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Teoria Sócio-

histórica-cultural
do
desenvolvimento

Lev Vygotsky
1896/1934
Dados Biográficos
• - Nasceu em Orsha, Bielorussia, em 17 de novembro de
1896.
• - Judeu, pertencente a uma família culta e bastante
numerosa. Era o segundo de oito irmãos.
• - Recebeu uma educação privilegiada, desenvolvendo a
capacidade de pensar de forma questionadora e crítica.
• Vygotsky inicia uma nova fase de sua vida. Muda-se para Moscou
para trabalhar no Instituto de Psicologia. Incorporam-se a sua equipe:
Aleksei Leontiev (1904 – 1979) e Aleksander Luria (1902-1977).
• - Entre 1924 e 1934, Vygotsky realizou uma intensa e incessante
atividade acadêmica e científica que pode ser conferida em seus
trabalhos publicados.
• - Em 1931, Vygotsky muda-se para a Ucrânia para criar o
Departamento de Psicologia.
• - Junto com seus colaboradores, Luria, Leontiev e Galperin, iniciou um
estudo comparativo entre o funcionamento cognitivo dos grupos que
apresentam formas culturais tradicionais e grupos que passam por
uma situação de mudança cultural acelerado. - Os resultados desse
trabalho provocaram sérias críticas ao governo. Em função disso, um
ano após sua morte, seus escritos foram proibidos e só foram
publicados quarenta anos depois.
• Vygotsky morreu em 11 de junho de 1934, vítima da tuberculose,
com apenas 37 anos.
• Método Histórico dialético – Karl Marx
Funções psicológicas
• Ao nascer, o ser humano possui apenas as funções psicológicas elementares. Na convivência com o meio
social e cultural a criança vai aprendendo e, consequentemente, desenvolvendo as funções psicológicas
superiores.
VYGOTSKY SE DEDICOU AO ESTUDO DAS MECANISMOS INTENCIONAIS, AÇÕES ORIGINAM-SE NAS RELAÇÕES ENTRE
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES – CONSCIENTEMENTE CONTROLADAS, INDIVÍDUOS HUMANOS E SE DESENVOLVEM
FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO PROCESSOS VOLUNTÁRIOS QUE DÃO AO AO LONGO DO PROCESSO DE
TIPICAMENTE HUMANO. INDIVÍDUO A POSSIBILIDADE DE INTERNALIZAÇÃO DE FORMAS CULTURAIS DE
INDEPENDÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS COMPORTAMENTO.
CARACTERÍSTICAS DO MOMENTO E ESPAÇO
PRESENTE.
• As funções
psicológicas
superiores são de
origem sociocultural
e emergem de
processos
elementares de
origem biológica.
OBJETIVO DE
VYGOTSKY

• Constatar como as funções


psicológicas evoluem de sua forma
primária, ou elementar, para
processos psicológicos superiores.
• O desenvolvimento natural
transforma-se em desenvolvimento
social.
PRINCIPAIS
IDÉIAS

• O humano não está presente no


nascimento – é uma construção social
resultado de interação dialética entre
sujeito e meio sociocultural
• Integração de fatores biológicos e sociais
• Funções psíquicas tem origem cultural
• Toda atividade humana é MEDIADA
• LINGUAGEM tem um papel central
MEDIAÇÃO

• Enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem


acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de
recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de
que dispõe.
• Enfatiza a construção do conhecimento como uma
interação mediada por várias relações.
• O conhecimento não está sendo visto como uma ação do
sujeito sobre a realidade, assim como no construtivismo e
sim, pela mediação feita por outros sujeitos.
• Para Vygotsky, o ser humano relaciona-se com o mundo
por meio de uma relação mediada e não direta.
A mediação
ocorre por meio
de dois
elementos:
os instrumentos e
os signos.
INSTRUMENTOS (Ações
sobre objetos)

