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DES.O
Departamento de Ensaios e Suporte à Manutenção
Rua Carmo do Rio Claro, 80 - Bairro Furnas
São José da Barra – MG
CEP 37.945-000
Fone: +55 35 3523-5802
Curso de
Termografia Infravermelha
2023
Termografia Infravermelha
Revisão 05 março 22 Adequação a novas normas da ABNT e novo MTC de inspeção em subestações
Atualização de nomes de órgãos de FURNAS e imagens em geral,
Revisão 06 maio 22
reorganização de capítulos
Atualização de imagens em geral, reorganização de capítulos, reavaliação do
Revisão 07 novembro 22
conteúdo
EXPEDIENTE EDITORIAL
Autores
Marcelo de Oliveira Morais Filho
Marcelo Krauss Morais
Rodolfo Vieira da Silva
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Termografia Infravermelha
Além disso, tem marcante atuação em atividades de mecânica pesada e de precisão, possuindo
ampla e completa Oficina Eletromecânica, com grande acervo de máquinas operatrizes,
equipamentos metrológicos, instalações para ensaios e calibrações em equipamentos de alta
pressão, além de domínio de diversos métodos de ensaios não destrutivos.
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Termografia Infravermelha
Sumário
1 OBJETIVOS DO CURSO 6
1.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA, PREVENTIVA E PREDITIVA 6
2 INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 8
2.1 DEFINIÇÃO DE TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 8
2.2 A IMPORTÂNCIA DA TEMPERATURA 9
2.3 ESCOLHA DO MÉTODO PARA MEDIÇÕES DE TEMPERATURA 10
2.4 COMO FUNCIONA A TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 11
2.5 UMA IMAGEM TÉRMICA (TERMOGRAMA) 12
2.6 O QUE FAZ A TERMOGRAFIA TÃO ÚTIL? 13
2.7 TERMOGRAFIA X VISÃO NOTURNA 14
2.8 EVOLUÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE TERMOGRAFIA 15
2.9 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA TERMOGRAFIA 17
2.10 BENEFÍCIOS DA TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 18
2.11 UTILIZAÇÃO E APLICAÇÕES DA TERMOGRAFIA 18
QUESTIONÁRIO: 23
3 TRANSFERÊNCIA DE CALOR 25
3.1 CALOR 25
3.2 TEMPERATURA 26
3.3 ESCALAS DE TEMPERATURA 27
3.4 MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 30
QUESTIONÁRIO: 35
4 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 37
4.1 DECOMPOSIÇÃO DA LUZ 37
4.2 O INFRAVERMELHO 37
4.3 OSCILAÇÃO ELETROMAGNÉTICA E ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO 38
QUESTIONÁRIO: 40
5 FUNDAMENTOS DA RADIAÇÃO INFRAVERMELHA 41
5.1 TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 41
5.2 TRANSMITÂNCIA ATMOSFÉRICA 42
5.3 LEIS DA RADIAÇÃO INFRAVERMELHA 43
5.4 CORPO NEGRO 46
5.5 ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO DE RADIAÇÃO 47
5.6 EMISSIVIDADE 50
5.7 CAVIDADES 52
5.8 DETECÇÃO DE GASES 54
QUESTIONÁRIO: 57
6 FATORES QUE INFLUENCIAM NA LEITURA DE TEMPERATURA COM TERMOVISORES 59
6.1 EMISSIVIDADE 60
6.2 CORRENTE DE CARGA 61
6.3 VENTO 63
6.4 RESFRIAMENTO 65
6.5 TEMPERATURA AMBIENTE 65
6.6 RADIAÇÃO SOLAR 66
6.7 TRANSMITÂNCIA ATMOSFÉRICA (UMIDADE, NÉVOA, NEVOEIRO E CHUVA) 68
6.8 DISTÂNCIA 69
6.9 RESOLUÇÃO ESPACIAL 69
6.10 ÂNGULO DE INCIDÊNCIA 74
6.11 SENSIBILIDADE TÉRMICA 75
6.12 INFLUÊNCIAS DE QUALIFICAÇÃO PESSOAL 75
QUESTIONÁRIO: 77
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Termografia Infravermelha
12 APÊNDICE 108
A. VALORES TÍPICOS DE EMISSIVIDADE 108
B. TERMOVISORES X DISTÂNCIAS DE MEDIÇÃO 110
C. NORMAS VIGENTES ACERCA DA TERMOGRAFIA 111
D. CERTIFICAÇÃO EM TERMOGRAFIA 112
E. MEDIÇÃO DE IMPORTANTES PARÂMETROS DA RADIAÇÃO 114
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 120
AGENDA
Dia 01 Capítulos 1 a 3
Dia 02 Capítulos 4 a 6
Dia 03 Revisão, Capítulos 7 a 11
Dia 04 Capítulos 14
Dia 05 Capítulo 14, Revisão, Prova
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Termografia Infravermelha
1 Objetivos do Curso
Na manutenção corretiva, as intervenções não são periódicas. Variam em função dos danos
que eventualmente poderão ocorrer. A mesma possui suas causas em falhas e erros, que
equipamentos dispõem nesta instância, trata da correção dos danos atuais e não iminentes.
Manutenção Preditiva
Em sistemas elétricos, nesse tipo de manutenção, falhas podem ser encontradas e corrigidas
em seus estágios iniciais, antes que se tornem falhas potenciais capazes de provocar a
interrupção dos serviços.
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Termografia Infravermelha
Com ela é possível reduzir custos e o tempo de intervenção através do conhecimento prévio
dos defeitos a serem corrigidos e aumentar a disponibilidade dos equipamentos.
Em resumo, certos parâmetros dos componentes devem ser monitorados para identificar o
início da falha e corrigi-la.
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Termografia Infravermelha
O que é termografia e como podemos usá-la? Neste capítulo faremos uma introdução sobre
essa tecnologia e algumas aplicações possíveis.
A termografia tem provado ser uma poderosa ferramenta para aumentar a confiabilidade do
sistema elétrico, evitando falhas inesperadas e indisponibilidade do sistema. Em consequência,
recursos financeiros são economizados, tempo de reparos reduzidos, trocas de equipamentos e
interrupções do fornecimento de energia evitados.
Mas para isso ser realidade, as equipes selecionadas para trabalharem nesta área devem estar
em contínuo treinamento e em contato permanente com outros técnicos para discutirem
novos procedimentos e novas tecnologias e com isso aumentarem suas habilidades.
Método de medição de temperatura sem contato físico, que possibilita a formação de imagens
térmicas ou termogramas de um componente, equipamento ou processo, a partir da radiação
infravermelha emitida pelos objetos
[ABNT – NBR 15424 (2022) – Ensaios não destrutivos – Termografia – Terminologia]
Termografia é derivado de duas palavras gregas: Thérmē, que significa calor e Grafhos que
significa escrita ou desenho. Podemos entender essa definição como sendo um Mapa Térmico.
Termografia significa “escrever com calor”, exatamente como a fotografia significa “escrever
com luz”. A figura que é gerada é chamada termograma ou imagem térmica.
Infravermelha é o que a faz ser sem contato. Há outros métodos de criar uma imagem térmica
por contato, mas esse não é o nosso objetivo nesse curso.
Quando colocamos um filme termosensível sobre uma superfície e ele muda de cor em função
da temperatura desta superfície, podemos dizer que estamos fazendo termografia, ou mais
especificamente: termografia por contato
Nesta apostila, quando for usado o termo “termografia”, estaremos nos referindo à termografia
infravermelha (sem contato), que será o nosso objeto de estudo.
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Termografia Infravermelha
Em nosso caso, precisamos saber como obter imagens térmicas e analisá-los. Isso inclui a
operação do instrumento e a compreensão do calor, temperatura, transferência de calor, além
da compreensão dos fenômenos eletromagnéticos que envolvem o método.
A figura a seguir mostra uma imagem térmica obtida por uma câmera infravermelha, a partir de
um objeto.
Figura 2: Termovisor captando a radiação IV emitida pelo objeto e transformando-a numa imagem térmica
A temperatura está entre as variáveis mais medidas no mundo, assim como o tempo e a
distância.
Se nós temos um desvio na temperatura normal do nosso corpo, mesmo que insignificante, nos
sentimos doentes. Se assarmos um bolo em uma temperatura muito alta, ele terá um gosto
ruim. Esses são dois exemplos diários.
Num processo de fundição, mudamos temperatura do material até ele se fundir, se formar de
novo e então mudar a temperatura de volta para onde ele fique sólido de novo e então se
tornar uma peça como desejamos.
Tendo controle sobre a temperatura, podemos obter alta qualidade, melhor segurança e
economia de dinheiro nos processos que utilizamos diariamente.
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Termografia Infravermelha
Termômetro
T.L.V. digital
Termômetro de Líquido (termopar)
em Vidro
Termopar
Termômetro
digital
(termopar)
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Termografia Infravermelha
Capilar de
Óleo ou Gás
Termo resistência
de Platina
(PT-100)
Termovisor
Termômetro de
Infravermelho
Para sistemas elétricos, a Termografia Infravermelha foi escolhida como a técnica mais
apropriada, pois proporciona:
Todo objeto emite radiação térmica, mesmo objetos com temperaturas muito baixas,
como o gelo
A radiação térmica emitida pelo objeto é maior, quanto maior for sua temperatura
Outro fato importante é que a radiação térmica, na maioria dos casos, é emitida apenas na
faixa do infravermelho do espectro, radiação que é invisível ao olho humano.
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Termografia Infravermelha
Assim sendo, a termografia se aproveita destes fenômenos físicos para detectar, através de
uma câmera termográfica ou termovisor, a radiação infravermelha proveniente dos objetos e
convertê-la em imagens coloridas ou com diferentes tons de cinza, as quais chamamos de
termogramas. Através dos termogramas é possível analisar a distribuição térmica de uma
determinada superfície e até mesmo medir sua temperatura, sem nenhum contato físico.
As áreas escuras, na figura 5, geralmente são aquelas que emitem menos radiação térmica, por
consequência estão mais frias. As áreas mais brilhantes significam o oposto – mais radiação, e
possivelmente uma área mais quente.
Um termograma pode nos fornecer muito mais informações do que uma simples imagem
visível. Analisando os termogramas é possível determinar a distribuição térmica de uma
superfície e realizar medidas de temperatura.
A imagem da caminhonete nos sugere que as partes mais claras dos automóveis estão ligadas
ou foram recentemente desligadas. Podemos detectar isso pelas cores mais claras na região do
motor, do radiador e das rodas, dando a impressão de que elas estavam em uso há pouco
tempo.
No caso da imagem do Fusca, ela pode nos sugerir que algumas partes foram aquecidas pelo
sol. Uma das poucas coisas que não podemos detectar nessa imagem é a cor visual do carro!
Nos termogramas da Figura 5, as diferentes cores indicam diferentes intensidades de radiação
emitida pela superfície em análise. Essa intensidade de radiação é convertida em valores de
temperatura por um algoritmo interno do termovisor. Consequentemente, em qualquer ponto
do termograma é possível obter a respectiva temperatura da superfície analisada.
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Termografia Infravermelha
Há três coisas que faz a Termografia ser uma técnica diferenciada e tão útil no dia a dia.
Primeiramente, isso mantém o termografista fora de perigo. Um exemplo onde isso se torna
importante são as aplicações em manutenções elétricas. Componentes energizados
simplesmente não podem ser tocados. E se eles não estão sendo percorridos por corrente
elétrica, não há elevação de temperatura a ser medida. A distância e acessibilidade são outro
problema que temos que dominar, bem como medições em alvos em rotação ou movimento.
Em segundo lugar, termografia é uma técnica não intrusiva e que não afeta as características do
alvo a ser medido. Apenas é captada a radiação naturalmente emitida que vem dele, quer
olhemos pra ela ou não. Isso é uma importante condição para várias aplicações.
2 - Ela é bidimensional
Pode-se comparar áreas diferentes do alvo a ser medido: medindo temperatura em dois ou
mais pontos na mesma imagem ao mesmo tempo e compará-los.
A imagem possibilita uma excelente visão geral do alvo. Com uma imagem, pode-se localizar
onde estão os problemas, ou ver quais os pontos de especial interesse. Não se necessita saber
antecipadamente e exatamente onde a medição deve ser feita, pode-se decidir isso
posteriormente usando a imagem.
A análise de padrões térmicos não pode ser realizada sem uma imagem. A termografia
visualiza um padrão térmico, e então a análise pode ser feita posteriormente.
Imagens em tempo real nos permitem a rápida visualização do comportamento ponto a ponto
de um alvo estacionário. Imagine se um filme fotográfico fosse usado em termografia e
tivéssemos que esperar ele ser revelado para vermos o resultado. Várias situações poderiam vir
a ser descobertas tarde demais.
Com a evolução e sofisticação dos instrumentos disponíveis atualmente, mesmo alvos muito
rápidos e ou em movimento podem ser capturados e analisadas pelos seus padrões de
temperatura.
Medição de temperatura por contato sempre terá resposta mais retardada. A característica de
medição em tempo real da termografia infravermelha leva-nos a capturar rápidas mudanças de
padrões térmicos, sem alterar a forma de como essas mudanças acontecem.
