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Universidade Federal do Pará

Campus Salinópolis
Laboratório de física II

CALOR DE FUSÃO DO GELO


1. OBJETIVOS
Ao término da experiência o aluno deverá ser capaz de:
a. Identificar e descrever as mudanças de estado envolvidas.
b. Verificar que durante a mudança de estado a temperatura não varia.
c. Determinar o calor latente de fusão do gelo.
d. Identificar o fenômeno da crioscopia.

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Sabemos que o trabalho realizado por um gás que se expande é dado por

𝑊 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 (1)
Vamos considerar o caso em que a pressão permanece constante, enquanto o volume
sofre uma variação finita. Então
𝑣𝑓 𝑣𝑓
𝑊 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 = 𝑝 ∫ 𝑑𝑉
𝑣𝑖 𝑣𝑖

𝑊 = 𝑝(𝑉𝑓 − 𝑉𝑣 ) (2)

onde p é constante e dado em pascoal (Pa).


O processo no qual a pressão permanece constante é chamado processo isobárico.
Consideremos o processo de ebulição, sabemos que as substâncias mudam da fase
líquida para vapor, quando a pressão e a temperatura assumem valores definidos. A
água vaporiza a 100°C e à pressão atmosférica. Para que um sistema sofra uma mudança
de fase, devemos fornecer-lhe ou retirar-lhe calor além do que é necessário para elevar
sua temperatura ao valor característico de mudança de fase.
Calor latente (L) de mudança de estado de uma substância é a razão entre a quantidade
de calor que uma determinada massa da substância cede ou absorve durante a mudança
de estado, sem variar a sua temperatura, e a massa considerada:
𝑄 𝑐𝑎𝑙 𝐽
𝐿=𝑚 [ 𝑔 ] no CGS ou [𝐾𝑔] no SI (3)

Vamos considerar a mudança de fase da massa m de um líquido para a fase de vapor,


supondo constantes p e T. Se Vl é o volume do líquido e Vv o volume do vapor, o trabalho
realizado pela substância na expansão de Vl para Vv , com p constante é
𝑊 = 𝑝(𝑉𝑣 − 𝑉𝑙 ) (4)
O calor absorvido pela massa m, durante a mudança de fase é
𝑄 = 𝑚𝐿 (5)

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onde L é o calor latente de vaporização, ou seja, o calor necessário para transformar a
unidade de massa da fase liquida para a gasosa à temperatura e pressão constantes.
Sabemos da 1ªLei da Termodinâmica que
Δ𝑈 = 𝑄 − 𝑊 (6)
∆U é a variação da energia interna do sistema e W é o trabalho realizado pelo sistema
ou sobre ele. Então podemos escrever
Δ𝑈 = 𝑚𝐿𝑣 − 𝑝(𝑉𝑣 − 𝑉𝑙 ) (7)
Um sistema constituído de formas líquidas e sólidas de uma dada substância, a uma
pressão constante, pode estar em equilíbrio térmico, mas apenas a uma temperatura
única, claramente definida a qual denominamos de temperatura de fusão. O equilíbrio
térmico gelo-água se dá a 0°C e p=1 atm.
Na temperatura de fusão, uma dada quantidade de material sólido, muda para fase
líquida, sem qualquer variação na temperatura vigente. Do mesmo modo, uma
quantidade de energia térmica é gerada quando esta quantidade de líquido é congelada,
embora possa não ocorrer variação apreciável na temperatura. Esta energia é
denominada de calor latente de fusão e representa a energia necessária para romper
uma fase sólida firmemente ligada e torná-la líquida. Então, podemos definir calor
latente de fusão de uma substância (L) como a quantidade de calor recebida por um
grama da substância ao passar do estado sólido para o líquido, sem variação de
temperatura. Suas unidades são: cal/g e J/kg. O calor de fusão do gelo (água), sob
pressão atmosférica normal é 80cal/g.
Temos dois tipos de fusão: a fusão cristalina e a fusão pastosa. Na fusão cristalina a
passagem do estado sólido para o líquido se verifica a uma temperatura determinada
(temperatura de fusão) que se mantém constate, para p=cte, até que a mudança de
estado se complete. Ex: gelo, enxofre.
Na fusão pastosa a substância vai amolecendo gradativamente enquanto a temperatura
aumenta, em determinado instante verifica-se que a substância se encontra no estado
líquido, sem que se possa atribuir, à substância, uma temperatura de fusão, sabe-se
apenas que a fusão se processou dentro de uma faixa de temperatura Ex: parafina
3. MATERIAL UTILIZADO
-Calorímetro -Sal de cozinha
-Becker - Pipeta
-Manta aquecedora -Tubo de ensaio
- 2 Termômetros -Suporte
-Gelo -Pinça de dois braços com mufa girante
-Toalha descartável
4. ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

