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Silvia T.

Maurer Lane
 A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento,
principalmente do ser humano.

 As divergências teóricas se refletem no que consideram


como “comportamento”,seja toda e qualquer ação
reflexa(no limiar entre a psicologia e a fisiologia), sejam
os comportamentos considerados conscientes que
envolvem as experiências, os conhecimentos, os
pensamentos, as ações intencionais ,e, não observáveis
diretamente, o inconsciente.
 Assim, parece óbvio que a Psicologia social deve
estudar o comportamento social, porém surge uma
questão polêmica:

a) Quando o comportamento se torna Social?

Ou

b)São possíveis comportamentos não sociais nos seres


humanos ?
 A Psicologia se preocupa fundamentalmente com os
comportamentos que individualizam o ser humano
porém, ao mesmo tempo, procura leis gerais que,
a partir das características da espécie,(filogenia)
dentro de determinadas condições ambientais,
prevêem os comportamentos decorrentes.

O enfoque da Psicologia Social é estudar o


comportamento de indivíduos no que ele é
influenciado socialmente e isto acontece desde o
momento em que nascemos.
 Esta influência histórica-social se faz
sentir primordialmente, a partir da
aquisição da linguagem.

 As palavras, através dos significados


atribuídos por um grupo social, por uma
cultura,determinam uma visão de mundo,
de ser humano, um sistema de valores e
conseqüentemente, ações, sentimentos e
emoções decorrentes.
As leis gerais da Psicologia dizem que se
apreende quando reforçado, mas é a
história do grupo ao qual o indivíduo
pertence que dirá o que é reforçador ou o
que é punitivo.

O doce ou o dinheiro, o sorriso ou a expressão de desagrado


podem ou não contribuir para o processo de aprendizagem,
dependendo do que eles significam em uma dada sociedade.

Assim também aquilo que “deve ser aprendido” é determinado socialmente.


Da mesma forma, as emoções que são respostas
do organismo e, como tais, universais, se
submetem às influências sociais ao se
relacionarem com o que nos alegra, nos
entristece nos amedronta e outros.

Assim, percebe-se que é muito difícil encontrarmos


comportamentos humanos que não envolvam componentes sociais
A Psicologia Social estuda a relação essencial
entre o indivíduo e a sociedade, esta
entendida historicamente, desde como seus
membros se organizam para garantir sua
sobrevivência até seus costumes,valores, e
instituições para a continuidade da
sociedade
 A grande preocupação da Psicologia Social é
conhecer como o homem se insere neste processo
histórico, não apenas em como ele é determinado,
mas principalmente como ele se torna agente da
história, ou seja, como ele pode transformar a
sociedade em que vive.
 Esta produção, pretende analisar como somos
determinados a agir de acordo com o que as
pessoas que nos cercam julgam adequados;

Para tanto a autora nos leva a examinar dois aspectos


que acham-se intimamente relacionados:
a) O outro, ou seja, o grupo ou grupos a que
pertencemos, e como nós, nesta convivência, vamos
definindo nossa identidade social.
b) Como se forma a nossa concepção de mundo e
das coisas que nos cercam, através da linguagem e
como ela determina valores e explicações, de
modo a manter constantes as formas de relações
entre os homens (a ideologia e representações
sociais)

veremos ainda a relação entre fazer e falar, a


mediação do pensamento e o desenvolvimento da
consciência social
 O texto ainda apresenta uma análise das instituições
família e escola com destaque de como essas
instituições reproduzem as condições sociais, e em
que circunstâncias elas podem propiciar o
desenvolvimento da consciência social;

 Uma ênfase especial será dada para o trabalho


humano , na sua relação com as classes sociais , e em
que condições ele pode gerar consciência de classe
fazendo dos indivíduos agentes da história de sua
sociedade.
Os outros:

 O ser humano ao nascer necessita de outras pessoas para a sua


sobrevivência , no mínimo de mais uma pessoa;

 Toda a sua vida será caracterizada por participações em grupos


(necessários para a sua sobrevivência) e outros
circunstanciais(lazer e com objetivos focais);

 Assim, desde o primeiro momento o indivíduo se insere num


contexto histórico pois as relações entre adultos e as crianças
recém-nascida seguem um modelo ou padrão que cada sociedade
veio desenvolvendo.
A sociedade tem normas ou leis que
institucionalizam aqueles comportamentos que
historicamente vêm garantindo a manutenção desse
grupo social;

Em cada grupo social encontramos normas que


regem as relações entre os indivíduos, algumas mais
sutis, ou restritivas,outras rígidas, consideradas
imperdoáveis se desobedecidas até aquelas que se
cristalizam em leis e são passíveis de punição por
autoridades institucionalizadas.
O outro:

Estas normas são o que, basicamente, caracterizam os


papéis sociais e que determina as relações sociais:
Os papéis de pai e de mãe se caracterizam por normas que dizem como um
homem e uma mulher se relacionam, quando eles têm um filho, e como ambos
se relacionam com o filho e como este, no desempenho de seu papel, com os
pais;

Do mesmo modo, o chefe de uma empresa só o será se houver chefiados (o


outro) que, exercendo seus respectivos papéis,atribuam um sentido à ação do
chefe, ou seja, um completa o outro.