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Termografia Infravermelha
Você precisa estar apto a analisar a imagem e entender as consequências do que você vê. Isso
significa compreender os seguintes conceitos:
Termografia
Infravermelha
Rotinas de
Ciência Térmica Ciência da Aplicações Análise Técnica Manipulação da Inspeções e
Radiação Câmera Relatórios
Nesta apostila, abordaremos as áreas descritas na figura acima, algumas mais profundamente
que outras. Com o campo de trabalho e experiência, você irá aprender cada vez mais.
Visão noturna: usamos aparelhos que precisam de uma fonte de luz visível para enxergar no
escuro.
Termografia: usamos os aparelhos para enxergar no escuro sem necessidade de fonte de luz
visível, detectar anomalias térmicas e medir temperaturas.
Na visão noturna, o objetivo é detectar e identificar alvos ou objetos. Para isso podemos utilizar
um termovisor, uma vez que a radiação infravermelha não requer absolutamente nenhuma luz
visível e nem depende da hora do dia ou noite para ser transformada em imagem pelo
instrumento.
Outra forma de visão noturna são as câmeras IR que trabalham com Infravermelho próximo,
como as câmeras de segurança. Essas câmeras possuem diodos LED que iluminam o cenário
com luz IR (que não podemos ver), e a câmera capta essa radiação.
Pode-se também enxergar à noite utilizando óculos, lentes ou equipamentos de visão noturna1.
Esses equipamentos trabalham amplificando pequenas quantidades de luz visível (e às vezes luz
infravermelha) milhares de vezes, fazendo com que essa pequena quantidade de luz ilumine o
cenário que se deseja ver. Assim os objetos podem ser vistos à noite. Esses equipamentos
1
Esses equipamentos são comercialmente denominados por EVN (Equipamentos de Visão Noturna), ou NVG
(Night Vision Goggles).
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Termografia Infravermelha
funcionam apenas se há alguma luz presente como luz da lua ou das estrelas iluminando o
local.
Figura 7: Imagem captada por um equipamento de visão noturna (esquerda) e por termovisor (direita)
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Termografia Infravermelha
termovisor levava 45 minutos para criar uma imagem e só em meados da década de 60 é que
foi lançado o primeiro termovisor de tempo real, capaz de produzir 20 imagens por segundo.
Nesta ocasião se iniciou a comercialização de termovisores.
Rápidos avanços na tecnologia foram observados de 1970 até os nossos dias. Detectores de
resfriamento criogênico evoluíram para resfriados eletricamente e, em seguida, para
detectores construídos por circuitos integrados sem resfriamento.
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Termografia Infravermelha
Atualmente os termovisores são portáteis, têm alta resolução, podem ser conectados ao
computador, inclusive por wireless, além de outros recursos. Possuem, também, softwares para
análise das imagens, facilitando ainda mais a aplicação da termografia em sistemas elétricos.
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Termografia Infravermelha
Essa apostila não pretende primariamente ser um manual de aplicações e sim ser um manual
para aprender termografia em geral. Mas isso não significa que não iremos aprender aplicações
ou iremos evitá-las!
Você verá abundantes e amplos exemplos do mundo real do início ao fim dessa apostila,
especialmente das mais comuns aplicações de monitoramento de condições como elétricas,
construções e processos.
Devido às diversas vantagens citadas, a termografia se tornou uma tecnologia utilizada nas
mais diferentes atividades humanas, tanto em aplicações militares, como civis.
Por ser uma técnica que não necessita de contato físico e permite observações à distância, a
termografia vem sendo utilizada em diversas áreas, das quais algumas serão listadas a seguir.
Qualquer objeto que tenha temperatura acima do zero absoluto (-273,15 °C ou -459,67 °F ou 0
K) irradia energia no espectro infravermelho, mesmo objetos que achamos estarem muito frios,
como um cubo de gelo.
A radiação térmica é sempre emitida por uma superfície, mas com algum conhecimento
aprofundado e experiência, pode-se atualmente localizar falhas até mesmo abaixo de uma
superfície.
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Termografia Infravermelha
Caldeiras, estufas
Análise e monitoramento de engrenagens e redutores
Níveis de fluidos em tanques, tubulações em geral
Avaliação de equipamentos e sistemas de aquecimento e ar condicionado
Detecção de frestas em isoladores de equipamentos de refrigeração
Monitoração de fluxo de resfriamento de radiadores e trocadores de calor
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Termografia Infravermelha
Figura 13: Sistema de polias desalinhado e monitoramento de isolação térmica em uma estufa
Figura 14: Sistema de excitação com problema de mancal, um trocador de calor, e nível de óleo em bucha
2.11.3 Médicas
A utilização da termografia na medicina se deve ao fato de que o corpo humano possui uma
distribuição térmica que é alterada quando existem problemas de aumento ou diminuição de
irrigação de tecidos pelo sangue. Com a termografia é possível realizar essa análise, de modo
não invasivo (sem contato), dinâmico (o corpo pode ser analisado em movimento), sem dor e
sem exposição a radiações prejudiciais ao ser humano.
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Termografia Infravermelha
A termografia tem grande aplicação militar, como por exemplo: a possibilidade da visão
noturna, patrulhamento, navegação aérea e terrestre, construção de mísseis guiados pelo
calor, mapeamento térmico de áreas e alvos, camuflagem infravermelha.
Ainda dentro da área militar, a termografia pode ser utilizada por bombeiros em apoio ao
combate de incêndios e ao resgate de pessoas. Além de detectar as regiões de mais alta
temperatura, a termografia possibilita ver através da fumaça.
2.11.5 Astronomia
Figura 18: Júpiter - Telescópio James Webb Figura 19: Saturno - Telescópio James Webb
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Termografia Infravermelha
Construção Civil
• Isolamento térmico
• Cura de concreto
• Estruturas, pilares, lajes
• Infiltrações etc.
Equipamento Eletrônico
• Avaliação de problemas em placas de circuito impresso
• Detecção de aquecimento por RF em antenas, guias de onda, cabeamento e
projetos de estruturas.
Aplicações Aeroespaciais
• Penetração de água na carcaça de aeronaves
• Diagnósticos em pneus e sistema de freios
• Identificação e localização de corrosão e rachaduras.
Biologia e Veterinária
• Odontologia, disfunções na mandíbula de animais
• Avaliação de danos decorrentes do esporte bem como o progresso da terapia
• Exames de danos a equinos, fraturas, manqueira.
Aplicações Diversas
• Busca, localização de pessoas perdidas e resgate
• Localização de pessoas em prédios em chamas e navegação através da fumaça
• Erupções vulcânicas
• Apoio aos profissionais em restauração de obras de arte.
Detecção de gases
• Ver capítulo 5.8
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Termografia Infravermelha
Questionário:
Questão 01
Em que princípio se baseia a termografia infravermelha?
a) Os objetos mais quentes emitem radiação infravermelha
b) Todos objetos emitem radiação em função de sua temperatura
c) Todos objetos refletem radiação em função de sua temperatura
d) Todos objetos emitem radiação em função de sua massa
Questão 02
Das opções abaixo, qual não se aplica à termografia?
a) Capaz de medir temperatura sem a necessidade de contato físico
b) Capaz de realizar a inspeção de equipamentos em operação
c) Possui uma resposta de medição rápida
d) Capaz de medir temperatura através de metais e isolantes
Questão 03
O que é um termograma?
a) Uma imagem obtida a partir da radiação infravermelha proveniente dos objetos acima do
zero absoluto
b) Uma imagem obtida a partir da cor dos objetos
c) Uma imagem obtida somente a partir da radiação infravermelha de objetos aquecidos
d) Nenhuma das opções acima
Questão 04
Em quais aplicações abaixo é possível utilizar a termografia?
a) Sobreaquecimentos em sistemas elétricos e mecânicos
b) Visão noturna na área militar
c) Visualização de regiões doloridas do corpo humano, na área médica
d) Todas as opções acima
Questão 05
Resumidamente explique como ocorre o processo de detecção, processamento e criação de um
termograma
Questão 06
Que métodos de medição podemos usar para medir temperatura de um objeto?
Cite exemplos de instrumentos usados nesses métodos.
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Termografia Infravermelha
Questão 07
Descreva a diferença entre termografia e visão noturna
Questão 08
Marque a alternativa correspondente à definição correta de termografia infravermelha
a) Técnica de formação de imagens a partir da luz visível
b) Método de ensaio não destrutivo, que possibilita formação de imagens a partir da radiação
infravermelha emitida pelos objetos com temperatura acima do zero absoluto, com
possibilidade de medição de temperatura.
c) Técnica de formação de imagens baseada na troca de calor por contato
d) Nenhuma as opções acima
Questão 09
Cite 3 fatores que faz a Termografia ser uma técnica tão útil.
Questão 10
Cite 6 exemplos de aplicações para a termografia infravermelha
Questão 11
Cite 5 aplicações da termografia no setor elétrico
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Termografia Infravermelha
3 Transferência de Calor
Uma vez que a termografia é utilizada em sistemas elétricos para analisar a distribuição térmica
e medir temperaturas de equipamentos e conexões através da detecção da radiação
infravermelha, é importante a revisão dos conceitos de calor, temperatura e dos modos de
transferência de calor, com uma ênfase para radiação, que é a base para o entendimento da
termografia.
3.1 Calor
Calor é a transferência de energia de uma região para outra, como resultado de uma diferença
de temperatura entre elas. Essa energia se origina da agitação das moléculas das quais a
matéria é constituída e sua transferência se processa da região mais quente para a mais fria. O
calor é, portanto, um fenômeno transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença
de temperatura. A essa condição, damos o nome de equilíbrio térmico.
Calor: Símbolo: Q
Unidade: Joule (J), Caloria (cal)
80 oC 30 oC
Como outros tipos e energia, o calor não pode ser criado ou destruído. Entretanto, ele pode ser
convertido em outras formas de energia, como por exemplo, energia elétrica e energia cinética.
Todo corpo tem certa quantidade de energia interna que está relacionada ao movimento
contínuo de seus átomos ou moléculas e às forças interativas entre essas partículas. Os sólidos,
líquidos ou gases apresentam constante movimento (vibrações, translações e rotações) em
suas partículas. A soma dessas vibrações de um corpo constitui a energia térmica do mesmo.
Esta energia interna é diretamente proporcional à temperatura do objeto.
Quando dois corpos ou fluidos em diferentes temperaturas entram em interação (por contato,
ou radiação), eles trocam energia interna até a temperatura ser equalizada. A quantidade de
energia transferida enquanto houver diferença de temperatura é a quantidade Q de calor
trocado, se o sistema se encontrar isolado de outras formas de transferência de energia.
50 oC 50 oC
25
Termografia Infravermelha
3.2 Temperatura
Se dois objetos estão em equilíbrio térmico com um terceiro objeto, então eles estão em
equilíbrio térmico um com o outro.
Todos nós temos uma noção intuitiva do que é a temperatura de um objeto (mesmo que nossa
noção não seja a fisicamente correta). No dia a dia, utilizamos a expressão “frio” para se referir
a um objeto que está a uma temperatura mais baixa do que outro. Utilizamos também a
expressão “quente” para se referir a objeto a uma temperatura alta.
Na realidade, frio não está relacionado à temperatura e sim a transferência de calor. Esta
expressão indica apenas que um objeto (ou seu corpo, que é quem na realidade sofre a
sensação) perde calor a uma taxa rápida. Temperatura mede o grau de agitação das moléculas
e átomos (ou a energia interna) de sólidos, líquidos e gases.
Além disso, dizer simplesmente se um objeto está frio ou quente, não seria uma boa maneira
de se referir à temperatura de um objeto, pois quão frio ou quão quente pode este objeto
estar? Por exemplo: “quão mais frio” é o ambiente em uma noite de neve comparado com o
ambiente de uma noite de chuva? “Quanto mais quente” é o interior de um vulcão comparado
com o interior de um forno doméstico?
Temperatura é a medida da média da energia cinética (agitação) das partículas que compõem
uma substância ou objeto.
Temperatura x Calor
Às vezes chegamos a pensar que temperatura e calor são a mesma coisa, pois estão
intimamente relacionadas entre si. A figura a seguir exemplifica a diferença.
26
Termografia Infravermelha
No século XVIII havia cerca de 27 escalas de temperatura em uso na Europa. Hoje esse número
caiu e os mais usuais são as escalas Fahrenheit, Celsius e Kelvin, sendo esta última a unidade
padrão no SI.
A escala Celsius foi construída em 1742 por Andes Celsius (1701-1744), onde ele adotou que o
ponto de fusão da água seria 0,01 e o ponto de ebulição seria 100, e o intervalo entre esses
dois valores seria dividido em cem partes iguais e cada parte dessa escala se denomina grau
Celsius (°C).
Esses valores são referentes a medições realizadas à pressão atmosférica ao nível do mar. Desta
forma, se um objeto está a uma temperatura maior do que do gelo em fusão e menor do que a
da água em ebulição, o termômetro indica um valor maior do que 0 °C e menor do que 100 °C.
A importância da escala é fornecer valores padrões para se comparar e quantificar a
temperatura de objetos.
A escala Fahrenheit foi construída em 1727 por Daniel G. Fahrenheit (1686-1736). Para
determinar um ponto fixo, Fahrenheit baseou-se em uma mistura de água, sal, amônia e gelo,
atribuindo valor 0, e para o segundo ponto ele tomou como base a temperatura do corpo
humano, atribuindo valor 100. Assim nasceu a escala Fahrenheit (°F).
