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Universidade Federal do Pará

Campus Salinópolis
Laboratório de física II

CAPACIDADE TÉRMICA DO CALORÍMETRO E CALOR ESPECÍFICO DE UMA


AMOSTRA
Fundamentação teórica
O calor é uma forma de energia podendo ser medido em joule. Embora, é muito utilizado
a caloria (cal) por razoes históricas, sendo a relação entre a caloria e o joule é
1 𝑐𝑎𝑙 = 4,186 𝐽 (1)
Podemos enunciar a relação entre calor e temperatura através do cálculo da Capacidade
térmica C, que é a constante de proporcionalidade entre o calor Q recebido ou cedido pelo
objeto e a variação de temperatura ΔT do objeto, ou seja,

∆𝑄 = 𝐶. ∆𝑇 = 𝐶(𝑇𝑓 − 𝑇𝑖 ) (2)

em que Ti e Tf são as temperaturas inicial e final do objeto, respectivamente. A unidade


C é pode ser, no SI, Joule/Kelvin [𝐽⁄𝐾 ] , ou ainda é possível usar calorias/Celsius
[𝑐𝑎𝑙/°𝑐]. Aqui devemos fazer uma ressalva, ou seja, a palavra “capacidade” nesse
contexto pode ser enganadora, pois sugere uma analogia com a capacidade que um balde
possui de conter certa quantidade de água. A analogia é falsa; você não deve pensar que
um objeto “contém” calor ou possui uma capacidade limitada de absorver calor. É
possível transferir uma quantidade ilimitada de calor para um objeto, contanto que uma
diferença de temperatura seja mantida. É claro, porém, que o objeto pode fundir ou se
vaporizar no processo.
Dois objetos feitos do mesmo material (ferro, digamos) têm uma capacidade térmica que
é proporcional à massa. Assim, é conveniente definir a “capacidade térmica por unidade
de massa”, ou calor específico c, que se refere, não a um objeto, mas a uma massa unitária
do material de que é feito o objeto. Neste caso, podemos escrever:

∆𝑄 = 𝑐𝑚∆𝑇 = 𝑐𝑚(𝑇𝑓 − 𝑇𝑖 ) (3)

OBSERVAÇÃO
Para determinar e utilizar corretamente o calor específico de uma substância, é
preciso conhecer as condições em que ocorre a transferência de calor. No caso de
sólidos e líquidos, em geral supomos que a amostra está submetida a uma pressão
constante (normalmente, a pressão atmosférica) durante a transferência.
Entretanto, também podemos imaginar que a amostra seja mantida com um volume
constante durante a absorção de calor. Para isso, a dilatação térmica da amostra
deve ser evitada pela aplicação de uma pressão externa. No caso de sólidos e líquidos,
isso é muito difícil de executar experimentalmente, mas o efeito pode ser calculado,
e verifica-se que a diferença entre os calores específicos a pressão constante e a
volume constante é relativamente pequena.

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Calorímetro

Figura 01: calorimetro


Calorímetro é um sistema fechado que não permite trocas de calor com o ambiente
semelhante à garrafa térmica. Devemos levar em consideração os princípios básicos da
calorimetria para a análise das trocas de calor que ocorre no calorímetro, ou seja:
o A quantidade de calor que um corpo recebe é igual, em módulo, à quantidade de
calor que um corpo cede ao voltar, pelo mesmo processo, à situação inicial;

o Quando vários corpos inicialmente a temperaturas diferentes trocam calor entre


si, e só entre si, observamos que alguns perdem enquanto outros recebem calor,
de tal maneira que decorrido um certo tempo, todos estacionam numa mesma
temperatura, chamada temperatura de equilíbrio térmico;

o Quando vários corpos trocam calor apenas entre si, a soma das quantidades de
calor que alguns cedem é igual, em módulo, à soma das quantidades de calor que
os restantes recebem.
Por exemplo, vamos considerar a situação na qual dentro de um calorímetro existe uma
quantidade de água retirada da torneira e nela colocamos uma quantidade de água quente.
Para um pequeno intervalo de tempo o sistema (calorímetro) isolado do meio ambiente,
ou seja, não troca calor com o meio ambiente, as trocas de calor após a mistura, devem
ocorrer obedecendo ao princípio da conservação de energia. A quantidade de calor cedida
pela água quente é igual à quantidade de calor recebida pela água fria e pelo calorímetro.
Estas trocas estão representadas pela equação abaixo:
𝑄𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑎(á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑟𝑖𝑎) + 𝑄𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑎(𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜) + 𝑄𝑐𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜(á𝑔𝑢𝑎 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒) = 0

𝑚1 𝑐1 (𝑇𝐸 − 𝑇1 ) + 𝐶(𝑇𝐸 − 𝑇1 ) + 𝑚2 𝑐1 (𝑇𝐸 − 𝑇2 ) = 0


onde
𝑚1 =massa de água fria 𝑇2 =temperatura inicial da água quente
𝑚2 = massa de água quente 𝑇𝐸 = temperatura do equilíbrio térmico
𝑇1 =temperatura inicial da água fria e do 𝑐1= calor específico da água
calorímetro 𝐶 =capacidade térmica do calorímetro

