Daiana Matos procura você, como advogado (a), afirmando que foi

empregada da sociedade empresária "UTILIDADE LTDA". na sede desta, localizada

em Vitória ES, de 20/01/2020 a 16/10/2022, tendo exercido, a prática, a função de
técnica de informática.

Daiana informa que foi despedida por justa causa, apesar de não ter feito
nada de errado, não recebendo qualquer indenização, mas apenas o saldo salarial
do último mês trabalhado.

A trabalhadora exibe cópias dos contracheques, nos quais há, na parte de

crédito, salário de RS 1.600.00: já na parte de descontos, há INSS e FGTS.

Daiana ainda exibiu sua CTPS, na qual consta admissão em 20/01/2020 e

saida em 16/10/2022, na função de auxiliar de serviços gerais; na parte de
anotações gerais, há anotação de que a empregada foi dispensada por justa causa
em razão de conduta inadequada.

Em pesquisa pela internet, você localiza a convenção coletiva da categoria

de Daiana, com os pisos normativos para todas as funções desempenhadas na
sociedade empresária "UTILIDADE LTDA", dentre elas os seguintes: auxiliar de
serviços gerais: RS 1.600.00: técnico em informática: R$ 2.500.00: programador: R$
3.500,00; e engenheiro de computação: R$ 6.000,00.

Com base nos dados apresentados, formule a peça (rito ordinário) de defesa
dos interesses de Daiana em juízo.
 AO JUÍZO DA XXX VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA/ES

DAIANA MATOS, nacionalidade xxx, estado civil xxx, desempregada, filha de

xxx, portadora da carteira de identidade n° xxx, CPF n° xxx, n° da carteira de
trabalho xxx, n° do PIS xxx, residente e domiciliado no endereço xxx, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência por intermédio do seu Advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço xxx, onde
recebe notificações e intimações, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Pelo rito ordinário em face de UTILIDADE LTDA, pessoa jurídica, inscrita no

CNPJ n° xxx, residente no endereço xxx, Vitória/ES, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.

I- PRELIMINAR DE MÉRITO

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Em conformidade com o §4° do artigo 790 da CLT, a reclamante faz jus a

gratuidade de justiça, uma vez que está desempregada e não poderá arcar com os
custos processuais.

II - DO MÉRITO

A) DO DESVIO DE FUNÇÃO

A reclamante foi contratada como auxiliar de serviços gerais, porém exercia a

função de técnico de informática, logo há um desvio de função, pois desempenhava
função diversa da contratada.

Assim, conforme o artigo 29 da CLT, deve haver a retificação da CTPS para

constar a função que efetivamente exercia.

Além disso, há uma convenção coletiva de trabalho com os pisos normativos

para todas as funções desempenhadas na sociedade empresária "UTILIDADE
LTDA". Com isso, há uma diferença salarial, uma vez que exercia, na prática, a
função de técnico de informática(salário de R$ 2.500.00) e na CTPS constava como
auxiliar de serviços gerais(salário de RS 1.600.00), gerando uma diferença de RS
900.00 mensais.

Portanto, deverá ser feita a retificação na CTPS para constar a função que
exercia na prática. E, também, deve ser pago a diferença salarial durante o período
laborado.

B) DA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

A reclamante informou que foi despedida por justa causa, apesar de não ter
feito nada de errado, não recebendo qualquer indenização, mas apenas o saldo
salarial do último mês trabalhado.

A reclamante foi dispensada por justa causa. Contudo, ela não praticou
nenhuma infração prevista no artigo 482 da CLT. Além disso, o ônus da prova é do
reclamado e deve provar a suposta justa causa, na forma do artigo 818, II, da CLT.

Logo, deve haver a reversão da justa causa para dispensa sem justa causa.