3.3.3 Kelvin
A unidade de medida Kelvin foi adotada em 1848 por William Thomson, o Lorde Kelvin (1824-
1907). Thomson verificou que ao manter um gás a volume constante, a pressão do gás
diminuiria 1/273 do valor inicial se a temperatura caísse 1°C. A partir disso ele concluiu que se
diminuísse a temperatura 273,15°C a partir do 0°C, a pressão do gás seria zero. Então o 0K (zero
kelvin) corresponde a -273,15°C.
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Termografia Infravermelha
Em 20 de maio de 2019 entrou em vigor uma mudança implementada pelo BIPM. Foram
redefinidas quatro unidades fundamentais, entre elas, o Kelvin, que é a unidade de
Temperatura Termodinâmica. Assim, o Kelvin deixou de ser referenciado na pressão de um gás
e passou a utilizar a constante de Boltzmann, “k”, cujo valor é 1,380649 x 10-23 JK-1. O efeito
desta definição é que um Kelvin é igual à variação de temperatura termodinâmica que resulta
em uma mudança de energia térmica k T por 1,380649 x 10-23 J (www.bipm.org).
Analisando a Figura 23 é possível notar que as escalas Celsius e Kelvin possuem 100 divisões
entre o ponto de fusão e ebulição da água e a escala Fahrenheit possui 180 divisões.
As escalas Celsius e Kelvin são correspondentes, sendo a primeira uma escala relativa, baseada
nos pontos fixos de fusão e ebulição da água e a segunda uma escala absoluta, baseada no zero
absoluto.
É muito importante observar que, por exemplo, 0 °C, 32 °F e 273 K se trata da mesma
temperatura, apenas expressados em escalas diferentes. Assim como 2,54 cm e 1 polegada se
trata do mesmo comprimento, apenas expressos em escalas diferentes. Caso semelhante
ocorre com 1 h e 60 min que são o mesmo intervalo de tempo em escalas distintas.
Zero absoluto é a temperatura na qual cessa todo o movimento das partículas de um objeto.
Corresponde à temperatura de -273,15 °C.
A escala Celsius, a mais utilizada na prática, tem unidade (tamanho de cada divisão da escala)
igual ao Kelvin, sendo denominada grau Celsius (°C). Porém, nessa escala adota-se a
temperatura de 0°C, como sendo a temperatura de fusão do gelo.
Como essas três escalas são bastante utilizadas, é preciso saber fazer uma conversão entre
essas escalas, ou seja, pegar uma temperatura na escala Celsius e passar para a escala Kelvin ou
Fahrenheit, ou vice-versa.
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Termografia Infravermelha
Para converter um valor de uma escaIa para outra, pode-se utilizar as equações a seguir:
F 32
Celsius para Fahrenheit: F 1,8.C 32 Fahrenheit para Celsius: C
1,8
2
Temperatura registrada em Greenland Ranch, Vale da Morte, Califórnia, Estados Unidos em 10 de julho de 1913.
3
Temperatura registrada em 21 de julho de 1983 na Estação Vostok, Antártica.
29
Termografia Infravermelha
A transferência de calor (ou calor) é a energia térmica em trânsito devido a uma diferença de
temperaturas no espaço. Sempre que existir uma diferença de temperaturas em um meio ou
entre meios, haverá necessariamente, transferência de calor.
3.4.1 Condução
A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma região
de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido, líquido
ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. Este mecanismo pode ser visualizado
como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas menos
energéticas de uma substância devido a interações entre elas. A fonte de calor excita
diretamente as partículas que transferem parte de sua energia a partículas vizinhas e essas por
sua vez transferem a outras partículas.
A quantidade de calor transferida de uma região para outra depende de fatores como:
Área e extensão sobre as quais o calor será transferido (A)
Diferença de temperatura (T1 - T2)
Condutividade térmica do material
30
Termografia Infravermelha
A equação que rege a transferência de calor por condução é conhecida como lei de Fourier.
Para uma parede plana, como mostrada na figura 25, a equação da taxa de transferência de
calor é expressa como:
. T T
Q k. 1 2
L
Onde:
Q - Calor transferido por unidade de tempo [W ou J / s ]
k - Condutividade térmica do material [W / (m.K )]
L - Comprimento do percurso da condução [ m]
T1 T2 - Diferença de temperatura entre as superfícies [ K ou C ]
A Figura 26 apresenta um exemplo de transferência de calor por condução, na qual uma chave
seccionadora com alta resistência de contato tem um aumento de temperatura no ponto T1
(onde ocorre a falha) e o calor se dissipa para áreas de menor temperatura T2.
31
Termografia Infravermelha
3.4.2 Convecção
A convecção pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida das porções
quentes para as porções frias de um fluido através da ação combinada de: condução de calor,
armazenamento de energia e movimento de mistura. Esse movimento se deve principalmente
devido a diferença de densidade dos fluidos, ou seja, a porção de fluido mais quente se torna
menos densa e tende a subir para a superfície. O fluido mais frio desse, ocupando o lugar do
quente ascendente, e uma circulação convectiva se estabelece.
É chamada convecção forçada, quando o escoamento é causado por meios externos, tais como
um ventilador, bomba ou ventos atmosféricos.
Onde:
Q - Calor transferido por unidade de tempo [W ou J / s ]
h - Coeficiente de transferência de calor por convecção [W / (m 2 .K )]
A - Área sobre a qual o calor é transferido [ m 2 ]
T1 T2 - Diferença de temperatura entre a superfície e o fluido [ K ou C ]
2
Processo Coeficiente (h) [W / ( m .K )]
Convecção Natural
Gases 2 – 25
Líquidos 50 – 1000
Convecção Forçada
Gases 25 – 250
Líquidos 100 – 20.000
32
Termografia Infravermelha
3.4.3 Radiação
A transferência de calor por radiação ocorre entre meios sólidos, líquidos e gasosos separados
no espaço, ainda que exista vácuo entre eles, como esquematizado na figura a seguir:
Calor (Q)
T1
T2
A energia assim transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas
eletromagnéticas que viajam na velocidade da luz.
33
Termografia Infravermelha
Para entender melhor como esse processo ocorre, é importante entender primeiro, o que são
ondas eletromagnéticas e como elas se comportam. Uma teoria mais detalhada sobre a
radiação eletromagnética será estudada no capítulo 5.
Todos os objetos acima do zero absoluto (0 K ou -273,15°C) emitem radiação térmica devido à
agitação térmica de átomos e moléculas dos quais são constituídos. Quanto maior essa
agitação, mais quente se encontra o objeto e mais radiação ele emite.
34
Termografia Infravermelha
Questionário:
Questão 01 (PUC-RS)
No inverno, usamos roupas de lã baseados no fato de a lã:
a) ser uma fonte de calor.
b) ser um bom absorvente de calor.
c) ser um bom condutor de calor.
d) impedir que o calor do corpo se propague para o meio exterior.
Questão 02
Determine o sentido de transferência de calor nos objetos a seguir:
Questão 03
Qual a definição de Calor?
Questão 04
Quais as formas de transferência de calor?
Questão 05
Descreva o processo de transferência de calor por radiação.
35
Termografia Infravermelha
Questão 06
A partir de que temperatura um corpo inicia o processo de emissão de radiação infravermelha?
Questão 07
A transferência de calor ocorre:
a) de uma região de baixa temperatura para uma região de alta temperatura.
b) entre objetos em equilíbrio térmico.
c) de uma região de alta temperatura para uma região de baixa temperatura.
d) todas as alternativas acima.
e) nenhuma das alternativas acima.
36
Termografia Infravermelha
Por volta de 1665, Isaac Newton (1643-1727), em uma de suas experiências, dispunha apenas
de alguns prismas, lentes e da luz do sol. Fazendo um pequeno furo em uma cortina obteve um
feixe estreito de luz que fez incidir sobre o prisma. A luz, depois de passar pelo prisma,
projetava sobre a parede oposta uma mancha alongada, com as cores distribuídas do vermelho
ao violeta.
Newton chegou à conclusão de que a luz branca do sol é composta de luzes de todas as cores
visíveis e o prisma simplesmente separa essas componentes. Com essas e outras observações,
Newton demonstrou que a luz branca do sol é uma mistura de luzes com as cores visíveis, as
quais ele denominou “espectro”.
4.2 O Infravermelho
37
Termografia Infravermelha
Hershel decidiu então, medir a temperatura além da região do vermelho (região escura) e para
sua surpresa encontrou a temperatura mais alta de todas.
Realizando outras experiências, Hershel descobriu que esta região do espectro que continuava
além do vermelho, obedecia às mesmas leis aplicadas à luz. Para esta região do espectro deu-se
o nome de “Infravermelho” (infra – abaixo, abaixo do vermelho).
Na segunda metade do século XIX, o físico inglês James Clerk Maxwell propôs ser a luz uma
radiação de natureza eletromagnética e demonstrou por equações a existência de outras ondas
de mesma natureza, demonstrou também que o espectro da luz visível observado por Newton
seria apenas uma pequena parte de um contínuo de radiações invisíveis muito mais amplo.
A distância entre duas cristas sucessivas define o comprimento da onda. Maxwell demonstrou
também que os campos elétricos e magnéticos se propagam na velocidade da luz.
Campo
Magnético
Comprimento de Onda - λ
Direção
Campo
Elétrico
Após a apresentação dos trabalhos de Maxwell, Heinrich Hertz mostrou que a relação entre o
comprimento de onda e a frequência de radiação é dada por:
v
l
f
Onde:
λ – comprimento de onda [m]
vl – velocidade da luz no vácuo 3.108 [m/s]
f – frequência [Hz]
38
Termografia Infravermelha
RADIAÇÃO IONIZANTE
Na Figura 34, tem-se o exemplo de uma coluna de isoladores de uma subestação observada
com um termovisor (que detecta IR), uma câmera de efeito corona (que detecta UV) e por
último, com uma câmera fotográfica (que detecta radiação visível).
O espectro infravermelho pode ainda ser dividido em sub-regiões. A ABNT4 divide o espectro
infravermelho de acordo com a Tabela 4, a seguir.
As faixas mais utilizadas pela termografia estão dentro do infravermelho de ondas médias (3
μm a 5 μm) e de ondas longas (8 μm a 14 μm), como mostra a Figura 35. A escolha dessas
faixas para a fabricação de termovisores está relacionada à baixa atenuação atmosférica nesses
comprimentos de onda. A transmitância atmosférica será discutida um pouco mais no Item 5.2.
4
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 15424 (2022) - Ensaios não destrutivos ― Termografia ―
Terminologia
39
Termografia Infravermelha
Questionário:
Questão 01
Qual o cientista foi responsável pela descoberta da radiação infravermelha?
a) Isaac Newton.
b) Marsilio Landriani.
c) John Herschel.
d) William Herschel.
Questão 02
A que velocidade se propagam as ondas eletromagnéticas no vácuo?
Questão 03
Uma estação de rádio transmite em FM a uma frequência de 100 MHz, qual o comprimento de
onda?
40
Termografia Infravermelha
Todos os meios (sólidos ou fluidos) emitem radiação continuamente, sendo que a quantidade
de radiação emitida é proporcional à temperatura do meio, ou seja, quanto mais alta sua
temperatura, mais radiação ele emitirá, embora a natureza e condição de sua superfície
também influenciam fortemente na quantidade de radiação emitida.
Na transferência de calor por radiação, bem como na condução e convecção, a energia térmica
é transferida da região de maior temperatura para a de menor temperatura, mas
diferentemente da condução e convecção, a radiação não requer nenhum meio material para
ocorrer, na verdade, a radiação eletromagnética se propaga ainda melhor no vácuo.
A radiação total emitida por uma superfície é dada pela lei de Stefan-Boltzmann:
M . . A.T 4
Onde:
M - Radiação total emitida por uma superfície [W ou J / s ]
- Emissividade da superfície do material [0 a 1]
- Constante de Stefan-Boltzmann 5, 67.108 [W / (m 2 .K 4 )]
A - Área da superfície emissora de radiação [ m 2 ]
T - Temperatura absoluta da superfície [ K ]
41
Termografia Infravermelha
A radiação infravermelha, emitida por um objeto sob análise, se propaga através da atmosfera
até chegar à câmera termográfica. Esse caminho percorrido é composto de vários gases e
aerossóis que formam a atmosfera terrestre e atuam sobre a radiação emitida, atenuando-a
até que ela alcance a câmera. Quanto maior a distância entre o objeto e a câmera, maior a
atenuação sofrida pela radiação emitida pelo objeto.
Os dois componentes da atmosfera que mais atenuam a radiação infravermelha são o vapor
d'água (H2O) e o dióxido de carbono (CO2), porém, existem faixas, chamadas de janelas
atmosféricas, em que essa atenuação é baixa, ou seja, a transmitância é alta. As câmeras
termográficas são fabricadas nessas faixas para que a influência atmosférica seja a menor
possível. A Figura 36 mostra um exemplo da transmitância atmosférica para a radiação
infravermelha de onda média e longa.
