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Casamento

é uma
sociedade
Procura-se um sócio

Buscamos um sócio conjugal para dar o que temos de mais precioso em nosso ser, o nosso
amor.
A primeira pergunta que fazemos quando falamos em casamento como sociedade deve ser:
“Por que buscamos um sócio conjugal?”. Qual o motivo dessa nossa busca por um sócio ou
sócia?
Baseado em nosso texto de 1 Coríntios 13 e na proposta inicial de Deus para o casal,
conforme vemos no Gênesis, a resposta não pode ser diferente desta: primeiro motivo –
“Buscamos um sócio conjugal para amar e sermos amados”.
Quando Deus fez o homem, colocou nele uma necessidade básica, a social – como destaquei
há pouco. O homem tem a necessidade de amar e a necessidade de ser amado. Nascemos
com essa necessidade de receber e de dar amor. Isso está em você, vem de fábrica, faz parte
da sua constituição humana – ainda que ao longo dos anos, devido às pancadas que a vida
nos dá, algumas pessoas se tornem amarguradas, azedas. Mas na fonte, no princípio, Deus
nos fez a todos com a necessidade de amar e de dar amor. Esse é o estado normal planejado
por Ele para todo ser humano.
Essa carência de amar e ser amado necessariamente nos levará a um segundo motivo pelo
qual buscamos uma sociedade: “A vida foi feita para ser compartilhada”. Queremos
compartilhar a nossa vida, as nossas realizações, as nossas ideias, os planos, os sonhos.
Gosto do que disse Charles Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça
termine sem aplausos.” O casamento nos proporciona essa oportunidade.
Quer ver como isso funciona na prática? Vou dar alguns exemplos. Que graça teria um
jogador de tênis ganhar uma partida ou um campeonato e não ter com quem celebrar? Teria
graça? Nenhuma. Que graça teria você comprar o carro dos seus sonhos e não ter com quem
dividir essa alegria? Não teria ninguém para levar a um passeio! Teria alguma graça?
Nenhuma. Que graça teria você passar no vestibular e não ter com quem celebrar e
compartilhar a sua vitória? Teria graça? Também não, nenhuma. Por mais que o tenista, o
comprador do carro ou o aprovado no vestibular vibrem com a vitória pessoal, essa vitória
precisa ser celebrada com alguém. A vida humana precisa ser compartilhada, porque também
é feita de vitórias.
Uma vez que a vida foi feita para ser partilhada, esse é o motivo pelo qual buscamos uma
sociedade: queremos alguém com quem partilhar nossas realizações e também para
alcançar conosco novas vitórias e conquistas.
O terceiro motivo pelo qual buscamos uma sociedade conjugal é porque a Bíblia diz que “é
melhor serem dois do que um”. E a razão para isso é simples: porque dois têm mais força do
que um. Quando juntamos forças, vamos mais longe, resistimos melhor, temos mais ânimo,
impressionamos mais e nos ajudamos mais. Em toda trajetória humana, seja na sua profissão
seja no seu relacionamento conjugal, haverá momentos delicados, ocorrências contrárias, e,
se estiver sozinho, vai ser mais difícil resistir. Sendo dois, as chances aumentam – eu diria
que elas dobram, no mínimo! E quando aumenta o número de pessoas envolvidas, a força é
ainda maior. Li um pensamento de George B. Courtelyou sobre a nação que vou aplicar à
família: “O maior patrimônio de uma família é o espírito de luta de seus membros e a maior
ameaça para uma família é a desagregação desse espírito”.
Deuteronômio 32:30 mostra como funciona a matemática de Deus, quando Ele está agindo.
“Como poderia um só perseguir mil, e dois fazerem fugir dez mil, se a sua Rocha lhos não
vendera, e o SENHOR lhos não entregara?” Um pode perseguir mil, mas dois, perseguirão a
10 mil! O número cresce em progressão geométrica quando Deus está agindo.
Considere uma empresa. Uma empresa que começa com dois sócios terá um desempenho
“x”. Quando esses sócios estiverem no limite de suas forças, eles irão contratar funcionários,
e naturalmente o desempenho da empresa no mercado será maior. Até mesmo na família
vemos isso, e como exemplo eu cito o texto de Salmo 127.3-5, que diz: “Os filhos são herança
do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos
nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles!”.
O texto está dizendo que o alcance do homem com filhos é maior, uma vez que ele envia as
suas flechas – os filhos – mais longe do que ele mesmo pode ir.
O quarto motivo pelo qual se busca uma sociedade conjugal é a soma de recursos. Quando
analisamos as características de dois sócios numa empresa de sucesso, notamos que eles
sempre reúnem qualidades e virtudes diferentes um do outro. Ou um tem o capital e o outro
tem conhecimento técnico, ou um é organizado como administrador e o outro é bom de
relacionamento comercial; ou um tem bons contatos e o outro boas ideias; ou um é criativo e
o outro é metódico. Sempre um completa o outro. A virtude que falta em um é encontrada no
outro. Cada sócio compartilha aquilo que tem de melhor e, quando unem suas qualidades, é
certo que a sociedade tem grandes chances de prosperar. São essas diferenças que dão
sentido à vida a dois no casamento.
Uma sociedade terá problemas se os sócios tiverem dinheiro, mas nenhum conhecimento
técnico; ou mesmo se ambos forem técnicos, mas não tiverem dinheiro para investir. Se os
dois forem bons de relacionamento, mas não puderem administrar bem, ou se ambos forem
sistemáticos na organização e nenhum tiver o arrojo para arriscar na hora certa, a sociedade
vai “empacar”. Ela não terá êxito. Por isso, é melhor serem dois que se completem, porque
cada qual irá compartilhar o que tiver de melhor e necessário para que a sociedade ou o
matrimônio tenha sucesso.
Quinto motivo: nós buscamos uma sociedade conjugal para viabilizar projetos. Vou dar um
exemplo. É possível realizar o sonho de ter uma família, sem para isso buscarmos o/a
sócio/a? Não, ninguém pode realizar o sonho de ter uma família sem um companheiro ou
uma companheira.
Alguns projetos só são possíveis se buscarmos uma sociedade. Não há outro meio. Assim,
buscamos uma sociedade conjugal para viabilizar projetos que de outra forma não seriam
viabilizados.
Nós buscamos uma sociedade conjugal para alcançar alvos elevados. Eu não chegaria a
alguns lugares aonde cheguei se eu não estivesse casado.
Eu não teria conseguido determinadas conquistas se não tivesse a esposa que eu tenho,
minha sócia conjugal. Sozinho, provavelmente, eu não estaria cumprindo um propósito de
Deus na minha vida, que é trabalhar com casais e com famílias, tanto no Brasil como mundo
afora.
