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Reparador de Eletrodomésticos

Princípio de funcionamento e como consertar


micro-ondas - Parte 1

Novo Hamburgo, dezembro de 2020.

Professor Rocelito Andrade


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Rocelito Andrade é Engenheiro Eletricista e Mestre em Ciências dos Materiais pela UFRGS. É
professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia e possui mais de 30 anos de
experiência no ramo da eletricidade e da eletrônica.

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Princípio de funcionamento e como consertar


micro-ondas - Parte 1

Ementa: Estudo sobre o princípio de funcionamento dos fornos de micro-ondas. Construção


de saberes sobre as diversas técnicas de diagnóstico de defeito em micro-ondas. Investigação
sobre os circuitos elétricos presentes nos micro-ondas. Investigação sobre os principais
defeitos em aparelhos de micro-ondas. Desenvolvimento de técnicas, habilidades e
conhecimentos para efetuar a manutenção segura em fornos de micro-ondas no dia a dia da
profissão de Reparador de Eletrodomésticos.

Objetivos: O tópico tem como objetivo conhecer os princípios de funcionamento de um forno


de micro-ondas, partindo do estudo do diagrama de blocos, e instrumentalizar o estudante
para aplicação em problemas práticos de manutenção presentes no dia a dia do profissional
Reparador de Eletrodomésticos, sempre priorizando a segurança no trabalho.

Avaliação: As atividades avaliativas são feitas ao término de cada módulo do curso. Para ser
aprovado, o estudante necessita obter a nota mínima 6 (seis) em todas as atividades
avaliativas.

Recuperação: Cada atividade avaliativa possui 3 (três) tentativas permitidas. Finalizadas as três
tentativas, sem atingir a nota mínima de 6 (seis), o estudante terá direito a uma oportunidade
extra.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 O QUE SÃO ONDAS? 10

2.1 Ondas mecânicas 10

2.2 O que são ondas eletromagnéticas? 12

2.2.1 O Espectro eletromagnético 14

2.2.2 Ondas de Rádio 15

2.2.3 Infravermelho 15

2.2.4 Luz Visível 16

2.2.5 Raios Ultravioleta 17

2.2.6 Raios X 18

2.2.7 Raios Gama 18

3 MAS O QUE SÃO MICRO-ONDAS? 19

4 A HISTÓRIA DO FORNO DE MICRO-ONDAS E DO MAGNETRON 20

4.1 Do radar para a cozinha 22

5 SEGURANÇA NA INSTALAÇÃO E OPERAÇÃO DE FORNOS DE MICRO-ONDAS 24

5.1 Dicas de segurança de instalação do forno de micro-ondas 25

5.2 Dicas de segurança na operação 25

5.3 Blindagem das ondas eletromagnéticas 26

6 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO MICRO-ONDAS 27

6.1 Como funciona um Magnetron? 29

6.2 Controle de Potência do forno de micro-ondas convencional 34

6.3 Tecnologia inverter 35

7 DIAGRAMA COMPLETO DE UM FORNO DE MICRO-ONDAS TRADICIONAL 35

8 PRINCIPAIS COMPONENTES DO FORNO DE MICRO-ONDAS 37

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8.1 Capacitor de alta tensão 38

8.2 Chaves de segurança primária e secundária da porta 39

8.3 Chave de segurança monitora da porta 40

8.4 Magnetron 40

8.5 Placa eletrônica de controle 41

8.5.1 Relé de potência da placa de controle 43

8.5.2 Teclado de membrana da placa de controle 43

8.5.3 Transformador de alimentação da placa eletrônica de potência 44

8.6 Termostato do magnetron e do gabinete 44

8.7 Ventilador de refrigeração 45

8.8 Buzzer para Micro-ondas 46

8.9 Fusível geral de baixa tensão 46

8.10 Fusível de alta tensão 47

8.11 Lâmpada do gabinete do forno 47

8.12 Motor do prato giratório 48

8.13 Resistência do Grill 48

8.14 Transformador de alta tensão 49

8.15 Placa de Mica do guia de onda 50

8.16 Diodo de alta tensão 50

8.17 Supressor de transientes bidirecional 51

9 MATERIAL COMPLEMENTAR 52

10 EXERCÍCIOS 53

10.1 Respostas dos Exercícios 55

11 FIM DA APOSTILA 56

12 BIBLIOGRAFIA 57

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Representação gráfica de uma onda mostrando amplitude e


comprimento de onda. ................................................................................. 10
Figura 2 - Visualização de uma onda mecânica em uma corda fixa em uma
extremidade. ................................................................................................. 11
Figura 3 - Crista, amplitude, vale, comprimento de onda e direção de
propagação de uma onda. ............................................................................ 11
Figura 4 - Visualização de uma onda mecânica na superfície da água. ............... 11
Figura 5 - Representação da onda sonora. .......................................................... 12
Figura 6 - Esquemático das ondas eletromagnéticas sendo emitidas por antenas
de celular....................................................................................................... 13
Figura 7 - Imagem do rosto de um ser humano feito por uma câmera de
infravermelho. .............................................................................................. 13
Figura 8 - O espectro eletromagnético é o conjunto de todas as frequências de
ondas eletromagnéticas existentes. ............................................................. 14
Figura 9 - Espectro eletromagnético mostrando os diversos comprimentos de
uma onda e sua classificação. ....................................................................... 15
Figura 10 - A visão térmica é útil na ausência da luz visível. Ela detecta raios
infravermelhos que emanam dos corpos aquecidos.................................... 16
Figura 11 - Figura - Apenas uma pequena fração do espectro eletromagnético
pode ser percebida pelo olho humano......................................................... 16
Figura 12 - Danos provocados na pele pelos raios ultravioletas. ........................ 17
Figura 13 - Na sequência dos raios ultravioleta, estão os raios x utilizados em
radiografias. .................................................................................................. 18
Figura 14 - Típicas antenas de micro-ondas utilizadas em telecomunicação. ..... 19
Figura 15 - Um magnetron de cavidade ressonante de 1940 (E1189 Serial No.
12). ................................................................................................................ 20
Figura 16 - O magnetron de cavidade desenvolvido em 1940 na Universidade de
Birmingham, na Inglaterra, é utilizado até hoje (Museu de Ciências de
Londres). ....................................................................................................... 21
Figura 17 - Inicialmente micro-ondas foram usadas na guerra para detectar
sinais de aeronaves inimigas. ....................................................................... 21
Figura 18 - Primeiros micro-ondas comerciais da marca Radarange (Foto:
Electronic Onyx). ........................................................................................... 22
Figura 19 - Painel de metal perfurado em micro-ondas (Foto: Flavio
Flarys/G1). ..................................................................................................... 26

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Figura 20 - Uma molécula polar de água. ............................................................ 27


