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ATUAÇÃO DO AGENTE ADMINISTRATIVO NA POLÍCIA: UM

ESTUDO DE CASO NA POLICIA MILITAR DO ESPÍRITO SANTO

Aroldo Boeno Braga Junior1


Wellington Machado Lucena2

Resumo

O objetivo deste artigo é tratar da atuação de um agente civil para funções da


administração na Policia Militar, funções que para serem exercidas precisam de
conhecimento técnico administrativo. Para isto apresenta-se os fundamentos de
ensino na Polícia Militar, as atividades administrativas exercidas no âmbito da
corporação e os fundamentos de ensino do graduado em administração. Através de
uma pesquisa de natureza exploratória, os dados foram abordados de forma
qualitativa, seus procedimentos ocorreram através de pesquisa bibliográfica,
documental e estudo de caso, tendo como objeto de estudo a organização Policia
Militar do Espírito Santo, e as técnicas de pesquisa para a coleta de dados compôs
de questionários e entrevistas com roteiros semi-estruturados. Observou-se tambem
que o graduado em administração, de acordo com sua formação curricular, teria
habilitação equivalente para as funções exercidas na corporação, podendo até suprir
a demanda administrativa e assim ao policial atender diretamente as atividades
constituídas por finalidade.

Palavras-Chave: Agente Administrativo; Policial Militar; Corporação Militar;

1 INTRODUÇÃO

A polícia eventualmente direciona profissionais que trabalham nos setores


administrativos, ou seja, nos batalhões e companhias, para reforçar o patrulhamento,
isto em virtude da necessidade de serviço, para aumento de efetivo ou cumprimento
de escalas. Deste resultado podemos observar que há uma necessidade neste
quadro, visto que existem muitos profissionais da segurança publica que exercem
funções estritamente administrativas, sendo na Policia Militar, Policia Civil ou
Bombeiros, que poderiam ser substituídos por um profissional qualificado e
capacitado tecnicamente para estas funções especificas.

1
Servidor Publico. Graduando em Administração de Empresas; aroldo.boeno@hotmail.com;
2
Doutorando e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo-UFES. Professor
de Administração da Faculdade Estácio de Vila Velha.wellingtonlucena@live.estacio.br.
2

Diante desta necessidade, este artigo visa tratar da atuação de um agente civil para
funções da administração na Policia Militar, que poderiam gerar melhores resultados
e consequentemente menores custos nas atividades que são atualmente exercidas
por militares, profissionais que de acordo com sua formação não teriam qualificação
ideal para atuar na execução das atividades administrativas. Sem destacar ainda o
investimento financeiro aplicado para formação, para aperfeiçoamento e para manter
mensalmente o Policia na corporação.

De acordo com Chiavenato (1989) a administração sempre se fez presente na vida


humana, que desde a idade primitiva a administrava para sobreviver. No Brasil, a
partir do governo de governo de Getúlio Vargas é que surgiram as primeiras escolas
de ensino superior de Administração, tendo por objetivos formar quadro técnico para
gerir as organizações públicas, programas do governo e os empreendimentos
privados. [...] o aperfeiçoamento da máquina administrativa governamental dos
países subdesenvolvidos. (FREITAS, 1952, Pag. 37)

O Estado, em sua organização, para manter esta estrutura e garantir ao cidadão o


seu direito, necessita de uma grande quantidade de homens que irão garantir a
segurança da sociedade. Segundo a Enciclopédia Livre Wikipédia, no Espírito Santo
a Polícia Militar, organização centenária, esta presente nos 78 municípios com 14
Batalhões (BPM’s), 6 Companhias Independentes (CIA IND), além de unidades
especializadas com funções específicas. A estimativa é que o efetivo chagaria a 10
mil policiais na ativa até final de 2014 (Disponível em www.pm.es.gov.br), sem
contar o efetivo do corpo de Bombeiros e Polícia Civil, que se contabilizar poderá
chegar a um numero expressivo de profissionais na ativa, ou seja, não aposentados.

Mas o que seria a Polícia? Segundo MADEIRA (2010) uma determinada parte do
Estado especializou-se, constituindo um corpo diferenciado ao qual se dá o nome de
Polícia, que é um determinado organismo encarregado de assegurar a ordem
pública e de promover a segurança humana. MADEIRA (2010) ainda afirma que o
poder se manifesta para conter excessos, estando intimamente ligado, portanto, à
contenção dos direitos individuais em face do interesse publico.
3

Esta função fica fundamentada no âmbito legislativo sob a norma constitucional


brasileira de 1988, que em seu art. 144, §5, dispõe:

Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos;
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.” (VADE
MECUM, 2009, Pag. 50)

Porem, como qualquer outra empresa, a Polícia Militar precisa administrar, controlar
e dirigir seus profissionais, para que a atividade fim possa processar de modo
eficiente e eficaz. Assim, para que isto ocorra, uma determinada parte destes
profissionais de segurança estará encarregada de exercer atividades meio, funções
administrativas, que processam nas áreas de logística, transportes, marketing,
recursos humanos, comunicação, promoção social, jurídico, finanças, tecnologia de
informação, arquivo, entre outras não diretamente especificadas, mas necessárias.

A administração, segundo SILVA (2008) é um conjunto de atividades dirigidas à


utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais
objetivos ou metas da organização. Necessariamente todas as funções elencadas
anteriormente e outras não especificadas, são atividades fundamentais
desempenhadas nas organizações, que deveriam ser realizadas por um profissional
qualificado para a função. SILVA (2008) ainda especifica que estas atividades
básicas devem ser desempenhadas por administradores para alcançar os resultados
determinados e/ou esperados pelas organizações.

O Administrador ou Agente Civil poderia ser o profissional responsável por estas


áreas administrativas existentes na policia militar, podendo atuar nas atividades
rotineiras e no controle de gestão financeira, jurídica, organização de arquivos,
gerência de informações, coordenando as atividades administrativa e logística da
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unidade, organizando os arquivos e gerenciando informações, revisão de


documentos entre outras atividades, todas em seu nível intermediário e operacional.

