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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Academia de Polícia Militar

CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO

“O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”.

Aristóteles.
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O presente trabalho analisa a formação de entidades criadas com o


objetivo de captar recursos alternativos e aplicá-los em frações da Polícia Militar de
Minas Gerais (PMMG), na Região do 10º Comando Regional de Polícia Militar.
No contexto da PMMG não existe doutrina a respeito da captação de
recursos alternativos para suprir a deficiência por parte do Estado. Exceção, são as
matérias relativas a elaboração de convênios entre a Instituição e órgãos públicos e/ou
privados.
Para suprir a carência de recursos, alguns Comandantes, nos diversos
níveis, têm se utilizado das mais diversas formas, algumas até informais e com frágil
controle.
O propósito é analisar a constituição e o funcionamento das entidades,
mostrando o seu relacionamento com a PMMG através das frações locais, visando munir
a Polícia Militar de dados para elaboração de diretrizes de execução, coordenação e
controle.
O capítulo 2 trata do objeto de estudo.
O capítulo 3 faz uma abordagem ao papel do Estado na segurança
pública. Descreve a necessidade da formação do Estado e a sua função de responsável e
titular exclusivo no papel de garantir a segurança dos cidadãos através do seu poder de
polícia.
O capítulo 4 refere-se à constituição e classificação da pessoa jurídica.
O capítulo 5 enfoca o conceito de parceria e as suas características.
Aborda os aspectos das parcerias, principalmente as praticadas pela Polícia Militar.
O capítulo 6 refere-se a segurança como a segunda necessidade na cadeia
de necessidades humanas. Enfoca a crise de insegurança e a visão do delito na ótica da
comunidade, bem como a presença da polícia como fator de equilíbrio e recurso do
cidadão comum.
No capítulo 7 é descrita a metodologia da pesquisa.
No capítulo 8 são analisados os dados obtidos por meio das pesquisas.
No capítulo 9 são apresentadas a conclusão e a sugestão em decorrência
da realização da pesquisa.
O trabalho é complementado com as fontes bibliográficas e os apêndices.

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CAPÍTULO 2
OBJETO DE ESTUDO
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2.1 Assunto

Administração da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.

2.2 Tema

As entidades de suporte logístico às atividades da Polícia Militar em


funcionamento na Região do 10º CRPM e seus reflexos na eficiência operacional:
avaliação.

2.3 Problema

A eficiência operacional almejada ocorreu com a criação das entidades de


suporte logístico às atividades da Polícia Militar na Região do 10º CRPM?

2.4 Hipótese

Apesar dos recursos alocados à Polícia Militar, não ocorreu a eficiência


desejada para a sua atividade operacional.

2.5 Variáveis

a) sensação de segurança na comunidade;

b) presença ostensiva de militares nas ruas;

c) atendimento pronto e real à demanda de ocorrências;

d) meios materiais necessários e adequados à atividade policial-militar.

2.6 Objetivos

2.6.1 Geral

Avaliar o funcionamento das entidades estruturadas para dar suporte


logístico às atividades da Polícia Militar, que estão em funcionamento na Região do 10º
CRPM, e verificar os seus reflexos na eficiência operacional das respectivas frações.

2.6.2 Específicos

a) descrever o processo de criação das entidades de suporte logístico às


atividades da Polícia Militar em funcionamento na Região do 10º CRPM;

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b) identificar a forma de captação de recursos e aplicação pelas entidades


estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar e que estão em
funcionamento na Região do 10º CRPM;

c) avaliar o grau de satisfação da população com a resposta dada pela Polícia


Militar em função da atuação das entidades estruturadas para dar suporte logístico às
atividades da Polícia Militar, que estão em funcionamento na Região do 10º CRPM;

d) identificar as expectativas dos Comandantes de frações para a criação das


entidades de suporte logístico às atividades da Polícia Militar em funcionamento na Região
do 10º CRPM e verificar se elas foram alcançadas com a implementação das entidades;

e) verificar se existem, na Instituição, instrumentos de orientação e


controle das relações entre as entidades estruturadas para dar suporte logístico às
atividades da Polícia Militar e as respectivas frações beneficiadas.

2.7 Justificativa

Com o acentuamento da crise econômica os problemas relacionados à


segurança pública avolumaram-se nos últimos anos. O desemprego e a miséria
cresceram consideravelmente. Diariamente os jornais e telejornais levam até a população
o conhecimento de fatos relacionados à segurança pública motivados, na maioria das
vezes, pelo quadro caótico montado pela situação econômica por que passa não só o
Estado de Minas Gerais, como também, toda a Federação.

Como conseqüência, tem-se o recrudescimento da violência urbana e o


decorrente aumento do trabalho e exigência dos órgãos encarregados da segurança
pública. Com a Polícia Militar não poderia ser diferente. O aumento da criminalidade
refletiu-se na Instituição que cada vez mais tem que buscar resposta aos anseios da
comunidade.

Mas a crise econômica que prejudica as atividades do Estado também


atingiu as atividades de segurança pública, e, logicamente, a Polícia Militar de Minas
Gerais. Poucos são os recursos disponibilizados pelo Estado para a execução das
atividades relacionadas à responsabilidade institucional da Polícia Militar.

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Diante da crise e com meios insuficientes ao combate ao criminoso que se


organizou, e, ao contrário do aparelhamento policial do Estado, equipou-se e adquiriu
equipamentos sofisticados, a Polícia Militar incrementou a captação de recursos
alternativos junto à Comunidade. Por meio destes recursos, tenta superar a capacidade
ofensiva do criminoso, no que diz respeito aos equipamentos, armamentos e outros
recursos materiais e tecnológicos.

Algumas frações da Polícia Militar organizaram-se para este fim,


procurando incentivar as lideranças das comunidades locais a criarem entidades com o
objetivo de arrecadar recursos destinados ao aparelhamento da Polícia Militar.

Na Região do 10º CRPM existem 5 (cinco) entidades em funcionamento


com esta finalidade: Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Patrocínio,
Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Paracatu, Conselho de Defesa Social
de Monte Carmelo, Conselho de Defesa Social de Estrela do Sul e Conselho
Comunitário de Segurança Pública de Coromandel.

Após a implementação das entidades de suporte logístico às atividades da


Polícia Militar na Região do 10ºCRPM, as frações receberam recursos logísticos, tais
como: viaturas, computadores, rádios, telefones celulares e combustível.

As comunidades aceitaram contribuir com a Instituição de maneira


espontânea, esperando, assim, melhoria na execução das atividades relacionadas à segurança
pública, principalmente o policiamento ostensivo e preventivo executado pela Polícia
Militar.

A Polícia Militar vem divulgando como positivos os resultados


alcançados na melhoria de suas atividades com a criação das entidades, estimulando,
assim, a criação de outras em novas localidades do Estado de Minas Gerais.

Diante dos fatos, torna-se necessário avaliar as condições de criação e


funcionamento destas entidades, para verificar se a sua criação aumentou a eficiência
operacional da Polícia Militar e está, perante as comunidades, sendo fator de satisfação.

A proposta para a realização do trabalho na Região do 10º CRPM é


decorrente do fato de que este tipo de captação de recursos alternativos surgiu na Cidade
de Monte Carmelo, 157ª Cia do 15º Batalhão de Polícia Militar e a primeira entidade foi a

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Comissão Pró-construção do Quartel da Companhia de Monte Carmelo. Também está na


Região do 10º CRPM o Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Patrocínio,
entidade que está sendo divulgada como modelo para a criação de similares em outras
frações da Polícia Militar de Minas Gerais.

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CAPÍTULO 3
O PAPEL DO ESTADO NA SEGURANÇA PÚBLICA
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Não tem o presente capítulo a intenção de enveredar-se pelos campos da


Teoria Geral do Estado ou do Direito Administrativo; apenas irá fazer um breve relato a
respeito da função de regular as relações entre os indivíduos que é própria do Estado.

3.1 O Estado

É antiga a assertiva de que o homem não se comporta como se fosse uma


ilha. Ele não vive isolado. É um ser vivo dotado de raciocínio. Utiliza-se da razão para
escolher o que é bom para si e para os seus semelhantes.

Ocorre que ele nem sempre utiliza desta faculdade de pensar para
escolher a melhor opção para si e para toda a sociedade. Às vezes, o egoísmo ou
interesses escusos fazem este ser racional desviar as suas ações em prol de si mesmo,
quebrando as regras de convivência impostas pela vida em comunidade e prejudicando
seu semelhante .

ACQUAVIVA ( apud FERNANDES, Antônio José Martins, CUNHA,


Cícero Leonardo da, 1998, p. 12 ), afirma que : "A necessidade de organizar as
atividades na árdua luta pela manutenção da comunidade e a solução das desavenças
surgidas no próprio seio do grupamento , logo, convenceriam os homens de que era
preciso acatarem a autoridade de alguém mais bem dotado".

Para regular as relações entre os homens, surge o Estado. Sobre esse ente
complexo nascido da necessidade de delimitação das atividades humanas para o bem
comum, assim manifestou-se AZAMBUJA ( 1986, p.2 ) :

"( ... ) é uma sociedade , pois se constitui essencialmente


de um grupo de indivíduos unidos e organizados
permanentemente para realizar um objetivo comum. E se
denomina sociedade política, porque, tendo a sua
organização determinada por normas de Direito positivo,
é hierarquizada na forma de governantes e governados e
tem uma finalidade própria, o bem público".
"( ... ) Estado é a organização político-jurídica de uma
sociedade para realizar o bem público, com governo
próprio e território determinado".

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O homem durante a sua vida pode fazer, por opção, parte de várias
instituições, sociedades, clubes recreativos, entidades filantrópicas, etc. A elas o homem
vincula-se ou desvincula-se opcionalmente. Até da família, instituição da qual o homem
nasce e por força de dependência fica ligado até a sua maioridade, ele desvincula-se.
Porém, como disse AZAMBUJA ( 1986, p.4 ) : "Da tutela do Estado, o homem não se
emancipa jamais". Do nascimento até a morte o homem permanece sob a tutela do
Estado, tendo as suas ações reguladas e vigiadas pelo bem do grupo.

3.2 O Poder de Polícia do Estado

O Estado, para tutelar as ações e as atividades do indivíduo é dotado de


autoridade e poder. Para exercer a coação e o controle sobre os membros da sociedade,
evitando que uns, subjuguem outros, ou que, descumpram normas em benefício próprio
e em prejuízo do grupo, o Estado utiliza-se do poder de polícia, do qual ele dispõe, por
força de sua constituição. Sobre a autoridade e o poder do Estado assim manifestou-se
AZAMBUJA (1986, p. 6) : "A autoridade é intrínseca ao Estado, é um de seus
elementos essenciais. Sem dúvida, em outras formas de sociedade também existe a
autoridade e o poder. Mas, o poder do Estado é o mais alto dentro de seu território, e o
Estado tem o monopólio da força para tornar efetiva sua autoridade".

Sobre poder de polícia assim manifestou-se MEIRELLES (1999, p.


115), "Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício da coletividade ou do próprio Estado".

Entrando mais no mérito de seu exercício , ESPÍRITO SANTO (1989, p.


36), diz que:
"O poder em si é inerte. Necessita de instrumentos para
atuar na ordem crescente. Além disso, sua extensão requer
o concurso de instrumentos diferenciados (órgãos ou
instituições), pois é impossível que um único órgão ou
instituição detenha e exercite o poder de polícia sobre tudo
e sobre todos".

Observa-se, assim, que o Estado é soberano em suas ações e que as suas


decisões são tomadas em benefício da coletividade e um dos meios de o Estado intervir

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nas relações é através do poder de polícia. Porém, o Estado criou mecanismos ou órgãos
para executar e operacionalizar o exercício do poder de polícia.

No campo da segurança pública os órgãos encarregados de


operacionalizar o poder de polícia no Brasil são os definidos no artigo 144 e seus
parágrafos da Constituição da República Federativa do Brasil.

3.3 A Segurança Pública : A Atividade Prestada pelo Estado

O exercício do poder de polícia e a atividade de polícia ligada ao campo


da segurança pública são atividades inerentes e exclusivas do Estado. Por serem
essenciais ao seu funcionamento, as atividades relacionadas à segurança pública só
podem ser exercidas pelo Estado. É serviço público essencial e, como tal, só pode ser
exercido por ele. Assim manifestou-se MEIRELLES ( 1999, p.298,299 ):

"Serviços públicos propriamente ditos, são os que a


Administração presta diretamente à comunidade, por
reconhecer sua essencialidade para a sobrevivência do
grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo, tais
serviços são considerados privativos do poder público, no
sentido de que só a Administração deve prestá-los, sem
delegação à terceiros ( ... )".
"Serviços próprios do Estado: são aqueles que se
relacionam intimamente com as atribuições do Poder
Público (segurança, polícia, higiene e saúde pública,
etc.)”.

CRETELLA JÚNIOR ( 1987, p. 454 ), também vincula a atividade


policial ao serviço público afirmando que: "( ... ) do mesmo modo a função policial é
serviço público. Acentue-se, ainda que as funções judicantes e as de segurança pública
são tão relevantes que o traço de indelegabilidade as caracteriza. O Estado jamais
outorga ao particular as funções de justiça e de manutenção da ordem".

Tem-se definido que as atividades de segurança pública são essenciais


para a sobrevivência da sociedade e do próprio Estado e por isso não podem ser
delegadas a particulares. É o próprio Estado quem as exerce por meio de seus órgãos
próprios.

