Você está na página 1de 32

Reflexão e refração em uma interface curva:

aproximação da Ótica Geométrica

Prof. Cássio Gonçalves do Rego

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 1 / 32


Conteúdo

1 Introdução

2 Rastreamento de raios

3 Construção da solução da Ótica Geométrica


Campo incidente
Campo refletido
Campo transmitido
Cálculo das matrizes de curvatura

4 Resumo

5 Exercı́cios

6 Bibliografia

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 2 / 32


Introdução

meio 1 𝐬0𝑟
𝜇1 , 𝜀1 , 𝜎1 𝐸𝜉𝑡
𝐸𝜓𝑟
𝐧 𝐸𝜉𝑟
𝜐𝑟

𝜐𝑖 𝜐𝑡
𝐸𝜓𝑡 𝐬0𝑡
S2 – frente de onda 𝑃0

𝐸𝜉𝑖
𝝉
𝐬0𝑖

𝐸𝜓𝑖
fonte
S1 – superfície de interface

meio 2
𝜇2 , 𝜀2 , 𝜎2

Figura: Reflexão e refração através de uma interface curva.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 3 / 32


Introdução

Estudaremos aqui a solução da Ótica Geométrica para a refração através de uma


interface curva. A Fig. 1 mostra a geometria do problema. A solução obtida a
partir do ansatz de Luneberg-Kline será aplicada aqui para descrever os campos
incidente, refletido e refratado. Os elementos de Geometria Diferencial estudados
anteriormente permitirão a determinação de uma aproximação para a superfı́cie da
interface entre os dois meios nas vizinhanças do ponto P0 .

Conhecendo-se as expressões para os campos e a matriz de curvatura da interface


Σ em P0 é possı́vel a aplicação da condição da continuidade das fases dos campos
na interface, e, a consequente determinação das matrizes de curvatura para os
campos refletido e refratado.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 4 / 32


Rastreamento de raios

𝑃1

ℓ𝑟 + 𝑑ℓ𝑟 𝐬 𝑟 + 𝑑𝐬 𝑟 ℓ𝑟 𝐬 𝑟

𝐧
𝑃0 ℓ𝑡 𝐬 𝑡
𝑃2

𝐭𝑑𝐶

𝑃0′

fonte
𝐶 - curva que separa os meios

meio 1 meio 2
𝜇1 , 𝜀1 , 𝜎1 𝜇2 , 𝜀2 , 𝜎2

Figura: Reflexão e refração de raios nas vizinhanças de um ponto P0 da interface


entre dois meios.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 5 / 32


Rastreamento de raios

Com base no problema canônico da transmissão de ondas planas através de uma


interface plana e na solução antecipada de Luneberg-Kline vamos rastrear o campo
eletromagnético que se refrata na interface entre dois meios. Considerando que
a superfı́cie da interface tem curvaturas que variam suavemente, e, que o ansatz
de Luneberg-Kline consiste de ondas localmente planas, é possı́vel entender que
teremos efeitos localizados, como mostrado na Fig. 2 acima.

Se o campo incide sobre o ponto P0 vamos considerar um ponto adjacente, P0′ , de


maneira a escrever
ℓi ŝi = (ℓi + dℓi )(ŝi + dsi ) + t̂dC , (1)
onde t̂ é a tangente unitária à C . A equação acima fornece o resultado

n1 (ℓi + dℓi )(ŝi + dsi ) = n1 ℓi ŝi − n1 t̂dC , (2)

onde n1 é o ı́ndice de refração no meio 1.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 6 / 32


Rastreamento de raios

De forma similar, obtém-se a relação

n1 (ℓr + dℓr )(ŝr + dsr ) = n1 ℓr ŝr + n1 t̂dC . (3)

Fazendo o produto escalar entre (2) e ŝi , e, entre (3) e ŝr tem-se, respectivamente

n1 (ℓi + dℓi )(ŝi + dsi ) · ŝi = n1 ℓi − n1 t̂ · ŝi dC , (4)

n1 (ℓr + dℓr )(ŝr + dsr ) · ŝr = n1 ℓr + n1 t̂ · ŝr dC . (5)