Segundo CHIAVENATO (2010) o nível Administrativo Operacional, administra a


execução e a realização de tarefas e atividades quotidianas. Afirma ainda que o
sucesso desempenhado é resultado de certas habilidades que o administrador
possui, sendo uma destas habilidades a capacidade de transformar conhecimento
em ação.

Neste sentido a questão problema é: A atuação do agente civil na Polícia resultaria


melhores resultados para os processos administrativos na corporação? Para melhor
compreensão sobre o assunto apresentam-se os fundamentos para ensino na
Polícia Militar, as atividades administrativas exercidas no âmbito da corporação e em
outras organizações, a estrutura no ambiente administrativo militar e os fundamentos
de ensino do graduado em administração, permitindo uma avaliação precedente do
conteúdo.

Para o desenvolvimento deste artigo foi realizado uma pesquisa de natureza


exploratória, os dados foram abordados de forma qualitativa, seus procedimentos
ocorreram através de pesquisa bibliográfica, documental e estudo de caso, tendo
como objeto de estudo a organização Policia Militar do Espírito Santo, assim as
técnicas de pesquisa para a coleta de dados compôs de questionários e entrevistas
com roteiros semiestruturados e com o objetivo de identificar o perfil dos
respondentes no que se refere a cargos, funções, instrução, sexo, idade, atividades
exercidas e obter resultados a fim de discutir o problema proposto para a pesquisa.

Os locais de abordagens foram o 4º Batalhão, as Companhias e unidade


especializada da Policia do Estado do Espírito Santo na cidade de Vila Velha e
graduados em administração. Também foi levado em consideração as informações
fornecidas por profissionais de outros estados que atuam no setor administrativo na
Polícia Militar de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Estima-se que do efetivo total, 10 a
15% são alocados aos serviços administrativos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FUNDAMENTOS DE ENSINO NA CORPORAÇÃO MILITAR

O Curso de Formação de Soldados (CFSD/2014) no Espírito Santo apresentou


duração de 25 semanas, com carga horária total de 920 horas-aula, sendo 64 horas-
aula para fundamentos, 232 horas-aula para conhecimento jurídico aplicado, 520
horas-aula para procedimentos operacionais e 104 horas-aula para atividades
complementares. Apresentando estrutura curricular com conteúdo pedagógico
referenciado, conforme recomendado pela matriz curricular nacional para ações
formativas dos profissionais da área de segurança publica proposta pelo Ministério
da Justiça, Secretária Nacional de Segurança Publica/SENASP.

Para o MJ o principal objetivo da Matriz Curricular Nacional é:

Ser um referencial teórico-metodológico para orientar as ações formativas


dos profissionais da área de segurança pública – Polícia Militar, Polícia Civil
e Bombeiros Militares – independentemente da instituição, nível ou
modalidade de ensino que se espera atender. Seus eixos articuladores e
áreas temáticas norteiam, hoje, os mais diversos programas e projetos
executados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública. (MCN, 2009,
Pag. 06)

As áreas temáticas propostas pela Matriz Curricular Nacional (MCN, 2009) são
indispensáveis à formação do profissional da área de segurança pública e sua
capacitação para o exercício da função. Na elaboração da Matriz foram elencadas
oito áreas temáticas destinadas a acolher um conjunto de áreas de conhecimentos
que serão tratadas no currículo do curso de formação policial, toda voltada para a
Segurança Publica.

Áreas temáticas propostas pela Matriz Curricular Nacional (MCN, 2009, p19):

a. Sistemas, Instituições e Gestão Integrada em Segurança Pública.


b. Violência, Crime e Controle Social.
c. Cultura e Conhecimentos Jurídicos.
d. Modalidades de Gestão de Conflitos e Eventos Críticos.
e. Valorização Profissional e Saúde do Trabalhador.
f. Comunicação, Informação e Tecnologias em Segurança Pública.
g. Cotidiano e Prática Policial Reflexiva.
h. Funções, Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública.
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No Estado, o curso de formação de policiais tem um programa básico comum e um


sistema de ensino de características próprias, com afinalidade de qualificar recursos
humanos para a ocupação de cargos de agentes de segurança e para o
desempenho de funções previstas em lei, voltadas para a polícia ostensiva, a
preservação da ordem pública e execução das atividades de defesa civil.

Conforme Monet (2001):

O papel da polícia é tratar de todos os tipos de problemas humanos quando,


na medida em que, sua solução necessita, ou pode necessitar do uso da
força, no lugar e no momento em que eles surgem. É isso que dá uma
homogeneidade a atividades tão variadas quanto conduzir o prefeito ao
aeroporto, deter um malfeitor, expulsar um bêbado de um bar, regular a
circulação, conter uma multidão, cuidar das crianças perdidas, administrar
os primeiros cuidados e separar os casais que brigam (p. 25).

O edital nº 001/2013, de 18 de julho de 2013, dispõe sobre as atribuições do cargo


de soldado combatente para o concurso público CFSD/2014, conforme capitulo III:

3.1. As atribuições do cargo estão descritas no art. 4º da lei complementar


estadual nº 667/ 2012, a saber:
a) policiamento ostensivo geral, preventivo e repressivo, em área urbana e
rural, nos processos de policiamento motorizado, a pé, ciclístico, aéreo,
dentre outros executados pela instituição;
b) policiamento especializado, em seus diversos tipos, tais como
policiamento de trânsito urbano e rodoviário, ambiental, montado, de
guarda, de eventos, de choque e de missões especiais, dentre outros tipos
de policiamento executados pela instituição;
c) condução de viaturas policiais;
d) atendimento e condução de ocorrências policiais decorrentes das ações
e operações de policiamento;
e) elaboração de boletins de ocorrência;
f) cumprimento de planos, normas e ordens emanadas pelo escalão
superior da instituição, pautando-se pela disciplina, hierarquia, equilíbrio
emocional, honestidade, cooperação e comprometimento;
g) suporte de comando dos escalões hierárquicos imediatamente
superiores, dentro dos limites de sua competência;
h) observância constante dos valores, da ética e dos deveres policiais
militares;
i) desempenho de outros tipos de policiamento e atividades inerentes à
instituição, observando os demais princípios, normas e encargos aplicáveis
na condição de militar estadual, dentro dos limites de competência de sua
respectiva graduação. (P. 03)

O conceito apresentado por Monet (2001) para o policial e as atribuições do cargo


descrito no art. 4º da lei complementar estadual nº 667/ 2012, define essencialmente
o seu papel, mostrando enfim que a sua atividade é específica para a segurança
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publica, conforme a sua qualificação, distinguindo totalmente de qualquer outra


atividade que ele exerça, tais como serviços administrativos.

