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CÉLULAS VIVENDO AS ESTAÇÕES
©2015 de Murilo Dantas

1° Edição: abril de 2015

Todos os direitos reservados por:


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Nenhuma parte desta publicação pode ser utilizada ou reproduzida – em
qualquer meio ou forma, seja mecânico, fotocópia, gravação, etc. – nem apro-
priada ou estocada em banco de dados sem a expressa autorização do autor.
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional
(NVI), salvo indicação em contrário.

Editor Geral: Murilo Dantas

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Colaboradores: Andrei Alves, Conrado Pfanemüller, Cristina Piccino,
Fábio Albuquerque, Flávio Chaves, Keóla Dantas, Leila Paes, Rafael
Migowski e Viviam Ribeiro.
Coordenação editorial: Mariana C. Madaleno e Heliete Oliveira
Revisão: Heliete Oliveira
Capa: Jamille Almeida
Projeto Gráfico e Diagramação: Jamille Almeida

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Maurício Amormino Júnior, CRB6/2422)

D192c
Dantas, Murilo.
Células vivendo as estações: modelo orgânico de liderança celular / Murilo
Dantas. – São José dos Campos (SP): Inspire, 2015.
191 p. : 15 x 21 cm

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7708-111-0

1. Ensino religioso. 2. Liderança cristã – Estudo e ensino. I. Título.


CDD-254.5
SUMÁRIO

PREFÁCIO ____________________________________________________ 07
APRESENTAÇÃO _______________________________________________ 11
1. PERFIL DO LÍDER CÉLULA ______________________________________ 13
2. VISÃO GERAL DA PIB EM SJCAMPOS E ICS ______________________ 23
3. VISÃO GERAL DE CÉLULAS ____________________________________41
4. CÉLULA INFANTIL, JUNIOR E ADOLESCENTE _____________________61
5. PROCESSO DE DISCIPULADO NA PIB EM SJCAMPOS _____________ 75
6. CIRCUITO VIDA _____________________________________________ 93
7. DISCIPLINA E CUIDADO PASTORAL ____________________________ 109
8. PRINCÍPIOS DE ACONSELHAMENTO ____________________________ 119
9. ESTUDO BÍBLICO ____________________________________________129
10. VIDA FINANCEIRA ___________________________________________ 141
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11. BATALHA ESPIRITUAL ________________________________________ 157
12. GESTÃO DE PESSOAS _______________________________________ 171
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PREFÁCIO

Estou feliz que você esteja com este recurso em mãos para iniciar seu pro-
cesso de treinamento de liderança de células no modelo das estações. Neste
curso você será equipado para liderar melhor a Igreja de Cristo, ganhando
e gerando discípulos saudáveis alinhados com a visão da igreja. Gostaria de
começar fazendo algumas perguntas, que poderiam ser as suas, e esboçan-
do algumas respostas.

Todo processo de discipulado produz maturidade? Absolutamente, não!


Alguns processos de discipulado podem gerar conhecimento, mas não
necessariamente transformação. Podem gerar religiosidade, mas não ma-
turidade; podem gerar ativismo, mas não capacitação.

Uma estrutura educacional sem o discipulado um a um formado por uma


rede de células pode gerar genuíno discipulado? Absolutamente, não.
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Embora existam exceções de irmãos que se tornaram bons cristãos sem o
discipulado pessoal, os exemplos negativos e crentes desviados, infelizmen-
te, estão em maior número em nossos dias.

Por mais de 20 anos pastoreando uma igreja local, tendo experimentado


a realidade de uma igreja tradicional sem células e, nos últimos 10 anos,
vivendo a realidade do pastoreio através das células, posso dizer que real-
mente não existe um processo orgânico, natural e efetivo de discipulado
em uma igreja local sem a adoção das células. A verdade é que, simples-
mente, nem a celebração, a Escola Bíblica ou o ministério são ambientes
realmente efetivos sem a vida orgânica das células. Uma igreja pode reali-
zar treinamentos nas salas de aula, mas ela sabe que o discipulado eficaz só
se efetivará no processo um a um por meio de um rebanho em células, no
qual o mais novo é recebido e discipulado pelo mais velho.

Acredito na formação espiritual por meio das células e através do discipu-


lado pessoal. Nossa igreja tem sido transformada por Deus por meio desta
realidade, temos uma igreja mais saudável e crescente a cada ano.

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Basta ter pequenos grupos ou células? Também não! Por 7 anos, aplicamos
os pequenos grupos e depois as células sem um ciclo natural de multi-
plicação; no máximo, chegamos a 100 células, nunca ultrapassamos esta
barreira. Contudo, quase 5 anos depois de implementar as células vivendo
as estações e há 2 anos o discipulado pessoal, já estamos chegando a 800
células. Se uma célula, um organismo vivo, não se multiplicar, assim como
a célula biológica, inevitavelmente, ela morrerá.

Acreditamos na vida comunitária da igreja local, assim como foi a realida-


de da igreja primitiva, com sua herança judaica. Acreditamos também na
importância da reunião no templo em um determinado local, onde reali-
zamos as celebrações, como está escrito: “E permaneciam constantemente no
templo, louvando a Deus” Lucas 24.53. E também: “Ao chegar a Cesaréia, subiu
até a igreja para saudá-la, e depois desceu para Antioquia” Atos 18.22.

Acreditamos também na força da rede de células vivendo em unidade as


estações de Deus, por meio dos ciclos naturais de vida, como lemos em
Ezequiel 34.26-27: “Na estação própria farei descer chuva; haverá chuvas de
bênçãos. As árvores do campo produzirão o seu fruto, e a terra produzirá a sua
safra; e as ovelhas estarão seguras na terra.” Como na natureza, na igreja
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celular temos o ciclo do Cultivo (Evangelismo), Cuidado (Ministério), Cres-
cimento (Discipulado) e Colheita (Adoração/Celebração) e durante todo
ano temos a Comunhão. Assim vivemos os ciclos anualmente através dos
eternos propósitos bíblicos da Palavra de Deus.

Acreditamos na importância do discipulado pessoal, ou seja, vida na vida,


crescimento, maturidade, mentoria e prestação de contas. Assim temos
os GDP - Grupos de Discipulado Pessoal, cada discípulo tem o seu grupo,
assim como nosso Mestre: “Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus
discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as construções do templo.”
Mateus 24.1. Formam, assim a sua rede de DP – Discípulos Pessoais/Disci-
puladores Pessoais. Como Jesus também tinha o seu: “Jesus tomou consigo
Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os levou, em particular, a um alto monte”
Mateus 17.1. E, para que possamos gerar os discípulos, temos o nosso GA –
Grupo de Amigos. “Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe
disse: Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje” Lucas 19.5.

Através das nossas celebrações, células e discipulado pessoal, acreditamos


que a hora de devocional pessoal entre o discípulo e seu Senhor é indispen-

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sável. A isso chamamos de GPS - Guiado pelo Senhor (hora devocional pesso-
al). Como fez Jesus: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-
-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando” Marcos 1.35. E
também: “Mas Jesus retirava-se para lugares solitários, e orava” Lucas 5.16.

Tudo isso trabalha alinhado com um único alvo e foco, que é a aplicação de
tudo que aprendemos no púlpito em nossas celebrações, nos estudos das cé-
lulas, na mentoria do discipulado e na meditação da Palavra no devocional
pessoal. Todo ensino recebido deve ser aplicado à vida! Como está escrito: “Os
discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado” Mateus 21.6. Aprendiza-
do sem aplicação gera religiosidade. Devemos receber, celebrar e aplicar toda
a vida de Jesus e os mandamentos e preceitos da Palavra de Deus.

Boa leitura e estudo!

Carlito Paes
Pastor sênior da PIB em SJC e da Rede de Igrejas da Cidade.
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APRESENTAÇÃO

O texto de Gênesis 3.8, diz: “Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Se-
nhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-
-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim”. Neste verso, per-
cebemos a primeira célula liderada pelo próprio Deus. Havia um encontro
diário onde Criador e as criaturas se reuniam, para um tempo de qualidade
juntos. Talvez Deus contasse um pouco mais sobre como havia formado
cada criatura, ou como ele os amava. Também deveria dar instruções de
como cuidar do Éden, além de presenteá-los com Sua presença perfeita de
onde emanavam Suas virtudes.

Hoje precisamos entender que nosso lar aberto para receber pessoas e
ministrar em vidas, é também o lugar onde Deus se manifesta através da
presença do Espírito Santo. Precisamos perceber as células primeiramente

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como algo espiritual. A célula é um ambiente espiritual de relacionamen-
tos espirituais.

Dessa forma, notamos a responsabilidade e a bênção de receber uma


célula da igreja em nossa casa. A Bíblia ilustra com clareza esses fatores,
no episódio da Arca da Presença contido em 1 Crônicas 13.13,14. Havia em
todo o povo o temor a respeito da proximidade com tal arca, por se tratar
da manifestação da presença do próprio Deus entre os homens. Apesar da
necessidade de clara percepção acerca do respeito com este utensílio, o tex-
to também expõe que Odebe-Edom levou-a para casa e, durante três meses,
sua família e tudo o que ele possuía foi abençoado.

Queremos lhe encorajar a iniciar a sua trajetória de liderança entendendo


que é, sim, uma responsabilidade cuidar de outras pessoas. Mas também
a presença da glória de Deus estará no meio de sua sala através da célula.
Isso significa que você não deve se deixar levar pela escassez dos possí-
veis prejuízos com o sofá ou de aparentemente estar mais doando do que
recebendo. Ter uma célula em casa é atrair a benção de Deus para cada
integrante de sua família e para tudo o que você possui.

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Este curso foi preparado para que você conheça mais claramente os temas
relacionados com essa tarefa divina de cuidar de pessoas numa célula,
além de lhe conduzir a um crescimento espiritual. Este material é direcio-
nado prioritariamente para a formação de líderes de célula na Primeira
Igreja Batista em São José dos Campos e nas Igrejas da Cidade. Ele conduzi-
rá o futuro líder a caminhar com maior tranquilidade a partir de ensina-
mentos sólidos contidos na Palavra de Deus, organizados em doze temas.
Tais temas estão completos o suficiente para ajudá-lo na compreensão do
conteúdo. No final de cada disciplina, você terá exercícios de fixação para
lhe ajudar a estudar, além da bibliografia e indicação de leitura.

Finalmente, abra seu coração, pois vamos começar uma linda, surpreen-
dente e abençoadora jornada de ser ministrados pelo Espírito Santo de
Deus. Ele nos alegrará com alimento farto e nos guiará a ministrar nas
vidas que teremos o privilégio de receber para cuidar.

Bem-vindo ao curso de Liderança de Célula!

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1. PERFIL DO
LÍDER DE CÉLULA
Cada vez mais em nossa igreja, a célula tem ido além de um conceito e tem
se transformado em um estilo de vida. Para a nossa igreja, a célula é hoje
um valor conquistado inegociável. É neste microambiente que todo o corpo
recebe alimento adequado e é impulsionado a viver segundo os propósitos
eternos de Deus.

A célula é essa pequena e imprescindível parte do Corpo de Cristo, onde


cada indivíduo exerce a sua função: ele cuida e é cuidado. Com isso, todo o
Corpo está ajustado.

Como é em um corpo, as células seguem um comando central e sauda-


velmente realizam a sua parte, complementando-se umas às outras a fim
de proporcionarem ao Corpo o viver, o realizar e o cumprir os sonhos de
Deus. Como vemos em relação ao Seu tratar da nação de Israel, o Senhor
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sempre pensa e se move no coletivo, assim como reconhece o valor indivi-
dual. Pela Palavra vemos como Ele valoriza a harmonia, o sentimento de
unidade, a preocupação com o todo, que é o que acontece em um corpo.

Portanto, a célula sendo uma ação de um pequeno grupo de pessoas


complementa simetricamente a ação pastoral e ministerial da igreja no
grande ajuntamento ou grande grupo, como chamamos. Como duas asas
do grande avião chamado igreja local, as ações do grande grupo e as do
pequeno grupo fornecem estabilidade para que a igreja se desenvolva e
cresça saudavelmente. Isso é uma continuidade do texto de Atos 5.42: “To-
dos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar
que Jesus é o Cristo”.

Para que a célula seja uma realidade em nossa comunidade cristã, o Líder
de Célula é uma pessoa muito estratégica. Ele é a referência para o grupo
tanto de ensino, quanto de cuidado, motivação, lealdade, fidelidade e en-
volvimento no Reino de Deus. Além disso, ele demonstra na prática o que é
ser discípulo e como discipular pessoas, conduzindo-as a Cristo.

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QUEM É O LÍDER DE CÉLULA?

Toda célula possui um líder. Este líder é a pessoa que dirige e direciona o
desenvolvimento do grupo. Em geral, o líder de célula é aquele que foi esco-
lhido para discipular e cuidar pastoralmente de um grupo que está sob sua
responsabilidade. Portanto, apesar de o líder não ter talvez uma formação
teológica formal, ou já ter sido ordenado pastor, ele exerce o pastoreio do
pequeno rebanho, compartilhado por nosso pastor-líder.

Neste sentido, é importante destacar a relevância do líder de célula. Ele é


aquela pessoa que representa nossa liderança pastoral. Isso significa que o
líder de célula tem o privilégio de ser uma referência para o grupo. As pes-
soas veem no líder alguém que pode trazer direção e orientação geral para
a vida em todos os aspectos, sejam do cotidiano, sejam espirituais, sempre
apontando para Cristo e servindo de exemplo.

Entretanto, isso também é uma responsabilidade! É preciso que o líder seja


uma boa referência para a célula. Ele precisa de fato representar a lide-
rança pastoral da igreja e não substitui-la. Na prática, é liderar como se o
próprio pastor sênior estivesse liderando aquela célula. Por exemplo: como
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o pastor sênior cuidaria deste pequeno rebanho? Como ele o motivaria?
Como seria o estudo ministrado por ele? Como o pastor-líder passaria os
avisos e as orientações para o grupo?

Isso ajusta a expectativa de todos. Do ponto de vista da liderança da igreja,


haverá a segurança de que o líder de célula que compreende essa instru-
ção entregará alimento correto para seu grupo. Já para o líder de célula, a
perspectiva é a de estar sempre coberto espiritualmente e dentro de uma
rede de cuidado mútuo, onde cuida, mas também é assistido. Finalmente,
para o membro da célula, a percepção é de que ele faz parte de um grande
movimento de Deus, onde o grande rebanho está sendo guiado numa dire-
ção única, através da organização em grupos menores.

O QUE É ESPERADO DO LÍDER DE CÉLULA?

O foco principal de um líder de célula é o desenvolvimento da célula. Para


que isso seja possível é preciso que o líder esteja se desenvolvendo como
pessoa e interessada a ampliar sua ação de cuidado.

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Toda célula é reflexo de seu líder. Se ele cresce, sua célula está crescendo
saudavelmente. Escrevendo a seu discípulo Timóteo em sua primeira carta,
Paulo o ensina a lidar com vários aspectos importantes do ministério de
cuidar de pessoas. Em 1 Timóteo 4.15 ele enfatiza: “Seja diligente nessas coi-
sas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso”. Isso
nos impulsiona a querer crescer intencionalmente.

CRESCIMENTO PESSOAL

Há vários livros instrutivos e histórias marcantes sobre liderança. Eles são


uma fonte primorosa para nosso crescimento e preparo como líderes. A
grande maioria destes materiais destaca a importância de, antes de liderar
um grupo, o líder ter clara compreensão de que ele precisa crescer pro-
gressivamente, desde como pessoa, passando pela família, até alcançar a
liderança de um grupo numa dada igreja.

Crescimento em relação à sua identidade


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Tudo começa pela identidade do líder e também por suas qualidades para
certas tarefas específicas (KOHL e BARRO, 2006). O bom líder de célula é
aquele que conhece sua identidade em Cristo. Ele está consciente de suas
virtudes, mas também de suas limitações. Por isso, celebra a sua recupera-
ção diariamente e permite que o Espírito Santo explore cada vez melhor
seu próprio potencial. Sua atenção está em Cristo e em como Ele pode o
conduzir a uma dinâmica de vida renovada nos diversos aspectos de sua
história. Talvez o primeiro grande desafio do líder de célula seja cuidar
de seu próprio ser, de seus pensamentos e de sua emoção: “Acima de tudo,
guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” Provérbios 4.23.

Crescimento em relação à família

Assim como conhecer-se melhor é importante, é preciso que o líder de


célula cuide de sua família. A própria Bíblia traz esse indicativo:

“Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, dese-


ja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível,

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marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro
e apto para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas
sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro. Ele deve governar bem
sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a digni-
dade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como
poderá cuidar da igreja de Deus?” 1 Timóteo 3.1-5.

Esse texto é uma orientação pastoral, que pode ser bem aplicada ao líder de
célula. Ele traz orientações para o viver do líder e como ele pode conduzir
sua própria família. Se o líder de célula não souber cuidar de sua família,
como poderá aconselhar a outros?

Crescimento nos relacionamentos

O bom líder também cuida de seus relacionamentos. Um excelente texto


sobre esse assunto é o livro O líder que brilha de David Kornfield. Baseado
num estudo sobre o que diferenciava numa lista de 500 empresas, as boas
das excelentes, o autor escreveu sobre a distinção entre bons líderes e
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líderes excelentes. Para ele, “o que faz alguém ser grande ou excelente é sua
habilidade de desenvolver relacionamentos comprometidos e saudáveis”
(KORNFIELD, 2007). Sendo assim, ele traça a partir do Grande Mandamen-
to (Mateus 22.36-40) e da Grande Comissão (Mateus 28.18-20) a base dos
sete relacionamentos mais importantes para um líder: com Cristo, consigo
mesmo, com sua família, com um grupo pastoral, com sua equipe, com seu
discipulador e com amigos íntimos.

Crescimento em conhecimento

Além disso, é esperado que um líder de célula continue sempre estudando


e disposto a ler. Paulo demonstrou essa característica quando escreveu em
2 Timóteo 4.13: “Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo,
em Trôade, e os meus livros, especialmente os pergaminhos”. Isso significa que
o líder de célula deve estar continuamente estudando e se aperfeiçoando.
Como diria o Pr. Bill Hybels em seu livro Axiomas, o bom líder lê tudo o que
pode. Não podemos negligenciar nossa necessidade de ler. Há muitos bons
livros sendo escritos sobre liderança e sobre como enfrentar problemas

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relativos à liderança de pessoas. Precisamos decidir ler tais livros para apri-
morar nossa ação como líderes. A percepção que temos da necessidade de
“liderar com interesse” (Romanos 12.8) é que vai determinar se temos tido a
responsabilidade diante de Deus de melhorar constantemente.

Certamente, se alguém quer ampliar sua influência, precisa estar aberto a


conhecer melhor a Deus, entender melhor a Sua Palavra, a compreender
as necessidades e anseios humanos, além de desenvolver e a aperfeiçoar as
estratégias e as avaliações do trabalho em equipe. Um bom líder de célula
tem um coração aprendiz. É ensinável. É firme, mas flexível. Há diversas
formas de aprender, mas certamente, ler é uma das mais confiáveis.

Crescimento no caráter cristão

O líder de célula cuida firmemente de sua integridade e caráter, pois reco-


nhece que o caráter determinará seu legado. É ter vontade de “fazer o que é
certo, mesmo quando isso é difícil” (STANLEY, 2008). Como líderes, somos
constantemente desafiados a desenvolver um caráter divino (CLINTON,
2009). Ele está envolvido com o valor da retidão e da santidade. Conhece
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suas limitações, mas está empenhado em superar todas elas. Se pecar, logo
se arrepende e busca não fazê-lo mais. Está convicto que deve ser leal à sua
liderança. É franco e humilde em abordar suas dúvidas e inquietações, sem
jamais expor seus líderes.

AO CUIDAR DO GRUPO

A saúde de um rebanho pode ser medida pelo investimento de seu pastor


ou líder. O foco do cuidado com o grupo deve estar inicialmente com o
alimento fornecido às pessoas. Na Primeira Igreja Batista em São José dos
Campos (PIB-SJC) e nas Igrejas da Cidade (ICs) os estudos e orientações são
desenvolvidos pelo colegiado pastoral e corpo de ministros da igreja. Há
todo um processo de avaliação e consideração da relevância e das teolo-
gias bíblica e sistemática abordadas nesses materiais. Sendo assim, o líder
de célula jamais deve suplantar o ensino e a orientação recebidos de seus
líderes diretos. Ao contrário, devem até conferir se tal ensino condiz com a
orientação de nosso pastor sênior.

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Valores como amor a Deus, à Sua Palavra e às pessoas, discipulado inte-
gral, cuidado mútuo, multiplicação do cuidado e da visão, exercício do
ministério, pastoreio na célula, grandes celebrações, comprometimento
com o Reino de Deus e visão elevada, devem ser ensinados com paixão. O
líder de célula deve transmitir a visão da igreja constantemente, pois “a
visão vaza”, segundo Bill Hybels. Ou seja, as pessoas tendem a esquecer-se
rapidamente da visão e da orientação. Relembrar a visão aos irmãos na fé
constantemente é uma de nossas funções.

O bom líder de célula cuida de seu grupo intencionalmente. Não é mera-


mente receber pessoas em sua casa por algumas horas. É ir adiante: é atuar
como discipulador. É ser alguém que as pessoas queiram seguir e estar
perto. O bom líder de célula cuida de seu grupo como quem cuida equili-
bradamente de sua família. A célula com o passar do tempo, torna-se um
grupo de grandes amigos.

Entretanto, estar comprometido não é manter o grupo eternamente. Estar


comprometido com as pessoas é estar empenhado com todas as pessoas. É
querer difundir a visão de redenção para todos. É querer alcançar a todos.
Para que isso seja possível, é preciso ensinar a seus discípulos a serem

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discipuladores, apresentando o fluxo da vida cristã (João 15): receber todo
o alimento que vem por meio do Espírito Santo; regozijar, ao se alimentar
através da conexão com Jesus; e repartir, externando o amor de Deus atra-
vés dos frutos da alegria. Assim cada líder vai levar seu discípulo a multi-
plicar, a seguir ganhando pessoas para Jesus e cuidando delas, formando
novos discípulos que irão discipular outros, assim por diante.

O bom líder de célula também procura estar atento espiritualmente e ter dis-
cernimento aguçado pelo Espírito Santo. Ele tenta ouvir além do que é dito
verbalmente. Ao ouvir com o coração, aponta passos coerentes para trilhar o
Caminho. Ou seja, é aquele que já está na jornada há um pouco mais de tem-
po, conduz seus discípulos através das ferramentas oferecidas e disponíveis
na igreja. É um líder que conhece bem experiências marcantes com Deus,
mas também valoriza processos para o devido crescimento do rebanho.

Finalmente, o bom líder de célula deve exercer o modelo de liderança de


Jesus Cristo. Como bem expõe Wander Proença em KOHL e BARRO (2006),
“Jesus não manipula os homens, mas desafia-os a tomar o caminho do
Reino, a assumirem responsabilidades, a serem participantes ativos no pro-
cesso libertador”. Se a intenção do discipulado é promover transformação
na sociedade, os princípios da vida de Jesus estão nele evidenciados.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Encontre versículos na Bíblia que justifiquem a estratégia de se ter a gran-


de celebração e a célula na igreja local. Dica: procure no livro de Atos.

2. Por que os encontros na grande celebração e na célula são importantes?

3. Quais características definem um líder de célula?

4. Quais são as virtudes que um líder de célula precisa desenvolver


como pessoa?

5. Apresente as principais atitudes de cuidado pastoral com a célula que o


líder de célula precisa desenvolver e ensinar aos discípulos.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

CLINTON, J.R. Etapas na vida de um líder. Londrina: Curitiba, 2009.

EARLEY, D. 8 hábitos do líder eficaz de grupos pequenos. Curitiba: Minis-


tério Igreja em Células no Brasil, 2006.

HYBELS, B. Axiomas. São Paulo: Vida, 2010.

KOHL, M.W. e BARRO, A.C (orgs.). Liderança cristã transformadora. Lon-


drina: Descoberta, 2006.

KORNFIELD, D. O líder que brilha. São Paulo: Vida, 2007.

MIZOGUCHI, P. As estações de Deus nos pequenos grupos. São José dos


Campos: Inspire, 2012.

STANLEY, A. O líder da próxima geração. São Paulo: Vida, 2008.

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SUGESTÃO DE LEITURA

EARLEY, D. 8 hábitos do líder eficaz de grupos pequenos. Curitiba: Minis-


tério Igreja em Células no Brasil, 2006.

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2. VISÃO GERAL DA PIB
EM SJCAMPOS E ICS
Deus nos ama tão intensamente que decidiu enviar seu Filho Jesus para
morrer por nós. Foi através da morte e da ressurreição de Cristo que rece-
bemos acesso definitivo ao Pai. Em Cristo somos um Corpo como sua Igreja
amada.

Nesse tempo específico, em Sua Graça, o Senhor escolheu trabalhar em


nossa igreja, a PIB em SJCampos, juntamente com as ICs, para refletirmos
Seu amor ao mundo sendo sal e luz, além de inspirar nações enquanto
caminha para o alvo, que é Cristo.

A PIB em SJCampos e ICs são lugares de fé, esperança e amor. Conforme


nosso pastor sênior, Carlito Paes, em suas pregações,“continuaremos a ser
uma igreja contextualizada, dinâmica, ágil, vibrante, cheia de fé, que valo-
riza pessoas acima de regras humanas e estruturas organizacionais, porque
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somos ‘a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” 1 Timóteo 3.15

De acordo com o Seu agir durante anos, o Senhor foi talhando a nossa
igreja quase centenária, para ser uma igreja voltada para amar os que Ele
ama, muito expressivamente. Assim, Ele nos entregou graciosamente um
chamado específico como igreja.

Nesta disciplina abordaremos os pontos vitais norteadores da PIB em


SJCampos e suas ICs.

VISÃO, MISSÃO E VALORES DA PIB em SJCampos

Visão: ganhar todas as pessoas para Jesus e transformar cada membro em


um extraordinário discípulo de Cristo.

Missão: ganhar todas as pessoas para Jesus, incluir na família, ajudar a desco-
brir seus dons e ministérios, discipular pessoal e intencionalmente como Cris-
to e enviar para plantar novas igrejas no mundo para glória global de Deus!

Nossa abordagem: equilíbrio nos cinco propósitos.

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Nosso estilo de adoração: contemporâneo.

Nosso alvo: alcançar os “sem-Cristo”.

Nossa liderança: compartilhada em colegiado pastoral e ministerial.

Nossa metodologia: os pastores e líderes treinam e equipam os membros


para desenvolverem seus dons e ministérios.

Nossa estratégia: levar cada membro a compromissos ainda maiores de


intimidade com Cristo.

Nossa metodologia de cuidado mútuo: células.

Nosso lema: um lugar para descobrir o propósito da vida.

Nossa estratégia de plantação de igrejas: uma igreja, muitos lugares. Plan-


tação de Igrejas da Cidade.

Assim, conforme nosso pastor líder, Carlito Paes, somos “uma igreja dirigi-
da por propósitos bíblicos, informal, contextualizada, ágil e transparente
em suas ações, que valoriza pessoas acima de estruturas ou programas”.
Isso é reflexo do equilíbrio e do foco. Conforme Rick Warren em seu
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livro Uma igreja com propósitos, os cinco propósitos são vividos na igreja
composta pelas chamadas bases, as quais vão conduzir toda a igreja local
a viver os propósitos de Deus como estilo de vida. Cada base possui líderes
específicos que atuarão estrategicamente ao lado do pastor sênior. Esses
líderes de bases têm a função de pensar na essência do propósito e como
isso será transmitido para toda a igreja.

ELEMENTOS BÁSICOS NA IGREJA LOCAL

Nossa igreja é orientada por uma missão e uma agenda totalmente pautadas
pela Palavra de Deus. Entendemos que uma igreja precisa ser relevante em to-
das as suas ações pela natureza de sua missão e pela demanda da sua agenda.

Missão da Igreja

Em Lucas 10.1 (ACF) é possível apreender características dessa missão.


Vejamos:

1. É dada pelo próprio Senhor Jesus (v. 1a): “... designou o Senhor”.

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Jamais devemos nos esquecer de que estamos em uma missão orientada
e liderada pelo Senhor Jesus. Nossa missão não é chefiada por homens e
sim pelo Senhor. Ele mesmo nos designou para missão! É assim que a igreja
deve desenvolver seu trabalho.

2. Envolve a todos nós (v. 1b.): “... outros setenta...”.

A missão da igreja de Cristo não é tarefa de alguns, do pastor ou da dire-


toria, mas é de todos os salvos. O fato de enviar outros setenta revela que
outros grupos já haviam sido enviados antes. Como nós, muitos já foram e
outros irão! Agora é nossa vez de juntos realizarmos a missão que Jesus nos
confiou.

3. É pioneira (1c.): “... enviou adiante de si”.

Os discípulos foram enviados aonde Jesus ainda não havia ido e a lugares
e situações nunca alcançados. Do mesmo modo, nós seremos enviados a
experimentar situações diferentes do que estamos acostumados! Jesus de-
seja que sua igreja e seus discípulos tenham visão, não atrás do seu tempo,
mas sim à frente, adiante do seu tempo, antecipando boas novidades para o
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Reino de Deus. A Igreja precisa ser precursora e não copiadora.

4. É cooperativa (1d.): “...de dois em dois...”.

A missão da Igreja de Cristo nunca foi realizada por uma única pessoa. Ela
já começou com 13 pessoas, pois a tarefa é muito grande! Isso significa que
é preciso desenvolver um trabalho em equipe e não numa “euquipe”. Se
quisermos fazer um trabalho grandioso e relevante, precisamos caminhar
juntos, de dois em dois, lado a lado, para partilharmos as tristezas e as vitó-
rias, e sempre participando do Corpo de Cristo ativamente.

5. É universal (1e.): “... a todas as cidades e lugares...”.

O texto bíblico em Atos 1.8 reafirma isto. A igreja deve realizar a obra do
evangelho de Jesus na cidade, na região, no estado, no Brasil e em todo o
mundo. A visão da igreja deve ser da Terra, plantada fisicamente em um
local, mas sonhando e atuando em todo o mundo. Cremos numa igreja
mobilizadora, que vai e envia missionários a todas as cidades e lugares,
sempre em nome do Senhor Jesus!

24
Agenda

De Lucas 10.2-12 (ACF) podemos extrair lições para a agenda da igreja.


Vejamos:

1. É sempre desafiadora (v.2): “... os obreiros são poucos e grande é a seara”.

Se fossem muitos os obreiros, não teríamos desafios! A missão da Igreja de


Cristo sempre foi realizada pela minoria fiel e consagrada. Não podemos
esperar pela maioria. Vários exemplos bíblicos refletem a relação “pouca
gente somada a muito trabalho”. Foi assim com Noé, com Gideão, com os
profetas e com Jesus!

2. É marcada por grandes riscos (v. 3): “... eis que vos envio como ovelhas no
meio de lobos”.

A Igreja de Cristo vive dias maus e sempre precisou ser um movimento an-
ticultural, conforme a Bíblia (Efésios 5) e a História. Por isso, ela precisa ser
ágil, estar alerta e atenta, por estarmos justamente no meio de uma grande
batalha espiritual (1 Pedro 5.8). Santos em guerra sempre vão correr riscos
para fazer se cumprir a agenda do Senhor no mundo!

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3. É marcada pela fé (v. 4a): “... Não leveis nem bolsa, nem alforje”.

A Igreja precisa mostrar fé no exercício de sua missão, promovendo e


instalando o Reino de Deus pela fé. A obra do Senhor só se realiza na sua
totalidade e na eficácia que o Senhor deseja, se for realizada por homens e
mulheres de fé.

4. Precisa ser desenvolvida com urgência (v. 4b.): “... a ninguém saudeis
pelo caminho...”.

Jesus está voltando! Maranata! Não podemos perder tempo. Acreditamos


que precisamos de menos conversa e mais “pé na estrada”. 55 mil pessoas
morrem por dia sem conhecer a Jesus Cristo como Senhor de suas vidas.
Muitas crianças morrem de fome por hora no mundo ou estão sendo trafi-
cadas pelo preço de um cappuccino.

5. É desenvolvida em paz (vs. 5-7): “... dizei primeiro, paz seja com esta casa”.

Levamos uma mensagem de paz, pois Jesus é o Príncipe da Paz. Portanto, a


igreja deve desenvolver sua agenda em paz.

6. É flexível, de acordo com as necessidades locais (v. 9): “... curai os enfer-
mos que nela houver...”.

25
A agenda deve ser flexível para atender a necessidade do momento. A
igreja local pode planejar muitas coisas, mas precisa sempre estar aberta
ao mover do Espírito de Deus em sua execução.

7. É de natureza profética (vs. 11-12): “Dizei... está próximo Reino de Deus”.

Somos nós, na execução da agenda, que estaremos dizendo ao mundo


que Jesus está voltando. Temos uma mensagem profética que precisa ser
proclamada já, condenando o pecado e revelando a brevidade da segunda
vinda de Cristo!

Liderança

Para uma igreja seguir cumprindo sua missão numa agenda completamen-
te guiada pelo Espírito Santo precisa de líderes que reconhecem e admitem
seu chamado. Todos os que já se arrependeram e entregaram suas vidas
para Jesus Cristo, como seu Salvador e Senhor foram chamados para a vida
e para frutificar.

Líderes devem investir no preparo para responder ao chamado com exce-


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lência. Quem já tem o chamado e entendeu isto, precisa saber claramente
da parte de Deus, que tipo de formação deve ter para exercer este chamado.

Além disso, o líder precisa ter sensibilidade para ouvir a Deus através de
sua liderança. Isso o conduzirá à disponibilidade para servir em qualquer
lugar ou situação. Sensibilidade e disponibilidade são dois elementos ne-
cessários para cumprir o projeto de Deus!

Há alguns axiomas em nossa igreja que devem fazer sentido para todos os
líderes em nossa igreja, especialmente os líderes de célula:

1. Não menospreze os pequenos começos: “Eu lhes digo a verdade: Quem


lhes der um copo de água em meu nome, por vocês pertencerem a Cristo, de
modo nenhum perderá a sua recompensa” Marcos 9.41.

2. Orgulhe-se do seu chamado: “Portanto, não se envergonhe de testemunhar


do Senhor” 2 Timóteo 1.8.

3. Honre sua santa vocação: “Que nos salvou e nos chamou com uma santa
vocação” 2 Timóteo 1.9.

4. Sirva para eternidade: “Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a


vida e a imortalidade por meio do evangelho” 2 Timóteo 1.10.

26
5. Reconheça seus dons: “Deste evangelho fui constituído pregador, apóstolo e
mestre” 2 Timóteo 1.11.

6. Passe pela refinaria de Deus: “Por essa causa também sofro, mas não me
envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou bem certo de que ele é pode-
roso para guardar o que lhe confiei até aquele dia” 2 Timóteo 1.12.

7. Mantenha seu foco: “Retenha, com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da


sã doutrina que você ouviu de mim” 2 Timóteo 1.13.

NOSSO JEITO DE SER IGREJA

Toda igreja saudável e crescente possui princípios que são o fundamento


para a sua ação. Para nós como igreja, tais princípios são consequência da
visão que Deus nos deu, conforme apresentamos acima. A seguir, apresen-
tamos estes princípios da PIB em SJCampos e das ICs, em sua maioria, des-
critos mais detalhadamente no livro Igrejas que prevalecem (PAES, 2009).

1. Aplicar a Bíblia de forma ainda mais efetiva em nosso ministério: “Os


bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensa-
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gem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se
tudo era assim mesmo” Atos 17.11.

2. Preparar líderes servos para liderar com excelência: “Se é exercer lide-
rança, que a exerça com zelo” Romanos 12.8b.

3. Executar a instrução dada por Deus: “Somente seja forte e muito corajoso!
Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou;
não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja
bem-sucedido por onde quer que andar” Josué 1.7.

4. Viver uma atitude vibrante e positiva no ministério: “Vocês sairão em


júbilo e serão conduzidos em paz; os montes e colinas irromperão em canto
diante de vocês, e todas as árvores do campo baterão palmas” Isaías 55.12.

5. Empreender ainda mais ações pelo Reino de Deus: “Somente temam o


Senhor e sirvam-no fielmente de todo o coração; e considerem as grandes coisas
que ele tem feito por vocês” 1 Samuel 12.24.

6. Ser dirigido pelo Espírito Santo: “A igreja passava por um período de paz
em toda a Judéia, Galileia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito
Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor” Atos 9.31.

27
7. Avaliar frequentemente nossas ações: “Assim diz o Senhor dos Exércitos:
‘Vejam aonde os seus caminhos os levaram!” Ageu 1.7.

8. Continuar a desmontar e a montar novamente: “Nesse meio tempo fomos


reconstruindo o muro, até que em toda a sua extensão chegamos à metade da sua
altura, pois o povo estava totalmente dedicado ao trabalho” Neemias 4.6.

9. Encarregar todos do ministério de Cristo: “Portanto, que todos nos conside-


rem como servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus” 1 Coríntios 4.1.

10. Praticar perdão e aceitação: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois


obterão misericórdia” Mateus 5.7.

11. Evangelizar de modos não convencionais: “Para com os fracos tornei-me


fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma
forma salvar alguns” 1 Coríntios 9.22.

12. Viver a prática de uma comunidade viva autônoma: “A igreja de Deus


que está em Corinto, com todos os santos de toda a Acaia” 1 Coríntios 1.2.

13. Manter as boas tradições sem nos tornarmos tradicionalistas: “Portan-


to, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele,
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enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbor-
dando de gratidão. Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias
vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios
elementares deste mundo, e não em Cristo” Colossenses 2.6-8.

14. Investir nos relacionamentos entre nossos membros: “Sirvam uns aos
outros mediante o amor” Gálatas 5.13b.

15. Contextualizar nossa liturgia à realidade do nosso povo: “Ao pôr-do-sol,


o povo trouxe a Jesus todos os que tinham vários tipos de doenças; e ele os curou,
impondo as mãos sobre cada um deles” Lucas 4.40.

16. Adotar práticas espirituais diferentes e de forma inovadora: “Todas


essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui
individualmente, a cada um, como quer” 1 Coríntios 12.11.

17. Ampliar nossa pregação encorajadora e prática: “Além de ser sábio, o


mestre também ensinou conhecimento ao povo. Ele escutou, examinou e colecio-
nou muitos provérbios. Procurou também encontrar as palavras certas, e o que
ele escreveu era reto e verdadeiro” Eclesiastes 12.9-10.

