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MPRJ

TREINO SG
Gabarito Comentado

Bloco II

Santo Graal
Jurídico
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Santo Graal
Jurídico

03 Direito Civil

30 Processo Civil

57 Direito Empresarial
Santo Graal
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DIREITO CIVIL

1 | JOÃO nasceu na Alemanha, mas mora no Brasil há muitos anos. Ele


tem três filhos: MARIA, JOSÉ e LUCAS, sendo que MARIA mora em
Berlim e os outros dois vivem no Brasil com o pai. Determinado dia,
JOÃO faleceu, deixando os três filhos como únicos herdeiros e um
patrimônio que consistia em uma casa no Brasil e uma na Alemanha,
onde mora MARIA. JOSÉ e LUCAS iniciaram o processo de inventário na
Justiça brasileira e indicaram os dois bens que existiam para serem
partilhados.

O advogado de JOSÉ e LUCAS defendeu que a Justiça brasileira seria


competente para realizar a partilha tanto da casa situada no Brasil
como também do imóvel localizado na Alemanha.

Levando em consideração o enunciado acima, assinale a alternativa


correta a luz das disposições da LINDB e da jurisprudência dos
Tribunais Superiores.

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETO. De fato, a sucessão de João, abrangendo todos os seus bens, deve


observar a lei brasileira tendo em vista que o de cujus era domiciliado no Brasil ao
tempo de sua morte.

Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da
situação da coisa (e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.362.400-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
28/4/2015 (Info 563).
Realmente, o art. 10 da LINDB afirma que a lei do domicílio do autor da herança
regulará a sucessão por morte. Ocorre que essa regra não é absoluta e deverá ser
interpretada sistematicamente, ou seja, em conjunto com os demais dispositivos que
regulam o tema, em especial o art. 8º, caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art.
23 do CPC:
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer
outra:

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(...)
II — em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;
Desse modo, esses dispositivos revelam que a lei brasileira só se aplica aos bens
situados no Brasil e autoridade judiciária brasileira somente poderá fazer o inventário
dos bens imóveis aqui localizados.

b) INCORRETO. Deverá observar a lei do país do domicílio dos herdeiros.

LINDB: Art. 10.A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos
bens.

§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei


brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela
Lei nº 9.047, de 1995)
§ 2° A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

c) INCORRETO. O inventário deve observar a lei da Alemanha, local onde o de cujus


nasceu.

Esse critério não encontra respaldo legal, como vimos acima.

d) CORRETO. Deverão ser abertos dois inventários: um aqui no Brasil para reger o bem
situado em nosso território e outro no exterior para partilhar o imóvel lá localizado.

Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da
situação da coisa (e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.362.400-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
28/4/2015 (Info 563).

e) INCORRETO. Há um conflito de jurisdição que será resolvido pela prevenção do juízo


em que for apresentado o primeiro pedido de abertura do inventário.

Esse critério não encontra respaldo legal.


Não há conflito de jurisdição, pois se trata de países diversos. Também não envolve
observância de prevenção que é critério de definição de competência interna.

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2 | Acerca das disposições do Decreto Lei nº 4.657/42 (LINDB) e a


jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alternativa correta.

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se


constituírem e a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em
que residir o proponente.

Art. 9° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se


constituírem.
§ 1° Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto
aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir
o proponente.

b) INCORRETO. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que


for celebrado o casamento, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

Art. 7° A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e
o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
(...)
§ 4° O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

c) INCORRETO. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei do
local onde serão apresentadas, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

LINDB: Art. 13.A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que
nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

d) INCORRETO. O Brasil não reconhece a possibilidade de cobrança judicial de dívida


de jogo, logo não é possível que o cassino cobre no Brasil por dívidas de jogo
contraídas no exterior.

A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona


legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons
costumes e a soberania nacional.
STJ. 3ª Turma. REsp 1628974-SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em
13/6/2017 (Info 610).

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e) INCORRETO. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados
os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a
seu cargo, ainda que haja eventuais prejuízos dos direitos dos administrados.

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os


obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas
a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.

3 | Quando dois indivíduos falecem na mesma ocasião, não se podendo


averiguar qual deles precedeu ao outro, dá-se o nome de:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. Morte presumida.

A alternativa tenta confundir a morte presumida com comoriência, porém são


institutos diversos.
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a
data provável do falecimento.

b) CORRETO. Comoriência.

“Comoriência vem do latim “commori”, que significa “morrer com”“. Nesse sentido,
busca exprimir uma situação de morte concomitante, ou seja, em que dois ou mais
indivíduos falecem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se alguém
precedeu ao outro.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.

c) INCORRETO. Morte natural.

A alternativa não condiz com a exigência do enunciado, como se viu na alternativa B, o


conceito ali tratado é de comoriência.

d) INCORRETO. Ausência.

Vide comentários da alternativa A.

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e) INCORRETO. Morte paralela.

Esse conceito não é tratado formalmente no código civil.

4 | Sobre a proteção que o ordenamento jurídico dá ao nome e a


interpretação jurisprudencial realizada pelos tribunais superiores,
analise as assertivas abaixo e depois marque a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

I – INCORRETO. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em


publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, se há intenção
difamatória.

Não há necessidade de investigar se a intenção do agente era de difamar.


Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória.

II – CORRETO. É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o


pai informou, perante o cartório de registro civil, nome diferente daquele que havia
sido consensualmente escolhido pelos genitores.

No caso concreto, havia um consenso prévio entre os genitores sobre o nome a ser
dado à filha. Esse acordo foi unilateralmente rompido pelo pai no momento do registro
da criança. Em palavras mais simples, os pais da criança haviam ajustado um nome,
mas o pai, no momento do registro, decidiu alterar o combinado.
Trata-se de ato que violou o dever de lealdade familiar e o dever de boa-fé objetiva e
que, por isso mesmo, não deve merecer guarida pelo ordenamento jurídico, na medida
em que a conduta do pai configurou exercício abusivo do direito de nomear a criança.
Vale ressaltar que é irrelevante apurar se houve, ou não, má-fé ou intuito de vingança
do genitor.
A conduta do pai de descumprir o que foi combinado é considerada um ato ilícito
independentemente da sua intenção.
Houve, neste caso, exercício abusivo do direito de nomear o filho, o que autoriza a
modificação posterior do nome da criança, na forma do art. 57, caput, da Lei nº
6.015/73.
Nomear o filho é típico ato de exercício do poder familiar, que pressupõe bilateralidade
e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz solucionar eventual desacordo
entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a autotutela.
STJ. 3ª Turma. REsp 1905614-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021
(Info 695).

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III – INCORRETO. É inadmissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na
constância do vínculo conjugal.

É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância do vínculo


conjugal.
Exemplo hipotético: Regina Andrade Medina casou-se com João da Costa Teixeira.
Com o casamento, ela passou a ser chamada de Regina Medina Teixeira. Ocorre que,
após anos de casada, Regina arrependeu-se da troca e deseja retornar ao nome de
solteira. Ela apresentou justas razões de ordem sentimental e existencial.
O pedido deve ser acolhido a fim de ser preservada a intimidade, a autonomia da
vontade, a vida privada, os valores e as crenças das pessoas, bem como a manutenção
e perpetuação da herança familiar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/03/2021
(Info 687).

IV – INCORRETO. O pseudônimo adotado para atividades ilícitas goza da proteção que


se dá ao nome.

Essa alternativa visa evitar a distração do aluno.


É claro que um pseudônimo adotado para uma atividade ilícita não gozará de nenhuma
proteção.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.

Gabarito

Está correto:

a) I e II, apenas;
b) II e III, apenas;
c) II, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

5 | De acordo com o código civil a incapacidade para os menores cessará

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. Pela união estável.

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Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(...)
II - pelo casamento;

b) INCORRETO. Pela aprovação em curso superior.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(...)
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

c) CORRETO. Pelo casamento.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(...)
II - pelo casamento;

d) INCORRETO. Pela concessão dos pais, a partir dos 15 anos.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

e) INCORRETO. Pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o


menor a partir de quatorze anos completos tenha economia própria.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(...)
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.

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6 | Sobre a proteção conferida pelo ordenamento jurídico à imagem,


como um direito da personalidade, avalie as assertivas a seguir e
marque aquela que se encontra em sintonia com as disposições legais e
jurisprudenciais:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETO. Há ofensa ao direito de imagem e, portanto, autoriza o direito à


indenização em razão da divulgação, no jornal, de imagem do cadáver morto em via
pública.

Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via


pública.
Os familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal
alegando que houve violação aos direitos de imagem.
O STF julgou a ação improcedente argumentando que condenar o jornal seria uma
forma de censura, o que afronta a liberdade de informação jornalística.
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018
(Info 921).

b) INCORRETO. Em regra é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra


particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem.

Em questões como essa, tenha cuidado com o enunciado!


Em regra não cabe:
A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem.

Não é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular,


indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem.
STJ. 4ª Turma. REsp 1258389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013
(Info 534).

ATENÇÃO: Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos
morais relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade
institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados
em geral for evidente.
Imagine que um particular profere palavras ofensivas contra a administração pública.
A pessoa jurídica de direito público terá direito à indenização por danos morais sob a
alegação de que sofreu violação da sua honra ou imagem?
NÃO. Em regra, pessoa jurídica de direito público não pode pleitear, contra particular,
indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem. Nesse
sentido: REsp 1.258.389/PB, REsp 1.505.923/PR e AgInt no REsp 1.653.783/SP.

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Suponha, contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que
desviou vultosa quantia e gerou grande repercussão na imprensa, acarretando
descrédito em sua credibilidade institucional. Neste caso, os particulares envolvidos
poderiam ser condenados a pagar indenização por danos morais à autarquia?
SIM. Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional
for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for
evidente.
Nos três julgados acima mencionados nos quais o STJ negou direito à indenização, o
que estava em jogo era a livre manifestação do pensamento, a liberdade de crítica dos
cidadãos ou o uso indevido de bem imaterial do ente público. No caso concreto é
diferente. A indenização está sendo pleiteada em razão da violação à credibilidade
institucional da autarquia que foi fortemente agredida em razão de crimes praticados
contra ela.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.722.423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2020
(Info 684).

c) INCORRETO. O uso, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física


fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, só configura
dano moral se houver conotação ofensiva ou vexaminosa na divulgação.

O uso, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada


isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, configura dano moral
mesmo que não tenha havido nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa na
divulgação. O dano moral é decorrente tão somente do fato de ter sido usada a
imagem da pessoa sem a sua autorização.
Assim, é cabível compensação por dano moral decorrente da simples utilização de
imagem de pessoa física, em campanha publicitária, sem autorização do fotografado.
Aplica-se aqui o raciocínio da Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais.
STJ. 4ª Turma. REsp 1307366-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/6/2014 (Info 546).

d) CORRETO. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça configura dano moral


indenizável a divulgação não autorizada da imagem de alguém em material impresso
de propaganda político-eleitoral, independentemente da comprovação de prejuízo.

Configura dano moral indenizável a divulgação não autorizada da imagem de alguém


em material impresso de propaganda político-eleitoral, independentemente da
comprovação de prejuízo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1217422-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
23/9/2014 (Info 549).

e) INCORRETO. Depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não


autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.

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A alternativa está incorreta e vai de encontro a entendimento sumulado pelo STJ:
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação
não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.

7 | Acerca do tratamento da prescrição e decadência, é correto afirmar


que:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETO. Nos casos de decadência previstos em lei, o juiz não poderá, de ofício,
conhecer da decadência, sendo necessária a provocação da parte interessada.

CC: Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida
por lei.

b) INCORRETO. Salvo disposição legal em contrário, se aplicam à decadência as


normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as


normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

c) INCORRETO. A prescrição ocorre em cinco anos, quando a lei não lhe haja fixado
prazo menor.

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor.

d) INCORRETO. Prescreve em três anos, a pretensão para haver prestações


alimentares, a partir da data em que se vencerem.

Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem.

e) CORRETO. A prescrição intercorrente terá o mesmo prazo de prescrição da


pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da
prescrição previstas no Código Civil e no Código de Processo Civil.

Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da


pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção
da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela Lei
nº 14.382, de 2022)
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8 | Sobre os defeitos do negócio jurídico e suas implicações legais, é


possível afirma que:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. É anulável o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

CC: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
A simulação como causa de nulidade (não de anulabilidade), do negócio jurídico e,
dessa forma, como regra de ordem pública que é, pode ser declarada até mesmo de
ofício pelo juiz da causa (art. 168, parágrafo único, do CC/2002).

b) INCORRETO. A simulação relativa ocorre quando as partes fingem que estão


celebrando determinado negócio jurídico mas não fizeram negócio nenhum.