2.2 ATIVIDADE ADMINISTRATIVA E ESTRUTURA NO AMBIENTE MILITAR

Para a realização de seu papel constitucional a organização Policia Militar através


dos agentes de segurança, distribuídos em ambientes setoriais (diretorias) e
ambientes de execução (batalhões), executam demandas administrativas que são
necessárias para o controle e desempenho operacional. São diversas as atividades
executadas por estes profissionais de “Retaguarda” que possibilita a toda esta
estrutura alcançar seus resultados.

Na parte administrativa da Policia Militar do Espírito Santo (disponível em


www.pm.es.gov.br) temos os seguintes departamentos:

a) Diretoria de Recursos Humanos.


b) Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação.
c) Diretoria de Finanças.
d) Diretoria de Apoio Logístico.
e) Diretoria de Promoção Social.
f) Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa.
g) Diretoria de Comunicação Social.
h) Diretoria de Administração de Frota.
i) Diretoria de Direitos Humanos e Polícia Comunitária.

Além das unidades setoriais acima, observa-se também as unidades de execução,


distribuídas nos municípios do Estado, totalizando 14 Batalhões (BPM’s), 6
Companhias Independentes (CIA IND) além de 05 (cinco) unidades especializadas
com funções específicas (disponível em: www.pm.es.gov.br). Cada unidade de
execução também possui em seu ambiente, demandas administrativas que são
necessárias para o controle e desempenho operacional de cada região. Sendo
necessário um grande efetivo de profissionais para administrar tais atividades.

Publicações feitas pela Policia Federal, Polícia Militar de São Paulo e Polícia Militar
de Minas Gerais, que já incorporam em suas organizações o “Agente
Administrativo”, (disponível nos endereços eletrônicos institucionais nas redes
sociais) atribuem quais seriam as atividades executadas e quais seriam as
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demandas administrativas exercidas pelos agentes de segurança publica nos


setores elencados acima.

Para a Policia Militar do Estado de São Paulo (edital de concurso público nº DP-
2/321/ 2014):
[...] As atribuições básicas do cargo de Oficial Administrativo são: realizar
atividades de apoio técnico e/ou administrativo nas diversas áreas de
atuação, conforme Lei Complementar nº 1.080, de 17 de dezembro de
2008; receber, registrar e controlar a entrada e saída de processos em
geral; selecionar, classificar, cadastrar e arquivar documentos em geral;
redigir atos administrativos como: ofícios, memorandos, comunicações
internas, solicitações de material de consumo e permanente, e-mails, entre
outros; executar serviços de digitação; elaborar, organizar e manter arquivos
físicos e (ou) eletrônicos; processos judiciais e administrativos, análise e
acompanhamento de serviços, de mercadorias e outros; executar ou
orientar levantamento de bens patrimoniais [...]. (P. 01)

Para a Policia Militar do Estado de Minas Gerais (edital de concurso público


DRH/CRS nº 02/2013):

[...] O servidor exercerá atividades de assessoria administrativa nas


unidades da Polícia Militar de Minas Gerais, tais como: Organizar e manter
atualizados cadastros, arquivos, fichários, livros e outros instrumentos de
escrituração, relativos aos registros funcionais dos militares e servidores
civis; Organizar e manter atualizado o sistema de legislações e informações
legais e regulamentares; Coletar, apurar, selecionar, registrar e consolidar
dados para a laboração de informações estatísticas; Atender, orientar e
encaminhar o público interno e externo; Receber, registrar e controlar a
entrada e saída de processos em geral; Redigir atos administrativos como:
ofícios, memorandos, comunicações internas, solicitações de material de
consumo e permanente, e-mails, entre outros; processos judiciais e
administrativos, análise e acompanhamento de serviços, de mercadorias e
outros; Atuar como fiscal de execução física de serviços terceirizados
realizados por meio de contratos; Executar ou orientar levantamento de
bens patrimoniais; Desenvolver outras atividades correlatas à natureza do
cargo, fazendo uso de todos os equipamentos e recursos disponíveis para a
consecução dessas atividades. [...] (P. 01)

Para a Polícia Federal (edital de concurso público nº 28 – DGP/DPF, de 20 de


novembro de 2013):

[...] Atividades de nível médio, de grande complexidade, envolvendo a


apresentação de solução para situações novas, a necessidade de
constantes contatos com autoridades de média hierarquia, com técnicos de
nível superior e/ou contatos eventuais com autoridades de alta hierarquia e
abrangendo planejamento em grau auxiliar e pesquisas preliminares
realizadas sob a supervisão indireta, predominantemente técnica, visando a
implementação das leis, regulamentos e normas referentes à administração
geral e específica; supervisão dos trabalhos que envolvam a aplicação das
técnicas de pessoal, orçamento, organização, métodos e material executado
por equipes auxiliares, chefia de secretarias de unidades da mais alta linha
divisional da organização.[...] (P. 01)
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2.3 O AGENTE ADMINISTRATIVO

De acordo com a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração (CFA,


2004), o perfil desejado para a formação do bacharel em Administração está
relacionado com a visão ampla, profunda e articulado das áreas de conhecimento,
além da competência em identificar e solucionar problemas. A habilidade de saber
se relacionar com as pessoas e tiver atitude empreendedora também foram
destacadas na pesquisa.