• Ferramentas que servem para transformar


os objetos ou o meio.
• Vygotsky diferencia os instrumentos
utilizados pelos animais dos instrumentos
utilizados pelo ser humano.
• Diferente dos homens, os animais não
produzem instrumentos com usos
específicos, não guardam instrumentos para
uso futuro e também não preservam sua
função como conquista a ser transmitida a
outros membros do grupo social.
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA

• O signo age como um instrumento da atividade psicológica


de maneira análoga ao papel de um instrumento de
trabalho.
Característica da
mediação

• São os instrumentos técnicos e os sistemas de signos,


construídos historicamente, que fazem a mediação dos
seres humanos entre si e deles com o mundo.
• Linguagem é um signo mediador – ela carrega em si os
conceitos generalizados e elaborados pela cultura
humana.
• Capacidade de criar essas “ferramentas” é exclusiva da
espécie humana.
• É através dos instrumentos e signos que os processos de
funcionamento psicológico são fornecidos pela cultura.
A linguagem permite:

• Designar objetos, ações, qualidades dos objetos e ações, relações


entre objetos e ações
• Mudanças essenciais:

• Lidar com objetos ausentes


• Processo de abstração e generalização
• Organizar o real em categorias conceituais
• Comunicação entre os homens
O surgimento da linguagem imprime três mudanças
essenciais nos processos psíquicos do homem:

• 1.º - a linguagem permite lidar com os objetos


do mundo exterior mesmo quando eles estão
ausentes.
• 2.º - através da linguagem é possível analisar,
abstrair e generalizar as características dos
objetos, eventos, situações presentes na
realidade.
• 3.º - está associada à função de comunicação
entre os homens que garante, como
consequência, a preservação, transmissão e
assimilação de experiências acumuladas pela
humanidade ao longo da história.
PAPEL DA LINGUAGEM NA
CONSTRUÇÃO DOS
CONCEITOS

• É justamente o poder de nossa


linguagem que nos diferencia dos
animais. A linguagem dos animais não
tem este poder. Não designa coisas, não
distingue ações, nem qualidades.
• A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos,
representa um salto qualitativo na evolução da espécie.
• É ela quem fornece os conceitos, as formas de
organização do real, a mediação entre o sujeito e o
objeto do conhecimento.
• É por meio dela que as funções psicológicas superiores
são socialmente formadas e culturalmente transmitidas.
Estágio pré-intelectual do
desenvolvimento da fala.

• A principal função da fala é o contato social, a


comunicação, ou seja, o desenvolvimento da linguagem
é impulsionado pela necessidade de comunicação.
• Desta forma, mesmo a fala mais primitiva da criança é
social.
• Os primeiros sons, gestos ou expressões, essas
manifestações bastante difusas, que não indicam nada
específico fazem parte do estágio pré-intelectual do
desenvolvimento da fala.
Estágio pré-linguístico do
desenvolvimento do
pensamento.

• Antes do falar propriamente dito, a criança demonstra


uma inteligência prática que consiste na sua
capacidade de agir no ambiente e resolver problemas
práticos (inclusive com o uso de instrumentos
intermediários), mas sem a mediação da linguagem.
FASES DA FALA - Apesar de considerar toda
fala como uma comunicação social efetiva,
Vygotsky identificou estágios para a fala:
ZONA DE
DESENVOLVIMENTO
PROXIMAL

Distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial


DESENVOLVIMENTO REAL: Conquistas já consolidadas.
Aquilo que a criança faz sozinha.

DESENVOLVIMENTO POTENCIAL: Aquilo que a criança é


capaz de fazer com ajuda de outro.

O aprendizado é que possibilita e movimenta o processo de


desenvolvimento e que torna real o que antes era apenas
potencial.
A Periodização do
Desenvolvimento Psicológico
• Psicologia Histórico- Cultural
A ideia de Periodização na
perspectiva Histórico Cultural?

