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1-6

Uma janela de vidro, com 1m de largura e 2m de altura, tem espessura de 5mm e uma
condutividade térmica de 𝑘𝑣 = 1,4 𝑊/𝑚. 𝐾. Se em um dia de inverno as temperaturas das
superfícies interna e externa do vidro são de 15°C e -20°C, respectivamente, qual é a taxa de
perda de calor através do vidro? Para reduzir a perda de calor através da janela, é costume usar
janelas de vidro duplo nas quais as placas de vidro são separadas por uma camada de ar. Se o
afastamento entre as placas for de 10mm e as temperaturas das superfícies do vidro em contato
com os ambientes estiverem nas temperaturas de 10°C e -15°C, qual é a taxa de perda de calor
em uma janela de 1m x 2m? A condutividade térmica do ar é 𝑘𝑎 = 0,024 𝑊/𝑚. 𝐾.

Dados (Parte 1 da questão):


-Janela – 1m largura x 2m altura; espessura Δ𝑥 = 5𝑚𝑚; 𝑘𝑣 =
1,4 𝑊/𝑚. 𝐾
-Superfície interna – 𝑇𝑖 = 15°𝐶

-Superfície externa – 𝑇𝑒 = −20°𝐶

Hipóteses:
-Regime permanente – Consideramos que as propriedades não
variam no tempo a fim de facilitar os cálculos.

-Propriedades do vidro constantes ao longo do vidro – Consideramos que a geometria


(altura, largura e espessura) e o coeficiente de condutividade térmica (𝑘𝑣 ) não variam ao longo
do corpo sólido. No mundo real, isto não é possível, mas para os cálculos é plausível fazer tais
aproximações a fim de facilitá-los.

-Temperaturas dos ambientes constantes – Consideramos que as temperaturas interna


e externa não variam no decorrer do tempo.

-Há troca de calor apenas por condução – Desconsideramos os fatores de radiação e


convecção, já que eles não afetam esta questão de forma significativa. A convecção ocorre mais
considerando movimento e a radiação podemos considerar que está incluída nas temperaturas
interna e externa. Além disto, não temos dados para tais cálculos.

-Não há geração de calor – Isto significa que, ao colocar um volume de controle na


superfície, teremos que apenas haverá o fluxo de calor, o que implica dizer que o fluxo de calor
de um lado é igual ao fluxo de calor do outro lado, supondo um volume de controle prismático
envolvendo as faces e que há o fluxo em apenas uma direção (transferência de calor
unidimensional).

Qual a taxa de perda de calor através do vidro? (𝑄̇1 =?)


Como se trata de apenas perda de calor por condução, como visto nas hipóteses, podemos
utilizar a equação:
Δ𝑇
𝑄̇1 = −𝑘𝑣 𝐴
Δ𝑥
Substituindo os dados elencados no enunciado:
(−20 − 15)
𝑄̇1 = −1,4 ∙ 1 ∙ 2 ∙
5 ∙ 10−3

∴ 𝑄̇1 = 19600𝑊 = 19,6𝐾𝑊

Dados (Parte 2 da questão):


-Janela – 1m largura x 2m altura; espessura
Δ𝑥𝑣 = 5𝑚𝑚; 𝑘𝑣 = 1,4 𝑊/𝑚. 𝐾

-Camada de ar – 1m largura x 2m altura;


espessura Δ𝑥𝑎 = 10𝑚𝑚; 𝑘𝑣 = 0,024 𝑊/𝑚. 𝐾

-Superfície interna – 𝑇𝑖 = 10°𝐶

-Superfície externa – 𝑇𝑒 = −15°𝐶

Hipóteses extras:
-Ar confinado e estático – Com esta hipótese,
consideramos a continuidade do que foi previamente estabelecido, que desprezamos os efeitos
de perda de calor por convecção e radiação.

-Propriedades do vidro e do ar constantes ao longo de si – Consideramos que a


geometria (altura, largura e espessura) e o coeficiente de condutividade térmica (𝑘𝑎 𝑒 𝑘𝑣 ) não
variam ao longo de si, já que o ar é confinado e estático. Com isto, podemos dizer que as
superfícies são planas, o que implica que não há irregularidades superficiais. No mundo real, isto
não é possível, mas para os cálculos é plausível fazer tais aproximações a fim de facilitá-los.