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Sobre a atividade desenvolvida pela polícia, CRETELLA JÚNIOR


(1987, p. 604, 605 ), afirma que:

"Cabe à polícia zelar para que cada cidadão viva o mais


intensamente possível, sem prejudicar-se e sem ocasionar
lesões a outros indivíduos, devendo, por sua vez, a ação
policial circunscrever-se de modo preciso àquele escopo".
"( ... ) é a polícia, por excelência, visto ter por escopo a
tutela de bens que se acham no cume da hierarquia dos
valores - a vida humana".

3.4 A Segurança Pública Segundo a Constituição de 1988

A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu bojo um capítulo destinado


a tratar do tema "Segurança Pública", tal a importância dada ao tema pelo constituinte.
Em relação ao tema, SOARES (1990, p.538), diz que: "Em sentido lato, a expressão
'segurança pública' traduz o estado de garantia e tranqüilidade que deve ser assegurado
à coletividade em geral e ao indivíduo em particular, quanto à sua pessoa, liberdade e o
seu patrimônio, afastados de perigos e danos, pela ação preventiva dos órgãos próprios
(... )". Comentando sobre o capítulo destinado ao tema Segurança Pública na
Constituição Federal , continua Soares ( 1990, p. 538 ): "Assim, a 'segurança das
pessoas e das coisas' é elemento básico das condições universais, fator absolutamente
indispensável para o natural desenvolvimento da personalidade humana".

O constituinte encarregou-se de definir o que é segurança pública,


embora, de forma confusa, pois, a Constituição Federal de 1988 estabelece no caput do
art. 144 que segurança pública é "dever do Estado" e "responsabilidade de todos". Não é
definida claramente a responsabilidade que cada cidadão tem ao contribuir para o
estabelecimento de um clima de segurança pública.

Manifestando-se sobre o assunto, REZENDE ( 1993, p. 64 ) afirma que :


"A responsabilidade da massa populacional não está evidenciada no poder de polícia,
mas no cuidado que ela deve ter consigo mesma, com a instituição família e com o
patrimônio que lhe pertence. Para cumprir os desígnios de bem viver, algumas

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providências devem ser tomadas, contribuindo, assim, com a Segurança Pública e com
os órgãos do sistema ( ... ) .

Sobre a segurança pública MARTINS ( 1997, p.196 ) afirma que: "A


segurança pública hospeda, no País, a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio. Cabe, pois, ao Estado e aos cidadãos tal tarefa, embora a
responsabilidade principal seja do Estado".

Citando Ferraz Júnior, MORAES ( 1999, p. 593 ) diz que:

"( ... ) devemos conscientizar-nos de que os temas da


segurança pública não pertencem apenas às polícias, mas
dizem respeito a todos os órgãos governamentais que se
integram, por via de medidas sociais e prevenção do
delito. A comunidade não deve ser afastada, mas
convidada a participar do planejamento e da solução das
controvérsias que respeitam a paz pública".

Ainda sobre segurança pública afirma SILVA ( 1999, p. 753 ) que:

"( ... ) a segurança não é só repressão e não é problema


apenas de polícia, pois a Constituição, ao estabelecer que
a segurança é dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, (art 144), acolheu a concepção do I Ciclo de
Estudos sobre Segurança Pública, segundo o qual é
preciso que a questão da segurança seja discutida e
assumida como tarefa e responsabilidade permanente de
todos, Estado e população. Daí decorre também a
aceitação de outras teses daquele certame, tal como a de
que 'se faz necessária uma nova concepção de ordem
pública, em que a colaboração e a integração comunitária
sejam os novos e importantes referenciais' e a de que, dada
'a amplitude da missão de manutenção da ordem pública,
o combate à criminalidade deve ser inserido no contexto
mais abrangente e importante da proteção da população',
o que requer a adoção de outro princípio ali firmado de
acordo com o qual é preciso 'adequar a polícia às
condições e exigências de uma sociedade democrática,

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aperfeiçoando a formação profissional e orientando-a


para a obediência aos preceitos legais de respeito do
cidadão, independentemente de sua condição social'.

Entende-se que a "responsabilidade de todos" refere-se a uma


participação comunitária nas discussões e planejamento de ações de prevenção e
combate ao crime. Não se fala em momento algum em responsabilidade pecuniária, pois,
esta, é prevista no Título VI, Capítulo I da Constituição Federal que trata do sistema
tributário nacional.

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CAPÍTULO 4
CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
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4.1 A Personalidade Civil

A partir do momento no qual se rompe a relação umbilical entre o feto e


mãe ocorre o nascimento. Os dois tornam-se dois corpos independentes. Ao nascer com
vida o ser humano passa a ser dotado de personalidade. E, para efeitos jurídicos, se o ser
humano respirar, nasceu com vida e passa a ser sujeito de direitos e obrigações. Trata-se
do surgimento da pessoa natural. A esse respeito, assim manifestou-se PEREIRA ( 1993,
p. 161 ) : "A vida do novo ser configura-se no momento em que se opera a primeira
troca oxicarbônica no meio ambiente. Vive a criança que tiver inalado ar atmosférico,
ainda que pereça em seguida". ( ... ) A partir deste momento afirma-se a personalidade
civil".

Sobre a personalidade civil, MONTEIRO ( 1995, p. 59 ) manifesta que :


"Se a criança nasce morta, não chega a adquirir personalidade, não recebe nem
transmite direitos." Então, tem-se que a personalidade civil surge com o nascimento
com vida.

4.2 A Personalidade Jurídica

O indivíduo, por si só, nem sempre será capaz de exercer e realizar certos
objetivos por ultrapassarem seus limites. Com a finalidade alcançar estes objetivos o
indivíduo une-se a outros formando associações ou entidades com estrutura e
personalidade que lhe proporcione alcançar o fim desejado. Esta união tem por objetivo
a junção de esforços em torno de um fim comum que não seria alcançado por meio de
ações isoladas. Assim formam-se as pessoas jurídicas.

Para o Direito, porém, esta personalidade jurídica, como entidade de


direitos e obrigações só tem origem com o efetivo registro de seus estatutos. Assim
definiu RODRIGUES ( 1996, p. 69 ):

"Antes da inscrição a pessoa jurídica pode existir no


campo dos acontecimentos, mas o direito despreza sua
existência, nega-lhe personalidade civil, ou seja, nega-lhe
a capacidade para ser titular de direitos. O que faz com
que a pessoa moral ingresse na órbita jurídica é o
elemento formal, representado pela inscrição no registro
competente”.

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Alguns autores discordam e apontam o registro apenas uma formalidade


através da qual o Estado reconhece a existência de uma entidade que já existia. O certo,
porém, é que a pessoa jurídica só adquire direitos e obrigações após a sua inscrição no
registro competente.

4.3 Classificação das Pessoas Jurídicas

As pessoas jurídicas classificam-se em: pessoas jurídicas de direito


público interno, pessoas jurídicas de direito externo e pessoas jurídicas de direito
privado.

As pessoas jurídicas de direito externo são as várias nações, a Santa Sé, a


Organização das Nações Unidas.

As pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios.

As pessoas jurídicas de direito privado são as sociedades civis, científicas,


religiosas, as associações e fundações, partidos políticos e sociedades mercantis.

As pessoas jurídicas de direito privado, por sua vez, classificam-se em


sociedades e associações. As sociedades são constituídas com o objetivo de auferir lucro
exercendo a atividade para a qual foram criadas. As associações são agrupamentos de
pessoas sem a finalidade de obtenção de lucro.

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CAPÍTULO 5
PARCERIAS : CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
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No mundo moderno muitas são as dificuldades encontradas por todos.


Toda pessoa seja ela natural ou jurídica, de direito público ou privado, em algum
momento de sua existência passa por dificuldades. Todos têm acordado para a
necessidade da conjugação de esforços para vencerem os obstáculos e atingirem o
objetivo comum.

5.1 Conceito de Parceria

Em todos os ramos da sociedade tem-se verificado o estabelecimento de


uma nova relação entre as pessoas ou entre estas e as empresas visando um mesmo fim.
É a definição de parceria em um sentido mais amplo.

PETERS ( apud RODRIGUES et al, 1997, p. 25 ), afirma que:

"No futuro, a maioria das inovações exigirão que relações


historicamente adversárias sejam substituídas por relações
cooperativas. O estabelecimento de novos relacionamentos
exige que se escute, que se crie um clima de respeito e
confiança, e que se compreendam os benefícios mútuos que
se seguirão , se os relacionamentos de parceria estiverem
firmemente estabelecidos.”

Para MARTINELLI ( apud RODRIGUES et al, 1997, p. 26 ), parceria é


"(...) uma reunião de pessoas para um fim de interesse comum; sociedade, companhia."

A parceria pressupõe o estabelecimento de uma relação onde as duas


partes almejam alcançar um objetivo comum, sem no entanto, levar vantagens, uma
sobre a outra. OLIVEIRA ( apud RODRIGUES et al, 1997, p. 27 ) afirma o seguinte
sobre parceria:

"(...) a relação em que nenhuma das partes leva vantagem


sobre a outra, mas ambas ganham o máximo disponível,
repartindo-o numa irmandade. Parte do pressuposto de
que as partes estão dispostas a buscar em conjunto uma
solução que maximize os resultados de ambas, de que essa
busca é um compromisso recíproco, de que cada parte não
está preocupada apenas em resolver o seu problema, mas
tem também a ver com o problema do outro”.

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Não havendo uma previsão para término das situações que geram as
crises é de se pressupor que o estabelecimento de parcerias perdure por muito tempo
ainda. Assim manifestou TERVYDIS ( apud RODRIGUES et al, 1997, p. 29 ) sobre o
caráter das parcerias:"(...) os mais desavisados, ou os que se encontram à margem das
mudanças comportamentais que estão ocorrendo em nossos dias, de tanto ouvirem,
podem estar encarando parceria como um modismo passageiro. Para estes realmente
será passageiro, porque não sobreviverão para assistir o curso da história.”

A relação de parceria pressupõe, não só benefícios, mas também


obrigações para as partes e até mudança comportamental. Aos parceiros cabe observar as
obrigações decorrentes do estabelecimento das parcerias.

5.2 O Setor Público e as Parcerias

Também no setor público temos verificado a presença constante do


estabelecimento de parcerias. A diferença das parcerias firmadas no setor privado para
as firmadas no setor público é que naquele elas visam lucro e neste visam a satisfação e
o bem da coletividade. Para o estabelecimento das parcerias que envolvam órgãos da
Administração Pública é comum o uso do convênio administrativo que segundo
MEIRELLES ( 1999, P. 361 ) "(...) são acordos firmados por entidades públicas de
qualquer espécie, ou entre estas organizações particulares, para a realização de
objetivos de interesse comum dos partícipes.”

O estabelecimento de convênios pelos órgãos da Administração Pública


decorrem da grande crise que é atravessada pelo Estado e por toda a Federação. O Poder
Público não está tendo condições de manter seus serviços mais essenciais. A falta de
recursos causada pela crescente crise fiscal da qual o país tenta escapar, tem impedido o
Estado de cumprir o seu papel adequadamente. Corroborando esta afirmação,
FINGERMANN ( 1992, p.7 ) manifesta que:

"No Brasil, inúmeras são as causas determinantes do


surgimento desse ambiente cooperativo. A parceria
público-privado decorre, mais do que de uma opção de
natureza político-ideológica, da própria crise do Estado
brasileiro, cuja vertente financeira o incapacita a realizar
os investimentos que a sociedade requer. Se, de um lado, o

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setor público não tem condições de atender às demandas


sociais, a iniciativa privada busca mercados alternativos
para a utilização de sua capacitação empresarial,
financeira e administrativa, ociosa em função do longo
período recessivo que o país vem atravessando”

A Polícia Militar vem aproveitando bem o momento. A comunidade e as


entidades, ansiosas por segurança, estão aceitando os convites para o estabelecimento de
parcerias objetivando a melhoria dos serviços no campo da segurança pública.

5.3 Parcerias na Polícia Militar


A instituição de parcerias foi muito divulgada e incentivada a partir da
década de 80 na Polícia Militar.

A princípio vislumbrou-se a parceria com a comunidade como fator


essencial ao planejamento e execução do policiamento ostensivo buscando a
participação da comunidade através de sugestões e opiniões visando um melhor emprego
dos recursos humanos e materiais na tarefa de prevenir e combater o delito quando já
praticado.

A Resolução nº 1454, de 27 de setembro de 1985 regulou a participação


da PMMG na criação e instalação dos Conselhos Comunitários de Segurança :

“Art 1º - Aos Comandantes de Uop compete estimular a


criação, pela comunidade, de Conselhos Comunitários de
Segurança, que serão entidades de direito privado,
integradas por membros das comunidades, autoridades,
representantes de associações comunitárias, de clube de
serviço e instituições congêneres, com a finalidade de:
I - Promover e incentivar o relacionamento entre a
Polícia Militar e a comunidade;
II - Canalizar as aspirações da comunidade em relação ao
policiamento ostensivo;
III - Contribuir, pelo estímulo à Segurança Subjetiva ( sic
), com a normalidade da ordem pública;
IV - Contribuir, com estudos e sugestões, para que a
fração local alcance elevado grau de eficácia
operacional.”

