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Diretoria de Operação e Manutenção – DO

Superintendência de Gestão da Manutenção do Sistema – EM.O


Departamento de Ensaios e Suporte à Manutenção – DES.O
Divisão de Ensaios e Apoio à Manutenção – DEAM.O

DES.O
Departamento de Ensaios e Suporte à Manutenção
Rua Carmo do Rio Claro, 80 - Bairro Furnas
São José da Barra – MG
CEP 37.945-000
Fone: +55 35 3523-5802

Curso de
Termografia Infravermelha
2023
Termografia Infravermelha

Revisão 05 março 22 Adequação a novas normas da ABNT e novo MTC de inspeção em subestações
Atualização de nomes de órgãos de FURNAS e imagens em geral,
Revisão 06 maio 22
reorganização de capítulos
Atualização de imagens em geral, reorganização de capítulos, reavaliação do
Revisão 07 novembro 22
conteúdo

EXPEDIENTE EDITORIAL

Autores
Marcelo de Oliveira Morais Filho
Marcelo Krauss Morais
Rodolfo Vieira da Silva

Revisão 07 – nov. de 2022

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Termografia Infravermelha

Sobre o Departamento de Ensaios e Suporte à Manutenção - DES.O

O DES.O apresenta importante atuação na pesquisa e desenvolvimento de facilidades e novas


técnicas de manutenção para a redução dos tempos de desligamento do Sistema Elétrico,
aumentando a confiabilidade e reduzindo custos de operação e manutenção.

Estrutura-se organizacionalmente em duas Divisões, DMEE.O (antigo LAME.O) e DEAM.O,


reunindo uma equipe altamente especializada para garantir o perfeito desempenho dos
equipamentos, aumentando a disponibilidade e prolongando sua vida útil.

É responsável por atividades relativas à especificação, aquisição, calibração, reparos etc. de


toda a instrumentação eletroeletrônica utilizada nas diversas áreas da Empresa.

Possui também um completo acervo de instrumentação voltada à execução de ensaios


elétricos, eletrônicos, mecânicos, químicos e outros especiais aplicados às áreas de geração e
transmissão de energia.

Além disso, tem marcante atuação em atividades de mecânica pesada e de precisão, possuindo
ampla e completa Oficina Eletromecânica, com grande acervo de máquinas operatrizes,
equipamentos metrológicos, instalações para ensaios e calibrações em equipamentos de alta
pressão, além de domínio de diversos métodos de ensaios não destrutivos.

No âmbito da termografia, as principais atividades são:

 Desenvolvimento, no âmbito da DO, de procedimentos, tecnologias de medição e


análise de anomalias térmicas e de detecção de efeito corona por ultravioleta.
 Suporte técnico e inspeções de apoio às áreas regionais de FURNAS e à EM.O.
 Especificação, aceitação, calibração e reparo de termovisores.
 Treinamentos de Termografia para os funcionários da Eletrobras Furnas.
 Ensaios específicos (militares, incêndio, segurança do trabalho).
 Promoção de encontros técnicos para difundir o método.
 Publicação de trabalhos científicos sobre termografia e detecção de efeito corona.

Telefones úteis: Marcelo Krauss 881-5882 Inspetor e instrutor de termografia


Rodolfo Viera 881-5881 Inspetor e instrutor de termografia
Marcelo Morais 881-5877 Inspetor e instrutor de termografia
Clayton Duarte 881-5909 Supervisor de ensaios de transmissão
Ivair M. Dias 881-5821 Supervisor de ensaios de transmissão

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Termografia Infravermelha

Sumário
1 OBJETIVOS DO CURSO 6
1.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA, PREVENTIVA E PREDITIVA 6
2 INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 8
2.1 DEFINIÇÃO DE TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 8
2.2 A IMPORTÂNCIA DA TEMPERATURA 9
2.3 ESCOLHA DO MÉTODO PARA MEDIÇÕES DE TEMPERATURA 10
2.4 COMO FUNCIONA A TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 11
2.5 UMA IMAGEM TÉRMICA (TERMOGRAMA) 12
2.6 O QUE FAZ A TERMOGRAFIA TÃO ÚTIL? 13
2.7 TERMOGRAFIA X VISÃO NOTURNA 14
2.8 EVOLUÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE TERMOGRAFIA 15
2.9 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA TERMOGRAFIA 17
2.10 BENEFÍCIOS DA TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA 18
2.11 UTILIZAÇÃO E APLICAÇÕES DA TERMOGRAFIA 18
QUESTIONÁRIO: 23
3 TRANSFERÊNCIA DE CALOR 25
3.1 CALOR 25
3.2 TEMPERATURA 26
3.3 ESCALAS DE TEMPERATURA 27
3.4 MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 30
QUESTIONÁRIO: 35
4 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 37
4.1 DECOMPOSIÇÃO DA LUZ 37
4.2 O INFRAVERMELHO 37
4.3 OSCILAÇÃO ELETROMAGNÉTICA E ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO 38
QUESTIONÁRIO: 40
5 FUNDAMENTOS DA RADIAÇÃO INFRAVERMELHA 41
5.1 TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 41
5.2 TRANSMITÂNCIA ATMOSFÉRICA 42
5.3 LEIS DA RADIAÇÃO INFRAVERMELHA 43
5.4 CORPO NEGRO 46
5.5 ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO DE RADIAÇÃO 47
5.6 EMISSIVIDADE 50
5.7 CAVIDADES 52
5.8 DETECÇÃO DE GASES 54
QUESTIONÁRIO: 57
6 FATORES QUE INFLUENCIAM NA LEITURA DE TEMPERATURA COM TERMOVISORES 59
6.1 EMISSIVIDADE 60
6.2 CORRENTE DE CARGA 61
6.3 VENTO 63
6.4 RESFRIAMENTO 65
6.5 TEMPERATURA AMBIENTE 65
6.6 RADIAÇÃO SOLAR 66
6.7 TRANSMITÂNCIA ATMOSFÉRICA (UMIDADE, NÉVOA, NEVOEIRO E CHUVA) 68
6.8 DISTÂNCIA 69
6.9 RESOLUÇÃO ESPACIAL 69
6.10 ÂNGULO DE INCIDÊNCIA 74
6.11 SENSIBILIDADE TÉRMICA 75
6.12 INFLUÊNCIAS DE QUALIFICAÇÃO PESSOAL 75
QUESTIONÁRIO: 77

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Termografia Infravermelha

7 PRINCIPAIS AJUSTES E CONFIGURAÇÕES DE TERMOVISORES 78


7.1 INTRODUÇÃO 78
7.2 OPERAÇÃO BÁSICA 78
7.3 COMPOSIÇÃO DA IMAGEM 85
8 INSPEÇÕES TERMOGRÁFICAS NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 87
8.1 INSPEÇÕES TERMOGRÁFICAS EM SUBESTAÇÕES 87
8.2 DETECÇÃO DE POLUIÇÃO EM ISOLADORES ATRAVÉS DA TERMOGRAFIA POR INFRAVERMELHO 89
8.3 INSPEÇÕES TERMOGRÁFICAS EM SISTEMAS ELETROMECÂNICOS 91
8.4 FLUXOGRAMA PARA APOIO A TOMADA DE DECISÕES 93
QUESTIONÁRIO: 96
9 PROBLEMAS MAIS COMUNS ENCONTRADOS NO DIA A DIA. 98

10 CUIDADOS COM O TERMOVISOR 102


10.1 LIMPANDO O SISTEMA ÓTICO 102
10.2 CALIBRAÇÃO DOS TERMOVISORES 103
11 SOFTWARE PARA TRATAMENTO DE IMAGENS 105

12 APÊNDICE 108
A. VALORES TÍPICOS DE EMISSIVIDADE 108
B. TERMOVISORES X DISTÂNCIAS DE MEDIÇÃO 110
C. NORMAS VIGENTES ACERCA DA TERMOGRAFIA 111
D. CERTIFICAÇÃO EM TERMOGRAFIA 112
E. MEDIÇÃO DE IMPORTANTES PARÂMETROS DA RADIAÇÃO 114
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 120

14 LABORATÓRIO DE TERMOGRAFIA 122


14.1 SIMULADOR DE CORPO NEGRO (PADRÃO DE TEMPERATURA) 122
14.2 SIMULADOR DE CONDIÇÕES TERMOGRAFÍCAS (EMISSIVIDADE) 123
14.3 TRANSMITÂNCIA DE MATERIAIS 124
14.4 BARRA COM AQUECIMENTO INTERNO (EMISSIVIDADE) – DEMONSTRAÇÃO COLETIVA 125
14.5 VELOCIDADE DO VENTO 125
14.6 RADIAÇÃO SOLAR 128
14.7 CONEXÕES 130
14.8 PARA-RAIOS 132
14.9 PAINEL TRIFÁSICO 133
14.10 CHAVE SECCIONADORA 134

AGENDA
Dia 01 Capítulos 1 a 3
Dia 02 Capítulos 4 a 6
Dia 03 Revisão, Capítulos 7 a 11
Dia 04 Capítulos 14
Dia 05 Capítulo 14, Revisão, Prova

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Termografia Infravermelha

1 Objetivos do Curso

Nesta apostila estudaremos os conceitos básicos que envolvem a termografia por


infravermelho. Uma tecnologia cada vez mais estudada, conhecida e utilizada.

Aplicada na defesa e segurança de patrimônios e pessoas, na detecção de doenças, na


prevenção de falhas elétricas e mecânicas, controle de processos, enfim, em uma extensa gama
de atividades. Uma tecnologia que enxerga o “invisível” podendo ajudar a aumentar a
segurança de pessoas e salvar vidas, reduzir fortemente os custos nas indústrias e até nas
residências.

 Capacitar pessoas para utilizar a termografia em sistemas elétricos.

 Apresentar as reais possibilidades de utilização da termografia e dos resultados que


podem ser alcançados, permitindo um melhor gerenciamento do programa de
manutenção.

 Discutir a teoria que envolve a termografia e relacioná-la com os fenômenos práticos


encontrados no dia a dia, aprimorando a análise dos problemas detectados e o
diagnóstico dos defeitos.

1.1 Manutenção Corretiva, Preventiva e Preditiva

A manutenção em equipamentos basicamente visa:


- Melhoria de desempenho, tempo de operação e confiabilidade;
- Redução de paradas não programadas, número de paradas e custo de reparo.

As manutenções habituais em sistemas industriais são classificadas como Corretiva, Preventiva


e Preditiva.

Na manutenção preventiva, as intervenções são planejadas e procuram evitar que os


equipamentos falhem evitanto transtornos na planta. Os programas mais constantes da
manutenção preventiva são: reparos, lubrificação, ajustes, medições, recondicionamentos de
máquinas etc. O denominador comum para todos estes programas de manutenção preventiva
é o planejamento da manutenção em função do tempo.

Na manutenção corretiva, as intervenções não são periódicas. Variam em função dos danos
que eventualmente poderão ocorrer. A mesma possui suas causas em falhas e erros, que
equipamentos dispõem nesta instância, trata da correção dos danos atuais e não iminentes.

Manutenção Preditiva

Em sistemas elétricos, nesse tipo de manutenção, falhas podem ser encontradas e corrigidas
em seus estágios iniciais, antes que se tornem falhas potenciais capazes de provocar a
interrupção dos serviços.

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Termografia Infravermelha

Com ela é possível reduzir custos e o tempo de intervenção através do conhecimento prévio
dos defeitos a serem corrigidos e aumentar a disponibilidade dos equipamentos.

A manutenção preditiva implica em:


- Monitoramento do desempenho de equipamentos
- Coleta e registro de dados
- Análise e avaliações técnicas
- Procedimentos de segurança
- Intervenções e testes

Em resumo, certos parâmetros dos componentes devem ser monitorados para identificar o
início da falha e corrigi-la.

As técnicas de monitoramento preditivos mais comuns incluem: análise de vibração, ultrassom,


ferrografia, monitoramento de processo, inspeção visual, e outras técnicas de análise não-
destrutivas, além da termografia.

Em sistemas elétricos e mecânicos as falhas frequentemente são precedidas de uma


anormalidade térmica do componente elétrico. Este fato faz da medição de temperatura um
dos principais parâmetros de análise e diagnóstico na manutenção preditiva.

A partir dos conceitos de manutenção preditiva, começamos a entender o porquê de se utilizar


termografia.

A termografia entrou no sistema elétrico para minimizar e evitar as manutenções preventivas e


corretivas.

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Termografia Infravermelha

2 Introdução à Termografia Infravermelha

O que é termografia e como podemos usá-la? Neste capítulo faremos uma introdução sobre
essa tecnologia e algumas aplicações possíveis.

A termografia tem provado ser uma poderosa ferramenta para aumentar a confiabilidade do
sistema elétrico, evitando falhas inesperadas e indisponibilidade do sistema. Em consequência,
recursos financeiros são economizados, tempo de reparos reduzidos, trocas de equipamentos e
interrupções do fornecimento de energia evitados.

Mas para isso ser realidade, as equipes selecionadas para trabalharem nesta área devem estar
em contínuo treinamento e em contato permanente com outros técnicos para discutirem
novos procedimentos e novas tecnologias e com isso aumentarem suas habilidades.

2.1 Definição de Termografia Infravermelha

Método de medição de temperatura sem contato físico, que possibilita a formação de imagens
térmicas ou termogramas de um componente, equipamento ou processo, a partir da radiação
infravermelha emitida pelos objetos
[ABNT – NBR 15424 (2022) – Ensaios não destrutivos – Termografia – Terminologia]

Termografia é derivado de duas palavras gregas: Thérmē, que significa calor e Grafhos que
significa escrita ou desenho. Podemos entender essa definição como sendo um Mapa Térmico.

Termografia significa “escrever com calor”, exatamente como a fotografia significa “escrever
com luz”. A figura que é gerada é chamada termograma ou imagem térmica.

Infravermelha é o que a faz ser sem contato. Há outros métodos de criar uma imagem térmica
por contato, mas esse não é o nosso objetivo nesse curso.

Quando colocamos um filme termosensível sobre uma superfície e ele muda de cor em função
da temperatura desta superfície, podemos dizer que estamos fazendo termografia, ou mais
especificamente: termografia por contato

Figura 1: termografia por contato

Nesta apostila, quando for usado o termo “termografia”, estaremos nos referindo à termografia
infravermelha (sem contato), que será o nosso objeto de estudo.

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Termografia Infravermelha

A termografia infravermelha é um método que, como o próprio nome já sugere, se baseia na


emissão da radiação infravermelha pelos objetos e, não necessitando de contato físico para
criar o mapa térmico de uma superfície.

Em nosso caso, precisamos saber como obter imagens térmicas e analisá-los. Isso inclui a
operação do instrumento e a compreensão do calor, temperatura, transferência de calor, além
da compreensão dos fenômenos eletromagnéticos que envolvem o método.

A figura a seguir mostra uma imagem térmica obtida por uma câmera infravermelha, a partir de
um objeto.

Figura 2: Termovisor captando a radiação IV emitida pelo objeto e transformando-a numa imagem térmica

Há instrumentos (termômetro infravermelho) que podem medir temperatura através da


radiação infravermelha sem criar imagens, mas isso não é Termografia.

2.2 A Importância da Temperatura

A temperatura está entre as variáveis mais medidas no mundo, assim como o tempo e a
distância.

Se nós temos um desvio na temperatura normal do nosso corpo, mesmo que insignificante, nos
sentimos doentes. Se assarmos um bolo em uma temperatura muito alta, ele terá um gosto
ruim. Esses são dois exemplos diários.

Num processo de fundição, mudamos temperatura do material até ele se fundir, se formar de
novo e então mudar a temperatura de volta para onde ele fique sólido de novo e então se
tornar uma peça como desejamos.

Um processo de destilação, como em uma planta petroquímica, é baseado nas diferentes


temperaturas de ebulição e condensação dos diferentes componentes do óleo cru. Usando esse
método, as diferentes frações podem ser separadas.

Tendo controle sobre a temperatura, podemos obter alta qualidade, melhor segurança e
economia de dinheiro nos processos que utilizamos diariamente.

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Termografia Infravermelha

2.3 Escolha do Método para Medições de Temperatura

A medição de temperatura pode ser feita por dois métodos:

 Medição por contato, na qual termômetros de líquido em vidro, termômetros a gás ou


óleo em tubos de cobre, termômetros de resistência, termopares são utilizados

 Medição sem contato, na qual pirômetros ópticos, termômetros de infravermelho


(radiômetros), fibras óticas e termovisores podem ser empregados

A escolha de um ou outro método para se realizar uma medição de temperatura está


relacionada ao tipo de aplicação e à situação encontrada para a escolha do tipo de termômetro
a ser utilizado, como:

 O objeto está muito distante ou inacessível para termômetros de contato


Ex.: conexões em linhas de transmissão

 O objeto está em movimento;


Ex.: rotores de motores ou geradores

 O objeto está energizado e apresenta risco para instrumentos ou pessoa


Ex.: painéis e equipamentos de alta tensão

 Quando existe necessidade de uma medição com respostas rápidas. Termômetros de


infravermelho podem responder em décimos ou centésimos de segundo

 O objeto é muito pequeno. Termômetros de contato podem servir como dissipadores,


alterando a temperatura real do objeto

 O objeto pode danificar o termômetro de contato seja por vibração, corrosão ou


chamas

 O objeto é frágil e o simples contato do termômetro pode danificá-lo

Termômetro
T.L.V. digital
Termômetro de Líquido (termopar)
em Vidro

Termopar

Termômetro
digital
(termopar)

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Termografia Infravermelha

Capilar de
Óleo ou Gás
Termo resistência
de Platina
(PT-100)

Figura 3: Termômetros e sensores utilizados na medição de temperatura por contato

Termovisor

Termômetro de
Infravermelho

Figura 4: Instrumentos utilizados na medição sem contato

Para sistemas elétricos, a Termografia Infravermelha foi escolhida como a técnica mais
apropriada, pois proporciona:

 Inspeção visual rápida


 Inspeção à distância, com segurança e com os equipamentos em operação
 Detecta defeitos em estágios iniciais evitando interrupções no sistema
 Salvar imagens para posterior visualização, relatórios etc.

2.4 Como Funciona a Termografia Infravermelha

Ela se baseia principalmente em dois fenômenos físicos:

 Todo objeto emite radiação térmica, mesmo objetos com temperaturas muito baixas,
como o gelo
 A radiação térmica emitida pelo objeto é maior, quanto maior for sua temperatura

Portanto, é possível relacionar a temperatura de um objeto com a quantidade de radiação por


ele emitida.

Outro fato importante é que a radiação térmica, na maioria dos casos, é emitida apenas na
faixa do infravermelho do espectro, radiação que é invisível ao olho humano.

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Termografia Infravermelha

Assim sendo, a termografia se aproveita destes fenômenos físicos para detectar, através de
uma câmera termográfica ou termovisor, a radiação infravermelha proveniente dos objetos e
convertê-la em imagens coloridas ou com diferentes tons de cinza, as quais chamamos de
termogramas. Através dos termogramas é possível analisar a distribuição térmica de uma
determinada superfície e até mesmo medir sua temperatura, sem nenhum contato físico.

2.5 Uma Imagem Térmica (Termograma)

Termograma é uma imagem obtida a partir da radiação infravermelha proveniente da


superfície dos objetos.

Figura 5: Imagem térmica (termograma)

As áreas escuras, na figura 5, geralmente são aquelas que emitem menos radiação térmica, por
consequência estão mais frias. As áreas mais brilhantes significam o oposto – mais radiação, e
possivelmente uma área mais quente.

Um termograma pode nos fornecer muito mais informações do que uma simples imagem
visível. Analisando os termogramas é possível determinar a distribuição térmica de uma
superfície e realizar medidas de temperatura.

A imagem da caminhonete nos sugere que as partes mais claras dos automóveis estão ligadas
ou foram recentemente desligadas. Podemos detectar isso pelas cores mais claras na região do
motor, do radiador e das rodas, dando a impressão de que elas estavam em uso há pouco
tempo.

No caso da imagem do Fusca, ela pode nos sugerir que algumas partes foram aquecidas pelo
sol. Uma das poucas coisas que não podemos detectar nessa imagem é a cor visual do carro!
Nos termogramas da Figura 5, as diferentes cores indicam diferentes intensidades de radiação
emitida pela superfície em análise. Essa intensidade de radiação é convertida em valores de
temperatura por um algoritmo interno do termovisor. Consequentemente, em qualquer ponto
do termograma é possível obter a respectiva temperatura da superfície analisada.

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Termografia Infravermelha

2.6 O que faz a Termografia tão Útil?

Há três coisas que faz a Termografia ser uma técnica diferenciada e tão útil no dia a dia.

1 - É uma técnica que não necessita contato, usa medição à distância

Isso traz várias vantagens, e duas merecem ser mencionadas.

Primeiramente, isso mantém o termografista fora de perigo. Um exemplo onde isso se torna
importante são as aplicações em manutenções elétricas. Componentes energizados
simplesmente não podem ser tocados. E se eles não estão sendo percorridos por corrente
elétrica, não há elevação de temperatura a ser medida. A distância e acessibilidade são outro
problema que temos que dominar, bem como medições em alvos em rotação ou movimento.

Em segundo lugar, termografia é uma técnica não intrusiva e que não afeta as características do
alvo a ser medido. Apenas é captada a radiação naturalmente emitida que vem dele, quer
olhemos pra ela ou não. Isso é uma importante condição para várias aplicações.

2 - Ela é bidimensional

Pode-se comparar áreas diferentes do alvo a ser medido: medindo temperatura em dois ou
mais pontos na mesma imagem ao mesmo tempo e compará-los.

A imagem possibilita uma excelente visão geral do alvo. Com uma imagem, pode-se localizar
onde estão os problemas, ou ver quais os pontos de especial interesse. Não se necessita saber
antecipadamente e exatamente onde a medição deve ser feita, pode-se decidir isso
posteriormente usando a imagem.

A análise de padrões térmicos não pode ser realizada sem uma imagem. A termografia
visualiza um padrão térmico, e então a análise pode ser feita posteriormente.

3 - Medição em tempo real

Imagens em tempo real nos permitem a rápida visualização do comportamento ponto a ponto
de um alvo estacionário. Imagine se um filme fotográfico fosse usado em termografia e
tivéssemos que esperar ele ser revelado para vermos o resultado. Várias situações poderiam vir
a ser descobertas tarde demais.

Com a evolução e sofisticação dos instrumentos disponíveis atualmente, mesmo alvos muito
rápidos e ou em movimento podem ser capturados e analisadas pelos seus padrões de
temperatura.

Medição de temperatura por contato sempre terá resposta mais retardada. A característica de
medição em tempo real da termografia infravermelha leva-nos a capturar rápidas mudanças de
padrões térmicos, sem alterar a forma de como essas mudanças acontecem.

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Termografia Infravermelha

Possibilita a detecção de defeitos em estágios iniciais, proporcionando um aumento da vida útil


dos equipamentos e uma tranquila programação do reparo.

A termografia é uma tecnologia que requer conhecimento e habilidade em algumas áreas


dentro do assunto, apenas fazer uma imagem térmica não te leva muito longe.

Você precisa estar apto a analisar a imagem e entender as consequências do que você vê. Isso
significa compreender os seguintes conceitos:

Termografia
Infravermelha

Rotinas de
Ciência Térmica Ciência da Aplicações Análise Técnica Manipulação da Inspeções e
Radiação Câmera Relatórios

Figura 6: Assuntos que envolvem a termografia infravermelha

Nesta apostila, abordaremos as áreas descritas na figura acima, algumas mais profundamente
que outras. Com o campo de trabalho e experiência, você irá aprender cada vez mais.