Então, buscamos uma sociedade para alcançar alvos que de outra forma não alcançaríamos.
E com isso extrapolamos o projeto inicial, indo ao encontro de objetivos maiores e metas mais
distantes. Inicialmente, eu me casei para realizar meus planos conjugais e familiares – o
mesmo eu posso dizer da minha esposa. Mas o Senhor, valendo-se desse meu desígnio
inicial, levou-nos e tem nos levado a alvos e projetos além daquilo que podíamos imaginar
quando nos reunimos e nos associamos para executar nossas aspirações pessoais.
Portanto, se você ainda não é casado/a, e tem no coração o esboço de vida conjugal, e a
realização de um plano de vida familiar, é preciso procurar um sócio ou uma sócia que vai
compartilhar com você esse mesmo sonho, que vai completar as suas deficiências, que irá
se juntar a você para que vocês sejam mais fortes, e será essa pessoa que vai amar você e
será amada por você.
Podemos ir a muitos lugares sozinhos, mas iremos mais longe se nos unirmos a alguém em
sociedade.
O que é necessário para que uma sociedade dê certo?
“Sacrifício – Sempre somos capazes de dar algo mais; mesmo nas pedras germinam as
flores.” (Henri Bergson)
Recentemente, eu estive em Brasília e, na ocasião, procurei conversar com um empresário
bem-sucedido. Ele tem dois sócios e os três estão empenhados na direção de uma grande
organização, que tem crescido muito.
Na primeira oportunidade, perguntei a esse profissional: “Qual é o segredo do sucesso da
sociedade de vocês?”. Note que a pergunta não foi sobre o sucesso da empresa, mas sobre
o sucesso da sociedade. Ele, então, me falou de uma série de fatores que somados levam
ao sucesso de uma sociedade com três integrantes, três sócios. E esses termos têm tudo a
ver com o que nós estamos estudando a respeito de sociedade, já que vimos que o
casamento, sob certa perspectiva, é uma sociedade.
O casamento é uma sociedade que envolve um homem e uma mulher como sócios,
empenhados em um negócio que é o matrimônio, visando ao crescimento ou ao sucesso,
desejando lucros – que são os filhos, as noras, os genros, os netinhos – e que de algum modo
deixará uma impressão na sociedade, que em linguagem corporativa chama-se percepção
de mercado ou percepção da marca. Há casamentos que deixam uma boa impressão na
sociedade (ou no mercado); outros deixam uma mancha fétida na comunidade em que vivem.
O esforço e a percepção do papel a ser desempenhado por cada parte, do marido e da
esposa, devem ser no sentido de tornar o casamento um grande negócio, porque “casamento
é um grande negócio”. E, como negócio, o casamento pode dar lucro ou prejuízo,–
dependendo dos envolvidos, da maneira como se dão a gestão do negócio, do gerenciamento
e sua administração.
O que é necessário para que esse grande negócio dê resultados emocionais, espirituais e
materiais e seja um sucesso? Para responder a essa importante pergunta, eu vou aplicar as
dicas desse empresário com quem conversei.
Comprometimento

“A vida não pode existir em sociedade senão através de concessões recíprocas.” (Samuel
Johnson)
Em primeiro lugar, ele destacou o comprometimento. E o comprometimento tem a ver com o
quê? Como você pode perceber melhor o que significa estar comprometido ou ter
comprometimento com o seu casamento? Que elementos estão envolvidos no
comprometimento conjugal?
Primeiro, o comprometimento envolve sacrifício.
Segundo, o comprometimento envolve dedicação.
Terceiro, o comprometimento envolve entrega.
Sem esses três elementos, que compõem o comprometimento, o grande negócio que é a
sociedade conjugal pode se tornar um péssimo negócio e até mesmo vir a causar um
tremendo prejuízo. E não seja estritamente materialista quando pensar nos prejuízos, porque
há outros danos ainda piores que o prejuízo financeiro. Um casamento arruinado causa
prejuízos emocionais, danos morais, estragos familiares, sociais e, dependendo da situação,
até mesmo espirituais. Por isso, cuidar bem do seu casamento e empenhar-se para que ele
seja bem-sucedido é um excelente negócio em todos os sentidos! Você concorda?
Não há um só empreendimento humano de sucesso que não exija sacrifício. Quem se dispõe
a casar pensando ser possível manter a união sem sacrifício não pode casar-se. Eu
aconselho a esquecer-se desse projeto por enquanto, porque não é possível casar-se sem
sacrifício.
Se desejarmos ser bem-sucedidos nessa sociedade chamada casamento, teremos de
encarar o sacrifício como um exercício diário, pessoal e intransferível. É diário, porque cada
dia tem as suas próprias dificuldades – Jesus mesmo disse que cada dia traz o seu próprio
mal. É pessoal, porque ambos precisam sacrificar-se em favor do conjunto, em favor da
sociedade. E é intransferível, porque o meu sacrifício não pode ser feito pelo meu cônjuge,
como o sacrifício do meu cônjuge não pode ser realizado por mim – cada um tem a sua
participação efetiva e essencial em benefício do conjunto.
Finalmente, o comprometimento envolve entrega. Eu diria que a entrega não é um estado
impossível de ser alcançado, mas que ninguém se engane: ela só vem com o exercício diário
de sacrifício e dedicação. A entrega de si em função da pessoa amada é o ponto crucial que
devemos buscar. Paulo escreveu que o amor de Jesus pela Igreja foi tão intenso que ele se
entregou por ela. Jesus não avaliou os seus interesses, o seu status, nada de si. Ele
concentrou-se na sua amada e por ela entregou-se: “… assim como Cristo amou a igreja e
entregou-se por ela” (Ef 5.25).
O comprometimento também envolve dedicação, e isso diz respeito ao grau de renúncia de
mim mesmo. Posso dar um exemplo contrário para que você entenda o que quero dizer com
isso. Você sabe como são as pessoas egoístas? Pessoas egoístas são aquelas que pensam
exclusivamente em si e jamais se preocupam com os outros, com o bem-estar dos outros.
Pessoas egoístas dedicam-se àquilo que trará benefícios pessoais, nunca aos outros. Assim,
cada sócio no casamento, se pretender sucesso, não poderá pensar exclusivamente em si.
Precisará se dedicar ao que trará bem-estar ao casal, ao cônjuge, ao novo corpo formado
pela união em uma só carne.
O nível de comprometimento que você assume faz com que você coloque os interesses do
casamento acima dos seus interesses individuais. É de Laurence Peter o pensamento: “A
arte do compromisso é dividir o bolo de modo que cada um pense ter ficado com a maior
parte”. Se algo é bom para um, mas não é bom para o casal, então não é bom para ninguém.
