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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO: PSICOLOGIA

Relatório de estágio em Psicologia Clínica

Maria Cecília Amorim Cavalcanti dos Santos


01191846
Estágio Supervisionado – Ênfase Clínica

Recife, 2023
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Aluna: Maria Cecília Amorim Cavalcanti dos Santos


Matrícula: 01191846
Endereço: Rua Dona Magina Pontual, 260. Apt. 403. Boa viagem, Recife – PE. CEP:
51021-510
Telefone: (81) 99213-7817

Supervisora: Professora Renata Ramos de Santana.


CRP: 02/18609

Local de estágio: Clínica-Escola Uninassau


Endereço: Rua Jonathas de Vasconcelos, 316. Boa Viagem, Recife – PE.
Telefone: (81) 3413-4669

Período de estágio:
8º período 2023.2
Início: 15/09/2023
Término: 29/12/2023
Carga horária supervisão: 4 horas semanais
Carga horária estágio: 3 horas semanais
SUMÁRIO
1. RESUMO DO CASO.............................................................................................3
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................4
3. O CASO................................................................................................................ 7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CASO....................................................10
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................................11
6. AVALIAÇÃO DE ESTÁGIO.................................................................................12
6.1 ALUNO.............................................................................................................12
6.2 SUPERVISOR................................................................................................. 12
6.3 CLÍNICA...........................................................................................................13
6.4 PRÁTICA......................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 15
APÊNDICES.............................................................................................................. 17
TEXTO UM................................................................................................................ 17
TEXTO DOIS............................................................................................................. 19
TEXTO TRÊS............................................................................................................ 21
TEXTO QUATRO.......................................................................................................23
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1. RESUMO DO CASO

A paciente M., 24 anos, solteira, estudante do 3º período de um curso


universitário, sendo esta sua segunda graduação, reside com os pais e trabalha em
um órgão público em turno oposto ao de suas aulas na faculdade. Com a queixa
inicial de dificuldade de ajustamento à rotina acadêmica, a paciente buscou ajuda
psicológica e descreveu os principais traços do quadro sintomatológico: “constante
inquietação; dificuldade em finalizar tarefas; procrastinação; pouca concentração;
pensamentos flutuantes; distração e dificuldade em estabelecer uma rotina”, de
acordo com a mesma.
A paciente afirma que desde pequena apresentava dificuldades de
comportamento na escola, realizando suas atividades de forma rápida para poder
ficar “conversando com os colegas”. No entanto, sempre se considerou uma boa
aluna, pois tirava boas notas. Na faculdade, sente dificuldade de concentração nas
aulas e arruma desculpas para sair de sala, além de deixar o celular sempre ligado,
o que também desvia sua atenção. Este comportamento inquieto não se restringe
apenas à sala de aula, mas também a outros espaços, como o trabalho e sua vida
social com amigos.
M. afirma que perde muito tempo “fazendo coisas inúteis” como navegar na
internet e em redes sociais, não consegue organizar uma rotina de estudos e nem
realizar atividades repetitivas. Matriculou-se em uma academia, mas deixou de
freqüentá-la após algumas semanas, e também abandonou o curso de inglês, que
mesmo considerando de grande importância para sua formação profissional, afirmou
não conseguir acompanhar as aulas e estudar os assuntos necessários, além de ter
dificuldades em respeitar os horários das aulas.
Além disso, afirmou sentir-se incapaz de cumprir com suas obrigações e
muita insegurança com relação ao seu futuro profissional.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na vasta ciência que é a psicologia, é possível entender a psicologia clínica


como campo de saber e de prática do psicólogo, que atua como instrumento de
auxílio através da escuta clínica para minimizar o sofrimento psíquico de seus
pacientes. Para além da noção etimológica da clínica, relacionada ao saber médico
e às ideias de cura e tratamento, na contemporaneidade temos uma prática clínica
muito mais voltada à subjetividade do sujeito e ao seu contexto social. De acordo
com Dutra, “a prática clínica tem lugar sempre que o sofrimento do sujeito cria uma
demanda, mas não necessariamente quando se instala uma patologia” (2004,
p.384).
É importante compreender que mesmo sem um diagnóstico patológico, ainda
assim a clínica em psicologia atua sobre a demanda trazida pelo sujeito que esteja
em sofrimento, nas suas diversas modalidades e abordagens disponíveis. Sendo
assim, a psicologia possui um importante papel na promoção de saúde,
diferenciando-se da prática médica psiquiátrica focada nas psicopatologias.
No entanto, de acordo com Bock, Furtado e Teixeira (1999, p.157) é
importante ressaltar que