Desta forma, havendo a reversão da justa causa, a reclamante faz jus a

seguintes verbas:

1) DO AVISO PRÉVIO

Como a reclamante possuía 2 anos completos no cargo, ela deveria ter um

aviso prévio de 36 dias, uma vez que a data final do contrato deveria ser no dia
21/11/2022, pois houve acréscimo de 36 dias e não na data do dia 16/10/2022.

Assim, houve uma violação ao artigo 487, III da CLT, pois não houve o aviso
da resolução.

Com isso, o § 1º do artigo 487 da CLT faz com que a falta do aviso prévio
pelo empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo
do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.

Portanto, a reclamante faz jus ao aviso prévio indenizado.

2) DO 13° SALÁRIO PROPORCIONAL

A reclamante também faz jus ao 13° salário proporcional, uma vez que
laborou durante 11 meses no ano de 2022 por um período de 15 dias ou mais ao
mês.
 Assim, a reclamante faz jus ao 13° salário de 11/12.

3) DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS

A reclamante faz jus às férias proporcionais (PA 2022/2023), onde vai do dia
20/01/2022 até 19/01/2023, com o contrato sendo rompido do dia 21/11/2023.

Assim, a reclamante faz jus a 10/12 de férias proporcionais acrescidas de ⅓

4) DA INDENIZAÇÃO DE 40% SOBRE FGTS

A reclamante também faz jus a indenização de 40% sobre o depósito do

FGTS.

5) DO SAQUE FGTS

Ainda, deve ser entregue as guias para saque do FGTS e a habilitação do

seguro desemprego.

C) DA VIOLAÇÃO À IMAGEM

Na parte de anotações gerais, há anotação de que a empregada foi

dispensada por justa causa em razão de conduta inadequada. Essa informação não
deve constar na CTPS e sim no TRCT.

Assim, a anotação dessa condição na CTPS é considerada uma anotação

desabonadora, que é vedado pelo §4° do artigo 29 da CLT.

Com isso, acarretará um dano moral, na forma do artigo 223-C da CLT, uma
vez que houve violação à imagem do empregado perante o mercado de trabalho.

D) DA DEVOLUÇÃO DO FGTS

A reclamante possui cópias do contracheques, nos quais há, na parte de

crédito, salário de RS 1.600.00: já na parte de descontos, há INSS e FGTS.

Na forma do artigo 15 da lei 8036/90 é uma obrigação do empregador fazer

esse recolhimento.

Assim, deve haver a devolução dos valores indevidamente descontados.

III - DOS PEDIDOS

 Posto isto tudo acima, REQUER:

a) A retificação da CTPS para constar a função que exercia na prática. E,

também, deve ser pago a diferença salarial durante o período laborado;

b) Que seja feito a reversão para justa causa e o pagamento das seguintes
verbas: deve ser feito o pagamento do aviso prévio indenizado; deve ser
pago o 13° salário proporcional de 11/12; o pagamento de 10/12 de férias
proporcionais acrescidas de ⅓; indenização de 40% sobre FGTS; e deve ser
entregue as guias para saque do FGTS e habilitação para seguro
desemprego;

c) Que seja concedido uma indenização por dano moral, por violação à imagem
da reclamante na forma do artigo 223-C da CLT em razão da anotação
desabonadora;

d) Que sejam devolvidos os valores indevidamente descontados do FGTS;

e) Que haja a condenação do reclamado ao pagamento de honorários

sucumbenciais na forma do artigo 791-A da CLT.

IV - REQUERIMENTOS FINAIS

A reclamante requer a notificação do reclamado para apresentar resposta à

Reclamatória Trabalhista, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato.

A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial,

prova documental, o depoimento pessoal do reclamado e oitiva de testemunhas.

Por fim, requer a procedência dos pedidos, com a condenação do reclamado

ao pagamento de todas as verbas postuladas, acrescidos de juros e correção
monetária.

Valor da causa superior a 40 salários mínimos

PEDE DEFERIMENTO

Vitória/ES, data xxx

Advogado xxx
Oab n° xxx