O casamento é a prioridade, não o indivíduo; o casal deve ser protegido, não o macho nem
a fêmea; o casal deve ser o foco, não os projetos e anseios pessoais de cada sócio. Isso se
chama comprometimento. Quem pensa dessa forma está comprometido com o sucesso do
seu casamento.
Cada um abrirá mão do que é bom somente para si, desde que não seja bom para o
casamento. O casamento está acima dos interesses individuais.
“Se alguém não paga o preço da vitória, todos pagarão o preço da derrota.” (John Maxwell)
Pacto de Lealdade
“A Verdade e a Lealdade são irmãs gêmeas, ambas são filhas do Tempo.” (Fred Carrilho)
“Prefiro a tristeza de ter agido com lealdade, que a alegria de cultivar o engano.” (Andréa de
Oliveira Vieira)
Outro elemento que precisamos considerar para que a sociedade dê certo é o pacto de
lealdade. Em Malaquias 2.16 lemos: “Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o repúdio,
e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos, portanto
cuidais de vós mesmos e não sejais desleais”. (Grifo do autor).
A lealdade é o cumprimento daquilo que exigem as leis da fidelidade e da honra. Um homem
e uma mulher de bem devem ser leais um ao outro. A lealdade é uma virtude que se
desenvolve conscientemente e que implica cumprir com um compromisso ainda que seja
perante circunstâncias constantemente em mudança ou adversas. Trata-se de uma
obrigação que se tem para com o outro dentro do pacto conjugal. O contrário da lealdade é a
traição, que supõe a violação de um compromisso expresso ou tácito. Por exemplo: um
homem deve ser fiel à sua esposa. Não lhe mentir faz parte da lealdade. Se, em contrapartida,
enganar a sua mulher, estará a cometer adultério.
Para uma sociedade ser bem-sucedida, é preciso que seus sócios levem muito a sério o pacto
de lealdade. Grandes decisões dentro de uma sociedade pactuada, que celebra uma aliança,
são tomadas em conjunto. Isso caracteriza a lealdade, pois as decisões em conjunto:
• promovem a aproximação;
• o diálogo; e
• a manutenção dos interesses mútuos (não individuais).
Atitudes dessa natureza alimentam a lealdade na sociedade conjugal. Quem está casado não
pode viver como se solteiro fosse. Por isso, é preciso o pacto de lealdade. Assim que nos
casamos é necessário construir uma ponte que nos leve do eu para o nós. Desse momento
em diante as grandes decisões serão tomadas em conjunto. A lealdade será verificada em
detalhes como esses, que muitas vezes podem passar despercebidos caso nada dê errado,
mas ao menor sinal de um problema, vai deixar marcas bastante indesejáveis. Portanto,
atenção aos detalhes.
Quando eu trato desse assunto sobre o pacto de lealdade, é impossível não lembrar uma
história que ouvi de um amigo. Esse relato é o retrato em cores do que não é para ser feito
numa sociedade, principalmente num casamento!
Eu havia ido pregar na igreja de um amigo e no retorno a São Paulo ele veio comigo. Sentado
ao meu lado no avião, em dado momento ele confidenciou: “Eu tenho uma chateação com a
minha esposa”.
Eu, então, perguntei por quê? Ele disse: “Rapaz, a minha esposa não reconhece o meu
esforço, não reconhece a minha liderança. Pois veja você que eu fiz uma casa muito legal
para nós e ela nunca reconheceu isso”.
Então, conversando com ele, e posteriormente com a esposa, eu cheguei ao ponto “x” da
questão. E sabe qual a conclusão a que eu cheguei? Ele mesmo me disse a causa daquela
situação delicada. E o que falou foi que toma todas as decisões e escolhe tudo sozinho,
porque considera que a esposa tem mau gosto. Ele, então, comprou o terreno no condomínio
de sua escolha, projetou a casa, contratou a construtora, construiu, pintou, mobiliou, decorou
a casa, fez a jardinagem, e quando ela estava pronta, do seu jeito, do seu gosto, ele chamou
a esposa para apresentar a ela a grande obra…
A esposa entrou na residência, deu uma olhada geral no ambiente, não fez cara de bons
amigos, evidentemente… e ele ficou bravo!
Por que ela não vibrou com o projeto? Por que ela não celebrou a grande obra? Por que ela
não reconheceu todo o esforço do marido? Porque foi uma grande decisão tomada
individualmente, não pelos dois. E em uma sociedade de sucesso as grandes decisões
devem ser tomadas em conjunto, respeitando o pacto de lealdade que existe entre os sócios.
Aquela esposa reclamou com o marido o seguinte: “Sabe por que eu não estou vibrando com
a casa? Porque você não perguntou a mim se eu gosto dessa cor, desse tipo de piso, se eu
queria uma casa de dois andares ou térrea. Você não perguntou a mim se eu queria o jardim
desse modo. Essa casa não é um sonho nosso, é um projeto seu. Como você quer que eu
vibre com uma construção que não tem a minha participação nem a minha marca?”.
Um projeto realizado numa sociedade necessita, indiscutivelmente, da participação dos
sócios, dos envolvidos. Não há como esperar sucesso, vibração, sacrifício de todos se cada
parte não estiver envolvida com algum aspecto que lhe diga respeito. Veja que diferença
existe nessa outra história, de certo modo semelhante à do meu amigo.
Eu construí a casa de nossa família. Algumas pessoas a viram, participaram conosco, foram
lá visitar-nos. Fizemos uma reforma que foi quase uma construção. Se você for à nossa casa,
vai perceber algumas coisas bem interessantes. Por exemplo, a cor do quarto do casal foi a
minha esposa quem escolheu. A cor da sala também foi escolha dela ― coisa de mulher.
Elas gostam de decidir determinados acabamentos na casa onde moram. A cor da cozinha,
quem escolheu? A minha esposa também. Já a cor do quarto do meu filho Douglas, ele
mesmo escolheu. A cor do quarto da minha filha Letícia, ela própria escolheu. No quarto do
Pedro, a cor foi Pedro quem escolheu.
Alguém poderá perguntar: “E o senhor, escolheu a cor de algum ambiente?”. A cor do meu
escritório. Sobrou isso para mim. E é interessante que houve áreas distintas onde tivemos
uma ativa participação conjunta. Eu escolhi o revestimento do banheiro, mas ela escolheu o
piso da sala. Isso é sociedade. Se você me perguntar: “É o que você gostaria?” Eu quero ver
a minha esposa feliz. Se ela gosta, eu aprendo a gostar com ela, o que também acontece em
relação aos meus gostos. Amar é aprender gostar daquilo que a pessoa amada gosta.