Conforme doutrina de Rosa Maria de Andrade Nery e Nelson Nery JR.:


“O negócio jurídico simulado é produto de uma relação jurídica que não tem
conteúdo - inexiste (simulação absoluta), ou que tem conteúdo diverso do que
aparenta (simulação relativa) sempre se constituindo em manifestação de
vontades em divergência intencional com as vontades internas.” (Instituições de
Direito Civil, vol. I – Tomo II, São Paulo: ed. RT, 2015, p. 298)

c) CORRETO. Na análise do vício da simulação, devem ser considerados os seguintes


elementos: a consciência dos envolvidos na declaração do ato simulado, sabidamente
divergente de sua vontade íntima, a intenção enganosa em relação a terceiros, e o
conluio entre os participantes do negócio danoso.

Na análise do vício da simulação, devem ser considerados os seguintes elementos: a


consciência dos envolvidos na declaração do ato simulado, sabidamente divergente de
sua vontade íntima, a intenção enganosa em relação a terceiros, e o conluio entre os
participantes do negócio danoso.
No caso concreto, ficou demonstrado que as circunstâncias evidenciam seguramente
a ocorrência de simulação no negócio jurídico envolvendo a compra e venda de um
imóvel em prejuízo à meação da ex-esposa. STJ. 3ª Turma. REsp 1969648-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 18/10/2022 (Info 754).

d) INCORRETO. A simulação é causa de nulidade absoluta do negócio jurídico, salvo se


já foi alvo de prescrição.

A simulação é causa de nulidade absoluta do negócio jurídico simulado, insuscetível,


portanto, de prescrição ou de decadência, nos termos dos arts. 167 e 169 do CC. STJ. 4ª
Turma. AgInt no AREsp 1.557.349/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/5/2020.

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e) INCORRETO. Para se reconhecer a simulação, é necessário o ajuizamento de uma
ação própria com essa finalidade.

“(...) Em todos os casos, não há necessidade de uma ação específica para se declarar
nulo o ato simulado. Assim, cabe o seu reconhecimento incidental e de ofício pelo juiz
em demanda que trate de outro objeto.” (TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Lei de
Introdução e Parte Geral. Vol. 1. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 489).
O próprio STJ já tinha um julgado no mesmo sentido:
O entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça é de que a nulidade absoluta é
insanável, podendo assim ser declarada de ofício.
Logo, se o Juiz deve conhecer de ofício a nulidade absoluta, sendo a simulação causa
de nulidade do negócio jurídico, sua alegação prescinde de ação própria. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.582.388/PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 03/12/2019.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O reconhecimento de simulação na compra e
venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal gera nulidade do negócio
e garante o direito à meação a ex-cônjuge. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9877c66299c5b
98d81fed12827d87e4b>. Acesso em: 02/02/2024

9 | De acordo com o Código Civil, é nulo o negócio jurídico quando:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Não revestir a forma prescrita em lei.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


(...)
IV - não revestir a forma prescrita em lei;

b) INCORRETO. Celebrado por agente relativamente incapaz.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

c) INCORRETO. For ilícito, impossível ou determinável o seu objeto.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

d) INCORRETO. For sujeito à condição, termo ou encargo.

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A condição, termo e o encargo são elementos acidentais do negócio jurídico não
implicando sua nulidade, ao contrário do que diz a assertiva.

e) INCORRETO. Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.

Trata-se de hipótese de anulabilidade:


Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.

10 | A respeito da desconsideração da personalidade jurídica e seu


regramento pelo Código Civil bem como o entendimento dos tribunais
superiores, é possível asseverar que:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. Considera-se que há confusão patrimonial quando a pessoa jurídica é


utilizada para lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.

A alternativa trouxe o conceito de desvio de finalidade:


Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

b) CORRETO. Para fins de desconsideração da personalidade jurídica prevista no


Código Civil, não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

Art. 50, §5º, CC: Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração
da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

c) INCORRETO. A existência de grupo econômico autoriza a desconsideração da


personalidade jurídica.

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Art. 50, § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de
que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da
pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019).

d) INCORRETO. Em caso de dissolução irregular da pessoa jurídica, presume-se a


existência de desvio de finalidade, para fins de desconsideração da personalidade
jurídica prevista no Código Civil.

O Código Civil, diferente do Código de Defesa do Consumidor, adota a teoria maior


para desconsideração da personalidade jurídica, sendo necessário a presença do
desvio de finalidade ou da confusão patrimonial.

Dessa forma, o STJ tem o entendimento de que "o encerramento das atividades ou
dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não é causa, por si só, para a
desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil."

Tenha em mente os seguintes enunciados:


Enunciado 282 da IV Jornada de Direito Civil: “O encerramento irregular das
atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da
personalidade jurídica.”
Enunciado 51 da I Jornada de Direito Civil: “A teoria da desconsideração da
personalidade jurídica - disregard doctrine - fica positivada no novo Código Civil,
mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção
jurídica sobre o tema.”
Enunciado 146 da III Jornada de Direito Civil: “Nas relações civis, interpretam-se
restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica
previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial).”

e) INCORRETO. O Código Civil adotou, como regra geral, a teoria menor da


desconsideração da personalidade jurídica, sendo suficiente a inexistência de bens em
nome da pessoa jurídica para atingir os bens dos sócios.

O Código Civil, em seu art. 50, caput, adotou a teoria maior da desconsideração da
personalidade jurídica:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019).

16
Santo Graal
Jurídico

TEORIA MAIOR TEORIA MENOR

O Direito Civil brasileiro adotou, como regra No Direito do Consumidor e no Direito


geral, a chamada teoria maior da Ambiental, adotou-se a teoria menor da
desconsideração. Isso porque o art. 50 exige desconsideração. Isso porque, para que haja a
que se prove o desvio de finalidade (teoria desconsideração da personalidade jurídica nas
maior subjetiva) ou a confusão patrimonial relações jurídicas envolvendo consumo ou
(teoria maior objetiva). responsabilidade civil ambiental não se exige
desvio de finalidade nem confusão patrimonial.

De acordo com a Teoria Menor, a incidência da


desconsideração se justifica:
Deve-se provar:
a) pela comprovação da insolvência da pessoa
1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade
jurídica para o pagamento de suas obrigações,
ou confusão patrimonial);
somada à má administração da empresa (art. 28,
2) Que os administradores ou sócios da pessoa
caput, do CDC); ou
jurídica foram beneficiados direta ou
b) pelo mero fato de a personalidade jurídica
indiretamente pelo abuso (novo requisito
representar um obstáculo ao ressarcimento de
trazido pela Lei nº 13.874/2019).
prejuízos causados aos consumidores, nos termos
do § 5º do art. 28 do CDC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1735004/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 26/06/2018.

Exige como único requisito o prejuízo do


Exige o abuso da Personalidade jurídica, que consumidor. O caput do art. 28 cita alguns
pode ser por: exemplos, em rol não taxativo, como abuso de
- confusão patrimonial. direito, excesso de poder, infração da lei etc.
- desvio de finalidade.

Exige como único requisito o prejuízo do


Exige o abuso da Personalidade jurídica, que consumidor. O caput do art. 28 cita alguns
pode ser por: exemplos, em rol não taxativo, como abuso de
- confusão patrimonial. direito, excesso de poder, infração da lei etc.
- desvio de finalidade.

11 | Acerca da responsabilidade civil e a Lei Geral de proteção de dados


(Lei nº 13.709/2018) bem como seu tratamento legal e jurisprudencial,
analise as assertivas abaixo e indique as corretas:

- RESPOSTA: Alternativa B

I – INCORRETO. O vazamento de dados pessoais armazenados em banco de dados de


determinada concessionária de serviço público gera dano moral presumido.

17
Santo Graal
Jurídico
Caso concreto: um hacker invadiu o sistema informatizado da concessionária de
energia elétrica e de lá copiou os dados pessoais de inúmeros consumidores. O hacker
copiou os dados pessoais de Regina (nome completo, endereço, número do RG, data de
nascimento, número de telefone) e os vendeu para uma empresa de marketing.
Regina ajuizou ação de indenização contra a concessionária sustentando a tese de que
o vazamento de dados pessoais gera dano moral presumido.
O STJ não concordou com o argumento.
O art. 5º, II, da Lei 13.709/2018 (LGPD), prevê que determinados dados pessoais devem
ser qualificados como “sensíveis”, exigindo exigir um tratamento diferenciado por
parte de quem armazena essas informações. São aqueles relacionados com origem
racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a
organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à
vida sexual, dado genético ou biométrico.
Os dados que a concessionária armazenava eram aqueles que se fornece em qualquer
cadastro, inclusive nos sites consultados no dia a dia, não sendo, portanto,
acobertados por sigilo. Não eram, portanto, dados pessoais sensíveis. O conhecimento
desses dados “comuns” por terceiro em nada violaria o direito de personalidade da
autora.
O vazamento de dados pessoais, a despeito de se tratar de falha indesejável no
tratamento de dados de pessoa natural por pessoa jurídica, não tem o condão, por si
só, de gerar dano moral indenizável.
Desse modo, não se trata de dano moral presumido, sendo necessário, para que haja
indenização, que o titular dos dados comprove qual foi o dano decorrente da exposição
dessas informações.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2130619-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/3/2023
(Info 766).

II – CORRETO. O tratamento de dados pessoais sensíveis pode ocorrer, ainda que sem
consentimento do titular, quando for indispensável para cumprimento de obrigação
legal ou regulatória pelo controlador.

Lei nº 13.709/2018:
Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas
seguintes hipóteses:
(...)
II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for
indispensável para:
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;

III – INCORRETO. Os dados pessoais sensíveis apenas poderão ser tratados com o
consentimento do titular.

Lei nº 13.709/2018:
Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas
seguintes hipóteses:
I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e
destacada, para finalidades específicas;

18
Santo Graal
Jurídico
II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for
indispensável para:
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração
pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos;
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a
anonimização dos dados pessoais sensíveis;
d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo judicial,
administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de
1996 (Lei de Arbitragem) ;
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro;
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de
saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de
identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os
direitos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e
liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais.

Gabarito

Estão corretos, apenas:


a) I e II, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) III, apenas.
e) I, II e III, apenas.

12 | Acerca da disciplina legal das fundações, aponte a alternativa


correta:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETO. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, sempre por escritura
pública, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina,
e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

19
Santo Graal
Jurídico
b) INCORRETO. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
destinados serão devolvidos ao instituidor.

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

c) INCORRETO. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
não havendo prazo, em cento e vinte dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo


ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto
da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade
competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério
Público.

d) CORRETO. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é preciso que haja
deliberação por dois terços dos competentes para geri-la e representá-la.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a
fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e
cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

e) INCORRETO. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde atuarem.

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

13 | A respeito das relações de parentesco, seu tratamento legal e


jurisprudencial, analise as assertivas a seguir:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

I – CORRETO. A possibilidade de cumulação da paternidade socioafetiva com a


biológica está diretamente relacionada com o princípio constitucional da igualdade
dos filhos (art. 227, § 6º, da CF/88), sendo expressamente vedado qualquer tipo de
discriminação e, portanto, de hierarquia entre eles.
20
Santo Graal
Jurídico
Trata-se de tema decidido em regime de repercussão geral pelo STF:
A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com
os efeitos jurídicos próprios.
STF. Plenário. RE 898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016
(Repercussão Geral – Tema 622) (Info 840).

II – CORRETO. Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de


tratamento e de efeitos jurídicos entre as paternidades biológica e socioafetiva.

Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de tratamento e de efeitos


jurídicos entre as paternidades biológica e socioafetiva.
STJ. 4ª Turma.REsp 1487596-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
28/09/2021 (Info 712).

III – CORRETO. Não se deve admitir que na certidão de nascimento conste o termo "pai
socioafetivo", bem como não é possível afastar a possibilidade de efeitos patrimoniais
e sucessórios quando reconhecida a multiparentalidade.

A possibilidade de cumulação da paternidade socioafetiva com a biológica contempla


especialmente o princípio constitucional da igualdade dos filhos (art. 227, § 6º, da CF).
Não se deve admitir que na certidão de nascimento conste o termo "pai socioafetivo",
bem como não é possível afastar a possibilidade de efeitos patrimoniais e sucessórios
quando reconhecida a multiparentalidade. Caso contrário, estar-se-ia reconhecendo a
possibilidade de uma posição filial inferior em relação aos demais descendentes do
genitor socioafetivo, violando o disposto nos arts. 1.596 do CC/2002 e 20 da Lei n.
8.069/1990.
Portanto, reconhece-se a equivalência de tratamento e dos efeitos jurídicos entre as
paternidades biológica e socioafetiva na hipótese de multiparentalidade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1487596/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
28/09/2021.

