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SHEDD – DISCIPLINA NA IGREJA

1. Termos-chave para a disciplina segundo

o Novo Testamento............................................... 019 A. Disciplina ............................................................ 019

B. Ensino.................................................................. 024 C. Exortação ............................................................ 227

D. Educação ............................................................. 235 E. Admoestação e advertência................................. 040

F. Repreensão e convicção ...................................... 046 G. Correção.............................................................. 052

2. Como disciplinar?.................................................. 055 A. Estudo de caso: disciplina de Pedro.................... 060

B. Estudo de caso: disciplina de Judas..................... 062 C. Estudo de caso: Lucas 15.................................... 066

D. Estudo de caso: Mateus 18.................................. 074 3. Exemplos de disciplina negativa no Novo Testamento
.................................................. 079

A. O homem que cometeu incesto......................... 079 B. Deus disciplina sua igreja.................................... 083

C. A disciplina de Ananias e Safira ......................... 087 D. A disciplina de Simão, o mago........................... 089

E. Himeneu e Alexandre ......................................... 091 F. A disciplina de hereges........................................ 092

G. Os que pecam para a morte................................ 100

Prefácio

Écomum nos nossos dias as igrejas evangélicas mostrarem um esforço cada vez maior para viver de acordo com os
princípios ensinados por Jesus e seus apóstolos, conforme registrados no Novo Testamento. Contudo, o que se verifica
é que muitas vezes não temos atingido o padrão bíblico. E uma das áreas que mais manifesta tal distância com relação
ao ideal divino é a aplicação da disciplina na igreja local.

Por um lado, encontramos igrejas que pouco parecem preocupar-se com o assunto e exercem a “disciplina da indi-
ferença”, deixando cada membro da igreja responsável por seu próprio comportamento dentro e fora da comunidade
cristã.

Outras, por sua vez, aplicam apenas a “disciplina da excomungação”, eliminando da lista de membros todas as pessoas
que não frequentam regularmente os cultos ou as que cometem pecados considerados “escandalosos”, geralmente
de natureza sexual; e, infelizmente, há igrejas que excluem pessoas de sua lista de membros puramente por motivos
pessoais ou políticos.

Por outro lado, encontramos igrejas que se preocupam excessivamente com o tema da disciplina a ponto de se
tornarem comunidades reguladoras de todos os aspectos da vida de seus membros; não lhes deixando campo para a
tomada de decisões éticas à luz de sua própria consciência e da Palavra de Deus. São as chamadas igrejas “legalistas”,
nas quais muitas vezes o cristianismo é reduzido a uma soma de mandamentos, quase sempre negativos. Tudo é
motivo de disciplina, ou seja, exclusão!

Diante de tal quadro, este livro será um guia indispensável a pastores e líderes de igrejas que têm a responsabilidade
de exercer a disciplina eclesiástica e pastoral em suas comuniDades locais. Dr. Shedd expõe com clareza e profundidade
os princípios teológicos e práticos do exercício da disciplina na igreja, conforme relatados no Novo Testamento. Sua
leitura proporcionará inquietantes e emocionantes descobertas da grande riqueza que envolve o ensino
neotestamentário sobre a disciplina na igreja. A aplicação destes princípios, creio, resultará em igrejas mais fortes e
maduras e, mais adiante, na glória do nosso Deus e Salvador.

Introdução

Deus ama sua igreja. Por amor a ela, é que Deus não poupou seu Filho único e amado (Rm 8.32). Entre os vários títulos
que descrevem a igreja, “a família de Deus” e “filhos de Deus” revelam a preocupação ímpar que o Pai celestial tem
para com o bem-estar de todos os seus filhos: usufruir do privilégio extraordinário que é pertencer à igreja de Cristo.
Ninguém acredita, porém, que a participação na comunhão dos santos garanta que o filho adotivo passe a ser pa-
recido com o Filho eterno ou que se comporte como o Pai.

Certamente esse deveria ser o alvo, mas na realidade concreta da igreja, experimentada por nós numa comunidade
que reúne pessoas com todas as suas debilidades, muitas vezes que se conhecem bem de perto, o ideal pouco ou
nunca se vê.