Se pautarmos as atividades presente no perfil do administrador, podemos considerá-


lo como o graduado mais apto a atuar nas organizações, isto por ser considerado
um profissional interdisciplinar e multiprofissional. Para tanto podemos considerar a
diretriz curricular nacional para o curso de administração através resolução Nº 4, de
13 de julho de 2005 do Ministério da Educação, Conselho Federal de Administração
e a Câmara Superior de Educação, que instituiu:

Art. 5º Os cursos de graduação em Administração deverão contemplar, em


seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, conteúdos que
revelem inter-relações com a realidade nacional e internacional, segundo
uma perspectiva histórica e contextualizada de sua aplicabilidade no âmbito
das organizações e do meio através da utilização de tecnologias inovadoras
e que atendam aos seguintes campos interligados de formação:

I – Conteúdos de Formação Básica


Relacionados com estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos,
psicológicos, ético-profissionais, políticos, comportamentais, econômicos e
contábeis, bem como os relacionados com as tecnologias da comunicação e
da informação e das ciências jurídicas.

II – Conteúdos de Formação Profissional


Relacionados com as áreas específicas, envolvendo teorias de
administração e das organizações e administração de recursos humanos,
mercado e marketing, materiais, produção, logística, financeira e
orçamentária, sistemas de informações gerenciais, planejamento estratégico
e serviços.

III – Conteúdos de Estudos Quantitativos e suas Tecnologias


Abrange pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e
estatísticos e aplicação de tecnologias que contribuam para a definição e
utilização de estratégias e procedimentos inerentes à administração.

IV - Conteúdos de Formação Complementar


Compreende estudos opcionais de caráter transversal e interdisciplinar para
oenriquecimento do perfil do formando. Exemplos dessa preocupação são
as questões éticas, responsabilidade social, ecologia e meio ambiente,
globalização da economia e suas implicações, entre outras. (CFA, 2005
P.05)
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De acordo com a resolução do Conselho Nacional de Educação, CNE/CES nº 2, de


18/07/2007, a carga horária mínima de 3.000 horas dos cursos de bacharelado em
administração serão integralizadas no tempo mínimo de 4 (quatro) anos. Os estágios
e atividades complementares, já incluídos no cálculo da carga horária total do curso,
não deverão exceder a 20% do total.

Com o projeto pedagógico instituído pela resolução Nº 04/2005 sendo incluído na


organização curricular das instituições de ensino, e considerando a carga horária
mínima, muitas serão as áreas de atuação do graduado em Administração. O
Conselho Federal de Administração (CFA) cujos resultados estão disponibilizados no
site do CFA (www.cfa.org.br) descreve que os campos de atuação do administrador
são:

a) Administração e Seleção de Pessoal/Recursos Humanos;


b) Organização e Métodos / Análise de Sistemas;
c) Orçamento;
d) Administração de Material / Logística;
e) Administração Financeira;
f) Administração Mercadológica / Marketing;
g) Administração de Produção;
h) Desdobramentos ou Conexos;

2.4 ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS REALIZADAS NAS ORGANIZAÇÕES

De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupação (MTE, 2002) portal


controlado pelo ministério do trabalho, a descrição sumária para Agentes,
assistentes e auxiliares administrativos é:

“Executar serviços de apoio nas áreas de recursos humanos, administração,


finanças e logística; atender fornecedores e clientes, fornecendo e
recebendo informações sobre produtos e serviços; tratar de documentos
variados, cumprindo todo o procedimento necessário referente aos mesmos.
Atuar na concessão de microcrédito a microempresários, atendendo clientes
em campo e nas agências, prospectando clientes nas comunidades.”
(disponível em: www.mtecbo.gov.br)

Para o portal Brasil Profissões (2014) assistente administrativo é o profissional que


trabalha na área administrativa de uma empresa de qualquer tipo, auxiliando o
gestor em suas atividades rotineiras e no controle e gestão financeira. Esse
profissional coordena atividades administrativas, financeiras e de logística da
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unidade, organiza os arquivos, controla os recebimentos e remessas de


correspondências e documentos, redige cartas, gerencia informações, cuida as
contas a pagar, entre outras atribuições.

As principais atividades são: (disponível em: http://www.brasilprofissoes.com.br)

 Receber e remessar correspondências e documentos


 Controlar as contas a pagar
 Controlar os recebimentos da empresa
 Emitir notas fiscais
 Preparar e encaminhar documentos
 Tirar cópias
 Coordenar trabalho de logística da empresa
 Enviar documentos para o departamento contábil e fiscal
 Atender telefonemas e esclarecer dúvidas sobre o financeiro
 Elaborar e apresentar relatório financeiro
 Coordenar o departamento de compras
 Manter organizados arquivos e cadastros
 Muitas vezes, controlar o departamento de recursos humanos.

As atividades realizadas no âmbito empresarial exige um profissional que domine as


diversas atividades e rotinas administrativas, dotado de conhecimento técnico e
científico. Neste contexto, contratar o profissional qualificado, torna-se indispensável
para o sucesso da organização, isto porque diversos fatores associados podem ser
considerados, como por exemplo, melhores práticas, otimização de tempo,
comprometimento com o resultado, redução de custos e desperdícios, busca e
aprimoramento de novas competências, habilidades e atitudes.

Segundo Katz (1955 apud CHIAVENATO, 2003), existem três tipos de habilidades
que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica,
habilidade humana e habilidade conceitual. Ainda, habilidade é o processo de
visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos administrativos
das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os
recursos disponíveis.

Habilidades necessárias para ser um bom assistente administrativo segundo


CADAMURO (2012):

Habilidades Técnicas – Relacionadas ao conhecimento específica em uma


área e a facilidade em executar tarefas referentes a ela.
Habilidades humanas – Dizem respeito com o trabalho direto com as
pessoas. Dentro desta habilidade destacam-se dois tipos de
relacionamento: interpessoal e intrapessoal.
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Habilidades Conceituais – Refere-se a capacidade de enxergar e


compreender a empresa como um todo entendendo o funcionamento de
seus setores e a importância de cada um deles no desenvolvimento das
atividades. (p. 13)

A administração tem seu papel fundamental e indispensável para um trabalho


organizacional. Uma pessoa sem conhecimento, experiência e não capacitada, não
seria competente a exercer estas atividades. Administrar envolve conhecimentos
específicos da área e o perfil desejado para o bacharel em administração advém de
uma extensa formação, o tornando capacitado.

