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Willames de Moura Cavalcante

A PRESENÇA DE DEUS NO JUÍZO FINAL SEGUNDO A


VISÃO MESSIÂNICA

Faculdade Messiânica
São Paulo
2019
Willames de Moura Cavalcante

A PRESENÇA DE DEUS NO JUÍZO FINAL SEGUNDO A


VISÃO MESSIÂNICA

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Teologia apresentado à Faculdade
Messiânica.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto


Pedroso Rocha

São Paulo
2019
FICHA CATALOGRÁFICA
Willames de Moura Cavalcante

A PRESENÇA DE DEUS NO JUÍZO FINAL SEGUNDO A


VISÃO MESSIÂNICA

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Teologia apresentado à Faculdade
Messiânica.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Paulo Roberto Pedroso Rocha – Orientador


Faculdade Messiânica

Prof.
Faculdade Messiânica

Prof.
Faculdade Messiânica
Dedico este trabalho a minha amada família, as
pessoas que me fazem todo dia lembrar da
existência de um Deus dentro de todos os
seres humanos.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus e ao Messias que é uno a Meishu-Sama por me darem
a dádiva da vida, a força e a permissão de concluir este trabalho. O vejo como o fim de uma
jornada de quase dez anos, quando me tornei membro da Igreja Messiânica e comecei a
entender a luz que sempre me guiou, sem eu saber, em todos os momentos de minha vida.
Meu amor e gratidão à minha esposa Millena, que em todos os momentos me inspira
a ser alguém melhor. Sua ajuda permeia todo este trabalho tanto materialmente como
espiritualmente. Obrigado por toda sua compreensão, seu amor, sua abnegação, e por me
passar tanta segurança, principalmente nos momentos finais deste processo. Vamos juntos!
Ao meu filho Noah (in memoriam), agradeço sua existência que me ensinou o valor da
entrega a Deus. Sempre que penso em você a imagem de Deus me vem, por isto tenho certeza
do quão bem hoje você está. À minha filha Melissa, muito obrigado pela sua compreensão,
mesmo com sua pouca idade, das ausências do papai. Seu sorriso e amor por mim são os meus
maiores combustíveis para perseverar na jornada do crescimento. Todo amor a você.
Minha imensa gratidão a meu avô José Humberto Gerbasi (in memoriam) que no fim
de sua missão me ensinou o valor de uma vida voltada para o próximo e para o ideal de um
mundo melhor. À minha avó Maria Analva, minha gratidão por ser a pioneira de todo este
caminho, com sua fé inabalável e grande sabedoria. Aos meus avós maternos, Zuca e
Marleide, todo meu amor e gratidão por serem parte integrante da minha criação, com todo
seu amplo amor e cuidados. Sem vocês eu não seria com certeza, nem parte do que eu sou.
Ao meu pai, meu Meishu-Sama vivo, agradeço pela permissão de ser seu filho, de
poder contar com suas palavras tão sábias e amorosas que sempre me fazem retornar ao
Paraíso dentro de mim, mesmo nos momentos mais difíceis de todo esse caminho até aqui.
À minha mãe, agradeço por todo seu empenho para que eu fosse um bom homem.
Agradeço fortemente toda sua seriedade e resiliência, que servem de exemplo para mim
todos os dias. Minha gratidão por me deixar partir, e, mesmo de longe, me acompanhar.
Minha gratidão também a todos os ministros, professores e amigos de fé que me
acompanharam e passaram por mim no processo desta formação. Em especial, agradeço aos
queridos ministros Fábio de Paula e Amadeus Valdrigue por todo suporte que me deram,
respectivamente na vida missionária e acadêmica.
“O Deus vivo só poderá aparecer quando
admitirmos que Ele está vivo e manifestando-
Se a cada instante. ”
(Yoiti Okada)
Resumo
O presente trabalho estuda a presença de Deus no juízo final, segundo a teologia da religião
messiânica, fundada por Mokiti Okada. O objetivo geral é contribuir com a formação de uma
teologia messiânica sistematizada e ecumênica. Tem como objetivo específico traçar um
roteiro sobre o assunto e ajudar na criação de uma identidade messiânica. Chega ao tema
principal do estudo, a escatologia messiânica, criando uma base doutrinária a partir de tópicos
como Deus, a antropologia, o mundo espiritual, Johrei, transição de eras, todos segundo a
visão de Okada. Usa de um pequeno paralelo com a escatologia cristã tornando o estudo um
pouco mais compreensível ao público que tem pouco ou nenhum contato com a doutrina de
Meishu-Sama. Utiliza métodos que respeitam o ecumenismo entre as diferentes vertentes da
doutrina okadiana e mostra visões diferentes destas. Utiliza fontes de textos desta doutrina,
que estão disponíveis em português, traduzidos pelas instituições religiosas e associações
voltadas aos estudos okadianos. Conclui com a conceituação do evento do juízo final e como
a localização do divino é importante para compreender e passar por este processo.

Palavras-chave: Juízo Final. Meishu-Sama. Teologia Messiânica. Escatologia Messiânica.


Abstract
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Representação da constituição do espírito humano ..........................................................


Figura 2: Representação da constituição do mundo espiritual japonês ...........................................
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IMMB IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRASIL


IMM IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL / SEKAI KYUSSEI KYO
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................11
2. DISCUSSÃO BIBLIOGRÁFICA E APRESENTAÇÃO DOS MÉTODOS......................................................14
3. DEUS NA RELIGIÃO MESSIÂNICA ...................................................................................................18
4. ANTROPOLÓGIA TEOLÓGICA MESSIÂNICA .....................................................................................24
4.1. A CONSTITUIÇÃO ESPIRITUAL DO HOMEM .................................................................................24
4.1.1. PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO TRIPLA – PARTÍCULA DIVINA (ALMA), CONSCIÊNCIA E ESPÍRITO. .....24
4.1.2. SEGUNDA CONSTITUIÇÃO TRIPLA – ESPÍRITO PROTETOR PRIMORDIAL, ESPÍRITO PROTETOR
SECUNDÁRIO E ESPÍRITO PROTETOR GUARDIÃO. ..............................................................................26
4.2. A MISSÃO DO HOMEM ...............................................................................................................28
5. MUNDO ESPIRITUAL, JOHREI E A TRANSIÇÃO DE ERAS ..................................................................30
6. JUÍZO FINAL ..................................................................................................................................38
6.1. SINAIS DO FIM DO MUNDO ........................................................................................................39
6.2. O TESTEMUNHO E A TAREFA DOS MESSIÂNICOS PERANTE O FIM ...............................................40
6.3. O QUE CARACTERIZA O JUÍZO FINAL? .........................................................................................41
6.4. ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO .............................................................................................44
7. A PRESENÇA DE DEUS, A VINDA DO MESSIAS E A CHEGADA O REINO DOS CÉUS NA TERRA ...........46
11

1. INTRODUÇÃO

“Não adianta apenas captar a existência do mundo do espírito; é necessário apreender


sua verdadeira natureza e fazer com que a noção da existência do Mundo Espiritual seja útil à
humanidade (IMMB, 2017a, p. 125). ”. Através desta afirmação, Mokiti Okada (1982-1955),
fundador da religião messiânica, originaria do Japão, exorta àqueles que buscam a Verdade
sobre os mistérios divinos a tornarem seus saberes algo que sirva a sociedade. Para ele a
ciência material, por si só não é capaz de vislumbrar o que é espiritual, e por isso, então, é
necessário se fazer o uso do que chamou de “métodos espirituais”. O exemplo dado por
Meishu-Sama (nome religioso pelo qual Okada é mais conhecido) no artigo citado
anteriormente é o do Johrei (método de purificação do espírito pelo espírito geralmente feito
pela imposição de mãos em sentido restrito) no qual se obtém a cura de doenças. Mas não
podemos afirmar que só esta ferramenta poderia ser levada em consideração para apreender
o Mundo do Espírito, pois a teologia okadiana revela outros caminhos como o estudo e prática
dos próprios ensinamentos do mestre. Só que aqui vemos um problema: Okada em vida não
sistematizou sua teologia. Esta tarefa foi deixada para seus sucessores e discípulos (membros).
Neste contexto, vemos a importância da figura do teólogo e da teologia como pontes
para o pensamento de Meishu-Sama à humanidade por sua missão sistematizadora da
verdade e que encontra amplo campo para se desenvolver na religião messiânica.
O saber regrado produzido por esta área do conhecimento nasce de uma consideração
das coisas à luz de Deus, por todas terem uma dimensão teologal. Com isso, surgem as mais
diferentes tendências teológicas, como formas, fiéis ao evangelho, de responder às demandas
lançadas pela história e sociedade (BOFF, 1982, p. 29).
Desta leitura e da necessidade de sistematização da doutrina é que aparece o
fundamento por trás do presente trabalho acadêmico. Desejamos falar sobre a visão
messiânica do juízo final e a localização de Deus neste processo, com vistas a, como queria
Okada, que este conhecimento seja útil a humanidade. Esta, atualmente, vive uma grande
crise política, ambiental, moral e social, algo que pode ser estudado pela escatologia okadiana.
Sobre isso, o falecido ex-presidente da Igreja Messiânica Mundial (IMM), reverendíssimo
Tetsuo Watanabe (2015, p. 200), em texto que ficou conhecido como “Filosofia da salvação”,
fala:
12

Ao longo de três mil anos, a humanidade veio se afastando cada vez mais da
Lei da Natureza, que é a Lei do Universo, a Vontade de Deus, a Verdade. (...).
As graves consequências do desrespeito às leis naturais podem ser
verificadas na agricultura, na medicina, na educação, na saúde, na arte, no
meio ambiente, na política, na economia e em todos os demais campos da
atividade humana. Essa situação já chegou ao seu limite. Se continuar agindo
assim, é certo que o homem acabará destruindo o planeta e a si mesmo.
A filosofia de Mokiti Okada tem o objetivo de despertar a humanidade,
alertando-a para a triste realidade em que se encontra.

Como poderia Deus, o Senhor da Criação, fazer progredir a cultura no mundo e deixar
que sua criação chegasse ao ponto do risco de se destruir, através do desrespeito às leis
naturais, e acompanhar isso de forma passiva? Esta pergunta encontra ressonância nos
escritos de Meishu-Sama e nos traz outro questionamento: se Deus existe, qual seu papel em
meio a este cenário escatológico?
Okada explica que chegará o tempo da transformação do mal em bem, através da luz
de Deus e da vinda do “advento do Reino dos Ceús” assim como a teologia cristã argumenta.
Este período histórico de julgamento também pode ser chamado de “transição da era da noite
para a era do dia”, onde tudo que é impuro virá à tona para ser purificado pela graça divina.
Os distúrbios elencados na “filosofia da salvação” são o sinal disso. Tornando-se claro este
mundo por ocasião da chamada era do dia, o fundador (IMMB, 2017a, p.67) explica que

Aqueles cuja alma não corresponder à claridade, terão suas nuvens


espirituais removidas a fim de poder alcançar essa claridade. Entretanto,
essa remoção não se dará de maneira deliberada. A purificação vai ocorrer
naturalmente: o que está sujo, precisa ser limpo. À medida que o Mundo
Espiritual vai clareando, as pessoas com a alma suja passarão por uma
limpeza. O sofrimento é isso.

