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Segundo Scliar (2007) o que se entende por saúde reflete a conjuntura social,
econômica, política e cultural. No Brasil, a saúde se torna um direito para todos a partir da
Constituição de 1988. Em 1990 o SUS é regulamentado, construído por movimentos sociais
sob os princípios de universalidade, gratuidade, integralidade e descentralização.
Muitos chegam à Saúde Pública sem o devido preparo para assumir esse contexto de
trabalho. Para Silva e Corgozinho (2011), não há referenciais teórico-metodológicos específicos
capazes de suprir os afazeres do profissional nesse campo, devido à implantação do SUAS
(assim como do SUS) ser muito recente, bem como o fato de não se buscar, nas produções
psicológicas já existentes, a base teórico-conceitual e metodológica para o desenvolvimento das
atividades. Além de questões como a inexistência de um local que permita práticas diferentes
das já estabelecidas e a ausência de preparo para atender as demandas sociais.
“O encontro com essa clientela inédita, vinda dos segmentos mais pobres da população,
promoveu novos questionamentos e impôs alterações tanto na atuação quanto na formação dos
psicólogos” (Neto, 2010a). Essa postura individualista contraria o compromisso social e o
conceito de saúde do SUS. Dessa forma, nos cabe indagar como se dá a atuação do psicólogo
no contexto da Saúde Pública.
O SUS está dividido em três níveis de atenção: o nível primário (também chamado de
Atenção Básica), procedimentos que requerem menos tecnologia ou equipamentos podem ser
realizados para resolver a maioria dos problemas da população, é a porta de entrada do usuário
no sistema de saúde; o nível secundário, destinado a atender problemas de saúde que requerem
pessoal especializado e recursos mais sofisticados do que o nível primário, e o nível terciário,
com procedimentos, técnicas e custos muito complexos. A presença de equipes
interdisciplinares no primeiro nível de atenção que desenvolvam ações intersetoriais é
fundamental para o cuidado integral da saúde. “O psicólogo, nesse contexto, oferece uma
importante contribuição na compreensão contextualizada e integral do indivíduo, das famílias
e da comunidade” (Böing e Crepaldi, 2010).
A Saúde Pública inclui uma parcela significativa de psicólogos no Brasil, mas o uso de
técnicas é limitado principalmente pelo desconhecimento sobre o SUS e pela falta de formação
e preparo profissional, o que dificulta muito o trabalho nessa área. O serviço se reduz a uma
clínica clássica voltada para o indivíduo com cuidado de longo prazo que não leva em
consideração o contexto sociocultural em que o paciente vive. Ademais, os psicólogos, como
outros profissionais, são colocados em suposta igualdade em equipes multiprofissionais, mas
trabalham em um estado de subordinação na hierarquia interna do campo, dominado pela área
médica.
O saber fazer psicológico tornou-se essencial para a atuação no campo das políticas
públicas, especialmente no SUAS. Isso porque a subjetividade está intimamente relacionada
ao mundo social do sujeito e, portanto, a seus direitos, autonomia, necessidades humanas,
família e seu contexto no território. O psicólogo devem atuar no sentido de compreender as
redes interativas das comunidades e dos territórios, bem como a relação singular de pessoas e
grupos que ali vivem, e a relação destas com o ambiente que as cercam.
O SUAS é uma Política Pública da Seguridade Social, extremamente recente, que está
em processo contínuo de construção, se organiza de forma descentralizada e participativa os
elementos precisos para a execução dos serviços, programas, projetos e benefício
socioassistencias com qualidade, baseando-se nos princípios de universalidade, gratuidade,
integralidade, intersetorialidade e equidade. Para atingir seus objetivos, o SUAS viabiliza
diversas medidas para reduzir e prevenir a vulnerabilidade e os riscos sociais decorrentes do
ciclo de vida, deterioração das relações familiares e sociais.
O CREAS é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas
famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos, como:
violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar
devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono; trabalho infantil;
discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; cumprimento de medidas socioeducativas,
entre outras. Além de orientar e encaminhar os cidadãos para os serviços da assistência social
ou demais serviços públicos existentes no município, no CREAS também se oferece
informações, orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à documentação pessoal e
estimula a mobilização comunitária. (MDS, 2015b). A articulação no território é fundamental
para fortalecer as possibilidades de inclusão da família em uma organização de proteção que
possa contribuir para a reconstrução da situação vivida.
Conclusão