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AGRADECIMENTOS
(Robert Hare)
iii
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15
3 HIPÓTESES ........................................................................................................... 16
4 JUSTIFICATIVAS .................................................................................................. 17
5 MÉTODOS ............................................................................................................. 19
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53
APÊNDICE 1 ............................................................................................................. 56
APÊNDICE 2 ............................................................................................................. 57
APÊNDICE 3 ............................................................................................................. 59
APÊNDICE 4 ............................................................................................................. 60
1 INTRODUÇÃO
hormonal, ela pode ser tratada por meio de medicamentos regulados; e, (3) se
a psicopatia for um fator ambiental (relacionamento familiar, cultural e social)
poderá ser sanada com intervenções psicológicas e psiquiátricas. Todavia,
conforme as ideias dos autores já mencionados, psicopatas não procuram
tratamento, visto que não se consideram doentes, geralmente são as vítimas
que necessitam de orientação. Assim, o que a psicologia pode fazer para
ajudar tanto o sociopata quanto as vítimas (MORANA, 2006)?
O papel da psicologia forense é colaborar com o sistema legal. O termo
forense vem de fórum e remete a tribunal, aliás, a psicologia forense ajuda os
profissionais do direito a tratarem indivíduos dentro do sistema legal.
Geralmente o psicólogo forense é acionado para auxiliar o tribunal em causas
de inimputabilidade, isto é, para identificar se o réu cometeu o crime
intencionalmente ou se sofre de algum retardo mental. O psicólogo forense não
age em cenas de crime, como se costuma ver em séries de televisão ou em
outros veículos midiáticos, todavia, seu trabalho é relevante para o sistema
judiciário, pois fornece estratégias de como lidar com cada situação
especificamente (HUSS, 2011).
Recentemente, Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Jair Messias
Bolsonaro, candidato à presidência da república na época, foi considerado
inimputável pela justiça brasileira por sofrer de problemas psiquiátricos,
segundo profissionais especialistas. Dito de outra forma, Adélio não pode ser
punido porque não tem consciência sobre suas ações. De acordo com
informações da justiça federal, Adélio agiu sozinho, seu depoimento foi
acompanhado por diversos profissionais e todos os que estavam envolvidos
chegaram à mesma conclusão de que ele merece tratamento diferente dos
outros presos. Atualmente ele está detido na penitenciária de segurança
máxima em Campo Grande-MS, além de ser acompanhado por um psicanalista
forense (NASCIMENTO, 2019).
Segundo Oliveira (2012), o sistema penal brasileiro não diferencia o
psicopata do criminoso comum. O ponto de vista da autora discorre que, pelo
psicopata não ter nenhum tipo de afeição pelo próximo e ser extremamente
racional, suas ações influenciarão outros presos à rebelião, além de instigar
carcereiros à letargia profissional, assim escaparão ilesos e até bem quistos
pelo sistema penitenciário. A autora alega também que profissionais
12
2 OBJETIVOS
3 HIPÓTESES
4 JUSTIFICATIVAS
5 MÉTODOS
5.1 Participantes
5.2 Instrumentos
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Psiquiatria dinâmica
P2 Medicina 45 anos
Psicanalista
Psicologia clínica e
P5 Psicologia 14 anos
psicologia da saúde
Psicologia forense e
P6 Psicologia -
criminal
Psiquiatria e
P7 Medicina 43 anos
Ortopedia
23
A área de atuação
Qualificações Outras
Participante é a única
adicionais ocupações
atualmente?
P1 - sim -
P2 - sim -
Professor
P3 - sim
universitário
P4 - sim -
P5 - sim -
Psicólogo clínico e
P6 - sim professor
acadêmico
Psicologia
Cognitiva
P7 Comportamental, sim -
Dor Crônica e
Ortopedia
a) Infração social
Quatro participantes (P3, P4, P5, P7) esclareceram que a infração social
é um padrão de comportamento do psicopata de acordo com as referências
abaixo:
b) Egocentrismo
Dois participantes (P1, P6) argumentaram que o egocentrismo é um
padrão de comportamento do psicopata conforme as citações a seguir:
Nessa pergunta, quatro participantes (P3, P4, P5, P7) esclareceram que
a infração social é um padrão de comportamento do psicopata. Por infração
social levou-se em consideração o desrespeito às leis, às normas, aos direitos
e costumes das outras pessoas. Segundo o DSM-5, um dos componentes para
enquadrar o indivíduo no Transtorno de Personalidade Antissocial é
incapacidade de adequação às normas sociais. Isso se explica pois o psicopata
age de maneira dissimulada a fim de ocultar o seu caráter transgressor das
normas sociais (MELLO; GONZALES, 2019).
Violar regras não causa arrependimento e psicopatas não justificam
seus atos. Além disso, para obter o que deseja, desrespeita direitos e a
integridade do próximo, utilizando-se na maioria das vezes de manipulação e
mentira, em outras palavras, psicopatas não se atentam para convenções
sociais, consideram-se livres demais para obedecer às regras, esse caráter
ressalta o quanto os psicopatas afligem à comunidade (MECLER, 2015).
Um segundo padrão de comportamento do psicopata foi apontado por
dois participantes (P1, P6), o egocentrismo. Esse egocentrismo, como bem
enfatizou o Participante 6, é a visão exacerbada que o indivíduo possui das
próprias habilidades. Isso aponta para o fato de que psicopatas esperam
sempre a realização dos próprios anseios, da própria satisfação sem nunca
pensar no outro (SILVA, 2018).
Como se percebe, as declarações dos participantes concordam que o
psicopata não é altruísta, muito menos empático. Sua conduta antissocial não
possui traços de arrependimento; é um estilo de vida transiente, a ausência de
culpa e a falta de senso de vergonha por violar regras é latente e constante. A
imprevisibilidade e a irresponsabilidade dos psicopatas revelam a pobreza de
emoções (DUTTON, 2018).
a) Sim
Cinco participantes (P1, P2, P3, P5, P7) responderam que existem
fatores genéticos relacionados à psicopatia de acordo com os trechos a seguir:
“Olha, é, tudo indica que sim [...] A pessoa já nasce psicopata” (P1)
“o fator genético vai fazer com que eles [...] tenham essas características
comportamentais” (P3)
b) Não
Dois participantes (P4, P6) responderam que não há fatores genéticos
relacionados conforme citações abaixo:
“Mas deve ter fatores ambientais também [...] Isso influencia muito
também naquele sujeito que já tem essa constituição genética” (P2)
“Pais com uma personalidade psicopata podem gerar filhos com essas
características” (P5)
Dentre os participantes, cinco (P1, P2, P3, P5, P7) responderam que
existem fatores genéticos relacionados à psicopatia, fatores que contribuem
para as bases biológicas do funcionamento do cérebro e para estrutura básica
da personalidade, o que faz com que o indivíduo responda às interações
sociais com falta de empatia, descaso e desprezo, minimizando a consciência
e o estabelecimento de conexões emocionais com outras pessoas (HARE,
2013).
