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EXPERIMENTOS REALIZADOS COM MOVIMENTO NO

PLANO E NO PLANO INCLINADO

Luis Gustavo Ferreira Lopes1*.

1
Universidade Federal Rural do Semi-árido, Laboratório de Mecânica Clássica, Campus de
Caraúbas, Caraúbas, RN. *luis.lopes@alunos.ufersa.edu.br

Resumo
O presente relatório irá apresentar dados experimentais obtidos através das aulas práticas de
laboratório de Mecânica Clássica, possibilitando uma compreensão do estudo da Dinâmica e
da Cinemática, abordando dois assuntos: movimento parabólico e movimento no plano
inclinado. Diante disso, o trabalho tem como objetivo demostrar o estudo das forças que
atuam no sistema, determinar a velocidade e altura máxima do objeto sobe ação da gravidade
quando lançado de um ângulo de 45°, além disso, determinar aceleração do objeto e o valor
da força normal atuante no movimento inclinado. A metodologia utilizada foi a realização de
experimentos comparando com as teorias estudadas. Diante dos dados obtidos nos
experimentos, constatou-se que os valores estavam dentro do esperado na teoria, apesar de
algumas imprecisões que são compreensíveis já que não se trata de um meio ideal.

Palavras-Chave: Movimento; Força; Plano.

Introdução

A física é uma ciência que consta do estudo dos fenômenos naturais e propriedades da
matéria, com base nisso, ela nos permite ter uma compreensão melhor do que muitas vezes
acontece no nosso dia a dia. Uma situação comum que podemos observar a física atuar é o
movimento no plano e no plano inclinado, esses dois casos são situações comuns e
comumente não perceptíveis para algumas pessoas. No estudo da Cinemática e Dinâmica,
esses dois assuntos são abordados, e juntamente com as leis de Newton esses casos podem ser
solucionados e entendidos.
Os movimentos no plano são úteis e essenciais para estudar os movimentos
parabólicos e os movimentos horizontais. “Uma partícula que se move em um plano vertical
com velocidade inicial 𝑣⃗0 e com uma aceleração constante, igual à aceleração de queda livre,
dirigida para baixo é chamada de projétil.” (HALLIDAY; RESNICK, 2016, p. 177). Um
movimento parabólico é caracterizado por ser um movimento bidimensional, ou seja, é
representado pelo movimento simultâneo de duas coordenadas cartesianas x e y na direção
horizontal e vertical, respectivamente. De modo que é possível ignorar a resistência do ar. A
força gravitacional atua no corpo durante o lançamento do projétil, dessa forma, fazendo com
que o corpo seja direcionado para baixo, isso acontece, pois, a massa da terra é muito maior
que a massa do projétil e à aceleração da gravidade é sempre na vertical.
No movimento vertical o projétil descreve um Movimento Retilíneo Uniformemente
Variado (MRUV), ou seja, a aceleração é constante e a velocidade varia uniformemente. No
movimento horizontal o projétil descreve um Movimento Retilíneo Uniforme (MRU), ou seja,
à aceleração é nula e a velocidade é constante. No movimento parabólico a máxima distância
que um corpo pode percorrer é quando o ângulo de inclinação é 45°.

Figura 1. Lançamento de um projétil no plano x, y.


Fonte: Academicosdoexcel (2017)

Tabela 1. Fórmula para movimento Parabólico

Movimento Horizontal (x) Movimento Vertical (y)


𝑣𝑥 = 𝑣0 cos 𝜃 𝑣𝑦 = 𝑣0 sin 𝜃
𝑥 = 𝑥0 + (𝑣0 cos 𝜃) ⋅ 𝑡 1
𝑦 = 𝑦0 + (𝑣0 sin 𝜃)𝑡 − 𝑔𝑡 2
2
𝑥 − 𝑥0 1 𝑥 − 𝑥0 2
𝑡= 𝑦 = 𝑦0 + (𝑥 − 𝑥0 )𝑡𝑔𝜃 − 𝑔 ( )
𝑣0 cos 𝜃 2 𝑣0 cos 𝜃

