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Alessandro Gagliardi
Depto. de Fı́sica Matemática, Universidade de São Paulo, Brasil
5 de Janeiro de 2013
Conteúdo
1 Observadores estacionários 2
1
1 Observadores estacionários
O que caracteriza um observador numa posição espacial (r, θ, ϕ) constante? O fato de
ele estar acelerado. Caso contrário, estaria em queda livre, o que na Relatividade Geral
significa seguir movimento geodésico. É por isso que nós (numa aproximação em que a
Terra não gira) sentimos uma normal em nossos pés - é a única força que age contra o
efeito natural de a geometria da Terra nos atrair.
Seja um observador com 4-velocidade u. Sua 4-aceleração A é definida como A =
Du/dτ = ∇u u, ou seja, seus componentes são
Duµ duµ
Aµ = = + Γµνσ uν uσ .
dτ dτ
Um observador geodésico/inercial/em queda livre tem Aµ ≡ 0.
O que é a “aceleração” que o observador mediria? Sabemos que observáveis são, na
Relatividade, dados por escalares; chamemos então
p
a := kAk = g(A, A)
sua aceleração, sem o prefixo “quadri-”. Este escalar efetivamente mede a aceleração do
observador.
Um observador estacionário é tal que duµ /dτ = 0. Ou seja, para ele, sua 4-velocidade
não muda nunca. Neste caso, os componentes da 4-aceleração são simplesmente
Aµ = Γµνσ uν uσ .
1 rs
Γ010 = Γ111 = (1.1a)
2r r − rs
rs (r − rs )
Γ100 = (1.1b)
2r3
Γ122 = rs − r (1.1c)
Γ133 = (rs − r) sin2 θ (1.1d)
1
Γ221 = Γ331 = (1.1e)
r
Γ233 = − sin θ cos θ (1.1f)
Γ323 = cot θ. (1.1g)
2
Isto de fato seria verdade se a métrica fosse Minkowski. Neste caso, o módulo de A
seria GM/r2 , que é o resultado Newtoniano. Contudo, nossa métrica é a de Schwarzschild,
que contém curvatura. Um cálculo explı́cito revela
p 1 GM
a= gµν Aµ Aν = p . (1.2)
1 − 2m/r r2
E2 − 1 ṙ2 m
= − .
2 2 r
Seja ri a posição inicial de repouso da partı́cula, i.e. ṙ(ri ) = 0. Neste ponto,
2m
E2 = 1 − = f (ri ),
ri
na notação introduzida na seção anterior. Vemos que, para ri > 2m, |E| é sempre menor
ou a igual a 1, a igualdade se estabelecendo se ri → ∞.
3
Consideremos então, para simplificar, o caso E = 1, isto é, em que a partı́cula cai
desde o infinito, onde ela tem velocidade nula. Neste caso, a equação da conservação da
energia fornece r
dr 2m
=− ,
dτ r
o sinal de menos decorrendo do fato que o movimento é ingoing.
Existe outra equação que nos será útil, a saber, a própria definição de E:
2m dt
E = 1− .
r dτ
2 r3/2
τ = τ0 − √ . (2.2)
3 2m
A segunda já é bem mais complicada. É mais fácil resolver para t = t(r) que para
t = t(τ ), de modo que começamos usando a regra da cadeia:
√
dt dτ dt 1 r
= = −√
dr dr dτ 2m 1 − 2m/r
Z √
1 r
⇒ t − t0 = − √ dr.
2m 1 − 2m/r
A integral do lado direito é da forma
Z √
x
dx,
1 − a2 /x
que pode ser resolvida usando a substituição 1/x = u2 e depois frações parciais. O
resultado é √ √
√
x − a
Z
x 2 3/2 2 3
dx = x + 2a x + a ln √ .
1 − a2 /x 3 x + a
Assim, escrevemos a resposta na forma
2 r3/2
t = t0 − √ − Θ(r), (2.3)
3 2m
4
onde definimos " r p #
r r/2m − 1
Θ(r) = 2m 2 + ln p . (2.4)
2m r/2m + 1
Comparando (2.2) e (2.3), fica claro que
2 r3/2
t = t0 − √ .
