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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ DA XX VARA DO TRABALHO DE

TERESINA

RAIMUNDO NONATO DE SOUSA, brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na cidade


de Campo Maior-PI, vem perante Vossa Excelência, por seus procuradores, com fulcro no art.
840 da CLT, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de CONSTRUTORA DOS VERDES CAMPOS MAIORES, com sede na cidade


de Campo Maior-PI.

I. DA GRATUIDADE

O reclamante é pessoa pobre nos termos da Lei 1060/50 não tendo condições de litigar contra
a Reclamada sem prejuízo do seu sustento, conforme a declaração de situação econômica
anexa, razão por que faz jus ao benefício da Justiça Gratuita, nos precisos termos do inc.
LXXIV do art. 5º da CF/88.

II. DO RESUMO DOS FATOS

O reclamante foi contratado pela empresa Reclamada em 25 de maio de 2018 para exercer a
função de pedreiro na Cidade de Campo Maior. Ele teve a carteira assinada em 25/05/2018,
mas foi contratado em 25/02/2018.

Ele trabalhava de segunda à sábado das 07h às 12h e das 14h às 19h, tendo 2 horas de
intervalo e descanso nos domingos. Além disso ele recebia a remuneração no valor de R$
1.300,00 reais abaixo do valor do piso salarial do pedreiro que correspondente ao valor de
R$1.500,00 reais na cidade de Campo Maior.

O reclamante informou que a reclamada não estava recolhendo o FGTS do empregado desde
janeiro de 2021; que a empresa nunca lhe concedeu férias e que ela negava o pedido de gozo
de férias do empregado; a empresa não pagou o 13º salário referente aos anos de 2020 e 2021;
a empresa reclamada tinha o hábito de atrasar o pagamento do salário com atraso superior de
15 dias e que já estava com mais de 3 meses sem receber seu salário; que ela nunca pagou
pelas horas extras trabalhadas.

Além disso, a empresa reclamada não fornecia água potável para seus trabalhadores e que eles
eram obrigados a beber água oriunda de um velho poço cacimbão. A empresa não fornecia
banheiro químico para os trabalhadores fazerem suas necessidades e por causa disso, eles
faziam suas necessidades de higiene pessoal no meio do mato.

III. DO DIREITO

3.1 NATUREZA DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Em decorrência das violações do art.483, inciso D, da CLT, o reclamante interrompeu suas


atividades em 28/10/2022, sendo cabível o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de
trabalho.

O reclamante foi contratado em 25/02/2018 pela empresa reclamada para exercer a função de
pedreiro, tendo o contrato formalmente assinado somente em 25/05/2018. Dessa forma a
empresa Reclamada assinou a CTPS do empregado com 3 meses após ter iniciado as
atividades laborais. Em razão disso a empresa deixou de recolher o FGTS por 3 meses na
conta vinculada do empregado.

Conforme os fatos narrados, a Reclamada não estava cumprindo diversas obrigações


trabalhistas referentes ao contrato de trabalho, tais, atraso do pagamento do salário, férias,
recolhimento do FGTS, horas extras, pagamento do 13º salário. Além disso não fornecia boas
condições de trabalho, como fornecimento de água potável e banheiro químico para os
trabalhadores. Em razão disso no dia 28/10/2022 o reclamante decidiu não comparecer ao seu
posto de trabalho.

Desta forma, fica inviável a manutenção do contrato de trabalho, pois o reclamante sempre
desempenhou suas funções com zelo, pontual, profissional e em troca recebeu a recusa da
Reclamada em cumprir suas obrigações trabalhistas e tal situação se deu por culpa exclusiva
da Reclamada.

Diante disso, requer a condenação da Reclamada para que rescinda o contrato de trabalho e
que faça o pagamento de todas as verbas rescisórias devidas da rescisão indireta.
3.2 VERBAS RESCISÓRIAS

ANOTAÇÃO DE REGISTRO NA CTPS

Conforme fatos expostos, o reclamante foi contratado em25/02/2018 para exercer a função de
pedreiro na empresa Reclamada e somente em 25/05/2018 foi feito o registro de admissão na
sua CTPS, ou seja, com atraso de 3 meses.

Sendo assim, requer que a Reclamada faça a anotação na Carteira de Trabalho do reclamante
no período de 25/02/2018 à 25/05/2018, assim como a baixa na CTPS do reclamante no
período de 25/02/2018 à 28/10/2022.

FÉRIAS

O reclamante informou que nunca gozou férias e que a empresa recusou a conceder férias
quando era solicitado pelo empregado.

O art. 129 da CLT dispõe que “todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um
período de férias, sem prejuízo da remuneração”.

Dessa forma, o reclamante faz jus a remuneração de férias proporcionais e com adicional de
1/3 referentes aos períodos: março/2019 à março/2020, março/2020 à março/2021,
março/2021 à março/2022 e março à outubro de 2022.

Requer a condenação da Reclamada ao pagamento das férias proporcionais e com adicional


de 1/3 referentes aos períodos citados.