29
“o psicopata [...] na [...] primeira infância [...] foi vítima de violência física,
negligência, abuso físico, abuso sexual [...] Essas pessoas são vítimas, [...]
depois vão se tornar agressores” (P3)
Por se tratar de uma pergunta composta, ela será subdividida em: 4A) é
possível curar a psicopatia? 4B) É possível reinserir a pessoa na sociedade
com segurança? 4C) Se sim, como?
a) Não é possível
Cinco participantes (P1, P3, P5, P6, P7) responderam que não é
possível curar a psicopatia de acordo com as referências abaixo:
33
“Não!” (P1)
a) É impossível
Dois participantes (P4, P7) responderam que é impossível reinserir a
pessoa com psicopatia na sociedade com segurança de acordo com as
referências abaixo:
b) É muito difícil
Três Participantes (P1, P3, P5) responderam que é muito difícil reinserir
uma pessoa com psicopatia na sociedade com segurança de acordo com a
citação abaixo:
34
É muito difícil adaptar uma pessoa [que tenha um perfil psicopático] nas
regras sociais” (P1)
“a gente não tem dados que apontam [...] [o] manejo adequado pro
transtorno de personalidade antissocial” (P5)
a) Regras rígidas
Três participantes (P3, P4, P5) responderam que para reinserir uma
pessoa com psicopatia na sociedade é necessário regras rígidas conforme a
citação a seguir:
Dois participantes (P1, P6) responderam que para reinserir uma pessoa
com psicopatia na sociedade é preciso Tratamento com Terapia
Comportamental e Medicação de acordo com a citação a seguir:
“eu acredito que num caso de uma psicopatia [...] é possível sim tratá-lo
para que ele possa se reinserir na sociedade” (P6)
a) Manipulação de pessoas
Três participantes (P2, P5, P7) responderam que a manipulação de
pessoas é o impacto de um psicopata na sociedade conforme as citações
abaixo:
“ele vai utilizar as pessoas como um jogo pra tirar vantagens” (P7)
b) aumento da criminalidade
37
Sadock (2017) enuncia que pessoas com esse transtorno são autênticas
vigaristas, extremamente manipuladoras e podem convencer os outros a
participar de esquemas que visam lucro financeiro, fama ou notoriedade,
levando incautos à decepção e à bancarrota. Indivíduos assim não falam a
verdade, e não se pode confiar neles para executar qualquer tipo de tarefa ou
que adotem qualquer padrão normal de moralidade.
Três participantes (P1, P3, P5) responderam que o aumento da
criminalidade é o impacto de um psicopata na sociedade. Conforme Morana,
Stone e Abdalla-Filho (2006) aquele que possui o Transtorno de Personalidade
Antissocial despreza normas e obrigações e possui baixo limiar para descarga
de atos violentos. Sadock (2017) também reitera que o Transtorno de
Personalidade Antissocial é uma incapacidade de se adequar as regras sociais
que normalmente governam vários aspectos dos comportamentos dos
adolescentes e dos adultos.
a) Sim
Seis participantes (P1, P3, P4, P5, P6, P7) responderam que o nível
acadêmico ou o conhecimento intensifica a psicopatia da pessoa, influenciando
muito em suas ações, de acordo com as referências abaixo:
“ele fica mais [...] refinado nas coisas que faz” (P4)
“Um psicopata que não tem um nível de instrução alto, o jeito que ele vai
manipular, as ferramentas que ele vai utilizar pra [...] cometer um crime, é
diferente do psicopata de alta instrução. Tanto que se você pegar os
psicopatas que cometem crimes, você vai ver que o tipo de crime é diferente”
(P6)
Seis participantes (P1, P3, P4, P5, P6, P7) responderam que o nível
acadêmico ou o conhecimento intensifica a psicopatia da pessoa, influenciando
muito em suas ações. Acerca disso, Sadock (2017) afirma que ao diagnosticar
o transtorno, o clínico deve compensar as distorções causadas pelo nível
socioeconômico, essa ideia reforça o entendimento de que o nível acadêmico
acentua a maneira de agir do psicopata.
De acordo com Dutton (2018) o PCL-R foi aplicado em mais de duzentos
executivos que exerciam altos cargos nos Estados Unidos e comparou a
prevalência de traços psicopáticos no mundo corporativo com aquele
encontrado na população geral. Os executivos se destacaram e a psicopatia foi
associada a criatividade, excelente comunicação e boa estratégia mental. O
autor pontua que tanto no mundo corporativo quanto na política existe uma
estufa de psicopatas.
41
a) Sim
Seis participantes (P1, P3, P4, P5, P6, P7) responderam que sim
conforme as citações a seguir:
“Sim” (P1)
44
“Sim!” (P4)
“Sem dúvida. Você deve se informar para ter esse conhecimento” (P7)
b) Não
Um participante (P2) respondeu que a desinformação não é uma
desvantagem para a sociedade conforme o trecho abaixo:
“Porque, como eles [os psicopatas] já têm uma [...] facilidade de envolver
a pessoa, [...] então fica mais fácil ainda [...] do mesmo de manipular, de
dominar” (P4)
“porque o indivíduo que não sabe que existe [...] pessoas com esses
comportamentos, talvez possam ficar um pouco mais vulneráveis” (P5)
Seis participantes (P1, P3, P4, P5, P6, P7) responderam que a
desinformação é uma desvantagem para a sociedade. Para Hare (2013) um
ladrão pode entrar na casa mais segura, porém ter um alarme, bom senso,
câmeras de segurança podem reduzir o risco de ter a casa arrombada. O autor
orienta o leitor a se proteger, entendendo a natureza do transtorno, desconfiar
de coisas boas demais para ser verdade e conhecer a si mesmo, tendo a
ciência dos próprios pontos fracos.
Segundo Sadock (2017) quem possui o Transtorno de Personalidade
Antissocial pode enganar até o clínico mais experiente. O paciente pode se
apresentar confiável e calmo, entretanto, por dentro, esconde tensão, fúria e
irritabilidade. O profissional, levantando informações prévias e comparando os
argumentos do paciente, pode se guardar de ser mais uma vítima desses
46
embustes, o que afirmou os três participantes (P1, P3, P7) que responderam
que qualquer desinformação causa problema e a informação é uma vantagem.
Três participantes (P4, P5, P6) responderam que a desinformação sobre
a psicopatia deixa a sociedade indefesa e com preconceito. Silva (2018) alega
que a sociedade em geral está a mercê dos psicopatas porque não conhece
quais são suas maneiras de atuação, inclusive afirma que sua obra serve de
esclarecimento para pessoas comuns se informarem a respeito dos psicopatas
e não serem ingênuas. A autora alerta os leitores a tomarem cuidado com
pessoas que são maravilhosas demais e muito bajuladoras, a ter cautela com
os lugares que frequenta e prudência em demonstrar fragilidades, pois os
psicopatas utilizarão esse recurso para manipular.
