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Perguntas psicologia comunitária

De que modo é que os valores da psicologia comunitária orientam o trabalho do


psicólogo comunitário? 3v (Inês Duarte)
Os principais valores da psicologia comunitária são: o bem-estar individual, o
sentimento de comunidade, a justiça social, a participação cívica, o respeito pela
diversidade e a fundamentação empírica. Através destes valores, o psicólogo
comunitário guia as suas intervenções por forma a promover os mesmos dentro da
comunidade. Relativamente ao bem-estar individual, o psicólogo pode promover a
saúde física e psicológica através de campanhas de sensibilização relativas á saúde tais
como higienização dentária, sexualidade, métodos contracetivos, entre outros,
integrando especialistas nestas áreas tais como dentistas e médicos. Pode também, em
colaboração com o centro de saúde, organizar consultas de planeamento familiar para
jovens que engravidem precocemente (e.g. a abortar caso não queiram a gravidez ou a
arranjar métodos contracetivos mais indicados) ou mesmo para acompanhar as mesmas
durante o processo de gravidez. No que toca ao sentimento de comunidade, este valor
remete para o sentimento de pertença e a ligação que se pode estabelecer entre os
indivíduos da mesma comunidade, por isso o psicólogo tentará neste caso trazer esse
sentimento á comunidade, uma vez que em muitas sociedades ele não existe. O técnico
pode tentar desenvolver dinâmicas de grupo onde os membros tenham de depender uns
dos outros para chegar a um objetivo final por forma a desenvolver competências como
a empatia, a união e a comunicação entre eles, pode também realizar focus group por
forma a resolver problemas e abordar temáticas individuais e da comunidade. Em
relação á justiça social, esta enuncia que deve existir igualdade relativamente á
distribuição dos recursos, das oportunidades e da participação na sociedade, o psicólogo
pode desenvolver iniciativas que promovam esta igualdade e que promovam a
participação dos membros da comunidade tais como workshops que integrem todas as
faixas etárias, criar uma associação de moradores onde estes possam expor os seus
problemas e onde possam receber ajuda especializada, trabalhar com entidades como o
IEFP e a segurança social por forma a criar oportunidades de emprego e ajuda
monetária, entre outros.
Relativamente á participação cívica, esta remete para o empowerment dos indivíduos
com vista á mudança individual e coletiva promovendo a participação dos indivíduos
em todos os assuntos da comunidade. Nesta área o técnico pode intervir a nível
individual fornecendo apoio individualizado às necessidades, fazendo campanhas de
sensibilização face á participação dos membros em atividades políticas relacionadas
com a comunidade (e.g. promover o voto), entre outos.
No que concerne ao respeito pela diversidade, este valor enuncia que é necessária haver
uma valorização da diversidade das comunidades relativamente a aspetos como o
género, a etnia, a raça, o estatuto socioeconómico, etc. Por forma a promover esta
diversidade, o psicólogo pode elaborar sessões de grupo que integrem famílias de várias
etnias, raças, etc. na comunidade, pode também promover a aculturação e inclusão
elaborando atividades de partilha de costumes mostrando aos outros moradores um
pouco sobre a sua história cultural e racial, promover também ações de sensibilização
face às diferentes orientações sexuais e á comunidade LGBT+.
Por fim, relativamente á fundamentação empírica, esta refere que é necessário existir
investigações que promovam o melhor conhecimento sobre os obstáculos relativos a
mudança das comunidades, aos fatores ambientais e ao aumento das estratégias de
mudança comunitária.

