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DESCRIÇÃO

Principais conceitos, técnicas e orientações com relação ao estabelecimento do campo elétrico


e do campo magnético em cabos condutores da linha de transmissão. Caracterizações
importantes sobre o efeito corona e o efeito Joule no sistema.

PROPÓSITO
Apresentar as premissas e considerações necessárias para calcular o campo elétrico e o
campo magnético em uma linha de transmissão, entender como se estabelecem os efeitos
corona e Joule e assim estimar a temperatura superficial e perdas devido a esses efeitos.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora ou
use a calculadora de seu smartphone/computador.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer as principais estratégias para os cálculos dos campos elétrico e magnético em


cabos de linhas de transmissão

MÓDULO 2

Identificar os efeitos relacionados à radiofrequência e ao efeito corona

MÓDULO 3

Analisar os cálculos da temperatura superficial em cabos e das perdas devido aos efeitos Joule
e corona
O especialista fala sobre a visão geral sobre os cálculos nos cabos de linhas de transmissão e
uma breve revisão acerca da análise de circuitos, trazendo a visão geral sobre o que deve ser
considerado acerca do campo elétrico e do campo magnético nestes tipos de cabos e sobre
circuitos monofásicos e circuitos trifásicos.

MÓDULO 1

 Reconhecer as principais estratégias para os cálculos dos campos elétrico e


magnético em cabos de linhas de transmissão
O especialista fala sobre a visão geral dos possíveis circuitos equivalentes de uma linha de
transmissão - trazer uma visão geral de modelos para linhas curtas, médias e longas.

INTRODUÇÃO
Para compreender como o campo elétrico e o campo magnético se estabelecem nos cabos
condutores das linhas de transmissão, é necessário considerar alguns conhecimentos técnicos
prévios, como as principais premissas utilizadas nas análises de circuitos monofásicos e de
circuitos trifásicos, além dos conhecimentos de eletromagnetismo.

Além disso, é necessário compreender as analogias e circuitos equivalentes, tomados para


cálculo dessas relações tão importantes para o funcionamento da linha e do próprio sistema.
Dessa forma, iniciamos nossa análise entendendo como deve ser calculada a indutância em
linhas de transmissão e, em seguida, a capacitância nelas, para contextualização. No fim
desse tema, é feita também a análise qualitativa do funcionamento da linha.

INDUTÂNCIA DA LINHA DE TRANSMISSÃO


A indutância da linha de transmissão é um dos principais aspectos a ser considerado na
modelagem da corrente alternada (CA) e, geralmente, é definida em unidade por comprimento,
ou seja, em Henry por quilômetro (H/km).

 RELEMBRANDO

É importante relembrar que o tipo do modelo a ser usado dependerá, logicamente, do tipo de
estudo e/ou projeto conduzido e que existem de fato diferenças importantes, referentes às
linhas de corrente alternada, que devem ser consideradas perante a escolha da transmissão
em corrente contínua (CC), por exemplo.

Especificamente com relação ao cálculo, Monticelli e Garcia (2003) ressaltam que a indutância
depende do comprimento da linha, o que inclusive explica o porquê de, em distâncias acima de
1.000 km, as linhas de transmissão em corrente contínua poderem ser melhores opções,
embora este comprimento deva ser analisado sob a ótica de uma série de fatores e
parâmetros, dependendo também de outras características mais específicas do projeto.

O fluxo concatenado, a partir da Lei de Faraday, pode ser utilizado para expressar a
indutância, tal que a seguinte relação é válida:
dφ c φc
L = di = i

(1)

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Além disso, a indutância pode ser expressa diretamente a partir da tensão induzida:

di
e=L
dt

(2)
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Para as linhas, deve-se considerar as diferenças entre os fluxos e os fluxos concatenados


e possíveis arranjos nos quais o fluxo concatenado é maior, juntamente com a tensão induzida,
por exemplo.

Com relação ao fluxo concatenado com a corrente do condutor, adicionalmente, considere a


figura adiante, que representa a distribuição do fluxo magnético em um condutor cilíndrico de
raio R, percorrido por uma corrente de intensidade i e que é dada como função da distância até
o eixo desse condutor:

Fonte: Adaptada de Monticelli e Garcia, 2003. p. 52.


 Figura 1: Exemplo de fluxo magnético em um condutor cilíndrico

Assim, a partir da Lei de Ampére (equação de Maxwell), é possível calcular as


componentes interna e externa do fluxo concatenado. Essa equação é dada como a seguir,
para γ sendo uma curva fechada, como no caso da curva representada por uma circunferência
por exemplo:

→ → →

∮ γH. d l = ∫ s j . d s

(3)

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O campo magnético, considerando a situação proposta pela Figura 1, é dado por:

ix
H=
2πR 2

(4)

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E a densidade do fluxo magnético:


μ 0ix
B = μ 0H =
2πR 2

(5)

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Desenvolvendo-se a partir dos fluxos, obtém-se que a componente interna da indutância


neste caso é:
μ0
L i = 8π

[H/m](6)

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E a externa:

μ0

Le = lnx| R

[H/m](7)

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Por outro lado, considerando-se para análise e modelagem os casos de raio reduzido para o
condutor, tem-se a seguinte relação válida para a indutância, tomando a relação de R’= Re − 1 / 4
:

μ0 d
L= ln
2π R'

[H/m](8)

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Dessa forma, é possível contextualizar melhor e definir, a este ponto, a indutância para a linha
bifilar, tal como mostra a equação a seguir:

μ0 D
L= ln
π R'

[H/m](9)

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Sendo está representada como mostra o desenho adiante:


Fonte: Adaptada de Monticelli e Garcia, 2003. p. 60.
 Figura 2 - Espira fictícia para o cálculo da indutância em uma linha monofásica bifilar

Analisando-se, então, a indutância em uma linha trifásica, tem-se que as relações entre os
fluxos concatenados com as correntes nas fases, i1, i2 e i3, poderão ser estabelecidas na
forma matricial:

[ ] [ ][ ]
φc L 11 L 12 L 13 i1
1

φc = L 21 L 22 L 23 i2
2

φc L 31 L 32 L 33 i3
3

(10)

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Sendo o espaçamento entre os condutores de geometria bem definida e distâncias iguais,


como no caso de um triângulo equilátero, a matriz da Equação 10 será uma matriz diagonal,
com os mesmos elementos na diagonal principal. A figura a seguir, por outro lado, apresenta
um exemplo mais geral, considerando um arranjo genérico trifásico:
Fonte: Adaptada de Monticelli e Garcia, 2003. p. 62.
 Figura 3 - Linha trifásica com geometria genérica, utilizando um condutor por fase

De maneira geral, definem-se os fluxos concatenados pelas seguintes equações:

φc =
1
μ0
2π [ i 1ln
1
'
R1
+ i 1ln
1
d 12
+ i 1ln
1
d 13 ]
(11.a)

φc =
2
μ0
2π [ i 1ln
1
d 12
+ i 1ln
1
'
R2
+ i 1ln
1
d 23 ]
(11.b)

φc =
3
μ0
2π [ i 1ln
1
d 13
+ i 1ln
1
d 23
+ i 1ln
1
R3
'
]
(11.c)

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Definindo-se a matriz indutância da linha e considerando o somatório das correntes nulo, tem-
se:
[ ]
d 13 d 13

[]
ln ln d 0

[]
R 1' 12
φc i1
1
μ0 d 23 d 23
φc = ln ln ' 0 i2
2
2π d 12 R2
φc i3
3 d 13 d 33
0 ln d ln '
23 R3

(12)

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Se a linha trifásica for equilátera, como no caso da geometria do triângulo equilátero:

[ ]
d 13

[]
ln 0 0

[]
R 1'
φc i1
1
μ0 d 23
φc = 0 ln 0 i2
2
2π R 2'
φc i3
3 d 33
0 0 ln
R 3'

(13)

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EXISTE AINDA A POSSIBILIDADE DE REALIZAR A


TRANSPOSIÇÃO DA LINHA DE TRANSMISSÃO, DE
FORMA A TRANSFORMAR UMA DADA LINHA, EM
OUTRA CONFIGURAÇÃO ORIGINAL QUALQUER, NÃO
SIMÉTRICA, EM UMA LINHA EQUILÁTERA.
POR OUTRO LADO, CASO DIFERENTEMENTE DO
EXPOSTO ATÉ ENTÃO, UTILIZEM-SE VÁRIOS
CONDUTORES POR FASE, O CÁLCULO MODIFICARÁ E
DEVE-SE LEVAR EM CONTA DESPREZAR OU NÃO O
EFEITO PELICULAR (TAMBÉM CONHECIDO COMO
EFEITO SKIN)