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18. Investir na formação de nossa liderança: “Assim, Paulo ficou ali durante
um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus” Atos 18.11.

19. Motivar nosso povo para a segunda vinda do Senhor Jesus: “Estejam
prontos para servir, e conservem acesas as suas candeias” Lucas 12.35.

20. Investir em novas gerações para o ministério: “Com o fim de preparar os


santos para a obra do ministério” Efésios 4.12.

21. Expandir o alcance do nosso ministério em equipe: “Escolheu doze, desig-


nando-os apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar” Marcos 3.14.

22. Ampliar nossa rede de pastoreio em células: “Partiam o pão em suas


casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração”
Atos 2.46.

23. Investir e tirar grande proveito da mídia: “Escreva claramente a visão


em tábuas, para que se leia facilmente” Habacuque 2.2.

24. Atuar amplamente em ministérios sociais: “Ao ver as multidões, teve


compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem
pastor” Mateus 9.36.
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25. Plantar novas igrejas pelo Brasil e pelo mundo: “Portanto, vão e façam
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei
sempre com vocês, até o fim dos tempos” Mateus 28.19,20.

ESSÊNCIA DA NOSSA IGREJA

Nossa igreja é uma Igreja com Propósitos (ICP). Toda ICP está direcionada
por meio de grandes áreas denominadas propósitos ou bases de ação. Ao
todo são cinco bases fundamentadas nos propósitos extraídos do Grande
Mandamento (Mateus 22.36-40) e da Grande Comissão (Mateus 28.18-20):
adoração, comunhão, discipulado, ministério e missões. A partir destes
textos bíblicos, o Pr. Rick Warren explana o conceito dos propósitos bíbli-
cos com foco na igreja em Uma Igreja com propósitos e com foco na vida
pessoal no livro Uma vida com propósitos.

Estes propósitos devem ser a força motriz de nossa vida, ministério e igreja,
como ensinado por Jesus (FIELDS, 1999). Na célula não pode ser diferente:

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é através da célula que anunciamos a salvação aos “sem igreja”, começan-
do pelas pessoas de nossas próprias casas, aos nossos amigos e vizinhos
(Atos 1.8). Alguns deles, talvez, jamais entrariam em uma igreja em algum
momento de suas vidas; na célula realizamos uma forma livre de louvor e
adoração a Deus, sem nos preocuparmos com formas ou rituais (João 4.24);
também na célula desenvolvemos relacionamentos pessoais de confiança,
camaradagem e amor ao próximo (Atos 2.42-47); na célula edificamos a
nós mesmos e aos demais, conduzindo todos a serem imitadores de Cristo,
sendo verdadeiros discípulos (1 Coríntios 11.1); e, por fim, na célula temos o
privilégio de descobrir em que área Deus tem nos capacitado para poder-
mos servir à Igreja (Romanos 12.3-8).

Em termos práticos, na igreja cada propósito é representado por uma base


conforme sua designação. Cada base possui um líder com a função de
pensar na essência do propósito e como isso será transmitido para toda a
Igreja através de sua equipe. A seguir, apresentamos cada base e alguns de
seus ministérios no contexto de nossa igreja.

Base de Adoração
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Adorar é expressar o nosso amor a Deus por quem Ele é, pelo que Ele disse e
por aquilo que Ele faz. Nossa vida é uma expressão do amor de Deus sobre
nós, visto que tudo o que somos e temos vem Dele. Nós respondemos a esse
amor comprometido vivendo de modo que expresse o nosso amor a Deus
em tudo o que fazemos, em todos os momentos e em todo o nosso viver.

Como igreja, procuramos proporcionar atmosfera e ambiente para que


cada filho amado de Deus descubra o caminho de ser um adorador em
espírito e em verdade, através de uma vida devocional rica e de crescimen-
to na intimidade com Deus. Vivendo para adorar ao Senhor, trazemos para
a casa de Deus a colheita dessa alegria, em celebrações semanais que tem
diferentes propósitos, por isso são diferentes também. Essas reuniões pro-
clamam o amor de Deus e O anunciam às pessoas que ainda não tem Jesus,
de modo que essas são atraídas a Ele.

Precisamos tornar a mensagem de Deus compreensível às pessoas. Por isso,


temos um cuidado especial em nossas celebrações para que a mensagem
possa ser entendida por todos, sem o uso de vocabulário restrito apenas aos
que já tem vivência na igreja. Além disso, não existe música cristã e sim

30
“letra cristã”, que pode ser revisada para assegurar a correção doutrinária.
Nossas celebrações em geral buscam criar uma atmosfera motivadora,
alegre encorajadora, familiar, renovadora e informal, apresentando às pes-
soas a rica oportunidade do relacionamento com Jesus. Exemplos de minis-
térios ligados à Base de Adoração: Bandas, Intercessão, Teatro e Imagem.

Base de Comunhão

O objetivo principal da Base de Comunhão é o de transformar os frequen-


tadores em membros, edificando a congregação, conforme Efésios 2.19:
“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos
santos e membros da família de Deus”.

Para isso, precisamos criar um ambiente onde as pessoas desejem unir-se


à igreja, através do amor e da aceitação. Assim, todos compreenderão que
somos chamados para nos unirmos à Família de Deus e não a uma institui-
ção. Ser família é um valor da vida cristã.

As pessoas devem ser estimuladas a passar pelos processos para se torna-


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rem membros da igreja como reflexo do cuidado pastoral. Para isso, em
nossa igreja temos várias etapas todas elas estruturadas pela liderança da
igreja com o intuito de que a pessoa possa receber amor e cuidado.

A Base de Comunhão também atua na construção de relacionamentos


saudáveis centrados em Cristo Jesus. Por isso, em nossas práticas atuais
encorajamos as pessoas que trouxeram uma pessoa à célula ou à igreja,
sigam como seu discipulador pessoal, no caso de pessoas de mesmo sexo,
encorajando, estimulando e orientando esta pessoa nos seus primeiros
passos com Deus.

Hoje, o líder de célula é responsável por ministrar o Curso de Batismo ao


novo decidido. Ele também é responsável por fazer a primeira entrevista
dessa pessoa. Dessa maneira, o processo acontece de maneira muito natu-
ral e assim cumprimos aquilo Jesus orientou em Mateus 28.19,20:

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os


em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”.

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Exemplos de ministérios ligados à Base de Comunhão: Águas que marcam,
Recomeço, Aconselhamento e Ceia do Senhor.

Base de Discipulado

O objetivo da Base de Discipulado é desenvolver membros maduros,


conduzindo pessoas a se tornarem comprometidas com Jesus, conforme
Efésios 4.12, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do minis-
tério, para edificação do Corpo de Cristo.

A maturidade é algo intencional e está disponível a todos os cristãos


conforme orientação do apóstolo Paulo em 1 Timóteo 4.7: “Rejeite, porém,
as fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade”. Esse crescimento é um
processo que leva tempo, mas acontece dia após dia, momento a momento,
enquanto permanecemos em Jesus, como afirma João 15.1-4:

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, es-
tando em mim não dá fruto, ele corta; e todo aquele que dá fruto, ele poda,
para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes
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tenhofalado.Permaneçamemmim,eeupermanecereiemvocês.Nenhum
ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês
também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim.”.

Sendo assim, a Base de Discipulado desenvolve ferramentas que estimulam


esse crescimento através de devocionais, livros, conferências, seminários,
cursos, estudos e retiros, dentre diferentes metodologias de ensino. É também
responsável por apresentar a essência do discipulado pessoal conduzindo
toda a membresia a ter uma vida frutífera e cheia de significado, vivendo
segundo os propósitos de Deus com o objetivo de se tornarem extraordinários
discípulos de Jesus. Exemplo de ministérios ligados à Base de Discipulado:
retiros Inspiração, Satisfação, Rendição e Restauração; Instituto Propósitos de
Ensino; Editora Inspire; cursos Conhecendo Mais a Deus e Fundamentos.

Base de Ministério

Esse propósito foi revelado por Deus através do Grande Mandamento


o qual ensina que amar ao próximo não é uma escolha, mas um dever.

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O objetivo desta base é desenvolver na igreja o coração de servo. Isso
significa que todos devem amar sem parar. Precisamos estar atentos às
necessidades das pessoas identificando onde e como podemos agir para
compartilhar o amor de Deus.

As células exercem um papel fundamental nesse contexto, pois elas devem


estar alinhadas e envolvidas com as dinâmicas dos ministérios, potencia-
lizando as ações e viabilizando a entrega de amor através do seu grupo. Ao
amarmos de forma prática por meio do serviço, nós nos tornamos instrumen-
tos de Deus para que as pessoas sejam tocadas e transformadas por Jesus.

A Base de Ministério ainda é responsável por ajudar as pessoas a criarem


um novo ministério, pois novas necessidades surgem e outras podem desa-
parecer com o tempo. Sendo assim, o ministério permanece enquanto ele
atingir uma necessidade específica dentro da missão que Deus deu à igreja.

Além disso, faz parte das funções desta base o aprimoramento dos minis-
térios como um todo, através de treinamentos, formação de novos líderes,
estabelecimento de padrões de excelência, suporte material, infraestrutura,
divulgação, gestão de voluntários etc. Exemplos de ministérios ligados à
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Base de Ministério: Estacionamento, Fotografia, Recepção e Alimentação.

Base de Missões

Todos são chamados para seguir a Jesus e alcançar vidas. Precisamos viver
missões como um estilo de vida, pois não se pode terceirizar a ação de
alcançar pessoas para Cristo. Somos todos chamados por Jesus, conforme
Mateus 4.19: “E disse Jesus: ‘Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens’”.

Em seu livro Igreja Brasileira com Propósitos, o Pr. Carlito Paes ensina que:

“AIgrejadevedefiniroalvoevangelísticolevandoemconsideraçãofatores
geográficos,demográficos(faixaetária,estadocivil,rendamédia,ocupação
etc.), culturais e espirituais (...). Afinal os sem Igreja não são todos iguais”.

Essa mentalidade é reflexo do ensinamento paulino: “Sejam sábios no pro-


cedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades”
Colossenses 4.5.

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Isso significa que não devemos perder a capacidade de nos comunicar
com o mundo. Por isso, é preciso conversar com as pessoas e descobrir
suas ideias, seus anseios e questionamentos. Se não fizermos as perguntas
certas, não teremos as respostas adequadas e isso, certamente, compromete
o desenvolvimento de uma estratégia eficaz.

Em geral, as pessoas não frequentam encontros cristãos, não porque são


ateus, mas muitas vezes porque a mensagem não lhes alcança o coração. É
importante avaliar se sua célula está preparada para receber todo tipo de
pessoa. Sua célula vive missões como estilo de vida? As pessoas sem-igreja
conseguem se sentir acolhidas nos encontros?

As necessidades das pessoas devem ser o elemento direcionador para as


ações evangelísticas. São tais necessidades que priorizam a ação da igreja
para alcançar pessoas para Jesus, desde que não o façam de qualquer manei-
ra. É preciso desenvolver diferentes estratégias, montar um projeto-piloto,
fazer pesquisa, coletar dados e colocar-se em oração! Exemplos de ministé-
rios ligados à Base de Missões: ABAP, Capelania Hospitalar e Eleve Resgate.

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ALCANÇANDO DIFERENTES IDADES

Para que a mensagem de Jesus chegue a todos, é necessário definir aborda-


gens diferenciadas para as faixas etárias. Em nossa igreja cada faixa etária
tem a sua celebração e cada vez mais novos nichos vão surgindo dentro
delas. Assim, temos as seguintes faixas etárias:

1. Crianças
a. Ignição Baby (0 a 2 anos).
b. Ignição Turmica (2 a 3 anos).
c. Ignição Kids (4 a 8 anos).
d. Ignição Junior (9 a 12 anos).

2. Adolescentes: Eleve Xtreme (13 a 18 anos).

3. Jovens
a. Eleve Livre: solteiros (19 a 29 anos).
b. Eleve UP: solteiros (30+ anos).
c. Eleve A3: recém-casados, namorados e noivos.

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4. Adultos: A3+ casados com filhos e adultos em outras situações
(35 a 60 anos).

5. Terceira Idade: Master (61+ anos).

O alvo das faixas etárias é estimular as pessoas a viverem os cinco propósi-


tos como estilo de vida de acordo com a sua idade. Dessa maneira, dentro da
sua organização interna, cada faixa tem um líder para cada base apresenta-
da acima. Esses líderes devem receber a essência do líder principal da base
na igreja e colocar essa essência em uma linguagem adequada à sua faixa
etária. Por exemplo: o líder da Base de Comunhão da igreja define o conteú-
do e o processo do Batismo na igreja. O líder de Comunhão do Ignição deve
transformar este material para que uma criança apta ao batismo possa com-
preendê-lo. É por isso que temos o Curso de Batismo para Adultos, Juniores,
Adolescentes e Juventude. O material e a mensagem são contextualizados.

Cada faixa etária pode ainda criar ministérios que atendam a demandas
apenas das pessoas de tal idade, como por exemplo, o Acampamento de
Adolescentes Oxigênio. Deve também partir da Visão e Missão da igreja
para desdobrar a sua visão e missão específicas. Por exemplo, a visão da
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igreja é alcançar a todos para Jesus, mas o alvo da juventude é alcançar os
jovens dentro desta visão.

Assim como os adultos recebem cuidados através de ferramentas especifi-


cas, crianças, adolescentes e jovens também recebem cuidados personaliza-
dos. Um exemplo disso é o Celebrando Recuperação, um ministério da Base
de Discipulado que foi adaptado a todas as faixas etárias. Outro exemplo é
o ministério de bandas, uma oportunidade de serviço ministerial presente
em todas as faixas etárias.

O líder de célula precisa estar alinhado com as faixas etárias para que cada
pessoa receba suporte adequado ao crescimento espiritual. Se há jovens
numa célula de adultos, estes devem ser estimulados e encorajados a de-
senvolverem relacionamentos com pessoas da mesma idade em ambientes
promovidos pelo pastor de jovens. O mesmo deve ocorrer com crianças e
adolescentes, pois o líder de célula é chamado para cuidar da família.

Diante disso, onde há uma célula de adultos, estimulamos que tenha


também uma célula para as crianças que receberá o estudo de acordo com
a sua linguagem. Orientamos que a esposa do líder inicie essa célula de

35
crianças e depois poderá desafiar um casal da sua célula para assumir essa
responsabilidade, se assim preferir. Todas as células devem ter não apenas
a casa, mas seus corações abertos ao pastoreio dos menores.

MATRIZ 5x5

A relação entre Bases e Faixas Etárias é chamada de Matriz 5x5. Essa estru-
tura alinha as ações ministeriais; aumenta a unidade da equipe estratégica;
direciona a distribuição dos recursos, pois a igreja investe com equilíbrio
em cada propósito; conduz a gestão de todos os ministérios; mede os re-
sultados perguntando, por exemplo, como cada faixa etária está de acordo
com cada propósito; define os programas conforme a equação: público
alvo + propósito = programa; orienta o planejamento; produz excelência
nas ações ministeriais; e realiza a supervisão de cada ministério ligado às
Bases. Todos os ministérios da igreja estão ligados a pelo menos uma Faixa
Etária e a uma Base. Veja ilustração a seguir:

Figura 2.1: Matriz 5x5 – destaque para a relação entre Adoração e Adolescentes.

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MISSÕES ADORAÇÃO COMUNHÃO DISCIPULADO MINISTÉRIO

Infantil

Adolescentes

Jovens

Adultos

3ª idade

Na intersecção na Matriz 5x5, enquanto a Base foca na essência, a Faixa


Etária foca na forma e em realizar a supervisão de cada ministério ligado à

36
Faixa Etária. A Figura 2.1 ilustra a relação entre a Base de Adoração e a Fai-
xa Etária dos Adolescentes. Enquanto a Base de Adoração define quais são
os sonhos e estratégias do ano para conduzir a igreja para viver adoração
como estilo de vida, a Faixa Etária trabalha para comunicar tal essência
aos adolescentes, neste exemplo.

Assim, entendemos que somos chamados por Deus para ganhar todas as
pessoas para Jesus, e Ele tem nos ensinado muitas coisas nesse caminho.
Louvamos ao Pai por tudo o que Ele tem proporcionado à nossa igreja nes-
se tempo e por poder andar com Ele em Seus maravilhosos planos.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Descreva a Visão, a Missão e os Valores da PIB em SJCampos. Como você


aplica esses elementos no seu dia a dia como membro da PIB?

2. Quais são os elementos básicos na igreja local? Escreva com suas palavras
a relevância desses elementos.

3. Quais são os princípios fundamentais que determinam a ação em nossa


igreja e o nosso jeito de ser igreja local?

4. Qual a diferença entre as bases e as faixas etárias em nossa igreja? Como


elas se relacionam?

5. Quais são as bases relacionadas aos propósitos em nossa igreja? Qual o


objetivo de cada uma delas?

6. O que é a Matriz 5x5?


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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

FIELDS, D. Um ministério com propósitos. São Paulo: Vida, 1999.

MASTON, T.B. A Igreja e o mundo. 3ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1987.

PAES, C.M. Igrejas que prevalecem. 2ª ed. São Paulo: Vida, 2009.

PAES, C.M. Igreja brasileira com propósitos: A explicação que faltava. São
Paulo: Vida, 2012.

WARREN, R. Uma igreja com propósitos. 2ª ed. São Paulo: Vida, 2013.

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LEITURA OBRIGATÓRIA

PAES, C.M. Igreja brasileira com propósitos: A explicação que faltava. São
Paulo: Vida, 2012.

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3. VISÃO GERAL
DE CÉLULAS
A nossa igreja está sempre alinhada com a direção que o Espírito Santo nos
conduz. Por isso, procuramos desenvolver a visão que Deus entregou aos
nossos pastores líderes, Pr. Carlito e Pra. Leila Paes. Esta visão é bíblica e
coerente com os ensinos de Jesus.

Como Paulo bem ilustrou em sua primeira carta aos coríntios, formamos
um corpo de muitos membros: “Ora, assim como o corpo é uma unidade, em-
bora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam
um só corpo, assim também com respeito a Cristo” 1 Coríntios 12.12. Ou seja,
como Igreja, somos o Corpo de Cristo. Este corpo é um organismo vivo,
onde cada membro tem seu lugar e função.

Assim, todo aquele que nasce de novo é inserido nesta estrutura que foi
criada por Deus para um propósito específico. Ele não deixou um membro
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do corpo sequer sem utilidade! Deste modo, todos nós que fazemos parte
da Igreja de Cristo, precisamos descobrir o propósito para o qual fomos
criados e onde devemos estar para que possamos cumpri-lo.

As células, unidades fundamentais de um corpo humano, serão nossa


metáfora para as ministrações nas casas. Quando elas todas se juntam
formam um corpo; quando fazemos os ajuntamentos nos templos, por
exemplo, fazemos parte de um só corpo. Células saudáveis deixam o orga-
nismo saudável!

Nesta disciplina veremos que a célula é um conceito bíblico. Ela promove um


cuidado mais pessoal em nossas casas. Nós compreendemos que este tipo de
cuidado traz vida, pois é um ajuntamento orgânico, que valoriza a presença
de Deus no ambiente e desfruta a vida de Cristo e do Espírito Santo.

Sendo assim, o líder de célula deve estar comprometido e convencido em


seu coração de que a célula é realmente um chamado de Deus para ele nes-
te tempo. Isso o conduzirá a abraçar a visão com segurança a respeito dela
e gerará encontros vivos cheios de unção, onde se busca a revelação da
Palavra e que resultam em impacto e transformação de vida nas pessoas.

40
DEFINIÇÃO DE CÉLULA

Também conhecida pela expressão pequeno grupo, o conceito de célula


tem sido explorado e redefinido por muitos autores. No livro Manual do
líder de célula, Ralph Neighbour Jr. define um pequeno grupo como um
“lugar em que pessoas são evangelizadas, discipuladas, equipadas para ser-
vir; é o lugar em que os membros se edificam mutuamente. O grupo serve
como comunidade em que cristãos podem prestar contas e manter total
transparência entre si” (NEIGHBOUR JR, 2006).

Joel Comiskey, o define como “um grupo de três a quinze pessoas que se en-
contram semanalmente fora dos prédios da igreja com o propósito de evan-
gelismo, comunhão e discipulado, com o alvo da multiplicação do grupo”
(COMISKEY, 2008). Já Paulo Mizoguchi a considera “uma ação estratégica
que nosso Deus planejou para que a eficiência no cuidado mútuo, na integra-
ção e na comunhão fosse algo real em cada membro” (MIZOGUCHI, 2012).
Para ele, a célula “é uma das ferramentas mais eficazes de terapia informal
pessoal, conjugal e familiar dentro da igreja local” (MIZOGUCHI, 2012).

Assim, cremos que a célula é um grupo de alguns membros da igreja,


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juntamente com seus convidados. A principal ação deste grupo é a reunião
regular semanal em uma casa, para evangelizar, estudar a Bíblia, aprofun-
dar o relacionamento com Deus e uns com os outros, além de facilitar o
crescimento em maturidade cristã de cada discípulo de Jesus. Essa reunião
conduzirá as pessoas a viverem saudavelmente os propósitos de Deus ex-
postos em Sua Palavra no Grande Mandamento e na Grande Comissão.

Razões para termos células em nossa igreja:

1. A célula é uma estratégia bíblica.

2. A célula desperta, mobiliza e sustenta o crescimento da igreja.

3. A célula garante o pastoreio intencional e personalizado.

4. A célula é o melhor lugar para a integração e processo de formação


espiritual.

5. A célula não se limita ao ambiente físico do templo.

6. A célula desenvolve um ambiente de aceitação e cura para as crises


no mundo.

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FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA PARA CÉLULAS

A visão das células é bíblica, e é por isso que temos na Palavra de Deus o
respaldo para tudo o que fazemos neste sentido. Traçando uma visão pano-
râmica na Bíblia, podemos perceber aspectos dos grandes e dos pequenos
ajuntamentos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Já na descrição bíblica da natureza de Deus, percebemos que Ele é único,


mas subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ou seja, o
próprio Deus reflete o aspecto da comunidade. Ele é uma trindade que
revela uma triunidade. Ele mesmo tem, por Sua própria natureza e de eter-
nidade a eternidade, vivido nas riquezas que somente existem na comuni-
dade. Aliás, a palavra comunhão só existe onde Deus estiver, pois Ele é a
própria essência disto.

O texto de Gênesis 1.26-27 demonstra esse atributo do Eterno: “Façamos o


homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. (...) Criou Deus o homem
à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (grifo nosso
para demonstrar a pluralidade divina). Se o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm
sempre experimentado deste relacionamento, não deveríamos nós também?
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Ainda no Antigo Testamento, quando Moisés se sentiu cansado, por causa
do peso do trabalho, ele recebeu uma orientação dada por Deus através
de seu sogro que nos lembra das células. Todo o povo deveria ser dividido
em grupos de mil, de cem, de cinquenta e de dez pessoas, cada um com seu
líder, segundo Êxodo 18. Foi uma estratégia aprovada, pois é impossível um
único líder cuidar pessoal e simultaneamente de centenas de pessoas.

O próprio Jesus priorizou um grupo pequeno de pessoas em seu ministério.


E, apesar de ter gasto um tempo considerável ensinando nas sinagogas e ao
ar livre, Jesus deu especial atenção a grupos menores. Ele separou setenta
e os enviou de dois em dois (Lucas 10.1), e isso também aconteceu nas inú-
meras vezes em que ministrou nas casas (Marcos 1.29-34; 2.15; 3.20-34; 7.17;
9.28; Mateus 10.12-14; Lucas 10.5-7).

Foi dentro de algumas casas que o Senhor proferiu alguns dos seus mais
preciosos ensinos e, foi quase sempre dentro de uma casa que Ele falou aos
Seus discípulos os mistérios do Reino dos Céus. Naquele dia em que Jesus
curou um paralítico em Cafarnaum havia muitas pessoas dentro da casa,
ali se ouviu: “Filho, os seus pecados estão perdoados” (Marcos 2.1-12).

42
Na casa de Mateus, o Senhor conversou com pecadores e explicou que não
tinha vindo chamar justos, mas pecadores ao arrependimento (Marcos
2.13-17). Ao ressuscitar a filha de Jairo, Ele o fez na intimidade da casa.
Além disso, foi na casa de Simão, o leproso, que o Senhor predisse a sua
morte (Mateus 26.6-13).

Durante os três primeiros séculos, a igreja não tinha templos. Foi nesse
período que ela experimentou o maior crescimento de sua história. Basi-
camente, os crentes se reuniam nos lares e usavam lugares neutros como
sinagogas e anfiteatros apenas para evangelizar (Atos 2.46).

Naquela primeira pregação de Pedro quase três mil se converteram, de-


monstrando o princípio dos grandes ajuntamentos. Mas como aqueles 120
discípulos reunidos de Atos 2 poderiam cuidar de tantas pessoas? Parte do
segredo é que eles também passaram a se reunir de casa em casa, conforme
Atos 5.42: “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar
e proclamar que Jesus é o Cristo”.

Quando Pedro encontrou Cornélio com a sua família e amigos, houve ali
um fluir natural e espontâneo na forma como eles foram trazidos para o
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Reino de Deus. Tudo isso aconteceu no contexto de uma casa. Essa era a
forma normal de cuidado mútuo para a igreja naqueles dias e que provo-
cava seu crescimento saudável (Atos 10.22-48). O livro de Atos é um livro
que expõe o início da História da Igreja. É interessante perceber muitos
encontros da igreja em grandes ajuntamentos no templo ou em ambientes
públicos, mas também os inúmeros pequenos encontros nas casas.

Os textos de Paulo também revelam essa dinâmica dos grandes e pequenos


encontros: falando aos presbíteros de Éfeso, ele lembra que jamais deixou
de anunciar coisa alguma proveitosa, de ensinar publicamente e também
de casa em casa (Atos 20.20); depois de saírem da prisão, Paulo e Silas fo-
ram à casa de Lídia, onde se encontraram com os irmãos e os encorajaram
(Atos 16.40); a carta que Paulo escreveu para os cristãos de Roma foi escrita
para os irmãos que se reuniam em casas (Romanos 16.3-5); além da Igreja
que havia na casa de Áquila e Priscila, havia também uma igreja na casa de
Aristóbulo e Narciso (Romanos 16.10,11); quando Paulo escreveu uma carta
para seu amigo Filemon, ele mandou saudações para a igreja que estava
na casa dele (Filemon 1.2); em Colossenses 4.15, Paulo saúda os irmãos de
Laodicéia, à Ninfa e à Igreja que ela hospedava em sua casa; escrevendo aos

43
coríntios, Paulo menciona a igreja que se reúne na casa de Áquila e Priscila
(1 Coríntios 16.19). A respeito deste casal é importante dizer que eles inicial-
mente moravam em Roma, onde tinham uma igreja em sua casa. Por causa
de um decreto do imperador romano, todos os judeus foram expulsos de
Roma e eles foram morar em Éfeso onde mais uma vez tiveram uma igreja
em sua casa. Depois se mudaram para Corinto e a história mais uma vez se
repetiu. A vida deles nos mostra que esse era o padrão da Igreja Primitiva: a
igreja ia com as pessoas. O próprio Paulo usou a sua casa como um centro
ministerial próximo ao final de sua vida. Em sua casa alugada ele recebia
a todos e ensinava todos os dias. A igreja nas casas não era uma reunião
temporária, mas uma prática normal da Igreja.

BREVE HISTÓRICO DAS CÉLULAS

Como vimos na seção anterior, as células faziam parte do padrão bíblico para
os encontros entre os crentes viverem as mutualidades cristãs. A Igreja Primi-
tiva viveu essa realidade e difundiu assim o evangelho com muita assertivida-
de. Quando olhamos para a História da Igreja, notamos que a igreja nas casas
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foi desde o início, uma das formas de expressão comum da Igreja Cristã.

Quando o imperador romano Constantino simpatizou com o Cristianismo,


houve uma grande mudança da adoração subterrânea nas catacumbas e
das igrejas nas casas para as catedrais. O primeiro templo foi construído
por Constantino em 323 d.C. Isso significa que durante mais de trezentos
anos a igreja cresceu e conquistou o Império Romano sem precisar dos
templos. Com a mudança provocada pelo imperador, pode-se dizer que a
igreja perdeu um pouco de sua essência orgânica e absorveu uma vulnera-
bilidade para a religiosidade. A igreja nas casas, que tinha sido o símbolo de
comunidade e espiritualidade, desapareceu da estrutura da Igreja.

Depois dessa época, parte do movimento monástico e alguns grupos sec-


tários continuaram com a igreja nas casas como uma atividade paralela.
Na época da Reforma Protestante, a corrente principal da reforma conti-
nuou atada às catedrais, mas os anabatistas, que inicialmente não tinham
prédios, se reuniam em casas para a adoração e crescimento espiritual.
Depois da Reforma, os pietistas se tornaram a expressão mais marcante
da igreja nas casas.

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As células têm sido praticadas em toda a História da Igreja. Um importante
personagem da história da igreja foi João Wesley. Ele criou os chamados
clubes de santidade. Estes se tornaram a base para o movimento metodista.
Wesley trabalhou aproximadamente por 30 anos. Quando ele morreu
havia mais de 27 mil metodistas. Passados 70 anos, um em cada trinta
ingleses era metodista.

As igrejas que mais crescem hoje no mundo são as igrejas que consideram
as células em sua organização. Isso acontece pela ação poderosa do Espí-
rito Santo, que está restaurando a noiva de Cristo, para ter a glória do pri-
meiro século. A maior delas, a Igreja do Evangelho Pleno de Yodo, em Seul,
na Coréia, foi a pioneira a aplicar as células em sua estrutura integral da
igreja. Em 2010 tinha 700 mil pessoas frequentando células. A igreja Elim
em El Salvador possui mais de 150 mil membros e mais de 8 mil células. É
hoje uma das igrejas com células mais influentes no mundo.

No Brasil podemos citar a Igreja da Paz em Santarém e região, com 65


mil membros, todos engajados em células em 2004. Em 2005, Pr. Abe
Huber foi para Fortaleza com 20 casais para implantar uma nova igreja.
Inaugurada em 2006, pouco mais que 7 anos depois a igreja passou para
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7 mil membros. Esta expansão se deu através do cuidado intencional das
células (HUBER, 2011).

Finalmente, nossa igreja também pode ser considerada neste histórico.


Fundada em 1942, a Primeira Igreja Batista em São José dos Campos-SP está
organizada como uma igreja com propósitos e é liderada pelo pastor Carlito
Paes. Ele faz parte da liderança da igreja desde 1997. Possuindo um campus
de 203 mil m2, a igreja está em franca expansão se reunindo em um ambiente
para 2,5 mil pessoas sentadas. Atualmente, a igreja está construindo o audi-
tório principal para 6,5 mil lugares e recebe semanalmente cerca de 10 mil
pessoas nas celebrações de fim de semana. Ela possui mais de 100 ministérios
oferecendo diversas oportunidades de serviço, além de mais de 700 células.

CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS DA PIB

As células têm características específicas em nossa igreja. Não podemos


confundir a célula com um grupo apenas de estudo da Bíblia, ou de oração,
por exemplo. Nada disso é ruim, mas por si só não pode ser chamado de
célula. Dentre suas principais características, podemos destacar:

45
1. Encontro regular: a célula deve ter um local fixo para o encontro,
registrado na igreja em sistema específico.

2. Encontro intencional: todos os encontros devem ser planejados e


direcionados. A Igreja fornece o estudo e ele não deve ser alterado. No
dia do encontro da célula, o líder deve estar em oração preparando o
ambiente para receber as pessoas.

3. Foco no relacionamento através do discipulado: o número de partici-


pantes regulares em uma célula pode variar de 3 e 10 pessoas, permitindo
um relacionamento interpessoal mais íntimo entre os participantes.

4. Objetivo compartilhado: os alvos entre os participantes devem ser


comuns, como o pastoreio compartilhado, a expansão da Igreja, os
relacionamentos pessoais e o desenvolvimento de ministério. Mesmo
com dinâmicas variadas, os propósitos são conhecidos. Todos conhe-
cem, todos participam e, com isso, a missão da igreja com propósitos é
cumprida.

5. Cuidado mútuo: cada pessoa orando uma pela outra, visitando, enco-
rajando, conduzindo em todas as ferramentas de crescimento da igreja.
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6. Valor à honra: lugar onde a liderança espiritual é reconhecida e
honrada. Todos nós somos ovelhas dos nossos pastores Carlito e Leila.

7. Lugar de edificação em Cristo: as pessoas devem ser cada vez mais


parecidas com Cristo, conforme 1 Coríntios 11.1.

VALORES ESSENCIAIS DAS CÉLULAS

As células possuem valores que são essenciais para seu desenvolvimento


saudável e adequado. Sem tais valores, o grupo rapidamente perde o foco
na visão e demonstra sinais de adoecimento. Sendo assim, é preciso que
cada célula desenvolva:

1. Prestação de contas: voluntariamente devemos estar prontos a pres-


tar contas aos nossos discipuladores, para apoio e encorajamento.

2. Evangelismo intencional: cada membro tem o compromisso de ex-


pandir a comunidade de crentes em Jesus. Para isso ele poderá compar-
tilhar sua fé e suas experiências, além de participar da obra missionária

46
visando a expansão do Reino de Deus “até os confins da terra” através
das estratégias que o líder apresentar debaixo da orientação da igreja.

3. Qualidade de apoio: é importante criar um ambiente onde os mem-


bros da célula apoiem-se e cresçam, edificando-se mutuamente em Cristo.

4. União: cada participante deve buscar ser sensível às necessidades,


sentimentos, vida e situações uns dos outros, dentro de um espírito de
união e participação recíproca.

5. Envolvimento: os membros da célula devem dispor seus recursos


pessoais (tempo, atenção, ideias, bem como recursos materiais) para
servirem uns aos outros.

6. Núcleo de amor: a célula deve desenvolver o amor verdadeiro


entre os membros.

7. Objetivos comuns: os membros da célula trabalharão para atingir


objetivos comuns, que sejam bons para todos e para a igreja.

8. Socorro: a célula é um lugar de socorro e apoio ao necessitado, onde


ele possa encontrar refrigério para sua alma, saúde, bem estar emocio-
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nal e espiritual, e também alguma necessidade física quando possível.

9. Garantia de honestidade: para se construir um ambiente de


confiança entre os membros da célula, é preciso que sempre se fale a
verdade, mas em amor.

10. Reprodução: a célula deve crescer e reproduzir-se, levando adiante


o alvo de ter mais e mais pessoas conectadas ao Corpo de Cristo, com o
objetivo de manter o processo de multiplicação saudável e constante.

11. Um lugar de transparência: a transparência nos relacionamentos


promove a honestidade tão necessária para uma boa comunicação.

12. Persistência: os componentes da célula devem permanecer e perse-


verar diante dos desafios e diferenças e buscar a pessoa que porventura
tenha se afastado.

13. Oração: a oração sempre nos lembra do quanto precisamos de Deus,


e também do quanto Deus nos ama e se importa conosco.

14. Sigilo: As confidências serão respeitadas e só divulgadas à liderança


(coordenador e supervisor) quando necessário para auxílio das pessoas.

47
ESTRUTURA DE CÉLULA NA PIB

Atualmente, nossas células estão dispostas em agrupamentos consideran-


do a organização, na tentativa de manter o equilíbrio em termos de volume
de pessoas; e o cuidado, tendo como princípio cada pessoa cuidando dire-
tamente de até cinco pessoas. Este grupo de cuidado direto é denominado
de Grupo de Discipulado Pessoal (GDP), que tem o efeito multiplicativo de
que cada pessoa discipula alguém e é discipulado por alguém. Na discipli-
na cinco terá uma explicação sobre o conceito de discipulado com mais
detalhes de ideias correlacionadas, como o GDP, por exemplo.

Como num sistema em árvore, a estrutura começa de um casal, os


pastores Carlito e Leila, e se ramifica em redes, que se ramificam em
supervisões, que se ramificam em coordenações e que se ramificam em
células (veja Figura 3.1). As redes são quatro: Infanto-Juvenil, Juventude,
Adultos e Igrejas da Cidade. Elas são lideradas pelos pastores de rede que
compõem o GDP dos pastores Carlito e Leila. Cada pastor de rede tem até
cinco supervisões lideradas por um casal de supervisores. Esse grupo de
supervisores é o GDP do pastor de rede. Ou seja, o pastor de rede é disci-

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pulado pelo pastor sênior, mas discipula seus supervisores. Essa dinâmica
se repete em toda a estrutura, conforme Figura 3.2.

Sendo assim, os supervisores cuidam de cinco coordenadores como


discípulos, sendo sempre casais cuidando de casais (veja Figura 3.3). Já
os coordenadores cuidam de cinco líderes de célula ou de coordenadores
aprendizes, também como discípulos (veja Figura 3.4).

Os líderes de célula têm em sua célula uma média de até 10 pessoas. En-
tretanto, seus discípulos diretos serão entre 3 e 4 pessoas, formando o seu
GDP. Se a célula é de casais, a esposa do líder cuida da esposa dos discípu-
los do seu esposo. Esses discípulos cuidam das demais pessoas que estão na
célula, promovendo assim cuidado para todos. Os discípulos recém-chega-
dos e que ainda não possuem discípulos iniciam seu GDP como um Grupo
de Amigos, ou GA. Este é um grupo com foco inicial no evangelismo, mas
que logo se transformará num GDP, multiplicando a visão. O discipulado, o
GDP e o GA na rede Infanto-Juvenil e nas células de adolescentes têm uma
dinâmica diferente que será abordada na disciplina quatro logo a seguir.

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Figura 3.1: Organização da Rede de Células na PIB.
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Figura 3.2: Discipulado pessoal distribuído na rede de células.

49
Figura 3.3: Organização do discipulado na coordenação.

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Figura 3.4: Organização do discipulado na célula.

50
Nas células, um princípio importante é o da homogeneidade. Elas precisam
ter sempre um perfil majoritário. Por exemplo: células de casais, mulheres,
homens ou de jovens. Uma célula de mulheres só poderá acolher mulheres
e uma célula de homens, acolherá apenas homens.

Entretanto, uma célula de casais pode acolher inicialmente um jovem, mas


com a missão de integrá-lo em uma célula da sua faixa etária, para que ele
desenvolva relacionamentos com pessoas de sua idade e possa usufruir de
tudo que a sua rede oferece, sempre usando o bom senso. Mesmo numa
célula de juventude que seja mista, por exemplo, o discipulado só pode
acontecer de homem para homem e de mulher para mulher.

