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“Pois os pais espirituais não serão lembrados pelos prédios, casas, carros e

fazendas que construíram e deixaram como herança para seus filhos. Serão
lembrados pelos filhos que eles deixaram de herança para Deus usar neste
mundo.”
PREFÁCIO
Estar apto é estar capacitado para exercer uma determinada função, é um
adjetivo que qualifica algo ou alguém à alguma capacidade natural ou mesmo
adquirida, ou seja, alguém apto é um sujeito habilitado e capaz de realizar
determinada tarefa. Apto também pode ser entendido como algo próprio,
adequado e conveniente. Essa palavra advém de aptidão, que é a habilidade e
capacidade de um indivíduo realizar determinado ofício ou missão, sendo que
é possível demonstrar isso através de exemplos práticos.

Este livro nos instrui a estarmos aptos a realizarmos o discipulado ativo


através do exercício da arte da paternidade espiritual, nos dando uma base
mais abrangente sobre o assunto. Ele nos leva a refletir sobre a
responsabilidade de nos prepararmos para o exercício do legado atribuído a
nós por Deus, através do seu Filho Jesus, que nos deixou uma ordem
expressa: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei, pois somente assim
podereis ser reconhecidos como meus verdadeiros discípulos”. (João 13:34-
35).

O discipulado ativo, através do exercício da arte da paternidade espiritual


como estilo de vida, nos leva a abrir mão da zona de conforto e, em casos
extremos, até acabamos gastando nossas vidas pelo amor e dedicação ao
próximo, exercendo amor e cuidado por intermédio do Espírito Santo, em
prol da implantação do Reino de Deus de maneira espiritual aqui na terra.
Portanto, assim continuamos o legado de amor e cuidado do Senhor Jesus,
que nos deixou esse exemplo a ser seguido: “E nisto conhecemos o que é o
amor, Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a vida por nossos
irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e vendo, o seu irmão necessitado, e
lhe fecha o seu coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade, e nisto
conhecemos que somos da verdade.” (1 João 3:16-19a)

Espero que você seja impactado com mais este livro da série: Discipulado
Ativo - A Arte da Paternidade Espiritual. Receba mais este ensinamento, em
Nome de Jesus.
Douglas W. de Andrade
SUMÁRIO
Introdução

1 - As credenciais necessárias para um discipulador ativo apto

2 - Aptos para assumirmos o legado de Cristo para as nossas vidas

3 - Aptos para instruir


4 - Jesus, o maior exemplo a ser seguido

5 - Jesus nos torna aptos para amar

6 - Aptos para exercer amor e cuidado

7 - Fazer por obrigação x fazer por paixão

8 - Aptos para sermos cartas vivas de Cristo

9 - Viver pregando x Pregar vivendo

10 - Aptos e credenciados
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o Senhor tem me dado experiência, me tornando apto
para trabalhar com grupos familiares e células. Por meio de visitas espirituais
na área de libertação, percebi que há grandes perigos nos relacionamentos de
discipulado e acompanhamento. Notei também que grande parte das pessoas
que chegam todos os dias às nossas igrejas e que se integram em nossas
células realmente querem a Deus, buscam por uma mudança de vida. Com o
objetivo de obter isso, elas até se entregam a Cristo, numa tentativa de
conseguir o almejado, mas percebi certos riscos que precisam ser evitados.
Para se obter uma relação sadia no discipulado, no exercício do legado
atribuído a nós através da execução da arte da paternidade espiritual, “o amor
e cuidado”, você precisa estar atento a certos desvios que poderão ocorrer no
seu relacionamento com o seu discípulo ativo. Diante disso, distingui aqui
algumas advertências, limites e princípios para que o relacionamento entre o
discipulador e o seu discípulo ativo dê certo.

Precisamos estar aptos para exercer essa responsabilidade que nos foi
proposta pelo Espírito Santo, para exercer a arte da paternidade espiritual,
que é amar e cuidar bem daqueles que o Senhor direcionar a nós! Fomos
alcançados com um propósito, observe o que a Palavra nos diz:

“Mas vou prosseguindo e me esforçando, para ver se poderei alcançar


aquilo pelo qual eu também fui alcançado por Cristo Jesus.”
(Filipenses 3:12)

Para assumirmos esse legado de paternidade espiritual, precisamos estar


aptos, preparados, altamente capacitados tanto na parte espiritual quanto
emocional, pois estaremos lidando com pessoas de vários tipos e
temperamentos.

Assumir esse legado é trabalhar incansavelmente anunciando o evangelho,


atribuindo muito mais tempo para a sua vida espiritual que para a física, mas
sempre dependendo de Deus em tudo. É ter paciência com as ovelhas,
pastoreando cada uma delas de acordo com as suas necessidades. É resistir ao
erro, denunciar a hipocrisia, o legalismo e as tradições humanas que se
sobrepõem diante a verdade de Deus. Porém, é também anunciar o
arrependimento, indicando o caminho da salvação aos pecadores e mostrando
a vida que deveriam viver para agradar a Deus. Enfim, é priorizar o
aprendizado sobre o ministério de Jesus, e certamente descobrir que nunca
houve ou haverá um líder como Ele, mas que todos os líderes cristãos são
desafiados a serem como o Cristo de Deus e a amarem como Ele nos amou.
Isso se resume em sermos pais espirituais ativos nas vidas dos seus filhos na
fé. Procure estar apto para exercer esse ministério, pois Jesus precisa e conta
com você!
AS CREDENCIAIS NECESSÁRIAS
PARA UM DISCIPULADOR
ESTAR APTO
1. O caráter de Cristo

O caráter de Cristo deve ser o maior referencial de todos os Discipuladores


Ativos que se levantam para assumir o legado atribuído por Deus a eles, e
esses devem ter uma vida exemplar para não envergonharem o evangelho de
Jesus Cristo, tampouco para banalizarem a obra de Deus.

Hernandes Dias Lopes diz que o instrumento mais útil que Satanás tem na
terra é um ministro sem caráter. Ele também diz que um obreiro sem caráter é
como um médico que intenta fazer um procedimento cirúrgico em um doente
sem higienizar corretamente suas mãos, e o resultado disso é evidente: ele
causa mais mal do que bem ao doente. O apóstolo Paulo também partilha de
um parecer semelhante com relação aos ministros de Deus. Em suas palavras
aos coríntios, ele diz: “Pelo que, tendo este ministério, segundo a
misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos
as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem
adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de
todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” (2
Coríntios 4:1-2).

De acordo com Paulo, o ministro não pode andar com astúcia, ou seja, não
deve ser um homem que usa de espertezas ou manobras para enganar o povo
de Deus ou tirar proveito do rebanho. O mais importante discurso de um
pregador deve ser a sua vida literal e pautada na Palavra de Deus, pois a vida
do ministro é a vida do seu ministério.

Atualmente, há uma urgência extrema de homens, mulheres, jovens e


idosos com a vida no altar de Deus para que o evangelho seja outra vez
moralizado, pois a vida de muitos ministros tem sido um verdadeiro convite
para a humanidade ir ao Inferno. Quando as pessoas descreem do evangelho,
elas, na maioria das vezes, o fazem por causa da má conduta que observam
na vida do povo crente ou na vida dos ministros. Quando perguntaram a D. L.
Moody sobre qual era o maior problema da obra, ele respondeu que eram os
obreiros, os condutores da obra, que, por estarem despreparados, mais
atrapalhavam que ajudavam. Há um versículo que descreve bem esse aspecto,
dizendo: “Este dia é dia de angústia, de vituperação e de blasfêmia; porque
os filhos chegaram ao parto, e não há força para dá-los à luz.” (2 Reis 19:3).
Além disso: “Todos nós engravidamos e nos contorcemos de dor, contudo,
quando demos à luz, eis que era vento, era nada, não conseguimos trazer
salvação à terra, não fomos capazes de dar à luz a novos salvos.” (Isaías
26:18). Infelizmente, isso tem acontecido frequentemente, por isso
precisamos nos tornar aptos para que esses versículos deixem de ser uma
realidade em nossas igrejas e em nossas vidas!

Por volta dos anos 63 a 65 da era cristã, o evangelho alcançou locais


governados pelo paganismo grego. A cultura existente e propagada naqueles
dias era totalmente imoral e pecaminosa. Dentre os lugares pagãos que o
cristianismo alcançou estava a ilha de Creta, que era a quarta maior ilha do
Mediterrâneo. Creta, segundo alguns historiadores, possuía cerca de cem
cidades. Naqueles dias, os costumes vividos pelos cidadãos cretenses eram
típicos apenas de piratas. Eles eram desonestos, preguiçosos e cheios de
vícios. O apóstolo Paulo designou Tito para pastorear a igreja em Creta, um
homem de excelente caráter, cheio do Espírito Santo e resoluto em suas
decisões. Paulo deu ordens a Tito e lhe apontou características que ele
deveria encontrar dentre os cristãos que seriam nomeados para o pastoreio
daquelas igrejas. As características que aqueles candidatos ao pastorado
deveriam ter eram as seguintes:

“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas
restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme
te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher,
que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são
insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível
como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao
vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro,
amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado à
palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto
para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.
Porque
existem muitos insubordinados, palradores frívolos e
enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso
fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que
não devem, por torpe ganância.”
(Tito 1:5-11)

Já que era propósito de Deus varrer o paganismo de Creta e transformar


seus habitantes em cristãos sinceros, seria uma completa contradição a
liderança da igreja designar pastorear para aquelas pessoas sem caráter,
indignas de confiança e cheios de pecados. Já é inadmissível a um cristão,
que se diz autêntico, ter o seu nome sujo, quanto mais um ministro da Igreja,
um representante de Deus e embaixador de Cristo. A regra descrita em
Provérbios 22:1 é inegociável a todos os ministros, obreiros, discipuladores
ativos e pais espirituais, pois ela diz: “Mais vale o bom nome do que as
muitas riquezas, e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”.
Portanto, diante disso é indispensável e de suma importância que aqueles que
desejam exercer o ministério do amor e cuidado, que é a arte da paternidade
espiritual, sejam cuidadosos com a sua reputação.

O discipulador ativo, aquele que exerce a paternidade espiritual sobre


alguém, tem que estar ciente que se deve ter no mínimo zelo para com a sua
postura, nada de glutonaria, escândalo, falar alto em determinados ambientes,
não andar vestido de qualquer maneira em determinados lugares. Não que
para exercer a arte da paternidade espiritual você deva adotar usos e
costumes, não é nada disso! Entretanto, você deve saber como se portar em
certas circunstâncias, e isso é para o bem do ministério. Não estou falando
que vice não deve mais usar bermudas ou camisetas regatas, ou uma blusa
decotada, ou algo parecido não é nada disso! Não precisa ficar preso a
vestimentas, mas precisa ter o temor a Deus enraizado em sua alma. O
conselho de Paulo a Timóteo é válido não apenas para os cristãos de modo
geral, mas muito mais para os ministros, discipuladores e principalmente
àqueles que pretendem assumir o legado de paternidade espiritual, se
tornando uma referência no quesito obediência, lealdade, honra e disciplina
no comportamento: “Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,
tendo este selo; O Senhor conhece os que lhe pertencem e mais: Aparte-se do
mal todo aquele que professa o nome do Senhor.” (2 Timóteo 2:19).

2. Convicção de que foi de fato vocacionado

O discipulador ativo precisa, assim como Paulo, ter plena convicção de que
foi Deus quem lhe pôs no ministério: “Dou graças àquele que me fortaleceu,
a Cristo Jesus nosso Senhor, porque me julgou fiel, pondo-me no seu
ministério.” (1Timóteo 1:12). Paulo está dizendo que era grato a Deus porque
Ele lhe deu a honra de ser escolhido para ser ministro. Por muitas vezes,
Paulo teve que fazer sua defesa diante das igrejas que ele mesmo plantou
quando alguns falsos irmãos queriam induzir o rebanho a descrer da sua
genuína vocação. Todavia, Paulo sabia quem o havia chamado.

A obra estupenda que o apóstolo dos gentios realizou comprovou a


genuinidade de sua chamada: “Mas em nada tenho a minha vida como
preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério
que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de
Deus.” (Atos 20:24)

O preço que teve que pagar por se tornar um servo em cadeias não era
considerado tão grande quanto à preocupação que ele tinha com o rebanho de
Cristo: “Pelo qual sou embaixador em cadeias, para que nele eu tenha
coragem para falar como devo falar.” (Efésios 6:20). As situações dolorosas
e as extremas dificuldades e necessidades que Paulo enfrentou por amor à
obra de Deus evidenciavam seu chamado:

“Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve


repouso algum, antes em tudo fomos atribulados, por fora combates,
temores por dentro.”
(2 Coríntios 7:5)

“Desde que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei.


Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos. Pois se
alguém vos escraviza, se alguém vos devora, se alguém vos defrauda, se
alguém se ensoberbece, se alguém vos fere no rosto, vós o suportais. Falo
com vergonha, como se nós fôssemos fracos; mas naquilo em que alguém
se faz ousado, com insensatez falo, também eu sou ousado. São hebreus?
também eu; são israelitas? também eu; são descendência de Abraão?
também eu; são ministros de Cristo? falo como fora de mim, eu ainda mais;
em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida;
em perigo de morte muitas vezes; dos judeus cinco vezes recebi quarenta
açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui
apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no
abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em
perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos
entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em
fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Além dessas coisas
exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as
igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se
escandaliza, que eu me não abrase?”
(2 Coríntios 11:18-29)

Diversas vezes Paulo deu instrução para que seus filhos na fé, Tito e
Timóteo, tivessem cuidado e fossem criteriosos na hora de consagrar líderes
para a Igreja de Deus. Paulo ordenou a Timóteo que não impusesse as mãos
sob ninguém precipitadamente, em outras palavras, que não consagrasse
ninguém a função ministerial sem que tal pessoa tivesse obtido a aprovação e
o chamado divina para tal honra de encargo. Afinal, designar pessoas
desprovidas de vocação para a função ministerial de paternidade espiritual é
um grande prejuízo que o reino de Deus sofre, a ponto de que uma pessoa
vocacionada faz mais pelo Reino de Deus que quaisquer dezenas de pessoas
despreparadas e descredenciadas espiritualmente.

A própria essência da sua vida lhe remete a vocação, e isso com raras
exceções. Os ministros que mais provocam ou causam escândalos à Igreja de
Deus não são de fato vocacionados, pelo contrário, são pessoas sem a mínima
consciência de preparação. São pessoas que veem a igreja como um meio de
se autopromoverem moralmente, ou usam esse ministério para simplesmente
aparecer. Infelizmente afirmamos isso porque há muitos que hoje se declaram
agentes de Cristo, mas que na realidade são pessoas preguiçosas, que se
escondem por trás de um falso título e credenciação apenas para aparecerem e
se autopromoverem.

Muitos homens se tornam ministros pelas motivações erradas e,


consequentemente, maculam o ministério e distorcem a santidade e a honra
do serviço sagrado. Alguns desses entram no ministério por dinheiro, outros
por interesses políticos, outros porque seus parentes são ministros e querem
perpetuar o poder que exercem sobre o rebanho de Deus. Líderes que usam
de favoritismo e consagram seus parentes ao ministério, sem que estes sejam
verdadeiramente chamados por Deus, favorecem sua família, mas desfalcam
o reino de Deus. Estão agradando os homens, mas buscando a reprovação de
Deus, por isso serão punidos pela justiça do Senhor no tempo oportuno.

A vocação é a âncora que sustenta o ministro e o ministério. Sem a


vocação, o pastor foge ao sentir o perigo da ameaça de lobos e de leões que
se aproximam do rebanho. O próprio Jesus, Pastor dos pastores, afirmou:
“Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo
vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o
mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas.”
(João 10:11-13).

3. O modelo de Jesus

Jesus, o bom pastor, convidou-nos a integrar sua escola ao dizer: “aprendei


de mim”. Jesus é o maior modelo de pastor e discipulador. Sua vida e Seu
ministério mostram o perfil ideal para o líder cristão. Jesus deu sua vida por
suas ovelhas, dando-nos o exemplo de como deve ser a conduta e a postura
do seu rebanho. O modelo de Jesus como ministro e líder traça um perfeito
contraste com os líderes israelitas dos dias do profeta Ezequiel. Deus fez
severas advertências contra os “cabeças” de Israel, que não faziam caso das
ovelhas de Deus:

“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza


contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o
Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos!
Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos
vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. As fracas
não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a
desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas
dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não
haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo,
porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andaram desgarradas por
todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas
andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem
perguntasse por elas, nem quem as buscasse.
Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Vivo eu, diz o Senhor Deus,
que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas
ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de
pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os
pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas
ovelhas; Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor Assim diz o
Senhor Deus; Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos
demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas;
os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas
ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.”
(Ezequiel 34:1-10)

Esse texto se resume na falta de amor e cuidado atribuídos ao rebanho de


Deus por parte dos pastores, líderes e discipuladores. O trecho fala da
negligência no auxílio diante dos perigos e das dificuldades das ovelhas.
Aquele que deseja exercer a paternidade espiritual precisa, acima de tudo, ter
o coração de Jesus, ou seja, amar o Pai acima de todas as coisas e ao seu
próximo como a si mesmo. Ele precisa amar aqueles que o Senhor Jesus
designou a ele. Ao introduzir no contexto da liderança a metáfora do pastor
de ovelhas, Deus queria associar o trabalho do pastor campestre com os
serviços desempenhados pelos discipuladores de almas. A função de um
pastor de ovelhas repousa no tripé: disposição, amor e cuidado, ou seja,
determinação, provisão, proteção e orientação!

Disposição: estado de saúde ou de espírito; estar em boa forma física,


psicológica ou espiritual para executar determinadas tarefas.
Ninguém consegue amar a Deus de verdade se não O ama na pessoa do
próximo, aquele que foi criado à imagem e semelhança do Senhor.

“Jesus respondeu: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de


toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’”
(Mateus 22:37)

Um fariseu estava perguntando a Jesus qual era o maior mandamento da


Lei, o motivo Dele gastar toda a Sua vida cuidando do próximo, dos doentes
e dos necessitados, tendo misericórdia dos pecadores e curando as aflições do
coração humano. Para muitos, Jesus não se ocupava com as coisas de Deus,
entretanto, Ele ia à sinagoga, retirava-se para estar a sós com o Pai e passava
longas horas em oração, mas o fariseu queria entender o que era prioritário, o
que estava em primeiro lugar no coração do Mestre.

Jesus é muito categórico na resposta: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o


coração”. No coração estão os nossos sentimentos e afetos, e temos que amar
a Deus com muito sentimento e afeto, mas além disso temos de amá-Lo com
a nossa alma!

A alma é a nossa vitalidade, dela vem a nossa vontade em fazermos ou não


as coisas. Precisamos colocar toda a nossa vontade para amarmos o Senhor!
Precisamos amá-Lo com nossa razão e entendimento, precisamos colocar o
nosso intelecto à disposição d’Ele, mais do que estar à disposição, precisamos
estar submissos à vontade de Deus.

Precisamos amar o Senhor com todo o nosso ser. Não temos que dividir
esse amor: “Eu amo a Deus só de coração!” Não! Amemos a Deus com o
homem inteiro que somos. Ele nos criou completos e inteiros, e para Ele
devemos nos voltar de corpo, alma e espírito, com tudo aquilo que somos.

Não pense que é uma coisa menor ou próxima, porque é com essa
intensidade que amamos a Deus, que O colocamos em primeiro lugar em
nossas ações, que nos voltamos para o próximo. Ninguém consegue amar a
Deus de verdade se não O ama na pessoa do próximo, aquele que foi criado à
Sua imagem e semelhança. Muitas vezes, aquela pessoa devota, que reza
muito, que está sempre com o terço na mão, que não perde a missa e que vai
cumprir essas ou aquelas obrigações, não possui reverência para com o
próximo, não tem amor para com seu irmão.

