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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

RELATÓRIO DE FÍSICA EXPERIMENTAL


LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

EQUIPE
Linda Alice Soares de Paiva
Luciano Victor Dias Moura
Maria Letícia de Freitas Basilio
Ywanne Maria Silva e Lima

NATAL-RN
2019
Atividade 03 – Lançamento de projéteis

1. Objetivo

Os experimentos realizados em laboratório serão abordados no presente


relatório no objetivo de realizar uma análise prática da movimentação
bidimensional de uma massa m no campo gravitacional, aplicando o conceito
físico da lei de Conservação de Energia Mecânica, com o qual serão estudadas
as diferenças entre a energia cinética de rotação e de translação de uma esfera
sobre um trilho inclinado. Para tal, utilizaremos as equações de movimento no
plano no lançamento horizontal, aplicando novamente o conceito de modelo
físico e determinando qual mais se adequa ao movimento de rolamento,
analisando e comparando, por fim, os resultados obtidos e seu desvio padrão.

2. Material Utilizado

Para o experimento, foram utilizados rampa de lançamentos, esfera


metálica de massa m e raio r de 0,016m, régua de madeira com graduação em
milímetros para medição das alturas de lançamento da esfera sobre a rampa,
papel branco e papel carbono, para marcação dos alcances da esfera e do
ponto de origem, marcado com o prumo apoiado na extremidade baixa da
rampa. Para criação de tabelas e gráficos, foi utilizado o recurso de planilha
eletrônica fornecido pelo programa Excel (2010).

3. Introdução

Neste experimento, busca-se analisar o movimento de uma esfera sobre


um trilho inclinado. Ao ser abandonada a uma altura y, seu movimento
descreverá a transformação da energia potencial em energia cinética até ponto
O, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 1: Esquema do experimento

Segundo o princípio de conservação de energia mecânica, o somatório


de energias presentes no sistema dará a seguinte relação:
𝑚𝑣 2
𝑬𝒎 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 = 𝑐𝑡𝑒 ; 𝑬𝒄 = ; 𝑬𝒑 = 𝑚𝑔ℎ
2

𝒎𝒗𝟐
𝑬𝒎 = + 𝒎𝒈𝒉
𝟐

Onde 𝑬𝒎 é a energia mecânica do sistema, 𝑬𝒄 representa a energia


cinética e 𝑬𝒑 , a energia potencial.

Além dessas expressões, sabe-se que, havendo conservação de


energia, a variação de energia mecânica é nula, portanto:

∆𝐸𝑚 = 0 ∴ 𝑬𝒎𝒊 = 𝑬𝒎𝒇

É possível observar que, inicialmente, há armazenamento de energia


gravitacional. Quando a esfera atinge o ponto O, há energia potencial e cinética
no sistema. Logo:

𝑚𝑣 2
𝑬𝒎𝒊 = 𝑚𝑔𝑦 ; 𝑬𝒎𝒇 = + 𝑚𝑔ℎ
2

𝒎𝒗𝟐
∴ 𝒎𝒈𝒚 = + 𝒎𝒈𝒉
𝟐
Após chegar à extremidade inferior do trilho, observa-se a
movimentação horizontal da esfera em uma distância OA sobre uma variação
constante de altura (h), descrevendo o lançamento horizontal. Nesse momento,
é necessário aplicarmos os conhecimentos a respeito de lançamento de
projéteis, para melhor compreensão do alcance que a esfera obterá.

No movimento oblíquo, um móvel se deslocará uniformemente em


relação ao eixo horizontal até atingir a altura máxima, onde a resultante de
velocidade no eixo vertical será nula, e então decairá sobre aceleração
constante (gravitacional), realizando uma trajetória parabólica. Utilizando
expressões conhecidas para o alcance em lançamentos horizontais:

𝑣0𝑥 = |𝑣⃗ |𝑐𝑜𝑠𝜃 → 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑥 𝑡 → 𝒙 − 𝒙𝟎 = (|𝒗


⃗⃗|𝒄𝒐𝒔𝜽) 𝒕

1 𝟏
𝑣0𝑦 = |𝑣⃗|𝑠𝑒𝑛𝜃 → 𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡 2 → 𝒚 − 𝒚𝟎 = (|𝒗
⃗⃗|𝒔𝒆𝒏𝜽) − 𝒈𝒕²
2 𝟐

Afim de encontrar o modelo mais apropriado para a determinação de


OA, faz-se necessária a análise do movimento executado pela esfera em duas
condições: com e sem rotação. Portanto, a partir das observações feitas com
base nas expressões dadas anteriormente, é possível obter a expressão do
alcance sem rotação 𝐴𝑆𝑅 da esfera em determinada altura y:
𝑣2 𝑣2
𝑚𝑔𝑦 = 𝑚 ( + 𝑔ℎ) → = 𝑔𝑦 − 𝑔ℎ → 𝑣 2 = 𝑔(𝑦 − ℎ)2 → 𝒗 = √𝟐𝒈(𝒚 − 𝒉)
2 2