Eu posso dar uma dica a você que tem encontrado dificuldade em compartilhar decisões
importantes com o seu cônjuge. Há atitudes aparentemente simples que tomamos no dia a
dia que acabam funcionando como um exercício para os projetos mais ousados na sociedade.
Por exemplo, eu conheço maridos que nem sequer deixam a esposa escolher a comida no
restaurante. Eles chamam o garçom e dizem: “Picanha para dois”. Eles olham para as
esposas e fazem uma pergunta retórica, ou seja, com a resposta pronta: “É picanha que você
quer, não é? Então, ela quer picanha também, garçom. E duas águas de coco também”. Ela
quer também água de coco. Mas ela não disse que quer, ele decidiu por ela.
Habitue-se a dividir decisões simples e corriqueiras com o seu sócio, com a sua sócia. Com
essas práticas, vocês vão permitir conhecerem-se melhor um ao outro e preparando-os para
aventuras maiores, projetos mais ambiciosos que envolvam a participação real de cada parte.
Permita que haja interação de ambas as partes nas decisões que dizem respeito ao casal.
Pratique de fato o pacto de lealdade.
Nisso devemos novamente nos curvar ao que a Bíblia diz: “Duas pessoas andarão juntas se
não estiverem de acordo?”. (Amós 3.3, NVI)
Se não houver lealdade na manutenção da sua sociedade, ela não irá longe. As decisões
tomadas devem ser boas para ambos. Nada do que fizerem prosperará, se for bom só para
uma pessoa. Pode funcionar uma vez, duas, mas chegará o momento que isso se tornará
uma rotina, que oprimirá a parte que não participou nas decisões –e esse é o ponto em que
as crises vão se intensificar no seu relacionamento. Evite isso hoje! Seja fiel no seu pacto de
lealdade. Quando há lealdade, respeita-se a individualidade, mas não se permite o
individualismo.
Administração Inteligente

O coração do sábio, quanto mais conhecimento adquire, mais deseja aprender.


As sociedades que esperam sucesso precisam ter uma administração inteligente.
Quando falamos de administração inteligente, estamos nos referindo a habilidades
desenvolvidas. Ninguém se casa com autoridade para dizer: “Sei tudo sobre casamento. Sei
administrar finanças, educar filhos, relacionar-me com a família do meu cônjuge, inclusive
com a sogra e com o sogro, lidar com minha família de origem e com questões de animais
de estimação, como funciona o processo de comunicação e sei tudo sobre sexo”.
Isso é utopia, sonho irrealizável. Simplesmente não existe uma pessoa assim, investida de
tamanha autoridade. Todos nós temos algumas (ou muitas) deficiências no nosso casamento,
e essas deficiências precisam ser resolvidas a partir do desenvolvimento de uma habilidade.
As habilidades não nascem conosco; são aprendidas, são desenvolvidas, mesmo que já se
tenha aquele dom de nascença. Deixe-me dar mais exemplos.
Qual é a sua deficiência conjugal que lhe incomoda? É na área da comunicação? Então, você
pode ler um livro sobre comunicação no casamento, ler um artigo sobre isso numa revista
especializada, assistir a uma palestra. Por que você não conversa com casais que se
comunicam bem? Desenvolva essa aptidão. Aprenda essa habilidade.
Suponhamos que o seu problema seja na área financeira. Por que você não compra um bom
livro sobre o assunto? Há ótimos livros nas prateleiras das livrarias que tratam dessa questão.
Vamos a outro exemplo: Sua dificuldade é na área sexual? Ninguém se casa sabendo tudo
sobre sexo, especialmente se você escolheu esperar. A maturidade sexual leva um tempo
para ser atingida e ela acontece em momentos diferentes para o homem e para a mulher. A
mulher atinge o seu nível de maturidade sexual depois dos trinta e cinco anos. O homem,
muitas vezes, aprende a controlar o momento do orgasmo depois dos trinta e cinco, quarenta
anos de idade. Mas é possível você aprender isso. Como? Descubra e adquira as boas
publicações, inclusive com apoio de base bíblica, ensinando como praticar sexo com
qualidade.
Outro exemplo: suponhamos que o seu problema seja a dificuldade de se relacionar com a
sogra. Isso tem jeito, e não é orando para sogra desaparece nem morrer. É lendo um bom
livro, que descreva como o autor resolveu isso ou as experiências de outras pessoas que o
escritor apresenta na sua obra. Você terá contato com as experiências de sucesso daqueles
que tiveram o mesmo problema que você e superaram, porque desenvolveram suas
habilidades.
Caso você conheça alguém que tenha um bom relacionamento com a sogra, um
relacionamento maduro, estável, sente-se com essa pessoa e peça que ela conte a você a
receita. Quando você quer fazer um prato novo, não pede a receita a quem já o fez? Então,
peça também a receita do bom relacionamento. É assim que nós avançamos sobre áreas em
que somos deficientes: conversando, compartilhando experiências, aprendendo e
desenvolvendo habilidades.
E falando em cozinha, pode ser que a sua deficiência esteja aí. Já imaginou o marido que
precisa almoçar no restaurante todos os dias porque a mulher alega que “não tem mão boa”
para cozinhar? Se esse é o seu caso, vá estudar. Converse com a sua avó, com a sua mãe,
com a sua sogra, com a vizinha. Vá aprender, vá desenvolver a sua habilidade porque a
sociedade conjugal depende de uma administração inteligente. E como posso administrar
minha sociedade de maneira inteligente? Desenvolvendo novas habilidades de acordo com
as deficiências existentes.
Ninguém pense que, com o tempo, tudo ficará às mil maravilhas. Sempre será preciso
identificar áreas com deficiências e desenvolver novas aptidões. Até hoje eu estudo e aprendo
sobre como administrar com inteligência a nossa sociedade conjugal. Não podemos
descuidar um só instante, porque sociedades que se conformam a um padrão, a uma
situação, ficam para trás.
A história conta inúmeros casos de grandes sociedades que se julgaram plenas, estáveis,
autos suficientes, e logo foram parar na sarjeta. Não é diferente com a nossa sociedade
conjugal. Sempre haverá uma área a ser melhorada, uma habilidade a ser aprendida, um
talento a ser desenvolvido.
O fracasso de um é o fracasso da sociedade conjugal como um todo.
Eu sou o maior interessado em que a minha esposa não fracasse, porque, se ela fracassar,
nós dois teremos fracassado, pois estamos no mesmo barco.
A minha esposa é a maior interessada em que eu dê certo como seu sócio, porque no
casamento ou os dois ganham ou os dois perdem.
