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A presente segue o RITO SUMARÍSSIMO e com fulcro no art. 852-I da CLT, fica
dispensado o relatório.
1 – FUNDAMENTAÇÃO
VERBAS RESCISÓRIAS
Em que pesem as razões da ré, entendo que as dificuldades financeiras enfrentadas não
configuram hipótese de força maior, nos termos do art.501 da CLT, o que não justifica o
descumprimento das obrigações que são inerentes ao empregador, uma vez que a ele
cabe suportar o ônus do risco econômico do pacto laboral sem negligenciar os direitos
dos trabalhadores, notadamente o lado mais frágil da relação empregatícia, mormente
considerando-se a natureza salarial da verba que remunera a força de trabalho colocada
à disposição.
Não há nenhuma comprovação nos autos de que qualquer aviso prévio tenha sido
concedido à autora, conforme ela alegou na peça de ingresso, razão pela qual considero
o pacto laboral rompido sem justa causa na data de 20/01/2020.
O 13º salário de 2019 considero quitado, diante dos holerites e comprovantes de fls.
114/117.
Em audiência (fls. 144/147), foi deferida antecipação de tutela, cujos efeitos ora ratifico,
suprindo os pedidos de expedição de guias para soerguimento do FGTS, habilitação
junto ao Seguro-desemprego e baixa em CTPS.
DEPÓSITOS DE FGTS
A autora alega que a reclamada não depositou corretamente os valores devidos a título
de FGTS, durante o pacto laboral. Por ser fato extintivo do direito da autora, era da
reclamada o ônus de comprovar a regularidade dos recolhimentos fundiários (art. 818,
da CLT e art. 373, II, do CPC), conforme inteligência da Súmula 461, do C. TST, do qual
não logrou se desvencilhar, eis que não trouxe aos autos qualquer documentação capaz
de comprovar que os depósitos fundiários foram corretamente realizados.
Diante do não pagamento das verbas rescisórias, é devida a multa do art. 477, §8º da
CLT.A reclamada confessou o não pagamento das verbas rescisórias alegando
dificuldades financeiras. Assim, as mesmas se revestiram de caráter incontroverso e
deveriam ter sido pagas na primeira audiência. Devida, pois, a multado art. 467 da CLT
sobre o total destas.
DANO MORAL
Constitui lesão à esfera extrapatrimonial, em bens que dizem respeito aos direitos da
personalidade que, exemplificativamente, encontram-se no rol do art. 5º, X, da
Constituição Federal.
Assim, não há que se falar em reparação por dano moral, pelo simples descumprimento
de obrigações contratuais se não houver prova de nenhum dano à honra, à
personalidade ou à imagem efetivo.
COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO
A correção monetária dos créditos referentes ao FGTS terá os mesmos índices aplicáveis
dos débitos trabalhistas, nos termos da Orientação Jurisprudencial 302 da SDI-I.
RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS
Para os fins do artigo 832, § 3º da CLT, são verbas de natureza salarial, aquelas que não
estão elencadas no parágrafo 9º do inciso IV do artigo 28 da Lei n. 8.212/91.
JUSTIÇA GRATUITA
Havendo sucumbência recíproca, com base no art. 791-A, §2º e§3º da CLT, são devidos
os honorários advocatícios de sucumbência:
Considerando o benefício da assistência judiciária gratuita (TST, Súmula 463, I), declaro
suspensa a exigibilidade dos honorários de sucumbência devidos pelo reclamante;
eventual pedido superveniente de execução será examinado em processo específico,
instruído por demonstração objetiva de que cessado o motivo da concessão da
gratuidade (CLT 791-A, § 4º). Vedado o direcionamento indiscriminado dos créditos do
reclamante para pagamento de honorários sucumbenciais, considerando que o mero
recebimento desses créditos não é apto, por si só, para fazer cessar a condição de
necessidade econômica. Interpreto o art. 791-A, § 4º, da CLT, em conformidade com o
art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal.
2 – DISPOSITIVO
Ante o exposto, nos autos da reclamação trabalhista movida por MARIA DA SILVA em
face de ESCOLA ABC, decido JULGAR PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados
na petição inicial, para:
III – Deferir os benefícios da Justiça Gratuita à reclamante, nos termos do art. 790, §3º da
CLT.