Sendo ∆x o alcance horizontal e a velocidade 𝑣0𝑦 nula na altura máxima,


temos:

𝐴𝑆𝑅 = 𝑣0𝑥 𝑡 → 𝑨𝑺𝑹 = √𝟐𝒈(𝒚 − 𝒉) ∗ 𝒕

1 1 1 𝟐𝒉
𝑦 − 𝑦0 = 𝑣0𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡 2 → 0 − ℎ = − 𝑔𝑡 2 → ℎ = 𝑔𝑡 2 → 𝒕 = √
2 2 2 𝒈

2ℎ
𝐴𝑆𝑅 = √2𝑔(𝑦 − ℎ) ∗ √ → ∴ 𝑨𝑺𝑹 = 𝟐√(𝒚 − 𝒉)𝒉
𝑔

Nesse momento, iremos considerar o movimento de rotação da esfera.


Além da energia cinética obtida na translação do centro de massa da esfera
𝑚𝑣 2
, teremos também a energia fornecida pela rotação da esfera em torno de
2
𝐼𝐶𝑀 𝜔2
seu centro de massa, dada por , onde ω é a velocidade angular do corpo
2
2
no momento desejado e 𝐼𝐶𝑀 = 5 𝑚𝑟² é o momento de inércia da esfera em
relação ao seu centro de massa. Poderemos, então, obter o alcance com
rotação 𝐴𝐶𝑅 da esfera sobre o eixo horizontal fazendo as seguintes relações a
partir das anteriores:

𝑚𝑣 2 𝐼𝐶𝑀 ω2 𝑚𝑣 2 𝑚𝑟 2 ω2 𝑣2 𝑟 2 ω2
𝑚𝑔𝑦 = 2
+ 2
+ 𝑚𝑔ℎ → 𝑚𝑔𝑦 = 2
+ 5
+ 𝑚𝑔ℎ → 𝑚𝑔𝑦 = 𝑚( 2 + 5
+ 𝑔ℎ)

1 1
𝑔(𝑦 − ℎ) = 𝑣 2 + 𝑟 2 ω2 → 10𝑔(𝑦 − ℎ) = 5𝑣 2 + 2(𝑟ω)²
2 5

Seja a relação física rω = v, temos:

𝟏𝟎
10𝑔(𝑦 − ℎ) = 5𝑣 2 + 2𝑣 2 → 10𝑔(𝑦 − ℎ) = 7𝑣 2 → 𝒗 = √ 𝒈( 𝒚 − 𝒉 )
𝟕

Novamente, aplicando a relação de posição em função do tempo


anteriormente definidas, temos que:

10 10 2ℎ
𝐴𝐶𝑅 = 𝑣0𝑥 𝑡 → 𝐴𝐶𝑅 = √ 𝑔(𝑦 − ℎ) ∗ 𝑡 → 𝐴𝐶𝑅 = √ 𝑔(𝑦 − ℎ) ∗ √
7 7 𝑔

𝟓
∴ 𝑨𝑪𝑹 = 𝟐√ (𝒚 − 𝒉)𝒉
𝟕
Obtidas as duas equações de alcance, tornaremos a aplicá-las no
desenvolvimento deste relatório para análise dos dados obtidos em laboratório
no experimento. Serão novamente abordados os conceitos de valor médio e
desvio padrão, para análise mais consistente dos dados.
4. Procedimento Experimental

O procedimento adotado em laboratório visou a medição do alcance


para cinco alturas y de lançamento da esfera de 30, 35, 40, 45 e 50cm. Foi
realizado dez vezes o procedimento de soltar a esfera sobre a rampa,
baseando-se em uma marcação de altura feita no instrumento com auxílio de
régua e marcador.
Além da altura y, fazia-se necessário saber a distância h entre a
extremidade baixa da rampa e a bancada. Para isso, foi feita uma marcação no
papel branco fixado à mesa, com auxílio de papel carbono e fio de prumo, para
indicar o ponto O – local imediatamente abaixo da extremidade de lançamento
da esfera – e, então, a medição de h com a régua, que indicou 19,7cm.
A cada soltura da esfera nas marcações indicadas, esta, por sua vez,
deixava as marcas dos pontos de impacto sobre o papel branco, com
posicionamento do papel carbono sobre este na posição prevista de alcance.
Foi medido, então, o alcance médio A ̅ para cada altura analisada, obtido
através da medição de distância entre o ponto O e o ponto central de um
círculo que tangenciava três pontos mais externos à concentração dos pontos
de alcance, e o desvio padrão σA , representado pela medida do raio dos
círculos esboçados.
As medidas de alcance que serão posteriormente debatidas neste
relatório foram obtidas a partir da análise de y= 50cm. Para essa altura, foi
solicitada a medição das distâncias de cada ponto de impacto em relação à O,
sendo realizada a entrada dos dados na planilha eletrônica conforme foi feito
na atividade 02 para obtenção do alcance médio e desvio padrão. Foi, então,
utilizado os recursos da planilha para criação dos gráficos dos alcances 𝐴𝐶𝑅 e
𝐴𝑆𝑅 em função da altura y considerada, sendo possível observar seu
comportamento em relação ao alcance médio A ̅ obtido experimentalmente e,
então, realizar as discussões e análises dos resultados experimentais.
5. Resultados

