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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

O jejum é uma poderosa disciplina espiritual, capaz


de mortificar a nossa carne, demonstrando que
nosso maior prazer e alegria é desfrutar da vida de
Deus em nós. Como cristãos, necessitamos transpor
certas barreiras em nossa humanidade, a fim de
vivermos uma vida plena no espírito. O jejum, por
sua vez, está diretamente ligado a esta necessidade,
pois ele nos auxilia poderosamente a rompermos
com barreiras e limitações da nossa carne.

Jejuar desperta o nosso espírito, pois mortifica a


carne e aflige a alma. Todo aquele que busca por
mais intimidade com Deus, certamente, já notou
o quanto a nossa carne pode ser um obstáculo
para essa comunhão. Porém, ao jejuarmos, o
nosso corpo se abate, e assim, o nosso espírito é
fortalecido, se levantando em maior ousadia e fé.
Desta forma, alcançamos maior enchimento do
Espírito Santo. Contudo, não pense que o jejum
possui, em si mesmo, algum poder mágico. Não
tenha fé no jejum, tenha fé em Deus.

Frequentemente, ouço perguntas a respeito do


jejum. Como, por exemplo: “O jejum é um
mandamento bíblico?”, “O jejum pertence à Nova
Aliança?”, “O Jejum deve fazer parte da vida do
cristão?”. Há muitos cristãos vivendo com dúvidas
acerca desta disciplina espiritual, o que os impede
de usufruir corretamente de seus benefícios. Então,
o que é o jejum na verdade?

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Toda compreensão provém, primeiramente,


de uma perspectiva. Logo, se você tem uma
perspectiva errada sobre algo, tais coisas se
tornarão erradas para você. Da mesma forma, se
você enxerga de maneira correta, aquilo se torna
correto para você. Evidentemente, tratamos aqui
das coisas relacionadas a Deus. Diante disto, lhe
pergunto: qual a sua perspectiva sobre o jejum?

Compreenda que se você enxerga o jejum como


um mandamento da Lei ou ainda como um ato
que o fará ser aceito por Deus, de fato, jejuar se
torna errado para você. Pois, a sua compreensão
acerca do assunto está equivocada. Contudo, se
você entende o jejum como oração intensificada,
as coisas mudam de figura, pois esta sim é a visão
correta. Na verdade, esta é a melhor definição do
jejum: ele é uma oração intensificada.

Jesus destacou três elementos que devem fazer


parte da vida de um discípulo. Observe o texto
bíblico abaixo:

“Quando, pois, deres esmola, não toques


trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para
serem glorificados pelos homens. Em
verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa” Mateus 6.2

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Primeiramente, o Mestre ensina sobre oferta. Ele


nos orienta sobre a maneira correta de ofertarmos,
mostrando que a motivação nunca deve ser a
vontade de aparecer ou de demonstrar que somos
melhores do que outros. Além disso, não ofertamos
para demonstrar qualquer tipo de espiritualidade.
Quando ofertamos, fazemos para o Senhor.
Lamentavelmente, há pessoas que ofertam para
aparecer, outros o fazem para demonstrar o quão
espirituais são, e há ainda aqueles que usam das
ofertas para barganhar com o Senhor. Infelizmente,
muitas pessoas estão ofertando pelos motivos
errados. Todavia, não é porque alguns praticam
de maneira errada que algo não deve ser praticado
por nós. O fato de alguns fazerem da maneira
errada, não significa que você não possa fazer da
maneira correta.

“E, quando orardes, não sereis como os


hipócritas; porque gostam de orar em pé nas
sinagogas e nos cantos das praças, para serem
vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles
já receberam a recompensa” Mateus 6.5

No verso 5, mencionado anteriormente, o Senhor


ensina sobre a oração. Este é o segundo elemento
que deve estar presente na vida de todo discípulo.
Note, nos textos bíblicos, que a oferta e a oração
não são mandamentos. Nem mesmo no Antigo
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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Testamento encontramos mandamentos para


ofertar e orar. Orar, na verdade, é uma expressão
de dependência e fome espiritual.

Tanto orar, como ofertar, são atos voluntários e


espontâneos de todo aquele que nasceu de novo.
Os filhos de Deus oram porque têm fome do Pai
e ofertam porque não adoram a Mamon, adoram
somente ao Senhor. Orar e ofertar devem fazer
parte da vida de todos nós, cristãos.