Filhos de Deus muitas vezes falam, pensam e agem como filhos de Adão e até do Diabo (Jo 8.44; 1Jo 3.10; Gl 5.15).

A disparidade entre a santidade que a filiação divina tem o propósito de produzir (Ef 1.4; 5.26s) e a iniquidade que os
membros da família divina naturalmente praticam demonstra a necessidade impreterível da disciplina.

Pela “instru[ção] em justiça” (2Tm 3.16), os imaturos e ignorantes devem avançar por meio da transformação ope-
rada pelo Espírito até refletir a “mesma imagem” de Jesus Cristo (2Co 3.18). “Crianças em Cristo” é uma figura que o
apóstolo Paulo utilizou para caracterizar os coríntios sem maturidade (1Co 3.1-3), justamente porque não
manifestavam sinais de filiação divina, mas sim humana e carnal:

Irmãos, não vos pude falar como a pessoas espirituais, mas como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo. [...]
Visto que há inveja e discórdias entre vós, por acaso não estais sendo carnais, vivendo segundo padrões puramente
humanos?

É comum que se interprete o texto como uma referência a descrentes, não a cristãos, na expressão “os que se introme
tem pelas casas” (2Tm 3.6). No entanto, não foi essa a atitude que Paulo expressou em relação aos coríntios:

Pois em tudo fostes enriquecidos nele, em toda palavra e em todo conhecimento, porque o testemunho de Cristo foi
confirmado entre vós; de modo que não vos falta nenhum dom, enquanto aguardais a revelação de nosso Senhor Jesus
Cristo.

Ele também vos firmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Co 1.5-8)

Pode parecer chocante concluir que não há nenhum meio seguro de distinguir os filhos verdadeiros dos falsos
(chamados “ilegítimos” em Hb 12.8) a não ser no longo prazo.1

Com o passar dos anos, os filhos pródigos ou perdidos voltarão arrependidos para casa, e os ilegítimos confirmarão
que necessitam da graça salvadora. É bastante comum que pessoas que frequentem a igreja com regularidade, e até
sejam membros ativos, também com regularidade deem a impressão de serem 1

Diz Hebreus 3.14: “Porque temos nos tornado participantes de Cristo, se mantivermos a nossa confiança inicial firme
até o fim”. A parábola do joio, contada por Jesus, ensina uma verdade paralela: somente os anjos no julgamento terão
meios de separar os salvos dos perdidos (Mt 13.24-30; 36-43).

verdadeiros cristãos simplesmente porque aprenderam a falar e atuar segundo os modelos que a igreja adota. No
entanto, é provável que não estejam dispostos a perder a amizade e o apoio que a igreja lhes fornece, embora, na
realidade, nunca tenham de fato sentido convicção sincera e profunda de pecado a ponto de se arrepender.

Outros passam os dias mergulhados na falsa segurança, apoiados num sutil descompromisso de pastores que pre-gam
a mensagem de graça barata. Segundo tal doutrina, pode-se optar entre receber Jesus Cristo como Salvador e vIver
uma vida carnal, ou escolher a vida “espiritual” tendo Jesus Cristo como Senhor. É bem fácil mostrar que nem

Jesus (cf. Mt 7.16-23) nem os apóstolos endossaram tamanha dubiedade (Rm 8.5-9; Hb 12.14; 1Jo 3.6,9; 1Pe
1.16,17,22).

O que vemos é muitos líderes eclesiásticos reconhecerem a impossibilidade de julgar quem tem “a semente de Deus”
(1Jo 3.9) e quem a necessita; por isso decidem permitir o trigo e o joio “crescerem juntos até a colheita”, isto é, até o
julgamento de Deus no juízo final. Ele, sim, fará a separação sem nenhum engano. Mas evitar a disciplina acaba
diluindo, barateando e finalmente destruindo a igreja. Isso porque encoraja a adesão de indivíduos que não mostram
interesse genuíno nos alvos e padrões sublimes do Reino de Deus, mas que apenas buscam vantagens mundanas.

2 A história da igreja está repleta de casos em que a motivação espiritual esteve sujeita às ambições humanas.
2 Certo senhor que pretendia estabelecer uma imobiliária em um centro urbano indagou qual igreja, a Primeira
Presbiteriana ou a Primeira Batista, tinha mais negociantes imobiliários. Tornou-se membro da igreja que oferecia
maior potencial de expansão a seu negócio.