Figura 21 - Várias moléculas polares de água em arranjo aleatório. .................. 27
Figura 22 - Moléculas de água orientadas segundo o sentido do campo elétrico
aplicado. ........................................................................................................ 28
Figura 23 - Simbologia elétrica de um magnetron. ............................................. 29
Figura 24 - Circuito de alta tensão do forno. ....................................................... 29
Figura 25 - Vista em corte de um Magnetron de cavidade ressonante: oscilador
de alta potência e alta frequência. ............................................................... 30
Figura 26 - Estrutura de um Magnetron moderno aplicado em fornos de micro-
ondas............................................................................................................. 31
Figura 27 - Aspecto físico, estrutura interna e funcionamento do Magnetron. . 32
Figura 28 - Filamento de um Magnetron. ............................................................ 32
Figura 29 - Magnetron: válvula diodo, envolvida por dois ímãs permanentes, que
possui uma antena metálica para a irradiação das ondas na parte de
cima. .............................................................................................................. 32
Figura 30 - Magnetron com a seção removida para exibir as cavidades: à
esquerda, antena que emite micro-ondas. O ímã que produz um campo
paralelo ao eixo longo do dispositivo não é mostrado................................. 33
Figura 31 - Magnetron com uma seção diferente removida: o cátodo central é
visível; antena conduzindo micro-ondas no topo; ímã não é mostrado. ..... 33
Figura 32 - Diagrama de ligação típico de um magnetron................................... 34
Figura 33 - Esquema elétrico genérico de fornos de micro-ondas (em azul:
circuito de baixa tensão, em vermelho: circuito de alta tensão). ................ 35
Figura 34 - Principais componentes do forno de micro-ondas............................ 37
Figura 35 - Esquemático de ligação básico. ......................................................... 38
Figura 36 - Capacitor de alta tensão .................................................................... 38
Figura 37 - Chaves primária e secundária da porta. ............................................ 39
Figura 38 - Chave monitora da porta ................................................................... 40
Figura 39 - Magnetron ......................................................................................... 41
Figura 40 - Placa eletrônica de controle de micro-ondas. ................................... 41
Figura 41 - Componentes da placa de controle típica. ........................................ 42
Figura 42 - Relé de potência da placa de controle. ............................................. 43
Figura 43 - Teclado de membrana da placa de controle. .................................... 44
Figura 44 - Transformador de alimentação da placa eletrônica de potência...... 44
Figura 45 - Termostato de proteção do magnetron e do gabinete. .................... 44
Figura 46 - Termostato de proteção do magnetron e do gabinete, indicando a
temperatura de gatilho. Normalmente, a temperatura de abertura destes

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termostatos varia de 120 a 160°C. ............................................................... 45


Figura 47 - Ventilador de refrigeração. ................................................................ 46
Figura 48 - Buzzer para Micro-ondas. .................................................................. 46
Figura 49 - Fusível cerâmico de baixa tensão. ..................................................... 46
Figura 50 - Fusível de alta tensão com cartucho de encapsulamento. ............... 47
Figura 51 - Lâmpada do gabinete do forno.......................................................... 47
Figura 52 - Motor do prato giratório. .................................................................. 48
Figura 53 - Resistência do Grill para tensão de 127V. ......................................... 48
Figura 54 - Transformador de alta tensão ........................................................... 49
Figura 55 - Simbologia do transformador de alta tensão. ................................... 50
Figura 56 - Placa de mica do guia de onda. ......................................................... 50
Figura 57 - Diodo de alta tensão. ......................................................................... 51
Figura 58 - Supressor de transientes bidirecional. .............................................. 51

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1 INTRODUÇÃO

O curso Reparador de Eletrodomésticos oferecido pelo IFSUL foi desenvolvido com o


objetivo de atender profissionais ou estudantes, maiores de 18 (dezoito) anos, com no mínimo
o Ensino Fundamental I completo, que estejam:

● Interessados em desenvolver habilidades relativas à execução de reparos básicos em


aparelhos eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e
ambientais, priorizando sempre a saúde e a segurança.

Ou

● Interessados em aumentar sua renda familiar, atuando como microempreendedor ou


como empregado de empresas de assistência técnica, ou mesmo para reparar seus
próprios eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e
ambientais, priorizando sempre a saúde e a segurança.

Pensar com clareza é condição indispensável para analisar de forma adequada o que está
acontecendo com o equipamento defeituoso. Para além dos instrumentos de medida elétrica,
os conceitos da eletricidade e da eletrônica são as principais ferramentas de trabalho. Para ser
um bom e responsável profissional, é necessário ter um conjunto de conceitos coerentemente
articulados entre si. Sem os conceitos, o profissional corre o risco de trabalhar apenas com
subjetividades, palpites e aparências.

É importante destacar que o trabalho do reparador de eletrodomésticos, apesar de ser


eminentemente prático, requer o domínio de conhecimentos técnicos, ou seja, para poder
identificar o defeito e efetuar o conserto com presteza, qualidade e principalmente com
segurança, é indispensável que o profissional conheça os fundamentos teóricos dos
dispositivos, circuitos e sistemas presentes nos eletrodomésticos.

Bons estudos!

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2 O QUE SÃO ONDAS?

Antes de abordarmos o tema micro-ondas, precisamos relembrar o que é uma onda. Observe
na Figura 1 o que representa “comprimento de onda”. Este conceito será muito importante para
o conserto de fornos de micro-ondas.

Figura 1 - Representação gráfica de uma onda mostrando amplitude e comprimento de onda.

Ondas são perturbações que se deslocam no espaço transportando, exclusivamente, energia


de um ponto a outro, sem realizar transporte de matéria. Os principais tipos de ondas são as
ondas de natureza mecânica e as ondas eletromagnéticas.

As ondas eletromagnéticas estão presentes no coração de todos os fornos de micro-ondas.


Já as ondas mecânicas, apesar de não terem relação direta com o forno de micro-ondas,
apresentam similaridades de conceitos com as ondas eletromagnéticas, de forma que auxiliam na
compreensão do princípio de funcionamento do equipamento.

2.1 Ondas mecânicas

Quando fixamos a ponta de uma corda em uma extremidade e oscilamos a outra


extremidade, observamos a formação de uma onda mecânica na corda.

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Figura 2 - Visualização de uma onda mecânica em uma corda fixa em uma extremidade.

À distância entre duas cristas da onda, ou entre dois vales da onda, damos o nome de
comprimento de onda.

Figura 3 - Crista, amplitude, vale, comprimento de onda e direção de propagação de uma onda.

Figura 4 - Visualização de uma onda mecânica na superfície da água.

Conforme mostrado na Figura 4, uma onda mecânica também pode ser observada pelas
oscilações na água quando um objeto atinge sua superfície.

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Mas nem toda onda mecânica é visível. Um alto-falante em funcionamento gera ondas
mecânicas no ar (som) que podem ser percebidas por nossos ouvidos, mas não são vistas por
nossos olhos.

Figura 5 - Representação da onda sonora.

É importante destacar que as ondas mecânicas ocorrem apenas em meios materiais como o
ar e a água, pois a onda mecânica necessita de um meio material para se propagar. Isso significa
que uma onda mecânica nunca se propaga no vácuo.

2.2 O que são ondas eletromagnéticas?

Ondas eletromagnéticas são oscilações conjuntas dos campos elétricos e magnéticos. Estas
oscilações dos campos elétricos e magnéticos (ondas) se propagam tanto em meios materiais
como no vácuo. Elas são ondas tridimensionais que viajam na velocidade da luz, transportando
energia. As ondas eletromagnéticas são classificadas conforme a frequência de variação dos seus
campos eletromagnéticos.

Dica: revise o tópico 3 para relembrar o que é frequência.

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Figura 6 - Esquemático das ondas eletromagnéticas sendo emitidas por antenas de celular.

As ondas eletromagnéticas se apresentam na forma de ondas de rádio, micro-ondas,


infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios x e raios gama, em ordem crescente de frequência.

As ondas eletromagnéticas estão por toda a parte. Até mesmo a luz que enxergamos se trata
de uma onda eletromagnética. Você mesmo, neste instante, está irradiando ondas
eletromagnéticas, cuja frequência se encontra no infravermelho, devido ao calor de seu corpo.

Figura 7 - Imagem do rosto de um ser humano feito por uma câmera de infravermelho.

Conforme vimos no tópico 5 do curso Reparador de Eletrodomésticos, uma maneira de


gerarmos uma onda eletromagnética é através da variação da amplitude de uma corrente elétrica
em uma bobina (Lei de Faraday).

As ondas eletromagnéticas, além de se manifestarem nas cores da luz visível (que


enxergamos), manifestam-se também na luz invisível, como nos leds infravermelhos dos

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controles remotos, nas lâmpadas ultravioletas utilizadas como germicidas, ou nos raios-x das
radiografias.

A diferença entre estes inúmeros tipos de ondas eletromagnéticas está na frequência da


variação da amplitude da onda medida em Hertz. Para esta variação da frequência, damos o nome
de espectro eletromagnético.