No plano inclinado sem atrito, há movimento apenas no eixo x, ou seja, é um


movimento unidimensional, esse movimento se dá pela decomposição da força peso que está
atuando no determinado corpo de massa m, assim, a força é distribuída em duas componentes
𝑃𝑥 e 𝑃𝑦 , dessa forma, a força peso é considerada uma força bidimensional, enquanto que a
força Normal que é provocada pelo contato da superfície do plano com corpo é
unidimensional, pois ela é perpendicular ao plano. Na direção y a força resultante é zero, pois
a força Normal é igual a componente 𝑃𝑦 da força peso. Entretanto, na direção x, a componente
𝑃𝑥 da força peso é correspondente a força resultante sobre o corpo, assim, aplicando a
segunda Lei de Newton, a componente 𝑃𝑥 é responsável por produzir à aceleração do bloco
descendo ao longo do plano na direção x. O plano inclinado permite que um trabalho seja
realizado aplicando uma força menor, isso acontece pois há a distribuição da força peso.
Nesse tipo de movimento ocorre um Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)
ao longo do eixo x. Em casos que a força de atrito atua é necessário considerar o coeficiente
de atrito.

Figura 2. Movimento no plano inclinado


Fonte: ResearchGate (2011)

Tabela 2. Fórmulas para movimento no plano inclinado

Horizontal (eixo x) Vertical (eixo y)


𝛴𝐹𝑥 = 𝑚 ⋅ 𝑎𝑥 𝛴𝐹𝑦 = 0
𝑎𝑥 = sin 𝜃 ⋅ 𝑔 𝐹𝑁 = 𝑃 ⋅ 𝑐𝑜𝑠 𝜃

Neste tópico, foram abordados o movimento parabólico e o movimento no plano


inclinado, diante disso, o objetivo deste trabalho consiste em demostrar o estudo das forças
que atuam no sistema, determinar a velocidade e altura máxima do objeto sobe ação da
gravidade quando lançado de um ângulo de 45°, além disso, determinar aceleração do objeto e
o valor da força normal atuante no movimento inclinado.
Metodologia ou Materiais e Métodos

Os materiais necessários para a realização do primeiro experimento (movimento parabólico)


são:

➢ Um disparador
➢ Uma esfera de Lançamento
➢ Um sistema de fixação com manípulo
➢ Uma mesa desativadora em aço com
➢ Um suporte auxiliar
➢ Um tripé delta com sapatas niveladoras e haste
➢ Uma régua na vertical
➢ Um multicronômetro com tratamento de dados, rolagem, 5 entradas
➢ Uma fonte de alimentação
➢ Dois sensores fotoelétricos miniDIN
➢ Dois cabos miniDIN-miniDIN
➢ Papel carbono e papel branco

Procedimento experimental:

O primeiro experimento foi dividido em algumas etapas. A primeira etapa foi ajustar o
disparador com um ângulo de inclinação de 45°, na sequência a posição inicial 𝑥0 foi marcada
no disparador. Tanto a mesa desativadora como o disparador foram posicionados numa
posição para que o lançamento realizado não caísse fora do alvo, logo depois uma esfera de
lançamento foi colocada no disparador, o disparador foi engatilhado e em seguida foi
disparado. Verificou-se o local de impacto que tinha uma folha de seda carbono com uma
folha em branco A4 para marcar a posição, com o auxílio de uma caneta a posição foi
marcada, com o uso de uma régua e uma trena, a distância no eixo x foi medida, o
experimento foi realizado três vezes e com base nisso, essas três distâncias foram medidas e
feito uma média. Nos equipamentos havia um multicronômetro e um sensor fotoelétrico que
media o tempo que a esfera saia da posição inicial 𝑥0 até a posição final 𝑥, verificou-se os três
tempos dos três lançamentos e com os resultados obtidos foi feita uma média do tempo.
Materiais necessários para a realização do segundo experimento (movimento no plano
inclinado) são:
➢ Um plano inclinado com ajuste angular regulável
➢ Duas massas acopláveis de 50 g
➢ Um carrinho com conexão para dinamômetro
➢ Um dinamômetro