Qual a taxa de perda de calor através da janela? (𝑄̇𝑇 =?)


Diferente do que foi abordado anteriormente, desta vez temos três camadas para a
transferência de calor. Desta forma, podemos fazer uma analogia com a elétrica utilizando a
lógica da resistência, tal que a resistência é definida, de forma geral para a condução, como:
Δx
𝑅=
𝑘𝐴
Assim como na elétrica, podemos associar as três camadas como uma série de resistores de 𝑛 =
3, uma vez que todas acontecem em sequência e todas atravessam uma mesma área de
superfície, uma por vez, ao contrário de paralelo, onde o calor sente duas ou mais resistências
numa determinada seção transversal. Portanto, o calor sente a
resistência de cada camada separadamente como várias resistências
postas uma em seguida da outra, como ilustrada na figura ao lado,
definida da seguinte forma:
𝑛
Δ𝑥𝑖
𝑅𝑒𝑞 = ∑
𝑘𝑖 𝐴
𝑖=1

Pela equação da condutividade térmica, temos que:


ΔT
𝑄̇𝑇 = − (1)
𝑅𝑒𝑞

No caso da nossa questão, temos a seguinte resistência equivalente:


Δ𝑥𝑣 Δ𝑥𝑎 Δ𝑥𝑣
𝑅𝑒𝑞 = + +
𝑘𝑣 𝐴 𝑘𝑎 𝐴 𝑘𝑣 𝐴
Δ𝑥𝑣 Δ𝑥𝑎
∴ 𝑅𝑒𝑞 = 2 ∙ + (2)
𝑘𝑣 𝐴 𝑘𝑎 𝐴
Substituindo (2) em (1), temos:
Δ𝑇
𝑄̇𝑇 = −
Δ𝑥 Δ𝑥
2∙ 𝑣 + 𝑎
𝑘𝑣 𝐴 𝑘𝑎 𝐴
Aplicando os dados da questão:
(−15 − 10)
𝑄̇𝑇 = −
5 ∙ 10−3 1 ∙ 10−2
2 ∙ 1,4 ∙ 1 ∙ 2 + 0,024 ∙ 1 ∙ 2

∴ 𝑄̇𝑇 = 117,98 𝑊

Como esperado, após acrescentar a camada de ar entre os vidros, a quantidade de calor perdida
diminui drasticamente, já que o ar é um péssimo condutor de calor e o vidro também não é um
bom condutor de calor, e os efeitos de perda de calor por convecção e radiação não exercem
influência sobre a questão, como levantado nas considerações e hipóteses.
1-93
As superfícies interna e externa de uma parede de espessura
de 25 cm no verão estão a 27 e 44°C, respectivamente. A
superfície externa da parede troca calor por radiação com as
superfícies vizinhas a 40 °C e também por convecção com o
ar ambiente a 40 °C com coeficiente de transferência de
calor por convecção de 8 W/m².K. A radiação solar incide na
superfície à taxa de 150 W/m². Se a emissividade e a
absortividade da superfície externa são iguais a 0,8,
determine a condutividade térmica efetiva da parede.

Hipóteses:
-Regime permanente – Consideramos que as propriedades não variam no tempo a fim
de facilitar os cálculos.

-Propriedades da parede constantes ao longo de si – Consideramos que a geometria


(altura, largura e espessura), o coeficiente de convecção térmica (ℎ), a emissividade e a
absortividade (𝛼, 𝜀) não variam ao longo do corpo sólido. No mundo real, isto não é possível,
mas para os cálculos é plausível fazer tais aproximações a fim de facilitá-los.

-Temperaturas dos ambientes constantes – Consideramos que as temperaturas interna


e externa não variam no decorrer do tempo.

-Há troca de calor apenas por condução – Desconsideramos os fatores de radiação e


convecção, já que eles não afetam esta questão de forma significativa. A convecção ocorre mais
considerando movimento e a radiação podemos considerar que está incluída nas temperaturas
interna e externa. Além disto, não temos dados para tais cálculos.