o compromisso do psicólogo com a promoção da saúde não o impedirá de


intervir quando se defrontar com a doença e a necessidade da cura. Isto é,
deparando-se com indivíduos que apresentem certa ordem de distúrbios e
sofrimentos psíquicos que necessitem de uma intervenção curativa, poderá
buscar a cura através de terapias verbais ou corporais. (o psicólogo não
pode valer-se de medicamentos, pois esta é uma prática restrita aos
médicos – no caso, os psiquiatras).

Portanto, fazendo uso do conhecimento da ciência psicológica, cabe ao


psicólogo, dentre outras funções, aquela de diagnóstico de possíveis patologias.
Através da avaliação psicológica, é possível identificar transtornos mentais e pensar
num prognóstico e tratamento num contexto multidisciplinar, de acordo com a
necessidade de cada paciente.
O DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, descreve
os critérios diagnósticos dos transtornos para uso clínico. Seu uso faz parte da
prática clínica de psiquiatras, principalmente, e psicólogos. Tais transtornos estão
classificados de acordo com o tipo e denominação da condição médica, como, por
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exemplo, transtornos do neurodesenvolvimento, transtornos depressivos,


transtornos ansiosos, entre outros.
De acordo com o DSM-5 (2014), os transtornos do neurodesenvolvimento são
aqueles que se dão no desenvolvimento e geralmente são identificados na infância e
acarretam prejuízos em diversas áreas da vida do sujeito. O transtorno do
desenvolvimento intelectual, os transtornos da comunicação, o transtorno do déficit
de atenção e hiperatividade e o transtorno do espectro autista são exemplos de
transtornos do neurodesenvolvimento.
Atualmente, é possível identificar um aumento significativo de estudos e
publicações relacionados ao TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade, assim como um aumento de diagnósticos em pessoas adultas, algo
que já é reconhecidamente válido, porém tal reconhecimento é mais recente. A
maior parte do conhecimento do transtorno é baseada em estudos com crianças e
adolescentes. (Dias et. al., 2007)
Segundo o DSM-5, o TDAH é “definido por níveis prejudiciais de desatenção,
desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade.” (2014, p.32). Sendo um
transtorno de desenvolvimento, os sintomas são identificados geralmente na
infância, mas podem persistir durante a vida adulta. Ainda segundo o manual,

desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em


uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis
inconsistentes com a idade ou nível de desenvolvimento. Hiperatividade-
impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, incapacidade de
permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade
de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de
desenvolvimento. (2014, p.32)

Sendo assim, o DSM-V (2014) apresenta critérios diagnósticos e


especificidades dos transtornos para facilitar aos profissionais nas suas avaliações
com pacientes nos casos de hipóteses de transtornos. Tais sintomas identificados
devem ser muito bem avaliados para evitar diagnósticos incorretos e,
principalmente, entender o sofrimento do sujeito, além de preparar um plano de
tratamento que o ajude a minimizar o prejuízo ou a facilitar o convívio com o mesmo.
De acordo com Cordioli e Grevet (2019, p. 626), “o TDAH é um dos
transtornos mais comuns em psiquiatria, com prevalência mundial de 5,7% em
crianças e adolescentes e 2,5% em adultos.” Além disso, ainda segundo os autores,
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o tratamento do transtorno se dá através de uma combinação multidisciplinar de


psicoterapia e, devido ao seu componente neurobiológico, psicofármacos, mais
especificamente os psicoestimulantes.
Segundo Mattos (2015), o TDAH possui relação com alterações cerebrais,
principalmente com relação a neutrotransmissores, como dopamina e noradrenalina,
que são responsáveis, entre outras coisas, pela atenção e controle motor.
Nos adultos, as conseqüências dos sintomas associados às
responsabilidades da vida são agravados devido aos compromissos enfrentados. De
acordo com o DSM-V (2014), o TDAH traz como efeito do transtorno um pior
desempenho, maiores probabilidades de desemprego e conflito interpessoal, além
da possibilidade de desenvolvimento de outros transtornos e sintomas, como
ansiedade e depressão.
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3. O CASO