Procedimento experimental:

O segundo Experimento foi dividido em quatro etapas. A primeira etapa foi


determinar o peso do conjunto (carrinho mais as duas massas de 50g), utilizou-se o
dinamômetro para achar a massa total do sistema, o equipamento suportava até 2 N de força,
em seguida, o plano foi inclinado com um ângulo de 30º com a horizontal, logo depois
verificou-se se o dinamômetro estava zerado, em seguida o carrinho com as duas massas de
50g foram presas a uma das extremidades do dinamômetro.

Resultados e Discussão

Na Tabela 3, foram apresentados o tempo, a distância e a média, respectivamente, a


partir de três testes realizados.

Tabela 3. Tempo de teste, distância e médias do movimento parabólico

Teste Tempo (s) Distância (m)


1 00,56515 s 1,35 m
2 00,58000 s 1,34 m
3 00,57420 s 1, 40 m
Média 0,57311 s 1,36 m

Os resultados obtidos durante o experimento são mostrados na tabela 3, porém, por se


tratar de um sistema experimental e não de um sistema ideal, algumas mudanças aconteceram,
visto que, no sistema não ideal é esperado que algumas interferências do meio externo
acarretem em pequenas diferenças de resultados do sistema ideal. De acordo as equações da
cinemática foram possíveis determinar a velocidade inicial 𝑣0 da esfera de lançamento e
altura máxima 𝑦máx que a esfera alcançou na direção vertical. Para a velocidade inicial 𝑣0 a
equação utilizada foi a seguinte

𝑥 = 𝑥0 + (𝑣0 cos 𝜃) ⋅ 𝑡 𝐸𝑞. (1)

e para determinar a altura máxima da esfera foi utilizada a seguinte equação:

1
𝑦 = 𝑦0 + (𝑣0 sin 𝜃)𝑡 − 2 𝑔𝑡 2 𝐸𝑞. (2)

como a posição inicial 𝑥0 dá esfera era 0, então a Eq. (1) se tornou:

𝑥
𝑣0 = 𝐸𝑞. (3)
𝑡 cos 𝜃

com a média dos valores obtidos da tabela 3 foi possível determinar 𝑣0 , assim, a média do
tempo e da distância foi substituída na Eq. (3).

1,36 𝑚
𝑣0 =
0,57311 s ⋅ cos 45°

𝑣0 = 3,35 𝑚/𝑠.

Depois de encontrada a velocidade inicial 𝑣0 foi determinada a altura máxima 𝑦, para


isso a Eq. (2) foi utilizada, é importante ressaltar que a altura máxima no movimento
parabólico é no t/2 e a componente vertical da velocidade se anular, ou seja, corresponde à
metade do alcance realizado, assim, substituindo os valores da tabela 3 e a velocidade inicial
𝑣0 encontrada na Eq. (2), temos:

0,57311 s 1 0,57311 s 2
𝑦 = (3,35 𝑚/𝑠 ⋅ sin 45) ⋅ ⋅ ⋅ 9,8 m/s² ⋅ ( )
2 2 2

𝑦 = 0,276 𝑚.
Logo, os valores obtidos para a velocidade inicial 𝑣0 e a altura máxima 𝑦 são 3,35 m/s e 0,276
m, respectivamente.
A tabela 4, apresenta dados do experimento movimento no plano inclinado.