-Não há geração de calor – Isto significa que, ao colocar um volume de controle na


superfície, teremos que apenas haverá o fluxo de calor, o que implica dizer que o fluxo de calor
de um lado é igual ao fluxo de calor do outro lado, supondo um volume de controle prismático
envolvendo as faces e que há o fluxo em apenas uma direção (transferência de calor
unidimensional).

Dados:
-Espessura: ∆𝑥 = 25𝑐𝑚 -ℎ = 8 𝑊/𝑚² ∙ 𝐾
-𝑇𝑠𝑢𝑝𝑖 = 27°𝐶 = 300 𝐾 -𝐼𝑠𝑜𝑙 = 150 𝑊/𝑚²
-𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 = 44°𝐶 = 317 𝐾 -𝛼 = 0,8 = 𝜀
-𝑇∞ = 40°𝐶 = 313 𝐾 -𝜎 = 5,67 ∙ 10−8 𝑊/𝑚² ∙ 𝐾 4

Determine a condutividade térmica efetiva da parede (𝑘 =?).


Sabendo que a parede externa absorve a energia do sol, a energia convectiva e a de radiação.
Toda esta energia é conduzida pra parede interna. Desta forma, equacionando isto e levando
em conta que não temos a área de superfície e, portanto, deixando a taxa de calor por unidade
de área, teremos:
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑣 + 𝑞̇ 𝑟𝑎𝑑 + 𝑞̇ 𝑠𝑜𝑙
Note que foram usadas as taxas de transferência de calor por unidade de área, já que não
temos a área da superfície. Podemos calcular estas taxas da seguinte forma:

𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ ∙ (𝑇∞ − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 )

𝑞̇ 𝑟𝑎𝑑 = 𝜎 ∙ 𝜀 ∙ (𝑇∞4 − 𝑇𝑠𝑢𝑝


4
𝑒
)

𝑞̇ 𝑠𝑜𝑙 = 𝛼 ∙ 𝐼𝑠𝑜𝑙
k ∙ (𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑖 )
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑑 =
Δx
Substituindo os dados na equação original, temos:

k ∙ (𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑖 )
= ℎ ∙ (𝑇∞ − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 ) + 𝜎 ∙ 𝜀 ∙ (𝑇∞4 − 𝑇𝑠𝑢𝑝
4
) + 𝛼 ∙ 𝐼𝑠𝑜𝑙
Δx 𝑒

Isolando o "𝑘", teremos:


Δ𝑥
𝑘 = (ℎ ∙ (𝑇∞ − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 ) + 𝜎 ∙ 𝜀 ∙ (𝑇∞4 − 𝑇𝑠𝑢𝑝
4
𝑒
) + 𝛼 ∙ 𝐼𝑠𝑜𝑙 ) ∙
(𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒 − 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑖 )

Substituindo os dados da questão, teremos que:


0,25
𝑘 = (8 ∙ (313 − 317) + 5,67 ∙ 10−8 ∙ 0,8 ∙ (3134 − 3174 ) + 0,8 ∙ 150) ∙
317 − 300
∴ 𝑘 = 0,9605121 𝑊/𝑚 ∙ 𝐾

De acordo com as contas, podemos perceber que a condutividade térmica da parede não é alta,
o que implica que, caso haja necessidade de um isolamento ainda melhor, pode-se utilizar
outros materiais com fins isolantes, como um revestimento em madeira, fibra de vidro, dentre
outros.
2-39
Considere uma panela de alumínio usada para cozinhar um ensopado no fogão elétrico. A seção
inferior da panela tem espessura L 0,25 cm e diâmetro D 18 cm. Uma boca do fogão consome
900 W de potência durante seu uso, e 90% do calor gerado é transferido uniformemente para a
panela. Durante a operação permanente, a temperatura da superfície interna da panela é de
108 °C. Assumindo a transferência de calor unidimensional e condutividade térmica dependente
da temperatura, expresse a formulação matemática (equação diferencial e condições de
contorno) desse problema de condução de calor durante a operação permanente. Não resolva
os cálculos.

Hipóteses dadas:
-Regime permanente – Consideramos que as propriedades não
variam no tempo a fim de facilitar os cálculos.

-Transferência de calor unidimensional – Há o fluxo de calor


apenas em uma direção, e desprezamos aqueles perpendiculares à
direção principal.

