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ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR

TÉCNICA DE COMBATE A
INCÊNDIO

PORTO ALEGRE/RS
2021
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

CADERNO TEMÁTICO DE COMBATE A INCÊNDIO

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul


CEL QOEM CÉSAR EDUARDO BONFANTI

Diretor da Academia de Bombeiro Militar


TC QOEM CARLOS ALBERTO DA SILVA SOUTO

Orientador

Cap QOEM Luiz Gustavo da Silva Lock

Organizador

Al. Ten QTBM Vagner Silveira da Silva

Colaboração Técnica
Major QOEM Sandro Carlos Goncalves da Silva
Major QOEM Marcelo Carvalho Soares
Maj QOEM Airton Juarez Ickert
Maj QOEM Elisandro Machado
Maj QOEM Marcio Muller Batista
Maj QOEM Jaqueline da Silva Ferreira
Cap QOEM Luiz Gustavo da Silva Lock
Cap QOEM Silvano Oliveira Rodrigues
1° Sgt QPBM Vagner Silveira da Silva
1° Sgt QPBM Fabiano Rodrigues Moraes
2º Sgt QPBM Marcelo Lovatto Mariani
Sd QPBM Cristóvão Broglio Ceccon Junior
Sd QPBM Vagner Ribeiro Pietro
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Sumário
INTRODUÇÃO 7
LIÇÃO 1 – TEORIA DA COMBUSTÃO DE COMBATE INCÊNDIO 9
Introdução 9
1.1. Constituição e propriedades da matéria: 10
1.2. Estados físicos da matéria: 11
1.3. O fenômeno da combustão: 11
1.4. Triângulo (tetraedro) do fogo: 11
1.5. Calor 12
1.6. Comburente: 21
1.7. Combustível: 22
1.8. Reação em Cadeia: 27
1.9. Pontos de Temperatura: 28
1.10. Tipos de Combustão: 29
1.11. Tipos de Chamas: 32
1.12. Produtos da Combustão 33
LIÇÃO 2 – TEORIA DA COMBUSTÃO 38
Introdução 38
2.1. O CFBT e sua história 39
2.2. Incêndio ao Ar Livre e Incêndio em Compartimento 40
2.3. Fases do Incêndio em Compartimento 43
2.4. Comportamentos Extremos do Fogo 54
2.4.1. Ignição da Fumaça e suas manifestações 56
2.4.2. Generalização do Incêndio por Flashover 60
2.4.3. Explosão da Fumaça - Backdraft 62
LIÇÃO 3 – ÁGUA NO COMBATE A INCÊNDIO 64
Introdução 64
3.1. Propriedades extintora da água 66
3.2. Elementos que interferem na utilização da água no combate a incêndios 67
3.2.2. Vazão: 72
3.2.3. Regulagem do jato: 72
3.2.4. Regulagem do Fluxo de água: 72
3.2.5. Velocidade: 72
LIÇÃO 4 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO 74
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Introdução 74
4.2. Isolamento e Confinamento 76
4.3. Técnicas de extinção 79
4.3.1. Incêndio Classe A (incêndios estruturais) 79
LIÇÃO 5 - ESTRATÉGIA E TÁTICA APLICADA A OPERAÇÕES DE COMBATE A
INCÊNDIO 105
Introdução: 106
5.1. Definindo estratégia, tática e técnica 106
5.2. O planejamento estratégico 108
5.3. Estratégia para ocorrência peculiares 109
5.4. Decisão tática 109
5.5. Comparando Estratégia é Tática 112
5.6. Uma metodologia para avaliação de riscos 112
5.7. Filosofia dos riscos versos benefício 113
5.8. Comportamento dos incêndios modernos e novas tecnologias de combate 116
LIÇÃO 6 - PROCESSO DE DECISÃO OPERACIONAL 119
6.1. Conceitos gerais: 119
6.1.1. Sistemas de comando e controle 119
6.1.2. Hierarquia da informação 123
6.2. Princípios fundamentais de comando e controle 124
6.2.1. Graus de comando: 124
6.2.2. Princípios fundamentais: 124
6.3. O processo de comando e controle 126
6.4. Tomada de decisão 128
6.4.1. Incerteza e tempo: 128
6.4.2. Modelo do processo de decisão operacional 129
LIÇÃO 7 – FASES DOS SERVIÇOS DE CONTROLE DE INCÊNDIOS ESTRUTURAIS
137
7.1 Estratégias de combate a incêndio 138
7.2 Fases do combate a incêndio 138
7.2.1 Recebimento da chamada 138
7.2.2 Deslocamento para o local do incêndio 140
7.2.3 Chegada no local da ocorrência: 140
7.2.4 Confirmação da ocorrência e confirmação/assunção de comando: 141
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7.2.5 Dimensionamento da cena: 142


7.2.6 Identificação e gerenciamento dos riscos: 143
7.2.7 Planejamento (decisão estratégica) 147
7.2.8 Estabelecimento (Maneabilidade de Mangueiras); 149
7.2.9 Controle do Incêndio 170
7.2.10 Operações de resgate à vítimas 172
7.2.11 Ações de apoio e suporte 173
7.2.12 Preservação do local sinistrado 174
7.2.13 Rescaldo 175
7.2.14 Desmobilização 176
LIÇÃO 8 APLICAÇÃO DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES NO COMBATE A
INCÊNDIOS 177
Introdução 177
8.1 Tarjeta de Campo 178
8.2 Incidente hipotético 178
8.3 SCI aplicado a algumas fases de Combate a Incêndios: 179
8.3.1 Deslocamento (Saída do Socorro) 179
8.3.2 Deslocamento (Chegada no incidente) 180
8.3.3 Reconhecimento 181
8.3.4 Planejamento 183
8.3.5 Estabelecimento 186
8.3.6 Controle 192
8.3.7 Inspeção final 193
8.3.8 Rescaldo 194
8.3.9 Desmobilização 194
9.VENTILAÇÃO CONTROLADA EM OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS 196
Introdução 197
9.1 O porquê ventilar. 197
9.2 Riscos de uma ventilação inadequada 197
9.3 Classificações da ventilação controlada 198
9.4 Associação de ventiladores 201
9.4.1 Ventiladores em Paralelos (lado a lado) 202
9.4.2 Ventiladores em Série (em fila) 202
9.5 procedimentos para ventilação controlada 203
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9.5.1 Regras Gerais: 203


9.5.2 Procedimentos para Ventilação Horizontal 204
9.5.3 Procedimentos para Ventilação Vertical 204
9.6 Missões específicas dos Componentes da Guarnição 205
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 207
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INTRODUÇÃO
O Combate a Incêndio é a missões operacional que deu origem ao
Corpo de Bombeiros no mundo, e constitui-se em uma atividade extremamente
técnica, com fundamentação científica, pois a combustão é uma reação química
que resulta em efeitos químicos, físicos nos combustíveis e fisiológicos nas
vítimas e no bombeiro.
Desde a década de 80 bombeiros suecos desenvolveram estudos para
entender o comportamento do incêndio, após diversos acidentes envolvendo
bombeiros. A partir destes estudos começou-se a ter uma visão diferenciada das
ocorrências, agora não mais focado apenas nas chamas, mas tendo uma leitura
completa da cena, incluindo a fumaça com agente ígneo.
Com o aperfeiçoamento das técnicas, o avanço tecnológico dos
equipamentos de proteção individuais e respiratório, além de ferramentas de
combate a incêndio modernas, como os esguichos, é possível fazer o combate
com mais eficiência, segurança e principalmente salvando vidas e protegendo os
bens ainda não danificados pelas chamas.
Disso tudo decorre a grande responsabilidade dos homens do fogo de
estarem sempre atualizado em relação as tecnologias. Considerando que
tecnologia inclui equipamentos e conhecimento técnico, esse caderno trás o que
existe de mais moderno em relação o controle de incêndios. As técnicas aqui
apresentadas são fruto de avanço científico acumulado por anos e entregues ao
leitor de forma suscinta.
Outro desafio que se apresenta, é a superação de comportamentos
que por anos marcaram nossa forma de combater. Associando a bagagem do
passado com as inovações recentes podemos apresentar um serviço de bombeiro
de qualidade.
Por fim, espera-se que cada que buscar conhecimentos nas páginas
seguintes possam se apaixonar pela matéria. Poucas atividades de bombeiros
são tão dinâmicas e desafiadoras como grandes sinistros envolvendo chamas.
Uma boa leitura.
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Sandro Carlos Goncalves da Silva


Márcio Müller Batista
Vagner Silveira da Silva
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LIÇÃO 1 – TEORIA DA COMBUSTÃO


DE COMBATE INCÊNDIO
MÓDUL
Caro aluno
Seja bem-vindo a primeira lição de Técnicas de Combate a Incêndio.
O objetivo geral desta disciplina é apresentar uma fundamentação
teórica a respeito do Combate a Incêndio com ênfase nas técnicas de combate a
incêndio utilizadas em Táticas ofensivas.
Bons estudos!

Objetivos Específicos

Ao final da lição o aluno deverá:

→ Entender os elementos da combustão;

→ Conhecer os efeitos físico-químicos do calor;

→ Identificar os efeitos fisiológicos do calor;

→ Analisar as Formas de propagação do calor;

→ Identificar os pontos notáveis da temperatura;

→ reconhecer os tipos de combustão;

→ Diferenciar os tipos de chama;

→ Compreender quais são os produtos da combustão.

Introdução

Para prevenir e combater incêndios de modo eficiente é necessário


entender o “funcionamento do incêndio”. As bases teóricas sobre como ocorrem e
como se comportam o fogo e o incêndio são indispensáveis para podermos
entender e dominar as técnicas de combate e prevenção.
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Inicialmente convém diferenciar incêndio de fogo. Incêndio não é


sinônimo de fogo, ou então, em cada churrasqueira, teríamos um incêndio. Então
qual é a diferença?
Na churrasqueira o fogo está controlado, em um incêndio não. Assim,
podemos definir incêndio como fogo fora de controle. E fogo? Como definir fogo?
Passaremos a estudar neste capítulo a Teoria da Combustão, onde veremos
como ocorre a reação química da Combustão e todos os elementos que envolvem
este fenômeno.

1.1. Constituição e propriedades da matéria:

Para que possamos ter a perfeita compreensão dos efeitos e do


desenvolvimento da combustão é necessário entender a constituição física e
química da matéria. Normalmente os átomos buscam combinar-se entre si ou
com outros átomos, uma estabilidade maior, formando moléculas.
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1.2. Estados físicos da matéria:


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1.3. O fenômeno da combustão:


A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material
combustível reage com um oxidante, chamado de comburente e que
normalmente é o oxigênio, produzindo energia na forma de calor e, muitas
vezes, luz. Essa reação depende de uma energia de ativação (calor) para que
se inicie e, após iniciada, prossegue de forma autossustentável.

A reação de combustão pode ser entendida como uma reação oxidante


exotérmica: oxidante por ser uma reação química que consome oxigênio (O2), e
exotérmica porque libera calor durante a reação (DRYSDALE, 1998).

O conceito de incêndio está relacionado ao fogo que foge ao controle


do homem, provocando danos ao patrimônio e aos seres humanos.

1.4. Triângulo (tetraedro) do fogo:


Independentemente da representação gráfica do fenômeno da
combustão, o importante é ficar claro que se for retirado do processo qualquer um
dos elementos que a compõe – combustível, comburente, energia de ativação e
reação em cadeia – a mesma será interrompida.

Resumindo: para que a combustão se inicie (requisitos) são


necessários 3 componentes: calor, comburente e combustível (triângulo do fogo).
Quando ela surge, podemos constatar a presença de 4 componentes (elementos):
os três anteriores acrescidos da reação em cadeia.
Qual a diferença de fogo e chama?
A combustão libera energia na forma de calor, que retroalimenta a
reação, e na forma de luz, que pode ser incandescência do material (brasas) ou
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na formação da chama, que nada mais é do que a ionização dos gases em


combustão pelo calor produzido, liberando parte da energia na forma de luz.
A partir de agora, passaremos a estudar cada um dos elemento que
compõem a combustão:
a) Energia de ativação (calor)
b) Combustível
c) Comburente
e) Reação em cadeia

1.5. Calor
1.5.1 Energia de ativação:
É o componente energético capaz de fazer com que a temperatura do
combustível aumente para que haja então a liberação dos gases que sofrerão a
queima. A energia de ativação pode ser qualquer elemento que faça com que o
combustível, independentemente de seu estado físico, desprenda gases
combustíveis.

1.5.2 Efeitos físico-químicos do calor:


O calor gerado irá produzir efeitos físicos e químicos nos corpos.
a) Aumento/diminuição da temperatura
b) Aumento do volume;
c) Mudança do estado físico
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d) Mudança do estado químico

a) Aumento/diminuição da temperatura

Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos


considerados bons condutores de calor, como os metais; e, mais vagarosamente,
nos corpos tidos como maus condutores de calor, como por exemplo, o amianto.
O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos
materiais é de grande valia na prevenção de incêndio. Aprendemos que materiais
combustíveis nunca devem permanecer em contato com corpos bons condutores,
sujeitos a uma fonte de aquecimento.

b) Aumento do volume: Dilatação / contração térmica:


O aumento do volume pode ocorrer em razão do aquecimento dos
materiais no seu volume, expansão superficial e linear:
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Todos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos – se dilatam e se


contraem conforme o aumento ou diminuição da temperatura. A atuação do calor
não se faz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem
decorrer dessa diferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de
10m exposta a uma variação de temperatura de 700 ºC. A essa variação, o ferro,
dentro da viga, aumentará seu comprimento cerca de 84mm, e o concreto, 42mm.
Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a
capacidade de sustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que
sustenta em, pelo menos, 42 mm, provocando danos estruturais.
Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por
exemplo, ao jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma
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rápida e desigual, o que lhe causa rompimentos e danos. Pode ocorrer um


enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso, isto é, há o surgimento
de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais se sustente.
Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas comuns
de desabamentos de estruturas.

c) Mudança no estado físico:


Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico:
alguns sólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam
em gases (gaseificação) e há sólidos que se transformam diretamente em gases
(sublimação). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espaço
entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria. No
gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem
velocidade e maior espaçamento, transformando um sólido (gelo) em um líquido
(água).

d) Mudança no estado químico:

Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma


substância em outra. A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de
madeira em forma de gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composição,
das moléculas originais de madeira. Essas moléculas são menores e mais
simples, por isso têm grande capacidade de combinar com outras moléculas, as
de oxigênio, por exemplo.
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Nos sólidos ocorre a TERMÓLISE e PIRÓLISE: Na presença do calor


ocorre a decomposição do material sólido (combustível) em vapores combustíveis
que são liberados na atmosfera reagindo com moléculas de Oxigênio.

Esse processo de decomposição em razão do calor resultando na


liberação de vapores combustíveis é chamado de pirólise ou termólise. A palavra
vem de lise – quebra – e piros – fogo – ou termos – calor. Preferimos o uso da
palavra termólise pelo fato de que a decomposição ocorre mesmo sem a
presença de fogo (queima). No entanto, não existem fenômenos distintos. Trata-
se de dois nomes diferentes para o mesmo efeito. O mero aquecimento, mesmo
em ambiente sem oxigênio capaz de sustentar a chama, pode resultar na
decomposição de um sólido com a liberação de vapores combustíveis.
É fácil entender porque o aumento da temperatura gera alterações
químicas. Com o aumento da temperatura, aumenta a agitação das moléculas.
Com o aumento da agitação elas se rompem causando mudança na estrutura
molecular, normalmente uma decomposição em moléculas mais simples.

e) Efeitos fisiológicos do calor:


Alguns gases presentes no sinistro são nocivos e até mesmo letais,
muitos inodoros e incolores, há necessidade de utilização de equipamentos por
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parte de quem combate a incêndios (como o Equipamento de Proteção


Respiratória Autônomo)
Desta forma o calor presente no incêndio pode causar desidratação;
intermação, fadiga; problemas para o aparelho respiratório; queimaduras (1°, 2° e
3° graus) e até levar a morte.
O esforço físico em ambiente de elevada temperatura provoca um
desgaste muito grande. O ritmo cardio-respiratório rapidamente se eleva. Ocorre
também grande perda de líquidos pela transpiração, o que gera desidratação e
auxilia a causar exaustão.
As queimaduras de vias aéreas superiores também são letais. Respirar
fumaça e gases superaquecidos pode queimar a mucosa das vias aéreas
superiores causando inchaço e obstrução, o que ocasiona a morte por asfixia.
Por vezes o mecanismo corporal de regulação térmica, na tentativa de
manter normal a temperatura do organismo, não suporta a sobrecarga e falha.
Então, ocorre algo similar à insolação (falha do mecanismo de regulação térmica
provocada pela longa exposição ao sol). Ocorre a intermação, que é a falha do
mecanismo de regulação térmica provocada pela sobrecarga do mecanismo de
regulação térmica decorrente de longa exposição a altas temperaturas. Com a
falha do sistema de “arrefecimento” corporal, a temperatura do corpo pode subir
perigosamente e acarretar na morte da pessoa.

1.5.4 Transmissão / Propagação de Calor


A transferência de calor de um corpo para outro ou entre áreas
diferentes de um mesmo corpo.

... até que as temperaturas se igualem

A propagação do calor pode sofrer interferências ou variáveis de


acordo com:
a) Pelo tipo molecular do material combustível que está sendo
aquecido. (sólido/líquido/gasoso)
b) Pela capacidade do material combustível de reter calor (natureza do
material), e;
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c) Pela distância da fonte de calor até o material combustível


O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução;
convecção e irradiação.

CONDUÇÃO: Condução é a transferência de calor através de um


corpo sólido, de molécula a molécula.

IRRADIAÇÃO: É a transmissão de calor por meio de ondas


eletromagnéticas que se propagam através do espaço vazio, não necessitando de
continuidade molecular entre a fonte e o corpo que recebe o calor.
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CONVECÇÃO: A convecção é a transmissão de calor pelo


deslocamento de fluídos (gases ou líquidos).
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PROJEÇÃO: É o deslocamento ou queda de objetos (essencialmente


os sólidos) em combustão, podendo provocar outro foco de incêndio. Ex.: janela
de madeira de um edifício que cai, em chamas, sobre uma loja ou, ainda, em um
incêndio florestal, um tronco que rola do alto de um morro em chamas, até um
local mais baixo e não incendiado.

FONTE: Manual CBMRJ

1.6. Comburente:
É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão.
O mais comum é que o oxigênio desempenhe esse papel.
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A atmosfera é composta aproximadamente por: 21% de oxigênio, 78%


de nitrogênio e 1% de outros gases.

Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo


contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21%
para a faixa compreendida entre 14% e 7%, a queima torna-se lenta, notam-se
brasas e não mais chamas.
Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração
menor que 4%, não há combustão. No entanto, mesmo não havendo combustão
poderá haver o desprendimento de vapores combustíveis pela termólise. Pode
ocorrer a decomposição de materiais combustíveis e liberação de vapores
combustíveis.
Concentração do Oxigênio no ambiente
Acima de 21% amplia a taxa de concentração de combustível em que é
possível ocorrer uma explosão.

Combustão 14% a 21% chamas

7% a 14% brasas

Na tabela abaixo é possível ver alguns sintomas e sinais que ocorrem


com a redução da concentração de oxigênio em um ambiente com vítimas.
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1.7. Combustível:
Podemos entender combustível como sendo toda substância capaz de
queimar, servindo de campo de propagação do fogo. Para efeitos práticos as
substâncias foram divididas em combustíveis e incombustíveis, tendo como
parâmetro a temperatura de 1000 °C (em regra). No entanto, não raras vezes as
temperaturas em um incêndio em compartimentos podem atingir temperaturas
acima de 1000ºC. Pode-se dizer que material combustível é toda a substância
capaz de entrar em combustão, e reagir com o oxigênio.
Entre os materiais combustíveis aqueles que são maus condutores de
calor queimam mais facilmente que os bons condutores, pois enquanto estes
dissipam a energia térmica recebida, aqueles absorvem a energia concentrando-a
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e entrando em combustão mais rapidamente. Os metais são exemplo de bom


condutores de calor, enquanto a madeira é um mal condutor de energia térmica.

7.1 Diferença entre combustível e Inflamável:


Ser inflamável significa ser capaz, à temperatura ambiente (20º C)
liberar vapores em quantidade capaz de sustentar uma combustão, ou seja, estão
acima do ponto de combustão.
Os combustíveis são classificação quanto ao estado físico em sólidos,
líquidos e gasosos.

7.2 Combustíveis sólidos:


Na maioria dos casos não queimam no estado sólido, pois a energia de
ativação (calor) quebra as moléculas na forma de vapor (termólise ou pirólise)
desprendendo-se da superfície de contato reagindo com o oxigênio. Os sólidos
são constituídos de moléculas grandes e complexas. O calor quebra essas
moléculas grandes em radicais menores que se libertam. Esses radicais menores
libertos são os vapores combustíveis que
reagem com o oxigênio.
Quanto maior a superfície
exposta, mais rápido será o aquecimento
do material, maior será a área para
liberação de vapores e maior será a área
de contato com o oxigênio,
consequentemente, mais rápido será o
processo de combustão.

Assim sendo, quanto maior a


fragmentação do material, quanto maior for
a relação superfície/massa, maior será a
velocidade da combustão.
Pós de material orgânico e de
alguns metais estão sujeitos à combustão
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instantânea ou “explosão”, quando em suspensão no ar, portanto, seu mecanismo


não é a pirólise. Os pós em suspensão no ar comportam-se praticamente como
os gases no que diz respeito à combustão. Isso se deve à grande relação
superfície massa.
Outra característica dos sólidos combustíveis é que sua estrutura
molecular permite a queima no interior do corpo, assim os sólidos queimam em
superfície e em profundidade. Além disso, os sólidos podem apresentar um
estado de queima no qual não há chamas, mas apenas incandescência do
combustível em queima.

a) Propagação do fogo em razão


da posição:

Como os sólidos tem forma definida, o


fogo em um corpo se propagará de acordo com
sua forma, preferindo o rumo ascendente, pois as
massas de vapores combustíveis sobem devido à
convecção. Isso interfere na velocidade da
propagação das chamas. Por exemplo, uma placa
de compensado deitada queima mais lentamente
do que se estivesse em pé.

b) Combustíveis sólidos especiais:

Algumas substâncias sólidas apresentam riscos especiais de incêndio,


quando em contato com a água, ou ar, ou pela sua constituição química. São
elas:
Metais reativos com a água – Necessitam de maior atenção, pois além
de queimarem liberando muita energia, reagem com a água “quebrando-a”. A
quebra da água libera oxigênio, que reage com o material intensificando a
combustão, e hidrogênio, que é altamente combustível. Assim, estes metais em
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contato com a água, liberam quantidade de calor considerável. Exemplos: sódio,


pó de alumínio, cálcio, hidreto de sódio, soda cáustica, potássio, etc.
Halogênios – São materiais que apresentam risco de explosão, quando
misturados a outros materiais. Exemplos: flúor, cloro, bromo, iodo e astatínio.

7.3 Combustíveis líquidos:


As moléculas dos líquidos possuem a tendência de se desprenderem e
se dispersarem no ar. É o que chamamos de evaporação. Diferentemente dos
sólidos, os combustíveis líquidos não sofrem decomposição térmica, mas um
fenômeno chamado de vaporização. Os vapores em contato com o oxigênio do
ar, formam a mistura inflamável. Essa mistura na presença de uma fonte de calor
(energia de ativação) se inflama. Os combustíveis líquidos queimam apenas em
superfície.
Os Líquidos inflamáveis liberam vapores em temperatura ambiente
capaz de sustentar combustão.

7.4 Combustíveis gasosos:


Esse combustível em contato com o oxigênio do ar forma a mistura
inflamável, mas para isto ocorrer precisam estar na concentração adequada:
Mistura Inflamável. Para cada gás (ou vapor ou sólido/líquido em suspensão) há
uma faixa de concentração com o ar na qual pode ocorrer a queima.
AR Fonte Ígnea
Gás Combustível Mistura Explosiva
Combustão Mistura Inflamável

Limite Inferior de explosividade: (LIE) mínima proporção de gás ou


vapor no ar que torna a mistura explosiva é denominada
Limite Superior de explosividade: (LSE) máxima proporção de gás
ou vapor no ar que torna a mistura explosiva.
Só ocorre a queima dos gases/vapores caso estejam em mistura com o
ar dentro dessa faixa entre os limites inferior e superior.
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1.8. Reação em Cadeia:


A reação em cadeia torna a queima autossustentável. O calor irradiado
das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores,
que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o
combustível, formando um ciclo constante.
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1.9. Pontos de Temperatura:


Os pontos notáveis são temperaturas mínimas nas quais podemos
observar determinados efeitos relacionados aos vapores liberados: ponto de
fulgor, ponto de combustão e ponto de ignição.
9.1 Ponto de fulgor:
Com o aquecimento de um
material, chega-se a uma temperatura em
que o material libera vapores em quantidade
tal que se incendeiam se houver uma fonte
externa de calor, mas a queima não se
mantém se a chama externa for retirada.

9.2 Ponto de combustão:


Prosseguindo no aquecimento,
atinge-se uma temperatura em que há uma
liberação de vapores do material tal que, ao
entrarem em contato com uma fonte externa
de calor, iniciam a combustão, e continuam a
queimar mesmo com a retirada da fonte
externa.

9.3 Ponto de ignição:


Atinge-se um ponto no qual os
vapores liberados pelo combustível estão em
quantidade tal que, expostos ao ar, entram
em combustão sem que haja fonte externa de
calor, tanta é a energia que apresentam.
Exemplos dos Pontos notáveis de temperatura:
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1.10. Tipos de Combustão:


O fogo pode se apresentar fisicamente de duas maneiras diferentes, as
quais podem aparecer de forma isolada ou conjunta, sendo como chama ou como
brasas.
Essas apresentações físicas do fogo geralmente são determinadas
pelo combustível. Se for gasoso ou líquido, sempre terá a forma de chamas. Se
for sólido, o fogo poderá se apresentar em chamas e brasas ou somente em
brasa.
Os sólidos de origem orgânica quando submetidos ao calor, destilam
gases que queimam como chamas, restando o carbono que queima como brasa
formando o carvão. Alguns sólidos como a parafina e as gorduras se liquefazem e
se transformam em vapores, queimando unicamente como chamas, outros
sólidos queimam diretamente apresentando-se incandescentes, como os metais
pirofóricos.
A combustão pode ser classificada:
a) Quanto à sua velocidade de reação: em viva ou lenta, combustão
espontânea e Explosão
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b) Quanto à formação de produtos da combustão, pode ser classificada


como completa ou incompleta.
1.10.1 Quanto à sua velocidade de reação:
a) Combustão Viva: A combustão viva é o fogo caracterizado pela
presença de chama. Pela sua influência na intensidade do incêndio e pelo
impacto visual e psicológico que gera, é considerada como sendo o tipo mais
importante de combustão e, por causa disso, costuma receber quase todas as
atenções durante o combate.

b) Combustão Lenta: A incandescência é um processo de combustão


relativamente lento que ocorre entre o oxigênio e um sólido combustível,
comumente chamado de brasa. As incandescências podem ser o início ou o fim
de uma chama, ou seja, de uma combustão viva. Em todos os casos há produção
de luz, calor e fumaça.

c) Combustão espontânea: A combustão espontânea é um processo de


combustão que começa, geralmente, com uma lenta oxidação do combustível
exposto ao ar. Pode ocorrer com materiais, como o fósforo branco, amontoados
de algodão ou em curtumes (tratamentos de peles de animais).
Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor
(materiais com baixo ponto de ignição); outros entram em combustão à
temperatura ambiente (20 ºC), como o fósforo branco. Ocorre também na mistura
de determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera calor e libera
gases em quantidade suficiente para iniciar combustão como, por exemplo, a
adição de água e sódio.

d) Explosão: A Explosão é um rápido aumento de volume em um curto


espaço de tempo que gera uma onda de pressão que se desloca em grande
velocidade. A queima de gases, vapores de líquidos inflamáveis, e partículas
(sólidas ou líquidas) em suspensão no ar comporta-se dessa maneira.
São as chamadas de explosões químicas, que são derivadas de uma
reação química rápida que libera produtos com grande volume rapidamente.
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Conforme a velocidade da onda de choque gerada a explosão é


classificada em detonação e deflagração. A detonação ocorre quando a onda de
choque supera a barreira da velocidade do som gerando grande estrondo. A
deflagração acontece quando a onda de choque é subsônica.

1.10.2 Quanto à liberação de produtos:


a) Combustão Completa:
Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão completa,
o que significa dizer que todas as moléculas do combustível reagiram
completamente com as moléculas de oxigênio, tornando seus produtos estáveis.
Também é chamada de combustão ideal.
É importante lembrar que a combustão completa NÃO é o mesmo que
queima total. A queima total é a situação na qual todo o material combustível
presente no ambiente já foi atingido pela combustão, enquanto que a combustão
completa é a combinação perfeita entre o combustível e o oxigênio, fazendo com
que todo o combustível reaja.
Na verdade, a combustão completa ocorre apenas em situações
especiais ou em laboratórios, não sendo encontrada na prática de combate a
incêndio, pois não se atinge um índice de 100% de queima facilmente, e 99% de
queima significam combustão incompleta, pois ficou combustível sem queimar.
Exemplo de chamas completa é a chamas do fogão e do maçarico.

b) Combustão Incompleta:
Todos os produtos instáveis (moléculas e átomos) provenientes da
reação em cadeia caracterizam uma combustão incompleta, que é a forma mais
comum de combustão.
Esses átomos e moléculas instáveis resultantes da quebra molecular
dos combustíveis continuarão reagindo com as moléculas de oxigênio,
decompondo-as e formando outras substâncias.
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1.11. Tipos de Chamas:


As chamas podem ser de dois tipos, variando conforme o momento em
que se dá a mistura entre combustível e comburente. Podem elas ser: Chamas de
pré-mistura ou chamas difusas.
a) Chama pré-mistura:
As chamas de pré-mistura são
aquelas em que o combustível e o
comburente são misturados antes da zona
de queima. É o caso dos maçaricos,
equipamentos de oxi-acetileno, bicos de
bunsen, etc. Nesses casos, a zona de
queima não precisa estar envolta em ar, já que a queima ocorre com oxigênio
fornecido pelo equipamento e não pela atmosfera, daí o fato de se perceber que
os maçaricos queimam mesmo embaixo d’água.
Quando bem regulada a mistura combustível-comburente, apresentam
uma combustão completa, praticamente sem resto de gases.

b) Chama difusa:
São as chamas em que os vapores combustíveis
misturam-se ao comburente, o oxigênio do ar, na zona de
queima. São as chamas de uma fogueira, uma vela, um fósforo,
etc.
Nesse tipo de chama, há diferença na queima ao longo
da chama, daí a diferença de coloração da chama. O tom
amarelado na ponta das chamas deve-se aos átomos de carbono
que não conseguiram queimar e que liberam energia excedente na forma de luz
amarelada.
Nas chamas difusas, a oferta de oxigênio é melhor na base da chama.
Por isso, se a ponta da chama, rica em carbono, for perturbada, o carbono não
consegue queimar e, com isso, surge uma fumaça preta. A coloração preta da
fumaça é proveniente do carbono que não queimou (fuligem) e é o que impregna
as paredes e o teto.
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1.12. Produtos da Combustão


12.1 Fumaça:
Com estudos mais recentes, foram valorizadas cinco características da
fumaça. Verifica-se que ela é quente, móvel e inflamável, tóxica e opaca.
Quente – A combustão libera calor, transmitindo-o a outras áreas que
ainda não foram atingidas. Como já tratado na convecção, a fumaça será a
grande responsável por propagar o calor ao atingir pavimentos superiores quando
se desloca (por meio de dutos, fossos e escadas), levando calor a outros locais
distantes do foco. A fumaça acumulada também propaga calor por radiação.
Móvel – É um fluido que está sofrendo uma convecção constante,
movimentando-se em qualquer espaço possível e podendo, como já dito, atingir
diferentes ambientes por meio de fossos, dutos, aberturas ou qualquer outro
espaço que possa ocupar. Daí o cuidado que os bombeiros devem ter com
elevadores, sistemas de ventilação e escadas. Essa característica da fumaça
também explica porque ocorrem incêndios que atingem pavimentos não
consecutivos em um incêndio estrutural.
Inflamável – Por possuir em seu interior combustíveis (provenientes da
degradação do combustível sólido do foco e pela decomposição de materiais pelo
calor) capazes de reagir com o oxigênio, a fumaça é combustível e, como tal,
pode queimar e até “explodir”. Não dar a devida atenção à fumaça ou procurar
combater apenas a fase sólida do foco ignorando essa característica é um erro
ainda muito comum. A fumaça é combustível e queima!
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Tóxica – Os seus produtos são asfixiantes e irritantes, prejudicando a


respiração dos bombeiros e das vítimas.
Opaca – Os seus produtos, principalmente a fuligem, permanecem
suspensos na massa gasosa, dificultando a visibilidade tanto para bombeiros,
quanto para as vítimas, o que exige técnicas de entrada segura (como orientação
e cabo guia) em ambientes que estejam inundados por fumaça.
Em um ambiente fechado, como um compartimento, a fumaça tende a
subir, atingir o teto e espalhar-se horizontalmente até ser limitada pelas paredes,
acumulando-se nessa área. A partir daí, a fumaça começará a descer para o piso.

12.2 Principais gases produzidos em um incêndio:


A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitos danosos ao
organismo humano. Alguns dos gases causam danos diretos aos tecidos dos
pulmões e às suas funções. Outros gases não provocam efeitos danosos
diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e chegam a outras
partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar oxigênio.
Os gases nocivos liberados pelo incêndio variam conforme quatro
fatores:
- Natureza do combustível;
- Calor produzido;
- Temperatura dos gases liberados; e
- Concentração de oxigênio.
Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO),
dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de
enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl), metano (CH4) e
amônia (NH3), e serão abordados a seguir.
a) Monóxido de Carbono (CO): Características: inodoro e incolor,
principal causador de morte. Por ter maior afinidade do que o oxigênio em relação
à hemoglobina (responsável pelo transporte do O2 para as células e tecidos), na
ordem de 200 a 300 vezes, causa asfixia química.
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b) Dióxido de Carbono (CO2): Características: asfixiante; tóxico, causa


dano e morte. Desloca o Oxigênio do Ambiente.