O diagnóstico de TDAH em adultos é algo incomum quando se têm em mente


o fato de ser um transtorno do desenvolvimento e que se dá majoritariamente em
crianças e foi, por muito tempo, considerado um diagnóstico estritamente infanto-
juvenil. (Corcino e Costa e Silva, 2020).
No caso de M., após procurar ajuda psicológica com a queixa inicial de
dificuldade de ajustamento à rotina acadêmica, a mesma fez relatos de sua infância
e adolescência, além de descrever seu comportamento em sala de aula na
universidade. É possível identificar comportamentos compatíveis com um
diagnóstico em TDAH através dos relatos da paciente, que apresenta, de fato,
sintomas de desatenção e desorganização, além da hiperatividade-impulsividade.
Conforme ideias de Oliveira (2022, p.41), “a manifestação dos sintomas e o
comprometimento funcional no desempenho das atividades podem estar associados
à(s) comorbidade(s) produzidas(s) no desenvolvimento do transtorno, agravando-se
principalmente no diagnóstico tardio.”
O diagnóstico tardio é particularmente complicado, pois alguns dos sintomas
devem ser identificados na infância, e, por vezes fica difícil identificar no adulto tal
histórico. E o tratamento precoce, seja psicoterápico ou psicofarmacológico, é mais
eficaz na melhora da qualidade de vida da pessoa acometida e das pessoas com as
quais se relaciona. (Oliveira, 2022)
Através de suas próprias lembranças e de familiares e amigos que estiveram
presentes nessa fase, fica claro a dificuldade comportamental de M. em seguir
regras (em casa e na escola), executar planos previamente estabelecidos, porém
com grande e perceptível criatividade e facilidade em aprender. Com o passar dos
anos, M. é capaz de sentir mais claramente o desconforto causado pelos
comportamentos, principalmente o sentimento de incapacidade que tem com relação
aos seus planos profissionais.
Para adultos, de acordo com o DSM-V (2014), ao menos cinco dos nove
sintomas de desatenção devem ser identificados para diagnóstico. Para os sintomas
de hiperatividade e impulsividade, também cinco dos nove sintomas devem ser
identificados no paciente, e que tragam impactos negativos para o mesmo. No
TDAH, os pacientes podem ter ambos os tipos sintomáticos (desatenção e
hiperatividade), ou apenas um dos dois.
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Há uma sugestão de que os adultos possuem um comprometimento funcional


maior ou impacto negativo nas atividades sociais e/ou acadêmicas mesmo com
menor número de sintomas (Oliveira, 2022). É possível constatar tal
comprometimento no caso de M., mesmo não possuindo um diagnóstico na infância,
hoje percebe os sintomas relativos ao transtorno de forma expressiva em sua
vivência diária.
Muitos adultos diagnosticados com o TDAH sofrem com uma baixa auto-
estima que se reflete no desempenho social e ocupacional. Não raro, sofrem de
transtornos depressivos secundários e outras comorbidades e frequentemente
necessitam de tratamento psicofarmacológico contínuos com acompanhamento às
respostas ao medicamento e aderência ao tratamento. (Bandeira, Lopes e
Nascimento, 2005).
Para fins terapêuticos, é recomendável solicitar uma avaliação psiquiátrica a
fim de confirmar a hipótese do transtorno e o psicólogo seguir com um plano
psicoterápico de tratamento que vá auxiliar a paciente a lidar da melhor forma com
suas dificuldades.
De acordo com Bandeira, Lopes e Nascimento, a avaliação adequada
“consiste no atendimento com psicólogo, neurologista ou psiquiatra. Uma avaliação
mais abrangente como o uso de escalas de sintomas e testes psicológicos para
identificar deficiência cognitiva pode colaborar no diagnóstico.” (2005, p.71) Assim
como a entrevista com a família, como realizado no caso, é de fundamental
importância para o diagnóstico devido às dificuldades do paciente em lembrar certos
detalhes comportamentais infantis.
Segundo Dias et. al (2007), o comprometimento em mais de um contexto da
vida do paciente deve ser investigado em situações e contextos específicos da vida
adulta. É comum que os sintomas variem de gravidade de acordo com o contexto
ambiental, e é importante reforçar que indivíduos sem TDAH podem apresentar
semelhantes sintomas em determinados contextos, porém de forma mais branda. Já
para os indivíduos com o diagnóstico em TDAH, apresentam sintomas mais
expressivos que definitivamente afetam em seu funcionamento social.
A importância de um diagnóstico, mesmo que tardio, é importante para que
haja um entendimento das limitações de M. e um aprendizado nas formas de lidar
com o transtorno de forma mais eficiente. É importante destacar que apesar dos
sentimentos de incompetência e desorganização, há grandes históricos de sucesso
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obtidos no âmbito educacional. Sendo assim, há de ser reforçar o foco nas