3 ESTUDO DE CASO DA PMES

3.1 APRESENTAÇÃO PMES

Criada em 6 de abril de 1835 pelo governador Manoel José Pires da Silva Pontes,
a Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (PMES) é responsável
pelo policiamento ostensivo no Estado e seu Quartel do Comando Geral (QCG) é
situado na cidade de Vitória, na capital Vitória. A PMES tem como patrono o Capitão
JOÃO ANTUNES BARBOSA BRANDÃO (Tenente Coronel Honorário do Exército),
que por mais de dez anos esteve à frente da Companhia de Polícia (1873 a 1883)

Ao longo de seus 180 anos, completados em 2015, a força pública do Estado do


Espírito Santo passou por várias mudanças estruturais e após a Proclamação da
República (15/11/1889) foram essas as denominações: Corpo de Segurança (1892),
Corpo de Polícia (1898), Corpo Militar de Polícia (1908), Regimento Policial Militar
(1924), Força Policial (1933); Polícia Militar (1934), Força Policial Militar (1940) e
finalmente Polícia Militar (1946) denominação que permanece até os dias atuais.

Fez-se presente na Guerra do Paraguai (1865-1870) na Revolta de 1924 (São


Paulo); Revolução de 1930; Movimento Constitucionalista de 1932 (São Paulo). Nos
episódios de cunho estadual, destaca-se sua participação no conflito da Serra do
Caparaó e a atuação na questão Lindeira, decorrente de conflitos surgidos nas
zonas limítrofes de Minas Gerais e Espírito Santo, no norte do Estado, cuja solução
final só se deu em 15 de setembro de 1963. O Corpo de Bombeiros fez parte da
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Polícia Militar até a data de 20 de agosto de 1997, separando-se com a aprovação


da Emenda Constitucional nº 12, de 20 Ago. 97.

Conhecendo a missão e princípios que norteiam a PMES:

Missão
Promover, com a comunidade capixaba, a preservação da ordem pública no
Estado do Espírito Santo.
Valores
Disciplina; Eficiência Organizacional; Eficácia Operacional; Ética; Hierarquia;
Inovação; Interação; Comunitária; Interesse público; Legalidade; Priorização
dos direitos humanos; Racionalidade na utilização dos recursos públicos;
Transparência administrativa e operacional; Valorização dos recursos
humanos.
Visão
Ser reconhecida como uma referência nacional em qualidade de serviços
públicos e como um pólo de soluções inovadoras na administração de
segurança pública.

O 4º Batalhão tem sua sede no município de Vila Velha, sendo criado pelo decreto
1383-N de 21 de janeiro de 1980, que ampliou o quadro de Organização da PM,
em 5 de agosto de 1981, pelo boletim do Comando Geral nº 140, deu-se a ativação
da Unidade, sendo designado para comandante, o então Major QOPM Floriano
Ferreira Baptista, conforme Portaria nº 03/81-DP, publicada no BCG nº 142, de 7 de
agosto de 1981.

Instalada provisoriamente no quartel do Comando Geral, em Maruípe, utilizando-se


de oito salas da parte superior do pavilhão lateral direito, que a vizinha com a Capela
da PMES, ali permaneceu por um ano e treze dias. Por despacho do Exmº Sr. Dr.
Eurico Vieira de Rezende, Governador do Estado, no processo nº 2020/80 de 11 de
agosto de 1980, foi doada à Polícia Militar uma área de terreno com 3660 m²,
situada no bairro o Ibes, município de Vila Velha, para construção da sede da
Unidade.

A transferência para a nova sede em construção aconteceu no dia 18 de agosto de


1982, e sua instalação se deu em um modesto barracão de madeira, com apenas
cinco salas onde foram instalados o Comando Geral e o Estado Maior da mais nova
unidade da PM, onde até presente data esta instalado. Com isso houve melhores
14

condições para o exercício das atividades operacionais em Vila Velha e uma


significativa economia para a Corporação.

3.2 ANÁLISE DOS DADOS

Através da pesquisa foi possível Identificar que dos profissionais policiais que atuam
nos locais pesquisados, sua grande maioria (78%) é formada por militares do quadro
operacional, sendo Sargentos (10%), Cabos (16%) e Soldados (52%), enquanto os
demais postos, Sub-Tenente, Tenente e Capitão equivalem a 22% do total. Sendo
esta maioria os que diretamente são alocados para atividade fim, que é a
preservação da ordem publica através do policiamento ostensivo.

O resultado mostra ainda, que 41,94% dos militares respondentes se concentram no


pelotão de serviços (PCS), unidades atuantes nos Batalhões e os demais são
distribuídos nas companhias, espalhadas em sub-regiões do município. Apenas 20%
dos respondentes tem idade entre 18 a 25 anos; 44% esta entre 26 a 35 anos; 23%
estão na faixa entre 36 a 45 anos; e apenas 13% possuem entre 46 a 50 anos.
Nenhum dos entrevistados tem acima de 50 anos.

Quanto a formação acadêmica dos respondentes militares (conforme gráfico 1), é


possível observar e destacar que 38,71% não são graduados em nenhuma área
específica, ou seja, tem apenas o nível médio de ensino. Entre os demais, 32,26%
possuem o nível superior, 6,45% possuem o nível técnico e 22,58% são Pós-
graduados. A exigência mínima para ingressar na PMES hoje é o nível médio, tanto
para formação de soldados quanto para Oficiais.

Formação Acadêmica

38,71%
32,26%

22,58%

6,45%
0,00%

Médio Técnico Superior Pós Mestrado


Graduado

Gráfico 1 – Formação Acadêmica


Fonte: Coleta de dados através do Questionário
15

Foi oportunizado aos respondentes militares justificarem qual o curso de graduação


ou pós-graduação optaram por concluir (conforme gráfico 2). Dentre este total que
apresenta o nível técnico e superior de ensino (61,29%) é possível identificar que
apenas 11,11% são graduados em administração, enquanto que 44,45% são
graduados ou pós-graduados em temas de conhecimento jurídico que são
indispensáveis à formação do profissional de segurança Pública, como Direito,
Direitos humanos e Segurança Pública, conforme Matriz Curricular Nacional (MCN,
2009).