• Daniil Borisovitch Elkonin (1904 - 1984) sistematizou


dentro da psicologia cultural uma teoria da
Periodização do Desenvolvimento Psíquico conjugando
as contribuições de Vygotski e Leontiev
Atividade Guia ou Atividade
Principal

• “A primeira coisa que devemos notar, quando nos


esforçamos por resolver a questão das forças
motoras do desenvolvimento do psiquismo, é
portanto a modificação do lugar que a criança
ocupa no sistema das relações sociais. É, porém,
evidente que este lugar não determina
diretamente o desenvolvimento. Ele caracteriza
simplesmente o nível atingido num dado
momento. O que determina diretamente o
desenvolvimento do psiquismo da criança é a sua
própria vida, por outras palavras, o
desenvolvimento desta atividade, tanto exterior
como interior.”
• (LEONTIEV, O desenvolvimento do psiquismo,
1978, p.291)
• Elkonin nos ajuda a compreender que as
principais mudanças na estrutura e
funções psíquicas ocorrem dentro de
Atividades especificas e depende delas.
• Cada idade, portanto, está relacionada a
uma Atividade-guia e esta última define
um Período do desenvolvimento
psíquico.
Mas quais são as forcas que
movem esse processo?

• Segundo Elkonin e Leontiev, a mudança


da posição da criança nas relações
sociais é a força motora da mudança de
sua Atividade.
• E esta, por sua vez, é a força motora do
desenvolvimento psíquico
Atividade-
guia/Principal/Dominante
• “Mas a vida ou a atividade de conjunto não é
simplesmente a soma das diferentes espécies de
atividade. Alguns tipos de atividade são, numa dada
época, dominantes e têm uma importância maior para
o desenvolvimento ulterior da personalidade, outros
têm menos, uns desempenham o papel essencial no
desenvolvimento, outros papel secundário. Razão
porque devemos dizer que o desenvolvimento do
psiquismo depende não da atividade do seu conjunto,
mas da atividade dominante.” (LEONTIEV, 1978, p.292)
• A atividade dominante é, portanto, aquela cujo
desenvolvimento condiciona as principais
mudanças nos processos psíquicos da criança e as
particularidades psicológicas da sua personalidade
num dado estágio do seu desenvolvimento.”
(LEONTIEV, 1978, p.292 - 293)
Os Períodos do
Desenvolvimento
1- A Comunicação
Emocional- Direta
• O bebê, depois das primeiras semanas necessita dessa comunicação
com os adultos.
• A primeira condição para o surgimento da comunicação é a
necessidade objetiva do bebê de atenção e solicitude por parte dos
circundantes.
• A comunicação nasce da situação necessariamente posta do adulto
como portador da satisfação das necessidades do bebê. Ela se dirige
ao adulto de maneira desordenada, com expressão de desconforto e
dessa forma tem suas necessidades satisfeitas.
• A segunda condição para o surgimento da comunicação é a conduta
do interlocutor de mais idade. O adulto se dirige ao bebê como a
uma verdadeira pessoa e age frente às reações dele. Por essas ações,
modela uma nova conduta na criança.
• Mesmo sendo o bebê inicialmente incapaz de uma efetiva
comunicação, devido a essas ações do adulto, ele vai tomando parte
nessa Atividade.
• O que rege as ações do bebê são sensações, tanto
a carência como a satisfação, mas o principal
produto psicológico dessa fase é a relação
emocional que se estabelece com o adulto,
criando-se uma premissa importante que regerá o
desenvolvimento psicológico decisivamente: a
encarnação nos adultos da satisfação de todas as
necessidades da criança.