Liderança e funções na rede de células

1. Pastor de Rede: coordena e orienta toda a liderança da sua rede de


células, cuida para que a visão bíblica aconteça de modo saudável em
cada célula e discipula os seus supervisores, ensinando-os a pastore-
ar a rede.

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2. Supervisor de Células: atua junto ao pastor de rede, cooperando
com ele para que o cuidado e orientação para a rede aconteçam;
realiza reuniões com seus coordenadores para alinhar atividades
e planejamento; realiza as entrevistas dos novos líderes e discipula
seus coordenadores.

3. Coordenador de Células: atua junto aos supervisores, cooperando


no cuidado e orientação para as células na realização das propostas e
atividades da igreja; visita cada uma das células de sua coordenação
uma vez a cada dois meses, para cuidado, alinhamento e orientação
dentro da visão da igreja; reúne-se com seus líderes de célula quando
necessário; acompanha eventuais problemas de disciplina e assuntos
de membresia; auxilia na multiplicação de novas células; apoia na
visitação aos membros das células; e discipula seus líderes de célula
apoiando-os em suas necessidades no pastoreio.

4. Líder de Célula: lidera a reunião de sua célula proporcionando que


sejam seguidas as orientações, aplicado o estudo, conduzindo as dis-
cussões e interação com sabedoria e bom senso; comunica claramente
a visão da igreja e sobre todos os ministérios, eventos e serviços para

51
ajudar e esclarecer bem nossas ovelhas; pastoreia os membros de sua
célula; recolhe os alimentos para doação e ajuda aos necessitados; rea-
liza o discipulado com três dos membros de sua célula orientando-os
no discipulado dos demais.

Toda a estrutura de liderança apresentada acima precisa estar semanal-


mente presente no Treinamento Pastoral de Liderança (TPL) e possui um
suporte direto dos pastores de campus e extensões, além dos seguintes
ministérios da igreja: Central de Células, Capelania de Adictos, Capelania
Prisional e Capelania Hospitalar.

SISTEMA COMPUTACIONAL FACEPIB

A organização das redes de células está implementada num sistema


computacional chamado de Facepib ou Eklesia. É através deste sistema
que todas as ações na rede são registradas. Todas as pessoas desde a
sua primeira decisão são cadastradas neste sistema de Banco de Dados
não compartilhado com outras instituições. À medida que a pessoa vai
tomando mais decisões ao longo de sua caminhada, tais decisões vão
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sendo registradas montando um histórico da trajetória de cada pessoa
na igreja, incluindo nas ICs.

Todas as pessoas, exceto os menores de idade, podem acessar o Facepib


pelo endereço eletrônico www.facepib.com.br. Nele, as pessoas podem
atualizar seus dados cadastrais e se matricularem em ações da igreja como
retiros e cursos. Como líder é possível: ter acesso aos contatos das pessoas
da sua célula; fazer a entrevista de batismo; verificar o histórico do que
cada pessoa da célula já fez na igreja; baixar o estudo e outros materiais;
enviar e-mails automaticamente; cadastrar visitantes; e, principalmente,
fazer relatórios da sua célula.

Os coordenadores, supervisores e pastores de rede podem acompanhar


toda a evolução de suas respectivas células, coordenações e supervisões, de
modo hierárquico. A Central de Célula disponibiliza manual e treinamento
do sistema, além de oferecer suporte diário para os líderes.

52
CÉLULAS E ESTAÇÕES

Em nossa igreja usamos da metáfora de quatro estações para a vida anual da


célula, demonstrando um ciclo de saúde e vida orgânica. São elas: Cultivo,
Cuidado, Crescimento e Colheita. Tal ciclo é inspirado nas estações climáti-
cas anuais refletindo o texto bíblico de Ezequiel 34.26-27: “Na estação própria
farei descer chuva; haverá chuvas de bênçãos. As árvores do campo produzirão o
seu fruto, a terra produzirá a sua safra e as ovelhas estarão seguras na terra”.

Cremos que os tempos de Deus são essenciais para a plenitude da igreja,


pois somos um corpo, um organismo vivo e Deus tem um propósito para
nós em cada estação. As estações, além de trazer essa cultura da vida
orgânica natural, também nos remetem de maneira didática à vivência dos
cinco propósitos. Por isso somos uma igreja com propósitos cujo pastoreio
é realizado através das células.

Deus tem nos dado, a cada ano, novos sonhos para que possamos crescer sau-
davelmente, desfrutando da satisfação em Jesus sem parar em cada estação!
Queremos estimular cada líder para, junto com sua célula, viver este grande
momento com muita alegria e disposição para ver o crescimento exponen-
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cial de pessoas transformadas por Jesus. O resultado disso será a abertura
de lares para novas células, um número cada vez maior de pessoas sendo
cuidadas e a capacitação contínua de líderes sempre em ampliação.

Com isso, as estações são ênfases trimestrais com o objetivo de alcançar


maior desempenho das ações em célula. A integração, comunhão e cres-
cimento espiritual acontecem de forma eficaz no ambiente das células,
através dos relacionamentos desenvolvidos. Essas ênfases gerarão um pro-
cesso natural de cultivo, cuidado, crescimento e colheita. Vamos semear e
arar a terra (missões), proteger e cuidar (serviço), fazer crescer e frutificar
(discipulado) e colher os frutos celebrando a multiplicação (adoração) em
um ambiente saudável de intensa comunhão e mutualidade o ano todo
(comunhão). Além disso, tais estações visam também estabelecer uma
comunicação clara e motivadora que impulsione a todos à integração em
célula, pois a expansão da igreja, o alcance de sua visão e o equilíbrio nos
propósitos de Deus dependem e são potencializados pelas células.

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A seguir apresentamos um resumo de cada estação:

Estação do CULTIVO

• ÉPOCA DO ANO: março a maio.

• AÇÕES: arar, semear e germinar.

• PROPÓSITO: missões.

• OBJETIVO: ganhar/alcançar/atrair pessoas para Jesus. São três meses


intensos de ações, estratégias e campanhas envolvendo toda a igreja e
especialmente as células.

Estação do CUIDADO

• ÉPOCA DO ANO: junho a agosto.

• AÇÕES: proteger e desenvolver.

• PROPÓSITO: ministério.

• OBJETIVO: cuidar/consolidar/integrar as pessoas que foram alcan-


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çadas para Jesus. São três meses intensos focados no cuidado e início
da formação espiritual dos novos decididos. A igreja se mobiliza para
servir e suprir as necessidades da comunidade também.

Estação do CRESCIMENTO

• ÉPOCA DO ANO: setembro a novembro.

• AÇÕES: crescer e frutificar.

• PROPÓSITO: discipulado.

• OBJETIVO: discipular/treinar/capacitar as pessoas que foram alcança-


das para Jesus. São três meses intensos de aprendizado, capacitação e
formação espiritual. As células iniciam o discipulado um a um entre
os níveis de liderança. A igreja se mobiliza para fazer o processo de
formação espiritual da PIB em SJCampos, denominado Circuito Vida,
que será abordado na disciplina seis.

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Estação da COLHEITA

• ÉPOCA DO ANO: dezembro a fevereiro.

• AÇÕES: colher e celebrar.

• PROPÓSITO: adoração.

• OBJETIVO: celebrar/colher/enviar as pessoas alcançadas para Jesus.


São três meses intensos de adoração, envio e celebração da multipli-
cação das células. A igreja celebra as multiplicações e acompanha os
novos líderes e frutos colhidos pelas vidas, que agora, estão ganhando
outros ou pastoreando outros.

ESTRUTURA DO ENCONTRO DE CÉLULA

A célula tem como principal atividade o encontro semanal das pessoas.


Este encontro deve ter no máximo a duração de 1 hora e 30 minutos. O
próprio estudo de célula traz orientações a este respeito. Esta estrutura não
pode ser modificada, pois ela foi pensada para que todos tenham o mesmo

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ambiente que caracteriza uma célula da PIB em SJCampos e ICs.

É muito importante ressaltar que a célula é mais do que o encontro sema-


nal. Existe um movimento de cuidado e pastoreio que acontece todos os
dias em estarem juntos na celebração, quando as pessoas vão aos retiros e
cursos, quando se batizam, quando recebem um telefonema no aniversário
etc. Tudo isso é a célula acontecendo, e o encontro semanal é então o fruto
desse movimento. Você precisa ter outros contatos com sua célula. Para
isso, use a tecnologia e as celebrações da igreja.

A reunião da célula não deve ser cansativa, sendo flexível, podendo termi-
nar em no máximo 10 minutos após o tempo estipulado. A abertura deve
ser sempre no horário. O líder deve gerar esse ambiente em oração. Nos
minutos que antecedem a chegada dos membros da célula, orientamos que
o líder não ligue sua TV, mas que prepare a casa para o encontro com uma
música ambiente, por exemplo, já arrumando as cadeiras e a mesa onde
serão servidos os lanches do encontro, logo no início.

O lanche deve durar aproximadamente 30 minutos e deve acontecer logo no


início para conduzir as pessoas a interagirem e conversarem naturalmente.

55
O lanche precisa ser simples e compartilhado, para não sobrecarregar o
líder, nem o hospedeiro. Além disso, os participantes não se sentirão obriga-
dos a oferecerem lanches muito elaborados ao se tornarem líderes. Esse tem-
po de oração agradecendo pela presença, alimento e comunhão acontece no
início da reunião. Isso facilita para quem vai ao encontro direto do trabalho.
Aproveite também este início para dar avisos e dicas dos eventos da igreja.

Em seguida começa o momento do estudo. Durante este tempo, você pode


deixar petiscos disponíveis para as pessoas opcionalmente. O estudo deve
durar no máximo 20 minutos. É uma explanação simples, direta e voltada
para a prática cristã. Nesse momento, os participantes podem anotar suas
dúvidas para o momento de interação realizado ao final do estudo. O mate-
rial para estudo que é fornecido pela igreja nunca pode ser substituído por
outro. Este material é abordado nas reuniões do TPL, onde há a ministra-
ção do estudo para que os líderes o recebam com antecedência.

Após o estudo, acontece por 10 minutos o momento de interação conduzi-


do por perguntas chaves proferidas pelo líder e orientadas no material de
estudo. Caso alguém tenha tido um entendimento errado de algum ponto,
o líder deve corrigir de imediato em amor, conduzindo para a abordagem
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correta exposta no estudo.

Na sequência, vem o momento de pedidos de oração. Esse momento dura


até 10 minutos e pode ser conduzido em duplas, onde pedidos são compar-
tilhados individualmente. Neste caso é importante a orientação de oração
entre pessoas do mesmo sexo ou entre casais casados. Orar em duplas faci-
lita e agiliza o término do encontro. Já na finalização do encontro, a oração
final pode ser realizada com aquele que precisa de um milagre. Deve ser
motivadora e impulsionadora para as pessoas. Elas devem sair do encon-
tro, encorajadas a enfrentarem com disposição mais uma semana.

Finalmente, há dois elementos importantes no encontro de célula: primei-


ro, a cadeira do milagre, onde oramos especificamente por um participante
que precisa de um milagre de Deus. Este se senta na cadeira e os demais
oram por ele. O poder não está na cadeira, mas ela serve como um recurso
didático para as pessoas. Já o segundo elemento é a cadeira vazia. Ela é
um lembrete para todos da necessidade de alcançar mais um para Jesus.
Ao completar as 10 cadeiras da casa há um sinal de que a multiplicação já
deve estar prestes a se concretizar.

56
Estamos aqui porque desejamos alcançar todos para Jesus! Somos uma
igreja que tem clareza do seu chamado e vamos cumpri-lo até que Jesus
volte. Tenha consciência de que quem o chamou foi o próprio Deus. Por-
tanto, submeta-se com alegria a todos os processos para os quais o Senhor
o direcionar. Deixe seu coração sempre focado na abundância, já neste iní-
cio de caminhada, pois por vezes, tudo pode logo dar certo, ou talvez haja
dificuldades no caminho. Tranquilize-se! Estamos todos em um processo
contínuo de aprendizado. Peça ajuda ao seu coordenador, seu discipulador,
supervisor e pastor de rede. Deus e a sua igreja desejam que você alcance
muitos discípulos para o Reino cumprindo a Grande Comissão:

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome


do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os
dias, até a consumação dos séculos. Amém” Mateus 28.19-20.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Qual a definição de célula?

2. Cite algumas bases bíblicas para as células.

3. Destaque as principais características de uma célula

4. Quais as funções de cada um na rede de células?

5. Como funciona o mecanismo de estações e qual a ênfase de cada


uma delas?

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

COMISKEY, J. O grupo pequeno cheio do Espírito. Curitiba: Ministério em


Células, 2008.

HUBER, A. Discipulado um a um. Fortaleza: MDA Publicações, 2011.

MIZOGUCHI, P. As estações de Deus nos pequenos grupos. São José dos


Campos: Inspire, 2012.

NEIGHBOUR JR, R.W. Manual do líder de célula. Curitiba: Ministério em


Células, 2006.

PAES, C. Vivendo as estações de Deus. São José dos Campos: Inspire, 2011.

WIEMAN, R. Manual de primeiros socorros para ministério com peque-


nos grupos. São Paulo: Vida Nova, 2009.

© Editora Inspire

LEITURA OBRIGATÓRIA

MIZOGUCHI, P. As estações de Deus nos pequenos grupos. São José dos


Campos: Inspire, 2012.

WIEMAN, R. Manual de primeiros socorros para ministério com peque-


nos grupos. São Paulo: Vida Nova, 2009.

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4. CÉLULA INFANTIL,
JUNIOR E ADOLESCENTE
Qual desses grupos de palavras você acha que estão mais associadas com
as características de Jesus?

GRUPO 1: cólera, ira, irritação, ódio, enfado, impaciência, repulsa e revolta.

GRUPO 2: benevolência, calma, serenidade e sossego.

O primeiro grupo de palavras contém sinônimos da palavra “indignação” e o


segundo grupo contém seus antônimos. Você consegue imaginar Jesus indig-
nado? A palavra indignação sugere um sentimento de revolta diante de uma
circunstância que demonstra indignidade ou injustiça. A Bíblia nos aponta
algumas circunstâncias em que Jesus demonstrou exatamente esse tipo de
sentimento. Veja alguns exemplos: ao combater a religiosidade, curando no
sábado e gerando um embate contra os fariseus hipócritas; ao combater a
prepotência, proferindo palavras duras contra Pedro, quando este tentou
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dissuadi-lo de seu sacrifício; e ao combater a ganância (Mamom), agindo de
maneira violenta quando expulsa os cambistas de dentro do templo.

Certamente, religiosidade, prepotência e ganância são coisas que desper-


tam a indignação de Jesus. Líderes de célula não devem ter a intenção de
deixar Jesus indignado. Nesta condição de líderes da igreja, geralmente
fazemos de tudo para extirpar a religiosidade, a prepotência e a ganância
de nossa vida e de nossa comunidade.

Entretanto, há outra circunstância na Bíblia na qual Jesus demonstrou uma


indignação tão forte, que no grego, utilizou-se a palavra aganachthos
(agan = forte + achthos = ira, aversão, mágoa) para expressar o sentimento do
Mestre. Essa circunstância está narrada no Evangelho de Marcos 10.13-16:

“Alguns traziam crianças a Jesus para que ele tocasse nelas, mas os discí-
pulos os repreendiam. Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse:
‘Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus
pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: Quem não
receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele’. Em se-
guida, tomou as crianças nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou”.

60
Infelizmente, mesmo depois de 2 mil anos, muitos discípulos de Jesus insis-
tem em cometer o mesmo erro, impedindo crianças e adolescentes de serem
abençoados pelo Mestre! Isso acontece quando um adulto: não dá o exemplo,
criticando os líderes e a igreja, ou seja, com insubmissão, deslealdade e mur-
muração; vive uma vida superficial e religiosa, sendo uma coisa na igreja e
outra em casa, sem considerar que as palavras convencem, mas o exemplo
arrasta; considera as crianças e os adolescentes como uma categoria menor
de crente sem lembrar que Jesus pôs Suas mãos sobre as crianças e disse
que elas possuem características típicas de um cidadão do Reino dos Céus;
considera os ministérios de crianças ou de adolescentes, ministérios de baixo
escalão ao reter os líderes em potencial, considerando que tais ministérios
seja perda de tempo ou uma atividade muito insignificante para si; e coloca
seu conforto, interesse e bens materiais na frente das crianças e dos adoles-
centes, ao se recusar a cuidar deles por serem os “baderneiros”.

Em nossa igreja, o tratamento que dispensamos aos menores é diferente!


É muito significativo o fato de termos um colégio comprometido com a
redenção da educação de nossas crianças e adolescentes. Muitos de nossos
pastores mais estratégicos foram pastores de crianças ou de adolescentes
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em nossa igreja. Além disso, nossa igreja investe para termos a maior estru-
tura de um Ministério Infantil no Brasil.

Como igreja, cremos que o ministério infantil e o ministério de adolescen-


tes não são um espaço para simplesmente “guardar” uma criança ou um
adolescente, enquanto os pais estão no culto ou em outra programação.
Também cremos que tais ministérios não são meramente iscas para atrair
os pais, nem um trampolim para os voluntários se promoverem ministe-
rialmente! Pelo contrário, estes ministérios em nossa igreja têm o compro-
misso de discipular crianças, juniores e adolescentes!

QUEM É A CRIANÇA?

Elas são a igreja do amanhã

É notável o fato de que Deus sempre se preocupou com o ensino das


crianças. Isso é perceptível na História de Israel. Infelizmente, é perceptível
também o fato de que o povo negligenciou essa função e, por causa disso,
contemplamos com horror um povo tão dedicado a Deus ter se corrompido
na geração seguinte e padecer na época dos juízes.

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Deus havia instruído Seu povo a orientar desde cedo seus filhos e o salmis-
ta relembra esse importante ensino:

“O que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram;


Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração
os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez.
Ele decretou estatutos para Jacó, e em Israel estabeleceu a lei, e
ordenou aos nossos antepassados que a ensinassem aos seus filhos, de
modo que a geração seguinte a conhecesse, e também os filhos que ain-
da nasceriam, e eles, por sua vez, contassem aos seus próprios filhos.
Então eles porão a confiança em Deus; não esquecerão os seus feitos e
obedecerão aos seus mandamentos” Salmo 78.3-7.

É triste ver um profeta tão ungido, como o profeta Samuel, ser sucedido
por filhos tão displicentes. Ou, ver o grande e humilde rei Davi, sofrer
pela disputa de poder com seu filho Absalão; ver o sábio rei Salomão ser
sucedido pelo filho, o tolo Roboão; ou ainda, ver o rei Ezequias, tão temente
a Deus, ser sucedido pelo filho Manassés, o pior rei que Judá já teve.

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Mesmo com o passar dos tempos, muitas coisas não mudaram com rela-
ção a essa ruptura entre gerações. Muitas igrejas estão sendo vendidas
na Europa, para se transformarem em hotéis, bares ou cabarés! Isso está
acontecendo, pois uma geração inteira foi perdida e, de alguma forma,
seus pais não fizeram o que o Salmo 78 orienta, indignando o Mestre e
desprezando as crianças!

Onde estarão os grandes homens e mulheres de fé que conduzirão a igreja


de Cristo e revolucionarão o mundo? Todas as semanas, ungimos esses
escolhidos no ventre de suas mães, trocamos as fraldas deles no berçário,
ensinamos princípios bíblicos para a vida deles, cuidamos dos espaços
para que eles desfrutem de um momento gostoso e ímpar nas celebrações e
buscamos para conseguir líderes que os discipulem nas células.

Temos a expectativa de que o nosso teto espiritual, será o assoalho de


nossas crianças! Essa deve ser a percepção de todos com relação às nossas
crianças. Esse não é um ministério qualquer, mas um dos ministérios
de maior importância da igreja! O reino das trevas se organiza com suas
estratégias para arrebatar nossas crianças, porque sabe que deles depende
a renovação dos líderes espirituais da igreja.

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Elas são a igreja de hoje

Entretanto, é um grande erro achar que nossas crianças são apenas a igreja
do amanhã; que poderão fazer grandes coisas no futuro, mas, agora, tudo
que podem fazer é se preparar! Ao contrário, o texto de Atos 2.17-21 nos
mostra que o único requisito para um ser humano fazer coisas grandes,
não é a idade, o gênero ou seu status social, mas se ele possui o Espírito
Santo de Deus! Veja:

“Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos
os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão
visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas
servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
Mostrarei maravilhas em cima no céu e sinais em baixo, na terra,
sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas e a lua
em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!” Atos 2.17-21.

Repare que o texto faz uma aparente inversão: “Os filhos e as filhas profe-
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tizarão!” Parece-nos que seria mais coerente que o autor bíblico dissesse
que os velhos profetizariam, afinal, para muitos, profetizar é algo para
pessoas maduras na fé!

O autor também diz: “os velhos terão sonhos!”. Parece-nos, contudo, que
seria mais coerente dizer que os jovens é quem sonhariam! Afinal, quem
melhor para sonhar do que os jovens, que têm a vida inteira pela frente?
Mas o autor diz que os filhos e as filhas é que profetizariam e os velhos é
que teriam sonhos! Assim, cremos que o Espírito Santo não age de acordo
com a idade, ele simplesmente age!

As crianças não são apenas a igreja do amanhã! Elas são a igreja de hoje!
Elas podem falar em línguas estranhas, curar enfermos, expulsar demônios
e operar grandes sinais e maravilhas através de sua oração!

Aliás, é esse tipo de fruto que temos colhido no ministério infantil de nossa
igreja. Um exemplo é o caso do Vinícius, o menino de 7 anos que doou todo
o seu dinheiro para a construção do novo templo; ou a juniora que orou
pelo primo morto no ventre de sua tia e no nome de Jesus fez a criança
ressuscitar. E isso é só o começo!

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Para que uma criança se desenvolva espiritualmente, basta que os adul-
tos saiam da frente dela! Buscar a Jesus e deleitar-se com sua presença é
algo muito natural para uma criança, mas nós adultos as impedimos com
nossos preconceitos, da mesma forma que os discípulos fizeram, trazen-
do indignação a Jesus!

A criança possui uma fé muito mais apurada que a de um adulto! Não é à


toa que 80% das pessoas que se decidem por Cristo, fazem isso antes dos 15
anos de idade! O problema é que o reino das trevas sabe muito bem como
atuar para impedir que as crianças cheguem até Jesus e nós não cuidamos
delas como deveríamos.

QUEM É O ADOLESCENTE?

No texto bíblico de Lucas 2.40-52 vemos a história de uma pessoa demons-


trando a naturalidade de uma criança e a clareza de um adulto. Trata-se do
adolescente Jesus, que já não seria mais chamado nem tratado como meni-
no. O Mestre passou por essa fase da vida e mais uma vez deixa a importante
lição que é possível agradar ao Pai em todo tempo e de todas as formas.
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A adolescência é um momento de vida muito complexo para todos os seres
humanos. Em geral, são marcados pelas mudanças frequentes, intensas
e necessárias desse período da vida. As evidentes alterações físicas têm
efeitos psicológicos marcantes, e vice-versa. Além disso, as certezas são tão
absolutas como as de um ancião, quanto passageiras como as de um bebê.

O adolescente não é uma criança

Aquele que já chegou à adolescência já deixou para trás algumas carac-


terísticas e posições de criança, e muitas vezes, em estatura, já está do ta-
manho dos adultos. Já não fala mais como criança e não pensa mais como
uma delas, deixando muito do pensamento concreto para o mais abstrato.

O adolescente não é um adulto

Mesmo tendo tamanho e buscando ser tratado como adulto, o adolescen-


te ainda é uma pessoa que carece de supervisão de perto, do qual ainda

64
não se podem esperar comportamentos adultos e tomada de decisão
como se fosse adulto. Ele ainda precisa ser guiado, e ainda precisa de
receber provisão farta para o seu “tanque emocional”, bem como limites
para continuar crescendo rumo a ser um adulto seguro.

O adolescente é autêntico como uma criança

A vontade de dizer a verdade sufoca a polidez e muitas vezes a inconsequên-


cia da infância vence a tentação da rebeldia que logo aparece. No texto bíbli-
co de Lucas 2.49, Jesus respondeu a seus pais com franqueza: “Por que vocês
estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?”.

É por isso que o apóstolo Paulo nos alerta: “... pais não irritem seus filhos”.

O adolescente é brilhante como um adulto

Se você tem um adolescente na sua família, certamente sabe que ele tem
uma característica admirável. Eles costumam ser impressionantes! As
pessoas que têm uma expectativa limitada a respeito deles, normalmente
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são surpreendidas com desempenhos acima da média em compreensão e
aptidão. Veja a reação dos doutores que conversavam com Jesus, confor-
me o texto de Lucas 2.47: “Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com
o seu entendimento e com as suas respostas”.

Alguns dos principais dilemas atuais na adolescência

1. Sexualidade e limites. No Brasil, dados da Pesquisa Nacional de Saúde


do Escolar 2012 (PENSE, 2015), revelaram que 30,5% dos escolares do 9º
ano do ensino fundamental já haviam tido relação sexual alguma vez na
vida. A maior proporção é para os meninos (43,7% do que para as meninas
(18,7%), bem como para aqueles que estudam em escola pública (33,1%)
e com idade acima de 15 anos (47,3%). O uso do preservativo na última
relação sexual foi de 75,9%, e também foi a “camisinha” (74,7%) o método
contraceptivo mais utilizado na última relação sexual. Além disso, essa
pesquisa aborda também um dado interessante nesse sentido: o percentual
de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, cujo(s) respon-
sável(is) sabia(m) o que o escolar fazia durante o tempo livre, nos últimos
30 dias. Na rede pública, 66.8% sabiam e na rede privada, 53.9% sabiam.

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2. Privacidade e uso do celular. A adolescência é uma fase em que a
pessoa começa a aprender a tomar decisões, mas a falta de limites é muito
danosa. Os pais precisam participar das escolhas dos filhos no sentido de
orientá-los em todos os sentidos, como o uso da chave da casa, o acesso a
equipamentos eletrônicos e à Internet, principalmente, quando o filho for
menor de idade.

3. Educação e futuro. Cremos que as escolhas por carreiras podem ser


orientadas, mas devem estar ligadas à aptidão, aos interesses e à fé. Não se
pode decidir uma profissão somente a partir do mercado de trabalho ou
do dinheiro. É importante que se tenha um canal de comunicação entre os
pais e os filhos. Se isso for estabelecido desde a infância, o filho será sábio e
acolherá a instrução do pai (Provérbios 13.1).

NOSSO PRINCIPAL DESAFIO

Nosso maior desafio é ter um número de líderes crescendo proporcional-


mente à necessidade das células. A falta de líderes limita o cuidado e o
crescimento adequado. Além de demonstrar interesse, é preciso que líderes
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dessas faixas etárias possuam algumas características muito importantes:

1. Líderes capacitados para ensinar: além do conhecimento bíblico,


indispensável ao líder de uma célula, o modelo de ensino divino é atual e
eficaz. Há três características que precisam ser a marca de quem ensina
para as crianças e adolescentes:

a. Ensino Divertido: diversão é a chave para o aprendizado! Hoje


a mídia oferece grandes oportunidades de entretenimento e nosso
desafio é fazer a Palavra de Deus muito mais atrativa para a criança
do que a TV ou o videogame! Cuide para que sua casa ofereça um am-
biente divertido para as crianças e adolescentes. É bom lembrar que a
diversão tem um foco muito maior do que meramente atrair a criança
para uma célula, mas também de fixar conceitos e valores de forma
profunda e inesquecível em sua vida.

b. Ensino Criativo: o lúdico é uma parte muito importante para o desen-


volvimento de uma criança! Não devemos extirpar a imaginação delas,
mas saber utilizá-la com prudência para que o ensino encontre grande
força de impacto em sua vida! É necessário que o líder de célula surpreen-

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da a criança a cada encontro; dando vida aos mais loucos sonhos de uma
criança, de uma forma que glorifique a Jesus. No caso dos adolescentes
não é muito diferente, mas há a necessidade de encontrar uma identidade
para o grupo. Isso exige criatividade, pois eles são muito relacionais.

c. Ensino Relevante: o líder precisa falar uma linguagem que seus dis-
cípulos entendam. Uma linguagem conforme a idade de cada um! É por
isso que as células se beneficiam de: divisão etária, de 4 a 8 anos (Kids),
de 9 a 12 anos (Juniores) e de 13 a 18 anos (Adolescentes); e dos gêneros
separados (meninos e meninas) para juniores e adolescentes. No que diz
respeito aos adolescentes, o ambiente da célula é perfeito para respon-
der aos questionamentos básicos e complexos, que normalmente são
feitos simultaneamente. É muito importante ouvi-lo.

2. Líderes que sejam sensíveis aos conflitos da criança e do adolescente:


precisamos de pessoas que tenham a ótica da criança ou do adolescente, ou
pelo menos, que estejam dispostos a desenvolvê-la. Precisamos de homens
e mulheres que: saibam se divertir com o desenho que elas assistem e ex-
trair deles importantes lições espirituais; saibam brincar de bola, videoga-
me e em cada momento aproveitar os conflitos para discipulá-los; saibam
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aconselhar indicações de jogos, filmes e livros, com a devida fundamenta-
ção de sua indicação, principalmente no caso dos adolescentes; entendam
o peso emocional que uma rejeição tem sobre a vida de uma criança, mes-
mo as mais simples, como a de ficar de fora de uma brincadeira; saibam
identificar um coração ferido por trás de cada mau comportamento.

3. Líderes comprometidos: precisamos de pessoas que: amem as crianças


e os adolescentes ao ponto de dedicar suas vidas a elas; saibam que esse
trabalho não pode ser feito de qualquer jeito e possui um peso e relevância
espirituais tremendos para a vida da igreja; estejam dispostas a atender a
ordem de Jesus: “Cuide dos meus cordeiros!” João 21.15

O versículo de João 21.15 foi escolhido para estampar nosso uniforme do


ministério infantil, porque há algumas coisas especiais sobre ele que nos
lembram de nosso compromisso ministerial, perfeitamente aplicável aos
adolescentes:

1. Quem está falando isso? Foi Jesus quem disse “apascenta os meus cor-
deiros”! Antes de qualquer coisa, precisamos lembrar que os cordeiros são
de Jesus! Não são nossos!

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2. Quem são os cordeiros? São os filhotes das ovelhas. Jesus está fazendo
uma referência clara aos mais novos na fé, pois na sequência do versículo
ele fala sobre as ovelhas, fazendo uma distinção entre cordeiros e ovelhas!
É sobre nossos pequenos que ele está falando!

3. Para quem Jesus está falando isso? Para Pedro! Ele exercia uma função
de liderança sobre os demais apóstolos, juntamente com Tiago e João
(Gálatas 2.9). É notável que Jesus tenha deixado essa responsabilidade com
Pedro e não com Maria Madalena ou um discípulo menos influente. Ou
seja, grande é a nossa função que cuidamos dos pequenos.

4. Em que ocasião Jesus está dizendo isso? No momento de cura e recon-


ciliação de Pedro. Após ter negado Jesus três vezes, Pedro teve que declarar
três vezes o seu amor por Cristo. É de se esperar que Jesus respondesse à
sua declaração com um caloroso abraço e um emocionante “eu também
te amo!” Mas, ao invés disso, limitou-se a declarar seu amor com a frase
“cuide dos meus cordeiros!” Jesus estava dando uma nova oportunidade
para Pedro, confiando a ele o que Jesus tinha de mais precioso: os Seus
cordeiros, comprados pelo Seu próprio sangue!

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PERFIL DAS CÉLULAS

Células infantis

Idade: 4-8 anos (mistas).

Local: sempre ligadas a uma célula de adultos.

Líder: responsabilidade da esposa do líder da célula de adultos. Caso a célu-


la de adultos tenha outra pessoa para assumir o cuidado da célula infantil,
ela pode dispor essa pessoa.

Células de juniores

Idade: 9-12 anos (divididas por gênero).

Local: numa célula de adultos ou na casa de um membro adulto da igreja.

Líder: formado no curso Liderança de Célula, mas aperfeiçoado no ministério.

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Células de adolescentes

Idade: 13 a 18 anos (divididas por gênero).

Local: casa de um membro adulto da igreja.

Líder: formado no curso Liderança de Célula, mas aperfeiçoado no ministério.

COMO SE TORNAR UM LÍDER

Uma pessoa com 18 anos ou mais, pode se tornar um líder de crianças, de


juniores ou de adolescentes, seguindo as seguintes etapas abaixo.

Células de crianças e de juniores

1. Entrevista: mediante a recomendação de seus líderes de célula, você


agendará uma entrevista com algum coordenador da rede Infantil.

2. Estágio: o líder passará a atuar como um líder aprendiz em uma célula


já existente, sendo mentoreado por um líder experiente, até que esteja apto
a assumir sua célula.

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Se sua célula possui uma célula de crianças ou de juniores associada, é
preciso cadastrá-la no sistema da igreja, cuidando para que o líder tenha
passado por todas as etapas descritas anteriormente. Caso contrário,
esta célula estará na clandestinidade!

Células de adolescentes

1. Indicação do líder de célula atual.

2. Aprovação no curso Fundamentos.

3. Aprovação no curso Liderança de Célula.

4. Entrevista específica com a supervisão de adolescentes.

PERGUNTAS FREQUENTES

1. Minha célula tem crianças menores de 4 anos. Elas podem participar


da célula infantil? Não, a célula infantil é de 4 a 8 anos, pois o nosso com-
promisso é discipular as crianças e não entretê-las. Uma criança abaixo
dessa idade não compreenderá o que está sendo ministrado e ainda pode

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prejudicar o ensino das outras. É necessário que as células com crianças
menores se organize para desenvolver um trabalho de cuidado com essas
crianças. Nossos líderes da rede infantil não estão autorizados a receber
crianças abaixo de 4 anos.

2. Minha célula tem crianças maiores de 8 anos. Elas podem partici-


par da célula infantil? Não. Contudo, os juniores são muito habilidosos
e podem ser de grande ajuda ao líder no desenvolvimento da célula. Isso
não exime o junior de participar de uma célula de juniores, sendo isso um
requisito para ele servir. Ou seja, ele pode ajudar na célula infantil desde
que esteja frequentando em outro horário uma célula de juniores.

3. Sou esposa do líder de minha célula, mas não tenho habilidade com
crianças, posso terceirizar essa missão? Você pode levantar alguém para
assumir o compromisso de ministrar na célula infantil, mas isso não exime
você de sua responsabilidade que é garantir que a célula infantil aconteça.
Assim, em caso de saída da outra pessoa, a esposa do líder precisa assumir
até providenciar outra pessoa.

4. Tenho um lar hospedeiro e muitos juniores ou adolescentes. Só preci-


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so de um líder para começar o trabalho. O que eu faço? O ministério Igni-
ção e o ministério Xtreme se comprometem a treinar e a capacitar líderes,
mas é importante saber que todos nós somos responsáveis de levantarmos
esses líderes. Na dinâmica das células infantis, de juniores e de adolescen-
tes, não há multiplicação de liderança como acontece nas demais redes.
Hoje temos um grande déficit de líderes!

5. Posso dar qualquer estudo para as crianças? Não! Todas as células


seguem um currículo e é imprescindível que o líder de célula infantil siga
esse currículo.

6. Só mulheres podem ser líderes de células infantis (4-8 anos)? Não! Os


homens são mais do que bem-vindos: são necessários! A figura masculina
precisa estar presente desde cedo nas crianças.

7. Meu marido é o líder da célula de adultos, mas às vezes ele preci-


sa viajar e eu assumo o estudo. Como faço para dar o estudo na célula
infantil quando isso acontece? Assim como acontece na célula de adultos,
é imprescindível que o líder de célula infantil tenha ao seu lado um líder
aprendiz que possa suprir essa necessidade.

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8. Qual é a idade máxima permitida para se trabalhar com células
infantis? 200 anos! Na verdade a terceira idade é muito bem acolhida pelas
crianças e juniores, basta que tenha disposição e esteja sintonizada com os
conflitos dessa geração para aconselhá-los de forma eficaz.

9. Por que uma criança ou um junior não pode assumir uma célula? Não
se trata de capacidade, mas de uma responsabilidade jurídica. É preciso ter
alguém maior de idade que possa assumir a responsabilidade pela célula.
Mas nada impede que, mediante a supervisão de um líder adulto, a criança
ou o junior ministre o estudo em um determinado dia.

As crianças e os adolescentes são por demais preciosos para Jesus e para


nós! Assim, louvamos a Deus pelos líderes que se levantam para pastorear
os pequeninos e o faz com compromisso profundo. Todas as nossas células
precisam ter a preocupação de levantar lideres para as células infantis, de
juniores e de adolescentes. É preciso apoiá-los a fim de que cumpram seu
chamado sem jamais desistir.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Qual a importância de pastorear crianças, juniores e adolescentes?

2. Quem é a criança?

3. Quem é o adolescente?

4. Quais são as características mais importantes esperadas num líder de


célula para crianças, juniores ou adolescentes?

5. Quais são os perfis de células de criança e como elas funcionam?

6. Quais são os perfis de células de juniores e como elas funcionam?

7. Quais são os perfis de células de adolescentes e como elas funcionam?

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

PAES, C.M. Família para sempre. São José dos Campos: Inspire, 2013.

WEBGRAFIA

PENSE. Disponível em:


http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2012.
Acessado em: mar/2015.
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5. PROCESSO DE
DISCIPULADO NA PIB
EM SJCAMPOS

Na perspectiva cristã sobre a experiência humana, há claramente um pro-


pósito definido e pessoal em Deus ter criado o homem. A compreensão de
como podemos desenvolver nossas potencialidades depende da percepção
que temos deste ato criativo de Deus.

O fundamento de nossa concepção acerca da criação está em Hebreus


11.3: “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de
maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”. Este verso,
como todo o texto bíblico, pressupõe o ser de Deus, nos fazendo crer que
Ele é o ser eterno que antecede a toda a criação. Ele não se confunde com
a matéria e ela não é sua extensão. Além disso, este texto nos informa que
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nossa compreensão sobre a criação é dirigida pela fé. Sem fé não podemos
ter uma compreensão adequada de Deus e é pela fé que entendemos que a
criação foi um ato da vontade livre de Deus: não houve pressões externas
nem necessidades internas ou carências que o impulsionaram a criar.

Deus nos fez à Sua imagem, que nos é então intrínseca. Ou seja, só há
humanidade com essa imagem e isso permite um relacionamento pessoal
e consciente com Deus. Desta forma, podemos afirmar que o ser humano é
uma criatura criativa, não oriunda de um processo evolutivo. A existência
humana só foi possível pela vontade e pela intenção divinas.