Os teóricos supracitados concordam com a hipótese de que a ignorância
sobre o transtorno de personalidade antissocial eleva o número de vítimas e
afrouxa a justiça. Para esses autores, os psicopatas obtêm êxito em suas
investidas por causa da desatenção, desinformação e ingenuidade do povo em
geral.
a) Informação e supervisão
Três participantes (P2, P5, P7) responderam que a sociedade pode se
proteger do dano causado por psicopatas por meio de informação e supervisão
conforme os excertos em destaque:
b) Intervenção precoce
Dois participantes (P1, P3) responderam que a sociedade pode se
proteger do dano causado por psicopatas mediante intervenção precoce
conforme os trechos abaixo:
7 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Perfil do participante
Formação:
Área de atuação profissional:
Quais as qualificações adicionais para atuar nesta área?
Há quanto tempo atua na área?
A área de atuação é sua única ocupação atualmente como profissional da
saúde? Se não, especifique as outras ocupações, se possível.
Roteiro de Entrevista
Caro Participante:
Esse termo terá suas páginas rubricadas pelo pesquisador principal e será
assinado em duas vias, das quais uma ficará com o participante e a outra com
57
Eu ____________________________________________________________
(nome do participante e número de documento de identidade) confirmo que
Anderson Dos Santos; Ana Claudia Alves Garcia; Luciana Emer Borges e Luiz
Carlos Antoniassi explicaram-me os objetivos desta pesquisa, bem como, a
forma de participação. As alternativas para minha participação também foram
discutidas. Eu li e compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu
concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta
pesquisa e concordo com gravação em áudio da entrevista.
Local e data: , de de 20 .
_____________________________
(Assinatura do participante da pesquisa)
Eu,____________________________________________________________
(nome do membro da equipe que apresentar o TCLE)
______________________________________________
(Assinatura do membro da equipe que apresentar o TCLE)
____________________________________________
Profa Ma Eliane Chainça
Pesquisadora Responsável
58
Eu, Eliane Chainça, pesquisadora principal responsável pelo projeto de conclusão, tenho a
intenção de realizar a pesquisa intitulada TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL: a psicopatia a partir da perspectiva forense/jurídica e psicanalítica, cujo(s)
alunos participante(s) Anderson Dos Santos – RG: 32.414.847-1; Ana Claudia Alves Garcia –
RG: 54.037.467-2; Luciana Emer Borges – RG: 33.532.709-6; Luiz Carlos Antoniassi – RG:
28.599.672-1 estão regularmente matriculado(s) no Curso de Psicologia da Universidade
Paulista – Unip Campus JK nesse ano corrente.
A Coleta de dados desse projeto somente poderá ser realizada, após a aprovação do Comitê
de Ética em pesquisa da UNIP.
______________________________________________________________________
Nome por extenso do (a) responsável da Instituição Coparticipante
______________________________________________________________________
Assinatura e carimbo do (a) responsável da Instituição Coparticipante
59
E1: Formação?
P1: Psiquiatria
P1: ...
P1: Sim
60
P1: Olha, é, tudo indica que sim. A pessoa já nasce psicopata, entretanto, não
existem estudos conclusivos a respeito. A gente percebe que a pessoa que tem
essa característica de personalidade, é uma doença da personalidade, né,
então ela nasce, já tem história de problemas na infância, na escola; criança
que tem dificuldade de adaptação e começa a gerar problemas logo cedo, e aí
vai desenvolvendo dentro dessa característica e se transforma num psicopata,
tá.
P1: Tá, todos os problemas do ser humano na área psíquica, eles são calcados
em três bases, biológica, psicológica e social. A parte biológica é a
geneticamente determinada, se você for ver, fazer uma análise dos
antecedentes familiares de um indivíduo psicopata, você vai ver que tem
história semelhante a dele nos antecedentes materno ou paterno, ou nos dois,
então normalmente se ele já nasce e desenvolve numa família problemática,
isso só vai reforçar a predisposição dele pra desenvolver uma psicopatia, esse
é o aspecto psicológico; o aspecto social é o meio onde ele vive, que ele
começa a usar drogas logo cedo, ele se envolve com pessoa de má índole e
assim vai reforçando as características psicopáticas dele, tá.
61
P1: Olha, com segurança, não! É muito difícil adaptar uma pessoa nas regras
sociais, que tenha um perfil psicopático e se você submete essa pessoa a
tratamento psicológico, é o principal aspecto do tratamento é o psicológico.
Normalmente a recomendação é de terapia comportamental, então ele tem que
ser submetido a essa terapia e eventualmente usar medicamentos psiquiátricos
pra tratamentos das complicações da psicopatia, às vezes os psicopatas
desenvolvem sintomas psicóticos, depressivos, depressivos não é mais
sintomas psicóticos, aí você tem que associar, entendeu, alguns
medicamentos, mas a psicoterapia é o principal, tá.
P1: Olha o impacto depende das oportunidades que esse indivíduo venha a ter
pra manifestar sua psicopatia. Se ele é um cara que nasceu em berço de ouro,
ele fez universidade, ele fez especialização, ele desenvolveu intelectualmente,
ele vai ter mais chance na vida de se colocar em ambientes diferenciados, tipo
uma universidade, ou na política brasileira, ou numa política em qualquer lugar,
então é um indivíduo, que se a vida deu essa oportunidade pra ele, porque
geralmente são pessoas inteligentes, aí ele vai ter uma atuação de maior
penetração social, se ele tem essa oportunidade. Se ele é um indivíduo pobre,
que foi criado na periferia, ele vai manifestar a psicopatia dele assaltando,
fazendo mal para as pessoas, mas isso numa abrangência menor, você viu a
história do Hitler, que conseguiu ser presidente lá na Alemanha, o estrago que
ele fez? Ele é um exemplo bem real da psicopatia. Você viu, que indivíduo no
seu verdadeiro sentimento consegue fazer o que ele fez? Ninguém! Um cara
psicopata.
62
E2: Ok.
P2: Trabalho como professor numa faculdade de medicina, da qual sou mestre,
e, trabalho no consultório. Já trabalhei no hospital psiquiátrico por 44 anos.
E2: Existem, ehhh ... quais as qualificações adicionais para atuar na sua área,
doutor?
64
E2: Ok! Há quanto tempo o senhor atua nessa área? 45 anos, né?!
P2: Tá!
P2: Bom... o psicopata é ... um sujeito que ... que ele ... ele começou ... no
início a definição era psicopata, né? ... hoje é a personalidade antissocial o
diagnóstico, né?... Mas ele tem outros nomes que é neurótico de caráter,
neurótico de destino, psicopata, sociopata... todos os termos são semelhantes,
têm a mesma função. Hoje, de acordo com o código Internacional de doenças,
é a personalidade antissocial, que é o indivíduo que atua no sentido de jogar
angústia pra fora, out, né? Joga a angústia na sociedade, na comunidade e na
família, ele não segura pra ele a angústia. Alguns dizem isso, né? Mas devem
65
E2: Ok. 2. Existem fatores genéticos que podem ser relacionados com a
psicopatia? Se sim, quais?
