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ENGENHARIA CIVIL - CAMPUS CURVELO

DANIEL BATISTA DE ARAUJO

FÍSICA EXPERIMENTAL II

PÊNDULO SIMPLES

CURVELO
2022
1 - INTRODUÇÃO

Estamos cercados de oscilações por todos os lados, onde objetos se movem


de um lado para outro em movimentos que se repetem periodicamente. Dentre os
vários tipos de movimento podemos encontrar aqueles que são economicamente
importantes ou perigosos, como os terremotos. Devido à sua importância, as
oscilações são objeto de estudo da física e da engenharia e um experimento muito
utilizado para sua compreensão é o pêndulo simples.
O pêndulo simples é um sistema mecânico constituído de uma massa com
dimensões desprezíveis, presa a um fio inextensível, de massa também
desprezível, que oscila em torno de uma posição fixa. Desconsiderando a ação de
forças dissipativas, como o atrito ou o arrasto, o pêndulo simples pode ser utilizado
no estudo do Movimento Harmônico Simples. Segundo Halliday, Resnick e Walker
(2015, p. 92), “movimento harmônico simples é o movimento executado por uma
partícula sujeita a uma força de módulo proporcional ao deslocamento da partícula e
orientada no sentido oposto”.
No pêndulo simples as forças que atuam sobre o peso são a tração 𝑇
exercida pelo fio e a força gravitacional 𝐹𝑔 , conforme figura 1.

Figura 1 - Forças que agem sobre o peso.

Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2015, p. 98).


A componente da força 𝐹𝑔𝑠𝑒𝑛θ é tangente à trajetória do peso, o que faz

surgir um torque restaurador em relação ao ponto de equilíbrio do pêndulo. Esta


componente atua no sentido oposto ao do deslocamento do peso, tendendo a
levá-lo de volta ao ponto central. De acordo com a equação

τ = 𝐼α (1)

o torque restaurador pode ser escrito como

τ = − 𝐿(𝐹𝑔𝑠𝑒𝑛θ) (2)

O sinal negativo se deve ao fato de o torque agir no sentido de reduzir Θ e 𝐿 é o


braço de alavanca da componente (𝐹𝑔𝑠𝑒𝑛Θ) da força gravitacional em relação ao

ponto fixo do pêndulo. Substituindo (2) em (1) e substituindo o módulo de 𝐹𝑔 por 𝑚𝑔,

obtemos
− 𝐿(𝑚𝑔 𝑠𝑒𝑛θ) = 𝐼α (3)

onde 𝐼 é o momento de inércia do pêndulo em relação ao ponto fixo e α é a


aceleração angular do pêndulo em relação a esse ponto. Para pequenos ângulos
pode-se aproximar 𝑠𝑒𝑛Θ ≈ Θ. Usando essa aproximação e explicitando α, temos

𝑚𝑔𝐿
α =− 𝐼
Θ (4)

que é o equivalente angular da equação da aceleração do MHS

2
𝑎(𝑡) =− ω 𝑥(𝑡) (5)

por analogia, a aceleração angular α do pêndulo é proporcional ao deslocamento


angular Θ com sinal oposto. Comparando as equações (4) e (5), é possível perceber
que a frequência angular do pêndulo é
𝑚𝑔𝐿
ω = 𝐼
(6)

substituindo (6) na equação (ω = 2π/𝑇), verifica-se que o período do pêndulo pode


ser escrito como

𝐼
𝑇 = 2π 𝑚𝑔𝐿
(7)

Se a massa de um pêndulo simples está totalmente concentrada na massa 𝑚


do peso do pêndulo, e o pêndulo está a uma distância 𝐿 do ponto fixo, pode-se
2 2
utilizar a equação (𝐼 = 𝑚𝑟 ) para escrever 𝐼 = 𝑚𝐿 como o momento de inércia do
pêndulo. Substituindo este valor na equação (7) e fazendo sua simplificação,
obtemos
𝐿
𝑇 = 2π 𝑔
(8)

que é o período de oscilação de um pêndulo simples para pequenas amplitudes.

2 - OBJETIVO

Determinar experimentalmente a aceleração da gravidade local.

3 - MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento da prática utilizou-se os seguintes materiais:


● 01 base delta:
● 01 haste metálica de 1 metro;
● 01 mufa;
● 01 haste em L de 0,18 metros;
● 01 trena;
● fio;
● 01 esfera com furo central;
● 01 cronômetro.
O experimento consistiu em ajustar o fio com tamanho inicial de (112,00 ±
0,05) cm e diminuir seu tamanho em aproximadamente 10 cm. Conforme se
diminuía o tamanho do fio, fazia-se o deslocamento do pêndulo de modo que o
ângulo Θ ficasse em torno de 6°. Após posicionar a massa, esta era liberada e
iniciava-se a contagem no cronômetro, observando-se que o cronômetro era travado
no momento que o pêndulo completasse dez oscilações completas. Os valores do
comprimento do fio (𝐿), e do tempo gasto em dez oscilações completas (𝑡) foram
anotados na tabela 1. O procedimento foi repetido dez vezes com dez
comprimentos diferentes.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1 - Valores obtidos e calculados após medições.