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A Diretriz de Policiamento Ostensivo nº 3008/CG-93: Polícia


Comunitária definiu as ações a serem levadas a efeito para a execução do policiamento
comunitário pela Polícia Militar de Minas Gerais e prescreve orientações quanto à
captação de recursos alternativos em complementação aos descentralizados pelo Estado:

“Entre os entes estatais, o município é um dos maiores


parceiros em potencial. É nele que vive o cidadão e onde
reflete, com maior intensidade, o clamor público
decorrente das aspirações e temores de seus habitantes. A
segurança pública depende, em muito, do município e , por
isso, ele tem destacada parcela de responsabilidade no seu
provimento.
É lícito e desejável que o município colabore com os
órgãos de segurança pública, criando condições
favoráveis para o exercício da proteção e socorro
públicos.
Ainda como fonte alternativa de recursos estão os órgãos
públicos em geral. A Polícia Militar, que tem a missão de
garantir o exercício do poder de polícia dos órgãos da
administração pública, encontra um ambiente favorável
para a formalização de convênios de cooperação mútua.
Os meios e recursos fornecidos por esses órgãos
constituem-se em excelente forma de ampliação da
capacidade de resposta da Corporação, melhorando sua
atuação na prevenção criminal.
Além dos recursos provenientes do Estado e destinados à
segurança pública, polícia comunitária contará, nas
formas de parceria e cooperação, com outros, oriundos da
própria comunidade, através de grupos ou entidades
legalmente constituídos”.

A Polícia Militar orienta o seu público interno a procurar a participação


da comunidade para ouvi-la e assim, descobrir seus anseios em relação às ações voltadas
para a área de segurança pública estabelecendo-se parcerias. As parcerias não mais se
restringem a ouvir os anseios da comunidade para orientação dos planejamentos e
empregos dos meios materiais e humanos. Nota-se também uma preocupação de se fazer
das parcerias uma fonte alternativa de recursos logísticos para suprir as deficiências que
o Estado não pode satisfazer.

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5.4 Aspectos Negativos das Parcerias na Segurança Pública

Ao Estado cabe a missão de preservar a ordem pública. Como foi visto,


anteriormente, a função é pública e essencial à sobrevivência da sociedade e do Estado.
Por ser serviço público não pode ser prestado pelo Estado de forma a atingir apenas uma
parcela de pessoas, classes ou empresas interessadas.

Emitindo parecer, respondendo à consulta da Polícia Militar do Estado de


Minas Gerais feita à Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração, a
Procuradoria do Estado afirma que: " (... ) respondo à consulta no sentido de não ser
legal a efetivação pela PMMG de ajuste para prestação de serviços individualizados de
segurança pública a particular, mediante contraprestação, pois tal modalidade de
atuação não se insere na competência constitucional da PMMG, violando as finalidades
principais do órgão e o princípio da legalidade".

Em decorrência do estabelecimento de parcerias não cabe à Polícia


Militar a prestação de serviços de forma diferenciada privilegiando pessoas ou grupos.
Em relação ao estabelecimento de parcerias pela Polícia Militar através de convênios, o
Tribunal de Contas do Estado (TC/MG) oficiou à Polícia Militar, comunicando
irregularidades em alguns dos convênios celebrados entre a Instituição e algumas
Associações de Moradores, cujo o fim precípuo era prestar o serviço de policiamento
ostensivo e manutenção da ordem pública em locais preestabelecidos. O documento do
TCEMG manifestou irregularidade no instrumento, uma vez que segurança pública é
direito de todos, sendo inconcebível que uma comunidade tenha uma prestação de
serviço diferente e melhor do que a outra em função do seu poder aquisitivo e sua
disponibilidade para firmar convênio.

Analisando a implantação da Polícia Comunitária na Capital, SOUZA


( 1999, p. 103 ), afirma que:

"( ... ) nas reuniões comunitárias de planejamento do


policiamento preventivo, a polícia apresenta os obstáculos
relacionados à debilidade de recursos da instituição para
enfrentamento dos problemas de segurança do bairro.
Questões como a falta de dinheiro para conserto e
manutenção das viaturas, ausência de rádios de
comunicação e coletes à prova de bala suficientes para

23
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toda a tropa. A supressão dessas deficiências era


considerada essencial para maior eficiência do
policiamento preventivo ( ... )” ( grifo nosso ).
"( ... ) esse tipo de parceria, chamada logística, entre
polícia e comunidade acabará por transferir do Estado
para os cidadãos a responsabilidade pelo ( sic )
manutenção do serviço público de segurança”.

O ideal seria que o Estado tivesse condições de exercer todas as suas


atividades apenas com o que arrecada do cidadão através da pesada carga tributária
imposta à sociedade, porém na impossibilidade disto ocorrer é necessário que ao
estabelecer parcerias dois cuidados sejam tomados pela Polícia Militar: não assumir
compromissos no sentido de melhorar a sua eficiência operacional em decorrência de
estabelecimento de parcerias sem o devido estudo a respeito dos fatores que motivam a
intranquilidade e insegurança da população e não prestar segurança pública diferenciada
em decorrência de estabelecimento de convênios e/ou outro tipo de parceria com a
comunidade.

24
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CAPÍTULO 6
A SEGURANÇA PÚBLICA NA ÓTICA DA COMUNIDADE
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6.1 A Necessidade de Segurança

Segundo MASLOW segurança ocupa o segundo lugar na cadeia das


necessidades humanas. Em primeiro lugar vêem as necessidades biológicas:
alimentação, sono, etc.

A segurança atinge um nível de importância tão elevado que o ser


humano pode, em um certo momento, abdicar de satisfazer uma necessidade biológica
para não correr riscos e manter-se em segurança.

6.2 A Crise de Insegurança

No Brasil, atualmente vive-se uma crise de insegurança. A crise pode


estar sendo motivada por vários acontecimentos, entre eles, o aumento da criminalidade
e evolução do crime organizado e a divulgação de toda a sorte de ocorrências policiais.
A mídia encarrega-se da divulgação das mazelas da sociedade e dá ênfase ao despreparo
e ineficiência do aparelho policial do Estado.

A população, vê-se cercada, de um lado por fatos reais e de outro pelas


informações que chegam aos mais longínquos rincões por meio dos modernos processos
de comunicação de massa. Manter a chamada segurança subjetiva é quase impossível,
mesmo em comunidades pequenas onde as ações do crime organizado não estão
presentes como nos grandes centros.

6.3 A Ocorrência do Delito na Visão da Comunidade

A comunidade não tipifica os delitos de forma técnica e nem os enxerga


como um fato que causou a quebra da ordem ou segurança pública. Referindo-se aos
solicitantes que recorrem à Central de Operações da Polícia Militar (COPOM) de Belo
Horizonte, ESPÍRITO SANTO ( 1993, p. 42 ) afirma que:

"O leigo não usa expressões como ordem pública, crime,


contravenção ou termo técnico similar. Por mais que as
pessoas falem - há relatos em que o solicitante discorre
livremente sobre o acontecimento - elas nunca se afastam
do fato visto ou percebido. Num relato gravado no
COPOM, por exemplo, bastante longo, o máximo que a
solicitante consegue é ampliar e enriquecer o evento com
detalhes".

26
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( ... ) "não há tipificação do fato como problema de ordem


pública, crime ou contravenção".

Ao solicitar os serviços policiais o cidadão não se preocupa com o nome


que vai ser dado ao fato de que, no retorno do trabalho para casa, a sua carteira tenha
sido levada por um menor infrator durante um esbarrão em via pública. Não importa a
ele se o fato será tipificado como furto qualificado, simples ou roubo. O que lhe importa
é que a sua rotina diária foi quebrada. O fato acontecido quebrou-lhe a tranqüilidade e
lhe deixou inseguro. Interessa a esse cidadão o retorno à normalidade de sua vida
cotidiana.

Da mesma forma grande parte das pessoas não conhecem o papel da


polícia e nem o seu poder e limitações. Tal fato foi comprovado através de pesquisa
realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e pela
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça noticiada pela
revista ISTO É ( 2000, p. 23 ) onde é mostrado que: “(...)30% acham que a polícia tem
direito de revistar pessoas que considera suspeitas em função da aparência, 5% acham
que a polícia pode torturar um suspeito para obter informações, 48% dos jovens entre
16 e 24 anos acham que a polícia deve prender estudantes que saem em passeatas. 42%
acham que a polícia deve prender operários em greve.”

6.4 A Polícia e o Retorno à Tranqüilidade

Para o retorno à normalidade a vítima associa a situação à ação imediata


da polícia. ESPÍRITO SANTO ( 1993, p. 43 ) relata em seu ensaio que ao solicitar uma
viatura ao COPOM, o solicitante forma um quadro e/ou uma imagem que ele tem da
polícia : "O solicitante usa as expressões 'eles respeitam mais a polícia do que o
porteiro', 'a polícia só conversa e tira', em que fica patente que o caso é de polícia
quando sua solução exige poder e força que o homem comum não tem".

Quando ocorre o inesperado, o delito, a quebra da rotina que retira a


comunidade de sua vida normal, ela procura pelo braço armado do Estado para resolver
o problema. À comunidade não é necessário conhecer a técnica, mas, tão somente o

27
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caminho necessário ao reestabelecimento da ordem pública. Sob este aspecto nota-se


que é a polícia um organismo fundamental para a satisfação da necessidade de segurança
da população.

Paralelamente ao anseio pelo retorno ao ambiente de tranqüilidade a


comunidade deseja ser bem atendida. Com o advento do Código de Defesa do
Consumidor e com a constante divulgação dos meios de comunicação de massa, a
sociedade aprendeu a cobrar melhores serviços e produtos. Não foi diferente com os
prestadores de serviços públicos, e muito menos, com a Polícia Militar por estar sempre
presente no dia-a-dia da comunidade. Sobre a evolução da consciência do consumidor
assim manifestou-se ROMUALDO DE AQUINO ( 1995, p. 9 ):

"Estes novos tempos mostram o despertar de um


consumidor, ora tomado como questionador, como homem
exigente, ou ainda como agente de transformação. Ele não
se permite aceitar justificativas em torno de descasos,
desconsiderações e desleixos, oferecidos pelas
organizações públicas e privadas. Outro ponto bastante
positivo é a postura dos cidadãos que não mais estão
dispostos a aceitar o tratamento rude daqueles que devem
servi-los. De um lado, tem-se as organizações obrigadas a
adotar uma postura mais voltada para o social,
compromissada e competitiva. Do outro, um consumidor
que exige qualidade e atendimento digno de sua
importância neste cenário”.

Referindo-se à prestação de serviços pela Polícia Militar, ROMUALDO


DE AQUINO, assim manifestou-se: "Não basta apenas equipamento, armamento,
atendimento eficiente ( produto tangível ). Em seus múltiplos serviços a Polícia Militar
deve criar a conscientização da qualidade na prestação de serviço, no início, no meio e
no fim".

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CAPÍTULO 7
METODOLOGIA
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7.1 Natureza da pesquisa

O objetivo é descrever as entidades estruturadas para a captação e


aplicação de recursos alternativos na Região do 10º CRPM. Segundo os critérios
definidos por GIL ( 1991, p. 41 ) a pesquisa será descritiva.

7.2 Procedimentos, técnicas e instrumentos

7.2.1 Universo

O universo a ser pesquisado constitui-se:

População 1, autoridades da Polícia Militar que trabalham no setor de


logística e execução orçamentária;

População 2, comandantes de frações da Polícia Militar na Região do 10º


CRPM, onde foram estruturadas as entidades de suporte logístico às atividades da
Polícia Militar;

População 3, lideranças comunitárias das cidades da Região do 10º


CRPM , onde foram estruturadas as entidades de suporte logístico às atividades da
Polícia Militar;

População 4, militares das frações da Polícia Militar na Região do 10º


CRPM, onde foram estruturadas as entidades de suporte logístico às atividades da
Polícia Militar;

População 5, moradores das cidades da Região do 10º CRPM, onde


foram estruturadas as entidades de suporte logístico às atividades da Polícia Militar.

7.3 Amostra

A pesquisa nas populações 1, 2 e 3 foi censitária. Procurou-se atingir a


todos os comandantes de frações, líderes comunitários e autoridades da Polícia Militar
que trabalham no setor de logística e execução orçamentária. As autoridades
entrevistadas são: Sr Cel PM Subchefe do Estado-Maior da Polícia Militar, Sr Cel PM
Diretor de Finanças da Polícia Militar, Sr Cel PM Diretor de Apoio Logístico da Polícia
Militar, Sr Ten-Cel Chefe da 4ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar e Sr Ten-Cel
Chefe da 6ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar.

30
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As populações 4 e 5 foram trabalhadas utilizando-se a amostragem


aleatória simples. Foram enviados questionários conforme é descrito a seguir:

População 4 :

87ª Cia Esp/Patrocínio, foram enviados 60 questionários com o retorno de


60;

88ª Cia Esp/Paracatu, foram enviados 65 questionários com o retorno de


56;

157ª Cia/Monte Carmelo, foram enviados 40 questionários com o retorno


de 39;

98ª Cia/Coromandel, foram enviados 26 questionários com o retorno de


26;

Destacamento de Estrela do Sul, foram enviados 6 questionários com o


retorno de todos.

População 5:

87ª Cia Esp/Patrocínio, foram enviados 382 questionários com o retorno


de todos;

88ª Cia Esp/Paracatu, foram enviados 382 questionários com o retorno de


todos;

157ª Cia/Monte Carmelo, foram enviados 380 questionários com o


retorno de 280;

98ª Cia/Coromandel, foram enviados 378 questionários com o retorno de


376;

Destacamento de Estrela do Sul, foram enviados 364 questionários com o


retorno de 346.

Para o cálculo das amostras das populações que foram pesquisadas


utilizou-se a fórmula abaixo, utilizada para se encontrar amostragem em populações
finitas sem reposição. Foi estabelecido um nível de confiança de 95% e uma margem de
erro de 5%.

31
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
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7.4 Técnicas e instrumentos

Foi utilizada documentação indireta para a realização da pesquisa


bibliográfica através da verificação das fontes doutrinárias no campo do Direito
Administrativo , Direito Constitucional e Direito Civil. Também foram consultadas as
normas internas da PMMG referentes ao estabelecimento de parcerias e convênios.