3 2GM
Além disso, como falamos de mecânica clássica, temos sempre τ = t. Portanto, o
caso clássico pode ser visto como o limite da solução relativı́stica quando Θ(r) → 0. De
tudo que vimos até agora, vamos supor que este limite apareça quando fizermos o raio de
Schwarzschild ir a 0, o que equivale a dizer que a velocidade da luz é infinita. Neste caso,
vemos que, sendo p
√ r/2m − 1
Θ = 2 2mr + 2m ln p ,
r/2m + 1
o primeiro termo vai a 0 e o argumento do logaritmo vai a 1, de modo que o resultado
como um todo vai a 0. Assim, no limite clássico c → ∞, recuperam-se os resultados da
mecânica Newtoniana.
Vamos generalizar nossos resultados para qualquer valor de posição inicial (maior que
2m). Já vimos que, neste caso, E 2 = f (ri ); portanto, voltando na equação da conservação
efetiva da energia, temos
2m
E 2 = ṙ2 + 1 − ⇒ f (ri ) = ṙ2 + f (r)
r
2
dr 1 1
= 2m − .
dτ r ri
Disso vem r
±1 dr0
Z
τ − τ0 = √ p .
2m ri 1/r0 − 1/ri
Deixemos o sinal para ser decidido no final. Esta integral pode ser resolvida facilmente
com a substituição (mágica) r0 = ri (1 + cos η)/2, que fornece
1/2
ri3
τ − τ0 = ± (η − sin η),
8m
5
pois η(ri ) = 0 (verifique!). Como x ≥ sin x e o intervalo de tempo próprio deve ser
positivo, escolhemos o sinal de mais; portanto
r
ri3 ri
τ (r) = τ0 + (η − sin η), r= (1 + cos η). (2.6)
8m 2
Este valor é finito para qualquer r > 0 (o que corresponde a η ≤ π). Em particular, o
observador se vê cruzando o raio de Schwarzschild em tempo próprio finito.
Dividindo uma pela outra e tomando a raiz quadrada (novamente com a escolha apro-
priada do sinal de modo que movimento seja de queda):
s
dr 2m 1 2m
=− 1− 1− 2 1− .
dt r E r
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a frequência medida no infinito será1
r
2m
ν∞ = ν∗ 1− .
r
Quando r → 2m, a frequência medida vai a zero. Portanto, a imagem do observador
caindo fica cada vez mais esmaecida.
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acelerado ser permitida pela Relatividade Restrita, ela não faz parte do grupo de Poincaré,
que mantém a métrica inalterada - assim, teremos alguma outra forma do tensor métrico.
Este novo sistema de coordenadas deve ser um em que o observador acelerado tenha
coordenada espacial constante. Sejam (η, ρ) nossas novas coordenadas de tempo e espaço
(y e z se mantêm inalteradas; deixaremos de falar delas de agora em diante). Já que
1 1
t= sinh aτ, x= cosh aτ,
a a
somos levados a procurar uma mudança de coordenadas
Observe que esta transformação é tal que, no caso considerado do observador com ace-
leração constante, temos ρ = 1/a constante e somente η = aτ variando, como querı́amos.
Portanto,
dt = sinh ηdρ + ρ cosh ηdη
dx = cosh ηdρ + ρ sinh ηdη
e a métria original ds2 = −dt2 + dx2 se torna
• Do fato que
x2 − t2 = ρ2 e t = x tanh η,
vemos que as curvas com ρ = const. são hipérboles, enquanto as com η = const. são
retas que passam pela origem.
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Figura 3.1: Espaço-tempo de Minkowski nas coordenadas de Rindler.
9
Figura 3.2: Ilustração do movimento geodésico no espaço-tempo de Rindler. O movimento
de geodésicas no espaço de Minkowski é completamente bem-definido, mas nas coordenadas
de Rindler precisarı́amos ir “além” de η = ∞. As geodésicas, nestas coordenadas, são
incompletas.
próprio finito, como podemos ver na Figura 3.2. Assim, as geodésicas “acabam”
em η = ∞, o que é apenas uma restrição das coordenadas que utilizamos, pois bem
sabemos que estas geodésicas se estendem por todo o espaço de Minkowski.
