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História da Palestina:

Século I
Material Teórico
História da Palestina

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Edgar Silva Gomes
Prof. Ms. André Valva

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
História da Palestina

• A Galileia do Primeiro Século


• Organização Social: Estrutura Familiar
• O Templo, os Sacerdotes e o Sinédrio
• Dinastia Herodiana
• Política e Economia
• Formação de um Pensamento Rebelde
• Jesus de Nazaré
• A Trajetória de Jesus nos Evangelhos

OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Apresentar um panorama sintético da Palestina e da Galileia do
Primeiro Século da era comum.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE História da Palestina

Contextualização
A Palestina e a região da Galileia são de fundamental importância no estudo
teológico. Foram os principais palcos onde a crença judaica e, posteriormente, a
cristã se desenvolveram.

A Unidade traz compreensão sucinta das duas regiões, Palestina e Galileia.


Destaco o termo sucinto, pois a região é complexa e sua influência para os assuntos
teológico são profundos, assim como a criação simbólica para judeus e cristãos.

Esses estudos introdutórios da região da Palestina e da Galileia servem de cenário


para a compreensão de quem foi Jesus e como ele se envolveu com os movimentos
sociais de sua época. É importante contextualizar Jesus dentro da região onde
viveu, cresceu e iniciou seu próprio movimento social/religioso.

Desfrutem dos conteúdos e não se esqueçam de acessar os materiais e conteúdos


complementares.

Vamos conhecer a Palestina?

Esta Disciplina está organizada em seis unidades e dará conta de levar você,
aluno(a), a conhecer, definir, classificar e conceituar a Teologia como campo
de pesquisas, estudos e formação acadêmica e profissional. Isso é o que você
encontrará nas próximas unidades.

Ademais, perceba que a Disciplina em Ensino a Distância pode ser realizada em


qualquer lugar que você tenha acesso à Internet e em qualquer horário. Dessa forma,
normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para
o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento do
material trabalhado, ou ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades
solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário,
todos ou alguns dias, e determiná-lo como o “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como


sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados


em fóruns de discussão, assim como realize as atividades de sistematização, que
ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo: são questões objetivas que
pedirão resoluções coerentes ao apresentado no material da respectiva Unidade
para, então, prepará-lo(a) para a realização das respectivas avaliações. Tratando-
se de atividades avaliativas, se houver dúvidas sobre a correta resposta, volte a
consultar as videoaulas e as leituras indicadas para sanar tais incertezas.

Lembre-se: você é responsável pelo seu processo de estudo. Por isso, aproveite
o máximo essa vivência digital!

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A Galileia do Primeiro Século
Entender o contexto da Galileia e da Palestina primitiva é fundamental para
compreendermos o movimento messiânico liderado por Jesus de Nazaré.
Assim, podemos iniciar nossos estudos refletindo sobre a região da Galileia e,
posteriormente, abordarmos a figura histórica de Jesus.

Segundo Richard Horsley, o nome Galileia é uma redução de galil ha-goyim,


que significa “círculo das nações”. Essa significação pode ser encontrada duas
vezes na Bíblia, uma delas no Livro de Isaías (Is) 9,1:
Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus,
nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de
Naftali; Mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do
Jordão, Galileia dos gentios.

Galileia, como essa forma contraída, aparece somente mais uma vez, agora
já no Novo Testamento (NT), no Evangelho de Mateus (Mt), no quarto capítulo,
décimo quinto versículo: “Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar,
além do Jordão, Galileia dos gentios”. Aqui, o autor do evangelho cita o profeta
Isaías para justificar os movimentos de Jesus.

A região galilaica recebe esse nome Círculo das Nações devido à sua posição
geográfica e à formação das comunidades que habitavam o local. Ela ficava
localizada no centro de importantes rotas comerciais: ao Norte, estavam a Síria e a
Fenícia; a Leste, a Ásia Menor, e ao Sul encontrávamos o Egito.

A topografia da Galileia colaborou com a formação de comunidades heterogêneas


e a construção de uma política diversificada ao longo dos tempos, pois o Sul da
região era mais plano e o Norte mais montanhoso, e menos acessível . Ao sul,
concentravam-se os judeus, e ao norte, a população era mais heterogênea.

A Galileia era um território perigoso para viajantes e comerciantes. As montanhas


eram refúgio para galileus e estrangeiros e as planícies eram extensas e perigosas.
Assim, percebemos que uma parcela significativa da população galilaica não era judia.

Dessa forma, fica fácil entender porque os hebreus chamavam aquele pedaço
de terra de “Círculo das nações” ou “Galileia dos gentios”, posteriormente. A
região se situava ao redor de várias civilizações e era habitada por diferentes grupos
étnicos, com predominância judaica.