MONTICELLI; GARCIA, 2003

Para o cálculo do fluxo concatenado em um dado condutor a na fase 1, por exemplo, para um
arranjo de dois condutores por fase, tem-se:

φ ca =
[
μ0 i1

2π 2
ln
d aP

R'
+
i1

2
ln
d bP

d
+
i2

2
ln
d cP

D
+
i2

2
ln
dd

D+d
+
i3

2
ln
d eP

2D
+
i3

2
ln
d fP

2D + d ]
(14)

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Tomando-se, de forma a simplificar a análise, que o ponto P está no infinito e que o somatório
das três correntes é zero, tem-se:

[
μ0 i1 1 i1 1 i2 1 i2
φ ca = 2π 2 ln R' + 2 ln d + 2 ln D + 2 ln D + d + 2 ln 2D + 2 ln 2D + d
1 i3 1 i3 1
]
(15)

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Caso tome-se que D >> d, a seguinte expressão é válida:

μ0 i1

[ 1 i1
φ ca = φ cb = 2π 2 ln R' + 2 ln d + i 2ln D + i 3ln 2D
1 1 1
]
(16)

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E, analogamente, para as demais fases:

[
μ0 i1 1 i2 1 1 1
φ cc = φ cd = 2π 2 ln R' + 2 ln d + i 1ln D + i 3ln D
]
φ ce = φ cf =
[
μ0 i3 1 i3
ln + ln + i 2ln + i 1ln
2π 2 R' 2 d D
1
2D
1 1
]
(17)

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Mais, considerando-se a transposição, obtém-se a indutância por fase de:


3
μ0 √2D
L= ln
2π √R'd

(18)

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VAMOS VER UM EXEMPLO:

Tomando como exemplo as linhas de transmissão CA de Itaipu, é possível traçar alguns passos
básicos para o cálculo da indutância por unidade de comprimento do circuito trifásico. Assim,
inicia-se buscando qual o tipo de condutor e seu o valor da distância geométrica própria (Ds),
que levará em conta se são usados diversos fios encordoados, por exemplo. Em seguida,
deve-se verificar o tipo de agrupamento por fase e transformar o circuito, no caso a linha, em
3
um circuito equilátero equivalente, de forma que o espaçamento equivalente é dado por √2D,
fazendo D >> d. Por último, o cálculo da indutância por fase e por unidade de comprimento é
possível (MONTICELLI; GARCIA, 2003).

Adiante, no próximo subtópico, você verá as principais premissas acerca da capacitância na


linha de transmissão e os cálculos com relação a esta e o campo elétrico estabelecido.

CAPACITÂNCIA DA LINHA DE TRANSMISSÃO


Faremos, agora, um resumo do cálculo da capacitância na linha e, para isto, é primordial
relembrar a Lei de Gauss, que estabelece que:

→ →
∮ SD. dS = ∫ VρdV = q

(19)

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→ →
Sendo D o vetor do campo elétrico na superfície, o vetor dS normal a este campo, ρ a
densidade volumétrica ou superficial de carga, dV o elemento diferencial do volume e q a carga
total internamente em S. Considerando inicialmente a distribuição de carga em um condutor,
define-se o seguinte campo elétrico, com ε 0 sendo a constante do meio e r a distância:

λ
E = 2πε r
0

(20)

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A capacitância por unidade de comprimento é:

λ
C= V

(21)

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Sendo que λ é a densidade linear de carga e V o potencial do condutor, que é dado conforme a
seguinte equação:

→ → λ ∞
V = ∫∞
P
Ed l = ln
2πε 0 R

(22)

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NA EQUAÇÃO ANTERIOR, P É UM PONTO NA


SUPERFÍCIE DO CONDUTOR ANALISADO E R É SEU
RAIO.
Para continuarmos nossa análise, considere uma linha bifilar, assim como fizemos na análise
de indutância, na qual são usados dois condutores, como mostra a figura adiante:

Fonte: Adaptada de Monticelli e Garcia, 2003., p. 83.


 Figura 5 - Sistema de dois condutores

A diferença de potencial neste caso é calculada como:

V p − V p1 =
2
λ
2πε 0 (ln
r 1p 2

r 1p 1
− ln
r 2p 2

r 2p 1 )
(22)

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A distância entre o eixo do condutor 1 e o ponto 1, por exemplo, é dada por r1p1 e assim por

diante. Já com relação a um dado ponto P, distante desses condutores, define-se:

VP =
λ
2πε 0 ( ln
( D − R2 ) r2
R 2r 1 )
(23)

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Já para linhas trifásicas, considere o exemplo do seguinte arranjo de geometria genérica


e utilizando somente um condutor por fase, como mostra a figura:
Fonte: Adaptada de Monticelli e Garcia, 2003., p. 86.
 Figura 6 - Arranjo trifásico de condutores, com um condutor por fase e geometria genérica

Neste caso, a relação entre as densidades de carga, os potenciais e as capacitâncias é dada


pela seguinte equação matricial:

[][ ][ ]
λ1 C 11 C 12 C 13 V1
λ 2 = C 21 C 22 C 23 V2
λ3 C 31 C 32 C 33 V3

(24)

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É importante destacar que, da mesma forma que ocorre com a indutância nos
condutores no arranjo trifásico, existem simplificações válidas para o caso de um
arranjo equilátero. Assim, considerando, por exemplo, que a soma das densidades de carga
em cada uma das fases é nula:

[ ]
d 13 d 13

[] []
ln R ln d 0
V1 1 12 λ1
1 d 23 d 23
V2 = ln ln 0 λ2
2πε 0 d 12 R2
V3 d 13 d 13
λ3
0 ln ln
d 23 R3

(25)
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E, por último nesta parte, considerando então o arranjo equilátero onde D representa a
distância entre condutores:

[ ][ ]
D

[]
ln R 0 0
V1 λ1
D
V2 = 1 0 ln R 0 λ2
2πε 0
V3 D λ3
0 0 ln R

(26)

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VAMOS VER UM EXEMPLO:

Neste exemplo, vamos entender quais são as principais influências da terra no cálculo da
capacitância. Para isso, é possível utilizar o método das imagens, que lida com as condições
de contorno dadas pelas cargas que são induzidas na superfície da terra, comparando-as de
forma que é estabelecido que elas são as mesmas de um par de condutores fictícios
atribuídos, em posição simétrica à superfície (MONTICELLI; GARCIA, 2003). Assim,
considerando que os raios dos condutores são desprezíveis, ou seja, R ‹‹ D e ignorando-se a
presença da terra (o que implica que a distância (H) a terra é muito maior que a distância entre
condutor), ou seja, H ›› D em Faradays por metro:

πε 0
C= 2HD
ln
√R1R2 ( 4H ² + D ² )

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Se os raios são iguais, a equação anterior pode ainda ser simplificada.


ANÁLISE QUALITATIVA DO
FUNCIONAMENTO DA LINHA DE
TRANSMISSÃO
Como já foi brevemente mencionado no início do módulo, você verá agora os principais
aspectos do funcionamento da linha, considerando ainda o conhecimento teórico adquirido até
o momento para a compreensão desta teoria diretamente ligada à prática.

Iniciamos, então, pela análise qualitativa e uma possível análise quantitativa, para
entendimento de perdas, que será realizada no fim do Módulo 3.

QUANDO TRATAMOS DA LINHA DO PONTO DE VISTA


QUALITATIVO, É IMPORTANTE CONSIDERAR O
PROCESSO DE ENERGIZAÇÃO DA LINHA.

Dessa forma, considere então uma linha de transmissão ideal, formada por dois condutores
metálicos retilíneos completamente isolados, suficientemente distantes do solo e/ou de
estruturas adjacentes.

Assim, sendo uma linha ideal, a resistência elétrica desses condutores será considerada nula,
o dielétrico formado é perfeito e não existirão perdas a serem computadas.

CAPACIDADE

C é definida em F/km

INDUTÂNCIA
L é definida em H/km

O seguinte circuito equivalente representa de forma aproximada a linha bifilar descrita,


juntamente com um ponto de dissipação de energia, representado pela resistência R2:

Fonte: EnsineMe
 Figura 7 - Circuito equivalente de uma linha bifilar

No momento de em que a chave se fecha (t = 0), tem-se que a tensão V é igual a v1.