2.7 Termografia x Visão Noturna

Basicamente a diferença entre termografia e visão noturna é:

Visão noturna: usamos aparelhos que precisam de uma fonte de luz visível para enxergar no
escuro.
Termografia: usamos os aparelhos para enxergar no escuro sem necessidade de fonte de luz
visível, detectar anomalias térmicas e medir temperaturas.

Na visão noturna, o objetivo é detectar e identificar alvos ou objetos. Para isso podemos utilizar
um termovisor, uma vez que a radiação infravermelha não requer absolutamente nenhuma luz
visível e nem depende da hora do dia ou noite para ser transformada em imagem pelo
instrumento.

Outra forma de visão noturna são as câmeras IR que trabalham com Infravermelho próximo,
como as câmeras de segurança. Essas câmeras possuem diodos LED que iluminam o cenário
com luz IR (que não podemos ver), e a câmera capta essa radiação.

Pode-se também enxergar à noite utilizando óculos, lentes ou equipamentos de visão noturna1.
Esses equipamentos trabalham amplificando pequenas quantidades de luz visível (e às vezes luz
infravermelha) milhares de vezes, fazendo com que essa pequena quantidade de luz ilumine o
cenário que se deseja ver. Assim os objetos podem ser vistos à noite. Esses equipamentos

1
Esses equipamentos são comercialmente denominados por EVN (Equipamentos de Visão Noturna), ou NVG
(Night Vision Goggles).

14
Termografia Infravermelha

funcionam apenas se há alguma luz presente como luz da lua ou das estrelas iluminando o
local.

Uma desvantagem da tecnologia de equipamentos NVG ou EVN sobre a tecnologia da


termografia é que a imagem destes pode ser facilmente blindada por um brilho ou luz visível
incidindo diretamente sobre eles.

Figura 7: Imagem captada por um equipamento de visão noturna (esquerda) e por termovisor (direita)

2.8 Evolução dos Equipamentos de Termografia

O termovisor é um equipamento que capta a radiação infravermelha e a transforma numa


imagem com padrões de distribuição térmica do objeto inspecionado. Dependendo das
características do mesmo, ele pode nos fornecer dados adicionais do objeto como medição de
temperatura, variedade de cores da imagem etc.

Os primeiros sistemas infravermelhos disponíveis comercialmente, ainda na década de 50,


foram os radiômetros. Esses equipamentos eram relativamente baratos e bastante fáceis de
manusear. Ainda hoje são usados na indústria, tendo sido bastante modernizados.

Com o desenvolvimento do fotodetector, programas de pesquisa militar na área de


processamento de imagens térmicas se intensificaram. Durante a II Guerra Mundial obteve-se
grandes avanços no desenvolvimento da visão noturna, mísseis guiados pelo calor e do
primeiro scanner de linha, equipamento que fornece o perfil de temperatura ao longo de uma
linha e que, para formar uma imagem bidimensional, necessita do movimento relativo do
objeto sob inspeção.

Com a inclusão, em 1954, de um sistema de varredura óptico-mecânico ou eletrônico, os


equipamentos podiam diretamente formar uma imagem bidimensional, mesmo assim, um

15
Termografia Infravermelha

termovisor levava 45 minutos para criar uma imagem e só em meados da década de 60 é que
foi lançado o primeiro termovisor de tempo real, capaz de produzir 20 imagens por segundo.
Nesta ocasião se iniciou a comercialização de termovisores.

Figura 8: Diagrama simplificado de um termovisor com tecnologia por varredura

No início da década de 1970 chegaram ao Brasil os primeiros termovisores. Nessa época,


empregavam detectores resfriados a nitrogênio líquido, sistemas de varredura ópticos-
mecânicos para formar as imagens térmicas e a temperatura do objeto inspecionado era obtida
através de cálculos. Esses equipamentos pesavam cerca de 40 Kg e geralmente eram montados
sobre pick up’s para otimizar a agilizar as inspeções.

Rápidos avanços na tecnologia foram observados de 1970 até os nossos dias. Detectores de
resfriamento criogênico evoluíram para resfriados eletricamente e, em seguida, para
detectores construídos por circuitos integrados sem resfriamento.

Figura 9: Diagrama simplificado de um termovisor com tecnologia FPA

Os sistemas de varredura ópticos-mecânicos foram substituídos pela tecnologia de FPA (Focal


Plane Array), o peso que nos anos 70 chegava próximo dos 40 kg diminuiu para menos de 2 kg.
As leituras de temperatura passaram a ser mostradas diretamente no monitor do termovisor e
a sensibilidade térmica melhorou consideravelmente.

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Termografia Infravermelha

1963 1972 1975 1990 1995 2000

2003 2006 2012 2016


Figura 10: Evolução dos termovisores ao longo dos anos

A partir de 1990 surgiram no mercado detectores tipo CCD infravermelhos de grande


sensibilidade e alta resolução.

Atualmente os termovisores são portáteis, têm alta resolução, podem ser conectados ao
computador, inclusive por wireless, além de outros recursos. Possuem, também, softwares para
análise das imagens, facilitando ainda mais a aplicação da termografia em sistemas elétricos.

2.9 Aplicações Práticas da Termografia

Mantendo em mente a importância da temperatura e a grande versatilidade e usualidade da


termografia, não é surpresa que as aplicações que foram descobertas através dos anos são
numerosas e diversas.

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Termografia Infravermelha

Essa apostila não pretende primariamente ser um manual de aplicações e sim ser um manual
para aprender termografia em geral. Mas isso não significa que não iremos aprender aplicações
ou iremos evitá-las!

Você verá abundantes e amplos exemplos do mundo real do início ao fim dessa apostila,
especialmente das mais comuns aplicações de monitoramento de condições como elétricas,
construções e processos.

2.10 Benefícios da Termografia Infravermelha

 Redução significante de falhas não programadas


 Detecção de problemas rapidamente sem interrupção dos trabalhos
 Avaliação de prioridades para ações corretivas
 Minimização da ação corretiva e tempo de detecção de problemas
 Estar de acordo com os requisitos da companhia de seguros
 Controle de equipamentos defeituosos enquanto ainda estão sob garantia de fábrica

2.11 Utilização e Aplicações da Termografia

Devido às diversas vantagens citadas, a termografia se tornou uma tecnologia utilizada nas
mais diferentes atividades humanas, tanto em aplicações militares, como civis.

Por ser uma técnica que não necessita de contato físico e permite observações à distância, a
termografia vem sendo utilizada em diversas áreas, das quais algumas serão listadas a seguir.

A Termografia se baseia no princípio de que todos os corpos emitem naturalmente radiação


eletromagnética em função de sua temperatura absoluta. Termografia é a técnica que
transforma a radiação infravermelha, invisível a olho nu e que é emitida pelos corpos, em
imagens visíveis, com a possibilidade de leitura das temperaturas envolvidas nestas imagens
(termogramas).

Qualquer objeto que tenha temperatura acima do zero absoluto (-273,15 °C ou -459,67 °F ou 0
K) irradia energia no espectro infravermelho, mesmo objetos que achamos estarem muito frios,
como um cubo de gelo.

A radiação térmica é sempre emitida por uma superfície, mas com algum conhecimento
aprofundado e experiência, pode-se atualmente localizar falhas até mesmo abaixo de uma
superfície.

2.11.1 Sistemas Elétricos

Esses sistemas, quando em mau funcionamento, geralmente apresentam sintomas associados


ao aumento de temperatura. Um aumento da resistência ôhmica gerado por oxidação,
corrosão ou mau contato provoca o aumento da temperatura do componente. Outras causas

18
Termografia Infravermelha

podem ser curtos-circuitos, circuitos abertos, aquecimento indutivo, aquecimento provocado


por harmônicos, desbalanceamento de carga e sobrecarga.
Alguns exemplos de aplicações em sistemas elétricos, inclusive em Furnas:

 Inspeções em plantas industriais em geral


 Painéis, bandejas de cabos, centro de controle de motores
 Inspeções em subestações incluindo painel de distribuição, disjuntores,
transformadores, secionadores, banco de capacitores, isoladores, conexões,
barramentos etc
 Inspeções em sistemas elétricos suspensos urbanos ou rurais (LD’s)
 Inspeções em motores e geradores elétricos
 Inspeções em linhas de transmissão (LT’s) de alta tensão
 Avaliação fluxo magnético em laminado de estatores
 Determinação de rendimento de máquinas por método calorimétrico

Figura 11: Defeitos típicos em equipamentos elétricos (1)

Figura 12: Defeitos típicos em equipamentos elétricos (2)

2.11.2 Sistemas Mecânicos

Em sistemas mecânicos o aumento de temperatura se dá por má lubrificação, atritos,


desalinhamento, falta de refrigeração, vibração, desbalanceamento, engrenagens ou
acoplamentos deteriorados etc.

Alguns exemplos de aplicações em sistemas mecânicos:

 Caldeiras, estufas
 Análise e monitoramento de engrenagens e redutores
 Níveis de fluidos em tanques, tubulações em geral
 Avaliação de equipamentos e sistemas de aquecimento e ar condicionado
 Detecção de frestas em isoladores de equipamentos de refrigeração
 Monitoração de fluxo de resfriamento de radiadores e trocadores de calor

19
Termografia Infravermelha

 Detecção de desalinhamento e má lubrificação em acoplamentos e mancais

Figura 13: Sistema de polias desalinhado e monitoramento de isolação térmica em uma estufa

Figura 14: Sistema de excitação com problema de mancal, um trocador de calor, e nível de óleo em bucha

2.11.3 Médicas

A utilização da termografia na medicina se deve ao fato de que o corpo humano possui uma
distribuição térmica que é alterada quando existem problemas de aumento ou diminuição de
irrigação de tecidos pelo sangue. Com a termografia é possível realizar essa análise, de modo
não invasivo (sem contato), dinâmico (o corpo pode ser analisado em movimento), sem dor e
sem exposição a radiações prejudiciais ao ser humano.

 Avaliação de enfermidades – câncer de seio, pele


 Acompanhamento de feridas, queimaduras
 Detecção de problemas de circulação sanguínea, varizes
 Febres, enxaqueca, sinusite
 Avaliação de lesão em atletas etc.

Figura 15: Imagens térmicas do corpo humano

20
Termografia Infravermelha

2.11.4 Sistemas Militares

A termografia tem grande aplicação militar, como por exemplo: a possibilidade da visão
noturna, patrulhamento, navegação aérea e terrestre, construção de mísseis guiados pelo
calor, mapeamento térmico de áreas e alvos, camuflagem infravermelha.

Figura 16: Alvos detectados por uma câmera infravermelha.

Figura 17: Míssil guiado por calor.

Ainda dentro da área militar, a termografia pode ser utilizada por bombeiros em apoio ao
combate de incêndios e ao resgate de pessoas. Além de detectar as regiões de mais alta
temperatura, a termografia possibilita ver através da fumaça.

2.11.5 Astronomia

As observações astronômicas têm progredido sensivelmente com o advento das câmeras


infravermelhas de maior sensibilidade e resolução. Alguns dos objetivos do uso na astronomia
são a observação do centro da nossa galáxia, nuvens de gás, estrelas em fase de formação e a
distribuição térmica em corpos do sistema solar. Outras aplicações envolvem aplicações
meteorológicas, controle remoto, científico-militar.
Imagem: ESO/Univ. Oxford/T. Barry
Imagem: NASA, ESA, CSA

Figura 18: Júpiter - Telescópio James Webb Figura 19: Saturno - Telescópio James Webb

21
Termografia Infravermelha

2.11.6 Exemplos de Outras Aplicações

 Construção Civil
• Isolamento térmico
• Cura de concreto
• Estruturas, pilares, lajes
• Infiltrações etc.

 Equipamento Eletrônico
• Avaliação de problemas em placas de circuito impresso
• Detecção de aquecimento por RF em antenas, guias de onda, cabeamento e
projetos de estruturas.

 Aplicações Automotivas e Transporte


• Avaliação de sistemas de freios, pneus
• Avaliação de motores, escapamentos
• Sistema de refrigeração e aquecimento, para brisas.

 Aplicações Aeroespaciais
• Penetração de água na carcaça de aeronaves
• Diagnósticos em pneus e sistema de freios
• Identificação e localização de corrosão e rachaduras.

 Controle de Qualidade e Monitoramento de Processos em indústrias


• Indústria de papel, siderurgia, fornos
• Inspeção em isolação de fornos refratários
• Avaliação de chamas internas de fornos e inspeções em tubos etc.

 Biologia e Veterinária
• Odontologia, disfunções na mandíbula de animais
• Avaliação de danos decorrentes do esporte bem como o progresso da terapia
• Exames de danos a equinos, fraturas, manqueira.

 Aplicações no meio ambiente, agricultura e geologia


• Localização de fogos em florestas
• Análise de distribuição da irrigação da água
• Determinação da umidade da vegetação e solo.

 Aplicações Diversas
• Busca, localização de pessoas perdidas e resgate
• Localização de pessoas em prédios em chamas e navegação através da fumaça
• Erupções vulcânicas
• Apoio aos profissionais em restauração de obras de arte.

 Detecção de gases
• Ver capítulo 5.8

22
Termografia Infravermelha

Questionário:

Questão 01
Em que princípio se baseia a termografia infravermelha?
a) Os objetos mais quentes emitem radiação infravermelha
b) Todos objetos emitem radiação em função de sua temperatura
c) Todos objetos refletem radiação em função de sua temperatura
d) Todos objetos emitem radiação em função de sua massa

Questão 02
Das opções abaixo, qual não se aplica à termografia?
a) Capaz de medir temperatura sem a necessidade de contato físico
b) Capaz de realizar a inspeção de equipamentos em operação
c) Possui uma resposta de medição rápida
d) Capaz de medir temperatura através de metais e isolantes

Questão 03
O que é um termograma?
a) Uma imagem obtida a partir da radiação infravermelha proveniente dos objetos acima do
zero absoluto
b) Uma imagem obtida a partir da cor dos objetos
c) Uma imagem obtida somente a partir da radiação infravermelha de objetos aquecidos
d) Nenhuma das opções acima

Questão 04
Em quais aplicações abaixo é possível utilizar a termografia?
a) Sobreaquecimentos em sistemas elétricos e mecânicos
b) Visão noturna na área militar
c) Visualização de regiões doloridas do corpo humano, na área médica
d) Todas as opções acima

Questão 05
Resumidamente explique como ocorre o processo de detecção, processamento e criação de um
termograma

Questão 06
Que métodos de medição podemos usar para medir temperatura de um objeto?
Cite exemplos de instrumentos usados nesses métodos.

23
Termografia Infravermelha

Questão 07
Descreva a diferença entre termografia e visão noturna

Questão 08
Marque a alternativa correspondente à definição correta de termografia infravermelha
a) Técnica de formação de imagens a partir da luz visível
b) Método de ensaio não destrutivo, que possibilita formação de imagens a partir da radiação
infravermelha emitida pelos objetos com temperatura acima do zero absoluto, com
possibilidade de medição de temperatura.
c) Técnica de formação de imagens baseada na troca de calor por contato
d) Nenhuma as opções acima

Questão 09
Cite 3 fatores que faz a Termografia ser uma técnica tão útil.

Questão 10
Cite 6 exemplos de aplicações para a termografia infravermelha

Questão 11
Cite 5 aplicações da termografia no setor elétrico

24
Termografia Infravermelha

3 Transferência de Calor

Uma vez que a termografia é utilizada em sistemas elétricos para analisar a distribuição térmica
e medir temperaturas de equipamentos e conexões através da detecção da radiação
infravermelha, é importante a revisão dos conceitos de calor, temperatura e dos modos de
transferência de calor, com uma ênfase para radiação, que é a base para o entendimento da
termografia.

3.1 Calor

Calor é a transferência de energia de uma região para outra, como resultado de uma diferença
de temperatura entre elas. Essa energia se origina da agitação das moléculas das quais a
matéria é constituída e sua transferência se processa da região mais quente para a mais fria. O
calor é, portanto, um fenômeno transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença
de temperatura. A essa condição, damos o nome de equilíbrio térmico.

Calor: Símbolo: Q
Unidade: Joule (J), Caloria (cal)

80 oC 30 oC

Figura 20: Sentido com que se dá a transferência de calor

Como outros tipos e energia, o calor não pode ser criado ou destruído. Entretanto, ele pode ser
convertido em outras formas de energia, como por exemplo, energia elétrica e energia cinética.

Todo corpo tem certa quantidade de energia interna que está relacionada ao movimento
contínuo de seus átomos ou moléculas e às forças interativas entre essas partículas. Os sólidos,
líquidos ou gases apresentam constante movimento (vibrações, translações e rotações) em
suas partículas. A soma dessas vibrações de um corpo constitui a energia térmica do mesmo.
Esta energia interna é diretamente proporcional à temperatura do objeto.

Quando dois corpos ou fluidos em diferentes temperaturas entram em interação (por contato,
ou radiação), eles trocam energia interna até a temperatura ser equalizada. A quantidade de
energia transferida enquanto houver diferença de temperatura é a quantidade Q de calor
trocado, se o sistema se encontrar isolado de outras formas de transferência de energia.

50 oC 50 oC

Figura 21: Corpos em equilíbrio térmico

25
Termografia Infravermelha

Para medir este aquecimento e resfriamento, criou-se um conceito adicional: temperatura.

3.2 Temperatura

Se dois objetos estão em equilíbrio térmico com um terceiro objeto, então eles estão em
equilíbrio térmico um com o outro.

Temperatura é a grandeza física utilizada para determinar de modo quantitativo, o que


definimos, qualitativamente, como sensação de quente e frio.

Todos nós temos uma noção intuitiva do que é a temperatura de um objeto (mesmo que nossa
noção não seja a fisicamente correta). No dia a dia, utilizamos a expressão “frio” para se referir
a um objeto que está a uma temperatura mais baixa do que outro. Utilizamos também a
expressão “quente” para se referir a objeto a uma temperatura alta.

Na realidade, frio não está relacionado à temperatura e sim a transferência de calor. Esta
expressão indica apenas que um objeto (ou seu corpo, que é quem na realidade sofre a
sensação) perde calor a uma taxa rápida. Temperatura mede o grau de agitação das moléculas
e átomos (ou a energia interna) de sólidos, líquidos e gases.

Além disso, dizer simplesmente se um objeto está frio ou quente, não seria uma boa maneira
de se referir à temperatura de um objeto, pois quão frio ou quão quente pode este objeto
estar? Por exemplo: “quão mais frio” é o ambiente em uma noite de neve comparado com o
ambiente de uma noite de chuva? “Quanto mais quente” é o interior de um vulcão comparado
com o interior de um forno doméstico?

Temperatura é a medida da média da energia cinética (agitação) das partículas que compõem
uma substância ou objeto.

Para medirmos a temperatura, utilizamos dispositivos chamados termômetros e a unidade


adotada pelo SI para expressá-la é o Kelvin (K). Neste texto utilizaremos com mais frequência a
unidade graus Celsius (°C) que é uma unidade derivada no SI.

Temperatura x Calor

Às vezes chegamos a pensar que temperatura e calor são a mesma coisa, pois estão
intimamente relacionadas entre si. A figura a seguir exemplifica a diferença.

100°C + 100°C = 100°C

100 J + 100 J = 200 J

Figura 22: relação entre temperatura e calor

26
Termografia Infravermelha

3.3 Escalas de Temperatura

Para determinar exatamente a temperatura de um objeto utiliza-se um instrumento chamado


termômetro. Ele indica o valor e a unidade de medida da temperatura do objeto ou ambiente
analisado, baseado em uma escala comparativa.

No século XVIII havia cerca de 27 escalas de temperatura em uso na Europa. Hoje esse número
caiu e os mais usuais são as escalas Fahrenheit, Celsius e Kelvin, sendo esta última a unidade
padrão no SI.

O órgão internacional responsável pelos estudos e padronização da metrologia científica e por


consequência, da definição do padrão de unidades no sistema internaciosal (SI) é o BIPM –
“Bureau International Poids et Mesures”.

3.3.1 Escala Celsius

A escala Celsius foi construída em 1742 por Andes Celsius (1701-1744), onde ele adotou que o
ponto de fusão da água seria 0,01 e o ponto de ebulição seria 100, e o intervalo entre esses
dois valores seria dividido em cem partes iguais e cada parte dessa escala se denomina grau
Celsius (°C).

Esses valores são referentes a medições realizadas à pressão atmosférica ao nível do mar. Desta
forma, se um objeto está a uma temperatura maior do que do gelo em fusão e menor do que a
da água em ebulição, o termômetro indica um valor maior do que 0 °C e menor do que 100 °C.
A importância da escala é fornecer valores padrões para se comparar e quantificar a
temperatura de objetos.

3.3.2 Escala Fahrenheit

A escala Fahrenheit foi construída em 1727 por Daniel G. Fahrenheit (1686-1736). Para
determinar um ponto fixo, Fahrenheit baseou-se em uma mistura de água, sal, amônia e gelo,
atribuindo valor 0, e para o segundo ponto ele tomou como base a temperatura do corpo
humano, atribuindo valor 100. Assim nasceu a escala Fahrenheit (°F).

Concluindo seu trabalho, Fahrenheit determinou que o ponto de fusão da água é 32 °F e o


ponto de ebulição é 212 °F. Uma diferença de 1,8 grau Fahrenheit equivale à de 1 °C.

3.3.3 Kelvin

A unidade de medida Kelvin foi adotada em 1848 por William Thomson, o Lorde Kelvin (1824-
1907). Thomson verificou que ao manter um gás a volume constante, a pressão do gás
diminuiria 1/273 do valor inicial se a temperatura caísse 1°C. A partir disso ele concluiu que se
diminuísse a temperatura 273,15°C a partir do 0°C, a pressão do gás seria zero. Então o 0K (zero
kelvin) corresponde a -273,15°C.

27
Termografia Infravermelha

Em 20 de maio de 2019 entrou em vigor uma mudança implementada pelo BIPM. Foram
redefinidas quatro unidades fundamentais, entre elas, o Kelvin, que é a unidade de
Temperatura Termodinâmica. Assim, o Kelvin deixou de ser referenciado na pressão de um gás
e passou a utilizar a constante de Boltzmann, “k”, cujo valor é 1,380649 x 10-23 JK-1. O efeito
desta definição é que um Kelvin é igual à variação de temperatura termodinâmica que resulta
em uma mudança de energia térmica k T por 1,380649 x 10-23 J (www.bipm.org).

Celsius Fahrenheit Kelvin

Ebulição da Água 100 °C 212 °F 373 K

Fusão do Gelo 0 °C 32 °F 273 K

Zero Absoluto -273 °C -459 °F 0K

Figura 23: Comparação entre as três principais escalas de temperatura

Analisando a Figura 23 é possível notar que as escalas Celsius e Kelvin possuem 100 divisões
entre o ponto de fusão e ebulição da água e a escala Fahrenheit possui 180 divisões.

As escalas Celsius e Kelvin são correspondentes, sendo a primeira uma escala relativa, baseada
nos pontos fixos de fusão e ebulição da água e a segunda uma escala absoluta, baseada no zero
absoluto.

É muito importante observar que, por exemplo, 0 °C, 32 °F e 273 K se trata da mesma
temperatura, apenas expressados em escalas diferentes. Assim como 2,54 cm e 1 polegada se
trata do mesmo comprimento, apenas expressos em escalas diferentes. Caso semelhante
ocorre com 1 h e 60 min que são o mesmo intervalo de tempo em escalas distintas.

3.3.4 Convertendo Escalas

Zero absoluto é a temperatura na qual cessa todo o movimento das partículas de um objeto.
Corresponde à temperatura de -273,15 °C.

A escala Celsius, a mais utilizada na prática, tem unidade (tamanho de cada divisão da escala)
igual ao Kelvin, sendo denominada grau Celsius (°C). Porém, nessa escala adota-se a
temperatura de 0°C, como sendo a temperatura de fusão do gelo.