Efeitos da exposição humana ao CO2

nível tempo sintomas


Concentração de exposição

6% 1 a 2 minutos Distúrbios visuais e auditivos;

10 a 15% 1 minuto Tonturas, sonolência, espasmos musculares


e inconsciência,

17 a 30% menos 1’ Perda de coordenação motora, inconsciência


convulsões, pode levar ao coma e à morte.

c) Ácido Cianídrico (HCN): É produzido a partir da queima de


combustíveis que contenham nitrogênio, como os materiais sintéticos (lã, seda,
nylon, poliuretanos, plásticos e resinas). É aproximadamente vinte vezes mais
tóxico que o monóxido de carbono.
d) Ácido Clorídrico: Forma-se a partir da combustão de materiais que
contenham cloro em sua composição, como o PVC. É um gás que causa
irritações nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir distúrbios de
comportamento, disfunções respiratórias e infecções.
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e) Acroleína: É um irritante pulmonar que se forma a partir da


combustão de polietilenos encontrados em tecidos. Pode causar a morte por
complicações pulmonares horas depois da exposição.
f) Amônia: É um gás irritante e corrosivo, podendo produzir
queimaduras graves e necrose na pele. Os sintomas à exposição incluem, desde
náusea e vômitos, até danos aos lábios, boca e esôfago, sendo encontrado em
borracha, seda, nylon, etc.
Bombeiros contaminados por amônia devem receber tratamento
intensivo, serem transportados com urgência para um hospital, sem utilizar água
nem oxigênio na prestação dos primeiros socorros.
h) Óxidos de Nitrogênio: Uma grande variedade de óxidos,
correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio, podem ser formados
num incêndio. As suas formas mais comuns são o monóxido de dinitrogênio
(N2O), óxido de nitrogênio (NO), dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de
dinitrogênio (N2O4).
O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é
muito reativo com o oxigênio, formando o dióxido de nitrogênio. Esses óxidos são
produzidos, principalmente, pela queima de nitrato de celulose (filmes e papel
fotográfico) e decomposição dos nitratos orgânicos. São bastante irritantes,
podendo em seguida, tornarem-se anestésicos. Atacam o aparelho respiratório,
onde formam os ácidos nitroso e nítrico, quando em contato com a umidade da
mucosa. Na figura abaixo, observamos alguns materiais e os gases tóxicos
liberados na queima dos mesmos.
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LIÇÃO 2 – TEORIA DA COMBUSTÃO


Introdução

A disciplina de desenvolvimento do incêndio visa atualizar os


graduados nas mais recentes descobertas ligadas ao reconhecimento do incêndio
e de suas fases. Estas descobertas fomentaram ainda mais o estudo do tema o
que trouxe consigo novas técnicas de combate, possibilitando o Bombeiro o agir
consciente em sinistros. A relevância de se tratar o Desenvolvimento dos
Incêndios num curso de Habilitação a Sargentos Bombeiros, reside na
necessidade de dar subsídio teórico para o correto diagnóstico do incêndio.
Razão pela qual iniciaremos esse capítulo com uma abordagem histórica para
então tratar entre a diferença do incêndio em compartimento, as fases do incêndio
em compartimento, os comportamentos extremos do fogo e os indicadores de um
incêndio.

Com os conhecimentos adquiridos nesta disciplina os Chefes de


Guarnição/Comandantes de Socorro/Coordenadores Operacionais poderão
estabelecer as melhores táticas e preparar seus subordinados para escolherem
as melhores técnicas.
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2.1. O CFBT e sua história

Em 1982 durante um sinistro na Suécia, dois bombeiros perderam suas


vidas em razão de uma bola de fogo, até então inexplicável. Acidentes como esse
começaram a ser mais comum porque a evolução dos EPI’s, especialmente os
EPRA’s, possibilitaram aos bombeiros ingressarem nos incêndios. Essas mortes
motivaram as autoridades suecas a estudarem os sinistros a fim de entender
melhor seu objeto de trabalho, os incêndios. Podemos dizer que nesse momento
onde há a busca pelo estudo do incêndio, é considerado um marco histórico para
as habilidades de avaliar incêndio. E este estudo chama-se CFBT.

A sigla CFBT refere-se à expressão em Inglês Compartment Fire Behavior


Training podendo ser traduzida como Treinamento do Comportamento do
Incêndio em Compartimento. Essa técnica visa adestrar bombeiros em ao
observar os Incêndios Confinados identificar aspectos relevantes do
desenvolvimento do sinistro.  A diferença entre o treinamento em geral e o CFBT
é a ênfase dada ao desenvolvimento de uma compreensão do comportamento do
fogo e a influência das ações táticas nele.

Embora a capacidade tática seja importante, compreender o comportamento


do fogo e reconhecer indicadores-chave do desenvolvimento e do comportamento
do fogo são fundamentais para a segurança e a proteção/sobrevivência dos
bombeiros.

O CFBT é a Ciência que torna o bombeiro mais técnico ao abordar um


incêndio. Isso porque lhe da capacidade de “enxergar” muito mais do que um fogo
fora do controle. Mas também, como o incêndio progrediu e as possibilidades de
evolução e riscos de comportamentos extremos.

Nesse momento histórico tornou-se notável a tese de dois engenheiros que


defenderam que a fumaça incendeia, sendo eles Krister Giselsson e Mats
Rosander. Num primeiro momento eles foram rejeitados, mas mais tarde, outro
oficial da brigada de incêndios de Estocolmo (Anders Lauren) introduziu o
conceito de usar contêineres de transporte compatíveis com ISO para treinar
operadores a usar essas técnicas. Hoje o Treinamento em Comportamento de
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Incêndios em Compartimentos está consolidado a nível mundial e muitas


pesquisas, técnicas e equipamentos vêm sendo desenvolvidos.

Então os paradigmas do Combate a Incêndio mudaram. Até a década de 70


a ênfase era salvar apenas o patrimônio dos vizinhos, onde o combate exterior
prevalecia. O combate era à distância com jatos de longe e com arremesso de
água em abundância, unicamente nos combustíveis. Já hoje se exige dos
combatentes o uso de ventilação tática, resfriamento da fumaça, aproximação do
foco e uso racional da água para salvar também os bens do local sinistrado.

O CFBT chegou ao Brasil em 2006 por meio do CBMDF. De lá pra cá, várias
corporações brasileiras têm trabalhado para formar e atualizar sua tropa no
sentido de conhecer o incêndio, especialmente quanto as fumaça e seu
comportamento. O grande desafio é criar novos paradigmas de forma a mostrar
que a maneira de salvar em incêndio é bem diferente daquelas da época que não
era possível nem se quer entrar nos locais sinistrados.

2.2. Incêndio ao Ar Livre e Incêndio em Compartimento

Dominar as técnicas de combate a incêndio implica em saber a diferença


entre incêndio em compartimento daqueles que acontecem em lugares abertos.
Além disso, num incêndio estrutural o colapso de edificações altera
significativamente o incêndio. No entanto, precisamos também conhecer um
comportamento comum em toda queima, a saber: zonas de baixa pressão e zona
de alta pressão.

Sabe-se que calor é a excitação das moléculas. Quanto mais agitadas as


moléculas maior é o afastamento entre elas. Aumentando o afastamento,
aumenta também o volume dos materiais. Quando um fluido (gasoso ou líquido) é
aquecido temos correntes de convecções que nada mais é do que a subida dos
fluidos quentes e a descida dos fluidos mais frios. Isso gera um movimento
contínuo. As zona de alta pressão ocorre porque os gases aquecidos de um
incêndio exercem força ascendente tanto no ar livre como no teto da edificação
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que estiver incendiando.


O efeito das Zonas de Alta Pressão é o surgimento de Zonas de Baixa
Pressão. As Zonas de Baixa geralmente são na base do foco do incêndio. Isso
faz com que o ar seja sugado pelas áreas baixas do cômodo alimentando o
incêndio de Oxigênio. Por isso temos a máxima que todo incêndio produz o seu
próprio vento como é visto notadamente nos incêndios em zona rural.

Além da existência de paredes, tetos e do acúmulo de fumaça, os dois


aspectos mais característicos do incêndio em compartimento são:

- a oferta de oxigênio, e

- o feedback radioativo.

Sobre a oferta de oxigênio devemos considerar que em ambientes abertos


sua concentração tende a se manter em torno 21% da composição do ar. Já nos
compartimentos essa dinâmica se altera pelo fato do seu consumo do incêndio,
como, do insuficiente suprimento de ar vindo com ambiente externo e a ocupação
do cômodo pelos produtos da combustão. Logo é de conhecimento de todos que
a concentração de oxigênio em locais fechados tende a diminuir. Isso é
fundamenta para a caracterização das fases do incêndio, o surgimento de
comportamentos extremos do fogo e para o correto procedimento ao abordar tal
ambiente. Isso exige que bombeiros a partir da análise do comportamento da
fumaça e das chamas façam aberturas conforme a tática e as técnicas que
domina.

Para falar em feedback radioativo convém definir o que é Capa Térmica e


Plano Neutro. Chamamos de Capa Térmica o acúmulo de fumaça na parte
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superior do cômodo. Pelo aquecimento dos vapores e gases que compõem a


fumaça a tendência dela é manter-se próxima ao teto. Geralmente seu limite
inferior é a altura das aberturas dos prédios (portas, janelas, etc.), especialmente
se tiverem frestas ou se estiverem abertas. Devemos lembrar que justamente por
substituir parte do ar rico em oxigênio nas elevações que a Capa Térmica “evita” a
combustão rente ao teto.

Já o Plano Neutro é zona de separação entre a camada de gases quentes,


que apresentam maior pressão e a camada de ar frio, de menor pressão E ainda,
onde o oxigênio se mistura com vapores combustíveis aquecidos causando
fenômenos de ignição da fumaça. As dimensões da Capa Térmica e a altura do
Plano Neutro estão associadas a temperatura dentro do cômodo, a altura, aos
espaços das aberturas, a quantidade de ar que entra no local, a produção de
fumaça decorrente da progressão do fogo e do tipo de combustível.

Quando a Capa Térmica e o Plano Neutro estão formados, a fumaça que flui
do foco em direção as regiões mais distantes da área já queimada estarão
aquecidas. Essa fumaça quente radia calor para todo o compartimento. Esse
aquecimento chamamos de Feedback Radiativo e ele representa 70% da
propagação do calor em cômodos. A distância da fonte de calor é indiretamente
proporcional a quantidade de calor radiado. Ou seja, quanto mais longe a Capa
Térmica estiver dos combustíveis, menor será o aquecimento. Nesse caso,
independente da proximidade das chamas, todos os combustíveis serão
aquecidos. Os efeitos desse aquecimento será a secagem – retirada da umidade
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dos combustíveis – e a termólise (pirólise) que é o desprendimento de vapores


combustíveis dos móveis, aberturas, piso e outros materiais orgânicos que
compõem os salvados ou sinistrados.

2.3. Fases do Incêndio em Compartimento

Para melhor entendermos o Incêndio em Compartimento, dividimos em


fases que são visivelmente notáveis durante o sinistro. Identificar essas fases
possibilita o Bombeiro, já na chegada da ocorrência, perceber como o incêndio se
desenvolveu e como irá evoluir. Não é possível perceber todas as fases num
incêndio justamente pela intervenção que realizada.

Contudo, nos simuladores em container, o exercício é conduzido de forma a


manter todas elas para serem observadas, identificadas e conhecidas. A
relevância desse conhecimento reside na forma de abordagem na operação de
combate para ser aplicadas as mais adequadas táticas e técnicas.

As fases do incêndio estão diretamente relacionadas com a produção de


calor conforme o desenvolvimento do incêndio. Tais fases são representadas pelo
gráfico abaixo que relaciona tempo com desprendimento de calor, marcando as
etapas que passaremos a descrever.
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1ª FASE – INICIAL OU INCIPIENTE

Todo bombeiro sabe a diferença entre Incêndio e Princípio de Incêndio. O


Princípio de Incêndio é quando o fogo fora do controle está ainda em um foco
muito pequeno. A Inicial começa quando a combustão se torna autossustentável
até o ponto das chamas começarem a subir pela coluna de fumaça. Quando o
triângulo do fogo se forma temos a combustão. Isso não resulta necessariamente
em chamas como num cigarro, por exemplo. Havendo combustão e/ou chamas
surge à reação química em cadeia tornando a queima autossustentável e com
isso os quatro elementos do tetraedro do fogo. E quando há reação química em
Cadeia temos o ponto notável de temperatura denominado Combustão.

O calor da combustão gera Secagem e Termólise. Mas na Fase Incipiente


apenas os combustíveis próximos ao foco “termolizam” e desidratam e
posteriormente queimam. Todo combustível orgânico possui em sua
composição quantidades de água a depender da porosidade, composição e
umidade do ambiente. O aquecimento dos materiais e da água que estão
presentes faz com que os vapores sejam desprendidos. A secagem explica a
fumaça que  tende a cor branca no princípio do incêndio. Essa fumaça não é
tão quente, opaca, inflamável e tóxica o que geralmente permite o uso de
aparelhos extintores sem equipamentos de proteção respiratória. Logo após a
secagem teremos a termólise que é a liberação de vapores combustíveis
decorrente da quebra das ligações iônicas dos materiais por causa do calor. A
queima em um incêndio quase sempre é incompleta porque sempre há sobras de
produtos da combustão. No entanto, se a chama não for perturbada por
obstáculos (como o teto ou a coluna de fumaça) a quantidade subprodutos da
combustão será pequena. É muito importante destacar que durante a fase inicial
não há limitação do incêndio pelo oxigênio. A única limitação existente durante
a Incipiente é a quantidade de combustível e o progresso do fogo, que nessa fase
esta diretamente ligada a um conjunto de fatores que é mostrado no quadro
abaixo.
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Além do exposto neste quadro, há também o afastamento entre os


combustíveis. De forma que o isolamento do material que está queimando tende a
extinguir a combustão.

Bombeiros treinados notarão na Fase Inicial que a Capa Térmica será


tendente a branca e sem turbulência lembrando “nuvens tranquilas”. Como foi dito
tal fase se encerra quando as chamas começam a subir pela coluna de fumaça. E
com isso a dinâmica do incêndio mudará drasticamente porque as chamas serão
perturbadas ao tocarem no teto ou na própria capa térmica. E a partir deste
momento teremos a fase de Crescimento ou Desenvolvimento.

2ª FASE – CRESCIMENTO OU DESENVOLVIMENTO

De todas as fases que estamos tratando, na segunda fase é quando


geralmente equipes de bombeiros podem aplicar todo seu melhor potencial
técnico. Isso porque dificilmente será possível chegar ao local ainda na fase
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inicial. Já na terceira fase o incêndio já estará generalizado e haverá poucos


salvados no compartimento atingido.

Durante o Crescimento do Incêndio será possível salvar ou destruir


patrimônio e riquezas alheias. Destruir porque o uso indiscriminado da água, por
mais que leve ao decaimento da combustão, também será destrutiva. No vídeo
abaixo podemos observar um combate na fase de desenvolvimento.

Aperte “Ctrl” e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/EYNK19vRt3g

Essa fase tem como marco inicial a chamas subindo pela coluna de
gases e marco final a generalização do incêndio.

Ao subir pela coluna de vapores, imediatamente após o final da fase


anterior, a chama irá ser perturbada pelo teto ou pela própria fumaça acumulada
próximo a ele. Aqueles carbonos produzidos pela própria combustão que em
regra são queimados na ponta da chama, não serão consumidos devido a
perturbação causada pelo obstáculo. Isso porque os subprodutos da combustão
não serão totalmente misturados com o oxigênio presente no ar. Tal sobra de
carbono fará com que a capa térmica comece a ter uma coloração mais escura
pela abundância de carbono.

As informações até aqui tratadas sobre a fase de desenvolvimento nos


levaram a concluir que quanto mais baixo for o pé direito do cômodo maior será a
velocidade do aumento da combustão. E Segundo o Coronel Ferrari do Corpo de
Bombeiros Militar do Espírito Santo um foco no centro do cômodo tende a ter um
desenvolvimento mais lento que um foco contra uma parede. Um foco no canto de
um cômodo tende a evoluir mais rapidamente (Manual do CBMES, Pag 54).
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Além da característica construtiva do cômodo atingido outro fator que


influenciará drasticamente a progressão do incêndio nessa fase é o suprimento de
ar no cômodo. Se as portas e janelas estiverem abertas, por exemplo, a tendência
do incêndio é acelerar. Por isso os bombeiros devem dominar técnicas de
ventilação e conforme o caso ir fechando aquelas aberturas que permitem
suprimento de Oxigênio. Quanto mais entrada de ar no incêndio mais oxigênio
poderá reagir com os vapores combustíveis e seus derivados aumentando a taxa
de liberação de calor e tornando o incêndio agressivo.  Por isso dizemos que o
Incêndio em Compartimento tem como especificidade a limitação pela ventilação
e isso começa a se aplicar na segunda fase.

Como já foi explicado, acima das chamas há uma zona de sobrepressão que
empurra a fumaça para longe do foco. Logo, observar de onde está vindo a
fumaça é um indicador para onde o esguicho deve ser direcionado.
Diferentemente disso, o ar mais fresco e os vapores que estão rente ao piso irão
em direção ao foco, devido o surgimento da Zona de Baixa Pressão. Mover-se
abaixado durante a ocorrência repercute em receber menos calor no EPI. É nessa
fase que a estratificação da fumaça fica mais evidente.

Observar e avaliar o comportamento da Capa Térmica é fundamental nesse


momento e pode salvar o bombeiro. À medida que a capa térmica vai ficando
mais aquecida ela ficará mais turbulenta como a água fervente num recipiente. Se
antes ela parecia nuvens serenas agora ela ficará agitada e instável. Além disso,
se antes o limite inferior dela era o topo das aberturas e frestas, agora à medida
que for aumentando a produção de gases e diminuindo a concentração de ar, ela
certamente irá baixar diminuindo o plano neutro.

A capa térmica aquecida proporcionará o aumento do feedback radioativo.


Essa transmissão do calor proporcionará secagem e termólise nos combustíveis
mais distantes das chamas. Os vapores de água e os combustíveis agregam à
fumaça dentro do cômodo. Devemos destacar que fumaça branca indica vapor de
água, fumaça preta indica abundância de carbono e fumaça de cor caqui
abundância de vapores combustíveis decorrente da decomposição térmica
(termólise/pirólise). Os combustíveis distantes do fogo num primeiro momento não
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entram em combustão, mas liberam vapores combustíveis que por estarem


quentes sobem até a capa térmica. A capa fica, então, mais inflamável e perigosa.

Outro aspecto de suma relevância durante o crescimento do incêndio é o


surgimento de comportamentos extremos do fogo pela inflamabilidade da fumaça.
A doutrina classifica esses comportamentos em 3 gêneros que são a Ignição da
Fumaça, o Flashover e o Backdraft que serão veremos adiante. Conforme o
incêndio se desenvolve e a fumaça começa a aquecer e ficar mais inflamável
surge os fenômenos de ignição da fumaça, ainda nesta fase.

No interior do compartimento poderemos ver Ghost Flame, Rollover e


Flashover e no exterior Flame Over e Flash Fire.  Geralmente o surgimento dos
fenômenos internos ocorrem na seguinte sequência de progressão: Ghost
Flames, Rollovers e Flashover. De forma que os treinamentos preparam
combatentes a estabilizar o ambiente de forma a evitar essa progressão e
também decidir quando progredir, recuar ou se proteger.

A generalização do incêndio em compartimento dará início à próxima fase.


Mas generalização do incêndio não deve ser confundida com perda total da
edificação. É possível que tal generalização se restrinja a um dos compartimentos
ou alguns compartimentos de uma mesma edificação. Logo, progredir por debaixo
da capa térmica pode acontecer desde muito longe do cômodo incendiado. Isso
exige que bombeiros estabilizem o ambiente a fim de chegar próximo ao fogo. A
generalização na maioria dos casos acontece pelo Flashover. Aqui convém dizer
que um iminente Flashover provavelmente será precedido por Rollovers e por
abaixamento súbito da capa térmica como demonstrado no vídeo abaixo.
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Aperte “Ctrl” e clique aqui ou acessse o link https://youtu.be/fsaLCdC3iWw

É necessário ressaltar a finalização dessa fase tem diversas


possibilidades. Uma delas é o início da fase de decaimento em decorrência da
subventilação. Se durante o desenvolvimento do incêndio e antes da sua
generalização, o teor de O² reduzir a valores inferiores a 14% de concentração,
inicia-se o que chamamos de fase de decaimento. Nesse caso não haverá a fase
de desenvolvimento completo porque não houve a generalização.

Por outro lado, se forem realizadas aberturas de um cômodo, sem a correta


avaliação, poderá ocorrer o fornecimento de Oxigênio necessário para ocorrência
do Flashover induzido pela ventilação. Torna-se imprescindível então, observar
a coloração da fumaça. Fumaça preta indica presença de chama pela produção
de calor. Já fumaça de cor caqui indica subventilação pela baixa concentração de
Oxigênio. Este caso podemos dizer que é o mais perigoso e demanda maiores
cuidados.

Há também a possibilidade de generalização do incêndio sem a ocorrência


do Flashover. Nesta situação a área queimada propaga-se atingindo todo o
cômodo de forma progressiva, dos combustíveis mais próximos para os mais
distantes do foco. Neste caso não há combustão simultânea de tudo, mas as
chamas vão “caminhando” pelo compartimento como acontece nos incêndios
florestais.

3ª FASE – DESENVOLVIMENTO COMPLETO

A tendência dos incêndios em compartimento é que todos combustíveis


sejam consumidos durante o sinistro. Mesmo quando isso acontece há
necessidade de uma abordagem técnica a fim de salvar a estrutura e o mobiliário
dos demais cômodos.

Quando essa fase se estabelece haverá a maior taxa de liberação de calor e


produção de fumaça, que são perigosas e destrutivas. Também a ventilação
poderá contribuir ou prejudicar as operações de combate.
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Se bombeiros estiverem dentro da edificação, mas em outros


compartimentos não atingidos, receberão muito calor pelo Feedback radiativo da
capa térmica. Assim, será necessário estabilizar o ambiente sempre cuidando
para não gerar vapor excessivo. Pois, o vapor além de terminar de “cozinhar”
possíveis vítimas irá tornar o serviço mais desconfortável e prejudicar a
visibilidade.

É no desenvolvimento completo que a capa térmica estará próxima ao chão


na área em chamas. Além da máxima liberação de calor é nesse momento que
teremos maior pressão dentro do cômodo devido a dilatação térmica e a intensa
produção de gases. Razão essa, pela qual a fumaça será liberada por pulsos de
dentro do cômodo como em uma panela de pressão. Consequentemente o ar
será aspirado para dentro do ambiente em forma de pulsos à medida que a
pressão é aliviada.

Já no ambiente externo é comum a fumaça queimar apresentando o


fenômeno do Flameover. Aquela fumaça, que não queima, sairá do cômodo com
movimentos turbulentos indicando a alta temperatura dos produtos da combustão
e do compartimento. Nessa fase a fumaça poderá ser de cor preta, indicando que
há chamas no interior. Bem como de cor preta com misturas na cor caqui,
proveniente da pirólise. A pirólise, mencionada anteriormente, ocorre nos
combustíveis na periferia da área queimada e em especial nos demais
compartimentos.

Durante esta fase do incêndio a combustão estará limitada ou pelo


combustível, que tende a se consumir totalmente, ou pela ventilação dependendo
das condições da estrutura. Razão pela qual o domínio das técnicas de ventilação
tática é relevante também durante o desenvolvimento completo.

Enquanto a quantidade de liberação de calor estiver no ápice conforme


demonstrada no gráfico no início da página 6, a última fase ainda não se
estabeleceu. Assim como nas demais fases a velocidade da combustão irá variar
considerando a combinação dos três elementos do triangulo do fogo, a posição
dos combustíveis, a quantidade de comburente vindo do exterior etc.
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Segundo o Tenente Coronel Ferrari a temperatura média dos gases em um


cômodo na fase de desenvolvimento completo fica em torno de 700º a 1500º C
dependendo das características dos combustíveis presentes e da configuração do
cômodo (Manual do CBMES, Pag 61). Considerando que os EPI’s de combate a
incêndio são projetados para resistirem a 240°C, nenhum bombeiro deve estar
num ambiente de incêndio totalmente desenvolvido. Razão pela qual convém
conhecer os indicadores de um iminente Flashover que será tratado a seguir.

Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/xr6b9b8FYKk

4ª FASE – DECAIMENTO

Chamamos de fase de decaimento quando um incêndio começa a diminuir a


quantidade de liberação de calor. Mas é necessário deixar claro que tal
decaimento não ocorre necessariamente após o seu desenvolvimento completo.
Ou seja, mesmo durante a fase incipiente, de crescimento ou desenvolvimento
completo o incêndio pode começar a decair. Isso ocorre quando um dos
elementos do tetraedro do fogo é total ou parcialmente retirado da área de
queima. Não podemos confundir decaimento com extinção. Isso significa que
mesmo que a combustão tenha diminuído ela pode voltar a crescer ou se
desenvolver novamente dependendo das alterações realizadas no ambiente.

a. Decaimento pela diminuição de combustíveis – Logicamente


estamos tratando do decaimento pelo exaurimento dos combustíveis do incêndio.
Nesse caso o incêndio tende a se extinguir e a progressão limitar-se pelo material
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queimado. Nem por isso o evento deixa de ser perigoso porque a depender do
isolamento do compartimento o ambiente pode apresentar temperaturas
extremas. Uma das características dessa condição é a diminuição das chamas e/
ou a presença somente de brasas. Mas o cuidado deve se concentrar nos gases
ainda quentes, especialmente nas elevações da edificação, que se indevidamente
ventilados podem entrar em ignição ou mesmo explodir. O mais comum é que o
decaimento pelo exaurimento dos combustíveis ocorra após a fase de
desenvolvimento completo, mas pode acontecer pela simples retirada do
combustível a qualquer tempo.
b. Decaimento pela quebra da reação química em cadeia – Se
decaimento é a diminuição da liberação de calor do incêndio, qualquer
intervenção que ocasione isso pode ser chamada de decaimento. A quebra da
reação química em cadeia só pode extinguir o incêndio por intervenção artificial.
Alguns sistemas ativos de extinção de incêndios, visando proteger o patrimônio
presentes nos compartimentos, agem liberando agentes químicos que interferem
na combustão sem abafar, resfriar ou retirar o combustível. Por terem maior
afinidade com o comburente, com os vapores provenientes da termólise ou com
os subprodutos da combustão, impedem que a combustão se concretize.
c. Decaimento pela retirada de calor – Assim como a quebra da reação
química em cadeia o resfriamento decorre de uma extinção artificial. É isso que as
equipes de bombeiros fazem ao jogarem água na fumaça ou no combustível. A
outra possibilidade é a ativação de sprinklers previamente instalados no
compartimento. Geralmente esse acionamento ocorre nas fases incipientes ou de
desenvolvimento. Pois se fosse na de desenvolvimento completo não se
justificaria o investimento em sistemas como esse.
No vídeo a seguir há duas possibilidades de resfriamento, uma por
acionamento dos sprinklers e outro pela aplicação do pulso longo de alta vazão
(ZOTI).
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Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/Y8ktyf4uxtc

d. Decaimento pela diminuição de oferta de Oxigênio ou INCUBAÇÃO


– A incubação também pode acontecer antes ou depois do desenvolvimento
completo. As condições de um incêndio em compartimento incubado são
especialmente perigosas devido ao comportamento extremo do fogo chamado
Backdraft. A tabela abaixo mostra os efeitos da subventilação nos incêndios.

Tabela do Manual do CBMES

Podemos concluir que só é possível extinguir a combustão por abafamento


se levarmos a concentração de Oxigênio no ambiente a uma proporção menor do
que 7%.

Enquanto a concentração de O² estiver entre 21 e 14% teremos queima


viva cuja característica é a presença de chamas. Abaixo dos 14% teremos queima
lenta e ainda que não tenha chamas a combustão se mantém com uma
intensidade menor. Ou seja, presença somente de brasas. Se há combustão
haverá produção de calor, mesmo que em menor quantidade do que na fase de
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desenvolvimento completo. Para a temperatura aumentar, se manter ou diminuir


dependerá muito do isolamento térmico do compartimento.

Todavia, devemos concluir que o consumo dos vapores inflamáveis será


menor, o que torna a capa térmica mais combustível. Devido ao menor consumo
de vapores combustíveis e a manutenção das altas temperaturas é que decorre a
maior possibilidade de ignição ou explosão da capa térmica durante o decaimento

Se a concentração de Oxigênio for menor do que 7%, ele não


sustenta a combustão. Mas isso não implica necessariamente rápida redução da
temperatura. O calor residual pode estar ainda produzindo termólise o que
mantém o ambiente com alto risco de explosividade. A consequência disso é que
mesmo um incêndio incubado sem presença de combustão ainda não está
controlado e requer procedimentos técnicos de ventilação e/ou resfriamento de
forma a neutralizar os riscos presentes. No vídeo a seguir é possível notar pelo
exterior da edificação os indicadores de um incêndio incubado.

Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/JdEI7g2i1ZU

2.4. Comportamentos Extremos do Fogo

Se distinguir cada fase do incêndio em compartimento nos torna mais


técnicos e atualizados, não é diferente em relação a cada comportamento
extremo do fogo. Isso porque cada ambiente ou fenômeno tem uma forma
peculiar de abordagem. O estudo dos comportamentos extremos do fogo surge
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juntamente com o próprio CFBT. Na verdade, foram tais fenômenos que


motivaram as autoridades suecas a entender o que estava matando bombeiros.

Depois da descoberta de que a fumaça também é combustível foi possível


classificar cada um desses comportamentos. Hoje os comportamentos extremos
do fogo são classificados em três gêneros, a saber: A ignição da Fumaça, a
Generalização do Incêndio e a Explosão da Fumaça. Será justamente por essa
classificação que vamos estudar cada um deles e seus subgrupos.

Usaremos os termos em inglês porque estão consagrados e para facilitar o


estudo de materiais produzidos no mundo todo. E ainda chamamos a atenção ao
gênero ignição da fumaça pela existência de vários tipos. Abaixo temos uma
tabela do Manual de Incêndio do CBMDF que diferencia e resume cada um
desses grupos e sua ocorrência nos incêndios urbanos.

Manual básico de combate à incêndio CBMDF – Módulo I

Tentaremos aqui, além de identificar e explicar cada um deles, enumerar


cada um dos indicadores de condições favoráveis a sua ocorrência para subsidiar
os operadores de combate a incêndio com informações pertinentes a sua
atuação. Algumas condições são comuns a qualquer comportamento, vejamos:

● Podem acontecer em edificações com qualquer característica


construtiva (concreto, madeira, metal ou mistas);
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●     Não precisam de muito tempo de queima e podem ocasionar em


incêndio de propagação rápida;
●     São eventos que ocorrem em ambientes compartimentados com
limitação de paredes, tetos, pavimentos etc. Para ocorrerem precisam de
limitadores do escoamento da fumaça porque dependem desse acúmulo.

2.4.1. Ignição da Fumaça e suas manifestações

Como já explicado anteriormente o carbono e os vapores presentes na


fumaça a tornam inflamável e até explosiva. O gênero ignição da fumaça ocorre
quando tais vapores combustíveis entram em contato com o oxigênio ausente no
ambiente ou com uma fonte de calor que da origem a combustão na fumaça.
Passamos então a tratar cada um desses fenômenos.

a. GHOST FLAMES (tradução literal – chamas fantasmas) – São


pequenos, esporádicos e repentinos clarões localizados, dentro da capa térmica.
Isso justifica sua comparação com fantasmas. Podem ser comparados também
com os raios que acontecem dentro das nuvens em uma tempestade. A capa
térmica não queima por causa da ausência de oxigênio. No entanto quando ela
esta aquecida sua turbulência proporciona a entrada de ar no seu interior. A
mistura combustível/comburente com o calor proporciona pequenas queimas no
interior da fumaça.

INDICADORES
● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas
temperaturas no interior do compartimento;
● antecedem a ocorrência de Rollover e Flashover;
● a temperatura estará em torno de 600° C.
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Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse https://youtu.be/jNxhPkeAli0?t=31s

b. ROLLOVER (tradução literal: rolamento) – Tem esse nome porque


as chamas “rolam” na capa térmica a partir do foco em direção a áreas mais
afastadas. Abaixo dessas chamas haverá grande temperatura pelo aumento do
feedback radiativo e deve ser evitado a presença de bombeiros.

INDICADORES
● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas
temperaturas no interior do compartimento;
● são precedidos de GhostFlames;
● são evidentes indicadores da eminência de Flashover;
● pode mostrar a localização do foco.
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c. FLAME OVER (tradução literal: chamas de ponta) – São
popularmente chamadas de línguas de fogo devido sua aparição nos marcos de
janelas ou portas. Diferentemente do Backdraft, nesse caso é a fumaça que vai
em direção ao oxigênio que lhe falta. Ocorrem porque a fumaça já em
temperatura de ignição entra em contato com o comburente no exterior. O Flame
Over ocorre fora do compartimento sinistrado, mas não necessariamente no
exterior da edificação. Por decorrer justamente da subventilação no
compartimento, o Flame Over não indica que há necessariamente chama no
interior. Ele pode acontecer em aberturas expostas ou quando há rápidas
aberturas nas janelas ou portas.

INDICADORES
● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas
temperaturas no exterior do compartimento sinistrado;
● decorrem de fumaça com temperatura acima ou no ponto de
ignição;
● podem preceder Blackdraft ou Flashover;
● não permitem supor a existência ou não de chama no interior da
edificação;
● são precedidos de fumaça quentes e turbulenta;

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FLASHFIRE (tradução literal: fogo rápido). Esse fogo rápido acontece quando o
combustível da fumaça altamente inflamável está adequadamente misturado ao
comburente. No entanto não está aquecida suficientemente para entrar em
combustão. Logo ela precisa apenas de uma fonte de calor. Esse fenômeno
acontece comumente nos cômodos adjacentes aos compartimentos sinistrados.
Quando o incêndio entra em decaimento por subventilação há condições para
queima lenta. Tal queima lenta além de aquecer os combustíveis e produzir
termólise consome poucos vapores oriundos da decomposição térmica. A
produção de vapor aumenta a pressão e faz com que esses vapores sejam
expulsos para os compartimentos onde ainda não há combustão nem temperatura
elevada. Essa fumaça, geralmente na cor caqui, se acumula nas partes
superiores da edificação, especialmente nos pavimentos superiores. Mas pode
acontecer em edificações de apenas um pavimento ou no mesmo pavimento do
local incendiado. Logo, para formar o triangulo do fogo só é necessária uma fonte
de calor que pode vir da abertura inadequada do compartimento de origem ou do
acendimento de uma lâmpada na peça da edificação, por exemplo. E importante
destacar que o Flashfire pode atingir bens que até então eram salvados e não
sinistrados.