Não podemos ser também aquelas pessoas que fazem de tudo pelo outro,
que fazem muitas caridades, que distribuem tudo o que têm aos pobres, que
cuidam dos mais sofridos e necessitados. Muitos têm um coração bom e
misericordioso, mas não sabem colocar Deus em primeiro lugar.

O amor a Deus e ao próximo não são opostos. Na verdade, caminham no


mesmo nível, porque todo amor vem de Deus, e com o amor que recebemos
do coração Dele amamos o nosso próximo e assim vivemos a plenitude do
amor, que é viver Cristo em nós, a esperança da glória (Colossenses 1:27).

Amor: Deus nos ama, e por isso enviou o Seu Filho para nos salvar. O
amor é uma característica distintiva de Deus. Ele ama a todos da mesma
maneira, e nós também somos chamados para amar.

Amar o nosso próximo é um mandamento e, por isso, se não amamos,


estamos desobedecendo. Se nós amamos a Deus, também temos que amar o
nosso próximo.

Mas quem é o meu próximo?

Muitas vezes podemos dar desculpas para a nossa falta de amor em relação
a alguém, dizendo que tal pessoa não é o nosso próximo, mas o nosso
próximo é qualquer pessoa que necessita da nossa ajuda.

Muitas vezes a distância física não permite que ajudemos alguém de


algumas maneiras, mas isso não nos impede de amar. Quem ama ora,
intercede e pede a Deus para abençoar aqueles que estão em sofrimento,
mesmo que eles tenham nos prejudicado de alguma forma.

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se


orgulha. Não maltrata, não procura seus
interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra
com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta.”
(1 Coríntios 13:4-7)

O termo “paciente” vem do verbo grego “makrothumeo”, que é composto


das palavras “makros” (que significa “longe”) e “thumos” (que significa
“raiva”, “ira”). Em outras palavras, “makrothumeo” significa “afastar-se
antes que você fique irado”, e é o oposto de “temperamento curto”.
“Makrothumeo” tem mais o significado de ser paciente com as pessoas do
que ser paciente com as situações, pois ser paciente com as situações possui
uma outra palavra, que será usada posteriormente na mesma passagem de 1
Coríntios. O amor não se irrita com as pessoas facilmente, não perde a
têmpera, mas permanece paciente.

O amor é bondoso (1 Coríntios 14:4).

Outra característica do amor é a bondade. A palavra em grego para


“bondade” é o verbo “chresteuomai”, que é usada apenas no Novo
Testamento. Contudo, o termo é usado poucas vezes em duas outras formas.
Um é o adjetivo “chrestos”, enquanto o outro é o substantivo “chrestotes”.
“Chrestos” significa “bom, gentil, benevolente, benigno e ativamente
benéfico, apesar da ingratidão”. Consequentemente, “chresteuomai” significa
“mostrar sua própria bondade”, isso é, ser gentil, bom, benévolo, mesmo que
seja confrontado com ingratidão.

O amor não é invejoso (1 Coríntios 14:4).

A palavra “inveja” que é usada nesta passagem provém do verbo grego


“zeloo”. O substantivo correspondente é “zelos”. “Zeloo” e “zelos” são
termos usados com o significado bom e no mau. No bom sentido é usado no
sentido de zelo, ardor. Assim, por exemplo, em 1 Coríntios 14:1 somos
chamados a perseguir o amor, e desejar [zeloo] as coisas do Espírito.
Contudo, zelos e zeloo são mais usados no sentido negativo. Neste sentido,
zelos significa inveja e ciúme. Tiago 3:14-16 esclarece as consequências e a
fonte do ciúme:

“Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração,


não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que
vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e
espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.”
(Tiago 3:14-16)
A fonte da inveja e do ciúme é a carne, a natureza antiga (Gálatas 5:20).
Quando há ciúmes, você se alegra quando eu sofro e sofre quando eu estou
alegre, muito contrário do que a Palavra de Deus ordena (1Coríntios 12:26).
Uma vez que o amor não é invejoso, quando você ama, você se alegra
quando eu me alegro e sofre quando eu sofro.

O amor não vangloria (1Coríntios 14:4).

A palavra traduzida “vangloriar” provém do verbo grego “perpereuomai”,


que significa “mostrar-se a si mesmo um leviano e fanfarrão”. É o tipo de
comportamento que continuamente diz: “Eu consegui”, “Eu tenho”, “Eu fiz”,
etc. A palavra “eu” é frequentemente usada por tal pessoa. Como Cristãos, às
vezes fazemos o mesmo, dizendo: “Eu fiz para o Senhor”, “Eu tenho orado
muito”, “Gastei muito tempo estudando a Bíblia hoje”, “Sei disto e daquilo
da Bíblia”, significando que sou mais digno que você, assumindo que você
provavelmente não fez “tudo aquilo”. Contudo, quando amamos de fato, não
nos vangloriamos, pois reconhecemos que não há nada que nos faça diferente
de qualquer outro irmão ou irmã da comunidade.

“Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E,
se o recebeste, por que te glorias, como se não o
houveras recebido?”
(1Coríntios 4:7)

Tudo que temos nos foi dado por Deus, não fizemos por merecê-lo. É por
isso que não temos o direito de nos vangloriarmos em coisa alguma ou de
alguém se não do Senhor. “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.”
(1 Coríntios 1:31)

Então não nos gloriaremos de nossas habilidades, de nosso valor ou até


mesmo da nossa devoção? Se amamos, não faremos isso, pois nos
vangloriaremos no Senhor, e Nele somente.

O amor não se orgulha (1Coríntios 14:4).


Outra coisa que o amor não faz é se orgulhar. A palavra grega para
“orgulhar-se” é o verbo “fusioo”, que literalmente significa “vangloriar,
esnobar, inchar”. No novo testamento ele é usado sete vezes, seis delas em 1
Coríntios. Em todos os casos a palavra é usada metaforicamente, com o
significado de “orgulho”. Uma característica dessa palavra está em 1
Coríntios 8:1, onde lemos:

“Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos


temos ciência. A ciência incha [fusioo], mas o amor edifica. E, se alguém
cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. Mas, se
alguém ama a Deus, esse é conhecido dele.” (1Coríntios 8:1-3).

A ciência incha. Não estudamos a Bíblia apenas para adquirirmos ciência,


mas para conhecermos a Deus, que nos revela a Si mesmo na Palavra.
Conforme I João 4:8 diz: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque
Deus é amor.”

Sem amor não conheceremos a Deus, mesmo se formos cheios de ciência


da Escritura. Mais ainda, se a ciência permanece meramente como ciência e
não é acompanhada pelo amor, então o resultado é a soberba, tornando-se
orgulhoso, o que é bem contrário ao que é o amor.

O amor não maltrata (1Coríntios 14:5).

Outra coisa que amor não faz é “maltratar”. A palavra “rudemente” provém
do verbo grego “aschemoneo”, que significa “comportar-se de maneira
indecente, agir com deformidade moral”. Por exemplo, em Romanos 1:27 o
erro da homossexualidade é chamado “aschemosune” (o produto de
“aschemoneo”). O amor então não se porta com imoralidade ou modos
impróprios, e quando tal comportamento acontece, há apenas uma razão
palpável, que viria a ser a velha criatura vindo à tona novamente.

O amor não busca interesses próprios (1Coríntios 14:5).

Algo mais que o amor não faz é buscar seus próprios interesses. A frase
“seus próprios” é o adjetivo grego “eautou”. Existem poucos lugares na
Bíblia que nos instruem a não buscarmos os nossos próprios interesses.
Romanos 15:1-3 diz:

“Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e
não agradar a nós mesmos [eautou]. Portanto cada um de nós agrade ao seu
próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou
a si mesmo [eautou], mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias
dos que te injuriavam.”

A Palavra também nos adverte, dizendo: “Todas as coisas me são lícitas,


mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas as coisas edificam. Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um
o que é de outrem.” (1Coríntios 10:23-24)

Quando caminhamos no amor não buscamos agradar a nós mesmos,


fazendo de nós o centro de nossas atividades (individualismo). Ao contrário,
através do nosso serviço prestado a Deus nós buscamos agradar os outros. Foi
isso o que Jesus Cristo fez. Ele serviu a Deus no amor e não buscou sua
autossatisfação. Por isso que Ele foi até a cruz, conforme Filipenses 2:7-11
diz:

“Mas Jesus esvaziou-se a si mesmo [do grego: “esvaziar-se”], tomando a


forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até à morte, e morte de cruz. Por isso, [como consequência] também Deus
o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus,
e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é
o Senhor, para glória de Deus Pai.”
(Filipenses 2:7-11)

Jesus, por causa do amor que tinha por nós, se esvaziou e foi à cruz por
nossa culpa. Entretanto, foi algo feito em vão, que terminou em uma perda
pessoal? Não, muito pelo contrário! Por Ele ter feito isso, Deus o Exaltou! Da
mesma forma, quando amamos colocamos de lado nossos interesses
particulares, interesses em nós mesmos, e damos nossa prioridade e atenção a
Deus e aos nossos irmãos e irmãs de caminhada. Preciso deixar claro aqui
que, quando falo de “interesses particulares”, não me refiro às nossas
obrigações particulares, coisas que temos que cuidar como parte da vida,
estou falando sobre perder tempo em empreendimentos e hobbies que não
trazem glória a Deus, mas que apenas satisfazem a carne, o homem velho.

Ao dar prioridade não a si mesmo, mas a Deus e ao Seu povo, o resultado


não será uma perda pessoal, mas sim uma multidão de prêmios na terra e no
céu.

“Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida,
guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu
estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o
honrará.”
(João 12:25-26)

“Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos,
ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de
mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em
casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e
no século futuro a vida eterna.”
(Marcos 10:29-30)

Quantos investimentos você conhece que te dão um retorno de tempo?


Exceto deixar de buscar nossos próprios interesses e buscar as coisas de Deus
e de nossos irmãos e irmãs de caminhada, não conheço nenhum. Para
concluir, de duas uma: ou nos tornamos individualistas, coisa que um
discipulador ativo não pode ser, alimentando a carne e nossas vontades e
perdemos tudo, ou amamos e, ao invés de cuidar primeiro de nossos próprios
interesses, cuidamos dos próximos e das coisas relacionadas a Deus e dos
irmãos e irmãs de caminhada. Nesse caso, teremos um retorno de “cem
vezes” do próprio Deus.

O amor não se ira (1 Coríntios 14:5).

A palavra traduzida como “irar” aqui é o verbo grego “paroxuno”, que


literalmente significa “afiar por esfregar em qualquer coisa para aguçar, afiar,
incitar e exasperar”. O substantivo correspondente é a palavra “paroxusmos”
a partir da qual deriva a palavra inglesa “paroxysm”. É óbvio que provocação
e raiva não podem coexistir com amor sincero, porque esses sentimentos se
opõem. Por isso, todo aquele que pretende se tornar apto para a boa obra de
exercer o ministério do amor e cuidado através da paternidade espiritual deve
saber desenvolver e pôr em prática a paciência, um dos frutos do Espírito.

O amor não guarda rancor (1 Coríntios 14:5).

A palavra “pensar” vem do verbo grego “logizomai”, que significa


“considerar”. Literalmente significa: “colocar tudo na mente, contar e ocupar
a mente com considerações e cálculos”. Uma tradução mais apurada é dada
pela Nova Versão Internacional (NVI), onde se lê: “o amor não guarda
rancor”. Isso é, o amor esquece rápida e permanentemente o mal que foi feito
a ele. Às vezes, pessoas no mundo maquinam em seus pensamentos durante
anos, planejando como se vingar de alguém que as feriu. Contudo, quando
caminhamos como novas criaturas, quando caminhamos no amor, não
guardamos os erros que fizeram contra nós, mas os perdoamos, assim como o
Senhor Deus, o nosso Pai celestial, tem nos perdoado dia após dia, e disso
aquele que pretende se tornar apto também deve saber.

O amor não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade (1 Coríntios
14:6).

A palavra “iniquidade” provém do grego “adikia”. Seu significado é: “o


que não se conforma com o certo, o que não devia ser; o que não deve ser por
causa da verdade revelada, ou seja, errado, injustiça”. Tudo que é contra a
verdade é injusto. Em João 17:17 sabemos que a verdade é a Palavra de
Deus, o que é contra a Palavra é “adikia”, injustiça. Assim, conforme essa
passagem, o amor se alegra com a verdade da Palavra de Deus, e nunca com
a injustiça! (1 Coríntios 14:6) O amor tudo sofre (1 Coríntios 14:7).

A palavra “sofrer” provém do verbo grego “stego”. Uma característica


usual dessa palavra está em 1 Coríntios 9:12 onde lemos que em sua missão,
apesar de possuir grandes responsabilidades, Paulo preferiu não usar do
direito de “viver do evangelho” (1 Coríntios 9:14), mas “sofrer” [stego] todas
as coisas, para que ele e seu grupo não se tornassem obstáculos ao evangelho
de Cristo. Eles sofreram tudo por causa do evangelho de Cristo, mas eles
fizeram por amor, pois o amor tudo sofre, tudo suporta. Portanto, todos os
candidatos a assumirem o legado de Deus atribuído a eles devem passar pela
provação de um bom soldado, sofrendo as aflições como um bom soldado (2
Timóteo 2:3-4).

O amor tudo crê (1 Coríntios 14:7).

A palavra “acreditar” vem do verbo grego “pisteuo”, que aparece 246


vezes no Novo Testamento. Biblicamente falando, acreditar significa crer no
que Deus revelou em Sua Palavra ou através das manifestações do Espírito
Santo (o qual, quem quer que seja, deve estar em acordo com a Palavra
Escrita). Aquele ao qual o amor tem transbordado em seu coração e que
acredita em tudo o que Deus diz, seja na Palavra ou pela manifestação do
Espírito.

O amor tudo espera (1 Coríntios 14:7).

Outra coisa que a Palavra de Deus nos fala é que o amor espera tudo.
Novamente, a expressão “todas as coisas” tem que ser tomada dentro de um
contexto geral, assim como as palavras “crer” e “esperar”, pois a referência é
focada em tudo o que a Palavra de Deus diz. O amor, portanto, espera todas
as coisas que foram definidas por Deus como realidades futuras, assim como
coisas nas quais devemos ter esperança. O mais óbvio disso é claro: a vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo.

O amor tudo suporta (1 Coríntios 14:7).

Finalmente aprendemos que o amor suporta “tudo”. A palavra “suportar”


provém do verbo grego “hupomeno”. Seu significado é semelhante de
“makrothumeo” (para sofrer), que analisamos anteriormente. A diferença
entre eles é que enquanto “hupomeno” se refere à resposta de alguém em face
a uma circunstância, denotando perseverança diante às dificuldades,
“makrothumeo” se refere à resposta de alguém para as pessoas, denotando
paciência e até mesmo provocações de outros, sem retaliação. O amor, então,
além de ser muito paciente com as pessoas (makrothumeo), é muito paciente
com as circunstâncias (hupomeno). Ele espera pacientemente sem cair em
desespero.
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se
orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente,
não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra
com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
(1Coríntios 13:4-7)

“Revesti-vos, pois, como eleitos de entranhas de misericórdia, de


benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns
aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra
outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre
tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.”
(Colossenses 3:13-15)

“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei.”


(João 15:12)

“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’.
Mas eu digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os
perseguem.”
(Mateus 5:43-44)

“Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum


assassino tem a vida eterna em si mesmo. Nisto
conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos
dar a nossa vida por nossos irmãos.”
(1 João 3:15-16)

Proteção: essa função pesa sobre os ombros de todos os líderes


vocacionados. Eles devem conhecer a Deus e sua Palavra, a fim de que
possam livrar os seus filhos espirituais das garras das heresias e para que lhes
deem conhecimento acerca de como Deus fortalece seus filhos para lutarem
contra as artimanhas de Satanás, principalmente contra a sedução deste
mundo e da tentação do pecado.

Os pais espirituais, os discipuladores ativos, têm como obrigação mostrar


aos seus filhos os perigos do pecado e do mundo, para ajudarem-nos a se
focar em Jesus em sua caminhada diária. É dever do líder ensinar aos seus
liderados uma sujeição total e imediata para que possam receber a graça de
serem protegidos por Deus, pois dessa maneira resistirão ao diabo até que ele
finalmente fuja deles. Afinal, apenas com a cobertura do Senhor dos senhores
podemos vencer.

“Sem mim nada podeis fazer.”


(João 15:5)

Essa proteção deve ser oferecida e ministrada pelos líderes, pelos


discipuladores ativos que Deus vocacionou sobre as suas vidas. A proteção
que os pastores em potencial devem dar ao seu rebanho se mostra tanto pelo
ensino das escrituras quanto pelo acompanhamento diário do crescimento
dessas ovelhas, isso através da arte da paternidade espiritual, que é o amor e o
cuidado, orando a todo momento e intercedendo em favor de todos os seus.

Provisão: o pastor nos campos de Israel também era o responsável pela


provisão de seu rebanho. Ele devia conhecer de antemão os campos, os vales
e os desertos por onde suas ovelhas seriam conduzidas na busca por alimento.
Ele era obrigado a conhecer os pastos que não representavam ameaça ao
rebanho, os vegetais que não eram venenosos e os caminhos que conduziam a
mananciais e aos oásis para o refrigério do rebanho que estava sob sua
responsabilidade.

É inaceitável que um discipulador ativo, aspirante a assumir o legado da


paternidade espiritual, que está à frente de uma equipe de discípulos, não
esteja realmente preparado, desconhecendo por completo o modo pelo qual
os seus liderados devem ser amados, cuidados e bem alimentados. Um líder
que não se preocupa em conhecer e prosseguir a Palavra que liberta, que dá a
vida e ensinos, não está apto a fazer nada em prol do Reino de Deus. As
ovelhas que Jesus comprou com o seu sangue não devem ser alimentadas por
nada menos que o pão vivo que desceu do céu.

Um grande homem de Deus, chamado Hernandes Dias Lopes, diz que


quando não há pão na casa do pão, o povo vai passar fome e buscará alimento
em outro lugar, e acabará encontrando o pão envenenado no mundo. Por falta
de dar atenção necessária ao rebanho, as ovelhas esmorecem e perecem pelo
caminho. O conselho sábio de Salomão é: “Procura conhecer o estado das
tuas ovelhas, põe o teu coração sobre os teus rebanhos.” (Provérbios 27:23).
Outro texto que trata da exploração dos líderes com relação ao rebanho de
Deus está no livro de Miquéias, que diz:

“Ouvi, peço-vos, ó chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de


Israel; não é a vós que pertence saber o juízo? A vós que odiais o bem, e
amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a carne de cima dos seus
ossos. E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes
esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do
caldeirão.” (Miquéias 3:1-3)

Veja a declaração “comer a carne do meu povo”. Essa expressão significa


“tirar vantagem do sofrimento do rebanho, se fortalecer enquanto as ovelhas
padecem, fazer vista grossa diante da dor e das necessidades do rebanho”.
Infelizmente, essa expressão traduz muito bem o cenário eclesiástico dos
nossos dias. É comum encontrar líderes ostentando luxo à custa da pobreza e
miséria dos seus rebanhos. Esse não é o modelo de Cristo para a sua igreja,
Ele preferiu a dor da cruz para salvar as almas da dor da condenação. Ele fez
da sua vida uma expressão de amor e cuidado para com as almas que a Ele se
achegaram, e ele ainda hoje vive para interceder por nós, e assim deve ser a
vida daquele que deseja assumir o legado espiritual atribuído por Deus
verticalmente a nós, para que exerçamos a nível horizontal a todos aqueles
que o Senhor nos envie, com amor, cuidado e muita responsabilidade, tanto
no quesito físico quanto no espiritual.