Como essas três escalas são bastante utilizadas, é preciso saber fazer uma conversão entre
essas escalas, ou seja, pegar uma temperatura na escala Celsius e passar para a escala Kelvin ou
Fahrenheit, ou vice-versa.

28
Termografia Infravermelha

Para converter um valor de uma escaIa para outra, pode-se utilizar as equações a seguir:

 F  32
Celsius para Fahrenheit:  F  1,8.C  32 Fahrenheit para Celsius: C 
1,8

Celsius para Kelvin: K  C  273 Kelvin para Celsius: C  K  273

Faça você mesmo:

Converta as seguintes temperaturas:

Escala Celsius Escala Fahrenheit Escala Kelvin


(°C) (°F) (K)
Maior Temperatura na superfície da Terra2 134,06

Menor Temperatura na superfície da Terra3 -89

Ponto de fusão do Cobre 1084,6

Ponto de fusão do alumínio 933,47

Ponto fusão do gelo 0

Ponto de ebulição da água 100

Temperatura na superfície do Sol 5800

Zero absoluto -459,67

Tabela 1: conversão de escalas de temperatura


Curiosidade:
A Nebulosa do Bumerangue recebeu recentemente o título de lugar mais frio do Universo (fora de um
laboratório), a somente -272 graus Celsius (1,15 kelvin). A nebulosa está a 5117 anos-luz da Terra (na constelação
de Centauro).

2
Temperatura registrada em Greenland Ranch, Vale da Morte, Califórnia, Estados Unidos em 10 de julho de 1913.
3
Temperatura registrada em 21 de julho de 1983 na Estação Vostok, Antártica.

29
Termografia Infravermelha

3.4 Modos de Transferência de Calor

A transferência de calor (ou calor) é a energia térmica em trânsito devido a uma diferença de
temperaturas no espaço. Sempre que existir uma diferença de temperaturas em um meio ou
entre meios, haverá necessariamente, transferência de calor.

Os diferentes tipos de processos de transferência de calor são classificados em: Condução,


Convecção e Radiação. Cada processo tem, entretanto, diferentes modos físicos e diferentes
leis que os controlam. A Figura 24 ilustra a forma de propagação dessa energia.

Figura 24: Modos de transferência de calor

A termografia infravermelha é baseada na medição do fluxo de calor por radiação e está,


portanto, muito relacionada ao modo de transferência de calor por radiação.

3.4.1 Condução

A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma região
de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido, líquido
ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. Este mecanismo pode ser visualizado
como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas menos
energéticas de uma substância devido a interações entre elas. A fonte de calor excita
diretamente as partículas que transferem parte de sua energia a partículas vizinhas e essas por
sua vez transferem a outras partículas.

A quantidade de calor transferida de uma região para outra depende de fatores como:
 Área e extensão sobre as quais o calor será transferido (A)
 Diferença de temperatura (T1 - T2)
 Condutividade térmica do material

Figura 25: Transferência de calor unidimensional por condução

30
Termografia Infravermelha

A equação que rege a transferência de calor por condução é conhecida como lei de Fourier.
Para uma parede plana, como mostrada na figura 25, a equação da taxa de transferência de
calor é expressa como:
. T T
Q  k. 1 2
L
Onde:
Q - Calor transferido por unidade de tempo [W ou J / s ]
k - Condutividade térmica do material [W / (m.K )]
L - Comprimento do percurso da condução [ m]
T1  T2 - Diferença de temperatura entre as superfícies [ K ou C ]

A condutividade térmica é uma propriedade de transporte de energia através de um material e


exprime a maior ou menor facilidade de um material em conduzir calor. Quando o valor de k é
elevado, o material é considerado um bom condutor térmico (ex.: cobre, alumínio etc.), caso
contrário, isolante térmico (ex.: vidro, mica etc.)

Material Condutividade (k) [W / ( m.K )]


Prata 428
Cobre 401
Alumínio 235
Chumbo 35
Aço Inox 14
Vidro de Janela 1,0
Água 0,61
Hidrogênio 0,18
Lã de Vidro 0,043
Ar (seco) 0,026
Tabela 2: Valores típicos de condutividade térmica de alguns materiais

A Figura 26 apresenta um exemplo de transferência de calor por condução, na qual uma chave
seccionadora com alta resistência de contato tem um aumento de temperatura no ponto T1
(onde ocorre a falha) e o calor se dissipa para áreas de menor temperatura T2.

Figura 26: Condução de calor através de uma chave seccionadora

31
Termografia Infravermelha

3.4.2 Convecção

A convecção pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida das porções
quentes para as porções frias de um fluido através da ação combinada de: condução de calor,
armazenamento de energia e movimento de mistura. Esse movimento se deve principalmente
devido a diferença de densidade dos fluidos, ou seja, a porção de fluido mais quente se torna
menos densa e tende a subir para a superfície. O fluido mais frio desse, ocupando o lugar do
quente ascendente, e uma circulação convectiva se estabelece.

É chamada convecção forçada, quando o escoamento é causado por meios externos, tais como
um ventilador, bomba ou ventos atmosféricos.

Independente da natureza específica do processo de transferência de calor por convecção, a


taxa de transferência pode ser calculada pela expressão conhecida como a Lei de Resfriamento
de Newton:
Q  h. A.(T1  T2 )

Onde:
Q - Calor transferido por unidade de tempo [W ou J / s ]
h - Coeficiente de transferência de calor por convecção [W / (m 2 .K )]
A - Área sobre a qual o calor é transferido [ m 2 ]
T1  T2 - Diferença de temperatura entre a superfície e o fluido [ K ou C ]

O coeficiente de transferência de calor por convecção h é dependente de vários fatores como:


a orientação, tipo e geometria da superfície; tipo, viscosidade e velocidade do fluido e deve ser
determinado em caso de estudos mais precisos. Para casos genéricos, podemos utilizar valores
típicos da Tabela 2.

2
Processo Coeficiente (h) [W / ( m .K )]
Convecção Natural
Gases 2 – 25
Líquidos 50 – 1000

Convecção Forçada
Gases 25 – 250
Líquidos 100 – 20.000

Convecção com mudança de fase


Ebulição e Condensação 2.500 – 100.000
Tabela 3: Valores típicos do coeficiente de transferência de calor por convecção

O óleo de transformadores e a água de sistemas de refrigeração são exemplos de fluidos que


produzem resfriamento convectivo. O ar, forçado ou não, que sopra os equipamentos de uma
subestação é outro exemplo de fluido que pode afetar drasticamente a temperatura desses
equipamentos.

32
Termografia Infravermelha

Figura 27: Transferência de calor em um líquido por convecção

Figura 28: Transferência de calor por convecção no óleo de um TP

A Figura 28 mostra a imagem térmica (termograma) de um transformador de potencial (TP) e a


visualização do seu nível de óleo, exemplo de um meio onde ocorre a transferência de calor por
convecção.

3.4.3 Radiação

A transferência de calor por radiação ocorre entre meios sólidos, líquidos e gasosos separados
no espaço, ainda que exista vácuo entre eles, como esquematizado na figura a seguir:

Calor (Q)

T1

T2

Figura 29: transferência de calor por radiação

A energia assim transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas
eletromagnéticas que viajam na velocidade da luz.

33
Termografia Infravermelha

A transferência de calor por radiação é fundamento para a medição de temperatura através da


termografia infravermelha, que detecta a radiação proveniente do objeto sob inspeção, mais
especificamente a radiação infravermelha.

Para entender melhor como esse processo ocorre, é importante entender primeiro, o que são
ondas eletromagnéticas e como elas se comportam. Uma teoria mais detalhada sobre a
radiação eletromagnética será estudada no capítulo 5.

3.4.3.1 Radiação Infravermelha

Todos os objetos acima do zero absoluto (0 K ou -273,15°C) emitem radiação térmica devido à
agitação térmica de átomos e moléculas dos quais são constituídos. Quanto maior essa
agitação, mais quente se encontra o objeto e mais radiação ele emite.

A termografia detecta a radiação infravermelha emitida pelo objeto inspecionado, que é


invisível ao olho humano, e a transforma em imagens térmicas visíveis, com a possibilidade de
convertê-la em leituras de temperatura.

34
Termografia Infravermelha

Questionário:

Questão 01 (PUC-RS)
No inverno, usamos roupas de lã baseados no fato de a lã:
a) ser uma fonte de calor.
b) ser um bom absorvente de calor.
c) ser um bom condutor de calor.
d) impedir que o calor do corpo se propague para o meio exterior.

Questão 02
Determine o sentido de transferência de calor nos objetos a seguir:

20oC 30oC -20oC -30oC

0K 10oC -5oC 5oC

Questão 03
Qual a definição de Calor?

Questão 04
Quais as formas de transferência de calor?

Questão 05
Descreva o processo de transferência de calor por radiação.

35
Termografia Infravermelha

Questão 06
A partir de que temperatura um corpo inicia o processo de emissão de radiação infravermelha?

Questão 07
A transferência de calor ocorre:
a) de uma região de baixa temperatura para uma região de alta temperatura.
b) entre objetos em equilíbrio térmico.
c) de uma região de alta temperatura para uma região de baixa temperatura.
d) todas as alternativas acima.
e) nenhuma das alternativas acima.

36
Termografia Infravermelha

4 Noções Básicas Sobre Ondas Eletromagnéticas

4.1 Decomposição da Luz

Por volta de 1665, Isaac Newton (1643-1727), em uma de suas experiências, dispunha apenas
de alguns prismas, lentes e da luz do sol. Fazendo um pequeno furo em uma cortina obteve um
feixe estreito de luz que fez incidir sobre o prisma. A luz, depois de passar pelo prisma,
projetava sobre a parede oposta uma mancha alongada, com as cores distribuídas do vermelho
ao violeta.

Figura 30: O experimento de Newton: decomposição da luz através de um prisma

Newton chegou à conclusão de que a luz branca do sol é composta de luzes de todas as cores
visíveis e o prisma simplesmente separa essas componentes. Com essas e outras observações,
Newton demonstrou que a luz branca do sol é uma mistura de luzes com as cores visíveis, as
quais ele denominou “espectro”.

4.2 O Infravermelho

Frederick William Hershel (1738-1822) foi um astrônomo nascido na Alemanha. No ano de


1800, reproduziu a experiência de Newton. Hershel então fez passar a luz do sol através de um
prisma de vidro para criar o espectro de cores e poder medir a temperatura de cada cor, notou
também que a temperatura aumentava do violeta para o vermelho.

Figura 31: Hershel e o experimento de Newton

37
Termografia Infravermelha

Hershel decidiu então, medir a temperatura além da região do vermelho (região escura) e para
sua surpresa encontrou a temperatura mais alta de todas.

Realizando outras experiências, Hershel descobriu que esta região do espectro que continuava
além do vermelho, obedecia às mesmas leis aplicadas à luz. Para esta região do espectro deu-se
o nome de “Infravermelho” (infra – abaixo, abaixo do vermelho).

4.3 Oscilação Eletromagnética e Espectro Eletromagnético

Na segunda metade do século XIX, o físico inglês James Clerk Maxwell propôs ser a luz uma
radiação de natureza eletromagnética e demonstrou por equações a existência de outras ondas
de mesma natureza, demonstrou também que o espectro da luz visível observado por Newton
seria apenas uma pequena parte de um contínuo de radiações invisíveis muito mais amplo.

Segundo Maxwell, as ondas eletromagnéticas são produzidas pela oscilação de um campo


elétrico perpendicularmente a um campo magnético (Figura 32).

A distância entre duas cristas sucessivas define o comprimento da onda. Maxwell demonstrou
também que os campos elétricos e magnéticos se propagam na velocidade da luz.
Campo
Magnético
Comprimento de Onda - λ

Direção
Campo
Elétrico

Figura 32: Oscilação eletromagnética

Após a apresentação dos trabalhos de Maxwell, Heinrich Hertz mostrou que a relação entre o
comprimento de onda e a frequência de radiação é dada por:
v
 l
f
Onde:
λ – comprimento de onda [m]
vl – velocidade da luz no vácuo 3.108 [m/s]
f – frequência [Hz]

Dependendo da faixa de frequência e comprimento de onda, as radiações eletromagnéticas são


classificadas por diferentes nomes. Esta classificação abrange desde as ondas de rádio, até as
radiações Gama, formando o que chamamos de espectro eletromagnético.

A Figura 33 mostra as diversas faixas do espectro eletromagnético.

38
Termografia Infravermelha

RADIAÇÃO IONIZANTE

Figura 33: Espectro eletomagnéctico

Na Figura 34, tem-se o exemplo de uma coluna de isoladores de uma subestação observada
com um termovisor (que detecta IR), uma câmera de efeito corona (que detecta UV) e por
último, com uma câmera fotográfica (que detecta radiação visível).

Figura 34: Diferença entre os espectros IR, UV e visível

O espectro infravermelho pode ainda ser dividido em sub-regiões. A ABNT4 divide o espectro
infravermelho de acordo com a Tabela 4, a seguir.

Classificação Faixa de Comprimento de Onda

Infravermelho próximo 0,78 μm – <1 μm


Infravermelho de ondas curtas 1 μm – <3 μm
Infravermelho de ondas médias 3 μm – <6 μm
Infravermelho de ondas longas 6 μm – <15 μm
Infravermelho de ondas muito longas 15 μm – 1000 μm

Tabela 4: Subdivisões do espectro infravermelho, segundo a ABNT 15424 (2022)

As faixas mais utilizadas pela termografia estão dentro do infravermelho de ondas médias (3
μm a 5 μm) e de ondas longas (8 μm a 14 μm), como mostra a Figura 35. A escolha dessas
faixas para a fabricação de termovisores está relacionada à baixa atenuação atmosférica nesses
comprimentos de onda. A transmitância atmosférica será discutida um pouco mais no Item 5.2.

4
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 15424 (2022) - Ensaios não destrutivos ― Termografia ―
Terminologia

39
Termografia Infravermelha

Figura 35: Faixa de trabalho dos termovisores dentro do espectro eletomagnéctico

Questionário:

Questão 01
Qual o cientista foi responsável pela descoberta da radiação infravermelha?
a) Isaac Newton.
b) Marsilio Landriani.
c) John Herschel.
d) William Herschel.

Questão 02
A que velocidade se propagam as ondas eletromagnéticas no vácuo?

Questão 03
Uma estação de rádio transmite em FM a uma frequência de 100 MHz, qual o comprimento de
onda?

40
Termografia Infravermelha

5 Fundamentos da Radiação Infravermelha

5.1 Transferência de Calor por Radiação

Todos os meios (sólidos ou fluidos) emitem radiação continuamente, sendo que a quantidade
de radiação emitida é proporcional à temperatura do meio, ou seja, quanto mais alta sua
temperatura, mais radiação ele emitirá, embora a natureza e condição de sua superfície
também influenciam fortemente na quantidade de radiação emitida.

A correlação existente entre a temperatura de um objeto e a quantidade de radiação por ele


emitida é que possibilita a medição de temperatura à distância, sem a necessidade de contato.
Esse é o fundamento físico utilizado na fabricação de termômetros de infravermelho e de
termovisores, que detectam a quantidade de radiação e a convertem para um valor
correspondente de temperatura.

Na transferência de calor por radiação, bem como na condução e convecção, a energia térmica
é transferida da região de maior temperatura para a de menor temperatura, mas
diferentemente da condução e convecção, a radiação não requer nenhum meio material para
ocorrer, na verdade, a radiação eletromagnética se propaga ainda melhor no vácuo.

Podemos definir transferência de calor por radiação como:

É a transferência de calor de um meio de maior temperatura para um de menor temperatura,


separados no espaço, ainda que exista vácuo entre eles. A transferência ocorre através de
ondas eletromagnéticas que se propagam na velocidade da luz.

A quantidade de calor transferida por radiação depende da:

 Natureza e condição da superfície do objeto;


 Temperatura da superfície do objeto.

A radiação total emitida por uma superfície é dada pela lei de Stefan-Boltzmann:

M   . . A.T 4

Onde:
M - Radiação total emitida por uma superfície [W ou J / s ]
 - Emissividade da superfície do material [0 a 1]
 - Constante de Stefan-Boltzmann   5, 67.108 [W / (m 2 .K 4 )]
A - Área da superfície emissora de radiação [ m 2 ]
T - Temperatura absoluta da superfície [ K ]

41
Termografia Infravermelha

5.2 Transmitância Atmosférica

A radiação infravermelha, emitida por um objeto sob análise, se propaga através da atmosfera
até chegar à câmera termográfica. Esse caminho percorrido é composto de vários gases e
aerossóis que formam a atmosfera terrestre e atuam sobre a radiação emitida, atenuando-a
até que ela alcance a câmera. Quanto maior a distância entre o objeto e a câmera, maior a
atenuação sofrida pela radiação emitida pelo objeto.

Os dois componentes da atmosfera que mais atenuam a radiação infravermelha são o vapor
d'água (H2O) e o dióxido de carbono (CO2), porém, existem faixas, chamadas de janelas
atmosféricas, em que essa atenuação é baixa, ou seja, a transmitância é alta. As câmeras
termográficas são fabricadas nessas faixas para que a influência atmosférica seja a menor
possível. A Figura 36 mostra um exemplo da transmitância atmosférica para a radiação
infravermelha de onda média e longa.

Figura 36: Transmitância atmosférica e as janelas atmosféricas.

Para distâncias menores que 50 metros entre a câmera e o objeto, e com uma atmosfera livre
de poluição e sem condensação d'água (nevoeiro, chuva), a transmitância nas chamadas janelas
atmosféricas é próxima de 100%. Portanto, para a utilização de câmeras termográficas nessas
condições, a atenuação atmosférica não é uma grande preocupação.

As Figuras 37 e 38 mostram gráficos da transmitância atmosférica para distâncias de 50 metros


e 10 metros, respectivamente.

Figura 37: Transmitância atmosférica para a distância de 50 metros.

42
Termografia Infravermelha

Figura 38: Transmitância atmosférica para a distância de 10 metros.

Várias câmeras termográficas têm capacidade de compensar a atenuação atmosférica. O


usuário terá que entrar com dados como distância ao alvo, umidade relativa do ar, além da
temperatura ambiente.

5.3 Leis da Radiação Infravermelha

Como dito anteriormente, todo objeto emite radiação e a quantidade total emitida depende de
sua temperatura e da condição de sua superfície. Quando sua temperatura aumenta, a
radiação emitida por ele também aumenta. Além disso, quanto maior for sua temperatura,
menor é o comprimento de onda, no qual ocorre a máxima emissão de radiação.

5.3.1 Lei de Kirchhoff

Se um objeto é um bom emissor de radiação em um determinado comprimento de onda, esse


também é um bom absorvedor de radiação naquele mesmo comprimento de onda.

Kirchhoff propôs o termo “Corpo Negro” para designar um objeto que absorve toda a energia
radiante que incide sobre ele e que em consequência seria um perfeito emissor. Portanto, a Lei
de Kirchhoff para a radiação do Corpo Negro estabelece a igualdade entre a capacidade de um
corpo em absorver e emitir energia radiante.

Um corpo negro, além de ser um absorvedor perfeito (nenhuma radiação é refletida por ele ou
passa através dele), é um emissor perfeito e a quantidade de radiação emitida por ele é função
apenas de sua temperatura.

Corpos negros são objetos teóricos e não existem no mundo real, mas são importantes para o
entendimento dos princípios que regem a transferência de calor por radiação.

5.3.2 Lei de Planck

Descreve a relação entre emissividade espectral, temperatura e energia radiante. A fórmula


para a distribuição espectral da energia irradiada, chamada "lei de Planck", é apresentada a
seguir:

43
Termografia Infravermelha

2 hc 2
Wb  hc
.106 Watts / m2 . m 
 (e
5  kT
 1)
Onde:
C – velocidade da luz [m/s]
h – constante de Planck [j/s]
T – temperatura absoluta [K]
 – comprimento de onda [μm]

A lei de Max Planck produz uma família de curvas.

Figura 39: Curvas de radiação emitida por corpo negro a diferentes temperaturas.

Esta família de curvas produzida por Planck gera um gráfico que mostra a energia em função do
comprimento de onda. A área dentro de cada curva específica é a energia dissipada pela fonte
de calor. Lembre-se que potência é uma quantidade de energia transformada por unidade de
tempo, sendo medida em Joule por segundo.

Pelas curvas da figura 39 pode-se observar que:

 A energia emitida varia continuamente com o comprimento de onda;

 Em qualquer comprimento de onda, a radiação emitida aumenta com o aumento da


temperatura;

 O comprimento de onda, no qual ocorre a máxima radiação, diminui com o aumento da


temperatura.

44
Termografia Infravermelha

5.3.3 Lei de Wien

Essa lei, conhecida também como Lei do Deslocamento, estabelece a relação entre a
temperatura absoluta de um corpo e o comprimento de onda onde ocorre a máxima emissão
de energia como mostra a figura a seguir.
Unidade de Referência (W/m2)

Figura 40: Lei de Wilheim Wien

Neste gráfico podemos notar alguns picos em torno de alguns comprimentos de ondas
denotados por λmax. A maior quantidade de energia emitida pelo corpo à dada temperatura
ocorre em comprimentos de onda em torno deste λmax. Note que para um corpo com
temperatura próxima à do Sol (± 6.000 K), o pico ocorre dentro da faixa de luz visível.

Qual a relação entre λmax e T?

λmax = b/T

Na qual:

λmax é o comprimento de onda em que ocorre a máxima emissão de radiação do corpo em uma
determinada temperatura [μm]

b é a constante de deslocamento de Wien que é igual a 2898 [μm.K]

T é a temperatura absoluta do corpo em [K]

2898
max    m
T [K ]

A equação acima é conhecida como Lei de Wien, ela mostra que quando a temperatura
aumenta, o comprimento de onda no qual ocorre a máxima emissão de radiação diminui. Isso
explica porque uma barra de ferro, ao ser aquecida a temperaturas acima de 525°C, emite
radiação visível (começando pelo vermelho, depois laranja etc.).

45
Termografia Infravermelha

5.3.4 Lei de Stephan – Boltzmann

A lei de Stefan-Boltzmann determina a radiação total emitida por um corpo negro a uma
determinada temperatura. Para obtermos a equação de Stefan- Boltzmann, basta integrar a
equação de Planck entre o comprimento de onda λ1 e λ2. Isso representa a área abaixo da curva
de Planck para uma temperatura específica.

Essa lei estabelece que quanto mais alta a temperatura de um objeto mais energia ele emitiria.

W   .T 4
Onde:
W - energia irradiada5 [Watts/m2]
 - constante de Stephan – Boltzmann [5,7 x 10-8 W/m2 K4]
T – temperatura absoluta [K]

5.4 Corpo Negro

O termo "corpo negro" foi introduzido por Gustav Kirchhoff em 1860. Na prática, é um corpo
que absorve toda a radiação que nele incide: nenhuma luz o atravessa nem é refletida. Apesar
do nome, corpos negros produzem radiação eletromagnética, tal como luz. Quando um corpo
negro é aquecido, essas propriedades o tornam uma fonte ideal de radiação térmica.

Em temperatura ambiente, corpos negros emitem infravermelho, mas à medida que a


temperatura aumenta algumas centenas de graus Celsius, corpos negros começam a emitir
radiação em comprimentos de onda vísiveis: começando no vermelho, passando por amarelo,
branco e finalmente acabando no azul, após o qual a emissão passa a incluir crescentes
quantidades de ultravioleta.

A Lei de Kirchhoff nos diz que num corpo negro ideal, em equilíbrio termodinâmico à
temperatura T, a radiação total emitida deve ser igual à radiaçao total absorvida.

Figura 41: Corpo negro

Objetos reais nunca se comportam como corpos negros (ideais). A radiação emitida é uma
fração do que a emissão ideal deveria ser. A emissividade de um material especifica o quão
bem um corpo irradia energia em comparação a um corpo negro.