𝑀𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝐿 (𝑐𝑚) 𝑡 (10𝑇)(𝑠) 𝑇 (𝑡/10)(𝑠)

1 112,00 ± 0,05 20,70 ± 0,01 2,070 ± 0,001

2 100,50 ± 0,05 19,95 ± 0,01 1,995 ± 0,001

3 90,30 ± 0,05 18,64 ± 0,01 1,846 ± 0,001

4 79,30 ± 0,05 18,10 ± 0,01 1,810 ± 0,001

5 70,30 ± 0,05 16,82 ± 0,01 1,682 ± 0,001

6 59,30 ± 0,05 15,23 ± 0,01 1,523 ± 0,001

7 50,40 ± 0,05 13,54 ± 0,01 1,354 ± 0,001

8 39,30 ± 0,05 12,64 ± 0,01 1,264 ± 0,001

9 30,40 ± 0,05 11,00 ± 0,01 1,100 ± 0,001

10 21,80 ± 0,05 9,51 ± 0,01 0,951 ± 0,001

A tabela 1 mostra os valores obtidos com as medições. Com estes valores,


fez-se o processo de linearização, que consiste em encontrar uma relação entre
duas variáveis, convertendo a equação de uma curva numa equação de reta. Esta
técnica torna mais fácil a visualização do comportamento das variáveis envolvidas
no experimento. Com estes dados plotou-se o gráfico 1.
Gráfico 1 - Período ao quadrado em função do comprimento.

Figura 2 - Dados obtidos após plotar o gráfico.

Com os dados da figura 2 podemos inferir que a equação da reta do gráfico 1


é

𝑦 = (0, 038 ± 0, 001)𝑥 + (0, 04 ± 0, 07) (9)

No experimento, a equação da reta foi definida elevando-se os dois lados da


equação (8) ao quadrado
( )𝐿
2
2 4π
𝑇 = 𝑔
(10)

Comparando-se os valores do coeficiente angular das equações (9) e (10) e


substituindo o valor de 𝑎 da figura 2 podemos encontrar o valor da gravidade local.

2 2
4π 4π
𝑎= 𝑔
⇔𝑔 = 𝑎
(11)

2
4π 2
𝑔= 0,038
= 1038, 905 𝑐𝑚/𝑠

Observando a equação (11), podemos dizer que, fisicamente, o coeficiente angular


da reta (𝑎) é um valor inversamente proporcional à gravidade multiplicado por uma
2
constante 4π .
A incerteza de 𝑔 foi encontrada fazendo-se o cálculo da propagação de erro:

∂𝑎 2
σ𝑔 = ( ) (σ𝑎)
∂𝑔
2
(12)

(− ) (0, 001)
2
4π 2
σ𝑔 = 2
𝑎

(− ) (0, 001)
2
4π 2
σ𝑔 = 2
0,038

2
σ𝑔 = 27, 3 𝑐𝑚/𝑠

2
Logo, a aceleração da gravidade encontrada foi (10, 3 ± 0, 2) 𝑚/𝑠 . O valor
2
da gravidade local de 9, 81 𝑚/𝑠 ficou fora da faixa de variação encontrada
2
experimentalmente (10, 1 𝑎 10, 5) 𝑚/𝑠 . Esta diferença entre o valor medido e o
disponibilizado no roteiro pode estar relacionado aos erros grosseiros, que são
aqueles inerentes à percepção visual. Durante o experimento a contagem do tempo
de oscilação do pêndulo foi feita manualmente, onde iniciava-se e parava-se o
cronômetro através da observação. Este fator gera imprecisão pois o cronômetro
poderia ter sido iniciado ou parado antes de se completar totalmente o ciclo dos
períodos. Além disso, como a medida do comprimento também depende da
observação do aluno, esta também pode ser uma fonte de erros.
Conforme se observa na equação (10) o coeficiente linear é zero, porém ao
se plotar o gráfico obtivemos um valor de (0, 04 ± 0, 07). No entanto o zero está
dentro da faixa de variação da incerteza (− 0, 03 𝑎 0, 11). Este número pode estar
relacionado ao ajuste linear que é feito pelo programa quando os valores são
lançados em sua tabela. O programa busca a reta que melhor se adequa aos
pontos fornecidos pelo usuário.

5 - CONCLUSÃO

Neste experimento, o valor da aceleração da gravidade encontrada foi


2 2
(10, 3 ± 0, 2) 𝑚/𝑠 . O valor da gravidade local de 9, 81 𝑚/𝑠 disponibilizado no
roteiro ficou fora da faixa de variação, porém, pode-se dizer que o experimento
proposto cumpriu seu objetivo, visto que, mesmo estando fora da faixa de variação,
a diferença de valores foi muito pequena, levando-se em consideração os erros que
são inerentes da imprecisão nas medidas.

6 - REFERÊNCIAS

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física:


Gravitação, ondas e termodinâmica. 9ª ed. Rio de Janeiro: LTC, v.2, 2015.

HEWITT, Paul G.. Física Conceitual. 9ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

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