Cursos Nivel Superior

22,22%
16,67%
11,11% 11,11%
5,56% 5,56% 5,56% 5,56% 5,56% 5,56% 5,56%

Gráfico 2 – Cursos Nível Superior


Fonte: Coleta de dados através do Questionário

Além de considerarmos que 38,71% dos respondentes que executam tarefas


administrativas não apresentam conhecimento técnico ou cientifico na área,
devemos destacar também que dentre os que possuem uma formação em nível
superior, apenas 11,11% são qualificados para exercer essas funções, pois além de
serem habilitados para o serviço policial, detém uma graduação em administração.
Considerando os campos de atuação e a matriz curricular relacionada pelo Conselho
Federal de Administração (CFA).

Em relação aos resultados das atividades executadas hoje nos setores


administrativos da policia, verificou-se que 41,94% dos respondentes militares
consideram ruim ou consideram razoável. Observa-se que existe um alto percentual
de insatisfação devido ao feito da baixa qualificação nas atividades realizadas.
Segundo GAITHER (2006) o desempenho dos funcionários do setor de serviços
determina a qualidade dos serviços, assim este desempenho pode estar diretamente
relacionado com a qualificação do colaborador.
16

Quando caracterizado a execução destas atividades administrativas da Policia Militar


por profissionais qualificados, ou seja, graduados em administração, apenas 8,11%
dos respondentes consideraram razoável ou ruim, evidenciando que a grande
maioria reconhece a necessidade do emprego de um profissional com habilidade
para exercer determinada função. Em geral a maioria dos respondentes (84,21%)
mostraram que consideram necessário os setores administrativos nas organizações.

O serviço administrativo tem sua importância e é essencial para a organização


funcionar, ele é responsável por diversas atribuições consideradas burocráticas e os
resultados obtidos nas empresas, só sobrevêm, pois em dado momento foi
planejamento e controlado previamente por estes setores considerados de
“retaguarda”.

Para JULIO CESAR GOMES DOS SANTOS, Cb Julio3:

Atuar no serviço operacional de rua traz desgastes como a passagem de


noites insones, exige preparo físico no desenrolar das ocorrências (é
preciso correr, se manter de pé por muito tempo, carregar peso etc.), e,
além do mais, expõe o policial ao risco de morte, já que a possibilidade de
confronto armado com suspeitos é evidente. Nenhum desses fatores atinge
o policial empregado no serviço administrativo.
Este, porém, trabalha viabilizando o serviço do policial da operacionalidade,
e até diminuindo os desconfortos a que este é submetido. É o policial da
administração que realiza a licitação para a compra de um coturno mais
confortável. É o policial da administração que racionaliza as horas de
trabalho de cada policial e que garante, através dos procedimentos
burocráticos, a concessão de férias, licenças e outros direitos dos policiais.
(Disponível em: http://blogdocabojulio.blogspot.com.br).

Segundo MORAES (2001) a tarefa da Administração envolve a interpretação de


objetivos a fim de transforma-los em ação organizacional por meio do planejamento,
da empresa, da direção e do controle.

Assim, ponderando a Matriz Curricular Nacional para desenvolvimento de


profissionais da área de segurança, foi observado junto aos respondentes quais
campos são necessários para formação do Policial Militar (conforme gráfico 3). Das
áreas temáticas destacadas no questionário, o maior percentual observado (88,51%)

3
Advogado e militar reformado pela Policia Militar de Minas Gerais. É bacharel em teologia, bacharel
em direito pela FCJAD, pós graduado em ciências penais pela faculdade Milton Campos, mestrando
em direito público pela FUMEC;
17

esta relacionada com o currículo de formação do policial, sendo: Funções, técnicas e


procedimentos em segurança (20,69%); Comunicação, informação e tecnologias em
segurança (17,24%); Modalidades de gestão de conflitos e eventos Críticos
(17,24%); Cultura e Conhecimentos Jurídicos (16,67%) e Violência, Crime e Controle
Social (16,67%).

Na sua visão quais dos campos abaixo são necessários para formação de um
Policial?

Funções, Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública 20,69%


Comunicação, Informação e Tecnologias em Segurança… 17,24%
Modalidades de Gestão de Conflitos e Eventos Críticos 17,24%
Cultura e Conhecimentos Jurídicos 16,67%
Violência, Crime e Controle Social 16,67%
Administração Financeira 1,15%
Administração de Material / Logística 2,30%
Orçamento 1,15%
Organização e Métodos / Análise de Sistemas 2,87%
Administração e Seleção de Pessoal/Recursos Humanos 4,02%

Gráfico 3 – Campos para formação Policial.


Fonte: Coleta de dados através do Questionário.

Quando consideramos o mesmo questionamento para a formação do graduando em


administração (conforme gráfico 4), das áreas temáticas destacadas no questionário,
a maioria percentual observada (74,29%) esta relacionada com o projeto pedagógico
de formação do Administrador, sendo: Administração Financeira (13,14%);
administração de Material (16,00%); Orçamento (12,57%); Organização e Métodos /
Análise de Sistemas (13,71%) e administração e Seleção de Pessoal/ RH (18,86%).

Na sua visão quais dos campos abaixo são necessários para formação do
Graduado em Administração?

Funções, Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública 4,57%


Comunicação, Informação e Tecnologias em Segurança… 7,43%
Modalidades de Gestão de Conflitos e Eventos Críticos 8,00%
Cultura e Conhecimentos Jurídicos 4,00%
Violência, Crime e Controle Social 1,71%
Administração Financeira 13,14%
Administração de Material / Logística 16,00%
Orçamento 12,57%
Organização e Métodos / Análise de Sistemas 13,71%
Administração e Seleção de Pessoal/Recursos Humanos 18,86%

Gráfico 4 – Campos para formação do Administrador


Fonte: Coleta de dados através do Questionário
18

O questionamento evidencia claramente que os respondentes tem pleno


conhecimento quanto às áreas temáticas e de atuação de cada profissional
relacionada com a atividade fim de cada setor. Ou seja, temas direcionados a área
de segurança publica, cabe ao Policial Militar e temas direcionados a administração
de empresas, cabe ao Administrador.