A terceira prática que Jesus mencionou que deve


fazer parte da vida de seus discípulos, juntamente
com a oração e a oferta, é o jejum.

“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados


como os hipócritas; porque desfiguram o rosto
com o fim de parecer aos homens que jejuam.
Em verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa” Mateus 6.16

Observe que o Senhor Jesus ensinou,


claramente, que os seus discípulos devem
praticar tais coisas. Contudo, perceba que não
encontramos indivíduos questionando a oração
e, nem mesmo, a oferta; porém, o jejum é
frequentemente combatido.

Equivocadamente, muitos pregadores da graça


afirmam que o jejum faz parte da Lei, logo,
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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

é coisa do Antigo Testamento. No entanto,


é importante que você tenha discernimento
a respeito desse assunto, para que não dê
ouvidos a qualquer tipo de ensinamento. Não
é porque alguém usou o termo graça, que ele
está realmente ensinando a Graça do Novo
Testamento. É necessário observar atentamente
se a pregação está em conformidade com o
ensino apostólico. Não dê crédito a qualquer tipo
de ensinamento.

Nos textos bíblicos tratados anteriormente, vemos


Jesus dizendo: quando ofertares, quando orardes e
quando jejuardes. Ou seja, devemos praticar tais
coisas cotidianamente. Pois, este é o cordão de
três dobras que deve fazer parte da vida de todo
discípulo de Cristo, oração, oferta e jejum.

De mesma forma que podemos ofertar e orar


de maneira errada, também é possível jejuarmos
equivocadamente. É possível fazer um jejum e
ele não ter valor nenhum diante de Deus. Por
este motivo, quero compartilhar com você sete
conceitos errados a respeito do jejum. Minha
expectativa é que todos esses conceitos errados
sejam removidos por completo da sua mente.
Vamos a eles.

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

1. O JEJUM NOS TORNA MAIS JUSTOS,


ACEITÁVEIS E AGRADÁVEIS A DEUS

A justificação é exclusivamente pela fé.


Absolutamente nenhuma obra humana tem o
poder de tornar o homem justo diante de Deus.
A nossa justiça foi conquistada inteiramente por
Cristo Jesus; Deus O fez pecado por nós, para
que nEle fôssemos feitos justiça de Deus (2Co
5.21). Você já é justo diante de Deus, esta já é
a sua realidade. Logo, você não precisa de meios
naturais para alcançá-la. A justificação é um
dom de Deus. Você foi feito justo tanto quanto
Jesus é; não por meio do seu comportamento,
mas pela fé nEle e em sua obra consumada
na cruz.

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só,


reinou a morte, muito mais os que recebem
a abundância da graça e o dom da justiça
reinarão em vida por meio de um só, a saber,
Jesus Cristo” Romanos 5.17

A justiça própria é uma praga que pode tirá-lo


de debaixo do favor de Deus. Se você pensa que
vai merecer algo de Deus pelo simples fato de ter
jejuado, remova este conceito falso da sua mente
para o seu próprio bem. Aprenda a receber as

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bênçãos de Deus unicamente pela graça, mediante


a fé na obra consumada de Cristo.

Outro ponto que muitos falham em compreender


é que a justiça é um valor absoluto. Logo, não é
possível ser parcialmente justo; ser menos ou mais
justo diante de Deus. Ou você é justo, ou não é.
A justificação não tem gradação, ou seja, não é
possível aumentar ou diminuir gradativamente.
Você não pode ser 30% inocente, isso não existe; ou
é inocente ou é culpado, ou é justo ou é condenado.
E você já foi feito justo, inocente e inculpável diante
da presença de Deus, nada pode ser acrescentado
a isso.

Diferentemente da justificação, a santificação


aceita gradação. Quando tratamos da santidade, é
possível sermos mais santos do que somos hoje. Na
medida que você cresce em Deus, você se santifica
cada vez mais, tornando-se mais santo. Em relação
à santidade, é necessário compreendermos que
existe um aspecto posicional; ou seja, somos
santos porque estamos em Cristo, posicionados
nEle. Nos tornamos santos no momento em
que passamos a crer em Jesus. Por isso, podemos
dizer com toda segurança que somos santos
em Cristo Jesus. Este é o aspecto posicional
da santidade.

Entretanto, também precisamos viver e


compreender o aspecto experimental da santidade.
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É necessário experimentar a santificação no dia a


dia, isto é, uma vez santos, devemos nos santificar,
diariamente. Diante disto, podemos dizer que há
dois tipos de santidade; a posicional e a experimental
ou processual. A primeira diz respeito à nossa
posição em Cristo, enquanto a segunda refere-se a
um processo de santificação diário.