Defina psicologia comunitária? 3v (Inês Duarte)


A psicologia comunitária surgiu no século XX, mais concretamente nos anos 60, por
forma a ultrapassar as limitações que a psicologia clínica tradicional apresentava na
altura relativamente à promoção da saúde mental em comunidade. Essencialmente a
psicologia comunitária é uma área que estuda a forma como os indivíduos são
influenciados pelos fatores da sociedade (e.g. economia, cultura, política, etc.), e a
forma como eles se relacionam com a mesma. A psicologia comunitária engloba áreas
como a psicologia social, a sociologia, as ciências políticas, psicologia clínica, entre
outras. Apesar da psicologia comunitária ter sido desenvolvida por forma a ultrapassar
as limitações da psicologia clínica, ambas são semelhantes em alguns aspetos. À
semelhança da psicologia clínica, a psicologia comunitária foca-se na resolução de
problemas, no entanto, estas diferem na medida em que a psicologia clínica atua a nível
da resolução dos problemas individuais de um sujeito e a psicologia comunitária atua
nos problemas sociais que levam a que o indivíduo desenvolva os problemas individuais
acima referidos, ou seja, a psicologia comunitária atua no ambiente onde o indivíduo se
insere e focaliza a sua atenção na resolução dos problemas associados a esse ambiente
que levam ao mau estar do indivíduo.
No que toca às áreas como sociologia e psicologia social, a psicologia comunitária, à
semelhança dessas áreas, também aborda os problemas como um todo, tentando
compreender o comportamento dos indivíduos e como estes estão inseridos na
sociedade, no entanto estas diferem dado que, a psicologia comunitária apresenta uma
abordagem mais orientada para a parte psicológica centralizando o seu apoio na
resolução de problemas criando soluções para os mesmos e atuando de forma imediata.
A psicologia comunitária tem como principais objetivos a promoção da saúde e do bem-
estar tanto da comunidade como do indivíduo, o melhor funcionamento da sociedade
como um todo, a promoção da mudança social e da diversidade reivindicando direitos
básicos tais como os direitos das mulheres, os direitos das crianças, os direitos das
pessoas com deficiência, etc. A psicologia comunitária promove também a igualdade
entre géneros, a igualdade de oportunidades a todos os níveis (e.g. sociais, escolares,
laborais, etc.), luta também contra a discriminação nas mais variadas formas, entre
outros.
O psicólogo comunitário, nos momentos de intervenção, desenvolve e implementa
programas orientados para a ação com o objetivo de promover a diversidade, a criação
de ligações entre os indivíduos e os grupos da comunidade, promover a integração das
minorias na comunidade e proporciona auxílio face aos problemas que a comunidade
enfrenta.
O psicólogo comunitário pode trabalhar em locais como escolas, instituições
governamentais, equipas multidisciplinares, organizações, institutos e em consultoria
privada ainda que esta última não seja muito comum de existir.
Durante as suas intervenções o psicólogo comunitário elabora várias atividades que
promovem a integração tais como seminários, campanhas de sensibilização, visitas
domiciliárias, workshops, focus group, apoio individualizado, orientação profissional,
entre outros.
Em suma, podemos afirmar que a criação da psicologia comunitária mostrou ser uma
mais-valia para as comunidades no geral bem como para os seus integrantes,
ultrapassando as limitações da psicologia clínica e providenciando auxilio face aos
problemas da comunidade através da criação de ações integrativas e desenvolvidas em
contexto de comunidade, fornecendo um apoio direto às famílias, minorias e grupos
excluídos socialmente. É também importante salientar que é necessário continuar a
trabalhar por forma a integrar mais psicólogos comunitários nas diferentes comunidades
e mais recursos para que estes tenham capacidade para continuarem a desenvolver
projetos e atividades de promoção da saúde e bem-estar da sociedade.