Mas o sofrimento não é a única forma, segundo a teologia okadiana, de purificar a


alma. Faz-se necessário para isso o arrependimento do ser humano por seus erros e sua
conversão, não à religião messiânica, mas ao absoluto bem – Deus – presente dentro de toda
a criação, para o recebimento da luz da salvação. Aqui, a filosofia okadiana ganha contornos
de um certo universalismo, pois não intenta que toda a humanidade a siga, mas quer ser a
construtora de uma nova civilização que “vivifica” todas as religiões e ideologias humanas,
colocando-as a par da Verdade e fazendo-as pratica-la, mesmo que de modos diferentes.
Todo este processo de necessidade de purificação do ser humano, tanto pelo
sofrimento quanto pela conversão ao bem, será e está sendo conduzido por Deus o que
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demonstra o seu protagonismo frente ao juízo final e como a criação de uma relação do ser
humano com Ele, segundo a teologia messiânica, é necessária para criação de um novo
mundo. A compreensão deste ponto tem sido motivo de certa divergência nas teologias do
mundo messiânico. Um exemplo disso é a teologia proposta por Kyoshu-Sama, líder espiritual
da IMM, onde a criação desta “relação com Deus” tem sido bastante explorada. Várias
vertentes atualmente não a reconhecem como autêntica e até dizem que o próprio líder
espiritual se afastou com suas propostas teológicas dos ensinamentos de Meishu-Sama. O
presente trabalho não visa entrar nas questões, ainda bastante atuais, dessa cisão religiosa,
mas fará uso de citações e pontos explanados pelo líder espiritual, por achar que, junto com
todos os outros matériais pesquisados, eles ajudarão a explicar o papel da luz do divino no
grande julgamento.
Um ponto implícito aqui, e que também será discutido ao longo do trabalho, é a
diferenciação da luz de Deus e da doutrina religiosa em si. As duas não são a mesma coisa,
mas as duas podem conduzir o ser humano de uma para a outra. Este fato reafirma a
importância da sistematização doutrinária para ajudar na apresentação da teologia okadiana
para a humanidade. Este trabalho tem pretenção de auxiliar neste ponto. Para a boa
explicação disso e da própria temática escatológica será necessário conceituar a visão
messiânica de diversos aspectos, além dos já citados acima, como por exemplo Deus, a
constituição espiritual do ser humano, o mundo espiritual, entre outros temas, afim de
chegarmos ao principal com certa fundamentação teórica.
14

2. DISCUSSÃO BIBLIOGRÁFICA E APRESENTAÇÃO DOS MÉTODOS

Em primeiro lugar, optamos neste trabalho por, ao nos referirmos a doutrina criada
por Meishu-Sama, não o fazermos para exclusivamente uma das diferentes vertentes que a
seguem. Isso acontece porque existem diferentes seguimentos messiânicos em todo o mundo
e em especial no Brasil, onde este estudo está sendo feito. Aqui, nossa pesquisa encontrou
onze pessoas jurídicas diferentes que são seguidoras da filosofia okadiana, a saber: Sekai
Hikari Kyodan, Templo Mundo de Miroku, Comunidade messiânica universal, Seimei Kyo,
Shinji Shumei Kai, Tenseishibikai, Templo Arte do Johrei, Templo Luz do Oriente, Toho no
Hikari - MOA, Igreja Messiânica Mundial do Brasil (IMMB) e Igreja Mundial do Messias.
Respeitando esta pluralidade, vamos nos referir a doutrina okadiana, por termos como
religião messiânica, teologia okadiana, entre outras formas que façam este trabalho dialogar
de forma ecumênica com as diferentes instituições, ajudando na formação de um possível
futuro diálogo inter-religioso delas com outras fés. Este ponto segue a ideia apresentada por
Andréa Tomita (2016, p. 260):

Penso que o tema do diálogo inter-religioso na IMM ainda não é central na


discussão de identidade messiânica devido a vários fatores, dentre eles, o
fato da própria teologia messiânica estar em fase de construção, sobretudo,
a partir da nova perspectiva do atual Kyoshu-Sama. (...)
Junto ao aprofundamento dos estudos sobre teologia messiânica, por parte
das gerações mais jovens, certamente virão questionamentos sobre as
semelhanças e diferenças identitárias dos diversos grupos institucionais
advindos de uma mesma raiz religiosa messiânica.

É claro que, por questões de produção de literatura, muitos dos pensamentos


analisados aqui tem por base materiais principalmente das três últimas igrejas citadas no
exemplo acima (Toho no Hikari – MOA, IMMB e Igreja Mundial do Messias), que são ligadas a
Sekai Kyusei Kyo (Igreja mãe), ou IMM em português, ramo da Igreja do Japão que possui o
direito sobre a maior parte das obras de Meishu-Sama, inclusive sobre os Solos Sagrados
(propriedades concebidas como protótipos do Paraíso, muito importantes para a teologia
okadiana) idealizados por ele ainda em vida. Também serão analisados, mas em menor escala,
textos da Tenseishibikai e Templo Luz do Oriente.
Ainda sobre a literatura messiânica disponível, temos aqui uma grande dificuldade: por
mais que as diferentes instituições brasileiras tenham se esforçado na tradução, dentro do
possível, dos ensinamentos de Meishu-Sama, seu contingente ainda é muito pequeno,
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comparado com a quantidade existente na língua japonesa, a original do fundador. Isto


dificulta a busca científica por sistematização teológica, pois pode-se incorrer no erro de achar
que os estudos locais cobrem a totalidade da teologia messiânica. Os esforços, como o do
presente estudo, têm sua limitação neste sentido.
Visando colaborar com a divulgação da doutrina de Meishu-Sama, existem algumas
organizações, não religiosas, no Brasil, que realizam traduções. São os casos das associações
“Jinsai” e “Ooshin”. As duas possuem sites e divulgam sempre novas traduções feitas de
diferentes materiais japoneses da religião okadiana. Além deles, também temos os materiais
da “Escola da Espiritualidade”, onde também são publicadas traduções de ensinamentos,
além de reflexões sobre as mesmas. Neste trabalho, também nos daremos a possibilidade de
usar dessas fontes, visando suprir a barreira linguística a nós imposta.
Mesmo assim, é importante reiterar que toda tradução corre o risco de fugir da
intenção textual original do autor, o que dificulta a método exegético-hermenêutico. Na
apresentação, da sexta edição brasileira da coletânea de ensinamentos de Meishu-Sama,
Alicerce do Paraíso, feita em 2017, fica bem explícita esta preocupação por parte dos
tradutores (2017a, p.7):

O advento da Faculdade Messiânica fez surgir a necessidade de um maior


aprofundamento da compreensão do texto original em japonês, para melhor
postulação dos conceitos da doutrina messiânica.
Tal realidade exige-nos ainda maior atenção com respeito às questões
tradutórias e de teor doutrinário. Assim, neste contexto, a revisão dos
Ensinamentos se fez premente para que seu conteúdo e força espiritual
possam atender a uma demanda cada vez mais exigente.

Com todos esses pormenores, fica explícito que a metodologia neste trabalho será
essencialmente bibliográfica, descritiva e documental.
Quanto a preocupação com o caráter ecumênico da mensagem, citado anteriormente,
esta nasce da própria interpretação dos ensinamentos de Meishu-Sama, que era bastante
cuidadoso com a possibilidade de conflitos entre ramificações. Sobre isso, Okada (IMMB,
2017b, p. 37) fala em um artigo:

O fato de uma mesma religião dividir-se em várias ramificações faz surgir a


tendência aos conflitos, o que é lamentável, pois influencia negativamente a
missão original da religião de ensinar o amor pela humanidade. A causa disso,
sem dúvida alguma, reside, como já afirmei, na dificuldade de interpretação
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das escrituras sagradas. Embora haja alguma lógica em dizer que justamente
a dificuldade de interpretá-las é o seu atrativo, acredito que, no sentido de
salvar a humanidade, tudo deveria ser de fácil compreensão.

Vemos então que, para o fundador, esta dificuldade de interpretação tem que ser
sanada, visando o maior diálogo para salvação da humanidade. Vislumbramos ainda que esta
é mais uma contribuição que a sistematização da teologia messiânica pode dar para a criação
de uma teologia ecumênica, como a proposta pelo teólogo Yves Congar, citada por Moraes
(2007, p. 186):

Segundo nosso teólogo, o elemento da diversidade é importante para a


Igreja: ela não deve, principalmente como fez no passado, confundir unidade
com uniformidade – igualdade não quer dizer ser idêntico, e, segundo nosso
teólogo, o ecumenismo é uma das realidades mais ricas que ajudam a Igreja
a não fazer tal confusão, porque nos ajuda a pensar não imperialmente.
Nossa solicitude deveria sempre ver os outros diferentes como pessoas,
sujeitos originais de projetos e de iniciativa – e pessoas diferentes. (...) A
questão de fundo aqui, é que o outro é diferente; assim, trabalhar as relações
de comunhão é, fundamentalmente, trabalhar o dado da diferença, e, não
tanto, o da igualdade.

O elemento do respeito às diferenças fica explicito em Okada (2008b, p. 51) quando


cita a arte de Deus, exemplificando como todos os países tem suas “cores” e o certo é que não
se tentasse pintar o outro com sua cor, mas vivificar as diferenças de modo a “tornar mais viva
e mais bela a cor de cada país”. O mesmo pensamento pode ser usado para o ser humano e
para as diferentes religiões.
O próprio modo como as diferenças, citadas acima, estão sendo atacadas no mundo
atual, nos leva ao método da nossa pesquisa. Como citado por Boff (1985, p. 28) “O método
é a própria teologia em acto concreto, sua forma histórica de sensibilizar-se diante da
realidade, de fazer as perguntas e formular as respostas, de elaborar os modelos de práxis e
encontrar as mediações que os implementam”. A necessidade teológica da análise do juízo
final e de como ele se traduz na doutrina messiânica vem da realidade não só dos membros
das diferentes vertentes okadianas, mas do próprio mundo. De certa forma, parte de uma
visão teológica dos “sinais dos tempos”, como explicada por Boff (1982, p.37), tomando como
exemplo a doutrina cristã:

A grande tradição teológica sistematizara já, quase à exaustão, com um


instrumental tomado da filosofia e das ciências históricas e linguisticas os
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temas diretamente teológicos: Deus, Jesus Cristo, a revelação, a gesta


salvadora no Filho e pelo Espírito, a Igreja, os sacramentos, a escatologia, etc.
O desafio que hoje se apresenta consiste nisto: como pensar teologicamente,
realidades que de si não se apresentam como teológicas, mas como profanas
e seculares, assim o campo da política, os sistemas sociais vigentes, os
mecanismos econômicos, os processos libertários dos povos ou classes
dominadas, a empresa científico-técnica?

No caso da teologia okadiana, reiteramos que esta sistematização ainda não existe, e,
portanto, as respostas messiânicas aos questionamentos sociais poderão ser desencontradas,
não revelando uma certa uniformidade que dê ensejo a uma forma messiânica de ver o
mundo.
Em específico, a membresia, como citado anteriormente, cárece de saber de forma
mais detalhada sobre como Okada formula sua percepção de juízo final e como toda
humanidade conseguirá passar por ela. Os modelos de práxis dados ainda são muito voltados
para dentro da própria igreja/instituição, dotados de grande proselitismo, por mais que se
intencionem ser universais. Neste sentido, se contrapõem a própria preocupação do fundador
que, vê-se, era realmente voltada a toda humanidade. Tudo isso justifica a demanda da
implementação de uma teologia sistemática, que ajude pedagogicamente, e o recorte
escatológico, subárea proposta por este trabalho, faz parte disso.
18

3. DEUS NA RELIGIÃO MESSIÂNICA

Conceituar Deus inspira grandes cuidados. Por ser a maior manifestação do que se
pode chamar de Sagrado, aquilo que “manifesta-se sempre como uma realidade inteiramente
diferente das realidades ‘naturais’ (ELIADE, 1992) ”, Yoichi Okada, quarto líder da IMM,
quando em orientações vai tocar no assunto, tentando de certa forma lhe explicar em
determinado contexto, sempre emprega expressões como “com profundo respeito e temor a
Deus”. Este cuidado talvez venha de uma compreensão de que por mais que o ser humano se
esforce para explicar Deus e sua revelação, por usar de formas materiais, não vai conseguir
exprimir toda a sua complexidade.
Para Meishu-Sama, Deus se manifesta em todos os locais do mundo e para cada época
faz surgir as pessoas e as religiões necessárias, cada qual com sua missão (IMMB, 2017a, p.
13). Sua revelação então não vem de apenas um seguimento religioso, mas se complementa
na junção da maioria deles. Esta percepção se sustenta na própria conceituação de Deus de
Okada.