5
O termo técnico usado em física é Radiância Espectral.

46
Termografia Infravermelha

Todo material com temperatura acima do zero absoluto emite radiação infravermelha para o
meio que o envolve, e é capaz de absorver a mesma quantidade de radiação.
Se o material estiver mais quente que o meio, a emissão será maior que a absorção e por isso
sua temperatura diminuirá, e a do meio aumentará, até atingir uma situação de equilíbrio
térmico.

5.5 Absorção, Reflexão e Transmissão de Radiação

As leis anteriores foram discutidas levando em consideração um corpo negro, um objeto


apenas teórico. Em grande parte do espectro, objetos reais não se comportam como corpos
negros, embora possam se aproximar de um corpo negro em certos intervalos de
comprimentos de onda.

Um corpo real quando atingido por uma radiação (M) pode apresentar os seguintes
fenômenos:

 Uma parte da radiação incidente pode ser refletida (R)


 Uma parte da radiação incidente pode ser absorvida (A)
 Uma parte da radiação incidente pode ser transmitida (T)

A Figura 42 mostra uma radiação incidindo sobre um objeto real e as possíveis frações de
radiação absorvida, refletida e transmitida.

Figura 42: Radiação incidente em um corpo real

Absorção (A): alguma radiação incidente no objeto é absorvida por ele e convertida em calor.

Reflexão (R): é a parte da radiação que é refletida pela superfície do objeto para o meio
ambiente.

Transmissão (T): alguma radiação passa através do objeto, assim como a luz passa pelo vidro.

A radiação incidente (M) é toda aquela radiação que chega ao objeto em questão.

Levando em consideração que todos esses fenômenos ocorrem simultaneamente, a radiação


total incidente para um objeto é igual à soma total da radiação absorvida, transmitida e
refletida. Essa relação é também conhecida como lei de Kirchhoff para radiação.

absorvida + refletida + transmitida = M ; R+A+T = 1; R+A+T = 100%

47
Termografia Infravermelha

A teoria de Kirchhoff nos diz que a capacidade de um objeto em absorver radiação em um


determinado comprimento de onda é equivalente à capacidade desse objeto em emitir
radiação no mesmo comprimento de onda, ou seja, se um objeto é bom absorvedor, ele é
também um bom emissor. Portanto,
α=ɛ

Onde ɛ é definido como outra propriedade da radiação chamada emissividade.

Substituindo ɛ por α em nossa equação, tem-se uma importante relação em termografia.

     1

Para objetos opacos (não transmitem radiação IR), τ=0. Esse é o caso para a grande maioria dos
objetos sendo avaliados por câmeras infravermelhas. Sob essas condições a equação se torna
simplesmente:
   1

Alguns materiais, devido as suas propriedades de transmitância, absorção e refletância, podem


ser mais transparentes e/ou opacos para a radiação infravermelha.

Plásticos finos geralmente deixam a radiação infravermelha passar por eles, porém em alguns
casos bloqueiam a radiação visível como visto nas figuras a seguir.

Plástico preto Plástico Branco

Plástico Grosso Plástico preto Plástico branco fino

O acrílico e o vidro são transparentes para a radiação visível, porém barram (para determinado
comprimento de onda e dependendo da espessura) a radiação infravermelha, como visto nas
figuras a seguir.

Acrílico Vidro Claro Vidro Escuro

Acrílico Vidro Claro Vidro escuro

48
Termografia Infravermelha

Um material especialmente projetado para ser transparente tanto para a radiação visível
quanto para a infravermelha são os polímeros à base de Germânio, Safira etc. Esses materiais
têm uma aplicação útil e especial no ramo da termografia.

Janela IR

Materiais polidos e reflexivos como alumínio, aço inox etc. são grandes refletores tanto para a
radiação visível quanto para a infravermelha. Deve-se tomar cuidado ao identificar esses
materiais e realizar medidas de temperatura nos mesmos.

5.5.1 Janelas Infravermelhas

Uma janela de inspeção infravermelha é basicamente uma lente composta de cristal óptico ou
um material polímero, juntamente com uma base plástica ou em alumínio. A lente permite a
passagem da radiação infravermelha, na frequência utilizada pelos termovisores para inspeção,
além de se permitir a passagem de radiação no espectro visível, o que permite também a
inspeção visual.

As janelas são montadas nos painéis em posições que permitem a inspeção dos componentes
elétricos internamente aos mesmos. Muitas vezes mais de uma janela de inspeção é instalada
em um painel, para permitir a inspeção completa dos componentes internos ao mesmo.

Figura 43: Janelas infravermelhas

49
Termografia Infravermelha

As janelas de inspeção são desenvolvidas para permitir que o termografista consiga visualizar e
gravar as imagens térmicas durante a inspeção, sem a necessidade de abrir os painéis.

5.6 Emissividade

A emissividade tem um papel importantíssimo na medição de temperatura por infravermelho,


bem como na análise de termogramas.

A emissividade se refere à eficiência com que uma superfície emite radiação. Um emissor
teórico perfeito (corpo negro) teria uma eficiência de 100% e sua emissividade seria igual a 1
(um). Por outro lado, uma superfície que teoricamente não emite radiação, teria eficiência de
0% e emissividade igual a 0 (zero).

Superfícies brilhantes e polidas geralmente têm emissividade próxima de 0 (zero) e superfícies


rugosas, sujas, escuras, corroídas e oxidadas têm emissividade próxima de 1 (um).

Como a termografia mede a quantidade de radiação que é emitida pelos objetos para convertê-
la em temperatura, objetos que têm emissividade próxima de 1 (um) são os melhores para
análise e medição de temperatura através da termografia.

Expressando matematicamente, a emissividade pode ser apresentada como:

Radiação emitida por um objeto a uma temperatura T em um dado comprimento de onda


 =
Radiação emitida por um corpo negro à mesma temperatura

M objeto

M Corpo negro

Se um objeto é bom emissor de radiação, sua emissividade é alta e seu comportamento se


aproxima de um corpo negro, ou seja, ele emite o máximo de radiação possível para uma
determinada temperatura. Caso contrário, se ele tem baixa emissividade, ele é um mau emissor
de radiação e a emissão de radiação será mínima.

Como a termografia mede (calcula) a temperatura a partir da quantidade de radiação emitida


pela superfície do objeto, apesar dos objetos estarem a uma mesma temperatura, o de alta
emissividade vai parecer estar a uma temperatura bem mais alta que o de baixa emissividade.
Portanto, a medição correta da temperatura não é possível sem conhecer e considerar a
emissividade da superfície do objeto sob análise.

O efeito da emissividade na radiação emitida por uma superfície e detectada por um


Termovisor pode ser observado na Figura 44, na qual um ensaio realizado em laboratório
mostra a superfície de uma chapa a 70°C com a emissividade de algumas áreas alterada pela
mudança do material de superfície ou pelo seu estado (polida, suja ou áspera). Nota-se que

50
Termografia Infravermelha

apesar de toda a superfície estar à mesma temperatura, as áreas com maior emissividade se
apresentam na imagem termográfica com maior temperatura aparente (áreas mais claras).

33 °C

68 °C

75 °C

63 °C

6
Figura 44: Imagem visível e térmica de uma superfície com mesma temperatura e diferentes emissividades.

A figura 45 mostra uma situação real de uma conexão com alta temperatura e baixa
emissividade, na qual se pode observar o aumento da emissividade de uma pequena área com
a aplicação de uma fita de identificação. É importante lembrar que toda a região demarcada se
encontra em uma mesma temperatura.

Figura 45: Conexão com alta temperatura e baixa emissividade.

Como pode ser observado nas figuras acima, a emissividade é um fator que deve ser
fortemente considerado nas inspeções. Embora os termovisores tenham um ajuste de
emissividade para compensar essa influência, em subestações de alta tensão existe uma grande
dificuldade em determinar a emissividade correta dos vários equipamentos e conexões
envolvidos.

A emissividade pode variar com a qualidade da superfície, com o comprimento de onda, com o
formato do objeto, com a temperatura e com o ângulo de visão. Além disso, pode sofrer uma
grande variação dependendo de fatores como sujeira, oxidação, corrosão etc. Assim sendo, o
melhor modo de reduzir essa influência seria o incremento da emissividade dos componentes
inspecionados para um valor o mais próximo possível da unidade.

51
Termografia Infravermelha

As maneiras mais simples de realizar esse incremento seriam pintar as superfícies com tintas
apropriadas, colar uma fita ou material escuro ou fosco, procurar realizar as medições em
pontos com cavidades, buscar áreas com oxidação, corrosão ou sujeira que também provocam
o aumento da emissividade e consequentemente da exatidão da medida realizada por um
termovisor.

Metais como alumínio, cobre e aço são muito utilizados em equipamentos de uma subestação
devido às suas características de condutividade, sendo o alumínio o preferido em ambientes
abertos pela alta resistência à corrosão atmosférica e menor custo em relação ao cobre.
Entretanto, esses metais geralmente possuem uma superfície de baixa emissividade,
dificultando a inspeção com a termografia infravermelha.

5.7 Cavidades

Experimentalmente, a radiação mais próxima à de um corpo negro ideal é a emitida de


pequenas aberturas para extensas cavidades. Qualquer luz entrando pela abertura deve ser
refletida várias vezes nas paredes da cavidade antes de escapar e, então, a probabilidade de
que seja absorvida pelas paredes durante o processo é muito alta, independente de qual seja o
material que a compõe ou o comprimento de onda da radiação. Tal cavidade então é uma
aproximação de um corpo negro e, ao ser aquecida, o espectro da radiação do buraco é
contínuo, e não depende do material da cavidade. Por um teorema provado por Kirchhoff, o
espectro observado depende apenas da temperatura das paredes da cavidade.

Pelo fato das cavidades absorverem luz em vez de refletí-las, elas têm uma emissividade bem
mais alta que a superfície externa do objeto. A Figura 46 mostra um simples exemplo sobre
como isso acontece.

Emissividade 0,2 Emissividade 0,2 Radiação


Radiação Incidente (100%)
Incidente (100%)

Radiação absorvida e
emitida (68 %)
Radiação
Radiação Refletida (32%)
Refletida (80%)

Figura 46: Efeito cavidade

Considerando um raio de luz que entra em uma cavidade, a emissividade desta pode ser
determinada em função de dois parâmetros: a refletância do material da cavidade e a relação
de comprimento e diâmetro da cavidade, conforme mostra a equação a seguir e a figura 47.

r2
 f  1  (1   s ) , onde:
P2
ɛf = emissividade da cavidade
ɛs = emissividade da superfície

52
Termografia Infravermelha

r2 = raio da abertura
P2 = profundidade da cavidade

P
Figura 47: Efeito cavidade em função do seu diâmetro e profundidade

Esta emissividade depende de fatores como temperatura, ângulo de emissão e o comprimento


de onda.

Um exemplo prático sobre o aumento da emissividade aparente de um material pode ser visto
a seguir.

Ex.: Uma cavidade de alumínio possui emissividade de 0,4 na sua superfície. Sua profundidade é
3 cm e o diâmetro de 2 cm. Qual seria a emissividade efetiva dessa cavidade?

2 2
ɛeff = ? ɛs = 0,4 r = 1 cm P = 3 cm

r2 12
 f  1  (1   s )  f  1  (1  0, 4)  f  0,93
P2 32

A figura 48 mostra na prática cavidades que podem ser encontradas no nosso dia a dia.

Figura 48: Efeito cavidade na prática

53
Termografia Infravermelha

5.8 Detecção de gases

Atualmente existem câmeras termográficas capazes de visualizar gases de efeito estufa, bem
como gases perigosos ao ser humano e ao meio ambiente, os quais são invisíveis a olho nu.
Essas câmeras podem localizar vazamentos de gases, evitar falhas em equipamentos, reduzir
perdas de receita, evitar prejuízo ao meio ambiente e intoxicação de seres humanos e animais.

A câmera de detecção de gás tem grande aplicação em petroquímicas, indústrias químicas e em


concessionárias de energia, sendo que nessas últimas o Hexafluoreto de enxofre (SF6) é
bastante utilizado como gás isolante em disjuntores, transformadores e subestações blindadas.
Furnas utiliza essa tecnologia desde 2013 em subestações.

Figura 49: Câmera detectora de gás

Câmeras diferentes são usadas para detecção de diferentes gases ou conjunto de gases.

Figura 50: Hexafluoreto de enxofre (SF6). Forte absorção perto dos 10,6 μm

Furnas possui câmeras detectoras de gás SF6 (hexafluoreto de Enxofre), gás presente em
equipamentos de alta tensão, usado devido à sua alta capacidade dielétrica. Quando algum

54
Termografia Infravermelha

equipamento, como por exemplo um disjuntor de alta tensão, começa a perder pressão de gás
SF6, é necessário fazer a reposição. Isso se faz necessário para evitar que ocorra alarme e em
caso mais grave, operação da proteção por baixa pressão, do disjuntor.

É importante citar, também, que a reposição de gás SF6 gera custo para a empresa. Além disso,
por ser um gás quase 24.000 vezes mais eficaz do que o dióxido de carbono (CO2) na retenção
do calor, o SF6 é um potente gás de efeito estufa, podendo contribuir para o aquecimento
global.

As câmeras detectoras de gás formam imagens e vídeos, por contraste, baseados no fenômeno
de absorção e emissão de infravermelho de determinadas moléculas do gás. A faixa de
comprimento de onda na qual ocorre a absorção do infravermelho varia de acordo com a
natureza do gás. O SF6 apresenta uma grande absorção na faixa de 10,3 μm a 10,6 μm e para
que a câmera Flir GF306 seja capaz de visualizar este gás, ela usa um filtro espectral do tipo
“passa-faixa”, que opera nesta mesma faixa de comprimento de onda.

Assim, é muito importante que exista uma boa diferença de temperatura entre o plano de
fundo da cena (por exemplo, o céu ou uma parede) e o gás a ser detectado, para que a câmera
possa formar a imagem.

De forma simplificada, a câmera detectora de gás é um termovisor equipado com um filtro


espectral próprio para um ou mais tipos de gases. Então, as câmeras detectoras de SF6 de
Furnas podem ser usadas para inspeções termográficas comuns?

A resposta é: tecnicamente, sim. Porém, a recomendação é que as câmeras GF306 de Furnas


sejam preservadas para as inspeções de detecção de gás.

O detector de infravermelho é refrigerado e, portanto, mais sensível. Isto torna necessário que
se espere um tempo em torno de 10 minutos após ligar a câmera, para usá-la. O componente
responsável pelo arrefecimento do sensor e demais componentes, como o filtro espectral, é o
micro arrefecedor.

O sistema possui uma câmara, ou cilindro, preenchido com gás Hélio sob pressão. Na medida
em que a câmera é utilizada, há tendência de queda de pressão deste gás, sendo necessário
efetuar a manutenção, que só é possível na assistência técnica do fabricante, nos EUA. E é
bastante onerosa para Furnas.

55
Termografia Infravermelha

Figura 51: modelos de câmeras para detecção de diferentes tipos de gases.

56
Termografia Infravermelha

Questionário:

Questão 01
Utilize a Lei de Wien para comparar os diferentes comprimentos de onda onde ocorrem os
máximos das curvas de emissão de radiação de corpo negro para as seguintes temperaturas:

a) temperatura aproximada do Sol, T = 6000 K.


b) temperatura ambiente, T = 23°C.
c) temperatura de um filamento de tungstênio, T = 3000 K.
d) temperatura do corpo humano, T=36°C.

Qual desses quatro corpos emite mais luz no visível? Dica, após o cálculo, utilize a figura do
espectro eletromagnético como referência para determinar os espectros de radiação.

Questão 02
O jateamento da superfície lisa de um metal tem o seguinte efeito:
a) a emissividade decresce.
b) a emissividade se mantém.
c) não tem nenhum efeito sobre a emissividade.
d) a reflexão decresce.

Questão 03
O que é um corpo negro ideal ou teórico?

Questão 04
A lei de Kirchhoff descreve o relacionamento entre a reflexão (R), absorção (A) e transmissão
(T) de uma radiação incidindo sobre uma superfície. Essa relação é:
a) 1=R+A+T
b) R+A=T
c) R+A+T=0
d) A+T=R

57
Termografia Infravermelha

Questão 05
Marque os materiais ou atmosferas que permitem a transmissão (são atravessados) de
radiação infravermelha.

( ) Lente de germânio
( ) vácuo
( ) acrílico
( ) porcelana
( ) vidro grosso
( ) plásticos finos

Questão 08
Marque V (verdadeiro) ou F (falso)

a) ( ) Um objeto bom emissor é também um bom absorvedor.


b) ( ) Um objeto opaco é um bom transmissor.
c) ( ) Um objeto bom refletor tem emissividade muito alta.
d) ( ) A unidade de medida da emissividade é W/m2.K.
e) ( ) Convecção é uma forma de transferência de calor que ocorre em fluidos.
f) ( ) A transferência de calor por radiação ocorre através de ondas mecânicas.
g) ( ) Corpo negro é um corpo que reflete toda energia que incide sobre ele.
h) ( ) Corpo negro é um corpo que absorve toda a energia que incide sobre ele.

58
Termografia Infravermelha

6 Fatores que Influenciam na Leitura de Temperatura com Termovisores

Apesar de parecer um procedimento simples, a aquisição e análise dos termogramas, bem


como a obtenção de leituras corretas dependem do conhecimento e avaliação de várias
influências inerentes ou inseridas ao processo. Essas influências podem estar relacionadas ao
termografista, ao termovisor, ao equipamento sob inspeção e às condições do meio em que a
inspeção está sendo realizada.

Equipamentos de uma subestação de energia elétrica tipicamente podem passar por problemas
relacionados com alta resistência elétrica, curtos-circuitos, circuitos abertos, aquecimento
indutivo, harmônicos, desbalanceamento de carga, sobrecarga e componentes instalados
incorretamente. Problemas que geralmente são detectados pela termografia, já que a maioria
das falhas que ocorrem nas instalações elétricas é precedida por alguma anomalia térmica.

As figuras 52 e 53 apresentam uma típica cena de uma inspeção termográfica em subestação


de alta tensão, na qual estão presentes os principais personagens dessa ação: Inspetor,
Termovisor, equipamento sob inspeção e o meio que os envolve.

Figura 52: Condições ideais de inspeção

Termovisor
Inspetor
Ângulo

Figura 53: Condições reais de inspeção

59
Termografia Infravermelha

Porém, existem influências e limitações neste processo que podem induzir a um diagnóstico
incorreto ou até mesmo incapacitar a detecção do defeito. A baixa emissividade dos
componentes sob inspeção, a variação da corrente de carga do equipamento inspecionado e
componentes de pequena dimensão a grandes distâncias são exemplos de fatores que
dificultam a inspeção termográfica. Em ambientes abertos, além dos fatores citados, influências
ambientais como a radiação solar, a atenuação atmosférica, o vento, mudanças na temperatura
ambiente, chuva e umidade podem estar presentes.

A tabela a seguir, mostra de forma agrupada por categoria, os fatores que podem influenciar na
leitura de temperatura de um objeto com o termovisor.

Ambientais Termografista Termovisor Objeto sob Inspeção

Temperatura ambiente Treinamento Lente Emissividade


Vento Experiência Resolução espacial Corrente de carga
Umidade relativa Distância Sensibilidade térmica Distância
Radiação solar (reflexo) Ângulo de visão Faixa de medição Ângulo de visão
Radiação solar
Aptidão Física
(Carregamento)
Atenuação atmosférica

Tabela 5: Fatores que Influenciam na Leitura de Temperatura com Termovisores.

Também é importante ressaltar que, termovisores não medem temperatura diretamente, eles
detectam a radiação térmica que atinge seu detector, que por sua vez, gera um sinal de saída
em função dessa radiação, que é processado e transformado em imagens visíveis e leituras de
temperatura. Porém, a radiação detectada pode se originar não apenas do objeto sob inspeção,
mas de outras fontes envolvidas no meio em que o objeto está inserido.

Além disso, o valor da intensidade do sinal de saída, gerado pelo detector, associado a alguns
parâmetros fornecidos pelo operador do termovisor, como emissividade, distância do objeto ao
termovisor e outros parâmetros relativos ao ambiente são necessários para o cálculo da
temperatura do objeto sob inspeção. Assim sendo, a exatidão da medida de temperatura
depende da calibração do termovisor, da exatidão dos parâmetros a serem inseridos pelo
termografista e do conhecimento deste sobre os fatores que influenciam a inspeção ou ensaio.

6.1 Emissividade

Uma grande parte dos componentes elétricos é fabricada com metais polidos. Devido à baixa
emissividade, estes componentes em uma imagem infravermelha apresentam uma
temperatura diferente da real.

Ao inspecionar componentes de baixa emissividade é essencial trabalhar sem pressa e procurar


por pequenas diferenças de temperatura, que podem indicar um sério problema.

Uma solução para o problema de baixa emissividade, quando possível, seria colocar um pedaço
de fita isolante em certos pontos do componente, ou outras formas de modificação da sua

60
Termografia Infravermelha

superfície, isto aumentaria emissividade da superfície e a exatidão da leitura. Em inspeções no


SEP, onde não é possível o contato físico com os equipamentos, deve-se procurar pontos com
emissividade maior, como: cavidades, oxidação, sujeira, dentre outros.

Normalmente os termovisores possuem um ajuste de emissividade que varia de 0.1 a 1. Este


ajuste pode alterar consideravelmente a leitura de temperatura.

Figura 54: Diferentes materiais e emissividades num mesmo equipamento

A baixa emissividade dos materiais pode também, em certos casos, gerar reflexos e provocar
erros de leitura. Veja mais nos Capítulos 5.6 – Emissividade e 6.6 – Radiação solar.

6.2 Corrente de Carga

O aquecimento em uma conexão defeituosa depende do fluxo de corrente que passa através
dela, sendo que a potência dissipada é proporcional ao quadrado da corrente  P  I 2 .R  , e a
temperatura, apesar de aumentar com a corrente, segue um padrão mais complexo, entre uma
taxa linear e geométrica.

Durante sua operação, o equipamento pode sofrer de frequentes variações de carga que
podem influenciar no resultado da inspeção. Assim sendo, a corrente de carga é outro fator que
deve ser considerado em inspeções termográficas de sistemas elétricos.

A corrente circulante pelo componente sob inspeção não é responsável por erros na medida de
temperatura, ela pode interferir sim, na análise e diagnóstico do defeito. Por exemplo, em
casos em que a corrente é baixa, certas falhas podem não ser percebidas ou defeitos graves
podem ser subestimados.

Para eliminar a influência da corrente de carga na inspeção termográfica, o ideal seria a


realização da inspeção com os equipamentos operando em plena carga por um tempo
suficiente para a estabilização das temperaturas. No entanto isso nem sempre é possível,
devido à variação da corrente circulante em função da carga requerida pelo Sistema (Sistema
de fluxo de potência no Sistema Elétrico é dinâmico).

Em ocasiões em que a inspeção termográfica esteja sendo realizada com a corrente de carga
abaixo de 100% da máxima, existem trabalhos resultantes de estudos que optam pela utilização
de uma equação, com a qual se pretende prever a temperatura do componente quando a

61
Termografia Infravermelha

corrente for máxima, com o intuito de fornecer mais subsídios para uma melhor análise do
equipamento sob inspeção.

A equação é:
2
I 
TC  Tm .  max 
 Im 
Onde:

ΔTC [°C] é a elevação da temperatura acima de uma temperatura de referência quando a


corrente atinge o valor máximo Imáx.

ΔTm [°C] é a elevação da temperatura acima de uma temperatura de referência quando medida
com a corrente Im.

Imáx [A] é a corrente máxima permitida.

Im [A] é a corrente circulante no momento da medida.