2.2.1 O Espectro eletromagnético

Todas as ondas eletromagnéticas apresentam uma frequência de oscilação medida em hertz


(HZ) e um comprimento de onda medido em metros (m). Além disso, o comprimento de onda e a
frequência são grandezas inversamente proporcionais, por isso ondas de alta frequência, como
os raios x ou raios gama, apresentam comprimentos muito pequenos, e ondas de baixa
frequência, como as utilizadas em rádios AM, apresentam grandes comprimentos de onda.

A figura seguinte mostra o espectro eletromagnético e as diferentes faixas de ondas


eletromagnéticas existentes. Observe o comprimento de onda das ondas de um micro-ondas
comparativamente ao comprimento de onda dos Raios X:

Figura 8 - O espectro eletromagnético é o conjunto de todas as frequências de ondas eletromagnéticas existentes.

O comprimento da onda (tamanho da onda) é medido em metros e é inversamente


proporcional a sua frequência (medida em hertz). Isso quer dizer que quanto maior a frequência
da onda eletromagnética menor será o seu tamanho.

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Figura 9 - Espectro eletromagnético mostrando os diversos comprimentos de uma onda e sua classificação.

2.2.2 Ondas de Rádio

As ondas de rádio têm os maiores comprimentos de onda do espectro eletromagnético,


estendendo-se entre 1 mm até 100 km. As ondas de rádio representam um intervalo de
frequências do espectro eletromagnético largamente utilizadas nas tecnologias de
telecomunicações, como os sinais de televisão, rádio, celular, internet e GPS.

As ondas de rádio se subdividem em:

• Micro-ondas (0,3 GHz - 300 GHz)

• Ondas curtas (3 - 30 MHz)

• Ondas médias (0,3 MHz - 3 MHz)

• Onda longas (30 kHz até 300 kHz.)

• Ondas tropicais (3 kHz e 30 kHz)

2.2.3 Infravermelho

Já mais ao centro do espectro, o infravermelho localiza-se ao lado da luz visível. Assim, apesar
de não poder ser visto a olho nu, o infravermelho pode ser observado através de equipamentos
especiais. A onda eletromagnética do espectro infravermelho também é conhecida como onda
de calor. Alguns dispositivos de segurança equipados com visão noturna são capazes de captá-la.
O infravermelho é a onda emitida quando usamos um controle remoto (manutenção de controles
remotos será vista no tópico 15 do curso Reparador de Eletrodomésticos).

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Figura 10 - A visão térmica é útil na ausência da luz visível. Ela detecta raios infravermelhos que emanam dos
corpos aquecidos.

Algumas utilizações do infravermelho são: aquecimento de ambientes (para a produção de


sistemas de detecção de presença e movimento), sensores de estacionamento, controles remotos
e câmeras de visão térmica.

2.2.4 Luz Visível

Figura 11 - Figura - Apenas uma pequena fração do espectro eletromagnético pode ser percebida pelo olho
humano.

O espectro visível diz respeito às ondas eletromagnéticas cujas frequências são localizadas
entre o infravermelho e o ultravioleta (400 a 800 THZ). A luz visível, tal como o nome indica, é a
única onda eletromagnética que pode ser vista pelo olho humano, ou seja, é aquela que pode ser
percebida pelo olho e interpretada pelo cérebro humano.

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Curiosidade: Diferentes animais têm diferentes percepções da luz. É o caso das abelhas, que
veem a luz ultravioleta (UV), uma frequência que é invisível para os humanos.

2.2.5 Raios Ultravioleta

Do outro lado da luz visível, localizam-se os raios ultravioleta. Apesar de não serem visíveis
aos seres humanos, os seus efeitos podem ser sentidos. É o que acontece quando nos expomos
ao sol. A radiação ultravioleta pode provocar danos à pele humana, como queimaduras e danos
às moléculas de DNA das células epiteliais.

Figura 12 - Danos provocados na pele pelos raios ultravioletas.

Essa frequência de onda eletromagnética é bastante utilizada por peritos criminais para a
detecção de materiais biológicos, como sangue e saliva; sua capacidade de ionização também
permite usá-la para a esterilização de utensílios cirúrgicos, seringas, recipientes, etc.

Após as frequências do espectro ultravioleta, a onda eletromagnética passa a ser


considerada uma radiação ionizante, isto é, uma onda eletromagnética com potencial de
arrancar elétrons das moléculas, ocasionando o surgimento de anomalias celulares que podem
evoluir para um câncer, por exemplo.

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2.2.6 Raios X

Figura 13 - Na sequência dos raios ultravioleta, estão os raios x utilizados em radiografias.

Os Raios X provenientes do espaço chegam à Terra em pouca quantidade devido à presença


da atmosfera terrestre. Essas ondas eletromagnéticas têm frequências muito altas e grande poder
de penetração, por isso são utilizadas para a obtenção de imagens de ossos e articulações e para
o tratamento de tumores, por meio da radioterapia.

2.2.7 Raios Gama

Na outra extremidade do espectro, localizam-se as ondas que têm a frequência maior e o


menor comprimento, os raios gama.

Os raios gama são produzidos por reações nucleares em elementos radioativos, nas quais os
níveis de energia do núcleo dos átomos sofrem variações. Essas ondas são extremamente
energéticas e apresentam alto poder de penetração. Os raios gama são usados para estudos
astronômicos e para a indução de reações nucleares.

Curiosidade: Todas as ondas eletromagnéticas viajam no espaço com a mesma velocidade que no
vácuo; essa velocidade é chamada velocidade da luz, que equivale a 300.000 Km/s (sete voltas na
terra em um segundo!).

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3 MAS O QUE SÃO MICRO-ONDAS?

Micro-ondas são um tipo específico de onda eletromagnética. São consideradas um subgrupo


das ondas de rádio, ou seja, as micro-ondas encontram-se dentro do intervalo das ondas de rádio.
Também são muito utilizadas nas telecomunicações.

As micro-ondas estão presentes em nosso dia a dia, como, por exemplo, nas antenas
emissoras e receptoras dos sinais de televisão, rádio e celular, redes sem fio tipo Wi-Fi, nos
dispositivos bluetooth, radares, sistemas de prevenção de colisões, abridores de portas de
garagem, nas comunicações via satélite e, além de tudo isso, as micro-ondas também são
utilizadas para cozinhar alimentos.

As ondas eletromagnéticas classificadas como micro-ondas possuem um comprimento de


onda entre 1 milímetro e 1 metro, com frequência entre 300 GHZ e 0,3 GHZ.

Figura 14 - Típicas antenas de micro-ondas utilizadas em telecomunicação.

No caso específico dos fornos de micro-ondas, a frequência da onda utilizada é de 2,45 GHZ,
ou seja, um comprimento de onda de 12cm.

Curiosidade: A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende utilizar para o


sistema 5G (internet cinquenta vezes mais rápida que a 4G) a frequência em torno de 3,5 GHz, ou
seja, frequência próxima dos 2,45 GHZ utilizados nos fornos de micro-ondas.

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4 A HISTÓRIA DO FORNO DE MICRO-ONDAS E DO


MAGNETRON

A história do forno de micro-ondas se mistura com a história de uma peça chamada


magnetron, que é o coração de um forno de micro-ondas.

O magnetron ou, mais especificamente, magnetron de cavidade ressonante é uma espécie


de válvula como aquelas utilizadas em rádios e televisores antigos. O magnetron era utilizado
originalmente em radares nos navios de guerra.

O magnetron, que acabaria por revolucionar as cozinhas de todo o mundo, levou cerca de
cinquenta anos para ser desenvolvido da forma que conhecemos hoje.

Uma forma inicial de magnetron foi inventada por um engenheiro da Siemens em 1910.
Outra forma de magnetron foi desenvolvida nos laboratórios de pesquisa da General Electric em
1920. Um avanço importante foi o magnetron de múltiplas cavidades, proposto pela primeira vez
em 1934 nos laboratórios da Bell Telephone nos Estados Unidos. No entanto, o primeiro exemplo
verdadeiramente bem-sucedido foi desenvolvido na URSS em 1936.

Figura 15 - Um magnetron de cavidade ressonante de 1940 (E1189 Serial No. 12).