HORAS EXTRAS

O reclamante trabalhava de segunda à sábado das 07h às 12h e das 14h às 19h, tendo 2 horas
de intervalo e descanso nos domingos.

De acordo com os fatos narrados, sua jornada de trabalho era 10 horas diárias, ou seja, ele
laborava 6 horas a mais durante o sábado.

O art. 58 da CLT, dispõe que a duração da jornada do empregado não pode ultrapassar das 8
horas diárias, não excedendo as 44 horas semanais.

Em relação ao caso apresentado, o reclamante tem direito ao pagamento de 6 horas extras por
semana. Portanto requer o pagamento das horas extras.
13º SALÁRIO

O empregado não recebeu as verbas relativas ao 13º salário proporcional referente aos anos de
2020 e 2021.

Portanto requer que a Reclamada seja condenada ao pagamento do 13º salário referentes aos
anos de 2020 e 2021.

FALTA DE DEPÓSITO DO FGTS

O reclamante informou que a Reclamada deixou de recolher o FGTS e depositá-los na sua


conta vinculada desde janeiro de 2022.

Por se tratar de uma garantia prevista no art.7º, III, da CF, traz uma obrigação do empregador
de efetuar o pagamento e tempestivo recolhimento dos depósitos na conta vinculada do
empregado, para que possibilite o empregado em caso de necessidade, realizar o saque dos
valores depositados.

Desta forma requer a condenação da Reclamada para que efetue o pagamento e recolhimento
do FGTS no período de janeiro à outubro de 2022, bem como seus reflexos.

SALDO DE SALÁRIO

O reclamante trabalhou até o dia 27 de outubro de 2022 e não recebeu qualquer valor
referente ao saldo de salário dos 27 dias de labor do mês de outubro de 2022.

Assim, requer seja a reclamada condenada ao pagamento do saldo de salário de 27 dias de


labor no mês de outubro do reclamante.

AVISO PRÉVIO INDENIZADO

O reclamante encerrou seu contrato de trabalho, por conta do descumprimento das obrigações
da Reclamada, no dia 28 de outubro de 2022 e em decorrência disso, não recebeu aviso prévio
ou ter sido indenizado.

Portanto, o reclamante faz jus ao recebimento de 30 dias de aviso prévio indenizado,


conforme o art.487 da CLT.
Requer a condenação da Reclamada ao pagamento do aviso prévio de 30 dias, bem como seu
reflexo no FGTS, férias e 13º salário.

SEGURO- DESEMPREGO

Em decorrência da extinção do contrato de trabalho, o empregado possui direito a liberação


das guias do seguro-desemprego, conforme a Lei nº 7.7.998/1990.

Requer a liberação das guias do seguro-desemprego, sob pena de incidência da indenização


substitutiva prevista na Sumula 389 do TST;

MULTA DO ART.467 DA CLT

Dispõe o referido artigo que em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsias sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado à pagar ao
trabalhador, a data do comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas
verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%. Assim postula-se a referida multa caso a
reclamada não pague em tempo hábil as verbas incontroversas.

3.3 REMUNERAÇÃO

O reclamante informou foi contratado para exercer a função de pedreiro e que recebia a
remuneração anotada da sua carteira de trabalho no valor de R$ 1.300,00 reais. Além disso, o
piso salarial do pedreiro no Acordo Coletivo do Sindicato dos Trabalhadores na Construção
Civil do Estado do Piauí e firmado com a empresa empregadora para o período janeiro
2020/dezembro de 2022 corresponde a quantia de R$1.500,00.

Conforme os fatos narrados, ele recebia desde janeiro de 2020 valor abaixo do piso salarial do
pedreiro e a Reclamada estava deixando de cumprir o acordo firmado com o sindicato dos
trabalhadores.

Requer a condenação da Reclamada ao pagamento da diferença do piso salarial de 200,00


reais referentes aos anos de 2020,2021 e 2022.

ATRASO DO PAGAMENTO DO SALÁRIO

O reclamante afirmou que a Reclamada não efetuava o pagamento dentro do prazo estipulado
em lei, chegando às vezes, efetuar o pagamento com mais de 15 dias de atraso e que está com
mais de 3 meses sem receber seu salário.
Essa prática corriqueira da empresa caracteriza-se falta grave e enseja rescisão indireta,
conforme art.483, inciso d, da CLT.

Conforme dispõe o art. 459 da CLT, o pagamento do salário não pode ser estipulado ao
período superior de 1 mês e que deve ser pago até o 5 º dia útil do mês subsequente ao
vencido.

Além disso, o incidente normativo nº 72 do TST prevê multa de 10% sobre o saldo salarial
em caso de atraso do pagamento do salário, no período superior de 20 dias e de 5% para os
períodos subsequentes.

Portanto, requer a condenação da Reclamada ao pagamento do salário referentes aos 3 meses


de atraso e multa por cada dia de atraso.

