra a atual situação econômica incompatível com a possibilidade de arcar
com as custas processuais.

Ademais, não percebe salário superior a 40% do teto do RGPS conforme


dispõe a lei.

Nesse esteio, pugna pela concessão da gratuidade judiciária prevista no art.


790, §3º da CLT.

DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi contratado pela reclamada em 01/06/2011 para trabalhar na


função de ajudante geral (anotado em sua CTPS), porém na prática exercia a função de
montador com salário inicial de R$ 895,43.

Em 19/02/2018, as partes celebraram acordo extrajudicial para pôr fim ao


vínculo laboral, sendo o processo distribuído sob n. 0012658-50.2018.5.15.0077,
contudo, fora homologado somente quanto as verbas constantes do acordo.
Diante de diversas irregularidades perpetradas pela reclamada durante o
contrato de trabalho, o reclamante vem à este juízo requerer o que lhe é de direito
conforme segue.

DO ACORDO EXTRAJUDICIAL (ART. 855-B, CLT)

Com a reforma trabalhista (Lei 13.467/17) fora instituída nova modalidade


de resolução de conflito pelo acordo extrajudicial previsto no art. 855-B e ss da CLT.

Nessa modalidade, poderá o empregado e empregador celebrar acordo e


buscar sua homologação perante o judiciário quanto as verbas que nele versam ou
quanto a quitação geral do contrato de trabalho.

No caso em tela, as partes celebraram acordo distribuído sob n. 0012658-


50.2018.5.15.0077, porém o juízo homologou o acordo somente quanto as seguintes
verbas: a) indenização por danos morais; b) FGTS + 40%; c) Férias em Dobro + 1/3; d)
Indenização Vale Transporte; e) PLR;

Logo, os pedidos formulados nesta inicial não foram objeto de quitação do


referido acordo, possibilitando ao reclamante a cobrança destas conforme seguem.

DO PAGAMENTO “POR FORA”

Era o reclamante contrato como ajudante geral, porém na prática exercia a


função de montador. Era responsável pela produção de uma espécie de “mola”
conforme imagem abaixo:

A foto a seguir demonstra o reclamante produzindo a peça:

Diante dessa atividade, a reclamada acordou com o obreiro que pagaria um


salário “simbólico” em sua CTPS e o restante seria pago “por fora” ou seja, sem constar
no contracheque diante dos elevados valores pela confecção dessas molas.

O pagamento seria feito por produtividade a depender da quantidade de


molas que eram produzidas a cada mês. Esse controle era feito pelo próprio empregado
e entregue a reclamada no final do mês para que fosse feita a apuração dos valores e o
respectivo pagamento.
O salário do reclamante em CTPS iniciou-se em R$ 895,43 e findou-se com
R$ 1.744,95. Os valores pagos por foram variavam entre R$ 2.000,00 até R$ 7.000,00 a
depender da produção de molas no mês.

Vejamos por amostragem as anotações feitas pelo obreiro durante o pacto


laboral e os valores depositados em sua conta corrente (extratos em anexo):

- No dia 20/05/2011 o reclamante produziu 3 molas para empresa Fibria que


totalizaram o valor de R$ 4.224,00, sendo que em 25/08/2011 conforme extrato abaixo,
recebeu o mesmo valor na sua conta corrente.

- Em 04/11/2014 e 11/11/2014 o reclamante produziu 5 molas, sendo 3


molas para empresa Fibria e 2 molas para empresa Klabim totalizando R$ 7.886,00,
sendo que em 17/11/2014 e 25/11/2014 foram feitos dois depósitos em cheque que
totalizam o mesmo valor.

Infere-se ainda que há diversos depósitos como remetente a Sra. Patrícia


Fernanda Smanioto, sócia da reclamada conforme se vê dos dias 12/09/2014 no valor de
R$ 1.722,0006/10/2014 no valor de R$ 1.057,00; dia 27/10/2014 no valor de R$
2.680,00; dia 08/12/2014 no valor de R$ 2.000,00;

Era costumeiro a reclamada alternar os depósitos em cheques, dinheiro e


transferências de sua própria conta conforme extratos anexos.

Durante todo o pacto laboral, os depósitos totalizaram R$ 507.881,00 pagos


“por fora” que deveriam integrar o salário do obreiro para fins de reflexos nas demais
verbas por se tratar de verba de natureza salarial conforme dispõe art. 457 da CLT.

Nesse sentido é o entendimento dos tribunais conforme ementas abaixo:

PAGAMENTO DE SALÁRIO PRODUTIVIDADE "POR FORA" - SALÁRIO


CLANDESTINO. ÔNUS DA PROVA DO OBREIRO. O pagamento de salário
produtividade "por fora", é ônus do trabalhador, em atenção ao disposto nos
artigos 818 da CLT c/c 333, I do CPC, devendo seu reconhecimento importar na
integração do valor mensal pago ao salário, inclusive para fins de condenação
ao pagamento das diferenças de verbas salariais e resilitórias, com reflexos em
encargos previdenciários. Recurso obreiro provido. (TRT-20
00011290620135200001, Relator: JORGE ANTONIO ANDRADE CARDOSO,
Data de Publicação: 25/11/2016)

REMUNERAÇÃO POR PRODUTIVIDADE. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO.


