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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SAÚDE E TECNOLOGIA


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS NATURAIS/BIOLOGIA
LABORATÓRIO DE FÍSICA
PROF. DR. MARCIO JOSÉ BARBOZA

RELATÓRIO EXPERIMENTAL
CORPO EM QUEDA LIVRE

KAROLINE DE SOUSA LARANJEIRA

IMPERATRIZ-MA
2021
INTRODUÇÃO
Quando um corpo está em queda livre (é deixado cair livremente, desprezando-
se a resistência do ar) dizemos que este corpo está em Movimento Retilíneo
Uniformemente Variado (M.R.U.V), em que acelera a uma taxa constante em
𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 (𝑚/𝑠 2 ). Esta aceleração é denominada de
aceleração da gravidade, uma vez que o corpo é acelerado devido a força
gravitacional que atua sobre o corpo, atraindo-o em direção ao centro da Terra,
conforme imagem ao lado. Ao deixar um corpo cair livremente, pode-se fazer
uma experimentação que consiste em medir o tempo de queda deste corpo em
alturas variáveis e plotar o gráfico posição x tempo, para mensurar a aceleração
da gravidade.
A equação que representa a posição horizontal de um corpo em MRUV em
função do tempo percorrido, é dada por:
𝑥𝑜 = 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
1 2
𝑥(𝑡) = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜 𝑡 + 𝑎𝑡 , em que {𝑣𝑜 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 . (I)
2
𝑎 = 𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜
Analogamente, um corpo em queda livre (posição vertical), solto a partir de uma altura
𝑦𝑜 = 0𝑚 e com tempo inicial 𝑡 = 0𝑠, pode ser descrito pela equação:
1
𝑦(𝑡) = 𝑔𝑡 2 , em que g é a aceleração adquirida pelo corpo. (II)
2

Note que a posição do corpo em queda livre depende apenas da aceleração da gravidade,
e não depende de sua massa. Isso significa que todos os corpos ao serem soltos de uma
mesma altura h, chegarão ao mesmo tempo no solo.
O gráfico do movimento a partir da equação II, descreve uma parábola.

Imagem 1. Gráfico teórico da função posição x tempo.

É possível fazer o ajuste desta curva, a partir da linearização do gráfico, com a posição
em função o quadrado do tempo de queda, considerando uma alteração de variável, em
que 𝑇 = 𝑡 2 , tendo assim a função linear
1 2
𝑦 (𝑡 ) = 𝑔𝑡
2
1
𝑦(𝑡) = 2 𝑔𝑇 (III)
1
em que 2 𝑔 é 𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎 𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 (a), podendo ser obtida pela regressão
linear simples dos dados experimentais para que seja possível calcular a aceleração média
da gravidade local, tendo que:
𝑔 = 2𝑎 (IV)
Tal que, pelo cálculo de regressão linear simples é dado por:
𝑛 ∑𝑛 𝑛 𝑛
1 (𝑇𝑛 ⋅𝑦𝑛 )−∑1 𝑇𝑛 ⋅∑1 𝑦𝑛
𝑎= (V)
𝑛 ∑𝑛 2 𝑛
1 𝑇𝑛 −(∑1 𝑇𝑛 )
2

Imagem 2. Gráfico teórico ajustado pela função linear posição x tempo².

OBJETIVO
Medir a aceleração da gravidade a partir do gráfico posição x tempo dos dados obtidos
com um experimento de queda livre de uma esfera metálica.

METODOLOGIA ELETROÍMÃ

O método utilizado neste experimento consiste na soltura de uma esfera


metálica de forma remota com um eletroímã e fotosensores acoplados a um
suporte ajustados previamente nas alturas de 0,1m, 0,25m, 0,4m, 0,55m FOTOSENSORES