-Condutividade térmica dependente da temperatura –


Como sabemos, da equação de Fourier, temos que, para a taxa de
transferência de calor por condução térmica:
Δ𝑇
𝑄̇ = −𝑘 ∙ 𝐴 ∙
Δ𝑥
O fato de "𝑘" ser função da temperatura implica que, na EDO, ele não pode ser
considerado constante. Para integrar, é necessário saber como a condutividade térmica se
comporta com relação à temperatura, ou seja, 𝑘 = 𝑘(𝑇).

Hipóteses extras:
-Geometria da panela constante ao longo de si – Consideramos que a geometria (altura,
largura e espessura) não varia ao longo do corpo sólido. Com isto, podemos dizer que as
superfícies são planas, o que implica que não há irregularidades superficiais. No mundo real, isto
não é possível, mas para os cálculos é plausível fazer tais aproximações a fim de facilitá-los.

-Não há geração de calor – Isto significa que, ao colocar um volume de controle na


superfície, teremos que apenas haverá o fluxo de calor, o que implica dizer que o fluxo de calor
de um lado é igual ao fluxo de calor do outro lado, supondo um volume de controle prismático
envolvendo as faces e que há o fluxo em apenas uma direção (transferência de calor
unidimensional), ou seja, o calor gerado é nulo que, matematicamente, significa: 𝑒̇𝑔𝑒𝑟 = 0.

Dados:
-Espessura: 𝐿 = 0,25𝑐𝑚 = 0,0025𝑚 -𝜂 = 0,9
-Diâmetro: ∅ = 18𝑐𝑚 = 0,18𝑚 -𝑇𝑠𝑢𝑝𝑖 = 108°𝐶 = 381 𝐾
-𝑃 = 900𝑊
Formulação Matemática: Equação diferencial e condições de contorno.
Temos que a equação geral de condução de calor é representada da seguinte forma diferencial:
∂T 𝜕 𝜕𝑇 𝜕 𝜕𝑇 𝜕 𝜕𝑇
𝜌 ∙ 𝑐𝑝 ∙ = (𝑘 ∙ ) + (𝑘 ∙ ) + (𝑘 ∙ ) + 𝑒̇𝑔𝑒𝑟
∂t 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧
∂T
Nesta equação, 𝜌 é a densidade do corpo, 𝑐𝑝 é o calor específico, ∂t
é o gradiente de
∂T
temperatura em relação ao tempo, ∂x
é o gradiente de temperatura ao longo da direção “𝑥”,
valendo o mesmo para “𝑦” e “𝑧”, enquanto o 𝑒̇𝑔𝑒𝑟 é a taxa de geração de calor por unidade
volume.

Como supusemos, está em regime permanente, a panela é unidimensional, tem suas dimensões
fixas, não gera calor e sabemos que a condutividade térmica varia de acordo com a temperatura.
∂T ∂T ∂T
∴ = = = 𝑒̇𝑔𝑒𝑟 = 0
∂t ∂y ∂z

𝜕 𝜕𝑇
∴ (𝑘 ∙ ) = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑥

Integrando a equação anterior, chegamos à equação de Fourier de condução, que é:


𝜕𝑇
𝑘(𝑇) ∙ = 𝑐𝑡𝑒
𝜕𝑥
Quando tomamos na extremidade 𝑥 = 0, que é a face na qual a panela está em contato com o
fogo, temos a seguinte relação:
𝜕𝑇(0) 𝜂∙𝑃
−𝑘(𝑇(0)) ∙ = 𝑞̇ 0 =
𝜕𝑥 𝐴
A outra condição de contorno é para 𝑥 = 𝐿, onde teríamos 𝑇(𝐿) = 108°𝐶, pois é a temperatura
quando estamos na face externa da panela.
𝜕𝑇(𝐿)
−𝑘(𝑇(𝐿)) ∙ = 𝑞̇ 𝐿
𝜕𝑥
Calculando a área da superfície da panela, temos:

𝜋 ∙ ∅2 𝜋 ∙ 0,182
𝐴𝑠 = =
4 4
∴ 𝐴𝑠 = 2,5447 ∙ 10−2 𝑚²
Calculando, por fim, o 𝑞̇ 0 , teremos:
𝜂∙𝑃 0,9 ∙ 900
𝑞̇ 0 = =
𝐴𝑠 2,5447 ∙ 10−2
∴ 𝑞̇ 0 = 31810,864 𝑊/𝑚²