Comentários

Está correto o afirmado em:


a) I e II, apenas.
b) I, II e III.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, apenas.

21
Santo Graal
Jurídico

14 | De acordo com o Código Civil, aquele que, achando-se em relação de


dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas é considerado:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Detentor.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de


dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.

b) INCORRETO. Inquilino.

Inquilino é o indivíduo que mora em imóvel alugado.

c) INCORRETO. Superficiário.

Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar


em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente
registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel.

d) INCORRETO. Possuidor.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

e) INCORRETO. Proprietário.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

15 | Sobre aceitação e renúncia da herança, marque a alternativa


incorreta:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

22
Santo Graal
Jurídico
a) CORRETA. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,
poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior
de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por
aceita.

CC: Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a


herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável,
não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver
a herança por aceita.

b) CORRETA. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a


termo.

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a
termo.

c) INCORRETA Nos casos em que o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando


à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
Nesse caso, a habilitação dos credores se fará no prazo de vinte dias úteis seguintes
ao conhecimento do fato.

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança,


poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao
conhecimento do fato.

d) CORRETA. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém,


ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe
renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por
cabeça.

Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém,
ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe
renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por
cabeça.

e) CORRETA. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde


que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a
primeira.

Art. 1.809. (...) Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes
da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão
aceitar ou renunciar a primeira.

23
Santo Graal
Jurídico

16 | Nos termos do Código Civil Brasileiro de 2002 analise as seguintes


alternativas:

- RESPOSTA: Alternativa D

I – CORRETO. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem


para fins não econômicos;

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem


para fins não econômicos.

II – INCORRETO. Os bens públicos dominicais são inalienáveis;

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as


exigências da lei.

III – INCORRETO. Qualquer pessoa pode exercer atividade comercial,


independentemente de capacidade civil.

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo
da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

IV – INCORRETO. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de


interesses com o representado, mesmo que tal fato não fosse do conhecimento de
quem com aquele tratou.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de


interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de
quem com aquele tratou.

Gabarito

Estão corretas as alternativas:


a) I e IV.
b) II, III e IV.
c) Todas estão corretas.
d) Apenas a alternativa I está correta.
e) I e III.

24
Santo Graal
Jurídico

17 | A tomada de decisão apoiada visa garantir apoio à pessoa com


deficiência em suas decisões sobre atos da vida civil e assim ter os
dados e informações necessários para o pleno exercício de seus
direitos. Sobre o tema e seu tratamento pela legislação vigente bem
como pela jurisprudência dos tribunais superiores, é correto afirmar
que:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETO. É possível tomada de decisão apoiada de ofício pelo juiz.

Conforme se extrai da interpretação sistemática dos parágrafos § 1º, § 2º e § 3º do Art.


1.783-A, a tomada de decisão apoiada exige requerimento da pessoa com deficiência,
que detém a legitimidade exclusiva para pleitear a implementação da medida, não
sendo possível a sua instituição de ofício pelo juiz.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.795.395/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/5/2021.

b) INCORRETO. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça não há relação de


preferência entre a tomada de decisão apoiada e a interdição, sendo essa avaliação a
critério do juiz.

Tomada de decisão apoiada é preferível em relação à interdição. STJ. 3ª Turma.


REsp n. 1.645.612/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/10/2018.

c) INCORRETO. Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com


deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do
apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, não sendo imprescindível que
indique o prazo de vigência.

Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha
vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão
sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para
que possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

§ 1 o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e


os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser
oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e
o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)

25
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETO. Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada,
o juiz ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio,
independentemente de oitiva anterior do Ministério Público.

CC, Art. 1.783-A: § 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão


apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério
Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.

e) CORRETO. A tomada de decisão apoiada exige requerimento da pessoa com


deficiência, que detém a legitimidade exclusiva para pleitear a implementação da
medida.

CC, Art. 1.783-A: (...) § 2 o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela
pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio
previsto no caput deste artigo.
Conforme se extrai da interpretação sistemática dos parágrafos § 1º, § 2º e § 3º do Art.
1.783-A, a tomada de decisão apoiada exige requerimento da pessoa com deficiência,
que detém a legitimidade exclusiva para pleitear a implementação da medida, não
sendo possível a sua instituição de ofício pelo juiz.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.795.395/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/5/2021.

18 | Sobre o instituto da curatela, é correto afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Estão sujeitos a curatela aqueles que, por causa transitória ou


permanente, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;

b) INCORRETO. O cônjuge ou companheiro, ainda que separado de fato mas não


judicialmente, é, de direito, curador do outro, quando interdito.

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de


direito, curador do outro, quando interdito.

c) INCORRETO. Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao


Ministério Público indicar o curador.

26
Santo Graal
Jurídico
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de
direito, curador do outro, quando interdito.
§1° Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta
destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2° Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3° Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do
curador.

d) INCORRETO. A curatela compartilhada, embora não seja obrigatória, pode ser


determinada de ofício pelo juiz.

(...) FIXAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ. IMPOSSIBILIDADE. OBRIGATORIEDADE.


AUSÊNCIA. (...) Ao contrário do que ocorre com a guarda compartilhada, o
dispositivo legal que consagra, no âmbito do direito positivo, o instituto da curatela
compartilhada não impõe, obrigatória e expressamente, a sua adoção. A redação
do novel art. 1.775-A do CC/2002 é hialina ao estatuir que, na nomeação de
curador, o juiz "poderá" estabelecer curatela compartilhada, não havendo,
portanto, peremptoriedade, mas sim facultatividade. STJ. 3ª Turma. REsp
1.795.395/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/5/2021.

e) INCORRETO. A autoridade do curador não se estende à pessoa e aos bens dos filhos
do curatelado.

Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do
curatelado, observado o art. 5º.

19 | São hipóteses que autorizam a adoção personalíssima:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

I – CORRETO. Se tratar de pedido de adoção unilateral;

Adoção personalíssima à ocorre de modo excepcional, nas hipóteses previstas nos §§


13 e 14 do art. 50 do ECA.
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil
não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:
I - Se tratar de pedido de adoção unilateral;
II - For formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos
de afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de
má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

27
Santo Graal
Jurídico
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no
curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme
previsto nesta Lei.

II – CORRETO. For formulada por parente com o qual a criança ou adolescente


mantenha vínculos de afinidade e afetividade;

Art. 50, §13º, ECA: II - For formulada por parente com o qual a criança ou
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;

III – INCORRETO. oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança
menor de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta
Lei.

Art. 50, §13º, ECA: III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de
criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de
convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja
constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts.
237 ou 238 desta Lei.

Gabarito

É correto o que se afirma em:


a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) I, II e III.
d) II e III, somente.
e) III, somente.

20 | São características da adoção, exceto:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) CORRETO. Excepcionalíssimo.

Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar
e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
A regra é manter a criança ou adolescente no convívio da sua família natural ou
extensa.

28
Santo Graal
Jurídico
b) CORRETO. Incaducável.

Significa que a morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais
biológicos.

c) CORRETO. Personalíssimo.

Isso implica em uma das vedações da adoção que é a adoção por procuração (§ 2º do
art. 39).
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
(...)
§ 2° É vedada a adoção por procuração.

d) INCORRETO. Revogável.

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.

e) CORRETO. Ato jurídico em sentido estrito.

Pois não cabe às partes acordar ou convencionar as condições de adoção.

29
Santo Graal
Jurídico

PROCESSO CIVIL

21 | De acordo com as disposições do Código de Processo Civil e a


jurisprudência dos Tribunais Superiores, é correto afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. Não é aceita a chamada “execução invertida” no âmbito dos Juizados


Especiais Federais.

A alternativa está em desacordo com a jurisprudência do STF. Conforme veremos


abaixo, no julgamento da ADPF 219 o Supremo julgou constitucional a prática da
execução invertida nos juizados especiais federais.

b) INCORRETO. O procedimento denominado "execução invertida" consiste na


possibilidade de que o devedor execute o credor por despesas decorrentes do excesso
de execução.

A alternativa apresenta conceito totalmente equivocado.


De acordo com o Min. Herman Benjamin: ‘o procedimento denominado "execução
invertida" consiste na modificação do rito processual estabelecido no Código de
Processo Civil, ofertando à parte executada (devedor) a possibilidade de apresentação
dos cálculos e valor devido à parte exequente (credor). Não há previsão legal de tal
mecanismo processual, sendo ele uma construção jurisprudencial.” AREsp nº 2014491
/ RJ

c) CORRETO. O Supremo Tribunal Federal julgou constitucional a prática da execução


invertida nos juizados especiais federais.

A alternativa está correta. O STF enfrentou o tema na ADPF 219:


ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADEQUAÇÃO.
Cumpre ao Supremo, ante o objetivo da ação nobre que é a de descumprimento de
preceito fundamental, o implemento de visão interpretativa generosa, contribuindo
para a eficácia do Direito, a racionalização dos trabalhos judiciários, alfim, a
manutenção da paz social. JUIZADOS ESPECIAIS – EXECUÇÃO – CÁLCULOS.

30
Santo Graal
Jurídico
A interpretação teleológico-sistemática da ordem jurídica, calcada na Constituição
Federal como documento maior da República, conduz a placitar-se a óptica
segundo a qual incumbe ao órgão da Administração Pública acionado, à pessoa
jurídica de direito público, apresentar os cálculos indispensáveis à solução rápida e
definitiva da controvérsia, prevalecendo o interesse primário – da sociedade – e
não o secundário – o econômico da Fazenda Pública. Os interesses secundários não
são atendíveis senão quando coincidirem com os primários, únicos que podem ser
perseguidos por quem axiomaticamente os encara e representa – Celso Antônio
Bandeira de Mello – Curso de Direito Administrativo 2010, página 23.
(ADPF 219, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 20-05-2021,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200DIVULG 06-10-2021 PUBLIC 07-10-2021).

d) INCORRETO. Execução invertida pode ser imposta à Fazenda Pública no


cumprimento de sentença comum.

​ ara a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito de


P
cumprimento de sentença comum (procedimento ordinário), não é cabível
determinação judicial que obrigue a Fazenda Pública a apresentar, como devedora na
fase de execução, os cálculos e o valor atualizado do débito – procedimento conhecido
como execução invertida.
O STF decidiu que é constitucional a exigência da execução invertida nos Juizados
Especiais Federais:
Não ofende a ordem constitucional determinação judicial de que a União proceda aos
cálculos e apresente os documentos relativos à execução nos processos em
tramitação nos juizados especiais cíveis federais, ressalvada a possibilidade de o
exequente postular a nomeação de perito (STF. Plenário. ADPF 219/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 20/5/2021.
Esse entendimento, contudo, não se aplica para o procedimento comum.
Não é possível a determinação judicial à Fazenda Pública de adoção da prática
jurisprudencial da execução invertida no cumprimento de sentença em procedimento
comum.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2.014.491-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/12/2023
(Info 799).

e) INCORRETO. A execução invertida possui previsão legal no ordenamento jurídico


pátrio.

Relator do caso, o ministro Herman Benjamin destacou em seu voto que a execução
invertida é uma construção jurisprudencial – ou seja, não tem previsão expressa na lei
– e representa a modificação do rito estabelecido pelo Código de Processo Civil,
segundo o qual, como regra, cabe ao credor a apresentação dos valores atualizados do
débito.
De acordo com posicionamento do STJ – explicou o ministro – o fundamento da
execução invertida é a conduta espontânea da parte devedora, a qual busca se
antecipar na apresentação dos cálculos e, como recompensa, ter o benefício de não
ser condenada ao pagamento de honorários advocatícios, além de acelerar o trâmite
da ação.

31
Santo Graal
Jurídico

22 | No que tange a atribuição do Ministério Público para instauração de


inquérito civil e as disposições da Resolução nº 23/2007 do CNMP,
assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. O inquérito civil não pode ser instaurado de ofício.

Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:


I – de ofício;

b) CORRETO. O inquérito civil será instaurado por portaria e, se em seu curso novos
fatos indicarem a necessidade de investigação de objeto diverso do que está sendo
investigado, o membro do Ministério Público poderá aditar a portaria inicial ou
determinar a extração de peças para instauração de outro inquérito civil.

Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem crescente,
renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio e autuada, contendo:
I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público e a descrição do fato
objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem o fato é
atribuído;
III – o nome e a qualificação possível do autor da representação, se for o caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando couber;
VI - a determinação de afixação da portaria no local de costume, bem como a de
remessa de cópia para publicação.
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, novos fatos indicarem necessidade de
investigação de objeto diverso do que estiver sendo investigado, o membro do
Ministério Público poderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração de peças
para instauração de outro inquérito civil, respeitadas as normas incidentes quanto à
divisão de atribuições.

c) INCORRETO. O procedimento preparatório deverá ser autuado com numeração


sequencial à do inquérito civil e será concluído no prazo de 180 (cento e oitenta) dias
prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável.

Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:


(...)
§ 5º O procedimento preparatório deverá ser autuado com numeração seqüencial à do
inquérito civil e registrado em sistema próprio, mantendo-se a numeração quando de
eventual conversão.
§ 6º O procedimento preparatório deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,
prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável.

32
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETO. Do indeferimento do pedido de instauração do inquérito civil não
caberá recurso sendo possível apenas pedido de revisão.

Art. 5º Em caso de evidência de que os fatos narrados na representação não


configurem lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução
ou se o fato já tiver sido objeto de investigação ou de ação civil pública ou se os fatos
apresentados já se encontrarem solucionados, o membro do Ministério Público, no
prazo máximo de trinta dias, indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em
decisão fundamentada, da qual se dará ciência pessoal ao representante e ao
representado.
§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas razões, no
prazo de dez dias.

e) INCORRETO. Indeferido o pedido de instauração do inquérito civil, os autos serão


remetidos ao órgão de revisão competente para apreciação no prazo de 3 dias.

No caso de indeferimento de instauração de inquérito civil, não havendo recurso, os


autos são arquivados na origem, sem necessidade de revisão.
Art. 5º Em caso de evidência de que os fatos narrados na representação não
configurem lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução
ou se o fato já tiver sido objeto de investigação ou de ação civil pública ou se os fatos
apresentados já se encontrarem solucionados, o membro do Ministério Público, no
prazo máximo de trinta dias, indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em
decisão fundamentada, da qual se dará ciência pessoal ao representante e ao
representado.
§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas razões, no
prazo de dez dias.
(...)
§ 4º Expirado o prazo do artigo 5º, § 1º, desta Resolução, os autos serão arquivados na
própria origem, registrando-se no sistema respectivo, mesmo sem manifestação do
representante.

23 | São características do inquérito civil, exceto:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) CORRETO. Unilateral.

Lembre-se que o enunciado pede para marcar a alternativa que NÃO traz uma
característica do inquérito civil.
De fato, o inquérito civil é unilateral, observe a redação do art. 1º da Resolução nº
23/2007 do CNMP:

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Santo Graal
Jurídico
Art. 1º O inquérito civil, de natureza unilateral e facultativa, será instaurado para
apurar fato que possa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do
Ministério Público nos termos da legislação aplicável, servindo como preparação para
o exercício das atribuições inerentes às suas funções institucionais.
Parágrafo único. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o ajuizamento
das ações a cargo do Ministério Público, nem para a realização das demais medidas de
sua atribuição própria.

b) CORRETO. Facultativo.

De fato, o inquérito civil é facultativo, observe a redação do art. 1º da Resolução nº


23/2007 do CNMP:
Art. 1º O inquérito civil, de natureza unilateral e facultativa, será instaurado para
apurar fato que possa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do
Ministério Público nos termos da legislação aplicável, servindo como preparação para
o exercício das atribuições inerentes às suas funções institucionais.
Parágrafo único. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o ajuizamento
das ações a cargo do Ministério Público, nem para a realização das demais medidas de
sua atribuição própria.

c) CORRETO. De atribuição exclusiva do Ministério Público;

De fato, o inquérito civil é instrumento a cargo do Ministério público e serve de


instrumento para a realização de suas funções institucionais. Possui previsão
constitucional e legal.
Veja o que diz a Constituição Federal:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
A Lei nº 7.347/85, dispõe:
Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades
competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no
prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações,
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez)
dias úteis.

d) INCORRETO. Sigiloso.

O inquérito civil, ao contrário do inquérito policial, em regra será público, sendo o sigilo
verdadeira exceção, vejamos o que diz a Resolução nº 23/2007 do CNMP:
Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção dos
casos em que haja sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo às
investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser motivada.

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Santo Graal
Jurídico
(...)
§ 2º A publicidade consistirá:
I - na divulgação oficial, com o exclusivo fim de conhecimento público mediante
publicação de extratos na imprensa oficial;
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrônicos, dela devendo constar as
portarias de instauração e extratos dos atos de conclusão;
III - na expedição de certidão e na extração de cópias sobre os fatos investigados,
mediante requerimento fundamentado e por deferimento do presidente do inquérito
civil;
IV - na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do
inquérito civil;
(...)
§ 4º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para fins do
interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas pessoas,
provas, informações, dados, períodos ou fases, cessando quando extinta a causa que a
motivou.

e) CORRETO. Procedimento administrativo.

Veja a definição de Hugo Nigro Mazzilli: “O inquérito civil é um procedimento


administrativo investigatório a cargo do Ministério Público; seu objeto é a coleta de
elementos de convicção que sirvam de base à atuação do Ministério Público, como
a propositura de uma ação civil pública para a defesa de interesses
transindividuais. Destina-se a colher elementos de convicção para que, à sua vista,
o Ministério Público possa identificar ou não a hipótese em que a lei exija sua
atuação.”.

24 | CRIS mulher transexual, ingressou com ação ordinária com pedido


de obrigação de fazer em face do plano de saúde ALFA para custeio de
sua cirurgia de redesignação de sexo e plástica mamária. Em sua
defesa, a empresa ALFA informou que não é obrigada a custear a
referida cirurgia, pois não se enquadra como tratamento de saúde. Com
base nessa situação hipotética, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. É possível a fixação de multa diária para obrigar a empresa ALFA ao


cumprimento da obrigação de fazer, sendo vedada sua utilização no campo das
obrigações de pagar.

A fixação da multa diária só tem espaço no plano das obrigações de fazer e não fazer,
sendo vedada sua utilização no campo das obrigações de pagar.
STJ. 1ª Turma. REsp 1747877-GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 20/9/2022 (Info
Especial 8).
35
Santo Graal
Jurídico
b) INCORRETA. O plano de saúde não pode ser obrigado a fornecer o tratamento
pleiteado por se tratar de procedimento experimental, estético e não incluído no rol da
ANS.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZE4R C/C COMPENSAÇÃO POR


DANO MORAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. PLANO DE
SAÚDE. MULHER TRANSEXUAL. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PRESCRITOS PELO
MÉDICO ASSISTENTE NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR. RECONHECIMENTO
PELO CFM E INCORPORAÇÃO AO SUS. ALEGAÇÃO DE CARÁTER EXPERIMENTAL E
FINALIDADE ESTÉTICA AFASTADA. PROCEDIMENTOS LISTADOS NO ROL DA ANS
SEM DIRETRIZES DE UTILIZAÇÃO. NEGATIVA INDEVIDA DE COBERTURA. DANO
MORAL CONFIGURADO. VALOR PROPORCIONAL.
1. Ação de obrigação de fazer c/c compensação por dano moral ajuizada em
25/08/2020, da qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em
25/05/2023 e concluso ao gabinete em 26/09/2023.
2. O propósito recursal é decidir sobre: (i) a negativa de prestação jurisdicional; (ii) a
obrigatoriedade de cobertura, pela operadora do plano de saúde, de cirurgias de
transgenitalização e de plástica mamária com implantação de próteses, em mulher
transexual; (iii) a ocorrência de dano moral; e (iv) a proporcionalidade do valor arbitrado
a título de compensação por dano moral.
3. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que não há ofensa ao art. 1.022 do CPC
quando o Tribunal de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese
soluciona integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de
forma diversa daquela pretendida pela parte.
4. Os procedimentos de afirmação de gênero do masculino para o feminino são
reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e foram também incorporados
ao SUS, com indicação para o processo transexualizador, constando, inclusive, na
tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do
SUS, vinculados ao CID 10 F640 - transexualismo (atual CID 11 HA60 - incongruência
de gênero), não se tratando, pois, de procedimentos experimentais.
5. No processo transexualizador, a cirurgia plástica mamária reconstrutiva bilateral
incluindo prótese mamária de silicone é procedimento que, muito antes de melhorar a
aparência, visa à afirmação do próprio gênero, incluída no conceito de saúde integral
do ser humano, enquanto medida de prevenção ao adoecimento decorrente do
sofrimento causado pela incongruência de gênero, pelo preconceito e pelo estigma
social vivido por quem experiencia a inadequação de um corpo masculino à sua
identidade feminina.
6. Tratando-se de procedimentos cirúrgicos prescritos pelo médico assistente, que não
se enquadram nas exceções do art. 10 da Lei 9.656/1998, que são reconhecidos pelo
CFM e foram incorporados ao SUS para a mesma indicação clínica (CID 10 F640 -
transexualismo, atual CID 11 HA60 - incongruência de gênero), e que estão listados no
rol da ANS sem diretrizes de utilização, encontram-se satisfeitos os pressupostos que
impõem à operadora do plano de saúde a obrigação de sua cobertura, conforme
preconizado no projeto terapêutico singular norteado por protocolos e diretrizes
vigentes para o processo transexualizador.

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Santo Graal
Jurídico
7. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que o descumprimento contratual
por parte da operadora de saúde, que culmina em negativa de cobertura para
procedimento médico-hospitalar, enseja compensação por dano moral quando houver
agravamento da condição de dor, abalo psicológico ou prejuízos à saúde já debilitada
da paciente, como afirmado pelo Tribunal de origem, na hipótese.
8. Sobre a análise do montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de
compensação do dano moral, esta Corte somente afasta a incidência da súmula 7/STJ
quando se mostrar irrisório ou abusivo, o que não se configura no particular.
9. Recurso especial conhecido e desprovido, com majoração de honorários.
(REsp n. 2.097.812/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
21/11/2023, DJe de 23/11/2023.)

c) INCORRETA. Uma vez fixada, não é possível que o magistrado, de ofício, revise o
valor das astreintes.

O valor das astreintes é estabelecido sob a cláusula rebus sic stantibus, de maneira
que, quando se tornar irrisório ou exorbitante ou desnecessário, pode ser modificado
ou até mesmo revogado pelo magistrado, a qualquer tempo, até mesmo de ofício,
ainda que o feito esteja em fase de execução ou cumprimento de sentença, não
havendo falar em preclusão ou ofensa à coisa julgada.
STJ. Corte Especial. EAREsp 650536/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 07/04/2021
(Info 691).

d) INCORRETA. Não é possível que as astreintes sejam alteradas de ofício em desse


recursal.

É possível a alteração, desde que o recurso tenha sido conhecido.


O valor das astreintes não pode ser reduzido de ofício em segunda instância quando a
questão é suscitada em recurso de apelação não conhecido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1508929-RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 7/3/2017 (Info
600).

e) INCORRETA. Caso seja fixada, não poderá o autor exigir o cumprimento das
astreintes antes do trânsito em julgado da sentença.

Art. 537. (...)


§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado
da sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256/2016)

25 | De acordo com o Código de Processo Civil, análise as assertivas


abaixo e assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa E

37
Santo Graal
Jurídico

Comentários

I – CORRETO. Considera-se litigante de má-fé aquele que opuser resistência


injustificada ao andamento do processo;

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


(...)
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

II – INCORRETO. O juiz pode de ofício, condenar o litigante de má-fé ao pagamento de


multa que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, mas não poderá determinar que esse indenize a parte contrária
pelos prejuízos que esta sofreu;

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar


multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

III – CORRETO. Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará
cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles
que se coligaram para lesar a parte contrária.

Art. 81. (...)


§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um
na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que
se coligaram para lesar a parte contrária.

IV – CORRETO. Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

Art. 81. (...)


§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada
em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

Gabarito

Considerando as afirmativas acima, estão corretas somente:


a) I e III, apenas;
b) II e III, apenas;
c) I, II, e IV, apenas;
d) I, II, III e IV;
e) I, III e IV, apenas.

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Santo Graal
Jurídico

26 | De acordo com as disposições legais bem como a jurisprudência dos


Tribunais Superiores, analise as alternativas abaixo e assinale a
correta:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. É competência exclusiva do STF processar e julgar, originariamente,


todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no
exercício de suas competências constitucionais.

Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF
processar e julgar, originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do
Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício de suas competências
constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da
CF/88.
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
O STF abandonou a posição restritiva segundo a qual, tratando-se de ações ordinárias
a competência para processar e julgar as demandas que envolvessem o CNJ e CNMP
seria do juiz federal de 1ª instância.

b) INCORRETO. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando houver


identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
amplo, abrange o das demais.

A alternativa trouxe a definição de continência.

CONEXÃO CONTINÊNCIA

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas)
mais ações quando lhes for comum o ou mais ações quando houver identidade
pedido ou a causa de pedir. quanto às partes e à causa de pedir, mas o
pedido de uma, por ser mais amplo,
abrange o das demais.

c) INCORRETO. As partes podem modificar a competência em razão do valor e da


matéria, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações e o
foro contratual não obrigará os herdeiros e sucessores das partes.

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território,


elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

39
Santo Graal
Jurídico
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada
ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de
domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na
contestação, sob pena de preclusão.

d) INCORRETO. A incompetência, absoluta ou relativa, pode ser alegada em qualquer


tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar
de contestação.
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de
jurisdição e deve ser declarada de ofício.

e) INCORRETO. A incompetência relativa não pode ser alegada pelo Ministério


Público.

Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em


preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público
nas causas em que atuar.

27 | Acerca da gratuidade da justiça, seus aspectos legais e


jurisprudenciais, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. O benefício da gratuidade da justiça concedido no processo de


conhecimento persistirá nos processos de liquidação e de execução, salvo nos
embargos à execução que deve ser objeto de novo pedido e comprovação.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 150: GRATUIDADE DA JUSTIÇA – III
7) O benefício da gratuidade da justiça concedido no processo de conhecimento
persistirá nos processos de liquidação e de execução, inclusive nos embargos à
execução, salvo se revogado expressamente.

b) CORRETO. A assistência judiciária gratuita limita-se aos atos de um mesmo


processo, não alcançando outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas.

40
Santo Graal
Jurídico
Jurisprudência em Teses do STJ
EDIÇÃO N. 150: GRATUIDADE DA JUSTIÇA – III
6) A assistência judiciária gratuita limita-se aos atos de um mesmo processo, não
alcançando outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas.

c) INCORRETO. A gratuidade da justiça é reservada para a pessoa natural não sendo


extensível à pessoa jurídica.

CPC: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

d) INCORRETO. A gratuidade da justiça não abrange custo com a elaboração de


memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução.

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de


recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
(...)
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução;

e) INCORRETO. O direito à gratuidade da justiça se estende ao litisconsorte ou a


sucessor do beneficiário, independentemente de requerimento expresso.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte
ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.

28 | É possível que o juiz e as partes, de comum acordo, fixem


calendário para a prática de atos processuais. Sobre esse assunto, é
possível afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. O calendário não vincula o juiz e as partes, podendo os prazos nele


previstos serem alterados a qualquer tempo, sem justificativa.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos
atos processuais, quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.
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Santo Graal
Jurídico
b) CORRETO. Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou
a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

Art. 191. (...)


§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

c) INCORRETO. As práticas e termos processuais dependem de forma determinada,


considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, atinjam a finalidade.

CPC, Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada,


salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

d) INCORRETO. O juiz controlará o conteúdo das convenções processuais celebradas


entre as partes, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às
partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

e) INCORRETO. Tramitarão em segredo de justiça todos processos que versem sobre


arbitragem.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
(...)
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral,
desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o
juízo.

29 | Analise as proposições e abaixo e responda:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

I – INCORRETO. Interrompem-se os prazos durante a execução de programa instituído


pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais
especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos.

42
Santo Graal
Jurídico

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por
tempo igual ao que faltava para sua complementação.
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído
pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais
especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos.

II – CORRETO. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores de escritórios de


advocacia distintos terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de


advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento.

III – INCORRETO. A prerrogativa de intimação pessoal conferida à Defensoria Pública


não se aplica aos núcleos de prática jurídica das faculdades de Direito.

A prerrogativa de intimação pessoal conferida à Defensoria Pública se aplica aos


núcleos de prática jurídica das faculdades de Direito, públicas ou privadas. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.829.747/AM, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. para acórdão Min.
Nancy Andrighi, julgado em 7/11/2023 (Info 794).

Gabarito

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) III, apenas;
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II, apenas.
e) II e III, apenas.

30 | Levando em consideração a atuação do Ministério Público no


processo civil, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. O membro do Ministério Público será civil e diretamente responsável


quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

43
Santo Graal
Jurídico

Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável


quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

b) INCORRETO. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério


Público terá vista dos autos antes das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo.

Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério
Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;

c) CORRETO. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos


autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal.

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos
autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1°.

d) INCORRETO. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime


democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais disponíveis.

Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime


democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.

e) INCORRETO. O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é,


para o Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do
órgão, salvo se a intimação pessoal tenha se dado em audiência.

Tema 959 – Recurso Repetitivo


O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do
órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em
cartório ou por mandado. (Em virtude de questionamentos relacionados à
aplicabilidade da tese firmada no Tema 959/STJ à Defensoria Pública, informamos,
com base em orientação do Gabinete do Ministro Relator, que da análise conjunta
do acórdão proferido no Tema 959/STJ (DJe de 14/9/2017) e do acórdão proferido
no HC 296.759 (DJe de 21/9/2017), conclui-se que a tese "O termo inicial da
contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a
data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante
que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado"
aplica-se aos membros da Defensoria Pública.O Ministro Relator determinou que:
"seja suspenso o processamento de todos os processos que versem sobre a
questão em trâmite no território nacional, nos termos do artigo 1.037, II, do CPC."
(decisão de afetação publicada no DJe 16/09/2016).Em decisão publicada no DJe de
29/09/2016, o Ministro Relator esclareceu que: "o sobrestamento determinado
atinge exclusivamente os feitos de natureza penal, não alcançando processos
cujas matérias refogem à competência da Terceira Seção".)

44
Santo Graal
Jurídico

31| Considerando as disposições gerais da tutela provisória, assinale a


afirmativa correta.

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETO. No Direito Processual Civil, a tutela de evidência depende da


comprovação de perigo, assim como a tutela de urgência.

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração


de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

b) INCORRETO. A tutela provisória requerida em caráter incidental depende do


pagamento de custas.

Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do


pagamento de custas.

c) INCORRETO. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em


caráter antecedente dispensará a indicação da lide e seu fundamento, devendo
apenas trazer a exposição do perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

d) INCORRETO. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que


evidenciem a probabilidade do direito ou, alternativamente, o risco ao resultado útil do
processo.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

45
Santo Graal
Jurídico
e) CORRETO. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória.

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber.

32 | Acerca da improcedência liminar do pedido, assinale a alternativa


incorreta.

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) INCORRETA. O julgamento de improcedência liminar do pedido não se aplica ao


mandado de segurança.

FPPC, ENUNCIADO 291: Aplicam-se ao procedimento do mandado de segurança os


arts. 331 e parágrafos e 332, §3º do CPC.

b) CORRETA. É cabível a improcedência liminar do pedido se o pedido contrariar


enunciado dos órgãos colegiados competentes no sistema de juizados especiais.

Lembre que o enunciado pede para marcar a INCORRETA.


Enunciado 507 do FPPC: O art. 332 aplica-se ao sistema de Juizados Especiais.

c) CORRETA. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente


da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar
enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
(...)
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

d) CORRETA. O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se


verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

É o conteúdo do art. 332, §1º:


§ 1° O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

e) CORRETA. Da decisão que julgar liminarmente improcedente o pedido caberá


apelação e o juiz poderá retratar-se em 5 dias.

46
Santo Graal
Jurídico
Art. 332. (...)
§ 2° Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do art. 241 .
§ 3° Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

33 | Acerca da disciplina legal e jurisprudencial do mandado de


segurança, é possível afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. É vedada a impetração de mandado de segurança que invoque a


inconstitucionalidade da norma como fundamento para o pedido principal.

Súmula 266-STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

Por outro lado, é possível que o fundamento do pedido principal do mandado de


segurança, isto é, a causa de pedir, seja a inconstitucionalidade da lei.

b) INCORRETO. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar de decisão


judicial sem trânsito em julgado.

Art. 5° Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


(...)
III - de decisão judicial transitada em julgado.

c) CORRETO. A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela


lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

É o teor do art. 6º da LMS:


Art. 6° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

d) INCORRETO. É vedada a impetração de mandado de segurança contra ato


praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista, por se tratar de
pessoa jurídica privada.

Segundo entendimento consolidado em súmula do STJ, será cabível:


Súmula 333: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública

47
Santo Graal
Jurídico
e) INCORRETO. É possível que o impetrante desista do mandado de segurança a
qualquer tempo, desde que antes da sentença que lhe for desfavorável.

O STF enfrentou o tema em repercussão geral fixando a seguinte tese:


É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança,
independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da
entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes
passivos necessários, a qualquer momento antes do término do julgamento,
mesmo após eventual sentença concessiva do ‘writ’ constitucional, não se
aplicando, em tal hipótese, a norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC/1973.

34 | Acerca do mandado de segurança coletivo, é possível afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada erga


omnes.

A coisa julgada é ultra partes.


Art. 22, caput. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

b) CORRETO. O Mandado de Segurança é inadequado para dar cumprimento a


obrigação prevista em Termo de Ajustamento de Conduta ou decisão em ação civil
pública.

O mandado de segurança não é via adequada para dar cumprimento a obrigação


prevista em termo de ajustamento de conduta ou em acórdão prolatado em ação
civil pública. São ambas espécies de título executivo e, portanto, exigem a
instauração do respectivo processo executório. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS
53.291/GO, Rel. Ministro Og Fernandes, julgado em 26/04/2021.

c) INCORRETO. De acordo com a jurisprudência, é possível a impetração pela


Defensoria Pública.

A Defensoria Pública não detém legitimidade para impetrar mandado de


segurança coletivo, não se enquadrando no rol taxativo dos artigos 5°, LXX, da CF
e 21 da Lei 12.016/2009. STJ. 1ª Turma. RMS 51.949/ES, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 23/11/2021.

d) INCORRETO. No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida


após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
48
Santo Graal
Jurídico
O STF julgou ser inconstitucional o art. 22, §2º, da Lei 12016/09:
É inconstitucional o § 2º do art. 22, que exigia a oitiva prévia do representante da
pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em
mandado de segurança coletivo. Essa previsão restringia o poder geral de cautela do
magistrado - STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

e) INCORRETO. O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as


ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a
título individual se não requerer a suspensão de seu mandado de segurança no prazo
de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

Art. 22, § 1 O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as


ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a
título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.

35 | Acerca do direito probatório no ordenamento jurídico pátrio, é


correto afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Ao juiz da ação é possível agir de ofício para determinar as provas


necessárias ao julgamento do mérito.

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas


necessárias ao julgamento do mérito.

b) INCORRETO. A prova emprestada recebe o valor probatório que lhe foi dado no
processo de origem.

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

c) INCORRETO. A produção antecipada de prova previne a competência do juízo para a


ação que venha a ser proposta.

CPC: Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação;

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Santo Graal
Jurídico
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
(...)
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação
que venha a ser proposta.

d) INCORRETO. A distribuição do ônus da prova pode ser modificada pelas partes,


desde que plenamente capazes, ainda que torne excessivamente difícil a uma delas o
exercício do direito.

CPC - Art. 373. O ônus da prova incumbe:


(...)
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Trata-se da inversão convencional que decorre de um acordo de vontades entre as
partes, que poderá ocorrer antes ou durante o processo, nos termos do § 4º do art. 373
CPC.

e) INCORRETO. No que tange a valoração da prova, o CPC adota o sistema da prova


tarifada.

Art. 371, CPC: O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
sujeito que a tiver promovido, e indicara na decisão as razões da formação de seu
convencimento.

Trata-se do principio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional.

36 | Acerca da defesa do réu, assinale a alternativa que está de acordo


com as disposições do código de processo civil:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar


pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa, sendo
que a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de
seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

50
Santo Graal
Jurídico
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
(...)
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de
seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

b) INCORRETO. A reconvenção poderá ser proposta contra o autor desde que não
envolva terceiro.

Art. 343. (...)


§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.

c) INCORRETO. Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu


advogado, para apresentar resposta no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 343. (...)


§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

d) INCORRETO. A reconvenção pode ser proposta tanto nas ações de conhecimento


quanto nas ações executivas.

Não cabe reconvenção em processo de execução.


EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - RECONVENÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE. Nos termos da jurisprudência do STJ, "O processo de execução
tem como finalidade a satisfação do crédito constituído, razão pela qual revela-se
inviável a reconvenção, na medida que se admitida, ocasionaria o surgimento de
uma relação instrumental cognitiva simultânea, o que inviabilizaria o
prosseguimento da ação executiva. Assim sendo, a reconvenção somente tem
finalidade de ser utilizada em processos de conhecimento, haja vista que a mesma
demanda dilação probatória exigindo sentença de mérito, o que vai de encontro
com a fase de execução, na qual o título executivo já se encontra definido." ( REsp
1528049/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 18/08/2015, DJe 28/08/2015).(TJ-MG - AC: 10000212256150001 MG,
Relator: Geraldo Augusto, Data de Julgamento: 22/03/2022, Câmaras Cíveis / 1ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 24/03/2022).

e) INCORRETO. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o


responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 5 (cinco) dias, a
alteração da petição inicial para substituição do réu.

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a
alteração da petição inicial para substituição do réu.

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Santo Graal
Jurídico

37| Podem ser arguidas em preliminar de contestação, exceto:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) CORRETO. Inexistência ou nulidade da citação;

Atente que o enunciado pede para marcar a alternativa incorreta.


Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;

b) CORRETO. Incorreção do valor da causa;

Art. 337. (...)


III - incorreção do valor da causa;

c) CORRETO. Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça;


Art. 337. (...)
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

d) CORRETO. Convenção de arbitragem;

Art. 337. (...)


X - convenção de arbitragem;

e) INCORRETO. Violação de cláusula contratual.

Nesse caso, a análise de eventual violação de cláusula contratual é matéria relativa ao


mérito.

38 | De acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores e as


disposições do CPC sobre organização e saneamento do processo,
aponte a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito,


deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com
as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
esclarecer suas alegações.

52
Santo Graal
Jurídico
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo:
§ 3° Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá
o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as
partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
esclarecer suas alegações.

b) INCORRETO. Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz


fixará prazo comum não superior a 5 (cinco) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas.

Art. 357. (...)


§ 4° Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará
prazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas.

c) INCORRETO. O juiz não poderá limitar o número de testemunhas, ainda que


sopesando a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Art. 357. (...)


§ 7° O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

d) INCORRETO. Realizado o saneamento, as partes não terão direito de pedir


esclarecimentos ou solicitar ajustes.

Art. 357. (...)


§ 1° Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou
solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna
estável.

e) INCORRETO. Na decisão de saneamento o juiz deverá consignar que o ônus da


prova constitutiva do direito alegado é da parte autora e que deve o réu comprovar
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.

Nem sempre a divisão do ônus da prova será estática, cabe ao juiz analisar o caso e
decidir, podendo estabelecer a distribuição dinâmica, conforme previsão legal:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput
ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

53
Santo Graal
Jurídico

39 | Considerando os institutos do impedimento e da suspeição, avalie


as assertivas abaixo indicando V para verdadeiro e F para falso,
assinalando a sequência correta.

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

(V) CORRETO. Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o


momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, declarando nulos os atos do
juiz, se praticados quando existente o motivo de impedimento ou de suspeição.

Art. 146. [...]


§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir
do qual o juiz não poderia ter atuado.
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente
o motivo de impedimento ou de suspeição.

(F) INCORRETO. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo,
motivando suas razões.

Art. 145 [...]


§1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.

(F) INCORRETO. O impedimento e a suspeição do juiz para o processamento e


julgamento da causa são hipóteses de rescindibilidade da sentença de mérito
transitada em julgado, via ação rescisória.

Somente impedimento, suspeição não autoriza.


Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
[...]
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

(F) INCORRETO. Haverá impedimento do juiz quando qualquer das partes for sua
credora ou devedora.

É hipótese de suspeição.
Art. 145. Há suspeição do juiz:
(...)
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

54
Santo Graal
Jurídico

Gabarito

Assinale a ordem correta:


a) V, F, V, F.
b) F, F, V, F;
c) V, F, F, F;
d) V; V; F; F;
e) F; F; F; V.

40 | Sobre o processo de apuração e julgamento de atos de improbidade


administrativa, assinale a alternativa correta com base na Lei nº
8.429/92 e a jurisprudência dos tribunais superiores:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente


público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público
ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o
denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

b) INCORRETO. A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para a


apuração dos ilícitos referidos na Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no
máximo, 360 dias corridos, recomeçando a correr após sua conclusão ou, em caso de
não conclusão do processo, quando estiver esgotado o prazo de suspensão.

Art. 23, § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para


apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional
por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corridos, recomeçando a correr após a
sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

c) INCORRETO. Nas ações por ato de improbidade administrativa, haverá condenação


em honorários de sucumbência em caso de procedência ou de improcedência da ação,
independentemente da comprovação de má‑fé das partes.

Art. 23-B, § 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de


improcedência da ação de improbidade se comprovada má-fé.

55
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETO. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos se
efetivam a partir da sentença condenatória.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se


efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

e) INCORRETO. A ação para a aplicação das sanções previstas na Lei n.º 8.429/1992
prescreve em cinco anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência.

Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito)
anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do
dia em que cessou a permanência.
(...)
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção,
pela metade do prazo previsto no caput deste artigo .

56
Santo Graal
Jurídico

DIREITO EMPRESARIAL

41 | Diante da existência de grupo econômico entre as empresas


envolvidas impõe que as falências devem ser reunidas:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. No juízo do local onde tenha havido a primeira distribuição do


processo falimentar.

A distribuição estabelecerá a prevenção do juízo, após identificada corretamente o


local do principal estabelecimento do devedor, que será o competente para
processar o pedido falimentar.

b) CORRETO. No juízo onde fica localizado o principal estabelecimento do devedor.

Considerando a existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas e a


configuração do conflito de competência, é impositivo que as falências devam ser
reunidas perante o juiz onde fica localizado o “principal estabelecimento do devedor”,
conforme estabelecido no art. 3º da Lei 11.101/2005, que dispõe:
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
A Lei nº 11.101/2005, norma especial, trouxe a necessidade de se definir o local do
“principal estabelecimento do devedor” como referência para a definição da
competência (art. 3º), para só depois estabelecer a prevenção daquele juízo que
recebeu a primeira distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial (art.
6º, § 8º).
Nesse sentido, o STJ entendeu em julgado recente:
A existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas impõe que as falências
devem ser reunidas perante o juízo onde fica localizado o principal estabelecimento do
devedor conforme estabelecido no art. 3º da Lei 11.101/2005.
STJ. 2ª Seção. CC 183.402-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/9/2023
(Info 789).

c) INCORRETO. Devem ser objeto de processos falimentares autônomos, cada um no


respectivo local do estabelecimento empresarial.
57
Santo Graal
Jurídico
Verificada a existência de grupo econômico em que há uma empresa controladora,
não há razão para formação de processos falimentares autônomos e se existirem,
devem ser reunidos no local do principal estabelecimento do devedor.

d) INCORRETO. O processamento deve ocorrer perante o juízo prevento.

A análise da prevenção é posterior a identificação do juízo competente para o


processamento da falência, que é definido no art. 3º da Lei 11.101/2005 como
aquele onde está localizado o principal estabelecimento do devedor. A prevenção
se dará com a existência de vários juízos igualmente investidos dessa competência
no foro do local do principal estabelecimento, o que se dará com a distribuição do
feito.

e) INCORRETO. No juízo que primeiro conheceu do feito.

Conforme analisamos acima, essa não é a regra que vigora.

42 | No que tange a Lei nº 11.101/2005 e as alterações promovidas pela


Lei nº 14.112/2020, é correto afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. É vedado ao devedor, até a apresentação do plano de recuperação


judicial, distribuir lucros ou dividendos a sócios e acionistas.

O art. 6º-A dispõe: É vedado ao devedor, até a aprovação do plano de recuperação


judicial, distribuir lucros ou dividendos a sócios e acionistas, sujeitando-se o
infrator ao disposto no art. 168 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

b) INCORRETO. É vedada atribuição de responsabilidade a terceiros em decorrência


do mero inadimplemento de obrigações do devedor falido ou em recuperação judicial,
incluídas as garantias reais e fidejussórias, bem como as demais hipóteses reguladas
por esta Lei.

Veja que o artigo faz ressalva as garantias reais e fidejussórias: Art. 6º-C. É vedada
atribuição de responsabilidade a terceiros em decorrência do mero
inadimplemento de obrigações do devedor falido ou em recuperação judicial,
ressalvadas as garantias reais e fidejussórias, bem como as demais hipóteses
reguladas por esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

c) CORRETA. A remuneração do administrador judicial é crédito extraconcursal, não


se submetendo aos efeitos do plano de recuperação judicial.

58
Santo Graal
Jurídico
É importante lembrar que o administrador judicial uma pessoa escolhida pelo juiz
para auxiliá-lo na condução do processo de falência ou de recuperação judicial
praticando determinados atos que estão elencados no art. 22 da Lei nº 11.101/2005.
A forma de remuneração está disciplinada no art. 24, e deve ser levado em
consideração, basicamente, a capacidade de pagamento do devedor, o grau de
complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de
atividades semelhantes.
Conforme entendimento do STJ, o pagamento do administrador judicial deve ser
considerado crédito extraconcursal, por duas razões:
1) Em primeiro lugar, pelo fato de o crédito ser extraconcursal, considerando que seu
fato gerador é posterior ao pedido de recuperação judicial (art. 49), além de ser assim
caracterizado expressamente no caso de falência (art. 84, I, “d”, da Lei nº 11.101/2005):
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do
pedido, ainda que não vencidos.
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos:
(...)
I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, aos
reembolsos devidos a membros do Comitê de Credores, e aos créditos derivados da
legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços
prestados após a decretação da falência;
Assim, como crédito extraconcursal, não se submete aos efeitos do plano, seja para
sobre ele incidir eventual deságio ou carência, seja para ser pago de forma diferida ou
parcelada.
2) Em segundo lugar, porque a submissão dessa discussão no plano de credores não é
adequada.
A remuneração do administrador judicial é insuscetível de negociação quer com os
devedores, quer com os credores, diante da necessidade de garantir sua
imparcialidade.
A remuneração do administrador judicial é crédito extraconcursal, não se submetendo
aos efeitos do plano de recuperação judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.905.591-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
7/2/2023 (Info 764).

d) INCORRETA. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da


recuperação judicial implica interrupção do curso da prescrição das obrigações do
devedor sujeitas ao regime da Lei nº 11.101/2005.

Muita atenção, pois é hipótese de suspensão da prescrição, conforme dispõe o art. 6º,
inciso I:
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação
judicial implica:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime
desta Lei;

e) INCORRETA. É incabível a medida coercitiva atípica de apreensão de passaportes,


em sede de processo de falência, ainda que constatados fortes indícios de ocultação
de patrimônio.

59
Santo Graal
Jurídico
Aqui é preciso ter muita atenção ao enunciado da questão. Embora não seja a regra, o
STJ já admitiu em recente julgado, conforme veremos abaixo:
A apreensão do passaporte do devedor é medida atípica e restritiva da liberdade de
locomoção do indivíduo, podendo caracterizar constrangimento ilegal e arbitrário,
susceptível de análise em sede de habeas corpus, como via processual adequada.
Em homenagem ao princípio do resultado na execução, o CPC/2015 inovou no
ordenamento jurídico ao prever, em seu art. 139, IV, a adoção de medidas executivas
atípicas, tendentes à satisfação da obrigação exequenda.
Sendo a falência um processo de execução coletiva decretado judicialmente, deve o
patrimônio do falido estar comprometido exclusivamente com o pagamento da massa
falida, de modo que se tem como cabível, de forma subsidiária, a aplicação da referida
regra do art. 139, IV, conforme previsto no art. 189 da Lei 11.101/2005.
No caso concreto, o STJ considerou que a apreensão do passaporte do falido foi uma
medida coercitiva dotada de razoabilidade tendo em vista que determinada mediante
decisão fundamentada e com observância do contraditório prévio, em sede de
processo de falência que perdura por mais de dez anos, após constatados fortes
indícios de ocultação de vasto patrimônio em paraísos fiscais e que as luxuosas e
frequentes viagens internacionais do paciente são custeadas com patrimônio
indevidamente transferido a familiares pelo próprio falido, tudo como forma de
subtrair-se pessoalmente aos efeitos da quebra.
STJ. 4ª Turma. HC 742879-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 13/09/2022 (Info 749).

43 | Sobre o estabelecimento empresarial, assinale a alternativa


incorreta:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) CORRETO. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para


exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

A alternativa acima está correta e traz o conceito de estabelecimento dado pelo


art. 1.042 do Código Civil.

b) CORRETO. O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a


atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.

