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Cienti camente falando, então, temos de assumir que no que diz respeito à
genética, o armário está vazio e a hipótese nula mantém-se: Não há nenhuma
anomalia genética característica identi cável/per l associada ao TEA.
Também aqui, no que se refere à ciência, o armário está igualmente vazio. Ninguém
se aproximou de encontrar uma anomalia característica, e como resultado não
existe um marcador biológico ou exame ao cérebro utilizado para diagnosticar o
autismo. A hipótese nula mantém-se – não existe nenhuma anomalia característica
do cérebro associada ao TEA.
O TEA, portanto, nem sequer funciona bem como uma classi cação
descritiva. É o que os terapeutas que trabalham com narrativas
chamariam uma “descrição na” porque deixa de fora todo o tipo de
outras coisas que podem ser importantes para se compreender a
vida daquela pessoa (família, ambiente social, escola, traumas, etc.)
bem como as suas capacidades, habilidades, e coisas em que fazem
bem. Estes outros traços tornam-se menos importantes do que o
“diagnóstico”, através do qual outros descritores e eventos podem
agora ser lidos e vistos como secundários.
Seja como for, o TEA é inútil, não cientí co, limitador, e, diria eu, uma construção
destrutiva.
É um sistema que captura muitos na sua rede, desde os mais jovens que não vão
fazer o que o examinador instrui e da forma como o examinador acredita que
devem fazer, até aos mais velhos que têm uma interessante reviravolta de
expressão. Constrói, em vez de descobrir, conhecimentos – com os criadores,
vendedores, e agora com os muitos examinadores que realizam avaliações EODAS
acreditando que sabem como a pessoa universal, neutra em termos de cultura,
gênero e sexualidade deve e não deve funcionar. É desavergonhadamente
promovido e vendido em todo o mundo, sujeitando cada vez mais crianças e
adultos à sua perversa agenda de normalização/patologização.
Sei, por exemplo, que certas pro ssões não aceitarão ninguém que
tenha um diagnóstico de TEA, mas não sei até que ponto esta
questão poderá ser generalizada. Li recentemente que, a nível
nacional, “15% dos adultos com um transtorno do espectro do
autismo estão empregados a tempo inteiro“. Não sei o que isto
signi ca, mas isso parece-me uma estatística preocupante. Os
rótulos carregam associações e estereótipos que poucos de nós são
capazes de ver mais além. Quantos de nós deixam de ver e tentam
conhecer “Jane” (ou quem quer que seja) quando nos é dito que “ela
tem autismo”?
Reference sources:
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