Desta forma, explicarei agora o que é Deus. Ao contrário do que muitos


possam pensar, isso não é simples. No xintoísmo, fala-se que existem oito
milhões de deuses. E isso é realmente verdade. Cada deus pertence a uma
das três classes distintas – superior, intermediária e inferior - e é
encarregado de uma missão dentre as várias possíveis. Até hoje, só
conhecíamos o Deus do monoteísmo cristão e os deuses do politeísmo
xintoísta. No entanto, essas explicações são tendenciosas. A verdade é a
seguinte: o verdadeiro e único Deus cria vários deuses e a eles outorga o Seu
próprio espírito, de forma que há um Deus e muitos deuses ao mesmo tempo
(MEISHU-SAMA, 2018a).

O autor então, em sua explicação, junta os conceitos de monoteísmo e politeísmo.


Deus é um só que se subdive em diversos deuses, mas ainda assim é um. É uma conceituação
que traz uma amplitude que pode abarcar os mais diversos aspectos da revelação no mundo,
dando uma abordagem inter-religiosa para o numinoso. Desta visão, podemos dizer que vários
desdobramentos surgem na teologia messiânica, como por exemplo o conceito de
ultrarreligião messiânica, algo que além de trazer elementos das mais variadas tradições
religiosas, possui também outros aspectos da atividade humana. Sobre o campo de atuação
da sua religião, Okada explica:
19

Sempre afirmo que o cristianismo, o xintoísmo, o budismo, o confucionismo,


a filosofia, a ciência, arte, enfim, todos os campos do conhecimento, estão
presentes em nossa religião. Dedicamos especial atenção à doença e à saúde,
que são do campo da ciência, e também à agricultura, às artes e a outras
áreas com enfoque diferenciado (IMMB, 2017a, p. 25).

Pode-se conceituar o termo “ultrarreligião”, segundo Andréa Tomita (2016, p. 216),


como “força que transcende a religião e busca criar uma nova cultura por meio da
transformação, do ser humano e do mundo”.
Esta abordagem “ampla” de Meishu-Sama se revela também nos nomes pelos quais se
refere a Deus. Quando fundou sua religião, em 1º de janeiro de 1935, a instituiu sob o nome
de Dai Nipon Kannon Kai, que possui a tradução de Igreja Kannon do Japão ou Associação
Kannon do Japão. Kannon (ou Kanzeon Bossatsu) é um bodhisattva popular no Japão ligado a
várias vertentes do budismo e que na fase inicial da religião messiânica era o centro de sua
adoração. Além deste, muitos foram os nomes orientais pelos quais Meishu-Sama se referia
ao divino e todo seu panteão de subdivisiões, como Miroku, Komyo-Nyorai, Amida-Nyorai,
Buda Sakyamuni, além dos deuses xintoístas Amaterassu Oomikami, Tsukiyomi-no-mikoto,
Kamu-Sassanoo-no-mikoto, Wakahimeguimi-no-mikoto, Izanami-no-Mikoto, Kunitokotati-no-
Mikoto, Ame no Wakahiko-no-Mikoto, entre outros.
Mesmo com toda esta variedade, pode-se dizer que na primeira fase da religião
messiânica, o tratamento de Okada para com Deus era mais restrito do que ele desejava, em
vista do momento histórico pelo qual o Japão passava. Depois da primeira guerra mundial
(1914-1918) e especialmente do início da Era “Showa” com a subida do príncipe Hirohito ao
trono de imperador, começou um período de grandes transformações no Japão onde
“militares e elementos ligados a eles, de tendências expansionistas, dominavam a política e a
economia do país” (YAMASHIRO, 1964, p. 179). O nacionalismo, a cultura japonesa e as
religiões tradicionais começaram a ser exarcerbados em detrerimento de elementos externos,
visando justificar a superioridade nacional e sua política de dominação. Isso fez com que as
novas religiões japonesas (NRJ), incluído o movimento de Okada, fossem de certa forma
vigiadas e perseguidas até a derrota do Japão e o fim da segunda guerra mundial (1939-1945)
e a posterior liberdade religiosa alcançada com a “Lei das Pessoas Jurídicas de Natureza
Religiosa” baixada em 28 de dezembro de 1945 e assegurada na nova constituição
promulgada em 1947.
20

A partir desta época a expansão do movimento okadiano foi enorme, e os termos


ocidentais começaram a ser mais usados. Mas foi, em especial, em 1950, com a instituição da
Sekai Meshiya Kyo (Igreja Mundial do Messias em tradução livre), que esta liberdade foi mais
amplamente usada. Como o próprio nome já nos chama a atenção, Messias se tornou um dos
nomes sagrados da religião de Meishu-Sama, que demonstrava desde seu discurso, na
inauguração da nova instituição, sua visão de que, ao usa-lo, sua mensagem ganharia
contornos de mundial:

Agora que a “noite” está para desaparecer, a salvação através de Bodisatva


Kannon ou Avalokiteshvara passará por uma grande mudança e avançará
para uma nova etapa. Resumindo, o budismo será extinto. Naturalmente,
portanto, a função de Bodisatva Kannon se transformará na de Messias. (...)
a salvação era realizada através do Bodisatva Kannon e sua influência estava
confinada ao Oriente. Mas, como o tempo urge, não há outra alternativa
senão progredir rápido para salvar toda a humanidade. A salvação precisa
ser global e alcançar o mundo inteiro, daí o nome Igreja Mundial do Messias
(MEISHU-SAMA, 2019a).
A intenção de se tornar próximo da principal religião ocidental, o cristianismo, e,
portanto, de todas suas teologias, fica mais explicita numa entrevista que Okada concedeu
após a cerimônia de inauguração da nova instituição, em que afirmou:

Nosso principal objetivo é guiar o mundo inteiro em direção à felicidade


através da fé. Porém, no Ocidente, existe o cristianismo. (...) O que Jesus
Cristo pregou é realmente digno de louvor. Temos que admitir sua grandeza
e o seu poder divino de trazer a salvação a todo o mundo. Por essa razão, a
nossa nova religião deseja atuar em consonância com o cristianismo para
cumprir, de corpo e alma, nossa divina missão de salvar a humanidade e
conduzi-la na direção correta, começando no Oriente, a partir do Japão
(MEISHU-SAMA, 2019b).

Com esta guinada para o ocidente, Meishu-Sama chega a dizer em palestras e


publicações que o nome do objeto de adoração de sua igreja é Jeová, assim como as tradições
judaíco-cristãs. Além disso, afirma veementemente que sua missão é concretizar as profecias
de Cristo, como por exemplo a do advento do Reino dos Céus. Sobre o Juízo Final, diz que ele
“será feito por Deus e a segunda vinda de Cristo ocorrerá quando chegar o tempo certo”
(MEISHU-SAMA, 2018b).
O ponto do Juízo será explorado melhor posteriormente no trabalho, mas quanto a
segunda vinda de Cristo, vale citar mais algumas coisas. Okada, em sua doutrina, afirma que
21

ela tem o mesmo sentido da vinda do Messias. Este evento teológico vem a acontecer com o
próprio Meishu-Sama em 1954, segundo o próprio fundador, no episódio que ficou conhecido
como “novo nascimento”.

Fala-se sobre a vinda do Messias, não? Pois o Messias nasceu. Não são
apenas palavras; é realidade mesmo. Eu próprio fiquei surpreso. E não se
trata de renascer, mas de nascer novamente. É esquisito nascer depois de
velho, mas o mais interessante é que minha pela ficou delicada como a pele
de um bebê e, além disso, como podem constatar surgiram-me estes cabelos
pretos. (...) Esse Messias tem a posição mais elevada na hierarquia do
mundo. No Ocidente, ele é considerado o Rei dos Reis. Assim minha vinda se
reveste da maior importância, pois, graças a ela, a humanidade será salva
(LUZ DO ORIENTE, 2005).

Nesta época Meishu-Sama estava muito debilitado devido à um derrame cerebral que
tivera. Mesmo assim, para celebrar o novo nascimento, foi realizada a “Cerimônia de
Comemoração Provisória da Vinda do Messias”, onde revelou aos membros os fatos que lhe
tinham acontecido e sobre o surgimento desta nova vida dentro dele.
A partir deste acontecimento, podemos afirmar que a concepção de “messianismo” da
religião messiânica é peculiar com certeza, mas a atual teologia do quarto líder espiritual
trouxe ainda mais elementos para esta singularidade, pois ela faz do novo nascimento o ponto
central de toda a doutrina, algo recente para o mundo messiânico e que se desdobrou numa
nova maneira de entender o que é Messias, que difere da maioria das vertentes okadianas.
Para entender como evoluiu a concepção de Messias em Meishu-Sama, vale voltar ao
que aconteceu após a morte do fundador, pois com ela muitas decisões foram tomadas para,
no entendimento da organização, proteger a “obra divina” sem entrar em conflito com a
sociedade que poderia olhar para as palavras do fundador sobre sua concepção de Deus com
desconfiança. É bem elucidativo um argumento da Toho no Hikari sobre esta época:

Todavia, as declarações místicas de Meishu-Sama, bem como os fenômenos


que lhe aconteciam, constituíam, enquanto ele vivia, motivo de preocupação
para os que lhe eram próximos, pois poderiam ser erroneamente
interpretados por terceiros. Depois de sua ascensão ao Céu, Meishu-Sama
passou a ser venerado como Fundador da Sekai Kyussei Kyo (...) tais palavras,
assim como a sua divindade, os Ensinamentos sobre a Divina Administração,
particularmente o da Transição da Noite para o Dia, juntamente com a
Doutrina da Sekai Kyussei Kyo, foram vistos como “ensinamentos
quiméricos”, vindo a desaparecer do cenário das atividades religiosas (SEDE
DA MOA, 1993, p. 18).
22

Este modo de ver Meishu-Sama apenas como fundador perante maior parte do
público, no Brasil, se refletiu no modo como os fiéis se dirigiam a ele, por exemplo, o
chamando de Mestre Meishu-Sama. Entretanto, com o começo da missão do quarto líder
espiritual, Kyoshu-Sama, Yoichi Okada, liderando os três grupos da IMM, iniciou-se um
processo de revisão da divindade de Meishu-Sama a seu pedido. Por registros de suas
palestras ao público podemos dizer que isto fica mais forte a partir de 2004, quando se
completaram 50 anos da “Cerimônia de Comemoração Provisória da Vinda do Messias”. A
partir deste momento, as orientações foram para que o fundador começasse a ser chamado
pelos fiéis de “Messias Meishu-Sama”.
Embasada nisto, Andréa Tomita (2016, p. 36) afirma que: “Na IMM, crê-se que o
fundador Meishu-Sama é o ‘messias’ da era atual e que cada messiânico – ao ministrar johrei
e salvar as pessoas – exerce o papel de um ‘pequeno’ messias”. Assim, nos dias atuais, no
Brasil, na maioria das vertentes entendesse que Meishu-Sama é o único e verdadeiro Messias.
Este ponto encontra apenas uma excessão, pelo menos oficialmente no Brasil, por causa da
recente cisão ocorrida no Japão entre a IMM e seu líder espiritual, na figura da recém-criada
em 2018, Igreja Mundial do Messias, que ainda se centraliza nas orientações do atual Kyoshu-
Sama, Yoichi Okada. Sobre sua visão atualizada de Messias, é bem simbólica e pedagógica a
saudação proferida por Masaaki Okada (OKADA, 2019), filho do atual líder e que está sendo
preparado para ser seu sucessor.