Sobre esse tema, o autor indica a leitura de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de
Gustavo Cerbasi (Ed. Gente) e Pai Rico e Pai Pobre, de Robert Kiyosaki e Sharon
Lechter (Ed. Campus). N.E.
Dinheiro: um ponto de tensão…
Existem dois pontos que sempre provocam conflitos no relacionamento conjugal. Primeiro
ponto de tensão :o sexo. O ajustamento sexual dentro do casamento não é tão simples como
muitos pensam. Homem e mulher têm resposta sexual muito diferente, pensam sobre sexo
de forma distinta, desejam sexo em uma frequência diferente, tem desejo em momentos
distintos etc. Por isso, essa é uma área muito propícia para conflitos. Segundo ponto de
tensão: o dinheiro. Ele pode ser uma grande bênção, mas se ganhar importância e status
indevidos, além do que merece, pode tornar-se um grande problema.
São recorrentes os casos de cônjuges que trabalham fora, que têm uma carreira profissional,
ou simplesmente quando o marido é o provedor único da casa, caírem numa armadilha
comum. Uma pergunta que sempre faço aos maridos: A sua esposa sabe o quanto você
ganha?
Ou quando ambos têm uma carreira profissional bem-sucedida, podemos adaptar a pergunta
para: O seu cônjuge sabe o quanto você ganha?
Mas vamos ficar na primeira pergunta e em seus desdobramentos, pois ela, por si, já vai
revelar o que fica oculto muitas vezes.
Se a esposa não tem liberdade para dizer quando um bem deve ou não ser comprado, se é
ou não o melhor momento, se o marido tem o hábito de dizer “o dinheiro é meu. Eu o ganhei
e faço o que quero com ele”, então eu pergunto: Por que se casou? Que sociedade é essa
que permite segredos ou temas impróprios para um dos sócios? Quem não deseja
compartilhar a vida não deve se casar. É melhor fazer a opção por ter um cãozinho para fazer
companhia, pois os cães não pedem prestação de contas nem querem saber o quanto você
ganha, nem onde você aplica o seu dinheiro.
Alguns provedores se sairão com a desculpa esfarrapada de que se ela souber o quanto ele
ganha ou o quanto ele tem, irá querer gastar tudo. Nesse caso, então, quem está com
problemas é a pessoa que pensa assim. E explico o motivo: o provedor não é apenas de
recursos financeiros – ele deve prover sua família com informações, com orientação. É função
de liderança, para a qual o homem foi chamado.
Há muitos maridos com dificuldade de entender algo bastante natural. Liderar o casamento
ou a família não significa manifestar o seu gênero – no caso é macho. Quando a Bíblia o
chama de “cabeça da mulher”, há que se entender que a cabeça provê a todo o corpo, muito
mais que a identidade sexual. Eu explico: é na cabeça que encontramos os olhos (por onde
temos a visão); é na cabeça que estão os ouvidos (que recebem informação externa) e é na
cabeça em que se situa o cérebro, onde são processadas as informações da visão e da
audição e que dará aos demais membros as orientações para que o corpo todo não padeça.
Dessa forma, a liderança é papel do marido, mas isso se deve dar na base do
compartilhamento da informação, e não na privação de bens e informações aos demais
sócios. Quem coloca o limite aos excessos da esposa é o homem, e faz isso por meio do
diálogo aberto, da informação e do respeito mútuo. Minha esposa pode saber que eu tenho
dinheiro, mas quem estabelece os limites do seu uso e gastos sou eu. De que modo eu
consigo isso? Ajudando-a entender princípios de economia – embora a minha esposa seja
muito equilibrada e sensata.
Um casamento no qual um sócio não sabe nada sobre as finanças do outro é um casamento
que na verdade nunca foi celebrado como sociedade.
Pode ser que um ou mais leitores ainda mantenham suas finanças separadas, mas é preciso
ter em mente o impacto que suas atitudes causarão um no outro. E esse impacto existe, ainda
que na sua vida conjugal esses efeitos ainda não tenham sido manifestados.
Para muitas esposas é terrível ter que viver mendigando, pois estão privadas pelos maridos
de compartilhar uma decisão sobre gastos e investimentos. E não são poucos os casos em
que esposas dizem que estão à procura de emprego por não aguentar mais pedir esmola
para o seu próprio marido. Isso é inadmissível.
Apesar de que ele tem razão em dizer que “quem põe comida aqui” é ele ou “quem paga
conta de luz e de água” é ele, a esposa também é sócia porque se ela não executasse sua
função de educadora e cuidadora de seus filhos, ele não estaria no seu emprego ganhando
o que ganha para depois gabar-se de que ganhou aquilo sozinho. O trabalho da esposa e
mãe tem o mesmo valor da missão do marido como provedor. Sem a participação dela nos
cuidados do lar, que envolvem a casa, os filhos e outras responsabilidades mais, ele nunca
teria tido o êxito que teve na sua carreira profissional.
O homem que ama de forma responsável e é um administrador inteligente nunca expõe a
esposa a vergonha, quando diz que o seu trabalho fora de casa, buscando recursos, é mais
importante do que o dela como educadora dentro de sua casa.
Casais inteligentes sabem conversar sobre questões que envolvem dinheiro, recursos
financeiros, aplicações, investimentos e gastos, usando o bom senso e o respeito às
necessidades de cada um e os interesses mútuos do casamento, da sociedade. Acima de
tudo estão os interesses do casamento.
É bom para o casamento? Então, eu sacrifico o meu desejo pessoal. É um investimento no
casamento? Então, eu abro mão dos interesses particulares.
Transparência

“A transparência revela o que tem do outro lado…, mas poucos conseguem ultrapassá-las.”
(Tâmara Badaró)
O próximo ingrediente necessário para que uma sociedade dê certo e tenha uma vida longa
é a transparência. Para isso, todos os envolvidos devem ser sinceros, abertos e corajosos,
rejeitando o uso de máscaras, indiretas e subterfúgios.
Quando conversei com o meu amigo bem-sucedido, que tem outros dois sócios numa
empresa que vem crescendo a cada dia, ele revelou como eles lidam com a questão da
transparência. Ele me disse: “Nós nunca escondemos nada um do outro. Há anos
trabalhamos juntos e nós temos um pacto aqui, e esse pacto é de sermos transparentes.
Ninguém aqui, seja no prejuízo, seja no erro, seja numa falha, oculta isso dos outros dois.
Durante nossa reunião com os três, a gente abre a questão, expõe o que está ocorrendo. É
por isso que temos ganhado dinheiro. É por isso que a gente está construindo um grande
patrimônio. É por isso que estamos nos tornando uma empresa referência no Brasil”.
E o que compõe a atitude de transparência numa sociedade? A transparência tem uma íntima
relação com prestação de contas.