Indique o contributo de diferentes indivíduos e entidades para o surgimento da


psicologia comunitária (3 valores)-DU
A psicologia comunitária surge num contexto onde a sociedade tinha problemas e não
sabia como e de que modo intervir. Devido à mudança a que eram submetidos, os
indivíduos inseridos nas comunidades sentiram necessidade de criar novas metodologias
para aceder e tratar os fenómenos sociais das formas mais adequadas a cada problema
tendo em conta as limitações que a psicologia clínica tradicional não conseguiria
intervir. As condições degradantes dos hospitais psiquiátricos também contribuíram
para o surgimento da prestação de serviços no âmbito da saúde mental sendo que foi
durante a presidência de John F. Kennedy, nos EUA, que este defendeu que os doentes
mentais deviam ser vistos como pessoas normais apesar dos seus problemas, e com isto
a necessidade de promover uma visão positiva sobre a saúde mental na comunidade.
Assim, foram desenvolvidos os centros de saúde mental comunitários que estiveram na
base de um novo paradigma de intervenção comunitária onde os doentes mentais
podiam ser mantidos fora das instituições através de serviços comunitários e onde seria
uma mudança benéfica para eles.
Vários estudos realizados ao longo dos anos, concluíram que perturbações emocionais
são mais frequentes em pessoas de grupos de baixos rendimentos, desfavorecidos e
onde a distribuição demográfica é desorganizada e desigual. Com esta relação entre
estados psicológicos menos positivos e pontos sociodemográficos mais negativos, a
necessidade de existir uma área da psicologia que trata destes aspetos aumentou.
Através desta introduziu-se parcerias com entidades sociais que se tornaram parceiras
para oferecer serviços mais especializados e diversificados às populações com
necessidades. É através destas entidades que se consegue fazer chegar às populações as
prestações de serviços de ação social.

Em que consiste e quais os principais benefícios da utilização da abordagem


RESPECTUL? (3 valores)-DU
A abordagem RESPECTFUL remete para um conjunto de características diversificadas
às quais temos de ter em atenção quando planeamos uma intervenção. Esta dá
reconhecimento e valorização da variedade das comunidades e identidades sociais com
base em diferentes aspetos sendo eles: identidade espiritual e sexual, grupo
socioeconómico, historial familiar e características físicas e cognitivas e até mesmo as
diferenças linguísticas. A identificação das competências e recursos de todas as culturas
e das populações frequentemente desvalorizadas pela sociedade em geral e na procura
da melhoria do potencial e das capacidades de todos os cidadãos são o principal alvo de
intervenção utilizando este método sendo que tem de haver uma adaptação de questões
e métodos de investigação, de modo a que tenham em consideração a língua, a cultura,
os valores ou a visão do mundo e da população em estudo. Dos principais benefícios
desta abordagem estão a identificação das características individuais de cada população
alvo, uma vez que é através das mesmas que se podem adaptar os planos para uma
maior eficácia da intervenção comunitária a realizar.

Explique o surgimento da psicologia comunitária, enquadrando o mesmo em


termos históricos e sociais (3 valores)- rita
HISTÓRIA E ORIGEM DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Fundada nos EUA por psicólogos que pretendiam superar as limitações da psicologia
clínica tradicional no âmbito da promoção da saúde mental.
Surge em meados da década de 60, numa altura de atmosfera social de mudança e
expectativa (movimentos sociais).
Movimentos sociais: dos direitos civis, dos direitos das mulheres, dos direitos das
pessoas com deficiência e doença mental.
Mais autonomia das mulheres.
Nestes movimentos com selo e suporte politico lutavam...
Muitas manifestações, revoluções, greves, contestações sempre focadas nesta igualdade
e etc...
Um psicólogo clinico para tanta gente não daria a resposta adequada.
As pessoas presentes não eram necessariamente portadoras de saúde mental.
Contestavam pelas lacunas do país e lutavam pelos outros.
Dentro destes movimentos: lutavam contra a discriminação, pelo reconhecimento da
igualdade de direitos civis, económicos e políticos, pela sua autodeterminação, pela
igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade, a nível laboral, escolar,
familiar, social e político.
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Métodos e modelos desenvolvidos durante a II Guerra Mundial (1939-1945) para
responder aos problemas de saúde dos militares, sobretudo em situações de crise.
Consideravam que a ajuda deveria localizar-se no local/contexto onde os problemas
ocorrem e ser proporcionada da forma mais breve possível – representou um claro
desafio à ineficácia das abordagens anteriores referentes a crises desencadeadas por
doença mental.
Também as condições degradantes e desumanas dos hospitais psiquiátricos
contribuíram para que a agenda política refletisse sobre o modo de prestação de
cuidados no âmbito de saúde mental.
Surge a perspetiva de que os doentes mentais poderiam permanecer fora das instituições
psiquiátricas, o que levou à criação de serviços de suporte na comunidade.
Na década de 60 (1963), no congresso americano, o presidente Kennedy apelou à
adoção de uma perspetiva preventiva do sofrimento humano e promoção de uma visão
positiva da saúde mental, o que originou a Lei dos Centros de saúde de mental
comunitária (reintegração dos doentes mentais na comunidade).
Estudos na década de 60 evidenciam a relação inversa entre o estatuto social e as
perturbações psicológicas:
As problemáticas emocionais são mais frequentes e graves em grupos populacionais de
baixos rendimentos que se encontram em áreas geográficas onde a desorganização
social prevalece, relevando uma necessidade de reformas no sistema de saúde mental.
A relação entre problemas sociais entre problemas sociais e a saúde mental levou à
progressiva substituição do modelo biológico individual por uma intervenção
educacional, de crítica social, de implementação de reformas e planeamento da
mudança social – programas de luta contra a pobreza (ex. 2010 Ano Europeu do
Combate à Pobreza e à Exclusão Social)..