Eu acho que no passado, houve uma época em que dizíamos que Meishu-
Sama é o Messias do presente e Jesus Cristo era o Messias do passado. (...)
Mas, se isso for verdade, talvez daqui dois mil anos uma outra pessoa
chegará aqui e dirá que é o Messias.
Eu acho que não. Acho que Meishu-Sama é o Messias para sempre. Jesus
Cristo também é o Messias para sempre.
E não é só isso. Não são somente Meishu-Sama e Jesus Cristo. Kyoshu-Sama
está agora orientando que cada um de nós tem no seu interior uma alma de
Deus chamada Messias.

Como pode-se ver, a atual teologia do quarto líder coloca todos os seres humanos, não
apenas como ‘pequenos messias’, como Andréa Tomita citou anteriormente, mas sim como
Messias potenciais. Esta percepção vem do estudo da constituição do homem, segunda a
teologia okadiana, e de uma interpretação bastante abrangente sobre a presença de Deus
dentro do mesmo, que será vista no próximo item do trabalho.
23

Mesmo com todos estes pontos sobre a messianidade de Meishu-Sama e sua abertura
de forma mundial, e ainda com a citação de outros elementos ocidentais como anjos, santos,
etc, não podemos dizer que sua doutrina conseguiu se aprofundar mais na revelação do divino
no ocidente, por exemplo, explicando como é a constituição do Mundo espiritual ocidental,
apenas citando que ele é menos hierarquizado que o do oriente. Embora isto tenha
acontecido, o fundador deixou menção a uma fonte que segundo ele “Trata-se de uma obra
muita interessante, que pode ter grande validade para o conhecimento da vida no Mundo
Espiritual (IMMB, 2017b, p. 74) ”, o livro “Registros de pesquisas sobre o mundo espiritual”,
do Dr. Ward (1885-1949).
Neste livro, pode-se ver a visão ocidental dos temas tratados por Okada, até
endossando algo dito por ele: que no mundo espiritual existem diversas organizações
religiosas (IMMB, 2017b, pp. 83-84). Ver uma citação como esta por parte de Meishu-Sama
abre as possibilidades de interpretações e reintrerpretações dos ensinamentos messiânicos,
mais uma vez exaltando o seu lado inter-religioso. A reveleção de Deus e de quem Ele o é se
torna assim mais complexa e ao mesmo tempo mais aberta, pois não se fecha aos demais
credos existentes no mundo.
24

4. ANTROPOLÓGIA TEOLÓGICA MESSIÂNICA

Nos próximos tópicos serão apresentados alguns dos principais pontos ligados ao ser
humano na doutrina okadiana, a saber: a constituição espiritual do homem e sua missão.

4.1. A CONSTITUIÇÃO ESPIRITUAL DO HOMEM

A teologia messiânica explica que o corpo espiritual humano é formado primeiramente


pela partícula divina (ou alma), consciência e o espírito. Além desta constituição, temos uma
segunda formação tripla, de espíritos protetores, formada pelo espírito protetor primordial
(que é a mesma partícula divina da constituição anterior), espírito protetor secundário e
espírito protetor guardião.
4.1.1. PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO TRIPLA – PARTÍCULA DIVINA (ALMA), CONSCIÊNCIA E
ESPÍRITO.

Cada vertente messiânica procura sua forma mais didática para explicar a constituição
do espírito humano. Um exemplo bastante elucidativo é o da IMMB que procura falar de três
círculos concêntricos:

Figura 1: Representação da constituição do espírito humano.

IMMB (2014).

O círculo maior simboliza o espírito, o círculo mediano simboliza a consciência e o


menor simboliza a alma. Tal ilustração vem de ensinamentos de Meishu-Sama como o
seguinte:

(...) no ser humano não existe apenas o espírito, pois se fosse assim, não seria
diferente dos seres inanimados. Além do espírito, ou melhor, dentro do
25

espírito dos seres humanos, inclusive dos animais, existe a consciência e,


dentro desta, existe a alma. Ou seja, no centro do espírito existe a
consciência, e no centro da consciência existe a alma (GUEDES, 2019).
A alma, ou partícula divina, ou ainda espírito divino, seria um pedaço do próprio
Supremo Deus colocado dentro do ser humano para o proteger (como veremos com mais
detalhes quando falarmos da segunda constituição tripla), e também para se comunicar com
o mesmo. Pode-se dizer que ela é a própria vida do ser humano pois “todas as ações do
homem e fenômenos do corpo físico têm origem na alma (IMMB, 2008, p. 105) ”. Em resumo,
é Deus dentro do ser humano, algo que se alinha ao título do trabalho, que busca explicar
aonde Ele está no juízo final.
A consciência seria o local onde a individualidade do ser humano se manifesta, o que
a faz também ser conhecida como autoconsciência. Também é o campo onde a atuação da
alma, de Deus, passa para o ser humano, que é seu instrumento tanto para o bem quanto para
o mal. Quando entra em contato pleno com o sonen1 e o kotatama2 do bem, a alma brilha,
fazendo com que as nuvens espirituais (pecados que nublam a consciência, segundo a teologia
okadiana), alojadas na consciência, sejam purificadas, o que eleva a personalidade e a
felicidade do ser humano.
Kyoshu-Sama descreve que a consciência “não foi formada em apenas uma geração.
Ela foi construída a partir do acúmulo de todas as experiências vivenciadas e das sensações
experimentadas pela consciência de um incontável número de antepassados, a começar pelos
nossos pais” (KYOSHU-SAMA, 2019, p. 44). Este aspecto vem dos ensinamentos do fundador
que falam sobre a troca de influências que os antepassados e descendentes tem por causa de
seus elos espirituais, onde méritos e nuvens de uns se refletem nos outros por causa de certas
condições. A salvação dos descendentes eleva os antepassados e vice-versa.
As nuvens espirituais também são conhecidas como máculas. Existe um aspecto que
gera bastante confusão nos ensinamentos de Meishu-Sama, pois muitas vezes ele explica que

1
Sonen: Segundo o livro Alicerce do Paraíso (FUNDAÇÃO MOKITI OKADA, 2017a, p. 68) é uma “palavra
japonesa comumente traduzida como “pensamento”, a qual não se limita ao ato de pensar racionalmente. Seu
significado abrange o sentimento, a vontade e a razão.
2
Kototama: Seria o “espírito das palavras”. Segundo o livro de orações (Inori no Shiori) da IMM (SEKAI KYUSEI
KYO – IZUNOME, 2008, p. 115) o “espírito das palavras do Bem diminui as impurezas do Mundo Espiritual,
enquanto que o espírito das palavras pertencentes ao Mal as aumenta”. Além disso, o espírito das palavras do
Bem “ressoando na alma aumenta a sua luz e, com isso diminui as impurezas existentes na consciência”.
26

existem máculas na alma, enquanto outras vezes ele afirma que ela, por ser a partícula divina,
não pode ser nublada. Isso acontece porque o fundador falava de forma muito livre em suas
explanações, o que levava a explicar de forma ampla e as vezes restrita da constituição do ser
humano. A “alma que mácula” nos ensinamentos, na realidade, é a consciência. Sobre esses
temas, a fala de Yoiti Okada é muito elucidativa ao explicar o que é o Johrei e sua relação com
a purificação do espírito.

Johrei é a purificação das máculas do espírito. Em outras palavras, é a


purificação do recipiente da alma, ou seja, do corpo e da nossa consciência
que são utensílios para expressar a alma. Não é para purificar a própria alma.
Isso porque, assim como disse a pouco, a alma, ou seja, a partícula divina, é
a consciência original do Supremo Deus, é a própria força da vida. (KYOSHU-
SAMA, 2019, p. 46).

O espírito, último elemento desta primeira constituição tríplice, é a “capa” que envolve
a consciência e a partícula divina. Pode-se dizer que ele tem a mesma forma do corpo físico.
Ele também possui brilho, chamado de aura, que, dependendo do sentimento humano, brilha
ou se nubla, cresce ou diminui.
4.1.2. SEGUNDA CONSTITUIÇÃO TRIPLA – ESPÍRITO PROTETOR PRIMORDIAL, ESPÍRITO
PROTETOR SECUNDÁRIO E ESPÍRITO PROTETOR GUARDIÃO.

A concepção, como se sabe, é a gênese do ser humano. Sob o ponto de vista


material, é um espermatozoide masculino que salta para um óvulo feminino
e o fecunda. Em termos espirituais, é uma partícula divina que se instala,
tornando-se uma alma. Quando, completadas as luas, esta alma nasce,
outras duas almas se aproximam, estabelecendo-se assim uma ligação entre
as três (MEISHU-SAMA, 2019c).
Como dito acima, em sua gênese espiritual, o ser humano recebe em primeiro lugar o
espírito protetor primordial, que se torna sua alma. Sua existência no ser humano faz com que
ele seja considerado filho de Deus (IMMB, 2008a). Este espírito divino, da mesma forma que
os deuses, também foi gerado por subdivisão de Deus e colocado pelo mesmo no ser humano
para protege-lo e o influenciar ao absoluto bem. Da existência dessa alma dentro do ser
humano é que Kyoshu-Sama embasa sua tese de que todos os seres humanos têm o Messias
dentro de si. Assim, ela controla a atuação do espírito protetor secundário, que, se muito
forte, torna o homem egoísta. Para o homem então alcançar a felicidade, é necessário
“aumentar-lhe o poder de atuação, porque essa é a força que domina o mal pela raiz” (IMMB,
2008, p. 16).
27

Aos dois ou três anos de idade, penetra no espírito humano a segunda alma: o espírito
protetor secundário. É uma consciência animal, responsável pelas vontades mundanas,
ligadas a matéria. Sua atuação é ligada ao instinto de sobrevivência, a comida, ao sexo, mas
se desregrada leva o ser humano a degeneração, através do mal. Por isso precisa ser
controlado pelos outros dois protetores. Quanto mais nuvens espirituais e quanto maior for o
sonen do ser humano para o mal, maior sua atuação o levando a infelicidade, pois este se aloja
no limite da consciência humana.
Entre a membresia messiânica há o erro de pensar que se deve “acabar” com o espírito
secundário, mas o pregado pelo fundador é o seu controle, o que mostra que sua existência é
importante para o ser humano, algo designado por Deus. Okada orienta sobre este ponto no
trecho abaixo:

Como sempre afirmo, o homem é constituído de Espírito Primordial, de


natureza Divina, e de Espírito Secundário, de natureza animal. Este último
incorpora-se ao homem por permissão de Deus, pois comanda todos os
desejos materiais indispensáveis à existência humana (IMMB, 2008b, p. 93).

Acima, fica clara a importância desta segunda alma para a manutenção da vida
humana. Para o homem ser feliz deve então apenas controla-la para que não domine sua
existência.
O último dos três espíritos a ser falado é o espírito protetor guardião. Ele é o espírito
de um antepassado de nível elevado que também tenta conduzir o ser humano ao bem,
repetindo a mensagem de Deus enviada pela alma. Para isso, tenta levar o ser humano para a
felicidade, o advertir sobre sua conduta lhe conduzindo para praticas virtuosas, proporcionar
graças e lhe prevenir, quando com força, sobre perigos possíveis.

É muito frequente, diante de um perigo, o homem se salvar


miraculosamente, sendo avisado em sonho ou tendo um pressentimento.
Isso é trabalho do Espírito Guardião. (...) No caso de querer satisfazer os
desejos corretos do homem ou fazê-lo receber graças através da Fé, Deus
atua por intermédio do Espírito Guardião (IMMB, 2008a, p. 15).

