Você está na página 1de 5

A DESCOBERTA DA PSICOTERAPIA NA TERCEIRA IDADE

Ana Júlia Gonçalves1, Kethilyn Brites Okuda1, Mariah de Mello dos Santos1,Jaquelini
Conceição2, Vanessa Jacqueline Monti Chavez3

INTRODUÇÃO

O início ao processo terapêutico facilita o desenvolvimento pessoal, auxiliando o


autoconhecimento e crescimento individual, porém, apesar dos benefícios, existe ainda o
entendimento que a psicologia está associada a diversos estereótipos. Tal pensamento vem
sendo trabalhado e desfeito com o passar das gerações. Desse modo, os jovens do século
XXI possuem maior entendimento acerca da psicologia, contudo, grande parte dos idosos
ainda carrega certa aversão a psicoterapia relacionado a julgamentos coletivos, como
tratamento para “loucos”, e falta de conhecimento pela área, definindo por pseudociência.
A terceira idade é marcada por uma época de perdas, onde dificuldades físicas,
cognitivas e o falecimento de pessoas próximas são cotidianos, influenciando em uma
ansiedade progressiva pelos eventos que virão, onde, sem uma saúde mental estável, o
sentido de viver pode ser perdido (RIBEIRO; DE FREITAS; DE SOUZA, 2016).
Em complemento, o idoso que previamente era visto como sábio, passa por um
processo de perda de identidade, em uma sociedade que, com o avanço tecnológico, vem
mudando sua perspectiva de acreditar em um acúmulo de conhecimento que a terceira idade
traz consigo. Uma vez que o conhecimento que anteriormente era just-in-case, no qual se
retinha informação para utilizar no momento adequado, passa a ser just-in-time, assim
dispensando horas de conversa com uma pessoa mais velha para aprender algo simples. A
pessoa em idade avançada, por si só, possui dificuldade em acompanhar tal avanço pelas
suas perdas cognitivas, e também por passar a maior parte da vida sem a presença da
tecnologia.
Fazendo assim com que o indivíduo mais velho, que além de perder seu posto social,
se sinta isolado por não acompanhar tais mudanças socioculturais (RIBEIRO; DE FREITAS;
DE SOUZA, 2016). Sendo que a junção de espera pelo futuro e o sentimento de solidão,
fazem com que muitas vezes o idoso não se sinta no direito de procurar ajuda, ou, espere
alguém lhe dizer o que fazer para se sentir acolhido de alguma forma, fato evidenciado na
_____________
1
Acadêmicas do Curso de Psicologia do Centro Universitário União das Américas Descomplica –
Uniamérica, Foz do Iguaçu, Paraná;
2
Mentora, mestre, docente e coordenadora da Universidade do Contestado - UNC Canoinhas,
Canoinhas, Santa Catarina;
3
Especialista em Trânsito, Psicopedagogia e Dinâmica de Grupos. Docente do curso de Psicologia do
Centro Universitário União das Américas Descomplica – Uniamérica, Foz do Iguaçu, Paraná. E-mail:
vanessa.chavez@descomplica.com.br.

416
medida em que a maioria das pessoas na idade avançada procuram auxílio psicológico
apenas quando coagido por parentes, ou por indicação de pessoas presentes em suas vidas.
Em consonância, de acordo com o IBGE (2018), até 2043 um quarto da população
terá mais de 60 anos, dado que psicopatologias como a depressão afetam cerca de 13%
dessa faixa etária, e que, a procura do idoso pelo processo terapêutico se faz relevantemente
escassa, fazendo-se necessária a desmistificação da psicoterapia. Para que assim, a terceira
idade reconheça seus julgamentos e os quebre, aprimorando sua percepção em torno de
suas limitações e desenvolva a capacidade de procurar ajuda quando julgar necessário.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da Pesquisa

O objetivo deste estudo classifica-se como exploratório, se enquadrando às


necessidades da pesquisa por ser definido pela aproximação do pesquisador com o tema
através dos fenômenos a serem investigados. Como procedimento será utilizado pesquisa
de campo para a entrevista semiestruturada e coleta de dados sob a perspectiva transversal.
Além disso, a pesquisa caracteriza-se com natureza observacional e finalidade
básica, ou seja, voltada para o desenvolvimento de conhecimentos científicos sem o intuito
direto de solucionar problemas específicos da vida contemporânea. Mas que, no entanto,
serviriam de auxílio na execução de uma futura prática.
Em relação ao método, aplica-se o modelo qualitativo, visto que não necessita de
grandes amostras populacionais e apresenta maior liberdade expressiva ao pesquisador na
prática. Tal ação tem efeito direto no público atendido, uma vez que torna a conversação
entrevistador-entrevistado mais fluida e acessível para espaços de diálogos mais
abrangentes.