INDICADORES
● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis sem elevadas
temperaturas no exterior do compartimento;
● atingem geralmente os salvados;
● indicam que no compartimento de origem pode haver queima lenta;
● a fumaça não está no ponto notável de temperatura chamado de
ignição.
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Aperte Ctrl e Clique aqui ou acesse https://youtu.be/2f5TTDd0klo

Ações incorretas em incêndios podem agravar e destruir mais do que já foi


atingido. Para finalizar a sessão sobre ignição da fumaça transcrevemos parte do
Manual Operacional de Bombeiro do CBMGO como segue:

“A ignição da fumaça decorre principalmente de:

● Colapso de estruturas da edificação sinistrada, permitindo com que


a fumaça antes confinada no ambiente entre em contato com uma fonte de calor
ou com o comburente;

● Curto circuito da rede elétrica ou faiscamento de equipamento


motomecanizados presentes no ambiente incendiado;

● Uso incorreto de ventilação por pressão positiva, que poderá


direcionar a fumaça para um ambiente onde haja algum tipo de agente ígneo;

● Uso de jatos de água de forma indiscriminada e incorreta, tendo em


vista que o deslocamento de ar gerado pela utilização desses jatos podem
empurrar a fumaça para ambientes que contenham fontes de calor;
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● Ação de rescaldo mal conduzida, tendo em vista que o rescaldo


pode deixar a mostra materiais incandescentes com potencial para incendiar a
fumaça.”

2.4.2. Generalização do Incêndio por Flashover

Entendemos como Flashover, o fenômeno no qual todos os combustíveis


presentes no compartimento entram em ignição simultaneamente. Inclusive
aqueles que estão longe do foco. Como já foi dito, esse comportamento extremo
do fogo só acontece porque as paredes e tetos da edificação proporcionam o
feedback radiativo. No entanto, a característica da edificação não deve causar
subventilação.
A alta pressão próxima ao foco faz com que os vapores aquecidos se
distanciem das chamas tornando a capa térmica aquecida. A dinâmica que afasta
os vapores mais quente da chama permite que toda a capa térmica se aqueça. E
é justamente a capa térmica que radia calor aos materiais combustíveis que estão
abaixo dela. Tais materiais sofrem secagem e posteriormente termólise. Mas seu
afastamento do foco não proporciona sua combustão num primeiro momento. Os
vapores da decomposição térmica compõem a capa térmica que vai se tornando
cada vez mais combustível. Enquanto a fumaça vai se tornando mais combustível
e quente as condições para a generalização do incêndio se estabelecem.
O Flashover ocorre quando todos os combustíveis atingem os pontos de
ignição ao mesmo tempo.
INDICADORES
● Fumaça densa, escura e quente;
● Desprendimento de vapores dos materiais orgânicos presentes do
compartimento.
● Capa térmica turbulenta;
● Presença de chamas no interior da edificação;
● Ghost flame;
● Flameover;
● Rollover;
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● Súbito abaixamento da Capa Térmica.

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2.4.3. Explosão da Fumaça - Backdraft

Como qualquer outra explosão o perigo do Backdraft depende do tamanho


da sua onda de choque. Ainda que seja um fenômeno raro, por depender de
condições muito ideais, deve ser conhecido por bombeiros. Os principais
aspectos a serem conhecidos são seus indicadores e as técnicas de abordagem.
O Backdraft depende do decaimento do incêndio por subventilação. A faixa
de concentração de oxigênio para a formação das condições explosivas fica em
torno de 14 a 7% no ar. Mas mesmo abaixo dos 7% tais condições podem se
manter por algum tempo. Já a explosão ocorre quando o ambiente é aberto de
forma a permitir o suprimento suficiente de ar rico em oxigênio por um tempo
necessário.
Antes de descrever o evento vamos abordar o que acontece antes das
aberturas que permitem a ventilação inadequada. Ao chegar na faixa de 14% de
oxigênio a combustão se mantém com uma velocidade reduzida. A queima lenta
tem como característica principal a ausência de chamas. Além disso o consumo
dos subprodutos da combustão também é reduzido pela deficiência de
comburente. Por se manter, a queima lenta não interrompe o desprendimento de
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calor e a decomposição térmica continua. Por isso os vapores combustíveis


continuam a aumentar a explosividade da capa térmica.
Haverá, então no ambiente, uma sobrepressão pela produção e expansão
térmica dos gases, o que ocasiona pulsos de entrada e de saída nas frestas do
compartimento. Isso porque quando a pressão é aumentada a fumaça é expulsa
das frestas superiores do compartimento até que seja aliviada. Em consequência
disto o ar exterior é sugado para dentro da mesma forma, por pulsos.
Os vapores produzidos no interior da área sinistrada podem condensar nas
vidraças do compartimento. Isso causa um visível escorrimento nos vidros.
A coloração da fumaça tende a ser clara ou de cor caqui. Isso pela
abundancia de monóxido de carbono e por subprodutos da combustão.
O som é uma onda mecânica, logo, depende de matéria para se propagar.
Como dentro do compartimento há, no caso em questão, sobrepressão a
tendência é que o som vindo de dentro do compartimento seja abafado. A isso
chamamos de efeito algodão.
Quando o compartimento é aberto a pressão é aliviada. Ao expulsar a
fumaça, forma-se uma zona de baixa pressão rente ao piso que atrai o ar
atmosférico para a base do foco. Esse ar proporciona que as chamas cresçam e
sejam a fonte de ignição para a explosão da fumaça a partir do foco.

INDICADORES
● Ambiente totalmente fechado;
● Ausência de chamas no interior da edificação;
● Janelas, portas e maçanetas aquecidas;
● Oleosidade e escorrimento nas vidraças;
● Fumaça preta, caqui e turbulenta pulsante nas frestas superiores;
● Entradas de ar pulsante nas frestas inferiores;
● Presença de Flameover.
● Efeito algodão.
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Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse https://youtu.be/D2mqyBeLJBA

LIÇÃO 3 – ÁGUA NO COMBATE A INCÊNDIO


Com base nos fundamentos estudados na lição anterior, passaremos a
analisar como o Incêndio se desenvolve em um ambiente compartimentado, suas
fases e os fenômenos extremos causados pela ignição da fumaça. Ao final da
lição você compreenderá o motivo pelo qual a fumaça deve ser tratada como
combustível em um incêndio, e não apenas o foco, e entender os riscos caso ela
não seja controlada incêndio estrutural.

Bom estudo!

Objetivos Específicos
Ao final da lição o aluno deverá:
→ Conhecer as vantagens e desvantagens do uso da água;
→ Identificar as propriedades físico-químico da água;
→ Entender a micropulverização a água;
→ Conceituar pressão nominal, pressão residual e perda de carga;
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→ Calcular a PC, a fim de saber quanto de PN irá utilizar na ocorrência,


considerando a perda de carga;
→ Dimensionar o número de mangueiras em um evento;
→ Entender o que é o Golpe de Aríete;
→ Compreender a importância da linha de resfriamento.

Introdução
A água atua na combustão principalmente por resfriamento, sendo a sua
elevada eficiência de arrefecimento resultante da grande capacidade de absorver
calor.
A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as
pequenas gotas de água vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido e
possuem área total de contato maior, absorvendo mais rapidamente o calor da
combustão. É o agente extintor "universal". A sua abundância e as suas
características de emprego, sob diversas formas, possibilitam a sua aplicação em
diversas classes de incêndio.
Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por
abafamento, podendo paralelamente a este processo agir por emulsificação e por
diluição, segundo a maneira como é empregada.
A água só perde para o hidrogênio e o hélio em calor específico e, dentre
os líquidos à temperatura ambiente, é o que apresenta maior calor latente de
vaporização. O calor específico da água é da ordem de 1 cal/g °C, ou seja, para
elevar em 1°C a temperatura de 1 grama de água é necessário 1 caloria. Quer
dizer que cada grama de água lançada em um incêndio absorverá 1 caloria para
cada grau centígrado de temperatura que elevar.
Uma massa de 1 Kg de água lançado em um incêndio, considerando a
temperatura inicial de 20°C, terá o volume inicial de 1 litro. Esses 1000 gramas de
água absorverão calor no estado líquido até atingir a temperatura de 100°C,
quando então passará para o estado de vapor. 1000g x 80°C (de 20 para 100°C)
= 80.000 cal ou 80 Kcal.
Além do calor específico da água ser alto, o calor latente de vaporização
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é elevadíssimo. Para transformar 1g de água líquida a 100°C em 1g de vapor a


100°C, são necessárias 540cal.
Voltando ao exemplo anterior, os 1000g de água absorveriam para mudar
de estado físico 540.000cal.
Vê-se, assim, que a água absorve quase 7 vezes mais calor para mudar
de estado físico do que para aquecer de 20° para 100° C.
Conclui-se que um combate usando água será tanto mais eficiente
quanto mais conseguir evaporar a água. A água escorrida deixou de absorver os
540cal/g que absorveria ao ferver e parte da energia que absorveria para alcançar
os 100°C.
Por muitos anos, a água ter sido aplicada no combate a incêndio sob a forma de
jato pleno, hoje sabemos que a água apresenta um resultado melhor quando
aplicada de modo pulverizado, pois absorve calor numa velocidade muito maior,
diminuindo consideravelmente a temperatura do incêndio e, consequentemente,
extinguindo-o. Quando fragmentamos as gotículas de água, envolve o fogo em
suas proximidades, portanto reduz o volume de ar (oxigênio) necessário ao
sustento da combustão. Além disso, expulsa a fumaça para fora do ambiente.
O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado
de alta velocidade. Dependendo do combustível, somente se consegue este efeito
por meio da adição de produtos à agua (aditivos).
Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos
inflamáveis viscosos, pois o efeito de resfriamento que a água proporcionará na
superfície de tais líquidos, impedirá a liberação de seus vapores inflamáveis.
Normalmente na emulsificação, gotas de líquidos inflamáveis ficam
envolvidas individualmente por gotas de água, dando no caso dos óleos, aspecto
leitoso; com alguns líquidos viscosos a emulsificação apresenta-se na forma de
uma espuma que retarda a liberação dos vapores inflamáveis.
O efeito de diluição é obtido quando usamos água no combate a
combustíveis nela solúveis, tomando o cuidado para não derramar o combustível
do seu reservatório antes da diluição adequada do mesmo, o que provocaria uma
propagação do incêndio.
Apesar da grande variedade de agentes extintores, os mais utilizados
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pelos bombeiros são a água e a espuma. Pelo menos, salvo as viaturas


especializadas para combate a incêndio em aeródromos, que possuem grandes
baterias de PQS, as viaturas regulares de combate a incêndio permitem o
combate com água do tanque e espuma (bombonas de LGE).
Em virtude disso, dedicamos neste capítulo, uma atenção especial a
esses agentes extintores aprofundando um pouco o estudo acerca do seu uso
nas operações de combate a incêndio.

3.1. Propriedades extintora da água


A água é capaz de absorver grandes quantidades de calor e quanto maior
a sua fragmentação mais rápida é a absorção de calor. Ela possui elevado calor
específico (perde apenas para o Hidrogênio e o Hélio) e tem o mais elevado calor
latente de vaporização dentre todos os líquidos à temperatura ambiente.
A transformação da água em vapor é outro fator que influencia na extinção
de incêndios. Seu volume aumenta 1.700 vezes, na passagem do estado líquido
reduzindo, deste modo, a quantidade de oxigênio disponível para sustentar a
combustão. Para um melhor entendimento, vamos imaginar um esguicho
descarregando 300 lpm (litros por minuto) de água, em um local com temperatura
maior que 100 °C. A essa temperatura, a água transformar-se em vapor. Durante
um minuto de operação, 300 litros de água serão vaporizados, expandindo-se
para cerca de 510.000 litros (300 x 1.700) de vapor. Esse vapor é suficiente para
ocupar um compartimento medindo 17m de comprimento por 10m de largura e
3m de altura.
Em atmosferas extremamente aquecidas, o vapor se expande em
volumes ainda maiores. Essa expansão é rápida, e se o local estiver tomado por
fumaça e gases, o vapor, ali gerado, expulsará esses gases. O correto
entendimento e aproveitamento desse potencial da água são indispensáveis no
combate a incêndio de qualidade.
Portanto, pode-se afirmar que a utilização da água no Combate a
Incêndio ocorre pelas seguintes vantagens: É abundante no ambiente, possui
baixo valor econômico, é altamente expansível quando em estado de vapor e é
um bom agente extintor (alta capacidade de absorção de calor e alto poder de
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expansão).
No entanto, possui características desfavoráveis ao combate a incêndio:
alta tensão superficial, baixa viscosidade e bom condutor de corrente elétrica.

..
3 2 Elementos que interferem na utilização da água no combate
a incêndios
A aplicação de água por uma linha de mangueira pode ser muito
diversificada. A forma e eficiência com que a água é lançada varia conforme
vários fatores: Pressão, vasão, fluxo de água e jato.

3.2.1. Pressão

Pressão é a ação de uma força sobre uma área. Em termos práticos, isto é, no
serviço de bombeiros, a pressão é a força que se aplica na água para esta fluir
através de mangueiras, tubulações e esguichos, de uma extremidade a outra. É
importante notar que o fluxo em si não caracteriza a pressão, pois se a outra
extremidade do tubo estiver fechada por uma tampa, a água estará “empurrando”
a tampa, apesar de não estar fluindo.
Quanto maior a pressão imprimida pela bomba, maior pode ser a
velocidade com que flui a água ao deixar o esguicho. Em consequência disso, em
um esguicho com a regulagem mantida, a pura variação da pressão acarretará
mudanças no jato como alcance, dispersão, fragmentação, etc.

a) Pressão dinâmica - é a pressão de descarga, medida na expedição, enquanto


a água está fluindo.

b) Pressão estática - é a pressão sobre um líquido que não está fluindo, por
exemplo, uma mangueira com esguicho fechado, sendo pressurizada por uma
bomba. A ação da gravidade pode, também, produzir pressão estática. Por
exemplo, no fundo de um tanque haverá pressão, resultante do peso da água
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sobre a área do fundo do tanque.

c) Perda de carga - A água sob pressão tende a se distribuir em todas as


direções, como quando se enche uma bexiga de borracha com ar. Contudo, as
paredes internas de mangueiras, tubulações, esguichos, etc. impedem a
expansão da água em todas as direções, conduzindo-a num único sentido. Ao
evitar a expansão da água, direcionando-a, as paredes absorvem parte da força
aplicada na água, “roubando” energia. Isto explica por que a força aplicada
diminui de intensidade à medida que a água vai caminhando pelas tubulações. A
isto chamamos perda de carga.

A força da gravidade é um outro fator que acarreta perda de carga. Quando a


água é recalcada de um nível inferior para um nível superior, a força da gravidade
“puxa” a água para baixo, o que diminui a pressão. A força da gravidade também
poderá ser utilizada no aumento da pressão, ao se fazer a água fluir de um nível
superior para um nível inferior.
Se considerarmos o pé-direito de um pavimento medindo 3 metros e
arredondando a soma da altura de 3 pavimentos para 10m (o metro a mais será
contado para que seja considerada a perda de carga por atrito na tubulação),
então temos que em 3 pavimentos perde-se, por gravidade 10 m.c.a. o que
corresponde a, aproximadamente, 1Kgf/cm2 ou 15 Lb/pol2 (PSI - Pound Square
Inch).
Devido aos arredondamentos desfavoráveis que consideram a perda por
atrito, se dividirmos por 3, temos que a perda de carga por gravidade pode ser
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considerada em termos práticos da seguinte forma:


1 pavimento = perda de 0,3 kgf/cm2 ou 5 Lb/pol2.
Segundo dados dos fabricantes de mangueira, considerando uma vazão
de 30 galões por minuto, a cada 15m de mangueira de 38mm, perde-se 2,25 PSI
(ou 0,15 Kgf/cm2). Para as mangueiras de 63mm a perda é de 0,225 PSI (0,015
Kgf/cm2)

d) Pressão residual - conhecida como “pressão no esguicho”, é a pressão da


bomba de
incêndio menos a perda de carga com a variação de altura.

METODOLOGIA PARA ESTIMAR PERDA DE CARGA


O principal desafio para um Operador de Viatura de Combate à Incêndio é
estimar a perda de carga para que a pressão adequada chegue ao esguicho. A
melhor metodologia é a que se encontra na página 144 e seguintes do Volume 3
do Manual de Combate à Incêndio do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Lá
está escrito que, considerando esguichos cuja pressão de trabalho é de 7 kgf/cm²,
o motorista deve empregar de 8 a 9 Kgf/cm² no corpo da bomba para
estabelecimentos no plano horizontal de até 10 mangueiras. Caso o número de
mangueiras seja mais do que isso o Chefe de Guarnição deverá solicitar o
aumento da pressão a cada 1 kgf/cm² com o limite de 11 kgf/cm². Mas o principal
parâmetro do CG para solicitar mais pressão é qualidade dos jatos atomizados.
Logo, a bomba deve ser regulada inicialmente entre 8 à 9 kgf/cm² somando-se 0,3
kgf/cm² para cada pavimento em incêndios em edificações verticais sempre
considerando-se a qualidade do jato.

Imagem do Manual de Combate a Incêndio CBMDF Volume 3


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e) Golpe de aríete - quando o fluxo de água, através de uma tubulação ou


mangueira, é interrompido de modo súbito, surge uma força resultante que é
chamada “golpe de aríete”. A súbita interrupção do fluxo determina a mudança de
sentido da pressão (da bomba ao esguicho, para do esguicho à bomba), sendo
esta instantaneamente multiplicada. Esse excesso de pressão causa danos aos
equipamentos hidráulicos e às bombas de incêndio.
Os esguichos, hidrantes, válvulas e estranguladores de mangueira devem ser

fechados lentamente, de forma a prevenir e evitar o golpe de aríete. Há técnicas


qe permitem o fechamento brusco do fluxo de água quando se trabalha com
pressões limitadas e baixa vazão, mas são exceção.
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f) Efeito Bernoulli
Para entender o funcionamento da aplicação da espuma e da ventilação
hidráulica (tópicos que serão vistos adiante) é necessário que se entenda o efeito
Bernoulli. O efeito Bernoulli ocorre na movimentação dos fluídos, por isso, aplica-
se à água e também ao ar, como aos demais fluídos.
O princípio de Bernoulli indica que um fluído, ao passar por um
estreitamento, como o de um tubo Venturi, ganha velocidade, energia cinética, às
custas da pressão do fluído. É o que se pode ver na figura ao lado, com um fluxo
de ar (flow) fazendo com que a água (no tubo estreito inferior) penda para o lado
esquerdo devido à diferença de pressão do fluído nas duas partes do tubo maior.
Esse princípio tem vasta aplicação na atividade de bombeiros. Como visto
anteriormente, ele explica e permite o funcionamento do aparelho entrelinhas e do
esguicho produtor de espuma. Além disso, verificamos o princípio também no
emprego das variadas técnicas de manejo do esguicho.

3.2.2. Vazão:
Quanto maior a vazão, maior a quantidade de água que flui, o que é óbvio. Menos óbvio
é que a vazão interfere na fragmentação do jato e, principalmente, é o fator que mais
influi no “recuo” da mangueira. Quanto maior a vazão, maior a força que o jato d'água faz
empurrando a mangueira para trás e maior também será o golpe de aríete provocado
pela interrupção brusca no fluxo de água.
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3.2.3. Regulagem do jato:


A regulagem de jato possibilitada pelo esguicho permite uma variação no jato, afetando
principalmente o seu formato, além disso, a fragmentação e a velocidade da água
(conforme já visto).

3.2.4. Regulagem do Fluxo de água:


A abertura do esguicho interfere no jato. A quantidade de água lançada e, até
certo ponto, a velocidade da água, são grandemente influenciadas pelo manejo do
mecanismo de abertura.

3.2.5. Velocidade:
A velocidade com que a água sai interfere no formato, na fragmentação e no
alcance do jato d'água. Interfere também no recuo, no entanto, menos que a vazão. Ela é
diretamente influenciada pela pressão imprimida pela bomba, mas pode ser alterada por
outros meios como fechamento parcial do esguicho e a posição do anteparo do esguicho.

Combinando as regulagens possíveis, temos várias técnicas de combate a


incêndio baseadas no manejo do esguicho e na aplicação de água. No entanto, não
importa a técnica utilizada, não podemos deixar referir Manual Técnico de combate a
incêndio Urbano do CBMES:

a) Qualquer jato de água sobre um mesmo ponto por mais de 3


segundos é ineficiente. Se nesse tempo o jato não for capaz de
sobrepujar as chamas (taxa de absorção de calor < taxa de liberação de
calor) é sinal que é necessário aumentar a capacidade de resfriamento
pelo aumento da quantidade de água (maior vazão ou mais linhas) ou
pela otimização de seu emprego (maior fragmentação).

b) Excesso de vapor de água é prejudicial ao combate, pois:


- Perturba o balanço térmico trazendo aos níveis mais baixos o
excesso de calor dos níveis superiores
- Com a descida do plano neutro, perde-se visibilidade;

- O vapor penetra na capa de aproximação, queimando os


bombeiros;
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- Água que escorre é água desperdiçada, pois ela absorve muito


mais calor para evaporar e na forma de vapor, do que para aquecer no
estado líquido.
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LIÇÃO 4 - TÉCNICAS DE COMBATE A


INCÊNDIO
Introdução
Antes de falarmos sobre as técnicas de combate propriamente ditas, é
necessário que falemos dos modos de ataque ou táticas.

As operações de combate a incêndio estrutural (as que ocorrem em


edificações) podem ser conduzidas por duas linhas diferentes de ação: ofensiva e
defensiva.

As operações ofensivas consistem na penetração e combate ao incêndio


no interior da edificação. As operações defensivas consistem no combate externo,
feito do lado de fora da edificação, concentrando esforços também no isolamento
do incêndio.

Os dois modos de atuação requerem o emprego de técnicas diferentes


para o combate e extinção das chamas, as quais veremos adiante.

Agora, o que define se o combate se dará no modo ofensivo ou defensivo?

De modo geral, cinco situações remetem o combate a incêndio estrutural


ao modo defensivo:

* Edificação completamente tomada pelas chamas;

* Risco de colapso da estrutura.

*Presença de produtos perigosos;

*Falta de EPI/EPRA;

*Equipes de socorro não treinadas em combate ofensivo.

Mesmo os riscos de fenômenos de comportamento extremo do fogo não


impedem a operação ofensiva. Pode ser que se atue defensivamente até que os
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riscos de fenômenos de ignição rápida dos gases sejam contornados e, então, a


operação passa a ser ofensiva.

Todos em uma operação devem saber o modo de atuação, pois, como uma
edificação tem geralmente no mínimo 4 lados, não é possível que o responsável
vigie todas as frentes de combate. Isso quer dizer que uma linha pode não saber
o que a outra está fazendo, podendo gerar um problema caso não se saiba o
modo de atuação.

Digamos que uma linha inicie um combate defensivo de um lado enquanto


outra linha em um lado adjacente resolva penetrar na edificação. A atuação da
primeira linha pode gerar um fenômeno de comportamento extremo do fogo que
nem sequer será anunciado se não se souber que alguém adentrou mudando a
operação para defensiva. Por isso todos devem saber o modo de atuação, e a
decisão sobre qual será adotado cabe ao responsável pela operação.

Os bombeiros devem estar aptos a executar com rapidez e eficiência as


evoluções determinadas pelo comandante da guarnição. Este nível de
profissionalização é alcançado quando há empenho no treinamento por parte das
guarnições que trabalham juntas. A familiaridade com os equipamentos de
combate a incêndio e com as técnicas é obtida através de instrução constante.

A guarnição deve trabalhar como uma equipe, onde cada bombeiro tem
sua missão definida conforme o protocolo de procedimentos para as situações.

Os brigadistas, por geralmente não disporem de EPI capaz de permiti-los


realizar um combate ofensivo, devem proceder apenas o combate no modo
defensivo.

Feitas as considerações que permitem entender o combate ofensivo e


defensivo, passemos às técnicas de combate.

Técnicas de combate a incêndio são formas de utilização dos meios


disponíveis para combater incêndios com maior segurança e com um mínimo de
danos durante o combate. Como já mencionado anteriormente, combater
incêndios não é sinônimo de “apagar o fogo”. Combater é combater. Importante
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frisar isso, por mais redundante que pareça. Muitas ações de combate não tem o
objetivo de apagar o fogo, de extinguir as chamas. Muitas vezes o combate
requer ações que focam outros objetivos.

Em um combate a incêndio, há um conjunto de ações que não dizem


respeito ao ataque ao fogo em si, ou seja, não se tratam de extinção, mas que
compõem as operações que visam o término do incêndio. Por isso, chamamos
tais ações de operações de combate e não de extinção.

No combate a incêndio, muitas vezes faz-se necessário o emprego de tais


ações antes, durante ou após os trabalhos de extinção propriamente ditos.

4.2. Isolamento e Confinamento

Em um grande número de casos, ou a situação não permite ou a tática não


recomenda o combate direto e imediato ao foco. Por vezes é necessário, antes
disso, ou concomitantemente, “cercar” o incêndio e “domá-lo” antes de finalmente
extingui-lo. O isolamento e o confinamento constituem-se ações nesse sentido.

O ISOLAMENTO abrange as ações de bombeiro que tem por objetivo


impedir a propagação de calor e fogo para outros locais na vizinhança de um
incêndio. É a tentativa de impedir que o incêndio alcance outro sistema15 além do
que já está sinistrado.

O próprio ataque ao incêndio em princípio, procedido com rapidez,


adequação e suficiência de meios, constitui uma iniciativa isoladora, uma vez que
restringe a produção e propagação de calor.

A decisão quanto ao emprego desta ação envolve a consideração de


alguns fatores, uma vez que o isolamento sempre desvia linhas de ataque ao fogo
e consome agente extintor, a saber:
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* teor de calor emanado no incêndio (acima de 150 ºC é considerado calor


excessivo);

* proximidade do combustível vizinho ao incêndio;

* natureza e volume do combustível exposto ao calor propagado (alvenaria,


vidraçaria, etc);

* propagação de fagulhas para o combustível vizinho (considerar janelas


abertas e outras aberturas);

* risco de desabamento ou queda de materiais incendiados;

* impetuosidade e direcionamento da corrente do vento.

Por sistema, compreendemos estruturas que podem ser sinistradas como


um edifício, um reservatório, um galpão, uma planta industrial, um veículo, etc.
São estruturas que podem ser individualmente consideradas em si mesmas e
que, quando sinistradas isoladamente já se pode considerar um incêndio e não
um foco.

Toda iniciativa isoladora exige visão futura de:

1) Duração provável da ação

2) Consumo aproximado de água;

3) Número de linhas (ou guarnições) envolvidas;

4) Pessoal e material afastado do ataque efetivo às chamas.

O isolamento pode ser feito resfriando os sistemas com risco de serem


atingidos por meio da aplicação de água. Tal medida visa diminuir o efeito da
radiação de calor. Essa forma é muito usada em incêndios em tanques de
combustíveis para resfriar o tanque vizinho.

Pode ainda ser feito com o uso de jatos neblinados ou neblina direcionados
para o sistema sinistrado, pois, assim, além de bloquear a radiação, o combate
pode ser realizado simultaneamente.
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Há ainda a possibilidade de direcionamento da fumaça que escapa de um


sistema pelo uso de jato neblinado, desviando-a. A fumaça, além de conduzir
calor, quando se incendeia libera uma enorme quantidade de calor que se
propaga por irradiação.

Outras medidas mais simples podem ser adotadas dependendo da forma


como se verifica que o incêndio pode se propagar para o sistema vizinho. Por
exemplo, pode ser uma medida eficaz o mero fechamento das janelas para evitar
a penetração de fagulhas trazidas pelo vento ou evitar a penetração de fumaça
superaquecida.

CONFINAMENTO é o conjunto de ações executadas dentro de uma


edificação que visam impedir a propagação de fogo e calor a compartimentos
ainda não atingidos pelo incêndio..

A tendência dos gases aquecidos é subir, o que torna urgente o


confinamento em incêndios verticais tanto mais quanto mais baixo for o andar
onde se localiza o sinistro.

Nos incêndios a propagação ocorre lateralmente, de cima para baixo e de


baixo para cima, merecendo ação preventiva dos bombeiros os seguintes meios:

1) aberturas que possam ser alcançadas por chamas ou ar quente;

2) explosões;

3) queima de paredes e portas internas;

4) chamas e fagulhas vindas de janelas ou outras aberturas;

5) condução de calor através de dutos metálicos, etc, de cômodo para


cômodo;

6) queda de tetos ou pisos;

7) circulação interna de massas gasosas extremamente aquecidas.


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Os Sistemas de ventilação forçada (ar condicionado) devem ter seu


funcionamento suspenso, pois poderiam contribuir para a extensão do incêndio
conduzindo fumaça e calor para locais não atingidos pelas chamas.

As ações de confinamento devem ser somadas aos dispositivos de


proteção permanente da edificação, quais sejam. Paredes resistentes ao fogo,
portas corta-fogo, sistemas automáticos de “sprinklers”, etc. Também deve ser
preocupação tática fornecer a estas estruturas proteção permanente, visando
garantir funcionamento continuado e em plenas condições.

O ataque indireto (visto adiante) constitui um método adequado de retirada


de calor excessivo de ambientes confinados. Isso pode ser feito, muitas vezes,
não com o intuito de apagar o fogo, mas de impedir que ele se espalhe.

A descoloração da pintura e desprendimento do reboco acusam a


propagação de calor naqueles espaços. Pelo tato podemos detectar também tal
propagação em paredes e forros, devendo ser abertos tais espaços e submetidos
à ação extintora ou resfriadora.

4.3. Técnicas de extinção

Vistas outras técnicas de combate, passaremos a seguir a apresentar as


técnicas de extinção, que visam apagar as chamas.

Para organizar o estudo, dividiremos as técnicas de acordo com a classe


dominante do incêndio que se está combatendo. Isso não significa que as
técnicas não se entrelaçam.

4.3.1. Incêndio Classe A (incêndios estruturais)

Em geral, os incêndios estruturais (os que envolvem edificações) são


basicamente, ou predominantemente, da Classe A. Para combatê-los, temos as
técnicas a seguir apresentadas, sem excluir outras existentes.
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ATAQUE DIRETO

Consiste no emprego de um jato sólido ou


compacto dirigido à base do fogo sobre a fase
sólida do combustível, visando resfriá-lo abaixo do
ponto de combustão.

Devido ao alcance do jato, pode ser usado


tanto de dentro da edificação, mas fora do cômodo
sinistrado (modo ofensivo) como de fora da
edificação (modo defensivo).

Em um combate em modo defensivo, a


pressão nominal e a vazão regulada no esguicho
podem ser reduzidas para a economia de água.
Ambas devem ser aumentadas ao se verificar que
os jatos não estão absorvendo mais calor do que o
fogo produz.

Se for usado em combate ofensivo, deve-se


cuidar para não empregar água em demasia,
causando danos pelo excesso de água e, também,
para não gerar excesso de vapor de água.
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ATAQUE DIRETO MODIFICADO

O ataque direto modificado consiste no


ataque à fase sólida do combustível quando
este se encontra escudado por algum
obstáculo. O jato é direcionado ao teto para ser
defletido e cair sobre o foco, atingindo-o.

Apesar de não ser dirigido diretamente


ao foco, ele é considerado uma forma de ataque
direto, pois com ele se pretende combater as
chamas em si, o fogo queimando sobre a fase
sólida dos combustíveis.

ATAQUE INDIRETO

Também se usa o jato sólido ou compacto,


entretanto, o objetivo não é extinguir o fogo
combatendo diretamente a fase sólida. No ataque
indireto, o objetivo é produzir uma grande
quantidade de vapor de água para resfriar a capa
térmica (gases combustíveis provenientes da
combustão e da termólise) e o cômodo e,
indiretamente, apagar o fogo.

O alvo no ataque indireto são as paredes e


o teto superaquecidos para que, na fragmentação
do jato pelo impacto, a água absorva o calor
dessas superfícies e transforme-se em vapor,
resfriando o ambiente.
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Não se pode jogar água em demasia para


não resfriar demais as superfícies. Isso impede a
formação de vapor. Também é preciso cuidar para
não se produzir vapor em excesso, pois isso afeta
o balanço térmico.

ATAQUE COMBINADO

Consiste no emprego alternado das


técnicas de ataque indireto e direto. Com
movimentos circulares (para que o jato atinja
paredes e teto) busca-se a geração de vapor para
resfriar os gases aquecidos e, alternadamente,
lançam-se jatos à fase sólida do combustível
próxima ao solo

SATURAÇÃO COM NEBLINA

Quando um ambiente está na fase de decaimento pela baixa concentração


de oxigênio, ou seja, em queima lenta e sob o risco de ocorrência de um backdraft
diante da abertura de acessos pelos bombeiros, recomenda-se a saturação do
cômodo com neblina previamente à abertura do cômodo.

O técnica consiste na injeção de água em pulsos de 2-3 segundos de jato


neblina por uma pequena abertura na parte superior da parede ou pelo teto, com
intervalos de 12-15 segundos para permitir a troca de calor entre neblina e gases
aquecidos no ambiente.

A neblina age resfriando e diluindo a fumaça, diminuindo sua


combustibilidade e o risco de um backdraft, e também atrapalha a concentração
com o oxigênio.
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A grande geração de vapor, como dito, pode ser um problema. Este fato
pode decretar a morte de vítimas no interior do cômodo. Por isso, essa técnica só
deve ser usada em cômodos em que se verifique a queima lenta (fase de
decaimento pela depleção de oxigênio). Havendo vítimas nesse ambiente,
certamente já estarão mortas, quer pela baixíssima concentração de oxigênio,
quer pelo elevado calor previamente atingido.

3DWF – TRIDIMENSIONAL WATER FOG (neblina tridimensional)

Estudos oriundos na Suécia em meados da década de 1980, originaram o


uso de pulsos de jato neblinado. Foi quando se demonstrou a combustibilidade da
fumaça e os riscos decorrentes de sua ignição, que se traduz em um
comportamento extremo do fogo. Pensando no combate “volumétrico”
(tridimensional) e não apenas na superfície do sólido em queima, desenvolveram-
se técnicas de combate baseadas no lançamento de curtas rajadas de jato
neblinado.

Usa-se a regulagem de jato neblinado em um esguicho combinado e faz-se


uma rápida abertura e fechamento lançando um “pulso” de neblina, que fica
suspensa no ar por algum tempo. Para que seja eficiente, calculou-se que uma
linha de 38mm deve ser suprida com cerca de 7 Kgf/cm2 de pressão residual, ou
seja, a pressão imprimida na bomba (nominal) deve ser maior.