P2: Olha, o pessoal acredita que exista fatores genéticos, né? Mas deve ter
fatores ambientais também... família... mãe! Isso influencia muito também
naquele sujeito que já tem essa constituição genética.
E2: Sim.
E2: Ok.
P2: Olha... a experiência que eu tive com essas pessoas, são portadores,
embora eles joguem essa angústia no ambiente, eles são portadoras de uma
ansiedade de nível muito grave, psicótica mesmo... então é muito difícil você
fazer com que essa pessoa... não é? Porque essas coisas acontecem numa
condição que o sujeito não se vê... não se vê... você diminuir essa angústia
dele com nada, né? Nem com terapia... diminui, mas não tanto assim, que na
hora que a coisa aperta o cara volta a atuar, né? Quando era estudante, da
idade de vocês meus 30 anos, 20, o pessoal ligava muito a sociopatia a
drogas, né?... Mas hoje a gente sabe que não é nada disso, né?... Que tem
alguns drogados que são psicopatas, mas a grande maioria não é, né?!
P2: Eh... o impacto é maior de acordo com a posição onde ele está, né?! Mas
na verdade, a gente pode observar que o psicopata mesmo geralmente ele vai
preso, sabe?... Ele é uma pessoa, vamos dizer, quase de inteligência normal...
Isso que nós vemos de psicopatas na televisão, não é?... Isso aí é tudo... São
delinquentes! Porque... são pessoas que planejam, visam lucro e poder com
esses atos psicopáticos! O psicopata mesmo, ele é mais ... embora a lei não o
veja assim, né?! A lei vê toda a situação desses indivíduos aí, que fazem
coisas como psicopatas e na verdade são pessoas que planejam, visam lucro e
visam poder! E o psicopata não tem esse poder de planejamento... então, você
bota um psicopata numa empresa, um delinquente, ele sacaneia os colegas de
trabalho... sacaneia os colegas em outros níveis, o patrão... tudo visando
benefício dele... Mas aí já são situações delinquenciais mesmo, né?! Então ele
planeja, visa poder e lucro. Que é o delinquente, que são os que fazem os
crimes mais complicados, né?! E que a sociedade chama de psicopata, porque
ficou taxado isso logo desde o início, né?! Mas hoje a gente sabe que o
psicopata mesmo, aqueles que são só psicopatas, a maioria tá preso, são
pessoas de um nível... Agora o verdadeiro psicopata, entre aspas, é aquele
grande, que visa poder, visa lucro, que a gente está cansado de ver isso todo
dia, né?!... Liga a televisão você se assusta, né?!
67
P2: Olha... eu acho que tudo o que você tem conhecimento, mais
conhecimento, mais faz com que você crie intimidade com crescimento ou com
destruição, né?! Tudo que você conhece... se você coloca uma pessoa num
cargo X de engenheiro e você bota um roceiro... ele só vai fazer aquilo que ele
conhece, pegar enxada e trabalhar, né? Naquilo... o psicopata também ... se
ele tem aquele nível de destrutividade, de inveja, não é?... porque tudo isso, no
fundo, está ligado a inveja! ... se ele tem esse nível de destrutividade quem vai
é... porque a inveja ... a inveja é um sentimento mais odioso que o ser humano
tem, né? ... então está muito ligado a inveja... é que a psicanalise se baseia
hoje lidar com a inveja do indivíduo, né? Só que você mesmo mostrando esses
aspectos pro psicopata... o nível do ódio dele é tamanho, do delinquente, né?
Que ele larga uma coisa aqui e vai pegar outra ali, né?... você não consegue
ter uma condição... onde ele entra, ele destrói, né?! ... é uma coisa muito
complicada isso, né?!
P2: Olha... eu não sei se há desvantagem não... porque a sociedade não tem
obrigação de saber essas explicações técnicas, né, ninguém vai saber
definições sobre psicopatologia da, da psicopatia. Na verdade, a sociedade até
se assusta com essas coisas.... e tende a fugir!... O que eu vejo assim... com
pessoas amigas que as vezes vem, vem me visitar, que eu converso, nas
minhas caminhadas eu converso, que as vezes param pra me perguntar
alguma coisa... as pessoas se assustam com o tamanho nível de ódio, né?! De
inveja, né?! ... de sedução, né?!... é uma coisa completamente, né?!, que cada
vez que aumenta mais a população... que nem o vírus, né?!... cada vez
aumenta mais a população do vírus, mas ele vai tendo variantes, né?! ... então
você vê cada coisa que, como dizia o outro, né?! até Deus duvida! Né?! ...
P2: Penso que a sociedade teria que criar mecanismos reais de avaliar essa
pessoa! Até que ponto vai a psicopatia dela, né?! Se são atitudes psicopáticas,
né?! ou se o sujeito é totalmente contaminado por esse ódio, né?! ... mas aí
teria que ter uma avaliação de um especialista experiente, né?! que você,
como todo paciente, você tem que avaliar através do teu contato com ele, não
é?! você tem que avaliar, conhecer um pouco dele... pra você ter uma extensão
de até que ponto essa condição psicótica mesmo invadiu essa personalidade,
né?! ai dependendo da pessoa... ou você possa encaminhar pra uma terapia e
farmacologia ou então para uma internação num manicômio, né ?! ... o que é...
69
os caminhos são bem pequenos, são bem estreitos pra esse tipo de pessoa,
sabe?!... você não tem muitas soluções!... e não sei se isso que eu estou
falando são soluções... talvez sejam até defesas, né?! que essa sociedade tem
que ter, né?! ... ou prisão mesmo, né?! ... porque chega a um nível que essas
pessoas também tem que pagar pelo que eles fazem e até proteger a própria
comunidade dessas pessoas, né?! Porque não tem muitos caminhos a seguir,
né?!
E2: Entendi.
70
E3: Formação?
P3: Sim.
P3: Eh... existe uma querela na literatura em que existem dois termos, na
verdade a gente precisa discutir. Um termo, é o termo clínico, onde existe,
dentro da classificação internacional de doenças, nessa medição, que é o
transtorno de personalidade antissocial, então esse é o termo técnico, clínico
que a gente usa dentro da classificação dos diagnósticos pela Organização
Mundial de Saúde, e o termo psicopata, alguns pesquisadores acreditam que
pode ser usado como sinônimo do transtorno de personalidade antissocial e
outros atribuem o termo psicopata para aquelas pessoas que tem transtorno de
personalidade antissocial e cometem crimes contra pessoa, então, no caso é
71
E3: Ok! 2. Existem fatores genéticos que podem ser relacionados com a
psicopatia? Se sim, quais?