Importante: A Eletrobras Furnas não utiliza a equação demonstrada acima, para cálculo de
fator de correção de carga. Casos específicos deverão ser levados aos órgãos de engenharia de
manutenção responsáveis pelo equipamento inspecionado e pela termografia. A justificativa
para isso é dada abaixo.

Quando da análise da temperatura de um componente elétrico, em função da corrente elétrica


à qual ele está submetido, não deve ser levado em conta apenas a corrente instantânea medida
no momento da inspeção. A troca de temperatura deste componente com o ambiente e com as
demais partes da instalação depende de outros fatores, como a massa e geometria do objeto, o
meio no qual ele está inserido (ar, óleo, por exemplo) e principalmente do intervalo de tempo
no qual aquele componente está submetido àquela corrente elétrica.

Por tudo isso, sempre que possível, o termografista deve buscar a informação da corrente
nominal ou máxima operacional, a corrente instantânea e há quanto tempo está naquela
condição.

Por exemplo, duas conexões idênticas que estão localizadas em circuitos elétricos diferentes:

Conexão “A” está com corrente instantânea de 600 A no momento da inspeção;


Conexão “B” está também com corrente instantânea de 600 A no momento da inspeção;

Porém, a conexão “A” está há apenas trinta minutos com esta corrente de 600 A e nas três
horas anteriores estava com corrente estável de 200 A.

Já a conexão “B” está há quatro horas com corrente estável de 600 A.

Apesar de ambas estarem, no momento da inspeção, com 600 A, apresentarão temperaturas


muito diferentes uma da outra (conexão “A” estará com temperatura muito menor).

62
Termografia Infravermelha

Tal observação foi comprovada com metodologia científica, em estudos e ensaios. Este é o
motivo pelo qual a equação de Fator de Correção de Carga não é recomendada para sistemas
elétricos dinâmicos, já que não contempla a variação de corrente anterior ou o tempo de
estabilização de temperatura.

A figura 55 ilustra a situação anterior em um dos ensaios feitos com conexões elétricas.

A Linha vermelha representa a variação da temperatura da conexão, a linha azul representa a


variação da corrente elétrica na conexão, ambas ao longo de um período de tempo.

Figura 55: Efeito da variação da corrente de carga sobre a temperatura

Atualmente, a Eletrobras Furnas, de acordo com seu manual técnico de campo, recomenda que
as inspeções sejam feitas com a carga do circuito acima de 50% da máxima. Lembrando que
isso não é um impedimento, mas sim uma recomendação.

Caso a inspeção deva ser realizada com carga abaixo de 50%, a atenção deve ser maior, levando
em conta pequenas alterações de temperatura que podem representar sérios problemas
quando a carga aumentar.

6.3 Vento

Em muitas situações, especialmente em ambientes abertos como em subestações, o vento


pode influenciar nas leituras e no resultado final da inspeção.

Ventos, mesmo com velocidade relativamente baixa, podem afetar consideravelmente a


temperatura do objeto inspecionado. Levando isto em consideração, inspeções com ventos
devem ser evitadas, se não for possível, a atenção deve ser redobrada, levando em conta
pequenas alterações de temperatura que podem representar problemas mais sérios.

Por outro lado, defeitos em estágios iniciais, apresentando pequenos aumentos de


temperatura, podem simplesmente não ser detectados pela inspeção. A figura 56 mostra um
exemplo em que as duas situações descritas ocorrem.

63
Termografia Infravermelha

Figura 56: Influência da velocidade do vento numa inspeção.


(a) Com velocidade do vento igual a 0 km/h – (b) Com velocidade do vento aproximadamente 10 km/h.

Utilizando os dados de um ensaio realizado em campo e selecionando um período no qual a


corrente teve uma pequena variação, pode-se observar pelo gráfico da figura 57 e pelas
imagens da figura 58, o forte efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e
uma normal, mesmo sendo a baixas velocidades.

Figura 57: Efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão.

Figura 58: Conexão defeituosa e conexão normal.


(a) Com velocidade do vento de 6,4 km/h (5:55 h) - (b) Com velocidade do vento igual a 0 km/h (9:14 h).

64
Termografia Infravermelha

6.4 Resfriamento

Em ambientes com alta umidade em razão de precipitação atmosférica de água, a alta


condutividade térmica da água ajuda na dissipação do calor produzido e o resfriamento por
evaporação reforça o processo de arrefecimento.

O resultado é uma forte redução na temperatura do componente sob inspeção, assim como de
toda cena envolvida, como pode ser visto no gráfico da figura 59 e na imagem (b) da figura 60,
que mostra o efeito da chuva sobre o resultado de uma inspeção termográfica em uma
conexão defeituosa e outra normal.

Figura 59: Gráfico do efeito da chuva na temperatura da conexão.

Figura 60: Imagens do efeito da chuva na temperatura da conexão.

6.5 Temperatura Ambiente

Inspeções termográficas em ambientes abertos devem levar em conta a temperatura


ambiente, especialmente nos extremos do verão e do inverno. Considerando as outras
influências estáveis, um aumento da temperatura ambiente resultará em um aumento da
temperatura do componente, portanto falhas têm uma maior probabilidade de ocorrerem
durante dias quentes.

65
Termografia Infravermelha

Leituras de alterações de temperatura obtidas em tempos frios não mostram a verdadeira


severidade dos problemas encontrados. Estas alterações, se obtidas em um tempo quente,
provavelmente serão muito maiores.

Seria um bom procedimento fazer as inspeções tanto no inverno como no verão. Se não for
possível, a inspeção deve ser realizada no pior caso, isto é, na época mais quente do ano.

6.6 Radiação Solar

A maior parte dos equipamentos e componentes de uma subestação de alta tensão


desabrigada fica exposta à radiação solar. Ela pode influenciar de duas maneiras a inspeção
termográfica:

 Pelo carregamento solar;


 Pelo reflexo solar.

1 - Carregamento solar

O carregamento solar afeta os componentes de uma subestação de uma maneira geral,


aumentando suas temperaturas e dificultando a distinção, pela termografia, de um
componente defeituoso e um normal, conforme figura 61. Isto é particularmente verdadeiro
quando o defeituoso apresenta uma pequena diferença de temperatura com relação ao
componente normal. Além disso, a radiação solar pode elevar a temperatura de componentes
defeituosos, que já estão com temperaturas críticas, fazendo com que evoluam mais
rapidamente para a falha.

Figura 61: Carregamento solar no ambiente

Recomenda-se que a inspeção termográfica seja realizada em horários livres da radiação solar,
seguindo as orientações do procedimento de inspeção termográfica - MTC.

A figura 62 mostra claramente a influência do carregamento solar sobre equipamentos de uma


subestação de alta tensão.

66
Termografia Infravermelha

a b c

Figura 62: carregamento solar no equipamento

Na necessidade de realização da inspeção termográfica em dias com alto carregamento solar, o


efeito do carregamento pode ser minimizado realizando a leitura de temperatura na superfície
do componente oposta à incidência do sol, isso pode ser observado na figura 74 – (b). É
importante lembrar que componentes defeituosos, com pequenas diferenças de temperatura
em relação a componentes normais, podem passar despercebidos.

2 - Reflexo Solar

A câmera termográfica capta qualquer radiação através da lente, não apenas a radiação
emitida pelo objeto visualizado, mas também a radiação proveniente de outras fontes e que
tenha sido refletida pelo alvo.

Normalmente os metais utilizados em subestações tipicamente possuem uma emissividade


muito baixa, tanto para o espectro visível, quanto para o espectro infravermelho,
principalmente quando estão novos e polidos.

Figura 63: Reflexo solar (a – visível), (b – IR médio), (c – IR longo).

67
Termografia Infravermelha

Geralmente, os componentes elétricos funcionam como espelhos da radiação de


infravermelhos, mesmo que não seja óbvio a olho nu. As peças em metal sem revestimento são
especialmente brilhantes, ao passo que as peças com isolamento de borracha, plástico ou
pintadas normalmente não o são. Na figura 63, é possível ver-se claramente um reflexo.
Evidentemente, este não é um ponto com anomalia térmica no objeto. Uma boa forma de
perceber se o que está vendo é ou não uma reflexão, é mudar a posição em relação ao objeto.

Observe o alvo a partir de um ângulo diferente e verifique o ponto com anomalia térmica (PAT).
Se também se mover, é porque se trata de reflexo.

Para eliminar a influência do reflexo solar, recomenda-se executar a inspeção em períodos


noturnos ou em dias com o céu nublado. Caso a inspeção seja realizada sob o sol e reflexos
solares prejudiquem a inspeção, aconselha-se a mudança de ângulo, entre o Termovisor e o
componente sob inspeção, para eliminar o problema.

Pintar áreas com uma tinta de alta emissividade também seria uma boa solução para se evitar
os problemas de reflexos nos objetos sob inspeção.

6.7 Transmitância Atmosférica (umidade, névoa, nevoeiro e chuva)

O componente sob inspeção, em função de sua temperatura, emite mais radiação em uma
determinada faixa espectral. Portanto, o termovisor utilizado na inspeção deve possuir um
sistema de detecção com faixa espectral adequada à radiação que está sendo emitida. Além
disso, o meio entre o componente e o termovisor deve permitir a propagação da radiação entre
os dois.

Consequentemente, a atmosfera, que envolve esse meio, deve ter características espectrais
que propiciem uma alta transmitância da radiação emitida. A transmitância espectral
atmosférica depende do comprimento de onda da radiação, das condições climáticas e da
distância envolvida entre componente e termovisor.

Os fenômenos chuva, névoa, nevoeiro, fumaça, poluição, entre outros, são elementos
atmosféricos que afetam a visibilidade de objetos distantes. De maneira semelhante, esses
mesmos elementos podem afetar a transmissão da radiação infravermelha através da
atmosfera e prejudicar uma inspeção termográfica.

Nota-se uma maior transmitância atmosférica nas chamadas "janelas" atmosféricas de 3 µm a 5


µm e de 8 µm a 14 µm. Esta é a razão da utilização dessas faixas para os termovisores
comerciais.

Já a umidade do ar é um dos maiores responsáveis pela absorção da radiação infravermelha na


atmosfera. Após a saturação, quando se transforma em névoa, nevoeiro ou chuva, as partículas
de água crescem em tamanho e aumenta o coeficiente de dispersão, diminuindo ainda mais a
transmitância, além de resfriar os objetos sob inspeção, podendo mascarar defeitos.

68
Termografia Infravermelha

Tudo isso torna difícil uma inspeção termográfica confiável, pois a temperatura medida se torna
incorreta em função da forte atenuação atmosférica e a análise do componente tende a ser
equivocada devido à redução de temperatura da anomalia.

Para reduzir a influência da chuva e umidade sobre os resultados da inspeção termográfica,


recomenda-se não realizar inspeções termográficas sob chuva, garoa ou nevoeiro e nem
imediatamente após a ocorrência de chuva, pois a anomalia pode ainda estar sob os efeitos do
arrefecimento provocado pela água.

6.8 Distância

A exatidão das medidas de temperatura por termografia depende da distância entre o


termovisor e o objeto sob análise. Além da atenuação atmosférica (Capítulo 5.2 e 6.7), as lentes
têm uma influência grande na medição de temperatura. Para a maioria das aplicações, a
influência da resolução ótica é muito maior que as influências provocadas pela atmosfera. Por
essa razão, vamos entender melhor o que é resolução ótica.

Do mesmo modo que não é possível, a olho nu, ler um jornal a uma distância de 20 metros,
com os termovisores acontece algo semelhante. Para ler o jornal você tem duas opções: se
aproximar a uma distância menor que um metro ou se manter à mesma distância e usar um
conjunto de lentes adequado, ou seja, um binóculo ou um telescópio.

No caso dos termovisores, existirão situações em que o ponto que você quer medir a
temperatura é muito pequeno para a resolução óptica do termovisor. Portanto, se desejar
realizar uma medição correta e as condições das instalações permitirem, você pode se
aproximar do ponto até que a relação distância e tamanho do ponto atendam a resolução de
medida do termovisor ou adaptar ao termovisor uma lente que melhore a resolução de medida
e atenda às necessidades daquela situação.

Para medir a temperatura de um determinado componente, deve-se respeitar as especificações


de IFOV fornecidas pelo fabricante do termovisor.

6.9 Resolução Espacial

Define o menor detalhe de imagem que pode ser detectado. É função do tamanho do detector
e da óptica do sistema. Esta especificação determina a distância máxima em que a temperatura
de um ponto pode ser medida com exatidão. O fato de você ver um objeto com o termovisor,
não significa que você pode medir sua temperatura com exatidão.

Campo de Visão Instantâneo – IFOV (instantaneous field of view): ABNT NBR 15424:2022

 Ângulo sólido através do qual um elemento detector é sensível à radiação.


 Projeção angular de um elemento detector (pixel) sobre a superfície do objeto.
 Define o menor detalhe dentro do campo de visão, que pode ser detectado a uma certa
distância.

69
Termografia Infravermelha

 É expresso em milirradianos ou na razão D:S (distância de observação dividida pelo


tamanho do alvo).

Campo de Visão – FOV (field of view): ABNT NBR 15424:2022

 Ângulo sólido que determina a área total de uma cena, vista pela câmera termográfica,
em um dado momento.
 Geralmente expresso em graus e caracteristicamente descrito em HFOV × VFOV, ou
seja, campo de visão horizontal × campo de visão vertical.

Figura 64: Representação do campo de visão (FOV) e do campo de visão instantâneo (IFOV) de um termovisor.

Figura 65: Temperatura x distância

O IFOV pode ser calculado a partir da equação a seguir.

70
Termografia Infravermelha

FO V
IFO V 
pix

Onde:

IFOV - Campo de Visão Instantâneo [graus]


FOV - Campo de Visão [graus]
Pix - número de pixels.

O IFOV é normalmente apresentado em mili radianos. Para isso basta converter o valor
calculado de graus para mili radianos, multiplicando por π/180, ou 17,45.10-3.

Exemplo:
Um Termovisor com Campo de Visão – FOV igual a 24° x 18° e uma resolução de 320 x 240
pixels tem um IFOV igual a:

24
IFO V ho rizontal   0, 075 graus
320

IFO V ho rizontal  0, 075.  1, 3 m rad
180

18
IFO V vertical   0, 075 graus
240

IFO V vertical  0, 075.  1, 3 m rad
180

O IFOV é um parâmetro geralmente fornecido pelos fabricantes e possibilita, por meio da


equação a seguir, o cálculo da distância máxima que um objeto de tamanho determinado pode
ser detectado.
D
Distd 
IFOV
Na qual:

Distd - Distância máxima que um objeto de tamanho D pode ser detectado [m]
D Tamanho do objeto sob inspeção [m]
IFOV Campo de Visão Instantâneo [rad]

Exemplo:
Um Termovisor com IFOV igual a 1,3 mrad pode detectar um objeto de 0,05 m x 0,05 m a uma
distância máxima de:
0, 05
Distd   38, 46 m
1,3.103

71
Termografia Infravermelha

Resolução Espacial de Medida – MFOV (meas field of view): ABNT NBR 15424:2022

 Menor objeto que pode ter sua temperatura medida com exatidão a uma determinada
distância.
 Raramente é declarada pelo fabricante, mas é tipicamente igual ao campo de visão
instantâneo multiplicado por um fator entre 3 e 1, descrito no procedimento
termográfico. Também reportado como campo de visão instantâneo de medida, ou
MFOV.

Esse cálculo é necessário para que pelo menos um pixel seja completamente coberto pela
radiação que vem do objeto, conforme mostrado na figura 66.

Figura: Icon Tecnologia


Figura 66: Pixels cobrindo uma área de radiação infravermelha

Figura: Icon Tecnologia

Figura 67: Resolução de medição como três vezes o valor da resolução geométrica

Sendo assim, a Eletrobras Furnas considera a Resolução de Medição (IFOVM) como três vezes o
valor da Resolução Geométrica.
IFOVM = 3 x IFOV

Para o exemplo anterior, calcula-se o IFOVM e depois a nova distância.

IFOVM  3.1, 3.103  3,9.103 rad

por consequência o novo cálculo de distância será:


0, 05
Distd   12,82 m
3,9.103

Conclusão: para o exemplo dado a máxima distância em que o termografista deve ficar do alvo,
para realizar uma medição com exatidão, seria 12,82 m.

72
Termografia Infravermelha

Em subestações de alta tensão, cujas distâncias do termovisor ao objeto são relativamente


grandes e os diâmetros de cabos e dimensões das conexões são relativamente pequenos, o
Campo de Visão Instantâneo pode fazer a diferença entre localizar, ou não, um defeito ou ainda
avaliar corretamente ou não, a gravidade da anomalia térmica.

Importante: O termografista deve conhecer o valor do FOV do termovisor que está em uso,
para também avaliar, no local da inspeção, a distância do objeto e a lente apropriada para uma
correta medição.

Dica: Em alguns termovisores, a área central do cursor (também chamada de “ponto central”)
indica a área do menor ponto que pode ter sua medição correta. Se o ponto não preenche essa
área, você não conseguirá obter uma boa medição. Quando isso acontece, sua leitura de
temperatura será sempre menor do que a real (assumindo um ponto mais quente que o
ambiente). O mesmo acontecerá com medidas de diferença de temperatura.

Nesses casos, você corre o risco de avaliar um defeito crítico como sendo moderado. Ainda
existem casos em que a distância e o tamanho do ponto estão tão fora da especificação da
resolução óptica que você não terá condições de detectar o aquecimento.

As figuras 68 e 69 exemplificam o uso prático da ferramenta “ponto central” para verificar se a


distância está correta o suficiente para medir a temperatura com um mínimo de exatidão.

Figura 68: Medida realizada a uma distância inadequada.

Figura 69: Medida realizada a uma distância adequada.

Lentes telescópicas podem melhorar essa resolução, em contrapartida estreitam o campo de


visão do Termovisor, como mostra as figuras 70 e 71.

73
Termografia Infravermelha

Figura 70: Exemplo de termovisor e possíveis combinações de lentes.

FOV=24 ° FOV=14 ° FOV=6 °

Figura 71: Torre de Transmissão observada a uma mesma distância com lentes de 24°, 14° e 6°.

No Apêndice B, encontra-se uma tabela com os equipamentos utilizados por Furnas, com os
respectivos cálculos de distância, já disponíveis.

6.10 Ângulo de Incidência

A emissividade de uma superfície diminui quando o ângulo de visão aumenta em relação à sua
normal, sendo que medidas de temperatura exatas somente podem ser feitas com ângulos
abaixo de 30°. De 30° a 60° um pequeno erro é introduzido e a para ângulos acima de 60° o erro
se torna muito grande.

60°

Figura 72: Ângulos de incidência durante uma inspeção.

74
Termografia Infravermelha

Em subestações de alta tensão a maioria dos componentes a serem inspecionados está


localizada a uma altura superior à do termografista e frequentemente a leitura de temperatura
é realizada em um ângulo diferente da linha normal.

Para reduzir e até mesmo eliminar os erros devido ao ângulo de visão, procure manter o objeto
próximo à perpendicular da superfície a ser medida, principalmente se sua emissividade for
menor que 0,8. Como regra geral não se deve medir com ângulos de incidência superiores a 60
graus.

6.11 Sensibilidade Térmica

Refere-se à menor temperatura que o termovisor pode diferenciar do ruído de seu sistema.
Geralmente é especificada como a Diferença de Temperatura Equivalente ao Ruído (Noise
Equivalent Differential Temperature – NEDT).

A sensibilidade térmica é inversamente proporcional à temperatura em que o objeto está


envolvido, o que significa que o sistema se torna mais ruidoso em baixas temperaturas e a
resolução de temperatura diminui.

Quando a temperatura ambiente cai, termovisores com resposta espectral na faixa de 3 µm a 5


µm tendem a ter sua sensibilidade mais prejudicada do que termovisores com resposta
espectral de 8 µm a 14 µm. Como todos os termovisores usados pela Eletrobras FURNAS,
atualmente, são desta última faixa espectral, esta especificação não causa maiores
preocupações.

6.12 Influências de Qualificação Pessoal

A Qualificação Pessoal está relacionada à pessoa que faz a inspeção, ou seja, o termografista.
Atualmente os resultados obtidos pela inspeção termográfica são consideravelmente
dependentes do termografista. Por essa razão, a qualificação pessoal talvez seja uma das
influências mais significativas, visto que, um termografista não qualificado pode, inicialmente,
ter dificuldade de saber o que e onde inspecionar. Posteriormente, ter dificuldades em capturar
termogramas de qualidade e, por fim, faltar conhecimento para realizar uma correta análise do
termograma.

Para reduzir ou eliminar a má qualificação pessoal, é fortemente recomendável que o


termografista tenha aptidão física, seja treinado e possua um nível adequado de experiência
além de ter vocação para a técnica. A normatização de todo o processo, procedimentos de
inspeção e qualificação do termografista, também podem ajudar a reduzir a influência de
Qualificação Pessoal.

Aptidão Física

Por se tratar de um método que se utiliza de visores e monitores, para a visualização de


imagens, é necessário que o termografista apresente boa acuidade visual próxima, seja ela,

75
Termografia Infravermelha

natural ou corrigida. É necessário também, que o termografista seja capaz de fazer a


diferenciação correta das cores para a análise de termogramas coloridos. No caso de uma
deficiência na percepção das cores, o termografista deve ter conhecimento dessa deficiência e
substituir as imagens coloridas por imagens em tons de cinza.

Treinamento

É importante que o termografista seja treinado e que seu treinamento contenha informações
sobre a operação e as características do termovisor utilizado, a teoria básica dos fenômenos
físicos que envolvem a termografia e os procedimentos de inspeção e análise de componentes
e equipamentos normalmente encontrados em uma inspeção.

Experiência

Mesmo sendo treinado, é recomendável que o termografista, sob uma supervisão qualificada,
adquira experiência até estar apto a realizar inspeções com resultados confiáveis.

É essencial lembrar que o treinamento de termografia, por melhor que seja, vai apenas
capacitar o treinando a “começar a aprender” termografia.

A excelência de um termografista só é atingida com a constância nos estudos, na prática de


ensaios e inspeções e na participação de eventos que tragam atualização da técnica e do
instrumental. Se faltar um destes pilares, o termografista não será um profissional completo.

76
Termografia Infravermelha

Questionário:

Questão 01
Que fatores podem influenciar na medição de temperatura numa inspeção em uma subestação
desabrigada?

Questão 02
Porque é importante realizar inspeção com o ângulo de visão da câmera menor que 60 graus
em relação ao objeto?

Questão 03
O que facilitaria a medição de temperatura de um objeto de baixa emissividade?
a) Cobrir a superfície do objeto com um material de maior emissividade.
b) Usar a escala mais baixa possível de temperatura.
c) Ajustar a emissividade do termovisor para 1.
d) Todas as respostas acima.
e) Nenhuma das respostas acima.

Questão 04
Marque V (verdadeiro) ou F (falso)

a) ( ) O vento não tem influência na medida de temperatura em uma conexão.


b) ( ) A emissividade padrão assumida por Furnas é 0,8. Caso marque F, qual é? _____
c) ( ) É obrigatório que se faça a inspeção com a corrente acima de 50% da nominal.
d) ( ) ΔT é a diferença entre a temperatura considerada normal e a do PAT.
e) ( ) A principal limitação da técnica de termografia é o próprio termografista.
f) ( ) Se vejo o alvo no visor do termovisor, significa que a medição de temperatura será
confiável.
g) ( ) Recomenda-se iniciar a inspeção numa SE logo após o pôr do sol.

77
Termografia Infravermelha

7 Principais Ajustes e Configurações de Termovisores

Esse capítulo aborda procedimentos básicos de operação e técnicas comuns aplicáveis à


maioria dos termovisores.