O espírito protetor guardião e os outros dois, em síntese, são importantes peças para
a condução do homem a sua missão, tema do próximo tópico.
28

4.2. A MISSÃO DO HOMEM

Na teologia okadiana, o homem pode ser descrito como representante de Deus e dos
seus antepassados no plano terrestre, que tem a missão de construir o Paraíso Terrestre, o
mundo isento de doença, pobreza e conflito. Este acontecimento escatológico é colocado por
Meishu-Sama como posterior ao juízo final, mas diferente deste, que acontece pela vontade
Deus, é dependente da força humana como instrumento do divino.
Mas, diferente do que se pode pensar quando se fala em construção, ela não se dará
apenas fora do ser humano, mas principalmente dentro do mesmo.

(...) o requisito básico que propomos para que o indivíduo tome parte na
“construção de um paraíso terrestre” – o lema da nossa religião – é que ele
se eleve e obtenha o direito de se tornar um residente do paraíso. Se o
número de tais indivíduos aumentar, um dia, um mundo paradisíaco se
materializará na Terra, pois o mundo é feito de indivíduos (MEISHU-SAMA,
2018ª).

Se tornar residente do Paraíso em vida é possuir um nível espiritual que corresponda


a camadas cada vez mais altas no mundo espiritual, algo que será detalhado melhor
posteriormente no trabalho. Mas “o ser humano carrega não só as suas próprias máculas,
como as de sua raiz familiar. Além disso, mesmo sem saber, ele absorve substâncias tóxicas,
aumentando, inevitavelmente, o número de suas enfermidades (FUNDAÇÃO MOKITI OKADA,
2008, pp. 9-10) ”. Estas nuvens fazem com que o espírito se torne pesado, nublam a
consciência humana e a impedem de entrar em contato pleno com a natureza divina presente
na alma, o que faz o ser humano caminhar para uma vida animal, levada pelo espírito
secundário apenas às vontades mundanas, não concordes com o plano divino de construção
do reino dos céus na Terra.
Desta constatação, pode-se ver que o homem se encontra no meio de dois extremos:
entre a existência divina e animal. Meishu-Sama complementa este raciocínio afirmando que
o homem:

Quando ele se eleva, torna-se Divino; quando se corrompe, equipare-se ao


animal. Se desenvolvermos esse princípio, veremos que basta o homem
querer para que o mundo se converta em Paraíso. Caso contrário, ele faz do
mundo um inferno. Esta é a Verdade (OKADA, 2003, p. 47).
29

Este trecho mais uma vez corrobora com a percepção da centralidade do ser humano
na construção do mundo ideal. Dentre todos os seres, segundo Okada, o homem é o único
que possui liberdade infinita outorgada por Deus. Por isso, sua vontade consciente de voltar
a Deus como centro de sua vida é tão importante, pois ao mudar seu livre pensamento e ações
de forma espontânea, ele começa a verdadeira construção de um novo mundo, através da
expansão da sua alma e da transformação dos antepassados e pessoas próximas que ela gera.
Podemos resumir então que o ser humano precisa se elevar, entregando sua
consciência a luz de Deus, para que sua partícula divina brilhe e dissolva as nuvens espirituais,
fazendo com que o espírito protetor secundário se retraia e perca força de influência sobre o
destino do homem, o que vai fazer com ele se torne mais suscetível às inspirações advindas
do primordial e transmitidas pelo protetor guardião, o que o tornará mais feliz.
Ainda sobre a importância da alma e a necessidade do homem se tornar um habitante
do paraíso, vale lembrar a centralidade que a teologia do quarto líder espiritual para o
assunto, ao afirmar que nossa alma tem o nome de “Messias” e que todos são essa existência
de modo potencial. Procurar ser um habitante do Paraíso é algo que, para o Kyoshu, redunda
em buscar ser Messias.
30

5. MUNDO ESPIRITUAL, JOHREI E A TRANSIÇÃO DE ERAS

Passar pelo juízo final pressupõe a salvação eterna do espírito. Anjos (2016, p. 37)
explica que para entender como se processa isso na teologia messiânica é preciso conhecer a
visão de Meishu-Sama sobre o mundo espiritual.
O “que é o Mundo Espiritual? Em síntese, o Mundo Espiritual é o da vontade e do
pensamento3. (IMMB, 2008a, p. 66) ”. Esta descrição foge bastante do pensamento recorrente
de que o mundo espiritual seria o mundo dos mortos. Talvez isto aconteça, pois na teologia
messiânica o contrário é que é verdade: o mundo espiritual é o mundo dos vivos, da origem
da vida.
Meishu-Sama estabelece a existência de uma lei divina chamada “espírito precede a
matéria” onde é explicado que todos os acontecimentos do mundo material são reflexos do
que acontece no mundo do espírito. No homem, isto pode ser exemplificado pela precedência
do pensamento sobre a ação. Além desta, existe a lei “identidade espírito-matéria” que pode
ser explicada pela influência mutua que o espírito e a matéria do ser humano têm. Quando
surgem máculas no espírito humano, elas se revelam também na matéria através das
chamadas purificações, por doença, pobreza ou conflito por exemplo. O fundador explica que
“a situação do Mundo Espiritual influi diretamente no espírito e se reflete no corpo físico, de
modo que o destino do ser humano se origina no Mundo Espiritual. (IMMB, 2017a, p. 153) ”.
Então, como o mundo espiritual é o reino do sonen, a mudança deste, no âmbito humano, é
capaz de mudar o destino da humanidade como um todo e aumentar o seu nível espiritual.
Isso fica bem explícito no ensinamento “As três calamidades maiores e as três calamidades
menores” (IMMB, 2017a, p. 139) onde Okada fala:

As tempestades e as inundações são ações purificadoras do espaço entre o


Céu e a Terra. E por que elas ocorrem? Porque, no Mundo Espiritual, se
acumulam nuvens espirituais, ou seja, impurezas invisíveis. Dissipá-las pela
força do vento e lavá-las com a água da chuva é a finalidade da tempestade.
Sendo assim, o que são essas nuvens espirituais e de que forma se
acumulam?

As nuvens espirituais se formam a partir do sonen e do espírito das palavras


do ser humano. Em outros termos, o sonen que pertence ao mal, como

3
Vontade e pensamento neste contexto seria o mesmo que sonen, palavra já explicada na nota 1.
31

insatisfação, ódio, insulto, inveja, ira, mentira, desejo de vingança, apego


etc., nublam o Mundo Espiritual.

É preciso também entender que a purificação, para a teologia okadiana, não é uma
coisa ruim, mas é parte do amor de Deus para que o ser humano possa ter cada dia uma vida
mais concorde com Sua vontade, e, portanto, mais feliz. Nesse sentido, a tempestade e as
inundações acima, por mais que tenham caráter aparentemente ruim, para Meishu-Sama elas
tem no fundo a luz de Deus. Isso não quer dizer que Deus quer o sofrimento do homem, mas
sim que o quer despertar para a realidade espiritual de tudo que ocorre na matéria.
Estas leis também demonstram o porquê de a influência dos antepassados existir no
ser humano.

Nós que vivemos atualmente, não somos seres surgidos do nada, sem
relação com nada. Na verdade, representamos a síntese de centenas ou
milhares de antepassados e existimos na extremidade desse elo. Somos,
portanto, seres intermediários de uma sequência infinita, formando uma
existência individualizada no tempo (IMMB, 2008a, p. 107).

Como seres ligados aos antepassados, o crescimento espiritual de um, influencia os


outros. No Japão, a relação das pessoas com os antepassados é algo muito mais cultural do
que no Brasil, por exemplo. Mesmo assim, segundo a Igreja Messiânica Mundial (SOREI-
SAISHI, 1980, pp. 17-18) nem todas as pessoas entendem com profundidade que a realização
de ofícios religiosos em memória a eles com sentimento, além da soma de méritos, faz com
que a purificação do espírito seja acelerada. Então, para ajudar nessa missão de ligar
descendentes e ancestrais de toda a humanidade, a religião messiânica se usa do sufrágio aos
ancestrais, através do culto às almas dos antepassados e do ofício religioso de assentamento
e sagração dos ancestrais: sorei-saishi. Eles são uma porta inicial para que um elo que perpassa
toda a existência e relação de mutualidade entre eles se crie e fortifique, salvando toda a
linhagem espiritual.
Os cultos e a soma de méritos são formas de elevação pelo acumulo de virtudes. Outra
forma de elevação seria o sofrimento. O grande problema é que sofrer sem aprender não gera
crescimento espiritual, mas produz lamúria, algo que volta a macular o mundo espiritual e que
conduz a novas purificações.
Sobre a elevação espiritual, é importante entender a estrutura do mundo espiritual.
Meishu-Sama afirma que ele é formado por três planos principais, que são o Paraíso,
32

Intermediário e Inferno, que por sua vez também são subdivididos em outros subplanos e
camadas. No mundo espiritual japonês, são 9 subplanos, com 20 camadas cada, totalizando
180, mais uma acima que seria a morada de Deus.

Figura 2: Representação da constituição do mundo espiritual japonês.

IMMB (2019)

Okada (IMMB, 2017a, p. 82-83) afirma que a diferença entre os planos se determina
pela luz e calor. No paraíso, mundo dos entes celestiais, eles são muito intensos, enquanto
que o inferno, mundo dos seres diabólicos, se caracteriza pela ausência deles, ou seja, pela
escuridão e frieza. Quanto ao plano intermediário, ele “situa-se entre os dois e equivale ao
Mundo Material. O fato de existirem pessoas felizes e infelizes no Mundo Material ocorre
porque elas estão em níveis condizentes com o Paraíso e o Inferno”. Mais uma vez vemos a
lei de identidade espírito-matéria exemplificada nos ensinamentos messiânicos. A camada em
que o espírito se encontra corresponde ao seu nível espiritual e reproduz no plano material
sua condição. Por isso, para ser cada vez mais feliz, os espíritos devem almejar subir de
camadas.
O espírito ao desencarnar tem, portanto, várias possibilidades de “morada”. De forma
simplificada, os que foram bons vão diretamente para o plano superior, os perversos vão para
o inferno e os espíritos que ainda não ganharam status de divino vão para o intermediário
aprimorar. Sobre este plano, que pode também ser entendido como provisório, há outros
pontos interessantes a serem citados.
33

Falarei primeiramente sobre os espíritos que se destinam ao Plano


Intermediário. Para chegarem lá, eles têm que de atravessar um rio. (...) Em
seguida, de acordo com a tese budista, o espírito vai para o Fórum, onde é
julgado. (...) Após receber a sentença, o espírito dirige-se para um dos três
níveis do Plano Superior ou do Plano Inferior. (...), Todavia, embora tenha
ficado decidido que o espírito vai para o Plano Inferior, concede-se a ele mais
uma oportunidade: fazer aprimoramento no Plano Intermediário, para sua
elevação. Aqueles que se arrependem e se convertem, ao invés de irem para
o Plano Inferior como estava determinado, vão para o Plano Superior (IMMB,
2008a, pp. 70-71).
No trecho acima, Okada nos afirma que ao espírito condenado ao inferno é dada a
oportunidade de aprimorar, se quiser, no plano intermediário, para que se arrependa e
converta ao bem, ponto importantíssimo que será melhor abordado quando falarmos
propriamente do juízo final. Este aprimoramento dura de alguns dias até trinta anos e aqueles
que não conseguem realizar o intento de se arrependerem de seus erros e se voltar para Deus
vão para o inferno.
Ainda sobre a elevação espiritual, é importante falar sobre um aspecto importante
para a evolução, que permeia o acúmulo de méritos e a purificação: a Luz de Deus. Quanto
mais próximo da camada divina, maior purificação há no espírito e assim maior canalização
desta luz. A purificação do espírito pela luz divina na teologia messiânica é chamada de Johrei.