Além disso, perceba que, no primeiro trecho, a tensão V só será vista na reatância capacitiva,
após um dado período Δt e a corrente na reatância indutiva não atingirá de forma instantânea o
valor de Io (corrente de carga na linha). Já no 2° trecho do circuito equivalente, percebe-se que
a tensão V só estará na reatância capacitiva após um período de 2Δt e tem-se o momento em
que a corrente é igual à corrente de carga na linha. Adicionalmente, tem-se que, após um dado
tempo, (finito) a tensão chegará ao receptor, o que implica que decorreu de fato um tempo
entre o momento no qual aplicou-se a tensão V na fonte do sistema e com relação ao instante
no qual essa tensão pode ser “sentida” e medida no receptor (FUCHS, 1977).

Assim, a velocidade dessa propagação no sistema (v) é dada em função do comprimento (Δx)
e do tempo (Δt), tal que:
Δx
v = Δt

(27)

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Já a carga nesse trecho é calculada em função da capacitância:

q = Δx. C. V

(28)

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Define-se a corrente no trecho como:


q
I0 =
Δt

(29)

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De forma que a relação tensão/corrente é:

V 1
I0
= Cv

(30)

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Sendo Z0 a impedância natural da linha, definida por essa relação tensão/corrente.

LEMBRE-SE QUE AS CARGAS ELÉTRICAS EM


MOVIMENTO SÃO AS RESPONSÁVEIS PELO
SURGIMENTO DE CAMPOS MAGNÉTICOS E QUE SUA
PRÓPRIA EXISTÊNCIA, POR OUTRO LADO, JÁ
PERMITE O SURGIMENTO DOS CAMPOS ELÉTRICOS.
QUANDO UMA LINHA DE TRANSMISSÃO É
ENERGIZADA, PORTANTO, ESTABELECE-SE CAMPOS
ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS DO TRANSMISSOR AO
RECEPTOR, QUE SE PROPAGAM AO LONGO DELES
(FUCHS, 1977).

A força eletromotriz induzida (FEM), neste caso, é:

dI 0 I0
FEM = − ΔxL dt = − Δt ΔxL

(31)

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Considerando-se que o tempo pode ser expresso em função do comprimento e da velocidade


v, tem-se a seguinte expressão para FEM:
FEM = − I 0Lv

(32)

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Adicionalmente, sabe-se que essa FEM deverá ser neutralizada pela própria fonte de
tensão (V) utilizada para a energização da linha, para que se tenha de fato a circulação
da corrente I0 através do condutor do cabo, basicamente. Assim, tem-se que:

V = I 0Lv

[V](33)

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Ou ainda:
V
Z 0 = I = Lv
0

[Ω](34)

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OU SEJA, A IMPEDÂNCIA NATURAL FOI DEFINIDA DE


DUAS FORMAS DISTINTAS (REVER EQUAÇÃO 30),
DEPENDENDO SOMENTE DO MEIO NO QUAL A LINHA
DE TRANSMISSÃO ESTIVER E DE SUAS DIMENSÕES
FÍSICAS.

A partir dessas relações, define-se novamente a velocidade com a qual tanto o campo elétrico
quanto o magnético se propagam na linha de transmissão, como mostra a equação seguinte,
similarmente ao que foi feito na Equação 27:
1
v=
√LC

(35)

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Agora, retornaremos novamente ao cálculo da indutância e da capacitância, nesse caso,
estimando esses parâmetros para uma linha com dois condutores, os quais podem estar tanto
no ar quanto no vácuo. Como anteriormente, desprezou-se novamente a presença da terra, no
caso da capacitância e do efeito do fluxo magnético interno no condutor, no caso do cálculo da
indutância:
D
L = 2.10 − 4ln
r

[H/km](36)

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1
C=
18.10 6ln ( D / r )

[F/km](37)

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Ao correlacionar as equações 36 e 37, inserindo-as no cálculo da velocidade na Equação 35,


obtém-se o valor da velocidade de propagação da luz no vácuo, com o valor de 3.105 km/s.
Com isso, torna-se possível concluir que a velocidade de propagação depende,
principalmente, do meio de propagação e, por consequência, do meio no qual a linha de
transmissão está instalada. Por esses mesmos motivos, observa-se que, em linhas
subterrâneas, essa velocidade será diferente e bem mais baixa.

Além disso, na prática, para linhas reais nas quais o fluxo interno dos condutores também não
é desprezível, essa velocidade será um pouco menor, sendo importante lembrar que, nesse
caso, considera-se perdas reais (FUCHS, 1977). Tais perdas elétricas na linha também
reduzem a velocidade de propagação e podem ser representadas por elementos como
resistores, capacitores e indutores, o que ficará mais claro no Módulo 3.

Adicionalmente, com relação à impedância natural da linha é possível, substituindo-se


novamente os valores obtidos nas Equações 36 e 37, obter a seguinte equação:

D
Z 0 = 60ln r

(38)

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Note, por meio da análise da Equação 38, que a impedância natural não depende do
comprimento da linha e de outras características físicas como o meio no qual se encontra,
a distância entre condutores e seus raios. Perceba, então, que a impedância natural da linha
é constante e, assim, considerada uma grandeza característica da linha. Mais ainda,
percebe-se que a corrente será constante, pois a seguinte relação obtida reescrevendo-se as
equações de tensão, corrente e impedância natural é válida:
V
I0 = Z
0

(39)

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Ou seja, a corrente de carga em uma dada linha já energizada, sujeita à excitação por
uma fonte de tensão constante, também não dependerá de seu comprimento. Embora
isso possa soar estranho, à primeira vista, ao analisarmos percebemos que não era possível
ser diferente, visto que ao fluir, essa corrente não terá "percepção" nem do quanto a linha é
grande (ou pequena) e/ou em que ponto se finda.

RELAÇÕES DE ENERGIA

Com relação à energia, sabe-se basicamente que a cada intervalo de tempo, necessário para
energizar um dado comprimento da linha, a fonte fornecerá a essa a mesma quantidade de
energia (dada por VI0Δt). Essa energia, numa linha ideal, logicamente não será dissipada.

VAMOS VER AGORA MAIS UM POUCO SOBRE ISSO E


INICIAR A ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES ACERCA DAS
PERDAS?

Lembre-se, antes de tudo, que o campo elétrico e o magnético possuem capacidade de


armazenar energia possibilitando definir as seguintes relações:
2
I 0LΔx V 2CΔx
ΔE m = 2
   e   ΔE e = 2

[W](40)

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Adicionalmente, como o armazenamento é simultâneo, define-se:


2
I 0LΔx V ² CΔx
VI 0Δt = 2
+ 2

[W](41)

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COM ISSO, É POSSÍVEL CONCLUIR PREVIAMENTE


QUE A ENERGIA FORNECIDA PELA FONTE FOI DE
FATO ARMAZENADA, ENTRETANTO NÃO SABEMOS
QUAL A FRAÇÃO PARA CADA CAMPO ATÉ O
MOMENTO

FUCHS, 1977

Para esclarecer tal fato, são realizadas algumas análises e obtém-se a seguinte expressão,
que nos revela que a quantidade de energia armazenada nos campos é a mesma:

(√) L 2 CΔX I 20LΔx


ΔE e = I 0 =
C 2 2

(42)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Na prática, sabe-se ainda que esse processo de armazenamento durará de forma indefinida,
caso seja considerado, idealmente, que a linha possui comprimento infinito. Contudo,
estabelecendo-se então para entender a análise real que a linha possua um dado comprimento
l, em metros e que há um dissipador de energia no sistema, representado pelo resistor R2, de
forma que seu módulo seja igual ao da impedância natural, obtém-se com relação à corrente
elétrica:

V V
I0 = Z = R
0 2

(43)
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Adicionalmente, considerando que na terminação da linha não haverá campos a serem


armazenados, toda a energia é dissipada em R2. Nesse caso, a corrente mantém-se

constante, independentemente do comprimento da linha, o que é plausível para a análise


considerando-a infinita:

VI 0Δt = I 20R 2Δt

[W](44)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Agora, vamos analisar algumas outras possíveis situações distintas e, para isso, considere
inicialmente que a linha possui resistência terminal maior do que Z0. Nesse caso, tem-se

uma situação de excesso de energia junto ao terminal da linha e observa-se que há um novo
estado de equilíbrio já que, logicamente, essa energia não é simplesmente destruída. Além
disso, perceba que uma redução da corrente na linha proporciona também redução no campo
armazenado e ele não é capaz de armazenar o excedente mencionado, cedendo ainda o que
possui, o que explica por que a energia possui como destino o campo elétrico.

Em outro caso ainda mais extremo, considerando que R2 tende a infinito, tem-se dois fatos

principais: a corrente vai a zero e o campo elétrico novamente é responsável por


armazenar toda a energia novamente. A partir disso, é possível obter que, em uma linha ideal
aberta (aproximação da resistência infinita), a tensão no receptor será o dobro da que fora
aplicada e se propaga.