7.1 Introdução

O primeiro passo para realizar uma boa análise de um termograma é ter certeza de que você
tem um bom termograma para ser analisado! O termograma deve estar focado, tirado na
escala correta de temperatura e dentro de uma distância apropriada do alvo para a lente da
câmera infravermelha a ser usada.

Portanto os três principais fatores a serem observados para se obter uma boa imagem são:
Foco, Escala e Distância (FED), ou em inglês Focus, Range e Distance (FORD).

Esses fatores são aqueles que não podem ser mudados em um software de pós-processamento
de imagens, portanto é importante obter corretamente uma imagem, antes de salvá-la.

Essa seção destacará as funções primárias da sua câmera, ensinando como ajustar e obter um
bom termograma com seu termovisor.

7.2 Operação Básica

7.2.1 Auto Ajuste

A função de auto ajuste é representada, na maioria dos termovisores, por um botão com a letra
“A”. Tal botão geralmente é configurável e pode mudar alguns parâmetros, como nível e
campo, zoom, foco, alternância entre imagem visível e infravermelho. É importante atentar
para a configuração, antes de usar. Também é importante ter em mente que nenhum ajuste
automático substitui o ajuste manual feito por profissional capacitado e experiente.

Figura 73: Imagem com ajuste térmico automático (esq) e com ajuste térmico manual (dir).
Fonte: 600 series - User manual - Flir

78
Termografia Infravermelha

7.2.2 Ajustes Térmicos

Os ajustes térmicos são parâmetros referentes ao brilho e ao contraste térmico de uma


imagem infravermelha. Com estes ajustes é possível obter um termograma nítido e no qual
possa ser notado o ponto de destaque (maior ou menor temperatura, dependendo do
objetivo). Esses parâmetros podem ser ajustados a qualquer momento, seja com imagem
congelada, em tempo real ou mesmo depois de salva no termovisor ou no computador através
de programa próprio.

Esta facilidade de uso não reduz a importância destes ajustes, principalmente durante a
inspeção ou ensaio, pois permite ao termografista perceber, com facilidade, a existência de
anomalias térmicas. É importante ressaltar que o ajuste térmico não influencia na medição de
temperatura, mas apenas na visualização do termograma.

Ajuste Térmico

Figura 74: Explanação gráfica de Escala e ajustes térmicos.

A seguir são mostradas imagens com possíveis ajustes térmicos, com as repectivas orientações.

Essa imagem não foi termicamente ajustada. Você pode perceber


muita saturação quente e branca na tubulação. Os ajustes para o
motor estão bons, mas se o objetivo nesse caso fosse a tubulação, o
ajuste estaria errado.

Essa imagem foi termicamente ajustada visando mostrar detalhes


térmicos das bordas. Nesse caso, os detalhes do motor estão
imperceptíveis, mas a imagem da tubulação começa a ficar melhor.

79
Termografia Infravermelha

Essa imagem foi termicamente ajustada para mostrar os detalhes


térmicos da tubulação. Procuramos também um equilíbrio de tal
forma que sejam perceptíveis alguns detalhes do motor.

7.2.3 Ajuste de Correção de Não Uniformidade (NUC)

A correção de não uniformidade corrige o menor desvio do detector que ocorre na cena ou na
mudança de ambiente. Este ajuste acontece automaticamente, geralmente logo após o
termovisor ser ligado e depois, em pequenos intervalos de tempo durante o uso. Quando ele é
acionado é ouvido um “click” e a imagem fica congelada momentaneamente.

NUC = No Uniformity Correction

7.2.4 Escala de Temperatura

A Escala (ou faixa) de temperatura se refere à temperatura máxima e mínima entre as quais
pode-se salvar dados válidos. A maioria dos termovisores possuem duas ou mais faixas de
temperatura e a grande maioria não tem sistema de troca automática de faixa. O usuário deve
selecionar a faixa mais adequada de temperatura.

Outra condição recorrente é a sobreposição de escalas, por exemplo: alguns termovisores têm
duas escalas, uma de -40°C a 150 °C e outra de 0°C a 600 °C.

Pode parecer indiferente o uso de qualquer dessas duas escalas, para se medir objetos com
temperaturas entre 0°C e 150°C, mas é recomendável utilizar a mesma metodologia de
medição de outras grandezas, quando se usa instrumentos de múltiplas escalas: para se medir,
por exemplo, um objeto que apresenta uma temperatura de 30°C é melhor usar a escala de -
40°C a 150°C.

149 °C 318 °C

Figura 75: Exemplo de termograma salvo com a escala errada (esq) e correta (dir)

80
Termografia Infravermelha

A figura 75 mostra uma situação em que o mesmo objeto inspecionado, nas mesmas condições,
pode resultar em valores diferentes de temperatura. Na primeira imagem, a escala foi utilizada
equivocadamente, resultando num valor máximo de medição de 149°C. Na figura da direita, foi
utilizado a escala correta e o valor apresentado foi de 318°C.

Em suma, é importante observar se o termograma está sendo gravado na escala correta de


temperatura, pois depois não tem como corrigir isso, nem mesmo nos programas de pós-
processamento de termogramas.

7.2.5 Foco Ótico

Assim como numa câmera fotográfica comum, também deve ser feito o ajuste correto de foco
da imagem, quando se usa uma câmera infravermelha. Uma imagem desfocada não
proporciona uma imagem bem definida e pode provocar medições incorretas.

Figura 76: Imagem com um bom foco, foco médio e um foco ruim.

Um bom foco é essencial para proporcionar uma boa medição de temperatura. Repare nos
termogramas a seguir que estão no foco e fora de foco. Note a diferença de temperatura
medida no exemplo da figura 77. Na imagem à esquerda, a temperatura máxima medida é
65,8°C e na imagem à direita, a temperatura máxima é de 49,9 °C, resultando em uma
diferença de 15,9 °C.

Figura 77: Diferença de temperaturas entre uma imagem com foco correto e errado.

81
Termografia Infravermelha

Lembre-se que você deve estar “bem próximo” para focar. Em outras palavras, seu objeto deve
estar próximo em relação à mínima distância focal da lente. Caso a imagem não esteja dentro
do padrão adequado, você pode ajustar o foco movendo a câmera para longe ou perto do alvo
até o mesmo ficar dentro do foco.

É essencial que o termovisor esteja direcionado para o objeto a ser inspecionado e que não
haja outros objetos entre os dois, no momento de ajustar o foco, ou seja, este ajuste deve ser
feito na condição de visada direta.

O sistema de ajuste de foco varia entre os diversos modelos e fabricantes de termovisores. A


grande maioria oferece sistema de foco automático ou semiautomático. Mas nem todos
disponibilizam o ajuste manual de foco. Este último, quando disponível, geralmente é feito ao
girar um anel situado junto à lente de infravermelho, de modo semelhante ao ajuste de foco
manual de câmeras fotográficas profissionais.

Figura 78: Exemplo de modo de ajuste manual de foco

Dica prática: Para objetos com temperaturas acima da temperatura ambiente, o melhor ajuste
de foco pode ser percebido quando se obtém a medição de maior temperatura.

ATENÇÃO!
Você deve focar o objeto cuidadosamente antes de salvar uma imagem, porque você não vai
conseguir corrigi-la depois que estiver salva.

7.2.6 Parâmetros de Medição ou Parâmetros do Objeto

Devemos sempre lembrar que o termovisor não mede temperatura diretamente, ele detecta a
radiação infravermelha e converte a quantidade de radiação, recebida pelo detector, em sinal
elétrico. A partir desse sinal e em conjunto com vários parâmetros inseridos pelo termografista,
o termovisor calcula a temperatura do objeto.

Por essa razão, quando precisamos medir uma temperatura com exatidão, os parâmetros
Emissividade, Temperatura Aparente Refletida, Temperatura Ambiente, Distância, Umidade
Relativa do Ar e Transmitância Óptica devem ser inseridos corretamente e sempre no início da
inspeção ou ensaio, devendo ser atualizados sempre que alguma condição mudar. A localização
destes parâmetros, no menu do termovisor, varia de modelo para modelo.

82
Termografia Infravermelha

Figura 79: Menu de parâmetros e medição do objeto

Emissividade é o parâmetro mais importante para uma medição mais precisa.

Procure saber onde configurar os parâmetros citados anteriormente em sua câmera. Todos
esses termos e seus significados serão explicados durante o curso.

7.2.7 Ferramentas mais Comuns de Medição

Ferramenta de Ponto

A ferramenta de ponto é provavelmente a mais usada nos


dispositivos de medição pela maioria das pessoas. Apesar do que
sugere o nome “ponto”, ela é representada por uma cruz fina que
pode ser movida dentro imagem e a temperatura daquele ponto
(média) é mostrada na imagem.

Ferramenta de Curva Isotérmica

Essa ferramenta é a mais antiga de todas, apareceu nas câmeras nos


anos 60. Uma curva isotérmica é uma ferramenta de medição que
realça e áreas com a mesma intensidade de radiação. A curva
isotérmica substitui certas cores na escala com um contraste único,
com uma amplitude e um nível de temperatura, e podem ser movido
ou estendido pra cima ou para baixo na escala. Neste caso as
temperaturas acima de 27°C são realçadas pela cor verde.

83
Termografia Infravermelha

Ferramenta Caixa ou Área

A ferramenta caixa ou Área permite ao usuário extrair o maior,


menor ou valor médio de temperatura em uma área circular ou
retangular que pode ser redimensionada ou movida sobre a imagem.
Ela é uma grande ferramenta para temperatura aparente refletida e
muito usada nas inspeções termográficas em Furnas.

Ferramenta de Linha

A ferramenta de linha permite ao usuário extrair o maior, menor ou


médio valor de temperatura ao longo de uma linha que pode ser
traçada, redimensionada ou movida sobre a imagem. Ela é uma boa
ferramenta para medir temperatura em objetos longos e estreitos.

7.2.8 Paleta de Cores

Os termovisores são geralmente providos de uma paleta de cores para seu uso. Não há uma
paleta correta ou errada para cada aplicação específica; a escolha da paleta depende de sua
preferência pessoal, característica da imagem térmica, normas da sua empresa (caso exista), e
onde a imagem quer ser mostrada e para quem.

As cores mostradas no termograma, referentes às temperaturas, são inseridas por software. A


figura 61 mostra algumas paletas de cores disponíveis.

Em FURNAS, para uniformizar os relatórios, recomenda-se a paleta Iron (Ferro) positiva.


Positiva ou “não invertida” significa que o termograma apresentará as temperaturas mais altas
com cores mais claras e aquelas mais baixas, com cores mais escuras.

A paleta cinza (grey) é a paleta original usada nos sistemas de imagens infravermelhas. Alguns
termografistas ainda a usam como sua paleta de análise primária. Essa paleta é boa para
permitir detalhes espaciais finos a serem percebidos na imagem e onde um padrão de
reconhecimento é necessário. Ela não é boa para perceber pequenas diferenças de
temperatura como as paletas coloridas.

A paleta ferro (iron) é uma boa paleta para uso geral e provavelmente a mais popular entre os
termografistas de sistemas elétricos. Ela proporciona um bom balanço entre detalhes espaciais
e térmicos. É a melhor paleta a ser usada para fazer relatórios que serão impressos em preto e
branco, porque a imagem impressa se parece com a paleta cinza.

84
Termografia Infravermelha

Grey Inverted Grey Yellow Glowbow

Greyred Iron RainHi Medical


Figura 80: Paletas de cores

A paleta arco íris de alto contraste (RainHI) apresenta mais cores e é ideal onde você quer
mostrar o máximo de contraste térmico. É uma boa paleta para mostrar imagens a uma pessoa
“não termografista” porque ela é intuitiva e permite uma rápida percepção de pequenas
diferenças de temperatura.

7.3 Composição da Imagem

Além de saber como salvar uma imagem, devemos saber algumas regras para produzir uma
imagem térmica profissional. Vale ressaltar que há três parâmetros que nunca podem ser
mudados depois de gravada uma imagem: foco, escala de temperatura e distância.

As figuras 81 e 82, mostram exemplos de composição de imagem.

Figura 81: Objeto muito próximo, muito longe e com a composição ideal na tela (espectro visível).

Figura 82: Objeto muito próximo, muito longe e com a composição ideal na tela (espectro IR).

85
Termografia Infravermelha

Mas existem outros fatores a serem observados no momento de fazer e gravar um termograma
e um deles é a composição da imagem. A correta composição da imagem é observada por
profissionais da fotografia e filmagens e se aplica também à termografia.

Para uma boa composição da imagem a ser gravada, deve-se “posicionar” o objeto sob
inspeção dentro do seu campo de visão na tela. Se você está muito longe o termograma pode
deixar em dúvida qual era o objeto principal de interesse daquela imagem. Se você estiver
muito perto, pode deixar de capturar pontos de interesse.

86
Termografia Infravermelha

8 Inspeções Termográficas no Sistema Elétrico de Potência

8.1 Inspeções Termográficas em Subestações

Em Furnas, as inspeções termográficas em subestações são feitas seguindo o Manual Técnico


de Campo, módulo 99.17.ZZZ.00/01-R6 “Inspeção em Subestações Utilizando Termovisor”,
vigente a partir de novembro de 2021. Este documento deve ser lido, seguido e consultado por
todos os termografistas de Furnas.

Este módulo do MTC, define os procedimentos e critérios para a execução de inspeções em


subestações utilizando o termovisor, padroniza os relatórios de inspeção e oferece suporte à
definição das ações de manutenção.

Resumo das principais recomendações, lembrando que deve ser seguido o procedimento
completo:

 Evitar inspeções termográficas diurnas para não haver influências do reflexo e do


carregamento solar;

 Para inspeções de equipamentos para-raios, isoladores poluídos e defeitos que


provoquem pequeno aumento de temperatura, recomenda-se iniciar a inspeção, no
mínimo, 4 (quatro) horas após o pôr do sol. Na necessidade de inspeções diurnas,
recomenda-se que sejam realizadas até, no máximo, 1 (uma) hora após o nascer do sol
para evitar o carregamento solar;

 Evitar inspeções com velocidade do vento acima de 15 km/h;

 Evitar inspeções com corrente abaixo de 50% da corrente máxima registrada;

 Após a ocorrência de chuva, esperar a estabilização térmica do


equipamento/componente para iniciar a inspeção por, no mínimo, uma hora;

 Evitar inspeções com umidade relativa do ar acima de 90% e condensação;

 Ajustar a emissividade do termovisor para 0,8 (contatos e conexões em geral) ou 0,95


(porcelanas, vidros, colunas de isoladores, DJs, SCs etc;

 Realizar as inspeções com um intervalo máximo de 6 meses entre elas;

 Equipamentos recém-instalados e ou deixados fora de operação por um período igual


ou superior a 3 meses, devem ser inspecionados após entrarem em operação;

 Inspecionar equipamentos que sofrerão intervenção por desligamentos programados,


antes do desligamento.

87
Termografia Infravermelha

8.1.1 Inspeção em Para Raios

A termografia infravermelha foi confirmada como a técnica de manutenção preditiva mais


utilizada e confiável para o diagnóstico de defeitos em para-raios de ZnO e SiC.

A metodologia consiste em inspecionar todo o corpo do equipamento com tomadas de


imagens em no mínimo 3 ângulos diferentes, permitindo a identificação mais efetiva de
anomalias térmicas.

Para raios

Figura 83: Esquema para inspeção circular em para raios (vista superior).

Figura 84: Esquema para inspeção em toda a altura do para raios

Além da inspeção em 3 ângulos, deve-se fazer a análise dos padrões térmicos do para-raios:

 A análise da elevação de temperatura (Δt) no para-raios é feita em relação à


temperatura do corpo na mesma fase ou em fase adjacente. Não sendo possível,
analisar em relação a temperatura ambiente.

A avaliação de criticidade deve ser feita da mesma forma que PATs de origem interna,
conforme item 5.3 do MTC.

88
Termografia Infravermelha

Os critérios de limites de temperatura não ultrapassam 10°C (limite usado historicamente), e os


níveis de criticidade situam-se em média entre 3 e 9°C. Tais critérios, juntamente com as
metodologias de inspeção e análise, têm permitido um diagnóstico bastante consistente e
seguro dos defeitos, evitando falhas de para-raios.

Outras técnicas complementares para um melhor diagnóstico são medição de descargas


parciais e corrente de fuga.

Destaca-se, então, a necessidade da correta especificação dos termovisores, principalmente em


relação à resolução e à sensibilidade térmica, devido às pequenas diferenças de temperatura
que caracterizam defeitos em para-raios e às grandes distâncias dos pontos de medição.

33 °C

25 °C 23 °C

19 °C

Figura 85: Para-raios apresentando aquecimento interno.

As principais recomendações em relação a inspeção de PR são listadas a seguir:

 Inspecionar em no mínimo 3 posições em volta do mesmo (120°);


 Ajuste térmico de forma a perceber pequenas diferenças de temperatura;
 Ajuste de emissividade em 0,95;
 Posicionar-se em ângulo e distância adequados à imagem;
 Usar como temperatura de referência, a temperatura mais baixa do próprio PR ou
adjacente;
 Classificar a severidade conforme orientações sobre defeito de origem interna (item 5.3
do MTC).

8.2 Detecção de Poluição em Isoladores Através da Termografia por Infravermelho

Isoladores de subestações, instalados em regiões litorâneas e/ou de atmosfera poluída, podem


ser cobertos por uma camada de poluentes durante períodos de estiagem do ano. Essa camada
pode se tornar condutiva com o aumento da umidade, seja pelo orvalho, chuva fina ou
nevoeiro.

89
Termografia Infravermelha

Com o aumento da condutividade há um consequente aumento da corrente de fuga e da


temperatura da superfície. O aquecimento provocado pela poluição pode ser detectado e
visualizado pela termografia por infravermelho, alertando sobre a necessidade de limpeza do
isolador antes da ocorrência de falhas e redução de sua vida útil.
Algumas subestações de Furnas já sofreram os efeitos indesejados da poluição em isoladores.

Quando a poluição tem características condutivas, seu nível é alto e a localidade tem períodos
de alta umidade relativa do ar, podem ocorrer descargas visíveis a olho nu. Quando muitos
isoladores de um “pedestal” estão nesta situação, pode acontecer o rompimento de arco
elétrico, causando desligamento por operação da proteção e até destruição da coluna
isoladora. Acontece que este estágio de falha é geralmente precedido por anomalias térmicas,
que podem ser detectadas com o termovisor.

A figura 86 mostra o exemplo de um termograma de anomalia térmica em isolador e de


descargas no espectro visível.

Figura 86: Termograma de PAT por poluição (esq) e descargas visíveis a olho nu (dir).

Foi elaborado por Furnas, um procedimento específico para verificação do nível de poluição em
isoladores pedestal através de termografia por infravermelho.

Esta instrução estabelece procedimentos e critérios para a execução de inspeções


termográficas visando avaliar o nível de poluição em isoladores de cerâmica utilizados em
suporte de equipamentos de manobra ou barramentos, bem como a padronização dos
relatórios de inspeção.

Durante as inspeções, deve-se considerar que colunas de isoladores, quando em condições


normais de operação e em período noturno, apresentam temperaturas muito próximas da
temperatura ambiente, portanto, situação distinta desta pode ser indicativa de anomalia.

Os principais pontos da inspeção visando detectar poluição são:

 Não são recomendadas inspeções termográficas diurnas para não haver influências do
reflexo e do carregamento solar;
 Recomenda-se que a inspeção seja realizada a partir de 3 horas após o pôr do sol, e até
uma hora, no máximo, após o nascer do sol e com a umidade relativa do ar acima dos
80%;

90
Termografia Infravermelha

 Não são recomendadas inspeções com velocidade do vento acima de 20 km/h;


 Não são recomendadas inspeções com umidade relativa do ar abaixo de 80%;
 Ajustar a emissividade do termovisor para 0,956;
 Condições de inspeção fora das recomendadas neste item devem ser reportadas à
Engenharia de Manutenção para validação dos resultados.

Ao localizar algum ponto com provável anomalia térmica:


 Ajustar o foco do termovisor, a fim de se evitar erros de leitura;
 Fazer o ajuste térmico para que se obtenha uma imagem com melhores condições de
identificar a origem do problema. Este ajuste é importante para que pequenas
diferenças de temperatura possam ser notadas pelo termografista;
 Buscar a posição em que a maior temperatura seja obtida. Ou seja, o mais próximo
possível do isolador e com o ângulo de visão adequado;
 Salvar o termograma e a imagem visível do isolador de forma a fornecer uma melhor
identificação para a manutenção;
 Identificar e anotar os dados do isolador, como nº de IP, equipamento ao qual está
conectado ou próximo, pórtico, fase, etc;
 Avaliar o estágio da AT conforme o Item 5.0 do MTC.

Maiores detalhes sobre este assunto estarão no procedimento e podem ser obtidos com os
termografistas do DES.O.

8.3 Inspeções Termográficas em Sistemas Eletromecânicos

A aplicação da termografia em sistemas eletromecânicos engloba a inspeção de motores


elétricos, mancais e acoplamentos.

Os aquecimentos detectados são provocados por resistência elétrica (mau contato ou


sobrecarga), atrito (falta de lubrificação) e vibração (sobretudo alta frequência). Dadas suas
características de velocidade, a termografia permite a verificação de grande número de
equipamentos em curto espaço de tempo.

É importante ressaltar que termografia e análise de vibração são técnicas de inspeção que
operam complementarmente. Muitas vezes, o componente pode ser retirado de operação por
exceder os limites de temperatura sem que tenha excedido os limites de vibração. Em outras
ocasiões ocorre o contrário.

O limite de temperatura ao qual um motor elétrico pode ser submetido depende dos materiais
empregados em sua construção. Os materiais isolantes utilizados são especificados segundo
Classes de Isolamento, cada qual definida pelo respectivo limite de temperatura que o material
pode suportar continuamente sem que sua vida útil seja afetada.

Os limites de temperatura para mancais variam grandemente de acordo com o tipo de mancal
(rolamento ou deslizamento) e o tipo de lubrificação adotado. Em mancais de deslizamento de

6 Valor obtido em ensaios realizados no laboratório de alta tensão da GES.O

91
Termografia Infravermelha

grande porte (laminadores, por exemplo), não só a temperatura, mas também a distribuição de
temperaturas é levada em conta.

Nos acoplamentos o aquecimento pode ser devido ao desalinhamento ou à falta de lubrificação


(no caso de acoplamentos autocompensados).

Ao se inspecionar motores e rolamentos é oportuna, e normalmente não demanda muito


tempo adicional, a observação de componentes mecânicos como as polias e correias, para a
verificação de possíveis aquecimentos por atrito excessivo ou escorregamento.

Devem ser consultadas as normas vigentes e especificações fornecidas pelo fabricante, para
avaliação destes componentes.

Figura 87: Anomalias térmicas em sistemas mecânicos.

Potenciais componentes a serem inspecionados em Furnas:

Sistemas eletromecânicos de usinas e subestações, como:


Sistemas hidráulicos
Sistemas de resfriamento de geradores
mancais
compressores
Escovas e anéis coletores
Sistemas de ar comprimido
Bombas de óleo e água
Pontes rolantes
Grupos motor e gerador diesel
Trocadores de calor
Dentre outros.

92
Termografia Infravermelha

8.4 Fluxograma para apoio a tomada de decisões

93
Termografia Infravermelha

Não

94
Termografia Infravermelha

95
Termografia Infravermelha

Questionário:

Tomada de Decisões e Classificação de Defeitos de Acordo com MTC de Furnas (R6).

1) Equipamento: Chave Seccionadora


Local: Contato móvel
PAT: 85°C Referência: 26°C Corrente: 76% da máxima histórica
Vento: 3 km/h Emissividade: 0,8
Obs.: não é possível manobra ou redução de corrente
Δt: 59°C
Recomendações: Analisar o risco e programar manutenção, monitorar com periodicidade inferior a 7 dias,
caso a temperatura continue subindo, solicitar manutenção de urgência.