O modelo Russo do magnetron da cavidade foi radicalmente aprimorado na Universidade de


Birmingham, na Inglaterra, em 1940. Foi uma conquista sem precedentes! Eles inventaram uma
válvula que poderia produzir pulsos de vários quilowatts com apenas 10 cm de comprimento de
onda. A alta potência dos pulsos do dispositivo tornou o radar de banda centimétrica prático para
os Aliados da Segunda Guerra Mundial. Com radares de comprimento de onda mais curtos, era
possível a detecção de objetos menores a partir de antenas menores.

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O tamanho compacto do magnetron de cavidade ressoante reduziu drasticamente o


tamanho dos conjuntos de radar, assim eles puderam ser instalados com mais facilidade em
aeronaves e pequenos navios de escolta.

Figura 16 - O magnetron de cavidade desenvolvido em 1940 na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, é


utilizado até hoje (Museu de Ciências de Londres).

Alguns historiadores afirmam que a miniaturização do radar de micro-ondas, possível graças


ao magnetron, foi o grande responsável pelos Aliados vencerem a Segunda Guerra Mundial, mais
do que qualquer outra coisa, incluindo a bomba atômica.

Figura 17 - Inicialmente micro-ondas foram usadas na guerra para detectar sinais de aeronaves inimigas.

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O magnetron permanece em uso em alguns sistemas de radar nos dias de hoje, mas se tornou
muito mais comum como fonte de baixo custo para fornos de micro-ondas. Nesta forma, mais de
um bilhão de magnetrons estão em uso nos dias atuais.

4.1 Do radar para a cozinha

A ideia de usar as micro-ondas para aquecer alimentos ocorreu por acaso. O engenheiro
eletrônico Percy Spencer trabalhava em uma empresa fabricando magnetrons para aparelhos de
radar e notou que uma barra de chocolate que estava no bolso de sua calça derreteu enquanto
trabalhava próximo a um magnetron em operação. Logo o engenheiro entendeu o que estava
acontecendo e teve a ideia de patentear o primeiro forno de micro-ondas da história em 1945.

Os fornos de micro-ondas atuais usam uma versão moderna do magnetron de cavidade, que
é usado desde a década de 1940 em aparelhos de radar. De fato, os primeiros fornos de micro-
ondas comercializados na década de 1950 levavam a marca Radarange, uma fabricante de
radares. Eles pesavam 340kg, eram refrigerados à água, tinham 1,68 metros de altura e custavam
cerca de US$20.000 (valor corrigido para 2020).

Figura 18 - Primeiros micro-ondas comerciais da marca Radarange (Foto: Electronic Onyx).

Em meados da década de 1970, devido à miniaturização e à redução de preços gerados por


empresas como a japonesa Sharp, os fornos de micro-ondas estavam vendendo milhões. O custo
do magnetron, coração do forno de micro-ondas, caiu de US$5.000 nos primeiros modelos para
apenas US$ 7 nos dias atuais.

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No Brasil, o micro-ondas se popularizou apenas no início da década de 1990. Atualmente, não


é raro uma casa ter apenas o forno de micro-ondas e não possuir um forno tradicional (a gás ou
elétrico) para o preparo dos alimentos.

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5 SEGURANÇA NA INSTALAÇÃO E OPERAÇÃO DE


FORNOS DE MICRO-ONDAS

O forno de micro-ondas NÃO funciona à base de radiação nuclear, pois as micro-ondas não
são radioativas. Tecnicamente, as micro-ondas são chamadas de radiação não ionizante, pois seus
efeitos são estritamente térmicos e, portanto, não alteram a estrutura molecular do material que
está sendo irradiado. Somente as radiações ionizantes, como a ultravioleta, os raios X e os raios
gama podem, ao irradiar sobre tecido vivo, provocar, por exemplo, nas células, mutações que as
tornem cancerosas.

As micro-ondas pertencem ao mesmo grupo das ondas de rádio; no entanto, possuem um


tamanho bem menor e, como o corpo humano é constituído basicamente por água e gorduras,
as micro-ondas podem causar queimaduras em nosso organismo, assim como fazem com os
alimentos, no caso da ocorrência de vazamentos.

Para evitar vazamentos de micro-ondas, esses aparelhos são blindados, isto é, as radiações,
produzidas internamente, não atravessam suas paredes. É colocada uma grade de metal junto ao
vidro da porta: os espaços entre as malhas dessa grade são menores que o comprimento de
ondas das micro-ondas, impedindo sua passagem. Além disso, as portas possuem um mecanismo
de segurança que impede a sua abertura durante o funcionamento.

De acordo com a literatura, ninguém sabe ainda ao certo qual o nível de exposição a micro-
ondas considerado seguro. Alguns laboratórios consideram que a exposição à radiação, mesmo
em baixo nível, pode ter efeitos cumulativos aos olhos, podendo provocar catarata.

A segurança dos fornos de micro-ondas é periodicamente questionada - principalmente a


partir de uma energia de "vazamento de micro-ondas" ao redor das vedações da porta. Em fornos
com manutenção deficiente, com portas enviesadas (desalinhadas), com acúmulo de alimentos
ou furos gerados por oxidação, é fácil exceder os níveis de radiação permitidos para a pessoa
próxima ao forno.

Para garantir a segurança na operação dos fornos de micro-ondas, eles são projetados com
intertravamentos de segurança com redundância tripla, proporcionando efetivamente uma
segurança de que o magnetron não pode ser energizado com a porta aberta.

Atenção, manutentor de eletrodomésticos! Nunca


desative os intertravamentos de segurança da porta de
um micro-ondas.

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5.1 Dicas de segurança de instalação do forno de micro-ondas

• Leia atentamente o manual de instruções que acompanha o produto antes mesmo de


instalá-lo!

• O forno deve ser instalado em local bem ventilado, fora do alcance dos raios solares ou
fontes de irradiação de calor (fogão a gás, por exemplo) e de umidade (torneiras, por exemplo).

• O forno deve ser instalado respeitando as distâncias mínimas exigidas pelo fabricante, de
modo que as saídas de ar laterais e traseiras não sejam obstruídas, o que reduziria o rendimento
e provocaria o superaquecimento do aparelho.

5.2 Dicas de segurança na operação

• Não ligue o forno de micro-ondas se ele estiver vazio.

• Não utilize o forno se a dobradiça, o trinco ou a vedação da porta estiverem danificados.

• Não cubra ou obstrua as aberturas de ventilação.

• Não utilize o forno em ambientes externos.

• Alimentos com pouca umidade, como amendoim e pão, não devem ficar muito tempo
dentro do forno, pois poderão inflamar-se. Se isso acontecer, retire o plugue da tomada e
mantenha a porta do forno fechada até que a chama se apague.

• Não coloque qualquer objeto entre a porta e o batente do forno, nem permita que
resíduos de alimentos ou outros detritos acumulem-se nas superfícies das travas de segurança
para não prejudicar a vedação do forno.

• Não utilize recipientes metálicos, nem com detalhes em metal, pois o metal reflete as
micro-ondas, podendo causar faiscamentos, incêndios ou danificar a cavidade do forno.

• O forno de micro-ondas deve estar devidamente aterrado conforme os padrões ABNT NBR
5410.

Observação: As dicas de segurança na manutenção dos fornos de micro-ondas serão vistas


na apostila 13, parte 2.

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5.3 Blindagem das ondas eletromagnéticas

Embora as ondas eletromagnéticas sejam capazes de ultrapassar o vidro, elas não conseguem
penetrar o painel de metal perfurado existente nas tampas do micro-ondas.

Estes painéis furados têm a função de deixar a luz passar, mas não permitem a passagem das
micro-ondas, pois o comprimento de onda do micro-ondas é de cerca de 12cm; logo, grande
demais para transpor os orifícios.

Figura 19 - Painel de metal perfurado em micro-ondas (Foto: Flavio Flarys/G1).

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6 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO MICRO-ONDAS

Para entender como um forno de micro-ondas pode cozinhar ou descongelar um alimento,


devemos saber que a molécula de água (H2O) é polarizada, ou seja, possui uma região eletrizada
negativamente e outra eletrizada positivamente.