Este fato fica evidenciado tambem quando, os respondentes exemplificaram com


suas palavras exatamente o que se corrobora acima. Quando questionados através
de perguntas abertas a cerca de quais seriam as funções exercidas pelo Policial e
quais seriam as funções do Graduado em Administração, assim obtivemos:

Na sua visão quais seriam as funções exercidas por um Policial?

“Atuar no cumprimento da lei defendendo a comunidade, prevenir de


possíveis infrações da lei.”
“Preservar a segurança da sociedade, combatendo crimes e trabalhando
diretamente nas ruas.”
“Oferecer segurança e ordem à sociedade.”
“Preservação da ordem publica e policiamento ostensivo.”
“Promover a segurança da população, fazendo com que haja tranquilidade
de ir e vir.”
“Planejar operações, gerenciar recursos de segurança de segurança
publica, fonte de emissão de doutrinas referentes a segurança publica.”
“Funções relacionadas a atividade fim, ou seja proporcionar segurança
publica ao cidadão.”
“Atividades fim. Planejamento e execução. Acompanhando fatos existentes
no contexto da pratica de atos violentos e demais delitos.”
“manutenção e preservação da ordem Publica, prevenção e repressão a
delitos, proporcionais. Maior sensação de segurança a população.”
“O trabalho do policial militar deveria ser focado exclusivamente nas ruas,
nos locais onde realmente acontecem delitos.”
“Acho que seriam as funções referentes às atividades policiais e de
segurança.”

Em destaque, uma das respostas que mais se reproduziu foi:

“Policiamento Ostensivo e preservação da ordem publica.”

Na sua visão quais seriam as funções exercidas por um graduado em


Administração?

“Funções administrativas de modo geral, como inclusive a gestão das


necessidades e apoio operacional.”
“Gestão de pessoas e recursos, organização estrutural das unidades de
policia, estudo de demandas e distribuição de efetivo.”
19

“Gerenciamento de recursos humanos e materiais, visando a sua melhor


utilização para o fim que se destina.”
“Setores internos de administração em todos os âmbitos policiais.”
“Administração bens, recursos, finanças, logística e atividades burocráticas.”
“Gerenciamento de Recursos Humanos, físicos e orçamentais de uma
empresa ou órgão publico.”
“Gerir recursos administrativos, desenrolar rotinas e técnicas de gestão de
pessoas e recursos.”
“Atividades administrativas especializadas, por exemplo: administração de
materiais / logística, demandas de recursos humanos.”
“A funções que exigem mais conhecimento técnico, conhecimentos mais
específicos da função do administrador.”
“Funções técnicas e estritamente administrativas, gerenciamento de
pessoas, comunicação da imagem da empresa, processo burocráticos.”
“Gestão de pessoas, atuar na área de finanças, RH, Marketing”
“Exercer todas as atividades internas e administrativas, seja ela financeira,
tecnológica entre outras.”
“Atuar nas áreas administrativas das empresas.”
“Planejar, organizar, dirigir e controlar.”
“Planejamento, organização, direção e controle são funções que podem
ocorrer separadamente, mas que quase sempre estão interligados na
prática administrativa.”

Apenas 19% dos respondentes militares não concordam com a contratação de


agentes civis para exercer as atividades administrativas nos batalhões. Porém
quando questionados qual seria o profissional mais qualificado para exercer as
atividades administrativas nos setores na policia militar, 87% responderam que seria
o graduado em administração e somente 13% afirmaram ser o policial militar.
Elevada porcentagem de aprovação ratifica que o administrador é o principal
responsável pelo alcance dos objetivos empresariais.

Para Chiavenato (2004):

A atividade do administrador consiste em guiar e convergir as organizações


rumo ao alcance de objetivos. Todas as organizações existem para um
propósito ou objetivo, e o administrador é o responsável pela combinação e
aplicação de recursos organizacionais para assegurar que a organização
alcance seu próprio propósito ou objetivo. (p.04)

Os respondentes destacaram tambem as principais dificuldades técnicas


encontradas para realização das rotinas administrativas (conforme gráfico 5), assim
29,58% consideram a qualificação como a principal dificuldade observada nos
setores, seguido de treinamentos 23,94%, estrutura/ambiente 22,54%, formação
acadêmica 14,08% e Tempo/escala 9,86%.
20

Quais as principais dificuldades técnicas que você encontra na


realização das rotinas administrativa?

29,58%
23,94% 22,54%

14,08%
9,86%

Formação Qualificação Treinamentos Tempo/Escala Estrutura/


Acadêmica Ambiente

Gráfico 5- Dificuldade técnica encontra;


Fonte: Coleta de dados através do Questionário.

A qualificação profissional surge como um instrumento de importante valorização do


colaborador. Para ARAÚJO (2009), o mercado de trabalho brasileiro sofre com a
escassez de profissionais qualificados [...], a falta de habilidades técnicas é de
longe, o principal entrave para o preenchimento de determinadas posições.

Os constantes treinamentos permitem ao Policial Militar atualização de temas


sociais, jurídicos e operacionais, adequando-os e atualizando-os a conceitos
modernos devidamente ajustados aos princípios desejados, Segundo BOOG (1995)
o treinamento começa como uma resposta a uma necessidade ou a uma
oportunidade em um ambiente organizacional.

Já para CHIAVENATO (2006) o treinamento fornece meios que além de facilitar a


aprendizagem, orienta de maneira positiva para que as pessoas desenvolvam seus
conhecimentos, atitudes e habilidades beneficiando o todo.