Sendo incontroverso o pagamento de remuneração variável, referente a
premiação por vendas realizadas pela equipe, incumbia à reclamada juntar a
documentação necessária à apuração dos valores efetivamente pagos a título de
salário-produtividade. Não tendo ela se desincumbido do ônus da prova, gerou
presunção de veracidade das alegações da autora. Por força do artigo 457,
parágrafo 1º, da CLT, a premiação por produtividade integra o salário da
reclamante, devendo ser procedida a integração dos valores alcançados "por
fora" sob tal rubrica. Inteligência do inciso IV do art. 212 do CC, do art. 400, I
do CPC c/c os arts. 818 da CLT e 373, inciso II, do CPC. (TRT-4 - RO:
00001505920155040861, Data de Julgamento: 30/08/2017, 8a. Turma)

Ante o exposto acima requer a condenação da reclamada no pagamento


dos reflexos dos salários pagos por fora em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º
salário e FGTS acrescido de multa de 40%.

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

Era o reclamante responsável pela produção de “molas” desde o desenho


até o acabamento final. Para tanto realizava Solda das peças utilizando maçarico (Oxi-
acetileno) conforme imagem abaixo:

Ademais, também era responsável pela limpeza com utilização de solvente


e pintura com uso de tina metálica, que, pelo contato dermal, acabavam trazendo
reações na pela do obreiro conforme imagem abaixo:

Nota-se que o reclamante não fazia uso dos EPIs vez que a reclamada não
os forneciam.

Infere-se do narrado que as atividades do reclamante eram consideradas


insalubres e perigosas nos termos dos artigos 192 e 193 da CLT e NRs 15 e 16 do
Ministério do Trabalho e Emprego, ensejando a realização de perícia técnica no local
de trabalho.

Portanto, requer seja a reclamada condenada no pagamento de adicional de


insalubridade em grau máximo OU adicional de periculosidade em 30% sobre o
salário base do obreiro, ambos com reflexos em Aviso prévio, férias acrescidas de 1/3,
13º salário e FGTS acrescido de multa de 40%.

DO AVISO PRÉVIO E PROJEÇÃO NA CTPS

O reclamante laborou para a reclamada entre 01/06/2011 a 19/02/2018


totalizando 6 anos e 8 meses, logo, fazia jus a 48 dias de aviso prévio proporcional
conforme Nota Técnica 184 do MTE e lei 12.506/11, o que não foi pago após a
extinção do contrato e tampouco foi objeto de acordo extrajudicial.
Ademais, a reclamada não anotou a data de saída na CTPS considerando a
projeção do aviso prévio conforme OJ 82 da SDI-I do TST, devendo constar a data de
saída em 07/04/2018.

Sendo assim, requer a condenação da reclamada no pagamento do aviso


prévio proporcional de 48 dias e retificação da data de saída na CTPS para constar
07/04/2018.

DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

A reclamada não realizou o pagamento do aviso prévio no prazo de 10 dias


após a extinção do contrato de trabalho conforme prevê o art. 477 da CLT, logo requer
pagamento da multa de 1 salário do obreiro considerando a média salarial recebida de
forma variável nos últimos 12 meses de contrato de trabalho.

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto acima requer:

1 – A gratuidade judiciária nos termos do art. 790, §3º da CLT;

2 – A notificação da reclamada para que, querendo apresente defesa no


momento oportuno sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;

3 - A condenação da reclamada no pagamento dos reflexos dos salários


pagos por fora em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido
de multa de 40%...........................................................................................R$
177.758,35 (cento e setenta e sete mil setecentos e cinquenta e oito reais e trinta e
cinco centavos);

4 - A reclamada condenada no pagamento de adicional de insalubridade


em grau máximo OU adicional de periculosidade em 30% sobre o salário base do
obreiro, ambos com reflexos em Aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e
FGTS acrescido de multa de 40%..................................................................R$
218.700,00 (duzentos e dezoito mil e setecentos reais);

5 - A condenação da reclamada no pagamento do aviso prévio


proporcional de 48 dias e retificação da data de saída na CTPS para constar
07/04/2018......................................................................................................R$
14.400,00 (quatorze mil e quatrocentos reais);

6 – Multa do art. 477, CLT..........................................................R$


9.000,00 (nove mil reais);

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito em especial prova pericial sem prejuízo de outra que se fizer necessária durante
a instrução processual.
Requer ainda a condenação da reclamada no pagamento de honorários
sucumbenciais nos termos do art. 791-A da CLT em 15% sobre o valor atualizado da
condenação.

Dá-se a causa o valor de R$ 419.858,35 (quatrocentos e dezenove mil


oitocentos e cinquenta e oito reais e trinta e cinco centavos);

Termos em que

Pede deferimento

Indaiatuba, 7 de agosto de 2019

Tiago Cunha Pereira

OAB/SP 333.562

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