• Disso, concluiu-se que a base da consciência do


bebê é centralmente sensacional, perceptiva e
emocional e seu funcionamento pode ser
representado pelo esquema “percepção-ação-
emoção”.
• Conforme o bebê cresce, tanto seu
corpo como a Atividade comunicativa
desenvolvem-se. Logo ela entra em
esgotamento e surge outra Atividade.
• As formas de comunicação com os
adultos não desaparecem nas demais
formas de Atividade. Elas perdem
importância de guia, mas firmam-se
como a base do desenvolvimento
subsequente.
• É sobre ela que se formam as ações
operativas e senso-motoras de
manipulação.
2 - Atividade Objetal-
Instrumental

• Ela caracteriza-se por uma intensa fase de exploração e


conhecimento por parte da criança. Tudo acontece por
meio da experiência direta com os objetos
• “A criança, graças às conquistas do período anterior e às
mudanças no seu corpo, muda de posição nas relações
sociais. Ela já́ não é mais um ser indefeso, mas ainda não
tem responsabilidades. Elas podem locomover-se
livremente pelo ambiente, pois engatinham, já́ usam a
linguagem em seus rudimentos e podem atuar sobre o
mundo. Por isso, na sua consciência diferenciam-se algumas
funções psíquicas como percepção, atenção e memória e
aparecem as primeiras generalizações sensoriais. Elas
começam a usar palavras para designar objetos e isso tem
implicações. Por conta de tudo isso, as necessidades do
bebê começam a encarnar-se cada vez mais nos objetos da
realidade circundante. Como resultado, os objetos mesmos
adquirem força impulsora.” (Bojóvich, 1987, p.258)
• os objetos são os principais motivadores dessa Atividade-
guia
3 - Os Jogos de Papéis Sociais
ou Jogos Dramáticos