Foram verificados documentos oriundos do TC/MG emitindo pareceres a


respeito do estabelecimento de convênios e parcerias com a Polícia Militar e
Associações de Moradores.

Foram obtidos com os comandantes das frações onde existem as


entidades de suporte logístico às atividades da Polícia Militar em funcionamento na
Região do 10º CRPM, dados a respeito das aquisições de equipamentos, armamento,
viaturas e materiais de consumo cedidos por comodato ou doados à Polícia Militar .

Foi realizada a coleta de dados através de pesquisa documental, de


campo e bibliográfica.

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CAPÍTULO 8
AS ENTIDADES DE SUPORTE LOGÍSTICO ÀS ATIVIDADES DA POLÍCIA
MILITAR EM FUNCIONAMENTO NA REGIÃO DO 10º CRPM E SEUS
REFLEXOS NA EFICIÊNCIA OPERACIONAL

“Aquele que tentou e nada conseguiu é superior àquele


que não tentou”.

(Bud Wilkinson)
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8.1 Processo de Formação dos Conselhos

Através de pesquisas junto às frações foi possível a obtenção de


informações que levaram ao conhecimento das ações implementadas desde a concepção da
idéia até a formação e início de funcionamento dos conselhos comunitários nas cidades da
Região do 10º CRPM.

8.1.1 Conselho de Defesa Social de Monte Carmelo

A 157ª Cia PM é a fração responsável pela execução do policiamento


ostensivo na cidade de Monte Carmelo. Desde a instalação da fração a Polícia Militar
ocupava imóvel alugado e que não atendia às necessidades básicas de infra-estrutura para o
funcionamento de um quartel. Além da falta de infra-estrutura, a Polícia Militar convivia
com o desconforto de estar sempre mudando em virtude do cancelamento do contrato de
locação, ora pelo proprietário do imóvel, ora pela própria Instituição.

O Comandante da companhia iniciou uma campanha e conseguiu a doação


de um terreno na cidade para a construção da sede da fração. O imóvel foi doado por um
empresário da cidade.

Sabendo das dificuldades que enfrentaria para conseguir recursos junto ao


Estado, o Oficial iniciou uma campanha junto às lideranças comunitárias para sensibilizá-
las quanto a necessidade da construção de novas instalações físicas para a Polícia Militar.
Foi criada a Comissão Pró-construção do Quartel da Polícia Militar em Monte Carmelo -
MG. A função da comissão foi coordenar a arrecadação e aplicação dos recursos na
construção da sede da 157ª Cia.

Terminada a construção da sede da companhia a Comissão Pró-construção


do Quartel foi extinta e criado em seu lugar o Conselho de Defesa Social de Monte
Carmelo. A criação do conselho ocorreu em 7 de novembro de 1996 e a sua função é
continuar a arrecadação e administração dos recursos arrecadados da comunidade por meio
de doações. O Conselho de Defesa Social de Monte Carmelo possui estatuto registrado no
órgão competente, assim como foi feito anteriormente com a Comissão Pró-construção do
Quartel e foi declarado entidade de utilidade pública através de lei municipal. O
Comandante da companhia exerce a função de conselheiro técnico da entidade.

34
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
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8.1.2 Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Patrocínio ( CCSPP )

A 87ª Cia é a responsável pela execução do policiamento ostensivo na


cidade de Patrocínio. Como todo órgão relacionado com o Sistema de Defesa Social a
companhia de Patrocínio também viveu os efeitos da falta de recursos orçamentários do
Estado. O Oficial Comandante da fração resolveu implementar na cidade a experiência
realizada em Monte Carmelo pelo Comandante da 157ª Cia. Para tal, iniciou uma
campanha de conscientização das lideranças da cidade e comunidade visando a obtenção
do apoio e participação de todos nas questões referentes à segurança pública e arrecadação
de doações para a Polícia Militar. Foi criado o Conselho Comunitário de Segurança
Preventiva de Patrocínio. O CCSPP possui estatuto registrado em órgão próprio. O
Comandante da 88ª Cia Especial de Patrocínio exerce a função de conselheiro técnico da
entidade.

8.1.3 Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Paracatu

A fração responsável pela execução do policiamento ostensivo da cidade de


Paracatu é a 88ª Cia PM Especial. A sua sede está instalada em prédio amplo e funcional
que foi construído com recursos oriundos da classe empresarial e fazendeiros da subárea da
companhia. Para administrar as doações foi criada uma comissão formada pelas lideranças
da cidade.

Após a construção da sede da 88ª Cia PM Esp, a fração passou a viver os


mesmos problemas com a falta de material para a execução de suas funções: desde viaturas,
combustível até papel para a confecção da documentação gerada pelo serviço
administrativo.

O Comandante da companhia resolveu então criar uma entidade que


pudesse arrecadar recursos da comunidade e repassá-los à Polícia Militar, seguindo como
modelo os conselhos de Monte Carmelo e Patrocínio. As lideranças da cidade foram
sensibilizadas e foi criado o Projeto Segurança para o Desenvolvimento. Inicialmente a
presidência da entidade foi exercida pelo Comandante da 88ª Cia Especial de Polícia
Militar.

35
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

O estatuto da entidade foi mudado e hoje ela se chama Conselho


Comunitário de Segurança Preventiva de Paracatu. O seu presidente não é mais o
Comandante da 88ª Cia Especial.

8.1.4 Conselho Comunitário de Segurança de Coromandel

A 98ª Cia PM é a responsável pela execução do policiamento ostensivo na


cidade de Coromandel. Segundo o seu Comandante a criação do Conselho Comunitário de
Segurança de Coromandel nasceu da necessidade de suprir a Polícia Militar dos recursos
materiais necessários ao desenvolvimento de suas atividades e também de manter um bom
relacionamento com a comunidade e participação da mesma nas questões relacionadas à
segurança.

O Oficial Comandante da companhia iniciou a campanha de criação e


instalação do conselho por meio de reuniões com o Ministério Público e Judiciário da
Comarca de Coromandel. Posteriormente estendeu os contatos com os clubes de serviços e
entidades relacionados com o trabalho comunitário. Foi criado o Conselho Comunitário de
Segurança de Coromandel. A entidade visa dar apoio não só à Polícia Militar, como
também à Polícia Civil.

8.1.5 Conselho de Defesa Social de Estrela do Sul

Em Estrela do Sul o responsável pelas ações de polícia ostensiva é o Grupo


de Polícia Militar de Estrela do Sul. É uma fração da Polícia Militar composta de um
sargento e seis cabos/soldados.

A fração é subordinada à 157ª Cia de Monte Carmelo. Com o objetivo de


obter os mesmos resultados de Monte Carmelo o Oficial Comandante da companhia
coordenou as reuniões com as autoridades e segmentos da sociedade de Estrela do Sul
visando à criação do Conselho de Defesa Social de Estrela do Sul. A entidade foi criada em
3 de março de 1999. O Comandante da 157ª Cia e o Comandante do Grupo de Polícia
Militar de Estrela do Sul exercem a função de conselheiros técnicos da entidade.

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
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8.2 Forma de captação e aplicação dos recursos arrecadados pelas entidades


estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar na região do
10º CRPM

8.2.1 Arrecadação e aplicação dos recursos pelo Conselho de Defesa Social de Monte
Carmelo

Para estabelecer a arrecadação dos recursos junto à comunidade o primeiro


passo foi a realização de uma campanha para mobilizar a sociedade, conscientizando os
moradores da cidade a cooperar e doar recursos para a realização da construção da sede da
157ª Cia. Foram realizadas várias palestras em escolas, reuniões com as Associações de
Moradores, divulgação da campanha através dos padres e pastores da cidade para a
obtenção de doações em dinheiro que seriam passadas à Comissão Pró-construção do
Quartel. O Comandante da 157ª Cia escolheu dois militares conhecedores da geografia da
cidade e os instruiu a respeito do caráter voluntário das doações. Foram passadas
orientações para não serem inconvenientes e evitarem as residências dos contumazes
infratores da lei. As doações seriam nos valores de R$ 0,50; R$ 1,00 e R$ 2,00, podendo o
contribuinte voluntário contribuir com outro valor acima caso houvesse possibilidade. As
doações seriam recolhidas através das faturas do Departamento Municipal de Água e
Esgoto ( DEMAE ) da cidade de Monte Carmelo.

O Prefeito Municipal sancionou uma lei aprovada na Câmara Municipal


autorizando a utilização da “ máquina de arrecadação” do DEMAE.

Os recursos arrecadados foram utilizados primeiramente na construção da


sede da 157ª Cia PM. Na obra foram gastos aproximadamente R$ 350.000,00. Apenas
R$14.000,00 tiveram origem nos cofres públicos. O Conselho de Defesa Social ainda
repassou à Polícia Militar : rádios, microcomputadores e viaturas.

8.2.2 Arrecadação e aplicação dos recursos pelo Conselho Comunitário de Segurança


Preventiva de Patrocínio

A cidade de Patrocínio permitiu as mesmas facilidades da cidade de Monte


Carmelo, pois possui um órgão próprio de saneamento básico que foi utilizado para o
recolhimento de doações da comunidade.

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

Da mesma forma como ocorreu em Monte Carmelo, o CCSPP arrecada


contribuições da comunidade que são recolhidas através das faturas do Departamento de
Água e Esgoto de Patrocínio ( DAEPA ).

A direção da entidade distribuiu folhetos buscando a conscientização dos


moradores da cidade de Patrocínio. Por meio da campanha a comunidade foi informada da
existência do conselho e da sua finalidade. No apelo aos moradores, o CCSPP distribuiu
um folheto com os seguintes dizeres: “Estes recursos alternativos certamente darão à
Polícia Militar, maior mobilidade e condições de prevenir a ocorrência dos delitos, bem
como reprimir aqueles que por ventura ocorrerem.” Continuando em sua mensagem à
comunidade o CCSPP assim manifestou-se por meio do folheto:

“Não basta pensar que esta é uma obrigação do Estado, é


necessário entender que esta solicitação de sua participação
só está sendo feita justamente porque o Estado e o Município
não estão conseguindo colocar os recursos necessários à
disposição da polícia e, se a sociedade não entender a
necessidade de sua parcela de contribuição, poderá ser alvo
dos piores acontecimentos tal como já ocorrem em outras
cidades e Estados.” ( grifo nosso).

Os recursos arrecadados pelo CCSPP estão sendo aplicados na aquisição de


viaturas e equipamentos para a Polícia Militar, tais como rádios, telefones celulares e
armamentos. A partir de 28 de outubro de 1999, os membros do CCSPP decidiram em
assembléia que os recursos do conselho serão divididos entre os seguintes órgãos na
seguinte proporção: Polícia Militar 70%, Polícia Civil 12,5%, Corpo de Bombeiros 12,5%
e Poder Judiciário 5%.

8.2.3 Arrecadação e aplicação dos recursos pelo Projeto Segurança para o


Desenvolvimento

A cidade de Paracatu não possui órgão próprio de saneamento básico.


Para operacionalizar a arrecadação foi firmado um convênio entre a Telecomunicações
Brasília S/A (TELEBRASÍLIA) e a Polícia Militar para o estabelecimento da
arrecadação das doações oriundas da comunidade através das faturas de telefone. Por
meio de uma cláusula do convênio a TELEBRASÍLIA cobraria pelo serviço de
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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
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arrecadação das doações o valor de 7% das mesmas. O convênio foi assinado pelo
Comandante do 28º BPM. Posteriormente foi firmado um convênio entre a Prefeitura de
Paracatu e o Projeto Segurança para o Desenvolvimento, onde o executivo municipal
repassava para a entidade o valor de R$12.000,00, sendo R$1.200,00 mensais. O
Projeto Segurança para o Desenvolvimento administrava os recursos oriundos das
doações da comunidade e arrecadados nas faturas telefônicas e os recursos oriundos do
convênio entre a Prefeitura Municipal e a entidade. Os recursos arrecadados foram
utilizados na aquisição de viaturas, combustível, microcomputadores, impressoras,
contratação de mão-de-obra, peças para viaturas e demais materiais de informática,
limpeza e escritório utilizados nos serviços diários da Polícia Militar em Paracatu.

8.2.4 Arrecadação e aplicação dos recursos pelo Conselho Comunitário de Coromandel

A entidade é recente em Coromandel e não possui uma arrecadação tão


expressiva como em Patrocínio e Monte Carmelo. Os recursos são obtidos por meio de
doações do empresariado local e através do repasse pelo Poder Judiciário ao Conselho
Comunitário de Segurança de Coromandel das multas decorrentes da aplicação da Lei nr
9099. A entidade tem menos de um ano de funcionamento e os recursos arrecadados até
agora foram empregados na aquisição de um tanque de combustível para a 98ª Cia,
equipamentos para o Grupo de Polícia Florestal de Coromandel e na retífica do motor da
viatura da Polícia Civil. Os recursos são empregados também para a Polícia Civil.

8.2.5 Arrecadação e aplicação dos recursos pelo Conselho de Defesa Social de Estrela do
Sul

Em Estrela do Sul a maior parte da arrecadação tem origem no repasse


das multas oriundas da aplicação da Lei 9099. Por ocasião da criação da entidade foi
realizada uma campanha dirigida pelo conselho, onde alunas de uma escola angariavam
doações juntos aos clientes do Banco do Brasil.

O Conselho de Defesa Social de Estrela do Sul também é recente e ainda


procura firmar-se. Os recursos arrecadados estão sendo utilizados na reforma das casas
funcionais dos militares e aquisição de equipamentos para a Polícia Militar . A entidade
reúne-se quinzenalmente e decide a forma de aplicação dos recursos.