(...) enquanto o corpo espiritual estiver nas camadas inferiores, é inútil apelar
para a inteligência e envidar esforços porque esta é a inexorável Lei Divina,
assim como é a Lei Espírito Precede a Matéria.
Por conseguinte, para que o ser humano alcance a felicidade é imprescindível
que ele purifique seu espírito a fim de torna-lo mais leve e busque
constantemente atingir as camadas superiores. Fora este, não existe
absolutamente outro método para alcançarmos a felicidade. E nisso reside o
profundo significado do Johrei (IMMB, 2017a, p. 152).

A partir da constatação acima, é importante conceituar e explicar melhor o Johrei na


filosofia de Okada. Geralmente ele é conhecido como uma forma de levar luz pela imposição
de mãos, capaz de gerar bem-estar e curar doenças. Mas, como Meishu-Sama (IMMB, 2017a,
p. 152) afirma, não é só isso: o Johrei “é um método de criar felicidade”.
Reverenda Higuchi (1905-1989) afirmava (HIGUTI, 2005, p. 50) que o Reverendo
Fujieda, seu antigo superior, orientava que o Johrei, num sentido amplo, tem diversos
aspectos e formas, que englobam, além da imposição de mãos, como a oração,
34

comparecimentos aos cultos, a forma correta de comer, encaminhamento de pessoas a igreja,


donativo e dedicação na obra de Meishu-Sama. Nidai-Sama, segunda líder espiritual, também
amplia o Johrei ao afirmar que sua missão é purificar o mundo inteiro:

(...) não podemos deixar o mundo como está e construir tranquilamente o


Paraíso só para nós. Aqui reside o significado do Johrei. A nossa missão é
purificar. Purificar o nosso próprio sentimento, purificar o lar de todas as
pessoas, enfim, purificar tudo em prol da paz mundial (PRÁTICA... 2002, p.
71).

O Johrei então é então algo muito maior para a teologia okadiana do que a imposição
de mãos. Como seu princípio vem do elemento fogo, que com a chegada da chamada Era do
dia, assunto que será abordado mais profundamente nos parágrafos abaixo, vem ficando mais
forte no mundo espiritual e material, sua importância é enorme e baseia vários outros
conceitos da religião messiânica. Uma demonstração disto na evolução dos espíritos, através
da eliminação das máculas, está descrita por Meishu-Sama no trecho abaixo:

À medida que se aproxima o Mundo do Dia, o elemento fogo vai aumentando


no Mundo Espiritual, pois a fonte da irradiação desse elemento é o Sol. Assim
sendo, além de ser eficiente na eliminação das doenças, o elemento fogo
possui mais um fator de importância decisiva: seu incremento no Mundo
Espiritual acelera o processo de purificação do corpo material, porque a
transformação ocorrida naquele mundo causa influência direta no corpo
espiritual. O aumento do elemento fogo tem a função de auxiliar a
intensificação da energia purificadora das nuvens espirituais (FUNDAÇÃO
MOKITI OKADA, 2017a, p. 119).

No ensinamento citado acima, que se chama “Transição da noite para o dia” é possível
ver que existe uma possível diferenciação entre método do Johrei (imposição de mãos) e o
princípio do Johrei. Este tema é abordado por Jung Mo Sung (2013) que fala: “É possível ver
claramente que ele faz uma distinção entre o princípio do Johrei, que está baseado na energia
espiritual que emana do corpo humano, e a concretização desse princípio através da
ministração do Johrei. ”. Com esta constatação, podemos compreender de forma mais
didática o Johrei de forma ampla, e como ele permeia todo o trabalho de evolução do espírito,
independentemente de sua conversão a religião messiânica ou não, ou do recebimento da
ministração do Johrei.
A Igreja Su no Hikari define sua prática de Johrei com uma explicação que junta estas
percepções de método e princípio do Johrei, através da prática e da conscientização da
35

realidade espiritual do aumento do elemento fogo e sua presença em todo o mundo,


independentemente da imposição de mãos.

Ao praticarmos o Johrei, reconhecemos que estamos sendo envoltos pelo


grandioso perdão de Deus e, ao mesmo tempo, que a Sua vida, amor e luz se
fazem presentes dentro de nós, assim como em todos os seres humanos,
orando para que, juntos, possamos regressar ao Paraíso, que é a origem da
vida e da luz de Deus (O ... 2019).

O elemento perdão de Deus, citado acima, é explicado como a própria transição da


noite para o dia por Kyoshu-Sama (KYOSHU-SAMA, 2019, p. 251), onde o homem ganha a
permissão de ser purificado e não precisar mais sofrer, vivendo de acordo com a vontade de
Deus. Aqui vale uma melhor explicação do conceito de transição de eras, revelado a Meishu-
Sama.
Em 15 de junho de 1931, o fundador, em uma visita religiosa ao monte Nokoguiri,
recebeu a revelação sobre o começo da transição da noite para o dia no mundo espiritual.
Mas o que seria mundo da noite e do dia? O Mundo da noite significa uma época de escuridão,
onde reinam o sofrimento, o conflito e a dor, enquanto que o Mundo do dia é uma era de luz,
paz, saúde e prosperidade.
No mundo espiritual, por um longo período de 3 mil anos, se viveu na Era da noite.
Esta realidade se projetava no mundo material por meio de todos os horrores antes citados.
Pelo sol estar escondido, ou seja, pela força do elemento fogo, vindo de Deus, estar
adormecida, a lua, símbolo da noite é que regia. A força então que predominava era a do
elemento água, muitas vezes mais fraco que o elemento fogo. Por isso não se conseguia
eliminar as nuvens espirituais com facilidade e o ser humano estava fadado ao sofrimento da
purificação constante.
Com o alvorecer da nova era, segundo Meishu-Sama, todos os pecados estão sendo
iluminados pela luz de Deus e assim ele está fazendo a separação do bem e do mal, para a
preparação de um novo tempo. Nesta nova era a purificação se processa mais facilmente e o
ser humano, que por um longo tempo, junto com seus antepassados, foi construtor desta era
da noite e assim acumulou muitos pecados, se conseguir se adaptar a este processo, por estar
de acordo com a Vontade de Deus que lhe concedeu o perdão através da transição, se
transformará e viverá feliz.
36

O grande “transtorno” dito por Meishu-Sama é que com a intensificação da luz os seres
humanos vão passar por muitos sofrimentos purificadores, pela grande quantidade de nuvens
acumuladas. Para passar por isso da melhor forma, cabe a ele aprender o princípio do Johrei,
de que todos estes sofrimentos são ação de Deus e assim mudar sua percepção de mundo se
alinhando ao sonen da nova Era. Isto é estar de acordo com a Verdade, a Vontade Divina que
faz com que o ser humano seja instrumento da construção do Paraíso, que com o avanço da
nova era se torna mais fácil.
O trecho abaixo resume os pontos tratados anteriormente:

Durante a Era da Noite, o mal era ocultado pelas trevas, porque a Luz era
fraca. Agora, à medida que ingressamos na Era da Luz e que o fogo espiritual
se torna cada vez mais intenso, os métodos supressivos perderão sua
eficácia. Toda desonestidade, vício e outras atividades perversas serão
gradualmente reveladas, assim como todas as toxinas, dissolvidas e
eliminadas. Então, o mundo inteiro compreenderá que o único meio de
formar uma sociedade realmente feliz consiste em recorrer à Luz Divina para
a elevação espiritual e eliminação das condições negativas (IMMB, 2018).

Um último ponto a ser citado sobre o assunto é que a Nova Era já é uma realidade,
segundo a teologia messiânica. Para os messiânicos brasileiros isto não ficava muito claro por
causa da pouca quantidade, já citada na introdução do trabalho, de ensinamentos traduzidos
que traziam claramente esta temática. Neste sentido, a Escola da Espiritualidade trouxe nos
últimos tempos vários ensinamentos traduzidos em que Meishu-Sama fala sobre o fim da
transição e começo da Era do dia. Segue trecho exemplificando:

Há algum tempo venho explicando que chegou o momento da mudança para


o Mundo do Dia no Mundo Espiritual, onde até agora era o Mundo da Noite.
O Juízo Final é o momento em que essa mudança se apresentará
concretamente, e que já está bem próximo. Como eu tenho dito, tendo o dia
15 de junho de 1931 como ponto de partida, vem se operando
gradativamente a mudança para o Dia no Mundo Espiritual, com a grande e
decisiva ação purificadora ocorrendo no final. (...) Quando estiver
verdadeiramente em plena luz do dia, é que será o Mundo da Luz. A esse
respeito, dias atrás eu disse que, a partir do dia 15 de junho deste ano [1951],
o último nível – o Mundo Material – entra na derradeira fase para se tornar
plena luz do dia. Devo esclarecer que existe um plano para estabelecer, em
um prazo de dez anos, a partir deste ano, o alicerce do Mundo da Luz, ou
seja, do Paraíso Terrestre (GUEDES, 2019b).

Meishu-Sama então estabelece que por volta de 1961 a fase de transição terminará e
o mundo entrará na Era do dia. Outro ponto importante do trecho acima é a citação do juízo
37

final, próximo item a ser discutido. Okada afirma que ele é “o momento em que essa mudança
(a transição) se apresentará concretamente”. Como isso se dará? O juízo final já aconteceu?
O fundador afirma que este processo acontecerá gradativamente, pois “se necessita de um
tempo de preparação e depois outro para a arrumação após a transição” (GUEDES, 2019b). Este
ponto nos leva ao tópico principal deste trabalho acadêmico.
38

6. JUÍZO FINAL

Antes de iniciar o argumento principal é preciso fazer uma diferenciação. Meishu-Sama


estabelece que julgamento e juízo final são coisas diferentes feitas por Deus.

O julgamento comum e o juízo final não são a mesma coisa. Deus nos julga
sempre em nosso dia-a-dia – esse é o Seu julgamento comum, mas no Seu
Grande Julgamento, toda a humanidade será julgada. Deus decidirá Seu
veredito final no Grande Julgamento e separará o Bem do Mal (MEISHU-
SAMA, 2019d)

Okada então coloca o grande julgamento como um evento de enorme proporção e que
alcançará toda a humanidade. Há outro ponto importante. Na teologia cristã, em Apocalipse,
é colocado que, através do testemunho4 dos cristãos se luta para destruir o mal, pois “A lei do
pecado penetra na vida das pessoas, nas situações e nas estruturas da sociedade. Para fazer
o bem é preciso destruir a força do mal, emancipar-se dessa lei do pecado pessoal e coletivo.
(GORGULHO; ANDERSON, 1981, p. 147). ” Esta percepção se assemelha ao ponto da separação
do bem e do mal do trecho acima. Nos ensinamentos de Meishu-Sama é possível ver que esta
transição ocorre em vários âmbitos, do comunitário ao individual, e isto será melhor
detalhado mais à frente no trabalho.
Com relação a esta ligação com o cristianismo, o próprio Meishu-Sama se refere ao
Juízo Final como uma profecia de Jesus Cristo que remete a ideia de transição da era da noite
para a era do dia. Ele afirma que, por Cristo ser alguém tão sagrado, seguido por milhares de
pessoas, não há como sua previsão ser falsa e por isso os messiânicos, mesmo não sendo
cristãos, devem acreditar nela piamente.
É interessante perceber que comentários como esses colocam mais uma vez a religião
messiânica como aberta ao diálogo inter-religioso, inclusive, em alguns ensinamentos do
fundador, colocando com centralidade a revelação feita a Jesus Cristo, por exemplo.