Como o jato é neblinado, o alcance é curto, assim, o que mais importa é a


fragmentação da água para aumentar seu poder de resfriamento e o tempo de
suspensão no ar. Por isso a pressão deve ser elevada.

A fim de não gerar vapor em excesso, deve-se cuidar para não aplicar
pulsos em excesso e não varrer a aplicação de cada pulso. Se o objetivo é atingir
uma área maior, usa-se mais pulsos (dois alvos, dois pulsos). Também limita-se a
quantidade de água disparada trabalhando com uma vazão mínima no esguicho
(30gpm ou cerca de 115lpm).
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Usando-se a vazão mínima, a abertura e o fechamento brusco não gera um


golpe de aríete capaz de danificar a canalização, haja vista que a massa de água
deslocada a cada pulso é muito pequena.

Conforme a mudança no padrão do jato e no tempo de abertura, a 3DWF


apresenta suas próprias variações.

PULSO NEBLINADO CURTO

O pulso curto consiste na abertura total do fluxo de água com o imediato


fechamento (pulso de cerca de 0.2s) de um jato neblinado amplo.

O neblinado amplo tem o alcance muito reduzido, mas uma maior capacidade de
resfriamento e gera vapor com grande velocidade quando atinge a capa térmica.

O pulso neblinado curto pode ser empregado tanto ofensiva como


defensivamente.

OFENSIVO – tem por objetivo extinguir chamas volumétricas (chamas na fase


gasosa do combustível, na fumaça, na capa térmica) e resfriar a própria capa térmica,
evitando a ocorrência de um flashover.
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Vê-se assim, que a técnica é recomendada para combate no modo ofensivo com
o incêndio na fase de desenvolvimento (pré-flashover).

Devido ao curto alcance do neblinado amplo, a técnica é recomendada para


ambientes pequenos, como quartos de uma residência de classe média, ou no
deslocamento da entrada até o cômodo sinistrado quando o teto for baixo (pé direito
normal de 2,5 a 3m).

Não confundir com modo ofensivo e defensivo de combate.

DEFENSIVO – a técnica pode ser usada preventivamente (defensivamente) para


resfriar gases superaquecidos na capa térmica, antes que venham a queimar.

Tanto ofensivo como defensivo, o pulso neblinado curto, se aplicado


corretamente, provoca a contração da fumaça. Com a perda de calor da fumaça para
aquecer a água lançada, ocorre o inverso da dilatação e a fumaça contrai-se.

PULSO NEBLINADO MÉDIO


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Quando o cômodo tem dimensões maiores (salão ou pequeno depósito) ou


quando o teto é muito alto, o pulso curto (de jato neblinado amplo) não atingirá a região
mais aquecida da capa térmica. Emprega-se então um pulso médio (de 1 a 2s) com um
jato neblinado estreito, que tem maior alcance. A vazão e a pressão permanecem.

Essa técnica também pode ser usada tanto ofensiva quanto defensivamente17, da
mesma forma que o pulso neblinado curto, porém, para cômodos com médias
dimensões ou com teto alto.

Pode ser usado em cômodos menores quando, após usar o pulso neblinado curto,
verifica-se a ineficiência deste face à quantidade de calor produzido.
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“JATO MOLE” – Resfriamento preventivo de superfícies

Enquanto progredindo no interior da edificação, os bombeiros podem se


deparar com materiais liberando vapores combustíveis (fumaça clara e branca)
em razão da termólise. Para prevenir a ignição desses materiais, emprega-se a
técnica do resfriamento preventivo.

A técnica consiste em ajustar a regulagem de jato para compacto


(estando a pressão em 7-9 Kgf/cm2 e a vazão ajustada em 30gpm) e efetuar a
abertura parcial do esguicho permitindo apenas o escape de água sem
velocidade pelo bocal (daí o nome de “jato mole”) deixando a água escorrer
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gentilmente sobre a superfície do material que estava pirolisando.

“PENCILING”

O penciling18 assemelha-se ao “jato mole”, entretanto, consiste em


pulsos com abertura um pouco maior do fluxo de água, permitindo lançar
“porções” de água sobre a fase sólida em queima.

Estando dentro da edificação e não tendo a necessidade de disparar um


ataque direto ao foco pelas suas dimensões, e para evitar o dano ocasionado
pelo jato, usa-se o penciling, que pode ser casado com pulsos neblinados para
resfriar a capa térmica, que chamamos de abordagem pulse-penciling.
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Não confundir com modo ofensivo e defensivo de combate.

Usamos o nome em inglês pela falta de um em termo em português que


exprimisse a ideia em uma ou duas ou três palavras.

“ZOTI” – PULSO LONGO DE ALTA VAZÃO

Atuando externamente à edificação ou mesmo dentro da edificação, mas


se deparando com um cômodo em fase de desenvolvimento completo, verifica-
se que para debelar as chamas é necessário absorver uma enorme quantidade
de calor. Para isso, emprega-se a técnica do pulso longo de alta vazão ou
“ZOTI”.

Com a pressão entre 7-9 Kgf/cm2, ajusta-se a vazão para 125gpm


(470lpm)19 e o jato para neblinado estreito. Mirando o ponto mais distante do
cômodo, abre-se o fluxo de água pintando, entre a linha do teto e do piso, uma
das letras Z,O,T ou I conforme as dimensões do cômodo.
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- Para cômodos com 30m2 – Z.

- Para cômodos com 20m2 – O.

- Para cômodos com 10m2 – T.

- Para corredores – I.

As letras são um meio prático de determinar o tempo de abertura do


esguicho para, na regulagem indicada, lançar água em quantidade suficiente
para absorver o calor gerado no cômodo.

Após uns 30 segundos, repete-se o procedimento até que sejam


debeladas as chamas.

Devido à alta vazão, no emprego dessa técnica deve-se cuidar para


fechar lentamente o fluxo de água a fim de evitar a ruptura de mangueiras pelo
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golpe de aríete.

Caso o ambiente sinistrado seja muito grande, mais linhas podem


efetuar o procedimento combinadamente ou pode ser usado em sessões do
ambiente.

Observação:

Por isso é importante que a vazão da viatura seja de pelo menos


500lpm para uma linha de ataque.

Importantíssimo atentar para o posicionamento da linha em relação ao


incêndio para que a técnica não “sopre” o fogo para cômodos e combustíveis
ainda não afetados. O posicionamento correto no combate é entre a parte não
queimada e o fogo, atacando-o de forma a “empurrá-lo” para fora.

PROTEÇÃO DE ROLLOVER

125 GPM com abertura total


do esguicho e com um jato
neblinado O auxiliar puxa a
mangueira e o chefe estende o
braço ao máximo que conseguir.
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FORMA DE EMPREGO DAS TÉCNICAS:

FORMA DE EMPREGO DAS TÉCNICAS:


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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

ABORDAGEM DE AMBIENTE E PASSAGEM DE PORTA

Entendemos abordagem como as ações de aproximação, abertura de


acesso(s) e penetração em um ambiente sinistrado.

Ao se chegar a uma porta fechada dentro de uma edificação sinistrada, os


bombeiros na linha de ataque devem proceder com cautela, haja vista que toda
ventilação provoca aceleração da queima e aumento da taxa de liberação de calor,
além de poder acarretar em fenômenos de comportamento extremo do fogo.

Diante disso, os bombeiros devem proceder uma verificação perimetral da


porta procurando por sinais que indiquem a condição do interior do cômodo. É
necessário que se verifique em qual fase de desenvolvimento o fogo está, em qual
regime de queima ele se encontra (se limitado pelo combustível ou pela
ventilação). A temperatura da porta deve ser checada à procura de indícios que
demonstrem a presença e altura da capa térmica. A coloração, densidade,
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opacidade e velocidade da fumaça devem ser checadas.

Sempre que os bombeiros se depararem com uma porta pirolisando pelo


lado externo, devem resfriá-la com jato mole a fim de preservá-la. A perda da porta
significa perda do controle sobre a ventilação do foco que está por trás dela.

Para a confirmação das suspeitas, é necessário efetuar a abertura de uma


porta para confirmação visual da condição no interior do cômodo. Para isso,
procede-se da seguinte forma:

1. O jato deve ser


regulado para neblinado
estreito, para que passe na
pequena abertura da porta;

2. O operador do
esguicho lança dois pulsos
neblinados curtos sobre a
porta, visando deixar em
suspensão uma neblina de
água na região superior
próxima à porta.

Ao proceder a
abertura, os gases aquecidos
que escapam terão menos
chance de se inflamarem, já
que se misturarão à neblina e
perderão calor ao mesmo
tempo em que a neblina
transforma-se em vapor,
diluindo os gases;

3. O auxiliar da linha,
posicionado para a abertura
da porta de modo protegido,
abre a porta deixando à
mostra uma pequena fresta;

4. Pela fresta o
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operador do esguicho lança


um pulso neblinado médio na
parte superior da abertura
enquanto visualiza as
condições no interior.

Conforme as
condições confirmadas, a
abordagem prossegue de
modo diferente.

Não esqueça que a


porta é um limitador da
ventilação e um instrumento
de controle

ABORDAGEM E DESENVOLVIMENTO DO MNEMÔNICO P.O.R.T.A NA


PRÁTICA:

Se a porta abrir para dentro o


chefe de linha se posiciona no lado
da dobradiça (DD), Quando a porta
abrir para o lado de fora, o chefe de
linha, que segura o esguicho fica do
lado da fechadura (FF).

POSICIONAMENTO
OBSERVAÇÃO
ROTATIVA
TATO
AGUAR
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PORTA ABRE PARA DENTRO PORTA ABRE PARA


FORA

DENTRO/DOBRADIÇA FORA / FECHADURA

POSIÇÃO OBSERVAÇÃO ROTATIVA


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TATO AGUAR
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Características dentro da
edificação:
a) Presença de chamas em
algum cômodo;
b) Chamas tocando o teto ou a
capa térmica;
c) Ambiente ventilado
d) Fumaça quente irradiando
muito calor para os materiais do
ambiente ocasionando
termólise;
e) Risco de fenômenos de
ignição da fumaça sem onda de
choque

Características fora da edificação


Rolos de fumaça preta quente,
densa e com movimentação muito
turbulenta e plano neutro à meia altura.

Procedimentos:
a) P.O.R.T.A.

b) Pulsos: dois curtos – um acima


de cada integrante da linha e um
pulso médio pelo vão da porta.
Repita o procedimento até que o
plano neutro suba.

Características:
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a) Fumaça cáqui
b) Saindo em lufada (ou pulsos) pelas frestas superiores das portas e janelas
c) Ar sendo sugado pelas frestas inferiores
d) Oleosidade nos vidros
e) Sons abafados no interior (efeito algodão)
f) Ambiente fechado, subventilado;
g) Sem luminosidade de chamas
h) Sem crepitar de chamas
i) Plano neutro no piso
Procedimentos :
a) P.O.R.T.A.
b) Pulsos: dois curtos – um acima de cada integrante da linha e um pulso médio
pelo vão da porta
c) Saturação por neblina.

FOCOS EM FASE INICIAL


A fase inicial de queima de um foco não apresenta grande potencial de
risco iminente e, exatamente por isso, merece que sejam tecidas algumas
considerações.

Devido ao aspecto menos alarmante que um foco em fase inicial


apresenta, o grande risco para os bombeiros é a negligência com aspectos
básicos relativos à segurança.

Apenas por que um foco não apresenta dimensões ou aspecto alarmantes,


não significa que no ambiente não haja calor ou concentração de gases tóxicos
suficientes a causar lesões.

Por isso, um ambiente em fase inicial deve ser abordado com toda atenção
e cautela e com os bombeiros adequadamente equipados.

Outro problema que pode ocorrer é o superdimensionamento do foco. Um


pequeno foco é capaz de inundar um ambiente grande com fumaça e calor e, por
isso, algumas vezes bombeiros inexperientes ou afoitos podem afobar-se e
exagerar no uso de água no combate por um dimensionamento equivocado das
proporções do foco. É comum ocorrer prejuízos materiais significantes pelo uso
indevido e excessivo de água no combate.

Lembrando que a água que escorre ou se acumula no chão não absorveu


calor suficiente para evaporar, ou seja, não foi aproveitada naquilo que tem de
melhor: sua capacidade de resfriamento.
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O combate ao foco em si deve ser feito de modo a tentar preservar o


material que ainda não queimou. Sugere-se pulsos neblinados para resfriar a
fumaça, se for o caso, e penciling para extinguir o foco.

FOCOS EM DESENVOLVIMENTO
Como já vimos anteriormente, na fase de desenvolvimento, a concentração
de oxigênio no ambiente permite a ocorrência de vivas chamas.

Em decorrência disso, não há, normalmente, problemas na abertura de


acessos. Como essa é a regra geral, ainda assim a abordagem deve ser
cautelosa devido às exceções. Toda ventilação irá acelerar a queima e aumentar
a taxa de liberação de calor.

Como se sabe, para que gases queimem, ou mesmo partículas líquidas e


sólidas em suspensão, devem estar na concentração adequada (entre os limites
inferior e superior de inflamabilidade) com o oxigênio.

Como não temos meios práticos de saber a composição exata ou mesmo a


concentração necessária para a queima dos gases no ambiente, a abertura de
acesso deve ser feita com cautela, devendo os bombeiros posicionarem-se fora
da zona de abertura para que uma possível ignição dos gases não os afete.

Para abrir ou quebrar uma janela, o bombeiro deve posicionar-se abaixo do


peitoril. Para a abertura de uma porta, deve posicionar-se atrás da porta, caso
abra em sua direção, ou atrás da parede, caso abra para o interior do ambiente.

Já estudamos que em um foco na fase de queima livre pode ocorrer o


fenômeno conhecido como flashover.

Reconhecendo a queima livre e verificando os sinais indicativos de


flashover, a abordagem deve considerar esse risco.

Os sinais indicativos de flashover muito se confundem com os sinais que


indicam a própria queima livre: barulho e luminosidade de chamas, fumaça
aquecida e chamas subindo pela coluna de fumaça acima do foco. Outros são
mais específicos do fenômeno citado:

* fumaça muito densa, muito opaca e muito escura;


* calor excessivo sendo irradiado da fumaça;
* chamas muito viva e subindo pela coluna de fumaça que se ergue
do foco;
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* desprendimento de vapores dos materiais ainda não incendiados;


* fumaça mostrando alterações de padrão (revoluções rápidas e
abaixamento do plano neutro);
* ocorrência de fenômenos como flameover e rollover, este último
sendo um claríssimo sinal da iminência de um flashover.
Diante desses sinais, a porta deve ser aberta com cautela, como dito
acima, e a abordagem do ambiente deve ser enérgica. Não deve o bombeiro
penetrar no ambiente enquanto o risco de explosão ambiental não tenha sido
reduzido.

Nestes ambientes, o combate deve priorizar o ataque à capa térmica, à


camada de fumaça que se acumula a partir do teto. Você talvez se pergunte a
razão disso e talvez esteja pensando que um ataque direto ao fogo eliminaria a
fonte de calor que é o causador do flashover. Ocorre que, a queima dos
combustíveis presentes na fumaça, irradia muito mais calor que a queima do
material que alimenta o foco (normalmente sólidos em um incêndio urbano).

Deve o bombeiro utilizar pulsos neblinados curtos. Os jatos devem ser


disparados em rajadas curtas para aproveitar uma maior superfície de
resfriamento

Os pulsos devem ser distribuídos pela capa térmica e, na medida em que


forem disparados, deve o bombeiro aguardar alguns instantes e observar o efeito
que a expansão do vapor de água provocará para continuar no combate à fumaça
ou não. Enquanto aguarda, jatos curtos (penciling) podem ser direcionados ao
foco.

Deve-se tomar o cuidado para não jogar água em excesso, tanto para não
provocar danos materiais como também para não abaixar o nível da capa de
fumaça pela expansão do vapor d’água. O objetivo não é abaixar a fumaça. Isso
provocará a diminuição da visibilidade. A meta é tão somente o resfriamento dos
combustíveis da fumaça para que não entrem em ignição. Outro risco de jogar
água em excesso é que se a capa de fumaça abaixar demais pode sufocar
possíveis vítimas que se encontrem no ambiente ou nos ambientes anexos.

Uma vez estabilizado, o ambiente ele pode ser penetrado para a extinção
do foco por penciling ou até jato mole.

FOCOS INCUBADOS
Um ambiente em queima lenta apresenta uma série de riscos. O primeiro
deles é o sub-dimensionamento da potencialidade lesiva que apresenta. Por
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haver poucas chamas ou nenhuma, o ambiente parece estar controlado, o que é


um grande equívoco. Na verdade, o ambiente está quieto como uma bomba antes
da ignição. Uma abordagem errada pode detoná-la. Assim, o que era um
ambiente queimando lentamente, apenas com brasas, pode se tornar um
ambiente completamente tomado pelas chamas após uma deflagração violenta da
fumaça.

Nunca se deve esquecer que, mesmo que não haja oxigênio para a queima
viva, a termólise ocorre até com 0% de O2. Isso significa que, enquanto estiver
quente, o ambiente acumulará vapores combustíveis.

Além desse, há outros riscos tais como: baixa visibilidade, alta


concentração de gases tóxicos e baixa concentração de oxigênio. Para a
abordagem do ambiente, o risco de backdraft é o principal problema.

Conforme estudamos, no decaimento, os combustíveis (gases, vapores,


partículas líquidas e sólidas) presentes na fumaça podem estar com temperatura
acima da temperatura de ignição, mas, devido ao confinamento do ambiente,
ultrapassam o limite superior de inflamabilidade, ou seja, há combustível em
excesso para a escassa quantidade de oxigênio nesses ambientes e, por isso,
não queimam. Quando um acesso é aberto e o ar entra ofertando oxigênio, tão
logo a concentração atinja um patamar adequado, a fumaça deflagrase. A queima
violenta que ocorre é o backdraft.

São indicativos da queima lenta com risco de explosão da fumaça


(backdraft):
* fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
* fumaça mudando de cor (cinza e amarelada / cáqui) e saindo do
ambiente em forma de lufadas;
* calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
* pequenas chamas ou inexistência destas;
* fuligem e óleo impregnando o vidro das janelas;
* pouco ruído (não se ouve o crepitar de chamas);
* movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma
abertura é feita (em alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas
frestas);
* chamas aparecendo na fumaça assim que esta escapa do ambiente.
Focos na fase de decaimento pela depleção de oxigênio e com fumaça
acima da temperatura de ignição
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Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente


com toda a cautela para que não provoque uma explosão ambiental que pode
lesionar ou até matar integrantes da equipe ou, na melhor das hipóteses, tornará
o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é seguida da ignição completa do
ambiente.

Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os


combustíveis na fumaça precisam apenas atingir a concentração adequada para
uma queima violenta. Ao se abrir uma porta ou janela, inevitavelmente o ar estará
entrando no ambiente e, consequentemente, carregando O2, fornecendo
exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é necessária
uma abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os
bombeiros devem retirar algo para que os requisitos da combustão não estejam
todos presentes.

A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por


meio da checagem visual no interior do ambiente, é possível confirmar as
suspeitas da condição no interior do cômodo.

O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta,


firmando-a para que não se abra de repente por causa da força da explosão, caso
ocorra. Se a porta tiver a abertura para dentro do cômodo, a operação da porta
deve ser feita com o auxílio de um cabo preso à maçaneta possibilitando que o
auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da porta.

Os passos 1 a 4 devem ser repetidos até que o aspecto da fumaça esteja


indicando uma menor combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara
(cinza), menos densa, menos opaca e movendo-se de forma menos turbulenta.

Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação


com neblina pela parte superior da porta, até que o ambiente permita a entrada
dos bombeiros.

Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando


apenas o comburente, por isso ela queima assim que alcança o exterior.

Assim que os sinais de risco diminuir, a porta deve começar a ser aberta
lentamente enquanto o operador do esguicho procura saturar a região superior do
cômodo nas imediações da porta na parte interna com pulso neblinado médio.

A intenção dessa neblina é diminuir a combustibilidade da fumaça próxima


à porta, que vai ter contato com o oxigênio, e o resfriamento para abaixar a
temperatura aquém do ponto de ignição.
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Uma vez que o ambiente foi abordado, ele deve ser dominado. Em um
ambiente em queima lenta, o calor e a fumaça devem ser dissipados para
prevenir novas ignições. Isso deve ser feito por meio de uma das técnicas de
ventilação. Os possíveis focos devem ser resfriados para que não entrem em
ignição à medida que a fumaça for expulsa.
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LIÇÃO 5 - ESTRATÉGIA E TÁTICA APLICADA A


OPERAÇÕES DE COMBATE A INCÊNDIO

Objetivos:

� Ao final da lição os alunos serão capazes de:


� Definir Estratégia, Tática e Técnica;
� Identificar o papel do Sargento no planejamento estratégico;
� Decidir as posturas táticas com ênfase na segurança das operações;
� Conhecer uma metodologia para identificação de Riscos;
� Conhecer os desafios dos incêndios modernos;
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Introdução:

Nessa lição vamos trabalhar a Tática de Combate a Incêndios. Um dos


primeiros desafios do Graduado Bombeiro nas ocorrências é assumir papeis e
funções diferentes daquelas que exerceu e executo por anos. Isso aplicado a
ocorrências de Combate a Incêndio é ainda mais desafiador. Isso por que
incêndio são dinâmicos: tendem a evoluir e/ou mudar seu comportamento em
segundos. O que exige dos Comandos, Chefias ou Staffs de Comando uma
exigente preparação focada na avaliação e objetivos globais.
Nessa lição pretendemos traçar linhas gerais quanto a matéria em estudo
e estabelecer padrões que permitirão a fluidez nas comunicações e ações de
bombeiros e equipes nos diferentes graus de responsabilidade.

5.1. Definindo estratégia, tática e técnica


Etimologicamente a palavra “Estratégia” tem origem no grego clássico do
termo “strategos”. Incialmente significava arte do General de comandar. A partir
do século XVIII passou-se a usá-la para fins diversos dos bélicos trazendo outras
conotações como ardil para conseguir vantagem mediante surpresa. Atualmente
estratégia tem sido usada frequentemente para diversas formas de gestão. E
“Tática” também tem origem grega com conotação bélica. Originada de “taktiké”
significava arte de dispor e manobrar tropas em campos de guerra. Já técnica
(grego “techné”) inicialmente era usada simplesmente como arte. Ou seja,
conjunto de procedimentos voltados a uma finalidade, o que hoje tembém aplica-
se à ciência.
Objetivo dessa discussão

Diante do exposto, concluímos que o uso de tais palavras depende muito


do contexto em que estão sendo utilizadas. No caso do combate a incêndio,
precisamos definir termos técnicos para comunicar com agilidade e precisão
visando a qualidade da integração em nossas operações.
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Semântica no Combate a Incêndio do CBMRS


 
Estratégia – De todas a conotações que podem ter tal termo, a mais
adequada para o Combate é planejamento prévio. Nesse sentido teremos
estratégias diversas para incêndios em compartimento, em edificações precárias,
em edificações verticais, em veículos, industriais, florestais, com ou sem presença
de vida etc. Logo, montar estratégias implica em conhecer a área de atuação e
suas peculiaridades, os riscos, os bens jurídicos a serem protegidos, as vias de
acesso etc. Depois de colhidas informações serão definidos planos de ação para
o enfrentamento de cada uma das situações elencadas.
Tática – Já será entendida como a postura/disposição durante o
evento considerando a exposição aos riscos. Desde já vamos considerar que
há duas possiblidades táticas: ofensiva ou defensiva. Em seguida vamos explicar
que a decisão tática decorre também dos objetivos e do valor dos bens os quais
devemos preservar.
Técnica – De pouca variação quanto ao significado, esse conceito refere-
se aos procedimentos e conhecimentos científicos de um trabalho visando
resultados. As técnicas são habilidades específicas de uma atividade
profissional que diferencia aqueles que a dominados dos leigos. No combate os
exemplos podem ser resfriamento, abafamento, ventilação, retirada do material,
pulsos, jatos, armar ou desarmar linha etc. A tecnologia engloba tanto as técnicas
como as ferramentas, equipamentos e seus acessórios.
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5.2. O planejamento estratégico 


Uma das premissas do serviço de bombeiro é o trabalho em grupo. Uma
corporação pressupõe várias células e/ou órgãos que exercendo diferentes
funções formam um corpo. Logo, cada militar ou fração deve saber previamente
como trabalhar nas diversas ocorrências a partir de disciplinas regulamentadas e
treinadas.
Em razão disso o Corpo de Bombeiros, por meio de seu Comandante,
tem o dever de preparar seus praças e oficiais para o atendimento das
Ocorrências de Combate à Incêndio. É por isso que manuais e documentos
denominados POP’s (Procedimento Operacional Padrão) são produzidos para
que cada bombeiro gaúcho atue conforme as diretrizes da força no enfrentamento
de sinistros.
Para embasar nossa linha de pensamento citamos o Manual Técnico de
Bombeiro do CBPMESP que diz o seguinte: “A estratégia deve ser um recurso
pré-existente e não uma responsabilidade para o comandante da emergência
encarar no momento da ocorrência.”
Numa primeira análise cabe aos Chefes de Guarnição e Comandantes de
Socorro conhecer os procedimentos regulamentares e promover que seus
subordinados também os dominem por meio de instruções.
Mas como cada pelotão e respectivas zonas de ação tem peculiaridades
surge a necessidade de um planejamento destinado a cada município ou região.
Nesse entendimento, os Comandantes de Pelotão e Batalhão podem definir
estratégias para a atuação de suas guarnições, do atendimento via telefone ao
debriefing em quartel.
Cabe a cada combatente munir seus comandantes de informações
relevantes para o estabelecimento de estratégias específicas para cada unidade.
As informações podem ser colhidas não só nas ocorrências, mas também em
visitações e inspeções durante o turno de serviço. A melhor forma de contribuir
com a estratégia é a escrita conforme os costumes militares.
E ainda, na condição de auxiliares, cada militar tem papel relevante nas
aquisições e investimentos orientados pelas estratégias estabelecidas para o
Controle dos Incêndios com qualidade de atendimento.
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5.3. Estratégia para ocorrência peculiares 


Ainda que devamos trabalhar para que cada incêndio tenhamos uma
estratégia pré-definida e que todos os combatentes as conheças, não podemos
negar que alguns incêndios fogem da normalidade. É o caso que desde a
chegada no local e os sucessivos comandantes devem definir um planejamento
peculiar para o enfrentamento do sinistro. Os dois grandes desafios então, será
definir a estratégia e dar ciência ao bombeiros e/ou guarnições.
O Incêndio na Boate Kiss foi um exemplo recente que nos leva a
reconhecer que dificilmente alguém está previamente preparado para atuar diante
daquele cenário. Era um evento muito diferente do cotidiano dos Pelotões
gaúchos. Também não será viável regulamentar uma estratégia para eventos
como aquele pela sua peculiaridade e raridade.
Em situações peculiares será necessária uma estratégia que os POPs
não serão suficientes. Nesses casos há necessidade de contar com o
conhecimento dos líderes de agências, do próprio Comandante ou Chefe dos
Bombeiros, de um Sistema de Comando de Incidentes e de uma estratégia
peculiar não regulamentar.

5.4. Decisão tática


A habilidade de arranjar e manobrar os exércitos depende dos objetivos
que são almejados (alcançar território, eliminar o inimigo, destruir uma edificação
etc) e da agressividade e tamanho do inimigo. Isso não é muito diferente nos
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incêndios. A decisão de expor ou não a integridade física dos subordinados aos


riscos inerentes aos incêndios exige dos Comandantes Conhecimento Técnico e
Experiência. Então, os dois fatores principais que definirão entre uma postura
ofensiva ou defensiva são:
Riscos;
Vidas alheias e riquezas a salvar (objetivos).
Apesar da grande variedade de entendimento a respeito desse tema, para
tornar mais didática a questão convém definir que as posturas táticas serão:
Ofensiva;
Defensiva.

DEFININDO OFENSIVO OU DEFENSIVO


Na maioria das ocorrências de bombeiro torna-se necessário delimitar a
cena de atuação. O método consagrado é aquele que classifica a cena entre
quente, morna e fria. A saber:
Zona Quente – área de maior exposição aos riscos onde deve
permanecer apenas os bombeiros que realizam o controle da emergência ou no
salvamento de pessoas por estarem devidamente protegidos por equipamentos
específicos;
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Zona Morna – área com menor exposição aos riscos para seus ocupantes
onde pode permanecer equipamentos e bombeiros que darão suporte àqueles
que estão na Zona Quente.
Considerando tais aspectos consideramos que:
TÁTICA OFENSIVA – Combate e progressão na ZONA QUENTE;
TÁTICA DEFENSIVA – Combate a partir da ZONA MORNA.

ATAQUE INTERIOR E ATAQUE EXTERIOR

É importante evitar a confusão entre Ofensivo e Defensivo com Ataque do


Interior e Ataque do Exterior da Edificação. Aquele bombeiro que não consegue
ingressar na edificação devido a generalização do incêndio, mas que se
posicionar rente as aberturas, em telhados ou sacadas dos prédios estará
realizando um ataque ofensivo. A exposição desse homem exige adequada
proteção.

DEFININDO CONFINAMENTO E ISOLAMENTO


Outros dois conceitos relevantes para fins táticos são Confinamento e
Isolamento.
Confinamento são ações que visam restringir a ação do incêndio apenas
a área já atingida.
Já Isolamento é o conjunto de operações necessárias para impedir a
propagação de um incêndio às edificações vizinhas ainda que da mesma
edificação, como em condomínios residências.
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O ideal é que tanto o confinamento quanto o isolamento sejam


combinados com ações de extinção. Mas nem sempre os recursos são
suficientes.

5.5. Comparando Estratégia é Tática


No combate a incêndio podemos definir estratégia como o planejamento de
mobilização de recursos de uma determinada organização visando o alcance de
objetivos maiores, enquanto a tática é a ação, um esquema especifico de
emprego de recursos dentro de uma estratégia geral.
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Cada estratégia implica na proliferação de ações ou medidas táticas. A


diferença entre estratégia e tática reside basicamente nos seguintes aspectos: a
estratégia é composta de várias táticas, simultâneas e integradas entre si. A
estratégia se refere a operação como um todo, pois procura alcançar uma
determinada finalidade (expressão global dos objetivos da operação), enquanto a
tática refere-se a ações especificas, pois procura alcançar objetivos isolados.
Podemos considerar ainda que, a estratégia é definida pelo Comandante da
Operação (CO), enquanto a tática é partilhada com os comandantes de
guarnições.

As decisões estratégicas objetivam basicamente determinar se as operações de


combate ao fogo se conduzirão de um modo ofensivo ou defensivo.

5.6. Uma metodologia para avaliação de riscos


Nos serviços de emergência estamos sempre avaliando riscos para
tomarmos decisões. De todas as metodologias que foram desenvolvidas, uma
que é adequada aos incêndios é aquela que parte do conceito de Risco como
sendo ameaça e vulnerabilidade.
Ameaça, as vezes usada como sinônimo de perigo, é qualquer condição
que possibilite danos a algum bem jurídico (vida, saúde, patrimônio material ou
intelectual, uma residência, apenas lixo etc.).
As ameaças mais comuns em incêndio são altas temperaturas, vapores
tóxicos, colapsos de estruturas, descargas elétricas, explosões, comportamentos
extremos do fogo etc.
Já vulnerabilidade diz respeito a possibilidade do dano realmente
acontecer. Quanto a isso sugere-se a classificação entre iminente, provável,
possível, improvável ou impossível.
A partir dessas conceituações, os Chefes e Comandantes devem
considerar todas as ameaças de um incêndio e classificar suas vulnerabilidades a
partir de seus conhecimentos técnicos.
Chefes e Comandantes devem dominar a Técnica CFBT (Compartment
Fire Behaivor Training) que é o treinamento para avaliar o comportamento dos
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incêndios em compartimentos. Ainda durante o deslocamento se avista uma


fumaça de cor caqui e turbulenta saindo da Edificação deve considerar a ameaça
do Backdraft e considera-lo como possível. No local, irá identificar outros
indicadores como a saída dessa fumaça por pulsos, ambiente totalmente fechado,
efeito algodão, oleosidade nas vidraças e ausência de chamas. Se verificar que
as postas estão abertas e há chama no compartimento, considerará o Backdraft
como improvável. Mas a coloração da fumaça não deve ser despresaada. Nesse
caso, o Graduado poderá considerar outra ameaça como a presença de algum
combustível especial (um Produto Perigoso).
Risco = Ameaça + Vulnerabilidade
Exemplo:

5.7. Filosofia dos riscos versos benefício

A divisão de ensino da USFA (United States Fire Administration)


estabeleceu o seguinte em relação a incêndios em compartimentos:
“Aceitaremos grandes riscos para salvar vidas; aceitaremos
um risco mínimo para salvar propriedades; não aceitaremos
risco algum por vidas e propriedades já perdidas”
(COLEMAN, 2001).
A segui transcrevemos parte do Manual Operacional de Bombeiros do
CBMGO referente a Combate à Incêndio Urbano:
A Associação Nacional de Proteção contra Incêndios (NFPA)
1500, Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional do
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Departamento de Bombeiros, afirma que o conceito de


gerenciamento de riscos deve ser usado com base nos
seguintes princípios:
1) As atividades que apresentem um risco significativo para
a segurança dos bombeiros serão limitadas a situações
onde existam um potencial para salvar vidas em perigo;
2) As atividades rotineiramente empregadas para proteger a
propriedade devem ser reconhecidas como riscos inerentes
à segurança dos bombeiros e ações devem ser tomadas
para reduzir ou evitar esses riscos;
3) Nenhum risco para a segurança dos bombeiros será
aceitável quando não houver possibilidade de salvar vidas
ou bens; e
4) Em situações onde o risco para os bombeiros é
excessivo, as atividades devem ser limitadas às operações
defensivas. "

PRINCÍPIOS TÁTICO NO CONTROLE DE INCÊNDIOS


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A seguir vamos listar a título de exemplo princípios que regem a atuação


das equipes ao combater incêndios. Ainda que possamos flexibilizar tais
princípios por que nenhuma ocorrência é igual a outra, eles devem ser a primeira
escolha dos responsáveis pela tática. São elas:
● A avaliação dos comportamentos dos incêndios por alguém que tenha
uma visão global da zona quente devem ser constante;
● A direção do combate deve ser a partir dos salvados para os
queimados;
● Salvamentos são realizados antes, durantes ou depois do controle do
fogo;
● Buscas são iniciadas depois que as linhas de mangueiras estiverem
montadas e pressurizadas;
● Se a avaliação gerar incertezas opta-se pela Tática Defensiva;
● Arrisca-se muito para salvar muito;
● Arrisca-se pouco para salvar pouco;
● Não se arrisca nada para salvar nada;
● Edificação completamente tomada pelas chamas, risco de colapso da
estrutura, presença de produtos perigosos, falta de EPI/EPRA, equipes
de socorro não treinadas em combate ofensivo são situações que
remetem o combate a incêndio estrutural ao modo defensivo;
● Devido aos riscos pela produção de vapor, só se combina Tática
Ofensiva com Defensiva se garantido o controle do Comandante do
Incidentes e se este souber a exata localização de todas as pessoas
que estiverem no interior do ambiente;
● O número de viaturas usadas como bombas de abastecimento deve
ser maior do que aquelas que são usadas como bomba de ataque;
● Incertezas ou despreparo não permitem ventilar os ambientes;
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5.8. Comportamento dos incêndios modernos e novas tecnologias de


combate
É sabido por todos que as características das edificações modernas
diferem em muito das do passado. Dois fatores repercutiram para a maior
agressividade dos incêndios: o uso de derivados de petróleo e pés direito mais
baixos.
O uso de derivados de petróleo nas tintas, aberturas, mobiliários e demais
combustíveis repercutiu numa maior liberação de calor nos incêndios,
comparados com os antigos. Isso faz com que a velocidade da progressão das
chamas e a toxidade dos vapores sejam mais perigosas para os bombeiros.
As tecnologias relacionadas a climatização de ambiente permitiram que
as edificações não fossem tão altas. Associado a isso, as aglomerações urbanas
tornaram os compartimentos das residências menores do que nas casas antigas.
Logo, o volume dos cômodos atualmente tende a serem menores do que no
passado. Então, além da maior taxa de liberação de calos temos hoje uma maior
concentração num mesmo ambiente.
Concluímos que os incêndios atuais são mais perigosos do que no
passado.
Quanto a forma de combater, a tecnologia (equipamentos e técnicas)
trouxe mais qualidade aos atendimentos. Antes da existência dos EPIs os
combates eram predominantes externos. Nesse caso só importava salvar os
prédios vizinhos.
Mas a possibilidade do ingresso dos bombeiros dentro da edificação
atingida promoveu qualidade ao controle do fogo. Ao se aproximar dos focos os
bombeiros diminuíram os danos secundário, especialmente decorrentes do uso
de grandes volumes de água.
Incêndios mais agressivos e a migração para táticas ofensivas no interior
da edificação fez surgir o CFBT (do inglês Treinamento em Comportamento de
Incêndios nos Compartimentos). Dentre outros subsídios que permitem uma
melhor avaliação dos incêndios, essa técnica permite fazer os seguintes
diagnósticos:
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FUMAÇA PRETA
- Rica em carbonos não consumidos;
- Indica que o teor de Oxigênio está entre 21 à 15% no ambiente;
- Indica que há chamas dentro dos compartimentos.

