AO JUÍZO DA 200ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

Processo nº 0101010-50.2020.5.02.0200

SOCIEDADE EMPRESÁRIA AUDITORIA PENTEFINO S.A., já qualificado nos

autos do processo sob o número em epígrafe, por seu procurador com procuração
anexa, com fulcro no art.847 da CLT e art.336 a 341 do CPC, vem respeitosamente
à presença de Vossa Excelência apresentar:

CONTESTAÇÃO

Em face da reclamação trabalhista que lhe move ÉRICA GRAMA VERDE, já

qualificado nos autos.

I – DA PREJUDICIAL DE MÉRITO

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
A reclamante que ajuizou a inicial reclamação trabalhista na data de
30/01/2020, requereu verbas que retroagem ao período de 30/01/2015.
Conforme preceitua os artigos 11 da CLT e 7º, XXIX da Constituição Federal,
além da súmula 308, I do TST, as verbas trabalhistas prescrevem em 5 anos
contados do ajuizamento da ação.
Dessa maneira, requer extinto o processo com resolução de mérito, à luz do
ar. 487, II do CPC quanto as verbas pleiteadas anteriores aos últimos 5 anos,
contados do ajuizamento da presente demanda.
II – SÍNTESE FÁTICA DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
Conta a reclamante, em sua exordial reclamatória, que foi admitida no dia
29/09/2011, para exercer a função de gerente do setor de auditoria de médias
empresas, recebendo salário mensalmente de R$20.000,00 (vinte mil reais),
acrescido de gratificação de função de R$10.000,00 (dez mil reais). E pediu
demissão, em 07/01/2020.
Cumpria uma carga horária de segunda-feira a sábado das 08 horas às 20
horas, com intervalo de 1 hora para refeição, sendo que não marcava folha de ponto.
Informou que, desde o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades
que Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de médias empresas,
admitida em 15/01/2009, já na função de gerente, mas que ganhava salário 10%
superior ao da reclamante, conforme contracheques que foram juntados com a
petição inicial e evidenciam o salário superior da modelo.
Explicou e comprovou com os contracheques que, apartirde2018, passou a
receber prêmios em pecúnia, em valores variados.

III – DO MÉRITO

a) DA IMPROCEDÊNCIA DAS HORAS EXTRAS

A Reclamante requereu o pagamento de horas extras, alegando que
trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo de 1 hora para
refeição.
O artigo 71 da CLT estabelece a obrigatoriedade da concessão de intervalo
intrajornada aos trabalhadores, in verbis:
“Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja
duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o
qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá
exceder de 2 (duas) horas.”
Sendo assim, a reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras pleiteadas,
pois foi concedido 1 hora de intervalo para refeição. Logo, improcedente tal pedido.
 b) DA IMPROCEDÊNCIA DO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO DE 40%
SOBRE O FGTS

A Requerente requereu o pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS,

que não foi depositada na sua conta vinculada.
Sendo que, segundo a legislação trabalhista brasileira, a multa de 40% sobre
o FGTS é devida ao trabalhador que é demitido sem justa causa.
Esse direito é garantido pelo artigo 18 da lei 8.036/90, veja o que diz a seguir:
“Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho,
por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar
na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores
relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao
imediatamente anterior, que ainda não houver sido
recolhido, sem prejuízo das cominações legais.”
Com isso a Reclamante não jus ao pagamento de indenização, pois, o a
rescisão no contrato de trabalho foi por parte do empregado, ou seja, a requerente
pediu demissão, em 07/01/2020.

c) DA IMPROCEDÊNCIA DO PAGAMENTO ADICIONAL DE

PERICULOSIDADE
O adicional de periculosidade é a parcela contra prestativa suplementar dada
para trabalhadores que prestam serviços em que se encontram permanentemente
em contato com explosivos ou inflamáveis, cuja regulamentação deve estar
aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, no qual é realizada interpretação
por via do artigo 193 da CLT:
“Art. 193. São consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a:
I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
 II - Roubos ou outras espécies de violência física nas
atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial.”
Relata a requerente que, sociedade empresária localizado ao lado de uma
comunidade muito violenta, tendo a empregada ouvido diversas vezes disparos de
arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, avarias operações
policiais que combatiam o tráfico de drogas no local.
Com relação ao pedido de adicional de periculosidade, é importante lembrar
que para caracterizar periculosidade é necessária a realização de perícia.

d) HONORÁRIOS ADCOCATÍCIOS
Requer o pagamento em honorários sucumbenciais de 5% a 15% como
parâmetro ao valor da condenação, valor da causa do proveito econômico, nos
termos do art. 791-A da CLT.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS
Diante do exposto, requer que:

a) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente

Contestação, bem como requer que seja acolhida a prejudicial de mérito, com a
extinção do feito com resolução do mérito, nos termos do art.487, II, do Código de
Processo Civil.
b) Em relação ao mérito, sejam julgados improcedentes a totalidade dos
pedidos formulados na petição inicial, tendo em vista a ausência de direito do
reclamante, conforme já exposto.
d) Requer a condenação da parte Reclamante aos honorários advocatícios
sucumbenciais, nos termos do artigo 791-A da CL.

Protesto provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito,

em especial pelo depoimento pessoal reclamante, com a oitiva de testemunhas,
prova pericial, provas documentais ou outras provas a serem produzidas.
Nestes termos,

espera deferimento.

XXXX/XX, 17 de setembro de 2023

ELVIS WYSTHELLY DA SILVA

Matrícula 202009067191