Portanto, obtivemos como condições de contorno:


𝑞̇ 0 = 31810,864 𝑊/𝑚²

𝑇(𝐿) = 108°𝐶

Note que 𝑘 = 𝑘(𝑇) é uma função não constante e desconhecida e, portanto, não é possível
𝜕𝑇
calcular 𝜕𝑥
e, consequentemente, nem o valor de 𝑞̇ 𝐿 , o que o desqualifica como condição de
contorno.
3-13
Uma casa possui uma parede composta com camadas de madeira, isolamento à base de fibra
de vidro e placa de gesso, como indicado no esboço. Em um dia frio de inverno, os coeficientes
de transferência de calor por convecção são ℎ𝑒 = 60𝑊/(𝑚2 . 𝐾) e ℎ𝑖 = 30 𝑊/(𝑚2 . 𝐾). A área
total da superfície da parede é de 𝐴𝑠 = 350𝑚2 .

(a) Determine uma expressão simbólica


para a resistência térmica total da parede,
incluindo os efeitos da convecção nas
superfícies interna e externa, para as
condições especificadas.
(b) Determine a perda total de calor
através da parede
(c) Se o vento soprar violentamente,
aumentando ℎ para 300W/m².K,
determine o aumento percentual na perda
de calor.
(d) Qual é a resistência dominante que
determina a quantidade de calor que
atravessa a parede?

Dados da questão:
-𝑇𝑖 = 20°𝐶 -𝐿𝑚 = ∆𝑥𝑚 = 20𝑚𝑚 = 0,02𝑚
-𝑇𝑒 = −15°𝐶 -𝜌𝑓𝑣 = 28 𝑘𝑔/𝑚³
-ℎ𝑖 = 30 𝑊/(𝑚2 . 𝐾) -𝑘𝑓𝑣 = 0,038 𝑊/𝑚². 𝐾*
-ℎ𝑒 = 60 𝑊/(𝑚2 . 𝐾) -𝑘𝑔 = 0,17 𝑊/𝑚². 𝐾*
-𝐿𝑔 = ∆𝑥𝑔 = 10𝑚𝑚 = 0,01𝑚 -𝑘𝑚 = 0,12 𝑊/𝑚². 𝐾*
-𝐿𝑓𝑣 = ∆𝑥𝑓𝑣 = 100𝑚𝑚 = 0,1𝑚 -𝐴𝑠 = 350𝑚²

Obs: Tome os dados com índices “𝑖” como os dados do ambiente interno, com índices “𝑒” como
os dados do ambiente externo, com índices “𝑔” os dados da placa de gesso, com índices “𝑓𝑣” os
dados da manta de fibra de vidro, com índices “𝑚” os dados da madeira e com índices “s” os
dados das superfícies em contato com outra superfície ou ambiente.

Utilizamos estes índices por não dar para entender claramente o que está na figura.

* - Dados retirados do apêndice A.3 do livro Fundamentos de transferência de Calor e de Massa


(INCROPERA, Frank P. - 7ª ED).

Hipóteses gerais:
-Regime permanente – Consideramos que as propriedades não variam no tempo a fim
de facilitar os cálculos.

-Propriedades da madeira, fibra de vidro e placas de gesso constantes ao longo de si –


Consideramos que a geometria (altura, largura e espessura) e o coeficiente de condutividade
térmica (𝑘𝑔 , 𝑘𝑓𝑣 e 𝑘𝑚 ) não variam ao longo do corpo sólido. Com isto, podemos dizer que as
superfícies são planas, o que implica que não há irregularidades superficiais. No mundo real, isto
não é possível, mas para os cálculos é plausível fazer tais aproximações a fim de facilitá-los.

-Temperaturas dos ambientes constantes – Consideramos que as temperaturas interna


e externa não variam no decorrer do tempo.

-As áreas das superfícies externas são iguais

- Os coeficientes de convecção (ℎ𝑒 , ℎ𝑙 ) são constantes e uniformes, já que as


propriedades dos ambientes estão em regime permanente e, por consequência, não variam com
o passar do tempo.