Assim, compreendemos que a existência humana é dependente de Deus. A


própria ideia de criação nega a independência. Deus desejou e trabalhou
para a nossa existência. Isto significa que não viveríamos sem Ele, já que
tudo vem Dele. Não podemos dar para Ele parte do nosso tempo ou dinhei-
ro, por exemplo, pois tudo é Dele (1 Crônicas 29.14-17)!

Diante desta revelação, discipular pessoas é conduzi-las à compreensão


cristã de vida plena condicionada à dependência de Deus num processo de
crescimento espiritual. O ponto de partida mais inicial reflete uma tenta-

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tiva de vida completamente independente de Deus. Compreendemos este
ponto como o nível do descompromisso para com Deus, seja consciente ou
inconsciente. Com isso, passando por alguns estados gradativos e inter-
mediários de compromisso, o objetivo do discipulado é que os discípulos
restaurem sua intimidade com Deus através de Sua revelação por meio de
Cristo, num nível de profundo compromisso com ele.

Todo processo de discipulado cristão precisa atuar na correção da


distorção do senso de independência para a total dependência de Deus.
Ser cristão, portanto, implica em romper com o destino de alienação e
morte para com Deus, promovido pelo pecado. A vida proveniente disso
encaminhará o cristão a conduzir outras pessoas de um estado de total
descompromisso com Deus numa tentativa desenfreada e inútil de vida
independente, para um compromisso de intimidade, refletindo a inten-
ção original de Deus ao criar o ser humano.

IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO DO DISCIPULADO

Cremos que o discipulado é mais do que obtenção de conhecimento, do que


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um modelo de inspiração, ou de uma busca por mais santidade. Na verda-
de, para nós cristãos, o discipulado é um lindo e natural relacionamento de
amor com nosso Deus.

O relacionamento com Deus tem como fundamento a sua Palavra. É


preciso ensinar através dos princípios bíblicos as pessoas a se tornarem
discípulas de Cristo. Cremos como Josué Campanhã que “discípulos sem
ensino se tornam crentes raquíticos; crentes que não são discípulos se
tornam membros ativistas; discípulos com ensino bíblico transformam o
mundo!” (CAMPANHÃ, 2012).

O discipulado foca na formação espiritual de pessoas. São oportunidades e


estímulos para promover o crescimento que só Cristo pode dar. Isso é crucial
para a vida do cristão. Esse crescimento exige uma mudança de perspectiva
e, muitas vezes, que abramos mão de coisas não prioritárias na vida, do ponto
de vista espiritual. Citando a obra chamada Discipulado de Dietrich Bonhoe-
ffer, Dallas Willard aborda essa necessidade ou “preço a ser pago”, mas enfa-
tiza que “o preço da falta de discipulado é muito mais alto que o preço pago
para andar com Jesus e aprender com ele constantemente” (WILLARD, 2008).

75
Assim, o objetivo do discipulado é que ele aperfeiçoe a todos em sua inte-
gralidade formando o caráter do discípulo; desenvolvendo uma espiritua-
lidade cristocêntrica que privilegia o servir; dando conhecimento bíblico
e teológico essencial; e moldando a liderança através da prática. É ajudar
as pessoas a se tornarem parecidos com Jesus levando-as a desenvolverem
um estilo de vida ao mesmo tempo dinâmico e dependente de Deus, tendo
como produto final pessoas criativas e satisfeitas ao se relacionar com
Deus e depender Dele como fonte de vida. Tal discipulado deve acontecer
em três eixos de formação espiritual: pessoal, através de Cristo agindo na
pessoa e gerando experiências espirituais no desenvolvimento de um ca-
ráter elevado; educacional, através do ensino de conteúdos relevantes à fé
cristã; e relacional, através da interação e do relacionamento com outras
pessoas para a edificação mútua e capacitação ao exercício do ministério.

Eixo pessoal

Algo que é fundamental para um líder é o seu caráter. O caráter molda


os pensamentos, as motivações e as atitudes das pessoas. A definição do
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processo de formação espiritual precisa contemplar instrumentos que con-
frontem o futuro líder nas áreas mais obscuras de seu caráter. O líder pre-
cisa ser conduzido num processo de autodescoberta, onde possa comparar
e corrigir pensamentos, motivações e atitudes através do modelo de Cristo.

Esse processo deve contemplar a integralidade da pessoa. Envolve a sua sexu-


alidade, integridade moral, palavra, autenticidade, suas compulsões, seus re-
lacionamentos pessoais, sua identidade, seu relacionamento com o dinheiro,
sua temperança e seu domínio próprio, confrontando algumas características
negativas como o orgulho, o desânimo, a procrastinação e a preguiça.

Nesse processo de formação é preciso identificar e desenvolver algumas


características de um líder, através do modelo de Cristo. Segundo Paes
(2012), um bom líder é:

1. Trabalhador: enfatiza o serviço.

2. Aprendiz: está sempre disposto a mudar estratégias, desenvolver-se e


ter novas ideias.

3. Corajoso: aceita desafios maiores inerentes a um movimento saudável


que cresce.

76
4. Agregador: entende a importância da equipe e paga o preço pelo traba-
lho em conjunto, percebendo que em equipe se vai mais longe.

5. Consciente de suas fraquezas espirituais: tem claro para si qual é a


sua maior luta.

6. Disponível para uma causa: luta por algo maior que ele mesmo.

7. Conhecedor da renúncia: segue o exemplo dos discípulos quando


foram convidados por Jesus.

Finalmente, para atingir o objetivo de formar adequadamente o caráter do fu-


turo líder, podem-se usar instrumentos de ensino com conteúdos específicos
tratando desses assuntos. Além disso, podem ser usadas ministrações específi-
cas gerando oportunidades de crescimento da fé, oportunidades de confron-
tação individual com um mentor ou discipulador; e ocasiões de interação
com pessoas que já superaram suas deficiências em seu caráter e com pessoas
que estão no início do processo, para que ocorra o estímulo aos outros.

Eixo educacional
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Ao decidir ser discípulo de Jesus, a pessoa traz consigo uma história de
vida. Algumas pessoas tiveram um envolvimento com a religiosidade, com
pecados escravizadores ou até com demônios. Outras se envolveram ilici-
tamente com outras pessoas através da sexualidade promíscua, alianças
comerciais ilegais, conchavos políticos etc. Além disso, há aquelas pessoas
que tiveram um ensino antibíblico ou anticristão.

A formação espiritual do discípulo deve contemplar instrumentos de


ensino que abordem o ensino bíblico readequando sua formação espiritual.
Assim como na formação do caráter, é preciso oferecer oportunidades de
ministrações em diferentes níveis e o acompanhamento através de seu dis-
cipulador. Além disso, é preciso ter instrumentos que permitam a forma-
ção espiritual mútua através da interação com outras pessoas.

A aplicação desses instrumentos para formação espiritual pode ser


variada. Retiros espirituais específicos são excelentes ferramentas para
o ensino de maneira mais dinâmica, fortalecendo os conceitos aplicados
através de uma programação bem planejada e focada. Outra maneira de
aplicar tais instrumentos são os programas de apoio, onde o discípulo

77
pode ser confrontado e ter um espaço para expor suas lutas e seu dia a
dia. Além disso, é possível fazer uso dos Grupos de Discipulado Pessoal
(GDP1), que abrem espaço para o discipulado um a um, para o ensino-
-aprendizagem num nível mais pessoal e para a confrontação e prestação
de contas. O discipulado um a um é uma ferramenta muito eficiente, pois
fomenta essa formação no individual e abre espaço para o desenvolvi-
mento de uma espiritualidade autêntica.

O processo de formação de um discípulo precisa oferecer oportunidades de


ensino bíblico e teológico em diferentes níveis. Desde os primeiros dias na
comunidade, o discípulo deve receber um ensino bíblico e sistemático de
maneira progressiva. Segundo Warren (2008), “os cristãos irão crescer mais
rápido se você lhes designar uma trilha a ser por eles percorrida”.

Tal ensino deve conter níveis de aprofundamento adequados a cada está-


gio do desenvolvimento do discípulo. Precisa contemplar as demandas e as
diferenças das faixas-etárias. Quanto ao conteúdo, deve abordar o estudo
bíblico sistemático, contemplando as doutrinas da fé cristã, o estudo
bíblico panorâmico (por exemplo, na análise de um livro bíblico ou até
mesmo do Antigo ou do Novo Testamento) e o estudo temático específico
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de acordo com sua relevância e importância.

Além do estudo bíblico, a formação teológica sólida deve fazer parte dessa
formação de discípulos abordando a História da Igreja; as técnicas de inter-
pretação da bíblia; as diferentes teologias, e o treinamento para a reflexão
teológica e a prática do ministério.

Este eixo de formação está organizado na prática no que denominamos de


Circuito Vida (CV). Este circuito de ações demarca o avanço das pessoas
nos Estados de Compromisso com Deus2 do cristão e está apresentado em
mais detalhes no capítulo a seguir.

Eixo relacional

O desenvolvimento do discípulo neste eixo se dá principalmente através da


célula. Como vimos nos Capítulos 3 e 4, a célula é um grupo de até 10 pesso-
as que decidem caminhar juntas na fé cristã. São pessoas que edificam-se
mutuamente através de um relacionamento saudável e inspirador, vivendo
os cinco propósitos bíblicos como estilo de vida.

1
Este conceito será explicado na próxima subseção.
78
2
O conceito de Estados de Compromisso com Deus será apresentado mais
à frente neste capítulo.
Além do contexto da célula, como igreja, o nosso alvo central é o discipu-
lado um a um. Cremos que discipular é fazer uma transferência da vida
de Jesus para alguém e o discipulador é um instrumento de transferên-
cia. O discípulo aprende vendo, ouvindo, perguntando e praticando. O
discipulador ensina em todo o tempo, em todo o lugar, com a vida e com
a Palavra de Deus.

A essência do discipulado de Jesus entre os seus discípulos foi uma profun-


da e completa ministração na vida deles, através de relacionamento, vivên-
cia e exemplo. Seguindo o seu exemplo, queremos proporcionar a vivência
dessa experiência entre nós, debaixo da estrita condução do Espirito Santo
de Deus para cada passo.

Na prática, isso acontece em nossa igreja através do Discipulado Pessoal


(DP). Todas as pessoas são estimuladas a serem discípulos e a terem
discípulos. Como foi apresentado no Capítulo 3, essa ação começa no
membro e no líder de célula sendo estimulados a terem, pelo menos, três
discípulos cada um no contexto da própria célula, inclusive inserindo
pessoas novas no grupo, fazendo-o crescer. Além disso, essa relação do
DP está aplicada na própria estrutura celular em rede. Por exemplo: um
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líder de célula é naturalmente discípulo de seu coordenador e é o disci-
pulador de membros de sua célula. Isso está organizado em toda a rede
de célula de modo que todos discipulem e sejam discipulados. O conjun-
to de discípulos de alguém neste contexto é o que chamamos de Grupo
de Discipulado Pessoal ou GDP.

Por meio do GDP, promovemos o cuidado pastoral pessoal e intencional,


um a um. Nele, um discípulo é apoiado por um discipulador, que, por sua
vez também é acompanhado por outra pessoa. Toda essa ação visa o de-
senvolvimento natural e sustentável de novos discípulos, conforme Lucas
6.40: “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem
preparado será como o seu mestre”.

Assim, tanto como discipuladores quanto como discípulos, continuare-


mos sempre aprendizes do Mestre Jesus, servos uns dos outros na igreja
e missionários na sociedade. Estaremos sempre focados a ter um coração
cheio de amor a Deus. Cada um fazendo sua parte e crescendo em tudo,
fortaleceremos nossa rede de células e nos tornaremos uma grande igreja,
que independentemente do número crescente de membros, será uma igreja
saudável em que todos crescem, cuidam e são cuidados!

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DISCÍPULOS E DISCIPULADORES

Nesta estrutura de discipulado um a um baseado no contexto da rede de


células, tanto os discípulos, quanto os discipuladores possuem caracterís-
ticas que enfatizam cada condição. A seguir, apresentamos características
esperadas nos discípulos e nos discipuladores de nossa igreja.

Características do discípulo

1. Aceitou a Jesus e foi batizado.

2. Está empenhado em conhecer Jesus por meio da leitura da Palavra de


Deus todos os dias.

3. Ora diariamente ao Senhor Jesus.

4. Busca conhecer o Espírito Santo de Deus e tornar-se seu amigo.

5. Participa ativamente das celebrações da igreja, pelo menos uma por se-
mana, ouvindo de Deus e, também, retribuindo seu amor com entrega
e devoção.

6. Participa ativamente do Circuito Vida, cumprindo as etapas e experi-


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ências de crescimento espiritual.

7. Procura participar das campanhas da igreja, lendo os devocionais e prati-


cando em unidade com ela as disciplinas espirituais do voto e do jejum.

8. Participa de uma célula de nossa igreja.

9. Recebe a indicação de quem será seu discipulador e inicia um relacio-


namento de amizade, vida na vida, com ele.

10. Busca conhecer seu discipulador, ouvi-lo e compreender o que Deus


está dizendo por meio da vida dele.

11. Pergunta sempre que tem dúvidas sobre a fé ou sobre algum assunto
relacionado à igreja e à vida com Jesus.

12. Procura intencionalmente estar com seu discipulador com regulari-


dade, acompanhando-o em atividades quando for possível e marcan-
do momentos em que possam orar e conversar.

13. Procura prestar contas de seu viver, buscando ajuda para ouvir a voz
de Deus, entender Sua vontade e cumpri-la.

80
14. Caso encontre em seu discipulador alguma discordância de conduta
ou orientação com o que está na Palavra de Deus, busca falar com o
supervisor ou coordenador dele e, se não for possível, com um dos
pastores da igreja.

15. Busca ser fiel mordomo das finanças, sendo fiel dizimista e generoso
ofertante na casa de Deus.

Características do discipulador

1. Decide crescer em seu relacionamento com Jesus com empenho.

2. É um líder comprometido com a visão e a missão da igreja.

3. É um discípulo fiel, dizimista, ofertante e primiciador na casa do Se-


nhor.

4. É um exemplo de vida cristã, vivendo como Jesus viveria em todas as


circunstâncias.

5. Continuamente está crescendo em seu relacionamento de amizade e


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apoio com seu discípulo.

6. Pratica as disciplinas espirituais e se inclui nos movimentos espirituais


que o Senhor traz para a igreja, como campanhas, jejuns e leituras em
unidade.

7. Recebe seus discípulos e procura conhecê-los, desenvolvendo um


relacionamento de amizade, apoio e crescimento. Aponta sempre para
Jesus, para a Sua vida e Seu modo de viver, orientando o discípulo a
sempre agir desta forma, corrigindo-o em amor, quando necessário.

8. Fornece apoio para o crescimento espiritual de seu discípulo, indican-


do ferramentas e conduzindo-o por meio do Circuito Vida.

9. Fornece os meios para que o discípulo o encontre sempre que precisar


de orientação e oração.

10. Busca a ajuda de seu discipulador ou líder imediato na rede de célu-


las para situações que fogem à sua alçada.

11. Está disponível para orientar e apontar para Jesus no que diz respeito
ao viver de seu discípulo, mas não o controla, não abusa de sua

81
autoridade, muito menos ordena ou exige. O discipulador explica,
ensina e aponta para Jesus.

12. Está atento para não causar aparência do mal em nenhuma situação,
nem um mau testemunho público.

13. Ouve a Deus com extremo zelo e perseverança, a fim de orientar sem-
pre de acordo com o que Deus diz e não de acordo com seu próprio
entendimento.

14. Inclui o discípulo em atividades de crescimento espiritual e em lide-


rança junto consigo.

15. Está atento a sinais de dificuldades ou problemas na vida do discípulo


e procura ajudar com graça, sabedoria e perseverança.

16. Está sempre pronto para servir, com “sua toalha e sua bacia”.

17. Entendeu a orientação bíblica dada pela igreja sobre paternidade


espiritual.

18. Está sempre atento a ter sua vida financeira em dia diante de Deus e
da sociedade.
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Princípios do GDP

A ação do discipulador com seu GDP está sintetizada em quatro grandes


princípios, presentes inclusive no seu logotipo (ver a Figura 5.1). São elas:
cobertura espiritual, encorajamento, prestação de contas e ministério.

Figura 5.1: Logo do Grupo


de Discipulado Pessoal.

82
1. Cobertura espiritual: a proteção acontece física, emocional e espiritu-
almente. Um discipulador precisa prezar por seu discípulo, antevendo
situações perigosas e cercando-o de cuidado e proteção.

2. Encorajamento: precisa haver, da parte do discipulador, esforço para


ajudar o discípulo a manter o curso e viver tudo o que Jesus ensina nas
diferentes atividades que envolvem o discípulo sejam em ambientes
relacionais, profissionais ou ministeriais.

3. Prestação de contas: entendendo que, como o discípulo terá um nível


alto de cuidado, acompanhamento e suporte, este precisará ser o mais
sincero e transparente possível, a ponto de confessar seus pecados e
pedir ajuda nas tentações, para evitar recaídas.

4. Ministério: um discipulador sempre precisa ter em mente que ele serve


a seu discípulo. Ele precisa assim proteger seu coração dos abusos de
liderança e evitar que o discípulo tenha obrigação de prestar um serviço
além do que o Espírito Santo direcionar. Assim, o discipulador também
dá ao discípulo o exemplo de como proceder com seus futuros discípulos.

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ESTADOS DE COMPROMISSO COM DEUS

Após compreendermos a importância do discipulado na vida de um cristão


e como se dá a relação entre discipuladores e discípulos no contexto da
célula e do GDP, é preciso expor aquilo que entendemos biblicamente
como os Estados de Compromisso com Deus, alcançados através de passos
gradativos no processo do discipulado. Cada estado reflete a condição atual
da pessoa em relação a Deus, à igreja e à fé cristã.

Portanto, o objetivo do processo de discipulado é conduzir pessoas de uma


condição de total descompromisso com Deus, para o estado de maior com-
promisso com Deus, que é se relacionar com Ele em intimidade. O processo
está ilustrado pela Figura 5.2. Ele tem o formato de círculos concêntricos
imersos na condição de descompromisso para denotar a ideia de que viver
em intimidade deve ser o objetivo de nossa caminhada de fé, refletindo o
centro da vontade de Deus em abandonarmos as trevas e caminharmos
em direção à plenitude da verdade. As ferramentas para a execução deste
processo estão contidas no Circuito Vida, apresentado no Capítulo 6.

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Figura 5.2: Estados de Compromisso com Deus.

Conforme abordamos no início do capítulo, a tentativa insana de viver


independente de Deus reflete a realidade vivida por grande parte da
sociedade hoje, numa condição de total descompromisso bíblico com
Deus. Tal condição abrange desde pessoas desacreditadas em Deus, pessoas
que acreditam em outras “divindades” e ainda pessoas que possuem uma
perspectiva completamente diferente do Deus crido através dos princípios
bíblicos e professado pela fé cristã evangélica.

Portanto, consciente ou inconscientemente, há nesta condição uma falta


de percepção, seja pelo entendimento e ou pela experiência, acerca da
ação e do relacionamento com Deus através do Espírito Santo. Entretan-
to, como igreja, queremos ser um povo que é comprometido com Deus até
as ultimas consequências. Esse compromisso abrange aquilo que Deus
ama: Sua Igreja e as pessoas.

84
Assim, nosso papel como igreja é ajudar as pessoas a se relacionarem com
Deus num nível profundo de intimidade com Ele. Em nossa percepção bí-
blica, esse processo pode ser organizado em cinco estados de compromisso.
Veja a seguir (as ferramentas oferecidas pelo Circuito Vida em cada estado
serão apresentadas no Capítulo 6).

Primeiro Estado de Compromisso com Deus: ENCONTRO

Este círculo refere-se a todas as pessoas que, embora estejam em nossa ci-
dade e circunvizinhança, não estão em uma igreja, nem tomaram nenhum
posicionamento espiritual positivo a respeito do Deus que cremos descrito
na Bíblia. Mesmo assim, elas já são alvo de nossas orações e estratégias
evangelísticas.

Por causa da presença de Deus e de Seu povo é possível que tais pessoas
venham a começar um compromisso, que nasce no conhecimento e no
relacionamento com Deus. Assim, um encontro com Deus acontece e elas
vão se deparar com um Deus de amor que se importa com elas. Sua visão
de mundo muda e elas passam para uma realidade espiritual de vida e de
esperança. © Editora Inspire
Características deste estado:

1. Público-alvo: pessoas sem compromisso declarado com o Deus que cre-


mos revelado plenamente em Cristo.

2. Objetivo: falar do amor de Jesus e fazer a igreja conhecida, como um


lugar de fé, esperança e amor.

3. Estratégias: atingir pessoas sem compromisso, mas que estão ansiando


por libertação, cura, paz e conhecimento de Deus, mesmo sem querer
estar numa igreja. É preciso apresentar um caminho para que o encon-
tro com Deus aconteça genuinamente. O propósito mais evidente neste
estado é o de Missões.

Segundo Estado de Compromisso com Deus: CONVIVÊNCIA

Este nível é formado por pessoas que tomaram a decisão por Cristo, foram
impactadas pelo convencimento do Espírito Santo e passaram a ser chama-

85
das de filhos de Deus. Entretanto, tais pessoas ainda não têm um compro-
misso com a igreja local. Elas recebem a essência da família de Cristo, mas
apenas frequentam as celebrações ou as células. Em geral, participam na
adoração, nos louvores e nas intercessões. Estão interessadas pela paz e
pela alegria que experimentamos nos ambientes de celebração. Também
percebem a igreja como um novo lugar para se estar e a cada dia vão se
vendo mais apaixonadas por ela, embora ainda apresente resistências e
ressalvas para com um maior envolvimento.

Características deste estado:

1. Público-alvo: pessoas ainda sem compromisso com a igreja.

2. Objetivo: revelar a importância em ser Igreja de Cristo e como ela é rele-


vante para cada pessoa.

3. Estratégia: trabalhar para que esta pessoa perceba na igreja um ambien-


te de cuidado. Para que um convívio passe a acontecer a fim de que ela
cresça e se fortaleça, precisamos considerar os interesses e as necessida-
des, a fim de que a pessoa seja levada a ligar-se à igreja local. O propósito
mais evidente neste estado é o de Adoração.
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Terceiro Estado de Compromisso com Deus: RELACIONAMENTO

Este estágio abrange as pessoas que decidiram ou estão por decidir a se


tornar membros da igreja local. Tais pessoas entenderam que esta é a igreja
que Deus tem para elas, se adequaram à visão, ao estilo e ao jeito de ser da
igreja, mas ainda não firmaram um compromisso maior de estar em célula
ou servir em algum ministério.

Características deste estado:

1. Público-alvo: membros que precisam fortalecer seu compromisso com a


igreja local.

2. Objetivo: trazer para o coração desta pessoa que, uma vez que ela faz
parte desta família espiritual, é necessário que ela se permita ser cuidada.
Além disso, é importante ressaltar a importância dela quanto a servir e a
atuar com seus dons e talentos na edificação do corpo de Cristo.

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3. Estratégia: instruir a pessoa a desenvolver seu papel dentro da igreja
e tomar uma decisão de começar a crescer e ser cuidada. O propósito
mais evidente neste estado é o de Comunhão.

Quarto Estado de Compromisso com Deus: DOAÇÃO

Neste círculo temos pessoas que acabaram por decidir tanto estar em célu-
las, quanto servir em ministérios. Saíram das “arquibancadas” e decidiram
“jogar”. Seu compromisso agora está totalmente alinhado com a visão
da igreja local e passam do estágio de membro para discípulo. Há uma
demonstração do desejo e do chamado para cuidar de outros, podendo se
tornar um líder de ministérios e/ou de células.

Características deste estado:

1. Público-alvo: membros que estão se tornando discípulos.

2. Objetivo: que cada membro saiba seu papel no corpo através de cuidado
e direcionamentos, preparando-se servir e para cuidar de outros.

3. Estratégia: um cuidado intensivo, específico para solidificar sua identi-


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dade em Cristo e sua função no Reino. O propósito mais evidente neste
estado é o de Ministério.

Quinto Estado de Compromisso com Deus: INTIMIDADE

Chegamos ao núcleo dos Círculos Concêntricos. Neste estado percebere-


mos não só o grau máximo de compromisso com Deus e com a igreja, mas
também a essência amplamente entendida da presença do Espírito Santo
de Deus. Neste nível, o discípulo caminha de forma natural para uma
profundidade espiritual, chegando cada vez mais a níveis mais sólidos de
maturidade espiritual. Agora ele é discipulado bem de perto e já tem um
grupo de discípulos dos quais cuida.

Características deste estado:

1. Público-alvo: cristãos vivendo o discípulo como estilo de vida.

2. Objetivo: cada membro sendo discipulado, se tornando um discipulador


e vivendo com uma linda e profunda intimidade com o Senhor a ponto
de poder caminhar segundo a vontade de Deus.

87
3. Estratégias: apoiar e potencializar a prática de um caminhar natural
de discípulos maduros com Deus por si só. O propósito mais evidente
neste estado é o de Discipulado.

O discipulado é uma caminhada. Em cada etapa conhecemos, recebemos,


vencemos obstáculos e nos tornamos capazes de ajudar a outros a percor-
rer o mesmo caminho. Esse percurso nos traz, de maneira muito preciosa,
o que precisamos para a próxima etapa, de modo que a maturidade nos
transforma para melhor. A sabedoria da parte de Deus vai se transforman-
do em companheira para cada momento. Deus, na Sua bondade, preparou
tudo para que pudéssemos trilhar esse caminho, em nossa igreja, com
suporte. Assim vamos trabalhar para que todos aos quais tivermos acesso o
façam e desfrutem de todos esses presentes do Pai para nós.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Qual a importância de um processo de discipulado para o ser humano?

2. Como podemos definir o discipulado?

3. Quais são os três eixos de formação espiritual em nossa igreja?

4. Como se dá o discipulado pessoal na prática em nossa igreja?

5. Cite ao menos cinco características de um discípulo e de um discipulador.

6. O que é o GDP? Quais são seus princípios?

7. Quais são os Estados de Compromisso com Deus? Explique como eles


podem contribuir para alcançar o objetivo do discipulado em conduzir
as pessoas à completa intimidade e dependência de Deus.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

CAMPANHÃ, J. Discipulado que transforma. São Paulo: Hagnos, 2012.

PAES, C.M. Igreja brasileira com propósitos: A explicação que faltava. São
Paulo: Vida, 2012.

WARREN, R. Uma igreja com propósitos. 2ª edição. São Paulo: Vida. 2008.

WILLARD, D. A grande omissão. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

LEITURA OBRIGATÓRIA
© Editora Inspire
WELLS, M. Discipulado celestial. Santo Amaro: Abba Press, 2007.

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6. CIRCUITO VIDA

O Circuito Vida (CV) é um conjunto de ações propostas como ferramentas


para a igreja com o intuito de motivar o crescimento espiritual às pessoas.
Tais ações fornecem a estrutura de ensino e ministração necessária para o
desenvolvimento e a maturidade cristã. Assim, o CV contribui na formação
dos discípulos ao longo de sua caminhada com Cristo, conduzindo-os para
serem discipuladores, líderes de célula e de ministérios, cumprindo cada
um saudavelmente seu chamado ministerial.

Portanto, o CV se propõe a oferecer ensino bíblico e ferramentas para a


transformação de vidas, de maneira criativa, contextualizada e eficaz.
Cremos que os elementos do CV promovem uma vida integral e saudável
formando uma espiritualidade sadia. Por isso, a expressão “Vida”, pois
o objetivo final é que todos tenham vida plena e abundante. Além disso,
acreditamos que aqueles que percorrerem o caminho de alcançar uma vida
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de intimidade com Deus através do Espírito Santo, continuarão crescendo
nesta intimidade ao conduzir pessoas pelo mesmo caminho que percorreu.
Por isso, a expressão “Circuito”.

Assim, cada pessoa de nossa comunidade é estimulada a cumprir o CV para:


ser ministrada conforme a visão de nossa igreja; aprender mais sobre o cha-
mado de Deus em nossa comunidade; avançar desde o estado de completo
descompromisso com Deus até o estado de compromisso de intimidade
com Deus; conhecer mais sobre a Bíblia e a fé cristã; servir melhor em sua
atuação pastoral ou ministerial; e conduzir pessoas pelo mesmo caminho de
crescimento. Para um líder de célula, estar nesse caminho é fundamental,
pois o CV pode ser muito útil no acompanhamento de seus discípulos.

Como abordado no capítulo anterior, os conteúdos para a formação es-


piritual de discípulos são fundamentais em seu processo de discipulado.
Tal processo se inicia para uma pessoa com sua decisão em ser cristão.
O novo cristão é tido biblicamente como um filho recém-nascido que
inspira cuidados para seu crescimento. A orientação divina a Israel foi
muito enfática na formação dos filhos: “Que todas as palavras que hoje lhe

92
ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Con-
verse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo
caminho, quando se deitar e se levantar” Deuteronômio 6.6-7.

Decidir se tornar cristão implica numa nova vida para quem o faz. A igreja
local tem um papel fundamental no cuidado dos que passaram pelo novo
nascimento. Ela precisa investir no crescimento das pessoas através do
ensino. De certo modo, a igreja local está reeducando um povo. Segundo
Lawrence Richards (1983), a “comunidade cristã torna-se um todo dinâmi-
co, transformador, ajudador e educador mútuo”. A igreja deve, portanto,
extrapolar o conceito tradicional de educação, onde o objetivo é apenas a
transferência de informações entre o mestre e o aluno. Todo processo de
formação espiritual precisa incluir conteúdos atitudinais, conceituais, fac-
tuais e procedimentais em todas as formas de ensinar (RICHARDS, 1983).

A formação espiritual, numa igreja saudável que cresce, passa inexoravelmen-


te por um processo de discipulado abrangente. Esse discipulado é a base para
a difusão da visão da igreja, pois ao discipular corretamente um novo decidido
ele vai reproduzir com eficiência esta visão e se tornar apto a expandi-la.

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COMO DISCIPULAR PESSOAS

Antes de passar qualquer informação sobre cursos, retiros ou programas,


o discipulador deve sempre verificar em qual situação a pessoa está na
igreja e qual a sua necessidade imediata. Ela é um novo decidido? Já é
membro? Está numa célula? Em qual estado de compromisso ela se en-
contra? Além disso, é importante considerar o perfil da pessoa: sua idade
e sua agenda no momento. Quanto mais considerar essas questões, mais
assertiva será a ação do discipulador.

É vital que não se tenha pressa no discipulado. Como discipulador é


importante apresentar as possibilidades para o discípulo. Mas também
é fundamental que o ensine o valor da disciplina, da perseverança e da
paciência. Em geral somos movidos pela ação. Isso muitas vezes atrapa-
lha o agir de Deus em nós através da solitude e dos processos gradativos.
Em qualquer momento é importante sempre falar da célula, que é o local
mais apropriado para ela receber cuidado e orientação em sua caminha-
da de relacionamento com Cristo.

93
Além disso, é preciso evitar o uso de siglas. Pessoas novas na igreja não
conhecem sua dinâmica e nem a sua linguagem. Não se pode focar no que
ela não fez ou em quanto tempo ela está sem participar de algo. É preciso ser
positivo: valorizar a decisão de hoje e o que ela pode aproveitar de agora em
diante. É ter sensibilidade ao que o Espírito Santo está fazendo na vida dela.

Um bom discipulador ou líder jamais deve estimular que a pessoa pule


etapas. Tudo tem seu tempo e seu pré-requisito. Em seu ritmo, o discípulo
participará de tudo e dará muitos frutos. Os pré-requisitos não são impe-
dimentos, mas direcionamentos dados pela liderança de nossa igreja para
que ele se desenvolva da maneira mais saudável e protegida possível. Tudo
o que nossa liderança planeja e desenvolve tem por objetivo disponibilizar
o melhor de Deus para a vida de todos que frequentam nossa igreja. Tudo é
feito com muito amor, carinho e cuidado.

ESTRUTURA DE APOIO AO DISCIPULADO

Todo o processo de discipulado precisa de uma estrutura de apoio. Promo-


ver cursos, retiros e ministrações específicas requer o devido planejamento
© Editora Inspire
e espaço físico. A seguir, apresentamos aquilo que Deus foi nos concedendo
de modo especial para viabilizar a visão.

Acampib

O Acampamento da PIB ou Acampib é um ambiente natural, familiar e un-


gido especificamente para nossas ministrações. Ele atualmente possui: um
auditório para 300 pessoas totalmente equipado com som e multimídia;
uma piscina de médio porte; uma sauna; um campo de futebol; refeitório
para 200 pessoas; cozinha industrial; churrasqueira; estacionamento e
dormitório para 120 pessoas. Além disso, possui um rio que passa dentro
da propriedade permitindo algumas atividades. Sua agenda é distribuída
prioritariamente para os retiros ao longo do ano, servindo também a con-
fraternizações e encontros de grupos específicos.

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Editora e Inspire Bookstore

O Ministério Propósitos Brasil, desde 2001 vem realizando treinamentos


e editando recursos dentro da perspectiva do movimento de vida e igreja
com propósitos. Com isso, sabemos que este ministério tem inspirado
milhares de líderes e igrejas em todo o nosso país.

A nossa Editora Inspire surge a partir deste contexto inspirando a mem-


bresia, líderes, pastores e igrejas locais para viver uma vida equilibrada
e saudável. Isso só é possível pelo fato de a editora estar no contexto e na
vivência de uma igreja local muito bem sucedida em sua missão e um mi-
nistério interdenominacional estratégico e visionário. Nossa meta é fazer
uma conexão entre a realidade de uma igreja local e as necessidades da
liderança e da membresia de outras igrejas, através dos recursos disponibi-
lizados em sua rede de livrarias (EDITORA, 2015).

Colégio Inspire

O Colégio Inspire é uma importante porta de comunicação com a socieda-

© Editora Inspire
de. Através dele podemos apresentar o Evangelho já através do seu Projeto
Político-Pedagógico fundamentado na Educação por Princípios Bíblicos. Seus
objetivos são: (i) oferecer formação acadêmica baseada na Educação por Prin-
cípios Bíblicos, promovendo o desenvolvimento cognitivo, emocional, físico,
social e espiritual; (ii) proporcionar formação ética e desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico; (iii) prestar serviços educacio-
nais à comunidade, preparando os educandos para o exercício da cidadania e
para o papel que desempenham na sociedade; (iv) proporcionar ao educando
a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades, com
vistas à autorrealização e ao prosseguimento nos estudos; e (v) propiciar um
ambiente educacional que possibilite o relacionamento cooperativo baseado
no respeito mútuo e na participação criadora (COLÉGIO, 2015).

Além disso, o Colégio expõe a mensagem redentora através de sua excelên-


cia na gestão, na condução de suas ações e na infraestrutura disponibiliza-
da. Esta infraestrutura é composta por 4000m2 de área construída; amplas
e modernas salas de aula equipadas com multimídia, lousa digital e ar-con-
dicionado; laboratório de informática; laboratório de ciências; refeitório
para 100 pessoas e complexo poliesportivo com campos e diversas quadras.
Todo esse aparelho está disponível para cursos e ações de ensino.

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Áreas da igreja

A viabilização do Circuito Vida acontece também em função do envolvi-


mento de outros setores da igreja, como:

1. Compras: efetua todo o processo de aquisição de materiais em pratica-


mente todas as ações.

2. TI: fornece suporte computacional de computadores, impressoras,


sistemas e rede com acesso à Internet.

3. Infraestrutura: age na manutenção e produção de materiais físicos


requeridos em aulas e ministrações específicas.

4. Financeiro: viabiliza a organização dos recursos através de sua gestão,


além de recebimentos e pagamentos.

5. Editora: finaliza a produção de livros e apostilas.

6. Livrarias: atua na divulgação e venda de livros e apostilas.

7. RH: conduz a gestão de pessoas contratadas para agir diretamente em


ações relacionadas ao CV, como no IPE, na recepção dos retiros etc.
© Editora Inspire
8. Jurídico: auxilia principalmente na documentação de contratos e dá
suporte à gestão da igreja e suas empresas, como o Colégio, o IPE, a
Editora etc.

9. Produtora: colabora na produção e edição de vídeos.

10.House: viabiliza as artes gráficas para divulgação.

11. Multimídia e Som: prepara equipamentos para uso em aulas


e ministrações.

Sistemas computacionais

Nas diferentes ações do discipulado, a estrutura computacional é funda-


mental. Destacamos aqui a estrutura computacional: computadores, rede e
impressoras; sistemas de gestão escolar e acadêmica; aplicativos de escritó-
rio, como o Microsoft Office e o Google Docs. Para tornar o processo mais
abrangente e assertivo, é necessário investir em sistemas computacionais que
contribuam para a produtividade dos gestores, colaboradores e voluntários.

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Gestão, produção e voluntários

Toda a ação do Discipulado, inclusive no Circuito Vida demanda a forma-


ção de equipes de trabalho. É preciso ter pessoas envolvidas na gestão das
ações atuando na coordenação de cursos, na organização de turmas, na
documentação e no direcionamento dos colaboradores e voluntários.

Também é fundamental o desenvolvimento de textos e materiais de apoio


para que todo o processo se desenvolva. A criação de livros e apostilas com
bom conteúdo e correção doutrinária é um trabalho árduo e que exige pes-
soas dotadas de boa formação teológica com apurada capacidade de escrita
e construção de textos. Tais pessoas podem viabilizar a criação com o enca-
minhamento para a Editora Inspire que atua na finalização dos materiais.

Além disso, é possível formar um bom grupo com alguns funcionários


chaves com formação específica e um grupo motivado de voluntários inte-
ressados que acreditam na visão da igreja. Essas pessoas são fundamentais
no processo, pois se dispõem a colocar seus dons e habilidades de ensino a
favor da educação do povo de Deus.

Uma das ações da Base de Discipulado neste sentido é o de revitalizar o


© Editora Inspire
chamado ministerial dos mestres da igreja. Entendemos que eles são essen-
ciais para o desenvolvimento estruturado da igreja local protegendo-a das
heresias, como ensino relevante e de alta qualidade teológica e técnica.

ORGANIZAÇÃO DO CIRCUITO VIDA

Todas as ferramentas disponibilizadas no CV estão organizadas em função


dos Estados de Compromisso com Deus apresentados no capítulo anterior.
Essas ferramentas abrangem diferentes metodologias de aplicação de conte-
údo, considerando processos variados no processo de ensino-aprendizagem.
Além do formato de aulas e treinamentos, temos a abordagem dos retiros.