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UNIDADE História da Palestina

Sociedade Galilaica
Os galileus eram predominantemente camponeses, pois haviam poucas cidades
construídas na região. A Galileia se caracterizava por diversas aldeias pequenas,
tribos familiares e poucas cidades-fortaleza espalhadas pelo território.

Na Galileia, a administração política, econômica e religiosa era distinta da


principal província da região: a Judeia.

A administração local era rígida, forte e violenta; a Economia era sugada pelos
impostos exigidos de todas as partes possíveis: os romanos, a aristocracia local
e os sacerdotes; a religião deixou de ser o alicerce da sociedade galilaica; o povo
passou a dar prioridade para o trabalho e para a formação de movimentos sociais
contra os romanos e a elite judaica. Essas modificações na dinâmica social galilaica
colocaram-na à margem das outras províncias; os galileus eram vistos como
submissos e inferiores.

A peculiaridade da Galileia residia na estrutura social. Na região, só existiam ricos


e pobres, camponeses e donos de terras; os pequenos proprietários e comerciantes
da região, não ganhavam o suficiente para configurarem outro grupo econômico.
A exploração romana e judaica fazia com que famílias inteiras perdessem suas
terras, suas colheitas e seus animais, indo trabalhar nas terras de conquistadores
romanos e da aristocracia judaica galilaica.

Organização Social: Estrutura Familiar


A primeira estrutura social que podemos identificar é o núcleo familiar e sua
forte relação com a terra:
Os costumes e tradições galilaicos expressavam e orientavam a vida das
comunidades aldeãs, com ênfase na reciprocidade local e na preservação
de todas as famílias em sua herança ancestral da terra que formava a base
de sua subsistência e lugar na comunidade da aldeia.

Os núcleos familiares geralmente se multiplicam devido à incorporação da


mulher na família do marido. A família da mulher mantém contato com a nova
família do marido por razões sociais e econômicas.

É esse relacionamento que permite que a cultura judaica resista a constantes


invasões e influências externas. O núcleo familiar concentra, e serve de abrigo, os
princípios fundamentais da religião e do sentimento nacionalista, enraizado nas
famílias galilaicas.

O homem tem papel de liderança no núcleo familiar. O pai é responsável


pelo sustento e pela proteção. Cabe a ele transmitir o ensino religioso e o ensino
profissional a seus filhos e filhas.

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A mulher é responsável pela educação formal, pela manutenção da casa e das
tradições judaicas. Outro aspecto relevante é que ela deveria poder gerar filhos
saudáveis, como ordena a Torá: “sede fecundos e multiplicai-vos!” (Gn 1:28) .

Assim:
A família israelita antiga é de tipo patriarcal. Nela, tudo se compreende
desde o ponto de vista do pai. O pai goza de total autoridade sobre a
“casa” e sobre todas as pessoas ligadas à família. O marido é o senhor da
mulher. Porém, a solidariedade familiar é bastante forte.

Homens e mulheres eram, em sua maioria analfabetos; contudo o homem tinha


a oportunidade de aprender, se quisesse. O professor Pedro Lima Vasconcelos,
da PUC de São Paulo, afirma que quase 90% da população judaica do período
era analfabeta:
Ainda que os camponeses judeus não soubessem ler o hebraico (exceto
aqueles poucos que se tornaram escribas ou fariseus), evidentemente
conheciam as histórias e lembravam sua própria história em forma oral.

Os homens, de maneira geral, possuíam liberdade dentro e fora do núcleo


familiar; já as mulheres não participavam da vida pública; elas ficavam recolhidas
no espaço do lar ou da aldeia. As crianças deviam obediência tanto ao pai
quanto à mãe.

O Templo, os Sacerdotes e o Sinédrio


Em Jerusalém, havia o Templo e seus sacerdotes. O Sumo sacerdote era o
líder espiritual e, consequentemente, chefe de Estado. Ele e os demais sacerdotes
controlavam a vida religiosa dos judeus de todas as províncias da Palestina Primitiva.

Os galileus não aceitavam totalmente as ordens do Templo, vez que não eram,
em sua maioria, judeus e estavam mais perto do domínio romano.
O sumo sacerdote era o único que podia fazer orações para a purificação
do povo, bem como entrar para fazer expiação uma vez por ano no Santo
dos santos. Este tinha uma situação econômico-financeira privilegiada:
podiam separar primeiro as melhores oferendas doadas ao Templo e que
fossem para os sacerdotes; o Templo era a fonte de renda de todos eles
– sacrifícios de animais, os quais podiam ser adquiridos dentro do espaço
do Templo, bem como a comercialização de perfumes e especiarias,
estavam nas mãos da família do sumo sacerdote ou eram confiados aos
grandes comerciantes da época que, posteriormente, repassavam uma
parte para ele. Por isso e também porque era aliado dos romanos, o povo
não aceitava muito a atuação do sumo sacerdote. No entanto, quem não
concordava era substituído.

