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Peça nº 2: Contestação

Afonso Pena trabalhou como vendedor da empresa Bom Negócio Ltda., no período
de 16-11-2010 a 31-5-2018. Após sua dispensa sem justa causa, Afonso propôs
reclamação trabalhista (Processo n. 0032145-19.2018.5.09.0003), distribuída para a
3ª Vara do Trabalho de Maringá/PR, em 12-7-2018, em face de seu ex-empregador,
alegando em síntese que: a) apesar de trabalhar em funções externas, visitando
clientes da empresa, cumpria jornada de 10h diárias, sem nunca ter recebido horas
extras; b) a empresa efetuava, mensalmente, desconto em seu salário, pela adesão a
plano de saúde em sistema de coparticipação, desconto com o qual o empregado
nunca concordou; c) o valor do veículo fornecido pela empresa para que Afonso
efetuasse as visitas aos clientes nunca foi integrado a seu salário. Dessa forma, em
razão dos fundamentos acima expostos, o empregado pleiteou em sua reclamação
trabalhista: a) 2 horas extras diárias, acrescidas do adicional constitucional de 50%;
b) devolução dos descontos indevidos, em decorrência do plano de saúde; c)
integração do valor do veículo ao salário; e d) pagamento de participação nos lucros
ou resultados.

QUESTÃO: Como advogado procurado pela empresa Bom Negócio Ltda.,


apresente a medida processual cabível para a defesa de seus interesses, considerando
que a cliente lhe apresentou os seguintes documentos: a) cópia da anotação da CTPS
do empregado, com indicação da função de vendedor externo, incompatível com o
controle de jornada; b) termo de autorização de descontos salariais, firmado por
ocasião da contratação, para inclusão no plano de saúde.
EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DO TRABALHO DA
COMARCA DE MARINGÁ/PR

Autos nº 0032145-19.2018.5.09.0003

Bom negócio LTDA., inscrita no Cadastro Nacional Pessoas Jurídicas sob o nº


XXXXXX, com endereço eletrônico XXXXXX, com endereço na Rua XXXXXX, nº
XXXXXX, Bairro XXXXXX, Maringá/PR, CEP XXXXXX, por seu advogado, infra-
assinado e devidamente constituído, instrumento procuratório anexo (documento nº
XXXXXX), com escritório profissional na Rua XXXXXX, nº XXXXXX, Bairro
XXXXXX, Cidade XXXXXX, Estado XXXXXX, CEP XXXXXX, onde recebe
intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência oferecer

CONTESTAÇÃO

com fundamento no art. 847 da CLT e nos art. 336 e seguintes do CPC, respectivamente,
nos autos da Reclamação Trabalhista de número supra, proposta por AFONSO PENA,
já qualificado na exordial em curso perante esse ínclito juízo, pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos.

1. DOS FATOS

A reclamante trabalhou no período de 16-11-2010 a 31-5-2018 para o reclamado.


Após sua dispensa sem justa causa, a mesma propôs reclamação trabalhista (Processo n.
0032145-19.2018.5.09.0003), distribuída para esta vara em, 12-7-2018, alegando em
síntese que; apesar de trabalhar em funções externas, visitando clientes da empresa,
cumpria jornada de 10 horas diárias, sem nunca ter recebido horas extras, que a reclamada
efetuava, mensalmente, desconto em seu salário, pela adesão a plano de saúde em sistema
de coparticipação, desconto com o qual o empregado nunca concorda; que o valor do
veículo fornecido pela empresa para que Afonso efetuasse as visitas aos clientes nunca
foi integrado a seu salário. Dessa forma, baseado nestas alegações, a reclamante pleiteou
em sua reclamação trabalhista: a) 2 horas extras diárias, acrescidas do adicional
constitucional de 50% b) devolução dos descontos indevidos, em decorrência do plano de
saúde; c) integração do valor do veículo ao salário, e d) pagamento de participação nos
lucros ou resultados.
Todavia, tais argumentos lançados na inicial, por serem infundados, não
expressam a realidade dos fatos, como ficará provado, motivo pelo qual os pedidos
insertos na presente ação reclamatória deverão ser julgados improcedentes