Esta análise poderia ser feita em todas as relações sociais existentes em


qualquer sociedade(amigos,namorados, estranhos na rua que interagimos
circunstancialmente,balconista, freguês- em relação a todos, existem
expectativas de comportamentos mais ou menos definidos e quanto mais a
relação social for fundamental para a manutenção do grupo e da sociedade,
mais precisas e rígidas são as normas que a definem.
E aquelas características peculiares de cada
indivíduo?

Se apenas desempenhamos papéis ,e tudo que se


faz tem sua determinação social , onde ficam
as características que individualizam cada um
de nós?
Para a autora,a pessoa pode fazer todas as variações que quiser,
desde que as relações sejam mantidas com as características
do papel mantenha-se tal e qual.
 Ex: quando um Zé da Silva está em um país
estranho, se aventurando por conta própria,
se passando por um cidadão comum, sem ter
as determinações sociais daquela sociedade,
sabendo que a qualquer momento ele poderá
se explicar como sendo um estrangeiro , ele
se dá o direito de fazer como sente, como
gosta, “ele pode ser ele mesmo”,ou seja,
fazer coisas que não faria se as pessoas o
conhecessem.
 Agora podemos pensar em toda a variedade de
situações que nós vivemos cotidianamente e
reconhecermos situações em que somos mais
determinados e outras que somos menos
determinados;
O viver em grupos permite o confronto entre
as pessoas e cada um vai construindo o seu
“eu” neste processo de interação,através de
constatações de semelhanças e diferenças
entre nós e os outros.

E nesse processo que desenvolvemos a


individualidade a nossa identidade social e
consciência de si mesmo
Identidade Social é o que nos caracteriza como
pessoa, é o que respondemos quando alguém
pergunta “quem é você?”

PROCUREM RESPONDER ESTA QUESTÃO E VERIFIQUEM COMO SE DEFINE A


IDENTIDADE SOCIAL DE CADA UM DE VOCÊS.
leitura do exemplo do texto.

Estes dois relatos enfatizam características peculiares que dizem respeito à maneira
de cada um se relacionar com os outros, sendo elas aprendidas nas relações
grupais;sejam familiares e ou de amigos através do desempenho de papéis
diversificados.
 Como pode ser observado, a identidade social é
representada pelo conjunto de papéis que
desempenhamos

Nesse sentido, questionamos quanto a “identidade


social” e “papéis” exercem uma mediação
ideológica, ou seja, criam uma ilusão de que os
papéis são “naturais e necessários” e que a
identidade é consequência de “opções livres” que
fazemos no nosso viver social, quando de fato, são
as condições sociais determinam os papéis e a nossa
identidade social.
É diante desta questão que julgamos necessário
levantar o problema da consciência em si

Se assumirmos que somos essencialmente a nossa


identidade social, que ela, é consequência de opções
que fazemos devido a nossa constituição biogenética,
ou temperamento, ou mesmo atrações de
personalidade, como aspectos herdados geneticamente,
sem examinarmos as condições sociais que, através da
história pessoal, foram determinando a aquisição
dessas características que nos definem, só poderemos
estar reproduzindo o esperado pelos grupos que nos
cercam e julgados “bem ajustados”
Porém se questionarmos o quanto estes papéis que
desempenhamos foram sendo definidos pela nossa
sociedade,poderemos constatar que,em maior ou menor
grau eles foram sendo engendrados para garantir a
manutenção das relações sociais necessárias para que as
relações de produção da vida se produzam sem grandes
alterações na sociedade em que vivemos.

Constataremos então que nossos papéis desempenhados e


nossa identidade reproduzem no nível ideológico (do que é
“idealizado”,valorizado) e no nível da ação, (as relações de
dominação necessárias para a reprodução das condições
materiais de vida e a manutenção da sociedade de classes
onde uns poucos dominam e muitos são dominados).
 Apenas quando formos capazes de encontrar
razões históricas da nossa sociedade e do
nosso grupo social que explicam porque
agimos hoje da forma como fazemos é que
estaremos desenvolvendo a consciência de
nós mesmos.
 Deste modo,entendemos que a consciência de si
poderá alterar a identidade social, na medida em
que, dentro dos grupos que nos definem
questionamos os papéis e suas determinações e
funções históricas – e na medida em que os
membros do grupo se identifiquem entre si quanto
a esta determinação e constatem as relações de
dominação que reproduzem uns sobre os outros,é
que o grupo poderá se tornar agente de
mudanças sociais.
“A consciência individual do homem só pode existir
nas condições em que existe a consciência social
(A. Leontiev, o desenvolvimento do psiquismo,p.88) .
 Porém, esse processo não é simples, pois os grupos e
os papéis que os definem,são cristalizados e mantidos
por instituições que, pelo seu próprio caráter, estão
bem aparelhadas para anular ou amenizar os
questionamentos e ações dos grupos em nome da
“preservação social”

 Contudo antes de analisar como as instituições


determinam nossas ações sociais é preciso entender
alguns elementos básicos do nosso comportamento
como: a linguagem, o pensamento, a representação
que fazemos do mundo e a própria consciência, como
processos psicológicos fundamentais para a nossa
relação com os outros.
LANE, Silvia T. Maurer .O Que é Psicologia
Social. Editora Brasiliense . coleção
primeiros passos.1994.

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