Outros, porém, sentem um zelo semelhante ao de Fineias em alcançar a pureza da casa de Deus (Nm 25.1-15). O
pecado não tem vez em igrejas pastoreadas por tais dirigentes.

3 Se houver suspeita de algum pecado oculto, eles, como cães farejadores, seguem uma pista até descobrir e disciplinar
o(s) errado(s). Pouco se preocupam com o perigo de “ofender” ou “fazer tropeçar um destes pequeninos que creem
em mim”, conforme disse Jesus (Mt 18.6). Segundo esse padrão, o pecado não pode ser tolerado porque, como câncer,
corrói e destrói a vida do corpo de Cristo, que é verdade incontestável.

No caso anterior, no qual a disciplina é esquecida, a igreja deixa de existir, no sentido de organismo espiritual, porque
não há consciência, muito menos manutenção, da separação entre cristão e não cristão. A Igreja Católica Romana
exemplifica bem essa atitude. Segundo estimativa do IBGE de 2011, 64,6% 4 da população brasileira é membro da
Igreja que se diz a única e verdadeira de Cristo. Mas milhões de espíritas

Foi assim que um pastor expressou seu protesto contra a posição do pr. Ray Stedman revelada em seu sermão “A igreja
pura e verdadeira”, que acabou sendo publicado num suplemento especial da Liderança pastoral, 1980, Curitiba. Assim
dizia o pr. Stedman: “Não inicie uma cruzada que tenha apenas o propósito de acabar com a maldade ou com os erros,
especialmente o erro religioso, porque nisso você não prosperará”.

O pastor que protestava disse em contrapartida: “Esse é um convite ao comodismo e também uma excelente
justificativa de consciência para pastores indolentes e os que estão ultrapassando a linha divisória entre o
mercenarismo e o pastorado [...] Já há joio demais no mundo. Por que o toleramos também dentro da igreja? Discordo
terminantemente do pr. Ray Stedman, que diz que há filhos do Maligno em cada igreja”.

NÃO ENTOE CANÇÕES A UM CORAÇÃO AFLITO

Não entoe canções a um coração aflito vai ao cerne daquilo que pessoas em sofrimento enfrentam e dos fardos que
carregam — proporcionando uma abordagem centrada em Cristo para o cuidado delas.

Hank Drummond, diretor clínico, Highland Beach, Flórida, Estados Unidos.

Esse livro é um excelente recurso! Os capítulos são concisos e fáceis de ler, e cada um deles vai direto à realidade do
que as pessoas em sofrimento estão vivenciando.

Elisabeth Berry, especialista em sistemas logísticos, Moore, Oklahoma, Estados Unidos.

Recomendo esse livro a qualquer um que já desejou ir ao encontro de uma pessoa que está sofrendo, mas pensou:
“Não sei o que dizer”. Ele me deu a confiança de que precisava para abordar situações difíceis e oferecer minha
atenção e meu auxílio.

Bethel Crockett, administrador regional de escolas aposentado, Loveland, Colorado, Estados Unidos.

Todos nós nos relacionaremos com pessoas que estão enfrentando problemas na vida. Não entoe canções a um
coração aflito pode ajudar qualquer um em como cuidar de outras pessoas e ser um amigo melhor. Sou grato por
todas as maneiras pelas quais esse livro me ajudou em meus relacionamentos pessoais e profissionais.

Dr. Matthew Bloom, professor de faculdade, Cedar Park, Texas, Estados Unidos.

Recomendo com entusiasmo Não entoe canções a um coração aflito a qualquer um que queira oferecer melhor
apoio a pessoas que estão sofrendo. É um recurso inestimável com orientações que você pode aplicar
imediatamente — eu utilizo os princípios encontrados nesse livro todos os dias.

Sarah Stoehr, enfermeira de casa de repouso, Antigo, Wisconsin, Estados Unidos.

Todos nós somos chamados para cuidar de outros. Esse livro proporciona as ferramentas e o entendimento de que
precisamos para ajudar e consolar outras pessoas. Uma leitura obrigatória para todos!

Rev. Michael L. Russo, diácono, Johnstown, Pensilvânia, Estados Unidos.