Somando as equações acima, tem-se o resultado

n1 (ℓi + dℓi )(ŝi + dsi ) · ŝi + n1 (ℓr + dℓr )(ŝr + dsr ) · ŝr =
n1 (ℓi + ℓr ) + n1 (t̂ · ŝr − t̂ · ŝi )dC . (6)

O último termo do lado direito da Eq. (6) acima pode ser interpretado como

n1 (t̂ · ŝr − t̂ · ŝi )dC = n1 d(ℓi + ℓr ). (7)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 7 / 32


Rastreamento de raios

Com base no princı́pio de Fermat e considerando que P0 é um ponto de fase


estacionária temos
d(ℓi + ℓr ) = (t̂ · ŝr − t̂ · ŝi )dC = 0, (8)
ou
t̂ · ŝr = t̂ · ŝi , (9)
que representa a lei de Snell da reflexão.

A lei de Snell da refração pode ser obtida de forma similar:

n1 t̂ · ŝi = n2 t̂ · ŝt . (10)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 8 / 32


Campo incidente

Considerando uma frente de onda astigmática que se propaga no meio 1 da solução


das equações do eikonal e de transporte pode-se escrever o campo incidente do raio
axial na forma [1]
s
ρi1 ρi2 i
i i
E (S2 , ω) = E (S1 , ω) i i i i
e −jk1 s0 , (11)
(ρ1 + s0 )(ρ2 + s0 )

onde Ei (S1 , ω) é o campo incidente na referência s = 0, ρi1 e ρi2 são os raios


principais de curvatura da frente de onda incidente. Note que o campo incidente
tem componentes referenciadas ao triedro móvel (Fig.1)
i i
(ŝi0 , ψ̂ , ξ̂ ), (12)

de forma que pode-se escrever


i i
Ei (S2 , ω) = Eψi (S2 , ω)ψ̂ + Eξi (S2 , ω)ξ̂ . (13)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 9 / 32


Campo incidente

𝑎2
𝜌1𝑖 = 𝐹1 𝐸1
𝑏2
𝜌2𝑖 = 𝐹2 𝑃1 𝐸2

𝑠0𝑖 = 𝑆1 𝑆2 𝐬ො0𝑖
𝑠𝑖
𝑠𝑖 = 𝐸1 𝐸2 𝐸1
𝑆2
𝑃1 𝑠0𝑖
𝜌1𝑖 𝑆1
−𝛼
𝑎1

𝐹2 𝑏1
𝜌2𝑖
𝐹1 Γ1 Γ2

Figura: Tubo de raios paraxial para o campo incidente e sistemas de coordenadas


fixo ao raio axial.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 10 / 32


Campo incidente

𝜌1𝑖 = 𝐹1 𝐸1
𝜌2𝑖 = 𝐹2 𝑃1 𝐸2
𝑠0𝑖 = 𝑆1 𝑆2 𝑠𝑖 𝐬ො0𝑖
𝑠 𝑖 = 𝐸1 𝐸2 𝐸1 𝑆2
𝑃1 𝑠0𝑖
𝜌1𝑖 𝑆1

𝐹2
𝜌2𝑖
𝐹1 Γ1 Γ2
∆𝑠

𝑠𝑖 𝐸2 𝐬ො0𝑖

𝑠0𝑖
𝐸1 𝑆2
𝑆1
Γ2
Γ1

Figura: Tubo de raios paraxial para o campo incidente.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 11 / 32


Campo incidente

As Figs. 3 e 4 mostram a geometria de um tubo de raios paraxial que representa o


campo incidente e mostram os raios de curvatura principais, além dos sistemas de
coordenadas móveis que serão empregados para descrever as frentes de onda Γ1 e
Γ2 . De acordo com os elementos de geometria diferencial, a distância ∆s mostrada
na Fig. 4 considerando o sistema de coordenadas (ŝi0 , â1 , â2 ) é aproximada por [2]