FUMAÇA BRANCA
- Rica em vapor de água;
- Indica que o incêndio está em secagem na fase inicial;
- Indica controle mediante agentes extintores.

FUMAÇA CAQUI
- Rica em vapores da pirólise;
- Indica que o incêndio está em decaimento por hipoventilação;
- Indica ambiente explosivo.
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LIÇÃO 6 - PROCESSO DE DECISÃO


OPERACIONAL
Objetivos:

� Ao final da lição os alunos serão capazes de:


� Definir os princípios fundamentais de comando e controle;
� Identificar os processos de comando e controle; Conhecer modelo
do processo de decisão operacional;

6.1. Conceitos gerais:

6.1.1. Sistemas de comando e controle


Todas as organizações, como empresas, clubes desportivos, forças de socorro e
outras, são constituídas por diferentes elementos que interagem entre si. Para
que essa interação se faça da forma mais apropriada, de modo a alcançarem os
objetivos que têm em vista, torna-se necessário que adotem um sistema de
comando e controle.

Os sistemas de comando e controlo são o meio pelo qual os responsáveis das


organizações identificam as atividades que devem ser executadas e verificam se
essas atividades foram as mais apropriadas.

Naturalmente, por si só, um sistema de comando e controlo não chega para que
as organizações atinjam qualquer resultado esperado. Porém, sem um sistema de
comando e controlo eficaz, nenhuma organização será capaz de atingir o
sucesso. Se aplicado eficazmente, um sistema de comando e controle
potencializa a capacidade da organização. Quando utilizado de forma ineficiente,
pode conduzir ao insucesso. Os sistemas de comando e controle são, deste
modo, um importante fator crítico de sucesso em qualquer organização.

Um dos aspetos fundamentais dos sistemas de comando e controle é a


manifestação clara da intenção do responsável (administrador, diretor,
comandante…), ou seja, qual a finalidade das atividades que vão ser
desenvolvidas, que atividades são essas e quais são os resultados esperados,
isto é, como é que se conclui que a missão foi um sucesso. A intenção do
responsável tem que ser conhecida antes da execução das atividades.
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“Quem está confuso na finalidade, não consegue responder ao seu inimigo” Sun
Tzu (A Arte da Guerra)

Após a execução das atividades é essencial que se faça a avaliação. É através da


avaliação que se verificam os resultados alcançados e se retiram as
lições para as atividades seguintes.

LIDERANÇA TOMADA
DE DECISÃO

DECISÃO

Para que tudo isto seja possível, é indispensável que o responsável esteja
investido de autoridade para poder atuar. Porém, essa autoridade não deve ser só
formal e institucional, isto é, derivada da função que o responsável exerce ou
baseada em regulamentos e normas. A autoridade exercida pelo responsável
deve ser, também, uma autoridade pessoal ou funcional, que é fundamental por
assentar na competência profissional e na capacidade de liderança.

Ora, onde há autoridade, há responsabilidade. Quem tem a


responsabilidade de alcançar resultados, tem que ter autoridade para decidir
sobre a execução das atividades necessárias para atingir esses resultados.

Nos sistemas de comando e controle, comando é o exercício de


autoridade. O responsável tem autoridade para decidir sobre as atividades a
executar e, complementarmente dirigir ou influenciar a conduta dos subordinados.

Por outro lado, o controle é um processo pelo qual se avaliam os


resultados das atividades que estão a ser executadas. Processa-se através de um
fluxo contínuo de informação designada de reação, que tem origem nas
estruturas subordinadas. Esta informação permite que o responsável corrija as
decisões que tomou, comparando os resultados esperados e os resultados já
alcançados. As correções a serem feitas nas atividades que estão a ser
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executadas são essenciais para que se alcancem os resultados esperados,


conforme previsto.

Na verdade, o fluxo de informação de reação (controle) tem a


particularidade de “controlar” as decisões posteriores do responsável. Assim, o
controle não é algo “imposto” às estruturas subordinadas. O fluxo de informação
relativo às constantes alterações na situação das atividades que chega ao
responsável é decisivo para manter a situação “sob controle”.

Os sistemas de comando e controle são, deste modo, processos interativos


que envolvem o responsável e as estruturas subordinadas. São sistemas de apoio
mútuo, de “dar e receber”, de “ação-reação”, no qual interagem os diferentes
“atores” de comando e de controle. Visam assegurar que a organização é capaz
de se adaptar, continuamente às alterações necessárias para alcançar os
resultados previamente estabelecidos.
AÇÃO

REAÇÃO
Processos interativos

Nem sempre será fácil assegurar o controlo efetivo da situação por um


responsável situado no «topo da pirâmide», com vários níveis de estruturas
subordinadas. Porém, compete-lhe ter uma influência decisiva no controle da
situação, contribuindo para aumentar a vontade de cooperar das estruturas
subordinadas face a um ambiente, por vezes, hostil e incerto, dando algum
espaço à sua iniciativa.
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Os sistemas de comando e controle contribuem para que o responsável


rentabilize os meios colocados à sua disposição, isto é, o pessoal, os
equipamentos e a informação. Permitem, ainda, rentabilizar o tempo disponível
que, muitas vezes, é escasso, mas cuja importância é decisiva.

Com os sistemas de comando e controle pretende-se que as atividades


desenvolvidas para atingir os resultados esperados sejam eficazes e coerentes.
Para tal, é necessário reunir os três elementos que constituem a base dos
sistemas: pessoas, informação e estrutura de apoio.

Elementos base dos sistemas

São as pessoas que fazem “mover” os sistemas. Os restantes elementos


informação e estrutura de apoio - existem para “servir” as pessoas. As pessoas
têm uma responsabilidade acrescida e fundamental no sucesso. E, com pessoas
tem de existir liderança.

São as pessoas que recolhem a informação, tomam decisões, executam as


atividades, comunicam e cooperam umas com as outras. Os restantes elementos
dos sistemas não diminuem ou eliminam o papel das pessoas, mas auxiliam-nas
a desempenhar as suas funções, tendo em conta as características e os limites
da natureza humana, bem como a sua experiência e qualificação.

Porém, sem informação que permita conhecer a situação, por mais


experiente e qualificado que seja o responsável, não é possível decidir com
segurança. Por seu lado, sem informação que permita às estruturas subordinadas
conhecer a intenção do responsável, só com muita dificuldade se podem executar
as atividades com eficácia.

Assim, a informação flui em dois sentidos. Das estruturas subordinadas


para o responsável, dando a conhecer a situação e permitindo a tomada de
decisão. Do responsável para as estruturas subordinadas, dirigindo e
coordenando as atividades necessárias à execução da decisão.

Para servir de base à tomada de decisão e ser partilhada entre os


intervenientes, a informação é recolhida, estimada quanto ao seu valor e
processada, permitindo, deste modo, o conhecimento e a compreensão.
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6.1.2. Hierarquia da informação

Informação processada Conhecimento Compreensão

Informação em bruto Informação processada Conhecimen

Dados Formatada, Avaliada,


recolhidos e não traduzida, integrada,
trabalhados correlacionada analisada

Contudo, não basta recolher informação em quantidade. É necessário que


essa informação seja relevante para a situação. Isto é, a informação só é válida
na medida em que contribui para a tomada de decisão. Muita informação pode ser
tão prejudicial, como a sua falta. Uma informação pode ser relevante num dado
momento e irrelevante noutro ou vice-versa. Importa que esteja disponível no
momento necessário e seja capaz de dar ao responsável as indicações
pertinentes sobre a situação, que lhe permitam apoiar a decisão.

A estrutura de apoio auxilia o responsável na recolha, processamento e


disseminação da informação. Incluem-se na estrutura de apoio, as unidades
subordinadas, os equipamentos, as comunicações, as instalações, a formação e o
treino, a doutrina, as normas e os procedimentos.

Convém ter presente que, por si só, a alta tecnologia não garante a eficácia
de um sistema de comando e controlo. Antes de mais, é necessário que se
disponha de pessoal qualificado e de doutrina, normas e procedimentos. Os
componentes da estrutura de apoio só existem para auxiliar as pessoas a
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identificarem as necessidades e a tomarem decisões sobre as atividades a


executar.

6.2. Princípios fundamentais de comando e controle

6.2.1. Graus de comando:


Constitui-se em princípios fundamentais do sistema de comando
operacional, a obrigatoriedade da função de comandante de local sinistrado
(CLS), a unidade de comando e a manutenção da capacidade de controle. Para
isto é importante entender os graus de comando: Comando completo; comando
operacional e comando tático.

O comando completo é a autoridade conferida a um comandante sobre


todos os aspetos operacionais, administrativos e logísticos, em relação às forças
que tem à sua disposição. Por exemplo, no setor de bombeiros, o comandante de
um corpo de bombeiros tem comando completo sobre o mesmo. Na verdade, ao
comandante compete «… o comando, direção, administração e organização da
atividade do corpo de bombeiros, sendo o primeiro responsável pelo desempenho
do corpo de bombeiros e dos seus elementos, no cumprimento das missões que
lhes são cometidas…»1.

Quanto ao comando operacional, é a autoridade conferida a um


comandante para utilizar forças postas à sua disposição no desempenho de
missões operacionais. Neste caso, o COS tem comando operacional sobre todas
as forças que participam numa operação de proteção e socorro, pois «… é um
elemento tecnicamente qualificado e dotado de autoridade para atribuir missões
operacionais, articular e rearticular as forças que lhe forem atribuídas, dirigir e
regular aspetos logísticos de interesse imediato para as operações, bem como
gerir a informação operacional»2.

No que respeita ao comando tático, é a autoridade delegada a um


comandante para atribuir às forças sob o seu comando as tarefas necessárias ao
cumprimento da missão. Nas operações de proteção e socorro, compete ao
comandante de setor «… exercer o comando tático sobre as forças e meios que
lhe estão atribuídos no respetivo setor»3.

6.2.2. Princípios fundamentais:


Os princípios fundamentais de comando e controlo atrás referidos são:
 Unidade de comando
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 Continuidade de comando
 Clareza da cadeia de comando
 Integração de comando
 Descentralização
 Confiança
 Cooperação e compreensão mútuas

a. Unidade de comando:
Define-se como a subordinação de todos os meios a um único
comandante. E, ainda, a regra de que cada indivíduo só recebe ordens de um
único indivíduo – o seu chefe direto. Este princípio está em consonância com
comando único exposto na legislação operacional da proteção e socorro. Todos
os meios existentes em qualquer teatro de operações de proteção e socorro ficam
sob as ordens do COS.

Por outro lado, qualquer unidade operacional tem um chefe a quem cabe,
em exclusivo, orientar o pessoal que faz parte dessa unidade.

b. Continuidade de comando:

Refere-se à obrigatoriedade do exercício da função de COS. Entre a


chegada de uma primeira equipa ao teatro de operações e a desmobilização total
dos meios, o comando da operação pode ser exercido por mais do que um
indivíduo, cumpridas as formalidades da passagem de comando. Porém, em
momento algum, a operação pode estar sem COS ou existirem dois indivíduos,
em simultâneo, a exercerem essa função.

c. Clareza da cadeia de comando:

Significa que a estrutura da organização do teatro de operações deve ser a


mais simples possível. O sistema de comando e controlo adotado nas operações
de proteção e socorro é modular e permite ampliar a estrutura da organização em
função das necessidades efetivas da operação. Para além dessas necessidades,
a estrutura da organização não deve ser ampliada. Se numa dada operação, o
COS for capaz de exercer diretamente todas as tarefas de comando e controlo, a
estrutura da organização deve manter-se na sua expressão mínima.

d. Integração de comando:
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Pressupõe que todas as forças que intervêm na operação de proteção e


socorro devem convergir para atingir os objetivos fixados, da forma mais eficaz e
decisiva possível. A extinção de incêndios florestais é uma operação de proteção
e socorro na qual a aplicação deste princípio é de extrema importância, tendo em
conta a diversidade de agentes possíveis no teatro de operações – corpos de
bombeiros de diversos distritos, Força Especial de Bombeiros, sapadores
florestais, Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro/GNR, meios aéreos
nacionais e estrangeiros, etc.

e. Descentralização:

O planeamento deve ser centralizado e a execução descentralizada. Neste


sentido, a autoridade pode ser delegada nos responsáveis das estruturas
subordinadas, pois a descentralização encoraja a iniciativa e promove a ação em
tempo oportuno. Ou seja, as diretivas e instruções que chegam às estruturas
subordinadas, não devem ser demasiado detalhadas, para permitir que a
execução incorpore decisões táticas dos responsáveis dessas estruturas, sem
prejuízo dos objetivos fixados no plano de ação.

f. Confiança:

A descentralização depende da confiança. Esta contribui para alargar as


opções do COS, promovendo a flexibilidade, a agilidade e a capacidade de utilizar
a iniciativa, que resultam da confiança mútua entre superior e subordinado. Essa
confiança mútua pode ter diversas origens. Mas, essencialmente resulta da
competência demonstrada no processo de planeamento, no trabalho comum e no
treino e instrução em conjunto.

g. Cooperação e compreensão mútuas:

Serão maiores quanto maiores forem a normalização e a interoperabilidade


dos equipamentos. É fundamental que se conheçam os pontos fortes e as
vulnerabilidades de cada unidade operacional interveniente. O treino e a instrução
conjuntos são decisivos para que os responsáveis das diferentes unidades
operacionais tomem conhecimento e apliquem normas e procedimentos comuns.
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6.3. O processo de comando e controle


A frase «comando e controle» descreve um processo, isto é, um conjunto
de atividades relacionadas entre si. Não é um procedimento consubstanciado
numa sequência de passos com o objetivo de realizar uma atividade específica,
embora deva incluir procedimentos para a realização de determinadas tarefas.

As atividades de comando e controlo podem ser resumidas da seguinte


forma:

 Recolha e análise da informação;


 Tomada de decisão;
 Planeamento;
 Organização dos meios e recursos;
 Comunicação de instruções e outras informações;
 Coordenação dos meios e recursos;
 Supervisão da execução das atividades táticas;  Avaliação dos
resultados das atividades.

 O processo de comando e controlo deve permitir conhecer a situação


operacional, isto é:

 Compreender a natureza da ocorrência em curso;


 Recolher a informação sobre a ocorrência e sobre o ambiente onde ela
se desenvolve;

 Identificar as potencialidades e as vulnerabilidades do risco a enfrentar;


 Conhecer a situação dos meios e recursos disponíveis e as
vulnerabilidades a eles associadas.

 Deve, ainda, contribuir para que as atividades táticas sejam rápidas,


adequadas, decisivas e seguras, possibilitando:

 A tomada de decisão quanto a objetivos estratégicos, incluindo o


reajustamento desses objetivos perante uma mudança na situação operacional;
 O reconhecimento das atividades táticas mais apropriadas, tendo em
conta os objetivos estratégicos definidos;

 A conceção de instruções adequadas à coordenação das atividades


táticas entre as diferentes estruturas subordinadas;
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 A identificação dos meios que possibilitem a avaliação permanente do


progresso das atividades táticas, com vista à sua adequação constante à situação
operacional;

 A garantia da segurança do pessoal;

 A antecipação das atividades, dado que o tempo é escasso e a


celeridade importante.

Porém, o objetivo final não é o processo em si. É a condução de um


conjunto de atividades com a maior eficácia possível, com vista a um resultado
esperado.

6.4. Tomada de decisão

6.4.1. Incerteza e tempo:


A tomada de decisão é uma questão chave em qualquer liderança. O CLS
tem de desenvolver competências que lhe permitam, com a maior rapidez
possível, tomar as melhores decisões.

A tomada de decisão é o resultado de uma série de atividades cognitivas


relacionadas com a recolha e o uso da informação. A decisão é o momento em
que é feita uma opção entre propostas alternativas. Isto é, decisão e processo
que leva à tomada de decisão são diferentes. A decisão é o resultado final do
processo de tomada de decisão. O processo de tomada de decisão envolve um
conjunto de passos que conduzem ao momento da escolha da proposta.

Existem vários modelos de tomada de decisão. Todos procuram descrever


o modo como o responsável deve tomar a decisão. Os modelos mais clássicos
partem do princípio que o decisor é um indivíduo racional e lógico, e que
consegue obter toda a informação pertinente, de modo a anular qualquer dúvida
na decisão.

Porém, tal como em todo o tipo de atividades, nas operações de proteção e


socorro, o COS tem de ter em conta dois fatores fundamentais: a incerteza e o
tempo.

A incerteza representa tudo o que não se sabe sobre uma dada situação.
Pode existir uma grande convicção sobre os factos que se observam numa dada
situação. Apesar disso, algumas dúvidas podem persistir em relação ao que
concluir sobre esses mesmos factos. Como não é possível eliminar totalmente a
incerteza, esta deve ser enfrentada e reduzida a um nível aceitável.
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Ora, a «certeza» está relacionada com o conhecimento e a compreensão


da informação, que resultam da adição de significado aos dados recolhidos. Mas,
diminuir a incerteza não passa, unicamente por aumentar o fluxo de informação.
O mais importante é a qualidade dessa informação, a competência das pessoas
que a estão a utilizar e, ainda, o empenho e a capacidade do COS para tomar
decisões na hora certa. Há, assim, duas maneiras de reagir ao problema da
incerteza: procurar persistentemente a «certeza» ou aceitar a incerteza como um
facto e aprender a lidar com ela.

Teoricamente, será possível reduzir a incerteza aumentado o


conhecimento sobre a situação operacional. Todavia, recolher e tratar a
informação, gasta tempo. Por outro lado, o conhecimento que se adquire num
dado momento é perecível, pois o tempo gasto a trabalhar os novos dados torna a
informação obsoleta. E o tempo é precioso para ambos os lados. Enquanto está a
ser gasto na obtenção de mais informação sobre a situação operacional, o «outro
lado» aproveita para progredir. Assim, quando é necessário rapidez para
enfrentar uma ameaça, fica limitada a quantidade de informação a recolher e a
tratar a tempo de ser utilizada.

O maior desafio dos sistemas de comando e controlo, é ter que lidar,


simultaneamente com a pressão que resulta da luta contra a incerteza e da
corrida contra o tempo.

Equilibrar a incerteza e o tempo.

Ora, sendo a rapidez essencial, é necessário «ganhar tempo» reduzindo


este ao estritamente necessário à tomada de decisão, ao planeamento, à
comunicação às estruturas subordinadas e à coordenação. A intenção é procurar
ser mais rápido que a progressão da ameaça, nem que isso represente,
tãosomente, uma pequena vantagem. O propósito não é «queimar etapas», mas
ser rápido nas atividades táticas mais significativas.
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Decidir é, pois, escolher a proposta (ideia de manobra/modalidade de ação)


mais favorável à prossecução dos objetivos fixados.

6.4.2. Modelo do processo de decisão operacional


O modelo de processo de decisão operacional5 gira à volta de duas fases
principais, nas quais todos os passos estão incluídos: decisão e atuação.

Fase Passos

Decisão Recolher informação


Identificar os objetivos adequados
Definir o plano de ação

Atuação Comunicar os objetivos e o plano de


ação a todos os intervenientes
Controlar as atividades
Avaliar os resultados do plano de ação

Modelo do processo de decisão operacional

Um dos aspetos mais importantes deste modelo é o enfase colocado nas


questões de segurança, através da análise permanente dos riscos que podem
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afetar as equipas de bombeiros, confrontados com os benefícios operacionais que


a atuação das equipas, dentro de um risco aceitável, pode trazer para o êxito da
operação. Os passos em que este modelo de tomada de decisão assenta são os
seguintes:

a. Recolher informação:

Durante a fase inicial do processo de tomada de decisão, é necessário


recolher a informação relevante, tendo em conta quatro aspetos principais:

● Informação sobre a ocorrência;


● Informação sobre os meios;
● Informação sobre os riscos e benefícios;
● Informação sobre a situação operacional.
A recolha de informação é a chave para um processo de tomada de
decisão eficaz. Envolve a recolha de informação significativa, tendo em conta o
tempo disponível.

Em relação à ocorrência em si, deve recolher-se informação sobre o local e


tipo da ocorrência, se a situação está estacionária ou a evoluir, a origem da
ocorrência, quem está envolvido e se existe algum risco imediato a ter em conta.

Quanto aos meios, é necessário obter informação sobre os já mobilizados


e os disponíveis. A lista de meios a identificar pode ser mais ou menos extensa,
dependendo da complexidade da ocorrência: veículos, pessoal, equipamentos,
normas e procedimentos aplicáveis ao tipo de ocorrência, fontes de informação
suplementar e outros agentes, entidades e organizações presentes.

Para que as decisões tenham em conta a segurança do pessoal, é


essencial que os riscos sejam confrontados com os benefícios operacionais. A
abordagem aos riscos e benefícios deve ser o mais abrangente possível, pois, diz
respeito a pessoas, bens e ambiente ou à combinação de estes e de outros
elementos. O risco em causa é uma ameaça para quem ou para quê? Quais são
os benefícios operacionais que se podem obter de uma dada atividade tática
(busca e salvamento, entrada no edifício com linhas de mangueira para ataque,
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etc.)? Se o risco para as equipas de bombeiros for superior aos benefícios


operacionais que se podem obter da atividade, não vale a pena correr o risco.

Por exemplo, optar por uma estratégia ofensiva, quando não há vítimas no
interior e a cobertura está na iminência de ruir, pode colocar as equipas em risco,
desnecessariamente. Neste caso, tendo em conta o risco em causa, a opção
deveria ser por uma estratégia defensiva.

A avaliação dos riscos e benefícios só é possível quando feita perante uma


ocorrência concreta. Esta preocupação com os riscos a que as equipas estão
expostas, deve estar sempre presente em qualquer operação de proteção e
socorro.

Como anteriormente referido, a informação sobre a situação operacional é


uma peça fundamental na tomada de decisão, dado que permite ao decisor
comparar o ponto de situação, com a previsão estabelecida em sede de
planeamento que deu origem às ordens, diretivas e instruções transmitidas às
estruturas subordinadas para execução. Essa informação de reação (controlo) é
imprescindível para o ajuste ou alteração dos objetivos fixados e,
consequentemente do próprio plano de ação. Numa operação de proteção e
socorro, se o COS não tiver acesso ao ponto de situação proveniente das
estruturas subordinadas, fica privado de uma parte substancial das informações
que sustentam as decisões que vai ter de tomar.

b. Identificar os objetivos adequados:

Logo que a informação disponível tenha sido recolhida e tratada, o COS


fica em condições de identificar e fixar um determinado número de objetivos a
alcançar (resultados esperados). Os objetivos devem ser claros e bem definidos,
para que a supressão da ocorrência decorra de forma eficaz. O detalhe dos
objetivos deve ser o suficiente para que o risco seja o mais reduzido possível.
Objetivos que resolvam uma situação mas, simultaneamente exponham as
equipas a riscos desnecessários, não são aceitáveis.

Tendo em conta a situação, os objetivos e o consequente plano de ação,


devem conduzir a resultados que possam ser alcançados com um nível de risco
aceitável.

a. Definir o plano de ação:


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Os objetivos devem ser transpostos para um plano de ação que seja


exequível e que tenha em conta a redução dos riscos a níveis aceitáveis. Na
elaboração do plano de ação, devem ser considerados os objetivos fixados e,
ainda, as prioridades que possam conflituar entre si, como, por exemplo, os
aspetos relativos aos riscos e benefícios (segurança), a disponibilidade de meios
e recursos para a execução das atividades táticas a levar a efeito e o
envolvimento de outras entidades e os seus próprios objetivos.

Todas estas questões devem ser tidas em conta no plano de ação. O plano
de ação deve estabelecer as metas específicas que, quando alcançadas,
conduzam os trabalhos ao objetivo final.

As atividades previstas no plano de ação destinam-se a atingir os


resultados esperados com um nível aceitável de risco para o pessoal, ou seja, as
atividades táticas que visam atingir os objetivos devem ser executadas em
segurança.

Estabelecido o plano de ação, é necessário assegurar que os meios são


suficientes para dar cumprimento ao plano.

Enquanto a situação for dinâmica, isto é, estiver em plena evolução,


possivelmente o plano de ação vai ter de ser ajustado tantas vezes quantas as
necessárias, em função das decisões tomadas com base nos pontos de situação
e nos resultados da avaliação.

b. Comunicar os objetivos e o plano de ação a todos os


intervenientes:

Na implementação do plano de ação é essencial assegurar uma


comunicação eficaz do COS para as estruturas subordinadas e destas para o
COS. Esta questão é particularmente relevante em situações dinâmicas, nas
quais as alterações que ocorrem podem não ser prontamente compreendidas
pelas equipas envolvidas.

A comunicação deve ser biunívoca, de modo a que todas as partes


fiquem devidamente informadas. Para que a comunicação seja eficaz, é
necessário que a informação seja relevante, pertinente e oportuna. É necessário,
ainda, selecionar um meio adequado de transmissão.
A comunicação deve permitir, por um lado, que as estruturas subordinadas
executem as atividades táticas de acordo com o plano de ação. Por outro, que
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estejam permanentemente informadas das alterações que tiveram lugar no teatro


de operações.

Como atrás referido, a informação deve ser relevante para o recetor. Não
há qualquer vantagem na transmissão em pormenor tudo o que se passa na
operação. A informação deve ser clara e concisa. A sua eficácia melhora quando,
apenas, inclui os pormenores que interessam ao recetor. Porém, deve haver o
cuidado de não excluir informação que pode afetar indiretamente a atividade ou a
segurança de uma equipa, como, por exemplo, as atividades desenvolvidas por
outras equipas situadas em local próximo da primeira.

A informação deve ser pertinente, a fim de se evitarem confusões e más


interpretações quando é transmitida. A boa comunicação não pode deixar dúvidas
ao recetor, em relação ao que se espera dele.

A informação a transmitir deve ser oportuna e atual. Informação atrasada


ou que já não tenha validade, não deve ser transmitida.

É importante que o meio usado para comunicar seja adequado à situação.


Pode ser uma comunicação verbal (cara a cara), via rádio, por sinais
(comunicação visual) ou através de comunicação escrita. O meio mais adequado
vai depender da situação concreta e da natureza da informação a ser transmitida.

Não é adequado, por exemplo, utilizar a comunicação verbal em ambiente


ruidoso, quando se pretende comunicar o nome de um produto químico complexo.
Neste caso, uma comunicação escrita, pode evitar más interpretações.

Em qualquer comunicação, é muito importante que se obtenha confirmação


de que a mensagem foi recebida e compreendida, pelo que, sempre que possível,
o recetor deve repetir a mensagem, de acordo com os procedimentos
estabelecidos.

c. Controlar as atividades:

Comunicado o plano de ação às estruturas subordinadas, é necessário


assegurar que os meios estão devidamente colocados, que as atividades estão a
ser executadas de acordo com o plano e que as equipas estão a trabalhar em
segurança. Podem ser criados setores de intervenção geográficos e funcionais,
de modo a assegurar que a capacidade de controlo é mantida em todo o teatro de
operações e que os responsáveis das estruturas subordinadas são capazes de
levar a cabo as atividades com o máximo de eficácia.
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A setorização, que vai depender da complexidade da operação e


variar emfunção da situação operacional, faz com que o nível de controlo do COS
aumente. Na verdade, ao segmentar o teatro de operações e atribuir a gestão de
cada um desses setores a um indivíduo, o comandante passa a relacionar-se
diretamente com os responsáveis das estruturas subordinadas, em vez de o fazer
com os chefes das diferentes equipes.

d. Avaliar os resultados do plano de ação:

Durante toda a operação, o COS recebe informações sobre a situação


operacional a partir de várias fontes. Podem ser pontos de situação das estruturas
subordinadas ou informação recolhida por equipas de reconhecimento e
avaliação. A informação é usada pelo COS para avaliar o plano de ação.

Os pontos de situação devem ser feitos numa base regular pelas estruturas
subordinadas em relação às estruturas de nível superior. As informações devem
fluir do chefe de equipa para o chefe de grupo (se existir), do chefe de grupo para
o comandante de setor e do comandante de setor para o COS (ou para o oficial
de operações). Ou seja, nos teatros de operações, o ponto de situação não é algo
que comece no comandante de setor e termine no COS.

Por outro lado, cabe ao COS assegurar que todos os envolvidos na cadeia
de comando são informados com regularidade das alterações do plano de ação,
do desenvolvimento da situação e dos progressos que vão sendo alcançados. A
atualização das informações interessa tanto ao pessoal que tem tarefas
específicas no teatro de operações, como aos responsáveis das estruturas
subordinadas.

A avaliação inclui, também, a segurança do pessoal e a eficácia


dasmedidas de controlo dos riscos. Se os riscos não forem proporcionais aos
benefícios operacionais, a execução das atividades não deve prosseguir, até
serem estabelecidas medidas de segurança adicionais ou se optar por atividades
táticas mais seguras.
Como atrás referido, os pontos de situação são da maior importância, pois
permitem a comparação entre a situação operacional no momento e os objetivos
fixados.
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Na verdade, elaborado o plano de ação e colocados os meios sob níveis de


segurança adequados, nos locais onde vão executar as atividades táticas, o COS
decide sobre o prazo que prevê para se atingirem os objetivos. Ao receber
regularmente informação através dos pontos de situação, o COS identifica os
progressos alcançados e compara esses progressos com os objetivos. O
resultado da comparação, em conjunto com a informação sobre a ocorrência, é
analisado, de modo a que o COS possa reavaliar e refletir quanto aos objetivos e
ao plano de ação e concluir se este está a ser eficaz ou, pelo contrário, se
necessita de ajustes.

A avaliação dos resultados do plano de ação conclui o ciclo de recolha de


informação e assegura que o controlo das atividades se mantém ativo. Os
objetivos são alcançados com sucesso, quando são conseguidos com a menor
exposição ao risco.

Cada vez que são recolhidas novas informações provenientes de qualquer


fonte, o COS reavalia os objetivos e o plano de ação, de modo a assegurar que
as atividades táticas estão a ser executadas em segurança e os meios estão a ser
utilizados com a maior eficácia.

O processo de tomada de decisão deve ser usado de forma contínua


durante toda a operação. No início, quando a situação evolui rapidamente, a
velocidade com que o ciclo chega ao fim e reinicia é maior. À medida que a
ocorrência vai ficando sob controle, a velocidade diminui.
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LIÇÃO 7 – FASES DOS SERVIÇOS DE


CONTROLE DE INCÊNDIOS ESTRUTURAIS

Objetivos:
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Ao final desta lição você será capaz de:


� Definir em quais condições se deve utilizar cada uma das estratégias de combate
a incêndio.
� Citar pelos menos 4 riscos geralmente encontrados no combate a incêndios e que
necessitam ser gerenciados.
� Relacionar as 4 prioridades nas atividades de Combate a Incêndio.
� Citar as 12 ações táticas para o combate a incêndio estrutural.

Introdução:

A presente lição irá abordar as fases dos serviços de controle de sinistros


com o objetivo de ressaltar a importância da atuação das guarnições e do
comandante nos trabalhos de combate a incêndios estruturais. Para tanto,
utilizar-se-á como base teórica o Manual de Combate a Incêndios do Estado de
Santa Catarina.

7.1 Estratégias de combate a incêndio


Dentre os principais fatores a serem analisados pelo comandante da operação
para definição das ações de enfrentamento a situação, destacando-se os
seguintes:

✔ Existência de vítimas a serem salvas;


✔ Proteção de edificações vizinhas contra a propagação do incêndio;
✔ Extensão e dimensões do incêndio;
✔ Localização e acesso das áreas atingidas pelo sinistro;
✔ Acesos para a entrada e permanência no interior da edificação com
segurança;
✔ Existência de recursos disponíveis.