O fato de crermos em Jesus nos torna santos, e esta


santidade só nos foi concedida, exclusivamente,
pela fé na obra da Cruz. Esta santificação posicional
é resultado da obra da redenção, realizada por
Cristo Jesus. Por outro lado, a santificação
processual requer a participação humana, ou seja,
a nossa disposição e cooperação com o agir divino
em nós.

O adjetivo “santo”, por senso comum, passou


a ser utilizado para se referir a um ser perfeito.
Esta definição foi trazida para dentro da Igreja,
estabelecendo um conceito errado de santidade.
Por decorrência disso, muitos acreditam que ser
santo é ser perfeito, é ser alguém extraordinário.

Todavia, a Bíblia define “santo” como “separado


para Deus”. Logo, uma vez que fomos separados
para Deus, devemos nos separar das coisas que
não provêm dEle. Fazer esta separação é um
processo, uma postura, uma decisão nossa de
cooperar, diariamente, para que, cada vez mais,
essa santificação seja desenvolvida em nós.
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Sendo assim, somos santificados em Cristo e,


através dessa santificação, chamados para sermos
santos (1Co 1.2). Só podemos ser santos porque
Cristo nos santificou primeiro e, por meio da sua
graça, podemos andar em santidade. Nossa posição
será refletida, dia a dia, em nossas atitudes, em
nossos comportamentos, na forma que tratamos
o próximo, na forma que falamos e agimos aqui
na terra.

Diante disso, compreendemos então, que o jejum


pode - e deve - ser usado para nos auxiliar neste
processo de santificação. Mas, não tem o poder,
em si mesmo, para nos tornar mais justos.

2. O JEJUM NOS TORNA MAIS SEMELHANTE A


CRISTO

Acreditar que a prática do jejum está o


transformando em alguém mais parecido com a
pessoa de Jesus é um pensamento equivocado. Isto
porque, a genuína transformação, não é fruto do
nosso próprio esforço, mas sim da obra do Espírito
Santo em nós. O nosso papel é cooperar com este
agir interior, que o Espírito de Deus produz em nós,
dia após dia, de glória em glória. Tal transformação
ocorre em nosso interior e, necessariamente, será
exteriorizada, se manifestando em nosso exterior.

Todavia, qual tipo de transformação nós


desejamos? Desejamos a transformação que a
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Bíblia recomenda, ou seja, a de sermos moldados


à imagem e semelhança de nosso Senhor Jesus
Cristo. Isto é, manifestarmos exteriormente o que
somos interiormente, por meio de pensamentos,
escolhas e atitudes, que expressam o caráter de
Cristo e o fruto do Espírito.

O jejum não possui poder para produzir em nós a


mudança necessária. Ao observarmos os textos de
Romanos 12.2 e 2 Coríntios 3.16, verificamos que
o apóstolo Paulo nos ensina o caminho para que
esta transformação aconteça; a saber, a renovação
da mente e a contemplação ao Senhor. A função do
jejum é auxiliar neste processo. Note, por exemplo,
que durante o jejum você fica mais sensível a voz de
Deus. Pois, como vimos, a carne é mortificada e o
espírito fortalecido. Desta forma, certamente, você
será transformado. Contudo, compreenda que não
foi o jejum que o transformou; não é o sacrifício
de ficar sem comer que nos transforma. Somos
outras pessoas, não porque jejuamos, mas porque
fortalecemos o espírito e contemplamos a Cristo.

A forma como somos transformados é uma


expressão extraordinária da graça de Deus.
Isto porque esse processo acontece de forma
completamente diferente do que o nosso conceito
religioso espera. O Evangelho deixa claro que você
é transformado simplesmente por contemplar, por
olhar, por vislumbrar, por ficar perplexo diante da

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beleza e da formosura do Senhor. Contudo, tal


verdade confronta o pensamento religioso, que
acredita no mérito humano para as mudanças.
Muitos imaginam que a transformação bíblica
é um tipo de "auto melhoramento", mas não, a
mudança é o resultado da contemplação. Veja os
textos abaixo:

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo


como um espelho a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor”
2Coríntios 3.18