• A criança revela um tipo diferente de atividade psíquica, as funções


de atenção, memória, linguagem e pensamento começam a
generalizar-se, a criança torna-se consciente de uma realidade mais
ampla.
• Ela passa a querer ser como o adulto, deseja fazer o que ele faz,
imita-o frequentemente. Mas encontra a impossibilidade de fazê-lo,
devido à complexidade das ações do adulto.
• A saída é imitá-lo no “faz de conta”, no campo tanto do imaginário
como da dramatização teatral. Em resumo, sua atividade torna-se
verdadeiramente complexa.
• Abre-se pela primeira vez o mundo das Atividades
sociais.
• Elas percebem aos poucos e à medida que vão
jogando com as funções sóciolaborais, em que
contexto as ações com objetos já́ dominadas, mas
isoladas até então, se inserem.
• Os mesmos objetos sociais, antigos motivadores de sua
Atividade, tomam nova forma, ampliam-se e perdem a
importância que tinham em si.
• “A importância do jogo para o desenvolvimento
psíquico das crianças em idade pré́-escolar é múltiplo.
Seu principal significado consiste em que, graças a
procedimentos peculiares (tomar para si o papel da
pessoa adulta e de suas funções sóciolaborais, o caráter
representativo generalizado da reprodução das ações
objetais, a transferência dos significados de um objeto a
outro, etc.), a criança modela no jogo as relações entre
as pessoas.” (ELKONIN, 1987, p.118)
• O procedimento do jogo consiste em assumir um
papel e interpretá-lo na brincadeira. As crianças
escolhem os papéis pelo significados afetivo que
estabelecem com eles e pelo seu repertório de
conhecimentos sobre as atividades dos adultos.
• O jogo é livre?
Sim e não. As crianças elegem os papéis e o tema
do jogo, mas não escolhem como deve se
interpretar. A interpretação deve ser o mais
próxima da realidade possível.
• Isso se revela quando as crianças percebem uma
distorção do papel, se corrigem no jogo e dizem
entre si: “Não é assim que se faz!”
• O jogo é antes de tudo um exercício de
autocontrole, e aí reside seu aspecto: não -
espontâneo, não – livre.
• No jogo dramático abre-se para a criança a
esfera das atividade humanas e seus sentidos
mais gerais. É a idade do “o que eu vou ser
quando crescer”.
• É o pleno exercício de uma personalidade
futura.
• O esgotamento do Jogo Dramático como
Atividade-guia dá-se pela compreensão por
parte da criança de suas próprias
capacidades.
• Quando ela percebe que consegue imitar
com cada vez mais facilidade do adulto, sente
necessidade de sair do “faz de conta” e entrar
no “de verdade”. Ou seja, sente a
necessidade de fazer algo socialmente
valorizado. Assim nasce a próxima Atividade-
guia.
4 - A Atividade de
Estudo
• A necessidade de fazer algo socialmente valorizado e a
percepção de que isso é possível coincide com a idade
escolar (7 anos). A entrada na escola é a via de
aprimoramento e valorização da criança.
• Ela está motivada a estudar na escola não tanto pelo
conhecimento em si, que mal lhe foi apresentado, mas
pela necessidade de ser reconhecida por fazer algo
socialmente valorizado e entrar no mundo adulto.
• Há uma intensa formação das forças intelectuais
da criança.
• Favorecida pelo elevado grau de generalização
dos conceitos transmitidos pela escola (conceitos
científicos), reestrutura-se a própria consciência
infantil como sistema de generalizações.
• O pensamento da criança muda, se torna mais
abrangente, caminha com mais firmeza nas
abstrações.
• Ele passa a mediar outras funções psicológicas e
promovem novos sistemas integrativos.
• O autocontrole da conduta se torna
intelectualizado. Isso tudo acontece porque se
torna sistêmico.
• A generalização contida nos conceitos científicos
transfere-se para o funcionamento psíquico.
• A Atividade de Estudo tem como objeto o
conhecimento escolar, mas também a transformação
da própria criança.
• Davidov (1987) defende que os alunos devem ser
educados a se conscientizarem dos próprios
processos de estudo, devem aprender a regulá-los e
avaliá-los.
• O resultado é a transformação do tipo de
pensamento da criança e o grau de generalização
de suas próprias funções psíquicas.
• No limite da idade de transição (adolescência) as
conquistas da Atividade de Estudo levam a
criança/jovem a um novo momento de seu
desenvolvimento.
• Uma compreensão mais desenvolvida do mundo
adulto e mudanças corporais (maturação sexual)
levam a voltar-se para suas próprias relações de
comunicação. Dá-se inicio à quinta Atividade-guia.
5 - Comunicação Íntima-Pessoal
• Há uma diminuição na importância das tarefas
escolares e suas consequências e o início de
uma nova Atividade, que consiste no
estabelecimento de relações íntimas e
pessoais entre os adolescentes.
• O conteúdo fundamental dessa Atividade é o
outro adolescente como portador de
determinadas características individuais.
• “Em todas as formas da atividade coletiva dos
adolescentes se observa a subordinação das
relações a um especial “código de
companheirismo”. (...) O “código de
companheirismo” reproduz por seu conteúdo
objetivo as normas mais gerais das inter-
relações existentes entre os adultos na
sociedade dada.” (ELKONIN, 1987a, p.120)
• Nesse período, o mais importante são relações de
companheirismo, respeito mútuo, amizade e
comunidade da vida interior entre os jovens.
• Eles, subordinando-se a esse código moral
especial, reproduzem as principais formas de ser
dos adultos.
• A formação e as relações no interior desses
grupos de afinidade têm grande importância para
a edificação da personalidade do adolescente.
• Pela primeira vez, não é a aproximação aos adultos
e a entrada no seu mundo a motivação principal
da Atividade, mas os contatos íntimos entre os
próprios adolescentes.
• “Todavia, não se trata somente disso.
Construída sobre a base da completa
confiança e comunidade da vida interior, a
comunicação pessoal constitui aquela
atividade dentro da que se formam os pontos
de vista gerais sobre a vida, sobre as relações
entre as pessoas, o futuro próprio; em uma
palavra, se estrutura o sentido pessoal da vida.
Com ele na comunicação da forma a
autoconsciência como ‘consciência social
transladada ao interior’ <L. Vigotski>.”
(ELKONIN, 1987, p.121
• A passagem da Comunicação
Íntima-Pessoal à próxima Atividade-
guia é pouco estudada.
• Está relacionada ao esgotamento
da Comunicação entre os
adolescentes como Atividade-guia
e à necessidade de um projeto
profissional atrelado à fase adulta,
cuja base é a resolução da
edificação de um sentido pessoal
para a vida. Sem este sentido,
dificilmente constrói-se uma
aspiração profissional.
6 - Atividade
Profissional-de-Estudo