Podemos pensar que as retas t = ±x formam horizontes aparentes na métrica de
Rindler - elas são lugares onde as coordenadas deixam de valer, mas são possı́veis
do ponto de vista fı́sico.
Outro modo de ver as limitações das coordenadas de Rindler é analisando o com-
portamente dos cones de luz. Fazendo ds2 = 0, obtemos
dρ 1
=± .
dη ρ
Para ρ = 1, temos os cones de luz usuais com inclinação de 45◦ . Para ρ > 1, por
outro lado, eles se abrem cada vez mais, enquanto para ρ → 0 eles ficam cada vez
mais finos. Vide Fig. 3.3.
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Figura 3.3: Cones de luz nas coordenadas de Rindler. Seu comportamente é muito dife-
rente do que seria esperado no espaço de Minkowski, devido à escolha das coordenadas.
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Nessas coordenadas, a métrica assume a forma final
r = 2m ⇔ r̄ = 0 ⇔ ρ = 0.
Esta é conhecida como a forma isotrópica da métrica de Schwarzschild, pois ela isola
duas partes: a temporal, da forma dt2 , da espacial, da forma dx2 +p dy 2 + dz 2 , ambas com
coeficientes especı́ficos à frente que só dependam da distância ρ ≡ x2 + y 2 + z 2 .
Por causa desta separação, é imediato obter que
2
m
∆xproper = 1 + ∆xcoordinate , (4.3)
2ρ
ao fazer dt = 0. A diferença entre distâncias coordenadas e distâncias próprias (fı́sicas)
se torna muito clara deste modo.
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4.2 Coordenadas de Painlevé-Gullstrand
Apesar de muitas vezes ouvirmos falar que “a métrica de Schwarzschild, em coordenadas
usuais, só vale na região r > 2m”, isto é equivocado. Ela não tem qualquer tipo de
problema na região 0 < r < 2m tampouco, exceto pelo único fato que os coeficientes de
dt2 e dr2 trocam de sinal. Isto, por outro lado, não é tanto um problema - a signatura da
métrica se mantém, o que muda é apenas o sentido (espacial ou temporal) das coordenadas
r e t.
Por outro lado, estas coordenadas de fato são mal-comportadas em r = 2m, e levam a
uma descontinuidade da métrica. Nosso objetivo é, portanto, encontrar uma única forma
do tensor métrico que cubra toda a região r > 0.
Para isso, bamos encontrar um novo sistema de coordenadas para a métrica de Schwarzs-
child em que usaremos a não-singularidade do tempo próprio de um observador em queda
livre para estender nossa solução original.
Da equação (2.5) para um observador em queda livre, vimos que
τ = t + Θ(r) + const.
para este observador. Como τ nunca diverge para raio finito numa queda livre, passaremos
a usá-lo como nossa coordenada de tempo, ai invés de t. Defina
T (t, r) := t + Θ(r),
de modo que dt = dT − dΘ. Um cálculo simples revela que
r
2m dr
dΘ = ,
r 1 − 2m/r
logo r
2m dr
dt = dT − .
r 1 − 2m/r
Assim, temos dt como função somente de dT e dr. Substituindo esta expressão na
métrica usual de Schwarzschild, obtemos por fim
r !2
2m
ds2 = −dT 2 + dr + dT + r2 dΩ2 . (4.4)
r
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• Caso r > 2m: neste caso, teremos
dr+
> 0; outgoing
dT
dr−
< 0; ingoing.
dT
Ou seja, são possı́veis raios de luz tanto se aproximando quanto se afastando do
buraco negro.
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Usando a simetria entre ρ e τ na expressão acima, obtemos
r
∂r ∂r ∂r 2m
dr = dτ + dρ = (dτ − dρ) = − (dτ − dρ).
∂τ ∂ρ ∂τ r
Portanto, substituindo esta expressão na métrica de Schwarzschild usual, obtemos por
fim
2/3
3√
2 22m 2
ds = −dτ + dρ + r2 dΩ2 , r= 2m(ρ − τ ) . (4.6)
r 2
Figura 4.1: Cones de luz nas coordenadas de Schwarzschild. Seu comportamento é idêntico
ao dos cones de luz em coordenadas de Rindler. Em particular, eles se curvam indefini-
damente próximos a r = 2m, tal como no horizonte aparente em t = ±x da métrica de
Rindler.