A água apresenta esse comportamento devido à disposição dos átomos que constituem sua
molécula. O modelo mostrado a seguir retrata a polarização da molécula de água e sua
representação simplificada.

Figura 20 - Uma molécula polar de água.

Na água, as moléculas estão orientadas em um padrão aleatório. O diagrama a seguir mostra


a disposição aleatória das moléculas de água líquida.

Figura 21 - Várias moléculas polares de água em arranjo aleatório.

Se a água for colocada na presença de um campo elétrico intenso, suas moléculas tendem a
girar e se alinhar com o campo. O esquema a seguir mostra a orientação das moléculas de água
quando na presença de um campo elétrico.

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Figura 22 - Moléculas de água orientadas segundo o sentido do campo elétrico aplicado.

Quando gira, devido à presença do campo elétrico, a molécula de água atrita com outras e
converte parte de sua energia potencial eletrostática em energia térmica, ou seja, na presença de
um campo elétrico, as moléculas de água passam a apresentar um “grau de agitação” maior. Em
outras palavras, a temperatura da água aumenta.

Na câmara de cozimento de um forno de micro-ondas, ocorre a flutuação de um campo


elétrico adequada para o aquecimento da água. O forno de micro-ondas utiliza micro-ondas com
frequência de 2,45 GHz para alterar a orientação das moléculas de água bilhões de vezes a cada
segundo. Essa foi a frequência escolhida porque ela dá às moléculas de água o tempo necessário
para completar uma rotação antes de inverter novamente sua orientação.

Isso explica por que apenas os alimentos contendo água, açúcares ou gorduras — ou outras
moléculas polares — se aquecem no interior do forno; as moléculas polares absorvem a energia
das micro-ondas e a convertem em energia térmica. Porcelana, vidro comum e plásticos não
contêm moléculas de água na sua estrutura e, por isso, mesmo com o forno em funcionamento,
não se aquecem pelo processo descrito. Já os recipientes metálicos não devem ser usados porque
podem refletir as micro-ondas.

Na maioria dos alimentos, há água suficiente para permitir que o micro-ondas faça seu
trabalho. Até as sementes de pipoca contêm umidade para que a absorção da energia do micro-
ondas faça com que a água dentro da semente se transforme em vapor, aumentando a pressão
interna até que ela exploda.

Assista a este vídeo que contém uma simulação do campo elétrico dentro de um
forno de micro-ondas durante os primeiros 8s de operação.

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O coração dos fornos de micro-ondas domésticos é o dispositivo que gera as micro-ondas de


potência e frequência adequadas para aquecer água, açúcar e gorduras presentes nos alimentos.
Este dispositivo eletrônico é chamado “magnetron de cavidade ressonante”.

6.1 Como funciona um Magnetron?

Figura 23 - Simbologia elétrica de um magnetron.

O magnetron é o dispositivo que produz energia de micro-ondas no gabinete de metal (gaiola


de Faraday) que retém essa energia para ser absorvida pelos alimentos.

O magnetron produz micro-ondas funcionando com uma alta tensão contínua de 4.000 V
entre anodo e catodo. O magnetron funciona com 0 V no anodo (carcaça aterrada) e – 4.000 V no
filamento-catodo.

Figura 24 - Circuito de alta tensão do forno.

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Quando o ponto de cima do trafo é positivo (+), o diodo D conduz e carrega o capacitor C com
2.000 V.

Quando o ponto de cima fica negativo (-), o diodo D não conduz, e a tensão do capacitor C
(2.000 V) se soma ao do trafo, resultando em – 4.000 V aplicados no filamento-catodo do
magnetron.

O magnetron ou, mais especificamente, o “magnetron de cavidade ressonante” é um tubo


de vácuo de alta potência que gera micro-ondas usando a interação de um fluxo de elétrons com
um campo magnético, enquanto passa por uma série de cavidades de metal abertas
(ressonadores de cavidade). Os elétrons passam através das aberturas dessas cavidades e fazem
com que as micro-ondas oscilem dentro das cavidades, semelhante à maneira como um apito
produz um tom quando excitado por uma corrente de ar soprada através de sua abertura.

Figura 25 - Vista em corte de um Magnetron de cavidade ressonante: oscilador de alta potência e alta frequência.

A frequência das micro-ondas produzidas, chamada frequência ressonante, é determinada


pelas dimensões físicas das cavidades.

Ao contrário de outros tubos de vácuo, o magnetron não funciona como um amplificador


para aumentar a intensidade de um sinal de micro-ondas aplicado; o magnetron serve apenas
como um oscilador, gerando um sinal de micro-ondas a partir da eletricidade de corrente
contínua fornecida ao tubo de vácuo.

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Figura 26 - Estrutura de um Magnetron moderno aplicado em fornos de micro-ondas.

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Figura 27 - Aspecto físico, estrutura interna e funcionamento do Magnetron.

O Magnetron libera elétrons por aquecimento do filamento, e são introduzidos em uma


cavidade contendo campos magnéticos criados por ímãs permanentes. Dentro destas cavidades,
os elétrons ficam confinados, são excitados e geram micro-ondas.

Figura 28 - Filamento de um Magnetron.

Figura 29 - Magnetron: válvula diodo, envolvida por dois ímãs permanentes, que possui uma antena metálica para
a irradiação das ondas na parte de cima.

A tensão do filamento do magnetron é da ordem de 3 VCA com uma corrente de filamento


da ordem de 5 ampères. Aplicando 3 VCA ao filamento, ele aquece o catodo. O catodo aquecido
emite elétrons. Aplicando uma alta tensão de 4.000 VCC entre o anodo (positivo) e o catodo
(negativo), os elétrons saem do catodo e chegam ao anodo em alta velocidade. O campo
magnético dos ímãs faz os elétrons saírem em órbita do catodo e chegarem girando ao anodo de
cavidades. Com o movimento giratório, os elétrons induzem um sinal elétrico de 2.450 MHz em

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cada pequena cavidade ressonante do anodo. Como estas cavidades são interligadas, o sinal de
2.450 MHz se torna intenso e sai pela antena do magnetron em forma de micro-ondas.

Figura 30 - Magnetron com a seção removida para exibir as cavidades: à esquerda, antena que emite micro-ondas.
O ímã que produz um campo paralelo ao eixo longo do dispositivo não é mostrado.

Figura 31 - Magnetron com uma seção diferente removida: o cátodo central é visível; antena conduzindo micro-
ondas no topo; ímã não é mostrado.

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Figura 32 - Diagrama de ligação típico de um magnetron.

O primário do transformador é alimentado com 127V ou 220V (dependendo da tensão da


rede local).

O secundário do transformador tem dois enrolamentos: o menor deles gera apenas 3VCA e
destina-se a alimentar o filamento da válvula magnetron. O enrolamento maior gera 2.000V que,
após retificado pelo diodo e filtrado pelo capacitor, destina-se ao anodo do magnetron.

A carcaça da válvula magnetron é aterrada, e a rádio frequência (micro-ondas) utilizada no


aquecimento dos alimentos é coletada através do cátodo.

6.2 Controle de Potência do forno de micro-ondas convencional

A potência de um forno de micro-ondas convencional NÃO é ajustada em forma de


porcentagem de energia, mas sim com ciclos de tempo que ligam e desligam as micro-ondas. Ou
seja, quando se ajusta a "potência" de um forno a 70%, isto significa que ele ficará 70% do tempo
emitindo as micro-ondas e 30% apenas girando o prato. Por isso, temos a impressão de que o
aparelho liga e desliga sem parar: ele realmente está fazendo isso! E por falar em prato girando,
isto acontece por ser "fundamental para o aquecimento uniforme do alimento, com a mesma
potência de cozimento, pois as micro-ondas são distribuídas com intensidades diferentes dentro
do forno".

É importante também saber que nem todos os fornos de micro-ondas são de mesma
potência. As principais potências disponíveis comercialmente são entre 600 e 1500W.