A alternativa corresponde as disposições do §1º, do art. 1.142 do Código Civil:


§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade
empresarial, que poderá ser físico ou virtual. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022).
Note que quando se trata do assunto “estabelecimento empresarial”, o domínio dos
artigos correlatos é de suma importância nas provas de concurso.

60
Santo Graal
Jurídico
Conforme Marcelo Sacramone: Embora vulgarmente caracterizado o estabelecimento
como o local em que a atividade é realizada, a definição vulgar está incorreta. O
estabelecimento empresarial é composto por todos os bens, materiais e imateriais,
que permitem o desenvolvimento da atividade. Entre esses bens, o ponto comercial é
apenas um dos elementos integrantes do estabelecimento. Nesse sentido, a Lei n.
14.195/21 consagrou essa posição. O estabelecimento empresarial não se confunde
com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.

c) CORRETO. É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

Trata-se de entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, vejamos:


STJ - Súmula 451 É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.
No entanto, cabe ressaltar que a penhora é excepcional e somente será legítima se
(i) inexistir outros bens passíveis de penhora e (ii) não seja servil à residência da
família.

d) INCORRETO. Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a


fixação do horário de funcionamento competirá a União em observância ao princípio da
livre concorrência.

A afirmação está incorreta e, por isso, é o gabarito a ser marcado.


O art. 1.142 do Código Civil prevê:
(...)
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do
horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista no
inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. (Incluído pela
Lei nº 14.382, de 2022).
Trata-se de novidade legislativa que introduz no Código Civil entendimento objeto de
súmula vinculante:

Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de


funcionamento de estabelecimento comercial.

Tal matéria insere-se na competência dos Municípios, isso porque é entendida como
sendo “assunto de interesse local”, cuja competência é municipal, nos termos do art.
30, I, da CF/88.

e) CORRETO. O contrato de compra e venda de um estabelecimento empresarial


recebe o nome de trespasse.

A alternativa está correta.


Conforme ensina Marcelo Sacramone a alienação do estabelecimento empresarial é
conhecida por trespasse. Consiste na transferência, mediante o pagamento de um
preço, do direito de propriedade sobre todos os bens organizados pelo alienante para
que a atividade empresarial possa ser explorada pelo adquirente.
Sacramone, Marcelo Barbosa. Manual de Direito Empresarial. 3. ed. – São Paulo:
SaraivaJur, 2022.

61
Santo Graal
Jurídico

44 | Levando em consideração as disposições do Código Civil, assinale a


alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. São consideradas sociedades não personificadas, e, portanto, sem


personalidade jurídica, as sociedades em comum e sociedades em conta de
participação.

A alternativa está correta.

O Código Civil organiza da seguinte maneira:

SUBTÍTULO I
DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA

CAPÍTULO I CAPÍTULO II
DA SOCIEDADE EM COMUM DA SOCIEDADE EM CONTA DE
PARTICIPAÇÃO

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos Art. 991. Na sociedade em conta de
constitutivos, reger-se-á a sociedade, participação, a atividade constitutiva do
exceto por ações em organização, pelo objeto social é exercida unicamente pelo
disposto neste Capítulo, observadas, sócio ostensivo, em seu nome individual e
subsidiariamente e no que com ele forem sob sua própria e exclusiva
compatíveis, as normas da sociedade responsabilidade, participando os demais
simples. dos resultados correspondentes.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro
ou com terceiros, somente por escrito tão-somente o sócio ostensivo; e,
podem provar a existência da sociedade, exclusivamente perante este, o sócio
mas os terceiros podem prová-la de participante, nos termos do contrato social.
qualquer modo.
Art. 992. A constituição da sociedade em
Art. 988. Os bens e dívidas sociais conta de participação independe de
constituem patrimônio especial, do qual qualquer formalidade e pode provar-se por
os sócios são titulares em comum. todos os meios de direito.

Art. 989. Os bens sociais respondem Art. 993. O contrato social produz efeito
pelos atos de gestão praticados por somente entre os sócios, e a eventual
qualquer dos sócios, salvo pacto inscrição de seu instrumento em qualquer
expresso limitativo de poderes, que registro não confere personalidade jurídica
somente terá eficácia contra o terceiro à sociedade.
que o conheça ou deva conhecer.

62
Santo Graal
Jurídico

Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de


fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o
sócio participante não pode tomar parte
nas relações do sócio ostensivo com
terceiros, sob pena de responder
solidariamente com este pelas obrigações
em que intervier.

Art. 994. A contribuição do sócio


participante constitui, com a do sócio
ostensivo, patrimônio especial, objeto da
conta de participação relativa aos negócios
sociais.
o titulares em comum.
§ 1º A especialização patrimonial somente
Art. 989. Os bens sociais respondem produz efeitos em relação aos sócios.
pelos atos de gestão praticados por
qualquer dos sócios, salvo pacto § 2º A falência do sócio ostensivo acarreta
expresso limitativo de poderes, que a dissolução da sociedade e a liquidação da
somente terá eficácia contra o terceiro respectiva conta, cujo saldo constituirá
que o conheça ou deva conhecer. crédito quirografário.

Art. 990. Todos os sócios respondem § 3º Falindo o sócio participante, o contrato


solidária e ilimitadamente pelas social fica sujeito às normas que regulam os
obrigações sociais, excluído do benefício efeitos da falência nos contratos bilaterais
de ordem, previsto no art. 1.024, aquele do falido.
que contratou pela sociedade.
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o
sócio ostensivo não pode admitir novo
sócio sem o consentimento expresso dos
demais.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de


participação, subsidiariamente e no que
com ela for compatível, o disposto para a
sociedade simples, e a sua liquidação rege-
se pelas normas relativas à prestação de
contas, na forma da lei processual.

Parágrafo único. Havendo mais de um sócio


ostensivo, as respectivas contas serão
prestadas e julgadas no mesmo processo.

63
Santo Graal
Jurídico
b) INCORRETO. A sociedade em nome coletivo e a sociedade em comandita simples
são exemplos de sociedades não personificadas.

Tanto a sociedade em nome coletivo quanto a sociedade em comandita simples são


sociedades personificadas. Atente para o quadro abaixo:

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS SOCIEDADES PERSONIFICADAS

a) Sociedade em nome coletivo (1.039 a


1.044 CC)
b) Sociedade em comandita simples (1.045
a) Sociedade em comum a 1.051 CC)
b) Sociedade em conta de participação c) Sociedade limitada (1.052 a 1.087 CC)
d) Sociedade anônima (1.088 a 1.089 CC e
Lei 6.404/76 - LSA)
e) Sociedade em comandita por ações
(1.090 a 1.092 CC)

c) INCORRETO. Em uma sociedade em comum, todos os sócios respondem solidária e


limitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem aquele que
contratou pela sociedade.

Na sociedade em comum, os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas


obrigações sociais.
É o teor do art. 990 do Código Civil, vejamos:
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que
contratou pela sociedade.

d) INCORRETO. Na sociedade em comandita simples, a atividade constitutiva do


objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob
sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

A alternativa está incorreta, a descrição é da sociedade em conta de participação,


vejamos:
Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto
social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob
sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

e) INCORRETO. A inscrição em registro do contrato conferirá personalidade jurídica à


sociedade em conta de participação.

64
Santo Graal
Jurídico
A alternativa está incorreta.

O art. 985 prevê que a sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no
registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos.
No tocante a sociedade em conta de participação isso não acontece, é, portanto, uma
exceção. Observe o teor do art. 993, CC:
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual
inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade
jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão
dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do
sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este
pelas obrigações em que intervier.

45 | Determinada Sociedade Limitada chamada ALFA desenvolve


atividade no setor têxtil há mais de 3 anos, possuindo 12 sócios. No
tocante à administração e as deliberações sociais, assinale a
alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETO. Para a aprovação das contas da administração, o Código Civil exige


expressamente a deliberação dos sócios que pode ocorrer em reunião marcada para
tal fim.

De fato, o art. 1.071 estabelece a necessidade de deliberação dos sócios para


aprovação das contas dos administradores:
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias
indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
O candidato deve estar atento, no entanto, que tratando-se de sociedade com mais de
10 sócios, as deliberações devem ser tomadas em assembleia:
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão
tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo
ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. § 1o A
deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez.

b) INCORRETO. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir
sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos,
contados de acordo com a quantidade de sócios, independentemente do valor das
quotas de cada um.

65
Santo Graal
Jurídico
A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 1.010, CC:
Art. 1.010 Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre
os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos,
contados segundo o valor das quotas de cada um.

c) INCORRETO. Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação
interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação ainda que a aprovação
se dê independentemente de seu voto.

A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 1.010, §3º, CC:


(...)
§ 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação
interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças
a seu voto.

d) INCORRETO. A sociedade ALFA não poderá escolher um administrador que não seja
sócio.

Atente que desde o Código Civil de 2002, é possível a designação de administradores


não sócios. Para tanto, será necessário a aprovação dos sócios com o seguinte quórum:

·Se o capital estiver totalmente integralizado Mais da metade do capital social.

·Se o capital não estiver totalmente integralizado No mínimo 2/3 dos sócios.

e) CORRETO. A sociedade ALFA poderá designar administradores que não sejam


sócios, o que exigirá a aprovação de mais da metade do capital social, se esse estiver
totalmente integralizado.

A alternativa está correta e em sintonia com as disposições do Código Civil.


Como observado na alternativa acima, caso o capital social esteja totalmente
integralizado, a designação de administradores não sócios poderá ser feita com a
aprovação de mais de metade do capital social.

46 | No tocante à sociedade limitada, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. Pessoa Jurídica pode ser Administrador de Sociedade Limitada.

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Santo Graal
Jurídico
O candidato deve estar atento pois somente a pessoa natural pode ser administrador,
nos termos do art. 997, VI e art. 1.062, §2º do CC:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público,
que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
(...)
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e
atribuições;
Art. 1.062 (...)
(...)
§ 2º Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja
averbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome,
nacionalidade, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o
ato e a data da nomeação e o prazo de gestão.
Esse artigo só menciona caracteres das pessoas físicas. O legislador omitiu caracteres
da pessoa jurídica intencionalmente.

b) CORRETO. A sociedade responde pelos atos de seus administradores, ainda que


estes tenham extrapolado seus poderes e atribuições.

O Código Civil adotava expressamente a Teoria “ultra vires” segundo a qual não seria
imputável à sociedade o ato praticado pelo administrador além dos limites a ele
atribuído pelo contrato social. De acordo com a mencionada teoria somente o
administrador responderia por tais atos.
De acordo com a antiga redação do Código Civil, o excesso por parte dos
administradores somente poderia ser oposto a terceiros se ocorresse pelo menos uma
das seguintes hipóteses:
I - Se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no contrato social;
II - Provando-se que o terceiro que contratou com a sociedade sabia que o
Administrador não tinha poderes para tanto;
III - Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.
No entanto, conforme a doutrina, tal previsão legal andou na contramão da
jurisprudência.
A 14.195/2021 revogou o parágrafo único do art. 1.015 do CC, acabando com as três
exceções acima explicadas. Essas exceções recebiam críticas de parcela significativa
da doutrina. Isso porque elas enfraqueciam a proteção que deve ser conferida ao
terceiro de boa-fé que contratava com a sociedade. Além disso, tais exceções
contribuíam para uma situação de insegurança jurídica.
Em suma:
·A sociedade responde pelos atos de seus administradores, ainda que estes tenham
extrapolado seus poderes e atribuições.
·As três exceções a essa regra, que eram previstas no parágrafo único do art. 1.015 do
CC, foram revogadas. O objetivo foi o de prestigiar, ainda mais, a boa-fé do terceiro
com quem os atos foram praticados e resguardar a segurança jurídica das relações.
Com a Lei nº 14.195/2021, o ordenamento jurídico brasileiro abandonou a teoria ultra
vires.
Direito Empresarial. Cadernos Sistematizados.

67
Santo Graal
Jurídico
c) INCORRETO. A administração atribuída no contrato a todos os sócios se estende de
pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.

A afirmativa está incorreta, o Código Civil dispõe que a administração atribuída no


contrato a todos os sócios NÃO se estende de pleno direito aos que posteriormente
adquiram essa qualidade. Trata-se de disposição expressa no parágrafo único do
art. 1.060, CC.

d) INCORRETO. Na sociedade limitada, poderá ser criado Conselho fiscal composto


exclusivamente por sócios.