2) Equipamento: Transformador de Potencial


Local: Defeito interno
PAT: 32°C Referência: 26°C
Vento: 3 km/h Emissividade: 0,95
Δt: Comunicar a engenharia de manutenção, programar manutenção, monitorar com
periodicidade inferior a 7 dias, caso a temperatura suba acima de 10°C, reavaliar.
Recomendações:

3) Equipamento: Transformador de Corrente


Local: Defeito interno
PAT: 42°C Referência: 26°C
Vento: 6 km/h Emissividade: 0,95 Corrente: 63% da máxima histórica
Obs.: é possível manobra ou redução de corrente
Δt:
Recomendações:

4) Equipamento: Pára-raios
Local: Corpo do pára-raios
PAT: 28°C Referência: 21°C
Vento: 0 km/h Emissividade: 0,95
Δt:
Recomendações:

5) Equipamento: Transformador de Corrente (TC)


Local: Conector entre o TC e o cabo
PAT: 297°C Referência: 29°C
Vento: 9 km/h Emissividade: 0,8 Corrente: 65% da máxima histórica
Obs.: não é possível manobra ou redução de corrente
Δt:
Recomendações:

96
Termografia Infravermelha

6) Equipamento: Transformador de Corrente do circuito de saída da UG


Local: conector entre o TC e o cabo
PAT: 97°C Referência: 28°C
Vento: 9 km/h Emissividade: 0,8 Corrente: 85% da máxima histórica
Obs.: é possível manobra ou redução de corrente
Δt:
Recomendações:

7) Equipamento: Chave seccionadora


Local: contato fixo
PAT: 30°C Referência: 24°C
Vento: 3 km/h Emissividade: 0,8
Obs.: é possível manobra ou redução de corrente
Δt:
Recomendações:

8) Equipamento: Chave seccionadora


Local: contato fixo
PAT: 70°C Referência: 24°C
Vento: 3 km/h Emissividade: 0,8 Corrente: 50 % da máxima histórica
Obs.: não é possível manobra ou redução de corrente
Δt:
Recomendações:

9) Equipamento: Cabo para-raios ancorado no pórtico da SE


Local: Arranjo de ancoragem do cabo (figura 93 – pág. 109)
PAT: 230°C Referência: 30°C
Vento: 3 km/h Emissividade: 0,80
Δt:
Recomendações:

97
Termografia Infravermelha

9 Problemas mais Comuns Encontrados no Dia a Dia.

Figura 88: Mau contato em conexões em paineis elétricos.

Figura 89: Sobrecarga em circuitos mal dimensionados.

Figura 90: Indução (correntes parasitas) em cabos de aterramento e em estruturas aterradas.

Figura 91: Arranjo de ancoragem para cabo para raios em torres e pórticos.

98
Termografia Infravermelha

1000 A 500 A

500 A

Figura 92: Sobrecarga em cabos de transmissão.

Figura 93: Emendas em cabos de transmissão.

Figura 94: Mau contato em conexões de equipamentos de alta-tensão.

99
Termografia Infravermelha

Figura 95: Isoladores apresentando sintomas de poluição.

Figura 96: Degradação de um pino de isolador causada por poluição.

Figura 97: Equipamentos apresentando defeitos internos.

Figura 98: equipamentos de SE’s presentando defeitos.

100
Termografia Infravermelha

Figura 99: PAT em eletroduto – Indução.

101
Termografia Infravermelha

10 Cuidados com o Termovisor

Termovisores são instrumentos de elevado custo e grande importância. Além disso, é composto
por circuitos eletrônicos e sistema óptico, que é delicado. Tudo isso exige atenção e cuidado no
manuseio e operação. Devem ser evitados choques mecânicos, como por exemplo, quedas.

Sempre que o termovisor não estiver sendo usado e o ambiente oferecer riscos de queda, ou
ambientais (poeira, produtos químicos, umidade excessiva), este deve ser mantido em sua
maleta de proteção. A mesma recomendação vale para as lentes, quando separadas do
termovisor.

Figura 100: Termovisor com lente quebrada

No caso do termovisor de modelo T650sc, ilustrado na figura 100, a lente foi danificada em sua
parte interna. Cabe ressaltar que neste caso, não era prevista manobra de troca de lente que
pudesse justificar uma queda, ou seja, esse termovisor só possui a lente padrão. Furnas teve
que fazer a aquisição de outra lente e enviar o termovisor para ser executado serviço de
parametrização da nova lente, na oficina autorizada do fabricante. O custo para Furnas ficou
superior a R$60.000,00 (sessenta mil reais) e o termovisor ficou indisponível para uso, por um
bom período.

O termovisor NUNCA deve ser apontado para o sol. Isso provavelmente vai danificar seus
sensores de infravermelho, já que não suportariam a radiação proveniente do sol,
correspondente a aproximadamente 5600 K.

10.1 Limpando o Sistema Ótico

Para evitar interferência nos resultados da medição ou na capacidade de detalhamento da


imagem recomenda-se remover o excesso de sujeira e óleos que podem se depositar sobre a
lente ao longo dos trabalhos.

1 - Procedimento

102
Termografia Infravermelha

Remova o pó com algodão ou pano macio seco para retirar o excesso de sujeira. Borrife um
líquido próprio para limpeza de lentes óticas ou use álcool isopropílico.

Use uma bola de algodão ou um pano leve limpo para remover vestígios de sujeira. Passe o
pano do centro da lente em direção às extremidades usando um movimento que permita o
contato do pano úmido com a lente.

2 - Cuidado: não limpe as lentes excessivamente

Normalmente você não precisa limpar as lentes antes de cada uso, apenas quando há sujeira
visível ou impressões digitais. Limpe a lente com cuidado, não esfregue até secar, deixe o ar
secá-la.

Para limpar as lentes, pode-se utilizar algodão umedecido com álcool etílico a 96 %. As lentes
devem ser limpas uma vez com a solução, eliminado algodão utilizado. Em vez de álcool etílico,
pode utilizar éter dietílico para a limpeza.

Figura 101: Lente danificada por falta de cuidados.

A limpeza excessiva pode danificar a camada antirreflexo causando mais perda de transmissão
resultando em erro de calibração e maior custo de reparo.

10.2 Calibração dos Termovisores

Sabemos que a exatidão da medida da temperatura depende da calibração do termovisor e da


exatidão dos parâmetros informados pelo operador.

103
Termografia Infravermelha

Figura 102: Calibração de um termovisor utilizando um corpo negro

É importante que as câmeras térmicas sejam verificadas quanto à exatidão das medidas que
estão fazendo e disponibilizando na tela. Essas calibrações são efetuadas pelo DES.O
anualmente utilizando um corpo negro como referência.

O procedimento de calibração foi desenvolvido para verificar a exatidão dos sistemas de


imagens infravermelhas a uma medição específica, de acordo com os padrões internacionais.

É responsabilidade do termografista verificar a validade da calibração dos instrumentos


utilizados na inspeção (termovisor e termo-higro-anemômetro) e enviá-lo ao DES.O para
calibração na data correta, dentro do Plano de Calibração no SAP ERP.

104
Termografia Infravermelha

11 Software para Tratamento de Imagens

O software Flir Thermal Studio, é o mais utilizado pelos usuários dos equipamentos da Flir. Nele
você poderá gerenciar um banco de imagens, manipulá-las, gerar relatorios além de outras
funcionalidades.

Para salvar as imagens da câmera no seu computador você pode:

 Retirar o cartão de memória da câmera e inseri-lo no seu computador, copiando os


arquivos do seu interesse para uma pasta;

 Conectar a câmera diretamente ao computador utilizando um cabo USB. A câmera


aparecerá como um drive local.

Para instalar o software, você deverá fazer o download do mesmo no website do fabricante, ou
instalá-lo a partir de um CD ou pen drive adquirido junto com o equipamento.

Para realizar o download, via web, basta acessar www.flir.com

Após instalar o software, inicie o mesmo pelo ícone da área de trabalho, ou menu iniciar do
Windows.

Figura 103: Atalhos para iniciar o programa

A tela inicial do software apresenta no seu lado esquerdo, uma árvore de diretórios onde
existem imagens termográficas. As imagens são buscadas no computador automaticamente
pelo software.

Termogramas
Árvore de diretórios disponíveis na pasta
do windows selecionada

Figura 104: termogramas dentro da árvore de diretórios

105
Termografia Infravermelha

Ao selecionar um termograma, o mesmo aparece em tela cheia, com suas propriedades


mostradas no lado direito da tela. Do lado esquerdo temos o menu de ferramentas de edição
de imagem e medição de temperatura. Acima e abaixo da imagem, encontram-se ferramentas
para edição da imagem.

Ferramentas de edição de imagem


Imagem Infravermelha
e Visível

Ferramentas de edição de imagem


e medição de temperaturas

Ferramentas de parâmetros
Controle de nível e campo do termograma

Figura 105: Menus para edição do termograma

A figura a seguir, mostra as ferramentas disponíveis para manipulação e medição de


temperatura da imagem. Pode-se também ver dados da câmera que registrou a imagem, bem
como geolocalização e gravação de voz.

11
12

6
7

1 16

8
2
3
4
9
5

10

14 15
13

Figura 106: ferramentas para edição do termograma.

1 – ferramentas de medição de temperatura (ponto, caixa, círculo, linha, delta)


2 – girar imagem
3 – paleta de cores

106
Termografia Infravermelha

4 – auto ajuste da imagem, baseada numa região específica


5 – zoom
6 – imagem térmica
7 – imagem visível
8 – parâmetros do objeto (emissividade, temp. refletida, distância, temp. atmosférica, etc.)
9 – geo localização
10 – informações da câmera e da imagem
11 – ferramentas de fusão de imagem (visível / infravermelha)
12 – escala de temperatura visível (nível e campo)
13 – barra de ajuste manual de nível e campo
14 – botão de auto ajuste de nível e campo
15 – botões para salvar ou descartar as alterações em um termograma
16 – ao inserir uma função medição, os dados de temperatura aparecerão nesse local.

2
3

4 1

Figura 107: ferramentas de medição de temperatura.

1 – informações dos valores de temperatura


2 – ferramenta ponto móvel
3 – ferramenta caixa
4 – ferramenta círculo
5 – ferramenta linha

Obs. As ferramentas caixa, círculo e linha possibilitam identificar o exato local da máxima ou
mínima temperatura.

107
Termografia Infravermelha

12 Apêndice

A. Valores Típicos de Emissividade

A.1 Não Metais

Comprimento de Onda
Materiais
2.2 microns 5,1 microns 8 - 14 microns
Água ---- ---- 0,93
Areia ---- 0,9 0,9
Argila 0,8-0,95 0,85-0,95 0,95
Asbesto 0,8 0,9 0,95
Asfalto ---- 0,95 0,95
Borracha ---- 0,9 0,95
Calcário ---- 0,4-0,98 0,98
Carborundo 0,95 0,9 0,9
Cascalho ---- 0,95 0,95
Cerâmica 0,8-0,95 0,85-0,95 0,95
Concreto 0,9 0,9 0,95
Gelo ---- ---- 0,98
Gesso ---- 0,4-0,97 0,8-0,95
Grafite 0,8-0,9 0,7-0,9 0,7-0,8
Madeira ---- 0.9-0,95 0,9-0,95
Neve ---- ---- 0,9
Papel (qualquer cor) ---- 0,95 0,95
Solo ---- ---- 0,9-0,98
Tecidos ---- 0,95 0,95
Tintas (exceto alumínio) ---- ---- 0,9-0,95
Vidro - placa 0,2 0,98 0,85
Tabela 6: emissividade de materiais não metálicos

A.2 Metais

A tabela a seguir fornece os valores médios de emissividade para metais, empregados em


medições na faixa do infravermelho. Estes valores são destinados a ser utilizados apenas como
orientação. Recomenda-se a verificação dos mesmos sempre que as medições demandem
maior precisão.

108
Termografia Infravermelha

Comprimento de Onda
Materiais
2.2 microns 5,1 microns 8 - 14 microns
Aço chapa áspera 0,6-0,7 0,5-0,7 0,4-0,6
Aço chapa polida 0,2 0,1 0,1
Aço líquido 0,25-0,4 0,1-0,2 ----
Aço inoxidável 0,2-0,9 0,15-0,8 0,1-0,8
Alumínio não oxidado 0,02-0,2 0,02-0,2 0,02-0,2
Alumínio oxidado 0,2-0,4 0,2-0,4 0,2-0,4
Al. Liga A3003 oxidada 0,4 0,4 0,3
Al. Liga A3003 áspera 0,2-0,6 0,1-0,4 0,1-0,3
Bronze polido 0,01-0,05 0,01-0,05 0,01-0,05
Bronze áspero 0,4 0,3 0,3
Bronze oxidado 0,6 0,5 0,5
Chumbo polido 0,05-0,2 0,05-0,2 0,05-0,1
Chumbo áspero 0,5 0,4 0,4
Chumbo oxidado 0,3-0,7 0,2-0,7 0,2-0,6
Cobre polido 0,03 0,03 0,03
Cobre áspero 0,05-0,2 0,05-0,15 0,05-0,1
Cobre oxidado 0,7-0,9 0,5-0,8 0,4-0,8
Cromo 0,05-0,3 0,03-0,3 0,02-0,2
Estanho 0,1-0,3 0,05 0,05
Inconel oxidado 0,6-0,9 0,6-0,9 0,7-0,95
Inconel jateado 0,3-0,6 0,3-0,6 0,3-0,6
Inconel eletropolido 0,25 0,15 0,15
Ferro oxidado 0,7-0,9 0,6-0,9 0,5-0,9
Ferro não oxidado 0,1-0,3 0,05-0,25 0,05-0,2
Ferrugem 0,6-0,9 0,5-0,8 0,5-0,7
Ferro líquido 0,4-0,6 ---- ----
Ferro fundido oxidado 0,7-0,95 0,65-0,95 0,6-0,95
Ferro fundido 0,3 0,25 0,2
Magnésio 0,05-0,2 0,03-0,15 0,02-0,1
Mercúrio 0,05-0,15 0,05-0,15 0,05-0,15
Molibdênio oxidado 0,4-0,9 0,3-0,7 0,2-0,6
Molibdênio não oxidado 0,1-0,3 0,1-0,15 0,1
Monel (Ni-Cu) 0,2-0,6 0,1-0,5 0,1-0,14
Níquel oxidado 0,4-0,7 0,3-0,6 0,2-0,5
Ouro 0,01-0,1 0,01-0,1 0,01-0,1
Platina oxidada 0,95 0,9 0,9
Prata 0,02 0,02 0,02
Titânio polido 0,2-0,5 0,1-0,3 0,05-0,2
Titânio oxidado 0,6-0,8 0,5-0,7 0,5-0,7
Tungstênio polido 0,1-0,3 0,05-0,25 0,03-0,1
Zinco oxidado 0,15 0,1 0,1
Zinco polido 0,05 0,03 0,02
Tabela 7: emissividade de materiais metalicos

109
Termografia Infravermelha

B. Termovisores x Distâncias de Medição

Essa tabela contempla os termovisores utilizados em Furnas, bem como as lentes disponíveis, resolução espacial e distâncias máximas e mínimas
para se realizar medidas com exatidão.

Sensibilidade Dist. máx. medição Distância mínima


Termovisor Lente Resolução
Térmica objeto 5 x 5 cm focal
E 40 25° X 19° 160 X 120 19200 pixels 2,72 mrad 0,07 °C a 25 °C 6,11 m 0,4 m

E 50 25° X 19° 240 X 180 43200 pixels 1,81 mrad 0,05 °C a 25 °C 9,17 m 0,4 m

E 60 25° X 19° 320 X 240 76800 pixels 1,36 mrad 0,05 °C a 25 °C 12,22 m 0,4 m

I 60 25° X 25° 180 X 180 32400 pixels 2,42 mrad < 0,1 °C a 25 °C 6,88 m 0,1 m

P65 24° X 18° 320 X240 76800 pixels 1,30 mrad 0.08°C a 30°C 12,73 m 0,3 m

GF 306 14,5° X 10,8° 320 X240 76800 pixels 0,79 mrad 15 mK a 30 °C 21,07 m 0,5 m

P 640 24° 640 X 480 307200 pixels 0,65 mrad 30 mK a 30 °C 25,46 m 0,3 m

P 640 12° 640 X 480 307200 pixels 0,32 mrad 30 mK a 30 °C 50,93 m 1,2 m

T 620 15° 640 X 480 307200 pixels 0,41 mrad 40 mK a 30 °C 40,74 m 0,5 m

T 650 sc 15° 640 X 480 307200 pixels 0,41 mrad 20 mK a 30 °C 40,74 m 0,5 m

T865 24° 640 X 480 307200 pixels 0,65 mrad 50 mK a 30 °C 25,46 m 0,15 m

T865 14° 640 X 480 307200 pixels 0,38 mrad 50 mK a 30 °C 43,65 m 1,0 m

T865 6° 640 X 480 307200 pixels 0,16 mrad 50 mK a 30 °C 101,86 m 5,0 m

T 1020 28° 1024 X 768 786432 pixels 0,47 mrad 20 mK a 30 °C 34,92 m 0,4 m

T 1020 12° 1024 X 768 786432 pixels 0,20 mrad 20 mK a 30 °C 81,49 m 1,3 m
Termografia Infravermelha

C. Normas Vigentes Acerca da Termografia

• ABNT NBR 15424 (2022), Ensaios não destrutivos – Termografia – Terminologia

• ABNT NBR 15572 (2013), Ensaios não destrutivos - Termografia por infravermelha - Guia para inspeção de
equipamentos elétricos e mecânicos

• ABNT NBR 15763 (2009), Ensaios não destrutivos - Termografia - Critérios de definição de periodicidade
de inspeção em sistemas elétricos de potência

• ABNT NBR 15866 (2010), Ensaios não destrutivos - Termografia - Metodologia de avaliação de
temperatura de trabalho de equipamentos em sistemas elétricos.

• ABNT NBR 16818 (2020), Ensaios não destrutivos – Termografia Infravermelha – Procedimento para a
aplicações do método da Termografia Infravermelha.

• ABNT ISO 9712 (2014) - Ensaios não destrutivos — Qualificação e Certificação de pessoal em END

• ABNT NBR 16969 (2021), Ensaios não destrutivos – Termografia infravermelha — Princípios gerais

111
Termografia Infravermelha

D. Certificação em Termografia

A certificação do profissional em termografia no Brasil é de responsabilidade da ABENDI –


Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, através da Divisão de Certificação.

Essa certificação é necessária para que o candidato seja reconhecido como um profissional que
realmente domina os conhecimentos teóricos e práticos na área de termografia. Se propõe a
avaliar a qualificação do termografista e emitir um certificado, atestando sua competência.

Por “qualificação" entende-se como a demonstração de aptidão física, conhecimento,


habilidade, treinamento e experiência necessários para o correto desempenho de tarefas
específicas.

O resultado foi o desenvolvimento da Norma ABENDI NA- 009 - Qualificação e Certificação de


Pessoas em Termografia.

Segundo a NA-009, o termografista pode ser certificado em um dos três níveis, seguindo os
mesmos padrões mundiais de certificação em END.

Nível 1 - Capaz de executar a inspeção termográfica básica de acordo com procedimentos


reconhecidos e estabelecidos; ajustar parâmetros e operar uma câmera termográfica; prevenir,
minimizar ou controlar fontes de erros; detectar falhas básicas e indicações não conformes;
realizar pós-processamento básico de imagens; avaliar e registrar os resultados de testes e
relatar as anomalias térmicas.

Nível 2 - Capaz de demonstrar as habilidades e conhecimentos requeridos para o Nível 1;


executar e/ou orientar uma inspeção termográfica de acordo com procedimentos reconhecidos
e estabelecidos; selecionar a técnica de termografia apropriada; aplicar as teorias e técnicas de
termografia; especificar software e hardware apropriado; interpretar, avaliar e diagnosticar
anomalias térmicas; recomendar ações no campo corretivo; realizar pós-processamento de
imagens; preparar relatórios sobre condições de equipamentos, diagnósticos de falhas, ações
corretivas e eficácia de reparos realizados; fornecer orientação e supervisionar as pessoas
certificadas em Nível 1.

Nível 3 - Capaz de demonstrar as habilidades e conhecimentos requeridos para o Nível 2;


desenvolver e implementar programas de monitoramento da condição e procedimentos de
inspeção; definir critérios de avaliação e aceitação; interpretar e avaliar normas, especificações
e procedimentos; definir diagnósticos; recomendar ações corretivas e preventivas apropriadas;
recomendar uma técnica de inspeção complementar ou alternativa; fornecer orientação e
supervisionar as pessoas certificadas em Nível 2.

Para estar apto a solicitar a certificação em qualquer dos três níveis de qualificação, o candidato
deve possuir pré-requisitos, com evidências documentadas, relacionados com grau de
escolaridade, aptidão física, treinamento e experiência profissional, como descrito a seguir:

112
Termografia Infravermelha

 Escolaridade mínima - Técnico de nível médio;

 Aptidão física - Acuidade visual para visão próxima, natural ou corrigida; capacidade de
diferenciar cores;

 Treinamento - Aprovado pela ABENDI; com carga horária mínima de


 40 horas para o Nível 1.
 80 horas para o Nível 2.
 120 horas para o Nível 3.

 Experiência
 Nível 1 - 6 meses.
 Nível 2 - 12 meses.
 Nível 3 - 36 meses para formação superior.
 Nível 3 - 60 meses para formação técnica.

Após a comprovação dos pré-requisitos listados acima, a certificação poderá ser obtida através
da execução de exames de qualificação realizados nos Centros de Exames de Qualificação (CEQ)
autorizados pela ABENDI.

Os Exames serão teóricos e práticos

 Teórico - Composto de 60 questões múltipla escolha, duração de 2 horas.

 Prático - Questões práticas que avaliam conceitos e princípios requeridos para conduzir
uma inspeção termográfica, duração de 4 horas.

Se o candidato atender aos pré-requisitos e alcançar um aproveitamento mínimo de 75% nos


exames teóricos e 75% nos exames práticos, a ABENDI emitirá o certificado correspondente ao
Nível no qual ele foi avaliado. A certificação terá validade de 60 meses.

Antes do término do primeiro período de validade da certificação, esta pode ser renovada por
igual período, se o profissional atender satisfatoriamente aos seguintes requisitos:

a) Apresentar atestado de acuidade visual, referente ao último período de 12 meses;

b) Comprovar satisfatoriamente a atividade profissional dentro do escopo da certificação,


sem uma interrupção significativa durante o período da certificação.

Se o critério b) não for atendido, o profissional deve seguir as mesmas regras para a
recertificação.

Para ser recertificado, o profissional deve atender aos critérios de renovação e seja aprovado
no exame de recertificação aplicável ao nível requerido.

113
Termografia Infravermelha

E. Medição de Importantes Parâmetros da Radiação

Para uma utilização correta da termografia e em aplicações em que é necessária uma maior
exatidão nas medições de temperatura é importante conhecer e quantificar parâmetros como
temperatura aparente refletida, emissividade e transmissividade.

Nos itens a seguir aprenderemos como medir estes parâmetros. Para mais detalhes consulte a
normas:

ABNT NBR 16969 (2021), Ensaios não destrutivos – Termografia infravermelha — Princípios
gerais.

E.1 Medição da Temperatura Aparente Refletida

A radiação infravermelha refletida por um objeto pode provocar erros na medição da


temperatura de sua superfície. Quando o objeto sob inspeção está em local onde há outras
fontes de radiação incidentes sobre ele, há necessidade de medir a temperatura aparente
refletida e usar o valor encontrado para compensar tais fontes de erros de medição e obter
uma medição de temperatura mais próxima possível da real. Isto porque, neste caso, a
radiação infravermelha que chega até o termovisor é proveniente do objeto sob inspeção /
ensaio e também das fontes existentes no entorno deste objeto.