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
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8.3 Grau de satisfação da população com a resposta dada pela Instituição nas cidades
onde foram estruturadas as entidades para dar suporte logístico às atividades da
Polícia Militar na Região do 10º CRPM

Na presente seção será mostrado o nível de satisfação da comunidade com a


resposta dada pela Instituição e pelas entidades.

TABELA 1: CONHECIMENTO DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS PELA


COMUNIDADE NAS CIDADES ONDE FORAM CRIADOS NA
REGIÃO DO 10º CRPM

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Companhia Especial de Patrocínio SIM 336 87,95
SIMSIMSIMS
IMSIM
NÃO 46 12,04
88ª Companhia Especial de Paracatu SIM 204 53,40
NÃO 178 46,59
98ª Companhia Coromandel SIM 43 11,47
NÃO 332 88,53
157ª Companhia Monte Carmelo SIM 92 32,86
CarmeloCarmeloCarmeloCarmeloCarmelo NÃO 188 67,14
Estrela do Sul SIM 125 36,12
NÃO 221 63,87

A tabela 1 mostra o nível de conhecimento e participação da comunidade


nos conselhos em estudo. Nota-se através dos dados que o conselho mais conhecido é o
da cidade de Patrocínio onde fica a sede da 87ª Cia Especial onde 336 pessoas responderam
que conhecem a entidade, perfazendo assim um percentual de 87,95% das respostas.

Em Monte Carmelo, onde nasceu esse tipo de forma de captação de


recursos e participação da sociedade, a pesquisa comprovou que a maioria da população

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

desconhece a existência do Conselho de Defesa Social daquela cidade, onde 67,14%


responderam que não conhecem o conselho.
Em Paracatu as respostas demonstram que a maioria da população conhece o
conselho, porém há uma parcela de 46,59% da população que ainda não o conhece.
Nas cidades de Coromandel, sede da 98ª Cia PM e Estrela do Sul sede do
Dst PM nota-se através da pesquisa que a comunidade não conhece o Conselho de
Defesa Social. Nas duas cidades o fato é explicado levando-se em consideração que os
conselhos são recém criados.

Pode ser observado que com exceção do Conselho Comunitário de


Segurança Preventiva de Patrocínio, as demais carecem de melhor divulgação e
apresentação dos objetivos à comunidade.

Conclui-se que nas cidades onde os conselhos são mais divulgados e


conhecidos existe maior aproximação da Polícia Militar da população, aumentando
assim, a segurança subjetiva na comunidade. Há também maior união entre a comunidade e
a Polícia Militar ficando clara a prática da doutrina da Polícia Comunitária.

TABELA 2: PESSOAS QUE COLABORAM OU COLABORARAM COM OS


CONSELHOS COMUNITÁRIOS NA REGIÃO DO 10º CRPM

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Patrocínio SIM 263 68,84
NÃO 119 31,16
88ª Cia Esp Paracatu SIM 202 52,88
NÃO 180 47,12
98ª Cia Coromandel SIM 36 9,60
NÃO 311 82,93
157ª Cia Monte Carmelo SIM 135 48,21
NÃO 144 51,42
Estrela do Sul SIM 88 25,43
NÃO 255 73,70

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

Analisando a tabela 2 observa-se que a percentagem maior de colaboradores


encontra-se na cidade de Patrocínio. A percentagem de colaboradores ficou na casa dos
68,84%.

Em Paracatu, 52,88% dos entrevistados responderam que colaboram de


forma continuada com a Polícia Militar.

Em Monte Carmelo 48,21% contribuem com a Polícia Militar.

Cruzando os dados da tabela 2 com a tabela anterior nota-se que onde o


conselho é mais conhecido há um número maior de contribuição, ou seja, na cidade de
Patrocínio.

Os dados mostram a preocupação da população com a segurança pública


em sua cidade e a confiança na aplicação correta de sua doação. Demonstram também
confiança em uma boa prestação de serviços pela Polícia Militar.

TABELA 3: FORMA ATRAVÉS DA QUAL É FEITA A COLABORAÇÃO

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp. Patrocínio Doação na fatura de água 262 99,62

Outras/não respondeu 1 0,38

88ª Cia Esp. Paracatu Doação na fatura telefônica 173 85,64

Outras/não respondeu 29 14,36

98ª Cia Coromandel Não houve respostas - -

157ª Cia Monte Carmelo Doação na fatura de água 78 57,78

Outras/não respondeu 57 42,22

Estrela do Sul Convênio Banco do Brasil 5 5,68

Outras/ não respondeu 83 94,32

A tabela mostra o número de pessoas que colaboraram com os conselhos em


estudo. Nota-se que as duas formas mais expressivas de colaboração são as doações feitas por
meio das faturas de água (Patrocínio e Monte Carmelo) e de telefone (Paracatu).

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

Na cidade de Estrela do Sul, apenas 5,68% das pessoas responderam que


colaboram fazendo doações que são retidas nas suas contas-corrrente. O número reduzido de
colaboradores ocorreu porque nem todos na cidade possuem conta no Banco do Brasil e o
Conselho de Defesa Social não foi bastante divulgado conforme foi mostrado na tabela 1.

Na cidade de Coromandel não houve resposta porque a forma de repasse de


verbas para o conselho é feita pela justiça através das multas cobradas em razão do aplicação
da Lei 9099.

Em todas as cidades houve respostas para a pergunta declarando colaborações


como: seguir a lei, não dar trabalho para a polícia, etc. Estas respostas demonstram que a
pessoa entrevistada não concorda com doações em dinheiro e enxerga como forma de
colaboração com a Polícia Militar a conduta ilibada.

Pode-se concluir por meio dos dados da tabela 3 que onde a entidade foi
devidamente divulgada a população aderiu de forma mais acentuada e aceitou contribuir com
doações.

A tabela 4 mostra o número de pessoas que contribuíram com os conselhos e


interromperam a contribuição.

Na cidade de Paracatu 83,33% das pessoas que pararam de contribuir disseram


que interromperam a contribuição por estarem com dificuldades financeiras. Duas pessoas
alegaram descontentamento com o trabalho da Polícia Militar, sendo que um deles referiu-se
ao problema envolvendo o ex-comandante da 88ª Cia Esp.

Na cidade de Monte Carmelo 27,78% das pessoas que deixaram de contribuir,


alegaram que interromperam as doações por descontentamento com o trabalho da Polícia.
Houve um entrevistado que respondeu que deixou de contribuir porque a sua contribuição
estava sendo usada para construção de casas para os militares, sendo que ele não possuía casa
própria e pagava aluguel. O entrevistado referiu-se à construção das residências funcionais. As
demais respostas referem-se à mudanças de endereço.

TABELA 4: MOTIVO PARA A INTERRUPÇÃO DA COLABORAÇÃO POR


PARTE DOS COLABORADORES

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Companhia Especial Dificuldades financeiras 11 45,83
Patrocínio Mudou de endereço 8 33,33
Outros 5 20,83
88ª Companhia Especial Dificuldades financeiras 4 83,33
Paracatu Descontentamento com trabalho 2 16,67
da polícia
Outros - -
98ª Companhia Especial Não houve colaboração - -
Coromandel
157ª Companhia Dificuldades financeiras 7 38,89
Monte Carmelo Descontentamento com trabalho 5 27,78
da polícia
Outros 6 33,33
Estrela do Sul Não houve respostas - -

Nas cidades de Coromandel e Estrela do Sul não houve resposta. Deduz-se


que as 5 pessoas que afirmaram que contribuíram na tabela 3 ainda contribuem.

Em Coromandel não houve contribuição porque a forma de arrecadação de


recursos dá-se por meio de repasse dos valores de multas aplicadas pelo Judiciário
decorrentes da aplicação da Lei 9099.

Cruzando os dados da tabela 4 com a tabela 2 verifica-se que o número de


interrupções nas colaborações é bastante pequeno. Isto demonstra que a comunidade que se
preocupou e aceitou contribuir com a Polícia Militar ainda confia na Instituição e está
satisfeita com os resultados alcançados. Nas cidades de Paracatu e Monte Carmelo houve
manifestações contrárias ao trabalho da Polícia Militar, ainda que poucas.

44
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

TABELA 5: SENTIMENTO DOS ENTREVISTADOS QUANTO À MELHORA NA


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR PARTE DA POLÍCIA MILITAR
APÓS A CRIAÇÃO DAS ENTIDADES

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Patrocínio Sim 363 95,02
Não 6 1,57
Pouca 13 3,40
88ª Cia Esp Paracatu Sim 255 66,75
Não 17 4,45
Pouca 74 19,37
98ª Cia Coromandel Sim 81 21,60
Não 83 22,13
Pouca 164 43,73
Não respondeu 47 12,53
157ª Cia Monte Carmelo Sim 114 40,71
Não 40 14,28
Pouca 76 27,14
Não respondeu 50 17,86
Estrela do Sul Sim 190 54,91
Não 111 32,08
Pouca 32 9,25
Não respondeu 13 3,76

Analisando a tabela 5, pode-se notar que as pessoas que responderam o


questionário disseram ter havido melhora nas atividades exercidas pela Polícia Militar. A
percepção de melhora nas cidades de Paracatu (88ª Cia Esp.), Patrocínio (87ª Cia Esp) e
Monte Carmelo (157ª Cia) é bem maior. Nestas cidades os conselhos funcionam há bem
mais tempo e pode-se atribuir ou não melhorias na execução do policiamento ostensivo em

45
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

decorrência de sua criação. Nas cidades de Coromandel e Estrela do Sul a formação dos
conselhos é recente e não se pode atribuir melhoras em decorrência da participação da
comunidade.

Na cidade de Monte Carmelo 67,85% dos entrevistados responderam que


houve melhorias na prestação de serviço por parte da Polícia Militar após a criação dos
conselhos. Somente 14,28% responderam que não houve.

Em Paracatu, 86,12% responderam ter havido melhoria na prestação de


serviço após a criação do conselho. Apenas 4,45% disseram que não houve melhoria nos
serviços prestados pela Polícia Militar após a criação do Conselho Comunitário de
Segurança Preventiva de Paracatu.

Na cidade de Patrocínio, 98,42% das pessoas entrevistadas responderam que


houve melhoria na prestação de serviço por parte da Polícia Militar. Apenas 1,57%
responderam que não houve melhoria nos serviços prestados pela Polícia Militar em
Patrocínio.

Os dados demonstram que o tempo de criação dos conselhos aliado à sua


divulgação foram fatores do sucesso das entidades nas cidades de Paracatu, Monte Carmelo
e principalmente Patrocínio. Demonstram também a satisfação da população com os
serviços prestados pela Polícia Militar nas cidades onde foram estruturados os conselhos.

A tabela 6 mostra que a comunidade percebe o serviço da Polícia Militar nas cidades onde
há Conselhos de Segurança.

Em Paracatu 99,21% das pessoas responderam que vêem policiais-militares


de serviço nas ruas e logradouros públicos da cidade. Apenas 0,78% disse não ver policiais-
militares de serviço nas ruas.

Em Patrocínio 100% das pessoas responderam que vêem policiais-militares


de serviço nas ruas e logradouros públicos da cidade. Não houve resposta negativa. Mostra
que a população sente a presença da Polícia Militar na cidade.

TABELA 6: PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE DA PRESENÇA DOS POLICIAIS


MILITARES EM SERVIÇO PELAS RUAS E LOCAIS PÚBLICOS DE
SUA CIDADE

46
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FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Patrocínio Sim 349 91,36
Não 0 0
Às vezes 33 8,64
Não respondeu - -
88ª Cia Esp Paracatu Sim 353 82,46
Não 3 0,78
Às vezes 64 16,75
98ª Cia Coromandel Sim 260 69,33
Não 11 2,93
Às vezes 103 26,96
Não respondeu 1 0,27
157ª Cia Monte Carmelo Sim 183 65,36
Não 12 4,28
Às vezes 83 29,64
Não respondeu 2 0,71
Estrela do Sul Sim 310 89,59
Não 4 1,16
Às vezes 20 5,78
Não respondeu 12 3,46
A presença da Polícia Militar tem sido notada em Paracatu e Patrocínio de
maneira mais acentuada que nas outras cidades onde existem os conselhos na Região do
10º CRPM. O fato deve-se à transformação dessas duas frações em companhias especiais,
ao aumento do efetivo em decorrência dessa transformação e aumento do número de
policiais nas ruas, decorrente do aumento do efetivo e do número maior de lançamento de
viaturas nos turnos de serviço.

Em Estrela do Sul, 95,37% responderam que vêem policiais-militares de


serviço nas ruas e logradouros públicos e 1,16% disseram não ver a presença de policiais-
militares.

47
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

Na cidade de Monte Carmelo 95% das pessoas responderam que vêem


policiais-militares de serviço nas ruas e logradouros públicos. Em Monte Carmelo o
percentual de pessoas que não vêem o policial de serviço também é baixo, sendo de
4,28%.

Em Coromandel o percentual de pessoas que vêem policiais-militares nas


ruas e logradouros da cidade é de 96,29%. Apenas 2,93% não vêem o policiamento da
cidade.

Os dados da tabela 6 demonstram que a Polícia Militar tem mostrado-se


presente para a comunidade nas cidades onde existem os conselhos de segurança e/ou
defesa social. Cruzando-se os dados das tabelas 5 e 6 observa-se que a comunidade está
satisfeita com o seu nível de segurança.