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6.3 Tecnologia inverter

Existem alguns modelos mais recentes que utilizam a tecnologia inverter. A tecnologia
inverter faz com que o micro-ondas emita a potência exata indicada para cada alimento, em vez
de regular a potência necessária através de ciclos de liga e desliga.

Os modelos inverter usam modulação por largura de pulso (PWM) para fornecer
aquecimento efetivamente contínuo. Esta tecnologia propicia que os alimentos sejam aquecidos
de maneira mais uniforme em um determinado nível de potência e possam ser aquecidos mais
rapidamente, sem serem danificados pelo aquecimento desigual.

7 DIAGRAMA COMPLETO DE UM FORNO DE MICRO-


ONDAS TRADICIONAL

Figura 33 - Esquema elétrico genérico de fornos de micro-ondas (em azul: circuito de baixa tensão, em vermelho:
circuito de alta tensão).

Baixa tensão:

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A e B: THERMAL CUTOUT: chave térmica (do forno e do magnetron);


C: MAIN RELE: Relé de potência da placa de controle;
D: DLATCH SWITCH A: Chave de segurança da primária;
E: LATCH SWITCH B: Chave de segurança da secundária;
F: MONITOR SWITCH C: Chave de segurança monitora da porta;
G: FUSE: Fusível geral;
H: DIGITAL PROGRAMMER CIRCUIT: Placa eletrônica de controle;
I: OVEN LAMP (L): Lâmpada do forno;
J: FAN MOTOR (FM): Motor da ventoinha;
K: TUR-TABLE MOTOR (TM): Motor do prato giratório.
Alta tensão:
L: HIGH VOLTAGE TRANSFORMER: Transformador de alta tensão;
M: DIODE: Diodo de alta tensão;
N: HIGH VOLTAGE CAPACITOR: Capacitor de alta tensão;
P: MAGNETRON: Magnetron.

Observação: O primário do transformador (L) está ligado em baixa tensão, e o secundário do


transformador faz parte do circuito de alta tensão.

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8 PRINCIPAIS COMPONENTES DO FORNO DE MICRO-


ONDAS

Figura 34 - Principais componentes do forno de micro-ondas.

Um forno de micro-ondas, basicamente, consiste de:

• Uma fonte de energia de alta tensão, geralmente um transformador com um capacitor de


alta tensão conectado via diodo no chassi metálico.

• Um magnetron de cavidade ressonante, que converte energia elétrica de alta tensão em


radiação de micro-ondas.

• Ventilador de refrigeração do magnetron.

• Um guia de ondas curto (para acoplar a potência de micro-ondas do magnetron na câmara


de cozimento).

• Uma câmara metálica para cozimento (gaiola de Faraday).

• Janela de vidro com grade metálica para permitir a visualização, ao mesmo tempo em que
bloqueia as micro-ondas.

• Porta com três intertravamentos elétricos de segurança.

• Uma plataforma giratória para garantir o aquecimento homogêneo.

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• Um painel eletrônico de controle.

Figura 35 - Esquemático de ligação básico.

Agora iremos listar todos os componentes de um forno de micro-ondas típico, sua função e
seu preço médio (valor atualizado 2020).

8.1 Capacitor de alta tensão

Figura 36 - Capacitor de alta


tensão

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O capacitor de alta tensão é feito de papel impregnado em óleo, tendo o corpo metálico.
Tem valor entre 0,8 e 1 µF e isolação de 2.000 a 2.200 V. Dentro da carcaça do capacitor, há um
resistor (normalmente de 10MΩ) para descarregá-lo quando o forno é desligado. Este resistor,
quando existir, permite a descarga completa do capacitor entre dois a três minutos após sua
desenergização. Preço médio de um capacitor de alta tensão: R$ 30,00.

8.2 Chaves de segurança primária e secundária da porta

Figura 37 - Chaves primária e secundária da porta.

Chave primária: Chave fim de curso do tipo normalmente aberta (NA), com dois terminais,
que apenas dá continuidade quando a porta do forno estiver fechada. Esta chave está
diretamente ligada no circuito de alimentação do primário do transformador de alta tensão (em
série). Ou seja, apenas se a chave estiver acionada (porta fechada) será possível energizar o
primário do transformador de alta tensão.

Chave secundária: Chave fim de curso do tipo normalmente aberta (NA), com dois terminais,
que apenas dá continuidade quando a porta do forno estiver fechada. Esta chave é ligada na
placa de controle. Ou seja, quando a porta está aberta, o painel de controle terá sua “função
ligar” desabilitada. Quando a porta fecha, as teclas “LIGA” voltam a funcionar. A chave secundária
também é responsável pelo controle da lâmpada do gabinete do forno. Preço médio das chaves
de segurança primária e secundária da porta: R$ 15,00.

Observação: As chaves primária e secundária são idênticas.

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8.3 Chave de segurança monitora da porta

Figura 38 - Chave monitora da porta

A chave de segurança monitora da porta trata-se de uma chave fim de curso com três
terminais e com dois contatos. Um do tipo Normalmente Fechada (NF) e outra Normalmente
Aberta (NA). O contato NF desta chave vai ligado em paralelo com o primário do transformador
de alta tensão. Ou seja, enquanto a porta do forno estiver aberta, o primário do transformador
está curto-circuitado pela chave monitora.

Trata-se de uma proteção adicional: caso a chave primária NA apresente algum defeito, a
chave monitora irá curto-circuitar o primário do transformador, fazendo o fusível geral de
proteção de baixa tensão queimar.

O contato NA da chave monitora, similar à chave primária, dá continuidade para alimentar o


primário do transformador de alta tensão somente quando a porta do forno estiver fechada
(trata-se de uma redundância de segurança). Preço médio de uma chave de segurança monitora
da porta: R$ 10,00.

8.4 Magnetron

Espécie de válvula diodo adaptada para gerar micro-ondas. Componente responsável pelo
aquecimento dos alimentos. Filamento alimentado por 3V. Catodo alimentado por 4.000VDC.

Alguns magnetrons têm isoladores cerâmicos de óxido de berílio, que são perigosos se
esmagados e inalados ou ingeridos de outra forma. A exposição única ou crônica pode levar à
beriliose, uma condição pulmonar incurável. Além disso, o berílio é cancerígeno; portanto,
isoladores de cerâmica quebrados ou magnetrons não devem ser manipulados diretamente. O
preço médio dos magnetrons varia entre R$ 70,00 e R$ 150,00.

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Figura 39 - Magnetron

8.5 Placa eletrônica de controle

Placa responsável pelo controle de todos os dispositivos do equipamento e interface entre o


usuário e os componentes do forno. Dependendo da marca ou do modelo, possui diferentes tipos
de programações predefinidas, sendo as mais comuns: ajuste de tempo, ajuste de potência,
descongelamento, inicia e para. A placa eletrônica de controle comanda a lâmpada do gabinete,
controla o transformador de alta tensão, o magnetron, o dourador (se existente) e recebe os
sinais das microchaves de intertravamento da porta e dos botões ou
membrana de controle. O preço dessa peça varia entre R$ 60,00 e R$ 150,00.

Figura 40 - Placa eletrônica de controle de micro-ondas.

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Na placa de controle, estão presentes vários componentes de interesse do reparador:

• Buzzer (sirene).

• Relé de potência para alimentar o primário do Trafo de AT.

• Relés de controle do motor do prato giratório, da lâmpada do gabinete e do ventilador do


magnetron.

• Conector do teclado membrana.

• Transformador de alimentação da placa.

Observação: Existem inúmeras placas de controle com diferentes funções e diferentes


preços.

Figura 41 - Componentes da placa de controle típica.

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8.5.1 Relé de potência da placa de controle

Figura 42 - Relé de potência da placa de controle.

A placa de controle possui um relé de potência que é encarregado de energizar o primário do


transformador de alta tensão. Este relé é comandado pela placa de controle. Preço médio do relé
de potência da placa de controle: R$ 15,00.