P3: Sim! Isso é muito discutido na literatura, né! Primeiro porquê eh... digamos
assim, existe uma questão de que o paciente psicopata ele não é... Por
exemplo você está fazendo uma pesquisa, você me fez assinar o termo de
consentimento para poder participar, eu sou sujeito da pesquisa... agora
imagina fazer uma pesquisa com um grupo de psicopatas, é... muitos deles não
vão assinar o termo de consentimento, muitos vão assinar, mas não vão
aparecer pra pesquisa, porque se envolve fator genético, eu vou ter que fazer
DNA, né? Então vai ter que tirar uma amostra de sangue, saliva ou enfim...
então tem uma dificuldade muito grande em coletar esses dados, mas os
dados que existem em, em, alguns, alguns fatores genéticos geralmente
associados a substâncias, é neurotransmissores, então nesses pacientes, o
fator genético vai fazer com que eles, posso expressar que vão, em última
análise, causar uma alteração na neurotransmissão, fazendo com que eles
tenham essas características comportamentais.
72
P3: Aí é uma área que já é mais desenvolvida, que a gente tem mais dados,
então a gente sabe que o psicopata, geralmente, né, ele foi vítima, na, na
primeira infância, até os seis anos de idade, ele foi vítima de violência física,
negligência, abuso físico, abuso sexual, geralmente, você tem associando isso
ahh... privação parental, né, então a gente tem muitos dos psicopata, né. Não
estou dizendo que todas as crianças que vivem em orfanatos vão virar
psicopatas, não é isso, mas é ... o contrário é verdadeiro, boa parte dos
psicopatas foram criados por terceiros, né! Sejam no orfanato, instituições, ou
seja, não tiveram aquela convivência com os pais, né! Não receberam aquele
afeto parental. Então basicamente, o que a gente tem de evidências científicas
no caso, é exatamente isso, na primeira infância, lá quando a gente tá
construindo a nossa personalidade, essas pessoas são vítimas, né, depois vão
se tornar agressores. Mas na verdade, eles foram vítimas, inicialmente vítimas
de violência, seja física, sexual, abuso, negligência, e também, privação
parental.
P3: Atualmente, é... a gente acredita que não! O psico... é ... se a gente falar
transtorno de personalidade antissocial, até é possível, caso o paciente aceite
o tratamento, né! Porque nós temos esse problema também, toda, toda, toda a
atividade de reinserção social, e toda forma de habilitação psiquiátrica,
psicológica, ela vai depender da anuência do paciente, né, a menos que seja
aqueles pacientes psicopatas que cometeram crimes e que eles vão fazer
tratamento por medida judicial, eles são obrigados a fazer é... isso aí por
determinação judicial, né! Mas é muito difícil realmente a reabilitação deles, por
quê? Porque esse traço de personalidade é muito profundo, então, não dá
assim, como é que eu posso dizer, é muito difícil também a gente dizer que não
dá pra recuperar, mas é muito difícil até, até hoje nós não tivemos nenhuma,
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E3: Sim, Ok. Não quer falar mais alguma coisa? Pode ir pra próxima?
P3: Sim.
P3: O impacto é altíssimo, né, basta dizer que nos presídios é ... o transtorno
de personalidade antissocial, vamos falar assim, ele tem uma prevalência
média na população entorno de 2 à 4 por cento, nos presídios ele chega a ser
quase 20 por cento. Então, o impacto é muito grande, no sentido de aumento
da criminalidade, aumento da violência, né! Por que são assim? Digamos
assim, são as, são os meios pelos quais os psicopatas atuam, né, através da
violência... E se a gente for colocar aqui o psicopata de alto funcionamento,
que é aquele que trabalha através da manipulação e aí está, nós vamos, é e aí
está caracterizado até alguns políticos, vamos colocar assim, né, então aí o
impacto pra sociedade é muito maior, né! Porque aí nós estamos o quê, né,
pessoas que estão na verdade, é... de alguma forma exercendo liderança na
sociedade, em cargos de liderança, né, cargos de referência, e na verdade, são
psicopatas, então, o prejuízo que a psicopatia causa na sociedade é muito
grande, ele é imensurável, na verdade, por que é uma coisa que a gente não
consegue medir, como a gente vai medir esse prejuízo, né? A gente pode
medir através de dados objetivos, né, índice de criminalidade, índice de
homicídios, ... lembrando que o psicopata também tem o risco muito grande de
cometer suicídio, então, em função da sua, da sua impulsividade e intolerância
à frustração, então, ele também está entre as causas de suicídio, né. E
lembrando também que é uma população jovem, né, e que morre muito cedo,
né? Por que? Porque se envolve em várias atividades de risco. É... então quer
dizer, o prejuízo para a sociedade é muito alto. Embora ele não seja
objetivamente mensurável.
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não a temos, muitas vezes ele está fazendo tratamento em cumprimento a uma
medida judicial.
P3: Eu acredito que sim, né?! Embora, exista, a gente vê algumas entrevistas
de pessoas que trabalham diretamente com essa questão, inclusive alguns
livros que existem por aí, né, inclusive um deles, o título é mais ou menos que
o inimigo mora ao lado, alguma coisa nesse sentido, em que eu acredito que
existe uma super representação da psicopatia, né! Então, acredito que a
informação ela é uma vantagem, agora o excesso de informação, ou seja,
qualquer um pode ser psicopata, seu vizinho pode ser psicopata, o seu colega
de trabalho, que trabalha ao seu lado, né, então, também, a informação tem
quer dada com bastante critério e cautela, né, porque senão a gente gera
pânico social, na minha opinião. Eu acho desnecessário!
evolua, entre aspas, para a psicopatia. Então acredito que, exista uma medida
que é social, outra que é que a questão da violência e todos os fatores a ela
associados, e, existe uma médica clínica que seria o reconhecimento precoce
daquelas pessoas que tem fortes tendências a desenvolver à psicopatia. Pra já
receber um tratamento bastante precoce, no sentido de evitar que ela evolua,
né?! Exatamente para a psicopatia.
E4: Formação?
P4: Sou médico, trabalhei durante 30 anos no serviço público, hoje sou
aposentado do serviço público e atendo apenas no consultório particular.
P4: Sim.
P4: As características dele... eles são assim: têm uma ausência das emoções;
eles têm uma capacidade muito grande de mentir de manipular, né? Sentir
prazer com o sofrimento das outras pessoas; têm uma ausência de culpa, não
se sentem culpados, né, geralmente desrespeitam as leis, os costumes, né, o
direito de outras pessoas, né, eles têm uma falta de remorso, assim, de... de
culpa em relação aos seus atos; e, têm também, uma tendência à violência.
P4: Olha... Ela é geralmente mais comum nos homens que nas mulheres, né.
Eeee... os fatores psicossociais parece que mais se encaixam na psicopatia,
geralmente crianças com uma história de abuso físico, psíquico ou sexual são
mais suscetíveis a desenvolver esse quadro ai de psicopatia.
P4: Não, não há nada comprovado com a genética não. Ela na verdade aaaa...
psicopatia, ela tá associada a uma posição inata do indivíduo. Ele não ...
geralmente ele... algumas... algumas correntes psicológicas, psicanalíticas,
eles atribuem isso mais ah... situações traumáticas da infância, mas ah... a
hereditariedade não está comprovada.