Aplique o modelo de aconselhamento comunitário de Lewis e colaboradores (2003)


num contexto à sua escolha, atendendo à situação pandêmica atual (3v)
COMMUNITY COUNSELING MODEL (LEWIS ET AL., 2003):
• Quadro de referência que se centra em estratégias de intervenção e serviços que
promovam o desenvolvimento e bem-estar dos indivíduos e das comunidades.
• Exemplo:
Comunidade Indivíduo
Intervenção direta (aquilo que o técnico faz juntamente com o alvo) • Ações de
sensibilização/ • Aconselhamento • Intervenção com indivíduos vulneráveis
Intervenção indireta (aquilo que faz de forma indireta – não é o técnico que realiza) •
Influenciar políticas públicas / • Defesa do cliente • Consultoria

Considerando o modelo ecológico de Bronfenbrenner (1979), explique como é que


o mesmo terá contribuido para o desenvolvimento de modelos como o de
aconselhamento comunitário de Lewis e colaboradores (2003) (3v)- rita
Aceitar que os indivíduos são diferentes, e trabalhar e aplicar esta abordagem
respeitadora.
Este modelo, tem a base no modelo ecológico de desenvolvimento humano, é um
modelo ecológico.
MODELO ECOLÓGICO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (Bronfenbrenner’s,
1979)
• Perspetiva ecológica do desenvolvimento da pessoa.
• Todos os contextos por onde passa têm impacto no indivíduo.
• O primeiro sistema a ter impacto é o micro-sistema.
• Casa onde vive (MICROSSISTEMA), bairro onde a casa se encontra, a escola que
frequenta – MESO-SISTEMA
• Redes sociais e/ou laborais dos pais, o impacto que tem no desenvolvimento da
criança, os amigos dos pais, os amigos da criança – EXO-SISTEMA
• Sociedade – MACRO-SISTEMA
Sistema - Modelo holístico, abrangente, compreensivo, tem em consideração todas as
variáveis possíveis que podem influenciar o desenvolvimento da criança. O modelo
anterior, baseia-se neste.

Indique, justificando, os principais cuidados a ter numa intervenção comunitária.