8.3.1 Síntese das entrevistas realizadas com as lideranças comunitárias

8.3.1.1 Lideranças comunitárias da cidade de Patrocínio

Na cidade de Patrocínio houve a participação das lideranças comunitárias


na criação do Conselho Comunitário de Segurança Preventiva. Segundo os líderes
comunitários os objetivos almejados para a criação do conselho foram: dar suporte
logístico à fração e em conjunto com a sociedade zelar pela segurança no município. As
lideranças comunitárias afirmaram que o conselho proporcionou melhores condições de
trabalho à Polícia Militar em Patrocínio. Segundo os entrevistados houve melhoramentos
na prestação de serviços por parte da Polícia Militar no que se refere a maior mobilidade
da polícia, rapidez no atendimento e melhor entrosamento entre a Instituição e a
comunidade. Os anseios da comunidade, na opinião das lideranças comunitárias são:
maior presença da Polícia Militar nas ruas para proporcionar maior segurança à
população. Os entrevistados sentem a presença da Polícia Militar nas ruas da cidade.

48
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

8.3.1.2 Lideranças comunitárias da cidade de Paracatu

Na cidade de Paracatu apenas um líder comunitário participou da criação


do conselho. Segundo os entrevistados os objetivos visados com a criação do conselho
foram proporcionar maior segurança à comunidade, proporcionar o exercício da polícia
comunitária na cidade e dar apoio financeiro ao comando da Polícia Militar em Paracatu.
Segundo os líderes comunitários a comunidade anseia por prestação de serviço mais
efetiva e trabalho conjunto entre a sociedade e a polícia. Segundo os entrevistados a
comunidade tem anseios por uma polícia educada, eficiente, e participativa e que preste
o atendimento adequado quando solicitada. A comunidade de Paracatu manifestou
através dos líderes comunitários o anseio de ver ações mais voltadas para o combate e
prevenção ao uso e tráfico de drogas na cidade. Os entrevistados disseram que
presenciam o policiamento nas ruas e locais públicos da cidade.

8.3.1.3 Lideranças comunitárias da cidade de Monte Carmelo


Em Monte Carmelo houve a participação da comunidade na criação do
Conselho de Defesa Social. Segundo os líderes comunitários a criação do conselho foi
útil e houve a aprovação de todos. Segundo os entrevistados os objetivos visados para a
criação do conselho foram a manutenção da segurança da comunidade e apoio logístico
à Polícia Militar. Os entrevistados disseram que houve melhoramentos no trânsito, nas
condições logísticas da 157ª Cia PM e no tratamento que a Polícia Militar dispensa às
pessoas da comunidade. Na visão dos entrevistados os anseios da comunidade em
relação à Polícia Militar quando aceitou contribuir para o conselho são: maior segurança
para a comunidade, maior número de policiais nas ruas, maior consciência da
importância do conselho por parte dos militares e melhor segurança na periferia da
cidade. A maioria dos entrevistados disseram que sentem a presença dos militares de
serviço nas vias públicas, porém um dos líderes reclamou da falta de policiamento nas
periferias da cidade.

8.3.1.4 Lideranças comunitárias da cidade de Coromandel


Na cidade de Coromandel as lideranças participaram da criação do
conselho. Segundo os entrevistados os objetivos visados com a criação do conselho

49
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

foram: dar suporte logístico à Polícia Militar, proporcionar participação da comunidade


nas questões de segurança. Os entrevistados disseram que apesar dos poucos recursos, a
Polícia Militar presta um bom serviço e que a sociedade, mais que criticar, deseja ajudar.
A comunidade, segundo os líderes comunitários, anseia por uma polícia bem equipada e
que exerça combate contra o crime organizado, especialmente o tráfico de drogas.

8.3.1.5 Lideranças comunitárias da cidade de Estrela do Sul


Na cidade de Estrela do Sul a participação dos líderes comunitários na
criação do conselho foi pequena. Apenas dois responderam que participaram. Os líderes
comunitários da cidade de Estrela do Sul não souberam avaliar ou não conheciam os
objetivos pretendidos com a criação do conselho. Alguns disseram que os objetivos
foram construção de casas funcionais e auxiliar a Prefeitura Municipal a ajudar a Polícia
Militar. Os entrevistados não perceberam melhoramentos no campo da segurança
pública. Ficou claro que a Polícia Militar deu prioridade, primeiramente para reformas
nas casas funcionais da fração. O fato bate de frente com os anseios da comunidade que
deseja maior segurança e uma polícia mais equipada. Os entrevistados disseram que
vêem policiais militares de serviço nas ruas da cidade. Observa-se que os trabalhos do
conselho devem ser mais voltados para os interesses da comunidade.

8.3.2 Percepção das lideranças


Os líderes comunitários manifestaram apoio à criação e instalação das
entidades estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar.
Julgaram que a existência das entidades decorrem da necessidade de um trabalho
conjunto entre a Polícia Militar e a comunidade, mas deram ênfase na carência de
recursos pela qual a Instituição passa. Manifestaram também a vontade de ter uma
polícia eficiente, educada e participativa. Em Estrela do Sul ficou clara a aplicação dos
recursos, segundo as lideranças locais na satisfação, primeira, dos militares, através de
reforma de casas funcionais. As insatisfações dos líderes e o seu sentimento de
concordância com as ações da Polícia Militar, são também da comunidade a qual eles
representam.

50
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

8.4 Expectativas dos Comandantes de frações onde foram estruturadas as entidades


para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar na Região do 10º
CRPM

8.4.1 Entrevistas com os Comandantes de frações

8.4.1.1 Comandante da 87ª Cia Esp ( Patrocínio )


O Major Comandante da Companhia Especial de Patrocínio respondeu
que a motivação para a criação do Conselho Comunitário foram os seguintes fatos:
aumento da criminalidade, aumento da cobrança por parte da comunidade em relação à
Polícia Militar e a falta de recursos para atender à demanda operacional. O Oficial
declarou que o objetivo foi envolver a comunidade na busca de soluções para a questão
da segurança pública e abrir um canal para a busca de recursos alternativos. Segundo o
Comandante da 87ª Cia Especial, o seu efetivo não atende à demanda operacional
imposta. Em relação aos recursos arrecadados entrevistado disse que de 25/04/96 a
28/10/99 o CCSPP arrecadou aproximadamente R$ 300.000,00 que foram totalmente
convertidos em bens, os quais, foram repassados à Polícia Militar através de comodato.
Em relação à questão referente à influência por parte de quem colabora com a Polícia
Militar, o Oficial nada respondeu.

8.4.1.2 Comandante da 88ª Cia Especial ( Paracatu )


O Comandante da Companhia Especial de Paracatu elencou os seguintes
objetivos para a criação do CCSPP: canalizar as aspirações da comunidade em relação à
segurança pública na cidade de Paracatu, permitir a participação da comunidade no
processo de aprimoramento das atividades de manutenção da ordem pública, promoção
de palestras, conferências, fóruns, debates, campanhas educativas em benefício da ordem
pública e convívio social, levantar, sempre que necessário, meios materiais,
equipamentos policiais e recursos logísticos, destinando-os mediante cessão de uso à
Polícia Militar. Em relação ao efetivo, o Oficial disse que é insuficiente para o
atendimento da demanda operacional. Os recursos arrecadados, segundo o Oficial, foram
usados para suprir a 88ª Cia dos meios logísticos necessários ao seu funcionamento. O
Comandante da 88ª Cia afirmou que não tem conhecimento de influência ou cobrança

51
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

por parte dos colaboradores. Segundo o Oficial, o que acontece é que as pessoas, na
ânsia de serem atendidas com rapidez, relatam que são colaboradores.

8.4.1.3 Comandante da 98ª Cia ( Coromandel )


O Oficial Comandante da 98ª Cia afirmou como objetivos para a criação
do Conselho Comunitário de Segurança de Coromandel a implementação da “política de
polícia comunitária”, criando mecanismo de participação popular nas questões
relacionadas à segurança pública e atendimento das necessidades primárias da Polícia
Militar como a manutenção de viaturas, aquisição de combustível e equipamentos. O
Conselho Comunitário de Segurança de Coromandel foi criado recentemente e está em
fase de implementação. Segundo o Oficial, o efetivo da fração é insuficiente para
atender à demanda operacional. Os recursos arrecadados serão empregados como forma
de suprir a PM dos recursos logísticos necessários à sua atuação. O Comandante da 98ª
Cia afirmou que não houve interferências ou cobranças relativas à ação policial, mas que
sempre há esta possibilidade.

8.4.1.4 Comandante da 157ª Cia ( Monte Carmelo )


Segundo o Capitão Comandante da 157ª Cia, os objetivos visados por ele
na criação do Conselho de Defesa Social de Monte Carmelo foram a superação das
dificuldades logísticas para a construção do quartel da companhia e aquisição de
equipamentos para a fração. Segundo o Oficial o seu efetivo é insuficiente para atender
à demanda operacional. Os recursos arrecadados foram destinados à construção da sede
da companhia, do Corpo de Bombeiros e seis casas funcionais. Também foram
empregados recursos para aquisição de equipamentos. Segundo o Oficial, alguns
colaboradores informaram a militares a sua condição de colaboradores, mas não ocorreu
nada que influenciasse a tomada de medidas ou decisões operacionais.

8.4.1.5 Comandante do Grupo de Polícia Militar de Estrela do Sul


O Comandante do Grupo de Polícia Militar de Estrela do Sul afirmou que
o objetivo dele em relação à criação do Conselho de Defesa Social foi o de ter um órgão
de apoio para ajudar a Prefeitura Municipal a custear as necessidades logísticas da
Polícia Militar, uma vez que o Estado não tem repassado verbas. O efetivo da fração,
segundo o seu comandante, é insuficiente. O recurso arrecadado está sendo empregado

52
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

na construção e reforma das casas funcionais e do quartel da fração. O Comandante do


Grupo Policial disse que o Presidente do Conselho de Defesa Social de Estrela do Sul
solicitou ao graduado a sua intervenção para liberar o seu neto, “menor de idade”, que
havia sido apreendido dirigindo um veículo automotor.

8.4.2 Pensamento dos Comandantes de frações segundo as entrevistas


Ao analisar as entrevistas com os comandantes de frações onde existem as
entidades estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar na
Região do 10º CRPM nota-se que eles expressam a preocupação com a participação da
comunidade nas questões de segurança. Exceções são o Comandante da 157ª Cia de
Monte Carmelo que levantou a necessidade de angariar recursos para a construção da
sede da companhia e o Comandante do Grupo de Polícia Militar de Estrela do Sul que
disse que o objetivo da criação da entidade na sua cidade foi o de ajudar a Prefeitura a
manter a Polícia Militar, referindo-se à parte logística. Ambos deixaram de fazer
referências à participação da comunidade nas questões de segurança sem considerar a
parte financeira do projeto. Embora haja a preocupação de obter a participação da
comunidade, todos fazem referências à falta de recursos logísticos para a execução do
policiamento.
Apresentaram queixas em relação ao efetivo. Há uma tendência entre os
Comandantes de frações em defender as entidades negando, inclusive, a existência de
interferências nas soluções de ocorrências policiais. A existência de interferências ou de
solicitações de interferências ficou evidenciada na entrevista realizada com o
Comandante da fração de Estrela do Sul e no questionário distribuído à tropa que será
comentado posteriormente em outra seção deste capítulo.

8.5 Instrumentos de orientação e controle das relações entre as entidades


estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar e as
respectivas frações beneficiadas

8.5.1 Os instrumentos de controle das relações entre as frações e as entidades na ótica


das autoridades da Polícia Militar
As autoridades entrevistadas não apontaram um instrumento de controle
específico para as relações entre as frações e as entidades.

53
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

O Sr Cel PM Valdelino Leite da Cunha, Subchefe do Estado Maior da


Polícia Militar afirmou que a Instituição exerce o controle, porém não citou nenhuma
norma específica que regule a criação e instalação das entidades.
O Sr Cel PM José Antônio Gonçalves, Diretor de Apoio Logístico,
afirmou que a DAL, quando consultada, tem emitido orientações técnicas para as
unidades a respeito da criação dos conselhos. O entrevistado afirmou que a DAL não
possui instrumentos de controle das relações entre os conselhos e a Polícia Militar, pois
considera que a relação jurídica ocorre entre as Unidades e os conselhos. O entrevistado
entende que os equipamentos adquiridos e repassados à Polícia Militar estão de acordo
com as normas técnicas da Polícia Militar e atendem às reais necessidades da Instituição,
pois é comum a consulta à DAL sobre a especificação do material a ser adquirido.
Mesmo que o material ou serviço adquirido não esteja dentro das especificações da
DAL, verifica-se que são adquiridos com zelo, dentro dos princípio legais e segundo o
conhecimento de profissionais que atuam nas Unidades e têm condições de assessorar
compras, sejam elas de viaturas, sejam de rádios de comunicação, de sistemas de alarme,
de computadores, de detectores de metal ou outros apetrechos.
O Sr Cel PM Rúbio Paulino Coelho, Diretor de Finanças da Polícia
Militar disse por ocasião de sua entrevista que a Diretoria de Finanças tem emitido
várias orientações para alertar os Comandantes de Unidade, os ordenadores de despesas,
no sentido de se preocuparem com a legalidade de todos os atos porque a Polícia Militar
tem de estar de acordo com a Lei 8.666 e vários outros ordenamentos no sentido de que
os Ordenadores de Despesas exerçam suas atividades respaldados na legislação.
Segundo o entrevistado a Diretoria de Finanças não tem registrado nenhuma
irregularidade aflorada no funcionamento dessas entidades. Há algumas falhas ocorridas
pela não observância por parte de alguns Ordenadores de Despesa, Comandantes de
Unidade, quando recebem uma doação, celebram um convênio e deixam de tomar todas
as providências e cercarem de toda a legalidade. Algumas falhas tem ocorrido, auditorias
têm acontecido, exatamente porque alguns militares não têm observado a legalidade
nesses atos. À partir daí a Administração da Polícia Militar toma suas providências.
Segundo o entrevistado não ocorreu nada que afete ou cause prejuízo ao erário público.
São falhas formais que poderiam ser totalmente evitadas. As irregularidades são alvo de
auditorias na Polícia Militar. No ano de 1999 a Diretoria de Finanças realizou quatro ou