Primeiramente são apresentados (Tabela 1) os valores dos alcances


horizontais médios (A̅ ) e seus respectivos desvios padrões (𝜎𝐴 ) relacionado
com cada altura de lançamento (y):
y (cm) 30 35 40 45 50
̅ (cm)
𝐀 22,0 27,3 31,9 35,7 39,3
𝛔𝐀 0,30 0,25 0,35 0,80 0,75
Tabela 1: Valores Experimentais.

Para a análise de qual modelo teórico mais se aproxima dos resultados


experimentais, partimos pelo cálculo das previsões teóricas para as distâncias
percorridas (𝐴𝑆𝑅 e 𝐴𝐶𝑅 ) pela esfera para cada y como também pelos resultados
experimentais dos alcances (A ̅ ):

y (cm) 30 35 40 45 50
Asr (cm) 28,5 34,7 40,0 44,7 48,9
Acr (cm) 24,1 29,3 33,8 37,7 41,3
Am (cm) 22,0 27,3 31,9 35,7 39,3
Tabela 2: Valores encontrados a partir dos modelos teóricos, ASR e ACR, e resultados experimentais Ā.

̅ em um gráfico de alcance versus altura


Sobrepondo as curvas de 𝐴𝑆𝑅 , 𝐴𝐶𝑅 e A
de lançamento y, temos:

Gráfico do Alcance versus altura de lançamento y


60,0

50,0

40,0
ASR
Alcance (cm)

ACR
30,0
A

20,0

10,0

0,0
0 10 20 30 40 50 60
Altura y (cm)

Para uma análise mais consistente dos resultados coloca-se a barra de


erros em relação aos valores de 𝐴̅, que é uma representação gráfica do desvio
padrão 𝜎𝐴 . Fazemos em relação aos pontos experimentais, pois conseguimos
atingir os parâmetros específicos do experimento. Caso fizéssemos em relação
aos pontos teóricos o erro seria maior, devido às diferenças obtidas entre os
resultados teóricos e experimentais.
Gráfico do Alcance versus altura de lançamento y
60,0

50,0

40,0
ASR
Alcance (cm)

ACR
30,0
A

20,0

10,0

0,0
0 10 20 30 40 50 60
Altura y (cm)

6. Discussão
Primeiramente podemos dizer qual modelo teórico mais se “aproxima”
dos resultados experimentais. Vale ressaltar que usamos o termo “aproxima”
devido às pequenas diferenças dos valores experimentais, pois em um modelo
teórico é uma simplificação de um fenômeno físico real, então algumas
influências externas pequenas são desprezadas.
Nesse sentido, podemos responder que o modelo teórico que leva em
consideração o rolamento da esfera sobre a rampa é o que mais se aproxima,
tendo em vista a proximidade da curva de 𝐴𝐶𝑅 e da curva de 𝐴̅. Além disso, as
diferenças entre as curvas se da pela distinção entre os modelos, visto que um
considera o rolamento da esfera e o outro não; e os fatores que influenciam os
dados reais, como atrito e resistência do ar.
Em relação aos nossos resultados experimentais, podemos dizer que
tivemos variações consideráveis entre os desvios padrões, sendo o menor
± 0,25 𝑐𝑚 e o maior ± 0,80 𝑐𝑚. Isso se deu por causa do erro sistemático na
precisão de soltar a esfera pela rampa no mesmo lugar para cada altura de
lançamento. Logo, configuram-se resultados mais ou menos precisos.
7. Conclusão
Sabendo-se que na obtenção do alcance com movimento de rotação da
esfera leva-se em conta mais variáveis - as quais englobam o movimento de
translação e rotação existente durante seu deslocamento - e que, devido a
esse fator, melhor se adequa ao conceito de modelo físico; foi considerado o
modelo com rotação o mais adequado para representar o rolamento da esfera
e, consequentemente, seu alcance. Após os resultados experimentais,
concluiu-se se que o modelo teórico mais próximo da realidade é o que
considera o rolamento da esfera sobre a rampa, pois o gráfico deste é o que
mais se aproxima do gráfico dos dados experimentais. Além disso, através do
procedimento experimental foi possível observar que o alcance do projétil não
depende da massa ou de outras variáveis como a velocidade de lançamento ou
a aceleração gravitacional, dependendo somente da altura inicial (y) e da altura
final (h).

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