Os retiros espirituais são um instrumento maravilhoso dado pelo Senhor


para o cuidado, cura, libertação e maturidade de nossa comunidade local.
Eles foram desenvolvidos de forma natural ao longo do tempo, tiveram
o apoio de nossa liderança e a aceitação dos membros e frequentadores.
Eles acontecem em sua maioria no acampamento da igreja chamado
Acampib, apresentado acima.

97
Nossos retiros proporcionam uma pausa necessária para dedicar tempo a
Deus, à sua Palavra e ao crescimento no relacionamento com Ele. Eles são
uma oportunidade de ensino intensivo, sempre ligado à prática da vida
cristã, levando a um entendimento claro do que Deus espera de cada um de
nós e a oportunidade imediata de praticar o que Ele pede.

Nos retiros trazemos foco aos assuntos, criando ambiente temático e


ministrações relevantes; proporcionamos que a pessoa seja separada
da agitação de sua rotina e das atividades estressantes do seu cotidiano;
aplicamos uma metodologia de ensino voltada à vivência; e fornecemos
acompanhamento direto da equipe.

Todos os retiros e cursos são ministrados pelos pastores e ministros da


igreja ou voluntários sob a devida supervisão. Sendo assim, seguem as fer-
ramentas oferecidas no CV de formação espiritual, de acordo com o Estado
de Compromisso com Deus da pessoa.

Estado do ENCONTRO

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1. Retiro Inspiração: é um retiro 100% evangelístico. O objetivo é alcan-
çar os não-crentes através de um final de semana focado em gerar
um encontro com Deus. A proposta é apresentar Jesus às pessoas de
maneira clara, profunda e impactante com expectativa de salvação e
integração ágil na igreja por meio das células. Neste retiro abordamos
temas como nosso relacionamento com Deus versus religião. Mostra-
mos que há uma separação entre o homem e Deus através do pecado.
Entretanto, apresentamos a graça de Deus e a possibilidade de um
retorno genuíno para Deus através do arrependimento, que precisa-
mos demonstrar, e do perdão que Deus nos concede através de Jesus.
Mostramos qual o significado de recebermos uma nova vida e perce-
ber que tudo se fez novo, esclarecendo sobre o Batismo. O retiro dá
uma oportunidade muito clara para se receber Jesus e ser batizado ao
final, se assim o participante desejar. Oferecido pela Base de Missões.

2. Programa de Prevenção às Drogas: atualmente este programa é


composto por ações como palestras e cursos, tanto para vulneráveis,
quanto para adictos e familiares de adictos. As palestras são oferecidas
em escolas, fundações e comunidades com conteúdo específico para

98
três faixas etárias: 08 a 13, 14 a 18 e acima de 18 anos. Há palestras pre-
ventivas, instrutivas ou voltadas para a restauração da pessoa. Além
disso, são oferecidas palestras voltadas para as famílias no que tange
à codependência. Dependendo da demanda, as palestras podem ser
únicas ou num contexto de ciclos, contemplando também a formação
de monitores (pessoas com mais de 18 anos) para lidar com um adicto
em substância psicoativa. A agenda dessas palestras depende das soli-
citações, mas a igreja mantém palestras fixas aos sábados, além de ofe-
recer atendimentos individuais. O programa pretende oferecer mais
cursos voltados para uma formação básica de como orientar, atender
e mentorear um adicto e seu familiar no assunto endêmico das drogas.
Oferecido pela Faixa Etária de Adultos.

3. Celebrando Recuperação: o Celebrando Recuperação (CR) é um progra-


ma de longo prazo que visa lidar com traumas, maus hábitos e vícios,
todos altamente prejudiciais à saúde espiritual e emocional do ser
humano. No CR, encontramos apoio e ajuda para vencer essas situações
e para viver plenamente a graça de Cristo. A visão do ministério é: “ver
todas as pessoas vivendo de forma saudável e equilibrada em seus rela-
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cionamentos: com Deus, consigo mesmo e com os outros”. Já a sua mis-
são é: sensibilizar e encorajar as pessoas para o crescimento espiritual
e emocional, oferecendo um ambiente seguro onde as mesmas possam
experimentar da graça curadora de Jesus, livrando-se assim de todos os
tipos de traumas, vícios e maus hábitos. Seus valores são: dependência
de Deus, autenticidade nos relacionamentos, responsabilidade pessoal,
encorajamento diário e autoavaliação continua. Ele acontece como
um programa anual com encontros semanais organizados em dois
momentos: a celebração com a palestra e a partilha em grupo de apoio
temático. Nossa igreja tem vivido o Celebrando Recuperação como esti-
lo de vida. Essa ferramenta é usada por Jesus para agregar valor à nossa
vida e transformar nossas dores, feridas, vícios, maus hábitos e pecados
em ministérios, pois onde Jesus nos curou podemos ser usados como
canal da cura ao compartilharmos essa cura em todos os nossos relacio-
namentos. Por isso, a importância de todos passarem por esse processo
em suas vidas e serem, assim, agentes de multiplicação, primeiro em si
mesmo, depois em suas células, GDP, família e em todos os relaciona-
mentos. Oferecido pela Base de Discipulado.

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4. Retiro Rendição: é um retiro para os que estão frequentando o Cele-
brando Recuperação, pois no caminho dos 12 passos, o quarto é: “Farei
um minucioso e destemido inventário moral de mim mesmo.” (Roma-
nos 12.1). Este inventário propicia um momento para que a pessoa rece-
ba revelação do Espírito Santo para perdoar, compreender e amar mais.
É sua última olhada para o passado para receber cura. O retiro nasceu
em virtude de ser este passo um momento crítico na vida dos que
frequentam o CR, pois até então eles recebem conteúdo e ministrações,
sem movimentação dos participantes. Como o inventário é um trampo-
lim para uma completa recuperação e muitos desistem ou pulam esta
etapa, há uma notável diminuição nesta fase dos que frequentam o CR.
Neste retiro, temos ajuntamentos esclarecedores com liberação para a
escrita de sua história de vida, sempre incentivando, cuidando e orando
para que a pessoa sinta-se a vontade para escrever seu inventário. Para
participar é preciso ser, no mínimo, um frequentador da PIB ou Igreja
da Cidade, que esteja fazendo o CR. Oferecido pela Base de Discipulado.

5. Curso de Gestantes: curso livre para fornecer conhecimentos práticos


para pais grávidos, além de ministração ao bebê. Duração de 7 encon-
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tros quinzenais aos domingos. Oferecido pela Faixa Etária dos Adultos.

6. Conhecendo mais a Deus: curso livre para apresentar aspectos da vida


cristã para o suporte ao crescimento espiritual do participante. Dura-
ção de 12 encontros semanais em diferentes dias da semana. Oferecido
pela Base de Discipulado e pelo Instituto Propósitos de Ensino (IPE).

Estado da CONVIVÊNCIA

1. Aconselhamento Cristão: curso livre para formação de conselhei-


ros cristãos no contexto da igreja. Duração de dois anos com aulas
mensais aos sábados. Oferecido pelo IPE em parceria com o Instituto
Integração da Família (INIF).

2. Aliança com Deus: curso livre que aborda princípios bíblicos para o
relacionamento conjugal a namorados ou noivos com vista ao casa-
mento e a casais casados que desejam investir em seu relacionamento.
Duração de 10 encontros semanais aos domingos. É aberto para casais
não evangélicos. Oferecido pela Faixa Etária dos Adultos.

100
3. A Rede: é uma ferramenta para que os universitários cristãos possam
levar o Evangelho a seus colegas e professores de maneira contextu-
alizada e criativa. O intuito dos encontros nas faculdades é ajudar os
universitários cristãos a criar um ambiente propício para falarem dos
seus valores e estilo de vida, ou seja, de Cristo. Além disso, o objetivo
de aRede é proporcionar a criação de amizade verdadeira entre os
estudantes através de testemunho vivo. E também para instigar os não
cristãos a questionarem sua percepção de verdade e valor. Os univer-
sitários de aRede se reúnem nas universidades uma vez por semana,
geralmente (mas não obrigatoriamente) no horário do intervalo. Ofere-
cido pela Faixa Etária da Juventude.

4. Casados para sempre: curso livre para casais aprimorarem conheci-


mentos sobre o relacionamento conjugal baseado em princípios bíbli-
cos. Duração de 14 encontros em dias e horários variados. Oferecido
pela Faixa Etária dos Adultos.

Estado do RELACIONAMENTO
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1. Retiro e Encontro Satisfação: baseia-se nas metáforas de João 15
e ministra diretamente na identidade do que recebeu a salvação
em Cristo Jesus. Percebemos que há um pensamento norteando a
maioria dos crentes, de que é necessário um grande esforço para
chegarem a algum lugar e para crescerem. Entretanto, cremos que
uma coisa só é preciso: estar conectados à Videira para recebermos,
regozijarmos e repartirmos. Este retiro foi inspirado nos livros:
A vida que satisfaz (MCCORD, 2008); Discipulado celestial (WELLS,
2007), Problemas, oração e presença de Deus (WELLS, 2004) e Perdido
no Deserto (WELLS, 2008). Para participar a pessoa precisa ser, no
mínimo, um frequentador da PIB ou Igreja da Cidade. Oferecido pela
Base do Discipulado.

2. Conhecendo mais a Igreja: este curso é livre e visa apresentar a igreja


e o jeito de ser da PIB para aqueles que já são crentes oriundos de
outra igreja. É pré-requisito para a integração e membresia na PIB. Sua
duração é de 13 encontros com aulas semanais em diferentes dias da
semana. Oferecido pela Base de Comunhão.

101
3. Conhecendo mais a Bíblia: este curso é livre e visa apresentar um re-
sumo do panorama bíblico com seus livros e personagens. Duração de
12 encontros semanais em diferentes dias da semana. Oferecido pela
Base de Discipulado e pelo IPE.

4. Conhecendo mais a Fé Cristã: curso livre com a missão de conduzir


a pessoa ao entendimento das doutrinas mais elementares da fé
cristã, sob a perspectiva de nossa igreja. Duração de 12 encontros
semanais em diferentes dias da semana. Oferecido pela Base de
Discipulado e pelo IPE.

5. Retiro Feminina: este retiro reforça a ação do gênero em nossa


espiritualidade e, através de cura, resgatam a essência da mulher na
identidade espiritual. Oferecido pela Faixa Etária de Adultos.

6. Básico em Teologia: curso livre para formação intermediária em


Teologia. Duração de um ano com aulas dois dias na semana. Ofere-
cido pelo IPE.

7. Básico em Missões: curso livre para formação intermediária em


Missões. Duração de um ano com aulas dois dias na semana. Oferecido
pelo IPE. © Editora Inspire
8. Águas que marcam: curso livre para instruir o participante a respeito
dos assuntos bíblicos relacionados ao Batismo. Sua duração é de duas
horas e ele acontece semanalmente em dias variados na semana. Ofe-
recido pela Base de Comunhão.

9. FORMA: ajuda o participante a descobrir o seu próprio ministério e con-


tribuir no Reino de Deus com seus dons, suas habilidades e suas aptidões.
O curso tem duração de 2 horas e acontece em todo 2º domingo do mês.

Estado da DOAÇÃO

1. Káris: curso livre para formação de ministradores na área de cura e


libertação no contexto da igreja. Sua duração é de um ano e suas aulas
são oferecidas aos domingos quinzenalmente. É necessário ser indi-
cado por um pastor ou pelos líderes dos ministérios CR, Intercessão,
Libertação ou Retiro Restauração.

102
2. Retiro Restauração: tem como objetivo levar as pessoas a uma auto
avaliação perante Deus, trazendo à mente o passado que ainda é
presente. A pessoa é levada a conhecer a verdade em Cristo, confiar e
acreditar no sacrifício de Jesus de modo que, tanto as pequenas, quan-
to as maiores situações em sua vida, estão sob o olhar atento do Se-
nhor Jesus. Ao reconhecermos tudo isso perante Deus, reconhecemos
e identificamos pontos relevantes em nossas vidas que precisam ser
tratados como: quebra de alianças passadas, confissão de pecados que
ainda fazem parte de nossas vidas e reconquista de relacionamentos
perdidos. É um retiro de cura interior e libertação no qual abordamos
como temas: arrependimento, orgulho, perdão, vida financeira, pater-
nidade, submissão, contaminação espiritual, pecados escravizadores,
herança geracional, Espírito Santo, e restauração de sonhos. Para
participar, a pessoa precisa ser um membro há mais de 6 meses da PIB
ou Igreja da Cidade e ter feito o Retiro Satisfação. Além disso, precisa
estar em uma célula. Organizado pela Base de Discipulado.

3. Retiro Homens de Honra: este retiro reforça a ação do gênero em nos-


sa espiritualidade e, através de cura, resgatam a essência do homem
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na identidade espiritual. Tem como pré-requisito o Retiro Restauração.
Oferecido pela Faixa Etária de Adultos.

4. Liderança de Célula: curso livre para formação de líderes de célula no


contexto da igreja. O curso tem duração de 14 semanas e as aulas são
semanais. Oferecido pela Base de Discipulado e pelo IPE.

5. Formação em Teologia: curso livre em formato de graduação em


Teologia. Duração de três anos com aulas semanais durante toda a
semana. Oferecido pelo IPE.

Estado da INTIMIDADE

Este estado é marcado pelo desenvolvimento de hábitos espirituais natu-


rais. Por isso, são valorizados ambientes de solitude, contemplação, ado-
ração, leitura da Palavra, reflexão teológica, confissão e oração, os quais
só são possíveis depois de uma caminhada longa e processual. Nesta
caminhada, cremos que é o próprio Espírito Santo quem forja e cuida de
nós, possibilitando um nível de intimidade profundo com Deus. Quando

103
chegamos a este nível somos Guiados Pelo Senhor (GPS) em nosso pleno
potencial para com Ele. Esta interação com o Espírito Santo acontece
também nos outros estados, durante toda a vida do cristão. No estado
de intimidade isso é plenamente natural. Neste ponto cada membro é
incentivado a fazer os devocionais da igreja, a participar das Madrugadas
de Oração, das vigílias, das 24 Horas de Adoração etc.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. O que é o Circuito Vida?

2. O que precisamos considerar como relevante na decisão de discipular


alguém?

3. Cite os elementos que fornecem estrutura de apoio ao discipulado.

4. Revise as ações do Circuito Vida em cada Estado de Compromisso


com Deus.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

MCCORD, C. A vida que satisfaz. São José dos Campos: Propósitos Treina-
mentos e Recursos, 2008.

RICHARDS, L.O. Teologia da Educação Cristã. 2ª edição. São Paulo: Vida


Nova, 1983.

WELLS, M. Perdido no deserto. 4ª ed. Santo Amaro: Abba Press, 2008.

WELLS, M. Discipulado celestial. Santo Amaro: Abba Press, 2007.

WELLS, M. Problemas, presença de Deus e oração. 3ª ed. Santo Amaro:


Abba Press, 2007.

LEITURA OBRIGATÓRIA
© Editora Inspire

RICHARDS, L.O. Teologia da Educação Cristã. 2ª edição. São Paulo: Vida


Nova, 1983.

WEBGRAFIA

COLÉGIO. Disponível em: http://colegioinspire.com.br/. Acessado em:


abr/2015.

EDITORA. Disponível em: http://www.lojainspire.com.br/. Acessado em:


abr/2015.

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107
7. DISCIPLINA E
CUIDADO PASTORAL
A Igreja existe por causa do perdão dos pecados, que oferece ao ser huma-
no uma nova chance de se achegar a Deus. Entretanto, algumas pessoas se
esquecem desta prioridade, transformando o seguir a Jesus num fardo de
culpa e de religiosidade. São pessoas que preferem viver atualizando listas
e mais listas de pecados, sendo que o mais importante é o valor incalculá-
vel do ser humano, reflexo do sangue do Autor da vida.

É o amor infinito de Deus que cria condições de comunhão entre o homem


e Seu Espírito que é Santo. Por isso, viver com Deus exige santidade. A san-
tidade é a bússola da Igreja para seguir a Jesus. O próprio Deus nos orienta
quanto a isso: “Pois eu sou o SENHOR, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam
santos, porque eu sou santo” Levítico 11.44a.

A Palavra de Deus descreve a Igreja como noiva. Nunca vimos uma noiva
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desarrumada ou suja no dia do seu casamento. Neste dia, ela deve estar
adornada e enfeitada. Como líderes da Igreja, somos responsáveis pela
beleza dessa noiva. Torná-la desejável faz parte do processo de apressar a
vinda do Noivo. As bodas do Cordeiro dependem do avanço do Reino e do
aprontar da noiva. Talvez por isso, exista mesmo a sensação de um “atraso”
nesse casamento: a noiva ainda não está devidamente pronta. Mas uma
coisa pode ser afirmada: o Noivo está pronto. Precisamos, portanto, apron-
tar a noiva. Afinal, como o Espírito Santo mora nessa casa, temos tudo que
precisamos para enfeitá-la através dos mandamentos do Senhor: “Os teus
mandamentos permanecem firmes e fiéis; a santidade, SENHOR, é o ornamento
perpétuo da tua casa” Salmo 93.5.

Assim, como líderes, todos devemos viver em santidade exemplarmente,


como se não houvesse outra opção. Daremos conta da espiritualidade de
nossos discípulos a Deus. O Jesus que apresentamos é o modelo a ser segui-
do. O apóstolo Paulo advertiu assim a seu discípulo Timóteo:

“Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente


diante de Deus, para que não se envolvam em discussões acerca de

108
palavras; isso não traz proveito, e serve apenas para perverter os ou-
vintes. Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não
tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da
verdade. Evite as conversas inúteis e profanas, pois os que se dão a isso
prosseguem cada vez mais para a impiedade” 2 Timóteo 2.14-16.

Nesse processo de santificação da Igreja, a disciplina se faz necessária.


Indicar o caminho para aqueles que estão numa nova vida com Cristo, às
vezes implica em disciplina. Isso reflete amor e zelo pelos filhos: “Pois o
Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”
Hebreus 12.6. Conforme Oswaldo Carreiro (2015),

“Através da Sua Palavra, o Senhor já concedeu, aos seus filhos e Igreja,


instruções claras quanto à disciplina. Muito antes de nós pensarmos
na disciplina eclesiástica, Deus já planejou tudo para o crescimento
sadio da Sua Igreja. Cabe a nós aplicarmos o que Ele já estabeleceu. Ao
escrever aos coríntios, Paulo utilizou a figura ‘bebês em Cristo’ para ca-
racterizar os coríntios imaturos (1 Coríntios 3.1), porque não manifesta-
ram sinais da sua filiação divina, mas sim, humana e carnal. Através
© Editora Inspire
do ensino bíblico, o cristão é encorajado a pensar e agir de forma a
imitar o seu Senhor, evitando os erros de ignorância e negligência. ‘En-
sinar’, ‘exortar’, ‘educar’, ‘admoestar’, ‘repreender’, ‘corrigir’, são termos
encontrados no Novo Testamento para a disciplina eclesiástica. A falta
da disciplina ‘positiva’, através do ‘ensino’, contribui para problemas
mais graves, e, consequentemente, leva à disciplina ‘negativa’, ou seja,
o afastamento da comunhão até que o pecador se arrependa.”

PROPÓSITOS DA DISCIPLINA

Oswaldo Carreiro (2015) sistematizou bem a finalidade da disciplina. Ele


expõe biblicamente que o objetivo principal da disciplina não é afastar
o ofensor da igreja, mas, sim, de recuperá-lo. É a Igreja quem possui a
responsabilidade de proferir o perdão ou o juízo aos que insistirem no
pecado, conforme Mateus 18.15-17. Sendo assim, os propósitos da disciplina
expostos na Bíblia, são (CARREIRO, 2015):

109
1. Glorificar a Deus: Mateus 18.15-19, Romanos 16.17, 1 Coríntios 5, 1 Tes-
salonicenses 5.14, 1 Timóteo 5.20, Tito 1.13; 3.10 e Apocalipse 2.14, 20.

2. Recuperar o ofensor: Mateus 18 e 2 Tessalonicenses 3.15.

3. Manter a pureza e a consagração da Ceia: 1 Coríntios 5.6-8; 11.27.

4. Exigir a integridade e a honra de Cristo e da Sua Palavra: 2 Coríntios


2.9, 17.

5. Impedir que Deus se volte contra a Igreja: Apocalipse 2.14-25; 3.3.

6. Impedir que outros caiam em pecado: 1 Timóteo 5.20.

Russel Shedd (1983) enfatiza o amor como elemento principal na execução


da disciplina na igreja. Antes, a exortação deve ser à base de compreensão,
afeto e carinho. Para compreender essa ação tão importante na igreja, Shedd
destaca expressões bíblicas relacionadas à disciplina. Tais expressões apon-
tam o sentido da disciplina, além de sua intensidade. Eis algumas delas:

1. Ensino (didaskalia e didachē): o ensino é fundamental ao discipulado.


Aquele que recebe a devida instrução evita o pecado e a desobediência.

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Em todo o Novo Testamento há um destaque especial para o ensino
das verdades de Deus. Jesus investiu muitas horas no ensino aos seus
discípulos, já que eles precisavam interiorizar as verdades de Seu
ensino, além de serem preparados para liderarem a Igreja. Percebemos
essa dedicação também em Paulo. Havia nele um anseio em apresentar
toda a verdade de Deus. A disciplina só faz sentido numa comunidade
que recebeu o bom ensino dos desígnios de Deus.

2. Exortação (paraklesis): expressão relacionada à função do Espírito


Santo. Muito ligada ao lembrar ou conduzir a pessoa o caminho de
vida em santidade. É “exercer influência sobre a vontade e as decisões
de outrem com o intuito de encorajá-lo a observar certas instruções. A
exortação sempre pressupõe algum conhecimento prévio” (BROWN,
2000). Portanto, exortar é uma tarefa do próprio Espírito Santo, mas
não somente Dele. As cartas paulinas demonstram Paulo exortando
seus discípulos, como em Romanos 12.1, Gálatas 1.7-9, Efésios 4.1, 1
Coríntios 4.21, 2 Coríntios 13.10 e Filipenses 3.3-9.

3. Educação (paideia): esta expressão denota para uma compreensão


abrangente da disciplina do Novo Testamento. Está relacionada com a

110
correção aplicada aos filhos pelo pai que ama e pressupõe a possibili-
dade do castigo. É uma expressão comum no texto de Hebreus 12.4-11
que aborda o método educacional de Deus com o seu povo. Tal método
quase sempre gera tristeza (Hebreus 12.11), pois reflete uma mudança
de curso. Aquele que está sendo educado por Deus precisa ter uma
atitude de reverência e temor (Hebreus 12.5). Toda disciplina comporta
um processo educativo, onde Deus é o único capaz de executar, apli-
cando o devido castigo ou correção para aquele que resistem uma vida
de completa rendição e santidade.

4. Admoestação ou Advertência (nouthēsia): enquanto a exortação tem


um sentido de encorajamento a fazer o que é certo, a admoestação é
mais aplicada como uma advertência a um perigo iminente. Admoes-
tar é mais intenso que exortar. É quando o pai deixa explícito o desejo
de que o filho amadureça (1 Coríntios 4.14-16). Disciplinar neste senti-
do, não é só aplicar a vara como na educação, mas advertir quanto aos
perigos e às consequências de andar longe do devido ensino, sendo a
principal delas, a possível não comunhão com a Igreja.

5. Repreensão e convicção (elegxix, elegchos, elegmos): a convicção e a re-


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preensão fazem parte do processo de disciplina na Igreja. O próprio Es-
pírito Santo age nessa tarefa. Essa ação profunda de Deus no pecador
é o que determina o sucesso da disciplina, pois é o Espírito Santo quem
convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo. Há três aspectos
envolvidos aqui: (i) o convencimento do pecado, individualmente, em
grupo ou diretamente pela igreja local (Mateus 18.15-17), considerando
a possibilidade de desligamento (Mateus 18.18) pela falta de humildade
e arrependimento; (ii) a responsabilidade da igreja em convencer os
pecadores de seus erros (2 Timóteo 4.2 e Tito 1.12, 13). O próprio Pedro
foi repreendido por Jesus (Marcos 8.31-33) e por Paulo (Gálatas 2.11, 14)
quando agiu de maneira errada propiciando o surgimento de heresias;
e (iii) a ação da igreja em repreender a iniquidade no mundo (Efésios
5.11). O cristão deve reprovar as obras infrutíferas das trevas.

Como ensina Russel Shedd (1983), “a igreja local tem a responsabilidade de


manter a disciplina, excluindo quem recusa admitir que pecou e rejeita o
único caminho para a restauração pela confissão e arrependimento”.

111
SITUAÇÕES QUE EXIGEM DISCIPLINA

Somos uma igreja bíblica. Isso significa que o padrão de conduta deve
estar baseado nas Escrituras. A disciplina se aplica quando há a quebra dos
padrões bíblicos na comunidade. A igreja local exerce o papel de promover
a devida correção a partir da verdade e da instrução bíblicas.

A disciplina torna-se necessária nos seguintes casos:

1. Quando o amor cristão for violado por ofensas: Mateus 18.15-18.

2. Quando a unidade cristã for violada por aqueles que formam facções e
dividem a igreja local: 1 Coríntios 1.10-17, Romanos 16.17, 18 e Tito 3.10.

3. Quando a lei cristã for violada por aqueles que vivem escandalosa-
mente: Tito 1.16, Mateus 15.19, 20, Romanos 13.8-14, Efésios 4.25-28,
2 Timóteo 3.2-5 e 1 Tessalonicenses 4.1-10.

4. Quando a verdade cristã for violada por aqueles que negam as dou-
trinas essenciais da fé: 1 Timóteo 1.19-20; 6.3-5, 2 João 7-11, 1 João 1.8;
3.14-17; 2.22; 4.2 e 5.5-8.

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5. Quando o nome de Cristo for blasfemado por aqueles que “naufra-
garam na fé”: 1 Timóteo 1.19-20.

Em todos os casos acima, podemos observar que a causa de medidas


disciplinares mais severas será sempre a ausência de arrependimento.
Considerando a perspectiva do cuidado, quem lidera precisa eventualmen-
te disciplinar o que se encontra sob sua responsabilidade. Como pastores
e líderes, precisamos agir sempre como uma ovelha que ensina outro a ser
ovelha. A disciplina não pode ter como foco machucar as ovelhas. São os
lobos que querem machucá-las.

Quando Jesus ensina Seus discípulos a orar em Mateus 6, primeiro Ele


explica o que não é oração, este mesmo método pode ser usado aqui para
explicar a ideia bíblica de disciplina: não podemos confundir disciplina
com punição, ou vingança. A punição pressupõe infligir penalidade; a
vingança, fazer sofrer aquele que fez sofrer. Já a disciplina envolve a pro-
moção do crescimento e a compaixão no cuidado. É corrigir se colocando
no lugar daquele que errou e necessita de correção. O resultado da boa
disciplina traz segurança para o ofensor arrependido e para a comunidade
que aprende pelo exemplo.

112
PROCESSO DE DISCIPLINA NA IGREJA

Disciplina sem processo vira punição. É preciso estabelecer, caso a caso, um


processo de disciplina quando o pecado fica evidenciado em uma ovelha. A
base para este processo é o ensino do próprio Jesus:

“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o
erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir,
leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação
seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele
se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir tam-
bém a igreja, trate-o como pagão ou publicano” Mateus 18.15-17.

Por vezes, antes de qualquer contato ou confrontação, o irmão já é tratado


como inimigo da igreja e de Deus, ou as pessoas começam a falar do assun-
to para toda a igreja menos para a pessoa. Entretanto, a orientação é muito
clara no texto bíblico acima. Ela precisa ser seguida com a devida contextu-
alização, aplicando-se diretamente à realidade de nossa igreja.

Dessa forma, existem pecados que serão tratados apenas no âmbito da


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célula com mera ciência do coordenador. Já outros, serão levados adiante
dentro de nossa rede de cuidado e responsabilidade. Alguns passos devem
ser considerados neste processo: confissão, confrontação, tratamento, re-
paração e reconciliação. Todo o processo de disciplina deve levar em conta
sempre o tempo de vida cristã da pessoa, a publicidade do pecado cometido
e os danos e as pessoas envolvidas.

Precisamos entender que Deus trata cada indivíduo de forma pessoal e


específica. Não há um regimento interno para o comportamento dos mem-
bros da PIB. Este material pretende auxiliar o líder no trato com pessoas
e seus pecados numa perspectiva bíblica, alinhada com a visão da igreja,
considerando algumas experiências anteriores e suas consequências em
nossa comunidade.

A Palavra de Deus enfatiza o zelo com Deus e com a Igreja, além do cuida-
do com o ofensor como motivações para a disciplina. A forma como Paulo
trata a imoralidade da igreja de Corinto demonstra para nós um princípio
importante: o pecado deve gerar em nós indignação e certa tristeza, mas
não devemos tolerá-lo, sem causar injustiças ou exageros:

113
“Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade
que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de um de vocês possuir
a mulher de seu pai. (...) O orgulho de vocês não é bom. Vocês não
sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermenta-
da? (...) Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com
pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo
nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse,
vocês precisariam sair deste mundo. Mas agora estou escrevendo
que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja
imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com
tais pessoas vocês nem devem comer.” 1 Coríntios 5.1, 6, 9-11.

Segundo o texto bíblico acima, é preciso considerar as pessoas da comu-


nidade muito mais valiosas do que seus comportamentos, como Cristo
fez. Servimos a um Deus que lança mão de processos. Seguimos um Jesus
que se define como Caminho. Só existe um jeito de andar num caminho:
um passo de cada vez. O equilíbrio não se confunde com apatia ou covar-
dia, conforme 2 Timóteo 1.7: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia,

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mas de poder, de amor e de equilíbrio”. Provérbios 14.29 declara: “O homem
paciente dá prova de grande entendimento”.

Para respeitar essa ideia, cada situação deve ser observada atentamente
com o máximo de informação possível. Cada pessoa deve ser ouvida, pois
toda história tem mais de um lado. Então, ao saber de um fato que exija
disciplina é preciso atentar para algumas considerações importantes:

1. Levante todas as informações possíveis e ouça todos os lados.

2. Diga a quem veio contar a situação, que precisará eventualmente levar


o caso ao conhecimento de líderes e do ofensor. Será preciso abordar
quem trouxe a informação e como ela chegou a você. Quem trouxe a in-
formação precisará sustentar o que disse diante de quem for necessário.

3. Chame as partes para conversar, separadamente e depois juntas.

4. Dependendo das complicações, diga que terão outra conversa e então


chame seu coordenador. Dependendo da gravidade será necessário
chamar em outras instâncias, como seu supervisor até o pastor de rede.

5. Considere que cada caso é um caso. Não generalize procedimentos.

114
6. Depois de um consenso, estabeleça um processo de recuperação e
alguém para acompanhar. A pessoa deve ser afastada de todas as suas
atividades ministeriais para focar na recuperação. Exemplo: participar
do CR, fazer um retiro específico, ir a um culto específico etc.

7. Em alguns casos será necessário a pessoa confessar na célula, ou em


outro ambiente com grupo pequeno e diretamente ligado ao fato.

8. Os familiares próximos precisam ser avisados. No caso de menores de


idade isso é fundamental.

9. Se houver necessidade de reparação financeira, é necessário levantar a


dívida e como será paga.

10. Se o problema envolver questões jurídicas, é preciso considerar o en-


volvimento de profissionais do Direito, envolvendo os devidos órgãos
específicos responsáveis por processos peculiares.

11. Toda disciplina tem prazo para acabar e posturas a serem avaliadas
posteriormente.

12. Uma vez terminada a disciplina, a pessoa é reintroduzida às ativi-


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dades normais, mas durante um tempo é acompanhada de perto e
precisará prestar contas de suas atividades e funções.

Negligenciar a disciplina bíblica significa correr o risco de permitir que


a igreja tenha brechas e sofra. Como crentes devemos nos disciplinar a
nós mesmos (1 Coríntios 9.24-27) e, como igreja, temos o dever de seguir a
ordem bíblica: “Tudo deve ser feito com decância e ordem” 1 Coríntios 14.40. O
alvo da igreja é buscar todos os meios e medidas pelas quais possa crescer
em santificação. É procurar ter seus membros cada vez mais parecidos
com Cristo em toda a sua maneira de viver, a fim de ganhar muitos para
Jesus, apressar sua volta e honrar a cruz de Cristo em todos os sentidos.

115
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Qual a importância da disciplina para a Igreja? Dica: reflita na ideia


de que a Igreja é a noiva de Cristo.

2. Quais são os propósitos da disciplina? Use textos bíblicos para o devi-


do embasamento.

3. Aborde as expressões bíblicas relacionadas com a disciplina aborda-


das por Russel Shedd e explicitadas acima.

4. Quais são as situações que exigem a disciplina?

5. Cite considerações importantes no processo de disciplina.

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116
BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

BROWN, C. O Novo Dicionário de Teologia do Novo Testamento. São


Paulo: Vida Nova, 2000.

SHEDD, R.P. Disciplina na igreja. São Paulo: Vida Nova, 1983.

LEITURA OBRIGATÓRIA

SHEDD, R.P. Disciplina na igreja. São Paulo: Vida Nova, 1983.

© Editora Inspire

WEBGRAFIA

CARREIRO, O. Disponível em: http://www.ibcu.org.br/escolabiblica/Esco-


la%20B%EDblica%20-%20Recursos%20Dispon%EDveis/Doutrinas_Eclesio-
logia-Igreja%20Hoje/20101226/Eclesiologia-aula5.pdf.
Acessado em: abr/2015.

117
8. PRINCÍPIOS DE
ACONSELHAMENTO
O conselheiro cristão procura levar pessoas a um relacionamento pessoal
com Jesus Cristo, ajudando-as, assim, a encontrar perdão e a se livrar dos
efeitos incapacitantes do pecado e da culpa. Como lemos em Colossenses
3.16a: “Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-
-se uns aos outros com toda a sabedoria”. O objetivo final do cristão é ajudar
outros a se tornarem discípulos de Cristo e a discipular outras pessoas.
Assim, no ambiente de célula, temos a oportunidade de usar essa ferra-
menta para que aqueles a quem Deus ama cresçam no conhecimento de
Cristo, sigam Seus passos e orientações e vivam a vida plena por Ele pro-
metida. Como lemos em 1 Tessalonicenses 3.12: “Que o Senhor faça crescer e
transbordar o amor que vocês têm uns para com os outros e para com todos, a
exemplo do nosso amor por vocês”.

O conselheiro procura estimular o crescimento espiritual do aconselhando


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e encorajar a confissão dos pecados para recebimento do perdão divino.
Além disso, ajuda a moldar padrões, atitudes, valores e estilo de vida
cristãos. Apresenta a mensagem do Evangelho, encoraja o aconselhando a
entregar sua vida a Jesus se ainda não o fez e estimula-o a desenvolver va-
lores e padrões de conduta baseados nos ensinos da Bíblia, em vez de viver
de acordo com os modos, maneiras e cultura humanas. Ele faz tudo isso em
um ambiente seguro, assegurando-se de que nunca quebrará o sigilo das
conversas que manteve com seus discípulos, a não ser em casos excepcio-
nais em que isso é necessário, e sempre com a ciência do aconselhando,
assim sempre merecendo a confiança dos seus líderes e de seus liderados,
como convém aos que servem ao Senhor.

O ACONSELHAMENTO CRISTÃO NA CÉLULA

A célula é o ambiente propício para que a ferramenta do aconselhamento


seja usada para a formação de discípulos de Cristo. Este é o lugar onde as
dúvidas, os anseios, as circunstâncias do dia a dia são vistas e vividas de
perto. É o ambiente de um pastoreio próximo e contínuo. Para isso, temos

118
que nos lembrar de um princípio: o maior objetivo de um aconselhamento
na célula é guiar o outro a fazer o que Jesus faria em cada situação.

Certamente, Jesus é o melhor modelo que temos, pois Ele é o nosso “mara-
vilhoso conselheiro” Isaías 9.6. Dependendo da situação, das características
da pessoa aconselhada e da natureza do problema, Jesus usava maneiras
diferenciadas de abordagem. Às vezes, Ele simplesmente ouvia com aten-
ção, sem dar nenhuma orientação direta. Em outras ocasiões, ensinava
com palavras claras e firmes. Jesus animava e amparava, mas também
questionava e contestava. Acolhia os pecadores e necessitados, mas tam-
bém requeria deles arrependimento, obediência e ação.

O que torna o aconselhamento cristão realmente único é justamente a in-


fluência e a presença do Espírito Santo. É Ele quem capacita o conselheiro,
dando-lhe as características que o tornam mais eficiente no desempenho
de sua tarefa: amor, paz, longaminidade, benigdade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio (Gálatas 5.22-23).

O aconselhamento bíblico está fundamentado sobre o seguinte princípio:


Deus tem-nos falado por meio das Escrituras. Nela, Ele tem nos revelado
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tudo quanto precisamos saber sobre Ele, nós mesmos e sobre o mundo ao
nosso redor (2 Pedro 1.3).

Considerando o quanto Deus revelou acerca da Sua pessoa e de nós


mesmos, vemos que o conselho oferecido pelas Escrituras é amplo em
seu alcance, ao tratar não apenas o conjunto dos problemas da vida, mas
também dos problemas típicos da atualidade como depressão, ansiedade,
amargura, vícios e assim por diante. Saber que a Palavra de Deus não si-
lencia a respeito de qualquer desafio com o qual podemos nos deparar é de
grande conforto para nós (2 Timóteo 3.16-17). Por isso devemos conhecê-la
profundamente e estudá-la com afinco, estando prontos para usá-la com
segurança e propriedade sempre que for necessário.

O aconselhamento bíblico leva em conta que todos os aspectos da vida são


vividos diante de Deus e procura lidar com esta característica central da
nossa vida. Ele é completo somente quando considera nosso relacionamen-
to com Deus e nos dirige a Ele e a tudo que Ele ensina e mostra.

119
PSICOLOGIA À LUZ DA BÍBLIA

Temos grande influência secular no aconselhamento. No Brasil, ele é


realizado principalmente nas salas de psicologia. A palavra “psicologia”
significa, literalmente, “o estudo da alma”. Antes de Sigmund Freud, o pai
da psicologia moderna, o estudo da alma era tido como uma disciplina
espiritual. Estava inerentemente ligado à vivencia espiritual. A principal
contribuição (negativa) de Freud foi definir a alma humana e o estudo do
comportamento humano em termos absolutamente seculares. Ele separou
completamente a antropologia da esfera espiritual e, por conseguinte,
abriu espaço para teorias ateístas, humanistas e racionalistas acerca do
comportamento humano, que hoje permeiam nossa cultura e afastam o
homem Daquele que melhor o entende: o seu Criador.