4
Segundo o livro “Não tenham medo – Apocalipse”, de Gorgulho e Anderson (1981, pp. 110-111), “Pelo
testemunho dos cristãos, os perseguidores e todas as nações devem se colocar diante da alternativa decisiva:
ou aceitar o falso absoluto dos ídolos e dos poderes que escravizam e assim caminhar para a morte, ou então
aceitar a verdade de Cristo, convertendo-se e caminhando para a plenitude final da vida”. O testemunho faz
parte da missão profética dos cristãos para com o mundo a fim de auxiliar na salvação do maior número de
pessoas do fim no grande juízo divino.
39

Por esta posição de protagonismo de Cristo existir é que talvez seja muito importante
fazer tentativas de paralelos entre sua teologia e a de Okada em alguns pontos no assunto do
Juízo Final. Um destes tópicos é o de sinais do fim do mundo.
6.1. SINAIS DO FIM DO MUNDO

No Apocalipse, livro da bíblia que trata do juízo final, as quatro primeiras trombetas
são “sinais precursores do julgamento de Deus sobre a Cidade Santa (GORGULHO; ANDERSON,
1981, p. 102). ” Com eles, existem sinais que se espalham na terra, no mar, nas estrelas:

São sinais da intervenção divina na vida do seu povo. Mas também levam
consigo o último apelo de conversão. Pois a ruína de Jerusalém deverá ser
um sinal daquilo que Deus quer do povo que ele educara e preparara para os
novos tempos (GORGULHO; ANDERSON, 1981, p. 102).

De forma semelhante, na teologia messiânica, a grande purificação que a transição da


era da noite para a era do dia está acarretando demonstra que para Deus o tempo do
afastamento do homem de Sua lei já terminou. Um exemplo usado por Meishu-Sama, no
mundo real é a situação do Japão, na década de 40.

Atentem, por exemplo, para a grande transformação ocorrida no Japão, que


fica no extremo leste do planeta, ou seja, o país do sol nascente. Nele já se
iniciou o fim da cultura da noite, ou seja, da cultura existente. Observem,
entre outros fatos, o colapso de cidades de grande importância cultural, a
situação calamitosa da economia e da indústria, a queda dos líderes e o
declínio das classes privilegiadas. Tudo isso é consequência da mudança a
que nos referimos (IMMB, 2017a, pp. 120-121).
Os desequilíbrios nos mais variados setores da vida humana são sinais da Luz Divina,
apelos para a conversão, antes do Juízo Final, onde a purificação se tornará mais intensa e
possíveis mortes poderão acontecer pelo ser humano não se adaptar à nova era.

No momento em que as nuvens espirituais começarem a ser purificadas para


corresponderem à claridade, se isso se restringir a doenças, ainda estará
bom. Caso contrário, se esse processo se intensificar, dentre outras coisas,
as pessoas não resistirão e acabarão morrendo. O fato de a doença vir aos
poucos é bom. Se viesse de uma só vez, seria fatal. O Juízo Final é isso. (...).
Se ocorresse de uma só vez, as criaturas perderiam suas vidas. Haveriam
mortes em massa. Deus quer evita-las e, por conseguinte, manda avisos. É
vontade d’Ele que a humanidade seja avisada e salva (IMMB, 2017a, p. 69).
O maior sinal, para Meishu-Sama, de que este tempo está na iminência de acontecer,
é a existência da bomba atômica, capaz de dizimar milhares de seres humanos em segundos.
40

Deus com seu grande amor não pode deixar que algo assim aconteça com sua criação e por
isso freia, através da Sua vontade, o instinto humano pela guerra e agora se revela através da
transição de eras. Além disso, por Jesus Cristo ter também ter profetizado a chegada do reino
dos céus, Okada afirma que apesar da existência do juízo final, haverá depois dele a
construção de um Paraíso na Terra, conduzido por Deus. Uma das tarefas do messiânicos é
testemunhar, através da sua prática de fé, estas realidades.

6.2. O TESTEMUNHO E A TAREFA DOS MESSIÂNICOS PERANTE O FIM

Na bíblia, com a iminência do grande julgamento, o povo de Deus recebe uma nova
missão profética. Direcionados para todas as nações, os “cristãos devem interiorizar a Palavra
e fazer gestos proféticos diante da comunidade (GORGULHO; ANDERSON, 1981, p. 110).”. O
testemunho, como já falado anteriormente, é parte da sua missão para a tentativa de salvação
do mundo.
Meishu-Sama, no começo de sua missão, afirmava que se devia trabalhar o mais
“silenciosamente” possível, dando aos milagres o protagonismo na difusão da mensagem de
Deus. Este ponto trouxe a centralidade na prática do Johrei que a doutrina messiânica ainda
possui hoje em todo o mundo.

Então, o que fazer para derrotar o pensamento materialista? É preciso avivar


o sentimento religioso no ser humano. Para isso, como sempre pregamos, o
fundamental é fazer reconhecer a existência invisível de Deus. E o milagre é
o único meio para tal (IMMB, 2017b, p. 56).

Porém, em certa altura do trabalho missionário de Okada, ele começou a rever sua
posição inicial, devido ao que definia como “grande proximidade com o Juízo Final”. Um
exemplo está no texto a seguir, que é uma transcrição de um trecho da palestra de Meishu-
Sama no Hibiya Public Hall, em Tóquio:

Todavia, a época em que a Era da Noite se transforma em Era do Dia, se


aproxima cada vez mais. Por essa razão, para salvar as pessoas, é preciso que
o maior número delas tome conhecimento disso, o quanto antes. Assim
sendo, hoje é a primeira vez que falo diante de um público tão numeroso
(IIMMB, 2017a, p. 70).

Além disso, Okada ainda estende esta missão para todos seus discípulos, colocando
que, por todos encarnarem a Vontade Divina, estão “repetidamente advertindo por meio da
palavra oral e escrita (FUNDAÇÃO MOKITI OKADA, 2017a, p. 112). ”.
41

Entretanto, muito antes desta abertura para profetizar a sociedade, Meishu-Sama já


mostrava outro modelo que permeia seus ensinamentos, contendo a percepção do princípio
do Johrei (já discutido anteriormente), seu incremento no Mundo Espiritual e sua existência
personificada na partícula divina, a Luz interior do ser humano, através da elevação espiritual,
fazendo com que toda a sociedade se transforme a partir da unidade. Isto é descrito na
palestra de abertura da Dai Nipon Kannon Kai em 1° de janeiro de 1935:

O mundo é formado por países, constituídos pelo conjunto de seres


humanos; os países são constituídos de cidades, bairros e vilas; estes são
compostos de famílias e as famílias, de indivíduos. Por isso, se o indivíduo,
que é a unidade, não for salvo, não há condições para que o mundo o seja.
(...) O indivíduo é salvo e se aperfeiçoa; ampliando-se isto, o mundo será
salvo e se aperfeiçoará. Assim, em primeiro lugar, é preciso que o indivíduo
seja salvo. Se o lar é o modelo do mundo, este estará salvo quando aquele se
tornar um paraíso e se salvar (LUZ DO ORIENTE, 2002, p. 18).

A construção de habitantes do paraíso, por meio do aperfeiçoamento através do


caminho da fé, como dito acima, remete a ideia de “interiorizar a Palavra”, a mensagem da
teologia cristã. Para Meishu-Sama, ela é a melhor forma de encaminhamento de pessoas a fé,
a conhecer Deus e transformar o mundo, pois parte de uma premissa espiritual. Como falado
anteriormente, a mudança no âmbito espiritual se materializa também no plano material.
Na teologia messiânica, o Juízo Final também é a materialização da mudança no mundo
do espírito. Fica a dúvida de como ele ocorre e do que acontecerá verdadeiramente.

6.3. O QUE CARACTERIZA O JUÍZO FINAL?


No ensinamento “O juízo final” (IMMB, 2017a, pp. 111-114), presente no livro Alicerce
do Paraíso, da IMMB, Okada articula comparações, sobre o assunto do título, entre a
revelação cristã, baseada na bíblia, e o ensinamentos da Oomoto 5 , presentes no livro
ofudesaki6 e os esclarece com base na sua intuição espiritual. Assim, se usa de vários trechos
de ensinamento que afirmam que o grande julgamento significa o fim do mundo do mal por
meio do aumento da luz de Deus por conta de transição de eras.

5
Religião japonesa fundada por Nao Deguchi (1836-1918) em 1892.
6
Um dos livros sagrados da religião Oomoto.
42

Como falado anteriormente, os grandes desequilíbrios são sinais para a mudança de


concepção de uma sociedade materialista que não leva em consideração a existência de Deus.
São, portanto, parte da destruição do prédio velho, exemplo recorrente de Meishu-Sama.

Seria uma felicidade se o Paraíso Terrestre pudesse ser estabelecido sem que
nada precisasse ser mudado. Contudo, como se trata da construção de um
mundo novo, ideal, é indispensável que se faça uma prestação de contas do
velho mundo. É como na construção de uma nova casa, quando se fazem
necessárias a demolição da casa velha e a limpeza do terreno. Naturalmente,
existirão muitas coisas úteis da casa velha que serão poupadas.
Evidentemente, esta seleção será feita por Deus (IMMB, 2017a, p. 12).

O grande julgamento seria a prestação de contas do mundo do mal, da noite, onde os


setores da vida humana serão iluminados, seus erros demonstrados e corrigidos. Mas, tudo
que já estiver de acordo com a nova era será “aproveitado”, o que explica porque a teologia
messiânica orienta o ser humano a entrar em “sintonia” com a nova era e suas atividades,
afim de diminuir o sofrimento. Esta também é a missão do Johrei. Ele é uma forma de
materialização do Juízo Final por meio do messiânico:

(...) a purificação do espírito pelo fogo atribuída a Jesus Cristo só pode ter o
mesmo significado do Juízo Final, que está prestes a chegar. (...) aquilo que
estamos realizando atualmente – o método de purificar o espírito por meio
do espírito -, nada mais é que o batismo pelo fogo (IMMB, 2017a, p. 114).

É importante reiterar que essa transformação só atingirá o que é mal e não condiz com
a nova era. No seu zênite 7 a transição se tornará muito evidente e será caracterizada pelo
colapso total da cultura da era da noite em escala mundial (IMMB, 2017a, p. 121).
O seguinte trecho do ensinamento de Meishu-Sama (2019e) “Prefácio de Criação da
Civilização” resume os pontos acima explicados:

Enquanto, por um lado, avança a construção de pequenos modelos do Reino


dos Céus na Terra, por outro lado, a limpeza da velha civilização em escala
global finalmente terá início. Isso nada mais é que o início do Juízo Final, que
separará o Bem do Mal. Resumindo, a humanidade entrará num período em
que o Mal perecerá e o Bem prosperará. Isso resultará em um número de
vítimas além da imaginação. No entanto, com o Seu grande amor, Deus
deseja minimizar esse número, tornando-o o menor possível.

7
Segundo o dicionário aulete digital significa ponto ou grau mais elevado; apogeu; auge; culminância; pino.
43

Mas surge a questão: Meishu-Sama não explicou que o fim da transição ocorreria por
volta de 1961? Para responder isso levaremos em conta o aspecto antropológico do juízo final.
No ser humano o mal é caracterizado por sua consciência egoísta e apegada ao seu
próprio “eu” que não deixa a natureza divina livre para atuar. Portanto ela também é alvo do
juízo final e tem que passar pela “destruição, aproveitamento do que pode ser reaproveitado
e construção do novo”. O quarto líder espiritual, Kyoshu-Sama explica sobre sua percepção
deste ponto nos trechos abaixo:

Com relação ao termo “final” da expressão “Juízo Final”, creio que ele
simbolize a nossa autoconsciência.

O ponto de partida da nossa existência é o Paraíso – dimensão inicial da


Criação – e o ponto de chegada é a autoconsciência – a dimensão final da
Criação. É assim que nos tornamos o “eu do presente”.

Será que a expressão “Juízo Final” não é utilizada porque, de fato, o que será
julgado é a nossa consciência – que é a dimensão final da Criação? Como
responsáveis pela última dimensão da Criação, se reconhecermos que o
julgamento terminou e que, junto com todos os seres, fomos perdoados e
se, depois disso, retornarmos ao Paraíso – que é a dimensão inicial –
poderemos, verdadeiramente, encerrar o “Juízo Final” (KYOSHU-SAMA,
2019, p. 232).