Você quer que o seu casamento seja à prova de divórcio? Você quer que o seu casamento
seja à prova de tempestades? Você quer que o seu casamento seja à prova de adultério?
Então seja transparente.
Não há segredo algum aqui. A questão é bem simples e na simplicidade encontramos um
santo remédio para diversos males que assolam os casamentos hoje em dia. Não esconda
nada do seu parceiro, não esconda informação alguma da sua parceira em relação a tudo
aquilo que diz respeito à segurança e à estabilidade da sociedade de vocês. Dessa forma,
vocês serão blindados contra todo mal que venha do lado de fora.
Diga para você mesmo (a) “se algo está acontecendo comigo e está pondo em risco a minha
sociedade conjugal, eu vou contar para a minha mulher”. Antecipe-se ao problema sendo
transparente, jogando aberto, limpo.
Eu posso dar exemplos que conheço e faça você uma avaliação pessoal da situação em que
se encontra.
Conheci uma esposa que escondeu do seu marido as contas que ela fazia no comércio.
Contas, contas, contas e mais contas. Quando ela contou tudo para o marido, imagine o que
ele fez. O marido pediu ao seu patrão mandá-lo embora, pois pensava que recebendo toda a
indenização poderia quitar as dívidas que sua esposa havia feito. E veja você, nem toda a
rescisão contratual que ele recebeu foi suficiente para pagar todas as contas que ela havia
feito.
Pergunto: se logo no início da gastança que essa esposa promoveu, o marido tivesse sido
informado, eles teriam chegado a uma situação-limite? Evidentemente que não!
Como tem sido a transparência no seu casamento em assuntos, como por exemplo, a criação
de seus filhos?
Sabe aqueles assuntos – a bem da verdade, aqueles “pepinos” – que seu filho ou sua filha
adolescente trazem a você, naquela conversa a portas fechadas, dentro de “um cenário” da
mais pura ingenuidade da parte dele, fazendo-se se passar por vítima… você tem sido
transparente com o seu marido sobre o que acontece com os seus filhos? Porque, se eu
afirmo que ele não tem direito de sonegar à esposa o direito do desfrute do que ganha no seu
trabalho, nesse aspecto da sociedade ele também tem o direito de participar das decisões
sobre a educação de um filho ou filha, que é fruto de ambos. Mais que isso: além do direito,
o marido tem o dever de ser ativo na criação e educação de seus filhos. Há, inclusive, papéis
que são exclusivos do marido na criação dos filhos.
Vejo esposas que, a fim de ocultar a própria falha no processo da educação dos filhos,
escondem do marido as ocorrências mais suspeitas. E quando o pai fica sabendo? Aí já se
tornou caso de polícia. Aí já é preciso fazer chá de bebê. Aí já é tarde, porque não houve a
transparência necessária, no tempo devido, quando tudo ainda poderia ter sido resolvido de
maneira pacífica, sem traumas nem sequelas.
Construindo um espaço seguro, onde os dois possam confessar suas tentações…
Essa tem sido uma das bandeiras que eu tenho levantado dentro do meu ministério, seja nas
ministrações que faço em igrejas e congressos Brasil adentro, seja na televisão e no rádio
também. O casal precisa ter maturidade, criando um espaço seguro dentro de casa, onde
ambos tenham a liberdade de confessar as tentações a que são submetidos, sem medo da
estupidez e da ignorância do outro. E para que isso aconteça é preciso que cada um seja
maduro o suficiente para ouvir e estender ajuda. Quem ganha ou quem lucra com isso? O
casamento, a sociedade conjugal que vocês têm mantido.
Cabe aqui outra pergunta, agora às mulheres. Imagine se o seu marido viesse até você e
dissesse: “Querida, lá onde eu trabalho tem uma mulher que há um mês vem me perturbando.
Por último, ela mandou esse bilhete para mim, me convidando para sair com ela. Eu não cedi.
Mas confesso que está mexendo comigo. Por isso, estou contando para você, porque você é
a mulher da minha aliança. Você é a minha sócia nesse casamento”.
O que você faria ou diria ao seu marido?
Se eu bem conheço algumas esposas, algumas diriam: “Para cima de mim, meu querido?
Você já foi para cama com essa sem-vergonha. Olha bem nos meus olhos e diga que não
foi!”.
Que tipo de reação seria essa? É típica de quem recebeu uma informação e não a processou
adequadamente. Uma notícia como essa, dada por esse marido, não pode ser tratada de tal
maneira, levianamente, porque nenhum marido seria estúpido o suficiente para expor-se num
nível desses, num assunto tão delicado para as mulheres como é a traição.
Geralmente, quando um homem chega ao ponto de compartilhar essa situação com sua
esposa, é porque ele está sendo sincero e precisa de ajuda. Se ele sorriu para ela no começo,
se ele foi gentil com ela e deu ocasião para chegarem a esse ponto, essa não é a questão-
chave agora. Do contrário, se ele tivesse tirado proveito da situação, ele guardaria silêncio
sobre o caso até que alguém o desmascarasse ou até que ele mesmo tivesse a iniciativa de
parar com as suas aventuras extraconjugais.
A esposa que reage assim demonstra imaturidade e falta de sabedoria? A Bíblia diz: “A
mulher sábia edifica a sua casa (seu casamento)” (Pv 14.1). Algumas mulheres fazem uma
leitura equivocada das informações e dos sinais que seus maridos dão, e em vez de ajudá-
los a vencer a tentação, elas o empurram para o colo da outra interessada.
Assim, a precipitação acaba gerando o resultado contrário ao que elas queriam obter –isso
quando não acontece algo pior, como inibir para sempre o marido de ser transparente com
sua esposa. Há maridos que desenvolveram tão alto grau de desconfiança e temor sobre as
possíveis reações de suas esposas, que acabam se fechando e vivem sofrendo
solitariamente, carregando fardos que poderiam ser facilmente aliviados se houvesse um
gesto de compreensão e a transparência fosse promovida na sua sociedade.
Eu já tive a oportunidade de viver uma experiência na qual coloquei à prova a transparência
na minha sociedade com a minha esposa, Rousemary. Na ocasião, eu confessei uma
tentação a ela e tivemos uma ocorrência diferente da que relatei nos parágrafos anteriores.
Passamos uma crise de dois meses, é verdade. Sim, houve inicialmente uma resposta não
muito amistosa, o que não significa que houve uma reação negativa. Um clima tenso ficou
instalado, mas até hoje eu aplaudo a atitude que a minha esposa teve comigo. Em nenhum
momento, após ela ouvir o que eu compartilhei, eu fui chamado de safado, sem-vergonha ou
de adúltero, até porque eu estava confessando uma tentação.