54
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

cinco Tomadas de Contas Especiais exatamente decorrente das falhas citadas. Segundo o
entrevistado a Diretoria de Finanças está produzindo um documento didático para evitar
que as falhas voltem a ocorrer. Segundo o entrevistado o mecanismo de controle das
relações entre os conselhos e a Polícia Militar são as supervisões técnicas das Diretorias
e inspeções do Estado Maior da Polícia Militar, e também, as inspeções do próprio
CRPM.
O Sr Ten Cel Ricard Franco Gontijo, Chefe da 4ª Seção do Estado Maior
afirmou em sua entrevista que não vê nenhum risco ou impedimento administrativo ou
legislativo que impeça as ações e que deixe pendências para outro administrador futuro.
Quando foi lançado o programa de Monte Carmelo, foi feita uma consulta ao Estado
Maior em 1995. Na época foi feito um estudo na área do Direito e de formalização de
convênios e foi expedido um memorando que regulamenta este de tipo de conselho. O
assunto está normatizado no memorando circular que fala sobre a criação dos conselhos.
Segundo o entrevistado, o mecanismo de controle do conselho é a própria sociedade.
Não é a Polícia Militar quem controla. O mecanismo de controle da Polícia Militar
ocorre através do lançamento do material que entra e que é patrimoniado no SM06. O
controle feito pela Polícia Militar ocorre no recebimento. O processo é controlado pela
comunidade. Quando a DF supervisiona as Unidades Executoras, ela verifica tudo que
entrou na Unidade e a sua origem. Caso haja alguma denúncia da comunidade, a
Instituição faz auditorias e apura. Na visão do entrevistado há riscos, mas a Polícia
Militar não trabalha com a exceção. Caso ocorra algum desvio o fato será apurado.
O Sr Ten Cel Chefe da 6ª Seção do Estado Maior afirmou que a
Corporação tem é que tomar alguns cuidados para, recebendo as doações da
comunidade, cumprir totalmente a legislação em vigor e não aceitar interferências
negativas no planejamento do policiamento. Segundo o entrevistado o EMPM não tem
elaborado diretrizes quanto à criação das entidades. Entende-se que estas entidades são
privadas e que têm o livre arbítrio quando da sua criação e estipulação da finalidade.
Obviamente, em conformidade com a legislação aplicável, elas têm de ter fim lícito.
Quanto às relações entre a PMMG e estas entidades, o EMPM não emitiu orientações
específicas. Existem normas, resoluções e diretrizes, emitidas pelo Sr. Comandante-
Geral e Diretorias, e ainda alguns memorandos que orientam genericamente como deve
ser o relacionamento entre a PMMG e entidades privadas. A PMMG não controla

55
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

especificamente as suas relações com estas entidades, o controle é geral. A resolução


3334, de 23Dez96, que estabelece competência para a celebração de convênios no
âmbito da Polícia Militar, estabelece os órgãos responsáveis pela coordenação e
controle dos convênios celebrados. Além deste controle existem as supervisões do
EMPM, Diretorias e Comandos Regionais, que têm em suas rotinas a verificação dos
termos celebrados pelas Unidades Executoras.

8.5.2 Os instrumentos de controle existentes


Verifica-se pelas entrevistas que as relações entre as frações e entidades
estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar não são reguladas
por uma doutrina específica.
A Resolução nr 1454 de 27 de setembro de 1985 que regula a
participação da Polícia Militar na criação e instalação dos Conselhos Comunitários de
Segurança não foi citada em nenhuma das entrevistas, porém, o citado documento não
prevê a criação dos conselhos como forma de suprir a carência da Polícia Militar em
relação à parte logística.
O memorando citado na entrevista do Sr Ten Cel Gontijo, Chefe da 4ª
Seção do Estado-Maior é o nr 4055/96-EMPM e estabelece:

(... )“Independente do modelo da arrecadação a ser


utilizado, deverão ser observados os seguintes cuidados na
realização deste tipo de parceria:
1. Criação de um Conselho Comunitário para
gerenciamento do sistema e aplicação do arrecadado;
2. Ampla divulgação dos objetivos do projeto em conjunto
com o Conselho Comunitário;
3. Fiel cumprimento de todas as exigências legais,
principalmente quando houver envolvimento de outros
órgãos municipais ou estaduais;
4. Ampla divulgação dos resultados obtidos e da destinação
dos recursos arrecadados;
5. Comunicação, com antecedência, à Chefia do Estado-
Maior, da realização do projeto de parceria”.

O memorando não esclarece como seria a utilização do recurso arrecadado,


permitindo assim, que cada comandante de fração utilize-o da maneira que achar

56
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
Academia de Polícia Militar

conveniente. O fato tem permitido irregularidades como as afloradas em Paracatu e Monte


Carmelo. Em Paracatu os jornais locais noticiaram desvio de recursos arrecadados através
do Projeto Segurança para o Desenvolvimento e do convênio celebrado entre a Polícia
Militar e a Prefeitura Municipal. Foram realizados IPM e Auditoria da Diretoria de
Finanças que estão em fase de solução. Ainda, em Paracatu, a presidência da entidade
criada recaiu sobre o Maj Comandante da fração, que segundo as denúncias estaria
envolvido nas irregularidades afloradas.
Em Monte Carmelo, surgiram denúncias de que o Comandante da 157ª Cia
priorizou a construção de uma casa funcional para o comando da fração. A aplicação do
recurso para esse fim gerou comentários e descontentamento da tropa. O fato está em fase
de apuração. Também em Monte Carmelo foi elaborada uma sindicância, onde apurou-se
apropriação de recursos do Conselho de Defesa Social. O fato envolve um Oficial que foi
transferido de Paracatu por irregularidades na aplicação dos recursos oriundos do Projeto
Segurança para o Desenvolvimento.
A apuração seguida de medidas saneadoras após a ocorrência da
irregularidade é medida necessária, mas não evita o desgaste da imagem da Instituição
perante o seus públicos interno e externo.
Os instrumentos de controle existentes na Polícia Militar referem-se às
normas para elaboração de convênios, recebimento e inclusão em carga de doações. Não
evitam desvios e nem orientam quanto a criação dos conselhos e quanto às irregularidades
afloradas. Apenas proporcionam a apuração e punição dos envolvidos, sem contudo
orientar a estruturação das entidades e as atividades a serem desenvolvidas pelos
integrantes da Polícia Militar.
Não existe também a preocupação com a prestação de um bom serviço por
parte da Instituição. Fala-se em dificuldades financeiras e busca de recursos alternativos
para superá-la, porém esquece-se de que a Polícia Militar tem de dar a sua contrapartida
após a criação e implementação de uma forma de captação desses recursos.

8.6 A percepção das entidades estruturadas para dar suporte logístico às atividades da
Polícia Militar pela tropa das frações onde elas existem na Região do 10º CRPM
Na presente seção será analisado o posicionamento dos militares que
executam o policiamento ostensivo nas frações onde existem as entidades. É importante e

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necessário saber a opinião de quem está na linha de frente, no serviço operacional e tem
contato direto com a comunidade, seja ela colaboradora ou não.
A tabela 7 demonstra a percentagem de militares que conhecem os conselhos
criados em suas respectivas cidades. Cruzando os dados desta tabela com a tabela 1 nota-se
que o conselho de Patrocínio é o mais divulgado também entre os militares. O conselho de
Estrela do Sul atingiu o índice de 100%, porém a sua divulgação entre os militares é mais
fácil por que a fração de Estrela do Sul tem o efetivo pequeno, de apenas 6 militares.
Nota-se que nem todos os militares estão engajados com a idéia de seus
comandantes em relação aos conselhos. O fato decorre, certamente das influências em
decorrência das contribuições. Havendo influência na solução de ocorrências o militar que
trabalha na rua sente-se refém da situação. Deve haver uma maior divulgação das entidades
no seio da tropa, bem como do envolvimento dos militares na operacionalização da idéia.

TABELA 7: CONHECIMENTO DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS PELA


TROPA DAS FRAÇÕES ONDE HÁ CONSELHOS INSTALADOS

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Patrocínio SIM 56 93,33
NÃO 4 6,66
88ª Cia Esp Paracatu SIM 38 67,86
NÃO 18 32,14
98ª Cia Coromandel SIM 19 70,37
NÃO 7 26,92
157ª Cia Monte Carmelo SIM 32 82,05
NÃO 7 17,95
Estrela do Sul SIM 6 100
NÃO - -

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Nota-se pela tabela 8 que em Coromandel e Estrela do Sul a percentagem


dos militares que não perceberam melhorias é maior. A resposta foi maior nestas duas
frações em decorrência do pouco tempo de funcionamento dos conselhos nestas cidades.
Nota-se também que nos três conselhos mais antigos e melhor estruturados as respostas
de maior freqüência foram o “relacionamento com a comunidade” e “disponibilização de
recursos logísticos”. O fato demonstra que a criação e funcionamento dos conselhos
pouco tem influenciado no combate e redução da criminalidade nas cidades onde eles
foram criados, na percepção dos militares das respectivas frações.

TABELA 8: MELHORIAS VERIFICADAS PELA TROPA APÓS A


IMPLANTAÇÃO DOS CONSELHOS

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Relacionamento com a comunidade 38 63,33
Patrocínio Disponibilização de recursos logísticos 49 81,66
Redução da criminalidade 30 50
Não percebeu melhorias 7 11,67
88ª Cia Esp Paracatu Relacionamento com a comunidade 15 26,78
Disponibilização de recursos logísticos 43 76,78
Redução da criminalidade 10 17,86
Não percebeu melhorias 9 16,07
98ª Cia Coromandel Relacionamento com a comunidade 14 53,85
Disponibilização de recursos logísticos 5 19,23
Redução da criminalidade 1 3,85
Não percebeu melhorias 13 50
157ª Cia Monte Relacionamento com a comunidade 13 33,33
Carmelo Disponibilização de recursos logísticos 30 76,92
Redução da criminalidade 1 2,56
Não percebeu melhorias 6 15,38
Estrela do Sul Relacionamento com a comunidade 2 33,33
Não percebeu melhorias 4 66,66

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O melhor relacionamento entre os militares e a comunidade não traduz com


certeza que a comunidade esteja participando das questões referentes à segurança pública.
A melhora no relacionamento não é opinião unânime. A parte maior dos militares
entrevistados elegeram como melhoria observada após a implantação dos conselhos a
disponibilização de recursos logísticos. A disponibilização de recursos logísticos é bem
clara nos conselhos de Paracatu, Monte Carmelo e Patrocínio.

TABELA 9: INTERFERÊNCIAS PESSOAIS NO SERVIÇO OPERACIONAL,


DEVIDO À PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NOS
CONSELHOS.

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %
87ª Cia Esp Patrocínio SIM 25 41,66
NÃO 35 58,33
88ª Cia Esp Paracatu SIM 40 71,43
NÃO 16 28,57
98ª Cia Coromandel SIM 7 26,92
NÃO 19 73,07
157ª Cia Monte Carmelo SIM 21 53,84
NÃO 12 30,76
Estrela do Sul SIM 5 83,33
NÃO 1 16,66

A tabela 9 mostra o grau de cobrança daqueles que contribuíram com os


conselhos. Cobranças no sentido de interferir no serviço operacional em decorrência de
terem contribuído.

Em Estrela do Sul a percentagem de conhecimento de interferência é


maior. O fato se deve ao baixo efetivo da fração. Qualquer fato tende a ser levado ao
conhecimento de todos os militares. No destacamento de Estrela do Sul o presidente do
conselho solicitou ao comandante da fração que interviesse em ocorrência de trânsito
onde, seu neto, menor de idade, foi apreendido na direção de veículo automotor.

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Os dados mostrados na tabela 9 deixam claro que há interferência na


execução do policiamento ostensivo, ou pelo menos na solução de ocorrências policiais.
É um risco que a Polícia Militar corre ao estabelecer parcerias ou aceitar qualquer forma
de contribuição material.

Tal fato é corroborado por FERNANDES e CUNHA (1998, p.84),


visualizado na tabela 7.9:

“ TABELA 7.9 MOTIVO DA INDISPOSIÇÃO DOS COMANDANTES EM


CONTINUAR A BUSCA DE PARCERIAS COM SOCIEDADES
CIVIS E/OU MERCANTIS, OBJETIVANDO APOIO LOGÍSTICO À
EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS, NO CASO DAS
UEOP TER GARANTIA DOS RECURSOS NECESSÁRIOS
(ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS), MINAS GERAIS – MAI
1998.

MOTIVO DA INDISPOSIÇÃO EM FREQÜÊNCIA


CONTINUAR A BUSCA DE PARCERIAS Absoluta %
Necessidade de isenção logística para atuação na segurança 22 45,83
pública
Estas parcerias criam a necessidade de prestação de favores aos 7 14,58
parceiros
Com recursos a parceria seria desnecessária 4 8,33
Esse tipo de parceria desgasta a Corporação 5 10,42
A estrutura logística da PMMG deve ser de responsabilidade do 3 6,25
Estado
Não respondeu 5 10,42
Outros 2 4,17
FERNANDES, Antônio José Martins, CUNHA, Cícero Leonardo da. Parcerias realizadas pela PMMG
com as sociedades civis e/ou mercantis, objetivando apoio logístico à execução das atividades
operacionais: Análise crítica, 1998.