• Suas características são as mesmas da


Atividade de Estudo. Os motivos, não.
• Enquanto antes a criança entra na
escola para engajar-se em uma
atividade socialmente valorizada, na
última inicia-se um projeto de
realização pessoal.
• Se antes dava-se um passo em direção
ao mundo adulto, agora dá-se um
passo no mundo adulto.
Toda Atividade-guia está relacionada a um Motivo
geral. Elkonin percebeu que os motivos das seis
primeiras Atividades-guia podem ser classificados
em dois grupos.

O primeiro refere-se aos três períodos que


MOTIVO protagonizados pelas Atividades orientadas aos
“sentidos fundamentais da atividade humana e a
GERAL assimilação dos objetivos, motivos e normas das
relações entre as pessoas”.

Os períodos referidos são a Comunicação


Emocional Direta, os Jogos de Papéis Sociais e a
Comunicação Íntima- Pessoal
O segundo grupo corresponde aos demais
períodos, caracterizados pelas Atividades em
que têm lugar a assimilação dos procedimentos
socialmente elaborados de ação com objetos.

São elas, a Atividade de Manipulação Objetal, a


Atividade de Estudo e a Atividade Profissional-
de-Estudo

A peculiaridade do desenvolvimento está na


sucessão regular e alternada entre períodos de
ambos os grupos.
PAPEL DA ESCOLA NA
FORMAÇÃO DO
PENSAMENTO CONCEITUAL

• Conceitos são construções culturais internalizadas


pelos indivíduos ao longo de seu processo de
desenvolvimento.
• Vygotsky distingue dois tipos de conceitos:
• Conceitos cotidianos ou espontâneos -
conhecimentos construídos na experiência pessoal,
concreta e cotidiana das crianças.
• Conceitos científicos - aqueles elaborados na sala de
aula, adquiridos por meio do ensino sistemático. São
àqueles eventos não diretamente acessíveis à
observação ou ação imediata da criança.
• Na concepção sociointeracionista, a escola
desempenha um papel muito importante na
formação de conceitos de um modo geral e
dos científicos em particular.
• Isto porque a escola proporciona ao aluno
um conhecimento sistemático sobre aspectos
que não estão associados ao seu campo de
visão ou vivência direta, possibilitando que o
indivíduo tenha acesso ao conhecimento
construído e acumulado pela humanidade.
• O aprendizado escolar exerce significativa
influência no desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, justamente na fase
em que elas estão em amadurecimento.
A qualidade do trabalho pedagógico está associada, nessa abordagem, à capacidade de
promoção de avanços no desenvolvimento do aluno.

O bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, que se dirige às funções
psicológicas que estão em vias de se completarem.

A escola desempenhará bem seu papel, à medida que, partindo daquilo que a criança já sabe, ela
for capaz de ampliar e desafiar a construção de novos conhecimentos, ou seja, incidir na zona de
desenvolvimento potencial dos educandos.

Desta forma poderá estimular processos internos que acabarão por se efetivar, passando a
constituir a base que possibilitará novas aprendizagens
O ensino sistemático não é o único responsável pelo
desenvolvimento da zona de desenvolvimento proximal.

O brinquedo é uma importante fonte de promoção de


desenvolvimento.

Através do brinquedo, a criança projeta-se nas atividades dos


adultos procurando ser coerente com os papéis assumidos. O
esforço em desempenhar com fidelidade aquilo que observa
em sua realidade faz com que ela atue num nível bastante
superior ao que na verdade se encontra: “no brinquedo é
como se ela (a criança) fosse maior do que é na realidade”.

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