P4: Não oh... o que pode favorecer é... igual eu falei, é crianças que são... é o
alcoolismo, o abuso de drogas, né? Abusos da infância tanto físicos, sexuais,
psicológicos, o meio ambiente que eles vivem, ambiente mais perturbador, né?
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P4: É... a psicopatia não é uma doença, né? Ela é uma maneira que a pessoa
é, assim, é a reinserção é uma coisa impossível, né? Ele apenas pode ser
controlado, às vezes com mecanismo restritivo, mas... a reinserção social é
muito difícil.
P4: O impacto pode ser os mais diversos possíveis, depende o grau que ele se
encontre na... na sociedade ... o grau social dele, né? Ele pode atuar em todos
os níveis sociais, dos mais baixos níveis até os níveis mais elevados, né? Aí
depende a escala social a que ele pertence. Mas o modus operandi, o modo de
atuação deles é semelhante.
P4: Eh... diz que ... eu digo assim... que ele fica mais ... mais refinado na nas
coisas que ele faz, ele tem uma... um refinamento na psicopatia dele, ele pode
atuar de forma mais... menos agressiva e mais ...mais abrangente assim, né?
E4: Hum. Ok. 7. Existe alguma intervenção efetiva para quem possui o
transtorno de personalidade antissocial? Se sim, qual?
P4: Não! Não existe. A psicopatia ela não tem cura, né?! Ela... é um modo da
pessoa ser e de agir, né? O modo que ela é. É um psicopata! Ele não tem
assim... resposta terapêutica.
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P4: Sim! Porque, como eles já têm uma, uma, uma facilidade de envolver a
pessoa, de manipular, de dominar, então, fica mais fácil ainda de, de,
dependendo do grau de ascensão social do mesmo de atuar, né, na sociedade
sim.
P4: Isso é praticamente impossível! Não tem como, porque... eh... ele é um,
um, uma pessoa que ele não tem arrependimento do que ele faz, não tem
remorso, tem uma incapacidade de amar, de se relacionar com as outras
pessoas, né, de criar laços afetivos... então... é uma, uma, vamos dizer... é
uma contenda assim desigual, né? Não tem como uma pessoa se prevenir de
um psicopata. Eles estão por todos os lados, né?
E5: Formação?
P5: Psicologia.
antissocial, assim como os outros transtornos, a gente entende que é, tem uma
questão importante aí, um tripé entre: uma vulnerabilidade biológica, genética
mais a questão do ambiente mais o temperamento do indivíduo. Existem dados
sim da literatura que mostram que, que pais com uma personalidade psicopata
podem gerar filhos com essas características, mas, não é uma regra, é uma
junção de fatores, que é biopsicossocial.
P5: Aí a gente pode pensar nos fatores que a gente, eh, tem um ambiente, né.
Então, por exemplo, pais com pouco afeto; ou pais negligentes; pais abusivos,
seja violência física ou violência sexual, a gente olha como fatores de risco, a
gente chama como fatores de risco, não como causa; ehhh ambiente em que
não favorece os comportamentos como: empatia; habilidade sociais de
comunicação, de compaixão, isso pode contribuir; também baixa escolaridade;
e a questão também do nível sócio econômico, também pode favorecer o
esses comportamentos é de conduta e contribui para um transtorno de
personalidade antissocial na vida adulta.
P5: Tem um impacto. A gente sabe que nem todo psicopata vai, quando a
gente pensa em psicopata, a gente pensa em morte, tirar a vida, a gente sabe
que não é todo psicopata que vai matar, mas tem um impacto significativo.
Como ele, uma das características, é falta de empatia, violação de regras, ele
pode contribuir, é, é tumultuar ali, a harmonia ou da família, ou de grupos
sociais, do trabalho, éé passar por cima de colegas de trabalho, ou
comportamentos como mentira, pra que ele, ele se beneficie. Então o outro, ele
não tem um significado importante, mas sim uma questão mais egocentrista, é
de egocentrismo, para que ele se beneficie. Então pode ter impacto muito
importante aí na sociedade, em relação à violação de regras, e até casos como
abuso, machucar, roubo, furtos.
P5: Não! Não! Não existe uma intervenção efetiva! Mesmo na terapia cognitivo
comportamental, que é uma das terapias é, é de escolha por exemplo pra, pra
alguns transtornos, nos transtornos de personalidade antissocial, ela não tem
bons efeitos, assim como em outros transtornos de personalidade. Pelas
características dos transtornos rigidez, dificuldade de questionar suas crenças
e os seus valores.
P5: Acredito que pode ser sim uma desvantagem, porque o indivíduo que não
sabe que existe, né, pessoas com esses comportamentos, talvez possam ficar
um pouco mais vulneráveis, ou indivíduos, por exemplo, têm dificuldade dizer
não, ou com baixa autoestima, tende, tende a ser um alvo aí muito importante
muitas vezes de submissão, um alvo para o indivíduo que tem o transtorno de
personalidade antissocial.
P5: Do dano já causado?! Ahhh... verificar, né, o que foi feito, é quais foram os
comportamentos que psicopatas mais têm, como: violação de regras; os furtos;
não olhar o outro, e assim para que tenha uma supervisão mais constante e
assim impedir que esses comportamentos cheguem as situações de maior
risco, como pôr fim a vida; é... dinheiro, o roubo; ou o gerar, contribui para o
sofrimento do outro indivíduo, então é uma supervisão maior.
P5: Imagina!
E6: Eu vou dar início a essa entrevista com você, e eu gostaria de fazer
algumas perguntas pra você, sobre o seu perfil. Qual a sua formação?
P6: Também atuo na clínica, como psicólogo clínico e como professor na área
acadêmica!
E6: Eu vou seguir um roteiro de entrevista agora com nove questões e aí você
tem total liberdade respondê-las da forma que você achar necessário e melhor.
P6: Ok!
P6: Pode!
E6: Isso!
P6: Não, então, mas é... Eu é que te fiz uma pergunta agora, eu posso, a sua
pergunta, eu responderia citando por exemplo alguns traços da psicopatia ou
sua pergunta no caso você imaginou ela citando mais, é algo do
comportamento mesmo, o que você pensou nessa pergunta que você me fez?
E6: Huhmmn...
E6: Eu creio que você a respondeu, porque você disse que o “psicopata não
tem um padrão”, o psicopata é um tipo...
P6: Porque por exemplo, muita gente tem o costume de falar, por exemplo,
não, porque o psicopata costuma ser manipulador, costuma ser enganador,
isso eu consigo te responder, mas não é... quando você pergunta assim se tem
um padrão, eu pelo menos entendo como se fosse algo que todo psicopata vai
ter, algo que em todo psicopata vai se manifestar, eu não responderia dessa
forma. Agora se você me perguntar o padrão que é comum psicopatas
apresentarem, que é comum ser encontrado em alguns psicopatas, aí eu
consigo te responder melhor. Por que, por exemplo, que nem um exemplo aqui,
tal, o que costuma ser uma característica do psicopata? Ele ser eloquente e ser
superficial. Porém, nem todo psicopata será eloquente e superficial, entendeu?