-Há troca de calor apenas por convecção e condução – Desconsideramos o fator de


radiação, já que ele não afeta esta questão de forma significativa. Pode-se considerar que os
efeitos da radiação estão incluídos nas temperaturas interna e externa. Além disto, não temos
dados para tal cálculo.

-Não há geração de calor – Isto significa que, ao colocar um volume de controle na


superfície, teremos que apenas haverá o fluxo de calor, o que implica dizer que o fluxo de calor
de um lado é igual ao fluxo de calor do outro lado, supondo um volume de controle prismático
envolvendo as faces e que há o fluxo em apenas uma direção (transferência de calor
unidimensional).

a)

Para o cálculo da resistência equivalente de convecção, temos que, assim como na elétrica,
podemos associar as duas resistências convectivas como uma série de resistores de 𝑛 = 2,
definida da seguinte forma:
𝑛
1
𝑅𝑒𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 = ∑
ℎ𝑖 ∙ 𝐴
𝑖=1

Analogamente, podemos associar as três camadas de material como uma série de resistores de
𝑛 = 3, definida da seguinte forma:
𝑛
Δ𝑥𝑖
𝑅𝑒𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = ∑
𝑘𝑖 ∙ 𝐴
𝑖=1

No caso da nossa questão, temos todas as resistências estão


em série, como na figura ao lado, uma vez que todas
acontecem em sequência e todas atravessam uma mesma área
de superfície, uma por vez, ao contrário de paralelo, onde o calor sente duas ou mais resistências
numa determinada seção transversal. Portanto, o calor sente a resistência de cada camada
separadamente como várias resistências postas uma em seguida da outra, ou seja,
matematicamente:
3 2
Δ𝑥𝑖 1
𝑅𝑒𝑞 = (∑ ) + (∑ )
𝑘𝑖 ∙ 𝐴 ℎ𝑖 ∙ 𝐴
𝑖=1 𝑖=1
1 Δ𝑥𝑔 Δ𝑥𝑓𝑣 Δ𝑥𝑚 1
𝑅𝑒𝑞 = + + + +
ℎ𝑖 ∙ 𝐴𝑠 𝑘𝑔 ∙ 𝐴𝑠 𝑘𝑓𝑣 ∙ 𝐴𝑠 𝑘𝑚 ∙ 𝐴𝑠 ℎ𝑒 ∙ 𝐴𝑠

Podemos reorganizar a equação da 𝑅𝑒𝑞 colocando o 𝐴𝑠 em evidência da seguinte forma:

1 1 Δ𝑥𝑔 Δ𝑥𝑓𝑣 Δ𝑥𝑚 1


𝑅𝑒𝑞 = ∙( + + + + )
𝐴𝑠 ℎ𝑖 𝑘𝑔 𝑘𝑓𝑣 𝑘𝑚 ℎ𝑒

Por fim, podemos substituir os valores na equação:


1 1 0,01 0,1 0,02 1
𝑅𝑒𝑞 = ∙( + + + + )
350 30 0,17 0,038 0,12 60

∴ 𝑅𝑒𝑞 = 8,306 ∙ 10−3

b)

Utilizando a equação geral de transferência de calor com analogia à elétrica, temos que:
ΔT
𝑄̇𝑇 = −
𝑅𝑒𝑞

Aplicando os dados da nossa questão temos:


(−15 − 20)
𝑄̇𝑇 = −
8,306 ∙ 10−3

∴ 𝑄̇𝑇 = 4213,82 𝑊 = 4,214 𝐾𝑊

c)

-𝑇𝑖 = 20°𝐶 -𝐿𝑚 = ∆𝑥𝑚 = 20𝑚𝑚 = 0,02𝑚


-𝑇𝑒 = −15°𝐶 -𝜌𝑓𝑣 = 28 𝑘𝑔/𝑚³
-ℎ𝑖 = 30 𝑊/(𝑚2 . 𝐾) -𝑘𝑓𝑣 = 0,038 𝑊/𝑚². 𝐾*
-ℎ𝑒 = 300 𝑊/(𝑚2 . 𝐾) -𝑘𝑔 = 0,17 𝑊/𝑚². 𝐾*
-𝐿𝑔 = ∆𝑥𝑔 = 10𝑚𝑚 = 0,01𝑚 -𝑘𝑚 = 0,12 𝑊/𝑚². 𝐾*
-𝐿𝑓𝑣 = ∆𝑥𝑓𝑣 = 100𝑚𝑚 = 0,1𝑚 -𝐴𝑠 = 350𝑚²

