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Formação em Teologia

Volume 04

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Formação em Teologia

Vida cristã - desenvolvimento (parte 01)

I Desenvolvimento na Caminhada Cristã


Seja por inexperiência, seja por conveniência ou mesmo por dificuldades,
muitos não dão a devida atenção ao desenvolvimento prático de sua fé em Cristo,
talvez porque tenha uma carga prática maior do que teoria teológica, talvez por
quaisquer motivos. Porém a evolução da nossa espiritualidade é muito mais que
leitura da bíblia e oração, é sobre fazer essa leitura e oração desaguar em todos os
aspectos da vida para tornar-se um discípulo de Jesus, e essa é uma matéria que
não se pode ignorar. Sabendo disso, Cristo disponibilizou seu Santo Espírito para
que possamos crescer em graça, sabedoria, santidade e caráter, e para que através
do Evangelho consigamos amar a Deus, através de Deus amar os outros e através
dos outros ser igreja; e unindo tudo isso, ganhar significado e propósito e perceber
o cotidiano se transformar em vida cristã.

II Início
A vida cristã tem dois lados, o lado de Deus e o lado do homem, e ela começa
no lado de Deus (na verdade, começou antes da fundação do mundo), cujo papel é
absoluto, na obra de Cristo, onde o Senhor concedeu a salvação e assim nos proveu
Sua parte do pacto no processo de conversão (à vida cristã). Então, a parte
concedida por Deus na aliança é a parte que o ser humano não poderia realizar
para participar do Plano de Salvação - “Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o Seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha vida eterna.” (João 3:16).
Na outra ponta da aliança está o ser humano, que a partir de um gesto de
livre vontade, decide viver em obediência e fé, convertendo-se a Cristo para ser
totalmente dependente de Deus. O chamado do Criador a essa conversão é para
toda a humanidade, quando alguém o atende dá-se início uma transformação que

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durará a vida toda, tomará a vida inteira, começando no interior, para que, assim
como Jesus converteu água em vinho, esse mesmo Jesus converta nossa natureza.

III O companheiro
A vida cristã não se limita apenas ao ato da conversão, que é, de fato, a
largada de uma longa corrida. Jesus afirmou que é o caminho, a verdade e a vida;
conhecer a Cristo, acreditar em seu sacrifício e decidir viver com Ele, é a largada,
para conhecer a verdade e sair da escuridão. E, embora haja aflições (João 16:33)
e o coração humano seja enganoso (Jeremias 17:9), o Senhor intervém na
caminhada orientando nossos passos, por meio do Espírito Santo somos atendidos
em todo o trajeto, e por esse Espírito, podemos permanecer no “Caminho”, na
certeza de que na pessoa do Espírito Santo, temos um companheiro para cumprir
o percurso e chegar ao destino.

“Nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como
garantia do que está por vir”. (2 Coríntios 1:22)

“[...] quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma
imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para
que sirvamos ao Deus vivo!” (Hebreus 9:14)

IV Práticas da vida cristã


Uma vez conhecida a verdade e traçado curso em direção à vida eterna, é
preciso dar passos firmes e certos ao longo do caminho, isso pode auxiliar o
crescimento e maturidade. O Espírito Santo atua no homem como força motora,
mas é responsabilidade do homem caminhar e resistir às tentações no meio do
caminho, não é tarefa fácil, e envolve leitura bíblica e oração, para produzir uma

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vida espiritual prática. Além disso, Deus é quem dá o crescimento, logo, não há
como crescer sem estar em contato com Ele - e é no diálogo que temos esse contato,
na oração, falamos, e na leitura da bíblia, ouvimos - e a partir disso vamos sendo
aperfeiçoados.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para
a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. (2 Timóteo 3:16, 17)

“Com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo
fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos.” (Efésios 6:
18)

V Liberdade da Vida Cristã


Uma vida nova, livre de amarras e pecados, é a maior expressão de liberdade
que um cristão pode desfrutar. Essa liberdade é fruto da maturidade e
responsabilidade obtidas no relacionamento com Deus e essa vida nova semeia um
novo jeito de olhar, (re)agir, compreender e sentir, enfim, um novo ser.

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não
se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.” (Gálatas 5:1)

VI Consolidação
Consolidar, ou seja, cimentar a decisão pela vida cristã é um ato simbolizado
pelo selo do batismo, que é a forma de demonstrar publicamente que agora
caminha com Cristo, que terá sua vida cada vez mais transformada e livre pelo
poder do Espírito. Lembrando que o batismo é a expressão externa de uma ação

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interna, isto é, a água do batismo nos lava porque o sangue de Jesus nos limpou e
ter essa certeza pode consolidar nossa fé.

"Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para


perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo”. (Atos 2:28)

VII Família cristã


O batismo tem outro efeito público além de afirmar a fé em Jesus, é a
entrada na família espiritual de Deus, a igreja, representada numa comunidade
local de cristãos. Jesus definiu que sua família é constituída de todos os que fazem
a vontade do Pai, onde Ele é o primogênito entre muitos irmãos. O “recém-nascido”
terá na igreja (o Corpo de Cristo) uma família para compartilhar a vida e uma fonte
de abrigo, alimento e afeto.

“Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu
irmão, e irmã, e mãe.” (Mateus 12:50)

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas


encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o
Dia.” (Hebreus 10: 25)

VIII Transformação contínua do caráter


É da natureza humana entrar em zonas de conforto, portanto, é até esperado
que a vida cristã, assimilada pela rotina, possa ficar apática e fria. Porém, tendo em
vista a importância da regularidade da oração e leitura da Palavra, é muito
importante não deixar que a vida cristã ganhe status de “hábito entediante”, muito
menos de obrigação. A vida cristã em certa medida é um hábito, pois é cultivada
pelo poder de rotinas espirituais, a “liturgia”, que é um conjunto de práticas e

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princípios (oração, leitura e meditação nas Escrituras, jejum, caridade) que


emanam (d)a essência de Deus e projetam o caráter de Cristo em nós. O
aprimoramento do caráter vem dessa forma litúrgica de encarar a vida.

“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.


Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as
astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue,
mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e,
havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos
com a verdade, e vestida a couraça da justiça; E calçados os pés na preparação do
evangelho da paz; Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar
todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e
a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando


nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6: 10-18,
grifo nosso)

IX Missão
Por último, e consequência dos anteriores, temos a missão, pois todo aquele
que busca viver em submissão a Deus, na verdade está “sob uma missão”. No Éden,
em Gênesis, o ser humano recebeu a ordem de cultivar o jardim e assim espalhar o
Éden pela Terra. Cultivar significa produzir cultura (daí a palavra “agricultura”),
portanto, a missão é buscar o Reino de Deus e levá-lo para a Terra e aos outros,
assim como outrora o Jardim foi cultivado pelo serviço humilde do homem, que
estava a cargo do cuidado das relações humanas e da natureza. Hoje o jardim é o

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coração de cada pessoa e novamente Deus chama o ser humano para “cultivar e
guardar”, semeando humildemente o Reino de Deus revelado em Jesus.

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos
serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)

Bibliografia Sugerida:
Peter Singer, Vida Ética.
C.S. Lewis, Ética Para Viver Melhor.

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