Observe que os cones de luz nesta métrica se tornam indefinidamente finos próximo a
r = 2m, tal como acontecia nas coordenas de Rindler.
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Gostarı́amos de achar uma coordenada radial r∗ tal que
dt
= ±1, (4.7)
dr∗
ou seja, uma coordenada que respeitasse nosso conhecimento do espaço de Minkowski
que raios de luz são inclinados de 45◦ . Pela regra da cadeia, isto significa que esta nova
coordenada r∗ - que é chamada de coordenada de Regge-Wheeler ou, em inglês,
tortoise coordinate - deve satisfazer
dr∗ r
= .
dr r − 2m
A solução para esta equação é
r
∗
r = r + 2m ln − 1 . (4.8)
2m
Agora os raios de luz têm sempre inclinação de 45◦ . Por outro lado, só conseguimos
fazer isso “empurrando” o horizonte r = 2m para r∗ → ∞, isto é, removendo-o do espaço-
tempo.
Uma curiosidade: o nome tortoise coordinate provém do paradoxo criado pelo filósofo
grego Zeno, chamado paradoxo de Aquiles e da tartaruga, ou “Achilles and tortoise para-
dox”, em inglês.
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4.4.3 Cones de luz nas coordenadas de Eddington-Finkelstein
Como já é de praxe, vamos analisar o comportamento de raios de luz nas versões da
métrica de Eddington-Finkelstein:
2 2m
ds = 0 ⇒ 1− dv 2 = 2dvdr.
r
1. dv/dr = 0, ou v = const. Já sabemos que este caso equivale a termos um movimento
ingoing.
Esta equação nos mostra, por integração direta (ou pela definição (4.8)), que v =
2r∗ + const., ou seja
u = t − r∗ = const.,
o que equivale a uma geodésica outgoing.
Uma vez feita esta análise, podemos passar a estudar os cones de luz na geometria de
Schwarzschild em coordenadas de Eddington-Finkelstein.
Novamente, os cones de luz são regulares em r = 2m. Por outro lado, existe um
comportamento interessante deles neste ponto, que veremos logo abaixo.
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Figura 4.2: Cones de luz nas coordenadas de Eddington-Finkelstein.
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expressão acima, que a métrica admite uma singularidade em t = 0 - mas, por uma troca
inteligente de coordenadas, pode-se mostrar que esta singularidade é apenas aparente e
decorre de uma escolha ruim de sistema de coordenadas. Com efeito, faça a transformação
t → t0 = 1/t. Então
e vemos que este tensor métrico cobre somente a porção t0 > 0 ⇒ t > 0 do espaço de
Minkowski. Agora, na forma acima, não há mais por que manter a restrição t0 > 0, pois a
singularidade aparente em t0 = 0 desaparece. Deste modo, podemos “estender” o espaço-
tempo “além de t0 → ∞” acrescentando também a região t0 ≤ 0. Com este exemplo,
podemos ver como é perigoso entender coordenadas como grandezas fı́sicas (tempo ou
espaço), e também como transformações apropriadas de sistemas de coordenadas nos
revelam propriedades do espaço-tempo por vezes oculatas no sistema original. Foi graças
a estas transformações que mostramos que a métrica de Schwarzschild não é singular em
r = 2m.
Nem sempre a melhor transformação que nos permita expandir o espaço-tempo vem
tão de graça quanto no caso acima. Vamos então voltar à Relatividade Restrita e analisar
a métrica de Rindler (3.3):
Observe bem a limitação da coordenada espacial ρ, que não consegue atingir o valor
ρ = 0 (pois o determinante da métrica se anula em ρ = 0, logo a métrica inversa está
mal-definida nesta superfı́cie). Suponhamos que esta métrica tenha sido simplesmente nos
dada e ainda não saibamos o que ela representa. Nosso objetivo é entender seu sentido
fı́sico e como/se é possı́vel extendê-la, ou seja, se é possı́vel contornar singularidades
decorrentes de uma má escolha do sistema de coordenadas.