potencialidades da mesma, e não em suas fraquezas, o que traz uma necessidade
de entendimento e adaptação por parte de professores e educadores, além do dever
de contribuir de forma significativa com o desenvolvimento educacional e o respeito
às singularidades. (Corcino e Costa e Silva, 2020)
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CASO

A paciente M. buscou ajuda psicológica a fim de entender seu comportamento


e buscar soluções para aliviar o sofrimento decorrido dos tais comportamentos.
Através dos seus relatos, foi possível identificar pontos consistentes com os critérios
diagnósticos do TDAH, que em adultos torna-se mais desafiador em ser
diagnosticado por ser um transtorno do desenvolvimento.
As cobranças com relação ao desempenho trazem prejuízos ao jovem ou
adulto que não possui compreensão a respeito dos transtornos que podem afetar
tais desempenhos. É importante que o psicólogo forneça um ambiente acolhedor e
empático para os pacientes, buscando compreender e ajudar na resolução ou
minimização das queixas apresentadas.
No caso do TDAH, adultos não diagnosticados podem não ser críticos com
relação aos seus sintomas, muitas vezes confundindo-os com outros transtornos
como depressão ou ansiedade. Portanto, faz-se necessário que o profissional
compreenda os pontos apresentados, sugerindo caminhos e encaminhamentos que
possam facilitar a evolução da paciente.
No caso de M., há uma atenção por parte da mesma a uma falta de
adaptação às necessidades organizacionais e educacionais, e um verdadeiro
interesse em compreender sua condição para poder adaptar-se de forma a
conseguir alcançar seu próprio desenvolvimento de forma eficaz. Uma avaliação
psicológica multidisciplinar possui grande possibilidade de ser de grande valia para a
paciente, principalmente se alcançar, inclusive, o apoio de sua rede de apoio e
educadores, para que possam lidar da melhor forma com a nova realidade.
Além disso, a psicoterapia e grupos de apoio são de grande ajuda no
tratamento e devem ser combinados com qualquer tratamento medicamentoso que
possa vir a fazer parte da rotina da paciente.
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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o 8º semestre do curso de psicologia, os alunos iniciam sua


experiência clínica no espaço da clínica-escola localizada na própria universidade,
em regime de plantão e atendimento de acolhimento e triagem do público
espontâneo que procura pessoalmente o serviço ou já se encontra na lista de
espera.
O tempo de supervisão é de 4 horas semanais e o de plantão é de 3 horas,
com um total de 100 horas a serem cumpridas no semestre. As atividades foram
iniciadas na segunda semana do mês de setembro de 2023, onde fomos orientados
a entrar em contato com pacientes em lista de espera para agendarmos o
atendimento, além de atendermos a demanda espontânea em nosso horário de
plantão.
Antes de iniciarmos os plantões, fomos apresentados pelas supervisoras
Renata Ramos e Ludmila Sousa às normas e regras da clínica-escola, que deveriam
ser cumpridas impreterivelmente durante o curso de todo o estágio. Além disso, nos
plantões realizados na clínica-escola, tínhamos o apoio do responsável técnico
Ruano, que era um facilitador no processo de estágio. Também fomos orientados a
respeito da confecção de crachás para utilização durante os plantões e
atendimentos e aos documentos burocráticos de compromisso de estágio, que são
necessários para comprovação das horas cumpridas obrigatórias.
Durante as supervisões, realizadas uma vez por semana, nas quintas-feiras,
foram realizados os estudos de textos relacionados à clínica, role plays ou
encenações de casos para prática, além da supervisão propriamente dita dos casos
atendidos. Também pudemos conhecer os documentos a serem utilizados na
clínica-escola, como as fichas de triagem, anamnese, evolução e encaminhamento
de pacientes.
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6. AVALIAÇÃO DE ESTÁGIO

Nesta sessão, é feita uma avaliação do estágio supervisionado, tanto da


prática em si, como dos demais atores envolvidos, como supervisor, a clínica e o
próprio aluno.