Os dados da tabela citada referem-se a opinião dos comandantes sobre o


estabelecimento de parcerias com entidades civis e/ou mercantis, objetivando apoio
logístico à execução das atividades operacionais. Os comandantes deixam claro em suas
respostas que há interferência e há necessidade de isenção logística para a Polícia Militar
trabalhar.

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Os Conselhos foram criados a partir de uma necessidade logística da


Polícia Militar. A comunidade que contribui, o faz de maneira voluntária, apesar de
pagar os impostos previstos em lei e que teriam de ser aplicados também na prestação do
serviço de segurança pública.

As solicitações de interferências devem ser administradas pelos


Comandantes de frações. O que não se deve aceitar são ações que vão de encontro ao
objetivo e missão institucionais da Polícia Militar.

TABELA 10: CONHECIMENTO DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS


CONSELHOS PELOS MILITARES DAS FRAÇÕES ONDE
EXISTEM AS ENTIDADES INSTALADAS

FREQÜÊNCIA
FRAÇÃO/CIDADE RESPOSTA
Absoluta %

87ª Cia Esp Patrocínio Conhece plenamente 17 28,33


Conhece pouco 29 48,33
Não conhece 14 23,33
88ª Cia Esp Paracatu Conhece plenamente 5 8,93
Conhece pouco 36 64,28
Não conhece 15 26,78
98ª Cia Coromandel Conhece plenamente 1 3,85
Conhece pouco 17 65,38
Não conhece 8 30,77
157ª Cia Monte Carmelo Conhece plenamente 5 12,82
Conhece pouco 24 61,54
Não conhece 10 25,64
Estrela do Sul Conhece plenamente 4 66,66
Conhece pouco 2 33,33
Não conhece - -

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A tabela 10 mostra o nível de conhecimento que a tropa tem a respeito do


funcionamento dos conselhos em suas respectivas cidades. As únicas frações que justificam
o pouco conhecimento da tropa em relação aos conselhos são a 98ª Cia (Coromandel) e o
Grupo de Polícia Militar de Estrela do Sul. Isto porque, como foi dito anteriormente, a
criação destes conselhos é recente.

Nas cidades onde os conselhos existem há mais tempo temos as seguintes


percentagens de militares que responderam não conhecem os conselhos: 26,78%
(Paracatu), 23,33% (Patrocínio) e 25,64% (Monte Carmelo).

É necessário que os militares conheçam plenamente o funcionamento das


entidades. Caso eles não conheçam e não acreditem no funcionamento das entidades,
certamente a comunidade também não vai acreditar. Eles constituem-se em fonte de
informações para a comunidade e devem conhecer para transmitir ao público quando
solicitados.

Ainda que em grau mínimo, o desconhecimento das entidades pela tropa


revela a falta de sintonia dos comandados com o seu comandante ou a falta de interesse
gerada pela reprovação às interferências nas soluções de ocorrências policiais.

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CAPÍTULO 9

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

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9.1 Conclusões
Da presente pesquisa que teve por finalidade avaliar o funcionamento das
entidades estruturadas para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar, que
estão em funcionamento na Região do 10º CRPM, e verificar os seus reflexos na
eficiência operacional das respectivas frações, cujo estudo permite concluir o seguinte:
a) a entidades foram idealizadas a partir da necessidade material da
Polícia Militar e criadas por iniciativa dos Comandantes de frações, porém com a
participação das lideranças políticas e comunitárias das cidades onde elas foram
instaladas;
b) as entidades foram estruturadas na forma de Conselhos Comunitários,
na Região do 10º CRPM, sendo pessoas jurídicas de direito privado e devidamente
registradas em órgão próprio; isto, para evitar os entraves da burocracia e as decisões de
cunho político na aplicação dos recursos arrecadados para beneficio da cidade específica;
c) após a criação do Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de
Patrocínio, a entidade distribuiu panfletos pela cidade com o objetivo de divulgar a
existência do conselho e angariar contribuições da comunidade. O panfleto praticamente
ameaçava a comunidade ao afirmar que se ela não contribuísse poderiam ocorrer na
cidade fatos piores, referindo-se aos crimes ocorridos em outros grandes centros. O
panfleto divulgava uma mensagem que assumia compromissos para a Polícia Militar em
decorrência da contribuição recebida;
d) os conselhos de Patrocínio e de Monte Carmelo arrecadam doações da
comunidade por meio de contribuições inseridas nas faturas dos órgãos de saneamento
básico dos municípios, o conselho de Paracatu arrecada através das faturas da companhia
telefônica que presta serviço no município; os conselhos de Coromandel e de Estrela do
Sul recebem verbas oriundas da justiça em decorrência da aplicação da Lei 9099;
e) no caso de Paracatu, a operacionalização da arrecadação decorre de
convênio estabelecido entre o 28º Batalhão de Polícia Militar e a TELEBRASÍLIA para
que a empresa recolha as doações da comunidade e repassasse o montante para o
Conselho Comunitário de Segurança Preventiva de Paracatu que a administra;
f) durante o funcionamento do Conselho Comunitário de Segurança
Preventiva de Paracatu ocorreram irregularidades, com o Comandante da 88ª Cia
Especial atuando como seu presidente. Durante a sua gestão, ocorreram irregularidades

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na aplicação dos recursos, motivando a instauração de IPM e auditoria realizada pela


Diretoria de Finanças, com sérios desgastes à polícia militar, permitindo concluir que
esta prática não é razoável;
g) os recursos arrecadados estão sendo aplicados na aquisição de viaturas,
equipamentos diversos e construção de sedes de aquartelamentos como é o caso da 157ª
Cia , em Monte Carmelo;
h) os Comandantes de frações tiveram como expectativa o estabele-
cimento de uma forma de arrecadação de contribuições e de uma aproximação da
comunidade, sendo estas expectativas alcançadas;
i) a população mostra-se satisfeita com a atuação da Polícia Militar em
função da criação das entidades pelas melhorias que ocorreram na prestação de serviços
por parte da Polícia Militar após a criação dos conselhos. O sentimento de satisfação da
comunidade decorre da presença real e constante da Polícia Militar nas ruas e
logradouros públicos das cidades, permitindo entender que os conselhos influenciaram
positivamente na prestação de serviços da Polícia Militar e no nível de segurança das
comunidades;
j) a aquisição de materiais por parte dos conselhos é orientada pelos
Comandantes de frações que recorrem ao setor próprio da Polícia Militar para dirimir as
dúvidas e assessorar os presidentes das entidades para que a aquisição dos equipamentos
seja feita de acordo com as normas técnicas e necessidades reais;
k) há um desconhecimento sobre as entidades estruturadas por parte
considerável da tropa, relativamente à sua estrutura e funcionamento, o que é
indesejável em face da importância da entidade e dos seus reflexos na atividade dos
militares;
l) a tropa das frações onde existem os Conselhos entende que a principal
melhoria decorrente das entidades é a disponibilização de recursos logísticos e, em
segundo lugar, a aproximação entre a Polícia Militar e as pessoas da comunidade;
m) em decorrência da criação dos Conselhos, a Polícia Militar pareceu ter
perdido a sua isenção logística, o que não é totalmente verdadeiro, porque as entidades
decorreram exatamente da

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carência logística. Logicamente, a comunidade que contribui cobra mais e isto tem um sentido
de interferência que precisa ser compreendido e administrado pelo Comandante da fração;
n) os recursos são aplicados de acordo com a conveniência de cada
Comandante de fração, possibilitando o desvio de verbas e a aplicação de recursos de
forma a gerar algum descontentamento na tropa e na comunidade;
o) a falta de um controle específico é sentida nas entrevistas com as
autoridades da Polícia Militar já que todos indicam a existência de controles
normais da PM que combatem o desvio, não existindo orientações ou instrumentos
de controle com a finalidade de valorizar as relações pela prevenção das disfunções
das entidades;
p) neste tipo de parceria deve-se ter como objetivo não só a
arrecadação de recursos alternativos para suprir deficiências do Estado, mas
também, deve-se dar ênfase à prestação de serviço com qualidade, pela Polícia
Militar, cuja obrigação é de eficiência operacional;
q) os conselhos estão funcionando como eficiente meio de
arrecadação de recursos alternativos para as frações e de divulgação da Polícia
Militar, fazendo com que os reflexos na atividade operacional sejam notados
através da aquisição de viaturas novas e equipamentos necessários à execução do
serviço, o que tem possibilitado uma maior mobilidade e melhoria na prestação
de serviço.
Assim sendo, conclui-se:
Os objetivos geral e específicos foram alcançados baseados nas
pesquisas documentais, onde pode descrever o processo de criação das entidades,
identificando a forma de captação e aplicação dos recursos. Através das entrevistas e
questionários, foi possível avaliar o grau de satisfação da população em função da
resposta dada pela Polícia Militar com a criação dos conselhos e detectou-se a falta de
um controle efetivo das relações entre os Comandantes de frações e as entidades.
A hipótese de que apesar dos recursos alocados à Polícia Militar, não
ocorreu a eficiência desejada para a sua atividade operacional, não foi comprovada.
Verificando o nível de satisfação da comunidade após a criação das entidades estruturadas
para dar suporte logístico às atividades da Polícia Militar na Região do 10º CRPM, pode-se

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concluir que a Instituição vem prestando serviço com mais eficiência nas
frações onde foram criadas as entidades, refletindo positivamente na segurança objetiva
e subjetiva.

9.2 Sugestões
Como foi mostrado e comprovado a Instituição vem sofrendo de carência
material. O Estado não está tendo condições de manter a segurança pública somente com
o que arrecada através dos impostos.
Em decorrência, estão surgindo as mais diversas formas de suprir essa
falta de recursos porque passa o Estado.
As entidades estruturadas para dar suporte logístico às atividades da
Polícia Militar são uma realidade. Porém é necessário que sejam controladas as
participações de militares nessas entidades e que haja uma padronização de
comportamentos.
Para tanto sugere-se a criação de doutrina e regras únicas e específicas em
relação aos conselhos em toda Polícia Militar, estabelecendo:
a) roteiro básico para implantação das entidades orientado a participação
e o controle das relações entre os Comandantes de frações e as entidades, concentrando-
se esta responsabilidade com maior ênfase nos comandos regionais;
b) prioridades na aplicação dos recursos de forma a evitar o desperdício
de dinheiro e a aquisição de materiais desnecessários, respeitando as peculiaridade de
cada fração, mas estabelecendo-se um padrão a ser seguido;
c) orientações aos Comandantes de frações a respeito da abordagem a ser
feita ao cidadão, evitando-se constrangimentos; a participação da comunidade deve ser
voluntária;
d) orientações aos Comandantes e à tropa a respeito da importância dos
conselhos e da necessidade de administrar as cobranças da comunidade que aceitou
contribuir, esclarecendo que as cobranças não devem ser entendidas como interferências
danosas ao serviço.

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Academia de Polícia Militar

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1997.

3 BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. São


Paulo: Saraiva, 1998.

4 ____. Lei nº 8 666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o artigo 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências.

5 CARTILHA conselho comunitário de segurança preventiva de Patrocínio/MG. Minas


Gerais: Real, 1999.

6 CRETELLA JÚNIOR. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense,


1887.

7 ESPÍRITO SANTO, Lúcio Emílio do. Caso de polícia: o senso comum de ordem
pública. O Alferes, n.38, jul/ago/set, 1993.

8 ____. Teoria introdutória à policiologia. O Alferes, n. 18, a.6, jul./ago./set.,1989

9 FERNANDES, Antônio José Martins, CUNHA, Cícero Leonardo da. Parcerias


realizadas entre a PMMG e sociedades civis e/ou mercantis, objetivando apoio
logístico à execução de atividades operacionais: Análise crítica. Belo Horizonte,
1998. Monografia apresentada no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO),
Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.

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10 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 2. ed., 1986.

11 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do


trabalho científico. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

12 LIMA, Marcos Lucas de. Segurança pública, um tema constitucional. O Alferes, n.


15, a.5, out./nov./dez., 1987.

13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 1999.

14 MINAS GERAIS. Polícia Militar. Nota Instrutiva nº 24/93. Estabelece orientações


sobre a elaboração de convênios na Polícia Militar. Belo Horizonte, 1993.

15 ____. Resolução nº 3334, de 23 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a competência


para a celebração de convênios no âmbito da Polícia Militar.

16 ____. Memorando nº 61 772-1/98. Determina sustação de convênios.

17 ____. Memorando nº 4055/96 – EMPM, de 30Ago96. Disque-doação.

18 ____. Memorando nº 4055/96 – EMPM, de 30Ago96. Disque-doação.

19 ____. Diretriz de Planejamento de Operações nº 3008/93-CG (Polícia Comunitária).


Belo Horizonte. Boletim Geral da Polícia Militar n.110, 1993.

20 ____. Resolução nº 1454, de 27Set85-CG. Regula participação da Polícia Militar na


criação e instalação dos Conselhos Comunitários de Segurança.

21 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 6.ed., revista, ampliada e


atualizada com a Emenda Constitucional nº 22/99. São Paulo: Atlas, 1999.

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22 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 16.ed., revista e
atualizada nos termos da Reforma Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1999.

23 SOARES, Orlando. Comentários a Constituição da República Federativa do Brasil


promulgada em 05/10/1988. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

24 SOUZA, Elenice de. Avaliação e perspectivas de um programa de segurança


pública. Belo Horizonte, 1999. Dissertação apresentada ao curso de mestrado da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas
Gerais

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