0,7m e 0,8m em relação à posição inicial da esfera presa no eletroímã no


topo do suporte, para medição automática dos tempos de queda livre da
mesma, à medida que a esfera cai e passa pelos fotosensores, conforme na
imagem ao lado.
Ao pressionar o botão de iniciar, o equipamento aciona os fotosensores e
desliga o eletroímã, deixando que a esfera seja solta em queda livre. Ao
passar em cada um dos fotosensores, o cronômetro registra o tempo gasto
pela esfera em cada passagem.
CRONÔMETRO
Dessa forma foi feito um gráfico com as respectivas alturas em relação à
origem e os respectivos períodos de tempo registrados no cronômetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O experimento foi feito como descrito anteriormente, utilizando a esfera de metal depois
foi anotado todos os dados na tabela 1, e após, foram plotados os gráficos 1, 2 e 3.
Tabela 1. Dados obtidos no experimento.
Altura (m) Tempo (s) Tempo² (s²) Velocidade (m/s)
1 0 0 0 0
2 0,1 ± 0,0005𝑚 0,1274 ± 0,0001𝑠 0,016231 ± 0,0001𝑠 0,7849 ± 0,0001𝑚/𝑠
3 0,25 ± 0,0005𝑚 0,2219 ± 0,0001𝑠 0,04924 ± 0,0001𝑠 1,1266 ± 0,0001𝑚/𝑠
4 0,40 ± 0,0005𝑚 0,2856 ± 0,0001𝑠 0,081567 ± 0,0001𝑠 1,4005 ± 0,0001𝑚/𝑠
5 0,55 ± 0,0005𝑚 0,3368 ± 0,0001𝑠 0,113434 ± 0,0001𝑠 1,6330 ± 0,0001𝑚/𝑠
6 0,70 ± 0,0005𝑚 0,3805 ± 0,0001𝑠 0,14478 ± 0,0001𝑠 1,8396 ± 0,0001𝑚/𝑠
7 0,80 ± 0,0005𝑚 0,4080 ± 0,0001𝑠 0,166464 ± 0,0001𝑠 1,9607 ± 0,0001𝑚/𝑠

Note que, ao plotar o gráfico da posição em função do tempo, ocorre como o esperado,
crescendo proporcionalmente com o quadrado do tempo, descrito pela equação (I).

Gráfico 1. Posição x Tempo

Desta maneira, pode-se observar de forma mais objetiva a relação entre a altura da
queda e o tempo da queda com a linearização do gráfico 1, resultando no gráfico 2, em
que a altura agora está em função do quadrado de cada medida de tempo, conforme
previsto na equação (III). Desta forma, ajustando-se o gráfico 2, a reta de regressão
apresenta a equação 𝑦 = 4,7457𝑥 + 0,0124, cuja qual inclinação é a metade da
aceleração da gravidade como descrito na equação (IV).
Gráfico 2. Posição x Tempo²

Desta forma temos que:


𝑔 = 2𝑎
𝑔 = 2 ⋅ 4,7457 𝑚/𝑠 2
𝑚
∴ 𝑔 = 9,4914 2
𝑠

𝑔 ≅ 9,5 𝑚/𝑠²

É possível também calcular a


aceleração da gravidade, a partir da
inclinação do gráfico de velocidade
contra o tempo (gráfico 3), que
descreve a reta 𝑦 = 4,6539𝑥 +
0,0791.
Desta forma temos que:
𝑔 = 2𝑎
𝑔 = 2 ⋅ 4,6539 𝑚/𝑠 2
𝑚
∴ 𝑔 = 9,3 2
𝑠
𝑔 = 9,3 𝑚/𝑠²

Gráfico 3. Gráfico da velocidade contra o tempo.


Desta forma, a aceleração média pode ser calculada com a média das duas acelerações
obtidas com os dados, e a incerteza pela metade da diferença entre as duas mensurações:
9,5 + 9,3 18,8
( )𝑚 ( 2 )𝑚
2
𝑔̅ = = = 9,4𝑚/𝑠².
𝑠2 𝑠2
9,5 − 9,3 0,2
( )𝑚 ( 2 ) 𝑚 0,1𝑚
2
𝜎𝑔 = = = 2 .
𝑠2 𝑠2 𝑠
0,1
𝜎𝑔 = ( ) ⋅ 100% = 0,01 ⋅ 100% = 1%
9,4

∴ 𝑔̅ = (9,4 ± 0,1) 𝑚/𝑠².

CONCLUSÃO

Com o experimento, foi possível determinar a aceleração média da gravidade local em


𝑔̅ = (9,4 ± 0,1) 𝑚/𝑠². A aceleração média da gravidade, teoricamente aceita é de 𝑔̅ =
9,81 𝑚/𝑠². Desta maneira, o erro percentual é menos que 5% do teórico. Entretanto medir
a gravidade pela inclinação do gráfico da posição contra o quadrado do tempo nos retorna
um valor mais aproximado do teórico em 𝑔 ≅ 9,5 𝑚/𝑠², 96% do valor aceito.

REFERÊNCIAS

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. 8. ed.


Rio de Janeiro, RJ: LTC, c2009 vol 1;

TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene, Física para Cientistas e Engenheiros - Vol. 1, 5a ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2006.

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