Para distâncias menores que 50 metros entre a câmera e o objeto, e com uma atmosfera livre
de poluição e sem condensação d'água (nevoeiro, chuva), a transmitância nas chamadas janelas
atmosféricas é próxima de 100%. Portanto, para a utilização de câmeras termográficas nessas
condições, a atenuação atmosférica não é uma grande preocupação.
42
Termografia Infravermelha
Como dito anteriormente, todo objeto emite radiação e a quantidade total emitida depende de
sua temperatura e da condição de sua superfície. Quando sua temperatura aumenta, a
radiação emitida por ele também aumenta. Além disso, quanto maior for sua temperatura,
menor é o comprimento de onda, no qual ocorre a máxima emissão de radiação.
Kirchhoff propôs o termo “Corpo Negro” para designar um objeto que absorve toda a energia
radiante que incide sobre ele e que em consequência seria um perfeito emissor. Portanto, a Lei
de Kirchhoff para a radiação do Corpo Negro estabelece a igualdade entre a capacidade de um
corpo em absorver e emitir energia radiante.
Um corpo negro, além de ser um absorvedor perfeito (nenhuma radiação é refletida por ele ou
passa através dele), é um emissor perfeito e a quantidade de radiação emitida por ele é função
apenas de sua temperatura.
Corpos negros são objetos teóricos e não existem no mundo real, mas são importantes para o
entendimento dos princípios que regem a transferência de calor por radiação.
43
Termografia Infravermelha
2 hc 2
Wb hc
.106 Watts / m2 . m
(e
5 kT
1)
Onde:
C – velocidade da luz [m/s]
h – constante de Planck [j/s]
T – temperatura absoluta [K]
– comprimento de onda [μm]
Figura 39: Curvas de radiação emitida por corpo negro a diferentes temperaturas.
Esta família de curvas produzida por Planck gera um gráfico que mostra a energia em função do
comprimento de onda. A área dentro de cada curva específica é a energia dissipada pela fonte
de calor. Lembre-se que potência é uma quantidade de energia transformada por unidade de
tempo, sendo medida em Joule por segundo.
44
Termografia Infravermelha
Essa lei, conhecida também como Lei do Deslocamento, estabelece a relação entre a
temperatura absoluta de um corpo e o comprimento de onda onde ocorre a máxima emissão
de energia como mostra a figura a seguir.
Unidade de Referência (W/m2)
Neste gráfico podemos notar alguns picos em torno de alguns comprimentos de ondas
denotados por λmax. A maior quantidade de energia emitida pelo corpo à dada temperatura
ocorre em comprimentos de onda em torno deste λmax. Note que para um corpo com
temperatura próxima à do Sol (± 6.000 K), o pico ocorre dentro da faixa de luz visível.
λmax = b/T
Na qual:
λmax é o comprimento de onda em que ocorre a máxima emissão de radiação do corpo em uma
determinada temperatura [μm]
2898
max m
T [K ]
A equação acima é conhecida como Lei de Wien, ela mostra que quando a temperatura
aumenta, o comprimento de onda no qual ocorre a máxima emissão de radiação diminui. Isso
explica porque uma barra de ferro, ao ser aquecida a temperaturas acima de 525°C, emite
radiação visível (começando pelo vermelho, depois laranja etc.).
45
Termografia Infravermelha
A lei de Stefan-Boltzmann determina a radiação total emitida por um corpo negro a uma
determinada temperatura. Para obtermos a equação de Stefan- Boltzmann, basta integrar a
equação de Planck entre o comprimento de onda λ1 e λ2. Isso representa a área abaixo da curva
de Planck para uma temperatura específica.
Essa lei estabelece que quanto mais alta a temperatura de um objeto mais energia ele emitiria.
W .T 4
Onde:
W - energia irradiada5 [Watts/m2]
- constante de Stephan – Boltzmann [5,7 x 10-8 W/m2 K4]
T – temperatura absoluta [K]
O termo "corpo negro" foi introduzido por Gustav Kirchhoff em 1860. Na prática, é um corpo
que absorve toda a radiação que nele incide: nenhuma luz o atravessa nem é refletida. Apesar
do nome, corpos negros produzem radiação eletromagnética, tal como luz. Quando um corpo
negro é aquecido, essas propriedades o tornam uma fonte ideal de radiação térmica.
A Lei de Kirchhoff nos diz que num corpo negro ideal, em equilíbrio termodinâmico à
temperatura T, a radiação total emitida deve ser igual à radiaçao total absorvida.
Objetos reais nunca se comportam como corpos negros (ideais). A radiação emitida é uma
fração do que a emissão ideal deveria ser. A emissividade de um material especifica o quão
bem um corpo irradia energia em comparação a um corpo negro.
5
O termo técnico usado em física é Radiância Espectral.
46
Termografia Infravermelha
Todo material com temperatura acima do zero absoluto emite radiação infravermelha para o
meio que o envolve, e é capaz de absorver a mesma quantidade de radiação.
Se o material estiver mais quente que o meio, a emissão será maior que a absorção e por isso
sua temperatura diminuirá, e a do meio aumentará, até atingir uma situação de equilíbrio
térmico.
Um corpo real quando atingido por uma radiação (M) pode apresentar os seguintes
fenômenos:
A Figura 42 mostra uma radiação incidindo sobre um objeto real e as possíveis frações de
radiação absorvida, refletida e transmitida.
Absorção (A): alguma radiação incidente no objeto é absorvida por ele e convertida em calor.
Reflexão (R): é a parte da radiação que é refletida pela superfície do objeto para o meio
ambiente.
Transmissão (T): alguma radiação passa através do objeto, assim como a luz passa pelo vidro.
A radiação incidente (M) é toda aquela radiação que chega ao objeto em questão.
47
Termografia Infravermelha
1
Para objetos opacos (não transmitem radiação IR), τ=0. Esse é o caso para a grande maioria dos
objetos sendo avaliados por câmeras infravermelhas. Sob essas condições a equação se torna
simplesmente:
1
Plásticos finos geralmente deixam a radiação infravermelha passar por eles, porém em alguns
casos bloqueiam a radiação visível como visto nas figuras a seguir.
O acrílico e o vidro são transparentes para a radiação visível, porém barram (para determinado
comprimento de onda e dependendo da espessura) a radiação infravermelha, como visto nas
figuras a seguir.
48
Termografia Infravermelha
Um material especialmente projetado para ser transparente tanto para a radiação visível
quanto para a infravermelha são os polímeros à base de Germânio, Safira etc. Esses materiais
têm uma aplicação útil e especial no ramo da termografia.
Janela IR
Materiais polidos e reflexivos como alumínio, aço inox etc. são grandes refletores tanto para a
radiação visível quanto para a infravermelha. Deve-se tomar cuidado ao identificar esses
materiais e realizar medidas de temperatura nos mesmos.
Uma janela de inspeção infravermelha é basicamente uma lente composta de cristal óptico ou
um material polímero, juntamente com uma base plástica ou em alumínio. A lente permite a
passagem da radiação infravermelha, na frequência utilizada pelos termovisores para inspeção,
além de se permitir a passagem de radiação no espectro visível, o que permite também a
inspeção visual.
As janelas são montadas nos painéis em posições que permitem a inspeção dos componentes
elétricos internamente aos mesmos. Muitas vezes mais de uma janela de inspeção é instalada
em um painel, para permitir a inspeção completa dos componentes internos ao mesmo.
49
Termografia Infravermelha
As janelas de inspeção são desenvolvidas para permitir que o termografista consiga visualizar e
gravar as imagens térmicas durante a inspeção, sem a necessidade de abrir os painéis.
5.6 Emissividade
A emissividade se refere à eficiência com que uma superfície emite radiação. Um emissor
teórico perfeito (corpo negro) teria uma eficiência de 100% e sua emissividade seria igual a 1
(um). Por outro lado, uma superfície que teoricamente não emite radiação, teria eficiência de
0% e emissividade igual a 0 (zero).
Como a termografia mede a quantidade de radiação que é emitida pelos objetos para convertê-
la em temperatura, objetos que têm emissividade próxima de 1 (um) são os melhores para
análise e medição de temperatura através da termografia.
M objeto
M Corpo negro
50
Termografia Infravermelha
apesar de toda a superfície estar à mesma temperatura, as áreas com maior emissividade se
apresentam na imagem termográfica com maior temperatura aparente (áreas mais claras).
33 °C
68 °C
75 °C
63 °C
6
Figura 44: Imagem visível e térmica de uma superfície com mesma temperatura e diferentes emissividades.
A figura 45 mostra uma situação real de uma conexão com alta temperatura e baixa
emissividade, na qual se pode observar o aumento da emissividade de uma pequena área com
a aplicação de uma fita de identificação. É importante lembrar que toda a região demarcada se
encontra em uma mesma temperatura.
Como pode ser observado nas figuras acima, a emissividade é um fator que deve ser
fortemente considerado nas inspeções. Embora os termovisores tenham um ajuste de
emissividade para compensar essa influência, em subestações de alta tensão existe uma grande
dificuldade em determinar a emissividade correta dos vários equipamentos e conexões
envolvidos.
A emissividade pode variar com a qualidade da superfície, com o comprimento de onda, com o
formato do objeto, com a temperatura e com o ângulo de visão. Além disso, pode sofrer uma
grande variação dependendo de fatores como sujeira, oxidação, corrosão etc. Assim sendo, o
melhor modo de reduzir essa influência seria o incremento da emissividade dos componentes
inspecionados para um valor o mais próximo possível da unidade.
51
Termografia Infravermelha
As maneiras mais simples de realizar esse incremento seriam pintar as superfícies com tintas
apropriadas, colar uma fita ou material escuro ou fosco, procurar realizar as medições em
pontos com cavidades, buscar áreas com oxidação, corrosão ou sujeira que também provocam
o aumento da emissividade e consequentemente da exatidão da medida realizada por um
termovisor.
Metais como alumínio, cobre e aço são muito utilizados em equipamentos de uma subestação
devido às suas características de condutividade, sendo o alumínio o preferido em ambientes
abertos pela alta resistência à corrosão atmosférica e menor custo em relação ao cobre.
Entretanto, esses metais geralmente possuem uma superfície de baixa emissividade,
dificultando a inspeção com a termografia infravermelha.
5.7 Cavidades
Pelo fato das cavidades absorverem luz em vez de refletí-las, elas têm uma emissividade bem
mais alta que a superfície externa do objeto. A Figura 46 mostra um simples exemplo sobre
como isso acontece.
Radiação absorvida e
emitida (68 %)
Radiação
Radiação Refletida (32%)
Refletida (80%)
Considerando um raio de luz que entra em uma cavidade, a emissividade desta pode ser
determinada em função de dois parâmetros: a refletância do material da cavidade e a relação
de comprimento e diâmetro da cavidade, conforme mostra a equação a seguir e a figura 47.
r2
f 1 (1 s ) , onde:
P2
ɛf = emissividade da cavidade
ɛs = emissividade da superfície
52
Termografia Infravermelha
r2 = raio da abertura
P2 = profundidade da cavidade
P
Figura 47: Efeito cavidade em função do seu diâmetro e profundidade
Um exemplo prático sobre o aumento da emissividade aparente de um material pode ser visto
a seguir.
Ex.: Uma cavidade de alumínio possui emissividade de 0,4 na sua superfície. Sua profundidade é
3 cm e o diâmetro de 2 cm. Qual seria a emissividade efetiva dessa cavidade?
2 2
ɛeff = ? ɛs = 0,4 r = 1 cm P = 3 cm
r2 12
f 1 (1 s ) f 1 (1 0, 4) f 0,93
P2 32
A figura 48 mostra na prática cavidades que podem ser encontradas no nosso dia a dia.
53
Termografia Infravermelha
Atualmente existem câmeras termográficas capazes de visualizar gases de efeito estufa, bem
como gases perigosos ao ser humano e ao meio ambiente, os quais são invisíveis a olho nu.
Essas câmeras podem localizar vazamentos de gases, evitar falhas em equipamentos, reduzir
perdas de receita, evitar prejuízo ao meio ambiente e intoxicação de seres humanos e animais.
Câmeras diferentes são usadas para detecção de diferentes gases ou conjunto de gases.
Figura 50: Hexafluoreto de enxofre (SF6). Forte absorção perto dos 10,6 μm
Furnas possui câmeras detectoras de gás SF6 (hexafluoreto de Enxofre), gás presente em
equipamentos de alta tensão, usado devido à sua alta capacidade dielétrica. Quando algum
54
Termografia Infravermelha
equipamento, como por exemplo um disjuntor de alta tensão, começa a perder pressão de gás
SF6, é necessário fazer a reposição. Isso se faz necessário para evitar que ocorra alarme e em
caso mais grave, operação da proteção por baixa pressão, do disjuntor.
É importante citar, também, que a reposição de gás SF6 gera custo para a empresa. Além disso,
por ser um gás quase 24.000 vezes mais eficaz do que o dióxido de carbono (CO2) na retenção
do calor, o SF6 é um potente gás de efeito estufa, podendo contribuir para o aquecimento
global.
As câmeras detectoras de gás formam imagens e vídeos, por contraste, baseados no fenômeno
de absorção e emissão de infravermelho de determinadas moléculas do gás. A faixa de
comprimento de onda na qual ocorre a absorção do infravermelho varia de acordo com a
natureza do gás. O SF6 apresenta uma grande absorção na faixa de 10,3 μm a 10,6 μm e para
que a câmera Flir GF306 seja capaz de visualizar este gás, ela usa um filtro espectral do tipo
“passa-faixa”, que opera nesta mesma faixa de comprimento de onda.