Assim, mais do que qualquer coisa, precisamos da ajuda do Alto, em todo


o tempo. É claro, o Senhor usa profissionais psicólogos e psiquiatras para
ajudar os que Ele ama também, mas sempre vamos colocar os conselhos à
luz da Bíblia e segui-los, apenas, se forem condizentes com ela.

O CONSELHEIRO © Editora Inspire


Com tudo isto em mente, podemos resumir como alguns dos requisitos
básicos para o conselheiro bíblico:

1. Ter um relacionamento pessoal com Cristo (Efésios 2.8-9; 2 Timóteo


1.8-9).

2. Estudar regularmente as Escrituras (Salmo 119.11).

3. Ter uma vida firme de oração (1 Tessalonicenses 5.17; Colossenses 4.2;


Lucas 6.12; Mateus 6.5-9).

4. Estar comprometido com a igreja local (Filipenses 1.1).

5. Possuir uma teologia sadia e biblicamente correta (1 Timóteo 4.16).

6. Possuir um caráter aprovado (2 Timóteo 2.15).

7. Estabelecer como alvo de vida a semelhança com Cristo (Romanos


8.28).

8. Cultivar uma atitude de servo (Marcos 10.42-45)

120
Durante o aconselhamento, o conselheiro deve sempre:

1. Orar.

2. Sempre citar a Palavra de Deus para basear toda a conversa.

3. Confrontar gentilmente com os princípios bíblicos.

4. Encorajar o aconselhado a se envolver nas atividades da igreja, como


Circuito Vida, seus cursos e retiros e o Celebrando Recuperação, bem
como as celebrações e todas as atividades da célula.

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O ACONSELHAMENTO

Existem algumas características essenciais às conversas para aconse-


lhamento. Vamos abordar algumas das mais importantes. Em primeiro
lugar, precisamos de empatia para toda a nossa ação enquanto acon-
selhamos e não apenas simpatia. Essa palavra deriva da palavra grega
empatheia, que significa “sentir em” ou “sentir com”. No aconselhamento,
o ajudador eficaz procura ver e entender o problema do ponto de vista do

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ajudando. “Por que está tão perturbado?” poderíamos perguntar. “Como
ele vê a situação?”. “Se eu fosse ele, como me sentiria?”. A empatia procu-
ra se colocar no lugar do outro, ver de seu ponto de vista, para daquele
ponto poder levá-lo para o que Cristo ensina.

O calor humano é quase um sinônimo de importar-se com alguém e é


extremamente necessário em situações de aconselhamento. É uma amabi-
lidade e consideração que se revelam na expressão do rosto, no tom da voz,
nos gestos, na postura, no contato com os olhos e qualquer outro compor-
tamento não verbal tal como cuidar do conforto do ajudando. O calor diz:
“importo-me com você”. Aqui, como em tantos aspectos do comportamento
humano, as ações falam mais alto do que as palavras. O ajudador, que
realmente se importa com as pessoas, não precisará anunciar verbalmente
sua solicitude, todos poderão percebê-la.

Outro ponto necessário é a autenticidade. Ela significa que as palavras do


ajudador são consistentes com as suas ações; ele pode dizer: “faça o que
eu faço e não apenas o que digo”. Procure ser honesto com o auxiliado e
evite qualquer declaração ou comportamento que possa ser considerado
falso ou insincero. Seja sempre autêntico. Cabe aqui lembrar que, muitas

121
vezes, os conselheiros impõem sobre si mesmos um fardo, o de acreditar
que devem ser perfeitos, saber sempre o que dizer e o que fazer, nunca
cometer erros e ter sempre o conhecimento e a habilidade necessários para
resolver qualquer problema. Conselheiros deste tipo têm dificuldade de
admitir suas próprias fraquezas e falta de conhecimento em algum assunto
ou questão. Eles ficam tão ansiosos de serem bem sucedidos que se tornam
artificiais, distantes e até pretensiosos. Fuja disso.

Nos momentos de aconselhamento, precisamos optar pela cautela, e evitar


toda e qualquer precipitação. Devemos ouvir muito antes de falar qualquer
coisa. Precisamos fazer perguntas e procurar entender bem o que está
acontecendo. Não podemos, de maneira alguma, ser rápidos em julgar uma
situação! Não podemos, nunca, “dar vereditos” sem saber todas as implica-
ções envolvidas na situação. Sempre use de muita cautela. Alguns con-
selheiros rotulam as pessoas com muita rapidez (por ex. “cristão carnal”,
“solteirão despreocupado”, ou “um tipo fleumático”) e depois despacham os
indivíduos com avaliações precipitadas, uma rápida confrontação ou um
conselho inflexível. Ninguém gosta de ser tratado com tanto desrespeito.

A cautela também é muito importante no que diz respeito ao aconselha-


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mento de sexo oposto. Poderão haver, sim, momentos de ajuda, mas eles
nunca se prolongarão muito. Homens aconselham homens, mulheres
aconselham mulheres, essa é a regra geral. Quando for preciso aconselhar
alguém do sexo oposto, isso acontecerá em local público ou aberto, e sem-
pre haverá muita cautela e respeito. Sempre se encaminhará essa pessoa
para ser aconselhada por alguém do mesmo sexo, em seguida. Sempre evite
toques inapropriados, elogios excessivos: use de bom senso. Lembre-se
sempre de fazer o que Jesus faria.

Use sempre de imparcialidade e vigie para não se deixar levar por pré-
-conceitos. Há momentos em que o aconselhando precisa ser confron-
tado por causa de um pecado ou comportamento inadequado, mas isso
não é o mesmo que condenar ou pregar para a pessoa durante a sessão
de aconselhamento. Jesus nunca fez vista grossa para o pecado, mas
entendia os pecadores e sempre demonstrava bondade e respeito por
aqueles que desejam aprender, arrepender-se e mudar seu estilo de vida,
como a mulher no poço de Jacó.

122
Jamais dê ordens em vez de explicar. Este é um erro comum e pode ser
um reflexo do desejo inconsciente do conselheiro de dominar e exercer
controle. Quando os aconselhandos recebem instruções sobre o que devem
fazer, como ordens, eles acabam confundindo a opinião do conselheiro
cristão com a vontade de Deus, sentem-se culpados e incompetentes se não
seguirem o conselho recebido e raramente aprendem como amadurecer
espiritual e emocionalmente, até o ponto de decidirem tomar todas as suas
decisões sem qualquer ajuda. Assim, o conselheiro deve sempre guiar o
aconselhando ao que Jesus faria, apontar para Ele, mostrar na Palavra o
que o Senhor ensina e pemitir que o aconselhando tome as suas próprias
decisões, de maneira sadia e firme em Cristo.

Não permita envolvimento emocional; em vez disso, use de objetividade.


O excesso de envolvimento emocional (pena, dó, ajudar sem permitir que
o aconselhando “aprenda a pescar”, permitir que o aconselhando se torne
dependente do conselheiro, entre outros) pode fazer com que o conselheiro
perca a objetividade, o que reduz a eficácia do aconselhamento. O conse-
lheiro deve colocar limites para manter o foco do aconselhamento.

Não seja impaciente, mas seja realista. Alguns deixam-se tomar pelo desâ-
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nimo quando não veem progresso imediato. No entanto, o mais comum é
levar um tempo até que o aconselhando abandone sua maneira de pensar e
seu comportamento anteriores, substituindo-os por algo novo e melhor.

Alguns conselheiros podem, vez ou outra, se sentir ameaçados durante


o aconselhamento. A capacidade de ouvir com empatia fica bloqueada
quando estamos sendo criticados, quando temos consciência de que não
estamos ajudando, quando nos sentimos culpados ou, ainda, quando o
aconselhando parece que vai nos agredir. Nesse caso, precisamos usar da
graça de Jesus sobre a nossa vida, e, percebendo a nós mesmos, não ficar
na defensiva, mas continuar usando de empatia durante toda a conversa.
Cheios de misericórdia pelo aconselhando, manter-se em oração no seu
coração, sempre encontrar uma saída de paz, que inclusive pode ser apenas
deixar o aconselhando ir. Continue orando a Deus, peça a Ele para lhe dar
sabedoria no trato com essa pessoa. Deixe que o Espírito Santo lhe mostre o
que você poderia ter feito diferente, para que você possa crescer e apren-
der. Sempre procure fazer o que Jesus faria.

123
ORIENTAÇÕES GERAIS

1. Lembre-se: quem faz todas as transformações é o Senhor.

2. Não vamos nos colocar entre Deus e a pessoa. Se ela precisar viver o
tratamento de Deus em sua história, não vamos evitar que isso aconte-
ça sob pena da pessoa não crescer!

3. A Bíblia é a fonte de tudo o que dizemos.

4. O amor de Deus é o modo como olhamos a pessoa.

5. Entre o que nós achamos que deve ser e o que Deus acha, vamos sem-
pre optar pelo que Deus diz!

6. Ouvir, ouvir e ouvir antes de falar.

7. Não julgar.

8. O livre arbítrio foi entregue por Deus às pessoas e elas fazem uso
dele! É preciso permitir que pessoas usem a sua capacidade de fazer
escolhas e lembrar de que ninguém escolhe por ninguém. Nosso papel
é apontar para Jesus.
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9. Muito cuidado em dar profecias. Precisamos ter muito temor em falar
em nome de Deus, de maneira extrema. Ai de nós se falarmos algo em
nome do Senhor que não venha Dele.

10. Você precisa buscar preparo. Estude.

11. Se a pergunta que a pessoa está fazendo tem resposta clara na Bíblia,
é o que vamos mostrar para ela. Em situações da vida em que a pessoa
precisa tomar decisões, como com quem vai se casar ou se vai vender
sua casa, é o caso de orar com ela, estudar os princípios bíblicos e per-
mitir que a pessoa escolha. Nós não somos Deus na vida das pessoas!

12. Encaminhe sem medo os casos difíceis para pessoas mais experientes
ou para as que têm instrumentos para ajudar.

13. Encaminhe a pessoa para as ferramentas de crescimento oferecidas


pela igreja. Não desperdice esses instrumentos de Deus para a cura.

14.Na dúvida, pergunte ao pastor.

15. Se não souber, não invente.

124
16. Tenha em mente que Deus não é “padronizado”. Ele é criativo, amo-
roso e, para Ele, cada indivíduo é um indivíduo! No aconselhamento
também é assim.

17. Casos de polícia precisam ser encaminhados para a polícia.

18. Se o aconselhando trouxer para você uma situação que precisa ser
tratada e que não pode ser mantida em sigilo, você esclarecerá que
terá que levar a situação adiante. Por exemplo, se uma adolescente
está grávida, você explicará a ela que precisará falar com seus pais e
vai ajudá-la a fazer isso.

19. Lembrar que a pessoa que está à sua frente para ser aconselhada é
alguém por quem Cristo morreu na cruz. Ela é do Senhor, e não “sua”.

20. O Espírito Santo é o grande guia em todas as palavras e gestos.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Qual o objetivo final do aconselhamento cristão?

2. Quais características o conselheiro deve desenvolver? Quais destas


áreas você poderia aprimorar como líder?

3. De que forma o aconselhamento não se transformará em controle? O


que devemos fazer para que isso não aconteça?

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126
BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Despertar. 1a ed. Tradução. Tamboré: Sociedade Bíblica


do Brasil, 2000.

COLLINS, G. Aconselhamento Cristão – Edição século 21. São Paulo: Vida


Nova, 2011.

ADAMS, J. E. O manual do conselheiro cristão. 5ª ed. São Paulo: Editora


Fiel, 2000.

LEITURA OBRIGATÓRIA
© Editora Inspire
COLLINS, G. Aconselhamento Cristão – Edição século 21. São Paulo: Vida
Nova, 2011.

127
9. ESTUDO BÍBLICO

Todo estudo bíblico, assim como a pregação, é um milagre! Eles consistem


na transmissão de algo perfeito por alguém limitado. É por isso que todo
aquele que ensina deve iniciar sua missão na completa dependência do Es-
pírito Santo. É Ele o comunicador perfeito das intenções divinas perfeitas.
O que cabe a nós é vivermos nesta conexão e a partir disso, usar todas as
ferramentas disponíveis para levar as boas novas a todo o mundo.

Como líder de célula, você será desafiado constantemente a ministrar o es-


tudo nas reuniões da célula ou, eventualmente, uma mensagem em alguns
contextos: aniversários, reuniões de multiplicação, encontros de oração,
chás de casamento ou de bebês, ou até em cultos fúnebres. Portanto, cada
vez mais você precisa estar preparado para situações como essas e ser
assertivo na comunicação da Palavra de Deus.

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É muito importante que o líder não atrapalhe o culto a Deus ministrando
estudos sem relevância e prejudiciais ao povo, conforme o conselho de
Paulo em 2 Timóteo 2.15: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obrei-
ro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da
verdade”. Para isso, tal líder precisa desenvolver as qualidades bíblicas que
um ministro do Evangelho deve demonstrar. É possível também aplicar
táticas para vencer o medo de falar em público e de se expressar melhor.

Além disso, devemos compreender que o mérito do bom estudo consiste


em atingir diferentes tipos de pessoas. A mensagem é influenciada pelos
diferentes tipos de personalidade, tanto de quem ensina, quanto de quem
aprende; por como nossa mente é ativada no processo de aprendizagem;
pela dinâmica na mudança constante de cosmovisão e, em especial, pela
forma como o homem enxerga o mundo em seu contexto. É fundamental
que o líder de célula leia atentamente o mundo pós-moderno em que vive-
mos (MARINHO, 2008).

Há também várias maneiras de melhorar a comunicação evitando estudos


“sem rumo”, que deixam o ouvinte perdido (STANLEY e JONES, 2010). A
eficiência de um estudo está intimamente ligada à sua organização. A esco-

128
lha de um tema atraente é um fator fundamental no desenvolvimento do
estudo, pois é o assunto que ligará o ouvinte e seus problemas às verdades
bíblicas. Para isso, é fundamental ter um objetivo claro, conhecer bem o
assunto e os ouvintes, levando em conta fatores psicológicos, sociológicos
e espirituais, tudo isso seguindo um roteiro organizado.

Existem vários tipos de estudo bíblico, cada um com suas vantagens e


desvantagens. Conhecer cada tipo pode nos ajudar no preparo adequado da
mensagem. Neste processo de criação e preparo para o estudo, precisamos
ressaltar a necessidade de explorar melhor o texto bíblico escolhido, através
de princípios básicos de interpretação. Esse é um dos requisitos para o bom
planejamento do estudo voltado para a transformação de vidas (PAES, 2009).

O líder precisa preparar-se adequadamente para organizar estudos através


do contínuo estudo da Palavra de Deus. Isso envolve disciplinas espirituais
como leitura diária da Palavra; estudos bíblicos sistemáticos como os cur-
sos oferecidos pela PIB no âmbito do IPE, por exemplo. Esse aprimoramen-
to deve ser ininterrupto, pois a Palavra de Deus é inesgotável e se renova
continuamente, gerando vida: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras,
porque pensam que nelas vocês tem a vida externa. E são as Escrituras que teste-
© Editora Inspire
munham a meu respeito” João 5.39.

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

A interpretação da Bíblia é uma das questões mais importantes que os


cristãos enfrentam atualmente. Dela resulta o que cremos, como vivemos
e como nos relacionamos. O processo de entendimento da Bíblia dura toda
a vida, mas temos a responsabilidade de procurar conhecer a verdade
conforme apresentada na Palavra de Deus.

Roy Zuck (1994) afirma que “um dos maiores motivos porque a Bíblia é um
livro difícil de entender é o fato de ser antigo”. Por isso, neste processo,
precisamos transpor as barreiras cronológicas, geográficas, culturais, lin-
guísticas e literárias. Daí a necessidade de interpretação, para removermos
os obstáculos à comunicação e ao entendimento.

De maneira simplificada podemos dizer que a interpretação da Bíblia é um


processo de recriação. Para entender o que a passagem bíblica significa,
precisamos descobrir o que o autor da passagem queria transmitir para

129
seus leitores originais. Portanto, neste processo é o autor do texto quem
determina o que o texto bíblico significa e não o leitor.

Princípios básicos na interpretação bíblica

1. Princípio da Fé: a Bíblia se constitui na revelação inspirada por


Deus. Deus falou aos homens mediante os profetas (2 Timóteo 3.16, 1
Coríntios 2.13 e 2 Pedro 1.21). Pelo fato de ser um livro divino a Bíblia
é inerrante (Hebreus 6.18, João 17.17), possui autoridade (João 10.35,
Marcos 11.17, Mateus 22.29) e apresenta unidade. Isso significa que um
texto deve ser interpretado com referência ao ensino total das Escritu-
ras e, os textos obscuros, devem ser interpretados à luz das passagens
que possuam um significado claro e inconfundível.

2. Princípio Cristológico: a Bíblia em sua totalidade aponta em uma


única direção: Cristo. O Antigo Testamento preparou o caminho para
Cristo, os evangelhos descrevem Suas atividades, as epístolas explicam
o significado teológico de Sua morte e ressurreição e os livros apoca-
lípticos apontam para o Seu retorno triunfal. Este princípio reconhece
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que há unidade entre o Antigo e Novo Testamento.

3. Princípio da Revelação Progressiva: este princípio refere-se ao proces-


so pelo qual Deus preparou Seu povo escolhido para sua mais elevada
revelação em Jesus Cristo. Sua mais alta revelação não estava na Lei,
mas a Lei foi um estágio na preparação para a vinda de Cristo, assim
como o ensino dos profetas e o exílio. O Antigo Testamente sozinho é
uma revelação incompleta. Ele deve ser interpretado e compreendido à
luz do Novo Testamento, onde a plenitude da revelação de Deus se fez
conhecida através de Cristo.

Fases da interpretação bíblica

1. Determinação do conteúdo: o conteúdo é a base de informação para


interpretar o texto. É a sua matéria-prima. Nesta etapa, a leitura
minuciosa do texto trará informações preciosas para entender o que o
autor do texto está dizendo. Leia com atenção, repetidamente, pacien-
temente, em oração, seletivamente e com propósito. Procure responder

130
às seguintes questões: Quem está presente no texto? Onde e quando ele
acontece? O que acontece? Por que e para que? Há termos enfatizados
ou repetidos? Há contrastes ou semelhanças?

2. Entendimento do contexto: o contexto é o meio envolvente do texto.


Ele é importante para nos dar uma visão mais abrangente do significa-
do do texto.

a. Contexto teológico: procura identificar onde a passagem está no


fluxo das Escrituras. É preciso identificar quais os objetivos do
autor ao escrever o livro no qual o texto está inserido e como a pas-
sagem bíblica se encaixa neste livro. Leia com atenção os versículos
que vêm imediatamente antes e depois do texto e procure entender
a relação deles com a passagem estudada.

b. Contexto geográfico: o contexto geográfico procura conhecer a


geografia das terras bíblicas. Como era o terreno e o clima? Quais as
distâncias entre as cidades? Como o local era conhecido? A locali-
zação estratégica de Corinto como cidade portuária, por exemplo,
influi nos problemas morais dentro da igreja daquela cidade.
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c. Contexto histórico-cultural: entender o contexto histórico-cultural
nos auxilia a encontrar a verdade que nunca muda em um mun-
do que sempre muda. Conhecer este contexto amplia muito a sua
visão na interpretação bíblica. A cultura envolve o que as pessoas
pensam, creem, dizem, fazem e produzem. A Bíblia menciona a mu-
dança de governantes no Egito durante o tempo de José e o grande
impacto que este acontecimento político teve na vida dos judeus na-
quele país. É importante responder perguntas como: Quando o fato
ocorreu? O que aconteceu no mundo na mesma época? Quais eram
as influências sociais, políticas e culturais do povo em questão?
Para isso, verifique se o costume da cultura bíblica tem um signifi-
cado diferente em nossa cultura. Se o significado é diferente, descu-
bra o princípio eterno que o norteia e verifique como esse princípio
pode ser expresso em um equivalente cultural.

d. Contexto literário-gramatical: este contexto busca identificar a


categoria ou o tipo de escrito caracterizado por determinada forma
ou conteúdo. Durante o processo de interpretação é importante
sabermos se estamos estudando uma narrativa, uma poesia, uma

131
parábola, uma metáfora ou alegoria, uma literatura profética ou
apocalíptica etc. A identificação dos diversos tipos de literatura e ex-
pressões gramaticais nas Escrituras, nos auxilia a interpretá-las com
maior precisão. O estilo literário de cada livro ajuda a transmitir a
essência do livro, de forma que versículos e parágrafos possam ser
vistos à luz do todo. Quando o contexto literário é considerado fica
mais fácil evitar o problema de tirar o versículo do seu contexto.

3. Investigação dos termos: muitas vezes para descobrir o que o autor


pretendia transmitir, precisaremos investigar a origem das palavras-
-chave do texto. Para isso podemos pesquisar em que outros textos
bíblicos esta mesma palavra é encontrada, verificar quais dos signifi-
cados essa palavra assume no contexto do texto bíblico e ainda investi-
gar a origem da palavra em sua língua original. Algumas ferramentas
como concordâncias bíblicas e bíblias de estudo de palavras-chave
poderão auxiliar nesta etapa.

4. Aplicação: procura responder à seguinte pergunta: Como este princí-


pio bíblico funciona para mim e para as outras pessoas? Ela estabelece
a conexão entre a Palavra e o mundo atual. O conhecimento da Bíblia
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e sua interpretação correta são essenciais, mas somente isso não
basta. Precisamos ter o coração aberto e a disposição de apropriar as
verdades bíblicas para nossa vida. Fazemos isso através da aplicação.
A interpretação nos dá novas visões para o relacionamento com Deus,
consigo mesmo e com outras pessoas.

Assim, o princípio eterno identificado no texto bíblico através da interpre-


tação é a ponte entre as Escrituras e o contexto atual. É através deste prin-
cípio que iremos aplicar a Palavra de Deus. O princípio eterno deve refletir
o conteúdo do texto; deve ser de natureza eterna; não deve ser vinculado à
cultura; deve concordar com o restante das Escrituras e deve ser relevante
tanto ao público alvo original do texto bíblico como ao contemporâneo.

COMO PREPARAR E ORGANIZAR UM ESTUDO BÍBLICO

Prepare-se

Na preparação do estudo devemos seguir os seguintes passos:

132
1. Dependência do Espírito Santo.

2. Escolha da passagem.

3. Estudo exegético da passagem: interpretação da passagem.

4. Descoberta do foco principal da passagem: qual é o princípio eterno?

5. Construção do esboço do estudo.

6. “Recheando” o esboço: desenvolvimento das ideias.

7. Preparo da conclusão, introdução e do título.

Desenvolva um esboço

Todo estudo bíblico precisa ter uma estrutura ou esboço. Tal esboço
não deve conter ambiguidade; não deve conter material alheio ao tema
principal; deve apresentar continuidade de pensamento nas ideias; e deve
dirigir-se para a aplicação.

Seguem abaixo elementos de um esboço típico de estudo ou mensagem


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bíblica. Um dos objetivos deste formato é que o esboço sirva de auxílio
visual, possibilitando ver à mensagem inteira rapidamente.

1. Título: é geralmente um dos últimos itens a serem preparados. É a ex-


pressão do assunto e do tema, formulado para servir de anúncio ade-
quado ao estudo. Deve ser breve, pertinente ao texto ou à mensagem e
interessante. É preciso ter atenção com títulos rudes, irreverentes ou
sensacionalistas!

2. Texto: é composto pelo texto base do estudo.

3. Introdução: assim como o título, é geralmente um dos últimos itens a


serem preparados. O objetivo é despertar a mente dos ouvintes/leitores
de tal maneira que fiquem interessados na mensagem do estudo. Deve
ser breve e contextualizada ao público-alvo, despertando interesse pelo
tema. Isso pode ser feito despertando a curiosidade, relacionando o
tema às situações da vida ou mencionando o contexto histórico, cultu-
ral e geográfico do texto bíblico.

4. Proposição: é uma declaração simples do assunto que se propõe a


apresentar, desenvolver ou explicar. Consiste em uma afirmativa

133
clara do princípio eterno da passagem principal e indica claramente o
rumo que o estudo deve tomar. O ideal é que seja uma frase afirmativa,
devendo ser específica e não apresentar ambiguidade ou imprecisão.

5. Oração de transição: tem por objetivo ligar a proposição ao restante do


estudo, unindo a proposição às divisões, fornecendo uma progressão
suave para elas. Deve sempre conter uma palavra-chave que delineie a
característica dos pontos principais.

6. Divisões principais: são as seções principais de um estudo ordenado.


Seu objetivo é promover clareza de ideias e unidade de pensamento.
As divisões esclarecem os pontos principais do estudo e auxiliam as
pessoas a recordá-los. Cada divisão contribui para o desenvolvimento
da proposição e devem ser distintas umas das outras e, se possível,
dispostas em forma de progressão. É necessário que cada divisão con-
tenha sua própria discussão, ilustração e aplicação.

a. A discussão é o desdobramento das ideias contidas nas divisões.

b. A ilustração é para o estudo bíblico o que uma janela é para a casa.


Assim como a janela permite a entrada da luz, uma boa ilustração
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permite o esclarecimento da mensagem. Jesus utilizava muitas
ilustrações em seus sermões, pois elas trazem clareza ao estudo e
o tornam mais interessante. Dão vida e ênfase à verdade bíblica.
Pode ser uma parábola, uma analogia, uma história, o relato de uma
experiência pessoal, um acontecimento histórico etc.

c. A aplicação é um dos momentos mais importantes do estudo e,


em geral, é feita no final de cada divisão. Se as verdades expostas
no estudo não forem aplicadas à medida que o estudo progride,
corre-se o risco do estudo tornar-se pesado e difícil de acompanhar.
A aplicação deve ser específica e definida.

7. Conclusão: é o ponto culminante do estudo, onde tudo o que foi dito se


concentra com intensidade, a fim de produzir um impacto profundo.
Não é o lugar do estudo apropriado para se introduzir novas ideias,
e sim, o local onde os ouvintes são incentivados a responder pessoal-
mente ao desafio apresentado. Deve ser breve, expressa com poucas
orações ou frases. Pode ser uma recapitulação, uma ilustração, um
apelo ou uma motivação através do pensamento principal do estudo,
de um texto bíblico, de uma citação, de um poema etc.

134
Para mais tipos de formatos de esboços de estudos e mensagens bíblicas,
leia: STANLEY e JONES (2010), PAES (2009) e MARINHO (2008). Essas fon-
tes possuem riquíssimas ilustrações e modelos.

Decida comunicar para transformar

Sempre que for desenvolver ou aplicar um estudo, tente responder às per-


guntas abaixo, pois elas conduzem para a transformação do ouvinte:

1. Para quem irei pregar?

2. O que a Bíblia diz acerca de suas necessidades?

3. Qual é a maneira mais prática de dizê-lo?

4. Qual é a maneira mais positiva de dizê-lo?

5. Qual é a maneira mais encorajadora de pregar?

6. Qual é a maneira mais simples de pregar?

7. Qual é a maneira mais pessoal de dizê-lo?


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8. Qual é a maneira mais interessante de dizê-lo?

Invista no seu ministério

1. Adquira uma Bíblia de Estudos: NVI de estudos, Palavra-Chave, Shedd,


Thompson, Genebra, Pentecostal etc.

2. Tenha Bíblias com outras traduções: NVI, Viva, NTLH, ARA, ARC etc.

3. Adquira livros para estudo que o auxiliem na exegese, como comen-


tários bíblicos, dicionários bíblicos etc. e livros que o despertem a
desenvolver um relacionamento maior com Deus.

4. Assista noticiário de TV e filmes com o objetivo de extrair mensagens.

5. Assista mensagens, grave e aprenda no seu coração.

6. Estude e leia sobre outros assuntos gerais.

7. Tenha um bom testemunho, pois ele fala mais alto que a sua voz.

8. Desenvolva hábitos espirituais.

135
ESTUDO BÍBLICO PARA A CÉLULA

É muito importante o líder de célula ter bem claro o conceito de célula


abordado na Disciplina 3, acima. Veja na página 30. Isso é fundamental,
pois o líder de célula não pode deduzir que o estudo bíblico é o único objeti-
vo da reunião semanal da célula. Ao invés disso, há outros elementos na
reunião igualmente importantes.

No contexto da PIB, o estudo aplicado na célula é produzido por um grupo


de pastores e ministros orientados e escolhidos pela Base de Discipulado.
Essa produção considera temas avulsos ou em série ao longo do ano, pre-
viamente escolhidos.

Um dos segredos do sucesso do pastoreio em células é a unidade do


estudo. Em muitas igrejas, a escolha, a preparação e a aplicação do estudo
ficam a cargo do líder de célula. Isso gera um potencial arriscado de mul-
tiplicidade de visão, minando a unidade da igreja. Ter o estudo unificado
é fundamental para guiar o rebanho numa única direção. Sendo assim, o
líder de célula tem por obrigação usar o estudo previamente disponibili-
zado no Sistema Facepib.
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Portanto, o líder de célula deve adquirir o estudo através do sistema
supracitado com antecedência. Com o esboço já preparado, o líder deve
estudá-lo, de modo a contextualizá-lo ao perfil de sua célula (por exemplo:
juventude, adolescentes etc.). Geralmente, o estudo possui alguns pontos
de aplicação. Na aplicação, o líder tem a liberdade de ser sensível ao
Espírito Santo a ponto de, não necessariamente, ter que aplicar todos os
pontos do estudo. Relembre a estrutura do encontro de célula nas páginas
58, 59 e 60, na Disciplina 3.

136
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Por que é importante o líder de célula saber montar estudos bíblicos?

2. Quais são os princípios básicos na interpretação bíblica?

3. Exercite as fases da interpretação bíblica mencionadas acima no texto


de Atos 1.8.

a. Procure responder as questões da primeira fase e veja quantas


informações você extrairá apenas da leitura minuciosa do texto.

b. Faça um estudo sobre os contextos descritos na segunda fase no


texto em questão.

c. Investigue os termos “poder” e “testemunha”.

d. Qual é o princípio eterno no texto de Atos 1.8? Como este princípio

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pode ser aplicado à sua vida?

4. Explicite elementos de um esboço de estudo bíblico.

5. Como o estudo bíblico deve ser aplicado no encontro de célula na PIB?

137
BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

MARINHO, R.M. A arte de pregar. São Paulo: Vida Nova, 2008.

PAES, C.M. Como preparar mensagens para transformar vidas. São Paulo:
Vida, 2009.

STANLEY, S. e JONES, L. Comunicação que transforma. São Paulo: Vida,


2010.

ZUCK, R.B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994.

LEITURA OBRIGATÓRIA
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PAES, C.M. Como preparar mensagens para transformar vidas. São Paulo:
Vida, 2009.

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© Editora Inspire

139
10. VIDA FINANCEIRA

O tema vida financeira é um assunto de muita relevância nas situações da


vida. Como líder de célula, você precisa estar bem seguro do que a Palavra
de Deus nos ensina, exorta e capacita a respeito da vida abundante descrita
em João 10.10: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”. Esta
plenitude também inclui a área financeira, por meio da obediência aos
mandamentos e ensinos de Jesus a respeito deste assunto.

A Bíblia tem mais versículos sobre dinheiro do que sobre salvação. Con-
tudo, há muitas famílias lutando nessa área; você conhece algumas delas,
ou você mesmo esteja vivendo dias difíceis. Vamos, então, estudar juntos,
começando pelo que a Bíblia nos esclarece sobre o assunto.

PANORAMA BÍBLICO ACERCA DO DINHEIRO


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Em Mateus 6.24, encontramos as seguintes palavras de Jesus: “Ninguém
pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a
um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”. Neste
texto, encontramos dois antagonismos: odiar versus desprezar e dedicar
versus desprezar. Rick Warren, escrevendo sobre este texto em seu livro
Uma vida com propósitos ressalta a impossibilidade de servirmos, amarmos
ou dedicarmo-nos a Deus e ao Dinheiro. O texto não diz “vocês não devem
servir”, mas “vocês não podem”. É impossível fazer ambos.

Outras traduções bíblicas trazem, ao invés da palavra Dinheiro, a tradução


original do grego Mamom. Assim, Mamom significa, literalmente, dinheiro;
e consta como um dos chamados sete pecados capitais, também nomea-
do como ganância ou avareza. Em seu livro, Derrote Mamom, o pastor Pr.
Fabiano Ribeiro esclarece: “Mamom é uma potestade maligna, cujo alvo é
desviar a nossa adoração a Deus” (RIBEIRO, 2013).

No livreto Guia prático de Dízimos & Ofertas – 100 perguntas e respostas


bíblicas, o autor complementa: Mamom é um deus que age em relação ao
dinheiro. Uma potestade que atua na área financeira, a mando de Satanás,

140
para trazer destruição e desviar o nosso coração de Deus, atraindo nossa
atenção para o poder, status e dominação (RIBEIRO, 2014).

Mamom atua em nossas vidas de diferentes formas. Um dos pastores de


nossa igreja conta que, certa vez, durante uma viagem, pôde perceber o
quanto isso é verdade. Ao fazer uma viagem longa de carro, levando consigo
sua esposa e sua sogra, de idade avançada, programou-se para fazer paradas
a cada duas ou três horas. Mentalmente, foi escolhendo os postos em que iria
parar, pois conhecia bem a estrada e suas paradas. Como sabia que precisava
de um café para manter-se bem acordado, foi escolhendo os lugares onde
o cafezinho era mais barato. Ele, então, conta que a certo ponto, o Espírito
Santo perguntou-lhe: “não é melhor escolher os postos onde os banheiros
femininos são mais limpos?” Ele então percebeu o quão “muquirana” estava
sendo, decidindo comprar o mais barato apenas porque é mais barato.

Ele conta ainda que, ao entrar em um destes postos durante a viagem, pen-
sou em comprar uma goma de mascar – uma das marcas mais conhecidas
– para ir mastigando e espantando o sono. Depois decidiu não comprar, mas,
de repente, viu no caixa que aquela marca estava realizando um sorteio de
um carro. “Oba! Vou levar”, ele pensou. E logo se deparou com uma pergun-
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ta: “Qual a chance de ganhar um carro comprando um chiclete?” Viu que,
daquela vez, a “deusa sorte” estava prestes a influenciar uma decisão.

A Bíblia diz por meio do profeta Isaías que esses tipos de influências espiri-
tuais são verdadeiros ladrões, pois desejam roubar nossa fé em Jeovah Jireh,
o Deus da Provisão.

“Mas vocês, que abandonam o Senhor e esquecem o meu santo monte,


que põem a mesa para a deusa Sorte e enchem taças de vinho para
o deus Destino, eu os destinarei à espada, e todos vocês se dobrarão
para a degola. Pois eu os chamei, e você nem responderam: falei,
e não me deram ouvidos. Vocês fizeram o mal diante de mim
e escolheram o que me desagrada.” Isaías 65.11, 12.

Se uma pessoa joga na loteria, participa intencionalmente de negócios


em que a sorte é um fator preponderante (como rifas e prêmios), ou em
esquemas para receber dinheiro fácil com o mínimo ou nenhum esforço
(como o caso de pirâmides), ela está se colocando numa posição influen-
ciável para este tipo de demônio.

141
Isaías também alerta sobre outro tipo de demônio, chamado aqui de deus
Destino, que podemos interpretar como o outro lado da moeda; há a sorte
de um lado, e o destino de outro. Este destino refere-se a pensamentos
recorrentemente negativos quanto à fé em nós mesmos e em nosso posi-
cionamento aliado à benção divina. Há pessoas que tendem a entregar sua
situação a um fatalismo em que creem que coisas boas não acontecerão
com elas. De nada adiantará estudar, preparar-se melhor ou ser o melhor
funcionário da empresa, porque o reconhecimento não virá. Se você reco-
nhece esse pensamento de “freio de mão puxado” na área financeira da sua
vida, pode ser que tenha se rendido à influência maligna nessa questão.

O profeta Isaías nos orienta a confiar em Jeovah Jireh, o Deus da Provisão,


que, como um Pai amoroso, deseja premiar seu esforço e abençoá-lo com o
melhor dessa terra, dando-lhe, por exemplo, a paz de espírito quando você
recebe seu holerite, o sentimento de gratidão por tudo que você já tem e a
satisfação de uma vida plena em Cristo.

Em todo o relato bíblico, contudo, vemos Satanás usando a deusa Sorte ou


o deus Destino para que pessoas desconfiassem de Jeovah Jireh. Deus nunca
trará uma palavra profética ou um sonho divino em que oriente o jogo
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com a sorte. Como diz o apóstolo Paulo, seja anátema qualquer profecia,
sonho ou ensino que venha neste sentido (Gálatas 1.9).

ATESTADO DE POBREZA

Em algumas circunstâncias, algumas pessoas são levadas a assinar um


atestado de pobreza, um instrumento legal que comprova que uma pessoa
não tem recursos financeiros para determinado fim. Contudo, existem
pessoas que assinam verdadeiros atestados de pobreza em sua mentalidade
e modo de ser; atestam a si mesmas que vivem e pertencem a uma situação
miserável, o que são palavras muito fortes para trazermos a nós mesmos.
Pessoas que vivem desta forma já estão sob o domínio maléfico de Mamom
e abrem ainda mais espaço para que este atue por meio de um espírito de
miséria que assola as esferas da vida.

Em nosso país, toda uma cultura é regida pela chamada “lei de Gerson”. Na
verdade, ela é mais antiga do que o episódio que lhe deu o nome, mas foi
muito bem representada por um jogador da seleção brasileira de futebol

142
em 1970, torneio em que ganhamos definitivamente a Taça “Jules Rimet” no
México. Em um lance do jogo, um jogador do time adversário cometeu uma
falta contra o jogador brasileiro Gerson. O juiz não apitou e ele continuou
a jogada. Mas os jogadores do time contrário, reconhecendo a falta, para-
ram de jogar. O brasileiro, então, deu um passe para um gol. Os adversários
reclamaram, pois esperavam que ele parasse a bola ao invés de continuar,
levando vantagem no erro do juiz. Foi um lance muito discutido. O episódio
ficou conhecido como a “Lei do Gerson”, por conta de uma propaganda de
cigarros que, na época, apenas mostrou esta faceta da cultura brasileira: a de
sempre dar um “jeitinho” e tentar levar vantagem em tudo.