Caso, por outro lado, a resistência terminal seja menor que a impedância característica, é
estabelecido um novo estado de equilíbrio, que somente é atingido na prática caso a
deficiência de energia no terminal seja suprida pela própria linha, por meio da energia
armazenada no processo de energização da linha pela fonte. Devido ao aumento no valor à
corrente e considerando que agora quem cede energia é o campo elétrico, percebe-se
uma redução na tensão V2 (receptor).

Assim como analisamos anteriormente, caso tenha-se o extremo no qual R2 seja nulo ou

extremamente baixo, duas situações novamente podem se estabelecer:

A tensão no receptor é nula e se propaga ao transmissor.

Há um aumento na corrente no receptor, que se propaga também (FUCHS, 1977).


Ademais, para determinar o valor dessa corrente, relembre a relação de cessão energética ao
campo magnético e torna-se possível perceber que quando a linha estiver em curto-circuito
(resistência nula) a corrente crescerá no receptor até dobrar seu valor, com relação à corrente
de linha I0.

ONDAS VIAJANTES

O conceito de ondas viajantes é de extrema importância no entendimento do


funcionamento da linha e, para entendê-lo, considere novamente a energização dessa linha,
com circuito equivalente análogo.

CONSIDERA-SE AGORA, ENTÃO, QUE DUAS ONDAS


PARTIRÃO DO TRANSMISSOR, UMA DE TENSÃO (COM
UMA DADA AMPLITUDE V) E OUTRA DE CORRENTE
(COM A AMPLITUDE I0) E AMBAS COM VELOCIDADES
V. ESSAS ONDAS, POR FIM, PODERÃO SER DO TIPO
DIRETAS OU REFLETIDAS, SENDO AMBAS
POLARIZADAS.

Para entender como isso ocorre, retornaremos aos casos anteriores das diferentes
resistências terminais atribuídas.

Começando pelo caso no qual a linha tem que R2 é maior que a impedância natural, a onda de

tensão refletida possuirá o mesmo sinal da onda de tensão incidente e a tensão que resulta é
maior do que a da incidente. A onda que chega ao receptor é a incidente, enquanto a que sai
dele é a refletida. Por outro lado, caso a resistência terminal seja inferior à impedância natural,
a onda da tensão é refletida com sinal contrário ao da incidente, o que leva à tensão diminuir e,
com relação à corrente, sabe-se que ela se reflete com o mesmo sinal, aumentando no fim das
contas. Por último caso, se a resistência em questão tiver o mesmo valor da impedância
analisada, tanto as ondas refletidas de tensão quanto de corrente serão nulas e, assim, os
valores de tensão e de corrente mantêm-se (FUCHS, 1977).
Mais ainda, considerando que ondas refletidas possuem as mesmas propriedades das ondas
incidentes, a seguinte relação é válida:

Vd Vr


L
Id
= I = C
= Z0
r

(45)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Além disso, em qualquer ponto no qual a resistência terminal vista seja diferente da impedância
característica, é válido que:

V Vd + Vr
I
= I + I ≠ Z0
d r

(46)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Adicionalmente, levando-se em conta as amplitudes dessas ondas refletidas, utilizando os


seguintes coeficientes de reflexão

Z2 − Z0
k rv =
Z2 + Z0

(47.1)

Z0 − Z2
k ri = Z + Z
2 0

(47.2)

tem-se as próximas amplitudes, para tensão e para a corrente, respectivamente:

V r = k rvV d

(48.1)

I r = k riI d

(48.2)

 ATENÇÃO

É fundamental salientar que foi analisado o comportamento das ondas da tensão e corrente
durante a primeira circulação do transmissor ao receptor, incluindo o movimento e
comportamento das ondas de tensão e correntes que foram refletidas, em função das
condições existentes no receptor.

UM PONTO IMPORTANTE TAMBÉM É QUE


CONSIDERANDO O USO DA FONTE IDEAL, POR
EXEMPLO, AS ONDAS VERÃO UMA IMPEDÂNCIA
DIFERENTE DE ZO, O QUE FAZ COM QUE ELAS DEEM
ORIGEM A UM NOVO PAR DE ONDAS REFLETIDAS,
QUE VÃO SE SOBREPOR AOS INCIDENTES NO
TRANSMISSOR.

Lembrando-se que essas últimas as que partiram do receptor como ondas refletidas e seus
sinais e valores dependem do valor relativo da impedância da fonte (FUCHS, 1977., p. 67).

Depois dessas análises, é perceptível, de fato, o caráter nitidamente transitório das


tensões e correntes, que variam em torno de seus valores em regime permanente. Sendo
ainda tanto a linha quanto as fontes ideais, o regime permanente só é atingido, tipicamente, na
condição de t → ꝏ. Já, por outro lado, no caso de linhas reais, sabe-se que a energia que é
dissipada na resistência dos condutores da linha possui o caráter de um “amortecedor
energético”, capaz de reduzir levemente os módulos de tensões e correntes, o que faz com
que a transição do funcionamento da linha em regime permanente ocorra de forma
significativa.

Por fim, até mesmo para motivá-lo, ficou claro que esse estudo possui grande aplicação em
análises de surtos e da ocorrência de sobretensões em sistemas elétricos de potência, nos
quais para facilidade de raciocínio, é comum empregarmos uma fonte de tensão constante, por
exemplo.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SUPONHA QUE A ENGENHEIRA ELETRICISTA RESPONSÁVEL PELO
PROJETO DE UM SISTEMA DE TRANSMISSÃO NECESSITA ESTIMAR
QUAL É A INDUTÂNCIA EM UM SISTEMA TRIFÁSICO, COM UM
CONDUTOR PARA CADA FASE DA LINHA DE TRANSMISSÃO. PARA ISSO,
SUGERE-SE:

A)

A)

[ ] [ ][ ]
φc L 11 L 12 L 13 i1
1

φc = L 21 L 22 L 23 i2
2

φc L 31 L 32 L 33 i3
3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A)

B)

B)

[ ] [ ][ ]
φc L 11 0 0 i1
1

φc = 0 L 22 0 i2
2

φc 0 0 L 33 i3
3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

B)

C)

C)

φc =
1
μ0
2π [
i 1ln
1
R 1'
+ i ln
1 d
1
12
+ i ln
1 d
1
13 ]
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
C)

D)

D)

φ=
μ0
2π [ i 1ln
1
R 1'
+ i 1 ln
1
d 12
+ i 1 ln
1
d 13 ]
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

D)

E)

E)

1 1 1
φ = i 1ln + i ln
1 d + i ln
1 d
R 1' 12 13

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

E)

2. SUPONHA QUE A ENGENHEIRA ELETRICISTA RESPONSÁVEL PELO


PROJETO DE UM SISTEMA DE TRANSMISSÃO NECESSITA ESTIMAR
QUAL É A CAPACITÂNCIA EM UM SISTEMA TRIFÁSICO, COM UM
CONDUTOR PARA CADA FASE DA LINHA DE TRANSMISSÃO. PARA ISSO,
SUGERE-SE:

A)

A)

[][ ][ ]
λ1 C 11 0 0 v1
λ2 = 0 C 22 0 v2
λ3 0 0 C 33 v3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A)
B)

B)

πε 0
C=
2HD
ln
√R1R2 ( 4H ² + D ² )

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

B)

C)

C)

[][ ][ ]
λ1 C 11 C 12 C 13 v1
λ 2 = C 21 C 22 C 23 v2
λ3 C 31 C 32 C 33 v3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

C)

D)

D)

1
C= 2HD
ln
√R1R2 ( 4H ² + D ² )

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

D)

E)

E)

πε 0
C= 2HD
ln
√R ² ( 4H ² + D ² )

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

E)
GABARITO

1. Suponha que a engenheira eletricista responsável pelo projeto de um sistema de


transmissão necessita estimar qual é a indutância em um sistema trifásico, com um
condutor para cada fase da linha de transmissão. Para isso, sugere-se:

A alternativa "A " está correta.

Neste caso, como não foi revelado qual a geometria é plausível utilizar como base a matriz
completa, que correlaciona os fluxos concatenados, as indutâncias e as correntes nos sistemas
trifásicos em todas as combinações.

2. Suponha que a engenheira eletricista responsável pelo projeto de um sistema de


transmissão necessita estimar qual é a capacitância em um sistema trifásico, com um
condutor para cada fase da linha de transmissão. Para isso, sugere-se:

A alternativa "C " está correta.