Tabela. 4 Ângulo do plano e Peso do conjunto (carrinho + duas massas de 50g)

Ângulo de inclinação Peso do objeto


30° 1,6 N

O ângulo de inclinação apresentado na tabela 4 foi um dado proposto pela professora e


o peso do objeto foi encontrado durante o experimento com auxílio do dinamômetro.
Considerando uma situação ideal, ou seja, desprezado a força de atrito que atua no sistema,
foi possível determinar a aceleração na direção do plano inclinado. Para isso, a segunda lei de
Newton foi utilizada.
𝐹𝑅 = 𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑞. 4

Durante o experimento é possível observar que a força peso atua nas direções (x, y),
assim, pela decomposição da força peso temos:

𝑃𝑥 = 𝑃 ⋅ sin 𝜃 𝐸𝑞. 5
e
𝑃𝑦 = 𝑃 ⋅ cos 𝜃 𝐸𝑞. 6

Através da Figura 3 é possível observar que na direção y a componente da força peso


se anula com a força Normal, dessa forma, apenas a componente da força peso na direção x
atuou. Assim substituindo (𝐸𝑞. 5) em (𝐸𝑞. 4), temos:

Figura 3. Forças atuantes


Fonte: figura do autor
𝑃𝑥 = 𝑚𝑎𝑥

𝑃 ⋅ sin 𝜃 = 𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑞. 7


Como
𝑃 =𝑚⋅𝑔 𝐸𝑞. 8
Assim;
𝑚 ⋅ 𝑔 ⋅ sin 𝜃 = 𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑞. 9

Logo, a massa do objeto é a mesma em ambos os lados da equação, assim:

𝑎 = 𝑔 sin 𝜃 𝐸𝑞. 10

Substituindo o valor da gravidade (9,81m/s²) e o ângulo 𝜃 = 30° na 𝐸𝑞. 10, temos

𝑎 = 9,81 m/s² ⋅ 𝑠𝑖𝑛30°

𝑎 = 4,9 𝑚/𝑠²

Portanto, notou-se que a aceleração corresponde à metade da gravidade.

Conclusões

Diante dos experimentos movimento parabólico e movimento no plano inclinado, foi


possível perceber a influência da força gravitacional sobre um corpo de massa m, e dessa
forma, reconhecer e determinar todas as forças que atuam no sistema em cada situação.
No movimento parabólico, foi possível perceber que o vetor velocidade atua nas
direções x e y, também se observou o princípio da conservação de energia, ou seja, a energia
potencial gravitacional se transforma em energia cinética ao longo da trajetória.
No experimento movimento no plano inclinado, foi constatado que ao inclinar 30° o
plano, o carrinho com as duas massas de 50g tendem a descer. A força Normal e a força Peso
não têm a mesma direção, pois a força peso é causada pela aceleração da gravidade e a força
Normal é uma força de reação do plano com o objeto. A aceleração não depende da massa do
corpo, mas somente da gravidade e do ângulo de inclinação.
Diante dos dados obtidos nos experimentos, constatou-se que os valores estavam
dentro do esperado na teoria, apesar de algumas imprecisões que são compreensíveis já que
não se trata de um meio ideal.

Referências Bibliográficas

GONÇALVES, André Gustavo de Oliveira. O movimento parabólico de projéteis: alcance e


parábola de segurança. 2012. 43 f. Monografia (Trabalho de conclusão do curso de Graduação em
Física) - Instituto de Física, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

LARANJEIRAS, Forças envolvidas na interação entre um corpo cúbico e um plano inclinado


sem atrito. Disponível em: -Forças envolvidas na interação entre um corpo cúbico e um plano... |
Download Scientific Diagram (researchgate.net). Acesso em: 02 maio. 2022.

ROA, Carlos Roberto. Lançamento Oblíquo com Excel. Disponível em:


http://academicosdoexcel.com.br/2017/06/01/lancamento-obliquo-com-excel/ Acesso em: 02 maio.
2022.

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER, J. Fundamentos da Física. 10. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos Cientifico, 2016. v1.

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