6.1 ALUNO

O anseio pelo início da prática clínica é algo observável nos alunos de


psicologia. A ideia de aplicar o conhecimento teórico nos atendimentos clínicos
aproxima o acadêmico da profissão almejada, além de ampliar o aprendizado geral.
De minha parte, este desejo de iniciação dos atendimentos clínicos no plantão
psicológico foi importante e, apesar do receio que acredito ser comum a todos, foi
bem administrado na preparação para a prática.
Particularmente neste semestre busquei conhecimento específico nas
modalidades de plantão psicológico e triagem, acolhimento e escuta clínica, para
entender os modelos de atendimento que seriam feitos nos plantões. Além disso, o
cumprimento correto dos horários de plantão, o respeito às regras do espaço clínico
e à ética da profissão foram sempre norteadores no cumprimento do estágio
supervisionado.
O aprendizado adquirido e que continua sendo dia após dia é algo valioso e
que já me faz ansiar pelas próximas etapas do processo até a finalização na
formação.

6.2 SUPERVISOR

Desde o início do estágio supervisionado, foi possível encontrar na figura da


supervisora Renata Ramos o apoio para o cumprimento dos requisitos necessários
para o aprendizado da prática clínica.
Além da discussão acerca dos casos atendidos nos plantões, que permitem
ao estagiário uma compreensão e orientação do manejo, os role plays nos permitem
vivenciar diferentes situações clínicas e praticar, sob orientação da professora, o
atendimento clínico.
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O papel do supervisor nesta etapa da formação é fundamental para o


desenvolvimento profissional do estudante, e durante o semestre pudemos
encontrar o suporte e os ensinamentos, tanto teóricos, através de textos voltados
para o atendimento clínico, como os práticos, nas encenações e discussão dos
casos.

6.3 CLÍNICA

O serviço-escola de psicologia, localizado na universidade, compartilha seu


espaço-físico com a clínica de odontologia e funciona em horário determinado, de
segunda a sábado. Conta com uma recepção com duas funcionárias que realizam o
atendimento prévio dos pacientes, além de fornecerem aos estagiários o material
necessário aos atendimentos (fichas).
Tratando especificamente da parte da clínica psicológica, ela é composta pela
sala dos estagiários e salas de atendimento individualizado, além de uma sala
lúdica, utilizada no atendimento com crianças. As salas são todas climatizadas e
adequadas ao atendimento psicológico.
A clínica atende a todos os requisitos necessários para um bom desempenho
nos atendimentos no que concerne à estrutura. Tanto para os estagiários como para
os pacientes atendidos, a clínica apresenta-se como um local acolhedor e
organizado, além de bem administrado.

6.4 PRÁTICA

Inicialmente, no estágio supervisionado 1, os estudantes atuam em esquema


de plantão, com atendimento à demanda espontânea que vai até a clínica em busca
de ajuda psicológica. Além disso, os estudantes tiveram acesso a uma lista de
espera de pessoas interessadas em atendimento, que deveriam ser contatadas
diretamente pelos estagiários através do telefone da clínica. Este passo foi
desafiador, visto que existiam pessoas interessadas em atendimento psicológico e
psiquiátrico na mesma listagem, assim como havia pessoas que já não tinham
interesse no atendimento ou não poderiam comparecer no horário em que o
estagiário que entrava em contato estaria disponível para atendimento.
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Os próprios estudantes tentaram aperfeiçoar o processo de marcação através


de uma agenda compartilhada, repassando pacientes de acordo com sua
disponibilidade para os estagiários que estariam de plantão. Após o período de
adaptação com o ambiente e com o processo de atendimento / acolhimento, foi-se
criando uma maior fluidez que permitiu, de fato, a prática clínica.
Fomos autorizados a manter um paciente de forma sistemática, a serem
atendidos no nosso horário de plantão uma vez por semana. Isso permitiu que
déssemos continuidade ao vínculo terapêutico criado nos atendimentos e
acompanhar a evolução clínica do caso, mantendo os documentos sempre
atualizados e organizados nas pastas individuais de cada estagiário.
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REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais: DSM-5. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento [et. al.];
Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli [et. al.] – 5ª edição – Porto Alegre: 2014.