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UNIDADE História da Palestina

Na Galileia, a autoridade reconhecida era o Sinédrio, espécie de Senado com-


posto por aristocratas e sacerdotes que funcionava como tribunal e fórum de
discussões judaicas.

Os Sinédrios eram subordinados ao Templo e ao Sumo sacerdote; porém,


tinham determinada autonomia nas regiões que atuavam. Quando Jesus é preso
no Monte das Oliveiras, ele é levado ao Sinédrio de Jerusalém, onde ele recebe o
primeiro julgamento de Caifás e dos anciãos (Mt 26:47-68) .

O Templo, o Sinédrio, juntamente com as Sinagogas, eram os mais importantes


para os judeus. Eles demandavam a respeito de Política, Religião e Economia. Essa
combinação de funções gerava conflitos de entendimento na região da Galileia.

Dinastia Herodiana
Herodes, o Grande, foi o responsável por unificar todas as províncias (Idumeia,
Judeia, Pereia, Samaria, Galileia, Batanaeia e Traquionítida) sob o mesmo comando.
Ele governou essas regiões de 37 a 4 aEC; quando ele morreu, suas terras foram
deixadas em testamento para seus filhos.

Arquelau, um dos herdeiros, ficou com as terras da Judeia, Idumeia e Samaria;


governou de 4 aEC até 6 EC Ele encontrou fortes resistências em suas terras, pois
a população era (quase toda) judaica; diferentemente dos demais territórios.

Augusto, imperador romano, depôs Arquelau, anexando a região e a classificando


como Província Imperial; assim, a Judeia, Idumeia e Samaria ficariam sob a adminis-
tração de um Procurador romano.

A Galileia e a Pereia ficaram com Herodes Antipas, que governou de 4 aEC


até 39 EC; foi considerado um bom governante do ponto de vista romano. Com
controle rígido e severo, procurou não cometer o mesmo erro do irmão (Arquelau)
e sufocava severamente quaisquer reações contrárias ao seu governo.

Herodes Filipe – que na verdade era neto de Herodes, pois seu pai, Aristóbulo,
morreu antes de Herodes, o Grande – ficou com as terras consideradas não judaicas:
Batanaeia e Traquionítida, e governou de 4 aEC até 34 EC.

A Dinastia Herodiana é chamada de Reis-clientes, pois governava suas regiões


devendo subordinação à Roma. Por essa razão, foram governos com fortes
influências helênicas e com alta taxa de tributação do povo.

Contudo, a autoridade mais importante da Galileia era Herodes Antipas, rei


idumeu nomeado pelos romanos para administrar a região. Seu governo foi
extremamente rigoroso contra quaisquer tipos de manifestação, ele mantinha
espiões entre os camponeses galileus para encontrar subversivos e revoltosos a fim
de desestruturar sua administração :

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Para se ter uma ideia do quanto Antipas não desejava qualquer ajuntamento
ao redor de um líder, basta ler nos Evangelhos os relatos da prisão de João
Batista e o modo cruel como mandou executá-lo (Mc 6:14-29).

Antipas ficou marcado na Galileia pelas reformas, principalmente, a cidade-


fortaleza de Séforis e a construção de Tiberíades. Expressando sua desconfiança e
tentando manter a ordem a qualquer custo, o rei obrigava os galileus mais influentes
e abastados a se mudarem para as cidades-fortaleza, para vigiá-los melhor.

Essas exigências não foram bem recebidas, especialmente, pelos camponeses,


que já não viam as cidades com bons olhos e não concordavam, em absoluto, com a
maneira de Antipas dirigir a região: “O camponês judeu certamente experimentava
a cidade como alheia, como se pode notar nas muitas referências na literatura
rabínica, que a vê como um lugar estabelecido para extorquir e oprimir” .

Séforis passou a funcionar como uma fortaleza que garantia o recolhimento dos
impostos e vigiava as aldeias galilaicas em suas cercanias , enquanto Tiberíades
funcionava como capital da Galileia.

Antipas se utilizou dessas duas cidades para controlar a população, exercendo


função parasítica, transformando a cultura galilaica em comércio agrário típico do
império romano , no qual não basta pegar somente o excedente do povo, mas a
aristocracia tomava a terra dos camponeses .

Política e Economia
A Economia circulava em torno da pecuária e da agricultura, principalmente,
a produção de grãos: plantava-se trigo, cevada, figo, azeitonas, uvas, tâmaras,
romãs, maçãs, nozes, lentilhas, ervilhas, alface, chicória e agrião entre outros .
As atividades de pesca não podem ser esquecidas, pois eram economicamente
importantes para a Galileia.