A alternativa está incorreta, vai de encontro à disposição do Código Civil que prevê a
possibilidade de participação de não sócios no conselho fiscal:
Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato
instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes,
sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual prevista no art. 1.078.
§ 1° Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados no § 1
o do art. 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela
controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o
cônjuge ou parente destes até o terceiro grau.
§ 2° É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto
do capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho
fiscal e o respectivo suplente.

e) INCORRETA. A sociedade limitada somente pode ser constituída por duas ou mais
pessoas.

A lei nº 13.874/2019 trouxe como novidade a possibilidade de sociedade unipessoal,


desse modo, é possível a constituição de uma sociedade limitada com apenas uma
pessoa.
É o que dispõe o art. 1.052, CC:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor
de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital
social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no
que couber, as disposições sobre o contrato social.(Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

68
Santo Graal
Jurídico

47 | Sobre o estabelecimento comercial, assinale a alternativa


incorreta:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) CORRETO. É possível realizar o trespasse mesmo que o alienante tenha dívidas


superiores ao seu patrimônio.

A afirmação está correta.


Se for realizada uma alienação ou trespasse do estabelecimento e o alienante não
permanecer com bens suficientes para quitar todas as suas dívidas, essa venda
somente será eficaz se se todos os credores forem pagos ou se concordarem com a
alienação. É o que prevê o art. 1.145 do Código Civil:
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a
eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os
credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a
partir de sua notificação.

b) INCORRETO. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos


débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,
continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de dois anos, a
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do
vencimento.

Como o enunciado pede para marcar a alternativa incorreta, esse é o gabarito. O


devedor primitivo fica solidariamente obrigado pelo prazo de 1 ano!
De acordo com o Código Civil:
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o
devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto
aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

c) CORRETO. A caracterização da sucessão empresarial fraudulenta não exige a


comprovação formal da transferência de bens, direitos e obrigações à nova sociedade,
admitindo-se sua presunção quando os elementos indiquem que houve o
prosseguimento na exploração da mesma atividade econômica, no mesmo endereço e
com o mesmo objeto social.

Trata-se de entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça:


A caracterização da sucessão empresarial fraudulenta não exige a comprovação
formal da transferência de bens, direitos e obrigações à nova sociedade, admitindo-se
sua presunção quando os elementos indiquem que houve o prosseguimento na
exploração da mesma atividade econômica, no mesmo endereço e com o mesmo
objeto social.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.837.435-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/05/2022 (Info 737).
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Santo Graal
Jurídico
d) CORRETO. A capacidade de produzir lucros pelo estabelecimento é chamada de
aviamento.

De acordo com Marcelo Sacramone: a capacidade de produzir lucros pelo


estabelecimento é chamada de aviamento. É a qualidade do estabelecimento, um
modo de ser resultante da organização dos bens a determinada finalidade.
O aviamento pode ser objetivo, quando deriva de condições objetivas, como o local do
estabelecimento ou das instalações. Pode também ser subjetivo, em considerações às
qualidades pessoais do titular na organização dos bens.
Em razão do aviamento, o estabelecimento empresarial poderá ser alienado ou
negociado por valor muito superior à soma dos diversos elementos materiais e
imateriais que o compõem.
Sacramone, Marcelo Barbosa. Manual de Direito Empresarial. 3. ed. – São Paulo:
SaraivaJur, 2022.

e) CORRETO. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não


pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

Trata-se do direito de não concorrência que privilegia a boa-fé e possui previsão


expressa no Código Civil:
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não
pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a
proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.

48 | De acordo com a Lei nº 6.404/76 e todas as demais disposições


relativas às Sociedades por Ações, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. A sociedade por ações será sempre sociedade empresária.

Uma sociedade por ações será sempre uma sociedade empresária. Grave isso, e nesse
caso, o “sempre” vai estar correto. E acredite, confunde muita gente.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que
tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro
(art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu
objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

b) INCORRETO. No tocante ao nome empresarial, é possível que a sociedade anônima


adote firma ou denominação.

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Santo Graal
Jurídico
A sociedade anônima opera somente com denominação. Observe a disposição do
Código Civil:
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação integrada pelas
expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente,
facultada a designação do objeto social. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de
2022).
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou
pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.

c) INCORRETO. O Conselho de Administração, em regra, é um órgão obrigatório das


Sociedades Anônimas.

Trata-se de órgão facultativo, sendo obrigatório apenas em 4 situações (DECORE):


·CIA aberta;
·Sociedade de capital autorizado (art. 168 da LSA) → Trata-se da sociedade onde o
Estatuto permite previamente a alteração do capital, sem que seja necessária à sua
modificação (do Estatuto).
·Sociedade de economia mista.
·Sociedade anônima de futebol

d) INCORRETO. O chamado dever de DESCLOSURE consiste na proibição do trânsito


de informações por parte daqueles que ocupam lugar na diretoria.

O dever de DESCLOSURE é encontrado no art. 157 da LSA e consiste no dever da


administração de informar ao mercado financeiro da saúde financeira da sua
empresa. Observe:
Art. 157. O administrador de companhia aberta deve declarar, ao firmar o termo de
posse, o número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e
debêntures conversíveis em ações, de emissão da companhia e de sociedades
controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular.

e) INCORRETO. Tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica poderão integrar os


órgãos da administração de uma sociedade anônima.

Apenas pessoas naturais podem integrar os órgãos de administração. Observe o que


dispõe o art. 146 da LSA:
Art. 146. Apenas pessoas naturais poderão ser eleitas para membros dos órgãos de
administração.

49 | No tocante a propriedade industrial e sua disciplina legal e


jurisprudencial, assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa B

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Santo Graal
Jurídico

Comentários

a) INCORRETA. É possível a cumulação, em um mesmo processo, do pedido de


reconhecimento de nulidade de registro marcário com o de reparação de danos
causados por particular que teria utilizado indevidamente marca de outro particular.

É indevida a cumulação, em um mesmo processo, do pedido de reconhecimento de


nulidade de registro marcário com o de reparação de danos causados por particular
que teria utilizado indevidamente marca de outro particular.
A LPI não trata da possibilidade de se cumular, na ação de nulidade, o pedido de
indenização, que, a rigor, não decorre da nulidade do registro em si, mas, sim, de
eventual uso indevido da marca anterior.
A competência para julgar o pedido anulatório é da Justiça Federal, considerando que
há o interesse do INPI, autarquia federal (art. 109, I, da CF/88):
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
Por outro lado, a ação de indenização volta-se apenas contra a empresa privada “T”,
cuidando-se de demanda entre particulares, cuja apreciação compete à Justiça
Estadual.
Desse modo, não é possível a cumulação de pedidos, porquanto, na forma do art. 327, §
1º, II, do CPC/2015, esta só é possível na hipótese em que o mesmo juízo é competente
para de todos conhecer:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
(...)
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
A alternativa vai na contramão daquilo que o Superior Tribunal de Justiça vem
decidindo nesses casos, observe:
É indevida a cumulação, em um mesmo processo, do pedido de reconhecimento de
nulidade de registro marcário com o de reparação de danos causados por particular
que teria utilizado indevidamente marca de outro particular.
STJ. 4ª Turma. REsp 1188105-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/3/2013
(Info 519).
Não é possível a cumulação dos pedidos de nulidade de registro de marca e abstenção
de uso com o pedido de indenização por danos materiais e morais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.848.033-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
19/10/2021 (Info 716).

b) CORRETO. É possível cumular o pedido de nulidade da marca com o de abstenção


do uso da marca.

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Santo Graal
Jurídico
A alternativa está correta. O art. 173 da Lei de Propriedade Industrial - LPI
expressamente autoriza a cumulação do pedido de nulidade com o pedido de
abstenção do uso da marca, que pode ser requerido inclusive liminarmente:
Art. 173. A ação de nulidade poderá ser proposta pelo INPI ou por qualquer pessoa com
legítimo interesse.
Parágrafo único. O juiz poderá, nos autos da ação de nulidade, determinar
liminarmente a suspensão dos efeitos do registro e do uso da marca, atendidos os
requisitos processuais próprios.

c) INCORRETO. Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento de pedido de


reconhecimento de nulidade de registro marcário em virtude da existência de
interesse direto da Junta Comercial.

A alternativa está incorreta.


A competência para julgar o pedido anulatório é da Justiça Federal, considerando que
há o interesse do INPI, autarquia federal (art. 109, I, da CF/88):
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
Observe ainda a jurisprudência em teses do STJ (ed. 24)
Tese 11: A ação de nulidade de registro de marca ou patente é necessária para que
possa ser afastada a garantia da exclusividade, devendo correr na Justiça Federal ante
a obrigatoriedade de participação do INPI.
No mesmo sentido, prevê a Lei nº 9.279/96:
Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal (...)

d) INCORRETO. Considera-se marca de certificação aquela usada para identificar


produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.

A alternativa traz o conceito de marca coletiva.


De acordo com o art. 123 da Lei nº 9.279/96:
Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de
outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou
serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à
qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos
de membros de uma determinada entidade.

e) INCORRETO. Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas


desde que de direito privado.

A alternativa está incorreta.

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Santo Graal
Jurídico
O requerimento do registro da marca pode ser realizado por pessoas físicas e pessoas
jurídicas, estas últimas podem ser de direito público ou privado, conforme dispõe o art.
128 da Lei nº 9.279/96:
Art. 128. Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou de direito privado.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Impossibilidade de cumulação de ação de nulidade de registro com
indenização por danos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5c341d10c5596a0fd920fda9f33bcb
06>. Acesso em: 30/01/2024

50 | Sobre a cédula de crédito imobiliária assinale a alternativa que está


em desacordo com a legislação de regência:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) CORRETO. A constrição judicial que recaia sobre crédito representado por CCI será
efetuada nos registros da instituição custodiante ou mediante apreensão da
respectiva cártula.

Esse tema, quando tratado em provas de concurso, geralmente exigem do candidato


conhecimento da literalidade das disposições da Lei nº 10.931/04:
Art. 18. É instituída a Cédula de Crédito Imobiliário - CCI para representar créditos
imobiliários.
(...)
§ 7º A constrição judicial que recaia sobre crédito representado por CCI será
efetuada nos registros da instituição custodiante ou mediante apreensão da
respectiva cártula.

b) CORRETO. A Cédula de Crédito Imobiliária será emitida pelo credor do crédito


imobiliário e poderá ser integral, quando representar a totalidade do crédito, ou
fracionária, quando representar parte dele, não podendo a soma das CCI fracionárias
emitidas em relação a cada crédito exceder o valor total do crédito que elas
representam.

A alternativa corresponde a literalidade do art. 18, §1º da Lei nº 10.931/04:


Art. 18. É instituída a Cédula de Crédito Imobiliário - CCI para representar créditos
imobiliários.

§ 1º A CCI será emitida pelo credor do crédito imobiliário e poderá ser integral, quando
representar a totalidade do crédito, ou fracionária, quando representar parte dele, não
podendo a soma das CCI fracionárias emitidas em relação a cada crédito exceder o
valor total do crédito que elas representam.

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Santo Graal
Jurídico
c) CORRETO. As CCI fracionárias poderão ser emitidas simultaneamente ou não, a
qualquer momento antes do vencimento do crédito que elas representam.

A alternativa está de acordo com a literalidade do art. 18, §2º:


Art. 18. (...)
§ 2º As CCI fracionárias poderão ser emitidas simultaneamente ou não, a qualquer
momento antes do vencimento do crédito que elas representam.

d) CORRETO. Sendo o crédito imobiliário garantido por direito real, a emissão da CCI
será averbada no Registro de Imóveis da situação do imóvel, na respectiva matrícula,
devendo dela constar, exclusivamente, o número, a série e a instituição custodiante.

A alternativa está de acordo com o art. 18, §5º:


Art. 18. (...)
§ 5º Sendo o crédito imobiliário garantido por direito real, a emissão da CCI será
averbada no Registro de Imóveis da situação do imóvel, na respectiva matrícula,
devendo dela constar, exclusivamente, o número, a série e a instituição custodiante.

e) INCORRETO. A CCI é título executivo judicial, exigível pelo valor apurado de acordo
com as cláusulas e condições pactuadas no contrato que lhe deu origem.

A Cédula de Crédito Imobiliário é um título executivo extrajudicial. A alternativa está


incorreta, devendo ser marcada.
Art. 20. A CCI é título executivo extrajudicial, exigível pelo valor apurado de acordo
com as cláusulas e condições pactuadas no contrato que lhe deu origem.
Parágrafo único. O crédito representado pela CCI será exigível mediante ação de
execução, ressalvadas as hipóteses em que a lei determine procedimento especial,
judicial ou extrajudicial para satisfação do crédito e realização da garantia.

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