Utilizaremos os mesmos dados da questão, alterando apenas o ℎ𝑒 para um valor cinco vezes
maior, e observaremos os resultados finais em comparação percentual aumentada em relação
ao resultado obtido na letra “b”. Portanto, utilizaremos as mesmas equações da 𝑅𝑒𝑞 obtidas no
item “a”.

1 1 Δ𝑥𝑔 Δ𝑥𝑓𝑣 Δ𝑥𝑚 1


𝑅𝑒𝑞 = ∙( + + + + )
𝐴𝑠 ℎ𝑖 𝑘𝑔 𝑘𝑓𝑣 𝑘𝑚 ℎ𝑒
1 1 0,01 0,1 0,02 1
𝑅𝑒𝑞2 = ∙( + + + + )
350 30 0,17 0,038 0,12 300

∴ 𝑅𝑒𝑞2 = 8,268 ∙ 10−3


Utilizando a equação geral de transferência de calor com analogia à elétrica, temos que:
ΔT
𝑄̇𝑇2 = −
𝑅𝑒𝑞2

Aplicando os dados da nossa questão temos:


(−15 − 20)
𝑄̇𝑇2 = −
8,268 ∙ 10−3

∴ 𝑄̇𝑇2 = 4233,19 𝑊 = 4,233 𝐾𝑊

Vamos, por fim, comparar o aumento percentual da transferência de calor se considerarmos a


ventania que aumenta o coeficiente de convecção externo ao resultado obtido anteriormente:

𝑄̇𝑇2 4233,19
= = 1,004597
𝑄̇𝑇 4213,82
Nota-se, por fim, que o aumento percentual foi muito pequeno considerando a ventania, que
foi cerca de 0,4597%. Isto era algo esperado, já que os materiais utilizados para separar os
ambientes interno e externo são materiais com a característica de serem péssimos condutores
de calor e, portanto, ótimos isolantes, em três camadas com uma boa espessura. Portanto, a
ventania exterior não é capaz de fazer com que mais calor seja retirado do ambiente em
questão, uma vez que o ambiente interno é muito bem isolado do ambiente externo.

d)

Podemos entender a resistência dominante como aquela resistência que mais influencia sobre
a passagem de calor, que seria a responsável por impedir mais o calor de passar. Esta resistência,
podemos afirmar sem dúvida, é a que a fibra de vidro confere à parede. Isto se dá por ela ter
um coeficiente de condutividade (influencia no denominador da resistência) muito pequeno e
uma grande espessura (influencia no numerador da resistência).

A fins de comparação, se retirássemos a camada de fibra de vidro, teríamos a seguinte


resistência:

1 1 Δ𝑥𝑔 Δ𝑥𝑚 1
𝑅𝑒𝑞3 = ∙( + + + )
𝐴𝑠 ℎ𝑖 𝑘𝑔 𝑘𝑚 ℎ𝑒
1 1 0,01 0,02 1
𝑅𝑒𝑞3 = ∙( + + + )
350 30 0,17 0,12 300

∴ 𝑅𝑒𝑞3 = 0,749 ∙ 10−3

Por outro lado, se deixássemos apenas a fibra de vidro, teríamos a seguinte resistência:

1 Δ𝑥𝑓𝑣
𝑅𝑓𝑣 = ∙( )
𝐴𝑠 𝑘𝑓𝑣
1 0,1
𝑅𝑓𝑣 = ∙( )
350 0,038
∴ 𝑅𝑓𝑣 = 7,519 ∙ 10−3

Note que a fibra de vidro por si só é mais de dez vezes mais resistente à quantidade de calor que
atravessa a parede que os demais materiais juntos, ainda considerando a convecção. Desta
forma, podemos concluir dizendo que a fibra de vidro é a resistência dominante sobre a parede
de isolamento.

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