1 a12 a22
 
∆s = + i , (14)
2 ρi1 ρ2

onde â1 e â2 são as direções principais de curvatura. Quando se usa o sistema
(ŝi0 , b̂1 , b̂2 ) tem-se

1 i 2 i i i
b22 ,

∆s = Q b + (Q12 + Q21 )b1 b2 + Q22 (15)
2 11 1
onde se emprega a matriz de curvatura da frente de onda do campo incidente.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 12 / 32


Campo incidente
A Eq. (15) pode ser escrita na forma matricial

1  T h i 
∆s = b Qi (s0i ) b , (16)
2
onde  
b
b = 1 ,
 
(17)
b2
i Q i i

11 Q12
h
i i = . (18)
Q (s0 ) i
Q21 i
Q22
Assumindo momentaneamente que as coordenadas (b1 , b2 ) coincidem com (a1 , a2 ),
define-se a matriz " 1 #
h i
ρi1 +s0i
0
Q0 (s0 ) =
i i
0 1 , (19)
ρi +s i 2 0

de modo que
h i 1
det Qi0 (s0i ) = . (20)
(ρi1 + s0i )(ρi2 + s0i )

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 13 / 32


Campo incidente

Pode-se usar (20) para escrever o campo incidente (11) na forma


 h i 12
 det Qi (s i ) 
0 0 i
Ei (S2 , ω) = Ei (S1 , ω) h i e −jk1 s0 . (21)
 det i
Q0 (0)

É possı́vel mostrar que


i−1 h i−1   h i−1
i 1 0
h h i
i i
Q0 (s0 ) = Q0 (0)
i + s0 = Qi0 (0) + s0i I , (22a)
0 1
h i−1 h i−1 h i
Qi (s0i ) = Qi (0) + s0i I . (22b)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 14 / 32


Campo incidente
Lembrando que vale a relação abaixo para matrizes de curvatura [2]:
 i i

h i Q11 Q12 h i 1
i i
det Q (s0 ) = det i i = det Qi0 (s0i ) = i , (23)
Q21 Q22 (ρ1 + s0i )(ρi2 + s0i )
pode-se usá-la em conjunto com (22b) para se escrever o campo no raio paraxial
na forma
 h i 12
 det Qi (s i ) 
0 i
Ei (E2 , ω) = Ei (s i , ω) ∼
= Ei (S1 , ω) h i e −jk1 s , (24)
 det i
Q (0)

onde a fase no ponto E2 sofre uma correção, de forma que


1  T h i 
s i = s0i + ∆s = s0i + b Qi (s0i ) b . (25)
2
É conveniente aqui que haja a equivalência entre os dois triedros móveis:
i i
(ŝi0 , ψ̂ , ξ̂ ) = (ŝi0 , b̂1 , b̂2 ). (26)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 15 / 32


Campo refletido
A Fig. 5 mostra a reflexão de um tubo de raios astigmático sobre uma superfı́cie.
É possı́vel verificar a influência da curvatura dessa superfı́cie, que aqui representa
a interface entre os dois meios do problema que está sendo resolvido, na curvatura
da frente de onda refletida. O campo refletido para um raio paraxial tem a mesma
forma de (24):
s
ρr1 ρr2 r
Er (s r , ω) = Er (P0 , ω) r r r r e −jk1 s
(ρ1 + s0 )(ρ2 + s0 )
 h i 12
 det Qr (s0r )  r

= Er (P0 , ω) h i e −jk1 s , (27)
 det r
Q (0)

onde  r r

h i Q11 Q12
Qr (s0r ) = r
Q21 r
Q22
, (28)

é a matriz de curvatura da frente de onda refletida, e, ρr1 e ρr2 são os raios de


curvatura principais. Essa matriz e as curvaturas principais serão determinadas.
(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 16 / 32
Campo refletido