Parte 1

2
1. Meça a massa do calorímetro MC.
2. Afira a temperatura ambiente Ta.
3. Aquecer cerca de 5°C acima da temperatura ambiente uma certa massa de água
Ma.
4. Coloca-se esta massa de água no calorímetro e mede-se (massa de água + massa
do calorímetro=m1), logo
𝑀𝑎 = 𝑚1 − 𝑀𝑐 ,
e lê-se a temperatura T2.do sistema
5. Coloca-se 4 a 5 pedras de gelo, “enxutas”, com a toalha descartável e sem tocar
nas pedras para que elas possam estar próximo de 0°C, meça a temperatura do
gelo com o termômetro T3, coloque as pedras no calorímetro, meça a massa do
sistema m3. Agite bem e mede-se a temperatura de equilíbrio Tf .
Tabela 1
MC Ma m1 m3 Mg (massa de gelo)

Ta T1 =Ta+5°C T2 T3 Tf

Parte 2
1. Utilizando um tubo de ensaio prenda o na pinça com mufa e fixe o conjunto no
suporte;
2. Coloque com uma pipeta 2mL de água, dentro do tubo de ensaio;
3. Acrescente um termômetro A, dentro do tubo de ensaio, fixe o termômetro na
haste do suporte, de forma que o termômetro não toca no tubo de ensaio e seu
bulbo fique imerso nos 2mL de água;
4. Coloque o sistema (tubo de ensaio, água e termômetro) dentro de um Becker;
5. Coloque gelo picado até encher o Becker e introduza, com cuidado um
termômetro B, no seu interior. Observe durante três minutos a coluna de álcool
do termômetro, anote (T1) a leitura termométrica no final do intervalo de tempo,
tanto do termômetro A quanto do termômetro B;
6. Coloque 10g de sal de cozinha sobre o gelo picado, observe e anote tudo o que
ocorrer, utilizando o termômetro B misture, com muito cuidado, o sal a o gelo.
Observe durante três minutos a coluna de álcool, garanta que a temperatura do
termômetro a esteja abaixo de zero, anote a temperatura T2 dos termômetros A
e do termômetro B;
7. Erga, com cuidado, todo o conjunto (haste, suporte, tubo de ensaio e
termômetro), rapidamente retire a mistura refrigerante (água e sal do lado
externo) obs.: não retirar o termômetro A;
8. Limpe rapidamente o resto da mistura refrigerante que ficou no tubo de ensaio,
após limpeza inicie a contagem do tempo, o termômetro precisa estar com
temperatura negativa, a cada 20s, registre a temperatura observada, anote tudo
que foi observado nessa etapa. Tabela 3

3
Tabela 2
T1 T2
Termômetro A
Termômetro B

Tabela 3
Termômetro A
Tempo Temperatura

5. ANÁLISE

1. Na parte 1, qual o valor da massa de gelo Mg,


2. Qual a diferença entre T1 e T2 e por que deu essa diferença? Justifique.
3. Quando pode-se afirmar que os dois corpos (água e gelo) em contato entram em
equilíbrio térmico?
4. Analise a veracidade das seguintes afirmações:
- “Dois corpos em equilíbrio térmico possuem a mesma temperatura”.
- “Dois corpos em equilíbrio térmico com um terceiro, estão em equilíbrio térmico entre
si”. Como é conhecida esta afirmação?
5. Qual a diferença entre Ta e T2? Houve troca de calor? O calor se “deslocou” em
qual sentido?
6. Segundo o observado na parte 2, a mistura de sal com gelo moído, goza de uma
propriedade. Que propriedade é esta?
7. Utilizando os dados da tabela 2. O quanto de calor foi trocado entre a mistura
refrigerante e a água dentro do tubo de ensaio?
8. Que tipo de mudança de estado ocorreu quando foi acrescentado o sal?
9. Qual é a quantidade de calor necessária para a mudança de estado?

4
10. Segundo os dados da tabela 3, faça o gráfico temperatura x tempo, e fite sua
curva
11. Qual o significado físico da função obtida pelo gráfico?
12. Houve mudança de estado? De que tipo?
13. Ao observar o tubo de ensaio por fora (parte 2, procedimentos 5). Como você
justificaria o ocorrido? De onde surgiu esta água líquida? Que mudança de estado
ocorreu neste caso?
14. Que tipo de mudança de estado ocorreu? Quando de calor necessário para ocorre
a mudança de estado
15. Analisando o gráfico em quais instantes o calor foi sensível e em quais o calor e
latente

5. BIBLIOGRAFIA
1. RESNICK, R., HALIDAY, D., Fundamentos da Física, Volumes I e II, 6º Edição, Livros
Técnicos Científicos, 1996
2. SERWAY, R. A., Física, VolumesIeII,3º Edição, Livros Técnicos e Científicos, 1992.
3. RAMOS, Luiz Antônio Macedo, Física Experimental, Porto Alegre, Mercado Aberto,
1984.
4. DANO, Higino S., Física Experimental I e II, Caxias do Sul, Editora da Universidade de
Caxias do Sul, 1985.
5. SILVA, Wilton Pereira, CLEIDE M. D., Tratamento de Dados Experimentais,2º
Edição, João Pessoa, Editora Universitária, 1998.
6. VUOLO, Jose Henrique, Fundamentos da Teoria de Erros, 2 a Edição, Editora Edgar
BLUCHER
5. CRUZ, Carlos H. B., FRAGNATO H. L., Guia para Física Experimental, Instituto de Física
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, 1997
7. GOLDEMBERG, JOSÉ, Física Geral e Experimental, Volume I.

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