SUMÁRIO

Agradecimentos .............................................................................11

Introdução: De muitos corações ..................................................13

1. O chamado para cuidar ........................................................17

2. Um entendimento bíblico do sofrimento .............................23

3. Um convidado em um lugar santo........................................39

4. Quem você inclui no relacionamento...................................47

5. O que fazer depois de dizer olá?...........................................57

6. Chore, sinta-se péssimo........................................................69

7. Desejando que as dores desapareçam — não deseje! ............81

8. Para o melhor ou o pior........................................................89

9. Palavras que machucam, em vez de curar ...........................107

10. Pensamento cor-de-rosa.....................................................121

11. Criando um espaço seguro .................................................131

12. Simples e profundo ............................................................143

Epílogo: Retirado do fogo .........................................................157

NÃO ENTOE CANÇÕES A UM CORAÇÃO AFLITO

Sou grato pelas suas percepções. O acompanhamento de todos os dados de pesquisa ficou a cargo de Lori Kem. Sem
seu retoque organizacional contínuo, este projeto certamente poderia ter fracassado.

Agradecimentos especiais vão aos que fizeram a transcrição e digitaram cuidadosamente minhas notas e as muitas
páginas de material de pesquisa e que tiveram a paciência para fazer várias alterações em cada rascunho do
manuscrito: Jill Botsford, Becky

Bogar, Nanette Dost, Christine Hansen, Liz Schaus, Pat Clark e Meghan Peters.

Sou especialmente grato a Kirk Geno por aplicar sua perícia em design gráfico à capa da edição em inglês deste livro e
por fazer uma diagramação muito cuidadosa de cada página.

Por fim, minhas duas filhas, Charity e Amity, participaram de conversas e críticas contínuas em todos os três anos da
duração deste escrito, assim como o marido de Charity, Jamie. Seu apoio e feedback me ajudaram a manter o projeto
em firme prumo.

Ver um livro ir para a gráfica assemelha-se, em parte, com a cerimônia de formatura universitária de um filho. O livro
partiu para o mundo, e agora é independente. Espero que o mundo fique tão contente ao receber este livro quanto
fiquei ao escrevê-lo.

Espero que se torne uma bênção para o mundo, assim como muitas pessoas foram uma bênção para mim e para
aqueles que eu amo.

Introdução

Em um dia quente no início de agosto, minha esposa, Joan, foi diagnosticada com câncer de ovário, confirmado no dia
seguinte por um oncologista. Para Joan, foi o início da sua luta de 41 meses pela vida.
Foi uma luta travada com bisturis e medicamentos.

Em meio àquele ambiente de aço brilhante e do gotejar incessante de medicações potentes, nós dois aprendemos
muitas coisas sobre o que significa importar-se. Aprendemos quais coisas ajudavam e quais não. Nós nos encolhíamos
diante dos comentários feitos por algumas pessoas e irradiávamos afeição diante da qualidade do cuidado e da
interação que outras tinham conosco.

Anos antes, Joan e eu havíamos fundado uma organização de treinamento — Stephan Ministries — que capacitou
centenas de milhares de cuidadores.1

No entanto, repetidas vezes durante a luta feroz de Joan para viver, ficou muito claro para mim que se relacionar com
aqueles que estão sofrendo é um enorme desafio.

Embora o autor utilize aqui e ao longo do livro o termo caregivers, traduzido por “cuidadores”, o livro é dirigido a todos
que se dispõem a cuidar de outras pessoas, não somente aos profissionais de saúde. (N. do E.)

Certa vez, sentei-me com Joan durante uma tarde inteira enquanto ela chorava. Apenas estar lá com ela — essa era a
coisa certa a fazer. E ela se sentiu melhor. Pensando nisso, talvez você ache que o que virá a seguir serão relatos
triunfais da minha habilidade bem instruída e superior de cuidador. Sinto muito. Este livro é sobre seres humanos, e
todos nós — eu incluso — temos muito a crescer nessa área.

O poema “Helping” [“Ajudar”], de Shel Silverstein, define dois tipos muito diferentes de ajuda:

E há um tipo de ajuda

Que é o tipo de ajuda

De que ajudar se trata.