(3 valores)- pinto
Para que a intervenção comunitária tenha sucesso, é necessário ter em conta certos
aspetos para que a intervenção seja feita de forma a cumprir os seus objetivos. Estes
aspetos estão ligados a diversos componentes associados à intervenção, desde a
comunidade em si até aos indivíduos que fazem parte da mesma. a intervenção
comunitária pode então ser dividida em 3 grandes áreas: prevenção primária, prevenção
secundária, prevenção terciária.
Relativamente à primeira área, prevenção primária, são apontados os seguintes
cuidados: averiguar se existe um líder comunitário dessa mesma comunidade, a fim de
conseguir estabelecer ligações de confiança com o mesmo. Este facto dará acesso a uma
maior confiança da comunidade que este representa. Se esta ligação insistir, irá
possibilitar a formação do mesmo, podendo ter efeitos positivos junto da comunidade.
Ter em atenção se já existe o planeamento e dinamização de eventos junto dessa mesma
comunidade, caso estes não existam ajudar na planificação dos mesmos. A nível social
virgula os cuidados a ter na intervenção comunitária estão ligados ao levantamento das
necessidades associadas ou dificuldades sentidas por essa mesma comunidade (desde a
formação a prevenção da discriminação dentro da mesma). A nível familiar, o que deve
ser considerado na intervenção comunitária, deve abordar temáticas desde aspetos
associados a planeamento familiar bem como as dinâmicas praticadas na mesma. Por
fim, a nível individual, os cuidados estão relacionados com a intervenção diretamente
no indivíduo, bem como as problemáticas que este possa apontar como relevantes
(desde problemas a nível pessoal, bem como o seu relacionamento com os que o
rodeiam).
Na prevenção secundária, O cuidado a ter em conta é perceber de forma antecipada se
existe algum problema prioritário, de modo a impedir que as consequências deste
tenham implicações negativas no presente e no futuro.
Por fim, no caso da prevenção terciária, os cuidados a ter em conta estão relacionados
com os ditos efeitos secundários mencionados anteriormente (por isso supondo que este
já tem implicações diretas nesta comunidade).

Quais os principais fatores de risco, ao longo do desenvolvimento, para situações


de exclusão e vulnerabilidade social? (3 valores)- pinto
Existe um grupo extenso de fatores de risco associados ao desenvolvimento do
indivíduo quando este passa por exclusão ou vulnerabilidade social. Um deles está
associado a formação do indivíduo, uma vez que pertencendo a uma comunidade
vulnerável ou tratando-se de uma situação de exclusão, os seus acessos à educação serão
menores, o que terá um impacto negativo direto no desenvolvimento da sua vida
profissional. Este facto poderá levar a ausência de um plano ou projeto de vida, levando
muitas vezes aqui um indivíduo sinta falta de motivação e pouca autoestima. Os aspetos
referidos anteriormente podem levar à exclusão social do indivíduo, uma vez que este
pode não se enquadrar na sociedade onde está inserido, limitando assim as
oportunidades de este conseguir dar um rumo diferente à sua vida.

Descreva projetos financiados existentes em Portugal para intervenção


comunitária junto de populações mais carenciadas e vulneráveis. (3 valores)- pinto
Programa escolhas é um protejo desenvolvido pela primeira vez em 2003, tendo sido
reaplicado e reestruturado mais 5 vezes ao longo doa anos. Cada edição deste projeto
visa atingir objetivos diferentes junto das respetivas populações alvo. Este conta com
participantes diretos e indiretos, onde os primeiros são os beneficiários diretos do
programa e os segundos outras populações igualmente vulneráveis.
POPH (Programa Operacional Potencial Humano) enquadrado no QREN (Quadro de
Referência Estratégico Nacional), é um projeto que conta com 10 componentes
prioritárias. Este é desenvolvido com diversos objetivos que abrangem diversas
temáticas sensíveis ao ser humano, sendo algumas delas: maior domínio sobre o seu
percurso profissional (desde a formação à gestão da mesma); promoção de capacidades
ligadas à cidadania do indivíduo, inclusão e desenvolvimento do indivíduo no contexto
social; e por fim, a promoção e consciencialização referente à igualdade de género
(tendo como consequência positiva a prevenção da violência de género).
Programa BIP/ZIP (CML) – Este programa incide dinamização de parcerias e eventos
inovadores. Fornece apoio a projetos que queiram desenvolver atividades, permitindo
aumentar o potencial e eficácia dos mesmos.