7.2 Fases do combate a incêndio


As ações de combate a incêndio não podem ser encaradas como uma
operação comum de extinção ao fogo. Diversos fatores atuam no sentido de
dificultar as ações dos bombeiros. As dimensões da edificação, dificuldade de
acesso, proporções do incêndio e o número de ocupantes são os principais
fatores que diferenciam essas ocorrências das demais.
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As fases se desenvolvem conforme as seguintes etapas:

7.2.1 Recebimento da chamada

O atendimento de uma ocorrência se inicia normalmente com o


recebimento de uma chamada telefônica, onde precisamos ter bombeiros
treinados para reunir todas as informações recebidas e direcioná-las ao
acionamento das guarnições. Para o atendimento correto das chamadas
telefônicas emergenciais, deve-se observar as seguintes condutas:

1º) Inicia-se o atendimento com a identificação da Instituição e do operador da


central, Ex.: Corpo de Bombeiros, soldado João, bom dia.

2º) Após identificar a natureza da ocorrência que originou o acionamento, segue-


se com a tomada de informações gerais:
✔ Nome completo do solicitante e telefone para contato;
✔ Endereço completo da edificação sinistrada;
✔ Ponto de referência para fácil localização;
✔ Características gerais do incêndio (existência de chamas, fumaça, etc.).
Estas informações são fundamentais para o acionamento das guarnições logo, o
operador da central deve registrá-las com o máximo de precisão, sob pena de
dificultar a chegada das guarnições no local, bem como da pré-análise do
comandante de operações.

3º) Com tais informações o operador deve acionar o alarme, para as guarnições,
retransmitindo todos os dados até então coletadas para o comandante
operacional do dia.

Ex.: Atenção as guarnições “A” e “B”. Incêndio em edificação residencial


multifamiliar, rua Luiz Gualberto, 88, bairro Estreito, próximo a Panificadora Pão
Doce. Segundo informações do solicitante, há muita fumaça na local e grande
produção de chamas.
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4º) Após o acionamento das guarnições, o operador deve continuar a coleta de


dados junto ao solicitante, buscando reunir o maior número de informações
possíveis a respeito do sinistro, tais como:
✔ Início do incêndio;
✔ Característica da construção incendiada;
✔ Existência de vítimas;
✔ Edificações próximas, etc., mantendo sempre o comandante
operacional informado.
5º) Importante também acionar outros serviços quando necessários, tais como:
PM, PRF, IGP, PC, SAMU, AMBULÂNCIA, REFORÇO, RGE, etc. informando o
ocorrido e solicitando o apoio no local da emergência.

A Central de Operações é o elo de ligação entre comandante de operações e os


demais meios auxiliares, pois é através dela que serão encaminhadas as
solicitações de apoio para o acionamento de outras guarnições e os outros órgãos
externos.

Todavia, operador da Central deve sempre ter em mente que todo e qualquer
acionamento de apoio a ocorrências, somente deverá ser realizado mediante
solicitação do comandante de operações, sob pena de prejudicar o
comandamento da operação no local do sinistro.

7.2.2 Deslocamento para o local do incêndio

Quanto menor o tempo resposta, em geral, maiores serão as perspectivas


do êxito da operação. Frações de minutos podem ser decisivas em algumas
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situações, determinando o sucesso ou fracasso das ações. Importante ressaltar


que apesar deste tempo ser remido, o motorista da viatura não pode deixar de
observar as regras de trânsito, conduzindo a viatura com segurança.

7.2.3 Chegada no local da ocorrência:

Sempre que possível, a aproximação do local deve ser feita através de rotas que
permitam circundar a edificação por todas as suas faces, mesmo que
parcialmente. Este procedimento proporcionará uma noção mais precisa das reais
condições do incêndio.

Outro aspecto importante na chegada ao local do sinistro, é o


posicionamento correto das viaturas envolvidas na operação, pois é a partir deste
procedimento que se iniciarão as atividades propriamente ditas de salvamento e
combate ao incêndio.
As Viaturas deverão ficar fora do alcance das chamas, fumaça e calor
irradiado do incêndio, queda de objetos e partes da estrutura da edificação,
salvaguardando os integrantes das guarnições, bem como a própria viatura contra
possíveis danos, porém nunca afastada demais, bem como mantendo acessos
livres para a saída, abastecimento e apoio de outras unidades.

Após o posicionamento da viatura no local da ocorrência, deverá ser


providenciado o isolamento e sinalização do local, utilizando fitas, cones ou
cavaletes, garantindo que a zona de trabalho seja apenas acessada pelas
equipes de emergência.
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7.2.4 Confirmação da ocorrência e confirmação/assunção de comando:

Compete ao comandante da primeira guarnição que chegar no local da


ocorrência, assumir o comando da operação, reportando-se imediatamente à
Central de Operações (COBOM), informando o posto ou graduação, nome de
guerra, identificação da viatura confirmação e situação geral da ocorrência.

Neste momento, também serão solicitados à central, o apoio de outras viaturas e


efetivo, bem como serviços especializados.

De acordo com as dimensões do incêndio, a operação poderá necessitar do


envolvimento direto de diversos órgãos externos, bem como de um grande
número de efetivo e viaturas. Diante dessa situação, o comandante poderá
designar funções a seus comandados, objetivando manter a situação sob
controle.

Poderá haver a modificação do Comandante da Operação, em razão da chegada


de um superior hierárquico ou de algum profissional mais técnico ou experiente.
Sempre que houver a mudança do comando, deverá o novo comandante
comunicar formalmente a rede de comunicação da operação, de forma a
cientificar todos os componentes envolvidos.
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7.2.5 Dimensionamento da cena:

Consiste num procedimento sistemático, rápido e ao mesmo tempo


detalhado de todos os fatores críticos existentes na cena de ocorrência. Tal
procedimento deverá ser realizado pelo comandante da operação, antes de
qualquer ação de resgate ou combate ao fogo.

A avaliação do sinistro inicia pelo dimensionamento da cena e termina com


a elaboração de um plano de ação.

Para estabelecer este plano de ação, o comandante da operação deverá


atender os seguintes princípios:

Reconhecer;
Avaliar;
Decidir.
O reconhecimento da situação consiste na identificação do problema, ou
seja, a reunião de todas as informações disponíveis a respeito das anormalidades
que estão ocorrendo. Importante ressaltar que no reconhecimento da situação,
além da análise visual realizada pelo comandante da operação, somam-se as
informações de terceiros, como do proprietário do edifício, moradores vizinhos,
etc., os quais poderão contribuir sobremaneira para que diversos aspectos ocultos
ao comandante, tais como: tipo de estrutura da edificação, tempo de início do
incêndio, etc., sejam trazidos ao seu conhecimento.

Com base nas prioridades elencadas, o comandante realizará seu plano de


ação, que englobará todas as ações de salvamento e enfrentamento ao fogo. Na
elaboração do plano de ação, deve-se observar as seguintes prioridades:

1º) salvar vidas;


2º) extinguir o incêndio;
3º) conservar a propriedade; 4º) preservar o local do sinistro.
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Todavia, a situação do incêndio poderá apresentar características, que


necessitam de uma decisão diferenciada do comandante da operação. Nos
incêndios em edificações verticalizadas, muitas vezes a prioridade inicial será de
extinguir ou controlar o incêndio, para então desprender ações de resgate de
vítimas.

7.2.6 Identificação e gerenciamento dos riscos:

Em operações de combate à incêndios e resgate, os riscos são inevitáveis. Logo,


devem ser identificados e gerenciados de imediato, a fim de garantir a segurança
dos bombeiros durante o desenrolar das ações.

Nos incêndios em edificações os riscos geralmente encontrados são os seguintes:

a) Energia elétrica; b) Instalação de GLP (gás liquefeito de petróleo) ou GN (gás


natural); c) Colapso estrutural; d) Explosões; e) Queda de objetos; f) Fumaça; g)
Chamas e calor.

a) Energia Elétrica:
O combate ao incêndio propriamente dito, deve ser precedido do corte de
energia elétrica da edificação, evitando assim acidentes com a utilização de água
sobre superfícies energizadas.

Para a realização do corte no fornecimento de energia elétrica de um


edifício incendiado, devem ser adotadas os seguintes procedimentos.

Localizar e desligar o disjuntor que distribui a energia elétrica para o


compartimento envolvido no incêndio;
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Não sendo possível adotar o procedimento anterior, localizar e desligar o


disjuntor que distribui a energia elétrica para o pavimento atingido pelo incêndio;

Na impossibilidade de adotar os procedimentos anteriores, ou quando as


proporções do sinistro assim necessitarem, localizar e desligar o disjuntor geral da
edificação;

Caso a situação não permita a adoção de nenhum dos procedimentos


anteriores ou para corte externo no fornecimento de energia, acionar a empresa
responsável pela distribuição de energia elétrica (RGE, CEEE, Cooperativas,
etc.);

Informar-se a respeito da existência de sistema de geradores ou


iluminação de emergência na edificação, o que poderá antecipar o corte de
energia mesmo no desenrolar das operações de resgate;

Acionar o comando de elevadores, trazendo-os para o pavimento de


descarga e travando seu movimento.

Todavia, deve-se ter um cuidado todo especial para os edifícios com


instalação de sistema de geradores, o qual será acionado automaticamente
quando do corte de energia, mantendo a edificação energizada. Orienta-se ainda
para manter o fornecimento normal de energia elétrica para a edificação
sinistrada, enquanto perdurarem as operações de resgate de vítimas, pois com o
corte do fornecimento de energia elétrica, os ocupantes ficarão completamente
desorientados na escuridão da edificação.

Via de regra, devido as suas dimensões e consumo de energia elétrica, as


edificações verticalizadas apresentarão uma subestação (transformadores), os
quais permanecerão energizados mesmo com os desligamentos dos disjuntores.

Caso o incêndio necessite de um combate nas proximidades da


subestação, este deverá ser precedido do corte externo de energia elétrica, a ser
realizado pela companhia distribuidora de energia.

b) Instalação de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) ou GN (Gás Natural):


O corte do fornecimento de GLP (Gás liquefeito de petróleo) ou GN (Gás
natural), deve ser realizado de imediato, antes de iniciar as operações de resgate
e combate a incêndios. Via de regra, os edifícios possuem sistema de gás central
canalizado, o qual deverá ser interrompido seu fornecimento através do registro
geral, localizado no conjunto de controle e manobra da central de gás.

No caso de o incêndio ameaçar as instalações da central de GLP, os


cilindros poderão ser retirados do local, ou mantê-los sempre resfriados com a
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utilização de jatos neblinados de água. Caso a propagação das chamas não


consiga ser controlada e atingir as instalações da central de GLP, o mais correto é
evacuar a área, mantendo uma grande distância de isolamento, pois a ocorrência
de uma forte explosão será praticamente inevitável.

Nas edificações abastecidas pelo sistema de Gás Natural (GN), o corte


deverá ser realizado no conjunto geral de entrada e distribuição de gás, da própria
edificação. Não sendo possível acessá-lo decorrente das proporções do incêndio,
acionar imediatamente a empresa responsável pela distribuição do GN,
solicitando o corte na rede geral de distribuição.

Colapso Estrutural:
Um incêndio de grandes proporções em edificações produzirá a irradiação de
altíssimas temperaturas, as quais atuarão violentamente sobre a estrutura do
edifício. Os elementos com funções estruturais, sofrem uma redução progressiva
de seção, quando expostos a ação do fogo, o que poderá conduzir ao colapso da
estrutura. Como regra geral, qualquer deformação aparente é sinal de risco e
deve ser rigorosamente avaliada.

Explosões:
Outro risco importante a ser considerado em operações de resgate e combate a
incêndios, refere-se as explosões.

As principais fontes de explosão em situações de incêndio em edificações são as


instalações de gás (GLP ou GN), centralizadas ou individuais. Estas últimas são
as mais frequentes na ocorrência de acidentes, pois cada apartamento ou
economia possui sua instalação independente, utilizando botijões do tipo P-13.
Normalmente tais botijões são embutidos no interior de armários e balcões, o que
dificulta sua localização antes de ser atingido pelo incêndio.

O procedimento padrão, sempre que o edifício não possuir sistema de gás central
canalizado, será o seguinte:

a) Ventilar as áreas de serviço e cozinha, abrindo todas as janelas para o


exterior da edificação; b) Eliminar agressivamente todos os focos de incêndio
próximos a estes locais; c) Após a eliminação dos focos de incêndio, providenciar
uma busca minuciosa para localizar os botijões no interior da edificação; d) Uma
vez localizados os botijões de GLP e eliminados os focos de incêndio,
providenciar a retirada dos mesmos para fora da edificação, mantendo-os em
local seguro e ventilado; e) Todas as operações envolvendo GLP no interior de
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locais aquecidos pelo incêndio, deverão ser realizadas sob resfriamento de jato
neblinado de água.

Ao se deparar com uma mangueira ou válvula conectada ao botijão de GLP (P-


13) em chamas, inicialmente tente cortar o fornecimento de gás, fechando o
registro de corte, extinguindo assim o fogo. Caso não seja possível adotar tal
procedimento, o fogo não deverá ser extinto, pois se for, permitirá o vazamento e
confinamento de GLP, possibilitando assim uma possível explosão ao entrar em
contato com alguma fonte de ignição.

e) Queda de Objetos:
Nos incêndios em edificações é comum a queda de objetos sobre as regiões
circunvizinhas do edifício durante as operações de combate a incêndios, tais
como: pedaços de telhas, vidros estilhaçados, pequenas partes da alvenaria da
edificação, entre outros.

Na prevenção desse tipo de acidente, é fundamental a utilização do EPI


(Equipamento de Proteção Individual) completo, não esquecendo de manter
sempre a atenção redobrada para esse tipo de ocorrência, bem como do
isolamento do local.

O incêndio expõe a estrutura da edificação a elevadas temperaturas, sendo muito


comum o colapsamento de vidros e partes da alvenaria. Nas operações de
combate a incêndio, a água acaba provocando um repentino resfriamento destas
estruturas, contribuindo assim para o seu colapso e possível queda nas áreas
circunvizinhas.

Fumaça:
De acordo com o explicado anteriormente, nos produtos da combustão, a fumaça
é um impiedoso inimigo dos bombeiros em situação de incêndio, principalmente
em edificações verticalizadas, onde as rotas de fuga são restritas e os processos
de ventilação são mais difíceis de serem realizados.

Dependendo das proporções do incêndio, características dos materiais


incendiados e a localização do foco do incêndio, a fumaça pode expandir-se
inclusive para fora da edificação, obrigando um reposicionamento das viaturas,
além de prejudicar a visualização da situação do sinistro.

Nesses casos o uso do EPI e EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) são


fundamentais. O emprego de ventiladores e jatos neblinados de água para afastar
a fumaça a fim de melhor visualizar a situação, poderão ser muito eficientes.
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Chama e Calor:
A produção de chamas e calor também são características desse tipo de incêndio,
podendo colocar em risco a integridade física dos bombeiros que estiverem
próximos à edificação. A carga de incêndio existente na edificação, principalmente
de ocupação comercial (escritórios), geralmente é muito alta, favorecendo a
rápida propagação do incêndio, produzindo grande quantidade de chamas e
irradiando fortes ondas de calor.

Além do uso do EPI e EPR, o emprego de jatos neblinados de água auxiliarão na


aproximação da edificação para uma análise mais criteriosa da situação.

7.2.7 Planejamento (decisão estratégica)

A decisão estratégica, ocorrerá só depois de adotadas as ações táticas já


relacionadas, percebe-se que a decisão estratégica não se trata de uma ação
tática, mas foi elencada na sequência, por finalidades didáticas.

O Comandante da operação tomara a sua decisão estratégica com


finalidade de estabelecer um rol de prioridades, só depois do conhecimento e
avaliação da situação do sinistro e de identificar e gerenciar os riscos. A decisão
estratégica, nada mais é, que a mobilização dos recursos disponíveis em prol dos
objetivos definidos, através de ações táticas específicas.

As decisões estratégicas visam: estabelecer as operações de


combate ao fogo (ofensiva ou defensiva).
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

O comandante da operação definirá sua estratégia de ação, ou seja,


tomará a sua decisão baseadas em um rol de prioridades, que para nós
bombeiros já é conhecida, onde no vértice do “triângulo do Salvamento”, no lado
que está o “atendimento das vítimas (Salvar Sempre Salvar)” Temos:

1º) Identificar e resgatar vítimas;


2º) Extinguir o incêndio e
3º) Conservar a propriedade; Já na base do triângulo temos:
4º) Preservar o local sinistrado.

7.2.8 Estabelecimento (Maneabilidade de Mangueiras);

O serviço de controle e extinção de incêndios depende muito da habilidade,


agilidade e organização com que equipes de bombeiros armam estabelecimentos.
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

Devemos inicialmente definir termos técnicos para ajustar a linguagem entre


guarnições. Além disso precisamos definir um padrão de sequencias e atribuições
para organizar essa etapa do atendimento. Com isso, cada bombeiro saberá
previamente suas missões específicas independentemente do local de lotação e
guarnição que for inserido.

Linha de abastecimento: Linhas composta pelas mangueiras que iniciam


na captação de água (hidrante público, hidrante privado ou manancial) e terminam
em bomba de abastecimento ou bomba de ataque.

Linha de Resfriamento: Linha composta por mangueiras que se iniciam


em bocas expulsoras de bomba de ataque e terminam em bocas admissoras de
bomba de ataque com a finalidade de recircular a água.

Relé: Linha composta por mangueiras que iniciam em bocas expulsoras de


bomba de abastecimento e terminam bomba de ataque.

Bomba de abastecimento: Viaturas utilizadas para captação e/ou


suprimento de água para aquelas viaturas que serão utilizadas como bomba de
ataque.

Bomba de ataque: Viaturas utilizadas para bombeamento de água para as


linhas diretas de ataque ou linhas de ligação.

Linha de ligação: Linha compostas por mangueiras de 63 mm que iniciam


em bocas expulsoras de bomba de ataque e terminam em divisores.

Linha de ataque: Linhas compostas por mangueiras de 38 mm que iniciam


em divisores e terminam em esguichos.

Linhas diretas: Linhas compostas por mangueiras que iniciam em bocas


expulsoras e terminam em esguicho.

Linha de espuma: Linhas compostas por mangueiras finalizam com


esguicho proporcionador de espuma ou equipamento produtor de espuma.

Adução: Sistema em que uma bomba de abastecimento possui uma linha


de abastecimento e o início de um relé ligado a uma bomba de ataque.

Mangueira em espiral: Sistema de acondicionamento de mangueira em


que o equipamento é enrolado incialmente sobre uma das junções sem dobra
intermediária.

Mangueira aduchada: Sistema de acondicionamento de mangueira em


que o equipamento é enrolado inicialmente sobre uma dobra no meio da
mangueira sobre duas metades.
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Mangueira em Zig Zag: Sistema de acondicionamento de mangueira em


que o equipamento pode ser colocado em duas formas:

● Em Zig Zag deitada: deve ser apoiada sobre um de seus vincos e


pode ser conectada a outras mangueiras para a formação de linhas
de mangueira prontas para o emprego
● Em Zigu Zag em pé: deve ser posicionada sobre ela própria

Mangueira em “O”: Sistema de acondicionamento de mangueira que


forma anéis maiores não causando dobras, dessa forma não precisa ser
desenrolada ao pressurizar a linha.

Montagem de estabelecimento pelo Sistema de Hidrante predial: Modo


de armar estabelecimento por recalque de água através da tubulação da rede
preventiva da edificação.

Içamento de Linha / Mangueira: Modo de armação de linha no plano


vertical em que as linhas são elevadas com uso de cordas ou por meio de
puxamento das próprias mangueiras, limitada essa armação até o 3º Pavimento.

Içamento de Ligação: Modo de armação de linha no plano vertical em que


as linhas são elevadas com uso de cordas ou por meio de puxamento das
próprias mangueiras, limitada essa armação pela resistência de pressão de cada
tipo de mangueira, conforme classificação na NBR 11861.

● Técnica de armação de mangueiras pré-conectadas


desenvolvidas pela escada da edificação: Modo de armação de
linha no plano vertical em que as linhas são pré–conectadas e
desenvolvidas utilizando as escadas das edificações.

Guarnição Padrão: Equipe de bombeiro composta por 6 militares com as


seguintes funções:

a. Comandante da guarnição (CG);

b. Condutor e operador de viatura (COV);

c. Chefe da primeira linha ou linha 1 (CL1);

d. Auxiliar da primeira linha ou linha 1 (AL1);

e. Chefe da segunda linha ou linha 2 (AL2);

f. Auxiliar da segunda linha ou linha 2 (AL2).

Guarnição reduzida: Equipe de bombeiros composta por 4 militares com


as seguintes funções:
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a. Comandante da guarnição (CG);

b. Condutor e operador de viatura (COV);

c. Chefe de linha (CL);

d. Auxiliar de linha (AL).

Guarnição ampliada: Equipe de bombeiros composta por 8 militares,


mesmo que embarcados em diferentes viaturas, com as seguintes funções:

a. Comandante da guarnição (CG);

b. Condutor e operador de viatura (COV);

c. Armador de ligação;

d. Auxiliar de ligação;

e. Chefe da primeira linha ou linha 1 (CL1);

f. Auxiliar da primeira linha ou linha 1 (AL1);

g. Chefe da segunda linha ou linha 2 (AL2);

h. Auxiliar da segunda linha ou linha 2 (AL2).

Sequencia padrão para armação de linhas

Inicialmente convém salientar que todos os integrantes da Guarnição


devem portar ser rádios comunicadores. Isso garantirá o alcance e controle do
chefe de guarnição. No início do serviço as funções devem ser definidas para que
todos saibam suas atribuições.

O Condutor e Operador da Viatura deverá equipar com EPI e EPRA na


primeira oportunidade que for possível na ocorrência. Isso para que faça uma
rápida intervenção caso algum combatente venha se acidentar.

Todos os Combatentes devem ter no bolso do EPI uma chave de


mangueira.

A quantidade de mangueiras não depende do comando do Chefe de


Guarnição. O CG apenas definirá o local do divisor, o melhor acesso e direção
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das linhas de ataque. Caberá aos chefes e auxiliares de linhas transportar e


conectar quantas mangueiras forem necessárias para alcançar o divisor e o
esguicho.

Se o Chefe de Guarnição comandar “Armar Linha Direta” cada militar


deverá transportar uma mangueira, conforme a quantidade de mangueiras
necessárias e combatentes, na seguinte sequência: Mangueira 1 (D1) – Auxiliar
de ligação, Mangueira 2 (D2) – Auxiliar da primeira linha, Mangueira 3 (D3) –
Auxiliar da primeira linha, Mangueira 4(D4) - Chefe da Linha de Ligação,
Mangueira 5 (D5) – Chefe da segunda linha e Mangueira 6 (D6) – Chefe da
primeira linha. Se o número de mangueiras for maior do que 6 a sequência se
repete. Se a guarnição for reduzida a sequência é a seguinte: Mangueira 1 (D1) –
COV, Mangueira 2 (D2) – Auxiliar de Linha, Mangueira 3 (D3) – Chefe de Linha,
Mangueira 4 (D4) – Auxiliar de Linha e Mangueira 5 (D5) Chefe de Linha.

Montagem de Estabelecimento

Guarnição Reduzida

a. Comandante de Guarnição – Ordenará via rádio ou em voz alta “bomba


armar”. Transportará o divisor e o largará no local onde decidir. Poderá
auxiliar na conexão das linhas no divisor. Depois de ouvir o pronto da
linha de ataque ordenará ao COV o envio de água. Por fim, se
posicionará em local seguro para coordenação do ataque.
b. Condutor e Operador de Viatura – Ao receber o comando de “bomba
armar”, conectará a primeira linha de ligação (L1) a boca expulsora e
desenvolverá a mesma. Poderá auxiliar na conexão dessa mangueira
em outra mangueira de ligação ou no divisor e aguardará a ordem pera
mandar água. Se houver necessidades operacionais de delimitação e
sinalização da cena, o COV deverá ser dispensado dessa função. Se
isso acontecer, o auxiliar de linha conectará a mangueira 1 (L1) da linha
de ligação.
c. Chefe de Linha - Aguardará o comando de “Bomba Armar”, se for
necessária transportará e conectará a terceira e a quinta mangueira da
linha de ligação (L3 e L5) na demais mangueiras ou no divisor.
Transportará e conectará as mangueiras pares da linha de ataque (A2,
A4 e A6) e o esguicho. Quando ele conectar o esguicho, se certificar
que as demais conexões estão prontas e que o Auxiliar está em
posição gritará ou avisará no rádio “Linha Pronta”.
d. Auxiliar de Linha – Aguardará o comando de “Bomba Armar”.
Transportará e conectará a segunda e a quarta linha de ligação (L2 e
L4) na demais mangueiras ou no divisor. Se o COV não puder armar a
mangueira L1 o Auxiliar será responsável pelas mangueiras de número
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ímpar. Transportará e conectará as mangueiras impar na linha de


ataque nas demais mangueiras (A1, A3 e A5), no divisor e no esguicho.

Montagem de Estabelecimento

Guarnição Padrão

a. Comandante de Guarnição – Ordenará via rádio ou em voz alta “bomba


armar”. Transportará o divisor e o largará no local onde decidir. Depois de
ouvir o pronto das linhas de ataque ordenará ao COV o envio de água. Por
fim, se posicionará em local seguro para coordenação do ataque.
a. Condutor e Operador de Viatura – Cabe ao COV conectar a primeira
mangueira e operar a bomba.
b. Chefe da primeira linha - Aguardará o comando de “Bomba Armar”, se for
necessária transportará e conectará a quarta mangueira na linha de ligação
(L4) na demais mangueiras ou no divisor. Transportará e conectará as
mangueiras pares na primeira linha (A2P, A4P e A6P) e o esguicho.
Quando ele conectar o esguicho, se certificar que as demais conexões
estão prontas e que o Auxiliar está em posição gritará ou avisará no rádio
“primeira linha pronta”.
c. Chefe da segunda linha - Aguardará o comando de “Bomba Armar”, se for
necessária transportará e conectará a terceira mangueira na linha de
ligação (L3) na demais mangueiras ou no divisor. Transportará e conectará
as mangueiras pares na segunda linha (A2S, A4S e A6S) e o esguicho.
Quando ele conectar o esguicho, se certificar que as demais conexões
estão prontas e que o Auxiliar está em posição gritará ou avisará no rádio
“segunda linha pronta”.
d. Auxiliar da primeira linha – Aguardará o comando de “Bomba Armar”.
Transportará e conectará a segunda mangueira da linha de ligação
(mangueiras L2) nas demais mangueiras ou no divisor. Transportará e
conectará as mangueiras impar na linha de ataque na primeira linha (A1P,
A3P e A5P) nas demais, no divisor e no esguicho.
e. Auxiliar de linha – Aguardará o comando de “Bomba Armar”. Transportará
e conectará a primeira mangueira da linha de ligação (L1) nas demais
mangueiras ou no divisor. Transportará e conectará as mangueiras impar
na segunda linha de ataque (A1S, A3S e A5S) nas demais, no divisor e/ou
no esguicho.

Montagem de Estabelecimento

Guarnição Ampliada

b. Comandante de Guarnição – Ordenará via rádio ou em voz alta “bomba


armar”. Transportará o divisor e o largará no local onde decidir. Depois de
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

ouvir o pronto das linhas de ataque ordenará ao COV o envio de água. Por
fim, se posicionará em local seguro para coordenação do ataque.
c. Condutor e Operador de Viatura – Cabe ao COV conectar a primeira
mangueira e operar a bomba.
d. Chefe da primeira linha - Aguardará o comando de “Bomba Armar”, se for
necessária transportará e conectará a sexta mangueira na linha de ligação
(L6) na demais mangueiras ou no divisor. Transportará e conectará as
mangueiras pares da primeira linha (A2P, A4P e A6P) e o esguicho.
Quando ele conectar o esguicho, se certificar que as demais conexões
estão prontas e que o Auxiliar está em posição gritará ou avisará no rádio
“primeira linha pronta”.
e. Chefe da segunda linha - Aguardará o comando de “Bomba Armar”, se for
necessária transportará e conectará a quinta mangueira na linha de ligação
(mangueira L5) na demais mangueiras ou no divisor. Transportará e
conectará as mangueiras pares da segunda linha (A2S, A4S e A6S) e o
esguicho. Quando ele conectar o esguicho, se certificar que as demais
conexões estão prontas e que o Auxiliar está em posição gritará ou avisará
no rádio “segunda linha pronta”.
f. Auxiliar da primeira linha – Aguardará o comando de “Bomba Armar”.
Transportará e conectará a quarta mangueira da linha de ligação (L4) nas
demais mangueiras ou no divisor. Transportará e conectará as mangueiras
impar na linha de ataque da segunda linha (A1S, A3S e A5S) nas demais,
no divisor e no esguicho.
g. Auxiliar da segunda linha – Aguardará o comando de “Bomba Armar”.
Transportará e conectará a terceira mangueira da linha de ligação
(mangueiras L3) nas demais mangueiras ou no divisor. Transportará e
conectará as mangueiras impar na segunda linha de ataque da (A1S, A3S
e A5S) nas demais, no divisor e/ou no esguicho.
h. Chefe da Linha de Ligação - Aguardará o comando de “Bomba Armar
Transportará e conectará a segunda mangueira da linha de ligação (L2)
nas demais mangueiras ou no divisor. Transportará e entregará ao Chefe e
Auxiliar da segunda linha as mangueiras de 1 ½, sem ingressar na zona
quente.
i. Auxiliar de Linha de Ligação – Aguardará o comando de “Bomba Armar”.
Transportará e conectará a primeira mangueira da linha de ligação (L1) nas
demais mangueiras ou no divisor. Transportará e entregará ao Chefe e
Auxiliar da primeira linha mangueiras de 1 ½, sem ingressar na zona
quente.

Montagem de Linha de Espuma


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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

Quando o Chefe de Guarnição decidir por linha de espuma a sequência de


armação de linhas não deve ser alterada. O CG dará um dos seguintes comandos
“Armar Espuma na Primeira Linha”, “Armar Segunda Linha de Espuma” ou “Armar
Primeira Linha de Espuma”. Nesse caso, o responsável pela primeira mangueira
da linha de ligação (L1) ou primeira mangueira da linha direta (D1) deverá montar
o proporcionador de espuma. O Chefe da Linha escolhida pelo CG irá transportar
e conectar o esguicho proporcionador de espuma ou aparelho proporcionador de
espuma (PROPAK).

Montagem de estabelecimento pelo Sistema de Hidrante predial

Guarnição Padrão

Estacionar a viatura “Bomba de Ataque” próximo ao Registro de Recalque,


com o Corpo de Bomba voltado para a fachada da edificação. Tal viatura deverá
pressurizar a rede de hidrantes pelo registro de recalque, com a utilização de
mangueira de 63mm. Caso o registro de recalque esteja inoperante ou não
localizado, o recalque pode ser feito através do hidrante de parede no térreo ou
primeiro hidrante da edificação. Esta técnica é utilizada quando a edificação em
questão não possui água em sua reserva técnica ou o sistema preventivo (bomba
de incêndio) está inoperante causando deficiência de pressão por gravidade nos
andares superiores mesmo contendo água em sua RTI (Reserva Técnica de
Incêndio). Em andares inferiores a pressão na tubulação de incêndio é
tranquilamente suprida pela ação gravidade, não necessitando que bomba de
incêndio entre em funcionamento.

e. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Ordena o Chefe de linha 1 e auxiliar de linha 1 a checar caixa de
incêndio que será utilizada para o combate, antes da conexão,
verificar pressão e operância do Sistema Preventivo da
Edificação.
● Ordenar a subida da equipe (Chefe Linha 2 e Auxiliar de linha 2)
de combate pelas escadas, até o pavimento inferior ao
incendiado ou, se as condições permitirem, até o mesmo
pavimento.

Considerações:
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

Caso o Chefe de Guarnição verifique a inoperância do Sistema Preventivo,


após a estabilização do combate o mesmo poderá enviar militares (Chefe de
Linha 1 e auxiliar de linha 1) até a CMI (Casa de Maquinas de Incêndios) para
verificar a condição das bombas de incêndio. Essa decisão é pertinente quando
se vislumbra a utilização do Sistema Preventivo pela necessidade de mais água
ou em substituição da bomba da viatura pela bomba do Sistema Preventivo.

● Estabelecer o divisor se julgar necessário.


● Ordenar a linha de ligação saindo da caixa de incêndio até o
divisor ou linha de ataque.
● Sobe transportando até o local do incêndio uma mochila de
suprimentos contendo, adaptação, redução, chave de mangueira,
cabos solteiro e divisor.
● Após estabelecimento das linhas de ligação e das linhas de
ataque, ordenar ao condutor da viatura para pressurizar o
sistema.
● Por fim, se posicionará em local seguro para coordenação do
ataque.

f. Condutor e Operador de Viatura


● Conectar a mangueira de ligação na expulsora de 63mm da VTR
ao hidrante de recalque ou primeiro hidrante de parede da
edificação.
● Informa ao CG o pronto da ligação.
● Montar a linha de resfriamento.
● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

g. Chefe de Linha 1 e Auxiliar de Linha 1


● Checar caixa de incêndio que será utilizada para o combate,
antes da conexão, verificar pressão e operância do Sistema
Preventivo da Edificação.
● Se houver necessidades operacionais de delimitação e
sinalização da cena, os mesmos executaram.
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

● Se houver necessidade de uma segunda linha de ataque no local


do incêndio o chefe de linha juntamente com o Auxiliar de linha
conduziram os fardos de mangueiras de ligação e ataque,
acondicionados em Zig Zag e em “O”, contendo o esguicho de
vazão regulável conectado na extremidade interna da mangueira
em ‘O’; até o local determinado pelo Chefe de Guarnição.
● No local do incêndio o chefe de linha certificar-se se CG ordenou
o uso do divisor e o local.
● No local do incêndio o Chefe de Linha desenvolve o fardo de
mangueiras em Zig Zag, linha de ligação, e seu auxiliar corrige o
seio das mesmas, retirando-a de quinas.
● Chefe de Linha Conecta a mangueira em “O”, linha de ataque, e
o esguicho.
● Chefe de linha certifica-se que as demais conexões estão
prontas, que o auxiliar está em posição e avisará no rádio “linha
Pronta”

h. Chefe de Linha 2 e Auxiliar de Linha 2


● O Chefe de Linha juntamente com o Auxiliar de linha conduzem
os fardos de mangueiras de ligação e ataque, acondicionados em
Zig Zag e em “O”, contendo o esguicho de vazão regulável
conectado na extremidade interna da mangueira em ‘O’; até o
local determinado pelo Chefe de Guarnição.
● No local do incêndio o chefe de linha certificar-se se CG ordenou
o uso do divisor e o local.
● No local do incêndio o Chefe de Linha desenvolve o fardo de
mangueiras em Zig Zag, linha de ligação, e seu auxiliar corrige o
seio das mesmas, retirando-a de quinas.
● Chefe de Linha coloca a mangueira em “O”, no chão, conecta a
mangueira na linha de ligação, que ao ser pressurizada estará
pronta para o ataque.
● Chefe de linha certifica-se que as demais conexões estão
prontas, que o auxiliar está em posição e avisará no rádio “linha
Pronta”

Montagem de estabelecimento pelo Sistema de Hidrante predial

Guarnição Reduzida
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

Estacionar a viatura “Bomba de Ataque” próximo ao Registro de Recalque,


com o Corpo de Bomba voltado para a fachada da edificação. Tal viatura deverá
pressurizar a rede de hidrantes pelo registro de recalque, com a utilização de
mangueira de 63mm. Caso o registro de recalque esteja inoperante ou não
localizado, o recalque pode ser feito através do hidrante de parede no térreo ou
primeiro hidrante da edificação. Esta técnica é utilizada quando a edificação em
questão não possui água em sua reserva técnica ou o sistema preventivo (bomba
de incêndio) está inoperante causando deficiência de pressão por gravidade nos
andares superiores mesmo contendo água em sua RTI (Reserva Técnica de
Incêndio). Em andares inferiores a pressão na tubulação de incêndio é
tranquilamente suprida pela ação gravidade, não necessitando que bomba de
incêndio entre em funcionamento.

a. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Checar caixa de incêndio que será utilizada para o combate,
antes da conexão, verificar pressão e operância do Sistema
Preventivo da Edificação.
● Ordenar a subida da equipe de combate pelas escadas, até o
pavimento inferior ao incendiado ou, se as condições permitirem,
até o mesmo pavimento.