Orientação: Como dissemos anteriormente, o líder precisa conhecer o


caminho por onde está guiando seus liderados.

Voltando ao cenário do antigo oriente, é válido salientar que, quando o sol


se punha, se escondendo no sopé dos montes, o pastor já tinha traçado meios
de guardar em segurança seu rebanho. Na maioria das vezes ele contratava
um porteiro, que geralmente era um ágil caçador ou um destro valente que
dormia na entrada única que dava para o interior do aprisco feito de grandes
pedras. Enquanto os rebanhos ficavam aos cuidados do porteiro protetor, o
pastor seguia sob a luz do luar e das muitas estrelas que se podiam
contemplar nos vastos e secos campos do Oriente. O pastor ia à procura de
pastagens para onde conduziria sua criação na manhã seguinte. Então ele
buscava os vales onde havia água e as planícies onde podia encontrar
vegetação verde. Ele não cessava sua procura enquanto a noite não findava.
Essa paixão entranhada na alma dos pastores do antigo Oriente parece
traduzir bem o que Paulo diz a Timóteo a respeito dos líderes estarem aptos
para exercerem o legado de amor e cuidado atribuído a eles por Deus através
de Cristo, a sua Palavra.

O discipulador ativo precisa estudar a Palavra de Deus e ser um profundo


conhecedor dos seus princípios, e deve concentrar parte do seu tempo hábil
em fazer orações, fazendo interseção pelos seus filhos espirituais, na busca de
sanar os seus problemas, suas dificuldades, suas enfermidades, sua
imaturidade e sua apatia. Ele deve conhecer por experiência o melhor
caminho pelo qual guiará seus filhos espirituais para não permitir que as
ovelhas caiam em precipícios ou fiquem presas em espinheiros. Na trajetória
de Israel pelo deserto do Sinai, Moisés sempre ouvia a voz de Deus com
relação ao caminho pelo qual o povo devia seguir. Moisés sabia o que devia
dizer ao povo, ele sabia qual era a vontade de Deus para o presente e para o
futuro do povo.

Ele conhecia a vontade de Deus, e isso tornava possível levar o povo a


focar no alvo certo, apesar das adversidades vividas por conta de alguns
murmuradores, que tornavam a sua trajetória mais difícil, a ponto de chegar a
impedi-lo de entrar na terra prometida. Mesmo com tudo isso, sua
experiência com Deus foi maravilhosa e lhe possibilitou saber qual estratégia
usar para vencer as batalhas que tiveram que enfrentar, mesmo já sabendo da
sua sina. Os pais espirituais jamais conseguirão conduzir o seu rebanho pelo
caminho certo se eles mesmos não se afadigarem na busca por Deus e pelos
conhecimentos da sua vontade revelada nas escrituras sagradas.

O amor pelo Mestre não é uma emoção que arrebata a alma em momentos
de religiosidade especial. Trata-se de uma vontade deliberada de obedecer
aos Seus mandamentos a qualquer preço. É a atitude determinada de um
coração que decide cumprir a vontade de Deus em todas as ocasiões. É o
desejo e a alegria de alcançar os objetivos mais elevados do Pai, não
importando quão desafiadores sejam.

Em nossa tão permissa sociedade, onde a chamada geração do “eu” é


encorajada a ser egocêntrica e egoísta, o chamado para obedecer a Cristo e
estar de acordo com os seus mandamentos atravessa a nossa cultura e conduta
psicológica.

Simplesmente não é normal nem natural, para a maioria de nós, “amar” a


Deus e ao próximo com a drástica disciplina de uma vida dedicada. Somos
um povo naturalmente fadado ao egoísmo severo e auto serviente. Quando
somos chamados a servir a outros, sentimo-nos insultados. Absorvermos a
estranha ideia de que servir é ser usado ou abusado, quando na verdade não é
nada disso. Aliás é totalmente o contrário disso. Quando somos chamados
para servir estamos recebendo de Deus a oportunidade de nos redimirmos e
de sermos úteis a uma causa, na qual apenas os escolhidos do Senhor podem
exercer o seu legado de amor e cuidado sobre outras pessoas.

O próprio Deus veio a nós para nos servir. Ele veio para ministrar a nós
sobre o amor e o cuidado, e nos mostrar que é possível exercer a arte da
paternidade espiritual, ou seja, o ministério do amor e do cuidado divino.
Mesmo em nossa condição humana podemos fazer, pois Ele fez. Veio para
dar-se a nós, porque Ele nos amou primeiro, por isso em troca devemos estar
dispostos e aptos a nos amarmos incondicionalmente não somente a Ele, mas
também ao nosso próximo.

“Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que


diz: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’, estarão agindo corretamente
segundo a minha Palavra.”
(Tiago 2:8)
APTOS PARA ASSUMIRMOS O
LEGADO DE CRISTO PARA AS
NOSSAS VIDAS
“Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele
que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece
a Deus, porque Deus é amor.”
(1 João 4:7-8)

“Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa


muitíssimos pecados.” (1 Pedro 4:8)

Num mundo baseado na lei do mais forte, onde o sucesso deve ser
buscado a qualquer preço, Jesus nos ensina que devemos primeiro amar a
Deus, e logo em seguida nos orienta, através do seu novo mandamento, a
amar-nos uns aos outros. Amar é se dedicar às pessoas, se doar mais que a
si mesmo, dar mais atenção e carinho, é demonstrar no seu dia a dia que
você se importa, e, por mais que isso pareça ser uma coisa simples, pode
chegar a ser muito complicado, pois em sua escola ou faculdade, em sua
casa e na sua família, todos verão que você é diferente daquilo que o
mundo traz por tendência.

É você quem escolhe amar e seguir os ensinamentos de Jesus, você quem


escolhe servir e se felicitar pelo ato e pela alegria que você pode proporcionar
aos outros. É você quem escolhe se calar mesmo sabendo que muitas vezes
você tem a razão, pois em Jesus Cristo você ama aquela pessoa e sabe que
uma discussão pode acabar de vez com qualquer chance de salvação para
aquele que ainda não conhece a Jesus.

Para podermos usufruir e aproveitar as promessas de Deus, temos que


entender e tomar posse daquilo que a Palavra nos oferece, sendo assim vamos
entender alguns pontos mais importantes segundo essa vertente.
O legado: é tudo aquilo que se pode transmitir às gerações que virão.

Legado é aquilo que uma pessoa deixa em testamento, como o último


desejo de alguém, efetivado por meio da transferência a outras pessoas no
que despeito de valores, bens, vocação, talento, uma honrosa missão e etc.

Pode-se dizer que o legado, aquilo que Jesus nos deixou, foi todo o
evangelho e, principalmente, os livros do Novo Testamento. Através de
Cristo e de seus ensinamentos nos tornamos novas criaturas, nascidas para
uma nova vida, livres do pecado e das acusações de Satanás, pois está escrito:
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei
do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.”
(Romanos 8:1-2)

Diante disso, temos a garantia de que podemos nos tornar aptos para
exercermos a arte da paternidade espiritual, assumindo o legado de Deus
através de Cristo, aquele que Ele mesmo nos deixou por intermédio da sua
Palavra, nos ordenando a viver em amor e de forma espiritual, assumindo uns
aos outros e nos enxergando espiritualmente, assim como devemos enxergar
a Cristo, que é Espírito, assim como o próprio apóstolo Paulo nos orienta em
uma de suas cartas à igreja de Coríntios, dizendo:

“Assim, de agora em diante, a ninguém mais consideramos do ponto de


vista meramente humano. Ainda que outrora tivéssemos considerado a
Cristo assim, agora, contudo, já não o conhecemos mais desse modo.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas antigas já
passaram, eis que tudo se fez novo! Tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo e nos confiou o
ministério da reconciliação.”
(2 Coríntios 5:16-18)

Quando Adão e Eva, que conviviam com Deus no jardim do Éden,


resolveram desobedecer a Deus e comer do único fruto que fora proibido,
foram destituídos do paraíso e lançados ao mundo para viver. Através deles o
pecado entrou no mundo, e até hoje somos considerados filhos do pecado
original.
“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição
dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em
Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.”
(1 Coríntios 15:21-22)

No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sob aqueles que não
tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, que é a figura daquele
que havia de vir. Entretanto, se pela ofensa de um morreram muitos, pela
graça de um muitos se salvaram. Foi pela graça de Deus através de Cristo,
pois aquilo que é pela graça, que é o favor genuíno, que veio por intermédio
de um só homem, Jesus Cristo superabundou sobre muitos. Portanto, assim
como por uma só ofensa veio o pecado sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos
os homens para justificação através da santificação da vida. (Romanos 5:14-
15-18).

Sabemos que o salário do pecado é a morte, e as consequências de uma


vida de pecado são a dor e o sofrimento, não só o nosso, mas o de todos os
que estão envolvidos em nossas vidas.

Porém, Jesus veio para nos libertar. Quando renascemos em Cristo, o


aceitando de coração, somos libertos, pois é isso que acontece através do
legado de Cristo e quando assumimos as nossas posições como pais
espirituais de uma geração de órfãos nutridos de orfandade na alma.

Se andarmos na luz, como Ele está na luz, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

(1 João 1:7). É isso que vamos passar para aqueles que nos procurarem,
necessitados de amor e segurança, carinho e cuidados espirituais e especiais.
Com a nossa ajuda e intercessão essas pessoas encontrarão novamente o
caminho da salvação, se libertando da lei do pecado, pois está escrito:

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e
sim da graça.”
(Romanos 6:14)
O pecado nos afasta de Deus, mas em Jesus Cristo temos uma nova vida,
assim ele nos ensinou como deveríamos viver em amor, amando uns aos
outros.

Com isso novamente nos lembramos do que Jesus disse, buscando nos
transferir o seu legado:

“Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo’. Eu,
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,
fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque
faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos
e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não
fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os
vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.”
(Mateus 5:43-48)

Perdão: “E, quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra


alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial perdoe os seus
pecados. Mas, se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus
não perdoará os seus pecados.” (Marcos 11:25-26)

Aqui Jesus nos dá mais uma chave para uma vida plena, se aprendemos a
amar os nossos inimigos, agora devemos aprender a perdoar.
Para poder amar aqueles que nos fazem ou nos fizeram mal, devemos
perdoar suas ofensas, assim como pedimos perdão a Deus.

No mundo espiritual, ao liberarmos o perdão é como se estivéssemos


quebrando uma barreira, amarras e prisões, com isso nos libertamos das
acusações do maligno e podemos nos mover livremente em Deus. Como é
bom poder viver livremente na presença de Deus!

Comunhão: “Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele


dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.
Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e
às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais
eram feitos pelos apóstolos. Os que criam mantinham-se unidos e tinham
tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um
conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio
do templo. Partiam o pão em casa e juntos participavam das refeições, com
alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de
todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo
salvos.” (Atos 2:41-47)

Viver em comunhão agrada a Deus. Em Atos, nos tempos da primeira


igreja, era comum os irmãos se reunirem não só nos templos, mas também
nas casas. Eles buscavam a harmonia, buscavam estar juntos e dividir tanto as
suas alegrias quanto os seus sofrimentos e lutas. Vivendo em comunhão
podemos nos conhecer melhor e nos ajudarmos. Podemos nos alegrar com a
alegria de nossos irmãos e nos amparar nos momentos de dificuldade, orar
uns pelos outros e compartilhar os nossos momentos de dificuldade. Agora
que Jesus nos ensinou a viver melhor, devemos buscar viver assim. Para isso,
temos que nos revestir de toda a autoridade e poder que está no nome de
Jesus, e crer que aquilo que nos foi prometido na Palavra está disponível para
aqueles que creem e amam a Deus.

RECEBA E VIVA O PODER DE DEUS, EM NOME DE JESUS.

Medite na Palavra de Deus.

“Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta.”


(Mateus 7:7)

“E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão.”


(Mateus 21:22)

“E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja
glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei.”
(João 14:13-14)

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e
súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de
vocês em Cristo Jesus.”
(Filipenses 4:6-7)

“Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em
meu nome, ele vo-lo há de dar.”
(João 16:23b)

Há poder no nome do Senhor Jesus Cristo.

“Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome; Para que ao nome de
Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus anjos, e na terra
homens, e debaixo da terra demônios.”
(Filipenses 2:9-10)

Sabendo que Jesus nos prometeu vida em abundância, cabe a nós


buscarmos viver e tomar posse das suas promessas. Esses versículos nos
dizem que, quando buscamos a Deus e cremos no poder instituído por Ele no
nome de Jesus, podemos realizar sinais e maravilhas, pois Deus ouve a
oração do justo, e em nome de Jesus podemos declarar a cura, a libertação, a
restauração, o perdão e, sobretudo, podemos expulsar demônios e declarar
vitórias em Nome de Jesus. Em Jesus somos novas criaturas, as coisas velhas
já passaram, eis que tudo se fez novo. Se você crê no filho do Deus vivo,
aplauda e louve sempre ao Senhor Jesus Cristo.

O legado que nos deixou Jesus

Jesus cumpriu, na íntegra, a missão que o Pai lhe confiou. O Príncipe da


Paz foi vítima da pior morte: a morte de cruz.

Seu legado é o preço do Seu sangue derramado na cruz pelo perdão dos
nossos pecados, pelos pecados daqueles que o aceitaram e continuam
aceitando como o seu único e suficiente Salvador.

São incontáveis os milagres, prodígios e maravilhas feitos por Jesus. Ele


disse que o homem santo também faria as mesmas coisas, mas precisariam ter
fé. Crer!

Seu poder está na Sua palavra, e ela nos revela tudo, conforme está escrito:

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais penetrante do que espada


alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração.”
(Hebreus 4:12)

Jesus diz aos que creem em Seu nome:

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará
as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para
meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai
seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o
farei.”
(João 14:12-14)

Jesus diz mais:

“EU SOU a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em


mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê
mais fruto.”
(João 15:1-2)

Em seguida, Jesus diz aos seus discípulos:

“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.


Estai em mim, e eu em vós como a vara de si mesma não pode dar fruto, se
não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou
a videira, vós as varas, quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer.”
(João 15:3-5)

Jesus fala sobre o destino de quem não dá bons frutos quando declara:
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora como a vara, e secará; e
os colhem e lançam no fogo, e ardem.”
(João 15:6)

À vara que foi limpa pelo lavrador, que é o Pai, diz Jesus:

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis


tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
(João 15:7)

Jesus cita mais uma condição que fortalece aquele que realmente deseja
fazer a sua obra, conforme está escrito: “Nisto é glorificado meu Pai, que
deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. Como o Pai me amou,
também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” (João
15:8-10)

Jesus diz que estará sempre presente onde quer que sua Palavra seja
mencionada:

“Onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio


deles.”
(Mateus 18:20)

Jesus disse que os Seus discípulos julgariam as doze tribos:

“E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu


vos destino o reino, como meu Pai me destinou; para que comais e bebais à
minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze
tribos de Israel.”
(Lucas 22:28-30)
APTOS PARA INSTRUIR

Quando você ouve a palavra “instrução” mencionada no contexto dos


ensinamentos da igreja, provavelmente pensa nos pastores ou presbíteros, e
você está certo em fazê-lo. Um presbítero deve ser apto para ensinar
(1Timóteo 3:2). As Escrituras nos ensinam que o presbítero deve ser apegado
à Palavra fiel, de modo que tenha poder para exortar pelo ensino (Tito 1:9).

Entretanto, a Palavra também ensina que todos os discípulos e


discipuladores devem instruir uns aos outros. Paulo escreve: “E certo estou,
meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de
bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns
aos outros”. Semelhantemente ele exorta a igreja de Colossos, dizendo:
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria, tudo o que fizerem, seja em palavra seja
em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a
Deus Pai.” (Colossenses 3:16-17).

Temos o registro de numerosos discípulos cristãos no novo testamento que


instruíam uns aos outros, mesmo não sendo pastores ou presbíteros. Por
exemplo, Estêvão, o diácono, deu instruções que lhe custaram caro aos
líderes judeus incrédulos sobre Jesus (Atos 7). Filipe, também um diácono,
instruiu o eunuco etíope sobre o significado de Isaías 53 e, em seguida,
evangelizava em todas as cidades, até chegar a Cesareia (Atos 8:26-40).
Áquila e Priscila, marido e mulher, tomaram a Apolo e lhe expuseram o
caminho de Deus, o discipulando e exercendo sobre ele a paternidade
espiritual, que resultou em um grande homem de Deus, chamado Apolo
(18:26). O apóstolo Paulo encarregou homens e mulheres mais velhos de
instruírem os homens e mulheres mais novos, e ainda os exortou mutuamente
a cada dia (Hebreus 3:13). Isso não significa que todos são chamados a
exercer o cargo de presbítero ou diácono. Deus reservou esses ofícios para os
homens que atendem as qualificações bíblicas (ver Atos 6:3/ 1Timóteo
2:12/3:1-13/ Tito 1:5-9). Isso significa que, em qualquer situação que nos
encontremos, devemos instruir uns aos outros de acordo com as verdades da
Escritura.

As várias palavras gregas que os estudiosos têm traduzido como “instruir”,


ou palavras similares em nossas versões do Novo Testamento, podem
significar “ensinar”, “admoestar”, “aconselhar”, “provar” ou até mesmo
“avisar”. O princípio da “instrução” é bastante amplo. Embora o contexto de
cada passagem específica determine o seu significado, a ideia de “instrução”
inclui uma variedade de palavras e ações que envolvem honrar a Deus, buscar
a verdade e viver humildemente.

Considere as três maneiras seguintes nas quais todos os crentes são


chamados a instruir uns aos outros: em primeiro lugar, somos chamados a
mostrar ao nosso irmão ou irmã o cisco em seu olho, depois, é claro, de
reconhecermos primeiro o cisco no nosso próprio olho. Isso toma forma
quando nós dizemos a “verdade em amor” (Efésios 4:15), ou quando
admoestamos os outros humildemente ao apontar áreas de inconsistência na
sua caminhada com Cristo e os alertando sobre perigos iminentes.

Em segundo lugar, podemos ensinar os outros a conhecer e amar a fé que


professamos. Atualmente, muitos na igreja estão fugindo de um estudo
robusto de princípios para abraçar métodos mais pragmáticos de crescimento
cristão. Esse não é o padrão bíblico. Paulo exortou Timóteo a ter cuidado de
si mesmo e da disciplina através dos princípios (1Timóteo 4:6). Se você é um
líder de um pequeno grupo, você deve ir além de ser apenas um facilitador.
Deve ser capaz de explicar e defender doutrinas importantes, como
justificação e santificação. Isso significa que precisamos reservar um tempo
para aprender e meditar sobre as verdades da Escritura, para que possamos
estar adequadamente preparados para ensiná-la aos outros. Buscar recursos
em pastores experientes, como em conferências direcionadas ao ensino da
Palavra e seus princípios, direta ou indiretamente a respeito de determinado
assunto, pode ajudar muito para esse fim.

Em terceiro lugar, o Senhor ordena seu povo a instruir outros sobre como
cumprir suas vocações para a vida em uma variedade de formas. Os santos
mais experientes são chamados a conduzir os discípulos mais jovens. As
mulheres mais velhas na fé podem ter um ministério eficaz de instruir as
esposas e mães mais jovens acerca de como elas podem amar seus maridos e
filhos, e desta forma serem sábias e edificarem as suas casas (Tito 2:3-5). Os
pais têm o grande dever, responsabilidade e privilégio de instruírem e de
educarem os seus filhos na disciplina e na exortação através da Palavra do
Senhor. Devem fazer isso com inteligência, não os levando à ira, mas
mostrando cordialmente o caminho pelo qual devem andar (Efésios 6:4). Em
várias épocas e fases da vida, todos nós precisamos da orientação amorosa
daqueles que trilharam o caminho antes de nós. Eles devem nos ensinar a
tomar decisões sábias e a cumprir fielmente a direção de Deus para os
ministérios de nossas vidas.