Neste caso, como não foi revelado qual a geometria é plausível utilizar como base a matriz
completa, que correlaciona as densidades de carga, as capacitâncias e as tensões nos
sistemas trifásicos em todas as combinações.

MÓDULO 2

 Identificar os efeitos relacionados à radiofrequência e ao efeito corona


INTRODUÇÃO
O especialista fala sobre o método analítico para cálculo da radiointerferência sob condições
de chuva - outras formas de análise complementares.

A ocorrência de radiointerferência e de certos efeitos relacionados ao efeito corona tratam-


se, em geral, de efeitos especiais relacionados à transmissão de energia por meio de sistemas
aéreos.

Vamos, então, iniciar nosso estudo analisando as questões acerca da resistência à corrente
alternada, ainda nesse tópico, para depois passarmos para os dois tópicos principais:
Principais pontos sobre o efeito corona.

Radiointerferência (RI).

Funcionando então em corrente alternada, sabe-se que em cada condutor vai existir, além da
queda de tensão de caráter ôhmico, uma tensão (ou força eletromotriz) induzida devido ao
fluxo magnético alternado (para mais detalhes ver as Equações 31 e 32).

ASSIM, SENDO A QUEDA DE TENSÃO AO LONGO DE


UMA DADA SECÇÃO TRANSVERSAL DO CONDUTOR A
MESMA EM TODOS OS PONTOS, EMBORA OS
ENLACES DO FLUXO NÃO SEJAM, COM PONTOS
MAIS PRÓXIMOS DO CENTRO DA SECÇÃO, POR
EXEMPLO, MAIS ENLAÇADOS, DEFINE-SE QUE AS
CORRENTES DEVEM SER MAIORES NOS PONTOS
MAIS PRÓXIMOS DA SUPERFÍCIE, DE FORMA A
COMPENSAR ESSA DIFERENÇA E IGUALAR, ASSIM,
AS QUEDAS DE TENSÃO

CAMARGO, 2006

Com isso, percebe-se que a densidade da corrente é superior nos pontos periféricos e
este é o fenômeno caracterizado pelo efeito pelicular (ou efeito skin), que leva a efeitos
práticos negativos, como um aumento da resistência do condutor e diminuição de sua reatância
interna.

Surge, assim, a necessidade de se definir o quão é desigual essa distribuição das correntes e,
define-se, portanto, o parâmetro de profundidade de penetração, sendo:
Poderá ser necessário ainda, ao longo do projeto do sistema de transmissão, o cálculo exato
desse efeito pelicular.

 SAIBA MAIS

É interessante que você saiba, a título de curiosidade, que isso envolve as funções de Bessel e
resoluções de equações diferenciais características do problema. Ademais, sabe-se que, para
determinação de fato da resistência à corrente alternada, deve-se ter em mente o material e
tipo de cabo utilizado, por exemplo.

VAMOS VER UM EXEMPLO:

Considerando um cabo de aço, tem-se como exemplo as seguintes curvas de relações entre a
resistência à corrente alternada e à corrente contínua, conforme apontado em ALCOA (1960),
mediante a razão com a frequência:
Fonte: Adaptado de Alcoa, 1960.
 Figura 8 - Consideração da resistência à corrente elétrica

EFEITO CORONA

CASO A TENSÃO NA LINHA AUMENTE DE FORMA


SIGNIFICATIVA ATÉ ALCANÇAR UM VALOR NO QUAL
O AR TORNA-SE CAPAZ DE ENVOLVER O CONDUTOR
E ESSE SE TORNA IONIZADO, DEVIDO À FORÇA
ELÉTRICA ESTABELECIDA NA SUPERFÍCIE DESSE
CONDUTOR, QUE EXCEDEU UM CERTO VALOR
LIMITE.

Além disso, sabe-se que a camada ionizada aumenta o diâmetro até um ponto no qual as
forças elétricas deixam de ser capazes de gerar mais ionização. Esse tipo de descarga
elétrica descrita, bem como os efeitos relacionados a ela, é definida como efeito corona.
Além disso, tem-se que esse fenômeno ocorre devido ao campo elétrico na superfície do
condutor ter superado a capacidade disruptiva do ar (CAMARGO, 2006).

Entre as principais consequências do efeito corona, tem-se:

Ocorrência de eflúvios visíveis

Formação de certas ondas de rádio ruído (Ondas eletromagnéticas de baixa frequência)

Perdas de energia e vibrações mecânicas

Gases como o ozona

Ruídos que podem ser ouvidos

Assim, matematicamente, o efeito corona se dá quando a seguinte relação ocorre:

E > E0

(50)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Sendo E o campo elétrico na superfície do condutor e E0 a constante de capacidade disruptiva

do ar, que pode ser dada por:

√( )
3 2
17,9P
E0 = 459 + T
. 30.10 3

(51)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que T é a temperatura em Fahrenheit e P a pressão em polegadas de mercúrio, ou então


considera-se diretamente 30 kV/cm, para condições típicas de temperatura e pressão.

OUTRO IMPORTANTE PARÂMETRO PARA ANÁLISE


DESSE FENÔMENO, É COMPREENDER QUE EXISTEM
MOMENTOS DIFERENTES DE "CRITICIDADE" E,
DESTA FORMA, ATRIBUI-SE O GRADIENTE CRÍTICO
VISUAL AO MOMENTO DE INÍCIO DA OCORRÊNCIA
DAS MANIFESTAÇÕES LUMINOSAS.

Esses estudos foram conduzidos por Peek, na ocasião, que apresentou a seguinte relação
desse gradiente:

E CRV = 21,6 1 +
( 0,301

√r )
[kV/cm](52)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Posteriormente, Miller sugeriu que esse poderia ser definido como:

E CRV = 18,11 1 +
( 0,54187

√r )
[kV/cm](53)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Podendo ser utilizada para condutores múltiplos, com correção do diâmetro e considerações e
aproximações acerca do gradiente na superfície (FUCHS, 1977). Já o gradiente médio por
subcondutor, nesses casos mais complexos, em que req é o raio de um condutor cilíndrico

equivalente à carga de Q C/km, tem-se o seguinte gradiente:

Q
E = 2π . ε . r
eq

[kV/cm](54)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Vamos relembrar, agora, o cálculo da capacitância na linha de transmissão e, com isso, obtém-
se a seguinte relação para o gradiente crítico, válida para a maior parte das análises:

E CRV = 18,1. m. δ 1 +
( 0,54187

√req . δ )
[kV/cm](55)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal


sendo m o fator de superfície para representar fatores externos que podem afetar a forma
como o efeito corona é estabelecido e com δ para representar a pressão atmosférica relativa,
que vale:

0,386 ( 760 − 0,086h )


δ= t

(56)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

No cálculo da pressão, a temperatura deve ser utilizada em Kelvin e h é a altitude média local.

 EXEMPLO

Exemplo prático: O fator de superfície geralmente flutua, para a maior parte dos casos, entre
0,6 e 0,8 e, além disso, ressalta-se que, na prática, um aumento na temperatura e na altitude
poderá refletir em grande parte dos casos na diminuição do gradiente crítico visual.

A seguir, você verá, com mais detalhes, o que ocorre em consequência da radiointerferência
em uma linha de transmissão.

RADIOINTERFERÊNCIA

A RADIOINTERFERÊNCIA (RI) É DEFINIDA NO


CONTEXTO COMO UM TIPO DE DISTÚRBIO
INDESEJÁVEL, QUE ATUA NA FAIXA DE
RADIOFREQUÊNCIA, DE 500 KHZ ATÉ 1600 KHZ (QUE
CORRESPONDE À FAIXA AM).

Além disso, um dos principais fenômenos ou causa desse efeito é o próprio efeito
corona, ao produzir pulsos de corrente e de tensão nos condutores da linha, com espectro de
frequência na faixa de radiofrequência.
Outro exemplo de causa da radiofrequência é a presença de irregularidades na superfície
dos condutores e/ou partículas sólidas que se aderem aos cabos, capazes de provocar
pulsos de corrente, que leva à ocorrência de campos magnéticos. Esses campos, por sua
vez, interferem diretamente na qualidade da recepção de sinais de rádio e, dessa forma,
quando é feito o projeto de um sistema de transmissão essas questões devem ser
consideradas, além da medição constante de determinados trechos acerca de verificar se de
fato a linha funciona como projetado, com relação à radiofrequência (CAMARGO, 2006; LEÃO,
2008).

Para afetar essa relação de radiofrequência, sabe-se ainda que quaisquer alterações nos
seguintes parâmetros poderão levar a efeitos indesejados, como:

Mudanças nas configurações dos condutores das linhas.