Considerações:

Caso o Chefe de Guarnição verifique a inoperância do Sistema Preventivo,


após a estabilização do combate o mesmo poderá enviar militares até a CMI
(Casa de Maquinas de Incêndios) para verificar a condição das bombas de
incêndio. Essa decisão é pertinente quando se vislumbra a utilização do Sistema
Preventivo pela necessidade de mais água ou em substituição da bomba da
viatura pela bomba do Sistema Preventivo.

● Estabelecer o divisor se julgar necessário.


● Ordenar a linha ligação saindo da caixa de incêndio até o divisor
ou linha de ataque.
● Sobe transportando até o local do incêndio uma mochila de
suprimentos contendo, adaptação, redução, chave de mangueira,
cabos solteiro e divisor.
● Após estabelecimento das linhas de ligação e das linhas de
ataque, ordenar ao condutor da viatura para pressurizar o
sistema.
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

● Por fim, se posicionará em local seguro para coordenação do


ataque.

b. Condutor e Operador de Viatura


● Conectar a mangueira de ligação na expulsora de 63mm da VTR
ao hidrante de recalque ou primeiro hidrante de parede da
edificação.
● Informa ao CG o pronto da ligação.
● Montar a linha de resfriamento.
● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

c. Chefe de Linha e Auxiliar de Linha


● O Chefe de Linha juntamente com o Auxiliar de linha conduzem
os fardos de mangueiras de ligação e ataque, acondicionados em
Zig Zag e em “O”, contendo o esguicho de vazão regulável
conectado na extremidade interna da mangueira em ‘O’; até o
local determinado pelo Chefe de Guarnição.
● No local do incêndio o chefe de linha certificar-se se CG ordenou
o uso do divisor e o local.
● No local do incêndio o Chefe de Linha desenvolve o fardo de
mangueiras em Zig Zag, linha de ligação, e seu auxiliar corrige o
seio das mesmas, retirando-a de quinas.
● Chefe de Linha coloca a mangueira em “O”, no chão, conecta a
mangueira na linha de ligação, que ao ser pressurizada estará
pronta para o ataque.
● Chefe de linha certifica-se que as demais conexões estão
prontas, que o auxiliar está em posição e avisará no rádio “linha
Pronta”

Içamento de Ligação
Guarnição Padrão
Observação: Até o 3º pavimento é utilizado o mesmo padrão de
montagem de estabelecimento, porém é considerado içamento de Linha /
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

mangueira, e não é necessário amarrações das conexões stors, nem ancoragem


das mangueiras nos pavimentos inferiores ao do combate.

a. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Determina a quantidade de mangueiras que serão utilizadas de
acordo com a altura em que está ocorrendo o incêndio;
● Define se o divisor será posicionado no andar imediatamente
inferior ao incêndio ou no mesmo pavimento caso seja possível;
● Ordenar a subida da equipe de combate pelas escadas, até o
pavimento inferior ao incendiado ou, se as condições permitirem,
até o mesmo pavimento
● Responsável pela comunicação via rádio, entre solo e andar do
incêndio, checando e recebendo o pronto das amarrações,
ligações e linhas dos seus respectivos responsáveis para
comandar a pressurização do sistema.
● Por fim, se posicionará em local seguro para coordenação do
ataque.

b. Condutor e Operador de Viatura


● Transporta, desenrola as mangueiras de 63 mm e realiza suas
devidas conexões em solo, na horizontal.
● Realiza as amarrações nas juntas das mangueiras e na
extremidade da última mangueira usando os cabos lançados ao
chão pelo auxiliar 1;
● Informa ao CG o pronto da ligação e amarrações nas juntas das
mangueiras.
● Monta a linha de resfriamento.
● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

c. Chefe de Linha 1
● Conduz os fardos de mangueiras de ligação e ataque,
acondicionados em Zig Zag e em “O”, contendo o esguicho de
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

vazão regulável conectado na extremidade interna da mangueira


em ‘O’. até o local determinado pelo Chefe de Guarnição.
● Realiza o içamento e a ancoragem da ligação junto com o
auxiliar.
● Realiza a ancoragem do divisor no local determinado pelo CG.
● Conecta a extremidade da mangueira acondicionada em Zig Zag
no divisor e desenvolve a linha até o local próximo do incêndio;
● Coloca a mangueira em “O”, no chão, conecta a mangueira na
linha de ligação, que ao ser pressurizada estará pronta para o
ataque.
● Chefe de linha certifica-se que as demais conexões estão
prontas, que o auxiliar está em posição e avisará no rádio “linha
Pronta”.

d. Auxiliar de Linha 1
● Sobe transportando um cabo e uma mochila de suprimentos
contendo, adaptação, redução, chave de mangueira, cabos
solteiro e divisor até o andar determinado pelo CG, e lança o
cabo para baixo.
● Após o pronto do CG, iça a ligação e realiza a ancoragem em um
ponto seguro, com o auxílio do chefe de linha.
● Assume a sua linha e dá voz de pronto a mesma.

e. Chefe de Linha 2
● Se houver necessidades operacionais de delimitação e
sinalização da cena, o mesmo executa.
● Auxilia o COV nas amarrações de juntas das mangueiras e na
extremidade da última mangueira usando os cabos lançados ao
chão pelo auxiliar
● Sobe realizando as ancoragens nas demais juntas da ligação que
estão nos pavimentos inferiores ao do incêndio.
● Identifica o local do divisor, e sobe ordem do CG estabelece
outra linha de ataque.

f. Auxiliar de Linha 2
● Auxilia o COV nas amarrações de juntas das mangueiras e na
extremidade da última mangueira usando os cabos lançados ao
chão pelo auxiliar
● Sobe ordem do CG, sobe conduzindo os fardos de mangueiras
de ligação e ataque, acondicionados em Zig Zag e em “O”,
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

contendo o esguicho de vazão regulável conectado na


extremidade interna da mangueira em ‘O’. até o local
determinado pelo Chefe de Guarnição.
● Identifica o local do divisor, e sobe ordem do CG estabelece
outra linha de ataque junto com o Chefe de Linha 2.
● Assume a sua linha e dá voz de pronto a mesma.

Içamento de Ligação
Guarnição Reduzida
Observação: Até o 3º pavimento é utilizado o mesmo padrão de
montagem de estabelecimento, porém é considerado içamento de Linha /
mangueira, e não é necessário amarrações das conexões stors, nem ancoragem
das mangueiras nos pavimentos inferiores ao do combate. .

a. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Determina a quantidade de mangueiras que serão utilizadas de
acordo com a altura em que está ocorrendo o incêndio;
● Define se o divisor será posicionado no andar imediatamente
inferior ao incêndio ou no mesmo pavimento caso seja possível;
● Ordenar a subida da equipe de combate pelas escadas, até o
pavimento inferior ao incendiado ou, se as condições permitirem,
até o mesmo pavimento
● Responsável pela comunicação via rádio, entre solo e andar do
incêndio, checando e recebendo o pronto das amarrações,
ligações e linhas dos seus respectivos responsáveis para
comandar a pressurização do sistema.
● Por fim, se posicionará em local seguro para coordenação do
ataque.

b. Condutor e Operador de Viatura


● Transporta, desenrola as mangueiras de 63 mm e realiza suas
devidas conexões em solo, na horizontal.
● Realiza as amarrações nas juntas das mangueiras e na
extremidade da última mangueira usando os cabos lançados ao
chão pelo auxiliar;
● Informa ao CG o pronto da ligação e amarrações nas juntas das
mangueiras.
● Monta a linha de resfriamento.
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

c. Chefe de Linha
● Conduz os fardos de mangueiras de ligação e ataque,
acondicionados em Zig Zag e em “O”, contendo o esguicho de
vazão regulável conectado na extremidade interna da mangueira
em ‘O’. até o local determinado pelo Chefe de Guarnição.
● Realiza o içamento e a ancoragem da ligação junto com o
auxiliar.
● Realiza a ancoragem do divisor no local determinado pelo CG.
● Conecta a extremidade da mangueira acondicionada em Zig Zag
no divisor e desenvolve a linha até o local próximo do incêndio;
● Coloca a mangueira em “O”, no chão, conecta a mangueira na
linha de ligação, que ao ser pressurizada estará pronta para o
ataque.
● Chefe de linha certifica-se que as demais conexões estão
prontas, que o auxiliar está em posição e avisará no rádio “linha
Pronta”.

d. Auxiliar de Linha
● Sobe transportando um cabo e a mochila de suprimentos
contendo, adaptação, redução, chave de mangueira, cabos
solteiro e divisor. até o andar determinado pelo CG, e lança o
cabo para baixo.
● Após o pronto do CG, iça a ligação e realiza a ancoragem em um
ponto seguro, com o auxílio do chefe de linha.
● Desce aos pavimentos inferiores, realizando as ancoragens nas
demais juntas da ligação.
● Sobe para assumir a sua linha e dá voz de pronto a mesma.
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

Técnica de armação de mangueiras pré-conectadas desenvolvidas


pela escada da edificação
Guarnição Padrão
As armações de mangueira são as formações empregadas para o
fornecimento de água ou espuma para realizar as atividades de combate a incêndio.
Conjunto de mangueiras ligadas em série ou paralelo (utilizando um divisor) para
aumentar o alcance e quantidade de água até o incêndio.
A técnica de armar a ligação utilizando a escada da edificação pode ser
executada de duas formas: Utilizando a bolsa de transporte de mangueira ou
utilizando fardos de mangueiras de 63 mm em Zig Zag.

Recomendada para edificações baixas, até 6 (seis) pavimentos sem sistema


preventivos ou com o mesmo inoperante. Acima de seis pavimentos se torna inviável
devido ao número de ligações que deverão ser conectadas na caixa de escada da
edificação, o que aumenta de forma considerável a perca de carga.

O cálculo da quantidade de mangueiras a serem utilizada em ambas as formas


de execução, leva em consideração que 2 (duas) mangueiras de 15 metros percorre
3 (três) andares. A guarnição deve considerar o tamanho do ambiente no qual será
combatido o incêndio para determinar a quantidade de mangueiras que serão
utilizadas nas linhas.

Para os procedimentos abaixo, o CG decide se terá a necessidade de


estabelecer duas linhas de ataque no local do combate.

a. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Determinar a quantidade de mangueiras que serão utilizadas de
acordo com a altura em que está ocorrendo o incêndio;
● Define se o divisor será posicionado no andar imediatamente
inferior ao incêndio ou no mesmo pavimento caso seja possível;
● Sobe transportando a mochila de suprimentos contendo, divisor,
chave de mangueiras, cordeletes, corda, redução/adaptação.
● Ordenar a subida da equipe de combate pelas escadas, até o
pavimento inferior ao incendiado ou, se as condições permitirem,
até o mesmo pavimento
● Responsável pela comunicação via rádio, entre solo e andar do
incêndio, comandará a pressurização do sistema via rádio ao
condutor e coordenará a ação das linhas.

b. Condutor e Operador de Viatura


ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

● Estabelece a ligação na horizontal, ou seja, da viatura até a porta


de entrada da escada. Considerando que este estabelecimento
pode envolver várias mangueiras de 2 ½”.
● Monta a linha de resfriamento.

● Informa ao CG o pronto da ligação das mangueiras.

● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

c. Chefe de Linha 1

● Conduz consigo um fardo com 2 (duas) mangueiras de 63mm em


Zig Zag.
● Fará o estabelecimento dessas duas mangueiras do primeiro ao
terceiro pavimento.
● Fará a conexão entre as mangueiras de ligação transportadas
por ele e do auxiliar no terceiro pavimento.
● Ao chegar no local do combate realiza o transporte e
desenvolvimento das linhas de ligação e ataque junto com o
auxiliar.

d. Auxiliar de Linha 1

● Conduz consigo um fardo com 2 (duas) mangueiras de 63mm em


Zig Zag
● Fará o estabelecimento dessas duas mangueiras do terceiro ao
sexto pavimento.
● Ira guarnecer as mangueiras de 1 ½ e auxiliar o Chefe de Linha
realizando transporte e desenvolvimento das mesmas no andar do
combate.
● Após pronto das linhas de ligação e ataque assume sua linha e da
voz de pronto a mesma.
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM
COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

e. Chefe de Linha 2
● Se houver necessidades operacionais de delimitação e
sinalização da cena, o mesmo executa.
● Conduz um fardo com duas mangueiras de 38 mm
acondicionadas em Zig Zag e em “O”, Contendo o esguicho de
vazão regulável conectado na extremidade interna da mangueira
em ‘O’.
● Assim que Chefe de Linha 1 e o Auxiliar de Linha 1 subirem o o
chefe de linha 2 sobe, fazendo o seio da ligação retirando a
mesma das quinas da escada e assume o divisor. Fará as
conexões ao divisor.
● Ao chegar no local do combate realiza o transporte e
desenvolvimento das linhas de ligação e ataque junto com o
auxiliar de linha 2.

f. Auxiliar de Linha 2
● Conduz um fardo com duas mangueiras de 38 mm
acondicionadas em Zig Zag e em “O”, Contendo o esguicho de
vazão regulável conectado na extremidade interna da mangueira
em ‘O’.
● Assim que o Chefe de Linha 1 e o Auxiliar de Linha 1 subirem o
Auxiliar de linha 2 sobe, fazendo o seio da ligação retirando a
mesma das quinas da escada e assume o divisor. Fará as
conexões ao divisor.

● Ira guarnecer as mangueiras de 38 mm e auxiliar o Chefe de Linha


2 realizando transporte e desenvolvimento das mesmas no andar
do combate.
● Após pronto das linhas de ligação e ataque assume sua linha e da
voz de pronto a mesma.

Técnica de armação de mangueiras pré-conectadas desenvolvidas


pela escada da edificação
Guarnição Reduzida
As armações de mangueira são as formações empregadas para o
fornecimento de água ou espuma para realizar as atividades de combate a incêndio.
Conjunto de mangueiras ligadas em série ou paralelo (utilizando um divisor) para
aumentar o alcance e quantidade de água até o incêndio.
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COMUNICAÇÃO OPERACIONAL

A técnica de armar a ligação utilizando a escada da edificação pode ser


executada de duas formas: Utilizando a bolsa de transporte de mangueira ou
utilizando fardos de mangueiras de 63mm em Zig Zag.

Recomendada para edificações baixas, até 6 (seis) pavimentos sem sistema


preventivos ou com o mesmo inoperante. Acima de seis pavimentos se torna inviável
devido ao número de ligações que deverão ser conectadas na caixa de escada da
edificação, o que aumenta de forma considerável a perca de carga.

O cálculo da quantidade de mangueiras a serem utilizada em ambas as formas


de execução, leva em consideração que 2 (duas) mangueiras de 15 metros percorre
3 (três) andares. A guarnição deve considerar o tamanho do ambiente no qual será
combatido o incêndio para determinar a quantidade de mangueiras que serão
utilizadas nas linhas.

Para os procedimentos abaixo consideraremos apenas uma linha de combate,


visto a realidade operacional quanto à quantidade de militares que a maioria
dos corpos de bombeiros se encontra.

a. Comandante de Guarnição
● Chegando ao local confirmar o andar do incêndio.
● Definir o melhor local de acesso para a equipe.
● Determinar a quantidade de mangueiras que serão utilizadas de
acordo com a altura em que está ocorrendo o incêndio;
● Define se o divisor será posicionado no andar imediatamente
inferior ao incêndio ou no mesmo pavimento caso seja possível;
● Sobe transportando a mochila de suprimentos contendo, divisor,
chave de mangueiras, cordeletes, corda, redução/adaptação e
duas mangueiras de 38mm acondicionadas Zig Zag e em “O”,
Contendo o esguicho de vazão regulável conectado na
extremidade interna da mangueira em ‘O’.
● Ordenar a subida da equipe de combate pelas escadas, até o
pavimento inferior ao incendiado ou, se as condições permitirem,
até o mesmo pavimento
● Assim que Chefe de Linha e o Auxiliar subirem o CG sobe,
fazendo o seio da ligação retirando a mesma das quinas da
escada e assume o divisor. Fará as conexões ao divisor.
● Responsável pela comunicação via rádio, entre solo e andar do
incêndio, comandará a pressurização do sistema via rádio ao
condutor e coordenará a ação das linhas.

b. Condutor e Operador de Viatura


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● Estabelece a ligação na horizontal, ou seja, da viatura até a porta


de entrada da escada. Considerando que este estabelecimento
pode envolver várias mangueiras de 63mm.
● Monta a linha de resfriamento.

● Informa ao CG o pronto da ligação das mangueiras.

● Pressurizar o sistema ao comando do CG.

Considerações:

O condutor deverá posicionar a VTR numa distância segura visando o risco


de colapso da estrutura e com o corpo de bomba da VTR voltado para o incêndio,
facilitando a comunicação com o restante da equipe e visualização da cena
durante o combate.

c. Chefe de Linha

● Conduz consigo um fardo com 2 (duas) mangueiras de 63mm em


Zig Zag.
● Fará o estabelecimento dessas duas mangueiras do primeiro ao
terceiro pavimento.
● Fará a conexão entre as mangueiras de ligação transportadas
por ele e do auxiliar no terceiro pavimento.
● Caso seja necessário (SP>30), descerá para buscar mais um
fardo de mangueiras de 1 ½”.
● Se não for necessário buscar mais fardos de mangueiras sobe
fazendo o seio da ligação retirando a mesma das quinas da
escada auxiliando o CG.
● Ao chegar no local do combate realiza o transporte e
desenvolvimento das linhas de ligação e ataque junto com o
auxiliar.

d. Auxiliar de Linha

● Conduz consigo um fardo com 2 (duas) mangueiras de 63mm em


Zig Zag
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● Fará o estabelecimento dessas duas mangueiras do terceiro ao


sexto pavimento.
● Ira guarnecer as mangueiras de 38mm e auxiliar o Chefe de Linha
realizando transporte e desenvolvimento das mesmas no andar do
combate.
● Após pronto das linhas de ligação e ataque assume sua função e da
voz de pronto a mesma.

Desmontagem de estabelecimento.

a. Comandante de Guarnição – Comandará via rádio ou em voz alta


“Bomba desarmar”. Auxiliará na desconexão de todas as mangueiras.
Entregará ao COV esguicho, divisor, chaves e demais equipamentos
usados no combate. Poderá enrolar ou auxiliar no enrolamento de
mangueiras e guarda-las nas gavetas ou entrega-las ao COV.
b. Condutor e Operador de Viatura – Ao ouvir o comando de “Bomba
desarmar” desligará a bomba de incêndio e fechará a boca expulsora.
Poderá enrolar ou auxiliar no enrolamento de mangueiras. Fará
lavagem e guardará os equipamentos usados na operação.
c. Chefe de Linha – Ao ouvir o comando de “Bomba desarmar”
desconectará as mangueiras do esguicho e das demais mangueiras.
Largará o esguicho no chão ou entregará ao Chefe de Guarnição.
Escorrerá e enrolará mangueiras de 1 ½ polegadas sem auxílio.
Escorrera e enrolará mangueiras de 2 ½ polegadas com auxílio.
Guardará ou entregará as mangueiras ao COV.
d. Auxiliar de Linha – Ao ouvir o comando de “Bomba desarmar”
desconectará as mangueiras do divisor e das demais mangueiras.
Largará o divisor no chão ou entregará ao Chefe de Guarnição.
Escorrerá e enrolará mangueiras de 1 ½ polegadas sem auxílio.
Escorrera e enrolará mangueiras de 2 ½ polegadas com auxílio.
Guardará ou entregará as mangueiras ao COV.
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7.2.9 Controle do Incêndio

Essa fase é a principal do serviço de combate a incêndio. Podemos dizer


que as demais fases visam preparar para esse momento. A única exceção são as
operações de Busca e Salvamento. Para realizar esse serviço devemos dominar
técnicas de Controle da Fumaça e Uso Racional da Água. Um dos objetivos
desse fase é não causar danos secundários decorrentes da própria operação.
Isso obriga os combatentes a não fornecer oxigênio de forma adequada a
combustão e não abusar do uso de água. Levando em conta aquilo que já foi
estudado, retomamos as duas formas táticas a seguir.
O controle do incêndio nada mais é do que o conjunto de ações especificas
que tem por fim o controle do incêndio. Tais ações, vão desde o isolamento, o
confinamento, a extinção, até as ações de apoio e suporte ao controle (entradas
forçadas, ventilação, iluminação, e abertura de acessos).

A extinção do incêndio, nada mais é do que as ações necessárias para o


ataque que culminaram com a sua extinção. Logicamente, o sucesso dessas
ações depende do tipo de combustível, da localização do incêndio, do grau de
dificuldade e da capacidade de resposta das equipes de combate ao fogo.

OPERAÇÕES OFENSIVAS
São ações - agressivas - de combate ao incêndio, realizadas desde que as
condições permitam o acesso da guarnição no interior da edificação com
segurança. Tais ações agressivas, visam a extinção do incêndio, o seu
confinamento – evitar a propagação – e o resgate das vítimas de forma célere. As
operações ofensivas se caracterizam principalmente pela entrada e permanência
do bombeiro com segurança no interior das edificações, observe na figura abaixo
os procedimentos a serem adotados em operações ofensivas.
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1. Não se vê nada = Investigue;


2. Se vê fumaça = Ataque interior (AI) rápido;
3. Se vê fumaça e pouco fogo = AI agressivo;
4. Fogo em desenvolvimento = AI cauteloso;5. Fogo ativo = Ataque interior
bem cauteloso.

OPERAÇÕES DEFENSIVAS
As operações defensivas são práticas que se caracterizam geralmente pelo
combate externo à edificação, em virtude dos riscos iminentes aos bombeiros no
seu interior, forçando assim, o comando da operação optar pelo
desencadeamento de operações defensivas de enfrentamento ao sinistro com
objetivo de evitar a propagação do incêndio para outros pavimentos, da própria
edificação ou edificações vizinhas.

6. Fogo marginal = ataque interior (AI) preparando-se p/ação externa;


7. Totalmente em chamas = Operação defensiva (OD);
8. O fogo desce = OD preparando-se para colapso;

9. Fogo na base = OD preparando-se para o combate;

10. Destruição total.


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7.2.10 Operações de resgate à vítimas

A alegria estampada no rosto desse herói, anônimo, do passado, traduz


para nós um sentimento de orgulho e regozijo, pois não há nobreza maior que o
ato de salvar vidas. Sendo assim, não há dúvidas que a prioridade tática de todo
o comandante de operações é o resgate das vítimas.

Nesse norte, a operação tem dois caminhos: 1º) Confirmando a existência


de vítimas em perigo na edificação sinistrada, os esforços serão reunidos em prol
do resgate. 2º) A não existência de vítimas em perigo, iniciarão apenas as ações
de enfrentamento ao fogo. No entanto, a confirmação da existência ou não de
vítimas em situação de perigo, será precedida de operações de busca na
edificação. Essas operações serão divididas em:

a) Busca inicial;
b) Busca avançada.
As equipes de busca realizaram procedimentos com intuito de salvamento
das vítimas no interior das edificações, devendo obrigatoriamente observar alguns
fatores: as fases do incêndio, a localização e o número de vítimas.
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7.2.11 Ações de apoio e suporte

a) Entradas Forçadas
As entradas forçadas ocorrem quando a guarnição devido a barreiras (muros,
portas, janelas, sacadas, etc...) não conseguem acessar à área do incêndio. O
grau de dificuldade dessa atividade está diretamente relacionado com o tipo de
obstáculo encontrado.

b) Ventilação
A ventilação (extração planejada e sistemática de calor, fumaça e gases do
incêndio da edificação) é considerada a principal ação tática de proteção que
visa substituir a atmosfera quente e contaminada existente nos ambientes
fechados do local sinistrado. Trata-se de uma ação de suporte que facilita o
trabalho durante os serviços de confinamento e extinção do fogo.

c) Iluminação
A iluminação é a ação das equipes de bombeiros que visa garantir a visibilidade
no local do sinistrado e em consequência aumentar a segurança, pois é comum
os colapsos no fornecimento de energia elétrica no incêndio.

d) Abertura de Acessos
Abertura de acessos são as ações para garantir um acesso da água sobre um
foco de incêndio oculto. Trata-se de um procedimento importante, pois caso os
espaços vazios não forem abertos e observados, o fogo poderá propagar-se
comprometendo a estrutura da edificação. Esses trabalhos implicam na derrubada
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de paredes, forros, tetos falsos, abertura de pisos, tudo para permitir o ataque de
um fogo oculto.

Todavia, quando fazer a abertura de portas faça-o com cuidado, verifique a sua
temperatura com um toque das mãos. Não fique em pé ou defronte a uma porta,
mantenha-se lateralmente a ela e abra agachado. Se houver fogo no
compartimento, o calor e os produtos da combustão passarão por cima de você.
Utilize as portas que abrem em sua direção como um “escudo” e sempre tenha
uma linha de proteção para adentrar no local sinistrado pois tais ações visam
resguardar os Bombeiros dos fenômenos “Backdraf e Flashover”.

7.2.12 Preservação do local sinistrado

Constitui ações de preservação de possíveis indícios de crime, ou seja,


mantendo vestígios de prováveis causas do incêndio para futura análise das
equipes de perícia. Posição de objetos e retira de materiais são realizadas sem
necessidade, colocando em risco uma futura inspeção. Um local sinistrado
preservado, poderá apresentar indicações que conduzirão às possíveis causas do
incêndio, as quais serão analisadas e trabalhas, a fim de reduzir sua incidência.
Sabe-se da dificuldade de manter intacto um ambiente incendiado durante as
operações de combate ao fogo, todavia, o próprio relatório das primeiras equipes
que adentraram ao local a respeito das condições em que o mesmo se
encontrava, auxiliará sobremaneira os trabalhos dos peritos.

Dentre essas informações, podemos destacar as seguintes:


1. Cor e intensidade da fumaça;
2. Existência de chamas;
3. Coloração e dimensões das chamas;
4. Local exato do foco do incêndio;
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5. Caminho de propagação do fogo;


6. Explosões ou faiscamentos;
7. Posição dos móveis;
8. Posição e estado de portas e janelas;
9. Cheiro característico de algum tipo de substância;
10. Posição dos disjuntores;
11. Sinal aparente de curto circuito;
12. Lâmpadas estouradas ou queimadas, etc.
Outro lembrete muitíssimo importante, é quando da saída do local
sinistrado, onde a edificação deverá sempre ser entregue à responsabilidade da
autoridade policiais ou do próprio proprietário, para as providenciais cabíveis,
informando a situação final do sinistro e a existência de algum tipo de perigo
iminente, como por exemplo a possibilidade do colapso da estrutura, entre outros.

7.2.13 Rescaldo

Os procedimentos de rescaldo têm por finalidade confirmar a extinção do


incêndio e deixar o local sinistrado nas melhores condições possíveis de
segurança e habitabilidade, sem destruir evidências do incêndio. O rescaldo
consistirá em: 1-Determinar e sanar (ou isolar) as condições perigosas da
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edificação; 2-Detectar focos de fogo, seja visualmente, por toques ou sons e


extingui-los; 3-Remover os escombros.

7.2.14 Desmobilização

Nesta fase são tomadas todas as medidas necessárias para que os

recursos empregados retornem à situação de prontidão, fechando assim o ciclo

operacional.

Encerrada a ocorrência, todo o material utilizado deverá ser recolhido e conferido.

as viaturas deverão ser reabastecidas e os equipamentos passar por limpeza e

vistoria.
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LIÇÃO 8 APLICAÇÃO DO SISTEMA DE


COMANDO DE INCIDENTES NO COMBATE A
INCÊNDIOS

Ao final desta lição você será capaz de:


� Compreender como se dá a aplicação do Sistema de Comando de Incidentes no
Combate a Incêndios;
� Verificar a aplicação, em um caso concreto, do SCI em operações de combate a
incêndio.

Introdução
A presente lição irá abordar a aplicação do Sistema de Comando de
Incidentes no Combate a Incêndios. Para tanto, utilizar-se-á como base teórica
o Manual de Combate a Incêndios de Goiás. No referido Manual, para demonstrar
como a ferramenta SCI pode ser empregada de uma forma eficiente em uma
operação de combate a incêndios, é trazido um estudo de caso, demonstrando
como podem ser aplicadas as fases do combate a incêndios ligados aos oito
passos da tarjeta de campo1 para organizar o sinistro. Na sequência, são

1 Ferramenta de SCI utilizada pela primeira equipe que chega com capacidade
operacional para atender o sinistro. Tal ferramenta será melhor explicada em outra
disciplina.
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elencadas algumas das fases do combate e os oito passos da tarjeta de campo:


Fases do Combate que serão analisadas nesse capítulo.

1) Aviso 2) Deslocamento 3) Reconhecimento 4) Planejamento 5) Salvamento e


Combate 6) Controle 7) Desmobilização 8) Rescaldo 9) Desmobilização

8.1 Tarjeta de Campo


1) Informar ao Centro de Operações a chegada das viaturas no local 2) Assumir e
Estabelecer o Posto de Comando 3) Avaliar a Situação 4) Estabelecer o perímetro
de segurança 5) Estabelecer os objetivos 6) Determinar as estratégias e táticas 7)
Determinar a necessidade de recursos e instalações 8) Preparar as informações
para transferir o comando

Vamos trabalhar em cima de um caso hipotético? Tal exemplo foi retirado do


Manual de Combate a Incêndio de Goiás, e adaptado para a realidade do Rio
Grande do Sul.

8.2 Incidente hipotético


Na manhã do dia 20 de dezembro de 2018 um superaquecimento da
fritadeira de uma empresa de fastfood, situada no Shopping Center, na cidade de
Caxias do Sul, ocasionou o rompimento da uma mangueira de GLP provocando
um princípio de incêndio. Pouco tempo depois as chamas se intensificaram e se
alastram para outras lojas da praça de alimentação de forma a romper outras
mangueiras de GLP e causar algumas explosões no ambiente, o que causou um
desabamento parcial, vindo atingir três pessoas que se encontravam no corredor
do piso térreo. Em relação aos clientes que estavam na praça de alimentação
duas pessoas ficaram gravemente feridas e intoxicadas, pela onda de choque,
calor e fumaça. O barulho provocado pela explosão e as chamas provocaram
imensa correria e pânico pelos corredores e escadas do Shopping. Verificou-se
ainda, que um dos funcionários da loja de fastfood ficou preso no mezanino e
tentou fugir das chamas pelo telhado, sendo que o mesmo possuía queimaduras
e vários ferimentos.

Após receber a notificação do incidente o Centro de operações acionou


inicialmente as seguintes viaturas:
-66 -45 -20 - 158 - 15

Aviso do incidente

Nesse momento será realizada a coleta rápida das informações pelas


equipes acionadas:
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▪ Local – Shopping Center, localizado na Avenida Duque de Caxias, Caxias


do Sul, próximo ao terminal rodoviário;
▪ Tipo de evento – Incêndio numa loja da praça de alimentação propagando
para as demais áreas do shopping;
▪ Principais Características – Local com grande aglomeração de público
com existência de vítimas feridas no local.

8.3 SCI aplicado a algumas fases de Combate a Incêndios:

8.3.1 Deslocamento (Saída do Socorro)


Nessa fase as equipes farão o deslocamento para o incidente atentando-se
principalmente para os seguintes fatores:

▪ Melhor itinerário – Deslocar as viaturas pela Avenida São Pedro e após


passar o supermercado REDE SUPER, virar na Avenida Pablo de Morais e em
seguida na Avenida Dona Maria Auxiliadora chegando desta forma ao local;
▪ Coleta de informações complementares – Foi confirmada a existência
de vítimas, a propagação rápida do incêndio para outras áreas do Shopping e
confirmada também a existência de 01 viatura da Brigada Militar, 01 da Agência
Municipal de trânsito e 01 ambulância do Shopping no local;
▪ Segurança do trem do socorro – O motorista da ASA-66 deslocará a
frente das demais viaturas fazendo a proteção no trânsito para que os caminhões
e ambulâncias possam passar de forma mais segura nos principais cruzamentos
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Figura 1 - Deslocamento da viatura para o incidente

8.3.2 Deslocamento (Chegada no incidente)


Tarjeta de campo: Informar ao Centro de Operações a chegada das
viaturas

Assumir e estabelecer o PC

Nesta fase inicia um processo de utilização propriamente dita das fases do


combate ligada ao uso da tarjeta de campo, o que será determinante para o bom
andamento das operações e facilitará o Comandamento e controle da operação.
A seguir são elencadas as ações que deverão ser realizadas:

▪ Realizar o posicionamento inicial das viaturas em local em local seguro;


Definição do Posto de Comando, inicialmente estabelecido na própria viatura do
oficial responsável pela ocorrência, na ASA-66, sendo sua localização na Avenida
Duque de Caxias esquina com Avenida Floriano Peixoto.
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Figura 2 - Posicionamento de Segurança da viatura e estabelecimento do PC

▪ Informar ao Centro de Operações que o incidente está sendo comandando


pelo Tenente Fábio, e que todos os líderes das equipes dos outros recursos que
deslocarem para o incidente deverão se apresentar para o comandante do
incidente assim que chegarem ao incidente.
▪ Repassar ao centro de operações que os veículos que estiverem
deslocando para o sinistro, não devem chegar ao local pela Avenida Rio Claro, e
sim passando pela Avenida Pablo de Morais (ao fundo do shopping), para facilitar
o cadastramento e controle da operação e evitar o acumulo de viaturas em local
inapropriado.