Para compreender de forma melhor o texto acima é importante entender que a


teologia proposta pelo atual Kyoshu toma o Paraíso como o mundo do início, de onde todas
as existências surgiram e para onde todas elas irão. Além disso, ele dá muita importância ao
termo “perdão” que para ele tem o mesmo sentido da transição da era da noite para era do
dia. Por Deus ter perdoado os pecados é que ele os deixa serem purificados, algo que não
acontecia antes da transição.
Os pontos orientados pelo líder espiritual para finalizar o Juízo Final são o
reconhecimento de que o “julgamento terminou e que, junto com todos os seres, fomos
perdoados” e retornamos ao Paraíso. Isso coloca o fim do Juízo nas mãos do homem e nos
lembra a importância, já citada, da conversão a Deus e da elevação espiritual. No interior dos
homens, segundo sua teologia, os pensamentos, sentimentos e ações do ser, todos devem ser
devolvidos para Deus, para que Ele os utilize da melhor forma, pois só Ele sabe julgar o que é
o bom ou ruim e o que serve ou não na Sua Obra. Esta percepção tem ligação com o
“aproveitamento” de materiais para a construção da nova casa, ensinado por Meishu-Sama.
44

Enquanto o ser humano e o mundo não reconhecerem a existência de Deus presente


em todos os fatos o juízo continuará a atuar. O juízo final já aconteceu e ainda está
acontecendo, portanto, a Era do dia já é uma realidade, só que o mundo ainda não tem olhos
para ver, pois os seres humanos ainda não decidiram por construir o Paraíso, como explicado
no capítulo da “missão do homem”. Para isso, a teologia messiânica pede o seu
arrependimento e conversão.

6.4. ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO

Para a transformação do mundo em Paraíso o mal que se encontra dentro do coração


humano tem que ser destruído. Como ficou estabelecido antes, este mal só pode ser desfeito
pela Luz advinda da transição de eras.
Meishu-Sama explica que sem saber disso, em busca da felicidade, o homem através
de sua própria força tentou vencer o mal, sem levar em conta a existência de Deus.

É desnecessário dizer que, por trás do objetivo de atingir o progresso, havia


o desejo da humanidade de alcançar um mundo de eterna paz em que todos
possam viver felizes. No entanto, para a concretização desse ideal, o ser
humano acreditou que bastava simplesmente promover o progresso da
cultura material e considerou a ciência materialista como o único meio para
isso, não dando atenção a mais nada. (IMMB, 2017a, p. 74).

Com esta postura, o homem impulsionou a cultura material, que também era
necessária para o plano Divino, mas ao mesmo tempo chegou a um beco sem saída,
exemplificado por Okada pela criação da energia atômica, que se usada para o mal pode
dizimar o próprio ser humano.
Para sair do inferno que ele próprio criou, o homem tem que perceber seus erros que
estão sendo iluminados pela nova era, se arrepender e se converter ao verdadeiro bem, como
acontece para o crescimento do espírito desencarnado no mundo espiritual. O reverendo
Nakahashi (2008) fala sobre a ligação do arrependimento com o juízo final:

Tanto o Ensinamento quanto o salmo de hoje são bastante severos ao


fazerem referência à necessidade de arrependimento relacionada ao Fim do
Mundo, sendo que o termo ―arrependimento, nesse contexto, significa
mudarmos o nosso modo de pensar. Por exemplo, no decorrer da Era da
Noite, prevalecia o conceito de que era a matéria que precedia o espírito,
portanto o lado mais importante correspondia à matéria, para só depois vir
o espírito. Só que, com a proximidade da Era do Dia, é preciso haver a
45

inversão dessa ordem, já que o espírito tem importância muito maior que a
matéria.

Em outro texto, o reverendo fala com mais detalhes da ligação do arrependimento com
a criação do Reino dos Céus na Terra, o que dá ao homem a responsabilidade de finalizar a
prestação de contas, como mostramos anteriormente nas palavras de Kyoshu-Sama:

De acordo com os Ensinamentos de Meishu Sama, para que o Reino do Céu


seja, verdadeiramente, estabelecido na Terra, é preciso que antes ocorra em
nosso interior uma transformação radical, ou seja: torna-se indispensável o
arrependimento de cada ser humano. Em princípio, esse é um conceito difícil
de ser entendido, mas, na verdade, corresponde à mudança da Noite para o
Dia, à passagem das trevas para a Luz, tanto no que concerne a pensamentos
em geral quanto no que diz respeito às nossas próprias atitudes (NAKAHASHI,
2008).

Após o arrependimento, é necessário se converter ao bem para não voltar a agir pela
força humana apenas e ter que prestar contas pelo seu mal. Mas conversão ao que? Meishu-
Sama não estabelece conversão a sua religião, como já ficou claro em seu caráter inter-
religioso, mas ao Deus Supremo. No homem ele se materializa na partícula divina.

Naturalmente, a força que nos arrasta à prática do mal pertence ao Espírito


secundário, e a que nos conduz pelo caminho do bem, ao Espírito Guardião.
Como, além destes, temos o Espírito Primordial, que determina o Absoluto
Bem, precisamos fazer algo para aumentar-lhe o poder de atuação porque
essa é a força que domina o mal pela raiz. Sendo assim, o único recurso é
adorar a Deus e solidificar a fé. Não existe outro meio para se obter a
felicidade (IMMB, 2008a, p. 16).

A adoração a Deus dentro de si é a criação de um vínculo que, com a solidificação da


fé, segunda a teologia messiânica, faz o ser humano sentir e entender a presença de Deus na
condução de todos os fatos, até do Juízo Final.
46

7. A PRESENÇA DE DEUS, A VINDA DO MESSIAS E A CHEGADA O REINO DOS CÉUS NA


TERRA
Para a doutrina messiânica, em todos os tempos, Deus esteve fora, mas ao mesmo
tempo dentro do ser humano. Na Era da noite esta percepção não era possível por causa da
escuridão no mundo espiritual que se materializava no mundo e no interior das pessoas. Isso
gerou o ateísmo e a ideia de que Deus, se existisse, seria alguém que observa o ser humano
de longe. Meishu-Sama então revelou que, ao contrário do que se convencionou a acreditar
na civilização materialista da atualidade, Deus se encontra no interior do ser humano através
de seu espírito protetor primordial e fora dele derramando Sua luz no mundo através da
transição de eras e do juízo final, querendo chamar todos para o arrependimento dos erros
de toda a era da escuridão e a conversão ao Supremo Deus. Sobre todos estes pontos, o quarto
líder espiritual pontua no trecho abaixo:

Apesar de Deus – o Pai da vida – estar vivo dentro de nós, viemos ignorando-
O. Mundo das Trevas é o estado de espírito no qual não percebemos nossa
ignorância em fazer isto. Entendo por Mundo da Luz o estado de espírito no
qual nos damos conta dessa ignorância. O fato de perceber já não seria uma
demonstração de que um feixe de luz penetrou a escuridão de nossos
corações – chamada ignorância? Não estaria a luz iluminando as trevas
(KYOSHU-SAMA, 2019, p. 232)?

No caminho do perceber, se arrepender e se converter ao Supremo Deus existe a


necessidade da evolução espiritual para que o ser humano se torne um ente Divino que se
despojou de todas as mazelas materialistas que não levam Deus em consideração no seu ego.
A estrada apresentada para Meishu-Sama para se conseguir o intento de ser habitante
do Paraíso é entregar a individualidade e se deixar levar pela vontade Divina, purificando seu
espírito das máculas, enfraquecendo o espírito secundário, entrando em contato com a alma
e com o princípio do Johrei existente nela que jorra do mundo espiritual. Esta formula está
muito bem descrita por Okada no trecho a seguir:

As máculas surgem porque falta força, isto é, Luz ao Espírito Primordial, de


natureza Divina. Portanto, para livrar-se delas, o homem precisa contar com
o apoio da religião, ter fé e manter sempre em vista o Todo-Poderoso. Se ele
agir dessa forma, a Luz de Deus penetrará na sua alma, através do elo
espiritual, diminuíndo-lhe as máculas. O espírito mau padecerá com isso e,
intruso que é, abandonará imediatamente sua vítima, fazendo com que o
Espírito Secundário se retraia e fique sem ação para o mal (IMMB, 2008b, p.
94).
47

Meishu-Sama no recorte acima não afirma qual religião ou fé devem ser seguidas, mas
explica que o Todo-Poderoso, o Deus Supremo, não deve ser tirado de vista. Isso mostra que
por mais que existam níveis de religiões e divindades, como o fundamento delas é um só e
está dentro do ser humano, cabe a ele entrar em contato com o divino independentemente
da doutrina a que segue. Esta explicação é similar à de Okada que explica que “Não é a
doutrina, mas sim a Luz de Deus que transforma uma pessoa. (IMMB, 2018, p. 14) ”.
Do mundo espiritual, esta Luz é emanada pelo próprio Messias, o senhor da salvação.
Quanto a esta figura teológica, como já falado no capítulo 3, Meishu-Sama quando nasceu de
novo afirma que por ele ter vindo é que a humanidade seria salva. Esta percepção cria duas
vertentes para a importância deste evento: a primeira acredita que com a elevação espiritual
o espírito se liga ao Messias Meishu-Sama para a salvação, enquanto a segunda, ligada a
teologia proposta pelo Kyoshu atual, acredita que com o crescimento espiritual o próprio ser
humano vai nascer de novo como Messias e se tornar uno a Meishu-Sama. Serão então
“várias” vindas do Messias. As duas levam em conta a importância do Messias para a salvação
do juízo, como dito por Okada no seguinte trecho: “A propósito, também devemos pensar
que, para ficarmos absolutamente livres da destruição atômica, é necessário transformar o
mal em bem, conforme já explanei. E quem poderia ter poder para isso a não ser o próprio
Messias? (IMMB, 2017a, p. 76) ”.
Independentemente de qual posição, a teologia messiânica estabelece taxativamente
a posição do homem de senhor do fim do juízo final por meio da decisão de construir o Paraíso
Terrestre se tornando um ente celestial. Este ponto fica explícito no seguinte poema de
Meishu-Sama: “Quando todos os homens abrirem as portas dos seus corações, desaparecerão
as trevas que envolvem este mundo (POEMAS ... 2009, p. 8) ”.
O mundo formado por seres que controlam suas características animais e que se
deixam conduzir pela força divina e tornam-se divinos será o reino dos céus na terra. Okada
estabelece isso no trecho de ensinamento abaixo:

O ser humano se transforma em animal, quando se degenera, e em ser


divino, quando se eleva. Esta é uma verdade imutável. O ser humano é
realmente um ser intermediário entre Deus e o animal. Nesse sentido, o
autêntico civilizado é aquele que se libertou da característica animal. Creio
que o progresso da cultura significa a evolução do ser animal para o ser
48

divino. E qual é o lugar onde seres divinos se reúnem, senão o Paraíso


Terrestre (IMMB, 2017a, p. 87-88)?

Com o reino dos céus estabelecido, as coisas da noite finalmente terão acabado e a
felicidade reinará para os homens, com Deus em evidência dentro deles. Estas afirmações
remetem a percepção de novo mundo do Apocalipse:

Eis a presença de Deus com os homens. Habitará com eles; eles serão o seu
Povo, e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos
olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem choro e nem dor. As
coisas antiga desapareceram (GORGULHO; ANDERSON, 1981, p. 193)!
49

Conclusões

Retome pontualmente os resultados ou a relação entre bibliografia e o problema do


artigo. Saliente as contribuições específicas de seu trabalho para a temática escolhida
(calibri 12, espaçamento 1,5, justificado)

Sugestão: uma a duas páginas.


50

Referência
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e do Japão. 2. ed. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2016
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