Alterações no fator de superfície.

Alterações em fatores diretamente ligados ao clima e ao solo como sua resistividade.

Umidade relativa do ar.

Velocidade do vento de quantidade de chuvas.

Além disso, deve-se considerar ainda a frequência da energia que é irradiada.

Mais ainda, deve-se ter em mente que ruídos, por exemplo, só serão vistos de fato após o
funcionamento da linha e, para quantificar o quão alto eles podem ser estabelecidos, tem-se a
seguinte equação:
Para padronização, estabelece-se o padrão ANSI ((American National Standard Institute)) ou
do CISPR ((Comité International Spécial des Perturbations Radioélectriques)) , que se
correlacionam da seguinte forma:

N° (dB) (ANSI )=  n° (dB) (CISPR ) −  3 dB

(58)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Além disso, considerando-se a relação entre o ruído de uma emissora (S) e o funcionamento
da linha (R), estabelece-se a seguinte relação sinal/ruído:

S
R
(dB) = S(dB) − R(dB)

(59)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para se ter uma ideia melhor na prática dessa relação, considere a seguinte tabela acerca da
qualidade de percepção auditiva, em função de uma dada relação sinal/ruído:

 Quadro 1 - Qualidade da percepção auditiva em função das possíveis relações sinal/ruído

Relação Classe da
Qualidade de percepção
sinal/ruído (dB) percepção

32 Inteiramente satisfatória A

27 a 32 Muito boa, ruído não oportuno B


Relação Classe da
Qualidade de percepção
sinal/ruído (dB) percepção

22 a 27 Boa, fundo ligeiramente evidente C

Fundo muito evidente, voz humana facilmente


16 a 22 D
compreensível

Voz humana inteligível, somente com imensa


6 a 16 E
concentração, ruído de fundo muito evidente

<6 Voz humana ininteligível F

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Fonte: Elaboração própria, com base em Camargo, 2006., p. 147.

A Eletrosul, por exemplo, utiliza o valor de 24 dB. Assim, devem ser salientados dois aspectos
principais quando tratamos do fenômeno de radiointerferência: o efeito corona, como já
mencionado, especialmente considerando a operação em tensão acima de 100 kV e
ocorrências como o centelhamento de cabos condutores, de isoladores e problemas
relacionados a acessórios. Esse último fator poderá frequentemente ser eliminado
dependendo do uso de algumas medidas próprias de correção. Além disso, o valor
estimado para o nível de radiointerferência será um fator fundamental e básico para a
realização do projeto de uma linha, como já ficou claro até aqui, sendo levado em consideração
fatores como a configuração das linhas, por exemplo. Lembrando-se que, por consequência,
esse nível influenciará, dadas as configurações, na largura da faixa de servidão, por
exemplo, além de vários outros parâmetros.

Por fim, para se ter uma noção técnica maior das orientações propriamente ditas, sugere-se o
conhecimento de NBR:

NBR 7875

acerca dos instrumentos de medição de radiointerferência (faixa de 0,15 até 30 MHz).


NBR 7876

que trata também da medição, mas mais especificamente acerca dos equipamentos e linhas de
alta tensão.

NBR 15121

de 2004, destinada aos isoladores de alta tensão, com ensaio deles acerca da
radiointerferência.

Dada então a importância dos níveis da radiointerferência, para se ter tais valores de forma
mais detalhada sugere-se considerar basicamente os seguintes aspectos:

A análise do espectro de frequência - O espectro de frequência mostrará a variação do nível da


radiointerferência nesses casos.


Perfil lateral utilizado - O perfil dá uma ideia da atenuação transversal, que depende da
geometria utilizada na linha.


O uso de curvas de distribuição estatística - As curvas, por sua vez, permitirão a
implementação prática da correlação com ocorrências climáticas.

ALÉM DISSO, PARA MEDIR-SE, DE FATO, A


RADIOINTERFERÊNCIA É ANALISADA POR UM
RECEPTOR SUPER-HETERÓDINO, CAPTA-SE ESTE
SINAL E O INSERE EM UM AMPLIFICADOR DE ALTA
FREQUÊNCIA.
Por fim, para o cálculo empírico da radiointerferência, é possível utilizar a seguinte relação:
E máx d 30,5 C+1
R = R 0 + Aln 18,8 + 40ln 2,54 + Bln D + 20ln C + f ²

(60)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que Ro é o valor de referência para uma dada distância de 30,5 m e as condições


apresentadas no quadro a seguir são válidas:

 Quadro 2 - Condições para os demais parâmetros no cálculo empírico

34 dB ± 6, para linhas horizontais (valor médio e bom tempo)

R0

37 dB ± 6, para linhas verticais (valor médio e bom tempo)

146 para tempo bom

120 para tempo ruim

40 para linhas horizontais

32 para linhas verticais

1 quando f > 1 MHz

0,5 quando f ≤ 1 MHz

Emáx Gradiente máximo em kV/cm

d Diâmetro do condutor

D Distância radial do condutor até a antena em m


 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Fonte: Elaboração própria, com base em dados de Camargo (2006), utilizadas pela
Eletrosul na linha de 230 kV entre Areia e Curitiba.

Lembre-se, então, que essa fórmula permite calcular o nível de rádio ruído, em decibéis, em
uma dada frequência de referência.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. NO PROJETO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES, O(A) RESPONSÁVEL


PRECISOU BUSCAR ALGUMAS INFORMAÇÕES MAIS ESPECÍFICAS COM
RELAÇÃO AO QUE DEVE SER CONSIDERADO NO CÁLCULO DA
RADIOINTERFERÊNCIA, EMBORA JÁ TIVESSE UM CÁLCULO EMPÍRICO
REALIZADO. NESSE CASO, VOCÊ SUGERIRIA AO PROFISSIONAL:

A) Buscar mais informações na regulamentação, pela NBR 15121.

B) Estimar o gradiente máximo do campo magnético, conforme a NBR 5422.

C) Considerar se o nível de tensão de operação da linha é acima de 500 kV.

D) Analisar a tensão e a corrente que incide sobre este equipamento.

E) Elaborar um levantamento acerca da incidência do vento, especialmente neste caso.

2. O EFEITO CORONA PODE SER DESENCADEADO POR UMA SÉRIE DE


FATORES INCLUSIVE NATURAIS. DESTA FORMA, SUGERE-SE ATENÇÃO
A ESTES TIPOS DE FATORES AINDA EM PROJETO, POR EXEMPLO.
SOBRE ESTE EFEITO, É CORRETO AFIRMAR QUE:

A) Produção de ruídos de altíssima frequência.

B) Geração de eflúvios invisíveis a olho nu.

C) Geração de ondas eletromagnéticas de alta frequência.


D) Gerará perdas elétricas no sistema que deverão ser consideradas.

E) Poderão ser produzidos gases como o dióxido de carbono.

GABARITO

1. No projeto de uma cadeia de isoladores, o(a) responsável precisou buscar algumas


informações mais específicas com relação ao que deve ser considerado no cálculo da
radiointerferência, embora já tivesse um cálculo empírico realizado. Nesse caso, você
sugeriria ao profissional:

A alternativa "A " está correta.

A NBR 15121 da ABNT se destina aos ensaios de radiointerferência de isoladores para


sistemas de alta tensão.

2. O efeito corona pode ser desencadeado por uma série de fatores inclusive naturais.
Desta forma, sugere-se atenção a estes tipos de fatores ainda em projeto, por exemplo.
Sobre este efeito, é correto afirmar que:

A alternativa "D " está correta.

De fato, assim como o efeito Joule o efeito corona levará, quando não previsto principalmente,
a perdas elétricas no sistema. Além disso, poderão ser ocasionados danos irreversíveis, por
exemplo.

MÓDULO 3

 Analisar os cálculos da temperatura superficial em cabos e das perdas devido aos


efeitos Joule e corona
O especialista fala sobre estimação da temperatura máxima no condutor da linha de
transmissão

TEMPERATURA SUPERFICIAL

A TEMPERATURA SUPERFICIAL DOS CONDUTORES É


UM PARÂMETRO DETERMINANTE PARA
REPRESENTAR A CAPACIDADE DE TRANSPORTE DA
LINHA DE TRANSMISSÃO, E CAPAZ DE
REPRESENTAR EFEITOS EM CARACTERÍSTICAS,
ESPECIALMENTE AS ELETROMECÂNICAS E
METALÚRGICAS DOS MATERIAIS DOS CONDUTORES,
ALÉM DE LEVAR A POSSÍVEIS REDUÇÕES DE
DISTÂNCIAS ENTRE PARTES VIVAS E ATERRADAS,
POR EXEMPLO (SCHURIG; FRICK, 1930; DAVIDSON;
DONOHO, 1969).