BANDEIRA, Denise R; LOPES, Regina M. F; NASCIMENTO, Roberta F. L do.


Avaliação do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade em Adultos
(TDAH): uma revisão de literatura. Avaliação Psicológica 4(1), 2005, p.65-74.

BOCK, Ana Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias:


uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.

CORCINO, Kevin; COSTA E SILVA, Thales. “TDAH depois de grande?” Implicações


da descoberta tardia em uma estudante universitária. Revista Brasileira de
Educação e Saúde, Pombal-PB, v.10, n.4, p.69-77, 2020.

CORDIOLI, Aristides; GREVET, Eugenio (org). Psicoterapias: abordagens atuais.


São Paulo: Artmed, 2019.

DIAS, Gabriela et. al. Diagnosticando o TDAH em adultos na prática clínica.


Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro –
RJ, 2007.

DUTRA, Elza. Considerações sobre as significações da psicologia clínica na


contemporaneidade. Estudos de Psicologia, Natal-RN, 9(2), p.381-387, 2004.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2004000200021. Acesso em:
01/11/2023.

MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do


déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 16ª
ed. Brasil, 2015.
16

OLIVEIRA, Mirian Luísa Torres. Os impactos dos sintomas do TDAH no adulto.


Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v(4), p.26-46, 2022.
17

APÊNDICES

TEXTO UM
Habilidades sociais do terapeuta na formação da aliança psicoterapêutica: estudo de
revisão.

No processo psicoterapêutico, a aliança formada entre cliente e terapeuta é


reconhecida como um componente de mudança, sendo estabelecida de forma
consciente e que possui três aspectos fundamentais: a natureza colaborativa, o
vínculo afetivo e o acordo sobre objetivos e tarefas terapêuticas.
De acordo com os autores, as habilidades sociais (HS) são definidas como
“um conjunto de comportamentos apresentados no manejo de situações e
interações sociais, que podem favorecer o desempenho efetivo diante de tarefas
sociais.”
No artigo, as características do terapeuta também são divididas em duas
categorias: as características pessoais e os aspectos técnicos relativos à formação e
à manutenção da aliança. E estas características e aspectos técnicos se relacionam
a quatro conjuntos de habilidades sociais: empáticos, assertivos, direito e cidadania,
e expressão de sentimento positivo. Na pesquisa aparecem nas características
palavras como: flexível, experiente, honesto, respeitoso, compaixão, interessado,
entre entras.
Foi identificado pelos autores, durante o estudo, que na literatura tais
características são apresentadas, através de substantivos e adjetivos, de modo
genérico e pouco preciso em termos dos comportamentos esperados. No entanto,
se as características expressas nesses substantivos e adjetivos fossem descritos
através de comportamentos expressos na forma de verbos, favoreceria maior
clareza por parte dos terapeutas do que pode ser feito para promover a aliança.
Dessa forma, sendo adotada uma concepção de que características pessoais
são comportamentos e como tais, passíveis de serem aprendidas e ensinadas, seria
possível buscar estratégias para o desenvolvimento daquelas que são identificadas
como favorecedoras da formação de aliança terapêutica.
Sendo assim, no caso de psicólogos, entende-se que as habilidades
interpessoais básicas não precisariam ser necessariamente um requisito para o
ingresso na profissão, e sim algo que pode ser treinado e aprendido durante a
18

formação. Portanto, é preciso compreender a importância do planejamento, pelas


universidades, do ensino dessas habilidades nos cursos de formação em Psicologia,
assumindo a responsabilidade sobre a qualidade do desempenho dos futuros
profissionais.

DEL PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda; SARTORI, Raquel. Habilidades sociais do
terapeuta na formação da aliança psicoterapêutica: estudo de revisão. Revista
Brasileira de Psicoterapia. Vol. 19, n. 2, 2017.
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TEXTO DOIS
A construção da subjetividade na pós-modernidade: uma revisão de literatura.