“E não vos conformeis com este século, mas


transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus” Romanos 12.2

A principal função da nossa alma é a mente. Logo,


se ela é mudada, toda a nossa vida é mudada
também. Porém, a única forma de renovar a
mente é pela Palavra de Deus. Colaboramos com
o Espírito Santo em nossa própria transformação
à medida em que nos enchemos da Palavra de
Deus. Desta forma, exercitamos o nosso espírito
constantemente e transformamos a nossa alma,
mediante a renovação da mente.
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Tiago 1.21 nos adverte acerca da Palavra,


declarando que ela tem poder para salvar a nossa
alma. O termo traduzido como salvação, é o termo
grego “sozo” que significa restaurar, salvar, curar e
renovar. Neste texto, ser salvo é o mesmo que ser
transformado. Deus nos transforma através da Sua
Palavra. Nós renovamos a nossa mente quando
tomamos a Palavra de Deus como alimento.

Logo, só existe transformação se a mente for


renovada. Ficar sem comer não tem poder para lhe
transformar, mas a sua dieta espiritual, sim. O que
você come, em termos espirituais, transforma você.
Você quer transformação? Alimente-se da Palavra.

3. O JEJUM NOS DEIXA MAIS PRÓXIMO DE


DEUS

“Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito


com ele” 1Coríntios 6.17

Todo aquele que nasceu de novo se uniu ao Senhor


e se tornou um só espírito com Ele. Fomos
amalgamados com Cristo, e essa verdade é bendita
e gloriosa. Amalgamar significa mesclar, fundir,
misturar, ou seja, estamos misturados com Cristo.
Tal verdade não pode ser apenas uma ideia vaga
em nossa mente, é necessário arrancarmos essa
verdade das páginas da Bíblia e nos apropriarmos
dela no nosso viver.
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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Infelizmente, muitos vivem com uma mentalidade


errada sobre a aproximação de Deus. Acreditam
que no céu estarão mais perto de Deus do que
já estão hoje. Mas, precisamos abandonar esse
conceito distante de Deus. Nós fomos unidos ao
Senhor, somos a Sua habitação, o Espírito Santo
mora dentro de nós. No céu, você não estará mais
perto de Deus do que você está hoje, porque Ele já
mora dentro de você.

Quando você sai de casa, Ele está em você. Quando


você chega no trabalho, Ele está em você. Até mesmo
quando você peca, Ele está em você; Ele nunca te
deixa. Ele nos prometeu que jamais nos deixaria,
jamais nos abandonaria (Hb 13.5). Por certo, não é
o jejum que te aproxima de Deus; não é a comida
e, muito menos, a falta dela que te aproxima do
Senhor. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que
antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue
de Cristo” Efésios 2.13. Somente o precioso sangue
de Jesus pôde abrir um caminho conectando Deus
aos homens. O que te aproxima é o sangue, não o
jejum. Você crê no poder do sangue? Então creia
que ele te amalgamou com Deus.

“Porque o reino de Deus não é comida nem


bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito
Santo” Romanos 14.17

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Se o Reino de Deus não é comida, muito menos


seria a falta dela. Não é a comida que vai te
recomendar diante de Deus e nem mesmo a falta
dela. Não pense que essas coisas têm poder para
te aproximar do Senhor. O reino de Deus não é
jejum, o Reino é paz, alegria e justiça no Espírito.
Se você está jejuando para estar mais próximo de
Deus, saiba que a única coisa que nos aproxima
dEle é o Sangue do cordeiro!

4. O JEJUM NOS PURIFICA E LIBERTA DO


PECADO

Assim como a única coisa que tem poder para


purificar e libertar o homem do pecado é o Sangue
do Cordeiro, o jejum não é capaz de te libertar,
nem mesmo purificar do pecado, pois somente o
sangue de Jesus é poderoso para efetuar tal obra.

“Eles, pois, o venceram por causa do


sangue do Cordeiro e por causa da palavra
do testemunho que deram e, mesmo em
face da morte, não amaram a própria
vida” Apocalipse 12.11

Toda vitória no mundo espiritual está baseada


no sangue do Cordeiro. O sangue de Jesus não é
apenas para perdão e salvação, mas é também o
fundamento pelo qual vencemos a Satanás. Satanás
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é tentador, assassino e mentiroso, e a sua arma mais


utilizada contra os cristãos é a acusação. Satanás
nos acusa de dia e de noite, não somente diante
de Deus, mas também em nossa consciência. O
objetivo dessa acusação é nos deixar fragilizados e
completamente impotentes. Ele nos acusa, até que
nos consideremos inúteis, e assim perdemos a base
para prevalecer contra ele.