Como um membro do corpo de Cristo, você recebeu diversos dons para a


edificação desse organismo, até a maturidade. Em sua amorosa providência,
Deus considerou apropriado estabelecer a instrução mútua como um
componente integral para esse objetivo. Que Deus lhe mostre maneiras em
que você possa humilde e diligentemente instruir os outros, para a glória
Dele, para sua alegria e o benefício de outros tantos discípulos,
discipuladores ativos e possíveis pais espirituais.

“E nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos
tornareis meus discípulos.”
(João 15:8)
Uma das características de um discípulo ativo é dar muitos frutos. Logo, a
missão de um discipulador não termina enquanto seu discípulo não frutifica.
Ele não pode descansar enquanto os seus discípulos não estiverem
frutificando, ou seja, demonstrando Cristo claramente através de sua vivência
diária, pois, até que isso aconteça, devemos caminhar ao seu lado, mesmo
que isso signifique sofrer dores de parto até que eles adquiram características
de Cristo, assim como o apóstolo Paulo disse: “Meus filhinhos, por quem de
novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.” (Gálatas
4:19)

A missão do discipulador não se limita a formar o caráter do discípulo, mas


envolve também desenvolver o seu serviço, criando nele maturidade
suficiente para levá-lo a frutificar, de modo que seu fruto permaneça.

É claro que para isso todo discipulador ativo deve também estar
frutificando, pois este não pode se acomodar porque gerou um ou dois
discípulos, pois, se pararmos, os nossos discípulos nos verão parados e, se
não estiverem maduros o suficiente, pararão antes mesmo de terem
frutificado. Isso transformaria o seu trabalho árduo em algo completamente
inútil.

Um discipulador dever ser alguém dedicado e apaixonado por ganhar e


cuidar de almas, e deve transmitir isso aos seus discípulos, tornando-os suas
cópias, ou seja, seus imitadores, assim como o próprio apóstolo Paulo nos
adverte, dizendo: “Filhos, sejam meus imitadores assim como eu sou de
Cristo” (1 Coríntios 4:16). Isso implica em mobilizar os discípulos a
proclamarem, anunciarem realizarem menção da Palavra de Deus aos quatro
cantos da terra, fazendo assim a anunciação do evangelho. Para que isso
aconteça com exatidão, cada discipulador ativo é responsável pela formação
de Cristo em seus discípulos, e estão comprometidos com a formação do
caráter de Cristo em cada um de seus filhos espirituais, e é dever deles
supervisionarem o trabalho, o crescimento espiritual de cada um deles na fé.
Esse trabalho consiste em transformar seus discípulos ativos em pais
espirituais em potencial, a fim de que assumam o seu legado que é atribuído
por Deus a nós através da sua própria Palavra.

Sair com o discípulo, ensiná-lo através do exemplo, investir nele, nos seus
parentes e amigos o ajudará a ganhar seus próprios discípulos.
JESUS, O MAIOR EXEMPLO A
SER SEGUIDO
Além de Deus, que é o amor em sua plenitude, que outro nome poderia ser
achado, entre os homens viventes ou entre os que já partiram dessa vida, ao
qual poderíamos atribuir tamanha honra de ser achado digno de ser o maior
exemplo de conduta e amor, que não próprio Senhor Jesus?

Ele foi e é o maior exemplo de amor já manifestado por Deus. Como se


isso ainda não bastasse, Ele mesmo se fez homem mortal para testificar do
amor de Deus pela humanidade, e nos deixou seu exemplo como legado de
amor, para que o imitássemos e déssemos seguimento à sua obra de amor e
cuidado. Ele foi, é e sempre será o maior líder de todos os tempos. Nunca
houve alguém com uma vocação tão suprema, com um ministério tão eficaz,
com uma liderança tão exemplar e com um legado mais duradouro. Como
líder, Ele tinha uma clara consciência de sua pessoa, da sua missão e do seu
dever de formar discípulos que continuassem a sua obra. Em seu estado de
humilhação, Jesus nos deixou o exemplo de depender apenas do Pai em todas
as suas escolhas ministeriais. Desde o chamado dos discípulos até o seu
triunfo na cruz, foram feitas orações e súplicas em submissão total e completa
a Deus.

O presente estudo aborda o ministério de Jesus como o modelo supremo de


liderança a ser imitado, analisando algumas características marcantes que
devem ser seguidas por todo líder cristão e discipulador ativo, como sua
consciência da missão, seu pastoreio sacrificial, seu amor abnegado e o seu
exemplo humilde e cheio de alegria e otimismo, que moldou a vida e o
caráter dos seus discípulos. Todos são chamados a amar, servir e liderar
como Ele, assumindo o seu legado e formando outros discípulos, para que a
obra de Deus continue se expandindo até a consumação de tudo.

JESUS, o único líder singular que se reproduz através do seu legado.


Jesus foi um líder completo, diferente de todos os outros líderes humanos.
O caráter singular da sua pessoa como Deus e homem proporcionou uma
perfeição às suas ações, palavras e escolhas, que nunca poderão ser
plenamente imitadas por nenhum homem ou líder, pois ninguém pode
perguntar aos demais como ele perguntou: “Quem dentre vós me convence de
pecado?” (João 8:46)

Jesus foi único porque sua pessoa é única. Ele é o verdadeiro Deus que se
fez carne e veio ao mundo com o propósito de salvar os pecadores (João 1:1-
5 e João 1:11-14). Ao mesmo tempo, Jesus é o servo de Deus que renunciou
sua glória, nascendo como perfeito homem para dessa forma identificar-se
com seu povo e salvá-lo da condenação eterna (João 15:13).

A singularidade e a perfeição da pessoa e da obra de Cristo responde por si


só à sua perfeita consciência de si mesmo, da sua missão e das suas ovelhas,
coisas que os demais líderes não possuem. Ainda assim, o fato de Ele ter sido
apontado por Deus como Supremo Pastor e exemplo, indica a todo líder
cristão que seu dever é seguir os passos do Mestre (1 Pedro 2:21-22).

Jesus tinha consciência de si mesmo.

Jesus tinha uma perfeita consciência de quem era. Ele sabia que era
perfeito Deus e perfeito homem. Um dos mais importantes títulos
encontrados no novo testamento para Jesus é “Filho de Deus” (Mateus 11:25-
27 \ 16:17). Repetidas vezes ele fala de Deus como seu Pai, mostrando que
tinha consciência da sua divina filiação. No seu batismo e transfiguração, o
próprio Pai testemunhou que Jesus era o seu filho (Marcos 1:1-11 \ 9:7). Por
outro lado, Ele nasceu e cresceu como um perfeito homem, sabendo que era o
segundo Adão, o descendente real de Davi, o servo sofredor prometido, o
messias e “Filho do Homem” que reinaria para sempre.

Essa consciência de Jesus quanto à sua dupla natureza em uma só pessoa é


afirmada constantemente no novo testamento. Jesus se define pelo menos 18
vezes com a expressão “Eu Sou”, que apontava para o caráter divino de sua
pessoa e missão (João 6:35 \ 8:12-26 \ 10:9 \ 11:25). Porém, em diversas
ocasiões, Jesus fez também referência à sua natureza humana (João 2:25 \
11:35 \ 12:33). Sua encarnação para se tornar homem de dores (Isaías 53:3)
proporcionou um conhecimento prático do que era a natureza humana, com
todas as suas limitações, pois Jesus viveu e padeceu em sua plenitude
humana. Embora tivesse nascido sem pecado, o seu corpo carregava as
marcas da fragilidade imposta pela queda, como o sofrimento e a morte.

Esse é um ponto importante para os líderes atuais, pois a primeira coisa que
um líder precisa ter é uma clara consciência de si. Obviamente não existem
líderes divinos ou perfeitos, porém conhecer a si mesmo é fundamental para
um ministério eficaz. Por isso, é necessário buscar um conhecimento
profundo de Deus e da sua Palavra, pois tal conhecimento produzirá algo
vital no nosso ministério humano.

Jesus sabia perfeitamente o motivo pelo qual ele veio ao mundo. Ele fala
de si mesmo como tendo “vindo” ou sido “enviado” por Deus (Marcos 1:38 \
10:45 \ Lucas 12:49-51). Ele possuía um completo conhecimento de cada
momento e estágio do seu ministério. Essa consciência se dava ao
relacionamento eterno com o Pai quando recebeu sua missão, como aos
próprios textos proféticos que falavam em detalhes dessa missão. (Veja por
exemplo: João 16:2 \ Lucas 19:10 \ João 4:34 e 10:11 \ Lucas 9:22).

O ministério de Jesus possuía um caráter paradoxal, pois ele sabia da


origem divina de sua pessoa, como quando agiu como um servo sofredor para
cumprir a missão ou como um ser humano dado pelo Pai (Isaías 53:1-12).
Hoje nenhum líder é capaz de ter uma visão completa da sua missão com
respeito a cada estágio da sua vida ministerial como Jesus teve. Contudo,
ainda assim é de suma importância aos líderes e para os discipuladores ativos
compreenderem o motivo pelo qual foram chamados por Deus e qual é a
natureza da sua missão. Os exemplos dos apóstolos e de Paulo mostram que
líderes eficazes são aqueles que sabem o propósito de sua missão e que
mantêm o foco no que é prioritário (Atos 6:1-7 \ 20:24).

Ele conhece o seu rebanho.

A metáfora predileta de Jesus para retratar o seu relacionamento com o seu


povo foi a ilustração do pastor e da ovelha. O Antigo Testamento estava
repleto de alusões a Deus como o pastor de Israel (Isaías 40:10-11 \ Salmo
23:1). Além disso, o conceito de pastorear tornou-se uma importante imagem
explicativa usada para retratar a liderança espiritual em Israel. Assim, reis,
profetas e sacerdotes eram chamados de pastores (Jeremias 23:1-4 \ Ezequiel
capítulo 34 \ Zacarias capítulo11).

Essa metáfora não foi usada pelo Senhor Jesus, uma vez que era uma clara
alusão ao pastor ferido, conforme profetizado por Zacarias, como também
uma imagem cultural fácil de ser entendida pelos ouvintes (Zacarias13:7-9).
Entretanto, Jesus se descreve como o BOM pastor, cuja obra consistia em dar
a vida pelas ovelhas (João 10:11). O conceito de ovelhas era importante,
porque mostrava que somente um grupo de pessoas creria na mensagem de
Jesus (João 10:26-27).

Ao usar essa metáfora, Jesus demonstra ter um conhecimento perfeito das


suas ovelhas. Ele sabia quem entre os seus discípulos e ouvintes eram seus
seguidores verdadeiros, e algumas vezes se referiu a pessoas como não
fazendo parte do seu aprisco, e isso é fato! Jesus nunca foi surpreendido por
falsas ovelhas, e sempre deixou claro que sua missão consistia em juntar
apenas as ovelhas que o Pai lhe dera (João 6:37-44 \ 10:25-29 \ 13:18).

Esse conhecimento perfeito do rebanho não é possuído por nenhum líder,


embora seja seu dever pastorear o rebanho conhecendo, amando e cuidando
de cada uma das suas ovelhas. Na igreja visível é possível apenas observar os
frutos e as marcas da graça na vida de alguém, e assim presumir se tal pessoa
é uma ovelha do Senhor. Contudo, enganos podem acontecer, e muitos bodes
podem se revelar entre o rebanho, ou mesmo da liderança. É tarefa dos
líderes estarem atentos para pastorearem as ovelhas do Senhor e terem
cuidado com os bodes e com os lobos vestidos de cordeiro.

Jesus, o Líder a ser imitado.

O ministério de Jesus consistia em pregar e ensinar as boas-novas do reino


(Mateus 4:23), instruindo aqueles que correspondiam firmemente à sua
proclamação à conversão e à renúncia do mundo. Por ser Ele o Messias, o
Ungido de Deus, Rei e Salvador, sabia também da importância da sua missão
e que as suas Palavras eram revestidas de autoridade, exigindo uma resposta
de fé e um comprometimento absoluto. É possível resumir a prática
ministerial de Jesus observando as quatro principais ênfases dadas por Ele,
que eram:

01) Anunciar a verdade de Deus com autoridade aos ouvintes, mostrando


que as profecias estavam sendo cumpridas Nele e pregando as Escrituras pelo
método de exposição, ilustração e aplicação, com o objetivo de converter
pecadores e edificar os discípulos;

02) Depender do Pai em tudo, vivendo em completa submissão e vida de


oração;

03) Desenvolver um ministério de misericórdia, paralelo ao da pregação,


em que as curas e obras de libertação eram executadas e tinham o propósito
de mostrar a sua compaixão e a natureza singular de sua vida e obra (Mateus
11:2-6 \ Isaías 35:5-6 \ 61:1);

04) Preparar discípulos para que fossem como ele foi, e dentre eles
selecionar um grupo para pastorear os demais. Esse grupo consistia nos doze
apóstolos, que depois seriam onze, até que Matias foi levantado para assumir
o posto deixado por Judas Iscariotes, depois que este se enforcou, tirando a
sua própria vida. O grupo dos doze apóstolos reunidos apresentou para Pedro
dois nomes: José, chamado de Barsabás e Matias. Eles eram profundos
conhecedores de Jesus desde o Seu batismo feito por João, e acompanharam
sua vida de pregação. O grupo dos apóstolos pediu em oração a Deus o
discernimento entre os dois nomes. Lançaram sorte, e a sorte caiu sobre
Matias, que passou a substituir Judas Iscariotes. A narrativa aconteceu dias
antes de Pentecostes. Este tipo de escolha, lançar a sorte, é considerado por
muitos estudiosos como um modo arcaico, e foi a última vez que o grupo dos
apóstolos a utilizou.

Jesus, o expositor da Palavra.

Jesus foi um pregador da Palavra de Deus, portanto, pregava a si mesmo.


Não é difícil encontrarmos nos evangelhos Jesus fazendo menção de si
mesmo, como por exemplo: “Eu sou a Porta” (João 10:9), “Eu sou a Videira
verdadeira” (João 15:5), “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6),
“Eu sou o bom pastor” (João 10: 11), “Eu sou Aquele que era de vir”, “Eu
sou o Alfa e o Ômega” (Apocalipse 1:8), “Eu sou o Pão Vivo” (João 6:51),
entre tantos outros. São inúmeras as suas exposições sobre si mesmo,
apontando-se para o Pai como o investidor da obra na qual Ele era o principal
investimento. A sua forma de pregar foi essencialmente judaica, apresentando
a exposição das escrituras entrelaçada com ilustrações, figuras de linguagem
e constantes aplicações práticas. Sua preocupação central era de anunciar que
o reino havia chegado à sua plenitude e que a sua própria pessoa representava
a inauguração do estágio final do reino de Deus aqui na terra. Ele era não
somente o desfecho das promessas do antigo testamento concernentes à era
vindoura, mas também o inaugurador dos propósitos finais de Deus na
história da salvação, trazendo a mensagem do evangelho tanto para judeus
quanto para gentios (Mateus 4:23-25).

A exposição do Antigo testamento feita com autoridade formava a base do


ministério de Jesus (Lucas 4:16-21). Ele era tanto o intérprete final das
escrituras quanto a sua vida e ministério (nascimento, morte, ressurreição e
exaltação) eram a própria chave para se entender o seu conteúdo, uma vez
que todas as Escrituras falavam a respeito Dele (Lc 24:25-27 e 44-45). Se
você observar bem, verá que de Gênesis a Apocalipse as Escrituras apontam
para o Cristo de Deus, a ser Jesus, o que era, o que é, e o que sempre haverá
de ser!

Durante todo o seu ministério, Jesus nunca deixou de demonstrar que era a
inerrante Palavra de Deus, e que sua linguagem, motivos, temas e mensagem
eram somente baseados na salvação. Algumas vezes a sua pregação consistia
em uma exposição bíblica em textos específicos, com afirmações revestidas
de autoridade e autorreferências que indicavam o caráter único de sua pessoa
(Lucas 4:16-21). Outras vezes, tratava de temas gerais e amplos, cujas ideias
estavam ancoradas em linguagem alusiva, repleta de metáforas figurativas,
para simplificar o entendimento para os discípulos daquela época, como
podemos ver claramente no sermão do monte (Mateus 5:1 \ 7:29), ou ainda
quem sabe, poderia ser uma exposição, resultado de uma resposta a algum
questionamento proposto pelos ouvintes e seguidores mediante às
oportunidades geradas pelas extensivas horas de exposição no
compartilhamento da Palavra (Mateus 19:3-12).

Sua prática de ensino possuía sempre autoridade e, assim como foi dito, era
repleta de metáforas, símiles, parábolas e outras figuras de linguagem usadas
para causar impacto nos ouvintes.

A ênfase ministerial de Jesus nas escrituras e sua forma de interpretar a si


mesmo como a voz de Deus foram imitadas pelos apóstolos e seus
seguidores, mas infelizmente têm sido negligenciadas pelos discípulos e
discipuladores de hoje. É de fundamental importância reaprender e reativar
em nós os métodos interpretativos e comunicativos de Jesus, com a
profundidade bíblica acompanhada de ilustrações e aplicações práticas,
segundo a linguagem de cada etnia de povos, de forma que falemos ao
mundo real dos ouvintes, pois isso é de fundamental importância para aqueles
que desejam obter sucesso em seus ministérios de paternidade espiritual.

Jesus e sua vida de oração.

A oração foi um elemento distintivo, apesar de suas inúmeras diferenças,


entre o povo de sua época e todos os milagres e maravilhas que só o Senhor
Jesus podia fazer. O que mais o destacava era a sua vida de oração e
comunhão com o Pai, isso era a base forte do ministério de Jesus. Não há um
único momento em seu ministério no qual Ele não se referia ao Pai celestial,
em que não houvesse uma demonstração de submissão e honra ao Pai por
seus feitos, ou dando glórias ao Pai por tudo. Tanto que Ele mesmo chega a
revelar que não havia vindo a este mundo para fazer a sua vontade, mas sim a
vontade daquele que o enviou.

Depois de um grande feito, o Senhor Jesus sempre se retirava da multidão


para ir ter uma conversa com o Pai a sós, para agradecê-lo por tê-lo honrado,
fazendo se cumprir todas as Palavras de sua boca. Além disso, Ele também
ensinou os discípulos a orarem e a serem submissos e totalmente dependentes
do Pai. Assim será a vida daqueles que decidirem assumir o legado da
paternidade espiritual, pois não há outra forma de exercer amor e cuidado se
não for servindo a Deus de todo o coração e com toda a sua alma.

Os frutos do Espírito sempre são colocados à prova, pois isso requerem


muita disposição, ousadia na fé, paciência, mansidão, domínio próprio, amor
e longanimidade, afinal, você estará assumindo o legado de Jesus para fazer a
sua principal obra, cumprindo assim a sua principal missão, aquela que você
veio realizar aqui neste mundo: demonstrar o amor de Deus para toda
humanidade e resgatá-la para Ele. Esse foi o modelo de vida de oração a ser
imitado por todos nós, que desejamos assumir essa honrosa missão.

Jesus orou no início e durante seu ministério (Marcos 1:35-39 \ Mateus


14:23 \ Lucas 9:28), antes de escolher os discípulos, e depois os ensinou a
orar (Lucas 6:12-16\ Lucas 11:2 \ Mateus 6:9-15 \ Mateus 21:22 \ Lucas
11:9-13\ Lucas 18:1\ Lucas 22:40). Ele orou antes e durante a sua
crucificação (Marcos 14:32-42\ Lucas15:34-35). Ele rogou (orou com grande
intensidade) pela vida espiritual dos discípulos (Lucas 22:32 \ João 17:9) e
pela sua futura igreja (João 17:2021). Jesus zelou pelo papel primordial da
oração na vida do povo de Deus (Mateus 21:13) e alertou sobre a importância
da oração na batalha espiritual (Marcos 9:29 \ Efésios 6:1718). Com
submissão a Deus, seu Pai, dirigia suas orações. Ele não orava por algo que
implicasse fazer sua própria vontade (Mateus 26:36-39). Tinha plena
convicção de quem era para Deus, e de que bastava rogar ao Pai que Ele viria
ao seu auxílio (Mateus 26:53).