Os aldeões eram pobres devido aos altos impostos judaicos e, principalmente,


romanos , que exigiam a entrega dos excedentes da produção e, muitas vezes, da
própria terra, para o abatimento de dívidas : “[...] à época romana, o pagamento
de impostos estava atrelado unicamente ao cálculo efetuado pelos censores, não ao
montante real da produção [...] ”.

A região do Norte era conhecida por sua alta capacidade de produção; o


comércio era pouco desenvolvido nessas terras e a pecuária era restrita à criação
de animais para fins religiosos e eventos grandiosos.

As rotas comerciais traziam produtos de fora e colaboraram com a circulação da


moeda. No primeiro século EC, era a moeda romana que vigorava:

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UNIDADE História da Palestina

A Baixa Galileia, por onde passavam as rotas comerciais, era dirigida por
centros administrativos romanos. As cidades estavam ligadas à planície
litorânea e tinham um excelente contato com as caravanas. Por essa
razão possuíam melhores informações e o contato com as culturas, que
transitam com o comércio [...] .

A distribuição de bens e serviços era mais bem realizada nas cidades-fortaleza


de Séforis e Tiberíades, onde residia a aristocracia romana galilaica e a judaica.
Nessas cidades, os habitantes tinham certos confortos, principalmente, devido às
características helênicas impostas pelo governante local: Herodes Antipas. Nos
demais lugares da Galileia, a população era predominantemente camponesa e não
desfrutava de luxos e regalias.

Grupos Político-Religiosos
Os camponeses eram maioria, mas existiam aqueles que não se enquadravam
dentro de um judaísmo tipicamente nacionalista galileu, que era relativamente
diferente do judaísmo pregado na Judeia.

Os judeus, camponeses ou não, distinguiam-se entre essênios, zelotes e fariseus.

Podemos começar pelos zelotes, que surgiram dos camponeses galileus:


Assim, um zelote era qualquer judeu (a) profundamente zeloso na prática
da Lei Mosaica, (b) que insistia com os outros judeus para observarem a Lei
estritamente como forma de separar Israel dos gentios imorais e idólatras
que os cercavam, e (c) que, em alguns casos, podiam usar hostilidade,
violência ou mesmo assassinato para forçar seus correligionários a adotar
o total afastamento dos gentios e de seu estilo de vida, Contudo, nem todo
judeu zeloso pela Lei usava a violência como meio de expressar tal zelo.

De fato, os zelotes lutavam pela restauração de um judaísmo que acreditavam


ser legítimo e, para isso, combatiam tanto os romanos quanto as elites judaicas
do Templo.

Muitos zelotes estavam ligados ao banditismo social e buscavam separação dos


romanos e regresso ao “judaísmo puro”, sem influências de outras culturas.
Os zelotes eram um grupo que negava se submeter ao imperador romano
e chamá-lo de Senhor. Determinados a mudar o curso da história com
suas próprias mãos, eram vistos pelo Império Romano como bandidos
ou ladrões [...] .

Acima de tudo, os zelotes promoviam um retorno às origens que, como veremos


mais adiante, é um dos discursos de Jesus em seu grupo.

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Outro grupo bastante presente na Galileia eram os fariseus. Eram judeus mais
tradicionais que seguiam as Leis Mosaicas, as tradições orais e preservavam a
pureza do corpo; acreditavam na ressurreição e na vinda de um Messias libertador;
também criam na alma e no diabo. Eram os administradores das Sinagogas e se
dedicavam ao estudo e ao debate das Leis judaicas e às orientações talmúdicas.

Possuíam grande apelo junto ao povo, eram simpáticos e acessíveis; assim como
no Sinédrio, onde os fariseus eram a maioria e detinham uma rede de influências
muito grande: “Os fariseus são aqueles que tudo observam, tudo suspeitam, que
controlam o povo e o influenciam com a sua propaganda” .

Devido à influência helênica na região, os fariseus propunham uma renovação


moral, sem sair dos trilhos das leis mosaicas.

Os essênios se autodenominavam “os piedosos” e ainda existe discussão sobre


o contexto histórico do surgimento desse grupo. Eles desenvolveram sua própria
visão de messianismo: “Os essênios constituíam-se em um judaísmo paralelo, pois
tinham rompido formalmente com o judaísmo oficial e a si mesmos se designavam
de “comunidade da aliança” .

Formavam um grupo independente; muitas vezes recrutando outros judeus e


convertendo gentios para seus grupos.

Acreditavam que com eles um novo Israel surgiria, no qual as cerimônias religiosas
seriam realizadas num Templo completamente puro, vez que consideravam o
Templo de Jerusalém impuro.

Refugiavam-se isolados de qualquer comunidade e esperavam pela chegada do


Messias, que os guiaria e lideraria para o grande embate entre o bem e o mal. Viviam
em comunidades isoladas pregando a pobreza como caminho para a salvação.