𝐬0𝑟

frente de onda refletida


𝐬0𝑖

frente de onda incidente


𝑃0

interface entre os meios

Figura: Reflexão de tubo de raios astigmático.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 17 / 32


Campo refletido

A fase do campo refletido também sofre uma correção de forma que


1  T h i 
s r = s0r + b Qr (s0r ) b , (29)
2
onde agora tem-se a equivalência
r r
(ŝr0 , ψ̂ , ξ̂ ) = (ŝr0 , b̂1 , b̂2 ). (30)

A direção de propagação ŝr0 é determinada pela lei de reflexão de Snell como mos-
trado mais adiante. O campo no ponto de reflexão Er (P0 , ω) é determinado com
base na composição do campo incidente como uma combinação de uma compo-
nente TMψ e outra TEψ, como indicado em (13) e na Fig. 6. Sendo assim, tem-se
r r
Er (P0 , ω) = R e (P0 )Eψi (P0 , ω)ψ̂ + R m (P0 )Eξi (P0 , ω)ξ̂ = R(P0 ) • Ei (P0 , ω). (31)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 18 / 32


Campo refletido

meio 1 𝐬0𝑟
𝜇1 , 𝜀1 , 𝜎1 𝐸𝜉𝑡
𝐸𝜓𝑟
𝐧 𝐸𝜉𝑟
𝜐𝑟

𝜐𝑖 𝜐𝑡
𝐸𝜓𝑡 𝐬0𝑡
S2 – frente de onda 𝑃0

𝐸𝜉𝑖
𝝉
𝐬0𝑖

𝐸𝜓𝑖
fonte
S1 – superfície de interface

meio 2
𝜇2 , 𝜀2 , 𝜎2

Figura: Reflexão e refração através de uma interface curva: direções de


propagação e componentes vetoriais.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 19 / 32


Campo refletido
Na Eq. (31) acima temos os coeficientes de reflexão R e (P0 ) e R m (P0 ) do problema
canônico da transmissão através de uma interface plana estudado anteriormente
[3]. Note que temos a relação
r i
ψ̂ ≡ ψ̂ . (32)
O campo refletido em P0 pode ser descrito em forma matricial:
 r   e  i 
Eψ (P0 , ω) R (P0 ) 0 Eψ (P0 , ω)
= . (33)
Eξr (P0 , ω) 0 R m (P0 ) Eξi (P0 , ω)

Finalmente, podemos escrever o campo refletido na forma


s
ρr1 ρr2 r
Er (s r , ω) = R(P0 ) • Ei (P0 , ω) e −jk1 s
(ρ1 + s0r )(ρr2 + s0r )
r

 h i 12
 det Qr (s0r )  r

= R(P0 ) • Ei (P0 , ω) h i e −jk1 s . (34)
 det r
Q (0)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 20 / 32


Campo transmitido

O campo elétrico transmitido através da interface pode ser expresso de forma similar
à desenvolvida na seção anterior. Assim, temos
s
ρt1 ρt2 t
t r i
E (s , ω) = T(P0 ) • E (P0 , ω) t t t t e −jk2 s
(ρ1 + s0 )(ρ2 + s0 )
 h i 12
 det Qt (s0t )  t

= T(P0 ) • Ei (P0 , ω) h i e −jk2 s , (35)
 det t
Q (0)

onde
t t
T(P0 )•Ei (P0 , ω) = T e (P0 )Eψi (P0 , ω)ψ̂ +T m (P0 )Eξi (P0 , ω)ξ̂ = Et (P0 , ω), (36)

com
t i
ψ̂ ≡ ψ̂ . (37)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 21 / 32


Campo transmitido

Na Eq. (35) acima temos os coeficientes de transmissão T e (P0 ) e T m (P0 ) obtidos


do problema canônico já estudado anteriormente [3] e também

1  T h i 
s t = s0t + b Qt (s0t ) b , (38)
2
t t
(ŝt0 , ψ̂ , ξ̂ ) = (ŝt0 , b̂1 , b̂2 ). (39)
A matriz de curvatura para a frente de onda transmitida é
h i Q t Q t 
Q (s0 ) = Q11
t t
t
12
t , (40)
21 Q22

e será determinada, juntamente com as curvaturas principais ρt1 e ρt2 .