Assim, é muito importante que exista uma boa diferença de temperatura entre o plano de
fundo da cena (por exemplo, o céu ou uma parede) e o gás a ser detectado, para que a câmera
possa formar a imagem.
O detector de infravermelho é refrigerado e, portanto, mais sensível. Isto torna necessário que
se espere um tempo em torno de 10 minutos após ligar a câmera, para usá-la. O componente
responsável pelo arrefecimento do sensor e demais componentes, como o filtro espectral, é o
micro arrefecedor.
O sistema possui uma câmara, ou cilindro, preenchido com gás Hélio sob pressão. Na medida
em que a câmera é utilizada, há tendência de queda de pressão deste gás, sendo necessário
efetuar a manutenção, que só é possível na assistência técnica do fabricante, nos EUA. E é
bastante onerosa para Furnas.
55
Termografia Infravermelha
56
Termografia Infravermelha
Questionário:
Questão 01
Utilize a Lei de Wien para comparar os diferentes comprimentos de onda onde ocorrem os
máximos das curvas de emissão de radiação de corpo negro para as seguintes temperaturas:
Qual desses quatro corpos emite mais luz no visível? Dica, após o cálculo, utilize a figura do
espectro eletromagnético como referência para determinar os espectros de radiação.
Questão 02
O jateamento da superfície lisa de um metal tem o seguinte efeito:
a) a emissividade decresce.
b) a emissividade se mantém.
c) não tem nenhum efeito sobre a emissividade.
d) a reflexão decresce.
Questão 03
O que é um corpo negro ideal ou teórico?
Questão 04
A lei de Kirchhoff descreve o relacionamento entre a reflexão (R), absorção (A) e transmissão
(T) de uma radiação incidindo sobre uma superfície. Essa relação é:
a) 1=R+A+T
b) R+A=T
c) R+A+T=0
d) A+T=R
57
Termografia Infravermelha
Questão 05
Marque os materiais ou atmosferas que permitem a transmissão (são atravessados) de
radiação infravermelha.
( ) Lente de germânio
( ) vácuo
( ) acrílico
( ) porcelana
( ) vidro grosso
( ) plásticos finos
Questão 08
Marque V (verdadeiro) ou F (falso)
58
Termografia Infravermelha
Equipamentos de uma subestação de energia elétrica tipicamente podem passar por problemas
relacionados com alta resistência elétrica, curtos-circuitos, circuitos abertos, aquecimento
indutivo, harmônicos, desbalanceamento de carga, sobrecarga e componentes instalados
incorretamente. Problemas que geralmente são detectados pela termografia, já que a maioria
das falhas que ocorrem nas instalações elétricas é precedida por alguma anomalia térmica.
Termovisor
Inspetor
Ângulo
59
Termografia Infravermelha
Porém, existem influências e limitações neste processo que podem induzir a um diagnóstico
incorreto ou até mesmo incapacitar a detecção do defeito. A baixa emissividade dos
componentes sob inspeção, a variação da corrente de carga do equipamento inspecionado e
componentes de pequena dimensão a grandes distâncias são exemplos de fatores que
dificultam a inspeção termográfica. Em ambientes abertos, além dos fatores citados, influências
ambientais como a radiação solar, a atenuação atmosférica, o vento, mudanças na temperatura
ambiente, chuva e umidade podem estar presentes.
A tabela a seguir, mostra de forma agrupada por categoria, os fatores que podem influenciar na
leitura de temperatura de um objeto com o termovisor.
Também é importante ressaltar que, termovisores não medem temperatura diretamente, eles
detectam a radiação térmica que atinge seu detector, que por sua vez, gera um sinal de saída
em função dessa radiação, que é processado e transformado em imagens visíveis e leituras de
temperatura. Porém, a radiação detectada pode se originar não apenas do objeto sob inspeção,
mas de outras fontes envolvidas no meio em que o objeto está inserido.
Além disso, o valor da intensidade do sinal de saída, gerado pelo detector, associado a alguns
parâmetros fornecidos pelo operador do termovisor, como emissividade, distância do objeto ao
termovisor e outros parâmetros relativos ao ambiente são necessários para o cálculo da
temperatura do objeto sob inspeção. Assim sendo, a exatidão da medida de temperatura
depende da calibração do termovisor, da exatidão dos parâmetros a serem inseridos pelo
termografista e do conhecimento deste sobre os fatores que influenciam a inspeção ou ensaio.
6.1 Emissividade
Uma grande parte dos componentes elétricos é fabricada com metais polidos. Devido à baixa
emissividade, estes componentes em uma imagem infravermelha apresentam uma
temperatura diferente da real.
Uma solução para o problema de baixa emissividade, quando possível, seria colocar um pedaço
de fita isolante em certos pontos do componente, ou outras formas de modificação da sua
60
Termografia Infravermelha
A baixa emissividade dos materiais pode também, em certos casos, gerar reflexos e provocar
erros de leitura. Veja mais nos Capítulos 5.6 – Emissividade e 6.6 – Radiação solar.
O aquecimento em uma conexão defeituosa depende do fluxo de corrente que passa através
dela, sendo que a potência dissipada é proporcional ao quadrado da corrente P I 2 .R , e a
temperatura, apesar de aumentar com a corrente, segue um padrão mais complexo, entre uma
taxa linear e geométrica.
Durante sua operação, o equipamento pode sofrer de frequentes variações de carga que
podem influenciar no resultado da inspeção. Assim sendo, a corrente de carga é outro fator que
deve ser considerado em inspeções termográficas de sistemas elétricos.
A corrente circulante pelo componente sob inspeção não é responsável por erros na medida de
temperatura, ela pode interferir sim, na análise e diagnóstico do defeito. Por exemplo, em
casos em que a corrente é baixa, certas falhas podem não ser percebidas ou defeitos graves
podem ser subestimados.
Em ocasiões em que a inspeção termográfica esteja sendo realizada com a corrente de carga
abaixo de 100% da máxima, existem trabalhos resultantes de estudos que optam pela utilização
de uma equação, com a qual se pretende prever a temperatura do componente quando a
61
Termografia Infravermelha
corrente for máxima, com o intuito de fornecer mais subsídios para uma melhor análise do
equipamento sob inspeção.
A equação é:
2
I
TC Tm . max
Im
Onde:
ΔTm [°C] é a elevação da temperatura acima de uma temperatura de referência quando medida
com a corrente Im.
Importante: A Eletrobras Furnas não utiliza a equação demonstrada acima, para cálculo de
fator de correção de carga. Casos específicos deverão ser levados aos órgãos de engenharia de
manutenção responsáveis pelo equipamento inspecionado e pela termografia. A justificativa
para isso é dada abaixo.
Por tudo isso, sempre que possível, o termografista deve buscar a informação da corrente
nominal ou máxima operacional, a corrente instantânea e há quanto tempo está naquela
condição.
Por exemplo, duas conexões idênticas que estão localizadas em circuitos elétricos diferentes:
Porém, a conexão “A” está há apenas trinta minutos com esta corrente de 600 A e nas três
horas anteriores estava com corrente estável de 200 A.
62
Termografia Infravermelha
Tal observação foi comprovada com metodologia científica, em estudos e ensaios. Este é o
motivo pelo qual a equação de Fator de Correção de Carga não é recomendada para sistemas
elétricos dinâmicos, já que não contempla a variação de corrente anterior ou o tempo de
estabilização de temperatura.
A figura 55 ilustra a situação anterior em um dos ensaios feitos com conexões elétricas.
Atualmente, a Eletrobras Furnas, de acordo com seu manual técnico de campo, recomenda que
as inspeções sejam feitas com a carga do circuito acima de 50% da máxima. Lembrando que
isso não é um impedimento, mas sim uma recomendação.
Caso a inspeção deva ser realizada com carga abaixo de 50%, a atenção deve ser maior, levando
em conta pequenas alterações de temperatura que podem representar sérios problemas
quando a carga aumentar.
6.3 Vento
63
Termografia Infravermelha
64
Termografia Infravermelha
6.4 Resfriamento
O resultado é uma forte redução na temperatura do componente sob inspeção, assim como de
toda cena envolvida, como pode ser visto no gráfico da figura 59 e na imagem (b) da figura 60,
que mostra o efeito da chuva sobre o resultado de uma inspeção termográfica em uma
conexão defeituosa e outra normal.
65
Termografia Infravermelha
Seria um bom procedimento fazer as inspeções tanto no inverno como no verão. Se não for
possível, a inspeção deve ser realizada no pior caso, isto é, na época mais quente do ano.
1 - Carregamento solar
Recomenda-se que a inspeção termográfica seja realizada em horários livres da radiação solar,
seguindo as orientações do procedimento de inspeção termográfica - MTC.
66
Termografia Infravermelha
a b c
2 - Reflexo Solar
A câmera termográfica capta qualquer radiação através da lente, não apenas a radiação
emitida pelo objeto visualizado, mas também a radiação proveniente de outras fontes e que
tenha sido refletida pelo alvo.
67
Termografia Infravermelha
Observe o alvo a partir de um ângulo diferente e verifique o ponto com anomalia térmica (PAT).
Se também se mover, é porque se trata de reflexo.
Pintar áreas com uma tinta de alta emissividade também seria uma boa solução para se evitar
os problemas de reflexos nos objetos sob inspeção.
O componente sob inspeção, em função de sua temperatura, emite mais radiação em uma
determinada faixa espectral. Portanto, o termovisor utilizado na inspeção deve possuir um
sistema de detecção com faixa espectral adequada à radiação que está sendo emitida. Além
disso, o meio entre o componente e o termovisor deve permitir a propagação da radiação entre
os dois.
Consequentemente, a atmosfera, que envolve esse meio, deve ter características espectrais
que propiciem uma alta transmitância da radiação emitida. A transmitância espectral
atmosférica depende do comprimento de onda da radiação, das condições climáticas e da
distância envolvida entre componente e termovisor.
Os fenômenos chuva, névoa, nevoeiro, fumaça, poluição, entre outros, são elementos
atmosféricos que afetam a visibilidade de objetos distantes. De maneira semelhante, esses
mesmos elementos podem afetar a transmissão da radiação infravermelha através da
atmosfera e prejudicar uma inspeção termográfica.
68
Termografia Infravermelha
Tudo isso torna difícil uma inspeção termográfica confiável, pois a temperatura medida se torna
incorreta em função da forte atenuação atmosférica e a análise do componente tende a ser
equivocada devido à redução de temperatura da anomalia.
6.8 Distância
Do mesmo modo que não é possível, a olho nu, ler um jornal a uma distância de 20 metros,
com os termovisores acontece algo semelhante. Para ler o jornal você tem duas opções: se
aproximar a uma distância menor que um metro ou se manter à mesma distância e usar um
conjunto de lentes adequado, ou seja, um binóculo ou um telescópio.
No caso dos termovisores, existirão situações em que o ponto que você quer medir a
temperatura é muito pequeno para a resolução óptica do termovisor. Portanto, se desejar
realizar uma medição correta e as condições das instalações permitirem, você pode se
aproximar do ponto até que a relação distância e tamanho do ponto atendam a resolução de
medida do termovisor ou adaptar ao termovisor uma lente que melhore a resolução de medida
e atenda às necessidades daquela situação.
Define o menor detalhe de imagem que pode ser detectado. É função do tamanho do detector
e da óptica do sistema. Esta especificação determina a distância máxima em que a temperatura
de um ponto pode ser medida com exatidão. O fato de você ver um objeto com o termovisor,
não significa que você pode medir sua temperatura com exatidão.
Campo de Visão Instantâneo – IFOV (instantaneous field of view): ABNT NBR 15424:2022
69
Termografia Infravermelha
Ângulo sólido que determina a área total de uma cena, vista pela câmera termográfica,
em um dado momento.
Geralmente expresso em graus e caracteristicamente descrito em HFOV × VFOV, ou
seja, campo de visão horizontal × campo de visão vertical.
Figura 64: Representação do campo de visão (FOV) e do campo de visão instantâneo (IFOV) de um termovisor.
70
Termografia Infravermelha
FO V
IFO V
pix
Onde:
O IFOV é normalmente apresentado em mili radianos. Para isso basta converter o valor
calculado de graus para mili radianos, multiplicando por π/180, ou 17,45.10-3.
Exemplo:
Um Termovisor com Campo de Visão – FOV igual a 24° x 18° e uma resolução de 320 x 240
pixels tem um IFOV igual a:
24
IFO V ho rizontal 0, 075 graus
320
IFO V ho rizontal 0, 075. 1, 3 m rad
180
18
IFO V vertical 0, 075 graus
240
IFO V vertical 0, 075. 1, 3 m rad
180
Distd - Distância máxima que um objeto de tamanho D pode ser detectado [m]
D Tamanho do objeto sob inspeção [m]
IFOV Campo de Visão Instantâneo [rad]
Exemplo:
Um Termovisor com IFOV igual a 1,3 mrad pode detectar um objeto de 0,05 m x 0,05 m a uma
distância máxima de:
0, 05
Distd 38, 46 m
1,3.103
71
Termografia Infravermelha
Resolução Espacial de Medida – MFOV (meas field of view): ABNT NBR 15424:2022
Menor objeto que pode ter sua temperatura medida com exatidão a uma determinada
distância.