Acreditavam na imortalidade da alma , na ressurreição, em anjos e em demônios;


eram semelhantes aos fariseus nessas crenças. O isolamento a que se propunham
era uma forma de fugir dos pecados e dos pecadores.

Religião e Profetas
Podemos dizer que os hebreus eram monoteístas desde o tempo de Abraão,
diferentemente da maioria dos povos antigos, que cultuavam diversos deuses;
porém, o que diferencia esse monoteísmo dos demais é o caráter ético dessa crença:
Uma concepção tão revolucionária de deus não acontece por acaso,
do nada: ela se desenvolve dentro de condições históricas específicas,
de uma realidade social única (...) uma concepção religiosa do judaísmo
afirmaria que esse deus se revelou para os hebreus pela simples razão
de estes constituírem o povo eleito (...) cronologicamente sabemos que
o monoteísmo ético encontraria sua expressão não no período tribal
(que vai até o final do século XI a.C.), nem durante o reinado de Saul,
o primeiro rei; de Davi, o verdadeiro criador da monarquia unificada; de

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UNIDADE História da Palestina

Salomão, o grande conquistador, aquele que definiu as fronteiras com


armas e sabedoria; mas já no período da decadência da monarquia, após
a separação que dividiu a monarquia nos reinos de Judá, ao sul, e de
Israel, ao norte.

De Abraão a Moisés, o monoteísmo hebreu teve um aspecto universalista, não


restringiu a religião a um determinado povo.

No Egito, o monoteísmo hebreu se tornou nacionalista com a ideia de “terra


prometida” e de “povo eleito”. Essas ideias moldam o monoteísmo que chegou até os
tempos de Jesus; porém, essa crença sofreu inúmeras influências, transformando-a
em algo ímpar no mundo antigo.

A concepção de “terra prometida” levou o monoteísmo hebreu a um novo pata-


mar, no qual seus praticantes formavam uma Unidade que, anacronicamente, pode-
mos considerar uma nação. Pela crença, essa unidade não teria governante máximo,
pois esse papel caberia a Deus. É nesse contexto que surge a figura do profeta.

O profeta não era um líder religioso ou de qualquer outra ordem; ele procurava
orientar as ações do povo dentro de uma ética divina, ou seja, tentava ensinar ao
povo como se comportar de maneira que agradasse a Deus: “O profeta era apenas
um mensageiro que anunciava a palavra de Javé” ; isso em relação ao pensamento
de “povo eleito:
Não é fácil definir o que distingue o profeta de outras figuras inspiradas
pela divindade, como juízes ou sacerdotes. Os profetas eram indivíduos
que nem sempre atuavam da mesma forma, e a Bíblia faz bastantes
referências à hostilidade entre diferentes grupos proféticos.

A ideia era simples: Deus escolheu os hebreus para guardarem seus ensinamentos,
respeitá-los e os transmitirem a seus descendentes. Os hebreus não tinham a
incumbência de levar a palavra de Deus para outros povos, justamente por não
terem sido escolhidos por Deus.

Na terra prometida, os hebreus ganharam a alcunha de judeus, devido ao nome


que dão ao território: Judá, e lá, surgiu a ideia de um messias salvador que lideraria
o povo judeu; esse pensamento nasceu, simultaneamente, quando os profetas
passaram a predizer o futuro da nação.

É na Palestina que se constroem as tradições judaicas que vemos na sociedade


do primeiro século EC e que Jesus menciona e pratica nos Evangelhos: a unidade
judaica em torno da crença, construindo um nacionalismo religioso e à espera do
Messias libertador para o povo eleito.

Nesse período, o profetismo estava muito vivo entre o povo judeu e surgiam
novos movimentos proféticos – como o de Jesus de Nazaré.

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Formação de um Pensamento Rebelde
A formação de um pensamento rebelde vai sendo construída ao longo dos
séculos pela população galilaica, sendo passada na família pelos mais velhos para
os mais novos, por meio das tradições orais.

Com o passar dos anos, o sofrimento e os abusos econômicos e políticos das


autoridades vigentes no território galilaico ficam mais evidentes; isso fez com que
esse pensamento rebelde ganhasse força na mentalidade dos galileus.

A população galilaica cresceu e se desenvolveu com um pensamento rebelde e


de libertação e foi com a dominação selêucida e, posteriormente, com a romana,
que esse pensamento ganhou força.

Uma característica importante da sociedade galilaica do primeiro século EC


era o sentimento de revolta que nutria pelos romanos e pelos judeus da Judeia,
principalmente.
A dominação romana da Palestina judaica começou com uma conquista
violenta, seguida de um prolongado período de devastadoras lutas pelo poder.
(...) para os camponeses judeus, a dominação herodiana e romana geralmente
significava pesada tributação e, mais do que isso, uma séria ameaça para a
sua existência, visto que muitos foram expulsos das suas terras.