O ambiente de trabalho e a estrutura que é disponibilizada para realização das


tarefas, impacta diretamente nos resultados operacionais, para o Professor Doutor
Luiz Eduardo Soares (secretário nacional de segurança pública em 2003) para a
melhoria da prestação de serviços por parte das polícias é necessário que ocorra:

(...) modernização das agências institucionais de segurança, especialmente


das polícias (gerencial e tecnológica); moralização (via controles internos e
externos, como a ouvidoria autônoma e com poder ilimitado de investigação
e via indução positiva, além da valorização profissional dos policiais, que
são, com frequência, submetidos a condições de trabalho humilhantes e
salários indignos) e participação social. (disponível em:
http://www.luizeduardosoares.com.br)
21

Em entrevista livre realizada dia 03 de abril de 2015, com CRISTIANO A. CINDRA


SOBREIRA4, a que descreve sua opinião quanto aos serviços administrativos e
quanto a contratação de civis para estas atividades:

“Na PMERJ de acordo com um decreto estadual, cada batalhão poderá


empregar até 15% do seu efetivo total nas funções administrativas. No caso
do 36° BPM, em Santo Antonio de Pádua, ao qual eu faço parte do quadro
de oficiais, isso corresponde a cerca de 75 policiais militares.
Muitas dessas funções poderiam, sem prejuízos para a corporação, serem
substituídas por funcionários civis terceirizados, por não dependerem de
conhecimento técnico para sua execução, como é o caso dos serviços de
limpeza, rancho, digitadores de Boletins de Ocorrência e, em alguns casos,
secretaria, tesouraria, entre outros.
Já outras funções, apesar de serem administrativas, de acordo com o
quadro de distribuição do efetivo (QDE) da Unidade, devem ser ocupadas,
exclusivamente, por policiais militares, como é o caso dos policiais que
trabalham na Reserva Única de Material Bélico (RUMB) ou na Guarda, além
das seções de planejamento operacional (P3) e de inteligência (P2).
A realidade que se tem dentro dos batalhões da PMERJ nos dias de hoje é
uma enorme carência de efetivo, principalmente pelo constante crescimento
populacional nas áreas urbanas do interior do Estado, somado a outros
fatores, como a retomada das áreas das comunidades carentes do Rio de
Janeiro com as forças de pacificação. Devido ao trabalho intenso feito pela
Policia naqueles locais, a demanda de efetivo tem se voltado toda para as
Unidades de Policia Pacificadoras (UPP’s).
Por essa razão, a inclusão de agentes administrativos na Policia Militar,
assim como ocorreu na policia federal, seria muito bem aceita, a meu ver,
pois seria uma forma de termos mais policiais nas ruas sem a necessidade
de um novo concurso, além de se aproveitar melhor os recursos para a
segurança publica, deixando de colocar, por exemplo, um subtenente com
oito triênios e 50% de pecúnia para ficar digitando documentos em uma
seção.”

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo foi abordado um assunto de grande relevância no meio policial, qual
seja, a contratação de agentes civis para funções da administração na Policia, que
precisam de conhecimento técnico administrativo para ser exercidas, pois
atualmente são desempenhadas por militares, profissionais não qualificados
tecnicamente para a função administrativa.

Pela Constituição Federal observamos que a preservação da ordem publica cabe às


policias Militares e é pertinente ao cargo o policiamento preventivo e repressivo,
entre outras atribuições definidas em lei. O seu papel é tratar de problemas

4
Graduado em História e oficial 2° Tenente da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro;
22

humanos, situações conflitantes que dependem que um intermediador e uma


solução imediata em favor da coletividade.

Toda sua formação apresenta uma estrutura curricular referenciada à formação de


profissionais para a área de segurança publica, com fundamentos, procedimentos
operacionais e jurídicos, e visam formar recursos humanos exclusivos para o cargo
de agentes de segurança, que se direcionados a outras funções não relacionadas a
atividade fim do setor, torna nulo todo o investimento realizado para sua
qualificação.

Ainda assim vimos que a policia direciona profissionais para atuarem nos setores
administrativos, isto em virtude da necessidade existente na corporação para
controle e desempenho operacional, no entanto verificamos através de pesquisa e
entrevistas que a maioria destes profissionais não são qualificados tecnicamente
para exercer estas atividades.

Para esta afirmação destacamos a diversas atividades administrativas realizadas


nos setores policiais, (recursos humanos, tecnologia da informação, finanças,
logística, apoio social, ensino ecomunicação) que se comparadas, são diretamente
relacionadas à qualificação e habilitação do Administrador e vai a desencontro da
formação do Policial Militar.

Isto evidenciou que a distribuição de cargos e tarefas realizada para a função do


policial e para a função de um agente administrativo, diverge operacionalmente. Isto,
pois o conjunto de tarefas existentes para o cargo de policial tem um fim, a
“segurança publica” enquanto o conjunto de tarefas existente para o cargo de agente
administrativo tem outro fim, “administrar, controlar e dirigir”. Sem considerarmos os
custos mensais existentes para formar, administrar e manter ambos os cargos.

Os serviços administrativos são importantes para toda empresa ou corporação, e


temos que considerar a necessidade de qualificação para execução destas rotinas.
Assim uma das soluções a se considerar é a viabilização pelo Governo do Estado do
Espírito Santo para a qualificação dos recursos humanos hoje atuantes nestes
setores, que de certa forma demandaria mais recursos financeiros. Por outro lado
23

diversos fatores associados podem ser considerados, como por exemplo, melhores
práticas, otimização de tempo, comprometimento com o resultado, redução de
custos e desperdícios, busca e aprimoramento de novas competências, habilidades
e atitudes.

Outra solução que podemos considerar é a contratação de profissionais já


qualificados, que não necessitariam de investimentos para capacitação, podendo
substituir os policiais que hoje atuam no ambiente administrativo e que demandam
uma parcela do efetivo. Importante exemplificar que as Policias Militares de São
Paulo, Minas Gerais e a Polícia Federal já incorpora em suas unidades a figura do
Agente Administrativo e lhe atribuem todas as atividades que não são inerentes ao
cargo de polícia.

Consideremos assim, a existência de profissionais já qualificados para exercer uma


função administrativa no ambiente da polícia militar e considerando que a
contratação de um profissional de segurança se justifica na aplicação de sua
atividade fim, pois possuem toda a formação de um policial operacional (de técnicas
policiais, tiro, defesa pessoal…) além de todo o investimento para esta formação,
treinamentos, podemos dizer que a atuação do agente administrativo em termos de
qualidade e qualificação, seria a mais viável para a corporação.

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