Objeto 1 Radiação Radiação


Refletida do objeto

Objeto sob
análise

Figura 108: Radiações que chegam até o termovisor

Mas antes de estudar o procedimento, vamos entender dois conceitos:

a) o que é “temperatura aparente”?


É a leitura de temperatura obtida por radiômetros (câmeras termográficas e
termômetros de infravermelho), sem nenhuma correção (emissividade = 1 e distância =
0 m), considerando todas as radiações incidentes no detector, independentemente da
fonte. (ABNT NBR 15424/2022)

b) e o que é “temperatura aparente refletida”?


É temperatura relacionada à radiação infravermelha refletida pela superfície do objeto sob
análise e detectada por câmeras termográficas ou termômetros infravermelhos, proveniente
de outros objetos ou fontes. (ABNT NBR 15424/2022)

114
Termografia Infravermelha

Vale ressaltar que nos casos de inspeções termográficas em subestações desabrigadas não é
aplicada a compensação de temperatura aparente refletida. Neste caso, no termovisor, deve
ser atribuído o mesmo valor da temperatura ambiente.

O procedimento a seguir descreve como realizar a medição e compensação da temperatura


aparente refletida incidente sobre uma superfície, na qual se está realizando medições de
temperatura utilizando termovisores.

Dois métodos podem ser utilizados, o Método Refletor e o Método Direto, mas aqui será
descrito apenas o Método Refletor.

Método Refletor

Este método assume que o refletor de infravermelho utilizado tem refletividade igual a 1.
Portanto, erros serão minimizados se o refletor utilizado tiver refletividade próxima a 1.

A utilização de um refletor com características similares à superfície do objeto ajuda a


minimizar os erros.

Erros de temperatura aparente refletida, produzidos por uma fonte pontual, como o sol ou uma
lâmpada, são difíceis de medir com exatidão. Essas fontes de erro geralmente podem ser
evitadas, alterando a posição e o ângulo do termovisor em relação ao objeto.

A temperatura aparente refletida, medida na superfície de um objeto, pode ser específica para
o comprimento de onda do termovisor utilizado. Recomenda-se que esse comprimento de
onda seja anotado com o valor medido.

O erro, gerado pela temperatura aparente refletida, pode ser estimado protegendo o objeto da
radiação incidente sobre ele e observando qualquer alteração no valor medido.

O erro gerado pela temperatura aparente refletida pode ser reduzido protegendo o objeto da
fonte de reflexão.

Instrumentos e Acessórios Utilizados:

a) Termovisor calibrado, que possua ajustes de emissividade e temperatura refletida;

b) Refletor de infravermelho feito de um pedaço de metal, cuja refletividade seja próxima da


unidade. Exemplo: Papel alumínio, previamente amassado e depois estendido, colocado sobre
um pedaço de papelão, com o lado brilhante pra cima;

c) Tripé ou dispositivo para fixação do termovisor (opcional).

Procedimento

115
Termografia Infravermelha

a) Ajustar a emissividade do termovisor para 1 e distância para 0 (zero), quando houver a


possibilidade deste ajuste.

b) Posicionar o termovisor do mesmo modo que ele será posicionado para a medição da
temperatura da superfície do objeto.

c) Apontar o termovisor para o objeto e ajustar o foco na área do objeto onde a temperatura
aparente refletida será medida.

d) Colocar o refletor infravermelho em frente e paralelo ao objeto (Figura 50).

e) Utilizando uma ferramenta de medição (preferencialmente média da área), medir e anotar a


temperatura aparente da superfície do refletor. Essa é a temperatura aparente refletida do
objeto quando visto da posição indicada no item (b).

f) É recomendável repetir os passos de (a) até (e), no mínimo, três vezes para obter a média da
temperatura aparente refletida.

g) Compensar a temperatura aparente refletida inserindo a média obtida no campo


correspondente do termovisor (parâmetros do objeto).

h) realizar a medida no objeto sob análise (Figura 50).

Fonte de Refletor de Fonte de Radiação Radiação


Reflexão Infravermelho Reflexão Refletida do objeto

Objeto sob Objeto sob


análise análise

Figura 109: Esquema do método refletor

E.2 Medição da Emissividade

Quando utilizamos o termovisor para medir a temperatura de uma superfície qualquer e


optamos por estimar a emissividade dessa superfície, podemos estar inserindo um significativo
erro na medição, visto que, a emissividade exerce grande influência nos resultados das
medições de temperatura por infravermelho.

Em casos em que a medição de temperatura por termografia necessita de resultados com


exatidão aceitável, é extremamente importante conhecer o valor correto da emissividade.
Portanto, onde as condições permitem, pode ser necessário realizar a medição da emissividade
da superfície sob análise.

116
Termografia Infravermelha

Nos parágrafos a seguir é descrito como realizar a medição da emissividade de uma


determinada superfície, bem como, a sua compensação na medição de temperatura utilizando
termovisores.

Dois métodos de medição são apresentados:

 Método do Termômetro de Contato;


 Método do Termômetro sem Contato.

Ambos os métodos requerem que a superfície do objeto esteja a uma temperatura, no mínimo,
10 °C maior ou menor que a temperatura ambiente, sendo que a exatidão da medida de
emissividade aumenta com a diferença de temperatura.

Método do Termômetro de Contato

Procedimento

a) Com um termômetro de contato meça a temperatura da superfície que se deseja conhecer a


emissividade. Registre essa temperatura.

b) Com o termovisor no tripé ou no suporte e a uma distância adequada do objeto, meça e


insira, no termovisor, a temperatura aparente refletida, quando aplicável.

c) Selecione, no termovisor, a ferramenta de medição (preferencialmente média da área). Faça


foco na superfície citada no Item (a) e ajuste o parâmetro emissividade do termovisor até que o
valor medido indique a mesma temperatura registrada em (a).

O valor de emissividade obtido é a emissividade da superfície para a temperatura em que foi


realizada a medição e para a faixa espectral do termovisor utilizado.

d) É recomendável repetir os passos de (a) até (c) pelo menos três vezes e calcular a média dos
valores para obter a emissividade média.
Objeto sob Termômetro
análise de contato
Radiação
do objeto

Termômetro

30.4 °C

Ferramenta
Área média

Figura 110: Esquema do método do termômetro de contato

A emissividade pode variar com a temperatura do objeto e com faixa espectral do termovisor
utilizado para fazer as medições. Portanto, o valor da emissividade medido deve ser registrado
com a temperatura do objeto e a faixa espectral da termovisor utilizador.

117
Termografia Infravermelha

Estes métodos de ensaio são válidos somente para objetos que são opacos na faixa espectral do
termovisor utilizado.

Quando a emissividade de um objeto opaco diminui, a refletividade aumenta. Para minimizar


os erros, a temperatura aparente refletida deve ser precisamente medida e levada em
consideração, principalmente para emissividades baixas. Para materiais com emissividade
menor que 0,5 as medições de temperatura e de emissividade têm maior probabilidade de
erro.

Método da Emissividade Conhecida

Procedimento

a) Com o termovisor no tripé ou no suporte e a uma distância adequada do objeto, meça e


insira, no termovisor, a temperatura aparente refletida.

b) Aplique uma referência de alta emissividade (ε ≥ 0,90) adjacente à área do objeto, na qual a
emissividade será medida. Certifique-se que o material esteja seco e em bom contato com a
superfície do objeto.

c) Insira o valor da emissividade do material utilizado como referência no termovisor e meça a


temperatura na superfície da referência. Registre essa temperatura.

d) Foque o termovisor na área imediatamente adjacente ao material de referência (onde a


emissividade deve ser medida) ou remova o material e foque na área de onde foi retirado o
material.

e) Selecione, no termovisor, a ferramenta de medição caixa, com indicação de temperatura


média. Faça foco na área escolhida no Item (d) e ajuste o parâmetro emissividade do
termovisor até que o valor medido indique a mesma temperatura registrada em (c). O valor de
emissividade obtido é a emissividade medida do objeto para essa temperatura e para a faixa
espectral do termovisor utilizado.
Radiação do objeto

Referência com
Alta emissividade

Ferramenta
Área média

Figura 111: Esquema do método da emissividade conhecida

E.3 Medição da Transmissividade de um Meio Atenuante

Nem sempre o meio existente entre o objeto sob inspeção e o termovisor é transparente para a
radiação infravermelha, ou seja, bom transmissor de infravermelho. Na verdade, na maioria das
vezes a radiação infravermelha chega até o termovisor com alguma perda, ou atenuação. Na

118
Termografia Infravermelha

aplicação prática isso ocorre, muitas vezes, quando o objeto a ser inspecionado está localizado
dentro de painel elétrico energizado e possui portas de acesso que têm que permanecer
fechadas.

Nestes casos, podem ser instaladas janelas de infravermelho, que são transparentes ao
infravermelho e permitem a inspeção termográfica. Porém, o material dessas janelas também
não é um transmissor perfeito e geralmente o valor de sua transmissividade é informado pelo
fabricante. Neste caso, basta inserir o valor informado no termovisor.

Este procedimento se aplica para os casos em que a transmissividade do meio não é conhecida.

Existem vários métodos para medir, com o auxílio de um termovisor, a transmissividade de um


meio. O método descrito a seguir está entre os mais simples.

Termovisor com Compensação de Transmitância de Óptica Externa

a) Selecione uma fonte de aquecimento de alta emissividade (ε ≥ 0,95) e com temperatura no


mínimo 20°C mais quente que a temperatura ambiente. Esta fonte será nosso "Simulador de
Corpo Negro".

b) Posicionar o termovisor a uma distância adequada do Simulador de Corpo Negro.

c) Ajuste no termovisor a emissividade para 1 (um) e a distância para 0 (zero).

d) Meça e registre a temperatura do Simulador de Corpo Negro diretamente, isto é, sem o meio
atenuante entre o Simulador e o termovisor.

e) Posicione o meio atenuante entre o termovisor e o Simulador de Corpo Negro.

f) Meça novamente a temperatura do Simulador alterando no termovisor a emissividade, até


que a mesma temperatura registrada em (d) seja alcançada.

g) O valor da emissividade, obtido no Item (f), é a transmissividade do meio atenuante.

h) O valor da transmissividade obtido deve ser inserido no termovisor sempre que uma
medição for realizada através do meio atenuante.

i) É importante lembrar que a transmissividade medida é válida para as condições do ensaio,


isto é, para a temperatura que estava o meio atenuante, para a temperatura selecionada no
Simulador de Corpo Negro e para a faixa espectral do termovisor utilizado.
Janela
Simulador de Infravermelha Simulador de
corpo negro corpo negro

Figura 112: Esquema para medição de transmissividade

119
Termografia Infravermelha

13 Referências Bibliográficas

Associação Brasileira de Ensaios não Destrutivos e Inspeção – ABENDI. NA-009: Qualificação e


Certificação de Pessoal em Termografia: São Paulo, 2015.

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 15424: Ensaios não destrutivos –
Termografia – Terminologia, 2016.

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 16969 – Ensaios não destrutivos –
Termografia Infravermelha – Princípios Gerais, 2021.

CABRAL, Paulo. Breve História da Medição de Temperaturas. http://www.help-


temperatura.com.br/html/interesse/files/HistoriaMedicaoTemperatura.pdf

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development Treaties, Vol. 7, Warsaw, 2001.

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Prevent Equipment Failures with Thermography; IEEE IAS 44th Annual Petroleum and
Chemical Industry Conference, Sept. 1997, pág. 59 a 68.

FLIR Systems. ThermaCAM™ P65 HS. Manual do Utilizador. Rev.a156, março de 2006.

FLIR Systems. Flir 600 series. Manual do Utilizador. Rev.a321, março de 2009.

FURNAS. Inspeção em Subestações Utilizando Termovisor. Manual Técnico de Campo,


Módulo 99.17.ZZZ.00/01-R6. Furnas Centrais Elétricas, novembro de 2021.

_______Verificação do nível de poluição em isoladores pedestal através de termografia por


infravermelho. Manual Técnico de Campo, Módulo 99.17.ZZZ.00/01-R1. Furnas Centrais
Elétricas, julho de 2019.

GOMES, A. T. et al. Técnicas Preditivas de diagnóstico de para raios. XXII SNPTEE - Seminário
Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Brasília, 2011.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER Jearl. Fundamentos de Física Volume 2 –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica. 4. ed. Editora LTC, Rio de Janeiro, 1996.

INCROPERA, Frank P. et al. Fundamentos de transferência de calor e massa. Tradução de


Eduardo March Queiroz e Fernando Luiz Pellegrini Pessoa. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
Título Original: Fundamentals of heat and mass transfer, 6th ed.

INMETRO. Sistema internacional de unidades. SI. 8. ed. Rio de Janeiro, 2003. 116 p.

____ Vocabulário internacional de metrologia: conceitos fundamentais e gerais de termos


associados (VIM 2012). Duque de Caxias: INMETRO, 2012. 94p.

120
Termografia Infravermelha

ITC - Infrared Training Center. Level I – Course Manual.

____Infrared Training Center. Level II – Course Manual.

MADDING, Robert P. Emissivity Measurement and Temperature Correction Accuracy


Considerations; Infrared Training Center 2002.

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NICHOLAS, J.V; WHITE, D.R. Traceable Temperatures – An Introduction to Temperature


Measurement and Calibration. 2. Ed., Wiley, 2001

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PIRES, D.P.L.; AFONSO, J.C.; CHAVES, F.A.B. A termometria nos séculos XIX e XX. Revista
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VERATTI, A. B. Termografia – Princípios e Aplicações e Qualidade. ICON Tecnologia e Serviços,


1992.

_______Termografia – Princípios e Aplicações. AGA. S.A Sistemas Infravermelhos, 1984.

121
Termografia Infravermelha

14 Laboratório de Termografia

14.1 Simulador de Corpo Negro (padrão de temperatura)

Objetivos:
Conhecer um simulador de corpo negro, instrumento utilizado para calibração de termômetros
de infravermelho e câmeras termográficas e verificar a calibração de sua câmera antes de
realizar os ensaios propostos nos itens subsequentes.

Figura 113: Foto de um corpo negro de cavidade.

O simulador de corpo negro apresentado na Figura 113 possui uma cavidade com uma
emissividade de 0,99, cuja temperatura está ajustada para 50 °C. Pede-se:

a) Com a câmera termográfica, medir a temperatura da cavidade a uma distância de


aproximadamente um metro e verificar o erro de sua câmera:

Temperatura da Cavidade – ______________ Erro da câmera – ______________

122
Termografia Infravermelha

14.2 Simulador de Condições Termografícas (Emissividade)

Objetivos:
Realizar medições de temperatura em uma superfície com diferentes emissividades, entender
como a emissividade atua no resultado da medição e aprender a medir a emissividade de uma
superfície.

2 3

Figura 114: Foto do Simulador de Condições termográficas com ensaio de diferentes emissividades.

a) Com a câmera termográfica ajustada com emissividade igual a 1, meça a temperatura de


cada área:

Área 1 – ______________ Área 2 – ______________ Área 3 – ______________

b) Por que as temperaturas são diferentes e qual é a mais correta?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

123
Termografia Infravermelha

14.3 Transmitância de Materiais

Objetivos:
Determinar quais materiais são opacos e quais são transparentes ao infravermelho. Aprender a
medir a transmitância de um material.

Figura 115: Foto do ensaio de medição de transmitância.

a) Com a câmera termográfica ajustada com emissividade igual a 1 e distância 0, meça a


temperatura da chapa aquecida com uma área na função média:

Temperatura da chapa – ______________

b) Coloque os materiais disponíveis em frente à chapa e determine se eles são opacos ou


transparentes:

Opacos: ____________________________________________________________________

Transparentes: ______________________________________________________________

124
Termografia Infravermelha

14.4 Barra com Aquecimento Interno (Emissividade) – Demonstração Coletiva

Objetivos:
Entender como uma superfície de baixa emissividade se comporta quando está aquecida.
Observar as dificuldades de se localizar uma anomalia térmica em uma superfície de baixa
emissividade.

Figura 116: Foto do ensaio da barra de baixa emissividade.

a) Dentro da barra horizontal existe um resistor aquecido, tente localizá-lo apenas analisando o
termograma, não toque na barra.
Atenção: Não usar ferramentas de medição de temperatura nesta experiência!

( ) Lado esquerdo ( ) centro ( ) Lado direito ( ) Não localizei

b) Coloque uma fita adesiva na barra e confirme se sua resposta está correta.

( ) Lado esquerdo ( ) centro ( ) Lado direito ( ) Não localizei

125
Termografia Infravermelha

14.5 Velocidade do Vento

Objetivos:
Entender como o vento atua em uma anomalia térmica e como ele pode influenciar na análise
do defeito.

Figura 117: Ensaio de influência do vento

Atenção: Use Ɛ = 0,95 para esta experiência.

1. Meça com o termovisor a temperatura do objeto.


ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

2. Ligue o soprador na velocidade mínima do vento.


Espere 5 minutos e meça, com o termovisor, a temperatura do objeto.
ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

3. Ajuste a velocidade do vento para média.


Espere 5 minutos e meça, com o termovisor, a temperatura do objeto.
ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

4. Ajuste a velocidade do vento para máxima.


Espere 5 minutos e meça, com o termovisor, a temperatura do objeto.
ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

5. Preencha a tabela e seguir com os valores de Temperatura medidos e T calculado.

126
Termografia Infravermelha

Velocidade do Vento Temperatura (°C) T


ØA ØB ØC

Sem vento

Mínima

Média

Máxima

6. Com base nos resultados e nos conhecimentos adquiridos, responda:

De que forma o vento influencia a inspeção termográfica no sistema elétrico?

127
Termografia Infravermelha

14.6 Radiação solar

Objetivos:
Entender como a radiação solar atua em uma anomalia térmica e como ela pode influenciar na
análise do defeito.

Figura 118: Ensaio de radiação solar.

1. Meça com o termovisor a temperatura do objeto. Usar Emissividade = 0,95

ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

2. Ligue o aquecedor na potência mínima.


Espere 5 minutos e meça, com o termovisor, a temperatura do objeto.
ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

3. Ligue o aquecedor na potência máxima.


Espere 5 minutos e meça, com o termovisor, a temperatura do objeto.
ØA = _______°C ØB = _______°C ØC = _______°C

128
Termografia Infravermelha

5. Preencha a tabela e seguir com os valores de temperatura medidos e T calculado.

Potência do aquecedor Temperatura (°C) T


ØA ØB ØC

Mínima

Máxima

6. Com base nos resultados e nos conhecimentos adquiridos, responda:

De que forma a radiação solar influencia a inspeção termográfica no sistema elétrico?

129
Termografia Infravermelha

14.7 Conexões

Objetivos:
Aprender a identificar uma alta resistência de contato em uma conexão e entender como é o
comportamento térmico de conexões em série e paralelo.

15.7.1 Conexões em Série

R R

(a)
(b)

Figura 119: (a) Foto do ensaio. (b) circuito equivalente.

O ensaio apresentado na Figura 119-a possui duas conexões em série, cujo circuito equivalente
é mostrado na Figura 119-b. A corrente IT é de aproximadamente 350 A. Pede-se:

a) Inspecionar com o termovisor as conexões, salvar o termograma e determinar qual conexão


está com sobreaquecimento e qual está com alta resistência de contato.

Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2

Alta resistência de contato:


( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2

b) Anotar as temperaturas das conexões e determinar o delta T.

Temp. Conexão 1 – __________ Temp. da Conexão 2 – __________ Delta T – __________

c) Observar as temperaturas medidas através dos termopares, determinar o delta T e explicar


as diferenças entre as medições com a câmera termográfica e termopares.

Temp. Conexão 1 – __________ Temp. da Conexão 2 – __________ Delta T – __________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

130
Termografia Infravermelha

15.7.2 Conexões em paralelo

R1

I1
R2 I2

V1 IT

(a)
(b)

Figura 120: (a) Foto do ensaio. (b) circuito equivalente.

O ensaio apresentado na Figura 120-a possui duas conexões em paralelo, cujo circuito
equivalente é mostrado na Figura 120-b. A corrente IT é de aproximadamente 350 A. Pede-se:

a) Inspecionar com o termovisor as conexões, salvar o termograma e determinar qual conexão


está com sobreaquecimento e qual está com alta resistência de contato.

Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2

Alta resistência de contato:


( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2

b) Anotar as temperaturas das conexões e determinar o delta T.

Temp. Conexão 1 – __________ Temp. da Conexão 2 – __________ Delta T – __________

c) Explicar o comportamento térmico observado no ensaio. Por que a conexão que você
assinalou na letra (a) tem maior aquecimento?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

131
Termografia Infravermelha

14.8 Para-raios

Objetivos:
Aprender a identificar anomalias térmicas internas aos para raios através da análise de suas
superfícies externas. Entender o processo de aquecimento da superfície externa e a relação de
grandezas entre as temperaturas interna e externa de um para-raios.

Pastilhas de
resistores não-
lineares de Óxido de
Zinco (ZnO)

Porcelana

Tubo Espaço vazio


(ar)

Figura 121: (a) Foto do para raios. (b) Para-raios em corte mostrando os componentes internos.

Este ensaio tem a finalidade de simular um para-raios com alta corrente de fuga e aquecimento
interno. Para isso, uma das pastilhas de ZnO do para raios foi substituída por uma resistência
elétrica de mesmo formato. Para alcançar o aquecimento desejado, é aplicado corrente à
resistência através de uma fonte externa. Assim sendo, pede-se:

a) Inspecionar o para-raios com o termovisor e salvar o termograma.

b) O para-raios possui alguma anomalia térmica?


( ) Sim ( ) Não ( ) Não é possível afirmar

c) Em qual região do para-raios está localizada a anomalia térmica?


( ) Inferior ( ) Central ( ) Superior ( ) Não é possível afirmar

d) Determinar o delta T no corpo do para-raios e o com relação à temperatura ambiente:

Delta T – __________ Delta Tamb – __________

e) Explicar o comportamento térmico observado no ensaio. Qual a relação entre a temperatura


interna, medida pelo termopar e a temperatura externa medida pelo termovisor?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

132
Termografia Infravermelha

14.9 Painel Trifásico

Objetivos:
Familiarizar com a inspeção de painéis, conhecer janelas de inspeção infravermelhas e aprender
a identificar erros em função da emissividade.

Figura 122: simulador de defeitos em painéis elétricos.

a) Inspecione o painel, identifique as anomalias térmicas e salve o termograma.

Anomalias identificadas: ( ) 0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4

Anomalias – __________________________________________________________

b) Calcule o delta T de cada anomalia encontrada:

PAT – _____________ PTreferência – ____________ Delta T – __________

PAT – _____________ PTreferência – ____________ Delta T – __________

PAT – _____________ PTreferência – ____________ Delta T – __________

PAT – _____________ PTreferência – ____________ Delta T – __________

133
Termografia Infravermelha

14.10 Chave Seccionadora

Objetivos:
Identificar uma alta resistência de contato em uma seccionadora e entender como é o
comportamento térmico dos contatos em paralelo.
1 2

Figura 123: Chave seccionadora

a) Inspecionar com o termovisor a seccionadora, salvar o termograma e determinar se existe


alguma anomalia térmica.

Sobreaquecimento:
( ) Não existe ( ) Existe

Alta resistência de contato:


( ) Não existe ( ) Conexão 1 ( ) Conexão 2 ( ) Conexão 1 e Conexão 2

b) Anotar as temperaturas das conexões e determinar o delta T.

Temp. Conexão 1 – __________ Temp. da Conexão 2 – __________ Delta T – __________

c) Explicar o comportamento térmico observado no ensaio.

134

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