Todas as citações mostram que Jesus viveu em constante oração em seu


ministério. A oração não era uma prática paliativa ou tema acessório em sua
vida, mas a contínua ênfase que norteava seu ministério e que deve também
nortear o ministério dos discipuladores ativos e de seus discípulos. Portanto, é
impossível pensar em um líder cristão fiel, um pai ou uma mãe espiritual, que
não assumam essa responsabilidade de vida e de oração. Nas palavras do
teólogo John Owen: “Um ministro pode encher os bancos da igreja, sua lista
de comunhão e a boca do público, mas o que esse ministro é sobre seus
joelhos em secreto, diante do Deus Todo-Poderoso, é o que ele é e nada
mais”.

Jesus, o Líder a ser seguido.

Outra característica fundamental no ministério de Jesus foi a sua presença


como líder, a sua prioridade em formar discípulos e motivá-los a serem como
Ele. Cristo escolheu homens comuns e os treinou por um período de tempo,
ensinando-os a guardarem a Palavra de Deus (Mateus 28:20), corrigindo pela
convivência e exemplificando modelos comportamentais a serem imitados
(João 13:12-17 \ João 13: 34-35). Ele os ensinou sobre teologia e como
interpretar as Escrituras, sobre a história da salvação e seus eventos finais,
bem como a viver em comunhão e de forma piedosa, como homens de
oração, dispostos a perdoarem e servirem aos outros com humildade.

Seu ministério seria curto, com cerca de três anos e meio, por isso era
preciso um programa de discipulado ativo, rápido, prático, intensivo e
seletivo. Então Ele escolheu especialmente doze homens com quem
trabalharia mais de perto (Lucas 6:12-16). A seleção dos doze foi um marco
importante no ministério de Jesus, pois seu ministério adquiriria grandes
proporções e isso exigia uma organização e divisão de trabalho mais efetiva.
Além do mais, era preciso preparar uma liderança que serviria de fundamento
para a igreja do Novo Testamento, que seria composta de judeus e gentios
(Efésios 2:19-22).

No caso específico dos doze, o objetivo de Jesus foi treiná-los para exercer
um pastoreio sacrificial, um amor abnegado pela obra do Pai e uma vida de
humildade similar à do Mestre. Eles precisavam pastorear com a Palavra,
vigiar em oração, exercer misericórdia para com os fracos e oprimidos e
liderar com amor. Sua missão seria testemunhar acerca da obra de Cristo e
glorificar o seu nome, fazendo discípulos de todas as nações e “ensinando-os
a guardar todas as coisas”, ordenadas por Jesus em Nome do Pai (Mateus
28:18-20 \ Atos 1:8 \ Atos 4:12-33).

Tanto os líderes das igrejas quanto os discipuladores devem aprender com


Jesus que a prioridade no ministério não é apenas pregar, mas formar
discípulos pelo ensino através do exemplo. Além disso, é importante
selecionar e preparar dentre eles os que estão aptos para liderar na igreja.
Formar discípulos requer tempo, ensino da Palavra, oração, visitação,
atribuição de missão, exemplo e humildade.

Aprender sobre a vida de Jesus como líder nos conduz a um modelo


completo de liderança, em que autoridade e serviço, amor e verdade, firmeza
e sensibilidade, disciplina e compaixão, fidelidade e submissão andam juntas.
É pastorear com coração amoroso e formar discípulos pelo ensino não apenas
verbal, mas principalmente através dos nossos exemplos, através dos nossos
comportamentos e serviços. É ter posição de autoridade, ser enérgico quando
preciso, mas agir humildemente, sendo complacente, analisando com amor
todas as possibilidades e se colocando sempre como servo de todos, assim
como o nosso Senhor Jesus.

Servir a Deus é trabalhar incansavelmente, anunciando o evangelho,


atribuindo muito mais tempo à sua vida espiritual que à sua vida física,
sempre dependendo de Deus em tudo. É ter paciência com as ovelhas,
pastoreando cada uma delas de acordo com suas necessidades. É resistir ao
erro e denunciar a hipocrisia, o legalismo e as tradições humanas que se
sobrepõem à verdade de Deus. Porém, é também anunciar o arrependimento,
indicando o caminho da salvação aos pecadores e mostrando a vida que
deveriam viver para agradar a Deus. Enfim, priorizar o aprendizado sobre o
ministério de Jesus é certamente descobrir que nunca houve ou haverá um
líder como Ele, mas todos os líderes cristãos são desafiados a serem como o
Cristo de Deus e amar como Ele nos amou, e isso se resume em sermos pais
espirituais ativos nas vidas de nossos filhos na fé. Procure estar apto para
exercer esse ministério, Jesus precisa de ti e conta com você!
JESUS NOS TORNA APTOS PARA
AMAR

“Amaras o Senhor teu Deus de todo o seu coração e com toda a sua alma e
com todas as tuas forças, e essas Palavras que hoje te ordeno, guardarás
no teu coração, e você as infiltrarás na mente dos teus filhos e delas falará
ao se deitar e ao se levantar, sentado em tua casa ou andando pelo
caminho.”
(Deuteronômio 6:5-7)

“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas
amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.”
(Levítico 19:18)

Ambos estão relacionados ao amor, mas por que o amor é tão importante?
Jesus disse que todos os mandamentos foram dados por duas razões: ajudar-
nos a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

O ser humano vive sempre em busca de uma vida melhor, e Jesus veio ao
mundo para ensinar o homem a viver melhor e bem, mas isso só acontece
quando buscamos os seus ensinamentos por meio da obediência da infalível
Palavra de Deus.

Quando buscamos os ensinamentos de Jesus, buscamos vida, paz, amor,


perdão e reconciliação com o nosso próprio Deus, pois é nessa busca que
estamos aprendendo lições daquele que as ouviu diretamente do Pai e que
tem as palavras da vida.

Entre os infinitos ensinamentos que podemos aprender, alguns são de uma


iminente prioridade, e devemos aplicá-los e obedecê-los em nosso dia a dia,
para podermos viver bem com nós mesmos. Para viver bem é preciso estar
bem, é preciso guardar o nosso coração em Deus, afinal, é dentro do seu
coração que Jesus vai escrever os seus preciosos ensinamentos.
Jesus nos ensina a olhar para dentro de nós mesmos, pois pedimos tantas
coisas ao Senhor que nos esquecemos do mais importante: que é o seu
ensinamento que nos traz a chave de todas as conquistas.

Quando olhamos para dentro de nós e nos comparamos com a pessoa de


Jesus, reconhecemos o quanto somos necessitados de sua graça, de seu
perdão e de seu amor dentro dos nossos corações. Às vezes, dizemos:
“Senhor Jesus, eu te amo!”, mas aborrecemos aqueles que verdadeiramente
nos amam, seja por um ou por muitos motivos, que acabam se tornando
espinhos em nossas vidas, fazendo com que não consigamos conviver e
ajudar o nosso próximo em persuadir uma mudança, mesmo que seja
indiretamente, quando o nosso conselho é ignorado.

Ao contrário, podemos aprender com o nosso Senhor que ele nunca desiste
de nós. Por mais cabeça dura que sejamos, Jesus sempre vai acreditar que
podemos mudar, seja lá qual for a natureza de hábito que não condiz com os
seus ensinamentos. Ele sempre está trabalhando não com palavras pérfidas,
mas sim com a excelência do seu poder no Espírito Santo, que fala
diretamente dentro do seu coração.

Às vezes falamos muito de Cristo para as pessoas, mas viver em Cristo se


torna mais eficaz do que falar dele, porque o verdadeiro Cristão que aprendeu
com Jesus torna as suas obras visíveis em suas atitudes e em seu jeito
humilde de viver, o que traz consigo o bônus do amor de Deus, onde quer que
você esteja.

- Na época de Jesus, os judeus haviam acumulado centenas de leis:


613, de acordo com um famoso historiador.

- Alguns líderes religiosos tentavam estabelecer uma diferença entre as


leis mais importantes e as menos importantes, enquanto outros ensinavam
que todas eram igualmente obrigatórias e que era perigoso fazer qualquer
distinção.

- Essa questão apresentada pelo escriba poderia ter provocado alguma


controvérsia entre esses dois grupos, mas a resposta de Jesus resumiu todas as
leis de Deus.

- As leis de Deus não são difíceis de serem cumpridas, pois podem ser
resumidas em dois princípios muito simples: amar a Deus e ao próximo.

O QUE MAIS JESUS FALOU SOBRE O AMOR?

DEUS NOS AMA: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.” (João 3:16)

Deus nos ama tanto que nos enviou seu único Filho para nos reconciliar
com Ele e para nos mostrar o caminho de volta para casa.

A nossa casa, o nosso verdadeiro lar, é o lar eterno que fica na glória do
Senhor. Nós não pertencemos a este mundo, estamos aqui como peregrinos e,
ao terminarmos a nossa peregrinação terrestre, voltaremos para casa, e todos
prestarão contas do que fizeram neste mundo.

O amor de Deus por nós é tão grande que Ele certamente sabia que nós não
teríamos como pagar pelas coisas erradas que fizemos durante nossa
peregrinação aqui neste mundo, e por isso o Pai nos enviou seu Filho para
pagar a dívida por nós. O amor de Deus não é estático ou egoísta, alcança e
atrai os outros, e nisto percebemos que Deus estabeleceu o exemplo do
verdadeiro amor, a base para todos os relacionamentos amorosos, portanto,
quem ama alguém carinhosamente está disposto a dar-se gratuitamente, a
ponto de se sacrificar.

O modelo do amor de Deus é sacrificial, o que o levou a pagar o preço da


redenção da humanidade entregando a vida de seu Filho, o mais alto preço
que Ele poderia pagar.

Jesus aceitou assumir a nossa punição, pagou o preço por nossos pecados e
nos ofereceu uma nova vida, que comprou para nós com o seu próprio
sangue. Quando partilhamos as Boas Novas com os outros, nosso amor deve
ser como o de Jesus. Devemos prontamente desistir do nosso conforto e da
nossa segurança, caso seja necessário, para que os outros possam unir-se a
nós e receber o amor de Deus. Na maioria das vezes, para fazer com que isso
aconteça nós temos que sair da zona de conforto, assim como Jesus, que saiu
do seu conforto ao lado do Pai, deixando a sua glória (João 17:5 \ Filipenses
2:5-10) para assumir uma forma humana, assim se fez carne e habitou entre
nós (João 1:14)

DEUS AMA ATÉ AQUELES QUE O ODEIAM:

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos
maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e
vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;
porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça
sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão
tereis. Não fazem os publicanos também o mesmo?
E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não
fazem os publicanos também assim?”
(Mateus 5:43-47)

Quando alguém faz algo que nos prejudica, nossa primeira reação é desejar
vingança. Ao contrário disso, Jesus disse que devemos fazer o bem para
aqueles que nos fazem o mal! Nosso desejo não deve ser o de manter ou de
vingar a dívida, mas o de amar e perdoar a pessoa.

A palavra perdão vem de PERDER; quem perdoa, perde alguma coisa. Se


você perdoar uma dívida financeira, estará perdendo o dinheiro que tinha para
receber, isso é perdoar, é amar como Deus ama. Quem ama deve estar
disposto a perder, ao perdoar, e isso não é natural, é sobrenatural. Só Deus
pode nos dar forças para amar como Ele. Em vez de planejar vingar-se, ore
por aqueles que o magoam, assim como Ele disse: “Eu, porém, vos digo:
‘Que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-
lhe também a outra.’” (Mateus 5:39)

Para muitos judeus da época, essa declaração de Jesus era um insulto, pois
qualquer pessoa que reivindicasse ser o Messias e desse a outra face ao
agressor não estaria se portando como o líder militar que Israel desejava para
comandar uma revolta contra Roma e libertá-los, pois era essa a imagem do
Messias que eles tinham em mente: um libertador. Mas como os pensamentos
do nosso Deus são sempre mais altos, Ele nos enviou um Salvador definitivo.

APRESENTAMOS O NOSSO AMOR A DEUS QUANDO LHE


OBEDECEMOS:

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e


aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele.”
(João 14:21)

Jesus disse que os seus seguidores demonstram o amor que sentem por Ele
por meio da obediência em amar ao próximo, assumindo o seu legado de
amor. Amar é mais do que dizer palavras adoráveis, é uma atitude, um
compromisso, uma conduta nobre. Se nós amamos a Cristo, que provemos o
nosso amor obedecendo ao que Ele ordena em sua Palavra, e assim saberão
que somos os seus verdadeiros discípulos (João 13:34-35).

O AMOR ENTRE DEUS E JESUS É O EXEMPLO PERFEITO DE


COMO DEVEMOS AMAR O PRÓXIMO:

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que
também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós
somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade,
e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado
a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que,
onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha
glória que me deste, porque tu me amaste antes da fundação do Mundo Pai
justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que
tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lhe farei
conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu
neles esteja.”
(João 17:21-26)
O grande desejo de Jesus para os seus discípulos era de que eles fossem
como um só ser. Queria que se unissem como uma testemunha poderosa da
realidade do amor de Deus. Você está ajudando na união do Corpo de Cristo?
Você pode orar por outros cristãos, evitar fofocas, ensinar os outros, trabalhar
junto a alguém com humildade, dar seu tempo e dinheiro a quem realmente
precisa, exaltar a Cristo e recusar-se a argumentar e tomar partido em
questões que tragam divisão. Jesus orou pela unidade entre os cristãos
baseando-se na unidade entre Ele e o Pai. Os cristãos poderão conhecer a
unidade entre si se viverem em união com Deus, pois cada ramo vive ligado à
videira, agindo do mesmo modo.

JESUS DESEJA QUE O AMEMOS NOS BONS E MAUS MOMENTOS:

“Então Jesus lhes disse: Vós esta noite vos escandalizareis em mim,
porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se
dispersarão, mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a
Galileia. Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se
escandalizem em ti, eu nunca escandalizarei. Disse-lhe Jesus: Em
verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes
me negarás.
Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei, e
todos os discípulos disseram o mesmo.”
(Mateus 26:31-35)
Todos os discípulos declararam que prefeririam morrer a negar Jesus.
Poucas horas mais tarde, entretanto, estavam dispersos. É fácil confessar que
somos fiéis a Cristo, porém, nossa afirmação só é validada quando posta à
prova sob cruéis perseguições. A sua fé é forte? Será que amamos o bastante
para suportar uma intensa perseguição? Jesus sofreu em grande agonia pela
proximidade da crucificação, e mesmo assim permaneceu fiel em sua escolha
de nos amar até o fim. Nas horas difíceis e nas horas boas somos tentados a
deixar de amar ou amar menos. O amor que devemos sentir uns pelos outros
não é um sentimento, na verdade, é uma escolha e uma ação.

Você já escolheu assumir o legado de Cristo e amar as pessoas como Deus


as ama?
O AMOR DE JESUS SE ESTENDE A CADA PESSOA:

“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai,
vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e
vem, toma a cruz, e segue-me.”
(Marcos 10:21)

Jesus deixou tudo por amor a cada um de nós. Ele deu tudo o que tinha a
nós, pobres de espírito, e nos encheu do seu Espírito, para que nos
tornássemos mais parecidos com Ele, e Cristo nos pede que façamos o
mesmo por amor a cada pessoa que tivermos a oportunidade de alcançar. Em
vez de pedir algo para elas, devemos dar (Mateus 10:8). Fazendo isso,
teremos um tesouro no céu. Ou você prefere um tesouro neste mundo?

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas, mas o
mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo,
e deixa as ovelhas, e foge, e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o
mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas, Eu
sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou
conhecido, Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e
dou a minha vida pelas ovelhas.”
(João 10:11-15)

A partir disso serão reconhecidos:

Jesus está sentado à mesa com seus amigos. É a última ceia antes de partir
deste mundo, o momento mais solene para transmitir sua última vontade, um
verdadeiro testamento: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-
vos uns aos outros”. Pelos séculos afora será esta a característica que
permitirá identificar os discípulos de Jesus, é nisto que todos os
reconhecerão.

Foi assim desde o início. A primeira comunidade dos fiéis, em Jerusalém,


gozava da estima e da simpatia de todo o povo justamente pela sua unidade, a
ponto de atrair, a cada dia, novas pessoas.
Anos mais tarde, Tertuliano, um dos primeiros escritores cristãos, referia o
que se dizia a respeito dos cristãos: “Vede como se amam entre si e como
estão prontos a dar a vida uns pelos outros”. Era a realização das palavras de
Jesus: “E nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes
uns aos outros”.

O amor recíproco é, portanto, a marca, um hábito em comum dos cristãos,


dos verdadeiros discípulos ativos, velhos e jovens, homens ou mulheres,
casados ou não, adultos e crianças, doentes ou sadios, podem exercitar para
expressar em toda parte e sempre, com a própria vida. Na unidade que nasce
do amor mútuo entre os discípulos de Jesus, de certo modo, reflete-se e torna-
se visível aquele Deus que Cristo revelou a nós através do seu amor.

Hoje, mais do que nunca, é preciso buscar esse caminho para anunciar o
evangelho numa sociedade frequentemente atordoada por um excesso de
palavras vazias. Mais do que mestres, procura-se por testemunhas de Cristo,
que tenham uma vivência cristã genuína. Mais do que palavras, se requer
atitudes contundentes de amor, pois essas atitudes tendem mais facilmente a
convencer, afinal, não é apenas um evangelho feito de palavras, mas sim de
vida! Que você seja capaz de criar novos relacionamentos, marcados pela
unidade e pelo amor, que deve ser demonstrado por todos aqueles que se
dizem aptos para amar!

Se verdadeiramente nos amarmos uns aos outros, conheceremos todos


aqueles que realmente são discípulos do Senhor Jesus. De que outra forma
podemos nos considerar aptos para o exercício do discipulado ativo, através
da paternidade espiritual, se não houver em nós uma atitude contundente da
mudança em nossos hábitos cotidianos, em nossa fala, no nosso linguajar, na
nossa forma de nos portarmos, de andarmos, de ver as coisas, de encarar as
dificuldades e as adversidades que se sobrepõe, e até mesmo de encarar a
nossa fé? Como podemos viver essa Palavra viva se não mantemos esse
sentimento de amor mútuo vivo entre nós, cujo sentimento nos impulsiona a
ajudarmos uns aos outros?

Outro detalhe muito importante: jamais conseguiremos exercer o amor e o


cuidado uns com os outros sem formarmos, em toda parte, células vivas que
mantenham o corpo de Cristo sempre saudável, pois esses núcleos de ensino
chamado células tem ajudado a propagar não somente o discipulado ativo,
como também a difundir o amor do padrão de Deus nos corações.

Se acendêssemos o fogo que Jesus trouxe à terra em diferentes pontos de


uma cidade, o “amor” e esse fogo, graças à boa vontade dos habitantes,
resistiria ao gelo do mundo, assim teríamos em breve uma cidade acesa e
cheia de cuidados especiais de Deus, exercido pelos pais e filhos espirituais.
O fogo que Jesus trouxe à terra é Ele mesmo, o amor de Deus, os seus
ensinamentos a todos aqueles a quem escolheu para si, àqueles a quem Ele
amou primeiro, o amor que não só une as nossas almas a Deus, mas que une
nossas almas umas com as outras.