8.3.3 Reconhecimento
Tarjeta de campo: Avaliar da Situação

Estabelecer o perímetro de segurança

Neste momento é realizado o reconhecimento das atividades atinentes as


ações de resposta (incêndio, vítimas, riscos, etc.) e também a avaliação da
situação quanto a organização geral da operação (zonas de segurança, local das
possíveis instalações, plano de comunicação a ser utilizado, etc.), visando
principalmente instruir como serão planejadas as ações para obter êxito no
incidente. É importante ressaltar que assim que for verificado os locais ideais para
estabelecer o zoneamento de segurança no sinistro este deverá ser
implementado o quanto antes, tornando a cena segura, para assim dar
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continuidade as ações no incidente, e como essa avaliação/reconhecimento será


realizada tanto internamente quanto externamente na edificação. É importante
iniciar também, nesse momento, o controle de acesso à edificação. Nesta fase
serão realizadas as seguintes ações:

▪ Ativação do Oficial de segurança para controlar o acesso, verificar


riscos, e fiscalizar o uso de EPI’s dos respondedores;
Na sequência, é apresentado um modelo de Ficha de Controle de Acessos:
CONTROLE DE ENTRADA DE BOMBEIROS

NOME EPRA HORA DE HORA DE LOCAL DE


ENTRADA SAÍDA DESIGNAÇÃO

PRESSÃO VOLUME

Sd ALAN 300 bar 6,8 l 08:27 08:53 Terraço

Sd 270 bar 9l 08:36 Praça de


BATISTA alimentação

▪ Localização exata do foco – Incêndio com foco principal na loja de


fastfood.

▪ Evolução do incêndio - Incêndio propagando de forma intensa


para demais lojas de praça de alimentação;

▪ Vítimas – Existência de duas vítimas na loja do foco principal, uma


no terraço e três sob escombros;

▪ Carga do incêndio – Formado em sua maioria por objetos de


classe A
(mesas, cadeiras, painéis das lojas);

▪ Riscos – Vazamento de GLP, estrutura de uma parte da praça


abalada pela explosão, necessidade de desligar gerador auxiliar de eletricidade,
grande quantidade de elevadores a serem fiscalizados quanto a existência de
pessoas;

▪ Suprimento de água – Existência de um hidrante urbano localizado


a 50 metros do local do sinistro;

▪ Sistemas preventivos – Os sistemas preventivos fixos da


edificação estão funcionando, os hidrantes possuem duas saídas para
mangueiras de 1 ½ polegadas, um hidrante está localizado a aproximadamente
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10 metros do foco principal e tem outro localizado a aproximadamente 20 metros


do foco principal.

▪ Características do local – Edificação de grande porte, que recebe


grande quantidade de público diário, possui grande quantidade de lojas com a
existência de materiais diversos, apresenta central de gás, gerador elétrico
próprio e guarnecido com vários acessos;
▪ Locais para possíveis instalações: possui grandes áreas de
estacionamento e vias próximas, que estão isoladas, onde poderá ser
estabelecida uma área para receber as vítimas e uma área externa mais afastada,
de grande extensão, onde poderá receber as viaturas que forem chegando no
sinistro, inclusive um helicóptero, caso seja necessário;
▪ Verificação do zoneamento da área para atuação – A zona
quente será estabelecida como sendo as dependências do shopping, a zona
morna irá abranger uma extensão de 20 metros a partir da linha limite da zona
quente e as demais áreas, localizadas atrás da linha limite da zona morna
corresponderão à zona fria.

Figura 3 - Estabelecimento das Zonas de Segurança

8.3.4 Planejamento
Assim que finalizar a avaliação/reconhecimento, de posse do conhecimento
da situação atual do incidente, o comandante do incidente fará o planejamento
das ações de resposta. Esta fase do combate a incêndio está diretamente ligada
ao quinto e sexto passo da tarjeta de campo, que consiste basicamente em traçar
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os objetivos táticos da operação, verificar qual será a melhor estratégia a ser


utilizada (modo de operação, prioridades do salvamento, etc.) e qual a tática será
empregada (quais os recursos que serão utilizados inicialmente e quais serão
necessários), importante também nesta fase lembrar que além dos objetivos
táticos da operação, este é o momento de traçar o planejamento das ações que
darão o suporte necessário para atingir os objetivos estabelecidos, atribuindo
caso necessário responsabilidade para outros integrantes, que ficarão à frente
das seções.

a) Objetivos táticos para o incidente


Na sequência, será apresentado um modelo que demonstra como deve ser feito o
estabelecimento de objetivos, estratégias, táticas, recursos e planejamento de
ação, modelo este que servirá como exemplo para a sua futura atuação como
sargento.

Objetivo - 01 Combater o incêndio e realizar o salvamento das duas


vítimas da praça de alimentação

Estratégia - Estabelecer o salvamento das vítimas intoxicadas na área de


alimentação protegidos por linha de ataque, e após a retirada destas,
realizar combate utilizando modo ofensivo

Tática Implementada inicialmente - Utilização de uma força tarefa


formada pela equipe do ABT-45 e por uma equipe com 02 membros da
brigada do shopping equipados com conjunto de aproximação e EPRA.
Recursos adicionais solicitados - 01 ABS, 01 ABT, 01 AT;

Ação planejada – Montagem de uma Força Tarefa com 02 ABT’s,


01 ABS, e 02 brigadistas do shopping para atuação. O AT solicitado ficará
inicialmente na área de espera e caso seja necessária sua utilização o
mesmo será empregado.

Objetivo – 02 Fazer o salvamento das vítimas que estão sob os


escombros no piso térreo

Estratégia - Realizar a retirada dos escombros de forma cuidadosa e ágil


em busca de vítimas e utilizar recursos que facilitem e acelerem a
localização destas e realizar o rápido transporte para tratamento.

Tática Implementada inicialmente – Utilização de Equipe de intervenção


formada por 08 brigadistas do shopping divididos em duas equipes;
Recursos adicionais solicitados – 01 ABS e 01 ABRESC;

Ação planejada – Montagem de uma Força Tarefa com 01 ABS, 01


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ABRESC e duas equipes de brigadistas do shopping.

Você pode estabelecer tantos objetivos quanto forem necessários ao


perfeito atendimento do sinistro. Na sequência são apresentados mais alguns
objetivos. Para aprimorar seus conhecimentos você poderá elaborar estratégias,
táticas, planejar recursos adicionais, completando o quadro.
Objetivo – 03 - Realizar o salvamento da vítima que está na cobertura do
Shopping

Objetivo – 04 - Realizar a desocupação do shopping, controlar o tumulto e


trânsito no local.

Objetivo – 05 - Realizar o cadastramento, tratamento, triagem, monitoramento e


transporte das vítimas

Outro objetivo, que está ligados a operação e que necessita do empenho de


equipes, é a realização de uma inspeção final e o rescaldo. Neste momento estes
objetivos serão lançados como ações planejadas, podendo ser solicitado neste
momento equipes de apoio, já pensando na necessidade posterior. Para este
incidente será acionado uma equipe de um ABS para realizar a busca secundária
quando for necessário, e de um ABT para realização das atividades de rescaldo,
ficando esses recursos na área de espera do incidente.

Neste incidente o Comandante do Incidente, repassará as orientações aos novos


responsáveis pelas seções ativadas para que planejem suas ações, sendo que
neste caso, apenas algumas seções da estrutura ampliada do SCI serão ativadas,
sendo elas: seção de operações, planejamento e logística. As demais continuarão
ainda sobre a responsabilidade do Comandante do Incidente, lembrando que
durante a fase de reconhecimento a segurança da operação já foi delegada para
um oficial de segurança.
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Figura 4 - Estrutura ampliada do SCI


Abaixo estão as orientações passadas aos chefes de seção, pelo
comandante do incidente, para que realizem seu planejamento para o incidente:

b) Objetivos da Seção Operações:


▪ Realização a coordenação e divisão das equipes conforme planejamento
realizado;
▪ Controlar e delegar responsáveis pela área de espera e área de concentração de
vítimas.

c) Objetivos da Seção de Planejamento:


▪ Realizar o controle e contabilidade do pessoal que está trabalhando no incidente;
▪ Realizar a formalização dos planos e organização do incidente;
▪ Manter o comandante do incidente atualizado quanto a evolução do incêndio,
retirada de vítimas e demais situações do incidente;
▪ Apoiar a seção de operações no planejamento das ações de resposta.

d) Objetivos da Seção de logística


▪ Montar o plano de comunicação para o incidente;
▪ Estabelecer uma área para tratamento médico para os respondedores, sendo
solicitado para tanto uma equipe da USA;
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▪ Providenciar local para hidratação e alimentação das equipes;  Providenciar


equipamento para recarga dos cilindros;  Dar o suporte necessário para
montagem das instalações.

8.3.5 Estabelecimento
Tarjeta de campo: Estabelecer as instalações, solicitação dos recursos
adicionais

Preparar para transferência do comando

Neste momento serão estabelecidas as ações de resposta que foram

planejadas, solicitados os recursos adicionais necessários, estabelecidas as

instalações necessárias e também será feita a formalização do incidente

preparando para uma possível transferência de comando.

a) Os recursos solicitados, conforme planejamento realizado, serão:

▪ Para o objetivo 01 - 01 ABS, 01 ABT e 01 AT;

▪ Para o objetivo 02 – 01 ABS e 01 ABRESC;

▪ E assim sucessivamente...tantos recursos quanto forem os objetivos!

• Para inspeção final e rescaldo – 01 ABS e 01 ABT

• Para Unidade Médica – 01 USA

As instalações padronizadas serão estabelecidas conforme figura abaixo:


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Figura 5 - Estabelecimento das instalações padronizadas

As ações a serem estabelecidas em cada seção serão realizadas seguindo o que

está descrito a abaixo.

b) Seção de Operações

Para atender um incidente em uma edificação de grande extensão territorial,

como esta, o ideal é que o chefe da seção de operações crie divisões ou grupos

para facilitar o gerenciamento das ações de resposta. Uma opção seria dividir a

edificação em quatro áreas distintas, utilizando as faces da edificação, e assim

colocando um supervisor para cada face, utilizando por exemplos letras para

representar cada lado, ficando nesse caso quatro supervisores ligados

diretamente ao Chefe da seção de operações e diversas equipes (Recursos

únicos, Equipes de Intervenção e/ou Força tarefas) ligadas a cada supervisor.

Outra opção, que será empregada nesta ocorrência, é criar uma divisão interna e

outra externa, colocando para tanto um supervisor responsável por cada uma.

Assim o chefe de operações estaria ligado diretamente somente aos dois


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supervisores das divisões e aos encarregados da área de concentração de

vítimas e área de espera.

No caso de optar pela organização por grupos, esse incidente poderia ser

organizado, por exemplo, colocando um grupo de salvamento e alocando um

supervisor para este, ficando ele responsável por coordenar as atividades de

salvamento das vítimas sob os escombros, das vítimas da praça de alimentação e

da vítima que descolou para o terraço, e seria criado outro grupo ou divisão para

coordenar as demais atividades ou estas poderiam ficar também ligadas

diretamente ao Chefe da seção de operações, caso este não perca o alcance de

controle. Abaixo segue um organograma demonstrativo de um exemplo de

organização da Seção de Operações.

Figura 6 - Organização da Seção de Operações


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c) Seção de Planejamento:

Devido à complexidade deste incidente o chefe da seção de planejamento,


delegará a atribuição de contabilizar e controlar a quantidade de recursos
atuantes no incidente a um outro integrante ativando, desta forma, a unidade de
recursos, e ficará responsável pelas demais atribuições relacionadas a função de
planejamento da operação.

Figura 7 - Ativação da unidade de recursos

A contabilidade e o controle das equipes no incidente serão realizados da

seguinte forma: assim que as equipes chegarem ao incidente deverão repassar o

seu Cartão T (formulário SCI 219) para o encarregado da área de espera e assim

que este realizar o cadastramento do recurso na área de espera será repassado o

cartão T para o líder da unidade de recursos colocá-lo no rack localizado no

Posto de Comando, sendo realizado a partir deste momento o

acompanhamento detalhado dos recursos que estão disponíveis e os que estão

empenhados dentro e fora do Shopping.

d) Seção de logística

Neste incidente o chefe da seção de logística estabelecerá algumas

ações que servirão para dar o suporte necessário as equipes que estão atuando

no incidente, sendo executadas as seguintes atividades em cada seção ativada:


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e) Unidade Médica

O ideal é que nas operações de combate a incêndio, independentemente da sua

magnitude, esteja prevista uma equipe para dar um suporte pré-hospitalar aos

bombeiros que estão atuando. Em evento de menor complexidade e duração, e

que não possua recursos médicos disponíveis, os bombeiros que saem de dentro

da edificação, principalmente devido ao cansaço e consumo praticamente total do

ar do cilindro do EPRA, devem passar no mínimo por um processo de auto

reabilitação para serem novamente designados.

Para este incidente serão estabelecidas as seguintes ações por essa unidade:

 Empenho de uma equipe USA para fazer a avaliação dos membros das

equipes que estão atuando no incidente, principalmente quando saem de dentro

do shopping e quando precisam retornar para o combate;  Realização do

tratamento de lesões.

f) Unidade de suprimentos e alimentação

Nas operações de combate a incêndio é essencial preocupar com os suprimentos


necessários para atingir o êxito na operação. Ferramentas, equipamentos para
recarregar os cilindros dos EPRA’s e cilindros reservas, são os mais comuns de
serem utilizados e necessários num atendimento. A preocupação com a
hidratação dos bombeiros também é algo de extrema importância, devido
principalmente estes atuarem utilizando uma grande quantidade de EPI’s robustos
e pesados, e também por realizarem atividades que exigem bastante da parte
física, ocorrendo geralmente uma perda expressiva de liquido nos atendimentos.
Para esta operação, o líder da unidade de suprimentos e alimentação será a
mesma pessoa, e as ações que serão estabelecidas nessas unidades serão:

Providenciar equipamentos pra recargas dos cilindros das EPRA’s no local do


incidente;

• Realizar substituição de cilindros e ajustes das EPRA’s dos bombeiros que saírem
do shopping e que serão novamente designados;
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• Providenciar água e alimentação para as equipes;


• Estabelecer uma área em local seguro e próximo ao incidente para descanso e
reidratação dos bombeiros.

f) Unidade de Comunicação

A comunicação efetiva numa operação de combate a incêndio é uma arma

poderosa para a boa resolução de uma operação e também está ligada

diretamente a segurança e controle das equipes que estão atuando.

Para este incidente serão estabelecidas as seguintes ações nesta unidade:

▪ Serão repassados rádios para o Comandante do Incidente, Integrantes do

Staff de comando e geral, encarregados de instalações, além dos líderes de

unidades e líderes das equipes na seção de operações.

▪ Serão criados dois canais distintos de comunicação distribuídos da

seguinte forma. Canal 01

• Comandante do incidente

 Oficial de segurança

• Chefe da seção de operações

 Encarregado da área de espera

• Encarregado da área de concentração das vítimas

 Chefe da seção de planejamento e líderes de suas unidades

• Chefe da seção de logística e líderes suas unidades Canal 02

• Comandante do incidente

• Chefe da seção de operações

▪ Supervisor da divisão interna e líderes das equipes

▪ Supervisor da divisão externa e líderes das equipes


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O comandante do incidente e o chefe da seção de operações utilizarão os

dois canais para realizarem de forma efetiva o gerenciamento das ações de

resposta.

Figura 8 - Seção de logística

8.3.6 Controle
Nesse momento o Comandante do incidente verificará o andamento das ações

que foram planejadas e estabelecidas, e verificará com cada responsável se as

atribuições que lhes foram repassadas estão sendo devidamente cumpridas. Para

tanto, neste incidente ele irar questionar cada uma realizando as seguintes

perguntas:

a) Oficial de segurança

▪ Há ainda algum risco de desabamento em alguma área do shopping?


▪ Os bombeiros estão adentrando utilizando o EPI corretamente?
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▪ O controle de acesso e de tempo que cada bombeiro está dentro da edificação


está sendo eficiente?

b) Chefe da seção de operações

▪ O modo de ataque utilizado está surtindo efeito?


▪ As chamas na praça de alimentação já foram debeladas?
▪ Houve evolução do incêndio?
▪ As vítimas já foram retiradas de dentro da edificação?
▪ As vítimas já foram transportadas para Unidade de Saúde?

c) Chefe da seção de planejamento

▪ Todos os recursos que estão atuando estão devidamente cadastrados?


▪ Foi realizada a formalização necessária do planejamento e da organização
estabelecida no incidente?

d) Chefe da logística

▪ Está sendo realizada a avaliação médica nos bombeiros que atuaram no


incidente?
▪ A alimentação e água estão sendo suficiente para as equipes?
▪ O plano de comunicação estabelecido está proporcionando a todos uma
comunicação efetiva?
▪ A quantidade de cilindros reservas e o equipamento de recarga estão suprindo a
demanda das equipes?

8.3.7 Inspeção final


Assim que é realizada a extinção do incêndio inicia-se a fase de inspeção
final. Tal fase foi inicialmente trabalhada como ação planejada, quando foram
determinados os objetivos, estratégias e táticas previstas na tarjeta de campo e
na fase de planejamento, sendo que agora essa ação será executada.

Nesse momento será realizada uma vistoria na edificação


pelos
supervisores da divisão interna e externa na edificação, cada um abordando a
área que estava sobre sua responsabilidade verificando os seguintes pontos:

▪ Quais serão os pontos de rescaldo


▪ Será empenhado neste momento também para este incidente a guarnição do
ABS que não participou do salvamento interno para realizar uma busca
secundária a procura de vítimas na edificação
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▪ Verificação de locais que devem ser preservados durante a execução das demais
atividades
▪ Verificação dos produtos de alto valor existentes nas lojas, principalmente de
comércio de joias e eletrônicos, visando à preservação destes;
▪ Verificação da existência de produtos perigosos nas lojas da praça de
alimentação.
▪ Estrutura da edificação visando preservar a integridade física dos bombeiros que
farão as atividades de rescaldo no local

8.3.8 Rescaldo
Essa fase, assim como a Inspeção final, foi estabelecida como uma ação
planejada desde o momento que foi realizado o planejamento da operação. Neste
momento ela será executada, e nesse caso consistirá basicamente em:

• Empenhar uma equipe do ABT que estava na área de espera para realização das
atividades, visto que as equipes que estavam atuando no combate estão bastante
desgastadas;
• Assim que a atividades estiverem concluídas, devido a magnitude e complexidade
do incidente a equipe que ficou responsável apenas pelo rescaldo deverá ficar no
local por mais 3 horas, atentando para uma possível reignição do incêndio.

8.3.9 Desmobilização
Tendo finalizado as ações de resposta ao incidente chega então o momento de
realizar as atividades atinentes ao processo de desmobilização, para esse
incidente serão realizadas as ações abaixo elencadas:

▪ Verificação junto ao oficial de segurança se existe ainda algum bombeiro


dentro do shopping;
▪ Verificação com o chefe da seção de logística se os materiais e
equipamentos (rádios, cilindros, aparelho de recarga) foram devidamente
devolvidos, se as tendas e demais materiais utilizados nas instalações foram
desmontados e se os alimentos e água que não foram utilizados foram
guardados;
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▪ Verificar com os líderes de cada equipe se os materiais utilizados já foram


colocados nas viaturas e se há alguma alteração existente;
▪ Tirar fotos, principalmente dos locais mais atingidos na praça de
alimentação e demais ambientes do shopping, para auxiliar na perícia de
incêndio;
▪ Preencher o relatório descrevendo os bens preservados e passar a
custódia destes, bem como toda a edificação, para um responsável do Shopping;
▪ Assim que retornar a unidade de origem realizar uma reunião com as
equipes que atuaram abordando os erros e acertos em busca de melhorar o
desempenho nas próximas operações;
▪ Realizar o reabastecimento dos caminhões com água e a limpeza e
manutenção dos materiais utilizados

Resumindo

Nesta lição você aprendeu, utilizando como base um caso concreto, como se dá a
aplicação do Sistema de Comando de Incidentes no Combate a Incêndios. Faça
agora os exercícios e estude para a avaliação final.
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9.VENTILAÇÃO CONTROLADA EM
OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS

Caro aluno,

Nessa lição vamos trabalhar aquilo que comumente se chama-se


Ventilação Tática. Nos chamaremos de Ventilação Controlada. Depois de
conhecer princípios e termos técnicos você saberá como executar essas técnicas.

Bons estudos.

OBJETIVOS:

Ao final desta lição, os participantes serão capazes de:

1. Definir ventilação aplicada ao combate a incêndio.


2. Citar importantes vantagens do uso da ventilação.
3. Explicar os motivos pelos quais a ventilação corretamente executada é crucial
se evitar a formação dos fenômenos “flashover” e “backdraft, por exemplo.
4. Citar os dois meios e os dois fluxos de ventilação.
5. Citar as dois métodos de ventilarção e as duas técnicas de ventilação forçada.
6. Citar as sete regras gerais para a execução de ventilação.
7. Descrever os procedimentos para a execução de ventilação horizontal.
8. Descrever os procedimentos para a execução de ventilação vertical.
9. Citar os problemas relacionados a execução inadequada de uma ventilação.
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10. Descrever os passos dos membros de uma guarnição ventilação forçada num
incêndio.

Introdução
Sabemos que dos produtos da combustão é a vapor de água, vapores da
pirólise, carbono não consumido e outros gases que compões a fumaça. E que
nos compartimentos lidamos com fumaça quente, móvel, inflamável, tóxica e
opaca. Disso decorre que qualquer operação que vise controlar incêndios deverá
manejar de forma técnica os gases e vapores produzidos no incêndio. No entanto,
ao se retirar o produto da combustão necessariamente vamos substitui-lo por
comburente. O que torna complexa as iniciativas de ventilação.

9.1 O porquê ventilar.


Podemos enunciar três vantagens agregadas por uma correta ventilação:

- Melhoria da visualização das áreas adjacentes e localização do foco;

- Diminuição da temperatura dos compartimentos;

- Diminuição de contaminantes durante os trabalhos.

Isso implicará em qualidade no atendimento e nas condições dos


trabalhadores. Além possibilitar um rápido ataque trará maior precisão ao
resfriamento tornando o combate mais eficiente e eficaz. E mais, dará maior
segurança aos bombeiros proporcionado uma melhor avaliação das estruturas e
ainda maior possibilidade de localização de vítimas.

9.2 Riscos de uma ventilação inadequada

Devemos supor que em qualquer ocorrência de incêndio os bombeiros irão


promover ventilação. A grande questão é em que momento e de que maneira.
Além da fumaça e do calor próprios da combustão, os vapores produzidos no
resfriamento devem ser escoados para o ambiente externo.

A diferença entre a técnica e o amadorismo será expressada também na


capacidade de avaliar e proceder a condução dos gases quentes e frescos no
local incendiado e adjacentes. Controlando a ventilação bombeiros podem
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preservar os salvados, causar danos secundários ou até mesmo agravar o


cenário.

Uma ventilação inadequada pode:

● Ocasionar um flashover induzido por ventilação;


● Ocasionar um Flashfire;
● Ocasionar um Backdraft;
● Acelerar a combustão;
● Piorar a visibilidade;
● Atrasar o controle das chamas;
● Afetar a saúde e a vida dos ocupantes da edificação;
● Acidentar bombeiros.
A fumaça ao saturar o ambiente faz um abafamento natural do combustão.
Substitui-la por ar limpo é fornecer comburente a reação química. Além disso 70
% da transferência do calor ocorre pela capa térmica. Potencializar essa troca de
calor é ir de encontro aos objetivos dos Corpos de Bombeiros.

Por tanto, se bombeiros ainda não dominam as técnicas de controle de


fumaça convém não a fazer. Na dúvida feche as aberturas até o controle das
chamas.

9.3 Classificações da ventilação controlada


Podemos classificar a VC quanto os meios, ao fluxo, ao método e a
operação. Com exceção da operação, devemos preferir um tipo ao outro,
conforme explicaremos a seguir. Mas as condições da ocorrência conduzirão para
uma ou mais opções.

a) Quanto ao Meio.
Toda ventilação implica em pelo menos uma abertura de saída dos vapores e
outra de entrada de ar limpo. Nesse caso podemos usar aberturas já existente
nas edificações o criar buracos nas paredes ou nos telhados. Geralmente os
meios criados serão destrutivos e os meios existentes podem ser destrutivos ou
não. Quanto a isso, a facilidade e a agilidade do uso de aberturas existente
deverá ser a primeira escolha dos bombeiros.

b) Quanto ao Fluxo.
Nesse aspecto a Ventilação pode ser vertical ou horizontal. Quando
dizemos vertical nos referimos a aberturas feitas nos tetos e telhados. Por
corrente de convecção a fumaça aquecida irá logicamente ser escoada para o
exterior do cômodo. Já no tipo horizontal percorrerá toda a área entre a abertura
de saída e a de entrada. Nesse caso pode-se usar portas e/ou janelas que farão a
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troca do ar limpo pela fumaça. Como o fluxo horizontal pode sofrer influências
descontroladas, vento externo por exemplo, e a propagação do calor é menor
quando o fluxo é vertical deve-se preferir esse último.

c) Quanto ao Método.
A fumaça tende a sair dos cômodos sinistrados naturalmente. No entanto, isso
pode ser potencializado com o uso de equipamentos específicos. Logo, os dois
métodos podem ser natural ou forçada. No método natural o bombeiro irá
manipular apenas as aberturas de forma a proporcionar o escoamento da fumaça
e entrada de ar. Já na Ventilação Forçada, com uso de equipamentos, há duas
possibilidades: a negativa e a positiva.

A positiva ocorre quando por meio de ventiladores específicos o ar exterior


e limpo e soprado para dentro da edificação forçando a saída da fumaça. Já a
negativa ocorre quando a fumaça é sugada no interior e lançada para fora. Ainda
que existam exaustores para combate à incêndio, esse método é mais viável
quando fazemos a Ventilação Hidráulica usando o esguicho combinado. A grande
desvantagem da ventilação hidráulica é que só é possível ser realizada depois do
ingresso do bombeiro na Zona Quente.

Mas qual preferir? Como a ventilação natural depende muito das correntes
de ar externas, esse método não promove um real controle da ventilação. As
alterações do sentido do vento podem prejudicar as operações. Já a ventilação
forçada, se bem treinada, é realmente controlada. Além disso, é possível
proporcionar uma ventilação natural e depois de avaliação fazer uso de
equipamentos.
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d) Quanto a Técnica.
Nesse aspecto a VC pode ser defensiva ou ofensiva. Será defensiva
quando o fluxo do ar limpo e o escoamento da fumaça não passarem pelas áreas
atingidas pelas chamas. Com isso é possível as áreas onde estão os salvados
ficarão mais limpas e com menor risco de flashover. Já quando o ar limpo rico em
comburente é conduzido até as áreas atingidas estamos proporcionando uma
Ventilação Ofensiva.
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ORGANOGRAMA DA CLASSIFICAÇÃO DAS VENTILAÇÕES

9.4 Associação de ventiladores


É importante ressaltar que o mais adequado equipamento para promover
ventilação controlada forçada são ventiladores. Com isso é possível mandar ar
limpo do exterior ou de um cômodo não atingido para o local sinistrado. Esse ar
irá expulsar os produtos da combustão. Há duas formas de combinar mais de um
ventilador: em paralelo ou em série. Independente da forma que for usados
ventiladores, é fundamental a formação de um cone de ar. A pressão exercida
pelo ar limpo deve cobrir toda a abertura de entrada. Cada fabricante irá
especificar as distâncias e potência do seus equipamentos para que o cone de ar
seja obtido.
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FONTE: Manual da ENB de Portugal

9.4.1 Ventiladores em Paralelos (lado a lado)


Utilizada quando é necessário mais de um ventilador para promover o cone
de ar em todas as unidades de passagem. Um exemplo são as portas dos locais
de reunião de público.

9.4.2 Ventiladores em Série (em fila)


Quando é necessário uma maior pressão de cone para superar a pressão
dos vapores do incêndio ou quando é necessário instalar o primeiro ventilador a
uma distância maior da abertura, é possível combinar mais de um equipamento
em série.
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FONTE: Manual CBMSC

9.5 procedimentos para ventilação controlada

9.5.1 Regras Gerais:


1º Antes de ventilar certifique-se que as linhas de mangueiras já estão armadas e
pressurizadas;

2º Se houver certeza que não há vítimas e for possível, feche as aberturas


externas e internas até decidir o momento de realizar a ventilação controlada;

3º Faças as aberturas, existentes ou criadas, sendo o menos destrutível possível,


além de preservar a edificação elas podem ser usadas num outro momento para
alterar a dinâmica da ventilação;

4º As aberturas de saída (em áreas superiores) devem sem feitas antes da de


entrada (abaixo da capa térmica);

5º Faça avaliação constante da ventilação e do comportamento do fogo, crie


aberturas que promova ventilação natural e potencialize com equipamentos de
ventilação forçada;

6º Durante a progressão em direção ao foco, as portas internas que não


contribuem para a ventilação controlada devem ser fechadas para diminuir os
danos da fumaça;

7º Quando o incêndio estiver controlado todas as aberturas externas devem ser


abertas para escoar fumaça e vapor.
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9.5.2 Procedimentos para Ventilação Horizontal


Nessa técnica são aberturas em paredes opostas.

Quanto as aberturas de saída da fumaça elas devem ser:

● Em partes de cima do cômodo como janelas;


● No cômodo atingido pelas chamas o mais próximo possível do foco;
● Maior do que a abertura de entrada de ar;
● Abertas antes da abertura de entrada de ar.
Quanto as aberturas de entrada elas devem ser:

● Em partes inferiores da edificação como as portas;


● Menor do que a abertura de saída de ar;
● Abertas depois da abertura de saída da fumaça.
Procedimentos

1º Localize o foco antes de escolher as aberturas se possível;

2º Feche as demais aberturas e faça a abertura de saída;

3º Abra lentamente a abertura de entrada de forma controlada e avaliando o


comportamento da fumaça;

4º Se a ventilação natural não for suficiente para uma boa visualização do


interior do cômodo proceda a ventilação forçada;

5º Se a capa térmica subir a ponto de garantir visibilidade o Chefe e o Auxiliar


de Linha devem progredir estabilizando a capa térmica pulsando na fumaça;

6º O Chefe da Equipe deve controlar a entrada para mantê-la menos do que a


saída da fumaça. Além disso, convém ter uma outra linha de mangueira
pressurizada além da que ingressou na Zona Quente.

9.5.3 Procedimentos para Ventilação Vertical


Esse procedimento, por usar as correntes de convecção, é mais eficiente
do comparado com o horizontal. No entanto, geralmente é de difícil ou impossível
execução. E mais, se não for acima do foco poderá propagar o incêndio.

Quanto as aberturas de saída da fumaça elas devem ser:


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● Acima do foco do incêndio;


● Além do teto, incluir o forro ou alçapão;
● Maior do que a abertura de entrada de ar;
● Abertas antes da abertura de entrada de ar.
Quanto as aberturas de entrada elas devem ser:

● Em partes inferiores da edificação como as portas;


● Menor do que a abertura de saída de ar;
Abertas depois da abertura de saída da fumaça.

Procedimentos

1º Localize o foco antes de escolher as aberturas;

2º Feche as demais aberturas e faça a abertura de saída acima do foco ou


pelo menos no cômodo atingido;

3º Abra lentamente a abertura de entrada de forma controlada e avaliando o


comportamento da fumaça;

4º Se a ventilação natural não for suficiente, o que é improvável, para uma boa
visualização do interior do cômodo proceda a ventilação forçada;

5º Se a capa térmica subir a ponto de garantir visibilidade o Chefe e o Auxiliar


de Linha devem progredir estabilizando a capa térmica pulsando na fumaça;

6º O Chefe da Equipe deve controlar a entrada para mantê-la menos do que a


saída da fumaça. Além disso, convém ter uma outra linha de mangueira
pressurizada além da que ingressou na Zona Quente.

9.6 Missões específicas dos Componentes da Guarnição

COMANDANTE DE GUARNIÇÃO

1. Define a ventilação a ser empregada;

2. Se certificará que as linhas de mangueiras estão pressurizadas;

3. Fará avaliação constante do comportamento do fogo;

4. Manter-se-á equipado com EPI/EPR em condição de alerta, para, se


necessário adentrar na edificação e resgatar os componentes de Linha.
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CHEFE DE LINHA

1. Manterá o esguicho em prontidão para resfriar a capa térmica;

2. Progredirá no ambiente estabilizando-o;

3. Fará busca primária enquanto progride;

4. Localizará e combaterá o foco de incêndio;

5. Aplicará a ventilação hidráulica se necessária quando possível.

AUXILIAR DE LINHA

1. Avaliará a cena juntamente com o comandante, com a intenção de observar


a melhor condição estrutural (janelas e outras aberturas) para realizar a
ventilação;

2. Fará as aberturas definidas pelo Chefe de Guarnição;

3. Acompanhará o Chefe de Linha na entrada da edificação, auxiliando com a


mangueira e identificando riscos;

4. Irá buscar e resgatar vítimas;

5. Reavaliará, no interior da edificação, a melhor tática para realizar a


ventilação;

6. Fará a abertura para saída dos gases caso necessite (interior da


edificação).

CONDUTOR E OPERADOR DE VIATURA

1. Após definida a ventilação forçada posicionará o ventilador na abertura de


entrada e ligado (lenta rotação);

2. Quando tiver oportunidade equipar EPI/EPRA, para, se necessário adentrar


na edificação e resgatar os componentes de Linha.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ESPIRITO SANTO. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espirito


Santo. Manual Técnico de Combate a Incêndio Urbano. Vitória: 2014.

GOIÁS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Manual


Operacional de Bombeiro: Combate a Incêndio Urbano. Goiânia: 2017.

RIO DE JANEIRO. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de


Janeiro. Manual Básico de Bombeiro Militar, Volume 3. Tecnologia e
maneabilidade em incêndios. Rio de Janeiro: 2017.

SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo. Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros, Títulos 23, 32, 42. São
Paulo: 2006.
PORTUGAL. Escola Nacional de Bombeiros. Manual de Comando de
Operações de Incêndio, Caderno de Especialização da ENB. Sintra: 2002.

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