2. DAS PRELIMINARES.

Observa-se, da exordial, que o reclamante solicitou o pagamento de participação


nos lucros ou resultados, mas não forneceu justificativa para o referido pedido.
Caracterizando essa limitação ao pedido, na possibilidade de a petição inicial ser
considerada inepta, uma vez que se trata de uma solicitação desprovida de causa de pedir,
de acordo com o artigo 330, inciso I, §1º, inciso I, do Código de Processo Civil (CPC).
Portanto, é razoável deferir a inépcia da petição inicial, conforme preceitua o
artigo 337, inciso IV, do Código de Processo Civil, o que resultará na extinção do pedido
sem análise do mérito, consoante com o estabelecido nos artigos 485, inciso I e IV, do
Código de Processo Civil.

3. DAS PREJUDICIAIS

Conforme estipulado pelo artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal de


1988, pelo artigo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Súmula 308 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), a prescrição trabalhista segue um prazo de dois
anos após o término do contrato de trabalho e abrange verbas que remontam a até cinco
anos antes do ajuizamento da ação.
No caso em questão, o reclamante foi contratado em 16-11-2010 e ajuizou a ação
em 12-7-2018, desta forma se mostram prescritas eventuais verbas devidas anteriormente
a 12-7-2013, e cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação.
Nesse contexto, requer-se o reconhecimento da prescrição de acordo com a
argumentação apresentada, com a consequente resolução do mérito da causa, conforme
estabelecido no artigo 487, inciso II, do Código de Processo Civil (CPC).
4. DO MERITO.

A. Das horas extras.

Durante todo o período de seu contrato, o Reclamante desempenhou a função de


vendedor externo para a Reclamada, conforme comprovado pela cópia de sua Carteira de
Trabalho e Previdência Social (CTPS). Nesse cargo, ele tinha uma jornada de trabalho
incompatível com o controle, como registrado na própria carteira de trabalho.
Portanto, o Reclamante se enquadra na exceção ao controle de jornada
estabelecida no artigo 62, inciso I, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que
significa que ele não tem direito às horas extras que solicitou. Dessa forma, requer a
improcedência desse pedido.

B. Dos descontos salariais.

No momento da sua contratação, o reclamante assinou um termo de compromisso


que autorizava a realização de descontos em seu salário para aquisição do plano de saúde,
conforme comprovação apresentada nos autos.
Nesse contexto, de acordo com o entendimento consagrado na Súmula 342 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), é permissível efetuar descontos no salário do
empregado para a concessão de benefícios, desde que haja autorização prévia e por
escrito, o que ocorreu no presente caso.
Portanto, o pedido de reembolso dos descontos carece de fundamento e também
deve ser julgado improcedente, uma vez que esses descontos foram expressamente
autorizados pelo reclamante.

C) Da integração do veículo ao salário

Conforme a alegação apresentada pelo Reclamante na inicial, o veículo fornecido


pela reclamada é considerado um bem essencial para o desempenho de suas funções e,
portanto, não possui caráter salarial, em conformidade com o que estabelece a Súmula
367, inciso I, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Dessa forma, novamente deve o
pedido do autor ser julgado improcedente.

5. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer

a) O acolhimento da preliminar de inépcia, para declarar extinto, sem resolução de mérito,


o pedido de participação nos lucros ou resultados, na forma do art. 485, IV, do CPC.

b) A pronúncia da prescrição em relação aos créditos anteriores a 12-7-2013, com


resolução do mérito, na forma do art. 487. II, do CPC.

c) No mérito, a improcedência dos pedidos, quais sejam, das horas extras, dos descontos
salariais e da integração do veículo ao salário.

d) Nos termos do art. 791-A da CLT, requer a condenação do reclamante ao pagamento


de honorários advocatícios de sucumbência. Desde já, ante a proibição ao enriquecimento
sem causa, a reclamada requer a dedução das parcelas já pagas sob a mesma rubrica.

Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos

Neste Termos,

Pede e Espera Deferimento.

Maringá/PR, Data XXXXX.

ADVOGADO XXXXX

OAB/UF XXXXXX

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