Há uma história em que um rei poderosíssimo da antiguidade queria


conhecer a “essência do universo”. Então, pediu aos sábios do seu grande
reino que trouxessem para ele qual seria esta essência, esta lei maior que
resumisse todas as verdades. Os sábios se reuniram durante seis meses e
depois trouxeram a resposta escrita em um livro dez vezes maior do que
a Bíblia. O rei disse: “Eu sou um rei poderoso; vocês acham que eu tenho
tempo para ler tudo isso? Vocês têm um mês para resumir essa essência do
universo em algo que eu possa ler. Se fizerem, receberão muitos presentes,
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caso contrário, receberão a morte.” Um mês depois, chegaram os sábios
com um papelzinho em que constava, em uma frase, a “essência do univer-
so”: “Não existe almoço grátis.”

Existem pessoas que são levadas pelo pensamento de que precisam sempre
ganhar, normalmente à custa de outras pessoas. Se o outro ganha, ela sente-
-se lesionada. Este pensamento de “levar vantagem”, estar sempre ganhando,
é uma verdadeira traça, uma ferrugem que corrói vidas e relacionamentos.

E qual é o nome deste demônio? Mesquinhez. E este é sempre acompanha-


do pela soberba – a crença de achar que somos o centro do universo.

ACUMULADORES

Há um programa de TV a cabo bastante famoso que retrata pessoas que


acumulam tudo, ou um objeto em específico, a ponto de suas casas ficarem
inabitáveis. Estas pessoas agem assim porque pensam que pode ser que,
algum dia, possam vir a precisar daquilo que deveriam doar ou jogar fora.

143
Houve um episódio que mostrou a história de um homem não jogava os
jornais fora, e sua casa ficou tomada por pilhas de jornais. Um dia, uma
pilha caiu em cima dele e trancou a porta. Ele ficou soterrado por dias até
que morresse, pois ninguém mais o visitava. Os vizinhos só descobriram o
ocorrido pelo cheiro de morte, depois de algum tempo.

Se você tem contas de luz ou água pagas datadas do século passado, antes de
2000, não se preocupe, pode jogá-las fora! Há uma lei que determina quantos
anos você deve guardar certos documentos (alguns até 20 anos), mas faça
uma revisão em seu guarda roupa, no seu escritório, na sua casa e na sua
mesa. Certamente há coisas das quais você pode e deve se desfazer, e outras
que vão ser benção na vida de outras pessoas; você deve doá-las, e rápido.

Se você percebe em você atitudes de miséria, escassez ou mesquinharia,


ore a Jesus e pedindo perdão, entregue-os a Ele agora mesmo.

COMO SER LIBERTO

Existem alguns passos muito importantes para que livremo-nos definiti-


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vamente das influências de Mamom em nossas vidas. Em primeiro lugar,
devemos identificar, em nós mesmos, quais são estes espíritos ou pensa-
mentos malignos. Não devemos olhar para o outro, mas fazermos uma
autoanálise sincera e dirigida pelo Espírito de Deus. Em segundo lugar,
devemos viver esta libertação que temos em Jesus diariamente. Precisamos
praticar todos os dias uma nova mentalidade financeira. Como fazer isso?
Falaremos de três princípios.

1. Credibilidade. Ganharmos credibilidade significa removermos toda


legalidade em nossas vidas. Algumas ações incluídas neste quesito são:

a. Pague seus impostos devidamente (Mateus 17.24-27).

b. Rejeite diariamente a “Lei de Gerson” e o ímpeto de levar vantagem.

c. Pratique a satisfação em Jesus, destruindo a mesquinhez.

d. Não faça dívidas (“Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de
uns pelos outros” Romanos 13.8a).

2. Fidelidade. Demonstre sua total confiança no Deus da provisão por


meio de atitudes de fidelidade em:

144
a. Dízimos e ofertas programadas:

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pou-


co,tambémédesonestonomuito.Assim,sevocêsnãoforemdignosdecon-
fiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as
verdadeirasriquezas?Esevocêsnãoforemdignosdeconfiançaemrelação
ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?” Lucas 16.10-12.

b. Contratos e compromissos (escritos e/ou verbais). “Seja o seu ‘sim’, ‘sim’ e


o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno” Mateus 5.37.

3. Generosidade. A generosidade é uma das marcas mais fortes daqueles


que entregaram definitivamente suas vidas financeiras a Deus. “Há
maior felicidade em dar do que em receber” Atos 20.35.

Para viver uma vida de credibilidade, fidelidade e generosidade, teremos de


ser guiados pelo Espírito Santo. Ele mesmo nos conduzirá nesta jornada:

“Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do
campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Sa-
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lomão,emtodooseuesplendor,vestiu-secomoumdeles.SeDeusvesteassim
a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no fogo, não vestirá
muito mais a vocês, homens (e mulheres) de pequena fé?” Mateus 6.28-30

PRINCÍPIOS DA VIDA FINANCEIRA EQUILIBRADA

Em primeiro lugar, precisamos entender o que é uma vida financeira


equilibrada, ou, uma vida com liberdade financeira. Ao contrário do senso
comum, isso não significa necessariamente ter muito dinheiro, mas ter
uma vida ausente de:

a. Dívidas;

b. Transações financeiras desonestas;

c. Preocupação por falta de dinheiro;

d. Impossibilidade de ser generoso.

1. Reconhecimento. A vida financeira equilibrada passa por reconhecer


que tudo o que possuímos pertence a Deus. Isso inclui todos os nossos
bens e recursos financeiros. A percepção de Jó deve ser a mesma que

145
a nossa: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o
Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” Jó 1.21.

Quando temos este entendimento, podemos servir a Deus e ao Reino


com os bens que recebemos dos céus. Nosso amor e devoção estarão
depositados no lugar certo.

“Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o
amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da
carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai,
mas do mundo. O mundo e sua cobiça passam, mas aquele que faz a
vontade de Deus, permanece para sempre” 1 João 2.15-17.

2. Serviço. Em vez de usar o dinheiro apenas em benefício próprio ou


para adquirir mais bens, devemos servir como administradores da
propriedade divina que está em nosso nome, de forma a comunicar
o amor de Deus ao mundo e satisfazer as necessidades de outros, à
medida que Deus nos capacita e orienta. Devemos entender que tudo o
que temos e o que adquirimos são apenas meios para que cumpramos
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o propósito de Deus em nossa vida.
Se nossos objetivos se limitarem a ganhar dinheiro ou adquirir bens
com esse dinheiro, então, nosso sistema de valores está errado. Alguns
sintomas de um sistema inadequado de valores são:

a. Estar pronto a sacrificar coisas mais importantes do que o


dinheiro por causa do dinheiro, tais como um bom nome e uma
consciência limpa.

b. Tentar usar o dinheiro para comprar coisas que não podem ser com-
pradas tais como amor, paz de espírito, segurança, amizades etc.

c. Esquecer-se de Deus ou negligenciar a responsabilidade com Ele e


com sua família, igreja e célula.

3. Dízimos e ofertas. Uma vida financeira equilibrada é caracterizada


pela capacidade em dar a Deus o dízimo com obediência e alegria, con-
forme a orientação bíblica: “Tragam o dízimo todo ao depósito do templo,
para que haja alimento em minha casa” (Malaquias 3.10a).

4. Necessidades x Desejos. Outra característica é que passamos a


compreender que Deus prometeu suprir nossas necessidades básicas

146
como alimento e roupas. Tudo o que recebemos além disso comprova
a abundância de Deus em nossas vidas. “Pois nada trouxemos para este
mundo e dele nada podemos levar, por isso, tendo o que comer e com que
vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.” 1 Timóteo 6.7-8.
É certo que existem muitas coisas além do alimento e roupa que
podem tornar a vida mais agradável e produtiva, como casa própria,
um carro confortável para a família, a possibilidade de uma viagem
a passeio etc. No entanto, é importante fazer uma distinção entre a
necessidade e o desejo. Está aí um ponto central da questão. Grande
parte dos problemas da vida financeira nascem da dificuldade de fazer
esta distinção. A maioria das pessoas que sofrem por dívidas, está en-
dividada por conta de desejos, e não de necessidades. Percebemos, pela
Palavra de Deus, que Ele tem prometido suprir as nossas necessidades
(comida e roupa), mas, não está comprometido com os nossos desejos
que podem, inclusive, estar contaminados pela “cobiça da carne, a cobi-
ça dos olhos e a ostentação dos bens” 1 João 2.16. Deus não nos assina um
“cheque em branco”, mas credita a nós o que será preciso para suprir
nossas necessidades e, como é um Pai amoroso, eventualmente atende

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desejos na medida que abençoamos pessoas que Ele deseja abençoar.
Esta afirmação pode ser confirmada na leitura do Salmo 37.

5. Flexibilidade. Seja flexível em ajustar-se a um ganho, ou a uma perda


inesperada. Paulo aprendeu a viver desta forma:

“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo
de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja
com fome, tendo muito, ou passando necessidade.” Filipenses 4.12

O segredo da tranquilidade financeira é nos ajustarmos, quando necessá-


rio, às possibilidades de nossa renda. Assim, em tempos de abundância,
poderemos dar e investir com sabedoria, em vez de pagar dívidas antigas.

6. Perspectiva. Mantenha suas finanças na perspectiva correta. A Bíblia


nos exorta: “Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e
a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam”
Mateus 6.20. Devemos nos lembrar de que não vivemos para as coisas
deste mundo, mas para a eternidade. Até lá, temos a promessa de que
seremos cuidados por Deus:

147
“Lembrem-se: aquele que semeia pouco também colherá pouco,
e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente.
Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar
ou por obrigação, pois Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é
poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que
em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário,
vocês transbordem em toda boa obra.” 2 Coríntios 9.6-8.

Certamente, estes seis princípios para uma vida financeira equilibrada


não esgotam o assunto, porém, são bases essenciais à nossa vida. A partir
da adoção destes princípios, podemos passar a abordar um assunto muito
importante, uma ferramenta de auxílio para o equilíbrio financeiro.

ORÇAMENTO FAMILIAR SIMPLES

É importante que saibamos montar um orçamento familiar simples. Vamos


começar com um exercício. Suponha que você tenha uma entrada (salário)
de R$ 1.000,00. Quais são os itens do seu orçamento? Monte uma sugestão na
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tabela abaixo, escrevendo os itens e valores referentes às saídas (despesas):

Tabela – Orçamento Familiar Simples (Exercício)


ENTRADAS Salário R$ 1.000,00

SAÍDAS

148
Veja uma sugestão abaixo de como poderia se organizar este orçamento:

Tabela – Orçamento Familiar Simples (Exemplo)


ENTRADAS Salário R$ 1.000,00
Dízimo R$ 100,00
Ofertas R$ 50,00
Necessidades Mensais
R$ 600,00
(70%)
SAÍDAS
Investimentos (15%) R$ 150,00
Provisão (10%) R$ 100,00

Atualmente, existem muitos recursos gratuitos para auxiliar você


a organizar suas finanças familiares em sites e aplicativos para celulares,
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como: GuiaBolso (guiabolso.com.br); Minhas Economias
(minhaseconomias.com.br); MoneyWise e Orçamento Inteligente.

SAINDO DA CRISE FINANCEIRA

Existem situações em que a prioridade para a saúde financeira será a de


nos livrarmos de crises geradas pelo acúmulo de dívidas. Como sair deste
“poço”? Existem alguns princípios básicos a serem seguidos.

1. Não faça dívidas; comece a comprar à vista

A provisão financeira de Deus indicará a importância e o tempo de cada


aquisição. Dê chance a Deus de prover o que é necessário, antes de com-
prá-lo precipitadamente. Lembre-se de que Ele pode prover, ao diminuir as
contas e/ou aumentando a renda. Contudo temos que fazer a nossa parte e
um dos primeiros passos em situações de crise é parar de usar cartão(ões)
de crédito, utilizando apenas o débito. Isso fará com que você viva sob o
princípio de viver com aquilo que tem. A Bíblia fala sobre o perigo de nos
endividarmos, pois “Quem toma emprestado é escravo de quem empresta” Pro-

149
vérbios 22.7b. Por isso, é a orientação bíblica: “Não devam nada a ninguém,
a não ser o amor de uns pelos outros...” Romanos 13.8.

2. Seja resistente às compras não planejadas

Estamos cercados de publicidade e propagandas por todos os lados, tentando


nos convencer de que precisamos de algo de que realmente não precisamos,
ou ainda, de que temos que aproveitar aquela oportunidade para adquirir
um bem. Muitos caem nesta armadilha e se descontrolam com compras não
previstas, o que leva ao caos financeiro e seu aprofundamento. Seja sábio ao
não se deixar ser vulnerável a este tipo de sugestão consumista.

3. Fuja de empréstimos, em especial para itens supérfluos

Seja extremamente criterioso para adquirir empréstimos. O melhor é não


ter de fazê-lo, mas, se for necessário, limite-se a adquirir somente para
casos essenciais. Não empreste dinheiro, de pessoas ou instituições finan-
ceiras, para custear seus gastos diários. Ore, pondere e consulte alguém
especializado antes de tomar esta decisão.

4. Avalie-se honestamente
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É importante, em primeiro lugar, avaliar porque a crise se instalou e qual
a razão pela qual seus meios, aparentemente, não têm sido suficientes
para seus gastos. Talvez houve descontrole nos gastos, com coisas supér-
fluas; talvez haja alguma raiz de pecado envolvida ou mesmo um cenário
espiritual mais abrangente familiar. Talvez Deus esteja testando sua fé ou
preparando você para mudanças. Busque a ajuda do Espírito Santo e de sua
igreja para responder a estas questões.

5. Fuja radicalmente das dívidas

Precisamos entender que, quando temos dívidas, nossa vida, família,


ministério e o próprio nome de Deus e da igreja são afetados. É preciso
decisão e atitude resolutas para que estejamos livres de dívidas, ainda
que sacrifícios sejam necessários. O Senhor dará os meios necessários
para honrarmos a Ele neste processo.

Você pode utilizar esta tabela a seguir para avaliar suas dívidas. Se necessá-
rio, faça isso com a ajuda de seu discipulador. Primeiro, liste todas as suas
dívidas e valores. Depois, responda ao questionário.

150
AVALIAÇÃO FINANCEIRA
1. Faça uma relação de todas as dívidas
Devo
Dinheiro Juros Quantia Avaliação
Compras vender?
que devo a anuais total
SIM NÃO

(Um ponto para cada afirmação.


AVALIAÇÃO DE CADA ITEM:
Total nos quadrinhos de avaliação)
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Aumenta minha eficiência
Não aumenta minha eficiência
em servir a Deus em servir a Deus

Não é absolutamente essencial É absolutamente essencial.

Não contribui diretamente para Contribui diretamente para a


a unidade e harmonia da família. unidade e harmonia da família

Pode ser substituído por algo Não pode ser substituído por
mais barato. algo mais barato.

Não proporciona mais tempo Proporciona mais tempo para


para eu gastar com a família eu gastar com a família

Seu valor está aumentando


Seu valor não está aumentando
mais do que os juros e a inflação.

Requer gastos de manutenção Não requer gastos de


manutenção.

SIM DEVO VENDER? NÃO

151
COMO ORIENTAR NA CÉLULA SOBRE FINANÇAS

Ao orientar pessoas em sua célula acerca de suas finanças reforce sempre


os princípios a seguir:

1. Como líder, tenha sempre uma vida financeira equilibrada. Seu exem-
plo falará mais alto!

2. Compartilhe como ter uma vida financeira equilibrada, contando o


seu testemunho.

3. Use o livro Derrote Mamom (Ed. Inspire, 2011) como referência de estu-
do, o que pode ser feito individual ou coletivamente.

4. Desenvolva junto com seu liderado um orçamento familiar simples.

5. Acompanhe mensalmente a aplicação do orçamento planejado.

6. Saiba onde procurar ajuda. Indique o Celebrando Recuperação, que


oferece grupos de apoio específicos. Nossa igreja também pode ofere-
cer auxílio para consultorias e orientações financeiras. Para negociar
dívidas vencidas em bancos, procure ajuda jurídica.

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7. Interceda! Deus é o Deus da provisão para todas as necessidades.

Certamente uma vida financeira saudável trará paz de espírito e grandes


possibilidades de viver a generosidade que o Senhor nos ensina!

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Como você definiria uma vida financeira saudável?

2. Com base neste estudo, monte o seu orçamento familiar simples.

3. Com base neste estudo, preencha também sua tabela de Avaliação


Financeira.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

COY, L. Curso Conflitos da Vida. Hollywood: Successful Life Ministries,


1988.

RIBEIRO, F. Derrote Mamom. São José dos Campos: Inspire, 2011.

LEITURA OBRIGATÓRIA

RIBEIRO, F. Derrote Mamom. São José dos Campos: Inspire, 2011.


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© Editora Inspire

155
11. BATALHA ESPIRITUAL

Somos advertidos, na Palavra de Deus, que travamos uma luta espiritual


que não é contra as pessoas e sim contra potestades espirituais. Ter uma
consciência clara disso faz com que não haja desgastes com pessoas, não se
quebre relacionamentos e não se veja as forças esmorecem por aplicar-se
energia no lugar errado. Nossa luta não é contra pessoas! Lembre-se de
que Jesus morreu por elas: “Pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas
contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas,
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” Efésios 6.12.

Precisamos ter conhecimento, sabedoria e discernimento para as batalhas


espirituais que enfrentamos. É certo que teremos batalhas, pois ao entregar
nossas vidas a Jesus, já nos posicionamos espiritualmente, declarando sub-
missão a Deus e rebelião contra Satanás. Veja que a Bíblia o descreve como
príncipe da potestade do ar: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso
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deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora
opera nos filhos da desobediência” Efésios 2.2 (ACF).

Você não deve ter medo, pois tem uma aliança com Jesus e está debaixo da
proteção do Seu sangue. Portanto, revista-se da armadura de Deus (Efésios
6). Lembre-se: “Filhinhos, vocês são de Deus e os venceram, porque aquele que
está em vocês é maior do que aquele que está no mundo” 1 João 4.4.

O objetivo deste estudo não é esgotar, tampouco abordar o tema de forma


muito aprofundada, mas trazer uma abordagem equilibrada e conheci-
mento bíblico básico para nortear suas ações que, com certeza, contarão
com a ajuda imprescindível do Espírito Santo.

BUSCANDO O EQUILÍBRIO

Quando o assunto é batalha espiritual, percebemos hoje dois erros que


chegam aos extremos: um é o excesso e outro a escassez na atenção dada
a este assunto. Há igrejas em que, a cada pecado, conflito ou problema que
as pessoas passam, coloca-se a culpa em demônios que devem ser, então,

156
expulsos. Algumas chegam a colocar uma pessoa endemoninhada em cima
do altar, fazem perguntas, deixam-no falar no microfone, expõem-na em
programas de TV etc. Entretanto, esquecem-se de que o Diabo é o pai da
mentira; além de mentir numa circunstância assim, também está expondo
a pessoa ao constrangimento.

Outro extremo praticado por algumas igrejas é a postura de ignorar


completamente a esfera da batalha espiritual. Tornam-se, então, passivas
em relação ao assunto. Por esse motivo, muitas igrejas têm sido atacadas,
com suas famílias destruídas e ministérios findados. Negar a existência do
Diabo e suas ações faz parte da sua ação maligna para impedir as pessoas
de serem livres.

Portanto, procuramos sempre ter uma postura equilibrada. Não damos


ênfase em nossas celebrações a nenhuma manifestação, pois o alvo da cele-
bração é a adoração a Deus e é exatamente isso que o Diabo deseja roubar.

“Há dois erros iguais, mas opostos, nos quais nossa raça pode cair, com
respeito aos demônios. Um deles é descrer em sua existência. O outro, é
crer neles e sentir por eles um interesse doentio. Os próprios demônios
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sentem-se bem, igualmente, quando esses erros ocorrem, e saúdam um
materialista ou um mágico com o mesmo deleite.” C. S. Lewis

Em todas as situações, Jesus é nosso principal exemplo no contexto da ba-


talha espiritual. Observe como Ele lidou com os ataques diretos de Satanás:

“Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O
tentador aproximou-se dele e disse: Se és o Filho de Deus, mande que es-
tas pedras se transformem em pães. Jesus respondeu: Está escrito: Nem
só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca
de Deus. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais
alta do templo e lhe disse: Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para bai-
xo. Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com
as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra.
Jesus lhe respondeu: Também está escrito: Não ponha à prova o Senhor,
o seu Deus. Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-
-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: Tudo isto te

157
darei, se te prostrares e me adorares. Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás!
Pois está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto. En-
tão o diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram” Mateus 4.1-11.

CONCEITOS IMPORTANTES

Batalha espiritual é um conflito constante que o cristão enfrenta contra as


influências do mundo, contra a sua própria natureza pecaminosa (carne) e
contra o Diabo. A batalha é um combate com um propósito específico, den-
tro de um determinado período ou época. No mundo espiritual, entendemos
que a guerra existe desde a fundação do mundo e acabará no final dos tem-
pos, quando Satanás for totalmente aprisionado, juntamente a todos os seus
demônios. Enquanto isso, levantam-se batalhas espirituais em todo o tempo.

Os personagens deste cenário são: eu e você, anjos e demônios, Deus e


Satanás. Lemos em 1 João 2.16: “Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da
carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do
mundo”. E também: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob
o poder do Maligno” 1 João 5.19.

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A Bíblia nos revela alguns aspectos importantes acerca de batalhas espirituais:

• Batalha espiritual é Deus derrotando Satanás com o sopro da sua


boca: “Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará
com o sopro de sua boca e destruirá pela manifestação de sua vinda”
2 Tessalonicenses 2.8.

• Batalha espiritual é a luta entre a carne e o espírito: “Quem vive se-


gundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem
vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito
deseja” Romanos 8.5.

• Batalha espiritual é a luta entre anjos e demônios: “Houve então uma


guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e
os seus anjos revidaram” Apocalipse 12.7.

• Batalha espiritual é vencer as aflições do mundo pela fé: “Eu lhes disse
essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão
aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” João 16.33.

158
• Batalha espiritual é livrar pessoas da morte: “Liberte os que estão
sendo levados para a morte; socorra os que caminham trêmulos para a
matança” Provérbios 24.11.

Muitos cristãos assumem a batalha espiritual como se ela fosse uma


responsabilidade unicamente sua e isso não é correto. É muito importante
entender que somos apenas instrumentos nas mãos de Deus, a batalha é
do Senhor! O motivo de crentes desistirem do ministério ou fracassarem
na fé é justamente não terem clareza desse papel. Querem ver resultados
imediatos, mobilizados por si mesmos.

Podemos apresentar três tipos de batalhas espirituais, que acontecem em


diferentes níveis. O primeiro deles é a luta espiritual no nível do solo (pes-
soa/pessoa); o segundo nível é a batalha espiritual no nível das instituições;
a igreja local como linha de frente em uma cidade ou comunidade (organi-
zação/organização); e o terceiro nível é a própria guerra espiritual (a Igreja
de Cristo contra Satanás).

Nível 1: A batalha espiritual no nível do solo


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A batalha a nível solo é, na verdade, uma luta individual travada contra a
ação de Satanás e seus demônios na vida de uma pessoa. Quando acontece
um processo de cura e libertação, isto não é uma expulsão de demônios,
mas um processo de libertação dentro de uma reeducação de vida espiritu-
al para que não haja mais reincidências.

Nível 2: A batalha espiritual no nível das instituições

Quando pecou no Jardim do Éden, o homem entregou o direito legal dado


por Deus sobre a Terra a Satanás; isto é, passou uma “procuração em
branco” para que o adversário se tornasse posseiro, por meio do enga-
no, daquilo que pertence a Deus e foi entregue nas mãos do homem. Há,
portanto, um nível mais amplo de batalha espiritual quando um conjunto
de soldados, ou seja, a igreja ou várias igrejas guerreiam unidas em uma
esfera mais estratégica, por exemplo, ao agirem para conquistar uma cida-
de para Cristo. Lemos em Mateus 12.28: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu
expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus”.

159
Nível 3: Guerra espiritual

A guerra espiritual é uma referência a esta guerra em caráter geral, à luta


total travada pela Igreja contra Satanás, universalmente. É neste contexto
maior que entendemos a missão da Igreja de Cristo e a de cada um de nós:
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra” Atos 1.8. E também Marcos 16.15: “E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e
preguem o evangelho a todas as pessoas”.

Muitos encontram dificuldades com a falta de estratégia ou a falta de cora-


gem para conquistar um território. Não é fácil, pois o Diabo não quer perder
o seu lugar, ou territórios, então, é preciso ter estratégias para conquista.

ESTRATÉGIAS DIVINAS PARA UM LÍDER DE CÉLULA

Como líder de uma célula que está em uma cidade, é muito importante
que você compreenda que sua família e célula fazem parte da estratégia de
Deus dada à nossa igreja para conquista desta cidade para o Senhor Jesus.
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O exemplo de Josué nos relembra acerca deste posicionamento.

“Na sétima vez, quando os sacerdotes deram o toque de trombeta, Josué


ordenou ao povo: Gritem! O Senhor lhes entregou a cidade! A cidade,
com tudo o que nela existe, será consagrada ao Senhor para destruição.
Somente a prostituta Raabe e todos os que estão com ela em sua casa
serão poupados, pois ela escondeu os espiões que enviamos. Mas fiquem
longe das coisas consagradas, não se apossem de nenhuma delas, para
que não sejam destruídos. Do contrário trarão destruição e desgraça ao
acampamento de Israel. Toda a prata, todo o ouro e todos os utensílios
de bronze e de ferro são sagrados e pertencem ao Senhor e deverão ser
levados para o seu tesouro. Quando soaram as trombetas o povo gritou.
Ao som das trombetas, e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou
do lugar onde estava, e tomaram a cidade” Josué 6.16-20.

Como líder de célula você deve ter uma vida de constante oração e ado-
ração a Deus. Lembre-se de orar em seu lar e inspirar sua célula a orar
também. Participe dos movimentos de oração convocados pela igreja, tais
como 24h de Oração e Adoração e as Madrugadas de Oração. Você faz par-

160
te de um santo exército levantado por Deus para proclamar Seu Reino aqui
na terra. Não precisamos ter medo do Diabo, mas precisamos ter consciên-
cia das ciladas que ele procura armar contra todos nós.

Além disso, você deve desenvolver os frutos do Espírito, tendo uma vida
de santidade e lealdade. Esteja atento a comportamentos de pessoas que
confrontam os valores bíblicos; saiba diferenciar dúvida de combate. Há
pessoas que não conhecem a Palavra de Deus, mas sempre se posicionam
contra o que a Bíblia diz.

Cuidado com a deslealdade. Há uma diferença entre ter uma opinião dife-
rente e se posicionar contra um direcionamento dado a igreja por nossa li-
derança. Essas pequenas ações refletem a necessidade de oração específica.
Cuidado também com pessoas que tentam atingir suas emoções, fazendo-o
se sentir desqualificado para liderar, deixando-o com baixa autoestima.
Às vezes o inimigo usa pessoas para nos desequilibrar e nos enfraquecer
espiritualmente, portanto, tenha uma consciência clara de quem você é
em Jesus. Sua identidade firmada em Jesus não permitirá que você sofra
ataques em sua mente.

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Cuidado com o ambiente da sua casa. Objetos que faziam parte de uma
aliança espiritual fora da presença de Deus devem ser deixados para trás.
Converse sobre isso com seus pastores. Seja sábio e equilibrado sempre,
nunca tomando decisões sozinho, mas sempre alinhado com seu coordena-
dor, supervisor e pastor de rede.

A leitura bíblica e devocional são ações simples e poderosas que nos auxi-
liam em nossas batalhas diárias. Comece seu dia sempre entregando suas
primícias ao Senhor Jesus em oração e leitura da Palavra. Tenha hábitos
de orar em sua casa, pelos seus filhos, ungindo-os, tendo a adoração em
família como um estilo de vida.

OS ADVERSÁRIOS

As pessoas precisam saber que o Diabo existe, assim como seus demônios.
Não devem se manter na passividade, fazendo de conta que ele não atacará
os filhos de Deus. Podemos comprovar sua existência e a de seus liderados
(demônios) pela Palavra de Deus. Mas entenda que Deus não os criou, tudo
começou pelo orgulho e rebelião. Veja o texto bíblico:

161
“Você estava no Éden, no jardim de Deus; todas as pedras preciosas
o enfeitavam: sárdio, topázio e diamante, berilo, ônix e jaspe, safira,
carbúnculo e esmeralda. Seus engastes e guarnições eram feitos de ouro;
tudo foi preparado no dia em que você foi criado. Você foi ungido como
um querubim guardião, pois para isso eu o designei. Você estava no
monte santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes. Você era
inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se
achou maldade em você. Por meio do seu amplo comércio, você encheu-
-se de violência e pecou. Por isso eu o lancei em desgraça para longe do
monte de Deus, e eu o expulsei, ó querubim guardião, do meio das pedras
fulgurantes. Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e
você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o
atirei à terra; fiz de você um espetáculo para os reis” Ezequiel 28.13-17.

É impossível que o que acontece no mundo espiritual passe despercebido.


Todo crente é vítima de ataques constantes que ocorrem no viver de cada
dia. É preciso, urgentemente, acordar do sono da indiferença e da posição
derrotista de que tudo é assim mesmo, conformando-se com uma vida

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medíocre, pobre, infeliz e fracassada. A batalha espiritual acontece contra
cada um dos adversários daqueles que creem:

A batalha contra a carne

A Palavra de Deus fala da guerra interior existente na alma do cristão,


travada entre a carne (natureza pecaminosa) e o espírito. A carne, com sua
concupiscência, deseja o pecado, mas o espírito deseja as coisas de Deus,
conforme Gálatas 5.17: “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o
Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de
modo que vocês não fazem o que desejam”. A igreja dispõe de várias ferramen-
tas que nos ensinam a lutar contra nossa carne: Celebrando Recuperação,
Retiro Satisfação, Retiro Restauração e cursos diversos.

A batalha contra o mundo

“Mundo” significa os valores malignos que regem as relações terrenas e


pecaminosas da humanidade. Por isso, nossa luta requer uma mudança de

162
postura em nossas decisões, ética e em nossas ações. 1 João 5.19 afirma que
“o mundo todo está sob o poder do Maligno”. Paulo, em 2 Coríntios 4.4 diz: “O
deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do
evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” 2 Coríntios 4.4.

Tudo que o Diabo quer é ganhar este mundo trazendo sua influência
para alcançar aqueles que não estão abertos para Cristo e até mesmo os
cristãos. “Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está
vindo, e agora já está no mundo” 1 João 4.3b. As pessoas precisam saber
que o Diabo não brinca de ser Diabo, então, os filhos de Deus não podem
brincar de “serem crentes”.

Outro aspecto da oposição do mundo são as suas aflições peculiares, pois


o cristão pertence ao Reino de Deus e, portanto, sofrerá oposição do reino
deste mundo: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se
vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês
não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo
os odeia” João 15.18-19. Jesus disse que venceu o mundo, com suas aflições
(João 16.33). Nós podemos também vencer, Nele.

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A batalha contra Satanás

Observe que a Palavra de Deus nos convoca a estarmos alertas em rela-


ção a Satanás: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda
ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar” 1 Pedro 5.8.
Satanás utiliza de algumas estratégias para enganar as pessoas a respeito
de si mesmo:

1. Ele deseja que as pessoas não creiam na sua existência. Existem pesso-
as que creem que Satanás é um mito inventado pela religião. Admitir
sua existência é necessário para combatê-lo.

2. Ele coloca uma lente de aumento em si mesmo para provocar medo


nas pessoas. Muitos têm uma atitude medrosa para com o Inimigo.
Atribuem a ele muitas coisas. Procuram conhecer as profundezas de
Satanás e vivem cheias de superstições. Devemos procurar conhe-
cer mais de Deus e da sua Palavra, isso sim, nos dará condições de
sermos vitoriosos: “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e
ele fugirá de vocês” Tiago 4.7.

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POSSESSÃO DEMONÍACA

Satanás e seus demônios querem habitar em homens, mulheres e crianças


que são vazias do Espírito Santo, os filhos das trevas. Os espíritos malignos,
então, possuem a pessoa e a obrigam a fazer coisas que ela jamais faria em
sã consciência. A possessão demoníaca se dá quando um ou mais demônios
entram em uma pessoa e ficam ali, usando-a sob seu controle, expressan-
do todo o seu ódio e maus propósitos através dela. A própria expressão
“possessão demoníaca” já diz que é alguém que está sob posse de Satanás.
Mas o Espírito Santo habita nos filhos de Deus e os usa para fazerem obras
grandiosas conforme a vontade de Deus.

“Eles atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos.


Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo
veio dos sepulcros ao seu encontro. Esse homem vivia nos sepulcros, e
ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes; pois muitas
vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as
correntes e quebrara os ferros de seus pés. Ninguém era suficientemen-
te forte para dominá-lo. Noite e dia ele andava gritando e cortando-se
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com pedras entre os sepulcros e nas colinas. Quando ele viu Jesus de
longe, correu e prostrou-se diante dele, e gritou em alta voz: Que que-
res comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não
me atormentes! Pois Jesus lhe tinha dito: Saia deste homem, espírito
imundo! Então Jesus lhe perguntou: Qual é o seu nome? Meu nome é
Legião, respondeu ele, porque somos muitos” Marcos 5.1-9.

Pessoas de ambos os sexos e de idades diferentes são mencionadas na


Bíblia em casos de possessão demoníaca.

• Crianças: “Então, eles o trouxeram. Quando o espírito viu Jesus, imedia-


tamente causou uma convulsão no menino. Este caiu no chão e começou a
rolar, espumando pela boca” Marcos 9.20.

• Jovens: “Essa moça seguia a Paulo e a nós, gritando: Estes homens são
servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação. Ela
continuou fazendo isso por muitos dias. Finalmente, Paulo ficou indigna-
do, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo eu lhe ordeno que
saia dela! No mesmo instante o espírito a deixou” Atos 16.17-18.

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• Adultos: “Enquanto eles se retiravam, foi levado a Jesus um homem ende-
moninhado que não podia falar. Quando o demônio foi expulso, o mudo
começou a falar” Mateus 9.32-33.

Outras pessoas que sofreram essa situação:

• Saul: “O Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno,


vindo da parte do Senhor, o atormentava” 1 Samuel 16.14.

• Judas: “Então Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, um dos


Doze” Lucas 22.3.

• Pessoas que se envolveram com ocultismo como bruxaria, feitiçaria,


idolatria e espiritismo: “Não permitam que se ache alguém entre vocês
que queime em sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivi-
nhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria
ou faça encantamentos; que seja médium ou espírita ou que consulte os
mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas, e é por
causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar aquelas
nações da presença de vocês. Permaneçam inculpáveis perante o Senhor, o
seu Deus. As nações que vocês vão expulsar dão ouvidos aos que praticam
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magia e adivinhação. Mas, a vocês, o Senhor, o seu Deus, não permitiu
tais práticas” Deuteronômio 18.10-14.

Assim como há a possessão demoníaca, há também a libertação espiritual


por meio do nome de Jesus. Não existe dom de expulsar demônios. Qual-
quer crente pode expulsá-los, usando o poder que há no nome de Jesus.
Mas para usar o poder que há nesse nome, o crente precisa ter uma vida de
consagração e comunhão com Deus. Expulsar demônios exige vida de ora-
ção e jejum e sensibilidade ao Espírito Santo, numa vida de conexão diária
com Jesus. “Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsa-
rão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum
veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e
estes ficarão curados” Marcos 16.17-18.

Quem expulsar demônios deve apenas usar o nome de Jesus com autorida-
de. Não se deve “entrevistar” estes espíritos malignos, tudo o que falarem
não tem nenhum valor, já que eles são mentirosos e enganadores. Repeti-
mos que Satanás é conhecido como pai da mentira. Quem usa a autoridade
que há no nome de Jesus para expulsar demônios não precisa agredir o en-

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demoninhado, nem nada parecido. Jesus não entrava em luta corporal com
o possesso, apenas usava Sua autoridade. Tudo deve ser feito com a maior
discrição e muito respeito ao ser humano pelo qual Jesus morreu na cruz.

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

Cada pessoa e cada situação demandará uma total dependência do Espírito


Santo para a instrução de como agir naquele momento. Existem, também,
algumas orientações gerais que devemos ter como princípios:

• Esteja revestido de sua armadura espiritual diariamente, por meio de


uma vida de santidade e posicionamento.

• Use a autoridade que Deus deu a você.

• Dê ordens aos demônios para silenciar e evitar qualquer dano à


pessoa e ao ambiente.

• Mande pegar tudo o que pertence a ele e que vá para o lugar onde
Jesus determinar.

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Se estiver com mais de uma pessoa o acompanhando, apenas uma
ministra, as outras intercedem.

Precisamos lembrar de que o direito legal para que um demônio esteja em


uma pessoa precisa ser renunciado por ela mesma. Esta base legal pode
ser por pecado pessoal ou por atitudes na herança familiar com envolvi-
mentos ocultistas.

Conduza esta pessoa, então, a um processo de libertação e cura. Este é um


longo caminho e precisa ser acompanhado bem de perto. Comece pelo
Celebrando Recuperação; ela pode também frequentar uma campanha
no culto de libertação, mas a todo tempo incentive a leitura da Palavra e
oração. Posteriormente, que esta pessoa possa participar dos Retiros Satis-
fação e Restauração.

VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO

Temos a nossa parte a fazer nestes enfrentamentos, porém sozinhos não


venceremos. Precisamos de Deus e do Seu poder para vencer. Você deve

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colocar toda sua suficiência em Jesus Cristo porque você é povo adquirido,
sacerdócio santo de Deus: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que
os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” 1 Pedro 2.9. Deus tem um
imenso prazer em tornar pessoas livres, salvas e plenas. Além disso, servi-
mos a um Deus Todo-Poderoso: o Senhor é um homem de guerra (Êxodo
15.3); Deus é o Senhor dos exércitos (Zacarias 4.6b, 1 Samuel 1.11); o Senhor
peleja pelo seu povo (Êxodo 14.14) e a guerra é do Senhor (1 Samuel 17.47b).

Você ainda pode ler o livro Cobertura Espiritual (Ed. Inspire), do nosso
Pr. Carlito Paes, material que fornecerá mais informações sobre como
proteger sua casa, seus filhos e seu lar das ações malignas. Esse livro é uma
importante ferramenta para sua formação espiritual nesta área.