Por exemplo, outra característica do psicopata: ser egocêntrico e grandioso.
Mas nem todo psicopata vai ser egocêntrico e grandioso. Tem psicopata aí que
tem uma autoestima lá no chão e muitas vezes acaba cometendo o crime por
causa disso, por ter uma autoestima tão baixa a ponto de invejar uma
característica do outro, por exemplo. Enganador e manipulador, nem todo
psicopata vai apresentar esse comportamento enganador e manipulador,
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embora seja típico dos psicopatas. Então essa sua pergunta a gente poderia
reformular ela para: “o que acaba sendo típico dos psicopatas”, mas que não
necessariamente vai aparecer sempre. Aí eu conseguiria te listar todos.
P6: Claro! Com certeza! Quanto mais enriquecer aí, sem problemas. Vamos lá.
Comportamentos típicos de psicopatas, características típicas de psicopatas. A
eloquência e superficialidade, ou seja, serão pessoas que vão ter uma
articulação, um discurso divertido, envolvente, vai contar história improvável,
porém totalmente convincente. São aquelas pessoas que costumam se mostrar
agradáveis, fazem de tudo para parecerem atraentes e vão se utilizar do
discurso para conquistar as pessoas. Então esse é um comportamento típico
de psicopatas. Outro comportamento típico de psicopatas é o egocentrismo e a
grandiosidade. Ou seja, aquele indivíduo que tem uma visão exacerbada das
próprias habilidades, por exemplo. Ele vai ter uma excessiva valorização, ele
sempre vai se mostrar autoconfiante, ele sempre vai tentar impressionar os
outros e vai ter aquele narcisismo patológico. Eu gosto muito de falar que ser
narcisista não é problema algum, o problema é quando esse narcisismo se
torna patológico a ponto de te colocar acima dos outros e você sempre
inferiorizar os outros. Eu posso me achar um dos melhores psicólogos do
Brasil, sem desmerecer os outros, sem reconhecer que outros são tão bons
quanto eu, então seria um tipo de narcisismo patológico: eu sou o melhor
psicólogo e ninguém mais chega aos meus pés. Seria uma diferença aí. Outra
característica típica dos psicopatas, inclusive, muita gente adora resumir os
psicopatas a essa característica, é a falta de empatia. É típico. E posso talvez,
me arrisco a afirmar que talvez essa característica a gente acaba encontrando
em todos, em sua maioria, pelo menos. Porém, eu gosto muito de falar que o
problema do psicopata não é não ter empatia, quem dera apenas os psicopatas
não tivessem empatia, o problema são as pessoas não-psicopatas que também
não têm empatia. Eu falo que isso é o que me preocupa. A porcentagem de
psicopatas na população é mínima. E mesmo dentro desta mínima
porcentagem, nem todos cometem crimes, ou seja, o problema é esse 80% aí
que não são psicopatas e que não têm empatia pelo outro. A pandemia tem
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mostrado bem isso. Mas isso acabe sendo por algum motivo uma característica
que todo mundo adora falar do psicopata. Porque psicopata não tem empatia,
né. Será que nós temos tanta empatia assim para falar que o psicopata não
tem? Enfim. Outro comportamento, outro traço típico dos psicopatas, eles são
enganadores e manipuladores. Ou seja, vai sempre se envolver em falcatrua,
sempre vai se envolver em golpes, muitas vezes aplicar golpes nas pessoas,
mas nem sempre vai envolver necessariamente uma atividade criminal. Eu
posso, por exemplo, manipular uma pessoa para ela ficar comigo, eu posso
manipular uma pessoa para me emprestar dinheiro, isso não é crime, eu
manipular uma pessoa, eu me fingir de coitadinho, eu me fingir de vítima para
que uma pessoa se compadeça por mim e faça algo por mim não é crime,
ninguém é preso por ser manipulador. O crime acontece quando o psicopata
quando se utiliza disso para cometer algum crime. Outra característica do
psicopata que todo mundo adora falar junto com falta de empatia: psicopatas
não sentem remorso ou culpa, né, e realmente uma característica típica dos
psicopatas é a ausência de remorso ou culpa, né, tem aí uma capacidade de
incompreender a gravidade dos atos, mas torno a falar, quem dera apenas
psicopatas apresentassem esse traço. Outro traço que eu gosto muito de
discutir é a questão das emoções. Eu já cansei de ver profissional, inclusive
escritor de livro aí que vende até no Brasil, falar a besteira que psicopata não
sente emoção. Antes de ele ser psicopata, ele é ser humano, e é
humanamente obrigatório que qualquer ser humano vivo sinta as emoções. A
questão do psicopata está na expressão dessas emoções, na forma que ele
sente e demonstra. Ou seja, o psicopata ele sente emoção como qualquer
outra pessoa, a questão está na frieza com que essas emoções se manifestam.
Outro comportamento típico do psicopata é o comportamento impulsivo, a
impulsividade, ou seja, eles costumam agir de forma impensada e inesperada,
costumam agir ali no calor do momento, a famosa frase “a ocasião faz o
ladrão”. Ou seja, eles podem ver uma oportunidade ali e agem por impulso,
sem nem pensar na consequência daquilo. Outra característica aí do psicopata
é o fraco controle do comportamento, eles têm um inadequado controle do
comportamento, dificilmente eles conseguem se controlar. Esse é um dos
principais pontos que a gente avalia quando a gente vai fazer o exame
criminológico, avaliar ali a impulsividade e o autocontrole do sujeito que está
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E6: Ok! 2. Existem fatores genéticos que podem ser relacionados com a
psicopatia? Se sim, quais?
P6: Eu não colocaria genéticos, eu gosto muito de falar sobre isso. Eu acho
que não existe um gene psicopata, mas existem fatores biológicos. Hoje em dia
a psicopatia, essa história de que o psicopata nasce psicopata já está batida.
Embora ainda tenham muitos autores, principalmente psiquiatras que
defendem essa teoria. Hoje em dia a gente já entende a psicopatia como algo
90
P6: Perfeito! Boa pergunta! Eu não gosto de usar essa palavra, mas eu vou
usar apenas pra que fique fácil o entendimento. Uma família desestruturada,
né, uma família que não possa ali suprir, né, por exemplo, uma criança, né,
naquilo que é necessário para o seu desenvolvimento, né, fatores emocionais,
fatores ali, né, sociais, fatores, até mesmo econômicos, a gente pode falar que
são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de uma psicopatia.
Situações traumáticas onde aquele sujeito possa elaborar aquilo de uma forma,
podemos dizer ali, não necessariamente agressiva, mas há situações onde a
pessoa pode ter vivido, eu gosto de falar dia ruim, uma situação onde a pessoa
pode ter tido um dia ruim, e ter desenvolvido esse comportamento antissocial.