De minha parte, foi preciso muita responsabilidade e dignidade. Ela chorou comigo, nós
oramos juntos e aconteceu o que era previsto, o que a Palavra de Deus nos garante: o Diabo
foi vencido e o nosso casamento saiu fortalecido.
O que é preferível: confessar uma tentação ou confessar um adultério consumado?
Maridos: habituem-se à ideia de sentar com suas esposas e abrir o coração para elas. As
esposas também devem praticar o princípio da transparência quanto suas tentações.
Esposas: aprendam a ouvir o que o seu marido tem a dizer para que possam ajudá-lo.
Quem não quer ouvir hoje que seu cônjuge está sendo tentado pode ser obrigado a ouvir
amanhã que ele já adulterou. Você prefere que ele confesse uma tentação? Ou quer esperar
que amanhã ele confesse um adultério?
Um adultério, quando consumado, arrebenta a alma da família, viola a reputação do
evangelho, deixa todos envergonhados. Sejamos, então, sensatos, e vamos aprender a lidar
com o mal de maneira madura, responsável e enquanto ele pode ser removido e o corpo,
curado. Lemos na epístola de Tiago: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e
orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”
(Tg 5.16)
Internet: bênção ou maldição na vida dos casais
A situação na qual um cônjuge é posto no limite de suas forças, onde a tentação vem
ostensivamente, pode ser outra. As redes sociais, por exemplo, são uma realidade cada vez
mais presente na vida das pessoas. Sites de relacionamentos, sites que convidam a conhecer
novas pessoas e até mesmo os mais explícitos, os sites pornográficos. Essa também é uma
questão que precisa ser levada à mesa de discussões, é uma situação que precisa ser
relatada, porque também faz parte da prestação de contas relacionadas à transparência.
Há maridos, e também esposas, que não estão conseguindo lidar bem com essas novas
tecnologias. E sabemos que o que há por trás é o velho pecado, que nunca vem vestido de
luto – ele sempre se apresenta com trajes de gala. Quando há o descuido, a desatenção, o
momento nebuloso na sociedade com o seu cônjuge, então temos criado o cenário perfeito
para o problema que queremos evitar.
A questão dos relacionamentos virtuais há muito deixou de estar restrito aos bate-papos ou
somente aos adolescentes, e passou para a vida real dos casais e das famílias. No início,
esses sites eram novidade no Brasil, os educadores diziam que os relacionamentos que eram
frutos desse ambiente virtual não deveriam receber atenção, porque eles não se
consumavam em aproximação efetiva e humanos necessitam de aproximação.
Hoje a situação é bem outra. De manhã um casal se conhece pela internet, no almoço já pode
encontrar-se, sair juntos, arruinar sua vida, carreira, reputação e ferir profundamente aqueles
a quem ambos amam e de quem recebem amor.
Essa é uma situação que também precisa ser tratada por meio do diálogo transparente. E
quero registrar que caso você não saiba como lidar com essa questão, nós temos em nosso
ministério uma equipe treinada que poderá auxiliá-lo no tratamento adequado para vencer
esse mal. Procure-nos e nós daremos uma direção a você: “Portanto, confessem os seus
pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.(Tiago 5.16)”.
Alguém está sendo tentado a fazer um negócio imoral, que envolve muito dinheiro, mas que
é ilegal? Abra o coração com o seu cônjuge, confesse ao seu sócio matrimonial. E aplique
esse princípio em cada área de sua vida onde você avista um problema futuro. Aprenda a
estreitar os laços de confiança, respeito e amor mútuos, para que tenhamos uma família
sadia.
Quando tivermos um casamento ajustado, teremos uma família sadia. E sabe quando é que
a igreja vai ser uma referência nesse país? Quando os maridos cristãos cuidarem bem das
esposas e quando as esposas cuidarem bem dos maridos e houver entre os dois lealdade,
transparência e prestação de contas.
Teremos saúde e maturidade quando o marido puder discipular a sua mulher e a mulher
puder ajudar o seu marido, e isso só será possível no dia em que ambos se exercitarem na
transparência, sentando-se para prestar contas um ao outro.
As implicações desse comportamento serão maiores ainda. E posso adiantar que casais que
se permitem abrir o coração um ao outro vão lucrar até mesmo em suas vidas espirituais. A
sua vida com Deus será afetada, para melhor, pois o Senhor sempre recompensa casais que,
juntos, diante de uma questão problemática, oram, jejuam, fazem novas alianças e têm novos
objetivos um com o outro e com Deus.
Veja você, como os lucros são cumulativos numa questão que poderia ser a própria ruína da
sua sociedade. Se optasse por ocultar o problema de uma aparente tentação ela poderia
evoluir para um fato consumado e desembocar num litígio, num dano muito maior. No entanto,
ao escolher ser transparente, fazer a prestação de contas do que você receia e do que ronda
o seu coração, você se aproxima mais ainda do seu sócio e isso o leva para mais perto do
Senhor, que por sua vez, contempla a sinceridade e a seriedade com que vocês cuidam da
sua relação. Isso jamais poderá causar prejuízos a alguém. É impossível que uma atitude
dessas redunde em danos para alguém. Vocês só sairão ganhando se agirem dessa forma.
A transparência, baseada no princípio cristão da verdade, é como um muro que nós
levantamos em torno do nosso casamento. A partir de hoje, sejam mais transparentes no seu
relacionamento. Esposas, sejam mais sinceras com seus maridos; maridos sejam mais
abertos com suas esposas e levantem uma muralha de proteção em torno do seu principal
negócio: o seu casamento, a sua família, o seu lar.
E para finalizar este ponto, preciso dizer que o momento mais fácil para você resistir à
tentação é quando ela começa. Você conhece o ditado que diz que o mal deve ser cortado
pela raiz. Acredite nisso. O ditado é popular, não está escrito dessa forma na Bíblia, mas
acredite que ele expressa a verdade, que é o que nos interessa. Conhecer a realidade sobre
o que está no coração da pessoa com quem vivemos equivale a ter segurança. Quem constrói
sua vida, seus projetos, suas expectativas sobre fatos verdadeiros tem mais segurança.
Jesus mesmo disse que quem edifica sobre a Rocha (que é a Verdade) não tem surpresas
desagradáveis no dia da tempestade: “Quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como
um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram
os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus
alicerces na rocha” (Mt 7.24,25).
É tão bom vermos quando o homem é tão íntegro no trato com sua mulher amada, que
quando surge uma calúnia ela pode dizer: “Eu conheço a índole do meu marido e ele seria
incapaz de fazer isso”.