É fundamental termos a revelação de que, em


nós mesmos, não há mérito algum. Devemos nos
achegar diante de Deus confiando no sangue de
Jesus e não em nossas próprias obras. É certo que,
em muitos momentos, pecamos contra Deus, mas
ainda assim, não devemos - de forma alguma -
aceitar as acusações do maligno, pois o sangue do
Cordeiro já nos purificou de todo pecado. Se já
nos arrependemos e confessamos os nossos erros,
devemos esquecer e ficar em paz.

5. O Jejum compra a bênção de Deus

Equivocadamente, muitos cristãos pensam que, ao


concluírem um jejum, por exemplo, cumpriram
todas as condições diante de Deus, portanto
assim, merecem receber a bênção de Deus. O que
muitos irmãos não percebem é que pensamentos
como este são completamente incoerentes com
a verdade do Evangelho. Estes pensam que
merecem ser abençoados, todavia, ficam com um

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problema diante de Deus. A pessoa acredita que,


como cumpriu o período de jejum e oração por
21 dias, ele agora pode cobrar a Deus que a célula
cresça. Mas, a verdade, é que Deus não pode nos
abençoar se nos relacionarmos com Ele com base
na Lei, no merecimento e na justiça própria.

Não estou, de forma alguma, dizendo que você


pode viver relaxadamente, que não precisa orar,
nem jejuar. O problema é transformar estas
disciplinas espirituais em moeda de troca com
Deus. A oração, por exemplo, é uma necessidade
espiritual de quem ama e se relaciona com o Pai,
mas muitos a transformam em Lei. Eu, quando
fico sem orar, sinto fome e saudade da comunhão
com o Pai. Mas, aqueles que vivem com base na
Lei, quando ficam sem orar, sentem-se acusados e
menos amados.

Aquele que vive na Lei, se relaciona com Deus


de forma doentia. Desista, de uma vez por
todas, de fazer barganha com Deus. Não viva
na religiosidade, porque toda religião é baseada
em troca, é fundamentada em leis. Toda religião
funciona da seguinte maneira: se você se
comporta bem, terá bênçãos; mas, se comporta-
se mal, será punido. Esse tipo de relacionamento
religioso produz escravidão. Toda religiosidade
é escravidão. Logo, se voltamos a viver pela Lei,
retornamos para a escravidão da qual Cristo já
nos libertou. Mas, por que a religião escraviza?
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Porque todo religioso está sempre procurando


aplacar a ira do seu deus e obter o seu favor através
de boas obras.

Contudo, ao contrário do que as religiões pregam,


a mensagem da Nova Aliança não é baseada em
trocas. Muito pelo contrário, a Nova Aliança é para
quem não merece. Por isso, desista de merecer,
pare de barganhar com Deus. A bênção é para
quem não merece; pois, se você merece, já não é
mais bênção, é dívida. Mas, se você reconhece que
não merece, pode ver o quão abençoado por Deus
você é. Estamos tão acostumados a lidar com os
padrões do mundo, que encontramos dificuldade
em nos relacionarmos com Deus. Isso porque, no
sistema mundano, tudo está baseado no mérito;
nada é de graça. Se trabalhou, recebe o salário;
se estudou, será aprovado; se esforçou-se, será
recompensado.

Estamos tão conscientes dessa mentalidade humana,


que a trazemos para o nosso relacionamento com
o Senhor. Contudo, precisamos compreender
que, diante de Deus, as coisas são o oposto.
Nosso relacionamento com Deus é baseado
apenas em Sua graça. Não podemos comprar
a bênção em troca de alguns momentos com o
estômago roncando.

Por dois claros motivos; primeiramente, porque


a bênção é mais cara do que alguns momentos
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sem comer. Em segundo lugar, porque a bênção


de Deus não está à venda. Ou a recebemos
pela graça de Deus, ou ela nunca será nossa,
pois não está à venda. E, ainda que estivesse,
jamais conseguiríamos pagar o preço devido
por ela. Mas, graças a Deus, Jesus pagou toda
a dívida dos nossos pecados e nos concede a
bênção, gratuitamente.