Louvado seja o Senhor pela vitória que Ele mesmo nos concedeu, pela Sua
graça e Seu poder. Sigamos as orientações bíblicas e, destemidamente, denun-
ciemos as obras das trevas para a liberdade de todos os que amam a Jesus.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Cite um texto bíblico que comprove a existência do Diabo e sua ação


na terra e outro que nos ensina como deve ser nossa postura espiritual
diante das batalhas espirituais aprendidas nessa lição.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

ANDRADE, M. A. Vida em abundância: Através da libertação e quebra de


maldições. São Paulo: Ágape Reconciliação, 2001.

ANDERSON, N. T. Quebrando correntes. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

BORGES, M. S. (Coty). Pastoreamento inteligente: O padrão de aconselha-


mento na libertação. 2ª ed. Almirante Tamandaré: Jocum, 2011.

SOUZA FILHO, J. A. de. A arte da guerra espiritual. Bragança Paulista:


Mensagem Para Todos, 2009.

© OBRIGATÓRIA
LEITURA Editora Inspire

PAES, C. Cobertura Espiritual – como proteger sua casa do Inimigo. São


José dos Campos: Inspire, 2011.

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12. GESTÃO DE PESSOAS

Lidar com pessoas é uma tarefa árdua, mas necessária em todas as esferas
da vida humana. Não fomos criados para viver sozinhos! Estamos cercados
de pessoas em casa, no trabalho, na escola ou no trânsito. Relacionar-se
é uma ação intrínseca a todos nós. É verdade que nos relacionamentos
existem diferentes graus de intimidade e que vivemos neles grandes dores,
mas também grandes alegrias. Como líderes, aprender a nos relacionar
bem e a fomentar bons relacionamentos é um de nossos maiores e mais
importantes desafios.

Algumas pessoas podem pensar que nascem com o talento natural para
cuidar, mobilizar e atrair pessoas; outras, porém, podem se sentir grande-
mente desafiadas. Ser um líder é pastorear pessoas e isso certamente re-
quer certas habilidades, dons e talentos. Eles podem vir mais naturalmente,
mas também, podem e devem ser ampliados e enriquecidos por meio de
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treinamentos, leituras e capacitações.

Você é um líder! Então, tem que desenvolver sua capacidade em gerir


pessoas, viabilizar projetos e formar novos líderes. Talvez não haja muitas
pessoas sob sua liderança, mas você pode começar liderando a si mesmo!
Se você está neste curso, é porque pessoas reconhecem em você este poten-
cial. Então, encare de frente o desafio de sempre aprender e crescer ainda
mais, seja na gestão de pessoas, seja em outras áreas de sua liderança.
Todas as suas limitações podem ser alvos de seu investimento em oração,
treinamento e capacitação.

PRINCÍPIOS BÍBLICOS DE LIDERANÇA

A Palavra de Deus é cheia de exemplos para nos ensinar sobre a tarefa


abençoadora de cuidar de outras pessoas. Antes de tudo, lembre-se de
que liderança provém Dele, e não de você mesmo. Por isso, devemos
pedir a Deus por direcionamento e sabedoria a cada desafio de liderar.
“E, se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá

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livremente” Tiago 1.5a. De fato, isso não deve ser feito de qualquer forma,
mas deve ser alvo de nosso esforço e atenção! “Procure obter sabedoria; use
tudo o que você possui para adquirir entendimento” Provérbios 4.7.

1. O exemplo de Barnabé

Um dos exemplos bíblicos mais inspiradores que temos sobre liderança


mobilizadora foi o de Barnabé. Leia sobre este homem no texto a seguir:

“Quando chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas


todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente
um discípulo. Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou
como, no caminho, Saulo vira o Senhor que lhe falara, e como em
Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus. Assim,
Saulo ficou com eles, e andava com liberdade em Jerusalém, pregando
corajosamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os judeus
de fala grega, mas estes tentavam matá-lo. Sabendo disso, os irmãos o
levaram para Cesaréia e o enviaram para Tarso” Atos 9.26-30.
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Segundo o relato bíblico, podemos entender que “Barnabé” era um apelido
dado a este homem (Atos 4.36-37). A palavra “Bar” significa “filho”; Barjonas,
por exemplo, seria “filho de Jonas” e “Bartimeu”, “filho de Timeu”. “Nabé”
vem do grego paraclises, da mesma raiz para paracletos, palavra usada para
designar o Espírito Santo, como o Consolador ou Amigo. Um dos significa-
dos do nome Barnabé, portanto, é “Filho do Espírito Santo”, o que aplicou-se
muito bem às atitudes deste homem (HUBER, 2011). Além disso, a palavra
paracletos vem de para (ao lado) e cletos (ajuda). Promover o cuidado também
está na essência de seu nome. Barnabé era generoso (vendeu um campo e
depositou todo o dinheiro aos pés dos apóstolos), possuía um bom caráter e
era amoroso para com todos. Ser guiado pelo Espírito Santo é a primeira mar-
ca de sua liderança. Para liderar e mobilizar pessoas, é preciso ser guiado
pelo Espírito e deixar seu caráter ser moldado por Ele.

Outra característica marcante do ministério de Barnabé foi a perseve-


rança. A transformação de vidas requer tempo e paciência. Não espere
resultados rápidos. Tudo acontece por meio de conversas, conselhos e
muitas vezes, até repetições. Valores menos importantes requerem menos

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fé e menos esforço; se pessoas são o que há de mais importante, elas vão
requerer grande esforço de nossa parte.

Barnabé foi um instrumento fundamental para formação do apóstolo


Paulo. Quando as pessoas desprezaram ou duvidaram daquele homem
que antes perseguia os cristãos, Barnabé foi aquele que decidiu andar
perto. Portanto, não desista das pessoas! Desenvolver hábitos espirituais
leva tempo. Amadurecer é um processo. Quando etapas não são respeita-
das, muitas vezes o que se recebemos é um fruto sem sabor. No processo
de pastorear pessoas, é fundamental estar atento aos primeiros passos
daqueles que estão à nossa volta. Paulo teve dificuldade em se integrar e
alguns duvidaram da sua conversão: “Quando chegou a Jerusalém, tentou
reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando
que fosse realmente um discípulo” Atos 9.26.

Também aprendemos com o exemplo de Barnabé que a liderança mo-


bilizadora passará por priorizarmos nosso tempo. Ajudar pessoas em sua
formação espiritual é uma tarefa que exige tempo e paciência, amor e
cuidado. Observe que Barnabé modificou a sua agenda, reservou tempo e
foi em busca de Paulo. “Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, quando
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o encontrou, levou-o para Antioquia” Atos 11.25. Você tem estado disposto a
mudar o rumo, o calendário, o plano do dia para liderar e abençoar aqueles
que estão perto de você? Não desista dos desafios que o Senhor coloca à
sua frente. Em atitude de amor, persevere, para que grandes líderes sejam
formados por meio de você; quem sabe, assim como Paulo e Barnabé, eles
irão muito além que nós mesmos!

2. O exemplo de Eliseu

Outro exemplo marcante sobre liderança mobilizadora está na vida de


Eliseu. Este líder nos ensina que a liderança, além de precisar ir em direção
às pessoas, também permite que pessoas venham nos buscar.

“Em seguida, Elias lhe disse: Fique aqui, pois o Senhor me enviou ao rio
Jordão. Ele respondeu: Juro pelo nome do Senhor e por tua vida que não te
deixarei ir só! Então partiram juntos. Cinquenta discípulos dos profetas
os acompanharam e ficaram olhando a distância, quando Elias e Eliseu
pararam à margem do Jordão. Então Elias tirou o manto, enrolou-o e com

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ele bateu nas águas. As águas se dividiram, e os dois atravessaram em chão
seco. Depois de atravessar, Elias disse a Eliseu: O que posso fazer em seu
favor antes que eu seja levado para longe de você? Respondeu Eliseu: Faze
demimoprincipalherdeirodeteuespíritoprofético.DisseElias:Seupedido
é difícil; mas, se você me vir quando eu for separado de você, terá o que pe-
diu; do contrário, não será atendido. De repente, enquanto caminhavam e
conversavam, apareceu um carro de fogo e puxado por cavalos de fogo que
os separou, e Elias foi levado aos céus num redemoinho” 2 Reis 2.6-11.

A liderança de Eliseu nos mostra que um bom líder ensina por meio de seus
exemplos e atitudes. Suas ações têm poder maior que suas palavras! Na tare-
fa de ensinar valores e princípios a outros, um líder eficaz precisa, antes de
tudo, ter essas mesmas práticas em sua vida.

Também aprendemos com Eliseu que bons líderes possuem bons mentores. “Só
os tolos não aprendem com os bem sucedidos”, diz Carlito Paes. Mentores
ou discipuladores são pessoas que encorajam, dão cobertura espiritual e
impulsionam a seguir os passos de Jesus. Todo bom líder deve, antes de tudo,
ser um excelente liderado, um aprendiz convicto e um discípulo atento.
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Eliseu nos mostra que o liderado acompanha o seu líder. Eliseu tinha um
compromisso com Elias; havia em seu coração uma predisposição a ir
com seu mestre. Precisamos estar perto de pessoas que nos inspirem e nos
permitam, em humildade, a aprender com elas. Por isso, o discipulado é
um processo maior que afinidade pessoal. Por vezes, temos muitos amigos,
mas nem todos eles são uma inspiração para nós. Ter um discipulador e
discipular está numa esfera maior que a amizade, pois é uma tarefa espiri-
tual. Se você é um líder que busca crescer por meio do exemplo de pessoas
cheias de Deus, seus liderados também serão inspirados pelo seu exemplo.

Outra lição que aprendemos com Eliseu é que o liderado tem experiências
sobrenaturais com seu líder. Como lemos: “Quando o SENHOR levou Elias aos
céus num redemoinho, aconteceu o seguinte: Elias e Eliseu saíram de Gilgal, e no
caminho disse-lhe Elias: Fique aqui, pois o SENHOR me enviou a Betel. Eliseu,
porém, disse: Juro pelo nome do SENHOR e por tua vida que não te deixarei ir
só” 2 Reis 2.1-2. No Reino de Deus não há espaço para carreira solo. Jesus
sempre esteve cercado de pessoas. Quantas experiências Seus discípulos
tiveram ao Seu lado! Quando lideramos e mobilizamos pessoas, vivemos
experiências que nunca poderíamos experimentar sozinhos.

173
Eliseu também nos ensina que a liderança passa pela prestação de contas.
Eliseu reconhecia o poder de Deus na vida de Elias e buscava a ele como
seu mentor. Como líderes, devemos ter o valor da prestação de contas e
então compartilhá-la com nossos liderados. A partir do exemplo, teremos
autoridade para ouvir aqueles que estão nosso seu cuidado. O líder respeita
e almeja a unção de seu mentor. Precisamos ter uma visão clara dele: todo
homem de Deus é suscetível a falhas; porém, isto não deve ferir o princí-
pio do respeito e da busca por chegar até onde alguém já chegou. Apenas
recebemos da unção que respeitamos. Veja o pedido de Eliseu: “Depois de
atravessar, Elias disse a Eliseu: O que posso fazer em seu favor antes que eu seja
levado para longe de você? Respondeu Eliseu: Faze de mim o principal herdeiro
de teu espírito profético” 2 Reis 2.9.

Quando você honra aqueles por quem é liderado, você inspira aqueles que
lidera. Filhos que tratam bem seus pais, viram seus pais tratarem bem seus
avós. Quanto mais você honrar aquele que lhe dá cobertura espiritual, mas
confiantes com sua liderança ficarão seus liderados. Contudo, não se es-
queça de que pessoas são imperfeitas, todos somos crentes em recuperação!
Quando focamos nas falhas, esquecemo-nos do poder de Deus sobre aquela
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pessoa. Ao levarmos isso em oração a Deus, certamente essa será a atitude
de nossos liderados quando eles tiverem de lidar com nossas falhas.

ESTILOS DE LIDERANÇA

Nem todos os líderes são iguais. Existem diferentes perfis de liderança,


e será muito útil que você conheça suas características ao liderar. Bill
Hybels, em seu livro Liderança Corajosa (HYBELS, 2010), descreve estilos
que considera os principais perfis de liderança, os quais apresentaremos
a seguir. Estes estilos não são excludentes, mas podem surgir e se comple-
mentar de acordo com a situação.

1. O estilo de liderança visionário

O líder visionário tem em mente uma imagem clara do que o futuro pode tra-
zer. Prega visões poderosas deste futuro e possui um entusiasmo incansável
para tornar essas visões em realidade. Não sente qualquer inibição em convi-
dar qualquer pessoa a fazer parte desta visão. O líder visionário é idealista e

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cheio de fé e não é facilmente desencorajado ou dissuadido. Coloque-o diante
de um grande número de pessoas, e ele exibirá a visão para todo mundo.
Pode ou não possuir habilidade natural para formar equipes, alinhar talentos,
estabelecer metas ou administrar o progresso em caminho. Por vezes, terá de
achar outras pessoas que possam ajudá-lo, ou terá de trabalhar arduamente
para desenvolver as habilidades que não lhe são naturais. O líder visionário
transmite a visão, atrai pessoas a ela e morrerá tentando realizá-la.

2. O estilo de liderança direcional

Este estilo de liderança tem a habilidade, dada por Deus, para escolher
o caminho certo para uma organização quando ela chega a um impasse
decisivo. Avalia cuidadosamente os valores da organização, a missão, os
pontos fortes e os fracos, os recursos, o pessoal e a capacidade de aceitação
para mudanças. Com extraordinária sabedoria, o líder direcional coloca a
igreja ou um ministério na direção certa. É uma liderança extremamente
importante, pois erros em momentos decisivos podem arruinar organiza-
ções. Líderes direcionais podem ou não ser conhecidos em uma organiza-
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ção; podem ter ou não a capacidade de enfrentar o público e se destacar em
uma liderança pública.

3. O estilo de liderança estratégica

O líder estratégico tem a habilidade, dada por Deus, de tomar uma empol-
gante visão e fragmentá-la em uma série de fases alcançáveis e sequenciais.
Possibilita a uma organização marchar de forma consciente para a concre-
tização de sua missão. Forma um plano estratégico que todos podem com-
preender e no qual todos podem participar. Ele, então, desafia os membros
da equipe a realizar o plano. Esforça-se para alinhar os vários subgrupos de
uma organização, de forma que toda a energia da organização se concentre
na realização da visão.

4. O estilo de liderança gerencial

O líder gerencial tem a habilidade, dada por Deus, de organizar pessoas,


processos e recursos, no esforço de cumprir uma missão. Ele fica com

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“água na boca” ao pensar em trazer ordem ao caos. Sente profunda satis-
fação em monitorar e em ajustar processos, motivando os membros da
equipe ao estabelecer as devidas marcações pelo caminho, até chegarem
ao objetivo final.

5. O estilo de liderança motivacional

O líder motivacional é o que tem a habilidade, dada por Deus, de manter seus
companheiros de equipe empolgados. Está à procura de “ombros encurvados
e olhos embotados” e é rápido em injetar o tipo certo de inspiração naque-
les que mais precisam dela. O líder motivacional possui um senso aguçado
sobre quem precisa de reconhecimento público e quem precisa apenas de
uma palavra de encorajamento em particular. Percebe que mesmo nossos
melhores companheiros de equipe ficam cansados e se desconcentram. Ele
não fica amargo ou vingativo quando a moral do grupo afunda.

6. O estilo de liderança pastoral


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Este líder monta uma equipe lentamente, ama os membros da equipe
profundamente, acalenta-os gentilmente, apoia-os firmemente, escuta-os
pacientemente e ora por eles constantemente. Traz os membros da equipe
para uma rica experiência comunitária, de forma que o coração deles
começa a transbordar boa vontade, estimulando-os a realizar sua missão.

Este líder tende a apascentar e acalentar um grupo de pessoas tão perfeita


e profundamente que, quando a questão é a causa, os colegas de equipe
normalmente dizem: “Se é uma missão honrosa para Deus e que podemos
fazer juntos, conte comigo. Enquanto pudermos estar em comunidade,
mantendo o nosso pastor, o faremos”.

7. O estilo de liderança de formar equipes

Este líder possui uma percepção sobrenatural acerca de pessoas, o que lhe
permite ter êxito em achar e desenvolver pessoas certas, com habilidades
certas, o caráter certo e a apropriada combinação com os outros membros.
Em seguida, sabe como dispor essas pessoas nas posições corretas, pelos
motivos corretos, liderando-os assim para que produzam os resultados

176
certos. O ponto forte do formador de equipe é o seu completo domínio da
estratégia e uma arguta percepção sobre as pessoas. Isso permite que ele
coloque pessoas certas nas posições de liderança mais críticas. Encontrar
pessoas certas para as tarefas certas, em concordância com seus melhores
talentos, é a marca inconfundível do estilo do líder que forma equipes.

8. O estilo de liderança empreendedor

O líder empreendedor tem facilidade em iniciar tarefas. Se esse líder não


puder iniciar algo novo regularmente, começa a perder energia. Uma vez
que um projeto esteja em funcionamento e operando plenamente, passan-
do a exigir um gerenciamento estável e contínuo, ou, logo que ocorram
complicações, exigindo a necessidade de intermináveis discussões a respei-
to de políticas, sistemas e controles, a maioria dos líderes empreendedores
perde o entusiasmo, a concentração e, às vezes, até mesmo a confiança.

9. O estilo de liderança reformista


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O ponto forte do líder reformista é alterar um ambiente. Ele volta aos fun-
damentos da organização entusiasticamente, a fim de descobrir a missão
original e o motivo pelo qual a equipe se desviou dela. Reavalia pessoal, es-
tratégia e valores. Reúne-se constantemente com membros da equipe para
ajudá-los a compreender onde o “antigo” deu errado e como o “novo” deve
ser. Gosta de arrumar, ajustar e revitalizar departamentos ou organizações
danificadas. Quando tudo volta aos eixos e a funcionar suavemente, esses
líderes podem ou não sentir motivação para continuar engajados.

10. O estilo de liderança consensual

Este líder possui uma enorme flexibilidade; é um diplomata, com uma habili-
dade sobrenatural inspirada para contemporizar e negociar. É especialmente
talentoso para ouvir, compreender e raciocinar de forma ampla. Ama o
desafio de se relacionar com diversos grupos de pessoas e sente-se mais em-
polgado a enfrentar o desafio de unir e satisfazer as necessidades de vários
grupos. Lidar com a complexidade é o ponto forte do líder consensual, o que
faz deste líder uma contribuição importante para grandes organizações.

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COMO VIABILIZAR PROJETOS

Enquanto líder, você terá a tarefa de mobilizar pessoas e realizar projetos.


Ao realizar um ato de bondade, um evento ponte com sua célula ou uma
ação missionária, você estará executando um projeto. Por isso, é impor-
tante que você conheça alguns conceitos básicos sobre a organização e
realização de projetos.

Um projeto é um plano para a execução de um objetivo traçado. É um


empreendimento planejado, um conjunto de “atividades inter-relacionadas e
coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites
de um orçamento e de um período de tempo dados” (PROCHONW, 1999).

A palavra “projeto” vem do latim projectus, que refere-se a algo lançado para
a frente. Um projeto pensa acerca de uma realidade que ainda não aconte-
ceu e traz ideias de como torná-la real. Projetar é analisar o presente como
oportunidade para realizar o futuro. Dentro de um projeto, existe um plane-
jamento de como antecipar esta realidade, contudo, teremos sempre de lidar
com imprevistos, mudanças e as variáveis de um trabalho em equipe.

A formulação de um projeto consiste em relacionar as etapas necessárias


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para que suas ideias transformem-se em ações. Para isso, é preciso que
estejam claros:

• Seus objetivos. Qual o problema a ser solucionado? Ele deve existir


numa esfera mensurável a administrável.

• Seus stakeholders. Quais são as partes envolvidas? Quais são as pesso-


as ou instituições necessárias para alcançar seu objetivo?

• Seus recursos. Quais são os recursos humanos, físicos e financeiros


necessários?

• Seus prazos. Quanto tempo espera-se para cada etapa e qual o prazo
para a conclusão de seu objetivo?

Formulação de um Projeto

A formulação de um projeto pode ser, resumidamente, apresentada com


seguintes itens a seguir:

1. Título. Comunica de forma clara e concisa o objetivo de seu projeto.

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2. Justificativa. Apresenta o porquê da existência deste projeto e qual
problema ele visa endereçar.

3. Objetivos. Mostra de que forma este problema será pontualmente


endereçado. Existem objetivos gerais do projeto e objetivos específicos,
que são definidos para cada fase do projeto.

4. Metas. As metas não são exatamente os objetivos em si, mas como se


pretende mensurar estes objetivos. Metas qualitativas e quantitativas
nos ajudam a avaliar os resultados gerados.

5. Metodologia. Apresenta com detalhes como o problema será ende-


reçado. Responde às perguntas: Como? Com o que? Onde? Quanto? A
metodologia estabelece estratégicas, processos e responsabilidades. É
importante pesquisar a metodologia de projetos semelhantes.

6. Cronograma. Responde à pergunta: Quando? Projetos bem planejados


têm datas de início e término para cada atividade proposta. O crono-
grama deve ser conhecido por todos da equipe.

7. Orçamento. O orçamento traz um cronograma financeiro do projeto,


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mostrando quando e como os recursos serão usados, bem como quais
serão suas fontes.

ATOS DE BONDADE: MOBILIZAÇÃO NA PRÁTICA

Como líder de célula, uma das ações em que você experimentará o desafio de
mobilizar e liderar pessoas são os atos de bondade. Um ato de bondade pode
acontecer individual ou coletivamente, porém acontece de forma especial
por meio das células, com o intuito de abençoar pessoas que estão à nossa
volta. Como descreve Carlito Paes, no ato de bondade “Serviremos indepen-
dentemente de religião às pessoas da nossa comunidade, como fez Jesus nos-
so Salvador, Senhor e Mestre. Ir ao encontro dos que mais precisam é nossa
missão!” (Revista Felizcidade, Pastoral, Semana 28 de 10 a 16 de julho, 2011).

Existem muitas formas e ideias para realizar um ato de bondade com a sua
célula. Um fator em comum a todos eles é que você, como líder, tem recur-
sos e tempo limitado para fazê-lo. É aqui que sua criatividade, mobilização
e liderança serão colocados à prova. Lembre-se de que as melhores ideias
surgem quando os recursos são limitados!

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Diante deste desafio, alguns passos são muito importantes antes da concep-
ção e da realização de um ato de bondade:

• Identificar áreas de atuação;

• Identificar o perfil das pessoas;

• Identificar as necessidades das pessoas;

• Identificar equipes e materiais.

Como referência e fonte de inspiração, colocamos abaixo ideias criativas


para que você mobilize sua célula nos desafios propostos pela igreja, dentro
do contexto dos atos de bondade, ou mesmo fora dele, como eventos ponte e
outras ações esporádicas. Por mais criativa que seja, toda ação deve envolver
a oração e total dependência do Espírito Santo. Deve-se ainda comunicar sua
liderança para que tudo o que você faça tenha uma cobertura espiritual.

Sugestões Atos de Bondade

01. Entregar um lanchinho em ambientes de fila, por exemplo, em repar-


tições públicas. © Editora Inspire
02. Visitar, com presentes, um asilo, um orfanato, casas de transição para
crianças, juniores e adolescentes, hospitais etc.

03. Escrever cartas anônimas para presidiários (com orientação do pastor


de Capelania Prisional).

04. Homenagear profissionais que atuam em áreas sem um reconheci-


mento maior (limpeza pública, enfermeiros, seguranças de prédios,
policiais e bombeiros, motoristas de ônibus, cobradores, professores,
taxistas etc.).

05. Revitalizar a casa de alguém (pintura e móveis).

06. Lavar os carros dos vizinhos ou ajudá-lo nos afazeres domésticos.


Ajudar a finalizar paredes com massa fina ou até mesmo pintar. Dife-
rentemente de revitalizar, mas finalizar algo que se percebe por muito
tempo inacabado.

07. Presentear os vizinhos com um bolo ou torta especial e abençoá-los.

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08. Fazer o enxoval de uma gestante carente.

09. Levar roupas novas em uma casa de recuperação de dependentes quí-


micos (toda orientação com pastor da área).

10. Sair às ruas com os líderes do ministério de Evangelismo Urbano.

11. Promover um dia especial para crianças e suas famílias em uma região
carente da cidade (brinquedos, jogos, lanches e roupas).

12. Organizar uma visita especial para o centro de tratamento com pacien-
tes psiquiátricos (com toda a orientação do pastor da área).

13. Evangelizar no centro da cidade, entregando um material evangelístico.

14. Realizar uma caminhada de oração e evangelismo nos parques da cidade.

15. Revitalizar praças públicas (em parceria com a prefeitura).

16. Levar isotônico para os ambientes públicos de esporte na cidade e um


folheto evangelístico para os atletas.

17. Promover um evento para que os vizinhos tragam seus pets e repartir o

© Editora Inspire
amor do Deus com eles.

18. Fazer um cine especial para levar princípios cristãos com as crianças
da vizinhança.

19. Levar carinho, música e presentes para as crianças do GACC (Hospital


em SJCampos).

20. Realizar apresentação de expressões artísticas nas escolas.

21. Fazer apresentações acústicas com evangelismo nas praças da cidade.

22. Fazer evangelismo com porteiros de prédios e hospitais.

23. Organizar um mutirão para limpeza da cidade. Coleta de lixo reciclá-


vel e evangelização.

24. Realização de flashmob pela cidade.

25. Servir algum tipo de lanchinho em postos de saúde, em diversos horários.

26. Oferecer um grande café comunitário para os desabrigados.

27. Realizar impactos evangelísticos em bairros estratégicos, incluindo


cultura, entretenimento, esportes e serviço sociais.

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28. Oferecer serenatas para os vizinhos.

29. Realizar dia da beleza para as mulheres em regiões mais carentes da


cidade (envolver profissionais ligados a corte de cabelo e manicure).

30. Incentivar e auxiliar os empresários da igreja a abençoar outros em-


presários com atitudes práticas.

31. Levar flores para o ambiente de trabalho e compartilhar com os seus


colegas. Coloque uma mensagem motivadora, em um cartão preso a
cada flor.

32. Fazer um “kit antiestresse” para os universitários e entregar em sala de


aula. Você pode comprar uma bolinha antiestresse (de espuma), alguns
doces e chocolates, uma folha com 10 piadas (conteúdo sadio) e um
livreto: Você não está aqui por acaso.

33. Colocar corações de papel com uma mensagem “Você é especial para
Deus. Lembre-se disso!” e prenda nos para-brisas dos carros estaciona-
dos na faculdade.

34. Mobilizar seus colegas de trabalho a trazerem alimentos com um mês


© Editora Inspire
de antecedência e ao final ir com eles entregar em um dia especial na
ABAP. Chegando, faça uma oração e dê uma palavra de gratidão.

35. Ligar ou visitar para uma pessoa que está longe de casa e não vê a
família há muito tempo.

36. Decidir elogiar e agradecer pelo menos uma pessoa por dia.

37. Escrever um bilhete e dar um presente de agradecimento para alguém


que influenciou sua vida positivamente.

38. Presentear policiais com cartas de gratidão ilustradas por crianças


com alguns presentes.

39. Deixar outro motorista parar na sua vaga de estacionamento.

40. Dar uma gorjeta generosa com uma mensagem “Jesus te ama” para o
garçom, frentista e outros.

41. Descobrir uma necessidade de alguém que presta serviço a você e sur-
preendê-lo, suprindo esta necessidade.

42. Ajudar alguém a se reconciliar com algum amigo ou parente próximo.

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43. Pagar para a pessoa que estiver atrás de você na fila do cinema. Se
ela perguntar o motivo, diga a ela que foi Deus quem pediu para
você fazer isso.

44. Deixar uma nota de valor expressivo no bolso de alguém que você sabe
estar passando por dificuldade financeira.

45. Enviar uma cesta de café da manhã para uma família necessitada, com
um cartão feito por cada pessoa da sua família ou célula.

46. Realizar uma disputa de games (mobilize seus filhos na organização)


com premiação. No acontecimento dê uma palavra objetiva e ore pelos
convidados.

47. Prender uma sacolinha na porta do quarto de cada membro da família.


Por uma semana, coloque um presentinho, doce, ou bilhete na porta
cada dia, para que eles encontrem quando acordar de manhã.

48. Ajudar um amigo ou vizinho que perdeu o emprego a fazer um currículo.

49. Deixar um “crédito extra” em uma lanchonete para aquela pessoa que
estiver perto, aparentemente sem condições.
© Editora Inspire
50. Distribuir 40 livros que trará benefícios para a vida das pessoas (Suges-
tões da Editora Inspire: Quebre os mitos que te fazem sofrer, Palavras de
Maria, Código JMR).

51. Surpreender alguém em sua casa com um café da manhã na cama.

52. Desafiar os seus filhos na escolha de 02 brinquedos e 01 peça de roupa


para doar (condição nova ou seminova). Vá com eles a um orfanato e
deixe-os entregar a doação. O mesmo pode ser feito às crianças amigas
de famílias pobres.

53. Pedir a sua célula doação de um computador ou laptop usado. Doe


para uma pessoa necessitada e dê um curso de noção de informática
e internet. Pode ser uma pessoa idosa, vocês podem criar um e-mail e
um perfil em Rede Social para ela e passar a interagir com ela.

54. Oferecer aconselhamento jurídico, psicológico ou faça pesquisas para


idosos ou pessoas de baixa renda.

55. Conversar com sua célula e fazer uma semana para perdoar dívidas.
Cada um deve perdoar uma dívida.

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56. Matricular um adolescente carente no Colégio Inspire e custear um
ano de estudos.

57. Ajudar alguém a fazer uma mudança.

58. Transformar a república de um jovem.

59. Entregar um kit com doces e um livro para funcionários do shopping.

60. Estabelecer na sua empresa o costume de sempre dar um bom livro


cristão quando fechar um negócio.

61. Anunciar um curso de culinária gratuito, o participante deve trazer


apenas o material anunciado antes.

62. Fazer um dia de festa especial com as crianças de uma creche.

63. Fazer um mutirão de abraços grátis oferecendo cafezinho e pão às


pessoas em centros comerciais.

64. Visitar pessoas que estão afastadas da igreja que estejam em seu raio
de convívio.

© Editora Inspire
65. Dar um suporte maior aos órfãos e viúvas de nossa igreja/comunidade.
Fazer uma compra e levar roupas novas a viúvas, crianças, juniores e
adolescentes órfãos.

66. Entregar Bíblias em áudio no hospital Pró-Visão.

67. Fazer um encontro com professores da rede pública para dar um su-
porte físico e espiritual. Entregar algo que demonstre gratidão a eles.

68. Chegar mais cedo em seu trabalho e deixar um bombom com um reca-
do inspirador na mesa de cada colega.

69. Abençoar com palavras de fé as pessoas nos elevadores, nas filas etc.

70. Comprar presentes como livros, CDs ou DVDs e esperar na porta do Re-
começo (ministério que recebe novos convertidos após as celebrações)
para presentear alguém que aceitou Jesus.

71. Oferecer um suco, refrigerante ou uma fruta ao carteiro ou ao coletor


de lixos que passar em sua rua durante o dia.

72. Colocar em sua rede social pelo menos 03 frases inspiradoras por dia
durante 15 dias.

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73. Organizar visitas a Casas de Recuperação para levar amor e suprimen-
tos (com orientação do pastor da área).

74. Realizar um campeonato beneficente de futebol com os amigos. Doar


para a ação social (ABAP) valor adicional das inscrições.

75. Fazer um dia de contação de história para crianças da sua vizinhança


e presenteá-las com livros infantis cristãos (Sugestão Editora Inspire:
Série Identidade: Monique & Henrique).

76. Fazer uma oficina de brinquedos artesanais para meninas e meninos e


colocar princípios espirituais nesse encontro para deixar uma semente
ao coração delas.

77. Ficar com os filhos de amigos para que o casal tenha uma noite especial.

78. Levar uma família amiga, que precisa de um descanso, para um fim de
semana de viagem e entretenimento.

79. Realizar consertos de roupa para a comunidade.

80. Juntar e doar brinquedos novos para a nossa creche.

© Editora Inspire
81. Adotar uma praça perto da sua célula (procure orientação na Prefeitura).

82. Plantar em local direcionado, árvores frutíferas.

83. Distribuir bexigas e pirulitos para as crianças em locais de aglomera-


ção na cidade. Usar artes circenses (envolver o ministério da igreja).

84. Doar um dia de beleza e higiene para o pet (cão, gato) do seu vizinho.

85. Comprar pão e leite pelo menos três vezes na semana para um vizinho.

86. Recolher as folhas da calçada do seu vizinho.

87. Emprestar o seu carro reserva para alguém que não tenha carro para
passear com sua família.

88. Fazer uma compra significativa em um açougue e entregar para


uma família.

89. Ajudar durante uma semana uma mãe com bebê recém-nascido (dar
todo suporte).

90. Auxiliar uma família que esteja passando por um momento de


enfermidade.

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91. Promover um chá da tarde para mulheres.

92. Melhorar o estado do carro de alguém.

93. Ajudar a terminar uma construção da casa própria de alguém.

94. Demonstrar gratidão aos times de São José dos Campos (Futsal, Vôlei,
Basquete etc.) pela campanha nos campeonatos. Levar presentes aos
jogadores e literatura de espiritualidade.

95. Fazer uma carreata de oração com sua célula pela cidade.

96. Enviar pelo site da prefeitura palavras de bênçãos e gratidão para o


nosso prefeito.

97. Dar uma oferta exponencial para alguém (peça para Deus lhe mos-
trar a pessoa).

98. Colocar crédito no celular e ir a rodoviária e oferecer as pessoas para


ligar para seus familiares.

99. Oferecer um almoço para os seus pais e surpreendê-los com um pre-


sente e gestos de amor.
© Editora Inspire
100. Pagar por um espaço publicitário em jornais, sites importantes da cida-
de e outdoor para colocar a frase: Eu amo a minha cidade e oro por ela!

101. Dar uma pequena lembrança às pessoas que inspiram você.

102. Colocar corações com recados ou passagens bíblicas e pendurar nas


árvores de uma praça perto da sua célula.

103. Fazer pedalada musical. Com sua célula, convidar amigos para andar
de bicicleta e cantar canções durante o trajeto.

104. Fazer vasos decorativos com materiais reciclados e distribuir para as


pessoas do seu condomínio.

105. Fazer um dia de lava carro gratuito para as pessoas do seu condomínio.

106. Fazer um café da manhã para as pessoas da rua onde acontece sua célula.

107. Montar uma tenda na praça ou centro da cidade e oferece oração


gratuita às pessoas.

108. Montar uma tenda na praça ou centro da cidade e oferece livros cris-
tãos gratuitos às pessoas.

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109. Pagar a compra de supermercado de um idoso em bairro carente.

110. Organizar ajuda orfanatos, asilos, creches e convidar amigos não cren-
tes para “Dia do Serviço Amigo”.

111. Organizar encontros para integrar amigos não crentes na célula (fute-
bol, noite da pizza, churrasco).

112. Marcar um jantar de gratidão a um amigo não crente que o ajudou em


um momento importante da sua vida.

113. Usar as redes sociais para abençoar a vida das pessoas.

114. Organizar com usa célula a doação de 1 semana das férias em ação
missionária (Lar Batista-orfanato, Haiti, Senegal etc.).

O VALOR DA FORMAÇÃO DE LÍDERES

Um é um número muito pequeno para quem pretende fazer grandes coi-


sas. Precisamos de outras pessoas. Este é um dos princípios abordados por
John Maxwell, em seu livro 17 Incontestáveis Leis do Trabalho em Equipe, que
© Editora Inspire
reflete sobre o exemplo de liderança de Jesus.

Uma coisa é certa: Jesus e Seus discípulos são modelos realmente con-
fiáveis para o trabalho em equipe eficaz. Ainda que a Bíblia esteja cheia
de ilustrações de líderes individuais, Jesus distingue-se porque escolheu
desenvolver uma equipe. Com apenas três anos para completar Sua obra,
Jesus optou pela árdua tarefa de formar uma equipe como método primor-
dial de Seu ministério. Certamente, poderia ter uma velocidade maior tra-
balhando sozinho, pois Ele é Deus. Porém, optou por cumprir Sua missão
por meio de uma equipe.

O exemplo de Jesus nos ensina que pessoas estão acima das tarefas. Ele não
deixou de cumprir as tarefas, mas deu muito valor àqueles que estavam
perto. Ao liderar e mobilizar pessoas, nunca se esqueça de que pessoas
estão acima de projetos, metas e números. Como sempre falamos em nossa
igreja, os eventos passam, as pessoas ficam. Elas são nosso maior investi-
mento e o seu mais alvo como líder.

A missão de Jesus tinha um tempo específico para acontecer, mas Sua


equipe foi o instrumento usado por Deus para a continuidade da missão de

187
Cristo na Terra. Como Jesus nos ordenou: “Portanto, vão e façam discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com
vocês, até o fim dos tempos” Mateus 28.19-20. Formar novos líderes está no
coração de nossa missão.

John Maxwell nos lembra que “formar uma equipe é uma tarefa dura, mas
rende grandes resultados” (MAXWELL, 2008). A equipe de Jesus é o melhor
exemplo desta máxima, e este também pode ser o exemplo de sua célula. O
trabalho em equipe e a formação de novos líderes realizados Jesus gerou o
avanço do Reino, uma multiplicação do fruto de Sua ação. Portanto, seja
intencional e persistente ao liderar pessoas e formar novos líderes.

Por vezes, teremos de enfrentar sentimentos de insegurança, egoísmo,


orgulho, medo ou controle. Liderar pessoas não é fácil. Nem mesmo Jesus
deixou de ser traído por um membro de sua equipe. Contudo, persevere!
Quando somos dirigidos pelo Espírito Santo, seremos “Barnabés” e “Eliseus”
de nossa geração. Grandes resultados virão a partir de sua liderança!

© Editora Inspire

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. De acordo com o texto, destaque algumas características do modelo de


liderança de:

a. Barnabé

b. Eliseu

2. Quais são os estilos de liderança com os quais você mais se identifica?


Cite pelo menos dois.

3. Escolha uma sugestão de Atos de Bondade e, sucintamente, esboce


uma apresentação de projeto para sua concretização, utilizando os
pontos apresentados nesta lição.

© Editora Inspire

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 2000.

HUBER, A. Discipulado Um a Um. Fortaleza: MDA Publicações, 2011.

HYBELS, B. Liderança Corajosa. São Paulo: Vida, 2010.

MAXWELL. J. 17 Incontestáveis Leis do Trabalho em Equipe. São Paulo:


Thomas Nelson, 2008.

PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984.

© Editora Inspire
LEITURA OBRIGATÓRIA

KORNFIELD, D. O líder que brilha. São Paulo: Vida, 2007.

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