Do mesmo modo como é tão bom quando o marido conhece bem o caráter e a integridade
da sua esposa, comprometida com a verdade, que quando alguém vem contar-lhe alguma
falsa notícia ele pode dizer: “Eu conheço a índole da minha mulher e sei que ela seria incapaz
de fazer isso”.
Nós só chegaremos a esse nível, a esse estado, se levarmos muito a sério a transparência
em nosso relacionamento conjugal.
O que pode fazer uma sociedade acabar?
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) estuda há doze anos
a sobrevivência e a mortalidade das empresas no Brasil. Esse estudo aponta que 27% das
empresas fecham as portas já no primeiro ano de atividades. E eu estou preocupado com o
número de sociedades que está acabando. Refiro-me, no entanto, às sociedades conjugais.
Muitas delas tinham tudo para vingar e ser muito abençoadas, mas ruíram.
No Censo de 2010, a pesquisa do IBGE apontou que o número de divórcios no Brasil subiu
de 1,7% em 2000 para 3,1% em 2010, ou seja, apesar da porcentagem aparentemente baixa,
a proporção quase dobrou, o que indica 243.224 divórcios somente no último ano da
pesquisa, quase meio milhão de pessoas levadas à falência em seu casamento.
E que fatores podem determinar o fracasso da sociedade conjugal? Quero pontuar alguns
deles, ainda que de modo breve, para que você possa fazer um check-up e identificá-los na
sua sociedade, caso eles deem as caras por aí.
Egoísmo

“Amor verdadeiro é quando você se livra do egoísmo e está mais preocupado com sua
companheira ou com as crianças do que com você mesmo. No casamento, agora você é um
doador, e não um receptor.” (Sylvester Stallone)
Vimos durante este livreto que é esperado dos sócios que eles pensem coletivamente,
pensem no casamento como um todo. Quando o sócio ou a sócia pensa apenas em si e
desconsidera os interesses do outro ou do casamento, então temos a presença indesejável
do egoísmo.
O pensamento comum nesses casos é: “Se eu estiver bem, não me importam os outros”; “se
eu tiver dinheiro no meu bolso, que se lasquem os outros”; “se o meu carro for o melhor, que
se virem os outros”; “se eu tiver uma roupa boa, que se lasquem os outros”.
O egoísmo é a causa principal de todos os casamentos que fracassaram. Quando no coração
do casal prevalece esse sentimento, não há espaço para o diálogo aberto, para um pedido
de perdão sincero, para uma segunda chance, para estender as mãos solidariamente. As
pessoas egoístas correm um sério risco de terminarem a vida sozinhas, pois elas plantam a
pior semente sem lembrar que a colheita é sempre obrigatória.
Nenhum casamento vinga, floresce, prospera se um não priorizar as necessidades do outro.
Quanto mais eu me preocupo com as necessidades da minha esposa, melhor fica o nosso
casamento. Lembre-se: amar é abrir mão por um tempo do seu mundo, para se preocupar
com o mundo do outro. Não permita que o egoísmo, como uma ferrugem, comprometa toda
a estrutura da sua sociedade conjugal.
Mentira

“Os fracos não podem ser sinceros.” (La Rochefoucauld)


Uma sociedade também quebra e vai à bancarrota quando a mentira prevalece. Um mente
para o outro. Eles mentem aos filhos. Mentem a todos.
Quando mentir se torna um hábito, temos o contrário do que deveria haver: falta
transparência. Lembra-se de que falamos dela no capítulo anterior? Pois é, se faltar, poderá
dar lugar à mentira.
A mentira também pode ser traduzida por falta de honestidade. Quem mente age com
desonestidade, primeiro com o Senhor, que disse que o Diabo é o pai da mentira, e, portanto,
não tem parte com Deus. Depois, quem mente ao sócio é porque age desonestamente para
levar alguma vantagem, saquear os lucros que deveriam ser divididos igualmente.
E a mentira tem agravantes delicados, pois mexe com a questão da confiança, traindo-a.
Restaurar o mesmo nível de confiança que havia, depois de violar o lacre que antes existia,
é um trabalho terapêutico que exige muito esforço, honestidade inviolável e verdade acima
de tudo. É preferível avaliar primeiramente e constatar que não vale a pena mentir, seja qual
for a circunstância. Você trabalha só com a verdade? A verdade não tem medo da luz e é
filha do tempo. Sem um comprometimento com a verdade, o casamento é como uma
residência construída na areia: é uma questão de tempo, vai cair.
Seja honesto, diga a verdade e mantenha em pé sua sociedade, que deve estar blindada com
a verdade.
Esforço unilateral

“Nenhum trabalho de qualidade pode ser feito sem concentração e autossacrifício, esforço e
dúvida.” (Max Beerbohm)
Lembra o exemplo que dei do avião? Lembra que falamos da importância das duas asas para
mantê-lo no ar, estabilizado, levando a todos em segurança? Muito bem, quando toda a carga
de passageiros, tripulantes e malas no compartimento de bagagens depende de uma só asa,
temos o esforço unilateral. Só um lado da sociedade esforça-se e o resultado inevitável você
já imaginou: a queda.
Um avião, tal qual o casamento, sempre vai depender do esforço de todos. Se for um casal,
os dois deverão dar o melhor de si. Se for uma família com dois filhos, cada um no
desempenho do seu papel, os quatro deverão esforçar-se para manter o avião no ar, e com
isso irão mais longe. Cada um dando o melhor de si. Nada de fazer corpo mole, deixando que
apenas um faça o trabalho de todos. Isso não seria uma sociedade inteligente – estaria mais
para um profissional liberal!
Esse tripé, egoísmo, mentira e esforço unilateral, pode arruinar uma sociedade, ainda que
tenha tudo para dar certo. Mesmo que as expectativas iniciais sejam as melhores, que as
probabilidades de darem frutos sejam altas, que as promessas e compromissos assumidos
sejam os mais nobres; se o egoísmo entrar, se houver alguém fazendo o esforço que deveria
ter sido compartilhado ou a mentira prevalecer, sua sociedade será marcada pela falência,
pelos prejuízos em comum e pela vergonha de ter iniciado um grande negócio e não alcançar
o sucesso que todos esperavam ver. No seu casamento, quem mais se esforça para melhorar
a sociedade conjugal? Os casais que vivem bem sabem lutar juntos para alcançar o melhor
resultado.

Pr. Josué Gonçalves


Pr. Josué Gonçalves é terapeuta familiar, pastor sênior do Ministério Família Debaixo da
Graça - Assembleias de Deus em Bragança Paulista – SP, bacharel em teologia, com
especialização em aconselhamento pastoral e terapia de casais, exerce um ministério
específico com famílias desde 1990.

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