Duas ou mais almas fundidas no amor de Cristo, que não tenham medo e
nem vergonha de se comunicarem mutuamente ou de expressarem
explicitamente o seu desejo de amor a Deus e ao próximo, mas que fazem da
unidade entre si em Cristo o seu ideal, são uma potência divina no mundo.
Essas pessoas podem surgir nas famílias: pai e mãe, filho e pai, nora e sogra,
etc. Podem se achar nas igrejas e em cada pequena célula acesa por Deus
num ponto qualquer da Terra, espalhando a providência, distribuindo o amor
e difundindo-o nos corações contritos que se ardem e que nos envolvem, a
fim de que no mundo seja espalhado em seus quatro cantos a arte da
paternidade espiritual, que é o amor e o cuidado uns pelos outros.

Devemos aprender a amar com Cristo, pois Ele nos ensina a amar como
Ele mesmo nos amou, nos demonstrando ser possível difundir o amor de
Deus nos corações encharcados de orfandade e de ressentimentos, pois esse
poder é dado a todo aquele que assume o legado do amor de Jesus e àquele
que passa a acreditar verdadeiramente que podemos amar como Ele nos
amou. É preciso ressaltar que Ele já nos ordenou, afinal, Ele jamais nos
incumbiria de uma tarefa impossível para nós. Ele nos ensinou, através da sua
Palavra e do seu testemunho de vida, e agora é preciso colocarmos em prática
o que aprendemos com Jesus e colher os frutos do resultado de termos
assumido o legado da paternidade espiritual.
APTOS PARA EXERCER AMOR E
CUIDADO
Por meio dos anos que o Senhor tem me dado de experiência com grupos
familiares, células e visitas espirituais na área de libertação, percebi que há
grandes perigos nos relacionamentos de pessoas envolvidas no discipulado e
no acompanhamento. Percebi que grande parte das pessoas que chegam todos
os dias às nossas igrejas e que se integram em nossas células, algumas
realmente querem a Deus, elas buscam por uma mudança de vida. Com o
objetivo de se obter isso, elas até se entregam a Cristo numa tentativa de
conseguir o almejado. Entretanto, percebi certos riscos que precisam ser
evitados para se obter uma relação sadia no discipulado, no exercício do
legado atribuído a nós através da execução da arte da paternidade espiritual,
“o amor e cuidado”. Para isso, você precisa estar atento a certos desvios que
poderão ocorrer no seu relacionamento com o seu discípulo ativo. Diante
disso, distingui aqui algumas advertências, limites e princípios para que o
relacionamento entre o discipulador e o seu discípulo ativo dê certo.
Vejamos:

As relações devem ser compatíveis

Gostaria de mencionar alguns tipos de relacionamentos impróprios no


discipulado. Evitá-los só trará benefícios à obra de Deus.

Solteiros não devem acompanhar casados em seus problemas matrimoniais


e familiares.

Os problemas de casais só devem ser tratados por quem é casado e tem


experiência na esfera familiar. Os problemas sexuais, principalmente, são os
mais difíceis para um solteiro resolver. É claro que podem ocorrer exceções,
mas estou convencido de que estas serão bastante raras.

Os rapazes não devem acompanhar as moças, ou aconselhar mulheres


casadas!
Embora pareça óbvio, infelizmente já observamos isso acontecer em
diversas situações. Por mais que um rapaz possa levar uma moça a Cristo, ou
vice-versa, não deve ser ele ou ela a exercer a arte da paternidade espiritual,
ou seja, o amor e o cuidado sobre o sexo oposto, e vir a ser o seu discipulador
ou discipuladora. O mesmo se aplica às moças. Ou seja, não é prudente uma
moça acompanhar um rapaz nos primeiros passos da vida cristã dele. Os
riscos de um envolvimento sentimental estão sempre presentes, e a relação
pode acabar num clima romântico por conta de um sentimento amoroso
equivocado, ou em desavenças por conta de sentimentos contrários ao que é
aplicado no amor e cuidado. Se ambos fossem maduros não haveriam
problemas, mas, se tratando de novos convertidos, a confusão de sentimentos
é iminente, e um risco de um relacionamento ilícito estará sempre à espreita.
Na verdade, eles não estão aptos a terem esse certo tipo de envolvimento, não
estão fortes ainda a ponto de resistirem às tentações carnais provocadas
involuntariamente um pelo outro. Portanto, o melhor é evitar e fugir da
aparência do mal.

O mesmo se aplica aos homens casados, que não devem acompanhar


moças e mulheres casadas, a menos que o casal tenha a nítida certeza do que
estão fazendo. Temos um exemplo de muito sucesso na Bíblia, em que um
casal discipula um jovem exercendo a paternidade espiritual sobre sua vida e
seu ministério. Estou me referindo ao caso de Áquila e Priscila, que se
tornaram responsáveis espiritualmente pela formação ministerial de Apolo.
Eles se transferem para a Ásia Menor, para Éfeso. Ali tiveram uma parte
determinante em completar a formação cristã do judeu alexandrino, Apolo,
dado que ele conhecia apenas superficialmente a fé cristã.

“Priscila e Aquila, que o tinham ouvido, tomaram-no consigo e


expuseram-lhe, com mais clareza, o caminho do Senhor.”
(Atos 18:26)

Você nunca deverá acompanhar uma mulher recém convertida casada, a


menos que sua esposa participe diretamente disso, e isto significa que você só
fará o acompanhamento de uma mulher com sua esposa presente em todos os
encontros, ou vice-versa, pois essa mesma regra se aplica a mulheres, casadas
ou não! Além da evidente aparência do mal, que deve ser evitada, o marido
ou a esposa não crente e sem entendimento algum acerca da Palavra, com
toda a certeza não vai gostar muito se um homem ou uma mulher vier para
aconselhar o seu cônjuge na sua casa, mesmo ele estando por perto, e
principalmente quando ele ou ela não estiverem. Isso pode causar um
problema gravíssimo de desavenças conjugais e familiares, envolvendo
ciúmes e despertando a ira entre o casal, e não é bem esse o propósito do
nosso chamado!

É melhor que não haja uma grande diferença de idade

Quando o novo convertido é muito mais velho ou muito mais experiente


que o discipulador, há o risco de, em vez de salgar, o discipulador venha a ser
salgado pelo outro, ou seja, em vez de influenciar, acaba sendo influenciado.
Isso também é bom evitar para que não cause constrangimentos futuros. Há
algumas exceções, como em um caso nesta série já citado, porém, evitar é
melhor, a menos que ambos sejam realmente maduros para entender e
compreender que essas diferenças são anuladas pelo poder da maturidade.

Não manipule: Cuidado com o assenhoreamento sobre a vida do discípulo


ativo. Os pais espirituais devem estar aptos a ponto de entenderem que estão
ali para complementarem, e não para assenhorarem, tomando assim o lugar
dos pais biológicos ou naturais! A Palavra de Deus diz para guardarmos o
rebanho de Deus que há entre nós, não como constrangidos, mas
espontaneamente, como Deus quer, “não como dominadores dos que nos
foram confiados, antes tornando-nos modelos do rebanho” (1 Pedro 5:2-3).

O ato de “seguir” deve ser decorrência do exemplo, não da manipulação.


Não obrigue o novo convertido a obedecê-lo. “Tal como o Filho do homem
que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos” (Mateus 20:28). Contudo, o discipulador ativo deve servir o
novo convertido e não ser servido por ele, pois aqui os pais espirituais
realmente cuidam dos filhos!

Não tenha pressa nas lições: Não dê alimento demais, pois isso pode
produzir uma intoxicação espiritual. A lição é para ser lida e observada em
seus mínimos detalhes, preste atenção nisso: “A lição é para ser lida junto
com aquele novo convertido que você ganhou e que foi atribuído ao seu
ministério”. Assim você pode fazer observações e esclarecer dúvidas durante
a leitura, mas nunca deixe de ler a lição. Também não tente acabar com o
curso de consolidação fazendo uma lição por dia. Não tente abreviá-lo. Não
pode ser esse o seu objetivo, você deve aproveitar o máximo do tempo que
essa oportunidade te dá para conhecer melhor o seu discípulo e se fazer
conhecido por ele também, para que os recém nascidos na fé desenvolvam
uma relação de amizade e se vinculem à Igreja através de você, discipulador
ativo. Portanto, cuidado com a pressa, pois ela pode ser uma terrível inimiga
do seu sucesso como discipulador ativo!

Cuide dos seus e deixe que os outros cuidem dos deles: Não cuide dos
filhos espirituais de outros. Os pais espirituais precisam entender este
princípio básico. Não tente dar uma mãozinha, pois isso poderá te gerar
grandes transtornos futuros, como atrair os filhos espirituais dos outros para
você, mesmo que isso seja feito de forma involuntária. De repente, por causa
da sua unção, que possa ser diferenciada, aquele filho espiritual alheio se
sinta tentado a fazer parte do seu hall de filhos espirituais, podendo lhe trazer
graves problemas, sérias complicações e percas de amizades. Esse conselho
te parece um pouco exagerado? Então tente agir na contramão dele, e você
verá que o dano causado pela teimosia poderá ser irreversível!

Você deve cuidar bem dos seus filhos espirituais, dos seus próprios novos
convertidos, e pode ter certeza de uma coisa: eles já te darão trabalho o
suficiente para não desejar cuidar dos filhos espirituais alheios.

Não seja legalista: Não tente mudar a pessoa baseada no seu conceito
pessoal. Não queira mudar o exterior se o interior ainda não foi transformado.
Não se prenda a coisas exteriores, mas leve seus filhos espirituais a terem
uma experiência íntima, pessoal e profunda com Deus. Ajude-os a desejarem
o mais de Deus, não se preocupe com o seu exterior de início, pois a
verdadeira mudança vem de dentro para fora e, quando ela acontecer, a
mudança no exterior será apenas uma consequência.

Não permita que a negligência te faça perder sua credibilidade: Não


seja negligente com a pontualidade e também não desmarque um encontro na
última hora, a não ser que haja uma razão realmente forte para isso. Os novos
convertidos se ressentem dessas atitudes que eles interpretam como sendo
indisposição, má vontade ou uma rejeição. Lembre-se que, para ele, você é o
padrão de cristão, portanto, cuidado para não decepcioná-lo com atitudes
como falta de pontualidade, inconfidencialidade, etc.

Não deixe de orar por ele e nem abandone-o aos cuidados de outros durante
as primeiras semanas, entenda quem por mais velhos que sejam, ainda são
bebezinhos na fé, são crianças espirituais ainda imaturas que não sabem
andar, se portar ou simplesmente pensar sozinhas, pois precisam de apoio.
Providencie tudo o que for necessário para o crescimento delas, nunca as
abandone, seja fiel a elas como o nosso Pai celestial é a nós.

Cuidado com o horário: Não faça um encontro com mais de uma hora de
duração. Evite tomar muito tempo do seu discípulo com assuntos
desnecessários. Seja cuidadoso para não ter encontros em horários
impróprios, como muito tarde da noite, ou em lugares muito movimentados,
onde não é possível a privacidade, e nunca se esqueça de perguntar-lhe qual o
melhor dia e horário para o próximo encontro para o discipulado ativo.

Cuidado com a aparência: Não há nada de errado com roupas informais,


como bermudas e camisetas, mas seja cuidadoso com a higiene pessoal:
limpeza, odores e aparência geral. Se o discipulado for na casa do discípulo,
seja ainda mais criterioso com a aparência, procure se apresentar sempre
respeitoso com a sua casa e com a sua família; evite ir à casa do discípulo se
ele não estiver e, se estiver, evite ir sujo, como, por exemplo, sair do trabalho
e ir direto para a casa dele. Não digo isso para aqueles que conseguem se
manter limpos o dia todo, mas para aqueles cujo o seu trabalho exige mais do
seu esforço e com isso se sujam e suam muito, não que isso deva ser visto
como uma regra, pois há casos e casos. O acompanhamento sempre deverá
ser mais importante do que a aparência, mas, se der para evitar, procure dar o
seu melhor!

Não tente resolver problemas complexos: Pessoas com problemas de


drogas, alcoolismo, travestismo, prostituição, depressão profunda,
envolvimento severo no satanismo e outras dificuldades semelhantemente
graves exigem um acompanhamento especializado. Procure o seu pastor. Não
tente fazer algo que está além de sua capacidade e maturidade. Tenha
humildade de reconhecer que você não é a pessoa apropriada para fazer tais
acompanhamentos e busque o auxílio de uma pessoa mais capacitada e
especializada no problema, com isso você estará demonstrando mais
maturidade e evitando certos tipos de constrangimentos desnecessários.

Cuidado com o zelo excessivo: Ficar guardando o novo convertido o


tempo todo compromete a vida espiritual dele. Os discípulos superprotegidos
são inseguros e necessitam constantemente de mamadeira, de leite espiritual.

Não faça tudo por ele, deixe que ele se esforce um pouco também, por
exemplo: você não tem que buscá-lo de carro para todas as reuniões da igreja
ou da célula. Assim como as crianças, eles podem ficar mimados e depois
não vão querer ir à Igreja sozinhos, sempre vão exigir que alguém vá buscá-
lo. Isso se aplica a muitos outros aspectos da vida espiritual. Deixe que ele
ande com as próprias pernas, ajude-o no início, ampare-o o tempo que for
necessário, mas nada além disso! Não o transforme em um peso para o seu
ministério, não o acostume mal, pois isso com certeza vai interferir no
relacionamento de vocês, principalmente no exercício da paternidade
espiritual que você tem que atribuir a essa pessoa.

Não sufoque o discípulo: demonstrar amor de forma demasiadamente


excessiva, através de cuidados exagerados, é muito perigoso para o exercício
do legado atribuído a nós, sem falar que pode ser muito mal interpretado. A
consequência disso pode chegar a fazer o discípulo se cansar e de repente não
querer mais ir à Igreja. Se ele se sente sufocado, ele foge, e o inimigo acaba
por arrastá-lo de volta ao mundo, tudo por conta de uma atitude imatura da
nossa parte. Temos que aprender a dosar a medida do amor e cuidado a ser
aplicado no discipulado, e esse é um ponto muito importante!

Fuja da superdependência: Haverão filhos espirituais que serão super


pegajosos, e isso é o contrário do que acabamos de abordar, pois no início os
filhos espirituais tomam a ideia de ter comunhão de forma extrema, e com
isso transformam-se em perseguidores implacáveis de seus pais espirituais, a
ponto de não fazerem nada sem que os seus pais saibam. Isso pode até
parecer e talvez seja muito leal, honroso e um gesto até louvável, desde que
não seja transportado para todos os atos do cotidiano e até mesmo aos
afazeres mínimos, como comer, beber, dormir e trabalhar. Não permita que o
novo convertido seja tão dependente de você, ensine-o a caminhar com as
suas próprias pernas para que te sobre tempo para cuidar de outros filhos
espirituais. Do contrário, não te sobrará tempo para exercer o discipulado
ativo sobre outros discípulos, e esta é uma questão também muito importante!

Não viole a privacidade: Os pais espirituais que querem executar um bom


desempenho em suas funções como bons discipuladores ativos devem ter a
plena consciência de que Deus é um ser nobre, o que quer dizer que seu
caráter é manso, moderado e prudente, respeitando o livre-arbítrio do homem.
Deus nos criou com a capacidade de livre escolha. Por isso, não ultrapasse os
limites da privacidade dos seus filhos espirituais, tanto a nível pessoal, no
quesito familiar, pois a família é dele, quanto no quesito espiritual. Deixe que
ele siga os seus passos de forma natural e não imponha seus conceitos
pessoais, forçando-o a ser como você, pois se ele realmente te escolheu para
ser seu pai ou mãe espiritual, é porque ele está disposto a te seguir de forma
natural e de coração.

Não force uma situação, pois isso não termina bem. Não devemos nos
esquecer de que os nossos filhos espirituais são um presente de Deus para
nós, mas não são nossos, são Dele, apenas nos foi atribuída a missão de
cuidá-los e amá-los para Deus! Portanto, não devemos ou podemos impor
nada que não seja realmente do Espírito Santo a eles, como por exemplo,
forçá-los a se confidenciar conosco, pois uma coisa são os filhos espirituais
espontaneamente contarem, confessarem ou confidenciarem algo de sua
intimidade, outra bem diferente são os pais espirituais forçá-los ou violarem
as suas privacidades, constrangendo-os.

Quando a convicção de pecado provém da atuação do Espírito Santo,


naturalmente o novo convertido buscará a sua ajuda como irmão em quem
confia e abrirá o coração com você.

Evite fazer negócios com os seus filhos espirituais: Durante o tempo de


consolidação você não deve fazer qualquer tipo de negócio com os seus
filhos espirituais, com os seus discípulos ativos e principalmente com um
novo convertido. Ele ainda não tem maturidade e algo muito pequeno ainda
pode escandalizá-lo. Evite trazer à tona tal desconforto para o discipulado
ativo, pois agindo dessa maneira, usando do vínculo do discipulado para fazer
qualquer tipo de negócio com o seu discípulo, você está correndo o risco
eminente de a qualquer momento destruir aquilo que por tanto tempo lutou
para conquistar: a confiabilidade dos seus filhos espirituais. Fazendo isso
você estará demonstrando despreparo para exercer tal função tão honrosa e
necessária para o crescimento geral do reino de Deus estabelecido aqui na
terra!

Vale ressaltar que agindo dessa maneira estaríamos demonstrando muita


imaturidade, a ponto de destruirmos não somente o nosso discipulado como
também o vínculo de credibilidade do discípulo com o discipulado conosco, e
principalmente com a nossa fé em Cristo Jesus! Não dê e nem empreste
dinheiro a ele. Evidentemente também não peça dinheiro emprestado aos seus
discípulos. Se por algum acaso, você sentir de Deus uma vontade de ajudá-lo,
procure o seu discipulador e faça isso de maneira anônima, pois, assim como
não queremos que os filhos espirituais se tornem sanguessugas nas vidas dos
seus pais espirituais, também não desejamos que os discipuladores tenham
esse mesmo destino! Ore! Feche essa brecha antes que seja muito tarde, ou
melhor, nem pense em agir de tal maneira!

Evite fazer críticas: Julgar, criticar, murmurar pelas costas fazendo


reclamações, mesmo que pertinentes e com razão, não ajuda em nada.
Ninguém gosta de ter alguém o censurando o tempo todo e, como pais
espirituais e discipuladores ativos, você deve dar exemplos. Você é um
motivador, não se permita encontrar-se em uma situação constrangedora em
que o seu discípulo venha lhe perguntar o porquê de você falar dele pelas
costas, isso não é nem de longe uma atitude de alguém que transborda
maturidade.

Você é o defensor dos seus filhos espirituais. Por mais que eles estejam
errados, você os defenderá, mesmo dizendo que os corrigirá, afinal, crítica e
correção são termos bem distintos. Não critique os seus filhos espirituais, não
murmure contra eles, seja o seu amparo, defenda-os, e ensine-os o caminho
certo pelo qual devem andar. Tenha sempre uma palavra positiva e de fé para
levantar o ânimo dos seus filhos espirituais, e lembre-se de que você é um
consolidador dos seus alicerces, não um dinamitado, destruidor de
autoestimas. Eles contam com você e, de repente, só tenham você.
FAZER POR OBRIGAÇÃO X
FAZER POR PAIXÃO
Infelizmente, ainda é muito comum observarmos pessoas que exercem o
discipulado vivendo e expressando um dilema. Se havia um tempo em que os
discipuladores não podiam tentar o discipulado ativo com as suas próprias
mãos, seja por um mau entendimento gerado pela falta de conhecimento ou
por outro motivo, hoje há muitos discipuladores que têm medo de começar,
pois sabem no que isso implicará e no trabalho que isso acarretará. Eles
sabem que executar o discipulado ativo através da arte da paternidade
espiritual tem um grande preço a se pagar.

O discipulado tem que ser a essência do seu pastorado, sim, pastorado!