Raramente é declarada pelo fabricante, mas é tipicamente igual ao campo de visão
instantâneo multiplicado por um fator entre 3 e 1, descrito no procedimento
termográfico. Também reportado como campo de visão instantâneo de medida, ou
MFOV.
Esse cálculo é necessário para que pelo menos um pixel seja completamente coberto pela
radiação que vem do objeto, conforme mostrado na figura 66.
Figura 67: Resolução de medição como três vezes o valor da resolução geométrica
Sendo assim, a Eletrobras Furnas considera a Resolução de Medição (IFOVM) como três vezes o
valor da Resolução Geométrica.
IFOVM = 3 x IFOV
Conclusão: para o exemplo dado a máxima distância em que o termografista deve ficar do alvo,
para realizar uma medição com exatidão, seria 12,82 m.
72
Termografia Infravermelha
Importante: O termografista deve conhecer o valor do FOV do termovisor que está em uso,
para também avaliar, no local da inspeção, a distância do objeto e a lente apropriada para uma
correta medição.
Dica: Em alguns termovisores, a área central do cursor (também chamada de “ponto central”)
indica a área do menor ponto que pode ter sua medição correta. Se o ponto não preenche essa
área, você não conseguirá obter uma boa medição. Quando isso acontece, sua leitura de
temperatura será sempre menor do que a real (assumindo um ponto mais quente que o
ambiente). O mesmo acontecerá com medidas de diferença de temperatura.
Nesses casos, você corre o risco de avaliar um defeito crítico como sendo moderado. Ainda
existem casos em que a distância e o tamanho do ponto estão tão fora da especificação da
resolução óptica que você não terá condições de detectar o aquecimento.
73
Termografia Infravermelha
Figura 71: Torre de Transmissão observada a uma mesma distância com lentes de 24°, 14° e 6°.
No Apêndice B, encontra-se uma tabela com os equipamentos utilizados por Furnas, com os
respectivos cálculos de distância, já disponíveis.
A emissividade de uma superfície diminui quando o ângulo de visão aumenta em relação à sua
normal, sendo que medidas de temperatura exatas somente podem ser feitas com ângulos
abaixo de 30°. De 30° a 60° um pequeno erro é introduzido e a para ângulos acima de 60° o erro
se torna muito grande.
60°
74
Termografia Infravermelha
Para reduzir e até mesmo eliminar os erros devido ao ângulo de visão, procure manter o objeto
próximo à perpendicular da superfície a ser medida, principalmente se sua emissividade for
menor que 0,8. Como regra geral não se deve medir com ângulos de incidência superiores a 60
graus.
Refere-se à menor temperatura que o termovisor pode diferenciar do ruído de seu sistema.
Geralmente é especificada como a Diferença de Temperatura Equivalente ao Ruído (Noise
Equivalent Differential Temperature – NEDT).
A Qualificação Pessoal está relacionada à pessoa que faz a inspeção, ou seja, o termografista.
Atualmente os resultados obtidos pela inspeção termográfica são consideravelmente
dependentes do termografista. Por essa razão, a qualificação pessoal talvez seja uma das
influências mais significativas, visto que, um termografista não qualificado pode, inicialmente,
ter dificuldade de saber o que e onde inspecionar. Posteriormente, ter dificuldades em capturar
termogramas de qualidade e, por fim, faltar conhecimento para realizar uma correta análise do
termograma.
Aptidão Física
75
Termografia Infravermelha
Treinamento
É importante que o termografista seja treinado e que seu treinamento contenha informações
sobre a operação e as características do termovisor utilizado, a teoria básica dos fenômenos
físicos que envolvem a termografia e os procedimentos de inspeção e análise de componentes
e equipamentos normalmente encontrados em uma inspeção.
Experiência
Mesmo sendo treinado, é recomendável que o termografista, sob uma supervisão qualificada,
adquira experiência até estar apto a realizar inspeções com resultados confiáveis.
É essencial lembrar que o treinamento de termografia, por melhor que seja, vai apenas
capacitar o treinando a “começar a aprender” termografia.
76
Termografia Infravermelha
Questionário:
Questão 01
Que fatores podem influenciar na medição de temperatura numa inspeção em uma subestação
desabrigada?
Questão 02
Porque é importante realizar inspeção com o ângulo de visão da câmera menor que 60 graus
em relação ao objeto?
Questão 03
O que facilitaria a medição de temperatura de um objeto de baixa emissividade?
a) Cobrir a superfície do objeto com um material de maior emissividade.
b) Usar a escala mais baixa possível de temperatura.
c) Ajustar a emissividade do termovisor para 1.
d) Todas as respostas acima.
e) Nenhuma das respostas acima.
Questão 04
Marque V (verdadeiro) ou F (falso)
77
Termografia Infravermelha
7.1 Introdução
O primeiro passo para realizar uma boa análise de um termograma é ter certeza de que você
tem um bom termograma para ser analisado! O termograma deve estar focado, tirado na
escala correta de temperatura e dentro de uma distância apropriada do alvo para a lente da
câmera infravermelha a ser usada.
Portanto os três principais fatores a serem observados para se obter uma boa imagem são:
Foco, Escala e Distância (FED), ou em inglês Focus, Range e Distance (FORD).
Esses fatores são aqueles que não podem ser mudados em um software de pós-processamento
de imagens, portanto é importante obter corretamente uma imagem, antes de salvá-la.
Essa seção destacará as funções primárias da sua câmera, ensinando como ajustar e obter um
bom termograma com seu termovisor.
A função de auto ajuste é representada, na maioria dos termovisores, por um botão com a letra
“A”. Tal botão geralmente é configurável e pode mudar alguns parâmetros, como nível e
campo, zoom, foco, alternância entre imagem visível e infravermelho. É importante atentar
para a configuração, antes de usar. Também é importante ter em mente que nenhum ajuste
automático substitui o ajuste manual feito por profissional capacitado e experiente.
Figura 73: Imagem com ajuste térmico automático (esq) e com ajuste térmico manual (dir).
Fonte: 600 series - User manual - Flir
78
Termografia Infravermelha
Esta facilidade de uso não reduz a importância destes ajustes, principalmente durante a
inspeção ou ensaio, pois permite ao termografista perceber, com facilidade, a existência de
anomalias térmicas. É importante ressaltar que o ajuste térmico não influencia na medição de
temperatura, mas apenas na visualização do termograma.
Ajuste Térmico
A seguir são mostradas imagens com possíveis ajustes térmicos, com as repectivas orientações.
79
Termografia Infravermelha
A correção de não uniformidade corrige o menor desvio do detector que ocorre na cena ou na
mudança de ambiente. Este ajuste acontece automaticamente, geralmente logo após o
termovisor ser ligado e depois, em pequenos intervalos de tempo durante o uso. Quando ele é
acionado é ouvido um “click” e a imagem fica congelada momentaneamente.
A Escala (ou faixa) de temperatura se refere à temperatura máxima e mínima entre as quais
pode-se salvar dados válidos. A maioria dos termovisores possuem duas ou mais faixas de
temperatura e a grande maioria não tem sistema de troca automática de faixa. O usuário deve
selecionar a faixa mais adequada de temperatura.
Outra condição recorrente é a sobreposição de escalas, por exemplo: alguns termovisores têm
duas escalas, uma de -40°C a 150 °C e outra de 0°C a 600 °C.
Pode parecer indiferente o uso de qualquer dessas duas escalas, para se medir objetos com
temperaturas entre 0°C e 150°C, mas é recomendável utilizar a mesma metodologia de
medição de outras grandezas, quando se usa instrumentos de múltiplas escalas: para se medir,
por exemplo, um objeto que apresenta uma temperatura de 30°C é melhor usar a escala de -
40°C a 150°C.
149 °C 318 °C
Figura 75: Exemplo de termograma salvo com a escala errada (esq) e correta (dir)
80
Termografia Infravermelha
A figura 75 mostra uma situação em que o mesmo objeto inspecionado, nas mesmas condições,
pode resultar em valores diferentes de temperatura. Na primeira imagem, a escala foi utilizada
equivocadamente, resultando num valor máximo de medição de 149°C. Na figura da direita, foi
utilizado a escala correta e o valor apresentado foi de 318°C.
Assim como numa câmera fotográfica comum, também deve ser feito o ajuste correto de foco
da imagem, quando se usa uma câmera infravermelha. Uma imagem desfocada não
proporciona uma imagem bem definida e pode provocar medições incorretas.
Figura 76: Imagem com um bom foco, foco médio e um foco ruim.
Um bom foco é essencial para proporcionar uma boa medição de temperatura. Repare nos
termogramas a seguir que estão no foco e fora de foco. Note a diferença de temperatura
medida no exemplo da figura 77. Na imagem à esquerda, a temperatura máxima medida é
65,8°C e na imagem à direita, a temperatura máxima é de 49,9 °C, resultando em uma
diferença de 15,9 °C.
Figura 77: Diferença de temperaturas entre uma imagem com foco correto e errado.
81
Termografia Infravermelha
Lembre-se que você deve estar “bem próximo” para focar. Em outras palavras, seu objeto deve
estar próximo em relação à mínima distância focal da lente. Caso a imagem não esteja dentro
do padrão adequado, você pode ajustar o foco movendo a câmera para longe ou perto do alvo
até o mesmo ficar dentro do foco.
É essencial que o termovisor esteja direcionado para o objeto a ser inspecionado e que não
haja outros objetos entre os dois, no momento de ajustar o foco, ou seja, este ajuste deve ser
feito na condição de visada direta.
Dica prática: Para objetos com temperaturas acima da temperatura ambiente, o melhor ajuste
de foco pode ser percebido quando se obtém a medição de maior temperatura.
ATENÇÃO!
Você deve focar o objeto cuidadosamente antes de salvar uma imagem, porque você não vai
conseguir corrigi-la depois que estiver salva.
Devemos sempre lembrar que o termovisor não mede temperatura diretamente, ele detecta a
radiação infravermelha e converte a quantidade de radiação, recebida pelo detector, em sinal
elétrico. A partir desse sinal e em conjunto com vários parâmetros inseridos pelo termografista,
o termovisor calcula a temperatura do objeto.
Por essa razão, quando precisamos medir uma temperatura com exatidão, os parâmetros
Emissividade, Temperatura Aparente Refletida, Temperatura Ambiente, Distância, Umidade
Relativa do Ar e Transmitância Óptica devem ser inseridos corretamente e sempre no início da
inspeção ou ensaio, devendo ser atualizados sempre que alguma condição mudar. A localização
destes parâmetros, no menu do termovisor, varia de modelo para modelo.
82
Termografia Infravermelha
Procure saber onde configurar os parâmetros citados anteriormente em sua câmera. Todos
esses termos e seus significados serão explicados durante o curso.
Ferramenta de Ponto
83
Termografia Infravermelha
Ferramenta de Linha
Os termovisores são geralmente providos de uma paleta de cores para seu uso. Não há uma
paleta correta ou errada para cada aplicação específica; a escolha da paleta depende de sua
preferência pessoal, característica da imagem térmica, normas da sua empresa (caso exista), e
onde a imagem quer ser mostrada e para quem.
A paleta cinza (grey) é a paleta original usada nos sistemas de imagens infravermelhas. Alguns
termografistas ainda a usam como sua paleta de análise primária. Essa paleta é boa para
permitir detalhes espaciais finos a serem percebidos na imagem e onde um padrão de
reconhecimento é necessário. Ela não é boa para perceber pequenas diferenças de
temperatura como as paletas coloridas.
A paleta ferro (iron) é uma boa paleta para uso geral e provavelmente a mais popular entre os
termografistas de sistemas elétricos. Ela proporciona um bom balanço entre detalhes espaciais
e térmicos. É a melhor paleta a ser usada para fazer relatórios que serão impressos em preto e
branco, porque a imagem impressa se parece com a paleta cinza.
84
Termografia Infravermelha
A paleta arco íris de alto contraste (RainHI) apresenta mais cores e é ideal onde você quer
mostrar o máximo de contraste térmico. É uma boa paleta para mostrar imagens a uma pessoa
“não termografista” porque ela é intuitiva e permite uma rápida percepção de pequenas
diferenças de temperatura.
Além de saber como salvar uma imagem, devemos saber algumas regras para produzir uma
imagem térmica profissional. Vale ressaltar que há três parâmetros que nunca podem ser
mudados depois de gravada uma imagem: foco, escala de temperatura e distância.
Figura 81: Objeto muito próximo, muito longe e com a composição ideal na tela (espectro visível).
Figura 82: Objeto muito próximo, muito longe e com a composição ideal na tela (espectro IR).
85
Termografia Infravermelha
Mas existem outros fatores a serem observados no momento de fazer e gravar um termograma
e um deles é a composição da imagem. A correta composição da imagem é observada por
profissionais da fotografia e filmagens e se aplica também à termografia.
Para uma boa composição da imagem a ser gravada, deve-se “posicionar” o objeto sob
inspeção dentro do seu campo de visão na tela. Se você está muito longe o termograma pode
deixar em dúvida qual era o objeto principal de interesse daquela imagem. Se você estiver
muito perto, pode deixar de capturar pontos de interesse.