Tendo em conta o papel do psicólogo comunitário quais as principais atividades


que deve desenvolver numa intervenção comunitária? 2v (Inês Duarte)

O psicólogo comunitário é fundamental nesta área uma vez que este desenvolve e
implementa programas orientados para a ação com o objetivo de promover a
diversidade, a criação de ligações entre os indivíduos e os grupos da comunidade,
promover a integração das minorias na comunidade e proporciona auxílio face aos
problemas que a comunidade enfrenta.
O psicólogo comunitário pode trabalhar em locais como escolas, instituições
governamentais, equipas multidisciplinares, organizações, institutos e em consultoria
privada ainda que esta última não seja muito comum de existir.
Durante as intervenções comunitárias o psicólogo comunitário pode elaborar várias
atividades de promoção da integração tais como seminários, campanhas de
sensibilização, visitas domiciliárias, workshops, focus group, apoio individualizado,
orientação profissional, promoção da aculturação e inclusão, promoção de hábitos
saudáveis, criação de espaços de apoio especializado (e.g. salas de estudo, associações
de moradores, centros de dia, etc.), criação de uma carrinha de unidade móvel, consultas
de orientação profissional, criação de vagas de emprego com ajuda de entidades como o
IEFP, criação de oportunidades de formação profissional (e.g. áreas como a jardinagem,
carpintaria, mecânica, etc.), entre outros.

Qual a diferença entre pobreza e exclusão? 2v (Inês Duarte)


A pobreza e a exclusão social são conceitos cujas suas definições ainda não são
inteiramente corretas/completas dado que são temas bastante sensíveis e cujo
significado difere entre culturas. No entanto, com o crescente uso destes termos foi
sendo cada vez mais crucial a existência de uma definição correta e exata dos mesmos,
por forma a enquadrar as diferentes realidades e vivências das diferentes comunidades.
Atualmente não existe nenhuma definição 100% correta ou científica sobre o conceito
de pobreza dado que, é um tema bastante debatido entre os vários intervenientes da
política e que difere consoante os valores de cada comunidade.
Segundo a ONU, que em 1995 tentou criar uma definição para o conceito, a pobreza
resulta da falta de rendimentos e recursos básicos que levam à fome, à doença, à
malnutrição, ao aumento da taxa de mortalidade e morbilidade, ao difícil acesso a
serviços básicos (e.g. hospitais, escolas, etc.) e que proporcionam a existência de
ambientes inseguros, de discriminação e por vezes de situações de exclusão social. A
população que se encontra nesta situação raramente tem uma palavra no que diz respeito
à vida civil, cultural e social e raramente participa ativamente na tomada de decisões. É
importante denotar que a pobreza não é uma condição exclusiva dos países não
desenvolvidos dado que, nos países desenvolvidos também se encontram pessoas nessa
mesma situação. O término da pobreza em todas as suas formas é o primeiro dos 17
objetivos da ONU a concretizar até 2030.
A exclusão, como acima mencionado, é um fenómeno que pode resultar da pobreza uma
vez que esta surge com o aumento das desigualdades sociais associadas ao crescimento
económico da sociedade, ou seja, quanto maior o nível de pobreza de um determinado
país maior a probabilidade da existência de exclusão social. Este fenómeno ocorre
porque não são oferecidas as mesmas oportunidades a todos os membros da sociedade
resultando num impedimento para as pessoas mais desfavorecidas de participarem em
atividades da comunidade onde estão inseridas. No entanto, apesar de ambas estarem
relacionadas, a exclusão abrange outras formas de privação sendo que em muitos casos
as pessoas que são socialmente excluídas não vivem em situação de pobreza.
A exclusão, tal como a pobreza, ainda não possui uma definição global tendo sido já
várias vezes redefinido, no entanto, a definição mais atual é a da comissão europeia que
descreve a exclusão social como o distanciamento do contacto social ou por vezes o
impedimento do mesmo. Existem vários tipos de exclusão tais como a exclusão
económica que abrange toda a exclusão existente a nível financeiro (e.g. pobreza),
social que abrange a exclusão de indivíduos de grupos sociais (e.g. pessoas que
apresentem deficiências), cultural que inclui toda a exclusão efetuada a indivíduos
pertencentes a outras culturas, raças e etnias e por fim a exclusão patológica que
engloba indivíduos que apresentem diferenças a nível da saúde mental tais como
doenças do foro patológico (e.g. ansiedade, depressão, etc.) e indivíduos que apresentem
comportamentos aditivos (e.g. vicio do jogo, alcoolismo, etc.)
Existem ainda alguns fatores de risco associados á exclusão tais como a ausência de
proteção social, a ausência de estruturação familiar, as mudanças recorrentes de
emprego, o insucesso escolar, as fracas qualificações, a ausência de autoestima e
motivação, a dificuldade da transição para a vida adulta, entre outros.