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 22 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

𝑏෠1

𝑛ො
meio 1 meio 2
𝐬ො0𝑖

𝜐𝑖
𝑃0

𝜏Ƹ = 𝑑መ 2
Σ - interface entre os meios

Figura: Interface entre dois meios na vizinhança de P0 .

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 23 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

A Fig. 7 mostra a interface entre os meios nas vizinhanças do ponto P0 são exibidos
os sistemas de coordenadas (s0i , b1 , b2 ) e (n, d1 , d2 ). O primeiro está associado ao
raio incidente e o outro à superfı́cie da interface. Na figura vemos que ambos têm
origem em P0 e a relação entre ambos tem a forma

s0i = −d2 sen νi − n cos νi . (41)

Nas vizinhanças do ponto P0 pode-se usar a seguinte aproximação [2]


 T  Σ Σ
 
1 d1 Q11 Q12 d1 1  T h i 
n=− Σ Σ =− d Q Σ (P )
0 d , (42)
2 d2 Q21 Q22 d2 2

onde se usa a matriz de curvaturas da superfı́cie da interface em P0 . Usando essa


aproximação tem-se
1  T h i 
s0i = −d2 sen νi + d QΣ (P0 ) d cos νi . (43)
2

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 24 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

Vale também a relação entre (b1 , b2 ) e (d1 , d2 ):


    
b1 1 0 d1   h i 
= ∴ b = Ki (P0 ) d . (44)
b2 0 − cos νi d2

Sendo assim, pode-se usar (25), (43) e (44) para se determinar a fase do campo
incidente nas vizinhanças de P0 usando o sistema de coordenadas (n, d1 , d2 ):

k1  T h i i 
k1 s i = −k1 d2 sen νi + d Γ (P0 ) d , (45)
2
onde h i h i h ih ih i
i = Σ (P ) cos νi + Ki (P ) i (s i ) i (P ) . (46)
Γ (P0 ) Q 0 0 Q 0 K 0

A matriz expressa acima em (46) tem todos os seus elementos conhecidos pois estes
são determinados a partir do campo incidente em P0 e da superfı́cie que separa os
dois meios.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 25 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

Determinando as fases dos campos refletido e transmitido nas vizinhanças de P0


usando o sistema (n, d1 , d1 ) de forma similar à feita acima para k1 s i , tem-se

k1  T h r i 
k1 s r = −k1 d2 sen νr + d Γ (P0 ) d , (47)
2
k2  T h t i 
k2 s t = −k2 d2 sen νt + d Γ (P0 ) d , (48)
2
onde
h i h i h ih ih i
Γr (P0 ) = − QΣ (P0 ) cos νr + Kr (P0 ) Qr (s0r ) Kr (P0 ) , (49)
h i h i h ih ih i
t = cos ν + t
Γ (P0 ) Σ
Q (P0 ) t K (P0 ) Q (s0 ) K (P0 ) ,
t t t (50)
com   h i 1 
h i 1 0 0
Kr (P0 ) = , K (P0 ) =
t . (51)
0 cos νr 0 − cos νt

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 26 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

As fases dos campos incidente, refletido e refratado devem ser contı́nuas na inter-
face que separa os dois meios, ou seja,

k1 s i = k1 s r = k2 s t , (52)

o que leva ao conjunto de equações:


k1  T h i i  k1  T h i 
k1 d2 sen νi − d Γ (P0 ) d = k1 d2 sen νr − d Γr (P0 ) d , (53)
2 2
k1  T i
h i   k2  T h i 
k1 d2 sen νi − d Γ (P 0 ) d = k2 d2 sen νt − d Γt (P0 ) d . (54)
2 2
De (53) é possı́vel se obter os resultados:

sen νi = sen νr , (55a)


h i h i
r
Γi (P0 ) = Γ (P0 ) . (55b)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 27 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura
Da Eq. (54) obtém-se
k1 sen νi = k2 sen νt , (56a)
h i h i
k1 Γi (P0 ) = k2 Γt (P0 ) . (56b)