8.5.2 Teclado de membrana da placa de controle

A membrana é formada por duas lâminas de poliéster separadas por um plástico (nylon) que
funciona como espaçador. Em cada lâmina de poliéster, há contatos de grafite. Apertando uma
tecla, os grafites das lâminas encostam e acionam a função escolhida. A membrana é autoadesiva,
sendo colada no painel do forno. A tira de plástico com os terminais de ligação é encaixada na
placa de controle. Preço médio do teclado: R$ 30,00.

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Figura 43 - Teclado de membrana da placa de controle.

8.5.3 Transformador de alimentação da placa eletrônica de potência

Figura 44 - Transformador de alimentação da placa eletrônica de potência.

O primário deste transformador é 127V ou 220V, dependendo da tensão da rede. O


secundário normalmente fornece dois níveis de tensão. Preço médio do transformador de
alimentação da placa eletrônica de potência: R$ 15,00.

Observação: Nem todas as placas de controle possuem este transformador. Existem alguns
modelos que possuem uma fonte chaveada integrada.

8.6 Termostato do magnetron e do gabinete

Figura 45 - Termostato de proteção do magnetron e do gabinete.

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Vulgarmente conhecido como “cebolinha da temperatura”, o termostato de proteção do


magnetron e do gabinete é um dispositivo de proteção de temperatura do magnetron e do
gabinete do forno. São do tipo normalmente fechado, ou seja: se a temperatura está dentro do
esperado, ele conduz; se ultrapassar a temperatura esperada, ele abre. Preço médio de um
termostato do magnetron e do gabinete: R$ 15,00.

Figura 46 - Termostato de proteção do magnetron e do gabinete, indicando a temperatura de gatilho.


Normalmente, a temperatura de abertura destes termostatos varia de 120 a 160°C.

Caso o termostato se apresente aberto no teste de continuidade, ele deverá ser substituído
por um novo. Nunca elimine esta peça: fazendo isso, você poderá ser responsável por um
incêndio.

Atenção: Muitas vezes, o termostato é a consequência de um defeito, não a causa dele.


Identificado o defeito no termostato, e antes de energizar o equipamento novamente, faça uma
varredura em busca de algum outro defeito que possa ser a causa raiz do problema.

8.7 Ventilador de refrigeração

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Figura 47 - Ventilador de refrigeração.

O ventilador de refrigeração retira o ar quente de dentro do equipamento e, através das


aletas de ventilação, joga este ar para fora do equipamento. Todos os componentes geram calor,
mas sem dúvida o magnetron é o maior responsável pelo aquecimento interno.

Trata-se de um motor monofásico do tipo espira de sombra ou polos sombreados (sem


capacitor de partida). Preço médio de um ventilador de refrigeração: R$ 15,00.

8.8 Buzzer para Micro-ondas

Figura 48 - Buzzer para Micro-ondas.

O buzzer é responsável pelo som característico que comunica ao usuário o final do processo
de aquecimento/descongelamento. Trata-se de um pequeno alto-falante de cristal. Preço médio
do buzzer para micro-ondas: R$ 8,00.

8.9 Fusível geral de baixa tensão

Figura 49 - Fusível cerâmico de baixa tensão.

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Trata-se de um fusível cerâmico comum, normalmente nos valores de 10A ou 15A para
tensões de rede de 127V, ou 20A para redes de 220V. Preço médio de um fusível geral de baixa
tensão: R$ 10,00.

Observação: A placa de controle pode possuir outro fusível de baixa tensão em função do
modelo.

8.10 Fusível de alta tensão

Figura 50 - Fusível de alta tensão com cartucho de encapsulamento.

O fusível de alta tensão se diferencia do fusível de baixa tensão pela presença de uma mola
interna. O fusível de alta tensão é instalado dentro de um encapsulamento protetor plástico
(cartucho). Preço médio de um fusível de alta tensão: R$ 10,00.

Observação: Nem todos os modelos de micro-ondas possuem fusível de alta tensão.

8.11 Lâmpada do gabinete do forno

Figura 51 - Lâmpada do gabinete do forno.

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São lâmpadas incandescentes de 127 ou 220 Volts entre 15 e 25W que suportam altas
temperaturas. A lâmpada do gabinete do forno é acionada por um relê da placa de controle do
forno. Preço médio da lâmpada do gabinete do forno: R$ 15,00.

8.12 Motor do prato giratório

Trata-se de um motor síncrono que é alimentado pela tensão da rede, seja 127V ou 220V,
com potência típica de 4W.

Figura 52 - Motor do prato giratório.

O motor do prato giratório é acionado por um relê da placa de controle do forno e possui
uma elevada resistência elétrica entre seus terminais (alguns quilo-ohms). Preço médio do motor
do prato giratório: R$ 22,00.

8.13 Resistência do Grill

Figura 53 - Resistência do Grill para tensão de 127V.

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Trata-se de resistências de aquecimento idênticas às utilizadas nos fornos elétricos. Sua


função é gerar aquela “casquinha dourada” nos alimentos. Preço médio da resistência do grill: R$
30,00.

Observação: Nem todos os micro-ondas possuem grill (grelhador-dourador).

8.14 Transformador de alta tensão

O primário do transformador é alimentado com 127V ou 220V (dependendo da tensão da


rede local). O secundário do transformador tem dois enrolamentos: um deles com apenas 3V para
o filamento da válvula, e outro com 2.000V para alimentar o anodo da válvula magnetron. Um
dos terminais da bobina de alta tensão é a própria carcaça do transformador. Preço médio do
transformador de alta tensão: R$ 70,00.

Figura 54 - Transformador de alta tensão

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Figura 55 - Simbologia do transformador de alta tensão.

8.15 Placa de Mica do guia de onda

Figura 56 - Placa de mica do guia de onda.

Esta placa é um filtro seletivo, que faz a cobertura da câmara de cozimento. Preço médio da
placa de mica do guia de onda: R$ 5,00.

8.16 Diodo de alta tensão

O diodo de alta tensão tem o corpo maior que os diodos comuns, sendo especial para A.T.
(2.000 V). Dentro do encapsulamento de epóxi, na verdade existem cinco ou seis diodos em série.

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Esta é a maneira utilizada para fazer o componente resistir à alta tensão presente no secundário
do transformador de AT. Preço médio do diodo de alta tensão: R$ 10,00.

Figura 57 - Diodo de alta tensão.

8.17 Supressor de transientes bidirecional

Figura 58 - Supressor de transientes bidirecional.

É constituído internamente, pois dois diodos zener em contraposição têm a função de


proteger o capacitor e o magnetron de sobretensões geradas por picos na rede. Preço médio do
supressor de transientes bidirecional: R$ 15,00.

Observação: Nem todos os modelos de micro-ondas possuem este dispositivo de proteção


contra sobretensões.

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9 MATERIAL COMPLEMENTAR

Agora assista aos vídeos abaixo para complementar as aprendizagens dessa apostila.

https://youtu.be/417SR6rvr2E (Imagens de manutenção)

https://youtu.be/Y6bGq7o_3MY (Conserto real do início ao fim)

https://youtu.be/88FpXEDbvjo (Como testar as principais peças de micro-ondas

https://youtu.be/KW61SLAZZ30 (Circuito elétrico do forno micro-ondas)

https://youtu.be/i4hgM3Ee4ZQ (Testando o transformador de alta tensão)

https://youtu.be/M6gBbeKaewY (Dicas de conserto 1)

https://youtu.be/bOycWaAtgp4 (Dicas de conserto 2)

https://www.youtube.com/watch?v=RFYyk4_WsXM (Diodo bidirecional supressor)

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10 EXERCÍCIOS

Marque V para verdadeiro ou F para falso.

1. ( ) Chave primária: Chave fim de curso do tipo normalmente aberta (NA), com dois
terminais, que apenas dá continuidade quando a porta do forno estiver fechada. Esta chave está
diretamente ligada no circuito de alimentação do primário do transformador de alta tensão (em
série). Ou seja, apenas se a chave estiver acionada (porta fechada) será possível energizar o
primário do transformador de alta tensão.