Aquele filme “Um dia de fúria” retrata muito isso, o filme do “Coringa”, embora
ele não seja um psicopata, retrata muito isso, o quanto um dia, um
acontecimento pode fazer com que você desencadeie um comportamento
antissocial tão mal visto pela sociedade. Então nós temos a famosa tríade
91
Macdonald, que fala que os serial killers que possuem psicopatia acabam
apresentando, que é a enurese, a piromania e a tortura em animais. A própria
presença do transtorno de conduta ou opositor desafiante pode indicar uma
possibilidade do desenvolvimento do transtorno. Fatores psicológicos e os
fatores biológicos a gente poderia citar a predisposição de pessoas frias, de
quem apresente aí um transtorno de personalidade antissocial ou psicopatia.
P6: Não é possível, né. A psicopatia é um dos transtornos até então incuráveis.
Mas é possível tratá-la de uma forma de reinserir o sujeito na sociedade. Eu
gosto muito de explicar isso também quando eu falo de ofensores sexuais. Não
existe cura para a pedofilia, mas existe tratamento, existe controle de impulsos.
Da mesma forma, a psicopatia. Mas uma vez levando a consideração de que
ser psicopata não significa ser criminoso. Ou seja, existem milhares de
psicopatas vivendo entre nós em sociedade, ou seja, se já existem psicopatas
vivendo entre nós em sociedade, por que aquele psicopata que cometeu o
crime não poderia viver? Ou seja, será que o crime que ele cometeu está
totalmente relacionado à psicopatia? Se fosse assim, talvez todo psicopata
cometeria crime. Ou seja, então eu acredito que num caso de uma psicopatia,
onde aquele sujeito tem ali desenvolvido o comportamento criminoso, é
possível sim tratá-lo para que ele possa se reinserir na sociedade. Mas curá-lo,
não!
P6: Poxa cara, de um psicopata que cometa crimes, é o mesmo impacto que
qualquer pessoa que não é psicopata que comete crimes. Eu posso falar que o
pior impacto na sociedade são os 80% que não são psicopatas e que cometem
crimes hediondos e não os 20%. Então, eu posso te responder, o impacto que
92
E6: [risos].
P6: Boa pergunta. Não intensifica a psicopatia. Vai intensificar os traços que eu
citei com você. Pensa aí que um psicopata que não tem um nível de instrução
alto, o jeito que ele vai manipular, as ferramentas que ele vai utilizar pra poder
ali, numa situação, cometer um crime, é diferente do psicopata de alta
instrução. Tanto que se você pegar os psicopatas que cometem crimes, você
vai ver que o tipo de crime é diferente. Por exemplo, nós temos os psicopatas
do colarinho branco, são aqueles que ocupam altos graus da política, em
empresas, na mídia, e cometem os crimes deles ali de uma forma que ninguém
fica sabendo. Já tem psicopatas que viveram em situação de vulnerabilidade
social, e já vão cometer outros tipos de crimes. Então o nível acadêmico,
realmente, vai influenciar muito no tipo de crime e em como aquele psicopata
que vai cometer crimes vai fazê-lo.
P6: Cara, é aí que tá, né. Que tipo de dano é esse que é causado por
psicopatas? Que tipo de dano? Se você me perguntar o dano causado por
criminosos em geral eu conseguiria responder melhor. Porque não existe um
dano específico causado por psicopatas. Não existe um tipo de dano, um tipo
de crime que especificamente é dos psicopatas, até mesmo serial killers.
Embora 90% dos serial killers apresentem aí psicopatia ou transtorno de
personalidade antissocial, por que são transtornos distintos, não são a mesma
coisa. Embora muita gente insista também nesse mito. Ainda assim nem todos
apresentam a psicopatia. Então, assim, como a sociedade poderia se proteger
contra a ignorância acerca do transtorno, é estudando, buscando o
conhecimento, por que o impacto na sociedade, como eu falei, 80% é causado
por não-psicopatas, então eu acho que o conhecimento, principalmente pra
entender essa questão. Não existe um dano de psicopata na sociedade. É a
mesma coisa se a gente falar de danos esquizofrênicos, de transtornos
94
P6: Pois é! Que bom que você tenha gostado das respostas, espero que tenha
aprendido aí algo comigo também. Espero que você tire 10!
E6: Obrigado!
E7: Formação?
95
P7: Médico.
P7: 43 anos.
lei, muito bem. Então, o psicopata é uma maneira de ser, ele vê o mundo de
outra forma, é 100% razão e 0% emoção. Ele objetiva poder, status e diversão.
P7: Não. Não existe nenhuma intervenção efetiva para tratar o psicopata.
P7: Sem dúvida. Você deve se informar para ter esse conhecimento e
justamente a sabedoria que você tem para procurar um entendimento do que
que que é realmente, o que o psicopata traz de crueldade, de perversidade
para a sociedade. Existe também uma maneira de você se informar melhor é
através do manual, é um checklist de psicopatia revisado no ano de 1990, por
uma doutora psiquiatra, chamada Hilda Morana. Ele... ele estabelece um
roteiro que você vai ter condições de analisar quem está ao seu lado, quem
mora ao seu lado e quem convive com você em sociedade.
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 4.423.708
Apresentação do Projeto:
Trata-se de um projeto sobre “TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL: a psicopatia a partir da perspectiva forense/jurídica e
psicanalítica”.
O transtorno de personalidade antissocial é um mistério tanto para
especialistas quanto para pessoas comuns. A especulação sobre esta
patologia é intensa, pois, além de deixar danos para a sociedade, as formas de
tratamento são pouco exploradas, com informações escassas e até mesmo
redundantes. Este trabalho propõe compreender o transtorno de personalidade
antissocial a partir da perspectiva forense/jurídica e psicanalítica. Serão
entrevistados sete profissionais da saúde mental com especialização em
psicanálise e que atuem na área forense ou jurídica. A pesquisa configura-se
como exploratória, descritiva e qualitativa. Espera-se constatar que esta
patologia se instaure na sociedade através de desinformação e ingenuidade, e,
quando diagnosticado, o indivíduo deve ser tratado o mais cedo possível. A
pesquisa acontecerá por meio de entrevistas com profissionais da saúde
mental, com especialização em psicanálise e atuando na área forense ou
101
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo geral:
Compreender a psicopatia a partir da perspectiva forense/jurídica e
psicanalítica.
Objetivos específicos:
Compreender como esta patologia se instaura na sociedade e quais seus
desdobramentos. Assimilar como a psicopatia flagela a comunidade.
Esclarecer a partir do ponto de vista psicanalítico como uma pessoa torna-se
psicopata. Os objetivos supracitados não explicitam equívocos de natureza
ética.
“Considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco, nesta pesquisa o
risco pode ser avaliado como baixo, decorrente de cansaço físico e mental
desencadeados pela extensão da entrevista. São esperados os seguintes
benefícios imediatos da sua participação nesta pesquisa: compartilhar
conhecimento e refletir sobre a atuação do profissional. Caso queira, poderá ter
acesso aos resultados da pesquisa após sua conclusão”.
102
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
__________________________________
Assinado por:
Bettina Gerken Brasil (Coordenador(a))