Todo aquele que executa a função de exercer amor e cuidado na verdade está
exercendo o pastorado sobre uma ovelha ou um pequeno rebanho do Senhor,
pois se realmente amamos ao Senhor devemos apascentar as suas ovelhas
com muito amor e cuidado. Devemos exercer o ministério atribuído a Pedro
por Jesus, mas fazer com vontade, alegria e entusiasmo, e não apenas por
obrigação, pois fazer por obrigação nos leva a ter a impressão de que não
fazemos por amor, mas sim por imposição!

Assim como o amor e o cuidado são para a paternidade espiritual, o desejo


de impregnar seu valor essencial como elemento decisivo na execução do
trabalho do discipulado ativo também é fundamental! Minha convicção sobre
este árduo caminho reside na verdade elementar de que Jesus viveu, morreu e
ressuscitou em favor dos seus discípulos, e que sua ordem expressa a eles
também ecoa em nós: “Ide, fazei discípulos de todas as nações.” (Mateus
28:19)

Hoje existem milhares de professores, mas poucos pais espirituais. Quando


eu falo de pais, estou me referindo a homens e mulheres comprometidos com
o legado atribuído por Deus a eles para nutrir os novos cristãos. A
paternidade espiritual exercida por homens e mulheres, jovens e idosos e até
por adolescentes maduros na fé, ou seja, convictos do que realmente querem,
se desenvolve em um ambiente similar ao familiar, e não se detém apenas em
reuniões ou culto semanais, nas células, lares de paz ou algo parecido com
núcleos de ensino cristão ou de autoajuda. Essas coisas podem até ajudar,
mas não são o suficiente, não são o ápice, pois o clímax realmente só pode
ser atingido com um relacionamento profundo mantido no caminhar juntos,
no discipulado ativo, um a um ou até em um grupo, porém exercendo-o com
muita mais ênfase!

Mesmo quando ouvimos falar de abusos e distorções acontecendo em


muitos grupos, não podemos abrir mão da bênção dos relacionamentos
honestos e transparentes. Nada, a não ser a presença de Deus, através do seu
Espírito, pode substituir a presença e a importância dos discipuladores ativos
e dos pais espirituais na formação do caráter de um filho espiritual,
principalmente nos seus primeiros anos de vida como cristão.

As células, núcleos de ensino, lares de paz, casas de paz ou pontos de luz


são excelentes incubadoras as famílias espirituais crescem e se desenvolvem
na unidade do Espírito Santo. Com um pai ou uma mãe espiritual ao seu lado,
um filho ou uma filha espiritual vai crescer e se tornar espiritualmente forte,
aprendendo de maneira rápida e natural, pelo exemplo e pelo amor e cuidado
atribuídos a eles. Assim como nas famílias naturais, as famílias espirituais
saudáveis esperam que seus filhos também se tornem pais e mães espirituais
experientes, servindo de referência aos outros e multiplicando o talento de
gerar filhos espirituais para Cristo, o nosso Mestre, imitando o apóstolo
Paulo, como ele nos pede em 1 Coríntios 4:1416 e em 1 João 2:12-14.

Não fazer por obrigação: “Amor não em palavras, nem de língua, mas por
obra e em verdade.” (1 João 3:18)

Paulo, começando a partir do capítulo 8 de 2 Coríntios, faz uma referência


(que se estende até o capítulo 9) às contribuições mentais para os santos. Nos
versículos sete e oito do oitavo capítulo, depois que ele já fez menção ao
exemplo dos macedônios, lemos: “com em muita prova de tribulação houve
abundância de seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em
riquezas da sua generosidade”. Ele se volta aos Coríntios e diz: “Portanto,
assim como em tudo abundais em fé, e em palavra, e em ciência, e em toda a
diligência, e em vosso amor para conosco, assim também abundeis nesta
graça. Não digo isto como quem manda, mas para provar, pela diligência
dos outros, a sinceridade de vosso amor.” (2 Coríntios 8:7-8)

Foi a última parte do versículo 8 que chamou a minha atenção. Se os


Coríntios mostrassem responsabilidade uns para com os outros, sinceridade e
interesse por suas necessidades, consequentemente também mostrariam o
genuíno amor e cuidado que tanto temos mencionado neste livro. Esta é a
medida genuína do nosso amor, o interesse e a disposição em ajudar os outros
em um verdadeiro ato altruísta, ou seja, sem desejar nada em troca, a não ser
o prêmio da vida eterna. É preciso demonstrar o interesse não somente em
palavras, mas também através de ações respectivas às suas necessidades.
Portanto, o interesse que nos faria aceitar com alegria levar algo de nós
mesmos se torna genuíno para dá-lo onde houvesse uma necessidade maior,
conforme nos é dito: “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo
que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza
enriquecêsseis.” (2 Coríntios 8:9)

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve usurpação ser igual
a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-
se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a
si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”
(Filipenses 2:5-8)

Jesus Cristo, cuja mente nós somos chamados a ter, humilhou-se e foi até à
cruz. Ele fez isso somente porque ele nos amou, conforme a Palavra de Deus
diz: “E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento para que
sejais tomado de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:19). Isso significa que
podemos fazer como Ele fez (e ainda faz) por nós, pois também está escrito:
“que podemos sim todas as coisas por meio Daquele que nos fortalece”
(Filipenses 4:13). Além do mais: “Com tudo, em todas as coisas somos mais
que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Romanos 8:37)

Cristo nos ama com um amor genuíno que excede o entendimento. Somos
chamados pela Palavra de Deus a seguir também esse amor e essa mente,
amando uns aos outros da mesma maneira, pois, conforme Tiago pergunta:

“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento


quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-
vos, e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá
daí?”
(Tiago 2:15-16)
Normalmente somos nós o meio pelo qual o Senhor passa a Sua benção aos
outros, e, se nós não temos um amor genuíno, mesmo que digamos belas
palavras, “que proveito virá daí”? Leia os próximos trechos:

“Conhecemos o amor nisto: que Ele deu sua vida por nós, e nós devemos
dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu
irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor
de Deus?”
(1 João 3:16-17)

“Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade.”
(1João 3:18)

“Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em
nós, e em nós é perfeito o seu amor.”
(1João 4:12)

É o interesse e a diligência pelos outros que mostram a genuinidade do


nosso amor. Amor que, quando é necessário, não é realizado em ações, não é
um amor genuíno. Esse tal “amor” não é o amor que nós somos chamados a
ter. Nosso amor deve ser “não em palavras, nem de língua, mas por obra e em
verdade”, e é isso que o discipulado ativo, através da paternidade espiritual,
está propondo fazer a essas pessoas: devolver a elas o direito de serem
tratadas de maneira correta, a serem amadas e bem cuidadas para que também
façam parte deste grande exército de Deus, exercendo também amor e
cuidado na vida de outros através do nosso exemplo.
Fazer por paixão: Um discipulador ativo apaixonado certamente verá
coisas grandiosas acontecer à sua volta através do seu exemplo no exercício
do amor e cuidado, e essa missão se faz com paixão e no corpo a corpo, olhos
nos olhos.

A paixão é algo indispensável na vida de um líder de sucesso, pois o


Espírito Santo inspira no coração de cada indivíduo a paixão, portanto, todos
os pais espirituais que pretendem ser bem-sucedidos precisam ser
apaixonados pelo que fazem. Um discipulador ativo apaixonado sempre fará
a diferença onde ele estiver exercendo as suas funções como pai ou mãe
espiritual. Seja em uma empresa, na igreja, num núcleo de ensino e no
discipulado um a um ou grupal.

É a paixão que nos leva a assumir riscos, ir além do esperado e fazer além
do necessário para atingir os objetivos. A paixão é o que dá ignição à unção.
Na verdade, a paixão é o estopim da unção. Unção e paixão formam uma
combinação explosiva, pois é impossível fazermos um discipulado ativo,
efetivo e de sucesso sem paixão, pois é ela que produz a superação. Ela é o
primeiro passo para qualquer realização relevante, porque sem ela não temos
determinação e nem perseverança para superar os obstáculos. A paixão é a
chave para a excelência.

A paixão ativa o potencial de sua liderança

O potencial é tudo o que podemos fazer, mas que ainda não fizemos. É
tudo que poderia ser, mas ainda não é. O potencial não é o que já foi feito,
mas sim o que ainda falta ser realizado. É a paixão quem ativa esse potencial
e nos leva a romper os próprios limites, mas quem não é apaixonado não quer
romper limites, pelo contrário, quer o confortável, o cômodo, a proteção da
zona de conforto e segurança.

A paixão faz sua liderança impactar outras pessoas

Uma paixão pode transformar a vida de muitas pessoas. Se você exercer a


sua liderança de maneira apaixonada você vai impactar as pessoas à sua
volta, motivando-as a também querer fazer algo relevante na vida.
A paixão o ajuda a estabelecer e manter prioridades

Você é lembrado e forçado a manter o foco através da paixão. Damos


prioridade para aquilo que somos apaixonados. Nós decidimos andar nos
caminhos de Jesus porque isso já está impregnado em nosso coração. A nossa
paixão nos torna fiéis a esse nosso chamado pela visão, tornando isso,
ministerialmente falando, a nossa prioridade, por isso buscamos com tanto
afinco nos tornarmos aptos para o Ide mencionado em Marcos 16:15 através
do exercício da arte da paternidade espiritual.

Aptos a discipular com paixão:

“O Salvador não está procurando homens e mulheres que doem apenas as


noites de folga, os fins de semana ou os anos da aposentadoria. Em vez
disso, ele busca aqueles que lhe darão o primeiro lugar de suas vidas.”
Douglas W. de Andrade

Ele não busca as multidões vagando sem objetivo pelos caminhos de Deus,
mas sim homens e mulheres unidos em um propósito nobre, ajudar pessoas,
almas necessitadas de mais compreensão, pessoas mudas cuja lealdade surgiu
através de um relacionamento fiel e maduro com Deus e Cristo, através da
Palavra! Essas são pessoas que estão dispostas a viver uma renúncia por amor
à obra do Senhor Jesus aqui na terra, são pessoas apaixonadas por Cristo de
tal maneira que estão decididas a seguir o caminho da renúncia, uma rota que
o próprio Senhor trilhou antes deles, assumindo um legado antes cumprido
por Cristo e seus discípulos, que por amor a este legado, negam a si mesmos
para viver essa paixão.

A resposta adequada ao sacrifício do Senhor no Calvário não pode ser nada


menos que uma rendição incondicional. Amor tão maravilhoso e tão divino
jamais se satisfaria com menos do que nossa alma, nossa vida, nosso tudo.

Aqui estão as condições do discipulado, conforme apresentadas por Jesus:

1.Um amor supremo por Jesus


“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos,
e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo.”
(Lucas 14:26)

Somente quando estamos dispostos a abrir mão de nossa própria vida em


favor de Jesus é que estaremos numa situação que agrada ao Senhor. Só então
estaremos aptos a viver pela fé, assumindo e exercendo o legado por Ele
atribuído a nós.
2. A negação de si mesmo

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim,
renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.”
(Mateus 16:24)

Negar-se a si mesmo significa ter completa submissão ao senhorio de


Cristo, numa situação em que o ego não encontra nenhum direito ou
autoridade para exercer as suas vontades. Isso não nos torna tão vazios de nós
mesmos e passamos a viver sempre dispostos a cumprir os propósitos do
Senhor. Não pela nossa própria vontade, mas pelo nosso próprio Espírito,
permitindo que Ele nos capacite, nos torne aptos, nos guie e nos conduza pelo
caminho sacrificial da redenção que nos leva à vida eterna através da sujeição
total à sua Palavra libertadora, que nos torna aptos para exercermos aqui na
terra, em condições humanas, as mesmas funções realizadas por Cristo: amar
a Deus sobre todas as coisas, e ao nosso próximo como a nós mesmos.

3. Uma escolha deliberada pela cruz


“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.”
(Mateus 10:38)

A cruz simboliza a vergonha, a perseguição e o abuso que o mundo lançará


sobre todo aquele que optar por seguir contra o seu curso. É um caminho de
desonra e desprezo. Após sua encarnação, Jesus não foi à cruz aos 33 anos de
idade. Na verdade, Ele passou 33 anos vivendo a cruz, o seu crucificamento
foi apenas o desfecho de tudo pelo que Ele viveu.

É essa a vida de seus reais seguidores, pois Ele não disse que se o
seguíssemos no fim receberíamos a cruz como recompensa, mas alegou: “E
quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim”. Isso
significa que essa cruz deve ser vivida durante todo o nosso trajeto na
caminhada cristã, e isso significa renúncia de nós mesmos, do nosso tempo
hábil para lazeres e prazeres, paixão pelo chamado de Deus para as nossas
vidas, pelo discipulado, pela execução da arte da paternidade espiritual, que é
exercer amor e cuidado sobre avida alheia, e tudo isso à base do altruísmo,
sem esperar nada em troca, pois Jesus só foi capaz de perdoar a todos os
homens que o crucificaram porque tudo o que fez foi sem esperar coisa
alguma da parte dos homens.

4. Uma vida empenhada em seguir a Cristo

“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto
para o reino de Deus.”
(Lucas 9:62)

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim,
renuncie-se a si mesmo.”
(Mateus 16:24a)

A vida de Jesus foi de uma total obediência à vontade do Pai, de igual


modo que, se quisermos ser ativamente os seus discípulos, precisamos refletir
o amor apresentado por Cristo e andar como ele andou, seguindo suas
pisaduras (1João 2:5-6).

5. Um amor fervente por todos aqueles que pertencem a


Cristo
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros.”
(João 13:35)

É o amor paciente, bondoso, que não se vangloria e nem se orgulha,


tampouco procura seus próprios interesses, pois é altruísta. Tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta por amor a Deus, ao próximo e à sua Palavra,
que é Cristo entronizado em nós, e a sua obra (1 Cor. 13:4-7).
6. Uma inabalável firmeza na Palavra de Deus
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:31-32)
O principal dever de todo aquele que pretende se tornar apto para o
exercício do legado que lhe foi atribuído deve ser, em primeiro lugar,
conhecer a Deus e ter a humildade de prosseguir o conhecendo (Oséias 6:3),
pois Cristo deseja que aqueles que o seguem o sigam sempre em obediência
constante, sem questionamentos, como profundos pesquisadores da verdade
absoluta.

7. Abandonar tudo para segui-lo


“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discípulo.”
(Lucas 14:33)

Talvez seja a mais impopular de todas as condições do discipulado. George


Muller disse: “Que tristeza será um servo que procura ser rico, grande e
honrado neste mundo, onde seu Senhor foi pobre, inferior e desprezado”.
Jesus disse, que se alguém buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua
justiça, nunca terá falta de alimento e vestuário (Mateus 6:33). É o viver pela
fé que Ele ensinou no sermão do monte (Mateus 6:19-34 e 7:24-27), no qual
exortou a não sermos apenas ouvintes, mas praticantes.

Ele não disse que podemos viver um tipo diluído de discipulado se não
conseguirmos renunciar a tudo, mas “qualquer de vós que não renunciar a
tudo quanto tem… não pode ser meu discípulo”.
É essa a paixão pelo legado de Deus deixado por Jesus a todo aquele que se
presta a executar a arte da paternidade espiritual.

A paixão pelo servir através do discipulado ativo nos transforma, nos faz
mudar radicalmente por causa do Espírito de Deus empregado em todo
aquele que se dispõe, não somente naqueles que já estão aptos, mas
principalmente naqueles que estão dispostos a se tornar aptos a servir como
pais espirituais.
Muitos têm medo de assumir o papel de pais ou mães espirituais porque
seus referenciais foram falhos, sejam os referenciais biológicos ou espirituais.
Muitos têm medo, insegurança, indiferença, preconceito, impaciência,
desmotivação e insensibilidade quando o assunto é gerar e cuidar de filhos
espirituais: educá-los, fazê-los crescer, consolidá-los, torná-los maduros e
frutíferos. Essa pode parecer ser uma tarefa impossível para aqueles que não
possuem paixão pela obra do discipulado ativo.
Vamos entender da seguinte forma: Se o nosso maravilhoso Mestre já
pagou um preço tão alto por cada um de nós, então nos resta apenas
exercitarmos a aptidão pela arte da paternidade espiritual, trilhando o
caminho das suas pisaduras, amando e cuidando como ele nos ensinou e
seguirmos sempre apaixonados pelo discipulado ativo, exercendo amor e
cuidado na vida daqueles que o Senhor Deus, através de Cristo a sua Palavra,
que permanece para sempre, atribuiu a cada um de nós!
APTOS PARA SERMOS CARTAS
VIVAS DE CRISTO
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até
os confins da terra.” (Atos 1:8)

Esta é uma palavra do Senhor Jesus, dada aos seus apóstolos após sua
ressurreição e antes de sua ascensão mas que não se limitava só a eles: é uma
palavra que foi dada a toda Igreja. Essa palavra revela o plano e a vontade de
Deus para nós, seus filhos espirituais. Afinal, nenhum de nós foi ganho por
Jesus para ficar sem fazer nada!

Pedro exorta os cristãos em sua segunda epístola, mostrando a eles que


Deus não quer que sejamos ociosos, inativos e infrutíferos, pois está escrito:
“Pois são essas as qualidades que vocês precisam ter. Se vocês as tiverem e
fizerem com que elas aumentem, serão cada vez mais ativos e produzirão
muita coisa boa como resultado do conhecimento que vocês têm do nosso
Senhor Jesus Cristo.” (2 Pedro 1:8).

Temos uma responsabilidade a exercer, fomos alcançados com um


propósito, observe o que nos diz a Palavra: “Mas vou prosseguindo, para ver
se poderei alcançar aquilo para o qual também fui alcançado por Cristo
Jesus.” (Filipenses 3:12)

Paulo declarou que devemos alcançar aquilo para que fomos designados,
assim entendemos que Jesus nos alcançou não só para nos livrar da
condenação eterna e nos levar para a sua glória, mas também para que
possamos cumprir o seu propósito aqui na terra, nesta vida, que é alcançar a
outros através do legado atribuído por Deus a nós. (Marcos 16:15)

Depois de nos alcançar, Deus colocou um alvo diante de cada um de nós,


para nos tornar aptos para os seus propósitos. Observe:
• Precisamos crescer, deixar o Senhor aperfeiçoar nossa vida em
santidade;

• Buscar ser como Jesus, andar conforme seus padrões;

• Precisamos frutificar enquanto caminhamos dentro deste processo.

Jesus revela seu plano, que é fazer de cada um de nós suas testemunhas,
seus discípulos ativos, para sermos usados por Ele como cartas vivas, com o
seu recado escrito nas tábuas dos nossos corações, assim como está escrito:
“Vós sois a nossas cartas vivas, escritas em nossos corações, conhecidas e
lidas por todos os homens, Porque já é manifesto que vós sois a carta de
Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do
Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” (2
Coríntios 3:2-3)

Nossa vida tem que apontar para isso, se você ainda não se decidiu por
abraçar esse legado de honra para exercer amor e cuidado sobre a vida de
alguém muito necessitado, então eu te digo: chegou a hora de se levantar, de
assumir o seu lugar no hall daqueles que se dispuseram a fazer segundo a
vontade do Pai e amar como Jesus nos amou, pois todo aquele que assim
procede demonstra verdadeiro amor pelo Pai celestial.

Talvez você possa ter o conceito errado sobre o que é paternidade


espiritual, e de como agir e de como ser usado por Deus como cartas vivas de
Cristo. Sabemos que quando os apóstolos testemunhavam, muitas pessoas
eram evangelizadas, e eles sabiam aproveitar muito bem a oportunidade para
anunciar a Palavra de Deus.