3.4 MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO

O reclamante informou que a empresa reclamada não fornecia água potável para seus
trabalhadores e que eles eram obrigados a beber água oriunda de um velho poço cacimbão. A
empresa não fornecia banheiro químico para os trabalhadores fazerem suas necessidades e por
causa disso, eles faziam suas necessidades de higiene pessoal no meio do mato.

Conforme o art.200, inciso VII, dispõe que o Ministério do Trabalho deve estabelecer normas
complementar em relação a higiene nos locais de trabalho, fornecimento de água potável e
instalações sanitárias. A NR-24 é a norma que regulamenta sobre as condições sanitárias e de
conforto aplicáveis aos trabalhadores, incluindo neste caso o fornecimento de água potável e
instalações sanitárias.

A NR-18 também dispõe sobre as condições de trabalho dos trabalhadores da Construção


Civil, tais como:

18.5.3A instalação sanitária deve ser constituída de lavatório, bacia sanitária


sifonada, dotada de assento com tampo, e mictório, na proporção de 1 (um) conjunto
para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro, na
proporção de 1 (uma) unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração.

18.5.6 É obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e fresca para os


trabalhadores, no canteiro de obras, nas frentes de trabalho e nos alojamentos, por
meio de bebedouro ou outro dispositivo equivalente, na proporção de 1 (uma)
unidade para cada grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração, sendo vedado
o uso de copos coletivos.

18.5.6.1 O fornecimento de água potável deve ser garantido de forma que, do posto
de trabalho ao bebedouro ou ao dispositivo equivalente, não haja deslocamento
superior a 100 m (cem metros) no plano horizontal e 15 m (quinze metros) no plano
vertical.

18.5.6.2 Na impossibilidade de instalação de bebedouro ou de dispositivo


equivalente dentro dos limites referidos no subitem anterior, as empresas devem
garantir, nos postos de trabalho, suprimento de água potável, filtrada e fresca
fornecida em recipientes portáteis herméticos.

Portanto requer a Reclamada forneça melhores condições de trabalho e conforto aos


trabalhadores, incluindo o fornecimento de água potável e instalações sanitárias.

Ao não dispor de um ambiente adequado aos patamares mínimos de higiene e saúde


necessários para que o ser humano execute seu trabalho, isso atinge a dignidade do
trabalhador, em razão da humilhação e do constrangimento suportados, estando sujeito a
pleiteação de danos morais.

Portanto requer a condenação da Reclamada ao pagamento de danos morais em razão das más
condições de trabalho no valor de R$ 5.000,00 reais.

IV. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O art.791-A da CLT, possibilita a concessão de honorários advocatícios de sucumbência, em


percentual que deve ser arbitrado entre 5% a 15%, sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido, ou não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa. Assim, requer a concessão de honorários advocatícios de sucumbência no
valor de 15%, na forma da lei.

V. DOS PEDIDOS

Considerando os fatos e argumentos acima expostos, postula-se a Vossa Excelência o


seguinte: 

a) O benefício da justiça gratuita, eis que o reclamante é pobre na forma da lei.


b) Requer a condenação da Reclamada para que rescinda o contrato de trabalho e que faça o
pagamento de todas as verbas rescisórias devidas da rescisão indireta;

c) Requer que a Reclamada faça a anotação na Carteira de Trabalho do reclamante no período


de 25/02/2018 à 25/05/2018, assim como a baixa na CTPS do reclamante no período de
25/02/2018 à 28/10/2022.

d) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento das férias proporcionais e com


adicional de 1/3 referentes aos períodos: março/2019 a março/2020, março/2020 a
março/2021, março/2021 a março/2022 e março a outubro de 2022.

e) Requer o pagamento das horas extras.

f) Requer que a Reclamada seja condenada ao pagamento do 13º salário referentes aos anos
de 2020 e 2021;

g) Requer a condenação da Reclamada para que efetue o pagamento e recolhimento do FGTS


no período de janeiro a outubro de 2022, bem como seus reflexos.

h) Requer seja a reclamada condenada ao pagamento do saldo de salário de 27 dias de labor


no mês de outubro do reclamante.

i) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento do aviso prévio de 30 dias, bem como


seu reflexo no FGTS, férias e 13º salário.

j) Requer a liberação das guias do seguro-desemprego, sob pena de incidência da indenização


substitutiva prevista na Sumula 389 do TST;

k) Requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no art.467 da CLT.

l) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento da diferença do piso salarial de 200,00


reais referentes aos anos de 2020, 2021 e 2022.

m)Requer a condenação da Reclamada ao pagamento do salário referentes aos 3 meses de


atraso e multa por cada dia de atraso.

n) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento de danos morais em razão das más


condições de trabalho no valor de R$ 5.000,00 reais.

o) Requer a concessão de honorários advocatícios de sucumbência no valor de 15%, na forma


da lei.
Protesta pela possibilidade de produção de todas as provas admitidas em direito (CPC,
ART.319, VI).

Dá se a causa o valor de XX.XXX, XX.

Nestes termos.

Pede deferimento

Teresina, XX de XXXXX de XXXX

Advogada

OAB XXXX

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