As mudanças sofridas pela sociedade no decorrer do tempo trouxeram


alterações significativas nas relações e em diversos campos da vivência humana. A
valorização do TER acima do SER que estimula o consumismo desenfreado e
modifica, de fato, a forma como as pessoas interagem e conectam-se entre si,
principalmente na transição da modernidade para a pós-modernidade, trazendo
novas conseqüências para o adoecimento psíquico.
O rompimento com as ideias do sagrado e o abraçar das ideias racionalistas
retiram as referências e os valores sociais aprendidos e seguidos, deixando o
homem “livre” para ser criador de sua própria vida, com predomínio do
individualismo e claro narcisismo, tirando a importância do outro nesta construção.
A subjetividade constitui-se de diversos fatores, incluindo os biológicos e
psicológicos, e com o avanço tecnológico há uma mudança brusca neste campo.
Segundo os autores, o que se dava através da reflexão sobre si mesmo, hoje é
pautado no exibicionismo e no egocentrismo. O outro passa a ser necessário
apenas como expectador das conquistas alheias.
A super valorização do dinheiro modifica até a ideia inicial, de que o TER está
acima do SER. Na sociedade do espetáculo, o PARECER TER também funciona
como uma forma de se afirmar na vida e na sociedade em que o sujeito está
inserido. Ele acredita que seu valor está justamente no que ele aparenta ser e no
que parece ter.
Sendo assim, a pós-modernidade produziu indivíduos solitários e
desamparados, com perceptíveis sintomas de insegurança. O sofrimento psíquico
aflora em sintomas de transtornos depressivos, ansiosos e vícios, extremamente
comuns hoje em nossa sociedade. E com isso, para tentar remediar o mal-estar e
alcançar uma adequação, a medicalização e toxicomanias crescem de forma
exponencial.
Esse narcisismo e cultura de exibição, muito alimentados pelas novas
relações tecnológicas, trazem solidão, vazio e falta de sentido para as vidas das
pessoas. É importante que a psicologia e seus profissionais estejam atentos aos
modos de intervenção para minimizar os danos causados por esta sociedade que é
verdadeira produtora de sofrimento psíquico.
20

FELICIANO, Patrícia; PEIXOTO, Tereza. A construção da subjetividade na pós-


modernidade: uma revisão de literatura. PUC-MG, 2019.
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TEXTO TRÊS
Considerações sobre as significações da psicologia clínica na contemporaneidade.

A autora discorre sobre o conceito de clínica em diversos contextos, levando


em consideração as noções fundamentais da prática como escuta clínica, sofrimento
psíquico e subjetividade, levando em consideração as diversas transformações
sofridas pela clínica psicológica enquanto campo de saber e atuação do psicólogo
no decorrer do tempo.
A ideia de que a psicologia ainda é identificada pelas práticas de psicoterapia
de longa duração em consultórios privados acaba por gerar polêmicas dentro dos
diferentes contextos de atuação, como citado pela autora no caso dos atendimentos
de plantão psicológico dentro de um pronto-atendimento em um hospital público,
gerando um esforço para diferenciar a psicologia clínica da hospitalar.
A começar pela etimologia da palavra clínica, podemos observar uma forte
influência do modelo médico que buscava a compreensão e cura da doença. Dessa
forma, é esperado, nesse sentido, que o psicólogo clínico apresente ao paciente que
traz consigo sua queixa uma solução ou “cura” para tal sofrimento. Além de outra
visão estereotipada do profissional de psicologia como aquele que trata de “doentes
mentais”.
A clínica clássica, ou tradicional, mais voltada às questões de
psicodiagnóstico e psicoterapia em consultório particular, diferencia-se das
tendências emergentes que enxergam o sujeito dentro de um contexto social,
trazendo uma maior importância ao compromisso ético do profissional em detrimento
do referencial teórico. Ou seja, a prática profissional volta-se mais à construção da
subjetividade resultante de uma construção social e histórica e isso pode ser
observado com a inserção da psicologia na saúde pública.
Sendo assim, a ideia de “cura” e tratamento de doença abre espaço para um
conceito de prática clínica que tem lugar para o sofrimento e a subjetividade do
sujeito que cria uma demanda, e não necessariamente na instalação de uma
patologia.
A autora faz ainda importantes ligações com a filosofia de Martin Heiddeger e
a ideia de “ser-no-mundo” do sujeito, que não deve ser afastado de seu contexto
social, além de discorrer sobre o sofrimento psíquico na contemporaneidade. Cabe
22

ao psicólogo acolher o sofrimento constituinte da existência humana com um olhar


que abrace a singularidade da existência do sujeito.