86
Termografia Infravermelha
Resumo das principais recomendações, lembrando que deve ser seguido o procedimento
completo:
87
Termografia Infravermelha
Para raios
Figura 83: Esquema para inspeção circular em para raios (vista superior).
Além da inspeção em 3 ângulos, deve-se fazer a análise dos padrões térmicos do para-raios:
A avaliação de criticidade deve ser feita da mesma forma que PATs de origem interna,
conforme item 5.3 do MTC.
88
Termografia Infravermelha
33 °C
25 °C 23 °C
19 °C
89
Termografia Infravermelha
Quando a poluição tem características condutivas, seu nível é alto e a localidade tem períodos
de alta umidade relativa do ar, podem ocorrer descargas visíveis a olho nu. Quando muitos
isoladores de um “pedestal” estão nesta situação, pode acontecer o rompimento de arco
elétrico, causando desligamento por operação da proteção e até destruição da coluna
isoladora. Acontece que este estágio de falha é geralmente precedido por anomalias térmicas,
que podem ser detectadas com o termovisor.
Figura 86: Termograma de PAT por poluição (esq) e descargas visíveis a olho nu (dir).
Foi elaborado por Furnas, um procedimento específico para verificação do nível de poluição em
isoladores pedestal através de termografia por infravermelho.
Não são recomendadas inspeções termográficas diurnas para não haver influências do
reflexo e do carregamento solar;
Recomenda-se que a inspeção seja realizada a partir de 3 horas após o pôr do sol, e até
uma hora, no máximo, após o nascer do sol e com a umidade relativa do ar acima dos
80%;
90
Termografia Infravermelha
Maiores detalhes sobre este assunto estarão no procedimento e podem ser obtidos com os
termografistas do DES.O.
É importante ressaltar que termografia e análise de vibração são técnicas de inspeção que
operam complementarmente. Muitas vezes, o componente pode ser retirado de operação por
exceder os limites de temperatura sem que tenha excedido os limites de vibração. Em outras
ocasiões ocorre o contrário.
O limite de temperatura ao qual um motor elétrico pode ser submetido depende dos materiais
empregados em sua construção. Os materiais isolantes utilizados são especificados segundo
Classes de Isolamento, cada qual definida pelo respectivo limite de temperatura que o material
pode suportar continuamente sem que sua vida útil seja afetada.
Os limites de temperatura para mancais variam grandemente de acordo com o tipo de mancal
(rolamento ou deslizamento) e o tipo de lubrificação adotado. Em mancais de deslizamento de
91
Termografia Infravermelha
grande porte (laminadores, por exemplo), não só a temperatura, mas também a distribuição de
temperaturas é levada em conta.
Devem ser consultadas as normas vigentes e especificações fornecidas pelo fabricante, para
avaliação destes componentes.
92
Termografia Infravermelha
93
Termografia Infravermelha
Não
94
Termografia Infravermelha
95
Termografia Infravermelha
Questionário:
4) Equipamento: Pára-raios
Local: Corpo do pára-raios
PAT: 28°C Referência: 21°C
Vento: 0 km/h Emissividade: 0,95
Δt:
Recomendações:
96
Termografia Infravermelha
97
Termografia Infravermelha
Figura 91: Arranjo de ancoragem para cabo para raios em torres e pórticos.
98
Termografia Infravermelha
1000 A 500 A
500 A
99
Termografia Infravermelha
100
Termografia Infravermelha
101
Termografia Infravermelha
Termovisores são instrumentos de elevado custo e grande importância. Além disso, é composto
por circuitos eletrônicos e sistema óptico, que é delicado. Tudo isso exige atenção e cuidado no
manuseio e operação. Devem ser evitados choques mecânicos, como por exemplo, quedas.
Sempre que o termovisor não estiver sendo usado e o ambiente oferecer riscos de queda, ou
ambientais (poeira, produtos químicos, umidade excessiva), este deve ser mantido em sua
maleta de proteção. A mesma recomendação vale para as lentes, quando separadas do
termovisor.
No caso do termovisor de modelo T650sc, ilustrado na figura 100, a lente foi danificada em sua
parte interna. Cabe ressaltar que neste caso, não era prevista manobra de troca de lente que
pudesse justificar uma queda, ou seja, esse termovisor só possui a lente padrão. Furnas teve
que fazer a aquisição de outra lente e enviar o termovisor para ser executado serviço de
parametrização da nova lente, na oficina autorizada do fabricante. O custo para Furnas ficou
superior a R$60.000,00 (sessenta mil reais) e o termovisor ficou indisponível para uso, por um
bom período.
O termovisor NUNCA deve ser apontado para o sol. Isso provavelmente vai danificar seus
sensores de infravermelho, já que não suportariam a radiação proveniente do sol,
correspondente a aproximadamente 5600 K.
1 - Procedimento
102
Termografia Infravermelha
Remova o pó com algodão ou pano macio seco para retirar o excesso de sujeira. Borrife um
líquido próprio para limpeza de lentes óticas ou use álcool isopropílico.
Use uma bola de algodão ou um pano leve limpo para remover vestígios de sujeira. Passe o
pano do centro da lente em direção às extremidades usando um movimento que permita o
contato do pano úmido com a lente.
Normalmente você não precisa limpar as lentes antes de cada uso, apenas quando há sujeira
visível ou impressões digitais. Limpe a lente com cuidado, não esfregue até secar, deixe o ar
secá-la.
Para limpar as lentes, pode-se utilizar algodão umedecido com álcool etílico a 96 %. As lentes
devem ser limpas uma vez com a solução, eliminado algodão utilizado. Em vez de álcool etílico,
pode utilizar éter dietílico para a limpeza.
A limpeza excessiva pode danificar a camada antirreflexo causando mais perda de transmissão
resultando em erro de calibração e maior custo de reparo.
103
Termografia Infravermelha
É importante que as câmeras térmicas sejam verificadas quanto à exatidão das medidas que
estão fazendo e disponibilizando na tela. Essas calibrações são efetuadas pelo DES.O
anualmente utilizando um corpo negro como referência.
104
Termografia Infravermelha
O software Flir Thermal Studio, é o mais utilizado pelos usuários dos equipamentos da Flir. Nele
você poderá gerenciar um banco de imagens, manipulá-las, gerar relatorios além de outras
funcionalidades.
Para instalar o software, você deverá fazer o download do mesmo no website do fabricante, ou
instalá-lo a partir de um CD ou pen drive adquirido junto com o equipamento.
Após instalar o software, inicie o mesmo pelo ícone da área de trabalho, ou menu iniciar do
Windows.
A tela inicial do software apresenta no seu lado esquerdo, uma árvore de diretórios onde
existem imagens termográficas. As imagens são buscadas no computador automaticamente
pelo software.
Termogramas
Árvore de diretórios disponíveis na pasta
do windows selecionada
105
Termografia Infravermelha
Ferramentas de parâmetros
Controle de nível e campo do termograma
11
12
6
7
1 16
8
2
3
4
9
5
10
14 15
13
106
Termografia Infravermelha
2
3
4 1
Obs. As ferramentas caixa, círculo e linha possibilitam identificar o exato local da máxima ou
mínima temperatura.
107
Termografia Infravermelha
12 Apêndice
Comprimento de Onda
Materiais
2.2 microns 5,1 microns 8 - 14 microns
Água ---- ---- 0,93
Areia ---- 0,9 0,9
Argila 0,8-0,95 0,85-0,95 0,95
Asbesto 0,8 0,9 0,95
Asfalto ---- 0,95 0,95
Borracha ---- 0,9 0,95
Calcário ---- 0,4-0,98 0,98
Carborundo 0,95 0,9 0,9
Cascalho ---- 0,95 0,95
Cerâmica 0,8-0,95 0,85-0,95 0,95
Concreto 0,9 0,9 0,95
Gelo ---- ---- 0,98
Gesso ---- 0,4-0,97 0,8-0,95
Grafite 0,8-0,9 0,7-0,9 0,7-0,8
Madeira ---- 0.9-0,95 0,9-0,95
Neve ---- ---- 0,9
Papel (qualquer cor) ---- 0,95 0,95
Solo ---- ---- 0,9-0,98
Tecidos ---- 0,95 0,95
Tintas (exceto alumínio) ---- ---- 0,9-0,95
Vidro - placa 0,2 0,98 0,85
Tabela 6: emissividade de materiais não metálicos
A.2 Metais
108
Termografia Infravermelha
Comprimento de Onda
Materiais
2.2 microns 5,1 microns 8 - 14 microns
Aço chapa áspera 0,6-0,7 0,5-0,7 0,4-0,6
Aço chapa polida 0,2 0,1 0,1
Aço líquido 0,25-0,4 0,1-0,2 ----
Aço inoxidável 0,2-0,9 0,15-0,8 0,1-0,8
Alumínio não oxidado 0,02-0,2 0,02-0,2 0,02-0,2
Alumínio oxidado 0,2-0,4 0,2-0,4 0,2-0,4
Al. Liga A3003 oxidada 0,4 0,4 0,3
Al. Liga A3003 áspera 0,2-0,6 0,1-0,4 0,1-0,3
Bronze polido 0,01-0,05 0,01-0,05 0,01-0,05
Bronze áspero 0,4 0,3 0,3
Bronze oxidado 0,6 0,5 0,5
Chumbo polido 0,05-0,2 0,05-0,2 0,05-0,1
Chumbo áspero 0,5 0,4 0,4
Chumbo oxidado 0,3-0,7 0,2-0,7 0,2-0,6
Cobre polido 0,03 0,03 0,03
Cobre áspero 0,05-0,2 0,05-0,15 0,05-0,1
Cobre oxidado 0,7-0,9 0,5-0,8 0,4-0,8
Cromo 0,05-0,3 0,03-0,3 0,02-0,2
Estanho 0,1-0,3 0,05 0,05
Inconel oxidado 0,6-0,9 0,6-0,9 0,7-0,95
Inconel jateado 0,3-0,6 0,3-0,6 0,3-0,6
Inconel eletropolido 0,25 0,15 0,15
Ferro oxidado 0,7-0,9 0,6-0,9 0,5-0,9
Ferro não oxidado 0,1-0,3 0,05-0,25 0,05-0,2
Ferrugem 0,6-0,9 0,5-0,8 0,5-0,7
Ferro líquido 0,4-0,6 ---- ----
Ferro fundido oxidado 0,7-0,95 0,65-0,95 0,6-0,95
Ferro fundido 0,3 0,25 0,2
Magnésio 0,05-0,2 0,03-0,15 0,02-0,1
Mercúrio 0,05-0,15 0,05-0,15 0,05-0,15
Molibdênio oxidado 0,4-0,9 0,3-0,7 0,2-0,6
Molibdênio não oxidado 0,1-0,3 0,1-0,15 0,1
Monel (Ni-Cu) 0,2-0,6 0,1-0,5 0,1-0,14
Níquel oxidado 0,4-0,7 0,3-0,6 0,2-0,5
Ouro 0,01-0,1 0,01-0,1 0,01-0,1
Platina oxidada 0,95 0,9 0,9
Prata 0,02 0,02 0,02
Titânio polido 0,2-0,5 0,1-0,3 0,05-0,2
Titânio oxidado 0,6-0,8 0,5-0,7 0,5-0,7
Tungstênio polido 0,1-0,3 0,05-0,25 0,03-0,1
Zinco oxidado 0,15 0,1 0,1
Zinco polido 0,05 0,03 0,02
Tabela 7: emissividade de materiais metalicos
109
Termografia Infravermelha
Essa tabela contempla os termovisores utilizados em Furnas, bem como as lentes disponíveis, resolução espacial e distâncias máximas e mínimas
para se realizar medidas com exatidão.
E 50 25° X 19° 240 X 180 43200 pixels 1,81 mrad 0,05 °C a 25 °C 9,17 m 0,4 m
E 60 25° X 19° 320 X 240 76800 pixels 1,36 mrad 0,05 °C a 25 °C 12,22 m 0,4 m
I 60 25° X 25° 180 X 180 32400 pixels 2,42 mrad < 0,1 °C a 25 °C 6,88 m 0,1 m
P65 24° X 18° 320 X240 76800 pixels 1,30 mrad 0.08°C a 30°C 12,73 m 0,3 m
GF 306 14,5° X 10,8° 320 X240 76800 pixels 0,79 mrad 15 mK a 30 °C 21,07 m 0,5 m
P 640 24° 640 X 480 307200 pixels 0,65 mrad 30 mK a 30 °C 25,46 m 0,3 m
P 640 12° 640 X 480 307200 pixels 0,32 mrad 30 mK a 30 °C 50,93 m 1,2 m
T 620 15° 640 X 480 307200 pixels 0,41 mrad 40 mK a 30 °C 40,74 m 0,5 m
T 650 sc 15° 640 X 480 307200 pixels 0,41 mrad 20 mK a 30 °C 40,74 m 0,5 m
T865 24° 640 X 480 307200 pixels 0,65 mrad 50 mK a 30 °C 25,46 m 0,15 m
T865 14° 640 X 480 307200 pixels 0,38 mrad 50 mK a 30 °C 43,65 m 1,0 m
T 1020 28° 1024 X 768 786432 pixels 0,47 mrad 20 mK a 30 °C 34,92 m 0,4 m
T 1020 12° 1024 X 768 786432 pixels 0,20 mrad 20 mK a 30 °C 81,49 m 1,3 m
Termografia Infravermelha
• ABNT NBR 15572 (2013), Ensaios não destrutivos - Termografia por infravermelha - Guia para inspeção de
equipamentos elétricos e mecânicos
• ABNT NBR 15763 (2009), Ensaios não destrutivos - Termografia - Critérios de definição de periodicidade
de inspeção em sistemas elétricos de potência
• ABNT NBR 15866 (2010), Ensaios não destrutivos - Termografia - Metodologia de avaliação de
temperatura de trabalho de equipamentos em sistemas elétricos.