Sabe-se ainda que essa temperatura é resultado da interação do condutor com


características elétricas do sistema e o próprio meio ambiente, tornando esse parâmetro
de fato bastante aleatório, quando pensamos na própria dependência com as condições
climáticas da região que é atravessada pela linha.

Além disso, ressalta-se que o conhecimento do valor da temperatura superficial em


tempo real e a previsão do seu valor máximo, em horizontes que podem variar de horas
até dias, irá facilitar o próprio estabelecimento da confiabilidade do sistema, e sua
manutenção, sob o ponto de vista de estratégias importantes como o planejamento, o projeto, a
operação e a manutenção das linhas (MOREIRA, 2006).

A maioria das linhas é, na prática, projetada segundo critérios de cálculo determinístico


da temperatura máxima, conforme orientações regulamentares e técnicas da
ABNT ((Associação Brasileira de Normas Técnicas)) , através da NBR 5422.

 ATENÇÃO

Em contrapartida, a consideração do uso de metodologias probabilísticas no cálculo da


temperatura superficial, por exemplo, pode permitir aumentar a capacidade de transporte das
linhas.

Adicionalmente ao conceito da temperatura superficial, é de fundamental importância


compreender a relação de ampacidade, que corresponde:
"À CORRENTE MÁXIMA QUE A LINHA DE
TRANSMISSÃO PODE SUPORTAR PARA UMA DADA
TEMPERATURA SUPERFICIAL DO CONDUTOR, QUE
ESTÁ ASSOCIADA A UMA DISTÂNCIA MÍNIMA DE
SEGURANÇA CONDUTOR-SOLO OU CONDUTOR-
OBJETO"

MOREIRA, 2006, p. 47

Tais questões acerca dessas distâncias já foram amplamente discutidas no Tema 1 e, desta
forma, abordaremos alguns detalhes principais desse ponto com relação à temperatura. Sabe-
se ainda que, com a variação da temperatura do condutor, é evidente que devido às condições
impostas ao material (por conta da dilatação) têm-se também variações na altura com relação
ao solo. Para entender então possíveis relações de variação de temperatura, é fundamental
compreender que a capacidade térmica de transmissão está limitada, na prática, à
ocorrência de um dos dois fatores principais:

Rompimento da isolação devido à diminuição excessiva da altura com relação ao solo.

Dano ao cabo, devido ao recozimento em altas temperaturas.

Surgem, então, necessidades importantes e diversos estudos para avaliação da capacidade da


linha, através da determinação da capacidade de transporte de energia, por exemplo, a ser
calculada a qualquer momento tanto pela supervisão direta das temperaturas vistas nos cabos,
quanto da formação da flecha ou da tração estabelecida.

A confiabilidade do sistema é analisada de forma completa desde o ponto de vista do projeto


até a operação e o próprio planejamento, relacionada ao conhecimento desta capacidade de
transporte em tempo real, previsões do valor máximo em horas e até dias dependendo da
análise, da acurácia e de outras particularidades necessárias.

Para isto, na prática, estuda-se a ampacidade (de forma determinística ou estatística), faz-se o
monitoramento em tempo real e são realizadas predições de carregamento, em grande parte
dos casos.
LEMBRE-SE QUE É FUNDAMENTAL O
CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS PARA
TAIS IMPORTANTES CÁLCULOS MECÂNICOS
CITADOS, COMO EVIDENCIA A NBR 5422.

Recorre-se, então, a:

temperatura média sem a presença do vento (com relação à condição de trabalho na


maior parte do tempo neste sistema).

a temperatura máxima média também sem vento.

a temperatura mínima vista sem vento.

a temperatura coincidente quando ocorre o vento na velocidade projetada.

O AUMENTO DA TEMPERATURA SUPERFICIAL DO


CONDUTOR LEVA AO ROMPIMENTO DA ISOLAÇÃO E
ESTÁ RELACIONADO DIRETAMENTE AOS LIMITANTES
DA CAPACIDADE DE TRANSPORTE NA LINHA AÉREA
DE TRANSMISSÃO.

A temperatura superficial máxima em condutores usuais com alma e de alumínio (tipo CAA),
quando existem riscos térmicos já especificados, é estabelecida, em no máximo, 100°C por
segurança. Para novos condutores, por outro lado, que possuam limites de temperaturas
maiores que esses, a definição da temperatura máxima será dada pelos fabricantes geralmente
(MOREIRA, 2006).
PERDAS ELÉTRICAS DEVIDO AO EFEITO
JOULE
Para compreender as perdas elétricas devido ao efeito Joule, é possível analisar a linha de
transmissão com relação a sua capacidade. Assim, tem-se como possibilidade o cálculo da
potência característica e da potência natural ou SIL ((do inglês, Surge Impedance Loading
ou carregamento de impedância de surto).) .

POTÊNCIA CARACTERÍSTICA

No cálculo da potência característica (P0 ou Pc), devem ser consideradas a tensão nominal de

operação da linha (V) e a impedância característica (Z0), pois a potência é dada conforme a

relação a seguir:

Pc = Z
0

(61)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para o cálculo da impedância característica, como já vimos ao longo desse tema, existem
algumas considerações importantes necessárias. Além disso, ressalta-se que, para entender a
operação da linha de transmissão, é possível considerar matematicamente que ela é modelada
conforme um conjunto de equações gerais, baseando-se em teorias como o Modelo com
Parâmetros Distribuídos (ZANETA JÚNIOR, 2006).

ASSIM, BASEANDO-SE NO FATO DE QUE A LINHA DE


TRANSMISSÃO TENHA COMPRIMENTO INFINITO,
SABE-SE QUE A RELAÇÃO ENTRE A TENSÃO E A
CORRENTE EM UM PONTO DELA É INDEPENDENTE
DO QUE ESTIVER LIGADO EM SUA TERMINAÇÃO.
Conforme as características resistivas e indutivas e considerando novamente o modelo teórico
proposto, a impedância da linha por unidade de comprimento pode ser dada por:

Considerando que VC e IC representem a tensão e a corrente na carga, que Y’ é a admitância

característica por metro e que γ é a constante de propagação, neste caso, dada por um
número complexo em função da posição x ao longo da linha, a tensão nesta vale:

V= 2
1
[( √ ) ( √ ) ]
VC +
Z'
I e γx + V C −
Y' C
Z'
I
Y' C
e − γx

(62)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

E a corrente (SARTORI, 2004):

[( ) ( ) ]
Z' Z'

1
VC +
√ I
Y' C
VC −
√ I
Y' C

I= 2 Z'
e γx + Z'
e − γx
√ Y'
√ Y'

(63)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para x tendendo a infinito, o segundo termo da tensão e da corrente podem ser desprezados.
Pela própria Lei de Ohm, adicionalmente, são possíveis simplificações e percebe-se que
a impedância característica se torna independente da posição avaliada na linha:

V
1
2 ( √ )
VC +
Z'
I
Y' C
e γx
Z'
I
= =
√ Y'

( ) √
Z'
VC + I
Y' C
1
2
e γx

Z'
Y'

(64)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Ou ainda:

√ √
Z' R' + jωL'
Z0 = Y'
= G' + jωC'

(65)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Onde G’ é a condutância por unidade de comprimento e C’ a capacitância por unidade de


comprimento, denominados juntamente com a resistência e a indutância da linha os
parâmetros distribuídos desta.

POTÊNCIA NATURAL (SIL)

POR ÚLTIMO, COM RELAÇÃO À POTÊNCIA NATURAL


OU SIL, COMO TAMBÉM É CONHECIDA, TEM-SE O
VALOR DA POTÊNCIA FORNECIDA POR UMA LINHA,
PARA UMA CARGA RESISTIVA PURA QUE SEJA
EQUIVALENTE À IMPEDÂNCIA DE SURTO DESTA
LINHA.
Essa potência poderá ser utilizada para comparar as capacidades de carregamento das
linhas de transmissão, por exemplo, e uma linha com carregamento abaixo da SIL gerará
potência reativa. Caso seu valor esteja acima da SIL, isso implica o consumo de potência
reativa (MOURA et al., 2019).

Caso a linha esteja carregada pela impedância de surto, tem-se o seguinte circuito equivalente
simples, como apresentado na Figura 8, no qual o lado esquerdo correspondente ao emissor e
o lado direito ao receptor:

Fonte: Adaptada Moura et al., 2019.