2. ( ) O capacitor de alta tensão é feito de papel impregnado em óleo, tendo o corpo


metálico. Tem valor entre 0,8 e 1 µF e isolação de 2.000 a 2.200 V. Dentro da carcaça do capacitor,
há um resistor (normalmente de 10MΩ) para descarregá-lo quando o forno é desligado. Este
resistor, quando existir, permite a descarga completa do capacitor entre dois a três minutos após
sua desernergização. Logo, por segurança, NÃO É NECESSÁRIO DESCARREGAR O CAPACITOR PARA
TRABALHAR COM MANUTENÇÃO.

3. ( ) Chave secundária: Chave fim de curso do tipo normalmente aberta (NA), com dois
terminais, que apenas dá continuidade quando a porta do forno estiver fechada. Esta chave é
ligada na placa de controle. Ou seja, quando a porta está aberta, o painel de controle terá sua
“função ligar” desabilitada. Quando a porta fecha, as teclas “LIGA” voltam a funcionar. A chave
secundária também é responsável pelo controle da lâmpada do gabinete do forno.

4. ( ) A chave de segurança monitora da porta trata-se de uma chave fim de curso com três
terminais e com dois contatos. Um do tipo Normalmente Fechado (NF) e outro Normalmente
Aberto (NA). O contato NF desta chave vai ligado em paralelo com o primário do transformador
de alta tensão. Ou seja, enquanto a porta do forno estiver aberta, o primário do transformador
está curto-circuitado pela chave monitora. O contato NA da chave monitora, similar à chave
primária, dá continuidade para alimentar o primário do transformador de alta tensão somente
quando a porta do forno estiver fechada (trata-se de uma redundância de segurança).

5. ( ) A placa eletrônica de controle comanda a lâmpada do gabinete, controla o


transformador de alta tensão, o magnetron, o dourador (se existente) e recebe os sinais das
microchaves de intertravamento da porta e dos botões ou membrana de controle.

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6. ( ) Na placa de controle, estão presentes vários componentes de interesse do reparador:


buzzer (sirene); relé de potência para alimentar o primário do trafo de AT; relés de controle do
motor do prato giratório, da lâmpada do gabinete e ventilador do magnetron; conector do teclado
membrana.

7. ( ) A membrana é formada por duas lâminas de poliéster separadas por um plástico (nylon)
que funciona como espaçador. Em cada lâmina de poliéster, há contatos de grafite. Apertando
uma tecla, os grafites das lâminas encostam e acionam a função escolhida. A membrana é
autoadesiva, sendo colada no painel do forno. A tira de plástico com os terminais de ligação é
encaixada na placa de controle.

8. ( ) O termostato de proteção do magnetron e do gabinete são dispositivos de proteção de


temperatura do magnetron e do gabinete do forno. São do tipo normalmente fechado, ou seja:
se a temperatura está dentro do esperado, ele conduz; se ultrapassar a temperatura esperada,
ele abre.

9. ( ) O ventilador de refrigeração retira o ar quente de dentro do equipamento e, através


das aletas de ventilação, joga este ar para fora do equipamento. Todos os componentes geram
calor, mas sem dúvida o magnetron é o maior responsável pelo aquecimento interno. Trata-se de
um motor monofásico do tipo espira de sombra ou polos sombreados (sem capacitor de partida).

10. ( ) O fusível de alta tensão se diferencia do fusível de baixa tensão pela presença
de uma mola interna. O fusível de alta tensão é instalado dentro de um encapsulamento protetor
plástico (cartucho).

11. ( ) O primário do transformador é alimentado com 127V ou 220V (dependendo da


tensão da rede local). O secundário do transformador tem dois enrolamentos: um deles com
apenas 3V para o filamento da válvula, e outro com 2.000V para alimentar o anodo da válvula
magnetron. Um dos terminais da bobina de alta tensão é a própria carcaça do transformador.

12. ( ) Assim como você não pode iniciar o reparo sem as ferramentas e instrumentos
adequados para o trabalho, você não pode iniciar os trabalhos sem os conhecimentos técnicos e
de segurança. O conhecimento técnico é na verdade a sua principal ferramenta de trabalho.

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13. ( ) Durante o conserto, é provável que o reparador tenha que plugar o micro-ondas
na tomada repetidas vezes. Após cada desconexão da tomada, você deve efetuar a descarga do
capacitor de alta tensão.

10.1 Respostas dos Exercícios

1. V

2. F

3. V

4. V

5. V

6. V

7. V

8. V

9. V

10. V

11. V

12. V

13. V

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11 FIM DA APOSTILA

Parabéns, estudante!

Você concluiu a apostila Principio de funcionamento e como consertar micro-ondas Parte 1


do curso Reparador de Eletrodomésticos.

Se você já fez todos os exercícios desta apostila, vá até o Moodle e assista ao vídeo desta
aula.

Não fique com dúvidas: utilize o fórum para dirimi-las.

Quando se sentir seguro, responda o questionário deste TÓPICO no Moodle de forma a ficar
apto para seguir para o próximo tópico do curso.

Aplique o que você aprendeu neste curso, preserve sua segurança e a segurança dos seus
clientes, trabalhe com prevenção e tenha tolerância zero com atos e condições inseguras.

Os efeitos de um acidente no local de trabalho podem durar toda uma vida. Se você for
ferido, a qualidade da sua vida poderá ser seriamente afetada. Se você for morto, sua família
nunca mais será a mesma. E se você causar ferimentos ou a morte de outra pessoa, terá de
carregar esse peso nas costas para o resto de sua vida. A melhor maneira de ajudar a prevenir
um acidente no local de trabalho é fazer da segurança a maior prioridade.

A vida em primeiro lugar. Não confie na sorte, trabalhe com segurança.

TENHA SEMPRE MUITO CUIDADO!

ESTA É A ORDEM DO DIA.

TODO DIA!

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12 BIBLIOGRAFIA

APOSTILA: Conserto e Manutenção de Eletrodomésticos. Ed. Virtual.

ASSIS, André Koch Torres, 1962. Os fundamentos experimentais e históricos da eletricidade;


Apeiron Montreal volumes 1 e 2.

BOYLESTAD, Robert L. Introdução à Análise de Circuitos. São Paulo: Prentice Hall, 2006.

BOYLESTAD, Robert; NASHELSKI, Louis. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos. 3 ed. Rio
de Janeiro: Prentice Hall, 1984.

CAPUANO, F. G.; MARINO, M. A. M. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 24. ed. São Paulo:
Érica, 1990.

CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: Livro Técnico S/A, 1981.

DUNN, W. C. Fundamentos de instrumentação industrial e controle de processos. Porto Alegre:


Bookman, 2013.

GUSSOW, Milton, 2006. Eletricidade Básica 1; Schaum Edição 2.

GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

JOHNSON, David E. (Org.). Fundamentos de Análise de Circuitos Elétricos. 4. ed. São Paulo: LTC,
2001.

LOUIS E. Frenzel Jr. Mc, 2015 - Eletrônica Moderna. Fundamentos, dispositivos, circuitos e
sistemas. Graw Hill, 1ª Edição.

STOUT, Melville B... Curso Básico de Medidas Elétricas. Vol. 1”, LTC, Rio de janeiro, 1974. U.S.
NAVY. Curso Completo de Eletricidade Básica. Curitiba: Hemus, 2002.

Sites consultados:
https://www.coladaweb.com/curiosidades/forno-de-micro-ondas-como-funciona

(polaridade da água) http://manuais.servicos.ws/4092840017.pdf

(manual genérico de um micro-ondas) https://www.dermatologia.net/cat-a-pele/radiacao-


ultravioleta-saiba-o-que-e-isso/

HELERBROCK, Rafael. "O que é onda?"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-onda.htm. Acesso em 05 de agosto de
2020.

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Fundamentos básicos do conserto de eletrodomésticos – Newton C. Braga.


http://www.portaldoeletrodomestico.com.br/curso_microondas1.htm
http://www.portaldoeletrodomestico.com.br/curso_microondas2.htm

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