Como podemos perceber, a Galileia era primordialmente camponesa, mas


sofria com abusos de poder e autoridade vinda de todas as partes. Isso sufocava
a população local e que culminou em diversas revoltas populares e movimentos
sociais. Uma delas foi o movimento messiânico liderado por Jesus; outro foi a
Revolta Judaica entre os anos 66 e 73 EC (esta última revolta não será abordada
neste trabalho).

Esse sentimento chegou ao ápice no governo de Herodes, o Grande, e com a


dominação romana da Palestina Antiga. Os projetos de construção de Herodes
e, mais tarde, de seu filho Antipas, nas províncias judaicas, acarretavam grandes
tributos a serem pagos, principalmente, pelos galileus.

A exploração econômica sobrecarregava os camponeses que eram obrigados a se


desfazerem dos seus bens para poder arcar com os impostos sem sofrerem represálias:
Os galileus foram assim os primeiros vassalos mais recentes de Herodes
a conhecer as táticas de violência típicas do seu futuro rei. Toda essa
devastação, escravização e tributação parecem ter provocado sentimentos
de oposição aos romanos e a Herodes entre os galileus.

O crescimento do banditismo social era um indicador das dificuldades econômicas


que a Galileia passava; é possível perceber como a situação estava tumultuada .
Como Freyne menciona “a pobreza era então um fato fundamental da vida”.

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UNIDADE História da Palestina

O banditismo social foi um componente importante do pensamento rebelde,


pois expunha a reação espontânea dos necessitados e marginalizados contra os
ricos e poderosos .

Sem dúvida houve exploração social e econômica dos camponeses galileus,


assim como de outras províncias também. As crises econômicas provavelmente
aumentaram a escalada do banditismo :
Os bandidos gozam do apoio dos aldeãos, já que eles tentam corrigir
a injustiça por meio de represálias violentas contra seus opressores; os
aldeãos e os bandidos compartilham um grupo comum de valores e
pressupostos religiosos, os quais justificam suas ações, apelando a uma
justiça divina que se espera.

A opressão econômica e social era tamanha que os galileus, mesmo sem


recursos, organizavam-se na tentativa de enfrentar e se libertarem da dominação
romana, herodiana e sacerdotal: “[...] quando mais de 90 por cento são camponeses
dominados por uma pequena minoria, [a região] está sujeita a tensões quase
inevitáveis que são um fator maior no seu desenvolvimento histórico ”.

O desejo de liberdade política, administrativa e religiosa era intenso dentro


das organizações e estruturas sociais galilaicas abordadas nesse capítulo, e nos
primeiros anos do século I EC. Essa foi uma importante característica da população
da Galileia.

Jesus de Nazaré
Jesus de Nazaré ainda é um mistério a ser solucionado e que intriga muitos
pesquisadores mundo afora. Sua vida e ensinamentos são estudados com finalidades
religiosas e também com finalidades acadêmicas.

Faz alguns anos que se começou a olhar a sociedade na qual Jesus vivia, assim
como já dizia Meier, como importante, ainda nas décadas de 1970 e 1980.

Assim, da mesma forma que foi importante explorar o contexto social no qual
Jesus vivia, agora abordaremos a pessoa de Jesus. Quem foi Yeshua? O que se
sabe dele sem considerar afirmações baseadas na fé? O que os Evangelhos nos
dizem de Jesus?

Quem foi Yeshua?


Yeshua (Jesus em Hebraico) , nasceu na Galileia, pouco antes do marco zero de
nosso calendário; viveu em torno de 35 anos, morreu jovem por ser considerado
agitador político e religioso e deixou um legado que posteriormente transformou a
história da Humanidade.

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Basicamente, é isso de que se tem conhecimento histórico de quem pode ter
sido Jesus de Nazaré . Hoje, possuímos mais informações com base em descobertas
arqueológicas e estudos linguísticos e sociais da Palestina Primitiva. No entanto, a
maioria dos registros sobre Jesus está perdida para sempre; os estudos atuais são
baseados em inferências e analogias com pesquisas de campo: “O Jesus histórico
pode nos proporcionar fragmentos do indivíduo real” e, por essa razão, é tão
importante um estudo sério e minucioso, livre de crenças e influências religiosas.

Yeshua teria nascido entre os anos de 6 e 4 aEC na Galileia . Não existe razão para
acreditar que Yeshua tenha nascido em Belém, como mencionam os Evangelhos (Mt
2:1 / Lc 2:4-7) , que falam de Jesus de um ponto de visto mitológico, e não histórico.

Pelo fato de ser um galileu comum, os anos de infância e adolescência de Yeshua


estão irremediavelmente perdidos. Podemos inferir algumas informações com base
nos estudos realizados referentes à Sociedade galilaica.