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Parte A
Material necessário
01 calorímetro de capacidade 200 ml 01 manta aquecedora
01 proveta 250 ml 01 Becker de 250 ml
01 termômetro de -10°C a 110°C 01balança

Procedimento experimental
1. Utilizando uma balança e uma proveta, meça 50g de água (m1) em uma proveta,
meça primeiro a massa da proveta.
2. Coloque esta água dentro do calorímetro, agitar e anote a temperatura T1 do
equilíbrio térmico (o equilíbrio se dará quando o termômetro para de mover a coluna de
álcool).
3. Coloque 80g de água no Becker e aqueça na manta aquecedora, até
aproximadamente 60°C.
4. Meça a massa de água quente m2 (verifique se o valor corresponde ao que foi
posto inicialmente no Becker) e sua temperatura T2,
5. Coloque a água quente no calorímetro, (sem retirar a água que já está no
calorímetro). Coloque o termômetro no calorímetro. Observe o comportamento da coluna
de álcool do termômetro. Agite suavemente o calorímetro para acelerar a troca de calor.
O procedimento deve ocorrer em aproximadamente 3mim, para que a temperatura
estabilize, anote a temperatura de equilíbrio TE
6. Utilizando a equação (4) determine a capacidade térmica do calorímetro
7. Repita o experimento alterando o valor da temperatura e das massas m1 e m2
conforme a tabela1
Tabela1
experimento m1 m2 T1 T2 TE C (cal/°C)
1 50 80
2 60 90
3 80 50
Parte B
Calor específico do alumínio e do ferro
Faremos agora uma troca de calor entre o corpo de prova aquecida na água, água em
temperatura ambiente e o calorímetro. Como o calorímetro é um conceito ideal o
experimento não deve ser feito em um período muito longo, de forma que o calorímetro
não inicie a troca calor com o meio externo
Material
01 calorímetro de capacidade 200 ml 01 balança
01 proveta 250 ml 01 corpo de prova de alumínio
01 termômetro de -10°C a 110°C 01 corpo de prova de ferro
01 manta aquecedora 01 carretel de linha
01 Becker de 250 ml

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Procedimentos experimentais
1. Determine a massa do corpo de prova mi
2. Coloque 200 ml de água no Becker e aqueça até a ebulição.
3. Meça, com a proveta, 150g de água m1.
4. Coloque esta água no calorímetro e agite suavemente por 30s
5. Meça a temperatura T1 do conjunto (calorímetro e água)
6. Coloque o corpo de prova na água em ebulição
7. Aguarde até a água entrar novamente em ebulição e afira a temperatura T2 do
corpo de prova em equilíbrio com a água.
8. Retire o corpo de prova da água quente e coloque rapidamente no calorímetro,
agite suavemente e espere até o sistema entrar em equilíbrio térmico, anote o valor
da temperatura TE do equilíbrio térmico
9. Faça esse procedimento para o corpo de prova de ferro m2 e alumínio m3. Repita
esse procedimento 3 vezes, complete a tabela 2, utilize a equação 5 para encontrar
o calor específico dos materiais.
Tabela 2
Materiais m1 mi (i=2,3) T1 T2 TE ci (i=2,3)
Ferro

Alumínio

Sabendo que
𝑚1 𝑐1 (𝑇𝐸 − 𝑇1 ) + 𝐶(𝑇𝐸 − 𝑇1 ) + 𝑚𝑖 𝑐𝑖 (𝑇𝐸 − 𝑇2 ) = 0 (5)
onde
1- Água, C- capacidade térmica do calorímetro, mi e ci onde i=2,3= ferro, alumínio
respectivamente
Complete a tabela 3 com os valores do calor específico do ferro e do alumínio, pesquise
os valores do calor específico tabelados dos materiais
Material Calor específico tabelado Calor específico do experimento
ct(cal/g°C) ce(cal/g°C) (valor médio)
Alumínio
Ferro
Tabela 2

Exercício
1. Tendo duas substâncias de capacidade térmica C1 e C2, tendo C1=C e C2=2C,
postas separadamente em uma fonte térmica, após 2 min qual estará com maior
temperatura? Justifique.

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2. Supondo um corpo composto de três substâncias de massa m1, m2 e m3 e calor
específico c1, c2 e c3. Se m1=m2=2m3 e c1=0,5c2=0,25c3. Qual o valor da
capacidade térmica?
3. Por que as paredes do calorímetro são adiabáticas?
4. De exemplos de calorímetros usados no nosso dia a dia?
5. Em quais condições a equação (2) e (5) podem ser utilizada sem graves erros?
6. Faça um tratamento estatístico na capacidade térmica do calorímetro.
7. Qual a variação da quantidade de calor do calorímetro e da água, na parte A do
experimento.
8. Qual o erro do calor específico do alumínio e do ferro? Tendo, 𝜀% < 10%
9. Qual a quantidade de calor recebido pelo alumínio e ferro?
10. Qual a variação da quantidade de calor recebida pela água e pelo calorímetro, nas
duas situações possíveis, e o calor cedido pelo alumínio e pelo ferro?
11. A quantidade de calor cedida é igual a recebida? Justifique sua resposta.
12. A quantidade de calor recebida pelo alumínio e ferro foi conservada? Justifique
sua resposta.

Referências
H.M.Nussenzvaig, curso de física básica -vol.2. Editora Edgard Blucher 2002

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