Caracterização do Ambiente Investigado

O estudo será realizado no Centro Integrado de Saúde UniAmérica, situado na


Avenida Felipe Wandscheer, no município de Foz do Iguaçu - PR. O local conta com 8
consultórios. Dispondo de serviços de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição,
estética e acupuntura.
O CIS, por definição, é um espaço que oferta serviços profissionais em diferentes
areas da saúde com caráter acessível à comunidade. Conta com a atuação interdisciplinar
de profissionais experientes e discentes em formação do Centro Universitário UniAmérica
Descomplica, visto que um de seus fins é o desenvolvimento profissional e prático destes.

417
Amostra

Para o desenvolvimento do estudo serão selecionados idosos com idade a partir de


60 anos, de ambos os sexos, que frequentam o Centro Integrado de Saúde (CIS). O critério
de inclusão para a participação, além de ser idoso, é ter feito ou estar fazendo terapia. Os
critérios de exclusão são ter comprometimentos cognitivos, diagnóstico de transtorno
psicopatológico, em especial depressão.

Materiais e Instrumentos

A coleta de dados da pesquisa será através de entrevista semiestruturada. Os


materiais utilizados serão folhas e canetas para as perguntas, e uma caderneta para
anotações complementares.

Tratamento dos dados

Para tratamento dos dados será aplicado o modelo de análise de conteúdo de Bardin
(2016, p. 125) composta por pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados
obtidos e interpretação, visto que “enriquece a tentativa exploratória, aumenta a propensão
à descoberta” (BARDIN, 2016, p. 34). Assim, viabilizando precisão e detalhamento
aprofundado acerca das questões realizadas. Os elementos que auxiliarão de base para a
análise são o grau de conhecimento sobre a psicologia; percepção sobre a psicoterapia;
fatores impeditivos para a mesma; motivação para iniciá-la; o impacto notado; e por fim, a
visão com relação ao envelhecer.

RESULTADOS ESPERADOS

Realizar estudos e aplicações acerca do impacto da psicoterapia iniciada na terceira


idade, uma vez que promoverá repercussões positivas. Espera-se que os elementos
motivadores para o início do processo terapêutico sejam identificados, bem como as
crenças sobre o tema que existem nesse recorte populacional.
Não menos relevante, fazer desse trabalho um meio de contribuição para o meio
científico, com a coleta de dados no que se refere à perspectiva do idoso quanto à terapia,
sendo que estudos que permeiam esse tema são escassos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se a partir de pesquisa bibliográfica que grande parcela da população idosa


possui sintomas de ansiedade, depressão e fobia social, porém, outra pauta existente trata-

418
se com relação à autopercepção frente ao envelhecer. Visto que os conceitos de auto
imagem do adulto de idade avançada, em sua maioria, se atenuam à medida que declínios
cognitivos passam a surgir.
Simultaneamente, observou-se que a atuação psicológica terapêutica promovE
retorno positivo nestes aspectos, sendo o ponto negativo a ainda escassa popularidade entre
a terceira idade. Entretanto, compreender as implicações para a baixa adesão dos idosos a
serviços psicoterapêuticos, assim como, os elementos motivadores para o seu início,
possibilita o desenvolvimento de mecanismos que auxiliem no acesso desse grupo à
psicoterapia. Permitindo a melhora na qualidade de vida desses indivíduos por meio do
compartilhamento com o psicólogo de experiências, medos e angústias.
Além disso, a construção do projeto oferece a estudantes e psicólogos informações
que facilitam a compreensão das demandas e necessidades dos idosos. Ademais, serve
como referencial teórico para estudos posteriores.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 3ª reimp, 1ª ed., São Paulo: Edições 70, 2016.
CORRÊA, Jimilly Caputo et al. Percepção de idosos sobre o papel do psicólogo em
instituições de longa permanência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v.15, p.
127-136, 2012;

DONADONE, Juliana Cristina; ROZENDO, Adriano. Universidade da Terceira idade e


atendimento psicoterápico para idosos. ECOS-Estudos Contemporâneos da
Subjetividade, v. 5, n. 1, p. 119-128, 2015.

NASCIMENTO, Bianca Stéfany Aguiar et al. O envelhecimento sob a ótica do ser idoso:
uma abordagem fenomenológica. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento , v. 9, n. 1,
pág. e15911501-e15911501, 2020

REBELO, Helder. Psicoterapia na idade adulta avançada. Análise psicológica, v. 25, n. 4,


p. 543-557, 2007

RIBEIRO, Pricila Cristina Correa; DE FREITAS, Viviane José; DE SOUZA, Joyce Siqueira.
A busca pelo atendimento psicológico na meia-idade e na velhice. Revista Kairós-
Gerontologia, v. 19, n. 2, p. 65-83, 2016.

419

Você também pode gostar