Provavelmente, Jesus aprendeu a profissão com o pai, o que era comum na


época. Assim como os evangelhos também mencionam, Yeshua deve ter tido vários
irmãos e irmãs (Mt 13:55 / Lc 8:20) ; era importante ter quem ajudasse com os
serviços domésticos, com a lavoura ou o próprio negócio.

Nazaré, cidade onde Yeshua morou, ficava próxima a Séforis e é possível que ele
tenha aprendido um pouco de grego pelo contato com trabalhadores da cidade ou
até mesmo ter trabalho na construção da cidade-fortaleza, ou seja, além do aramaico,
idioma da região, é possível que Yeshua soubesse um pouco de grego também .

Após esse hiato, deparamo-nos com o início de seu movimento popular, no


qual ele aparece retratado nos Evangelhos. Sem levar em conta a fé e os dogmas
religiosos, podemos somente dizer que foi um movimento social que incomodou
as elites judaicas e também as romanas. Incomodou política e religiosamente o
suficiente para ser condenado à morte de forma bruta e típica de contraventores e
agitadores políticos .

Partindo dessas informações e utilizando as fontes certas (como os próprios


Evangelhos, fontes arqueológicas e pesquisas sociais da Palestina Primitiva), podemos
construir uma imagem relativamente boa de quem pode ter sido o Jesus Histórico.

A Trajetória de Jesus nos Evangelhos


Os Evangelhos não nos trazem informações cronológicas sobre os eventos
envolvendo Jesus de Nazaré. Eles também não são documentários sobre a vida de
Jesus e seu movimento messiânico. Com isso, não podemos esperar certezas no
que tange à exatidão da sequência dos acontecimentos.

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UNIDADE História da Palestina

José, marido de Maria, recebe em sonho a instrução de pegar sua família e se


dirigir à Belém, na Judeia, para que sua esposa desse à luz a Jesus. Em seguida, José
leva Maria e Jesus para o Egito, para fugirem de Herodes, que estava procurando
o menino para matar. Assim que Herodes morre, José conduz sua família para
Nazaré, na Galileia, vez que também recebeu essa instrução de Deus por sonho.

Depois de pouquíssimas informações sobre a infância e a adolescência – somente


Lucas faz referências breves (Lc 2:39-50), Jesus vai ao Rio Jordão para ser batizado
por seu primo, João Batista.

Assim que saiu do Rio Jordão, Jesus foi ao deserto, lá ficando por quarenta
dias, onde sofre as primeiras tentações do Diabo. Após esse período, Jesus volta
para a Galileia e tenta pregar, já como Filho de Deus, em sua cidade, Nazaré,
onde é rejeitado.

Caminhando pela província, Jesus vai recrutando seus discípulos, realizando


milagres e espalhando a Nova Aliança Divina. É nessa fase que Jesus realiza
seus grandes sermões e ministra seus principais ensinamentos. Ele visita diversas
cidades: Cafarnaum, Corazim, Betsaida, Genesaré, Magdala, Caná, Naim, Séforis
e Tiberíades, entre outras.

Após alguns anos de ministério, Jesus e seus apóstolos se dirigem a Jerusalém


para participarem das festividades da Páscoa Judaica. É nessa ocasião que ocorre a
Santa Ceia, na qual Jesus anuncia sua morte e a traição por parte de um dos seus
seguidores. Naquela noite, Jesus e alguns dos seus apóstolos se dirigem ao Monte
das Oliveiras para orações; passado algum tempo, aparece Judas Iscariotes com
soldados do Templo de Jerusalém e entrega Jesus para ser preso.

Jesus é levado ao Sinédrio para ser julgado por Caifás, Sumo sacerdote. Após
ser arguido e agredido, o veredicto dos sacerdotes é a morte; porém, os judeus
não possuíam autonomia política para a execução; então, encaminharam Jesus
às autoridades romanas da Judeia. Primeiro, foram a Pôncio Pilatos que, não
pretendendo iniciar um conflito direto com os judeus, encaminhou o caso para
Herodes Antipas, Governador da Judeia.

Antipas não enxerga o caso como relevante e simplesmente ignora as apelações


sacerdotais; indignados com a resposta, voltam a Jerusalém para negociarem com
Pilatos. Este por sua vez, faz uso de uma tradição pascoal judaica para não se
comprometer: promete libertar um prisioneiro romano, mas quem escolheria o
felizardo seriam os próprios judeus. O povo escolhe Barrabás em detrimento de
Jesus, que é encaminhado para a crucificação. Jesus morre na cruz ao lado de dois
ladrões, que receberam a mesma punição.

Sua família recolhe o corpo e o coloca em um sepulcro. Como era o costume


romano em caso de condenações de subversivos, o sarcófago era vigiado por
guardas; mesmo assim, ao final do terceiro dia, Jesus ressuscita como Filho de
Deus e aparece para seus discípulos para, finalmente, cumprir a promessa de Deus.