Com isso, compreendemos que podemos receber


a bênção, mesmo sem jejuar. Pois, não é o jejum
que o recomenda diante de Deus. A chave para
acessar as bênçãos de Deus não é o jejum, e sim
a fé. A fé é a mão espiritual que se apropria das
bênçãos divinas. Contudo, o jejum ajuda a fé a
ser liberada, pois quando você o faz, se alimenta
mais da Palavra, ora mais intensamente do que
o habitual, e fica mais focado nas coisas do céu;
dessa forma, a sua fé será liberada. É por meio da
fé que as coisas acontecerão, não pelo jejum em si;
não será por ficar sem comer, mas por crer.

Não pense que o jejum torna-o melhor do que


outras pessoas ou que você é mais amado por Deus
porque jejua mais; não se permita achar que por
estar jejuando Deus tem obrigação de lhe dar o
que você deseja. Não podemos obrigá-Lo a nada,
nem mesmo com greve de fome. Este não é o
caminho certo, isso é obra humana, é Lei. Deus
nos abençoa somente pela Sua graça.

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6. O JEJUM FARÁ COM QUE DEUS NOS


AME MAIS

Não há revelação mais importante no universo do


que a verdade de que somos amados por Deus.
Somos o objeto da graça de Deus e o alvo do seu
amor. Você é grandemente abençoado, altamente
favorecido e profundamente amado pelo seu Pai.
Philip Yancey disse: “Graça significa que não há
nada que eu possa fazer para Deus me amar mais;
e graça significa também que não há nada que eu
possa fazer para Deus me amar menos”.

Segundo essa definição, nada, nem mesmo entregar


o próprio corpo para ser queimado, fará com que
você seja mais amado por Deus. Da mesma forma,
ainda que você cometa o pecado mais terrível,
o amor d’Ele por você permanecerá o mesmo.
Você faz bem em querer agradá-Lo mas, nada
do que você fizer mudará o amor que Ele sente
por você.

Isso significa que você não precisa correr e se


esforçar para conseguir o favor do Pai; Deus já
está sorrindo para você. É a graça de Deus que
o qualifica, não as suas próprias obras. A graça é
loucura diante da mentalidade humana, porque
ela é justamente para aqueles que não merecem.
Teologicamente, define-se a graça como “favor
imerecido”, ou seja, Deus dando e fazendo de

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tudo para aqueles que não merecem nada. Deus já


te ama o máximo que Ele pode amar. Então, o seu
jejum não vai alterar em nada o amor d’Ele; Ele
continua te amando perfeitamente.

7. O JEJUM TEM O PODER DE FORÇAR DEUS A


RESPONDER NOSSAS ORAÇÕES

Absolutamente nada, nem ninguém, possuem


poder para coagir a Deus. Nada pode obrigá-Lo
a realizar determinada ação. Por conseguinte, o
nosso jejum não o força a agir. Muitos acreditam
que podem torcer o braço de Deus e levá-lo a fazer
algo em seu favor. Eles enxergam o jejum como
uma maneira de controlar ao Senhor e produzir o
resultado que desejam. É necessário que tenhamos a
consciência de que o jejum não é algo que fazemos
para Deus, mas para nós mesmos. Ele é uma
disciplina espiritual, e como tal, não tem poder de
nos fazer aceitáveis diante do Senhor Deus.

Os conceitos errados que mencionei aqui revelam


uma mentalidade equivocada, e isso é um sinal
de quem não tem maturidade para jejuar. Jejuar
não é uma prática para crianças. Crianças na fé
não jejuam, porque ainda não entenderam as
bases, não entenderam a verdade do Evangelho.
E por isso, estão com a mente cheia de religião,
de meritocracia e de barganhas. Portanto, mude
a sua mente para que você possa jejuar de
forma correta.
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POR QUE JEJUAR?

Talvez, após ter sido instruído nesses 7 pontos


tratados anteriormente, você se pergunte porque
deve jejuar. Você pode estar se perguntando:
“se as coisas que eu achava mais importantes
a respeito do jejum, descobri que não são
benefícios do jejum, então por que jejuar?”.
Jejuamos porque Jesus nos recomendou,
Ele nos ensinou que há uma recompensa
nesta disciplina.

“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados


como os hipócritas; porque desfiguram o rosto
com o fim de parecer aos homens que jejuam.
Em verdade vos digo que eles já receberam
a recompensa. Tu, porém, quando jejuares,
unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não
parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu
Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará” Mateus 6.16-18

Haverá recompensas para aqueles que praticarem


as disciplinas espirituais. Há recompensa no jejum,
da mesma forma que há para aqueles que ofertam e
oram. É importante que você tenha o entendimento
de que existe recompensa na Nova Aliança. O jejum
é a oração intensificada, e oração é dependência
de Deus.