Entretanto, testemunhar não é pregar, muito menos evangelizar. Quando os


líderes religiosos do judaísmo tentaram proibir Pedro e João de falar de Jesus,
a resposta dada por eles mostra que eles entendiam muito bem o significado
de ser uma testemunha de Cristo: “Pois nós não podemos deixar de falar das
coisas que temos visto e ouvido.” (Atos 4:20)

Para eles não se tratava simplesmente de pregar, mas sim de contar tudo o
que viram e ouviram a respeito de Deus, isso é testemunhar, e é o que uma
testemunha faz! Quando Paulo foi chamado, olha o que Deus disse a ele
através de Ananias: “Você será testemunha de Deus a todos os homens
daquilo que tem visto e ouvido.” (Atos 22:15)

Quando uma testemunha é intimada a falar, não é uma oportunidade que


ela tem de apresentar uma opinião sobre algo, mas sim um dever de falar
exatamente tudo o que ela viu, ouviu e presenciou. Ela tem que expor os fatos
que ela vivenciou, ou seja, dar o seu parecer dos fatos, testemunhando com
veracidade. Ninguém tem autoridade para testemunhar com base no que os
outros viram, mas sim naquilo que ele próprio viu ou vive, e essa pessoa deve
estar convicta dos fatos relatados. Isso é testemunhar.

Mas o que nos torna aptos a sermos as testemunhas de Cristo?

É o poder do Espírito Santo! É o poder do Espírito Santo investido em nós


que nos faz sermos e estarmos aptos para exercer a arte da paternidade
espiritual sobre a vida de alguém, pois Ele disse: “Recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém e Samaria quanto em toda a parte do mundo.” (Atos 1:8)

Há uma ligação entre o poder do Espírito vindo sobre minha vida e o


testemunho que terei para dar, pois é justamente a ação Dele em minha vida
que me permitirá mostrar aos outros que Jesus vive em mim. Nosso
testemunho é fruto de uma “parceria” entre nós e o Espírito Santo. Não é uma
tarefa unicamente nossa e nem só Dele. Jesus falou sobre isso: “Quando vier
o Ajudador, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade
que provém do Pai, ele testemunhará ao meu respeito, e vocês também
testemunharão, pois estão comigo desde o princípio.” (João 15:26-27)

Veja bem, se testemunhar é falar o que vimos e o que ouvimos, então o que
mais precisamos é que o Espírito Santo nos leve a provar o poder do Jesus em
nossa vida. Vejo esse princípio se manifestar também numa outra afirmação,
desta vez de Pedro:

“E nós somos testemunhas destas coisas, bem como o Espírito Santo, que
Deus concedeu aos que lhe obedecem.”
(Atos 5:32)
Um testemunho do poder de Jesus na sua vida pode ser muito mais eficaz
do que a apresentação de um folheto com o plano de salvação. “Ah, eu não
sei evangelizar, eu não tenho a técnica”, você pode mostrar que Jesus vive em
você através daquilo que ele tem feito em sua vida, pois, quando você fala
que Cristo restaura, transforma, liberta, você pode contar sobre como Cristo
restaurou sua alegria de viver, dando mais sentido a ela.

Quando você fala que Cristo cura, você pode contar todas as curas que
você já recebeu, que você já vivenciou vendo outras pessoas receberem ou as
que Deus operou através de você.

Entretanto, sabe qual é o grande problema? Bem, o grande problema é que


muitos cristãos não tem nada para contar!

Já disse que um testemunho não retrata algo que outro viu e ouviu, mas sim o
que vivenciamos por nós mesmos através da fé em Deus. Por exemplo: se a
polícia souber de alguém que é testemunha de um crime, não vai ficar
enchendo as páginas de um inquérito com o que alguém disse saber da boca
da testemunha, mas vai chamar a própria testemunha para depor! Contudo,
muitos crentes não testemunham de Jesus agindo em suas vidas, contam
apenas o testemunho de terceiros.

O que precisamos é do poder do Espírito atuando em nossas vidas, pois foi


a isso que Jesus se referiu ao dizer que o poder do Espírito Santo desceria
sobre nós. Precisamos buscar não só a unção para pregar, mas o poder que
funciona em nossa vida. Então, quando abrirmos nossas bocas, estaremos
falando não só do que está escrito na Palavra de Deus, mas de como tudo
aquilo se tornou real para nós, e isso é uma obrigação de todo aquele que
almeja se tornar apto para exercer a arte da paternidade espiritual!

Podemos dizer que o processo de nos tornarmos aptos, como cartas vivas
de Cristo, envolve três estágios distintos:

• Primeiro, o poder de Deus deve agir em nós;

• Depois, contamos aos outros o que experimentamos;


• Deus confirma este testemunho com sinais.

Já falamos sobre buscar primeiramente a ação do poder de Deus em nós,


agora quero falar sobre a importância de repartir isso com os outros.

Quando Jesus libertou o endemoninhado de Gadara, aquele homem quis


acompanhá-lo em suas viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra
proposta:

“Jesus não permitiu, mas disse: Vai para casa, para sua família e
anuncie-lhes o quanto o Senhor fez por você, e como teve misericórdia
de você. Ele se retirou, pois, e
começou a publicar em Decápolis o quanto Jesus tinha feito por ele e todos se
admiravam.”
(Marcos 5:19-20)

Qual era o assunto que esse homem deveria abordar ao conversar com as
pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo lhe havia feito e
comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada um dos homens.
Quando falamos daquilo que provamos, o impacto é muito maior naqueles
que nos ouvem.

No início, as pessoas podem ir até Jesus por causa da experiência que você
testemunhou, por causa da obra que Deus fez em sua vida, mas depois isso já
não será mais necessário, pois elas começarão a ter suas próprias
experiências. Como aconteceu com as pessoas que ouviram o testemunho da
mulher samaritana, e por conta disso foram até Jesus.

“E por causa da sua palavra, muitos creram; e disseram à mulher:


Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o
ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo.”
(João 4:41-42)
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado. E
estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão
demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem
alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre
os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado,
foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles,
saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.”
(Marcos 16:15-20)

Deus prometeu que confirmaria nosso testemunho com mais provas ainda,
mas o processo de nos fazer testemunhas segue um ciclo.
Primeiro, provamos o poder de Deus e temos nossas experiências, depois
as contamos, e quando testemunhamos o que provamos, Deus fará mais para
aqueles que nos ouvem.

O livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos


apóstolos:

“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do


Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.”
(Atos 4:33)
Para testemunhar com poder, é necessário experimentar e receber esse
poder. O estágio final é quando já provamos do poder de Deus, quando Ele
coopera conosco e apoia o testemunho com mais sinais.

É hora de entendermos a importância de experimentarmos individualmente


o poder de Deus, para depois rompermos numa demonstração maior desse
poder.

“Minhas mensagens não são palavras persuasivas de sabedoria, mas são


demonstração do poder do Espírito.”
(1Corintios 2:4)

Acredito que o que mais precisamos fazer é nos voltarmos para o Senhor
em oração, do mesmo jeito que os apóstolos fizeram no início, lá na igreja
primitiva.

Isso desencadeará nossa própria experiência com o poder do Espírito Santo


que, por sua vez, quando compartilhada, gerará ainda mais sinais para os
outros. Foi assim com os apóstolos que, depois de dez dias perseverando em
oração no cenáculo, foram cheios do Espírito Santo.

“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras


línguas, conforme o Espírito concedia que falassem.”
(Atos 2:4)

Você pode provar isso em sua vida!

Experiências de ser cheio do Espírito Santo vão demonstrar na sua vida que
de fato Jesus está vivo e é vivenciado em você, caso contrário, mesmo
estando anos na igreja e sabendo expor de cor o plano de salvação, pode ser
que ainda não estejam aptas para serem usadas como cartas vivas, ou seja,
testemunhas eficientes.

Quais tem sido as experiências com Deus que te levam a testemunhar de


seu poder?

Que sua vida possa ser um reflexo do Espírito Santo, que suas experiências
com Ele produzam fé, salvação e transformação. Que você possa falar não só
daquilo que você soube de Jesus, e sim daquilo que tem provado Dele. Se
você não tem provado muito, está na hora de despertar e cumprir com sua
responsabilidade de buscá-lo, até que Seu poder atue em sua vida a ponto de
fazer de você uma testemunha eficaz!

Muitos estão adormecidos, e suas vidas não refletem o propósito de seu


chamado. Para estes, o Espírito Santo diz: “Desperta, tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.” (Efésios 5:14)
VIVER PREGANDO X
PREGAR VIVENDO
Viver pregando X Pregar vivendo

Há uma enorme diferença entre viver pregando e pregar vivendo. Alguns


se tornaram pregadores de Cristo, falam sobre Ele e o que Ele tem feito, mas
não demonstram isso em suas vidas. Outros demonstram isso por meio de sua
vida, tanto que dispensam até mesmo estarem sob um altar, pregando.

“Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios


maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à Palavra, sejam
ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, considerando sua
vida casta, em temor.”
(1 Pedro 3:1-2)

Acredito que muitas vezes só deveríamos falar de Jesus depois que nossa
própria vida conseguiu chamar a atenção dos outros, e um exemplo digno de
todo respeito é o fato de alguém querer exercer paternidade espiritual sobre
alguém, mas ser impedido. Não ser permitido por não estar apto, pois um dos
principais quesitos que precisa ser preenchido é o de “ser filho espiritual de
alguém”, pois, se eu não me permito ser discipulado, se eu não tenho quem
exerça paternidade sobre a minha vida, então, por mais que eu tenha amor e
saiba cuidar bem, nunca estarei plenamente apto para exercer essa função
sobre a vida de alguém!

O propósito desse ensino é despertá-lo a buscar o poder do Espírito Santo


em sua vida e ser humilde o suficiente para reconhecer e se submeter aos
princípios do legado de Deus atribuído a nós por intermédio de Cristo. Sem
ele jamais chegaremos a ser o que Deus quer que sejamos: testemunhas
eficazes. Somente pelo poder do Espírito é que concorremos por uma vida
cristã vitoriosa e frutífera. Quando isso acontecer, basta compartilharmos
com os outros o que nós temos vivido.
“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do
Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.”
(Atos 4:33)

Muitos cristãos têm tentado entrar direto nesse estágio final sem permitir
que o processo se estabeleça em sua própria vida no padrão que Deus
estabeleceu. Entretanto, isso nunca acontecerá dessa maneira! O estágio final
é quando Deus coopera conosco, e isso só acontece quando já provamos do
seu poder e recebemos o testemunho com mais sinais. Foi exatamente assim
que aconteceu com os apóstolos:

“Testificando Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por


múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua
vontade.”
(Hebreus 2:4)

É hora da Igreja romper em sinais e milagres, mas primeiro precisamos


levar os cristãos a entenderem a importância de experimentarmos
individualmente o poder de Deus, para depois sairmos demonstrando com
maior empenho o Seu poder (1Corintios 2:4).

Acredito que o que mais precisamos é nos voltarmos para o Senhor em


oração, do mesmo jeito que os apóstolos fizeram no início (At 1:14). Isto
desencadeará em nossa própria experiência com o poder do Espírito Santo
que, por sua vez, quando compartilhada, gerará ainda mais sinais para os
outros. Foi assim com os apóstolos que, depois de dez dias perseverando em
oração no cenáculo, foram cheios do Espírito Santo: “E todos ficaram cheios
do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito
concedia que falassem.” (Atos 2:4)

Depois, ao testemunharem sobre Jesus na casa de Cornélio, Pedro vê Deus


avalizar seu testemunho dando àquele grupo a mesma evidência do derramar
do Espírito, a ponto de Pedro comparar a experiência deles com a sua
própria:

“Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para


que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o
Espírito Santo?”
(Atos 10:47)

Tenho provado isso em minha própria vida. Os sinais e as evidências que


eu mesmo passei a provar, ao ser cheio do Espírito Santo, são reproduzidos
hoje por meio do meu ministério em favor de outras pessoas. Experiências
novas começaram a acontecer e demonstrar em minha vida que de fato Jesus
está vivo e presente ao meu lado todos os dias. Sem isso, mesmo tendo me
convertido ao evangelho e sabendo expor de cor o plano de salvação, eu não
seria uma testemunha eficiente, tampouco alguém apto para exercer a
paternidade espiritual através do discipulado ativo!

Meu desejo é que sua vida seja um reflexo da ação do Espírito Santo,
mostrando assim que Jesus Cristo de fato está vivo em você. Que ao
mencionar a sua palavra você possa falar não só daquilo que você soube dele,
e sim daquilo que tem vivido e provado com veemência. Se você não tem
provado muito, está na hora de se despertar e cumprir com sua
responsabilidade de buscá-lo, até que Seu poder atue em sua vida a ponto de
fazer de você uma testemunha eficaz! Muitos estão adormecidos, e suas vidas
não refletem o propósito do seu chamado. Para esses, o Espírito Santo diz:

“Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e


Cristo te esclarecerá.”
(Efésios 5:14)

Tudo passa só Jesus permanece, ou seja, a Palavra de Deus. Quando


estamos com Jesus, marcamos as pessoas, passamos a ser um referencial para
elas. Precisamos dar testemunhos aos demais, fazer com que as nossas vidas
falem por si mesmas como cartas vivas de Cristo. Não é necessário que
ninguém fale por você, é a sua vida que vai falar, ela será a sua maior
expressão de vida com Deus. Passamos a ser como uma caneta de Cristo, que
o Senhor usará para escrever uma nova história na vida daquelas pessoas que
Ele acrescentar ao nosso ministério de amor e cuidado, através do exercício
do discipulado ativo em meio à ação da paternidade espiritual. Sendo assim,
seremos suas cartas vivas escritas não com tintas, mas com a ação do Espírito
Santo de Deus na vida daquelas pessoas que nos procurarem em busca do
mais de Deus! Esse deve ser o nosso diferencial: fazer o nosso próximo ter
um encontro real e verdadeiro com Cristo.
APTOS E CREDENCIADOS
Todos nós sabemos que para assumir qualquer função importante na vida é
necessário estarmos rigorosamente aptos para tal exercício. Assim como um
médico somente pode assumir as funções da sua profissão se estiver
rigorosamente habilitado para isso e se suas credenciais forem atestadas por
órgãos competentes. Um advogado pode ter estudado nas melhores escolas de
Direito, pode ter alcançado as maiores notas e ter obtido as maiores honras
em suas atividades e trabalhos, mas, se não for submetido ao exame da ordem
dos advogados, de nada lhe adiantará sua formação.

O mesmo critério se exige para todos os demais profissionais que querem


exercer as funções para as quais acreditam que estão qualificados. Assim
também é para a mais nobre de todas as carreiras, que é a vocação ministerial,
que nos torna aptos para a função de resgatar e restaurar vidas para o Reino
de Deus, pois o exercício do amor e cuidado estão engajados diretamente
com a paternidade espiritual. Na verdade, amor e cuidado são a essência da
arte da paternidade espiritual exercida por nós a nível horizontal.

Nos dias de hoje, e isso não é raro, vemos pessoas sem o mínimo de
preparo para exercer as funções a elas atribuídas, sem as credenciais
necessárias para exercerem as funções no ministério a elas incumbidas, sendo
levantadas como que no impulso, ou às vezes até sendo forçadas a fazerem
por imposição, e isso tem ocorrido com muita frequência. Como
consequência, tem possibilitado o descrédito da vocação ministerial dentro da
igreja de Cristo.

Isso precisa ser mudado com o máximo de urgência possível, pois isso tem
levado não apenas pessoas, mas principalmente o Nome de Jesus a cair em
descrédito. Isso é um choque, mas é a realidade nua e crua.

Assim como para todas as áreas da nossa vida, precisamos estar aptos para
o exercício de cada respectiva função. Com a paternidade espiritual não é
diferente, precisamos estar habilitados para podermos exercer a paternidade
espiritual, pois precisamos dominar a arte de amar e bem cuidar do próximo,
devemos saber como colocar o nosso próximo em primeiro lugar em relação
a nós mesmos.

Tome essa decisão e seja um modelo a ser seguido

“Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás está apto para o Reino de
Deus.”
(Lucas 9:62)

Já comecemos por aqui, todo cristão autêntico sonha em ser usado por
Deus, esse alguém não pode jamais pensar em desistir! Essa pessoa deve se
colocar como referência para os demais que procurarem se fazer aptos para o
exercício do amor e cuidado.

O discipulador ativo e autêntico deseja ser um canal através do qual Deus


vai poder salvar e transformar muitas vidas! Ele se coloca à disposição de
Deus para ser usado pelo Senhor para abençoar e cuidar de muitos outros. Ele
entende que a Grande Comissão não é “procurai um discipulado”. Se fosse
assim, o foco estaria invertido, com a ênfase no receber, em buscar atenção e
cuidado para si mesmo. Pelo contrário, a ênfase da Grande Comissão é “ide e
fazei discípulos”, com o foco direcionado em amar, cuidar e edificar os que
se aproximam de Cristo através do seu evangelho.

Entretanto, mesmo com tudo isso existem cristãos tristes, derrotados,


cristãos egoístas, crentes carentes e com tendência à dependência. É o famoso
“crente Mar Morto”. Esse tipo de cristão assemelha-se ao Mar Morto, que
fica no sul de Israel. Esse mar é a porção d’água mais salgada da Terra. É um
grande lago Salgado que só tem entrada, mas nenhuma saída. Ele recebe as
águas do Rio Jordão e elas evaporam por ali mesmo. Por isso não existe
qualquer vida dentro do lago ou nas suas margens. Nem Peixes, nem algas,
nem plantas, nada. Daí o nome Mar Morto, semelhante aos discípulos que
fogem, e que abandonam o Mestre, assim como está escrito; “Mas tudo isso
aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os
discípulos o abandonaram e fugiram.” (Mateus 26:56)

Por outro lado, são cristãos os discipuladores ativos vitoriosos, felizes da


vida, são uns cristãos tipo “Mar da Galileia”. Esse lago, igual ao outro, recebe
as águas do Rio Jordão. A diferença é que ele libera as águas do Rio Jordão,
que escorrem para o deserto da Judéia. Por conta desse fluxo de entrada e
saída, as águas do Mar da Galileia são cheias de vida. Ele tem cerca de 22
espécies de peixes e muita área verde, e suas águas são doces e cheias de
oxigênio, portanto tem vida em si mesma e até para compartilhá-la com
outros. Assim são aqueles que buscam estar aptos para exercerem a arte da
paternidade espiritual, pois sabem que tem para dar vida e vida com
abundância, assim como o seu Mestre!

Deus já nos regenerou com a capacidade de ajudar outras pessoas! Como o


Mar da Galileia, devemos produzir e espalhar vida ao nosso redor. Devemos
receber e dar, liberar as águas vivas do nosso interior para abençoar muita
gente.

Acerca de cristãos vitoriosos e cheios da Graça de Deus, Paulo diz: “E


certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais
possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos
admoestardes uns aos outros” (Romanos 15:14).

Olhando pela ótica da Grande Comissão, Paulo vê esses cristãos como


estando aptos para aconselharem uns aos outros, e isso é uma atitude nobre
de cristãos maduros e responsáveis.

Uma vez que você entregou sua vida para Jesus, o que é necessário para
liberar essa capacitação? Como ser um modelo abençoado para os seus filhos
espirituais, motivando-os a crescerem em graça, amor, cuidado e serviço?

Primeiro, devemos buscar a Deus todos os dias em oração, leitura da


Palavra e adoração, conhecidos como TSDs, ou seja, Tempos a Sós com
Deus. Devemos estar sempre em comunhão em nossas respectivas igrejas,
participando fielmente e ativamente dos culto e reuniões, marcar presença em
nossos encontros nos lares, seja em célula, lares de paz, pontos de luz, enfim,
devemos ser eficientes discipuladores, fielmente discipulados, para nos
encontrarmos aptos e para sermos treinados e para discipular muitas vidas!

Deus suprirá todas as nossas necessidades de acordo com as suas gloriosas


riquezas em Cristo Jesus (Filipenses 4:19).
Portanto, “Tu será uma benção” (Gêneses 12:2), foque nessa promessa!
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