As Equações (55a) e (56a) correspondem às leis de Snell para os campos refletido
e transmitido, respectivamente. Mais uma vez foram determinadas por meio da
continuidade das fases de campos eletromagnéticos na interface entre dois meios
distintos. As Eqs. (55b) e (56b) são explicitadas na forma
h i h ih ih i
QΣ (P0 ) cos νi + Ki (P0 ) Qi (s0i ) Ki (P0 ) =
h i h ih ih i
− QΣ (P0 ) cos νr + Kr (P0 ) Qr (s0r ) Kr (P0 ) , (57a)

h i h ih ih i
QΣ (P0 ) k1 cos νi + k1 Ki (P0 ) Qi (s0i ) Ki (P0 ) =
h i h ih ih i
QΣ (P0 ) k2 cos νt + k2 Kt (P0 ) Qt (s0r ) Kt (P0 ) . (57b)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 28 / 32


Cálculo das matrizes de curvatura

A matrizes de curvatura para as frentes de onda refletida e transmitida em P0 são


determinadas a partir de (57):
h i 2Q Σ cos ν + Q i Σ
2Q12 − Q12i
  r
Q11 Q12 r

r 11 i 11
r
Q (s0 ) = Σ i Σ i = r r , (58a)
2Q21 − Q21 2Q22 sen νi + Q22 Q21 Q22
" i Σ i Σ #
k1 Q11 +hQ11 k1 cos νi Q12 −hQ12  t t

h
t
i
k2 k2 cos νt Q11 Q12
Q (s0 ) =
t i
k1 cos νi Q21 Σ
−hQ21 k1 cos2 νi Q22
i Σ
+hQ22
= t
Q21 t
Q22
, (58b)
k2 cos νt k2 cos2 νt

onde
h = k1 cos νi − k2 cos νt . (59)
Os raios de curvatura principais para as frentes de onda refletida e transmitida são
obtidos das matrizes de curvatura determinadas acima em (58) por meio da relação
[4]
1 Q11 + Q22 p
= ± (Q11 + Q22 )2 − 4(Q11 Q22 − Q12 Q21 ). (60)
ρ1,2 2

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 29 / 32


Resumo

O campo incidente da aproximado em torno de uma direção axial ŝi0 é expresso por
s
ρi1 ρi2 i
Ei (s0i , ω) = Ei (S1 , ω) e −jk1 s0 , (61)
(ρi1 + s0i )(ρi2 + s0i )

onde ρi1 e ρi2 são os raios de curvatura principais da frente de onda do campo
incidente, que é escrito como uma combinação linear de um campo TMψ e com
um TEψ:
i i
Ei (s0i , ω) = Eψi (s0i , ω)ψ̂ + Eξi (s0i , ω)ξ̂ . (62)

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 30 / 32


Exercı́cios

Questão 1
Obtenha os coeficientes de reflexão R e e de transmissão T e para as soluções TMz
do problema da reflexão e transmissão através de uma interface plana, expressos
em...

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 31 / 32


Bibliografia

[1] G. L. James, Geometrical theory of diffraction, Peter Peregrinus (on


the behalf of IEE), Stevenage, Herts, 1976.
[2] C. G. Rego, Notas de aula: Elementos de Geometria Diferencial,
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, 2022.
[3] C. G. Rego, Notas de aula: Reflexão e refração em uma interface
plana, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, 2022.
[4] S-. W. Lee, P. Cramer Jr., K. Woo, and, Y.
Rahmat-Samii,“Diffraction by and arbitrary subreflector: GTD
solution,”IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 27,
no. 3, pp. 305–316, May 1979.

(EEUFMG-DELT-PPGEE) MAF - 01/2022 32 / 32

Você também pode gostar