Quais as principais diferenças entre Psicólogo Comunitário e Líder Comunitário?


(2 valores)- DU
O psicólogo comunitário tem como papel, dinamizar, apoiar ou reduzir as interações
psicossociais que já estão presentes na comunidade ou até induzir o seu aparecimento
caso estas não estejam presentes. Uma vez que o papel do psicólogo passa muito por
intervir, nas comunidades que possam ser mais conflituosas ou problemáticas, este
passará a ter um papel de mediador para que a comunicação entre os indivíduos seja
facilitada. Já os líderes comunitários são um recurso para as comunidades uma vez que
são pessoas que conseguem organizar-se por grupos e conseguir aquilo que
individualmente não seria possível. Estes últimos, ao contribuírem ativamente para as
suas comunidades, passam por membros ativos que contribuem para um sentimento de
pertença.
Qual o papel do líder comunitário numa intervenção comunitária? (2 valores)-DU
Numa comunidade, a liderança surge como uma necessidade de auxílio às pessoas que
fazem parte desse grupo de modo a dar a voz às mesmas. O líder comunitário deve
procurar estabelecer a visão da comunidade para com os seus integrantes enquanto
membros de uma equipa e atuando como orientador nos processos de interação com os
indivíduos. O líder deve, além de focar a sua atenção nas necessidades da comunidade
mas também nos recursos existentes e de que modo estes podem ser uteis para a
intervenção, caso não hajam recursos, este deverá pensar então em alternativas que se
apresentem para a mobilização dos indivíduos a fim de conseguir resultados
satisfatórias para todos os envolvidos. Outro aspeto importante dos líderes
comunitários, é a visão da comunidade, que deve ser partilhada com todo o grupo de
modo a que seja analisada e para que se possa ver as problemáticas através de diversos
ângulos, tendo em conta os interesses, e como esses problemas podem ser abordados.
Nesse sentido, o líder deverá permitir a partilha de ideias e soluções também por parte
da comunidade tal como desenvolver ações compartilhadas por um maior número de
pessoas, implementar e gerir programas sociais visando estabelecer parcerias e
melhorias na comunidade.

Aplique o modelo de aconselhamento comunitário de Lewis e colaboradores (2003)


num bairro social (2 valores)-DU
O modelo de aconselhamento de Lewis pressupões dois tipos de intervenção, a direta –
que é aquela que o técnico de intervenção faz juntamente com a população alvo – e a
indireta – que não é realizada pelo técnico, mas sim por entidades terceiras. Num bairro
social, onde geralmente as condições de vida são mais degradadas, pode ser necessário
vários tipos de intervenção, sendo eles os dois tipos mencionados em cima. A nível de
intervenção direta, o psicólogo terá de trabalhar com a população do bairro através de
ações de sensibilização e até mesmo acompanhamento das famílias e intervenção com
indivíduos mais vulneráveis ou problemáticos. Porém, nestas situações, o trabalho não
incide apenas sore o desenvolvimento psicológico e cognitivo, uma vez que as
condições de habitação e necessidades básicas necessitam de estar satisfeitas para que a
intervenção tenha um melhor resultado. Sem as necessidades básicas como higiene,
alimentação e conforto, que usualmente é feita através de parcerias com bancos
alimentares ou juntas de freguesia para promover o bem estar dos seus habitantes, o
trabalho posterior do psicólogo não terá mesma eficácia.
Relacione os conceitos sentimento de pertença e empowerment e indique a
relevância dos mesmos na Psicologia Comunitária. (2 valores)- Rita
SENTIMENTO DE PERTENÇA
• O sentimento de pertença à comunidade por parte do cidadão favorece o seu
envolvimento nas questões comunitárias, melhora a perceção do meio ambiente e
promove o empowerment individual e comunitário.
• O grau de participação do cidadão nas atividades comunitárias parece ser proporcional
ao sentimento de pertença a uma determinada comunidade.
Quanto maior for o seu sentimento de pertença a uma comunidade, maior será a
probabilidade de participar nas atividades comunitárias.
O sentimento de pertença serve para fomentar a participação comunitária, com o apoio
dos líderes comunitários, promovendo o empowerment.
Na intervenção comunitária, uma palavra-chave é empowerment.
Processo através do qual as pessoas, organizações e grupos excluídos ou marginalizados
desenvolvem competências e capacidades para exercerem controlo sobre as suas vidas
sem infringirem os direitos dos outros e podendo até potenciar a autonomia dos outros
membros da comunidade.
• É um conceito base na inclusão social;
• Autonomizar os indivíduos para a resolução dos seus problemas sociais.