• ABNT NBR 16818 (2020), Ensaios não destrutivos – Termografia Infravermelha – Procedimento para a
aplicações do método da Termografia Infravermelha.
• ABNT ISO 9712 (2014) - Ensaios não destrutivos — Qualificação e Certificação de pessoal em END
• ABNT NBR 16969 (2021), Ensaios não destrutivos – Termografia infravermelha — Princípios gerais
111
Termografia Infravermelha
D. Certificação em Termografia
Essa certificação é necessária para que o candidato seja reconhecido como um profissional que
realmente domina os conhecimentos teóricos e práticos na área de termografia. Se propõe a
avaliar a qualificação do termografista e emitir um certificado, atestando sua competência.
Segundo a NA-009, o termografista pode ser certificado em um dos três níveis, seguindo os
mesmos padrões mundiais de certificação em END.
Para estar apto a solicitar a certificação em qualquer dos três níveis de qualificação, o candidato
deve possuir pré-requisitos, com evidências documentadas, relacionados com grau de
escolaridade, aptidão física, treinamento e experiência profissional, como descrito a seguir:
112
Termografia Infravermelha
Aptidão física - Acuidade visual para visão próxima, natural ou corrigida; capacidade de
diferenciar cores;
Experiência
Nível 1 - 6 meses.
Nível 2 - 12 meses.
Nível 3 - 36 meses para formação superior.
Nível 3 - 60 meses para formação técnica.
Após a comprovação dos pré-requisitos listados acima, a certificação poderá ser obtida através
da execução de exames de qualificação realizados nos Centros de Exames de Qualificação (CEQ)
autorizados pela ABENDI.
Prático - Questões práticas que avaliam conceitos e princípios requeridos para conduzir
uma inspeção termográfica, duração de 4 horas.
Antes do término do primeiro período de validade da certificação, esta pode ser renovada por
igual período, se o profissional atender satisfatoriamente aos seguintes requisitos:
Se o critério b) não for atendido, o profissional deve seguir as mesmas regras para a
recertificação.
Para ser recertificado, o profissional deve atender aos critérios de renovação e seja aprovado
no exame de recertificação aplicável ao nível requerido.
113
Termografia Infravermelha
Para uma utilização correta da termografia e em aplicações em que é necessária uma maior
exatidão nas medições de temperatura é importante conhecer e quantificar parâmetros como
temperatura aparente refletida, emissividade e transmissividade.
Nos itens a seguir aprenderemos como medir estes parâmetros. Para mais detalhes consulte a
normas:
ABNT NBR 16969 (2021), Ensaios não destrutivos – Termografia infravermelha — Princípios
gerais.
Objeto sob
análise
114
Termografia Infravermelha
Vale ressaltar que nos casos de inspeções termográficas em subestações desabrigadas não é
aplicada a compensação de temperatura aparente refletida. Neste caso, no termovisor, deve
ser atribuído o mesmo valor da temperatura ambiente.
Dois métodos podem ser utilizados, o Método Refletor e o Método Direto, mas aqui será
descrito apenas o Método Refletor.
Método Refletor
Este método assume que o refletor de infravermelho utilizado tem refletividade igual a 1.
Portanto, erros serão minimizados se o refletor utilizado tiver refletividade próxima a 1.
Erros de temperatura aparente refletida, produzidos por uma fonte pontual, como o sol ou uma
lâmpada, são difíceis de medir com exatidão. Essas fontes de erro geralmente podem ser
evitadas, alterando a posição e o ângulo do termovisor em relação ao objeto.
A temperatura aparente refletida, medida na superfície de um objeto, pode ser específica para
o comprimento de onda do termovisor utilizado. Recomenda-se que esse comprimento de
onda seja anotado com o valor medido.
O erro, gerado pela temperatura aparente refletida, pode ser estimado protegendo o objeto da
radiação incidente sobre ele e observando qualquer alteração no valor medido.
O erro gerado pela temperatura aparente refletida pode ser reduzido protegendo o objeto da
fonte de reflexão.
Procedimento
115
Termografia Infravermelha
b) Posicionar o termovisor do mesmo modo que ele será posicionado para a medição da
temperatura da superfície do objeto.
c) Apontar o termovisor para o objeto e ajustar o foco na área do objeto onde a temperatura
aparente refletida será medida.
f) É recomendável repetir os passos de (a) até (e), no mínimo, três vezes para obter a média da
temperatura aparente refletida.
116
Termografia Infravermelha
Ambos os métodos requerem que a superfície do objeto esteja a uma temperatura, no mínimo,
10 °C maior ou menor que a temperatura ambiente, sendo que a exatidão da medida de
emissividade aumenta com a diferença de temperatura.
Procedimento
d) É recomendável repetir os passos de (a) até (c) pelo menos três vezes e calcular a média dos
valores para obter a emissividade média.
Objeto sob Termômetro
análise de contato
Radiação
do objeto
Termômetro
30.4 °C
Ferramenta
Área média
A emissividade pode variar com a temperatura do objeto e com faixa espectral do termovisor
utilizado para fazer as medições. Portanto, o valor da emissividade medido deve ser registrado
com a temperatura do objeto e a faixa espectral da termovisor utilizador.
117
Termografia Infravermelha
Estes métodos de ensaio são válidos somente para objetos que são opacos na faixa espectral do
termovisor utilizado.
Procedimento
b) Aplique uma referência de alta emissividade (ε ≥ 0,90) adjacente à área do objeto, na qual a
emissividade será medida. Certifique-se que o material esteja seco e em bom contato com a
superfície do objeto.
Referência com
Alta emissividade
Ferramenta
Área média
Nem sempre o meio existente entre o objeto sob inspeção e o termovisor é transparente para a
radiação infravermelha, ou seja, bom transmissor de infravermelho. Na verdade, na maioria das
vezes a radiação infravermelha chega até o termovisor com alguma perda, ou atenuação. Na
118
Termografia Infravermelha
aplicação prática isso ocorre, muitas vezes, quando o objeto a ser inspecionado está localizado
dentro de painel elétrico energizado e possui portas de acesso que têm que permanecer
fechadas.
Nestes casos, podem ser instaladas janelas de infravermelho, que são transparentes ao
infravermelho e permitem a inspeção termográfica. Porém, o material dessas janelas também
não é um transmissor perfeito e geralmente o valor de sua transmissividade é informado pelo
fabricante. Neste caso, basta inserir o valor informado no termovisor.
Este procedimento se aplica para os casos em que a transmissividade do meio não é conhecida.
d) Meça e registre a temperatura do Simulador de Corpo Negro diretamente, isto é, sem o meio
atenuante entre o Simulador e o termovisor.
h) O valor da transmissividade obtido deve ser inserido no termovisor sempre que uma
medição for realizada através do meio atenuante.
119
Termografia Infravermelha
13 Referências Bibliográficas
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 15424: Ensaios não destrutivos –
Termografia – Terminologia, 2016.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 16969 – Ensaios não destrutivos –
Termografia Infravermelha – Princípios Gerais, 2021.
EPPERLY, R.A.; HEBERTEIN, G.E.; EADS, L.G. A Tool for Reliability and Safety: Predict and
Prevent Equipment Failures with Thermography; IEEE IAS 44th Annual Petroleum and
Chemical Industry Conference, Sept. 1997, pág. 59 a 68.
FLIR Systems. ThermaCAM™ P65 HS. Manual do Utilizador. Rev.a156, março de 2006.
FLIR Systems. Flir 600 series. Manual do Utilizador. Rev.a321, março de 2009.
GOMES, A. T. et al. Técnicas Preditivas de diagnóstico de para raios. XXII SNPTEE - Seminário
Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Brasília, 2011.
INMETRO. Sistema internacional de unidades. SI. 8. ed. Rio de Janeiro, 2003. 116 p.
120
Termografia Infravermelha
MALDAGUE, Xavier P.V.; MOORE, Patrick O. Infrared and Thermal Testing; Vol. 3 ASNT 2001.
PIRES, D.P.L.; AFONSO, J.C.; CHAVES, F.A.B. A termometria nos séculos XIX e XX. Revista
Brasileira de Ensino de Física, v. 28, n. 1, p. 101 - 114, (2006).
SCHAPPO, Maurício Girardi, Elizandro Maurício Brick, Adriana Botelho Barcellos. Trabalho da
disciplina de Metodologia e Prática do Ensino de Física. Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), 2008. http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/63_lampadas/index.htm
SNELL, J.; FRITZ J. Improving Measurements for Electrical Inspections. Machinery Reliability
Conference, Charlotte 1998.
SNELL, J.; SPRING, R.W. Developing Operational Protocol for Thermographic Inspection
Programs. Thermosense XIV, SPIE Vol. 1682 1992.
121
Termografia Infravermelha
14 Laboratório de Termografia
Objetivos:
Conhecer um simulador de corpo negro, instrumento utilizado para calibração de termômetros
de infravermelho e câmeras termográficas e verificar a calibração de sua câmera antes de
realizar os ensaios propostos nos itens subsequentes.
O simulador de corpo negro apresentado na Figura 113 possui uma cavidade com uma
emissividade de 0,99, cuja temperatura está ajustada para 50 °C. Pede-se:
122
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Realizar medições de temperatura em uma superfície com diferentes emissividades, entender
como a emissividade atua no resultado da medição e aprender a medir a emissividade de uma
superfície.
2 3
Figura 114: Foto do Simulador de Condições termográficas com ensaio de diferentes emissividades.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
123
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Determinar quais materiais são opacos e quais são transparentes ao infravermelho. Aprender a
medir a transmitância de um material.
Opacos: ____________________________________________________________________
Transparentes: ______________________________________________________________
124
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Entender como uma superfície de baixa emissividade se comporta quando está aquecida.
Observar as dificuldades de se localizar uma anomalia térmica em uma superfície de baixa
emissividade.
a) Dentro da barra horizontal existe um resistor aquecido, tente localizá-lo apenas analisando o
termograma, não toque na barra.
Atenção: Não usar ferramentas de medição de temperatura nesta experiência!
b) Coloque uma fita adesiva na barra e confirme se sua resposta está correta.
125
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Entender como o vento atua em uma anomalia térmica e como ele pode influenciar na análise
do defeito.
126
Termografia Infravermelha
Sem vento
Mínima
Média
Máxima
127
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Entender como a radiação solar atua em uma anomalia térmica e como ela pode influenciar na
análise do defeito.
128
Termografia Infravermelha
Mínima
Máxima
129
Termografia Infravermelha
14.7 Conexões
Objetivos:
Aprender a identificar uma alta resistência de contato em uma conexão e entender como é o
comportamento térmico de conexões em série e paralelo.
R R
(a)
(b)
O ensaio apresentado na Figura 119-a possui duas conexões em série, cujo circuito equivalente
é mostrado na Figura 119-b. A corrente IT é de aproximadamente 350 A. Pede-se:
Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
130
Termografia Infravermelha
R1
I1
R2 I2
V1 IT
(a)
(b)
O ensaio apresentado na Figura 120-a possui duas conexões em paralelo, cujo circuito
equivalente é mostrado na Figura 120-b. A corrente IT é de aproximadamente 350 A. Pede-se:
Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2
c) Explicar o comportamento térmico observado no ensaio. Por que a conexão que você
assinalou na letra (a) tem maior aquecimento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
131
Termografia Infravermelha
14.8 Para-raios
Objetivos:
Aprender a identificar anomalias térmicas internas aos para raios através da análise de suas
superfícies externas. Entender o processo de aquecimento da superfície externa e a relação de
grandezas entre as temperaturas interna e externa de um para-raios.
Pastilhas de
resistores não-
lineares de Óxido de
Zinco (ZnO)
Porcelana
Figura 121: (a) Foto do para raios. (b) Para-raios em corte mostrando os componentes internos.
Este ensaio tem a finalidade de simular um para-raios com alta corrente de fuga e aquecimento
interno. Para isso, uma das pastilhas de ZnO do para raios foi substituída por uma resistência
elétrica de mesmo formato. Para alcançar o aquecimento desejado, é aplicado corrente à
resistência através de uma fonte externa. Assim sendo, pede-se:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
132
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Familiarizar com a inspeção de painéis, conhecer janelas de inspeção infravermelhas e aprender
a identificar erros em função da emissividade.
Anomalias identificadas: ( ) 0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4
Anomalias – __________________________________________________________
133
Termografia Infravermelha
Objetivos:
Identificar uma alta resistência de contato em uma seccionadora e entender como é o
comportamento térmico dos contatos em paralelo.
1 2
Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Existe
134