Não existe uma maneira geral de fazer isso; cada caso é especı́fico. Por outro lado,
no caso de apenas duas coordenadas (espaços-tempos bidimensionais), existe um método
bastante abrangente de analisar singularidades de sistemas de coordenadas. Em duas
dimensões, em geral é possı́vel dividir geodésicas nulas em outgoing e ingoing, que não
têm como se interceptar sem serem coincidentes - e, logo, não geram novas singularidades
coordenadas. Portanto, nosa estratégia é introduzir coordenadas nulas - exatamente tais
como as u e v das coordenadas de Eddington-Finkelstein - que sejam constantes ao longo
de raios de luz.
Vamos fazer isto para a métrica de Rindler. Impondo a condição de intervalo nulo,
obtemos a relação
dη 1
=± ,
dρ ρ
de onde
η = ± ln ρ + const.
O sinal + se refere a geodésicas outgoing (com dη/dρ > 0) e o de menos a geodésicas
ingoing. Tal como no caso de Eddington-Finkelstein, vamos aproveitar as constantes de
integração e promovê-las a coordenadas:
u = η − ln ρ
v = η + ln ρ,
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que satisfazem u = const. ao longo de geodésicas outgoing e v = const. ao longo de
geodésicas ingoing.
Nestas coordenadas, a métrica toma a forma (verifique!)
Mesmo nestas coordenadas, veja que ainda não conseguimos atingir o ponto ρ = 0,
fazendo u e v percorrerem todos os reais. Por outro lado, podemos agora obter novas
transformações que extendem as geodésicas originais.
Sejamos sistemáticos. Usemos o fato que ∂/∂η é um vetor de Killing do espaço-tempo
original (que, lembramos, corresponde à simetria por boosts da Relatividade Restrita),
para obter a grandeza conservada
∂ dη
E = −g u, = ρ2 ,
∂η dλ
onde u = u(λ) é o vetor tangente às geodésicas consideradas, com λ seu parâmetro afim.
Para termos esta equação em termos de u e v ao invés de ρ e η, notamos das transformações
acima que
ρ = e(v−u)/2
u+v
η= ,
2
de modo que
v−u d u+v
E=e .
dλ 2
Para geodésicas outgoing tipo luz, temos u = const. e logo podemos fazer
Z −u
1 v−u e
λ= e dv = C + ev , C = const.
2E 2E
Como λ é um parâmetro, podemos sem problemas escolher λout = e−v , dada a ex-
pressão acima, para geodésicas nulas outgoing. Cálculo análogo fornece λin = −e−u para
geodésicas nulas ingoing. Vamos agora promover estes parâmetros a coordenadas - afinal
de contas, os raios de luz não terão - supõe-se - nenhuma limitação fı́sica nas singulari-
dades que forem somente devido a coordenadas, de modo que λin/out serão finitos mesmo
que as coordenadas atinjam valores infinitos (isto é idêntico ao caso das coordenadas de
Painlevé-Gullstrand: o observador em queda atingia o horizonte de eventos em tempo
próprio τ , que era o parâmetro afim de seu movimento, finito, ainda que a coordenada t
explodisse neste ponto). Deste modo, fazemos as transformações de coordenadas
U = −e−u , V = ev .
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põe a métrica na forma
u = t − r∗ , v = t + r∗ .
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que podemos substituir em (4.15):
2m e−r/2m (v−u)/4m
ds2 = − e du dv. (4.16)
r
Comparando com o caso de Rindler, Eq. (4.13), podemos supor uma transformação
da forma
U = −e−u/4m , V = ev/4m .
Fazendo isso, a métrica se torna
32m3 e−r/2m
ds2 = − dU dV.
r
Não há mais singularidade em r = 2m, que corresponde a U = 0 ou V = 0. Podemos
então finalmente estender U e V para percorrerem todos os valores compatı́veis com
r > 03 . A transformação final
U +V V −U
T = , X=
2 2
fornece a chamada métrica na forma de Kruskal-Szekeres:
32m3 −r/2m
ds2 = e (−dT 2 + dX 2 ) + r2 dΩ2 , (4.17)
r
em que a coordenada r relaciona-se a X e T por (verifique!)
r
− 1 er/2m = X 2 − T 2 . (4.18)
2m
A condição r > 0 traduz-se, portanto, como
T 2 − X 2 < 1.
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Referências
[1] Robert M. Wald, General Relativity, The Chicago University Press, 1984.
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