 Figura 9: Circuito equivalente de uma linha de transmissão carregada por sua impedância
de surto

A SIL vale em watts:


VL

√3 | VL | ² | VL | ²
SIL = √3V LI L = √3V L L
=
L
=
ZC
√ C
√ C

(66)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 EXEMPLO

Há, no sistema elétrico brasileiro, tecnologias desenvolvidas para permitir o projeto de linhas de
transmissão com potência natural elevada ou, ainda, para permitir a recapacitação de linhas
que já estejam em operação. Nesse primeiro caso, visa-se essencialmente a realização de um
projeto mais econômico.

Assim, perceba que a capacidade máxima da linha de transmissão pode ser avaliada
pela potência natural e como evidenciado, esse critério vem servindo para o projeto de
novas linhas de transmissão, em busca de maior eficiência e economia no processo
além de monitoramento acerca de possíveis perdas.

PERDAS ELÉTRICAS DEVIDO AO EFEITO


CORONA
Para o cálculo de perdas elétricas devido ao efeito corona (ou simplesmente perdas corona),
considerando condições boas de tempo, é proposto por Peek o uso da equação seguinte na
qual tem-se:

Por outro lado, tem-se mais adiante por Ryan e Henline, uma maneira de se calcular essas
perdas de forma mais exata, próxima à região onde o corona ocorreu, no início:

(
P = 4fC V − V 0 )
(68)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Neste caso, C representa a capacitância fase-terra do condutor e f a frequência da tensão que


é aplicada. Além dessa, há ainda, posteriormente, a seguinte fórmula, também considerando
boas condições de tempo:
Para mais detalhes acerca do cálculo de F, sugere-se a leitura de Fuchs (1977).

Sob chuva, tem-se as condições estabelecidas por Gary e Cladé, como é visto na equação
adiante:

P = KP n

[W/m](70)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Sendo que K é dado por:

()
R ρ
log R log R
f c c
K = 50 nrβ ² R
log ρ

(71)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para a constante β de:

0,3
β=1+
√r

[cm](72)
 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Além disso, estima-se os seguintes valores para ρ:

{
18√r
ρ=
18√nr + 4

para condutores simples e múltiplos, respectivamente

[cm](73)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

R é dado por:

0,02412.10 − 6
R = R cantilog Cs

[cm](74)

 Atenção!Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

No qual r é o raio dos n subcondutores usados, Rc o raio do condutor equivalente ao condutor


múltiplo e Cs a capacitância de sequência positiva da linha trifásica.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. EM UM DADO PROJETO DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO, SURGE A


NECESSIDADE DE SE OBTER O VALOR DA POTÊNCIA
CARACTERÍSTICA. PARA ISTO, VOCÊ SUGERIRIA QUE:

A) O valor da tensão nominal deve ser estimado, para que analisar a oscilação desta.

B) É primordial que o(a) profissional resolva o método, probabilístico ou determinístico.

C) O(a) profissional responsável deverá considerar a impedância característica da linha e a


tensão aplicada.

D) O valor da potência reativa medida no ponto analisado.

E) O valor da potência ativa medida no ponto analisado.


2. A CAPACIDADE DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO, DO PONTO DE
VISTA TÉRMICO, ESTÁ RELACIONADA A PARÂMETROS COMO A
TEMPERATURA SUPERFICIAL, AO ESTABELECIMENTO DE NORMAS
TÉCNICAS E QUESTÕES, ENTRE OUTRAS. CONSIDERANDO A
CAPACIDADE TÉRMICA DE TRANSMISSÃO, É CORRETO QUE:

A) As previsões acerca da ampacidade e/ou da temperatura superficial se estabelecem no


projeto, na maior parte.

B) O rompimento da isolação poderá ocorrer devido a situações como o aumento da altura dos
cabos na variação da temperatura.

C) Esta capacidade térmica se limita, na prática, por fatores como o recozimento em altas
temperaturas.

D) Devem ser considerados danos ao cabo como os causados devido ao efeito pelicular.

E) A confiabilidade do sistema considera sua capacidade térmica especialmente durante o


projeto.

GABARITO

1. Em um dado projeto de uma linha de transmissão, surge a necessidade de se obter o


valor da potência característica. Para isto, você sugeriria que:

A alternativa "C " está correta.

No cálculo da potência característica, leva-se em conta a tensão nominal utilizada e a


impedância característica, que pode ser calculada a partir dos parâmetros de modelagem da
linha de transmissão como um circuito elétrico, sujeito a perdas.

2. A capacidade de uma linha de transmissão, do ponto de vista térmico, está


relacionada a parâmetros como a temperatura superficial, ao estabelecimento de normas
técnicas e questões, entre outras. Considerando a capacidade térmica de transmissão, é
correto que:

A alternativa "C " está correta.


Existem dois delimitadores principais com relação à capacidade térmica da transmissão: o
rompimento da isolação em decorrência do abaixamento excessivo provocado nos cabos e de
danos a estes, devido ao recozimento em altas temperaturas.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem aspectos fundamentais que garantem o funcionamento da linha e do sistema de
transmissão e, desta forma, do sistema elétrico também. Entre eles, é fundamental considerar
certos parâmetros diretamente relacionados aos condutores, como os estabelecimentos dos
campos elétricos e magnéticos, além de análises de efeitos aos quais as linhas estão
frequentemente sujeitas, como o efeito corona e o próprio efeito Joule, capazes de
proporcionar perdas elétricas significativas caso a linha não esteja projetada, operando e seu
funcionamento planejado de formas adequadas.

Desta forma, no primeiro módulo, foram vistas as principais estratégias para estimar duas
características importantes da linha: a indutância e a capacitância. Em seguida, viu-se acerca
dos cálculos dos campos elétrico e magnético, adicionalmente, em um processo de análise de
propagação de ondas e funcionamento do sistema, através da análise qualitativa. Já no
segundo módulo, têm-se os principais aspectos sobre o efeito corona e a radiointerferência nas
linhas de transmissão. Por último, no terceiro módulo, foram vistos parâmetros importantes
como a temperatura superficial e a relação de ampacidade e foi feita uma análise quantitativa
acerca das perdas elétricas devido ao efeito Joule e ao efeito corona.
REFERÊNCIAS
ALCOA. Rome Cable Division. Resistence and reactance of aluminium conductors. Aluminium
Company of America, 1960. Consultado em meio eletrônico em: 21 jan. 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5422 - Projeto de linhas


aéreas de transmissão de energia elétrica, Rio de Janeiro, 1985. Consultado em meio
eletrônico em: 21 jan. 2021.

CAMARGO, C. C. B. Transmissão de energia elétrica: aspectos fundamentais. 3. ed.


Florianópolis: Editora da UFSC, 2006.

DAVIDSON, G. A. DONOHO, T. Short-time thermal ratings for bare overhead conductor.


IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems PAS, v. 88, n. 3, 1969. Consultado em
meio eletrônico em: 21 jan. 2021.

DE MOURA, A. P.; DE MOURA, A. A. F.; DA ROCHA, E. P. Engenharia de sistemas de


potência: transmissão de energia elétrica em corrente alternada. Fortaleza: Edições UFC,
2019.

FUCHS, R. D. Transmissão de energia elétrica. Volume 1. Itajubá: Livros técnicos e


científicos editora - Escola Federal de Engenharia de Itajubá, 1977.

LEÃO, Ricardo Micheletto. Rádio interferência proveniente de linhas de alta tensão. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2008.

MONTICELLI, Alcir José; GARCIA, Ariovaldo. Introdução a sistemas de energia elétrica.


Campinas: Editora Unicamp, 2003.

MOREIRA, Frederico Silva et al. Influência do cálculo da ampacidade no despacho da


operação. Tese de doutorado. Universidade de Campinas, 2006.

SARTORI, José Carlos. Linhas de Transmissão e Carta de Smith: Projeto Assistido por
Computador. 2. ed. São Carlos, SP: EESC/USP, 2004.

SCHURIG, O. R.; FRICK, C. U. Heating and current carrying capacity of bare conductor
for outdoor service. In: General Electric Review, v. 33, n. 3, p. 141–157, 1930. Consultado em
meio eletrônico em: 21 jan. 2021.

ZANETTA JR, Luiz Cera. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. Editora Livraria
da Física, 2006.
EXPLORE+
Consulte a NBR 5422, pois ela traz as principais premissas para o projeto de linhas aéreas de
transmissão, incluindo especificações além de condutores e isoladores e estruturas
necessárias.

Para mais detalhes sobre a potência natural, leia o artigo Linhas de transmissão com potência
natural elevada, do CEPEL.

CONTEUDISTA
Sofia Maria Amorim Falco Rodrigues

 CURRÍCULO LATTES

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