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Com pequenas variações, nos três evangelhos sinóticos, podemos considerar
que esse é um resumo da passagem de Jesus pela Terra.

Evangelho de Mateus, Marcos e Lucas


No Evangelho de Mateus, o autor escreve com o foco em mostrar que Jesus
cumpre todas as promessas descritas no Velho Testamento (VT); ou seja, o auto do
evangelho escreve para um público judeu*, tentando provar o caráter messiânico
de Jesus.

Marcos, o segundo Evangelho, é mais sucinto que Mateus e tem um claro propósito
de apresentar por escrito o testemunho dos apóstolos sobre os fatos da vida, morte e
ressurreição de Jesus. Parece que o autor do evangelho queria mostrar aos romanos
da época quem eles tinham crucificado. O texto não traz detalhes teológicos e nem
retoma as promessas do VT; ele é simples, direto e objetivo em mostrar quem foi
Jesus de Nazaré.

O livro de Lucas é diferente. Ele é claramente uma pessoa culta e teve o propósito
de levantar o maior número de dados possíveis daquela pessoa de quem falava: Jesus.

Assim como Mateus, Lucas pormenoriza várias passagens do movimento


messiânico de Jesus e também a sua crucificação. O evangelho tem como foco
principal a história da Salvação. O texto também retrata pessoas que eram excluídas
da sociedade, como mulheres, crianças, doentes e pobres.

Reflexão
Parte da vida de Jesus, ou Yeshua, está irremediavelmente perdida; a outra parte de
sua vida tem forte apelo mitológico, e precisamos de fé para acreditar em passagens de
sua história: “Embora tragam detalhes do que teria sido a vida de Jesus, os evangelhos
são considerados uma obra de reverência e não um documento histórico”.

Apesar da dificuldade, podemos chegar a um esboço lúcido de sua vida e da


sociedade na qual ele se encontrava. Se considerarmos que todo indivíduo é fruto
do meio em que vive e se analisarmos cuidadosamente a sociedade judaica galilaica
do primeiro século EC, podemos rascunhar com clareza prováveis caminhos
percorridos por Jesus: “Tentava-se ligar as representações coletivas e as condutas
individuais a uma realidade social melhor, buscava-se explicar o coletivo e o
particular a partir da organização da sociedade [...] ”.

Se olharmos separadamente para Yeshua, ou Jesus de Nazaré, e para a sociedade


galilaica, talvez não possamos compreendê-los em sua magnitude. É importante
que o estudo dos dois objetos – Jesus e sociedade galilaica – caminhem juntos para
podermos estabelecer conexões coerentes entre indivíduo e sociedade e possamos
identificar as influências de um no outro e vice-versa.

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UNIDADE História da Palestina

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
História dos Hebreus
História dos Hebreus, de Flávio Josefo. Segundo o site da livraria Saraiva, o autor escreve com
detalhes os grandes movimentos históricos judaicos, aramaicos e romanos. Nele, você encontrará
descrições minuciosas de personagens do Novo Testamento e inúmeros outros pormenores do
mundo greco-romano;

A História dos Judeus


A História dos Judeus, de Simon Schama. O autor, um dos maiores especialistas vivos sobre a História
do povo judeu, relata a jornada do povo ao redor do mundo, desde os primeiros registros humanos. Ele
tem uma preocupação histórica de contextualização dos fatos e acontecimentos, que enriquece o livro.

 Filmes
O Sepulcro Esquecido de Jesus (2014)
O sepulcro esquecido de Jesus (2014). Documentário da Discovery Channel disponível no Youtube. O
nome original do documentário é O enigma da ressurreição, e mostra não somente o suposto.

A História do Cristianismo (2011)


A história do Cristianismo (2011). Documentário da BBC com a Discovery Channel que trata da história
do Cristianismo, sempre contextualizando as informações e dando embasamento histórico relevante;

A Última Tentação de Cristo (1988)


A última tentação de Cristo(1988). Direção de Martin Scorsese. O filme retrata Jesus enquanto homem
e seu sofrimento para cumprir o papel de Messias de seu povo, num conflito interno e pessoal entre a
missão divina e seus anseios humanos;

Paixão de Cristo (2004)


Paixão de Cristo (2004). Direção de Mel Gibson. O título já faz referência sobre o período da vida de
Jesus que aborda, sua prisão, condenação e execução. Traz importantes referências históricas e é falado
em aramaico, latim e hebraico.

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Referências
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Bíblica do Brasil, 1999.

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social de Jesus e dos Rabis. São Paulo: Paulus, 2000.

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Valdivino José. A dimensão política da práxis de Jesus no Evangelho de Lucas. 2009.
132f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, Goiânia, 2009.

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