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Sendo assim, quando jejuo, estou dizendo que


eu não tenho outro recurso a não ser Ele, estou
manifestando a minha dependência dEle. E
quando reconheço que não tenho outro recurso
a não ser Ele, eu Lhe devolvo toda glória. Estou
declarando: “Se o Senhor não fizer, eu não posso
fazer; se o Senhor não fizer ninguém pode fazer!”.
Quando você age dessa forma, você está atribuindo
toda glória a Cristo. Ao agir reconhecendo a sua
dependência de Deus, o Senhor é honrado, e você
receberá a recompensa.

Vejamos alguns benefícios do jejum:

• Quando estamos iniciando um desafio


ministerial novo

Antes de iniciarmos uma obra especial designada


por Deus, precisamos orar e jejuar, pois trata-se de
uma obra sobrenatural. Exigirá de nós um tempo
de oração e jejum. Lucas, em seu Evangelho, relata
que o Senhor Jesus jejuou quarenta dias antes de
começar o seu ministério (Lc 4.2). O mestre se
preparou para sua obra ministerial com muito jejum
e oração. Temos ainda outro exemplo importante
nos líderes da Igreja em Antioquia. A Palavra
de Deus, em Atos 13, descreve que eles estavam
orando e jejuando quando o Espírito Santo lhes
ordenou que separassem a Paulo e a Barnabé para o
ministério (Atos 13. 2). O jejum, certamente, está

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associado com uma unção nova para realizar a obra


de Deus.

• Intensifica a nossa sensibilidade a Deus

O texto sagrado de Lucas 2.37 descreve a rotina de


Ana, que não saía do templo, mas adorava noite
e dia em jejuns e oração. O jejum é uma grande
ferramenta que aumenta a nossa sensibilidade
espiritual, nos tornando mais focados e sensíveis
a comunhão íntima com o Senhor. Não podemos
dizer que servimos a Deus nos mesmos padrões
que os homens do Novo Testamento faziam, se
não jejuamos. Em Atos 13.2, vemos que os líderes
da igreja de Antioquia serviam a Deus com jejuns.

O jejum demonstra a intensidade do nosso desejo


por aquilo que estamos buscando diante de Deus.
Se jejuamos para buscar intimidade com o Pai,
isso mostra que ansiamos pelo Senhor mais do que
pela comida. Paulo, no capítulo 6 de sua primeira
carta à Igreja em Corinto, adverte que o cristão
não deve ser dominado por coisa alguma.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas


convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu
não me deixarei dominar por nenhuma delas”
1 Coríntios 6.12

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

O jejum disciplina o nosso corpo para não sermos


dominados por coisa alguma. Alguns irmãos
gostam de afirmar que não conseguem viver sem
determinadas coisas, mas a verdade é que um
cristão só pode dizer que não vive sem o Senhor.
Precisamos esmurrar o nosso corpo e o reduzir à
escravidão para sermos aprovados diante de Deus
(I Cor 9.27).

• Nos ajuda a crescer

O apóstolo Paulo, se referindo aos falsos mestres,


diz que “o destino deles é a perdição, o deus deles
é o ventre (estômago), e a glória deles está na sua
infâmia, visto que só se preocupam com as coisas
terrenas” (Fp 3.19). Devemos tomar cuidado para
não permitirmos que o nosso estômago comande a
nossa vida e seja o nosso deus. Alguns cristãos têm
obedecido mais ao estômago do que ao próprio
Deus.

Comer, em si, não é uma coisa má, o problema


está quando o desejo de comer está acima de tudo;
aí sim, ele se torna um perigo. Um desejo mais
forte de comer do que de buscar a Deus torna-se
um inimigo. Você pode faltar uma refeição para
dedicar tempo a sós com Deus? Quantas vezes nós
deixamos de tirar um tempo com Deus porque
acordamos atrasados e decidimos tomar café da
manhã ao invés de ler a Palavra?

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

Infelizmente, muitos irmãos não enxergam o


perigo que há nisso, porque se alimentar é uma
necessidade básica do corpo humano. Contudo,
o problema não está na alimentação, mas sim
em colocarmos algo acima do Senhor. Quem é o
seu Deus? Eu creio que, uma vez que você decide
jejuar, o Senhor lhe concederá uma graça especial
para chegar ao fim deste propósito. Porém, para
jejuar, você terá de tomar a decisão de tirar o seu
estômago do trono e isso envolve disciplina.