DUTRA, Elza. Considerações sobre as significações da psicologia clínica na


contemporaneidade. Estudos de Psicologia, 2004.
23

TEXTO QUATRO
Escuta clínica, triagem e plantão psicológico em um serviço-escola pernambucano.

O texto discorre sobre a experiência de estágio em uma clínica-escola e a


importância para o aprendizado pela junção de teoria e prática na formação do
profissional de psicologia. A escuta clínica, por exemplo, é desenvolvida ao ser
praticada pelo estudante e faz parte da intervenção terapêutica necessária na
profissão. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas em 2011, são descritas
as competências necessárias na formação do psicólogo, tais como: diagnosticar;
avaliar e atuar em problemas humanos de ordem cognitiva, comportamental e
afetiva; manejar processos grupais; ofertar aconselhamento psicológico e
psicoterapia. Para capacitar os profissionais, as IES (Instituições de Ensino
Superior) ficam responsáveis pelos serviços-escola e pela supervisão dos alunos
que passam a colocar em prática aquilo que aprenderam durante o curso.
Os serviços ofertados para a comunidade nas clínicas-escola são diversos,
mas no artigo os autores mantêm o foco na triagem e no plantão psicológico. A
triagem é uma seleção de quem pode ser atendido de acordo com as modalidades
de atendimento disponíveis. Já o plantão psicológico é uma modalidade clínica de
atendimento a pacientes de forma espontânea, sem marcação prévia e, muitas
vezes, emergencial, para pessoas em sofrimento. Além de atingir camadas sociais
menos favorecidas que encontram nas clínicas-escola um serviço acessível,
também auxilia na promoção de saúde.
A pesquisa se deu em um serviço-escola em Pernambuco, com 18
estudantes que atuavam na triagem, sendo ela tradicional ou interventiva, e no
plantão psicológico. Para esses serviços, os estagiários realizavam procedimentos
para os quais foram capacitados antecipadamente, como preenchimento de
prontuários e modalidades de atendimento.
Os grupos de discussão da pesquisa observaram alguns pontos, sendo o
primeiro deles a desarticulação entre teoria e prática na formação, e mostrava que a
grande carga teórica trabalhada no curso não se mostrava suficiente para os alunos
se sentirem preparados para certas atuações específicas da prática.
Outro ponto observado foi com relação ao fluir da escuta na condução dos
processos e que o uso de recursos como fichas de triagem podiam atrapalhar essa
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escuta ao direcionar os procedimentos, focando muitas vezes no que deveria ser


preenchido em detrimento da demanda do paciente.
O terceiro ponto observado nos grupos de discussão está relacionado às
dificuldades no manejo do tempo, principalmente nas diferentes modalidades
ofertadas e em grupos onde o tempo de fala muitas vezes não era respeitado. Os
estagiários sentiam dificuldade em orientar os pacientes com relação aos objetivos
de cada modalidade e também ficar atentos e sensíveis às necessidades de cada
sujeito.
Também se destacou como unidade de sentido a angústia e insegurança
inicial dos estudantes, principalmente com relação ao encontro com o inesperado.
Não saber que tipo de demanda chegará até eles e não ter a possibilidade de se
preparar para tal atendimento de forma específica deixava os estagiários receosos.
Por fim, a falta de suporte estrutural recebido para ofertar o serviço foi outro
ponto observado na pesquisa, pois o espaço físico da clínica não suportava o
aumento da demanda recebida. Porém, apesar do desconforto estrutural, era
reconhecido o suporte emocional e a valorização e reconhecimento do serviço
realizado, tanto por parte da supervisão como pelos resultados obtidos nos
atendimentos com os pacientes.

DUARTE, Milena; MACÊDO, Shirley; NUNES, Ana Lícia. Escuta clínica, triagem e
plantão psicológico em um serviço-escola pernambucano. Psicologia: Ciência e
Profissão. UNIVASF, 2021.

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