Explique e indique os principais benefícios da iniciativa 'Amigo à distância" que


decorreu numa intervenção comunitária nos arredores de Santarém. (2 valores)-
Rita
Promoção de hábitos de leitura e escrita em Santarém entre adolescentes, jovens adultos
com crianças através da elaboração de cartas
Com os que não conseguiam escrever, pedia-se um desenho para enviarem ao amigo
A criança escrevia a carta e depois o adulto respondia sendo que por mês o plano era a
criança escrever 2 cartas e receber 2 cartas.
Ao fim de algum tempo (menos de 6 meses; 3/4) houve um encontro no bairro entre as
crianças e os amigos adultos. No dia as crianças estavam com o adulto e levavam-nas
aos pais para reassegurar toda a situação e para passarem o dia juntos de modo mais
individual, mostrando o bairro e a família e depois teriam dinâmicas de grupo. Uma das
dinâmicas seria escrever e ler 3 qualidades do seu amigo desencadeando a satisfação. As
crianças tinham um sorriso aberto com toda a ideologia de se sentirem vistas e toda uma
nova visão/relação dos adultos (novidade de não haver um ralhete e de alguém que
esteve com eles só um dia e já pensa tanta coisa boa deles). O facto de estarem com os
miudos a fazer atividades com foco neles ajuda a estabelecer a ligação. Fez-se ainda um
slogan que simbolizasse a amizade entre eles (posteriormente estampou-se t-shits).
Segundo encontro em Lisboa (junho a dezembro, neste intervalo continuaram a trocar
cartas). Deram experiências como ir ao estádio do Sporting, andar de metro, ir ao
mosteiro, fazer atividades juntos. Verem os adultos a aproximarem-se deles ajudava na
aliança e na relação entre eles. Na segunda despedida fez-se uma pulseira da amizade
que simbolizava a relação de amizade entre os dois.
"As pessoas que não têm nada são as que mais dão."

Qual a importância do trabalho em rede e indique os principais cuidados a ter


nesse tipo de atuação? (2 valores)- pinto
Com o trabalho em rede é possível fornecer à comunidade alvo, um maior número de
serviços disponibilizados pelo projeto uma vez que quanto mais entidades aceitarem a
parecia com o projeto, maior será a sua qualidade e variedade de serviços prestados.
Outro aspeto importante a ter em conta no trabalho em rede é a visibilidade que o
projeto ganha, uma vez que, à semelhança do ponto anterior, quanto mais parcerias
existirem maior será o conhecimento acerca deste projeto, e o mesmo poderá chegar a
mais indivíduos dessa população.

Qual a importância dos programas de luta contra a pobreza? (2 valores)- pinto


A importância da criação de programas de luta contra a pobreza, incidem em diversos
aspetos, sendo o primeiro identificado com a possibilidade de proporcionar a prestação
de serviços direcionados à comunidade em questão, nomeadamente a nível de educação,
segurança social, habitacional. A criação deste tipo de programas permite também
promover e melhorar o estado de saúde da comunidade, aumentando os acessos à
mesma junto dessa mesma comunidade, podendo assim diminuir o risco de mortalidade
e aumentando a qualidade de vida destes indivíduos.

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