O JEJUM É INCOMPATÍVEL COM A NOVA


ALIANÇA?

Acreditar que o jejum é incompatível com a Nova


Aliança é um pensamento altamente incoerente.
Observe que Jesus não somente ensinou sobre o
jejum, como Ele mesmo jejuava. O texto bíblico
relata, abertamente, que os apóstolos jejuaram. A
igreja primitiva jejuou e os pais da igreja também o
fizeram. Ao longo desses dois mil anos da história
da Igreja, muitos homens de Deus jejuaram. Logo,
como alguém poderia dizer que hoje não devemos
fazer tal coisa?

A questão é que você pode transformar o jejum


em algo errado, assim como também pode
transformar a oração em algo errado; igualmente
é possível que alguém oferte de forma equivocada.
Mas, isso não significa que não devamos orar,

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

jejuar ou ofertar, só porque alguns o fazem de


maneiras erradas.

O JEJUM É UM SACRIFÍCIO?

De certa forma, sim. Porque ficar sem comer,


passar fome por determinado período de tempo,
envolve incômodo e até mesmo sacrifício pessoal.
Contudo, você não deve pensar que, por ser um
tipo de sacrifício, é algo apenas da Antiga Aliança,
pois na Nova Aliança, também existe sacrifício.
Jejue, mas não confie no seu jejum, confie na obra
e no sacrifício de Cristo.

“Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a


Deus, sempre, sacrifício de louvor, que
é o fruto de lábios que confessam o seu
nome” Hebreus 13.15

No texto bíblico citado acima, o autor de


Hebreus diz que louvar é um sacrifício e que
Deus aceita esse sacrifício. Não devemos louvar
somente nos dias bons, mas em todo tempo,
o louvor do Senhor deve estar em nossos
lábios (Sl 34).

Isso significa que devemos louvar no dia bom


e no dia mau. Devemos louvar no dia que

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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

somos elogiados e no dia que somos criticados.


Devemos louvar quando ganhamos e quando,
aparentemente, perdemos. Há momentos
em que louvar é bom, mas, em algumas
circunstâncias, louvar é um sacrifício. Louvamos
em todo tempo, inclusive quando não temos
vontade de louvar.

“Ainda que a figueira não floresça, nem haja


fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os
campos não produzam mantimento; as ovelhas
sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não
haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR,
exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR
Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como
os da corça, e me faz andar altaneiramente.
(Ao mestre de canto. Para instrumentos
de cordas)” Habacuque 3.17-19

Há momentos em nossa vida em que louvar a


Deus é um sacrifício. Contudo, precisamos ter em
mente que o Senhor Deus se agrada deste tipo de
sacrifício de louvor, e existe recompensa para ele.

“Não negligencieis, igualmente, a prática


do bem e a mútua cooperação; pois, com tais
sacrifícios, Deus se compraz” Hebreus 13.16

Assim como sacrifício de louvor agrada a Deus,


de igual modo, a prática do bem e a mútua
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JEJUM: ORAÇÃO INTENSIFICADA

cooperação são sacrifícios que o agradam. Mas, o


que seria, de forma prática, a mútua cooperação?
Seria, por exemplo, ajudar o necessitado ou dar
uma oferta. Deus tem prazer nesses sacrifícios.
Ainda que, para você, seja um sacrifício, faça,
porque Deus se compraz. O jejum não é diferente,
ele também envolve sacrifício e agrada o coração
do Senhor.

EXISTE UMA ORDEM NO NOVO TESTAMENTO


PARA JEJUAR?

Como vimos, o jejum não é um mandamento.


Cristo disse: quando orardes, quando jejuardes.
Ele não disse: “você vai ter que jejuar”. Jesus
nos instrui a praticar tais disciplinas, mas não
as impõe a nós como obrigações. Então, por
que precisamos jejuar? Porque o jejum é uma
oração intensificada. Você pode se perguntar se
a oração necessita ser intensificada e eu lhe digo
que sim. A oração tem níveis de intensidade, e
o jejum tem essa função de intensificar a nossa
oração, a nossa busca. O jejum é a resposta de um
coração que não tem outra maneira de expressar a
sua intensidade.

“Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,


e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o
que pede recebe; o que busca encontra; e a quem
bate, abrir-se-lhe-á” Lucas 11.9-10

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