E há um tipo de ajuda

Que é o tipo de ajuda

De que ninguém precisa.

Aprendi sobre esses tipos de ajuda nos quase três anos e meio que passei com Joan em sua luta. E eu mudei. Tornou-
se muito mais fácil para mim expressar minhas emoções. Isso foi muito bom.

Recordo-me de uma ligação de um amigo cuja esposa também estava gravemente doente. Um pouco antes da morte
de Joan, ele me ligou para dizer que sua esposa havia falecido. Eu chorei. Essa era a atitude exata e correta para nós
dois naquele momento. Estou melhorando no meu contato com minha humanidade. Ainda não cheguei lá, mas
acredito que estou na direção certa.

INTRODUÇÃO — DE MUITOS CORAÇÕES

Joan faleceu em um dia frio de janeiro.

Diante da grande necessidade de uma outra pessoa, todos têm boas intenções. Ninguém deseja aumentar sua dor.
Buscamos maneiras, você e eu, de consolar, de confortar, de expressar nosso cuidado e nosso amor do fundo do
coração. E, se somos a pessoa que está sofrendo, esperamos receber consolo, conforto, cuidado e amor que alcance
nosso coração mesmo quando nos sentimos extremamente inalcançáveis.

Comecei a fazer anotações para este livro em San Antonio, Texas, enquanto Joan esteve no hospital, em duas ocasiões,
por um total de 47 dias. Fiquei junto com ela, dormindo em uma cama de campanha no seu quarto. Havíamos viajado
para lá de St. Louis para participar de um estudo clínico, um tratamento experimental para seu câncer.

A primeira viagem e estada em San Antonio deveria durar apenas dez dias, somente o tempo necessário para Joan ser
submetida aos exames preliminares e receber dois dos tratamentos experimentais. Depois disso, nosso plano era nos
deslocarmos de St. Louis para San Antonio para tratamentos contínuos. Mas acabamos ficando em San Antonio por
três meses e nove dias. Nossos planos mudaram abruptamente porque o câncer havia progredido mais do que
pensávamos. Enquanto uma série de eventos se desenrolava — quimioterapia, cirurgia, dois episódios de infecção —
,eu raramente ficava longe de Joan. Como ela dormia bastante, eu tinha muito tempo para refletir e para escrever.
Eu tinha algumas intuições sobre o que era útil, pouco útil e até mesmo prejudicial. Essas intuições foram
enormemente validadas por Joan, pelo resto da nossa família e por alguns amigos e conhecidos que anteriormente
haviam passado ou naquele momento estavam passando por uma variedade de experiências de dor e sofrimento
profundos. Mas intuições por si só não tinham as qualidades e os requisitos suficientes. Elas precisavam ser testadas e
investigadas de modo sistemático.

A vulnerabilidade frágil daqueles que estão sofrendo é o que me deixou tão determinado a investigar esses conceitos
de cuidar e de relacionar-se. O tema em questão e, mais importante que isso, as pessoas que estão sofrendo merecem
esse esforço. Há sofrimento demais para todas as pessoas no mundo. Eu queria aliviar parte desse sofrimento
afastando o que é nocivo e promovendo o que é útil.

Para fazer isso, reuni uma equipe de pesquisa para investigar, por meio de entrevistas individuais, grupos focais e
análise, as diversas facetas do relacionamento e da interação com aqueles que estão sofrendo. Parte da pesquisa foi
feita sob a perspectiva de cuidadores, mas a maior parte foi conduzida com indivíduos que compartilharam o âmago
de sua própria dor e seu sofrimento — passados e às vezes presentes. Ao todo, 4.252 indivíduos participaram dessa
pesquisa.

Essas pessoas abriram seu coração. Elas responderam a um grande número de perguntas específicas. Isso foi mais do
que um exercício para elas — isso foi pessoal! Na maior parte do tempo, meus próprios instintos e reações quanto a
boas e más práticas de cuidar acabaram sendo validados também na situação de outros, mas nem sempre. Houve
também algumas surpresas. Após uma quantidade imensa de refinamentos, classificações e tabulações, surgiram
padrões, testados no fogo das experiências de pessoas.

O produto resultante é este livro, que chega a você retirado do fogo — do meu coração e de muitas pessoas.

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